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Seminário sobre o sistema tributário brasileiro 1. Introdução geral ao sistema tributário brasileiro Núcleo de Estudos Fiscais - NEF

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Seminário sobre o sistema tributário brasileiro

1. Introdução geral ao sistema tributário brasileiro

Núcleo de Estudos Fiscais - NEF

Principais tributos brasileiros e bases de incidência

Categorias de tributosDescrição

No Brasil, há várias categorias de tributos, sendo as principais:

Impostos: destinados ao financiamento das políticas públicas, sendo vedada sua vinculação, exceto quando previsto na Constituição

Contribuições Sociais: têm a receita vinculada a políticas sociais específicas. Só podem ser instituídas pela União

Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico: são tributos de natureza regulatória (extrafiscal), cuja receita é vinculada a finalidades específicas. Só podem ser instituídas pela União

Taxas: remuneram o exercício do poder de polícia ou a utilização, efetiva ou potencial de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ou disponibilizados ao contribuinte

Categorias de tributosRelevância (dados relativos a 2012)

Sem SIMPLES SIMPLES Total

Tributos (conceito RFB) 1.527,9 46,7 1.574,6 35,9%Impostos 788,5 13,7 802,2 18,3%

Federais 367,8 2,5 370,3 8,4%Estaduais 350,5 7,5 358,0 8,2%Municipais 70,2 3,8 73,9 1,7%

Contr. Vinculadas à Seg. Social 517,6 33,0 550,6 12,5%Contrib. Previd. Servidores 45,9 0,0 45,9 1,0%Outras Contrib. s/ Folha 114,1 0,0 114,1 2,6%Contrib. Interv.Dom. Econ. 4,8 0,0 4,8 0,1%Taxas/Outros trib. Est. Mun. 37,7 0,0 37,7 0,9%Outros Tributos Federais 19,3 0,0 19,3 0,4%

Royalties s/ recursos naturais 35,6 0,0 35,6 0,8%

Total 1.563,4 46,7 1.610,2 36,7%

Valor (R$ bi)% do PIB

Bases de incidênciaClassificação adotada pela RFB

Usualmente os tributos são classificados por suas bases de incidência:

Renda: Incidem sobre a renda do trabalho ou do capital (lucros, juros, aluguéis etc.). A tributação da renda do trabalho usualmente é progressiva

Folha de salários: Incidem sobre o rendimento dos trabalhadores. Usualmente são vinculados ao financiamento da previdência social e menos progressivos que o imposto de renda

Propriedade: Incidem sobre a propriedade de determinados tipos de ativos e sobre as transferências patrimoniais

Bens e serviços: Incidem sobre a produção e comercialização de bens e sobre a prestação de serviços

Operações financeiras: Incidem sobre determinadas categorias de transações ou operações financeiras. Não existem em todos os países

No Brasil, em muitos casos, um mesmo tributo tem mais de uma base de incidência

Principais tributos brasileirosImpostos federais

Os impostos federais são os seguintes:

IR: Imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza

IPI: Imposto sobre produtos industrializados

IOF: Imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários

II: Imposto sobre a importação de produtos estrangeiros

IE: Imposto sobre a exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados

ITR: Imposto sobre a propriedade territorial rural

Principais tributos brasileirosImpostos federais (2012)

Renda Folha Propr. Bens/Serv Op. Fin. Outros

Impostos federais 370,3 8,4% 237,7 0,0 0,6 101,0 31,0 0,0Imposto de renda 265,0 6,0% 237,7 27,3

Pessoas físicas 116,1 2,6% 116,1Pessoas jurídicas 92,2 2,1%

Lucro Real 64,9 1,5% 64,9Lucro Presumido 25,2 0,6% 25,2Simples 2,1 0,0% 2,1

Outros 56,7 1,3% 56,7IPI 42,6 1,0% 42,6

Normal 42,2 1,0% 42,2Simples 0,4 0,0% 0,4

IOF 31,0 0,7% 31,0II/IE 31,1 0,7% 31,1ITR 0,6 0,0% 0,6

Base de incidênciaValor (R$ bi) % do PIB

Principais tributos brasileirosImpostos estaduais e municipais

Os impostos estaduais são os seguintes:

