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Quinta-Feira 31 | Dezembro | 2015 Diretor Raul Tavares Semanário | Edição 884 | 9ª série Região de Setúbal Distribuído com o Expresso Venda interdita semmais São dezenas de instituições que, no terreno, vão apoiando carenciados, amenizando os efeitos da crise e suavizando as bolsas de pobreza. Mas também criam emprego, formam especialistas e contribuem decisivamente para a economia regional. São estes retratos que apresentamos nesta edição especial para fecharmos o ano em jeito de homenagem ao setor social. O QUE VALE O TERCEIRO SETOR NO DISTRITO EDIÇÃO ESPECIAL OPINIÃO DE CATARINA MARCELINO E TOMÁS CORREIA A secretária de Estado da Igualdade e Cidadania escreve que a igualdade, liberdade e solidariedade são chaves para uma cidadania plena. E o presidente da Associação Mutualista Montepio, António Tomás Correia, afirma que o terceiro setor faz parte de uma economia que produz solidariedade. PRÓXIMA EDIÇÃO REGRESSA A 16 DE JANEIRO Tal como tem acontecido nos últimos anos, o Semmais vai ter uma paragem técnica até à próxima edição do dia 16 de Janeiro do próximo ano. Altura para procedermos a alterações gráficas e editoriais. Desejamos aos nossos leitores, amigos e clientes, um ano de esperança, prosperidade e sucesso. ENTREVISTA EXCLUSIVA A D. JOSÉ ORNELAS CARVALHO VIVEMOS UMA DIOCESE COM HISTÓRIA E A IGREJA DE SETÚBAL ESTÁ FORTE E PUJANTE O novo Bispo de Setúbal, D. José Ornelas Carvalho garante que a Igreja sadina está «forte e pujante». Lembra que os seus dois antecessores, D. Manuel Martins e D. Gilberto Canavarro dos Reis, fizeram a história dos últimos 40 anos da Diocese e construíram os seus alicerces. Não promete juras à continuidade pois, afirma, as mudanças serão feitas mediante as dificuldades e desafios que vierem a surgir durante o seu magistério. semmais_revista.indd 1 12/29/15 2:47:36 PM

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Edição Especial do Semmais de 31 de Dezembro

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Quinta-Feira 31 | Dezembro | 2015

Diretor Raul TavaresSemanário | Edição 884 | 9ª série

Região de SetúbalDistribuído com o Expresso

Venda interditasemmaisSão dezenas de instituições que, no terreno, vão apoiando carenciados, amenizando os efeitos da crise e suavizando as bolsas de pobreza. Mas também criam emprego, formam especialistas e contribuem decisivamente para a economia regional. São estes retratos que apresentamos nesta edição especial para fecharmos o ano em jeito de homenagem ao setor social.

O que vale O terceirO SetOr nO diStritOediÇÃO eSPecial

OPiniÃO de catarina MarcelinO e tOMÁS cOrreia

A secretária de Estado da Igualdade e Cidadania escreve que a igualdade, liberdade e solidariedade são chaves para uma cidadania plena. E o presidente da Associação Mutualista Montepio, António Tomás Correia, afirma que o terceiro setor faz parte de uma economia que produz solidariedade.

PrÓXiMa ediÇÃO reGreSSa a 16 de JaneirO

Tal como tem acontecido nos últimos anos, o Semmais vai ter uma paragem técnica até à próxima edição do dia 16 de Janeiro do próximo ano. Altura para procedermos a alterações gráficas e editoriais. Desejamos aos nossos leitores, amigos e clientes, um ano de esperança, prosperidade e sucesso.

ENTREVISTA EXCLUSIVA A d. JOSÉ OrnelaS carvalHO

viveMOS uMa diOceSe cOM HiStÓria e a iGreJa de Setúbal eStÁ fOrte e PuJanteO novo bispo de Setúbal, d. José Ornelas carvalho garante que a igreja sadina está «forte e pujante». lembra que os seus dois antecessores, d. Manuel Martins e D. Gilberto Canavarro dos Reis, fizeram a história dos últimos 40 anos da Diocese e construíram os seus alicerces. Não promete juras à continuidade pois, afirma, as mudanças serão feitas mediante as dificuldades e desafios que vierem a surgir durante o seu magistério.

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bispo de setúbal, em entrevista, reafirma história da diocese e promete mudanças ao sabor dos desafios

«Podemos afirmar hoje que temos uma Igreja em Setúbal forte e pujante»O novo bispo, D. José Ornelas Carvalho afirma que a Igreja em Setúbal «está forte e pujante». Reafirma os votos de que esta missão na diocese sadina é para levar com abnegação e alegria e confia na cada vez maior articulação das instituições sociais e de solidariedade na região.

DJosé Ornelas de Carvalho é bispo de Setúbal desde No-vembro e sente-se ao leme

de «um rebanho especial que foi sempre bem liderado», numa alu-são aos seus antecessores, D. Ma-nuel Martins, o bispo fundador da diocese, e D. Gilberto Canavarro dos Reis, o seu antecessor. Tal como afiançou, quando foi nomeado pelo Papa Francisco, D. José Ornelas estava em vias de seguir para um missão em África, mas desígnios maiores se levanta-ram. «Não podia ser de outro modo, foi um voto de missão que alterou todos os meus objetivos, mas recebido com grande alegria, quero estar perto do povo da igre-ja e das populações que sofrem. Sou um mero Pastor vou exerce o meu ministério com toda a alma», diz ao Semmais, neste primeira entrevista. As suas primeiras impressões sobre a realidade do distrito, as suas gentes e a realidade social atual, são «grandes preocupações para a diocese», afirma o Prelado Sadino. «Vim encontrar muita gente que foi atingida pela crise, mas também instituições muito fortes que estão a fazer um traba-lho excepcional, desde a Cáritas Diocesana, às misericórdias e ou-tras ligadas à solidariedade. Há um trabalho articulado, com re-sultados, que é preciso e necessá-rio continuar porque trabalhar em conjunto oferece mais oportuni-dades e saídas. Não num sentido de resignação, mas para identifi-car dificuldades e limitar os pro-blemas», confessa D. José Ornelas de Carvalho.O Bispo de Setúbal acrescenta mesmo que as entidades políticas com quem já manteve contacto, nomeadamente algumas autar-quias da região, revelam «uma grande boa vontade». Mas o maior problema, sustenta, «é a falta de meios e a incapacidade de fazer mais». D. José Ornelas diz que a realidade é dura, para a qual é es-

sencial «encontrar respostas con-juntas que vão para além da polí-tica», sobretudo a capacidade de «trabalhar em rede». Não sendo favorável às políti-cas meramente assistencialistas, D. José Ornelas de Carvalho, ad-mite que as mesmas, se obedece-rem a carácter de urgência, «cons-tituem um serviço necessários aos mais carenciados», mas, adianta, «o fundamental será en-contrar caminhos que autonomi-zem as famílias», com o emprego em primeiro lugar. «Estamos a fa-lar de dignidade humana, que a todos é merecida».

Diocese de Setúbal tem uma história de 40 anos

Em termos de magistério, o novo Bispo de Setúbal alude a um tra-balho, para já com uma certa con-tinuidade, tendo em conta o que foi desenvolvido nos últimos 40 anos pelos seus dois antecessores. «Esta diocese tem uma história que foi construída pelos meus an-tecessores, que fizeram um gran-de trabalho. Nada muda radical-mente, o mesmo não significa que tenha que dar uma continuidade. Temos perfis diferentes e nesta fase inicial conto com todos, os bispos que construíram esta dio-cese e toda a igreja viva», afirma. Mas promete também mudan-ças para um segundo ciclo, depois de tomar mais o pulso da sua mis-são e, sobretudo, perante as difi-culdades e desafios que se coloca-rem. D. José Ornelas de Carvalho diz que atualmente a diocese, em termos pastorais, está bem servi-da. «Há 40 anos tínhamos ao ser-viço da Igreja de Setúbal meia dú-zia de padres, hoje está composta e com muita juventude. Há uma dinâmica diferente que é preciso coordenar num exercício normal de liderança. Cabe-me esse papel de Pastor. Mas estou a encontrar uma grande colaboração e aber-tura das paróquias. Setúbal um

Igreja em movimento, forte e pu-jante», salienta. E não esquece as religiosas e religiosos (os caris-mas) que fazem «um trabalho no-tável na diocese». A crise do sacerdócio é um ou-tro tema delicado, mas, como su-

a dinâmica do papa francisco dá esperança e aproxima crentes e não crentesPara D. José Ornelas Carvalho, o Papa Francisco trouxe uma igre-ja em movimento. «É hoje um das vozes mais escutadas em todo o mundo e o rosto do Evangelho. O seu discurso dá esperança e a sua proximidade com as pessoas e com os seus problemas, acen-tua essa proximidade.

gere, não é um problema da Setú-bal nem do país. Trata-se, diz o Prelado sadino, de saber encon-trar formas de «atrair essas voca-ções à Igreja de Roma e alimentá--las de todas as formas, incluindo a formação».

