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Seminário Rede-D: Desenvolvimento e Crise Global: impactos no Brasil e na América Latina IE-Unicamp, 8-10 de maio de 2012 Financiamento voluntário de longo prazo no Brasil: mitos e desafios Mª Cristina Penido de Freitas Consultora e pesquisadora associada do Cecon- IE-Unicamp

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Page 1: Seminário Rede-D Desenvolvimento e Crise Global: impactos ......dez/11 214,4 5,4 49,2% 205,4 5,1 47,1% Crédito com Recursos Direcionados ao Setor Privado Corporativo por Modalidades

Seminário Rede-D: Desenvolvimento e Crise Global: impactos no Brasil e na América Latina

IE-Unicamp, 8-10 de maio de 2012

Financiamento voluntário de longo prazo no Brasil: mitos e desafios

Mª Cristina Penido de Freitas

Consultora e pesquisadora associada do Cecon-IE-Unicamp

Page 2: Seminário Rede-D Desenvolvimento e Crise Global: impactos ......dez/11 214,4 5,4 49,2% 205,4 5,1 47,1% Crédito com Recursos Direcionados ao Setor Privado Corporativo por Modalidades

Introdução

 

■  Um dos problemas-chave da economia capitalista é o financiamento da atividade produtiva e, em particular, dos investimentos

■  Ponto de vista keynesiano => Investimento não pode ser limitado pelos fluxos de poupança, quer em termos ex-ante ou ex-post.

■  processo de financiamento dos investimentos em duas etapas distintas, porém interligadas:

1.  Finance ó  Decisões de gasto capitalista são avaliadas e sancionadas pelo sistema bancário: o  sistema bancário libera a sociedade das amarras da acumulação

prévia de recursos e joga um papel-chave na ampliação do nível dos investimentos

o  os bancos atuam como agentes livres na concessão de poder de compra para o investimento

2  

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Introdução

 

2.  Funding ó Mobilização da poupança (direito sobre riqueza) gerada ao longo do próprio processo de investimento: o  consolidação do financiamento do investimento exige um estrutura

adequada de ativos financeiros, em termos de prazo e custos o  poupança financeira será utilizada para validar as dívidas

vincendas e alongar os prazos dos passivos => funding exige que os detentores de riqueza sob a forma líquida aceitem adquirir assumir posições menos líquidas sob a forma de títulos representativos da riqueza, como os títulos de dívida de longo prazo (direito sobre a produção de riqueza nova)   ou ações (suporte de direitos sobre a riqueza existente)  

o  tanto sistema bancário como mercado de capitais são importantes na consolidação do financiamento

■  Financiamento da acumulação capitalista pressupõe a existência de um sistema bancário organizado e mercados financeiros profundos e bem integrados 3  

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Nós do financiamento de longo prazo

 

■  No Brasil, tanto o mercado privado de crédito bancário como o mercado de capitais são fontes exíguas de recursos para o financiamento de projetos de longa maturação e/ou retorno incerto: o  poupança financeira doméstica está aplicada em ativos de curto

prazo e/ou indexados à taxa de juros de curtíssimo prazo => risco elevado dos projetos de investimento afasta os investidores e bancos privados, que encontram melhor opção nos títulos públicos (risco baixo; rentabilidade e liquidez elevadas

o  bancos só concedem financiamento de longo prazo como repassadores do BNDES e/ou com funding externo

o  mercado doméstico de títulos privados é pouco desenvolvido e sem liquidez => o investidor é obrigado a carregar o título até o vencimento

q Sem o suporte do crédito bancário direcionado e/ou de endividamento externo, a concretização de projetos de investimento de longo prazo resta impraticável 4  

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Poupança Financeira no Brasil

5  

Fonte: CEMEC – Contas Financeiras – Retrospecto 2000-2011, março de 2012.  