ICMS: Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação

IPVA: Imposto sobre a propriedade de veículos automotores

ITCMD: Imposto sobre a transmissão causa mortis e doação de quaisquer bens ou direitos

Os impostos municipais são os seguintes:

ISS: Imposto sobre serviços de qualquer natureza. Os serviços são definidos em lei complementar e não compreendem aqueles alcançados pelo ICMS

IPTU: Imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana

ITBI: Imposto sobre a transmissão “inter vivos” de bens imóveis

Principais tributos brasileirosImpostos estaduais e municipais (2012)

Renda Folha Propr. Bens/Serv Op. Fin. Outros

Impostos Estaduais 358,0 8,2% 0,0 0,0 30,4 327,5 0,0 0,0ICMS 327,5 7,5% 327,5

Normal 320,0 7,3% 320,0Simples 7,5 0,2% 7,5

IPVA 27,0 0,6% 27,0ITCMD 3,4 0,1% 3,4

Impostos Municipais 73,9 1,7%

ISS 44,4 1,0% 44,4Normal 40,6 0,9% 40,6Simples 3,8 0,1% 3,8

IPTU 21,2 0,5% 21,2ITBI 8,4 0,2% 8,4

Valor (R$ bi) % do PIBBase de incidência

Principais tributos brasileirosContrib. vinculadas à Seguridade Social

As principais contribuições sociais geridas pela União são vinculadas ao financiamento da seguridade social (saúde, previdência e assistência social):

Contribuição previdenciária para o INSS: destina-se ao financiamento dos benefícios previdenciários geridos pelo INSS (RGPS)

COFINS: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social. Destina-se ao financiamento da seguridade social em geral

PIS/Pasep: Contribuição para o Programa de Integração Social e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público. Destina-se ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), sendo vinculada ao financiamento do BNDES (40%), do seguro-desemprego e do abono salarial aos trabalhadores com renda média mensal até 2 SM

CSLL: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. Destina-se ao financiamento da seguridade social em geral

Principais tributos brasileirosContrib. Seguridade Social (2012)

Renda Folha Propr. Bens/Serv Op. Fin. Outros

Contr. Vinc. Seg. Social 550,6 12,5% 39,5 252,9 257,9 0,3INSS 274,0 6,2% 243,8 29,8 0,3

Empregador 147,9 3,4% 147,9Empregado 80,1 1,8% 80,1Autônomos 9,8 0,2% 9,8Faturamento 6,9 0,2% 6,9Simples 22,9 0,5% 22,9Outros 6,3 0,1% 6,0 0,3

COFINS 174,6 4,0% 174,6Não cumulativo 118,7 2,7% 118,7Cumulativo 49,3 1,1% 49,3Simples 6,6 0,1% 6,6

PIS/Pasep 46,4 1,1% 9,0 37,3Não cumulativo 25,6 0,6% 25,6Cumulativo 10,4 0,2% 10,4Folha 9,0 0,2% 9,0Simples 1,3 0,0% 1,3

CSLL 55,6 1,3% 39,5 16,1Lucro Real 39,5 0,9% 39,5Lucro Presumido 13,9 0,3% 13,9Simples 2,2 0,0% 2,2

Valor (R$ bi) % do PIBBase de incidência

Principais tributos brasileirosOutros tributos

Contribuições para o financiamento dos regimes próprios de previdência social (RPPS): recolhidas pela União, Estados e Municípios e por seus servidores

Outras contribuições incidentes sobre a folha de salários FGTS: Forma de poupança compulsória. RFB considera como tributo Salário Educação: Recursos vinculados à educação básica pública Sistema “S”: Contribuição de interesse das categorias profissionais ou econômicas,

prevista no art. 149 da CF

Contribuições de intervenção no domínio econômico: CIDE Combustível: Receita destinada principalmente à infraestrutura de transporte.

