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    Formas na Moda

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    SENAI Centro de Tecnologia da Indstria Qumica e Txtil CETIQT

    Administrao Nacional do SENAI

    Robson Braga de Andrade

    Presidente do Conselho Nacional do SENAI

    Rafael Lucchesi

    Diretor Geral do Departamento Nacional do SENAI

    Conselho Tcnico-Administrativo do SENAI/CETIQT

    Aguinaldo Diniz Filho

    Presidente

    Conselheiros

    Antonio Carlos Dias

    Joo Batista Gomes Lima

    Jos Francisco Veloso Ribeiro

    Leonardo Garcia Teixeira Mendes

    Luiz Augusto Barreto Rocha

    Luiz Augusto Caldas Pereira

    Maria Lcia Paulino TellesPierangelo Rossetti

    Rolf Dieter Bckmann

    Administrao do SENAI/CETIQT

    Alexandre Figueira Rodrigues

    Diretor Geral

    Renato Teixeira da Cunha

    Diretor de Educao e Tecnologia

    Dcio Lara de Lima

    Diretor de Operaes

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    Srgio SudsilowskyJorge Ca Rodrigues

    Formas na Moda

    Formas na Moda

    SENAI/CETIQTRio de Janeiro, 2011

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    Copyright 2010. SENAI/CETIQT

    Nenhuma parte desta obra poder ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrnico,mecnico, por fotocpia e outros sem prvia autorizao, por escrito, do SENAI/CETIQT e do(s) autor(es).

    DET Diretoria de Educao e Tecnologia

    CA Coordenao Acadmica

    CPPE Coordenao de Ps Graduao, Pesquisa e Extenso

    NEAD Ncleo de Educao a Distncia

    Equipe Gestora

    Simone Aguiar C. L. Maranho

    Coordenadora Acadmica

    Ana Cristina Martins Bruno

    Coordenadora de Ps Graduao, Pesquisa e Extenso

    Ana Paula Abreu-Fialho

    Gerente do Ncleo de Educao a Distncia

    Equipe tcnica

    Coordenao Geral: Ana Paula Abreu-Fialho

    Consultora tcnica: Glucia Centeno

    Design Educacional: Cristina Mendes e Flvia Busnardo

    Reviso: Paulo Alves

    Projeto Grfico: Nobrasso Branding, design & web

    Diagramao: Rejane Megale Figueiredo

    Ilustraes e edio de imagens: Jos Carlos Garcia

    Normalizao: Biblioteca Alexandre Figueira Rodrigues SENAI/CETIQT

    Impresso e acabamento: MCE Grfica

    Apoio

    Departamento Nacional do SENAI

    Ficha catalogrfica

    Sudsilowsky, Srgio. Formas na moda / Srgio Sudsilowsky; Jorge Ca Rodrigues. Rio de Janeiro: SENAI/CETIQT,2010. 156 p.: il. ISBN: 978-85-60447-51-0 1. Moda. I. Rodrigues, Jorge Ca. II. Ttulo.

    CDU 391

    SENAI/CETIQT

    Rua Dr. Manuel Cotrim, 195 Riachuelo

    20960-040 Rio de Janeiro RJ

    www.cetiqt.senai.br

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    SSumrio|

    Apresentao

    Aula 1

    As formas da Moda: O que forma?

    Aula 2

    Tipos de formas e suas relaes com a moda Parte 1

    Aula 3

    Tipos de formas e suas relaes com a moda Parte 2

    Aula 4

    Histria da forma no sculo XX

    Aula 5

    Perodo entre guerras e a Segunda Guerra Mundial (1919 -1945)

    Aula 6

    Da reconstruo da Europa ascenso do Imprio Americano

    Aula 7Retomando ou propondo: da contracultura ao pop movimento dos

    Anos Rebeldes (1961 1970)

    Aula 8

    A re-inveno da Forma: fontes de referncia para o uso da FORMA

    em alguns dos caminhos apontados na contemporaneidade

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    Apresentao||

    Nesta disciplina, vamos recapitular conceitos importantes sobre Moda,

    como: corpo, roupa, indstria, tecnologia, confeco, mercado e sociedade. A

    ideia que voc possa, a partir do estudo deste material, entender algumas das

    relaes existentes entre a moda, o corpo para o qual projetamos e as formasque as roupas assumem.

    Para isso, vamos fazer um passeio pelos mais significativos movimentos

    artsticos do sculo XX, mostrando como as Formas apareceram e foram utili-

    zadas neles. Voc ver tambm como foram estabelecidas as relaes entre as

    Formas utilizadas nas Artes Plsticas, Moda, Design e Arquitetura.

    Por fim, chegaremos s relaes existentes entre a Moda e o seu entorno,

    representadas atravs das Formas, e apresentaremos possibilidades e caminhos

    para a Forma na Moda Contempornea.

    Bons estudos!

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    Seus Objetivos:

    Aofinal desta aula, esperamos que voc seja capaz de:1.identificar a evoluo do conceito de forma em diver-

    sos mbitos do conhecimento humano;

    2.reconhecer que as formas so percebidas a partir de um re-

    ferencial.

    Aula 1

    3 horas de aula

    As formas da moda: O que forma?

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    1. O que forma?

    Podemos considerar como a motivao fundamental deste nosso trabalho

    na disciplina Formas na Moda a busca por responder s seguintes perguntas:

    Essas questes podem ainda se desdobrar em muitas outras, mas quan-

    do ocorre o desdobramento dessas questes? Ocorrem a partir do momento

    em que ns reconhecemos as formas como parte das nossas ferramentas de

    trabalho, uma vez que percebemos o mundo atravs de forma, pensamos atra-

    vs de formas, j que vivemos em um mundo de formas!

    Voc j havia se dado conta de que as formas esto presentes a todo o momento em nosso dia a dia?

    Por que os seres humanos precisam conhecer as FORMAS?

    De que maneira o conhecimento sobre a FORMA pode aju-

    dar o profissional que atua com Moda e Design a desempenhar

    (melhor) sua profisso?Para que servem as FORMAS?

    Fonte:StockXchange|Foto:mckenna71

    Fonte: StockXchange | Fotos: Antnio Jimnez Alonso

    Fo

    nte:StockXchange|Foto:MargaritRalev

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    Aula 1

    Mas, para um aluno universitrio, sobretudo os de ps-graduao, s

    essa constatao no basta: desenvolver a percepo, a observao, e a inter-pretao do mundo que nos cerca s tm sentido se desenvolvermos outra

    habilidade, a da reflexo, do pensamento estruturado:

    Embora, em cada momento histrico, seja comum atribuir valores dife-

    rentes cincia e arte, no se pode negar a existncia entre a razo e o

    sensvel, entre o conceito terico e a percepo esttica, entre o conhe-

    cimento cientfico e a expresso artstica, entre a teoria e a prtica [pr-

    xis].A teoria (saber) faz surgir uma nova prtica (fazer); a partir de uma

    reflexo sobre essa prtica surgir uma nova teoria, da qual resultar uma

    nova prtica, e assim indefinidamente [grifo do professor]. (PERAZZO,

    2000, p.5)

    Perazzo (2000) nos fala, nesse trecho, de um movimento essencial para

    o desenvolvimento de qualquer atividade humana, uma espcie de retroa-

    limentao, j que a teoria tem como funes organizar, fundamentar e/ou

    direcionar a prtica, enquanto a prtica, quando submetida reflexo crtica,

    gera novas percepes sobre a teoria. A teoria, diferente do que o senso co-

    mum acredita, no um conjunto normativo e inflexvel, mas sim algo que

    precisa mudar e adequar-se s novas realidades, aos novos tempos, aos novos

    espaos, s novas sociedades, aos novos modos de pensar e fazer etc.

    Assim, teoria, prtica e crtica (reflexo) formam um trip. Ampliamos

    nossa habilidade de estruturao do pensamento no momento em que nos

    utilizamos das teorias existentes para

    fundamentar a nossa atuao prtica e,

    em seguida, refletimos sobre as me-

    lhores prticas geradas no ato do fazer,

    a fim de validarmos a teoria usada oude formularmos novos conceitos que

    alimentaro novas prticas e, conse-

    quentemente, novas possibilidades de

    atuao profissional.

    A teoria fundamenta a prtica que, submetida reflexo,

    alimenta o conhecimento terico.Fonte:StockXchange|Foto:LeoCinezi

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    Trazendo isso para a nossa temtica, conhecer bem as formas (a teoria

    sobre elas) imprescindvel nossa prtica profissional, para que no fique-mos simplesmente a repeti-las e perpetu-las. Tal conhecimento de grande

    importncia para o profissional de Moda, que sempre pressionado para ino-

    var, propor novas formas, ser original, incomum etc. Assim, conhecermos

    alguns conceitos e as imagens que ilustram, conformam estes conceitos o

    que forma, quais os principais tipos de forma, que elementos compem as

    formas o que faremos a partir de agora.

    2. Conceituando Vrios significados ao longo do tempo...

    Para entendermos um conceito, preciso saber como ele surgiu o sig-

    nificado original da palavra - e quais os principais significados que ele foi as-

    sumindo ao longo do tempo. A busca ou investigao pelo entendimento

    de um conceito extremamente til e pode ser bem divertida deveria ser

    um hbito de todos ns! pois geralmente descobrimos o porqu das coisas

    terem os nomes que tm, alm de, muitas vezes, mostrar-nos que geralmente

    aceitamos como verdade absoluta o que prega o senso comum, o que todo

    mundo fala, sem contestar.

    Assim, nada melhor do que recorrermos ao dicionrio Houaiss da Lngua

    Portuguesa (2010)para uma rpida conceituao do termo FORMA. Etimolo-

    gicamente, o substantivo forma surge no latim do sculo XIII, significando

    uma srie de coisas, muitas delas sem ligao direta, bvia. Alguns significados

    de forma esto representados na tabela a seguir:

    Significados que a palavra forma assumiu ao longo do tempo.

    Etimologia: a cinciaque estuda a origem daspalavras e o significadoque elas assumem aolongo do tempo e em lu-gares diferentes.

    Forma como: Significados

    aparncia, semelhana

    Essas palavras (substantivos), quase sinnimas, associam forma ao que vis-to externamente nas coisas, aspecto exterior dos corpos materiais, modosob o qual uma coisa existe ou se manifesta. Um conceito bastante abstrato como as coisas se parecem com outras, a partir do nosso repertrio, a pon-to de podermos identific-las como pertencentes a um grupo de coisas. Porexemplo, cachorro uma categoria que possui determinadas caractersticasa ponto de umpitbulle umpoodleserem reconhecidos como semelhantes, porserem cachorros.

    beleza, formosuraQualidades. Tambm eram sinnimas de forma. Tambm um conceito bastanteabstrato, a ponto de se constituir uma cincia para estud-los a Esttica, ramoda filosofia que estuda o Belo.