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Falar de cidadania é falar de igualdade, falar de liberda-de, falar de solidariedade. E

assim quando falamos de cidadania estamos a falar de direitos e deveres, numa socieda-de que, em pleno Séc. XXI, se depara com exigências e desafios, no plano nacional e no plano internacional, que não podem deixar de ser considerados ao nível das políticas públicas.Hoje, final de 2015, ao nível nacional os dados sobre rendi-mentos, pobreza e exclusão social colocam um desafio à sociedade portuguesa. Esta realidade, provocada pela situação económica, social e polí-tica dos últimos 4 anos, tem como fatores explicativos, a diminuição brutal dos rendimen-tos das famílias, por via do desemprego, dos cortes salariais na administração pública, da desvalorização do valor do trabalho e do aumento significa-tivo da carga fiscal. A par com o empobrecimento global do país cujo valor do risco da pobreza, segundo dados do INE, atingiu em 2014 19,5%, as medidas específicas de combate à pobreza, em vez de serem reforçadas ou pelo menos mantidas, sofreram um desinves-timento acentuado. Segundo os dados do INE, estão em maior risco de pobreza as famílias monoparentais (34,6%) e as famílias com 3 ou mais crianças a cargo (37,7%), sendo as mulheres as mais atingidas pelo risco de pobreza. A pobreza entre as crianças é de 24,8% e as pessoas mais atingidas são aquelas que estão em situação de desemprego com um risco de 42%. Para responder de forma justa e

equilibrada a esta situação, o Governo irá repor os níveis de proteção às famílias em situação de pobreza, criar um complemen-to salarial anual através de um crédito fiscal (imposto negativo) para trabalhadores em situação de pobreza e rever os montantes do abono de família.No plano Europeu há desafios impar que se colocam, designa-damente no que diz respeito à recolocação e acolhimento de pessoas refugiadas, em particular provenientes da Síria e do Iraque. Portugal disponibilizou-se para receber cerca de 5.000 pessoas das 160.000 que estão na Grécia e Itália, tendo já chegado o primeiro grupo de 24 pessoas ao nosso país. O Estado Português, através de um grupo de trabalho constituído para efeitos de acolhimento de refugiados, coordenado pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e com a participação do Alto Comissariado para as Migrações, Organizações Não Governamentais como a Platafor-ma de Apoio aos Refugiados, o Centro Português para os Refugiados, a Comunidade Islâmica, a União das Misericór-dias, a Cruz Vermelha Portuguesa ou ainda em representação das Câmaras Municipais a Associação Nacional de Municípios, tem vindo a trabalhar na preparação de uma resposta integrada para aqueles e aquelas que chegam, que permita a integração plena destas pessoas. Estamos no final de um ano de viragem, 2016 é um ano de confiança, confiança num Portugal mais justo, mais solidá-rio, onde a cidadania será exercida de forma mais plena e efetiva.

Prioridade: CidadaniaCatarina MarcelinoSecretária de Estado para a Cidadania e Igualdade

É indiscutível que a econo-mia social e solidária entre nós constitui um impor-

tante fator de desenvolvimento, que cria emprego, produz riqueza e, sobretudo contribui para a resolução das necessidades dos portugueses em campos tão variados como o apoio aos mais vulneráveis, educação, desporto, proteção ambiental e cultura.Mas se o seu contributo é incontornável, não é menos verdade que está longe de ocupar o lugar que devia no contexto da economia portuguesa e que continua aquém das suas potencialidades, quando compa-ramos a atividade desenvolvida com a que se verifica noutros países europeus.Naturalmente que essa discre-pância se deve a múltiplos fatores históricos e culturais, mas podemos e devemos encetar uma trajetória de mudança que garanta o desenvolvimento dos modelos solidários da economia, que potencie a criação de valor partilhado e que reconheça a mais valia da intervenção das organizações emergentes da sociedade civil.Esse caminho de crescimento e de afirmação depende da conjugação de condições exógenas e endógenas. Desde logo, a existência de uma legislação de enquadramento e de um setor público que respeite a especificidade e a diversidade das instituições, que lhes facilite a procura de novos parceiros e modelos de gestão e que aposte

na diferenciação em razão da qualidade.Mas também ao nível da sua dinâmica interna, estimulando uma cultura de cooperação e rentabilização de recursos, uma crescente capacitação dos titulares dos seus órgãos sociais e uma valorização e profissionali-zação dos seus quadros.Os reptos lançados à economia social são demasiado exigentes para serem assumidos numa lógi-ca de amadorismo sensível, de gestão caseira e sem visão estratégica, de subsidio que não permite experimentar novas metodologias, inovar, empreen-der e melhorar a oferta de serviços à população.É por isso que o Montepio tem apostado nas áreas da formação dos dirigentes, na avaliação do impacto da atividade realizada e na promoção da governação integrada, como instrumentos de propulsão da economia social.Enquanto maior mutualidade do país, acreditamos que a criação de pontes dentro da própria economia social e o estabeleci-mento de laços fortes com o setor privado lucrativo, pode acrescen-tar valor, diversificar as fontes de financiamento e criar uma verdadeira oferta complementar ao estado social.Esse é o papel da economia social forte que defendemos, a presença criativa, flexível e dinâmica das respostas criadas pelas pessoas e para as pessoas, numa perspetiva de proximidade e de responsabili-dade coletiva pelo bem comum.

A Economia que produz solidariedadeTomás CorreiaPresidente da Associação Mutualista Montepio

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manuel lemos, presidente da união das misericórdias, fala da realidade social e do peso das suas associadas

«As misericórdias do distrito vivem uma realidade com luz e sombras»A União das Misericórdias é uma das instituições com mais peso no nosso país. Manuel Lemos, o seu timoneiro não tem dúvidas de que as suas associadas são «uma almofada» na situação social atual. E que o Estado podia e devia ajudar mais. Sobre a realidade das misericórdias do distrito sugere uma realidade de «luz e sombras» porque são fortes, mas a situação na região é gritante.

Tendo em conta o setor institucio-nal que a UMP representa, de que ordem de grandeza estamos a fa-lar no que diz respeito à criação de emprego e aos apoios sociais e de solidariedade dos últimos anos?Como sabe em Portugal existe a maior dificuldade em obter dados credíveis sobretudo para períodos recentes. E sobretudo nestas áre-as. No entanto segundo o INE o sector solidário foi um dos que mais cresceu em termos de em-prego nos últimos anos. Mas não está feita a separação dentro do sector. Isto é, não se distinguem as misericórdias das outras institui-ções de solidariedade social.

A ideia que subsiste é que, nos úl-timos anos, as nossas misericór-dias modernizaram-se e prestam hoje serviços mais qualificados. De que mudança estamos a falar?É verdade que as Misericórdias têm há alguns anos um processo de modernização quer em relação aos recursos materiais, quer so-bretudo aos recursos humanos, onde a profissionalização e a for-

mação assumiu uma importância decisiva para assegurar um servi-ço de qualidade. É importante es-clarecer que quando me refiro à profissionalização me estou a re-ferir à dos que têm vínculo laboral à Santa Casa. Não aos órgãos so-ciais, claro!

Em que áreas estamos a falar? Em praticamente todas, esse pro-cesso de modernização atinge to-dos os serviços desde os adminis-trativos à prestação de cuidados.

A crise dos últimos anos acentuou o trabalho e a missão das nossas misericórdias. Como é que do pon-to de vista estratégico as mesmas desenvolveram as suas diversas atividades?Penso que para além dos aspectos que já referi, sobretudo no que diz respeito à modernização, aqui as-sumida como medida central, foi determinante a opção estratégia pela União das Misericórdias. O agregar das Misericórdias à volta da sua União foi determinante na construção de uma imagem pú-

blica de coesão, coerência e resili-ência, que acabou por facilitar o exercício das actividades.

Podemos dizer que, nesse mesmo quadro financeiro e social do país, as misericórdias foram decisivas na almofadagem da crise?Sem margem para qualquer dúvida!

E quais foram ou ainda o são, os principais constrangimentos das misericórdias?A escassez generalizada de tesou-raria e uma preocupação com a sustentabilidade que em certos casos pode ser constrangedora. Finalmente o eterno recomeço sempre que há mudanças de go-verno ou remodelações governa-mentais. Geram-se por vezes equívocos que a nós parecem sem sentido mas que constrangem a actividade.

Refere a alterações legislativas, nomeadamente as que têm vindo a ser reivindicadas pela União no sentido de melhorar a atividades do setor e das misericórdias em particular?O que lhe posso dizer é que é ur-gentíssimo rever a lei dos cuida-dos continuados, melhorar a le-gislação sobre crianças em risco, rever a lei do voluntariado só para lhe dar três exemplos. E natural-mente rever as comparticipações.

E os contratos e protocolos com o Estado dos últimos anos estão a ser bem sucedidos?Sim de uma maneira geral. Mas a comparticipação pública é quase sempre deficitária e em alguns ca-sos ridícula. Comparticipar com cerca de 350 euros por mês por idoso acamado, num distrito como Setúbal em que as famílias não têm rendimentos, é um convite ao re-torno aos asilos ou coisa pior.