Atualmente está com as alíquotas zeradas. CIDE Remessas (ou CIDE Royalties): Incide sobre remessas ao exterior vinculadas à

aquisição de tecnologia (inclusive patentes e marcas) ou contratação de serviços técnicos. Receita destinada ao FNDCT

Taxas: Remuneram o exercício de poder de polícia e a prestação de serviços públicos

Principais tributos brasileirosOutros tributos (2012)

Renda Folha Propr. Bens/Serv Op. Fin. Outros

Contrib. para o RPPS 45,9 1,0% 45,9União 23,0 0,5% 23,0Estados 16,1 0,4% 16,1Municípios 6,8 0,2% 6,8

Outras Contr. s/ Folha 114,1 2,6% 114,1FGTS 85,8 2,0% 85,8Salário Educação 14,8 0,3% 14,8Sistema "S" 13,5 0,3% 13,5

Contr. Interv. Dom. Econ. 4,8 0,1% 4,8CIDE Combustíveis 2,9 0,1% 2,9CIDE Remessas 2,0 0,0% 2,0

Taxas/Outros Trib. E/M 37,7 0,9% 37,7Taxas da União 5,1 0,1% 5,1Taxas/Outros Trib. Est. 22,2 0,5% 22,2Taxas/Outros Trib. Mun. 10,4 0,2% 10,4

Outros Tributos Federais 19,3 0,4% 3,8 4,9 9,8 -0,3 1,1

Valor (R$ bi) % do PIBBase de incidência

Principais tributos brasileirosRoyalties sobre recursos naturais

Embora os Royalties sobre recursos naturais sejam considerados receita patrimonial (renda de ativos) e não tributos, há várias características que os aproximam de tributos

No Brasil há três categorias principais de Royalties:

Sobre petróleo Royalties do Petróleo Participação Especial: Cobrada apenas em poços com alta produtividade Partilha: Entrega em petróleo, na exploração do Pré-Sal

Sobre recursos hídricos utilizados na geração de energia elétrica Compensação Financeira pela Utilização de Recursos Hídricos (CFURH): recolhido

pelas geradoras de energia hidrelétrica Royalties de Itaipu

Sobre a exploração de recursos minerais Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM)

Principais tributos brasileirosRoyalties sobre recursos naturais (2012)

Renda Folha Propr. Bens/Serv Op. Fin. Outros

Royalties s/ Recs. Naturais 35,6 0,8% 35,6Sobre Petróleo 31,5 0,7% 31,5

Royalties do petróleo 15,6 0,4% 15,6Participação Especial 15,9 0,4% 15,9

Sobre Recursos Hídricos 2,2 0,1% 2,2CFURH 1,7 0,0% 1,7Royalties de Itaipu 0,5 0,0% 0,5

CFEM 1,8 0,0% 1,8

Valor (R$ bi) % do PIB Base de incidência

Consolidação por base de incidência (% PIB)

Renda Folha Propr. Bens/Serv Op. Fin. Outros

Tributos (conceito RFB) 6,4% 9,5% 1,4% 17,8% 0,7% 0,0% 35,9%Impostos 5,4% 0,0% 1,4% 10,8% 0,7% 0,0% 18,3%

Federais 5,4% 0,0% 0,0% 2,3% 0,7% 0,0% 8,4%Estaduais 0,0% 0,0% 0,7% 7,5% 0,0% 0,0% 8,2%Municipais 0,0% 0,0% 0,7% 1,0% 0,0% 0,0% 1,7%