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    Aula 1

    retrato, esttua

    Formas como sinnimos de objetos concretos, no mais de ideias abstratas

    (mas ainda substantivos), ou seja, ao mesmo tempo em que a forma era algoabstrato, tambm poderia ser algo concreto. Confuso? Nem tanto: ainda hojecostumamos chamar de Bombril (marca, nome de uma empresa) o produtopalha de ao (objeto concreto).

    imagem, desenho

    A coisa aqui tambm nomeia a representao dela mesma, isto , a repre-sentao (concreta) tambm chamada de forma. Por exemplo, o desenho deuma casa, seu projeto, no a prpria casa, mas sim sua imagem, uma repre-sentao.

    maneira, aspecto.

    Palavras que, tambm tm os significados prximos. Neste caso, se associar-mos forma a um jeito de fazer algo, por exemplo, continuamos no campo da

    abstrao. Outros desdobramentos deste conceito originaro palavras, comomolde (a frma do bolo), modelo (formatao de um texto) e modo,palavras de onde surgiu a palavra Moda.

    Observem como os conceitos apresentados podem se relacionar com as imagens acima, sobretudo naqueles

    mais subjetivos.

    Fonte:StockXchange|Foto:DorteKroghNielsenFonte:WikipdiaFonte:StockXchange|Foto:ibon

    sanmartinFonte:StockXchange|Foto:sanjagjeneroFonte:PicasaWeb|Foto:StealTheirStyleFonte:

    StockXchange|Foto:MariaHerrera

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    Outros sentidos...Alm das variaes citadas, a palavra forma rece-

    be desde o seu surgimento uma srie de associa-

    es, tendo simplesmente sua entonao levemente modi-

    ficada, ganhando um e passando a ser usada para uma

    srie de outras coisas, como para assar po e bolo e fazer

    tijolos e bibels: forma // = molde, caixilho, moldura etc.

    Como podemos observar, desde o seu incio, a palavraformaj assumia

    diversos significados e, com o passar do tempo, vai ganhando outros, como se

    fosse assumindo novas roupas, novas camadas, quase se tornando uma pa-

    lavra coringa. Assim,formaentra no vocabulrio popular e torna-se uma pa-

    lavra genrica, que utilizada em vrios contextos da Matemtica Biologia,

    das Artes Plsticas Lingustica -, j que este conceito se adqua, como vimos,

    tanto s entidades concretas, dando nomes a coisas do mundo real, quanto

    s entidades abstratas, ideias que passam por nossa cabea, e at modos de

    fazeras coisas, os jeitos e maneiras.De maneira geral, formas vezes adjetivo, advrbio de modo e subs-

    tantivo.

    Concluindo, hoje formasinnimotanto de:

    Fonte:Flickr|Foto:Janelle

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    Aula 1

    Atividade 1 Objetivo 1

    Como voc pode perceber, a palavra forma atualmente uma palavra

    coringa, que apresenta diversos significados. No mundo da moda, esta pa-

    lavra muito utilizada. Faa um levantamento em revistas ou jornais especia-

    lizados em moda, buscando identificar frases que tenham a palavra forma e

    selecionando trs delas onde esta palavra aparea com significados diferentes.

    Identifique o significado presente para esta palavra em cada frase e justifique.

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    Resposta Comentada

    Matria da Revista Elle Brasil (Julho de 2010)

    AS TOP TENDNCIAS DAS SEMANAS DE MODA DE INVERNOArquitetura Militarismo Nmade urbano Novo Luxo Couro Textura Espor-

    te Fashion Lingerie Mix and Match Preto Chic

    Formas arquitetnicas - Pedaos de tecido lembram tijolos, curvas inva-

    dem saias e volumes em 3D garantem modernidade

    A palavra forma, presente na manchete da revista Elle (http://elle.abril.com.

    br/desfiles/spfw/semanas-de-inverno-top-10-tendencia-formas-arquitetonicas

    -532174.shtml) pode representar dois conceitos, assumindo tanto o significado

    de formato, uma vez que se refere s figuras geomtricas propriamente ditas

    (curvas), alm de elementos arquitetnicos (tijolos) como tambm pode signi-

    ficar aparncia (o uso do verbo lembrarenfatiza esta interpretao).

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    3. Percebendo as formas

    Podemos afirmar que o homem sempre procurou nomear e entender

    as formas. Desde os filsofos gregos da Antiguidade Clssica (os famosos S-

    crates, Plato, Aristteles e outros mais) e matemticos (Pitgoras) at os dias

    atuais, a forma e como ns a percebemos intrigou os estudiosos. Toda esta

    curiosidade a respeito das formas levou ao surgimento de diversas correntes

    de estudo que s se interessaram nelas a Geometria, por exemplo, o campo

    especfico da Matemtica que se ocupa do estudo da forma, principalmente

    com relao a sua construo.

    Porm, s no final do sculo XIX que vai surgir uma das primeiras cor-

    rentes de pesquisadores que se debruaram sobre o estudo da percepo da

    forma, composta por diversos psiclogos e mdicos europeus, que iniciaram

    as suas pesquisas, observando macacos e bebs humanos. O conjunto de teo-

    rias pesquisado por estes doutores ficou conhecido como Teoria da Gestaltou

    Teoria da Forma, em traduo livre.

    Grandes nomes da Gestalt

    Max Wertheimer (1980-1943) foi um psiclogo

    checo que se dedicou ao estudo do processo psi-

    colgico da aprendizagem. Seu objetivo foi o de

    dar uma viso mais profunda e fundamentada sobre os pro-

    cessos do pensamento dos quais emerge a aprendizagem.

    Kurt Koffka (1886 - 1941), psiclogo alemo,

    um dos fundadores da Gestalt. Publicou a

    obra Princpios da Psicologia da Gestalt (1935).

    Wolfgang Khler (1887-1967) nasceu na Estnia,

    mas a partir de 1910 se juntou a Kurt Koffka e a

    Max Wertheimer no Instituto de Psicologia em

    Frankfurt, Alemanha, para a formulao da teo-

    ria psicolgica Gestalt. Em 1913, deixou Frankfurt para se tor-

    nar o diretor da estao de pesquisa antropoide na Academia

    Prussiana de Cincias, em Tenerife, nas Ilhas Canrias. Estudou

    sobre a percepo humana e em animais, e sobre a capacidade

    dos chimpanzs em resolver problemas.

    Gestalt: um termo

    alemo que no possuitraduo precisa para oPortugus, podendo sig-nificar forma, estruturae at mesmo configura-o. A teoria da Gestalttem como principaistericos os mdicos ale-mes Wertheimer, Koeh-ler e Koffka.

    Fonte:WikimediaCommons|

    Foto:imagememdomniopblico

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    Aula 1

    Para os pesquisadores dessa teoria, tanto a percepo da forma quanto

    a do movimentoso integradas na atividade cerebral e atuam por processos,como identificao, classificao e codificao, gerando esquemas que vo

    tornar a percepo futura de elementos semelhantes mais fcil (at mesmo

    mecanizada). Estes esquemas dependem, em grande parte, de outros mecanis-

    mos, como a aprendizagem, a ateno, o raciocnio, a memria e, tambm, das

    estruturas da linguagem(adaptado de VERNON, 1974, p.3).

    A Teoria Gelstalt, a grosso modo, funciona como um modelo de inter-

    pretao para a percepo das formas, partindo de princpios (ou leis) como:

    figura e fundo lei segundo a qual s percebemos qualquer coisa

    no fundo porque contrapomos imagens, assumindo que o que est no

    primeiro plano corresponde figura (ou imagem) e tudo o que faz

    parte dos outros planos equivale ao fundo

    fechamento uma das leis mais importantes do conjunto proposto

    pelos gestaltistas, ela afirma que o nosso crebro possui uma tendn-

    cia natural para completar imagens onde faltam pedaos ou aque-las que so apenas sugeridas. Parece que o nosso crebro busca sem-

    pre organizar as imagens, a fim de dar significados ao que vemos.

    A lei do fechamento demonstra a nossa capacidade de observar o todo e as partes isoladamente, compreenden-

    do o todo.

    Fonte:Flickr|Foto:SvenL

    aqu

    a

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    pregnncia da forma quanto mais simples e conhecida for uma

    forma, quanto mais fcil de lembrar e de reproduzir, mais pregnanteela ser. Para exemplificar, lembrem-se da marca da Rede Globo um

    crculo externo, com um quadrado desenhado no centro que, por sua

    vez, possui outro crculo no seu interior. Outro exemplo pregnante o

    vestido trapzio: todo mundo que conhea a forma trapezoidal iden-

    tificar um vestido deste tipo.

    Observem a simplicidade do vestido da imagem: se algum pedir para vocs desenharem este vestido ser fcil

    de lembrar, no mesmo?

    Existem mais algumas outras leis propostas pelos tericos da Gestalt

    (so entre 17 e 22, a depender da interpretao dos textos originais), porm

    no nos aprofundaremos nelas agora. Para saber mais, consulte a bibliografia

    indicada ao final desta aula e visite os linksoferecidos.

    Segundo os tericos gestaltistas, perceber o ambientes possvel, por-

    quepercebemos as formas e estas s existem, porque existe a cor identifica-

    mos as coisas no mundo, a partir do momento em que diferenciamos as suas

    cores em relao ao seu entorno - e porque estamos sempre estabelecendo

    comparaes: a forma nada mais do que uma rea colorida que aparece

    ao se contrapor (ou sobrepor) a outra e ns percebemos uma e outra, porque

    comparamos as duas.

    Assim, uma forma s visvel porque possui cor e porque estabelecemos

    uma separao/comparao entre massas (ou campos) de cores diferentes.

    Atente ao fato de que as coisas que nos cercam no possuem linha de contor-no, ou seja, no possuem outra maneira de serem separadas umas das outras

    (visualmente falando) se no for pela diferena de reas coloridas.

    Fonte:Flickr|Foto:bandita

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    Aula 1

    Observem que, apesar de possurem as mesmas formas, a cor modifica completamente a percepo. Notem

    como os pontos que marcam os nmeros nos dados parecem ter tamanhos diferentes, dependendo do contraste

    com a cor da face.

    Segundo o pressuposto da teoria Gestalt,a percepo s ocorre, quando vemos uma

    forma (ou padro, isto , a repetio do estmulo de visualizarmos uma forma que nos

    permite apreend-la). Sempre estabelecemos esta percepo a partir da contra-

    posio entre uma figura (ou imagem), o elemento em que focamos nossa aten-

    o e o fundo. A apario da figura, em contraste com um fundo qualquer,

    considerada pelos gestaltistas como o primeiro estgio da percepo, de onde

    todas as demais percepes decorrem.O que voc v na imagem ao lado?

    Os pesquisadores da Gestalt partiam de um pressuposto: eles acredita-

    vam que a percepo da forma era inata aos humanos, ou seja, eles acredita-

    vam que o beb humano j nascia com o conhecimento das formas. O que no

    fazia parte deste contedo inato era a nomeao das formas, isto , desdebebs somos capazes de reconhecer as formas, mas precisamos aprender seus

    nomes, j que isto informao que depende de um repertrio.