Já agora, qual é a vossa realidade face ao distrito de Setúbal? Núme-ro de misericórdias e o que valem em termos de setor social?É uma realidade com luz e som-bras. De um lado, a luz, porque as 16 Misericórdias pela sua activi-dade transversal a todos os cre-dos, opções políticas, raças ou rendimentos marcam a decisiva-mente o sector social no Distrito. Do outro lado, as sombras, porque a situação social é muito grave, há muitas famílias sem emprego, de-sestruturadas, e com debilidades conjunturais e estruturais.

E qual a sua percepção sobre a si-tuação social do país. O que se pode esperar para os próximos anos. Um abrandamento das ca-rências e em que setores, ou pelo contrário, a manutenção das atu-ais fragilidades?Gostaria muito de ter uma percep-ção muito positiva mas infeliz-mente não tenho. Creio que esta crise em Portugal vai durar alguns anos mais (descontados natural-mente os anos eleitorais em apa-rentemente só se “puxa” pelas coi-sas boas ou se empurram as más com a barriga, como estamos a ver). Portugal precisa de um diálo-go positivo, sério, à volta do que é melhor para as pessoas no quadro econômico em que vivemos com uma dependência externa quase total. Neste quadro apesar de tudo o sector solidário e não só as mise-ricórdias dão um exemplo de coe-rência, dedicação e esperança.

Que projetos estão a ser desenvol-vidos para o próximo ano no qua-dro da UMP?Em primeiro lugar a capacitação da proporia Uniao para poder con-tinuar a cumprir a sua Missão de apoio as associadas. Depois apro-veitar o Congresso e os 40 Anos da

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o problema das demências e a falta de apoios do estadoO presidente da União das Misericórdias tem uma ideia muito precisa sobre uma das relações mais preconceituosa da nossa sociedade. Ma-nuel Lemos defende ser fundamental que se olhe com atenção para a relação entre a segurança social e a saúde no quadro do fenómeno do envelhecimento, que é o maior problema de Portugal. «Por exemplo já viu que ainda nenhum Governo olhou seriamente para o problema das demências que incidem sobretudo sobre os idosos? Pergunte isso a um político e receberá uma resposta redonda (do género “é preciso fazer” ou “vamos fazer” consoante seja oposição ou poder) enquanto ao lado mais de 150000 portugueses e as suas famílias sofrem». A acrescenta: «Conhece alguma família portuguesa que nem de perto nem de longe não tenha tido contacto com a Doença de Alzheimer? Eu não! Depois seria necessário que o Portugal 20/20 tivesse verbas signifi-cativas para melhorar equipamentos sociais. As verbas são menos que ridículas. Chamei a atenção para isso e o Ministro responsável recebeu-me 5m. Acha possível?

fundação da UMP para debater te-mas urgentes sobre o nosso futu-ro. Finalmente não esquecendo que o Papa Francisco lançou um Ano Jubileu de Misericórdia apro-

veitar essa circunstância para di-vulgar ainda mais o que fazemos em prol dos que necessitam.

Vão contar com alguns apoios do

quadro comunitário de apoio para esses projetos e outros?Sobre isso, e antes de mais, seria necessário que o Portugal 20/20 tivesse verbas significativas para

melhorar equipamentos sociais e as verbas são menos que ridícu-las. Chamei a atenção para isso e o ministro responsável recebeu--me 5 minutos.

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eugénio fonseca, presidente da càritas diocesana, sustenta que a pobreza só pode ser combatida com emprego

«O que nos tem faltado é justiça social, para se viver com dignidade»Ao seu jeito e sem papas na língua, o líder da Cáritas a nível nacional e figura ímpar da região, traça um retrato social muito duro. Há melhorias mas, afirma, o essencial para repor a dignidade humana e a autonomia das famílias está por cumprir.

Passados estes quatro anos de cri-se económica e social, como per-cepciona a situação das famílias portuguesas?Apesar dos números oficiais apontarem para uma diminuição do desemprego (digo oficial, pois a realidade nem sempre é coinci-dente) não quer dizer que tenham sido reintegradas no mercado do trabalho. A evolução positiva da macro economia tem contribuído para o abrandamento dos despe-dimentos e do encerramento de empresas ao ritmo dos anos ante-riores. Mas as pessoas que conti-nuam sem recursos financeiros, porque se esgotou o tempo de acesso a subsídios ou a poupan-ças, estão cada vez mais pobres, pois vão se endividando. Na nossa Cáritas têm aparecido menos ca-sos novos, mas aparecem mais vezes a solicitar ajuda as famílias que entraram em privação de re-cursos, quando perderam o traba-lho ou viram diminuir os seus vencimentos.

Vivemos um período assistencia-lista mais do que solidariedade?Os fazedores de opinião têm o de-ver de conhecer bem o significado das palavras, pois rotulam de “as-sistencialista” o que muitas vezes é um dos patamares incontorná-veis da protecção social que é a “assistência”. Se uma pessoa tem

fome; está em risco de perder o trabalho; lhe cortaram o acesso à água, à electricidade, ao gás; tem necessidade de pagar mensalida-des em infantários, propinas a universidades ou medicamentos, fazê-lo é assistência. Ficar-se por aí e não fazer tudo para superar as causas que levam as pessoas a te-rem algumas das necessidades re-feridas é assistencialismo. Nos úl-timos anos, a causa principal da pobreza é o desemprego. Poder--se-ia dizer a uma pessoa com fome, aguarde que irei tentar ar-ranjar-lhe trabalho sem dar, ime-diatamente, de comer? Vivemos num período onde tem sido bem evidente a solidariedade, porque a assistência é uma das expressões deste valor humano. O assisten-cialismo é paternalismo. O que, nos últimos tempos, mais tem fal-tado é o cumprimento da justiça social, com a anulação ou redução de direitos elementares para se vi-ver com dignidade.

Que balanço se pode fazer da acção da Cáritas nestes últimos anos? Foram anos muito difíceis. Apesar da grande generosidade da nossa população, que foi partilhando al-guns dos seus bens materiais e fi-nanceiros, muitas situações fica-ram com respostas que atenuaram apenas os problemas, a muitas pessoas nem sequer qualquer tipo de ajuda conseguimos dar, por se-rem muito avultadas as necessi-dades e parcos os nossos recur-sos. Mas ainda foi grande o número de pessoas que não che-garam a perder a esperança de conseguirem melhorar as condi-ções de vida. Para que isso fosse possível foi determinante o con-tributo das nossas paróquias. E no distrito...É difícil ser julgador em causa própria. Gostaríamos de ter feito mais, mas não foram suficientes os recursos financeiros, como já referi. Mas o que ultrapassou to-das as expectativas foi a dedica-ção, empenho e capacidade de ir

para além do que lhe competia de grande parte dos colaboradores e colaboradoras (assalariados e vo-luntários). Sem o grupos de acção social paroquial muita coisa não se conseguiria ter feito. Felizmen-te, cresceu o número de paróquias que passaram a articular com a Cáritas Diocesana.

O que vale a Cáritas em termos de recursos e meios no distrito?Os donativos que resultam das campanhas como a Operação “10Milhõesde Estrels – um gesto pela paz”, o peditóriopúblico e a colecta dos ofertórios de todas as missas celebradas no Dia Nacio-nal da Cáritas. São também regu-lares os donativos particulares. Para a gestão dos equipamentos sociais contamos com a compar-ticipação financeira do Estado e das famílias conforme o rendi-mento de cada uma. Mas das 15 valências existentes, os utentes de oito nada pagam, comparticipan-do o Estado, no máximo, com 80% das despesas reais.

Qual a relação institucional com o Estado e demais instâncias da ad-ministração pública?São, em termos institucionais, as melhores. Isto não quer dizer que sempre tivéssemos conseguido ver satisfeitas as sugestões apre-sentadas. São diversificadas as parcerias estabelecidas. Muito profícuo tem sido o relaciona-mento com o Centro de Emprego de Setúbal e de Formação Profis-sional do IEFP que tem consegui-do corresponder, adequadamente, às necessidades mais prementes das pessoas que procuram a nos-sa instituição. Com excepção da implantação da Cantina Social, a nível dos apoios da Segurança So-cial, são os mesmos que já eram, apesar da crise social e económi-ca que estamos a atravessar. Como articula com a Diocese as várias iniciativas e ações?Como já ficou dito, a acção de maior proximidade é realizada

pelas paróquias. A Cáritas Dioce-sana dispõe de alguns equipa-mentos sociais na cidade de Setú-bal e um outro em Cajados, mas a sua manutenção não é assegurada com um único cêntimo que é dado para os pobres. Esses donativos são aplicados pelas paróquias nas famílias carenciadas que acompa-nham. A Cáritas Diocesana tem que articular, fundamentalmente, com o seu Bispo, primeiro res-ponsável pela instituição e só de-pois da aprovação dele se poderá fazer as propostas de cooperação com as paróquias. Felizmente, D. Manuel e D. Gilberto sempre vi-ram nas suas Cáritas Diocesanas um fundamental serviço pastoral da sua missão. Apesar de estar connosco apenas há dois meses, D. José já deu sinais de a Pastoral Social ser uma das suas priorida-des. Nesta articulação era impe-rioso conhecermos quantas pes-soas são ajudadas pelas paróquias e que tipos de ajuda. Quando o conseguirmos, teremos a agradá-vel surpresa de que não é o Estado o principal financiador da acção social de proximidade realizada pela comunidades cristãs. Há alguma novidade estratégica da Cáritas para o próximo ano?Gostaríamos de ser mediadores de criação de emprego; de mobili-zar mais voluntários e jovens para esta acção que, apesar de ter uma identidade católica, não faz acep-ção de pessoas nem escolhe pro-blemas. Está para todos os pro-blemas e conta com a ajuda de todas as pessoas que tenham como motivação a defesa da dig-nidade do ser humano.Seria para nós também uma enor-me alegria conseguir alcançar as condições para colocar a funcio-nar uma residência de acolhimen-to temporário para mães adoles-centes. O apartamento já existe, cedido pela Câmara de Setúbal. Seria também imperioso encon-trar outro equipamento mais apropriado para o acolhimento de pessoas sem-abrigo.