Contr. Vinculadas à Seg. Social 0,9% 5,8% 0,0% 5,9% 0,0% 0,0% 12,5%Contrib. Previd. Servidores 0,0% 1,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 1,0%Outras Contrib. s/ Folha 0,0% 2,6% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 2,6%Contrib. Interv.Dom. Econ. 0,0% 0,0% 0,0% 0,1% 0,0% 0,0% 0,1%Taxas/Outros Trib. Est. Mun. 0,0% 0,0% 0,0% 0,9% 0,0% 0,0% 0,9%Outros Trib. Federais 0,1% 0,1% 0,0% 0,2% 0,0% 0,0% 0,4%

Royalties s/ recursos naturais 0,0% 0,0% 0,0% 0,8% 0,0% 0,0% 0,8%

Total 6,4% 9,5% 1,4% 18,6% 0,7% 0,0% 36,7%

Base de incidência (% do PIB)Total

Comparação internacional por base de incidência

Carga tributária por base de incidência (% do PIB)

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

Bens e Serv. Folha Renda Propriedade Outros

Fonte: OCDE e RFB.Dados relativos a 2012, exceto México (2011)

Comparação internacional por base de incidência

Carga tributária por base de incidência (% do Total)

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Bens e Serv. Folha Renda Propriedade Outros

Fonte: OCDE e RFB.Dados relativos a 2012, exceto México (2011)

Limites ao poder de tributar

Limites ao poder de tributar Descrição

O artigo 150 da Constituição Federal estabelece os limites ao poder de tributar:

Legalidade: exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça

Irretroatividade: cobrar tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado

Anterioridade: cobrar tributo no mesmo exercício financeiro e antes de decorridos noventa dias da data da publicação da lei que os instituiu ou aumentou

Exceções à regraLegalidade II IE IPI IOF

Anterioridade anual

II IE IPI IOF contribuições sociais

Anterioridadenonagesimal

II IE IR IPTU IPVA

Partilha da receita tributária

Partilha da receita tributáriaPrincipais critérios

Tributos Federais

Pertence aos Estados e Municípios o IR-Fonte incidente sobre os rendimentos por eles pagos, suas autarquias e fundações

48% da receita do IR (exceto o IR-Fonte retido pelos Estados e Municípios) e do IPI é distribuída da seguinte maneira:

21,5% para os Estados (FPE) 23,5% para os Municípios (FPM) 3% para os Fundos Constitucionais de Financiamento do Norte, Nordeste e Centro-

Oeste 10% do IPI é destinado aos Estados, proporcionalmente às exportações de produtos

industrializados (FPEX) Os Estados devem repassar 25% deste montante para os municípios

50% da receita do ITR pertence aos municípios Este montante sobe para 100% no caso de Municípios que celebrem convênios para

a cobrança e fiscalização do imposto

Partilha da receita tributáriaPrincipais critérios

Tributos Federais

A receita do IOF – Ouro (ativo financeiro) é integralmente destinada ao Estado de origem (30%) e ao município de origem (70%)

60% da receita do Salário Educação é destinada aos Estados onde foi arrecadada, sendo distribuída entre o Estado e os respectivos Municípios proporcionalmente ao número de matrículas no ensino básico

29% da receita da CIDE-Combustíveis é destinada aos Estados para aplicação em investimentos em infraestrutura de transportes

Os Estados devem repassar 25% deste montante para os municípios

Partilha da receita tributáriaPrincipais critérios

Tributos Estaduais 25% da arrecadação do ICMS pertence aos Municípios (Cota Parte do ICMS)

Deste montante 75% são distribuídos proporcionalmente ao valor adicionado e 25% com base em lei estadual

50% da arrecadação do IPVA pertence aos Municípios

Royalties sobre Recursos Naturais Royalties do Petróleo e Participação Especial: distribuição depende da localização do

poço (em terra ou na plataforma marítima) e de ser ou não no Pré-Sal CFURH/Royalties de ITAIPU: 45% da receita é destinada aos Estados e 45% aos

municípios CFEM: 23% da receita é destinada ao Estado e 65% ao Município onde se localiza a mina

