seminário semântica - kit fine

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Universidade Federal de Juiz de Fora Universidade Federal de Juiz de Fora Programa de Pós-Graduação em Linguística Programa de Pós-Graduação em Linguística Disciplina: Semântica e Pragmática Disciplina: Semântica e Pragmática Módulo: Semântica Módulo: Semântica Prof.: Luiz Fernando Matos Rocha Prof.: Luiz Fernando Matos Rocha FINE, Kit. Semantic Relationism. Malden, MA: The Blackwell/Brown lectures in philosophy, 2007. p. 6-32. Krícia Helena Barreto Nathália Felix de Oliveira

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Page 1: Seminário Semântica - Kit Fine

Universidade Federal de Juiz de ForaUniversidade Federal de Juiz de ForaPrograma de Pós-Graduação em LinguísticaPrograma de Pós-Graduação em LinguísticaDisciplina: Semântica e PragmáticaDisciplina: Semântica e PragmáticaMódulo: SemânticaMódulo: SemânticaProf.: Luiz Fernando Matos RochaProf.: Luiz Fernando Matos Rocha

FINE, Kit. Semantic Relationism. Malden, MA: The Blackwell/Brown lectures in philosophy, 2007. p. 6-32.

Krícia Helena Barreto

Nathália Felix de Oliveira

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CAPÍTULO 1:CAPÍTULO 1: COORDENAÇÃO ENTRE AS COORDENAÇÃO ENTRE AS

VARIÁVEISVARIÁVEISSegundo Fine (2007), tentar solucionar os

problemas ainda existentes em relação aos papéis das variáveis teria implicações tanto em nosso entendimento sobre o conceito do que são variáveis quanto em nosso entendimento de outras formas de expressão, e teria, ainda, implicações na natureza geral da semântica.

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Ao longo do livro, Fine baseia-se em uma nova abordagem para a semântica representacional para explicitar seu conceito de “relacionismo semântico”.

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A)A) A ANTINOMIA A ANTINOMIA (“paradoxo”)(“paradoxo”)DA VARIÁVEL:DA VARIÁVEL:

Fine não se baseia na semântica formal, mas na noção de que em todas as expressões com sentido há algo convencional (que tem a ver com os símbolos ou palavras utilizadas de fato) e algo não-convencional (que tem a ver com a função representacional de tais símbolos ou palavras). Portanto, o que ele chama de “papel semântico” refere-se a esse aspecto essencialmente não-convencional.

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Ao analisarmos duas variáveis isoladamente, diremos que elas têm o mesmo papel semântico, a diferença seria simplesmente “convencional” ou “notacional”, ou seja, estaria na escolha de um ou outro símbolo, e nunca na função linguística (ex: diremos que “nós” = “a gente”, uma vez que têm a mesma função – referir-se à 1ª pessoa do plural – e que podem ter a mesma referência no mundo).

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Porém, se considerarmos o papel semântico das variáveis comparativamente, veremos claramente sua diferença, daí a afirmação de que temos duas variáveis distintas, e não duas ocorrências da mesma variável (ex: nesse caso, “nós” seria diferente de “a gente”).

Generalizando, Fine postula as noções de “Igualdade Semântica” (duas variáveis com o mesmo papel semântico) e “Diferença Semântica” (duas variáveis com papel semântico diferente), sendo que tais noções não podem coexistir em uma análise.

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Para solucionar a aparente ambiguidade entre ambas as noções, podemos levar em consideração a noção de contexto, no qual a Igualdade Semântica defenderia a igualdade do papel semântico no sentido de cruzamento contextual (visto que são contextos distintos em que cada variável está sendo utilizada), enquanto que a Diferença Semântica defenderia a diferença do papel semântico no sentido intracontextual (visto que o uso de uma variável em determinado contexto impede o uso da outra nesse mesmo contexto).

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Desse modo, não haveria, agora, contradição explícita entre ambas as noções. Contudo, o autor verifica a dificuldade de se ver essas duas afirmações como sendo ambas verdadeiras, pois, se em um mesmo contexto, duas variáveis são diferentes, como, então elas podem ser consideradas iguais em diferentes contextos?

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Ao longo de seu trabalho, Fine afirma que, para solucionar tal divergência, devemos considerar ou que a Igualdade Semântica e a Diferença Semântica podem ser compatíveis entre si, ainda que aparentemente contraditórias, ou devemos explicar como uma das duas noções pode ser rejeitada.

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B) B) A ABORDAGEM DE TARSKI:A ABORDAGEM DE TARSKI:

Para lidar com a questão exposta anteriormente, Fine irá considerar três abordagens: a de Tarski, a da semântica autônoma (que inclui a abordagem instancial e a algébrica) e, por fim, a abordagem relacional.