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presidente da república em visita oficial, numa deslocação memorável, que vai ficar para a história da empresa

Cavaco Silva condecorou vitivinicultores do Sul e enalteceu força do mundo agrícola

O Presidente da República fez da deslocação à “Casa Ermelinda Freitas” uma visita oficial. Uma honra só ao alcance de poucas empresas nacionais. Foi o reconhecimento do empreendorismo de empresária Leonor Freitas e uma justa homenagem ao mundo vitivinícola.

O Presidente da República, Cavaco Silva, já no interior da nova adega Leonor

Freitas, condecorou oito persona-lidades da área da Vitivinicultura da região Sul. Os títulos de Co-mendador da Ordem do Mérito Empresarial, Classe do Mérito Agrícola, foram entregues a David Baverstock (Herdade do Espo-rão); Jaime Quendera (Casa Er-melinda Freitas e Adega Coopera-tiva de Pegões); João Barroso (Adega Cooperativa de Borba); José Luís Silva (Casa Santos Lima, de Alenquer); Luís António Duarte (Enólogo do Alentejo do Ano 1997, 2007 e 2014); Paulo Laureano (Mouchão/Vidigueira) e Vasco d´Avillez (presidente da Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa). Já Mário Rocha da Silva (pintor/artista plástico ligado ao vinho) foi condecorado com a insígnia de Comendador da Ordem do Mérito. Cavaco Silva quis reconhecer publicamente o contributo de um conjunto de empresários ligados à vitivinicultura para o desenvolvi-mento económico e social do País e para a projeção da imagem e do prestígio de Portugal além-fron-teiras. «É, para mim, uma enorme

satisfação, associar este reconhe-cimento que empresários têm fei-to pelo setor vitivinícola à inaugu-ração da adega da Casa Ermelinda de Freitas, um investimento muito significativo, que reflete também a confiança no futuro do nosso País, mas é também a demonstração de capacidade demonstrada por Le-onor de Freitas, na produção, transformação e comercialização e que eu posso, de alguma forma, testemunhar na medida em que ela me tem acompanhado, algu-mas vezes, em viagens ao estran-geiro. E tive a honra de apreciar como ela convence os consumi-dores a apreciarem a qualidade do vinho português». David Baverstock, em nome de todos os condecorados, usou da palavra para agradecer a dis-tinção e recordar que o «mundo do vinho dá de comer a mais de um milhão de portugueses» e que o «vinho é um elemento essencial da nossa união, para celebrar e para comemorar».

«O vinho faz parte da nossa cultura»

Durante o seu discurso, Cavaco Silva afirmou que «a vinha e o vi-nho fazem parte da nossa cultura e é um marco da nossa identidade. Mas o vinho tem também uma di-mensão económica muito impor-tante no nosso País. É um dos grandes produtos de exportação portuguesa, estando hoje presen-te em cinco partes do mundo, nos países mais variados, não apenas na Europa, nos Estados Unidos, Canadá e na América Latina, mas

também na Ásia e também na Austrália, onde também já tive oportunidade de encontrar o vi-nho português. E dessa forma contribui de uma forma muito significativa para a correção dos desequilíbrios das nossas contas externas. É importante do ponto de vista económico, não apenas pelas exportações que represen-tam mas, também, pelo número de empregos que cria em Portugal e pela imagem de prestígio do nosso País além- fronteiras. Os vinhos portugueses têm vindo a ser reconhecidos e comparáveis aos melhores do Mundo», argu-mentou o chefe de Estado, que acrescentou que todo este feito «não se deve apenas ao clima nem aos solos, mas também à inova-ção, ao aperfeiçoamento técnico e ao requinte. É esse fator humano, os artistas da vitivinicultura, que fazem com que os vinhos portu-gueses sejam premiados frequen-temente, nas mais variadas partes do Mundo».

Cavaco Silva orgulhou-se de ver tantos prémios e diplomas

Cavaco Silva orgulhou-se de ver as paredes da adega repletas de prémios e de diplomas que a Casa Ermelinda de Freitas conquistou nos mais variados concursos na-cionais e internacionais. «São vá-rias paredes. Estão já ocupadas com os diplomas recebidos mas estou convencido que terá de construir novas paredes para al-bergar os prémios que irá con-quistar no futuro», sublinhou, acrescentando que a qualidade

dos vinhos portugueses também têm constado em várias revistas estrangeiras. «Tenho encontrado referências aos vinhos portugue-ses, com alguma frequência, em revistas estrangeiras, e aquelas que são especializadas, também com frequência, incluem os vi-nhos portugueses entre os melho-res do Mundo». Para Cavaco Silva, deve ser um orgulho para todos nós, o tra-balho que os empresários vitivini-cultores têm feito em Portugal. «O que eles têm conseguido em ma-téria de produção, de transforma-ção e de comercialização. O que eles têm conseguido no desenvol-vimento local e aqui, Palmela pode testemunhar o contributo que a Casa Ermelinda Freitas dá para o emprego na região e tam-bém a sua comercial, ao comprar uvas a um número muito elevado de agricultores desta região», não esquecendo, a sustentabilidade ambiental. «Nos tempos que cor-rem, é um ativo que deve ser valo-rizado. O vinho, não apenas em qualidade, mas é também produ-zido por uma forma que tem con-ta as exigências ambientais». Na sua opinião, o setor viní-cola também tem dado um con-tributo para a qualificação dos recursos humanos. «Eu já encon-trei, noutra ocasião, jovens enó-logos que saem hoje das nossas universidades, são também um fruto do trabalho realizado por estes empresários. A criação e Rotas do Vinho e o Enoturismo são contributos para o desenvol-vimento económico e social do nosso País».

O crescimento sustentado da empresa vitivinícola “Casa Ermelinda Freitas”, em Fernando Pó, concelho de Palmela, um dos emblemas empre-sariais da região, ficou bem patente com a inauguração da nova adega e do espaço museológico, que evoca memórias de um tempo rural ve-tusto e os afetos que ligaram a família à terra e às gentes locais. A presença do Presidente da República, que transformou a deslocação numa visita oficial, representa a notoriedade e expressão que a empresa e a sua timoneira, Leonor Freitas – considerada nos últimos anos como uma das empresárias mais empreendedoras do país – atingiram nesta última década. Cavaco Silva aproveitou a ocasião para condecorar vitivini-cultores do sul do país, numa cerimónia singela, mas significativa da dimensão que este setor tem vindo a fazer crescer, em nome da economia nacional. A sua política de responsabilidade social, é outra das facetas que a “Casa Ermelinda Freitas” tem revelado com grande dimensão no apoio a causas, como o Centro Jovem Tabor, ou instituições de solidariedade social, de que é exemplo a Cáritas Diocesana de Setúbal ou o “Sol Nascente”, entre muitas outras. Leonor Freitas, que é Comendadora pela Ordem de Mérito Agrícola, e a sua família, estão de parabéns. Esta jornada de múltiplos efeitos mostra a sua sagacidade, abnegação e competência. E disso damos prova nas páginas que se seguem.

Uma história de sucesso em nome da vida rural e da responsabilidade social

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projeto arrojado assente na maximização da qualidade dos vinhos e preços justos

Nova adega Leonor Freitas abre caminho a novos e importantes desafios Projeto vivifica um percurso natural de crescimento da empresa de Palmela e abre novos horizontes para o futuro. E é mais um trunfo para consolidar o processo de internacionali-zação dos seus vinhos.

Foi com emoção e orgulho que a empresária Leonor Freitas inaugurou, no passa-

do dia 19, com a presença do Pre-sidente da República, Cavaco Sil-va, a nova adega, um projeto de grande qualidade, e a Casa de Me-mórias e Afetos. Cavaco Silva agradeceu o tra-balho que Leonor Freitas e a sua equipa têm realizado «apostando na qualidade do vinho que produ-zem, e agora realizando um inves-timento de grande dimensão, dan-do assim resposta à expansão que a casa tem vindo a registar». A adega “Leonor Freitas”, um projeto de arquitetura «moderno, elegante e imponente» pela sua dimensão, foi concebido com «uma ‘filosofia base’ que tem em conta a maximização da qualida-de dos vinhos nela produzidos e a minimização dos custos de pro-dução, com o objetivo de produzir os melhores vinhos aos melhores preços, transferindo todo o bene-fício para o consumidor que, as-sim, continuará a adquirir produ-tos de excelência a preços justos. Tem sido, e continuará a ser, esta a política empresarial da Casa Er-melinda Freitas, com a qual alcan-çou a notoriedade e o sucesso de que atualmente desfruta», realça Leonor Freitas.