0

1.000

2.000

3.000

4.000

5.000

6.000

7.000

dez/00 dez/01 dez/02 dez/03 dez/04 dez/05 dez/06 dez/07 dez/08 dez/09 dez/10 dez/11

R$ bilhões

Brasil - Evolução da poupança financeira (R$ bilhões de dez. 2011)

Poupança Voluntária Poupança Compulsória

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Poupança Financeira no Brasil

6  

Fonte: CEMEC – Contas Financeiras – Retrospecto 2000-2011, março de 2012.  

89,9%85,4% 82,7%

93,1%100,4%

110,1%

128,4%

161,7%

118,9%

151,6% 148,3%140,0%

58,3% 57,3% 57,7% 59,1% 60,1%64,3%

72,6%81,8% 81,1%

90,1% 90,9% 93,5%

12,8% 13,0% 15,9% 15,4% 14,6% 13,7% 13,0% 13,0% 12,4% 12,4% 12,8% 12,8%

dez/00 dez/01 dez/02 dez/03 dez/04 dez/05 dez/06 dez/07 dez/08 dez/09 dez/10 dez/11

Brasil - Poupança financeira em proporção do PIB (%)

Poupança Voluntária Poupança Voluntária (-) Ações Poupança Compulsória

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Poupança Financeira no Brasil

7  

Fonte: CEMEC – Contas Financeiras – Retrospecto 2000-2011, março de 2012.  

91,6%

36,2%

4,7%

20,4%

6,2%

17,2%

6,0%

1,0%

8,4%

I. Poupança Voluntária

Ações

Títulos da Dívida Privada

Depósitos Bancários

Títulos de captação bancária

Títulos da Dívida Pública

Operações compromissadas

Outros ativos financeiros

2. Poupança Compulsória

Brasil - Composição da poupança financeira, em %, posição em dez/2011

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Crédito ao setor privado em % do PIB

8  

Fonte: World Bank – World Development Indicators; Banco Central do Brasil – Séries Temporais. 1. Os dados dos do Banco Mundial incluem operações de crédito e aquisição de títulos privados de dívida direta como debêntures. Posição em 2010. 2. Dados do BCB referem-se exclusivamente a operações de crédito. Posição em dezembro de 2011. 3. Posição em dezembro de 2008. 4. Posição em dezembro de 2009.  

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Recursos captados no mercado de capitais

9  

Fonte: CVM. 1.  Refere-se a debêntures, notas promissórias, títulos de securitirização de crédito. Inclui debêntures emitidas por empresas

de leasing, empresas estatais e Bndespar. 2.  2. Ações e certificados de ações. Incluem ofertas públicas de empresas estatais e bancos públicos.

Volume R$ bilhões % do PIB Volume R$ bilhões % do PIB Volume R$ bilhões % do PIB2005 46,3 2,2% 15,0 0,7% 61,3 2,9%2006 75,8 3,2% 29,2 1,2% 105,0 4,4%2007 59,3 2,2% 70,1 2,6% 129,4 4,9%2008 70,9 2,3% 34,5 1,1% 105,4 3,5%2009 54,3 1,7% 47,1 1,5% 101,5 3,1%2010 89,2 2,4% 152,2 4,0% 241,3 6,4%2011 122,3 3,0% 19,2 0,5% 141,4 3,4%

Período Títulos de Renda Fixa1 Títulos de Renda Variável2 Total Mercado de CapitaisBrasil - Volume de recursos captados no mercado de capitais

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Mercado acionário doméstico

10  

Fonte: World Bank – World Development Indicators  

74,090,4

278,4

0

50

100

150

200

250

300

350

400

Itália

Argentina

Polônia

Turquia

Alemanha

México

Peru

Rússia

Brasil

Japão

França

Filipinas

China

Espanha

Holanda

Tailândia

Mundo

Índia

Israel

Coréia

Estados …

Canadá

Reino Unido

Cingapura

Chile

Malásia

Suiça

África do Sul

Hong Kong

Capitalização do mercado acionário doméstico em % do PIB - 2010 1207,9

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Captação no mercado acionário doméstico

11  

Fonte: BMF&Bovespa Obs: Volume captado refere-se exclusivamente a oferta no mercado brasileiro.  