Partilha da receita tributária (%)União Estados Municípios

Tributos FederaisImposto de renda

IR-Fonte s/ rend. Pagos Adm. Publ.Estados 100%Municípios 100%

Demais receitas IR 55,0% 21,5% 23,5%IPI 45,0% 29,0% 26,0%ITR 0% - 50% 50%-100%IOF Ouro (ativo financeiro) 30% 70%Salário Educação 40%CIDE - Combustíveis 71,0% 21,75% 7,25%

Tributos EstaduaisICMS 75% 25%IPVA 50% 50%

Royalties s/ Recursos NaturaisRoyalties do Petróleo (2012) 36,6% 29,4% 34,0%Participação Especial (2012) 50,1% 39,9% 10,0%CFURH/Royalties Itaipu 10% 45% 45%CFEM 12% 23% 65%

60%

Partilha da receita tributária (% do PIB)União Estados Municípios Outros

Tributos (conceito RFB) 35,9% 18,6% 8,9% 6,1% 2,3%

Tributos Federais 24,8% 18,6% 2,0% 1,8% 2,3%

Impostos 8,4% 4,8% 1,9% 1,7% 0,0%Imposto de renda 6,0% 3,0% 1,6% 1,4% 0,0%IPI 1,0% 0,4% 0,3% 0,3% 0,0%ITR 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%Demais impostos 1,4% 1,4% 0,0% 0,0% 0,0%

Contrib. Segur. Social 12,5% 12,5% 0,0% 0,0% 0,0%Demais Tributos 3,8% 1,3% 0,1% 0,1% 2,3%

Salário Educação 0,3% 0,1% 0,1% 0,1% 0,0%CIDE-Combustíveis 0,1% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%Outros 3,4% 1,1% 0,0% 0,0% 2,3%

Tributos Estaduais 9,0% 0,0% 6,8% 2,2% 0,0%ICMS 7,5% 0,0% 5,6% 1,9% 0,0%IPVA 0,6% 0,0% 0,3% 0,3% 0,0%Demais Tributos 0,9% 0,0% 0,9% 0,0% 0,0%

Tributos Municipais 2,1% 0,0% 0,0% 2,1% 0,0%

Royalties s/ Recs Naturais 0,8% 0,3% 0,3% 0,2% 0,0%

Total 36,7% 19,0% 9,2% 6,3% 2,3%

Total (% do PIB)

Apropriação da Receita (% do PIB)

Partilha da receita tributáriaImpacto sobre a receita disponível

Impacto da partilha sobre a receita disponível (% do PIB)

Obs. Não considera os royalties sobre recursos naturais

0%2%4%6%8%

10%12%14%16%18%20%22%24%

União Estados Municípios Outros

Antes da Partilha Após a Partilha

Bases para a avaliação da qualidade de um sistema

tributário

Qualidade do sistema tributárioObjetivos

Na avaliação da qualidade de um sistema tributário várias questões precisam ser consideradas Capacidade de arrecadação

Em um sistema tributário bem desenhado os tributos devem incidir sobre uma base ampla e dar pouca margem para a evasão/sonegação

Impacto sobre o potencial de crescimento da economia Eficiência econômica: Um sistema tributário mal concebido pode prejudicar a

produtividade da economia de várias formas: Incentivo à alocação ineficiente dos fatores de produção Complexidade, gerando alto custo de compliance Elevado nível de contencioso tributário, que além de representar custos para

as empresas e o governo pode gerar uma situação de insegurança jurídica Investimentos: Idealmente um sistema tributário bem desenhado deve prejudicar o

mínimo possível os investimentos e a ampliação da capacidade produtiva Competitividade: Um sistema tributário mal desenhado pode prejudicar a produção

nacional relativamente aos produtos de outros países

Qualidade do sistema tributárioImpacto sobre eficiência econômica

Carga tributária para um eletricista com renda de R$ 36 mil/ano

Empregado de Empresa do Lucro PresumidoReceita anual da empresa 36.000,00

Tributos pagos pela empresa 13.654,90Incidentes sobre a receita

Lucro presumido (11,33%) 4.078,80ISS (5%) 1.800,00

Incidentes s/ a remuner. do empregadoINSS parcela empregador (20%) 4.469,02Outros, inclusive FGTS (14,8%) 3.307,08