A semântica de Tarski (1936) pode dar conta do papel semântico das variáveis aparentemente de duas maneiras:

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A primeira é tomar o papel semântico de uma variável como dado pelo seu conjunto de valores (dentro do domínio discursivo), que é, inclusive, uma maneira comum de indicar como uma variável deve ser interpretada: simplesmente identificando seu conjunto de valores (como exercendo uma mesma função dentro do discurso, por exemplo: enunciados com uma mesma proposição, “nós” e “a gente” como fazendo referência à 1ª pessoa do plural). Com esse pensamento, o papel semântico de duas variáveis dentro de um mesmo conjunto de valores é o mesmo; ele não dá conta da diferença semântica entre as variáveis.

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A segunda é tomar o papel semântico de uma variável como sendo seu “valor semântico”, que é a entidade atribuída a expressões significativas da língua, através de uma semântica composicional. A semântica de Tarski determina, portanto, o valor semântico de uma expressão complexa a partir da soma dos valores semânticos das expressões mais simples que a derivaram. Portanto, se identificarmos os papéis e valores semânticos, fica claro que duas variáveis terão papéis semânticos diferentes (se cada variável possui seu próprio valor semântico, elas, consequentemente, terão aplicações distintas).

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Porém, a visão de valor semântico para Tarski é apriorística, de modo que identifica, no máximo, uma identidade parcial do papel semântico, que serve igualmente tanto para casos de cruzamento contextual e intracontextual.

Além disso, Tarski não fornece uma diferença semântica entre as variáveis (que diz respeito ao lado não-convencional da linguagem), mas fornece apenas uma diferença tipográfica (que diz respeito puramente ao lado convencional da linguagem). Portanto, tal abordagem não resolve a antinomia estabelecida por Fine.

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C) C) A REJEIÇÃO DO PAPELA REJEIÇÃO DO PAPEL SEMÂNTICO:SEMÂNTICO:

Ao considerarmos que duas variáveis possuem o mesmo valor semântico (em contextos cruzados, como visto anteriormente) deveríamos, inicialmente, designar uma mesma sentença quantificada (uma abstração que serviria para dar conta de todas as possibilidades de uso de uma mesma variável) para ambas as variáveis, o que não procede, visto que tal generalização não permitiria a coexistência das duas variáveis na língua, já que presumiria um mesmo uso em todas as possibilidades de realização.

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Desse modo, a semântica das variáveis deveria ser autônoma da semântica das expressões quantificadas. Tal autonomia poderia ser alcançada através de duas abordagens:

D) A ABORDAGEM INSTANCIAL, que defende que, ao contrário do que foi postulado acima, o valor semântico de uma sentença quantificada depende do valor semântico da variável.

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Fine, no entanto, discorda de tal abordagem, afirmando que não há como tal proposta ser precisa.

A quantificação de uma sentença pressupõe uma abstração, na qual todas as ocorrências da variável que originou tal quantificação são englobadas.

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Nosso entendimento de uma abstração deveria ser derivado de nosso conhecimento geral da proposição expressa nessa quantificação (ex: proposição – referir-se à 1ª pessoa do plural) para qualquer que seja o valor da variável (ex: caso a variável seja “a gente”, todos os valores atribuídos a ela devem estar contidos na expressão quantificada). Porém, somos levados a crer que o entendimento da sentença quantificada só é dado em termos da sentença variável correspondente.

Portanto, a abordagem instancial não constitui uma forma autônoma da semântica.

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E) A ABORDAGEM ALGÉBRICA, que indica, através de operações algébricas, como o valor semântico de toda uma sentença será gerado a partir de propriedades e relações expressas pelos predicados primitivos nela contidos. Nesse caso, a semântica é precisa, porém a dificuldade reside em como estender tal abordagem para além do simbolismo padrão da lógica predicativa.

Uma dificuldade desse tipo surge do uso de quantificadores que se aplicam a diversas variáveis ao mesmo tempo, porém, sem estabelecer nenhuma ordem.

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Outra dificuldade similar surge do uso de “modais” e outros operadores, uma vez que, ao adicionarmos um novo símbolo para representar tais operadores de forma lógica, interpretamos os quantificadores como sendo factuais, de forma que é plausível implicar que o símbolo utilizado como operador modal deveria ser modalmente indistinguível (“Ƒ”, por exemplo, simboliza um operador modal qualquer). No entanto, seus usos são modalmente distinguíveis (ou seja, o símbolo por si só não diferencia os graus de modalização).