    Diversos estudos (dos prprios gestaltistas, alm dos feitos por Winni-

    cot e Piaget, estudiosos da psiqu humana e dos processos de aprendizagem)

    demonstraram que, com o passar do tempo, ainda na fase de beb, comea-

    mos a identificar com mais preciso as formas e cores (principalmente quando

    adquirimos a linguagem falada, j que mais fcil identificar as coisas atravs

    de seus nomes), e estabelecemos relaes de proximidade, semelhana, ta-

    manho etc., assim como iniciamos processos de contagem e classificao de

    elementos.

    Fonte:StockXchange|Foto:Jeff

    Prieb

    Fonte:StockXchange|Foto:Davide

    Guglielmo

    Fonte:StockXchange|Foto:LeaseRoe

    Fonte:Wikime

    diaCommons

    Repertrio: Conjunto deconhecimentos dos quaisdispomos para dar signi-ficado ao mundo que noscerca.

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    Os objetos mais prximos entre si so percebidos como grupos independentes dos mais distantes. Nesta ima-

    gem, h quatro grupos, mas os trs conjuntos da direita ainda podem ser agrupados entre si, distinguido-se do

    conjunto da esquerda, e a temos dois grupos percepo de proximidade.

    Os objetos similares em forma, tamanho ou cor so mais facilmente interpretados como um grupo. Nesta ima-

    gem, os crculos brancos e pretos parecem se agrupar, mesmo que a distncia entre as fileiras sejam iguais

    percepo de semelhana.

    Assim, seja uma caracterstica inata, seja adquirida, a percepo das for-

    mas ou melhor, do mundo como um todo desenvolve-se de maneira lenta

    e gradual ao longo dos primeiros anos de vida humana e depende, sobretudo,

    da curiosidade e da capacidade que possumos de separaras informaes que

    captamos no mundo, analis-las e reorganiz-las, adicionando significados.

    Para a Gestalt, nossa percepo sempre ser global, em um primeiro

    momento e, s depois, perceberemos as partes que compem este todo, ou

    seja, percebemos as imagens na ntegra desde o primeiro momento em que as

    vemos, para somente depois percebermos seus detalhes.

    Ao iniciarmos o processo de decomposio da imagem em formas me-

    nores, mais simples, cada uma destas partes percebida como um novo

    todo, j que pode possuir caractersticas particulares que no so, necessaria-

    mente, importantes para o todo anterior.

    Fonte:WikimediaCommons|

    Foto:imagememdomniopblico

    Fonte:WikimediaCommons|

    Foto:imagememdomniopblico

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    Aula 1

    O olho passa a ser percebido como um novo todo.

    Atividade 2 Objetivo 2

    a) Observe a imagem. Aproxime-a bem. O que voc percebe?

    __________________________________________________________________

    b) Observe novamente a imagem. Afaste-a bastante. O que voc percebe?__________________________________________________________________

    Fonte:StockXchange|Foto:HarrisonKeely

    Fonte:WikimediaCom

    mons|Foto:imagememdomniopblico

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    Formas na Moda

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    c) De acordo com a teoria da Gestalt e baseado na imagem anterior, que

    relaes voc pode estabelecer entre a sua percepo da figura e a teoria?__________________________________________________________________

    __________________________________________________________________

    __________________________________________________________________

    __________________________________________________________________

    __________________________________________________________________

    Resposta Comentada

    O nome desta imagem Tudo Vaidade, por C. Allan Gilbert (sem ano).

    Nela, a vida, a morte, a vaidade e o significado da existncia esto interligados.

    Nela podemos ver uma mulher se olhando no espelho ou um crnio

    humano, dependendo do que focarmos a nossa ateno, elegendo como fi-

    gura (ou assunto) da nossa observao. Assim, dependendo de como olha-

    mos para esta imagem, podemos observar um todo diferente, ainda que seja

    composto pelas mesmas linhas.

    Isso ocorre por causa da nossa percepo global das coisas, que sempre

    prvia a uma observao mais apurada. Ao olharmos para uma imagem qual-

    quer, o nosso crebro procura imediatamente na nossa memria (repertrio,

    conhecimento prvio) algo semelhante para que esta imagem seja compreen-

    dida e, ento, significada. S depois que veremos os seus detalhes, perceben-

    do outros todos dentro da mesma e, muitas vezes, ressignificando-a.

    Concluso

    No incio desta aula, fizemos trs perguntas-chave para a conceituao

    de formas: Por que precisamos conhecer as formas?, De que maneira o

    conhecimento sobre a forma pode ajudar o profissional que atua com Moda

    e Design a desempenhar (melhor) sua profisso? e Para que servem as for-

    mas?, mas apenas esboamos uma resposta para a primeira delas.

    Comeamos a partir do significado da palavra, por acreditar que uma ideia

    s pode ser realmente assimilada se sabemos bem o que ela significa. Assim, po-

    demos perceber que a palavra forma, to arraigada no nosso cotidiano, possui

    sutilezas em seus aspectos, sendo muitas vezes sinnima de aparncia, beleza,modelo, desenho, entre tantos outros, ao ponto de tornar-se objeto de estudo

    de diversas cincias, como a Esttica, a Geometria, a Fsica, entre muitas outras.

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    Aula 1

    Dessa denominao, partimos para a apresentao de algumas teorias

    e conjuntos de conhecimentos importantes, como a Psicologia da Percepo,desenvolvidos basicamente no ltimo sculo, voltados para a compreenso, a

    percepo, o entendimento e o uso das formas. E tudo isso ainda o comeo!

    Vivemos em um mundo de formas e atravs do entendimento destas

    formas que compreendemos o nosso entorno. Concluindo, importante termos

    sempre na cabea o fato de que para ns, designers, as formas so uma das

    principais ferramentas de trabalho, de expresso e de realizao da nossa prxis.

    Para uma segunda olhada

    importante que o profissional de Moda e Designconhea bem as for-

    mas para que consiga inovar conceitos e produtos.

    A palavra forma assumiu diversos significados ao longo do tempo, den-

    tre eles:

    A palavra forma assume determinado significado no contexto da Moda.

    Podemos concluir que, para a Gestalt, nossa percepo sempre ser global

    em um primeiro momento e, s depois, perceberemos as partes que compem este

    todo, ou seja, percebemos as imagens na ntegra desde o primeiro momento em

    que a vemos, para somente depois percebermos seus os detalhes desta imagem.

    Toda percepo da forma depende da percepo da figura e fundo de

    quem a v.Ao iniciarmos o processo de decomposio da imagem em formas me-

    nores, mais simples, cada uma destas partes passa a ser percebida como

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    Formas na Moda

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    um novo todo, j que podem possuir caractersticas particulares que no so,

    necessariamente, importantes para o todo anterior.O profissional de Moda deve estar atento aos diversos significados das

    formas, para que consiga inovar em seu trabalho criativo.

    Referncias

    BARTHES, Roland. A cmara clara. Lisboa: Edies 70, 1980.

    ____. Fragmentos de um discurso amoroso. So Paulo, Martins Fontes, 1977.

    ____. Mitologias. Lisboa: Edies 70, 1957

    BOMFIM, Gustavo Amarante. Ideias e formas na histria do design. Campina Grande:

    Editora da UFPB, 1997.

    DUROZOI, Grard; ROUSSEL, Andr. Dicionrio de filosofia. Campinas: Editora Papirus, 1993.

    ELLE. Disponvel:

    FERRARA, Lucrecia. Olhar perifrico. 2. ed. So Paulo: EDUSP/FAPESP, 1993.

    FRUTIGER, Adrian. Sinais e smbolos. So Paulo: Martins Fontes, 1999.

    MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicao como extenses do homem (Un-

    derstanding Media). So Paulo: Editora Pensamento-Cultrix, 1969.

    MONTANER, Josep Maria. As formas do Sculo XX. Barcelona: Gustavo Gili, 2002.

    MOUTINHO, Maria Rita. A moda no Sculo XX.Rio de Janeiro: Ed. SENAC Nacional, 2000.

    PERAZZO, Luiz Fernando. Elementos da forma. 4. ed.Rio de Janeiro: Editora Senac

    Nacional, 2000.

    SANTAELLA, Lucia. O que semitica. So Paulo: Brasiliense, 1983.

    UOL. Dicionrio da lngua portuguesa. Houaiss eletrnico. Disponvel em: . Acesso em: 15 ago. 2009.

    UOL.Moderno dicionrio da lngua portuguesa Michaelis. Disponvel em: . Acesso em: 15 ago. 2009.

    VERNON, M. D. Percepo e experincia. So Paulo: Editora Perspectiva, 1974.

    WONG, Wucius. Princpios de forma e desenho. So Paulo: Martins Fontes, 1998.

    Sites consultados

    FLICKR. Disponvel em: . Acesso em: 28 set. 2010.

    PICASA Web. Disponvel em: . Acesso em: 28 set. 2010.

    STOCK XCHANGE. Disponvel em: . Acesso em: 28 set. 2010.

    WIKIMEDIA Commons. Disponvel em: . Acesso em:

    28 set. 2010.

    WIKIPDIA. Disponvel em: .

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    Aula 1

    Sugestes de leitura (disponveis no ambiente virtual da disciplina)

    Sociedade da Informao

    BRASIL. Ministrio da Cincia e Tecnologia. A sociedade da informao. In: ___. Socie-

    dade de informao no Brasil - Livro Verde. Cap. 1. Disponvel em: .

    Iluso de tica

    ILUSES de ptica. Disponvel em: .

    WIKIMEDIA Commons. Disponvel em: .

    Semitica

    CENEP. Disponvel em: .

    Bibliografia sobre a Gestalt

    ENGELMANN, Arno. A psicologia da Gestalt e a cincia emprica contempornea.

    Psicologia: teoria e pesquisa, v. 18, n. 1, p. 1-16, jan./abr. 2002. Disponvel em: < http://

    www.scielo.br/pdf/ptp/v18n1/a02v18n1.pdf>.

    SOCIEDADE PARA A TEORIA DE GESTALT E SUAS APLICAES. Disponvel em:

    Gestalt aplicada ao Design

    CRTICA gestalt da percepo do visual. Disponvel em: .

    DESIGN.BLOG. Disponvel em: .

    LOLI Radfahrer. Aprenda Gestalt com James Brown. Disponvel em: .

    MARIN, Rafael. O que Gestalt e por que ela importante para o design . Disponvel em:

    .

    Autor brasileiro que estuda as Leis da Gestalt aplicadas ao Design

    GOMES FILHO, Joo. Disponvel em: .

    Forma na fotografia

    FOTOGRAFAR Vender Viajar. Disponvel em : .