65,5

41,1

56,7

147,8

27,618,0

49,4

19,8

40,2 39,4

15,310,1

75

16

23 22 21 22

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

120,00

140,00

160,00

2007 2008 2009 2010 2010 (Sem Petrobrás)

2011

Nº de ofertas públicas

Volume (R$ bihões)

BMF&Bovespa - Evolução do número de oferta pública de ações e volume captado

Volume total Volume captado de investidores estrangeiros Nº de oferta pública (eixo direito)

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Mitos em torno do financiamento de L. P.

 

■  Mito 1 => estabilidade dos preços como condição suficiente para elevação do volume de crédito ao setor corporativo e ampliação dos prazos o  consolidação da estabilidade dos preços não se

traduziu em aprofundamento do mercado de crédito doméstico => relação crédito ao setor privado/PIB ainda é baixa

o  crédito direcionado se mantém como fonte importante do financiamento do investimento

o  percentual de crédito com recursos livres destinado ao financiamento de longo prazo pelo setor privado corporativo é inferior ao do crédito com recursos do BNDES

o  estoque de títulos de dívida privada corporativa também permanece muito baixo 12  

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Crédito ao Setor Privado Corporativo

13  

Fonte: Fonte: BCB. Série histórica de Empréstimos do Sistema Financeiro Nacional. 1. Refere-se a empréstimos e financiamentos realizados a critério da instituição financeira com taxas livremente pactuadas entre as

partes. 2. Refere-se a operações de crédito com recursos compulsórios ou governamentais, , com prazos e custos regulamentados.

 

Volume (R$ bilhões)

% do PIB Participação no Crédito ao Setor Privado

Volume (R$ bilhões)

% do PIB Participação no total Pessoas

Jurídicas

Volume (R$ bilhões)

% do PIB Participação no Total Pessoas

Jurídicas

set/08 637,7 21,4 56,4% 444,4 14,9 69,7% 193,3 6,5 30,3%dez/08 695,0 23,1 57,9% 476,9 15,9 68,6% 218,1 7,3 31,4%jun/09 695,3 22,8 55,7% 464,5 15,2 66,8% 230,8 7,6 33,2%dez/09 778,4 24,4 57,4% 484,7 15,2 62,3% 293,7 9,2 37,7%jun/10 836,6 24,1 57,1% 510,2 14,7 61,0% 326,4 9,4 39,0%dez/10 927,9 24,6 56,6% 556,4 14,8 60,0% 371,6 9,9 40,0%jun/11 984,3 24,6 55,7% 598,0 15,0 60,8% 386,3 9,7 39,2%dez/11 1089,4 26,3 55,9% 653,5 15,8 60,0% 435,9 10,5 40,0%

Período

Total Pessoa Jurídica Recursos Livres1 Recursos direcionados2Crédito ao Setor Privado Corporativo, por Origem dos Recursos

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Crédito ao Setor Privado Corporativo

14  

Fonte: BCB. Série histórica de Empréstimos do Sistema Financeiro Nacional. 1.  Financiamento concedido pelo BNDES diretamente ao tomador final. 2.  Financiamento com recursos do BNDES repassado ao tomador final por intermédio dos agentes

financeiros.