Remuneração anual bruta do empregado 22.345,10Tributos pagos pelo empregado 2.011,06

INSS empregado 2.011,06IRPF (desconto simplificado) 0,00

Remuneração anual líquida do empregado 20.334,04

Total tributos (% da receita bruta) 43,5%

Empregado de Empresa do SIMPLESReceita anual da empresa 36.000,00

Tributos pagos pela empresa 4.666,67Incidentes sobre a receita

Simples - Anexo III (6%) 2.160,00Incidentes s/ a remuner. do empregado

FGTS (8%) 2.506,67Remuneração anual bruta do empregado 31.333,33Tributos pagos pelo empregado 3.786,97

INSS empregado 3.446,67IRPF (desconto simplificado) 340,30

Remuneração anual líquida do empregado 27.546,37

Total tributos (% da receita bruta) 23,5%

Qualidade do sistema tributárioImpacto sobre eficiência econômica

Carga tributária para um eletricista com renda de R$ 36 mil/ano

Dono de Empresa do SIMPLESReceita anual da empresa 36.000,00

Tributos pagos pela empresa (6% receita) 2.160,00Remuneração anual bruta do empresário 33.840,00Tributos pagos pelo empresário 1.627,20

INSS conta própria (20% Sal. Min.) 1.627,20IRPF (desconto simplificado) 0,00

Remuneração anual líquida do empresário 32.212,80

Total tributos (% da receita bruta) 10,5%

Microempreendedor Individual (MEI)Receita anual do MEI 36.000,00

Tributos pagos pelo MEI (12 X R$38,90) 466,80

Remuneração anual líquida do MEI 35.533,20

Total tributos (% da receita bruta) 1,3%

Qualidade do sistema tributárioObjetivos

Na avaliação da qualidade de um sistema tributário várias questões precisam ser consideradas Impacto distributivo

O impacto da incidência tributária sobre a distribuição de renda é um tema importante, mas que precisa ser sempre considerado em conjunto com as despesas públicas

Normalmente os gastos públicos são mais eficientes que a tributação como forma de melhorar a distribuição de renda

É mais fácil focar as despesas públicas que a tributação Muitas vezes a busca da progressividade aumenta a complexidade do sistema

tributário Por conta das características do sistema fiscal brasileiro, em alguns casos é

mais fácil mudar a incidência tributária que gerir as despesas públicas Feitas estas considerações, sempre que for possível melhorar o impacto distributivo

do sistema tributário sem prejudicar a arrecadação e a eficiência econômica, este objetivo deve ser buscado

Qualidade do sistema tributárioDesoneração da cesta básica

Despesas com alimentação por faixa de renda – POF 2008/2009 (R$/mês)

até 830830 a 1245

1245 a 2490

2490 a 4150

4150 a 6225

6225 a 10375

mais de 10375

Despesas com alimentação 215 268 380 515 682 836 1.114

Alimentação no domicílio 179 218 298 365 457 555 617Cereais, leguminosas e oleagin. 18 18 18 17 19 18 19Farinhas, féculas e massas 11 12 15 16 21 23 27Legumes, verduras e frutas 15 21 29 38 44 58 62Carnes, pescados, aves e ovos 48 62 86 103 133 156 164Leites e derivados 21 24 36 45 56 68 83Panificados 17 21 30 41 42 60 64Óleos e gorduras 6 6 7 7 9 10 9Bebidas e infusões 18 24 33 43 55 69 76Outros 26 30 46 54 78 94 114