Adega divide-se em sete áreas

A receção é constituída por três modernos tegões de receção de uvas com capacidade de 120 tone-ladas por hora. Na vinificação conjugam-se os sistemas mais modernos, como o sistema Gani-mede, comos mais clássicos, como são as cubas lagar em inox ou os lagares de inox. Tem capaci-dade para fermentar 2 400 tonela-das de uvas tintas e 2 milhões de litros de vinho branco ou rosé, si-multaneamente. O armazém pos-sui 250 depósitos de várias capa-cidades, desde os mais pequenos de 2 500 litros aos maiores de 636 mil litros, num total de 17 milhões de litros. A filtração e estabilização

utilizam as mais recentes tecnolo-gias, como por exemplo 3 filtros tangenciais que permitem asse-gurar a qualidade máxima com o mínimo de intervenção nos vi-nhos. O estágio conta com uma cave com capacidade para 3 mil barricas de carvalho para estagiar os vinhos de maior qualidade. A produção/engarrafamento possui uma linha de engarrafamento de vinhos tranquilos e licorosos, uma de vinhos espumantes e três linhas de enchimento de bag-in--box com capacidade total con-junta de 14 mil litros por hora. Para o armazenamento de produ-tos ‘secos’ e vinhos engarrafados/embalados dispõe de armazéns com uma área aproximada de 2 mil metros quadrados, com capa-cidade para mais de 1 500 paletes. A nova adega, cujo nome pres-ta homenagem à sua proprietária e grande impulsionadora da casa, eleva a Casa Ermelinda Freitas a uma nova dimensão, tornando-a numa empresa «ainda mais mo-derna, competitiva e apetrechada para um mercado do vinho cada vez mais exigente e global». Situada em Fernando Pó, no concelho de Palmela, a Casa Er-melinda Freitas foi fundada em 1920 por Leonilde da Assunção, sendo hoje uma das mais presti-giadas empresas vitivinícolas portuguesas. Com um forte cunho familiar, a empresa vive, atualmente, um dos seus períodos de maior expansão bem evidenciado nos vários inves-timentos realizados nas vinhas, na adega e na equipa técnica, sempre com o grande objetivo de atingir o máximo de qualidade. Fruto de toda esta dinâmica, a Casa Erme-linda Freitas tem alcançado «uma elevada notoriedade, nomeada-mente através da conquista de nu-merosos prémios a nível nacional e internacional com as suas mar-cas mais relevantes, nomeada-mente Terras do Pó, Dona Erme-linda e Quinta da Mimosa. Em 2008, deu-se um dos pon-tos altos da vida da empresa: o vi-

nho Casa Ermelinda Freitas Syrah 2005 foi distinguido com o troféu de melhor vinho tinto do Mundo, no prestigiado concurso Vinalies Internationales, em Paris, França. Este galardão foi conquistado em prova cega entre mais de 3 mil vi-nhos provenientes de 36 países de todo o Mundo. Consolidar a reputação alcan-çada e aumentar a produção de vinhos de qualidade são os objeti-vos imediatos a concretizar atra-vés da aposta nas castas portu-guesas mais diferenciadoras. «Queremos uma aposta que per-mita o crescimento das quotas de

mercado a nível nacional e, prin-cipalmente, a nível internacional, com especial incidência em gran-des mercados como os Estados Unidos e Inglaterra». Além disso, a Casa Ermelinda Freitas pretende continuar a ser «uma referência da região de Palmela pela quali-dade dos seus vinhos e pela valo-rização de toda a cultura da vinha e do vinho», sublinha Leonor Freitas.

Quatro gerações a produzir vinhos de alta qualidade

A Casa Ermelinda Freitas é uma empresa familiar que se dedica à

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zona nobre remete para uma história geracional e um passado de um mundo rural distante

Museu guarda memórias e afetos e promove o enoturismo No espaço museológico, moderno, sofisticado e carregado de memórias, vive o passado de uma herança de afetos deixado de geração em geração. É um história feliz, com futuro largo pela frente.

A Casa de Memórias e Afetos, uma zona comercial, uma sala de provas e um salão

para grandes eventos com capaci-dade até 400 pessoas, integram também o espaço e a oferta desta casa. Trata-se de um espaço muse-ológico cujo núcleo principal é dedicado às quatro gerações fa-miliares que deram origem a esta reconhecida empresa vitivinícola de Fernando Pó, em Palmela. É composto por cinco espaços de exposição. Na primeira sala, o visitante encontra uma referência à origem do topónimo Fernando Pó, a que se seguem textos e fotos relacionados com o percurso fa-miliar e empresarial de Leonilde da Assunção/Manuel João de Freitas; Germana de Freitas/Ma-nuel João de Freitas; Ermelinda de Freitas/Manuel João de Freitas Júnior e Leonor de Freitas/Armé-nio Campos. Nesta mesma sala encon-tram-se expostos alguns objetos pessoais dos protagonistas e equipamentos e ferramentas re-

lacionados com os trabalhos agrícolas em geral e vitivinícolas em particular. Integrada nesta, visita-se uma outra sala onde é apresentada a atividade manual do trabalho no lagar. Naquela que foi a primeira adega da empresa, agora remo-delada observam-se os depósi-tos originais, alguns equipamen-tos e os primeiros vinhos engarrafados, no final do século XX início do século XXI e respe-tivos prémios. O espaço original onde se efe-tuou a destilação de aguardentes, com a respetiva caldeira e uma sala com várias balanças, pesos e medidas, completam a área ex-positiva. A Casa de Memórias e Afetos Ermelinda Freitas constitui uma das principais apostas da Casa Er-melinda Freitas no desenvolvi-mento de uma estratégia de pro-moção do enoturismo. A conceção e implementação deste projeto é da responsabilida-de de Amílcar Malhó, Vítor Santos e Joana de Freitas.

O culto da vinha e do vinho Outra aposta desenvolvida pela empresa foca-se na área do enotu-rismo, transmitindo a quem visita a Casa Ermelinda Freitas ensina-mentos que promovam o culto da vinha e do vinho, nomeadamente através de uma vinha pedagógica, onde crianças, jovens e adultos po-dem observar e aprender sobre as diferentes castas cultivadas. Esta vertente do enoturismo é particularmente incentivada por Leonor Freitas, que pretende fazer da Casa Ermelinda Freitas «um símbolo pedagógico da região, le-vando às escolas a cultura e a his-tória da vinha e do vinho, uma arte secular», contribuindo assim para a promoção turística e eco-nómica do concelho de Palmela. Aliás, Leonor Freitas faz questão de sublinhar que os investimentos da empresa visam muito mais a qua-lidade do que a quantidade. «Não investimos para fazer mais, mas sim para produzir o melhor, sendo este o nosso grande objetivo», conclui a empresária de Fernando Pó.

produção de vinho há quatro ge-rações, tendo sempre apostado na qualidade das vinhas e dos vi-nhos, mesmo quando estes, nos primeiros tempos, eram produzi-dos e vendidos a granel, sem mar-ca própria. Iniciada por Leonilde da As-sunção, no início dos anos 20 do século passado, a atividade foi continuada por Germana de Frei-tas e, mais tarde, por Ermelinda Freitas, com a colaboração da sua filha única, Leonor, que, embora com formação fora da área vitivi-nícola, assumiu a liderança da empresa, continuando assim a presença feminina nos negócios de família. Seria já com a atual gestão que se daria a decisiva mudança no negócio com a criação de marcas próprias. Assim, em 1997, iniciou--se um novo ciclo da vida da em-presa com o lançamento do Ter-ras do Pó tinto, primeiro vinho produzido e engarrafado da Casa Ermelinda Freitas.

As vinhas e os vinhos

Quando assumiu a gestão da em-presa, Leonor Freitas tinha herda-do 60 hetares de vinhas de apenas duas castas, Castelão e Fernão Pi-res, situadas em Fernando Pó, zona privilegiada da região de Palmela. Com o seu espírito em-preendedor e inovador, a atual proprietária introduziu uma di-versidade de castas como a Trin-cadeira, Touriga Nacional, Arago-nês, Syrah e Alicante Bouschet, entre outras. Passados 16 anos, a Casa Er-melinda Freitas detém já 440 he-tares de vinha, das quais 180 heta-res são de Castelão, e o restante de outras castas como Touriga Na-cional, Trincadeira, Syrah, Arago-nês, Alicante Bouschet, Touriga Franca, Merlot e Petit Verdot, Fer-não Pires, Chardonnay, Arinto, Verdelho, Sauvignon Blanc e Mos-catel de Setúbal.