Volume (R$ bilhões)

% do PIB Participação no Total Recursos Direcionados

Volume (R$ bilhões)

% do PIB Participação no Total Recursos Direcionados

set/08 91,3 3,1 47,2% 93,8 3,1 48,5%dez/08 107,8 3,6 49,4% 101,5 3,4 46,5%jun/09 116,4 3,8 50,4% 104,8 3,4 45,4%dez/09 158,1 5,0 53,8% 124,9 3,9 42,5%jun/10 168,1 4,8 51,5% 146,4 4,2 44,8%dez/10 178,0 4,7 47,9% 179,8 4,8 48,4%jun/11 180,9 4,8 46,8% 190,8 5,1 49,4%dez/11 214,4 5,4 49,2% 205,4 5,1 47,1%

Crédito com Recursos Direcionados ao Setor Privado Corporativo por Modalidades Selecionadas

Período

BNDES - direto1 BNDES - repasses2

Volume (R$ bilhões)

% do PIB Participação no Total Recursos

Livres

Volume (R$ bilhões)

% do PIB Participação no Total Recursos

Livres set/08 151,3 5,1 34,0% 17,2 0,6 3,9%dez/08 170,1 5,7 35,7% 15,9 0,5 3,3%jun/09 185,4 6,1 39,9% 14,4 0,5 3,1%dez/09 216,5 6,8 44,7% 15,3 0,5 3,2%jun/10 235,8 6,8 46,2% 16,3 0,5 3,2%dez/10 266,1 7,1 47,8% 18,8 0,5 3,4%jun/11 282,7 7,1 47,3% 22,4 0,6 3,7%dez/11 313,6 7,6 48,0% 26,8 0,6 4,1%

Período

Capital de giro Aquisição de bens Crédito com Recursos Livres ao Setor Privado Corporativo por Modalidades Selecionadas

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Financiamento no mercado de títulos de dívida

15  

Fonte: Boletim Anbima, vários números. 1.  CDB,  DPGE,  RDB,  Letra  de  Câmbio,  Letra  Financeira.    2.  Debêntures  e  notas  promissórias  de  empresas  não  financeiras.    3.   Títulos  de  cessão  de  crédito  ou  securiPzação  do  Segmento  Agrícola  (CDCA,  CRA  e  LCA),  do  Segmento  Comercial  (CCB  

e  CCCB)  do  Segmento  Exportador  (CCE,  ExportNotes  e  NCE)  e  do  Segmento  Imobiliário  (CCI,  CRI,  LH,  LCI).  4.  EsPmaPva  do  BCB.

Tipo de título dez/09 dez/10 dez/11 Variação dez11/dez10

% do PIB4 dez/11

Titulos bancários1 848 908 932 3% 22% CDB 830 854 753 -12% 18% Letras financeiras 0 31 149 379% 4% DPGE 14 19 26 39% 1%

Títulos corporativos 2 297 349 410 17% 10% Debêntures 283 338 397 17% 10%

Títulos de cessão de crédito 3 84 122 179 47% 4% CCI 13 24 44 80% 1% CRI 11 19 28 46% 1% LCI 16 29 47 60% 1%

Total Privado 1.230 1.379 1.521 10% 37%Para comparaçãoTítulos públicos federais 1.388 1.640 1.819 11% 44%Estoque Total de Renda Fixa 2.618 3.019 3.340 11% 81%

Estoque de títulos privados de renda fixa (R$ bilhões)

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Mitos em torno do financiamento de L. P.

 

■  Mito 2 => abertura financeira e internacionalização do sistema bancário conduziria a ampliação dos prazos e redução dos custos do crédito o  instituições financeiras estrangeiras recém-chegadas não

promoveram nenhuma alteração substancial no mercado de crédito doméstico => estratégias operacionais influenciadas pela existência de uma alternativa de aplicação em ativos negociáveis com vantajosa combinação de alta rentabilidade, liquidez e baixíssimo risco e reforçada pelas regras de adequação do capital ponderada pelos riscos em vigor desde 1995,

o  spreads praticados no Brasil permanecem elevadíssimos o  prazo médio, embora tenha aumentando no período recente,

ainda é inferior a um ano e meio.

16  

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Spreads bancários

17  

Fonte: World Bank – World Development Indicators . 1. Taxa de juros dos empréstimos menos taxa de juros dos depósitos.