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    Seus Objetivos:

    Aofinal desta aula, esperamos que voc seja capaz de:1.analisar os tipos de formas e como elas so consti-

    tudas;

    2.identificar como as formas so utilizadas no campo do Design,

    sobretudo na Moda.

    Aula2

    3 horas de aula

    Tipos de formas e suas relaes com a moda Parte 1

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    1. Entendendo as formas

    Na Aula 1, comeamos o nosso estudo das formas. Apresentamos seus

    conceitos em diversos nveis, tanto no nvel etimolgico os significados en-

    contrados no dicionrio como pelo conjunto dos conhecimentos - oriundos

    dos estudos sobre a percepo - que se convencionou chamar de Teoria da

    Forma ou simplesmente Gestalt.

    A Gestalt, por se dedicar ao estudo da forma enquanto componente da

    linguagem visual, prope um conjunto de normas e regras como uma ver-

    dadeira gramtica para que possamos ler melhor (e compor tambm!) as

    imagens, a partir da forma.

    Nesse ponto, cabe uma ressalva: no s a Gestalt que prope uma

    gramtica, leis, normas e metodologias para facilitar o alfabetismo visual

    (DONDIS, 1998), a percepo, compreenso e uso de formas e imagens, no

    geral. Outras cincias ou conjuntos de conhecimentos propem seus prprios

    mtodos, s vezes muito prximos Gestalt, outras completamente distantes.

    Alguns representantes destes conhecimentos so os seguintes: Semitica, Mor-

    fologia e, em alguns nveis de anlise, a prpria esttica.

    Seguindo alguns dos princpios da Gestalt, sobretudo a relao entre o

    todo e as partes, nesta aula iniciaremos o estudo das formas (o todo) a partir

    da sua diviso em unidades suas partes ou Elementos. Apresentaremos tam-

    bm novos conceitos, na medida em que as formas tornam-se mais complexas.

    2. Elementos da forma

    Todas as formas, por mais rebuscadas e elaboradas que sejam, podem

    ser divididas em unidades como se fossem tomos, entidades conceituais(que noexistem, na realidade, s enquanto conceitos abstratos). Nas formas,

    estas unidades, ou melhor, seus elementos mnimos, so o ponto, a linha, o

    plano (ou superfcie) e o volume.

    O professor de desenho e pesquisador da forma Wucius Wong (1998),

    no seu clebre livro Princpios de forma e desenho, chama a ateno para o

    fato de que todos os componentes da forma esto intimamente ligados, prati-

    camente indivisveis, sendo muito difcil separ-los na nossa experincia visual

    cotidiana. Com esta constatao, o autor prope diversas possibilidades de

    classificao para os elementos componentes da forma. So eles:

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    Aula 2

    a. Elementos Conceituais

    O ponto, a linha, o plano e o volume so chamados elementos concei-tuais, porque no so reais, isto , no existem na natureza, foram inven-

    tados pelo homem. Vamos conhecer um pouco mais sobre cada um deles mais

    adiante nesta aula.

    b. Elementos Visuais

    Representam a materializao, atravs do desenho, dos quatro elemen-

    tos conceituais (ponto, linha, plano e volume). Por se tornarem visveis, permi-

    tem-nos perceber (ou atribuir) tamanhos (largura, altura e profundidade), cores,

    formatos (regular, irregular, geomtrico, simples, composto etc.) e texturas (sim-

    ples, complexa, lisa, decorada, macia, spera etc.), dentre outras caractersticas.

    c. Elementos Relacionais

    Dependem sempre do contexto em que a forma est apresentada, isto ,

    depende do entorno e de todos os elementos que se relacionam com a forma

    em uma representao. Por exemplo, ao observarmos uma forma qualquer em

    uma fotografia de revista, devemos estar atentos a todas as relaes que esta

    forma estabelece, j que a forma pode ser entendida (e classificada) de diferen-

    tes maneiras, a partir da sua relao com:

    os demais elementos que compem a fotografia;

    a possvel moldura que a enquadra;

    os textos da legendae da reportagem ttulo, corpo da matria etc.;

    as logomarcas, anncios, chamadas em destaque etc.;

    a direo que a forma assume em relao ao observador (lembre-se

    que lemos da esquerda para a direita!);

    a orientaono espao como est posicionado em relao hori-

    zontal e vertical, alto e baixo (gravidade) etc.; a posio em que a forma foi colocada em relao moldura e pgi-

    na ou tela (se for o caso);

    a proporo que a forma apresenta-se em relao aos outros elemen-

    tos que a cercam.

    Assim, so inmeras as relaes possveis a que devemos estar atentos,

    j que todas condicionam (ou alteram) a maneira como percebemos as formas.

    Observe a imagem fotogrfica na seo de cinema de uma revista - a

    maior delas - que ocupa praticamente a metade da pgina. O nosso olhar pas-seia pela imagem, obedecendo a um roteiro - de cima para baixo, da esquer-

    da para a direita, quase como um scanner. Agora, perceba:

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    Observe os elementos que com-pem a fotografia: a imagem pro-

    vavelmente retrata a fachada de umcinema, tendo como principais ele-mentos um letreiro de neon, ondeest escrita a palavra Castro, se-guida de outra palavra Milk -, aimagem de um homem (o ator SeanPen) em tamanho grande, o sufi-ciente para se destacar. Na entradado cinema podemos encontrar no-vamente a palavra Milk, repedidaduas vezes, alm de alguns carros,que compem a paisagem. Noteainda que existe uma caixa de textoazul que aparece sobre a foto-grafia, apontando para uma regioonde se pretende dar destaque.

    A posio em que a forma foi colo-cada em relao moldura e p-gina ou tela (se for o caso): notem

    que a imagem, por possuir grandepeso visual em relao ao restantedos elementos, foi posicionada esquerda. Isto no aconteceu poracaso: o lado direito das pginas/imagens geralmente pesa mais doque o esquerdo e, para compensareste peso, contrabalanamos a ima-gem com outros elementos. Aqui,se posicionssemos a imagem di-reita, a leveza do conjunto do textodesequilibraria o layout.

    A proporo que a forma apresentaem relao aos outros elementosque a cercam: a imagem muitogrande em relao ao restante dapgina e isto nos d algumas pis-

    tas: esta publicao provavelmented mais importncia aos textos vi-suais, ou seja, s histrias que asimagens contam. Outra informaoque podemos tirar do grande des-taque dado imagem uma ima-gem fala mais que mil palavras, dizo dito popular -, comparado ao pe-queno texto que a suporta, que,provavelmente, esta pgina fazparte de uma publicao que temcomo foco a leitura rpida.

    A possvel moldura que a enqua-dra: a imagem possui trs nveis demoldura: o prprio contorno da fo-tografia, com cantos arredondados,que suaviza o peso que ela ocupaem toda a pgina (formas curvas/orgnicas so melhor assimiladaspelo nosso crebro), a molduraimaginria, composta pelo corpode texto que est prximo foto-grafia, mas que no est totalmen-te colado a ela, deixando um es-pao em branco, e a linha azul, na

    parte superior, que d uma espciede unidade ao contedo, garantin-do que o texto refere-se figura,e vice-versa. As molduras segre-gam, isto , separam contedos, afim de dar uma maior importnciapara eles.

    Os textos da legendae da reportagem: a primeiracoisa a ser lida na pgina deste editorial a pa-lavra Cinema, indicando que a matria abordaassuntos relativos Stima Arte ou seja, no va-mos esperar encontrar informaes que no se re-firam a cinema. O grande destaque dado ao nomedo diretor Gus Van Sant tambm d a dica de queeste artigo refere-se a cinema, mais especifica-mente a um filme deste diretor no caso, Milk:a voz da igualdade (2008). Ainda em relaoaos textos, percebemos duas colunas, com frasesdestacadas em cor diferente (rosa), alm das trscaixas de texto azuis que destacam informaes,dando mais peso ao seu contedo.

    A direo que aforma assume emrelao ao obser-vador, bem comoa orientaono es-pao: esta imagempossui grande pesodado verticalida-de, uma vez que li-nhas deste tipo somais presentes doque as horizontais,como podemos ob-servar no letreiroe nas linhas que

    compem a facha-da do prdio.

    Fonte:Flickr|Foto:HelloRoma

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    Aula 2

    d. Elementos Prticos

    Esto relacionados com o contedo da representao, ou seja, com osignificado dela, aquilo que a forma se prope a representar. Assim sendo,

    uma forma pode ser:

    natural- quando representa um elemento da natureza;

    artificial- quando representa algo feito ou pensado pelo homem;

    figurativa- quando ilustra algo reconhecvel;

    Fonte:Flickr|Foto:dorena-wm

    Fonte:Wikipedia

    Fonte:Pica

    saWeb|Foto:PabloCosta

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    Formas na Moda

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    abstrata- quando no se preocupa com o reconhecimento, com sig-

    nificados diretos;

    realista- quando se prope a registrar algo existente, o mais prximo

    possvel da realidade;

    estilizada- quando no representa as formas de maneira realista.

    Fonte:PicasaWeb|Foto:fotosaula

    Fonte:Wikipedia|Foto:imagememdomniopblico

    Fonte:Flick

    r|Foto:NinaSodr

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    Aula 2

    Para aprofundar um pouco mais o nosso estudo, focaremos apenas nos

    Elementos Conceituais, essenciais para comunicarmos as nossas ideias em umprojeto de Moda.

    Origem e significado das formas

    No vamos apresentar nesta aula os significados do verbete forma em ou-

    tros idiomas, alm do Portugus/Latim, mas fica aqui a sugesto para que

    voc continue com a curiosidade aquecida e que se divirta, investigando a origem e o

    significado da forma em ingls (form, appearance,figure, shape), francs (forme), italia-

    no e espanhol (forma), alemo (Form, Figur, Gestalt)...

    Atividade 1 Objetivo 1

    Como visto, os Elementos Conceituais esto presentes nas imagens que

    nos cercam, bem como os elementos visuais, os relacionais e os prticos. Con-

    ceitos so considerados abstratos, pois a partir do momento que separamos

    qualquer coisa do seu contexto e comeamos a analisar e/ou classificar, estacoisa, necessariamente, transforma-se em um conceito que precisou ser abs-

    trado. Somente a observao atenta e consciente possibilita-nos reconhec-

    los de modo praticamente imediato. Ento, vamos treinar a nossa observao:

    Escolha uma pgina de revista (ou jornal), focada em assuntos de

    moda (editorial). importante que a pgina escolhida contenha, pelo

    menos, elementos como imagem, texto e ttulo.

    Seguindo o exemplo de anlise feita para a imagem do subtpico

    Elementos Relacionais, faa uma anlise da pgina escolhida, s

    que agora utilizando como referncia os Elementos Prticos.

    __________________________________________________________________

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    3. O Ponto e a Linha: aprendendo um pouco mais sobre os

    elementos conceituais

    J que estamos separando, contextualizando e classificando os elemen-

    tos mnimos que compem a forma, seguiremos definindo o que so ponto,

    linha e, na prxima aula, plano/superfcie.