Qualidade e inovação

A Casa Ermelinda Freitas exporta atualmente 40 por cento da sua produção, para países como Ingla-terra, Brasil, Angola, Luxemburgo e China. É seu objetivo a entrada em novos mercados, assim como o aumento do valor das exporta-ções. A adega, apetrechada com a mais moderna tecnologia, apre-senta uma simbiose entre o mo-derno e o tradicional, integrando no mesmo edifício um conjunto de áreas que vão desde a produção ao estágio em barricas de carvalho e ao engarrafamento de vinhos, tra-balhos sob a responsabilidade do enólogo Jaime Quendera.

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responsabilidade social é uma das marcas distintivas da empresa e dos seus responsáveis

“Vida de um Vinho” apura verbas para a Cáritas e Sol Nascente A responsabilidade social faz parte do cardápio estratégico da empresa instalada em Fernando Pó. A filosofia da gerência é distribuir parte do sucesso da empresa. Ao longo do ano, são muitas as causas a apoiar.

O projeto “A Vida de um Vi-nho”, integrado na respon-sabilidade social da Casa

Ermelinda Freitas, entregou ver-bas à Cáritas Diocesana e à União Social Sol Crescente da Marateca. Com a presença de Maria Cavaco Silva, embaixadora do projeto, e do Presidente da República, Cava-co Silva, foi entregue a estas duas entidades o montante de 17 mil e 9 mil euros, respetivamente. Leonor Freitas, após recordar algumas dificuldades do passado, afirmou que sempre sentiu que tinha que «devolver um pouco à sociedade daquilo que ela me deu, e já meu deu tanto. E foi com essa ideia que criámos um projeto cha-mado “A Vida de um Vinho”». Manuel Batista, do Sol Cres-cente, de Águas de Moura, que presta apoio a 77 crianças e 60 idosos, em apoio domiciliário e centro de dia, e tem uma cantina social frequentada por 25 pessoas carenciadas, agradeceu o apoio e sublinhou que «este donativo ser-

ve para colmatar as nossas defici-ências quando surge uma despesa extra. Este valor irá ser empregue na melhoria das nossas instala-ções e, eventualmente, para repa-ração e renovação de material». Já Eugénio da Fonseca, da Cá-ritas Diocesana, revelou que, numa primeira fase, «julgávamos que íamos adaptar instalações, para dar melhores condições de vida a dois agregados familiares, mas quando começámos a mexer na estrutura da casa, tivemos de construir uma casa nova». Com esta verba de hoje, «vamos iniciar outra reconstrução, mas é claro que ainda há muitas outras garra-fas para comercializar, daí a soli-dariedade ser importante».

Projeto social já entregou mais de 62 mil euros

Como resultado das vendas dos produtos da “Vida de um Vinho” concretizou-se já a primeira en-trega de receitas, em dezembro de

2013, no valor de 18 735 euros. Em dezembro de 2014 decorreu uma segunda entrega na importância de 26 435 euros. Estes montantes permitiram já a recuperação de uma casa de família de idosos na região. O projeto arrancou em 2008 e contou com a criteriosa colheita das melhores uvas que dariam origem a um vinho único e exclu-sivo. Foram engarrafadas 1 500 garrafas Magnun, numeradas, que acompanhadas por um CD com a obra musical criada pelo maestro Jorge Salgueiro e o livro do jorna-lista Amílcar Malhó, são disponi-bilizados através de uma contri-buição de 100 euros. O conjunto poderá ainda ser acompanhado por uma serigrafia do pintor Má-rio Rocha, no valor de 75 euros. O processo produtivo foi acompanhado e acarinhado por personalidades dos mais diversos setores de atividade da sociedade. Assim, nos dias 9 de setembro de 2009, 10 de outubro de 2010 e 11

de novembro de 2011 realizaram--se três jantares de prova do vi-nho produzido a partir da colheita de 2008 que contaram com a pre-sença, respetivamente, de 9, 10 e 11 personalidades que se tornaram embaixadores da “Vida de um Vi-nho” e que inscreveram as respe-tivas assinaturas num dos barris do referido néctar. O montante angariado será aplicado em projetos de apoio a idosos, pela Cáritas, e de apoio a crianças carenciadas da região, pela União Social Sol Crescente da Marateca, reforçando assim a inter-venção positiva da Casa Ermelinda Freitas na sociedade, que faz parte dos objetivos da sua atividade. Entre os embaixadores deste projeto estão os nomes de Maria Cavaco Silva, Daniel Sampaio, José Fonseca e Costa, D. Gilberto dos Reis, Camané, Carlos Alberto Moniz, Eusébio, Fátima Lopes, Fernanda Freitas, Jaime Graça, José Jorge Letria, Jorge Sampaio, Jorge Mendes e Toy.

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paula guimarães, presidente da fundação montepio, e o trabalho no terreno de apoio às instituições de solidariedade

«Apoiamos mais de cem projetos por ano, onde despendemos 1,3 milhões de euros»

empresa é líder de mercado na área de prestação de cuidados a pessoas com dependência

Residência do Montepio no Montijo é uma das mais modelares do país

Paula Guimarães traça os cenários do terceiro setor onde a instituição exerce a sua atividade social. Em causa, valores de monta e projetos diversificados. Desemprego, educação financeira e combate à exclusão, foram prioridades em tempo de crise.

Qual o papel e a missão da Funda-ção Montepio no quadro da socie-dade portuguesa, nomeadamente na sua intervenção no setor social?Vinte anos depois da sua criação, a Fundação Montepio assume-se como um dos principais financia-dores da economia social em Por-tugal, apoiando mais de cem pro-jetos por ano e viabilizando a capacitação das organizações e a inovação da sua atividade.

Que áreas abarca esse trabalho de apoio e contributo no setor e a que instituições se dirige em especial?Apoiamos apenas instituições do

terceiro setor que atuam, sobretu-do, nos domínios da solidarieda-de, da saúde, combate ao desem-prego e à exclusão.

Que tipo de apoios são mais regu-lares?Cada vez mais privilegiamos pro-jetos próprios como a Frota Soli-dária e o Prémio Voluntariado Jo-vem e iniciativas, desenvolvidas em parceria, com duração pluria-nual, das quais salientamos o Pro-grama Impacto Social, o GEPE (Grupos de Entreajuda para a Procura de Emprego) e o Progra-ma Cuidar Melhor.

Como articula com a Associação Mutualista e de onde provêem as receitas da Fundação?A Associação Mutualista é a prin-cipal entidade financiadora da Fundação e os titulares dos seus órgãos sociais são, por inerência, os titulares dos órgãos sociais da Fundação, Há, portanto, uma re-lação próxima entre as duas enti-dades que atuam complementar-mente em prol da coesão social da sociedade portuguesa.

De que montantes estamos a falar, por exemplo no que diz respeito ao último ano. Ainda não fechámos o ano, mas normalmente o valor do investi-mento social realizado ronda um milhão e trezentos mil euros.

Pode inferir-se que a Fundação foi obrigada a um esforço maior nos últimos anos, devido à situação económica e financeira do país?O orçamento da Fundação não sofreu alterações nos últimos anos, mas a alteração da conjun-tura sócio-económica provocou uma alteração nas prioridades, na forma de atuar e nos critérios de seleção dos projetos apoiados. Es-tamos mais exigentes com a sus-

A empresa “Residências Mon-tepio” é líder de mercado em Portugal na área da presta-

ção de cuidados a pessoas com dependência. Os seus equipa-mentos são, na sua maioria, cons-truções de raiz, pensadas ao deta-lhe para um acolhimento de excelência e aposta forte na for-mação técnica dos seus colabora-dores. «São respostas sociais de elevado nível que procuram acompanhar as tendências de

mercado e inovar continuamen-te», explica Paula Guimarães, pre-sidente da Fundação Montepio, que a tutela desta área. A instituição conta com uma unidade modelar na cidade do Montijo desde 2011, instalação que veio, segundo os seus respon-sáveis, «dar resposta a uma ne-cessidade sentida a sul do Tejo e cumprindo o nosso plano de ex-pansão e afirmação nacional» Esta residência possui unida-

des de cuidados continuados e também acolhe residentes priva-dos, com uma lotação de 147 va-gas que se encontra totalmente preenchida. «Constitui uma uni-dade de referência no distrito e no país e nasceu ao abrigo de um protocolo com a ARS, para dar resposta à carência de vagas de cuidados continuados do sul do país», explica Paula Guimarães. A mesma responsável garante que residência do Montijo vai

continuar a desenvolver um tra-balho de qualidade, aprofundan-do a sua relação com a comunida-de e procurando sempre responder aos desafios. Para os próximos anos, não estão previstas novas residências a edificar no distrito, mas a em-presa está a crescer com a cria-ção de mais uma residência na Parede e outra na cidade de Lis-boa, correspondendo às necessi-dades mais urgentes.

tentabilidade das organizações e mais preocupados com a forma-ção dos atores sociais, para que sejam capazes de enfrentar os de-safios do presente e do futuro.

Que prioridades extraordinárias foram encetadas nesse quadro so-cial do país?Sobretudo as que se relacionam com o desemprego, com a educa-ção financeira e com o combate à exclusão numa perspetiva inclu-siva e dignificante.