Países 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010Brasil 43,7 45,1 39,5 37,8 36,9 33,1 35,6 35,4 31,1Paraguai 15,8 34,2 28,4 28,2 23,4 20,0 22,7 26,8 24,8Peru 17,2 17,9 22,3 22,9 20,7 19,6 20,2 18,2 17,4Indonésia 3,4 6,3 7,7 6,0 4,6 5,9 5,1 5,2 6,2Colômbia 7,4 7,4 7,3 7,5 6,6 7,4 7,4 6,9 5,7Tailândia 4,9 4,6 4,5 3,9 2,9 4,2 4,6 4,9 4,9Rússia 10,8 8,5 7,7 6,7 6,4 4,9 6,5 6,7 4,8México 4,5 3,9 4,7 6,2 4,2 4,4 5,7 5,1 4,1Venezuela 7,6 8,0 5,9 5,2 5,2 6,4 6,2 3,5 3,5Africa do Sul 5,0 5,2 4,7 4,6 4,0 4,0 3,5 3,2 3,4Austrália 4,5 4,9 5,0 5,2 5,4 3,7 4,2 2,9 3,1China 3,3 3,3 3,3 3,3 3,6 3,3 3,1 3,1 3,1Chile 4,0 3,4 3,2 2,7 2,9 3,1 5,8 5,2 3,0Canadá 3,4 3,6 3,2 3,6 4,0 4,0 3,2 2,3 2,6Malásia 3,3 3,2 3,0 3,0 3,3 3,2 3,0 3,0 2,5Coréia 1,8 2,0 2,0 1,9 1,5 1,4 1,3 2,2 1,7Argentina 12,4 9,0 4,2 2,4 2,2 3,1 8,4 4,1 1,4Japão 1,8 1,8 1,7 1,4 1,0 1,1 1,3 1,3 1,1Média Mundial 7,1 6,8 6,5 6,6 6,4 6,5 6,2 6,3 6,3

Países Selecionados - Evolução do Spread Bancário1 , em %, 2002-2010

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Juros médios no crédito corporativo com recursos livres

18  

Fonte: Banco Central do Brasil 1. Juros médios (pré-fixada, pós-fixada e flutuante); Taxa preferencial brasileira (média dos juros cobrados dos clientes de menor risco nas operações de capital de giro e vendor ); Taxa Selic acumulada no mês anualizada.

-

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

dez/07

fev/08

abr/08

jun/08

ago/08

out/08

dez/08

fev/09

abr/09

jun/09

ago/09

out/09

dez/09

fev/10

abr/10

jun/10

ago/10

out/10

dez/10

fev/11

abr/11

jun/11

ago/11

out/11

dez/11

% ao ano

Brasil - Evolução de Taxas de Juros Selecionadas1 (% ao ano)

Juros Médios - PJ Taxa Preferencial Brasileira Selic

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Prazo médio no crédito corporativo com recursos livres

19  

Fonte: Banco Central do Brasil 1. Juros médios (pré-fixada, pós-fixada e flutuante); Taxa preferencial brasileira (média dos juros cobrados dos clientes de menor risco nas operações de capital de giro e vendor ); Taxa Selic acumulada no mês anualizada.

412

303

257

439

365

303

347368

276

478

379 372

490

415396

Capital de giro Aquisição de bens Total Pessoa Jurídica

Prazo médio em dias corridos

Brasil - Prazo médio em modalidades selecionados do crédito com recursos livres às pessoas jurídicas (dias corridos)

2007 2008 2009 2010 2011

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Mitos em torno do financiamento de L. P.

 

■  Mito 3 => redução expressiva da taxa básica de juros resultará na diminuição dos juros e spreads bancários => estimularia a troca de posições rentáveis sem risco por aplicações muito mais rentáveis, mas com expressivo risco de crédito o  condição necessária porém não suficiente o  será preciso completar o processo de desindexação da economia,

eliminando a indexação financeira, introduzida no período de alta inflação, e promover a separação do mercado monetário e de títulos públicos

20  

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Mitos em torno do financiamento de L. P.