    3.1. Ponto

    um conceito abstrato; pontos indicam localizao, interseo, o local

    de um encontro. a menor unidade grfica de uma composio, seu tomo.

    O ponto a unidade que compe o desenho, como se fosse uma letra em

    relao palavra.

    O ponto um elemento autnomo, isto , que fala por si. a unidade

    mnima da forma, ou seja, tudo comea no ponto, que equivale ao momento em

    que um registro feito, quando uma ferramenta qualquer (lpis, pincel, caneta

    etc.) toca um suporte (papel, tela, tecido etc.). Ainda, de acordo com a Geometria,

    ponto o registro do encontro de pelo menos duas linhas no espao. Exemplo:

    Exemplos de representao grfica de pontos.

    Em Moda, o ponto pode

    corresponder tambm

    unidade mnima de uma

    costura, de um bordado ou

    a laada de uma malha/tri-

    c/croch, como podemos

    ver nas imagens:

    Fonte:Flickr|Foto:John

    Fonte:Flickr|Foto:FollowtheWhiteBunny

    Fonte:Flickr|Foto:AimeeRay

    Fonte:Flickr|Foto:SewingDaisies

    Pontos de costura e bordado.

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    Aula 2

    Fonte:StockXchange|Foto:FlavioTakemoto

    Fonte:StockXchange|Foto:MartynRice

    Fonte:Flickr

    |Foto:seiho

    Fonte:StockXchange|Foto:FaustoGiliberti

    O ponto pode ter diversas formas. A mais comum, ou seja, aquela que

    lembramos imediatamente ao pensarmos em um ponto, a circular, pormo ponto pode ser equivalente a um quadrado um pixel - , por exemplo, ou

    aquele formado por linhas que se cruzam - um tringulo - ou ainda, possuir

    uma forma irregular.

    Elementos que podem ser considerados como representao de pontos.

    3.2. Linha

    A linha o segundo elemento fundamental da linguagem visual, tambm

    uma das unidades mnimas do desenho. Geralmente, conceituada como sendo

    um ponto em movimento ou ento um conjunto de pontos, porm diferente

    do ponto, que esttico, a linha geralmente apresenta uma direo, um sentido.

    Se os pontos equivalem s letras, as linhas so como palavras e fra-

    ses: elas so as unidades mnimas usadas na construo das obras de arte, dos

    edifcios arquitetnicos, dos objetos de design, dos produtos e produes de

    moda, das formas, no geral.

    Observem como as linhas aparecem em tudo o que nos cerca.

    Fonte:Flickr|Foto:Fer

    nandoStankuns

    Fonte:Flickr|Foto:RodrigoSoldon

    Fonte:PicasaWeb|Fo

    to:Brazoo

    Fonte:PicasaWeb|Fo

    to:Diablo

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    A linha no possui comeo nem fim, sendo um elemento que se direcio-

    na sempre para o infinito, sem alterar o seu sentido (desde que nada interrom-pa sua trajetria).

    As linhas, sejam abertas ou fechadas, delimitam espaos e, portanto,

    compem superfcies (assunto que veremos na prxima aula). Assim, basta

    uma nica linha curva para compormos, atravs da lei do fechamento(Teoria

    da Gestalt, vista na aula anterior), planos com formato circular ou elptico,

    ou, pelo menos duas linhas retas, unidas por um ngulo, para formarmos um

    tringulo.

    Ao olharmos para as linhas abertas representadas esquerda do esquema, a tendncia que nosso crebro

    complete as formas. Ento, vemos como linhas fechadas, representadas direita na forma de um crculo, uma

    elipse e um tringulo.

    Observando o nosso entorno, podemos perceber que o mundo com-

    posto por formas, seja o mundo construdo ou o mundo natural. Estas formas

    podem ser subdivididas em linhas, dos mais diversos tipos: linhas retas, curvas,

    mistas, artifi

    ciais, orgnicas, horizontais, verticais, inclinadas etc., como vere-mos a seguir.

    3.2.1 Tipos de linhas.

    A linha pode ser imaginria ou real: se observarmos uma srie de pon-

    tos prximos uns dos outros uma constelao de estrelas, por exemplo -,

    tendemos a unir estes pontos, j que o nosso crebro tenta organizar e signi-

    ficar tudo o que percebemos, criando linhas que de fato no existem. Por outrolado, uma vez que um ponto desloca-se uma estrela cadente ou um cometa

    desenha uma trajetria, compondo uma linha real.

    Fonte:EsquemaelaboradopeloprofessorSrgioSudsilowsky

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    Aula 2

    Observem as linhas imaginrias que desenham a constelao, bem como a linha real desenhada pela estrela

    cadente.

    Se o ponto esttico, a linha sempre ter uma direo e um sentido,

    trazendo uma ideia de movimento ainda que direo, sentido e movimento

    sejam percebidos de forma ambgua. Isto acontece, pois no podemos definir

    com preciso qual seria a direo da linha a no ser que ela seja uma seta,

    claro, ou seja, mesmo que uma linha no possua indicao dos seus pontos

    iniciais e finais, ela sempre apresentar caractersticas de direo, j que um

    ponto de que deslocou de uma origem para um ponto final. A linha tambm

    sempre possuir um sentido da esquerda para a direita, da direita para a es-

    querda, de baixo para cima e vice-versa.

    Tais diversidades fazem com que toda imagem possua diversos graus de

    expressividade e complexidade. Dentro destas possibilidades, a linha ainda se

    subdivide, quanto ao seu formato, espessurae terminao.

    3.2.1.1. Tipos de linhas quanto ao formato.

    a. Reta a mais comum a linha horizontal, pois nos remete ao hori-

    zonte. mais esttica e estvel que a linha vertical (que geralmente associamos

    s relaes de alto e baixo, devido lei da gravidade e verticalidade, assu-

    mida pelo homem ao se colocar de p) e a diagonal. Segundo Frutiger (1999),

    retas diagonais so as mais instveis de todas as linhas, j que dependem dosentido da leitura para serem associadas a uma subida ou a uma descida.

    Fonte:Wikim

    ediaCommons

    Fonte:Nasa

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    Formas na Moda

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    Diferente da estabilidade proporcionada pela horizontal, linhas diagonais so instveis e transmitem ideias,

    como: movimento, insegurana e at mesmo impreciso. Assim sendo, elas sempre sero percebidas de acor-

    do com a horizontal ou vertical mais prxima, sendo que a horizontalidade tende a dominar a percepo huma-

    na, como dito anteriormente.

    Assim, quando o ngulo maior do que 45 graus, portanto mais prxi-

    mo da verticalidade, a linha vista como descendente, uma queda (Imagem

    1). Ao contrrio, se o ngulo for menos que 45 graus, mais prximo da horizon-

    tal, geralmente, visto como uma subida, uma elevao (Imagem 2).

    A nossa direo de leitura tambm influencia isso. Ns, ocidentais, le-

    mos da esquerda para a direita: se a linha diagonal possui uma extremidade

    assentada na esquerda, no que imaginariamente definirmos como plano de

    cho, na horizontalidade, geralmente associaremos a uma subida. Por outrolado, se o que se assenta no plano do cho for a outra extremidade da linha,

    direita, associamos a diagonal representao de uma descida.

    O ser humano confere horizontal um significado totalmente diferente

    da vertical. A primeira uma dimenso concreta, algo que pode controlar

    e medir com os prprios passos. A Terra plana [ assim percebida pelos

    nossos sentidos, j que no temos como ver a forma esfrica do planeta

    estando dentro dele], e a horizontal terica um conceito existente [tam-

    bm o nosso campo de viso muito mais amplo na horizontal do que na

    vertical: somos acostumados a percorrer com o olhar o horizonte, seja em

    busca de presas para alimentao, parceiros para a associao ou perigos

    que nos ameacem]. Em contrapartida, tudo o que cai na Terra realiza um

    movimento vertical e, por isso, no algo que existe, mas um fenmeno

    que acontece, como o relmpago, a chuva e at mesmo os raios do sol [e

    o que arremessado geralmente percorre uma trajetria curva, em forma

    de parbola]. (FRUTIGER, 1999, p. 9) [grifos do autor]

    Lembre-se que as linhas retas so consideradas como linhas conceitu-

    ais, porque elas no existem no mundo natural - na natureza todas as linhasso orgnicas, isto , curvas e irregulares. At mesmo a linha do horizonte, que

    aquela mais prxima da linha reta que temos como repertrio, curva. Isto

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    Aula 2

    porque o nosso planeta possui forma praticamente esfrica e, portanto, a linha

    do horizonte uma curva, ainda que os nossos olhos estejam acostumados av-la muito prxima de uma reta horizontal.

    Observem como as linhas retas (quadro do Mondrian, fachada do edifcio) so mais estveis e duras do que

    as linhas curvas, orgnicas (linha do horizonte e nuvens no cu do entardecer, bem como a paisagem natural

    do riacho).

    b. Curva ou orgnica a linha mais encontrada na natureza. Ela est

    presente na nossa vida desde o tero materno, que curvo e acolhedor. Est

    no sol, na abbada celeste, nos contornos do corpo humano, na espiral que

    forma as conchas que observamos na praia, nas ondas do mar que quebram

    na areia. A prpria existncia humana cclica e circular: o tempo do relgio,

    as estaes do ano, as fases da vida, ou seja, a maior parte da nossa vida

    experienciada em ciclos.

    A sinuosidade da linha curva muito mais confortvel para o olhar.

    Fonte:WikimediaCommons|Foto:Hen

    drike

    Fonte:WikimediaCommons|Foto:OS2

    Warp

    Fonte:Flickr|Foto:Cainha

    Fonte:Flickr|Foto:FbioPinheiro

    Fon

    te:Flickr|Foto:PandiyanV

    Fon

    te:StockXchange|Foto:anna076

    Fon

    te:StockXchange|Foto:MakioKusahara

    Fon

    te:StockXchange|Foto:TimoBalk

    Fon

    te:StockXchange|Foto:MoyCodi

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    Existem dois tipos de linhas curvas: as geomtricas, que so precisas

    e traadas com instrumentos de medida, como o compasso, o transferidor ea curva francesa, e as orgnicas, que so aquelas que realmente vemos na

    natureza, com traado livre e geralmente impreciso.

    A natureza tem horror linha reta e ao compasso. (...) A natureza tem o

    bom gosto de no usar esses instrumentos. J reparou que ela nada faz

    perfeitamente reto ou perfeitamente curvo, como as linhas e crculos tra-

    ados pela rgua e pelo compasso?

    (...)

    - Pois a natureza assim, meu filho. Parece que tem horror geometria.