Pode dizer-se que há uma relação mais próxima com as instituições da Igreja ou a acção da Fundação é muito transversal a este universo?A ação da Fundação abrange todo o tipo de organizações e somos particularmente cautelosos com a diversificação de parceiros. Te-mos também uma forte ligação à Fundação Aga Khan e trabalha-mos muito com instituições de base mutualista e cooperativa. O que acontece é que uma grande percentagem de entidades atuan-tes nestes domínios são miseri-córdias e centros paroquiais, pelo que a relação com as instituições ligadas à Igreja é inevitável e na-turalmente gratificante.

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ações de cariz lúdico, cultural e formativo envolveram quase 1200 participantes

Associação Mutualista Montepio é uma força social também no distrito São muitas as iniciativas apoiadas e desenvolvidas pela Associação Mutualista Montepio, que este ano comemorou 175 anos de existência. Em articulação com a Fundação Montepio esses apoios são mesmo muito fortes na nossa região.

Nos últimos anos, a Associa-ção Mutualista Montepio, que acabou de comemorar

175 anos de existência, tem vindo a intensificar a sua ação na nossa região. No âmbito das iniciativas de Dinamização Associativa foram realizadas, no distrito, 17 ativida-des de cariz lúdico, cultural e for-mativo que envolveram um total de 1.163 participantes. Nestas ações estão incluídas 7 atividades do Clube Pelicas (Clube dirigido ao target associativo dos zero aos 13 anos de idade) integradas no projeto “Pelicas vai à escola”, que visa dar a conhecer junto dos mais pequenos os valores mutua-listas da solidariedade, entreaju-da, não discriminação e a pou-pança como forma de previdência e prevenção de riscos futuros. Dando seguimento à estraté-gia de celebração de acordos, no

vinte anos da fundação numa grande conferência em marçoPara o próximo ano, a Fundação Montepio vai aprofundar as prio-ridades já encetadas nos últimos anos e vai apostar forte na medi-ção do impacto, fortalecimento da cooperação interinstitucional e na formação. Uma das grandes novidades já na forja será a realiza-ção, a 1 de Março de 2016, da conferência que visa assinalar os vin-te anos da Fundação e debater com os principais stakeholders os caminhos do futuro no domínio da intervenção social.

âmbito dos Benefícios Comple-mentares para Associados, no ano de 2015, foram assinados 4 novos acordos com empresas do Distrito de Setúbal. O número total de par-cerias existentes neste distrito é de 110 acordos, envolvendo em-presas nas áreas da saúde, prote-ção social, formação, turismo, consumo e desporto e bem-estar. A Fundação apoiou ainda al-guns projetos sociais, dos quais se destacam a UNISETI e a Associa-ção Mutualista Setubalense, e rea-lizou importante ações de volun-tariado corporativo na Mata da Machada, no Barreiro, e numa instituição de apoio a animais, chamada “Cantinho da Milú”, ins-talado no concelho de Palmela. Por via da Fundação Monte-pio acrescem também apoios a diversas instituições do concelho de Setúbal, como a Casa sedeada em Azeitão ou a AURPIS.

Visitas à Fábrica dos Chocalhos e à Rota Vicentina

Para o próximo ano, a Associação Mutualista vai dar continuidade às iniciativas de Dinamização As-sociativa para Associados, nome-adamente o prosseguimento da Rota Vicentina e uma visita guia-da à Fábrica do Chocalho, no se-guimento da inscrição da Unesco, no passado dia 1 de dezembro, da arte do “Fabrico de Chocalhos” como Património Cultural Imate-rial da Humanidade a proteger. Manter-se-á, igualmente, a colaboração do Montepio Geral – Associação Mutualista, integran-do o projeto “RedeMut – Associa-ção Portuguesa das Mutualidades”, onde se incluem também “A Mutualidade da Moita - Associação Mutualista” e a “União Nª Sra da Conceição, As-sociação Mutualista”, do Montijo, entidades que prestam serviços de saúde nas respetivas clínicas e farmácias. Em complemento aos serviços médicos prestados du-rante o dia pela RedeMut, é dispo-nibilizado o Serviço de Assistência Médica Domiciliária Noturna, as-segurado pelas Residências Mon-tepio. Outros projetos e apoios, no quadro da Fundação Montepio, vão passar pela carteira de pro-

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postas das diversas instituições, mas os seus responsáveis espe-ram continuar a desenvolver ações em parceria com as forças vivas da região, como a UNISETI, aCAIS e a APPACDM. Está tam-bém prevista uma parceria com a autarquia sadina, através do GRA-CE, grupo de responsabilidade so-cial a que a Fundação preside. Segundo os mesmos respon-sáveis, pode vir a surgir em 2016 um novo projeto ligado à capaci-tação de dirigentes, em estreita colaboração com a UDIPSS de Se-túbal e com a TESE, aos mesmo tempo que se espera aprofundar a colaboração com o Centro Jovem Tabor, no domínio dos títulos de impacto social.

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Centro Jovem Tabor vai produzir Moscatel de Setúbal

BA precisa de mais voluntários para aumentar respostas

Cruz Vermelha aposta em Cozinha Mais Solidária

Cáritas de Setúbal avança com abertura de lar de acolhimento para mães adolescentes

O Centro Jovem Tabor, loca-lizado em Setúbal, em 2016, vai apostar na pro-

dução do Moscatel Solidário, em parceria com a Casa Ermelinda Freitas. Além disso, a instituição está a trabalhar no desenvolvi-mento do Projeto Título de Im-pacto Social, em parceria com a Fundação Montepio e o Agrupa-mento de Escolas Lima de Freitas, sendo o objetivo do projeto a re-

dução da Taxa de Retenção dos alunos do 2.º ciclo. A instituição debate-se com a falta de respostas adequadas às novas problemáticas da infância e juventude, nomeadamente ao nível dos problemas da saúde mental. O Centro Jovem Tabor acolhe jovens, em regime semi-aberto, dos 12 aos 18 anos, em situação de risco social. A atividade do CJT consiste no acolhimento residencial de jovens com problemas de comportamento. O aumento das situações de pobre-za das famílias e da delinquência juvenil no distrito, contribuiu, em lar-ga escala, para o crescimento do número de sinalizações de jovens em situação de vulnerabilidade social. A instituição reconhece que o facto de serem jovens com baixa escolaridade, com perspetivas de emprega-bilidade praticamente nulas, coloca-os numa situação de permanente exclusão social, tornando-os difícil de romper com o ciclo da pobreza familiar e da própria dependência dos apoios sociais do Estado. O CJT possui apenas uma única resposta social, nomeadamente o Lar de Infância e Juventude, o que cria alguns constrangimentos em ter-mos de gestão, designadamente ao nível do elevado desgaste das infra--estruturas. As mais-valias são, sem dúvida, os recursos humanos.

O Banco Alimentar Contra a Fome que opera no distrito conta 8 colaboradores per-

manentes e cerca de 30 voluntários, indispensáveis às rotinas de uma ins-tituição que, todos os anos, contribui para amenizar a escassez de bens pri-mários de centenas de famílias. O tipo de atividade e servi-ços que a instituição presta têm sido essenciais no atual quadro de crise financeira. Sendo uma instituição atípica e em sintonia com a sua mis-são, o BA luta contra o desperdício

alimentar e tem procurado distribuir o maior número de alimentos possíveis em parceria com as instituições com quem apoia e tem parcerias. Faz distribuição semanal de várias toneladas de alimentos, recolhi-dos junto do público em geral e de instituições que fornecem apoio de forma mais ou menos regular. Os beneficiárias desta ação solidária são indicados pelas instituições que no terreno prestam auxílio às famílias mais carenciadas. Apesar de todos os anos a ação do Banco Alimentar em Setúbal crescer em número de toneladas de produtos e de apoios, um dos constrangimentos da instituição é a falta de voluntários qualifi-cados e também a falta de capacidade para apoiarmos todas as institui-ções em lista de espera. Para o próximo ano, os responsáveis do BA pretendem arranjar no-vas fontes de angariação de produtos, por forma a aumentar a sua ca-pacidade de resposta, como por exemplo, a campanha agrícola adicio-nal. E querem também continuar a garantir o rigor na distribuição dos alimentos em estreita relação com as instituições, ou seja, consolidar o trabalho desenvolvido pelo BA.

A delegação da Cruz Vermelha de Setúbal, que conta com 31 colaboradores e 82 vo-

luntários, vai inaugurar em 2016 a sua Cozinha Mais Solidária para uma melhor alimentação dos idosos, colaboradores, catering a baixo custo, take away e promoção da saúde. Na área da promoção da saúde é de realçar ainda o projeto com enfoque na alimentação sau-

dável, na promoção da atividade física e na saúde sénior, bem como outros relacionados com a inclusão social em duas zonas de Setúbal. A escassez de recursos é, sem dúvida, o principal problema que a instituição enfrenta. Mas, os seus numerosos voluntários são um recur-so inestimável que fazem acreditar a delegação sadina a ir mais além, não esquecendo as parceria que se têm estabelecido. Servir todos sem distinção, a CV tem-se focado, sobretudo, em ca-sos mais vulneráveis a nível social, seja por constrangimentos econó-micos, ou por isolamento e exclusão social. A delegação sadina da CV presta apoio humanitário na área da saú-de e proteção social junto dos mais desfavorecidos. Na área do social, a delegação presta cuidados a idosos e dependentes, através do Serviço de Apoio Domiciliário, apoio a famílias carenciadas e Linha 144. Na área da Saúde, são prestados cuidados, a nível de Posto de Enfermagem e ações de sensibilização de promoção da saúde e socorrismo. Presta também Serviços de Transporte Especiais, a doentes urgentes e não ur-gentes, bem como transporte de crianças com necessidades especiais, apoios sanitários a vários tipos de eventos.