Alimentação fora do domicílio 36 51 81 150 225 281 497

Classes de renda familiar mensal (R$/mês)

(Parênteses)Impacto da vinculação de receitas

Para muitos tributos, a excessiva vinculação de receitas torna muito difícil realizar políticas públicas através da expansão de despesas, gerando uma forte pressão para usar medidas de desoneração como instrumento de política O exemplo abaixo mostra, em uma situação típica, o quanto seria necessário elevar a

receita de ICMS para elevar as despesas em setores não beneficiados pela vinculação (p. ex. transferência de renda ou segurança pública) em R$ 100 milhões

% R$ miReceita de ICMS 100 266,7

Transf. Municípios 25 66,7Rec. Líquida 75 200,0

Vinc. Educação (25%) 18,75 50,0Vinc. Saúde (12%) 9 24,0Dívida Renegoc. (13%) 9,75 26,0

Receita Disponível 37,5 100

Qualidade do sistema tributárioObjetivos

Características desejáveis de um sistema tributário (ajudam a compatibilizar os objetivos de arrecadação, baixo impacto sobre a eficiência econômica e justiça distributiva): Simplicidade

Reduz custos de compliance Reduz o potencial de contenciosos tributários

Equidade (incidência equivalente sobre iguais, seja entre setores, seja entre classes de renda)

Reduz o risco de incentivos que prejudicam a alocação eficiente dos recursos Reduz o risco de distorções distributivas

Transparência (clareza sobre o grau de incidência tributária) Contribui para a qualidade do debate sobre custos e benefícios da atuação

governamental Estabilidade

Mudanças excessivas de regras tributárias prejudicam o planejamento dos agentes econômicos, gerando insegurança e prejudicando o crescimento

Problemas do sistema tributário brasileiro:

questões de ordem geral

Problemas de ordem geralCusto de compliance

Tempo despendido para o pagamento de Tributos (Doing Bussiness)

País Horas/ano País Horas/ano

Brasil 2.600 Índia 243Bolívia 1.025 Colômbia 239Venezuela 792 Alemanha 218Argentina 405 EUA 175México 334 Rússia 168Japão 330 França 137Chile 291 Reino Unido 110China 261 Suíça 63

Problemas de ordem geralCusto de compliance

Custos para pagar tributos na indústria de transformação, em 2012

Custo R$ bilhões* % Faturamento % Fatur. Considerando

insumos% PIB Indústria de

Transformação

Custo de pessoal 16,3 0,77% n.d. 3,29%

Obrigações acessórias, softwares e terceirização de serviços 6,5 0,31% n.d. 1,31%

Custo do contencioso (advogados) 1,8 0,08% n.d. 0,36%

Total 24,6 1,16% 2,6% 4,96%

*Nota: Dados extraídos do estudo "O peso da Burocracia tributária na Indústria de Transformação 2012".

Fonte: FIESP e IBGE.

Problemas de ordem geralContencioso

O Brasil apresenta um grau extremamente elevado de litigiosidade em matérias tributárias

Só o contencioso federal na esfera administrativa montava a R$ 528 bilhões (11% do PIB) em setembro de 2013

Segundo estudo da OCDE, para uma amostra de 18 países, a mediana do valor do contencioso administrativo era de 0,2% do PIB

Reduz o potencial de contenciosos tributários

Apenas quatro questões tributárias em discussão no STF em meados de 2013 montavam a R$ 213 bilhões (4,4% do PIB)

Para uma amostra de 5 das maiores empresas do país, o montante dos litígios tributários cuja perda era considerada provável (provisionados) ou possível alcançava R$ 99 bilhões

Este valor corresponde a 18,9% do patrimônio líquido das empresas da amostra Para uma empresa, o valor do contencioso tributário chegava a 59% do PL

Seminário sobre o sistema tributário brasileiro

1. Introdução geral ao sistema tributário brasileiro

Núcleo de Estudos Fiscais - NEF