    Faz tudo mais ou menos e por isso so to belas as coisas naturais. Se

    voc mandar a geometria fazer uma rvore, ela faz uma rvore toda cheia

    de linhas retas e curvas, de elipses, espirais e tringulos, tudo de uma

    preciso geomtrica e fica a feira das feiras. (LOBATO, 2007)

    Observem a diferena entre as linhas curvas geomtricas (curvas precisas e controladas) das formas constru-

    das arquitetura do MAC e da Casa Batl, calado de Copacabana, portal e gradile as linhas orgnicas (irregu-

    lares) presentes no vestido de noiva e na pintura corporal. As primeiras tendem a ser mais estveis, porm as

    ltimas, geralmente, so mais agradveis ao olhar.

    Fonte:WikimediaCommons|Foto:JavierCarro

    Fonte:Flickr|Foto:JoanaJoana

    Fonte:Flickr|Foto:Ela

    Fonte:Flickr|Foto:HeraldoLuciano

    Fonte:Flickr|Foto:_rosa_

    Fonte:PicasaWeb|Foto:NoivasdePortugal

    Fonte:WikimediaCommons|Foto:JosCruz/ABr

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    Aula 2

    c. Quebrada composta somente por linhas retas que se encontram e

    mudam de direo (ou sentido), criando ngulos entre elas. Diferenciam-sepelos graus de seus ngulos, pelo comprimento de suas linhas, pelas direes

    e sentidos que assumem, bem como pela complexidade da configurao total

    da trajetria registrada.

    Como nos desenhos infantis, podemos observar no contorno deste carro os pontos de interseo das linhas, bem

    como as mudanas de direo.

    d. Composta formada por linhas retas e curvas. So as linhas mais pr-

    ximas das orgnicas.

    Percebam, no contorno destas imagens, os pontos de interseo das linhas, bem como as mudanas de direo

    e tipo (de reta para curva e vice-versa).

    Fonte:BlogAll|Foto:imagem

    dedivulgao

    Foto:PatrciaDiniz

    Fonte:StockXchange|Foto:AntonioJimnezA

    lonso

    Fonte:StockXchange|Foto:RAWKU5

    Fonte:StockXchange|Foto:MarcandCristinaPalmerandBurke

    Fonte:StockXchange|Foto:TeodoraVlaicu

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    3.2.1.2. Tipos de linhas, quanto espessura

    A linha ocupa duas dimenses no espao, que so o comprimento e

    a altura, esta ltima equivalente sua espessura. Assim sendo, linhas po-

    dem ainda ser classificadas de acordo com a espessura do seu corpo. Ela pode

    ser regular, quando toda sua extenso possui a mesma espessura ou irregular,

    quando surgem alternncias no tamanho da espessura da linha.

    Exemplos:

    3.2.1.3. Tipos de linhas, quanto terminao

    Podemos ainda classificar a linha, quanto ao desenho de suas extremida-

    des que s possuem relevncia quando esta linha no muito fina ou quando

    damos um zoom no computador e aproximamos o nosso olhar da terminao

    da linha. Assim, elas podem terminar de forma quadrada, pontiaguda ou redonda.

    Exemplos:

    Atividade 2 Objetivos 1 e 2

    Escolha trs looks de desfiles apresentados nas ltimas semanas de

    moda no Brasil (pode ser SPFW So Paulo Fashion Week, Drago Fashion,

    Fashion Rio etc.). Para praticar bastante os conceitos aqui desenvolvidos, esco-

    lha estilos diferentes moda praia, casual, jeans etc. e alterne entre masculi-

    no, feminino e infantil, se possvel.

    Copie cada uma das imagens em um software grfico tipo Paintbrush,

    CorelDraw, Photoshop, Ilustrator, ou at o PowerPoint e desenhe com uma

    cor quente (vermelho, amarelo ou laranja) as principais linhas encontradas nas

    roupas, como nos diversos exemplos j apresentados nesta aula. Marque tam-bm elementos que sejam semelhantes a pontos(botes, bolinhas, encontros

    de linhas etc.), porm usando uma cor diferente.

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    Aula 2

    Por ltimo, identifique e nomeie os principais tipos de linha encontra-

    dos. Salve o seu arquivo em formato JPG e envie ao tutor atravs do ambientevirtual da disciplina.

    Comentrio

    Faa como no exemplo a seguir, onde indicamos com a cor azul os PON-

    TOS e com a cor laranja as LINHAS.

    Concluso

    Finalizando esta aula, importante enfatizar que as formas esto em

    todos os lugares, no s na moda, e elas geralmente fazem parte de um con-

    texto, estabelecendo relaes com o seu entorno. Assim, estudar as formas (o

    todo), geralmente se inicia com o reconhecimento e a compreenso da divisodestas formas em unidades suas partes ou Elementos -, como o ponto e a

    linha.

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    Assim, independente de analisarmos as formas pelo ponto de vista da

    Geometria, Matemtica, Semitica, Esttica ou Gestalt, no fundo estamos ad-quirindo o repertrio necessrio para utilizarmos a nossa gramtica das visu-

    alidades, ferramenta essencial para o trabalho do designer.

    Lembre-se que esse texto tambm faz parte de uma proposta, onde con-

    vidamos voc a sempre mudar o seu jeito de pensar, mudando de rumo - quan-

    do necessrio for -, experimentando novos caminhos, assumindo outras pos-

    sibilidades, outras teorias, outros modos de fazer e, sobretudo, outros modos

    de ver.

    Para uma segunda olhada...

    Nesta aula, pudemos perceber que forma , antes de mais nada, um con-

    ceito, um elemento da linguagem seja visual ou verbal - e a sua boa utilizao

    depende de dominarmos, acima de tudo, seus significados.

    E, semelhante ao estudo etimolgico feito na Aula 1, quando concei-

    tuamos formas, os significados das palavras tendem a mudar ou a assumir

    novos significados, seja com o passar do tempo, seja com a mudana de local.

    Assim, da etimologia at a Teoria da Gestalt, vimos diversas outras pos-

    sibilidades de conceituar as formas, porm o mais importante de tudo: vimos

    que as formas podem ser reduzidas a unidades menores, unidades elemen-

    tares, como as letras do alfabeto que compem palavras e, estas, frases, textos,

    livros inteiros. Partindo destes princpios, comeamos nossos estudos com os

    primeiros elementos desta gramtica da visualidade: o ponto e a linha.

    Apresentamos mais detalhes de cada um destes elementos, enfatizando

    as diferentes classificaes que possuem (as linhas so classificadas, quanto ao

    seu formato, espessura e terminao).

    Referncias

    BOMFIM, Gustavo Amarante. Idias e formas na histria do design. Campina Grande:

    Editora da UFPB, 1997.

    DONDIS, A. Donis. A sintaxe da linguagem visual. So Paulo: Martins Fontes, 1998.

    FRUTIGER, Adrian. Sinais e smbolos. So Paulo: Martins Fontes, 1999.

    LOBATO, Monteiro. Viagem ao cu. Rio de Janeiro: Editora Globo, 2007.

    PERAZZO, Luiz Fernando. Elementos da forma. 4. ed.Rio de Janeiro: Editora Senac

    Nacional, 2000.

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    Aula 2

    VERNON, M. D. Percepo e experincia. So Paulo: Editora Perspectiva, 1974.

    WONG, Wucius. Princpios de forma e desenho. So Paulo: Martins Fontes, 1998.

    Sites consultados

    BLOG All. Disponvel em:

    FLICKR. Disponvel em: . Acesso em: 25 out. 2010.

    GEOMETRIA. Disponvel em: . Acesso em: 9 set. 2009.

    MATEMTICA Essencial. Disponvel em: . Acesso em: 9 set. 2009.

    NASA. Disponvel em: .

    PICASA Web. Disponvel em: . Acesso em: 25 out. 2010.

    STOCK XCHANGE. Disponvel em: . Acesso em: 25 out. 2010.

    UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA. Departamento de Matemtica. Centro de

    Cincias Exatas. Geometria (plana e volumtrica).Disponvel em:

    . Acesso em: 9 set. 2009.

    UOL. Houaiss eletrnico. Disponvel em: . Acesso em: 15

    ago. 2009.

    UOL Moderno dicionrio da lngua portuguesa Michaelis. Disponvel em: . Acesso em: 15 ago. 2009.

    WIKIMEDIA Commons. Disponvel em: . Acesso em:

    25 out. 2010.

    WIKIPEDIA. Disponvel em: .

    WIKIPEDIA. Geometria. Disponvel em: .

    Acesso em: 9 set. 2009.

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    Seus Objetivos:

    Aofinal desta aula, esperamos que voc seja capaz de:1.reconhecer os tipos de formas e como elas so cons-

    titudas;

    2.identificar como as formas so utilizadas no campo do De-

    sign, sobretudo na Moda.

    Aula

    3

    3 horas de aula

    Tipos de formas e suas relaes com a moda Parte 2

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    1. Relembrando...

    Nas Aulas 01 e 02, comeamos o nosso estudo das formas, a partir da sua

    conceituao em diversos nveis, tanto no nvel etimolgico do dicionrio

    como pelo conjunto de conhecimentos, advindos dos estudos da percepo,

    (Teoria da Forma ou Gestalt).

    E a Gestalt, por se dedicar ao estudo da forma, enquanto componente

    da linguagem visual, prope um conjunto de normas e regras como uma

    verdadeira gramtica para que possamos ler melhor (e compor tambm!)

    as imagens, a partir da forma.

    As Cincias que estudam as formas e imagens

    Cabe uma ressalva: no s a Gestalt que prope uma gramtica, leis e

    normas e metodologias para facilitar o alfabetismo visual (DONDIS, 1998),

    a percepo, compreenso e uso de formas, e imagens. Outras cincias ou conjuntos

    de conhecimentos propem seus prprios mtodos, s vezes, muito prximos Gestalt,

    outras completamente distantes. Alguns representantes desses conhecimentos so a

    Semitica, a Morfologia e, em alguns nveis de anlise, a prpria Esttica.

    Na Aula 02, voc j conheceu dois dos elementos conceituais que com-

    pem as formas: o ponto e a linha. Nesta aula, voc ver com mais detalhes

    mais um elemento conceitual: o plano.

    2. Plano

    formado a partir da unio (ou da simples aproximao) de linhas

    basta que uma linha curva tenha sua origem e seu final aproximados, para

    construirmos um plano na nossa imaginao.

    Tambm definido como sendo o resultado da trajetria de uma linha

    em movimento (WONG, 1998, p. 42), onde a linha delimita o plano e institui

    dois espaos relacionados ao plano:

    o interno, compreendendo tudo o que est dentro do limite da linha e

    o externo, compreendendo tudo o que est fora do limite da linha.

    Alm disso, o plano ocupa duas dimenses no espao: largura e altura.

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    Aula 3

    A forma, enquanto plano, pode possuir uma grande variedade de FOR-

    MATOS, podendo ser, como veremos na prxima seo, geomtricos (cons-

    trudos artificialmente, atravs da Matemtica) ou naturais (encontrados na

    natureza, como as folhas das rvores, por exemplo). Podem ser ainda:

    Orgnicos: limitados por linhas livres, geralmente curvas;

    Observe os formatos das nuvens, compostos por linhas livres, curvas, que constituem planos bem delimitados. O

    mesmo acontece com as pedras portuguesas que podem compor caladas.