A Cáritas Diocesana de Setú-bal tenciona obter a legali-zação de um lar de acolhi-

mento para mães adolescentes, cujo apartamento foi emprestado pelo município, mas que agora necessita de regularização e de apoio financeiro para o seu fun-cionamento. Além disso, a instituição pro-mete que vai continuar a olhar pe-los desempregados de longa duração, através da concretização de proje-tos subsidiados pela Agenda 20/20. As atividades da Cáritas Diocesana de Setúbal estão centradas na de-fesa e promoção da dignidade humana, em especial das pessoas social-mente mais fragilizadas. A instituição, além do plano assistencial, investe também na promoção humana, na intervenção socio-laboral e no diálo-go com as instâncias políticas para a transformação das realidades que dão origem aos problemas socioeconómicos que afetam mais as popula-ções. Para isso, a Cáritas conta com meios humanos e materiais, os quais são sempre escassos neste tipo de instituições, mas os recursos humanos, incluindo os voluntários, são, sombra de dúvida, a mais-valia da Cáritas. A Cáritas de Setúbal tem como alvo e princípio fundamental, dado tratar-se de uma instituição católica, todas as pessoas que tenham qual-quer tipo de problema. Quanto ao futuro, a Cáritas reconhece que ainda há um longo caminho a percorrer para se trabalhar, de verdade, em par-ceria. A escassez de recursos monetários também é relevante.

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Cáritas de Setúbal avança com abertura de lar de acolhimento para mães adolescentes

Estamos agora a festejar um duplo acontecimento: o nascimento de Jesus, ocorrido há 2015 anos (há quem diga

que não…) e o Solstício de Inverno, com a chegada anual da forma de energia e de consciência a que chamamos de Cristo (a raiz da palavra é a mesma de ‘cristal’) ao centro do nosso planeta para o dirigir e revitalizar, impulsionando evolução mais rápida e segura para a humanidade. Sim, porque segundo o cristianismo místico (esotérico), essa energia apresenta, entre outros, um movimento ondulatório que continuamente se propaga entre o centro do Sol e o centro da Terra, chegando portanto ao núcleo da nossa estrela no solstício de Verão. E por altura da Páscoa, no Equinócio da Primavera, nesse movimento de retorno ao Sol (a face visível do ‘Pai’, uma das expressões do ‘Logos Solar’) cruza o plano da eclíptica. É a crucificação cósmica que, através da ‘morte’ proporciona um novo renascimento, uma renovada esperança. E a Natureza manifesta-se então exuberantemen-te: o reino vegetal floresce, o reino animal procria. Já no Equinócio do Outono (Fall/queda), quando essa energia retorna à Terra, promovendo a queda das folhas das árvores, a Natureza despe-se.O solstício (etimologicamente sol + sistere, suster, parar) é o período em que o Sol aparentemente para, entre os dias 21 e 25 de Dezembro, data que marca o termo do ciclo solsticial no qual os “poderes das trevas” de certo modo tomam conta do “Dador da Vida”. A razão cosmológica por que o Sol fica aparentemente ‘parado’ durante três dias, por ocasião dos solstícios, tem a ver com as declinações e não com as longitudes celestes.O renascimento da Luz faz-se então a partir de 24-25 de Dezembro, donde chamar-se a Cristo a Luz do Mundo.Os pais de Jesus terão sido seres de uma grande elevação espiritual, altos iniciados essénios. O termo “Essénio” deriva de “asa”, palavra hebraica helenizada que significa sanador, aquele que torna ‘são’, espiritual e fisicamente, havendo até quem diga que as doenças físicas são muitas vezes consequências (somatizações) de moléstias morais.Diz-se que José era carpinteiro, mas esta afirmação deturpada baseia-se num erro de tradução da palavra grega “tekton”, que significa “construtor”. José e Jesus eram “construtores” dos veículos espirituais a que São Paulo chamava ‘soma-psichicon’, por meio de uma alquimia interna. Já o Constru-tor do nosso Sistema Solar é o Grande

Arquitecto, em que o prefixo “arqui” se refere à ‘matéria primordial’ a partir da qual o ‘imanifestado’ se manifesta.A virgindade de Maria poder-se-à referir não ao corpo mas, alegadamente, à sua pureza “interior”, tendo concebido na altura astroló-gica propícia indicada pelo Anjo Anunciador.A virgindade, tal como a hierogamia e a maternidade, funde-se nos símbolos sagrados do Eterno Feminino e da Virgem Maria, caracterizando-os mística e mistéricamente.Esta Deusa- Mãe, reverenciada em todo o Universo, é o grande e ilustre Ser que está à frente dos Senhores da Sabedoria, ou seja, os Senhores da Hierarquia do Signo Zodiacal Virgem. É sob a amorosa vigilância desta Mãe celestial que todas as iniciadas femininas têm o seu treino e preparação. Na Palestina surgiu a mais sublime de todas, Maria, mãe de Jesus. Ela foi e é a grande Instrutora Espiritual que transmitiu ao seu filho a riqueza da sua profunda Sabedoria.É interessante notar que as mais antigas representações pictográficas do signo zodiacal Virgo mostram uma figura feminina segurando numa das mãos uma jóia e na outra uma espiga de trigo: o pão é o símbolo maior do Cristo: “Eu sou o pão da vida”. E por isso a tradição oculta designa frequentemente a Eterna Mãe de Cristo, a Mãe com o Menino, ou a Virgem com o trigo, como Maria de Belém (Bet-Lehem: a “casa do pão”).Havendo quem invoque uma linhagem que estabeleceria a ligação de Jesus à dinastia merovíngia (meados do séc.V a meados do séc.VI, antiga Gália), centremo-nos por ora na versão mais conhecida e popularizada, segundo a qual o seu nascimento teria tido lugar num ambiente de humildade, na presença de “mansos” animais, que simboli-zam os nossos selvagens instintos já “domes-ticados”. A visita dos três Reis Magos (grandes astrólo-gos, homens sábios, presumivelmente hebreus que ainda viviam na Babilónia), quando o Menino já estava em casa, revela que se tratava de um acontecimento Cósmico de magna importância para o Mundo, previsto com muita antecedência pelos antigos Profetas de Israel.Jesus foi cuidadosamente preparado durante 30 anos e só então é que entregou o seu corpo denso “Àquele que vem do Sol” (o Cristo), como estava anunciado, quando foi baptizado no rio Jordão por João Baptista, o Precursor. É também este o significado do Natal, que um dia nascerá em todos nós. Que os leitores tenham um Bom Natal!

Maria de BelémFernando RaimundoColaborador do Semmais

O terceiro setor, assim designado do ponto de vista económico e sócio-político, é uma dimensão

nova. Na hierarquização das sociedades modernas não tem muito tempo. A governança e o mercado esqueceram demasiado tempo era realidade que junta o que de melhor há na sociedade e nos seus pilares fundamentais.A maior parte das instituições que a dão corpo a este exército de apoio social não tem fins lucrativos e o mercado privado tem também aqui um papel relevante, seja na contribuição financeira – muitas vezes considerando estas instituições como fatia dos seus stakeholders ou meramente em políticas e estratégias de responsabilidade social – seja nos múltiplos apoios diretos de mecenato.O distrito de Setúbal é felizmente fértil nesta dimensão que, muitas vezes - como se tornou evidente nos últimos anos - obriga a esforços redobrados e uma abnegação que trás ao cimo de cada um dos homens o melhor de si.Foi, não tenhamos dúvida, um trabalho hercúleo e continuará a ser, nomeada-mente no que diz respeito aos valores da dignidade humana junto dos mais carenciados e na erradicação das bolsas de pobreza. A atividade deste setor, pode dizer-se, é também um mecanismo de redistribui-ção de riqueza e obedece a lógicas de altruísmo e filantropia.Mas estamos a falar de um indústria que é também um fator decisivo da econo-mia, porque cria emprego e gera dinâmi-cas económicas de grande relevância. É mesmo estratégico para o desenvolvi-mento social e económico do país. Colocar como objetivo primeiro a melhoria da qualidade de vida das pessoas mais necessitadas deve ser um horizonte comum, em contrapartida às políticas assistencialistas, ao paternalis-mo que as mesmas promovem e a uma certa condescendia da esmola. Assim se perceba a sua real dimensão. Por isso, quisemos homenagear, em fecho do ano, todos os que se dedicam a esta causa maior.

editorialRaul TavaresDiretor

Um setor que é também o primeiro…

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