 

■  Mito 4 => BNDES e demais bancos públicos se tornarão irrelevantes com o desenvolvimento dos mercados privados de capitais e de crédito: o  investidores privados (incluindo instituições bancárias privadas)

não se envolvem espontaneamente com o financiamento de alguns setores e/ou atividades consideradas estratégicos para o desenvolvimento, em virtude do risco elevado e/ou baixa lucratividade que lhes caracteriza

o  existência de subsistemas especiais de crédito para setores e atividades prioritárias é uma característica compartilhada pelos sistemas f inanceiros de países desenvolv idos e em desenvolvimento.

o  bancos públicos são importantes instrumentos de política financeira: papel anticíclico e função reguladora

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Desafios para financiamento de L. P.

 

v Lançamento do pacote de estímulo à construção de um mercado privado de financiamento de longo prazo em dez/2010 (MP 517/10 ; Lei nº. 12.431/11 ): o  Desoneração tributária dos rendimentos de títulos privados de longo prazo

(duration de no mínimo 4 anos) emitidos por empresas não financeira associados a projetos de investimento na indústria e nos setores de infraestrutura e adquiridos por investidores não residentes;

o  Modificações na Lei das Sociedades Anônimas (Lei n. 6.404, de 1976) => assembleia de acionistas definirá o limite emissão de títulos de renda fixa;

o  Instituição do Fundo de Investimento em Participação em Infraestrutura (FIP-IE) e Fundo de Investimento em Participação na Produção Econômica Intensiva em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (FIP-PD&I);

o  Regulamentação da oferta pública das letras financeiras, títulos de longo prazo emitidos pelos bancos que até então só podiam ser vendidos de forma privada

o  Criação de um fundo de liquidez para os títulos privados a partir de direcionamento de 3,0 pontos percentuais dos compulsórios sobre os depósitos a prazo.

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Desafios para financiamento de L. P.

 

v Medidas de estímulo ao financiamento voluntário de longo prazo representam um passo importante na direção correta para a criação de um ambiente propício para os investimentos em projetos de longo prazo.

v Porém,seus impactos serão reduzidos se não for promovida uma profunda alteração da cultura rentista arraigada nos estratos de renda mais alta da sociedade brasileira, que não abre mão da indexação financeira, introduzida no período de alta inflação

v  Peso elevado dos títulos públicos pós-fixados e os juros básicos em níveis extremamente altos para os padrões internacionais – não obstante a relativa estabilidade dos preços – contribuem para o viés “curto prazista” dos investidores financeiros

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Desafios para financiamento de L. P.

 

v Para o alongamento do prazo das aplicações financeiras essencial para o financiamento privado voluntário de longo prazo é fundamental que: Ø  Em primeiro lugar, que seja concluída a separação da política monetária e

da gestão da dívida pública, de modo a evitar que a política de juros continue a contaminar todo o estoque da dívida mobiliária federal, com prejuízo para a gestão fiscal.

Ø  Em segundo lugar, que se avance na coordenação das políticas macroeconômicas de modo a viabilizar a redução da taxa básica de juros

Ø  Em terceiro lugar, que as aplicações financeiras sejam tributadas em função do prazo, com fixação de alíquotas mais elevadas de IR para aplicações de prazo mais curto

Ø  Em quarto lugar, que seja ampliado o prazo mínimo de aplicação dos depósitos a prazo e das cadernetas de poupança

q Acordo de Basileia III pode ser um obstáculo ao financiamento bancário de longo prazo <=> Índice   de  Liquidez  de  Curto  Prazo  (LCR)  e  o  Índice  de  Liquidez  de  Longo  Prazo  (NSFR)

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