    Retilneos: composto apenas por linhas retas;

    Linhas retas verticais ( esquerda) e diagonais ( direita).

    Fonte:Stock.xchng|Foto:TonAraujo

    Fonte:Stock.xchng|

    Foto:Anto

    nioJimnezAlonso

    Fonte:Stock.xchng|

    Foto:AbdulazizAlmansour

    Fonte:Stock.xchng|Foto:BurakMestan

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    Regulares: quando possuem linhas similares, delimitando os lados da

    figura, quanto sua representao;

    O hexgono, polgono que possui seis lados iguais. Vale ressaltar que esse tipo de formato tambm acontece na

    natureza, como o caso do favo de mel nas colmeias de abelhas.

    Irregulares: quando possuem linhas diferentes, delimitando os lados

    da figura, quanto sua representao;

    Exemplos de formatos irregulares geomtricos ( esquerda) e orgnicos ( direita).

    Simples: quando formam figuras reconhecidas, como as geomtricas,

    por exemplo;

    Quadrados e tringulos retngulos.

    Fonte:Stock.xchng|Foto:DanielWest

    Fonte:Stock.xchng|

    Foto:JuanCarlosArellano

    Fonte:Stock.xchng|Foto:Melod

    iT

    Foto:CristinaMendes

    Fonte:Flickr|Foto:Tobin

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    Aula 3

    Compostos/complexos: quando so formados pela juno, interseo

    ou subtrao de dois ou mais planos, formando uma flor, por exemplo.

    Observe como uma forma simples, disposta repetidamente, pode gerar formatos complexos.

    2.1. Formas geomtricas planas: Formatos SIMPLES

    As formas geomtricas simples podem ser regulares (quando possuem

    lados iguais) ou irregulares.

    As formas geomtricas bsicas so:

    crculo ou circunferncia: Possui 360 e todos os pontos localizados em

    seu permetro (desenho da circunferncia) esto posicionados mesma distn-

    cia do seu centro (essa distncia chamada raio). importante destacar que

    essa a forma com maior pregnncia(acredita-se que seja assim porque pode

    ser facilmente associada a elementos naturais, como o sol e a lua, por exemplo).

    A lua, apesar de no ser uma forma regular, uma boa imagem que pode ser usada como uma representao

    da circunferncia.

    elipse forma composta, a partir de linhas curvas. Porm, diferente da

    circunferncia, no possui os pontos do seu permetro equidistantes do centro.

    Elemento conhecido por todos, o ovo um bom exemplo para ilustrar a forma da elipse.

    Fonte:Stock.xchng|Foto:BillyAlexander

    Fonte:Stock.xchng|

    Foto:EmilianoHernandez

    Pregnncia ou Lei daBoa Forma - pode ser

    entendida como sendoa fora que uma ima-gem possui de parecero mais simples, clara,ntida e estvel possvel.A pregnncia seria umdos ideais, buscados nacomposio de imagens,sobretudo smbolos, si-nalizao e logomarcas.

    Fonte:Stock.xchng

    |Foto:ew90

    Fonte:Stock.xchng|F

    oto:JosepAltarriba

    Fonte:Stock.xchange|Foto:amrsafey

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    tringulo possui trs lados e trs ngulos internos, podendo ser equi-

    ltero (trs lados de tamanhos iguais, com trs ngulos internos de mesmamedida = 60), issceles (dois lados de tamanhos iguais), retngulo (possui

    um ngulo reto, ou seja, de valor igual a 90) e escaleno (possui trs lados de

    tamanhos diferentes).

    Escaleno Issceles Retngulo Equiltero

    Observe que, apesar de diferentes, todas as imagens so triangulares por possurem os elementos mnimos

    necessrios para serem reconhecidas por esse formato (trs ngulos e trs lados).

    quadriltero como os tringulos, os quadrilteros tambm possuem

    diversos tipos: quadrado (possui os quatro lados iguais, com quatro ngulos

    internos de 90), losango (tambm conhecido popularmente como balo)

    surge a partir da rotao do quadrado), retngulo (possui lados diferentes, po-

    rm os dois lados correspondentes altura devem ser necessariamente iguais,

    assim como os dois lados correspondentes largura, porm conservando os

    quatro ngulos internos de 90) e trapzio (possui, pelo menos, uma linha em

    diagonal).

    Quadrado Retngulo Losangulo Trapzio

    pentgono figura geomtrica que possui cinco lados.

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    Aula 3

    hexgono (seis lados), heptgono (sete lados) e os demais com N

    nmeros de lados a quantidade de lados corresponde ao nmero indicadopelo seu prefixo (octo = 8, enea = 9, deca = 10, undeca = 11, dodeca = 12 etc.)

    acrescido da terminao gono (que quer dizer ngulo).

    Aqui, temos exemplificado um enegono (nove lados).

    Observe que a exceo do crculo, que curvo por natureza, todas as

    demais figuras geomtricas podem ser retilneas ou curvas. Alm disso, a partir

    dos quadrilteros, todos podem assumir forma estrelada, ou seja, se unirmos

    seus vrtices (ponto de encontro entre duas linhas) com linhas internas figu-

    ra, obtemos o formato de estrelas com a quantidade de pontas equivalente

    quantidade de vrtices da figura geomtrica.

    Um bom exemplo disso so os azulejos rabes, encontrados nas mesquitas. Veja como a juno de formas geo-

    mtricas, como losangos, podem formar estrelas nessa composio.

    2.2. Inter-relao de formas planas: Formatos COMPLEXOS

    As formas geomtricas so usadas desde sempre nas representaeshumanas. Sejam em representaes literais, na estamparia ou decorao de

    superfcies, crculos compem pois (l-se pos),quadrilteros compem

    Pois: o nome pelo qual conhecida a padrona-gem de bolinhas, i. .,feita por crculos com omesmo tamanho, de pe-quenas dimenses, repe-tidos a intervalos regula-res de linha e coluna.

    Fonte:Stock.xchng|Foto:HAssaf

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    listras e xadrezes, alm de servirem tambm para orientar a repetio de ou-

    tros elementos, quando utilizados como grades. Pentgonos e hexgonosso utilizados para compor superfcies esfricas, como bolas de futebol, flores

    so representadas por crculos e ovais, casinhas so retngulos, tringulos,

    quadrados e trapzio, e assim por diante.

    Assim, formas complexas (ou formatos, nesse caso) podem ser obtidas

    basicamente de duas maneiras:

    por aproximao quando aproximamos duas (ou mais) formas, a

    ponto de serem percebidas como um conjunto, imediatamente buscamos es-

    tabelecer relaes entre elas, mesmo que elas sejam muito diferentes entre si.

    Isso acontece, pois o nosso crebro, como dito anteriormente, tentar organizar

    e ordenar as nossas percepes em uma gestaltintegrada.

    fcil decompor formas complexas: biqunis geralmente

    tm como forma bsica tringulos, enquanto culos so for-

    mados pela juno de ovais e elipses.

    por contato ao colocarmos duas (ou mais) formas prximas o sufi-

    ciente para que elas se toquem, estabelecemos um contato entre elas a pon-

    to de, muitas vezes, as formas originais deixarem de ser reconhecidas, uma vez

    que a nova forma possui mais fora ou peso - e sobressai-se s demais.

    O Contato pode ser feito por:

    a. Tangncia quando uma forma simplesmente toca a outra em apenas

    um ponto.

    A ampulheta um bom exemplo de formato complexo. Resultante de contato entre duas formas simples, tor-

    nou-se um formato to conhecido ao ponto de nomear uma silhueta especfica em moda.

    Fonte:Stock.xchnge|Foto:VangelisThomaidis

    Fonte:Stock.xchnge|Foto:AfonsoLima

    Fonte:Flickr|Foto:John

    Fonte:Flickr|Foto:Avivi

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    Aula 3

    b. Superposio quando uma das formas ultrapassa os limites da

    outra, como se a estivesse cobrindo, gerando a iluso de dois (ou mais) pla-nos sobrepostos e at mesmo de profundidade espacial (3D, como veremos na

    seo volume).

    Observe como a simples sobreposio de formas gera a iluso de representao de planos.

    c. Interpenetrao o mesmo que o formato anterior, mas as formas que

    se sobrepem aparecem como se fossem transparentes, conservando os con-

    tornos de ambas que continuam no mesmo plano. Equivale, na Matemtica,

    representao do encontro de dois conjuntos, onde ambos mantm as suas

    particularidades e apenas se encontram onde possuem elementos em comum,

    mantendo os seus contornos delimitados.

    Observe que todas as camadas de formas so visveis, mantendo as suas caractersticas.

    d. Unio, Juno ou Adio se pegarmos o formato anterior e somar-

    mos uma forma outra, temos uma unio. Porm, diferente da Interpenetra-

    o, os contornos fundem-se, formando um novo elemento.

    Foto:CristinaMend

    es

    Fonte:Stock.xchng|Foto:KeithSyvinski

    Fonte:Flickr|Foto:BeatriceOettinger

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    As flores representadas nessa abotoadura equivalem juno de seis crculos: cinco que compem as ptalas e

    mais um central, o miolo. Porm, no caso da adio todos os contornos fundem-se, formando imagem unificada.

    e. Subtrao se sobrepusermos uma forma outra e retirarmos o espa-

    o equivalente a essa sobreposio da forma original, temos uma subtrao.

    como se usssemos a forma como uma faca que corta outra forma, gerando

    um novo formato.

    O eclipse parcial do sol um exemplo de representao da subtrao. Assim, como a saia de cintura alta sobre

    a blusa na modelo.

    f. Interseo semelhante Interpenetrao, porm o for-

    mato final corresponde apenas quele resultante da sobreposi-

    o das duas formas.

    Observe a forma resultante da gola dessa T-shirt, como se uma faca circular entrasse no

    tecido, gerando o seu formato atravs de uma interseco.

    Fonte:Stock.xchng|Foto:MeeLinW

    oon

    Fonte:Flickr|Foto:xn14

    Fonte:Flickr|Foto:Andi

    Fonte:Stock.xchng|Foto:AdrianGtz

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    Aula 3

    g. Coincidncia quando as formas so semelhantes e sobrepem-se,

    obtemos uma coincidncia.

    Sobreposio de dois agasalhos, ou malha e agasalho so exemplos de coincidncia.

    2.3. Mais algumas formas

    Alm dessas formas e formatos, podemos ainda destacar alguns elemen-

    tos simblicos que possuem grande fora e reconhecimento ao longo da hist-

    ria da humanidade e esto sempre presentes nas expresses artsticas.

    So elementos comuns ao nosso imaginrio e, por esse motivo, ampla-

    mente utilizados pela representao humana, como o quadriculado (xadrez),

    alm das listras. Outros elementos simblicos, como o corao, a flor (incluin-

    do os tipos especficos, como a flor de lis, a rosa e a margarida), a seta e a

    cruztambm so corriqueiras nas representaes humanas; portanto, so mais

    fceis de reconhecer, lembrar e reproduzir so pregnantes. So elas (em or-

    dem crescente de pregnncia): crculo (e ovais), tringulo, cruz, quadrado (e

    retngulo), estrela e losango.

    Exemplos de xadrez e listrado.

    Font

    e:Flickr|Foto:PlanetGirls

    Fonte:Stock.xchange|Foto:BillyAlexander

    Fo

    nte:Stock.xchange|Foto:BillyAlexander

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    O listrado nas roupasPara saber mais sobre os tecidos listrados, indicamos a leitura do livro O

    pano do diabo, que conta a evoluo desse tipo de tecido, desde o incio

    do seu uso pela humanidade at os nossos dias. A histria passa pela Idade Mdia

    quando esses tecidos eram utilizados para marcar loucos, prostitutas e presidirios.

    Aborda tambm a introduo desses tecidos nos uniformes militares (marinheiros) e

    nas roupas ntimas, e de cama, mesa e banho. Hoje em dia, o listrado pode ser utilizado

    para representaes romnticas e clssicas, quando bicolores e em tom pastel, at

    radicais e modernas, quando utilizadas cartelas de cores com alto contraste e listras

    de tamanhos irregulares.

    Atividade 1 Objetivos 1 e 2

    Experimentar a leitura de formas visuais em diversos contextos/mdias

    pintura, escultura, fotografia, cartaz, televiso, vdeo, cinema esite/blogda

    Internet, com foco em vesturio ou moda.

    Escolha 3 imagens diferentes, a partir das mdias acima, e identifique as

    principais formas e formatos existentes nelas. Postar as 3 imagens em formato

    JPG no frum, no Ambiente Virtual, com a anlise feita e os seus comentrios.

    Resposta e Comentrio

    Somente exercitando que podemos internalizar e tornar natural o uso

    da gramtica visual. fundamental que possamos olhar para os diferentes

    tipos de representao, sejam elas estticas (foto, desenho/pintura, ilustrao,gravura etc.) ou dinmicas (imagens com movimento gifanimado, cinema,

    TV, desenho animado etc.) e perceber que TODA e qualquer imagem compos-

    ta por formas, que possibilitam a sua configurao enquanto formato.

    importante percebermos que um crculo continua a ser um crculo,

    independente do suporte (tecido, tela, papel etc.), do veculo/mdia (tela do

    computador, televiso, livro etc.) ou da tcnica utilizada para a representao

    (fotografia, pintura, escultura etc.)

    Foto:Divulgao|Fonte:Pinup

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    Aula 3

    3. Os quatro elementos da forma.

    Alm do ponto, da linha e do plano, existe um 4 elemento da forma, o

    volume.

    Quando acrescentamos a 3 dimenso do espao a uma representao,

    obtemos um volume. Conceitualmente, um volume equivale ao registro da tra-

    jetria de pelo menos um plano posto em movimento, compondo uma profun-

    didade. A partir do momento em que pelo menos dois planos compem um

    volume, geralmente passamos a chamar cada um desses planos de superfcies.

    Como todo desenho bidimensional j que o suporte s possui 2 di-

    menses, seja ele o papel, a parede, uma tela de pintura, uma tela do compu-

    tador etc. - a 3 dimenso sempre ilusria, uma espcie de iluso de tica,

    obtida pela representao do volume, quer a partir da juno de pelo menos

    dois planos, quer pelo registro de texturas ou de luz e sombra.

    Evoluo natural dos elementos da forma: origina-se com o ponto (a) que, quando posto em movimento em

    um sentido especfico e numa dada direo, torna-se linha (b); essa, por sua vez, ao se deslocar no espao, em

    direo perpendicular ao 1 deslocamento, transforma-se em um plano (c), que vai dar origem ao volume (d),

    tambm ao deslocar-se no espao, em qualquer direo.

    Atividade 2 Objetivos 1 e 2

    Reconhecendo e nomeando as formas selecione duas imagens de

    moda, uma masculina e uma feminina (podem ser editoriais de revista ou ima-

    gens de desfi

    le). Observe atentamente cada uma das imagens e analise as for-mas empregadas pelo designer/ estilista para compor os looks.

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    Identifique e nomeie: formas simples, formas complexas, formatos or-

    gnicos, retilneos, regulares, irregulares, alm de figuras geomtricas, quandoelas existirem.

    Faa uma apresentao de slidescom os resultados da sua anlise, se-

    guindo a seguinte estrutura:

    Slide1: capa identificao da Instituio, curso, disciplina, turma, tutor,

    nome do aluno e ttulo da atividade;

    Slide2: a proposta proposta da atividade;

    Slide3: imagem 1 feminino ou masculino;

    Slide4: comentrios 1 anlise da imagem 1;

    Slide5: imagem 2 feminino ou masculino;

    Slide6: comentrios 2 anlise da imagem 2.

    Envie sua apresentao pelo Ambiente virtual.

    Resposta e Comentrio

    Reconhecer e nomear as formas so fundamentais para o trabalho do

    designer, sobretudo o designerde moda. ela quem direciona o processo cria-

    tivo muitas vezes o ponto de partida para o desenvolvimento de uma coleo

    a silhueta desejada, isto , o formato que pretendemos enfatizar (ou impor)

    no corpo; se falarmos de modelagem, ento, a forma e seus formatos so prio-

    ritrias: imagine fazer o encaixe de um molde de manga de camisa com a sua

    respectiva cava, se ambas no forem semelhantes?

    Concluso

    Conclumos, nesta aula, com o estudo dos planos, elemento que faz par-

    te da trade principal elementos da forma, iniciados com o ponto e a linha.

    importante perceber que um acontece em consequncia do outro, isto

    , que a linha uma sequncia de ponto um ponto em movimento e o pla-

    no corresponde a, pelo menos, uma linha fechada, ou um conjunto de linhas

    que se encontram. Porm, ainda que os 3 elementos sejam interdependentes,

    isto , um depende do outro para existir, todos so independentes: possuem

    estrutura prpria, sistema de classificao e formatos prprios.

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    Aula 3

    Para uma Segunda Olhada

    importante ressaltarmos que, mesmo existindo materialmente na na-

    tureza, os quatro elementos so entidades abstratas, criadas a partir da Mate-

    mtica sobretudo a Geometria com finalidade de estudar (e organizar) o

    mundo que nos cerca.

    No caso do plano, enquanto forma / superfcie, podemos classific-lo

    em uma variedade de formatos, que so os nomes mais comuns com que nos

    relacionamos com as formas. Assim, sejam eles geomtricos ou naturais, sim-

    ples ou complexos, orgnicos ou retilneos, regulares ou irregulares, so os

    formatos que determinam as silhuetas, principalmente na moda, e que confi-

    guram as imagens em geral, partindo sempre das formas bsicas mais simples

    e comuns principalmente as geomtricas. Um exemplo disso o caso do

    crculo que representa uma aliana de casamento at chegarmos a constru-

    es extremamente complexas, como os vestidos de noiva, compostos atravs

    de intersees, interpenetraes, adies, sobreposies, superposies e tan-

    gncias entre pontos, linhas, planos e volumes.

    Referncias

    BOMFIM, Gustavo Amarante. Ideias e formas na histria do design. Campina Grande:

    Editora da UFPB, 1997.

    DONDIS, A. Donis. A sintaxe da linguagem visual. So Paulo: Martins Fontes, 1998.

    FRUTIGER, Adrian. Sinais e smbolos. So Paulo: Martins Fontes, 1999.

    PERAZZO, Luiz Fernando. Elementos da forma. 4. ed. Rio de Janeiro: Editora Senac

    Nacional, 2000.

    VERNON, M. D. Percepo e experincia. So Paulo: Editora Perspectiva, 1974.WONG, Wucius. Princpios de forma e desenho. So Paulo: Martins Fontes, 1998.

    Sites Consultados

    DESENHO geomtrico CAD. Disponvel em:

    . Acesso em: 9 set. 2009.

    FLICKR. Disponvel em: . Acesso em: 14 dez. 2010.

    GEOMETRIA. Disponvel em: . Acesso em: 9 set. 2009.

    GEOMETRIA plana e espacial. Disponvel em: . Acesso em: 9 set. 2009.

    HOUAISS ELETRNICO. Disponvel em:

    . Acesso em: 15 ago. 2009.

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    MICHAELIS. Disponvel em: . Acesso em: 15 ago. 2009.

    PIN UP. Disponvel em: http://pinup-ilanna.blogspot.com/2008_01_01_archive.html.STOCKXCHANGE. Disponvel em: . Acesso em: 14 dez. 2010.

    WIKIMEDIA COMMONS. Disponvel em: . Acesso em: 14 dez. 2010.

    WIKIPDIA. Geometria. Disponvel em: .

    Acesso em: 9 set. 2009.

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    Seus Objetivos:

    Aofinal desta aula, esperamos que voc seja capaz de:1.reconhecer como os mais significativos movimentos

    artsticos do sculo XX utilizaram as formas;

    2. estabelecer relaes entre as formas utilizadas nas artes

    plsticas, moda, design e arquitetura;

    3.reconhecer as relaes existentes entre moda e o seu entorno,

    representadas atravs das formas.

    Aula4

    2 horas de aula

    Histria da forma no sculo XX

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    Aula 4

    descobertas e tecnologias, e o cenrio cultural fervilha com o aparecimento

    dos cabars, do canc, do cinema. As artes passaram por uma transformaoradical durante as dcadas antes da Primeira Guerra Mundial e novas formas

    artsticas associadas com modernidade surgiram. O estilo que mais representa

    a Belle Epoque oArt Nouveau.

    OArt Nouveau um fenmeno tipicamente urbano que surge na Fran-

    a, no fim do sculo XIX, estendendo-se at as primeiras dcadas do sculo

    XX. O movimento vira moda e, rapidamente, espalha-se por outros pases,

    ganhando diferentes nomes, tais como:Jugendstil,na Alemanha; Liberty,na

    Itlia;Sezessionsti,na ustria.

    A fonte de inspirao primeira dos artistas a natureza, as linhas sinuo-

    sas e assimtricas das flores e animais. Inspiram-se tambm nos motivos esti-

    lsticos da arte japonesa. Os artistas recusam a proporo e o equilbrio sim-

    trico. O movimento da linha assume o primeiro plano dos trabalhos, ditando

    os contornos das formas e o sentido da construo. Os arabescos e as curvas,

    complementados pelos tons frios, invadem as ilustraes, o mundo da moda,

    as fachadas e os interiores. A arquitetura orgnica seria aquela que busca imi-

    tar as formas da natureza. Um dos casos mais curiosos deste incio de sculo

    so as obras de Antonio Gaudi, arquiteto catalo. Nas primeiras dcadas do