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Além disso, a abordagem algébrica exige que façamos decisões arbitrárias em relação à interpretação do simbolismo, exigindo que façamos abstrações.

Assim, Fine conclui que a abordagem algébrica não contribui para o uso das variáveis, uma vez que, em vez de as variáveis serem tratadas como modos de referências, elas são tratadas como maneiras mais ou menos oblíquas de indicar a aplicação de várias operações dentro de uma relação de cálculos.

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Tais abordagens, portanto, consideram que, se existe uma semântica autônoma para as variáveis, então não teríamos razões para pensar que as expressões quantificadas teriam um papel semântico, uma vez que não é requerido que elas tenham papel semântico para dar conta da semântica das variáveis (já que a noção de papéis semânticos englobaria também sentidos não-convencionais, os quais não são representados pela generalização das expressões quantificadas). Porém, Fine acredita que há fortes razões para se pensar que as expressões quantificadas têm sim um papel semântico.

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Representar uma gama de valores é, pelo menos, parte do papel semântico de uma quantificação. (ex: será parte do termo quantificado “2n” ser capaz de representar qualquer número par).

O termo variável e o termo quantificado representam uma ocorrência particular e uma gama de valores admissíveis, respectivamente.

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Assim como a representação de uma ocorrência particular é uma relação semântica, a representação de uma gama de valores admissíveis também o é. Desse modo, nós teríamos tanto razão para aceitar a representação de um conjunto de ocorrências como sendo uma parte do papel semântico de um termo quantificador, quanto teríamos para aceitar a representação de uma ocorrência particular como sendo parte do papel semântico de uma variável.

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Por exemplo, ao considerarmos a generalização “primeira pessoa do plural”: segundo alguns estudiosos, os quais vão contra o pensamento de Fine, nós só estabelecemos um papel semântico para tal generalização se levarmos em consideração todas as variáveis nela implícitas (“a gente”, “nós”, “eu e ele”, etc.). No entanto, Fine acredita que tal quantificação possui sim um papel semântico por si só sem, para isso, estabelecer uma relação com suas variáveis.

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Um de seus argumentos para comprovar tal afirmação diz respeito à relação semântica existente na expressão quantificada. Por exemplo: fica clara a existência de relação semântica na expressão quantificada quando comparamos “primeira pessoa do plural” e “primeira pessoa”, percebendo a conexão entre elas, sendo que a segunda é mais ampla do que a primeira. Porém, aprioristicamente, não conectaríamos as generalizações “primeira pessoa do plural” e “raças de cachorros”.

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Sendo a autonomia uma das três abordagens para lidar com a questão da divergência entre Igualdade Semântica e Diferença Semântica, conclui-se, então, que essa antinomia não será resolvida através de abordagens que neguem o papel semântico de expressões quantificadas.

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F) F) A ABORDAGEM RELACIONAL:A ABORDAGEM RELACIONAL:

Fine acredita que o problema da antinomia pode ser mais satisfatoriamente resolvido através da Abordagem Relacional.

Ao tentar reconciliar as atribuições de Igualdade Semântica e Diferença Semântica, dois obstáculos aparecem:

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O primeiro diz respeito a uma possível ambiguidade na noção de papel semântico; como já discutido, a distinção entre igualdade e diferença do papel semântico seria dada entre contextos (relação intrínseca ou não-relacional) e dentro de um dado contexto (relação extrínseca ou relacional). As características semânticas intrínsecas de uma expressão, diferentemente das extrínsecas, não dizem respeito a sua relação semântica com outras expressões. Por exemplo: existe uma característica semântica intrínseca em “menino”, que diz respeito, por exemplo, a seu referente no mundo, mas não faz parte de sua característica semântica intrínseca dizer que essa palavra seria sinônimo de “garoto” (tal relação seria o que Fine chama de característica semântica extrínseca entre os termos).

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Podemos, porém, considerar “garoto” e “menino” dentro de um mesmo conjunto, de tal modo que será possível analisar suas características semânticas intrínsecas (não como duas variáveis distintas, mas como um único conjunto). Nesse caso, ao afirmarmos que o papel semântico de “menino” e de “garoto” é o mesmo, estamos apenas afirmando que suas características semânticas intrínsecas são as mesmas.

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Fine considera, ainda, uma análise na qual inclui em um único conjunto as possibilidades “garoto”, “menino” (sendo intracontextual, uma vez que podem ter o mesmo referente no mundo, e exercem a mesma função) e “menino”, “menino” (sendo extracontextual, uma vez que podem ter referentes diferentes em enunciações diferentes). Nesse caso, ao afirmarmos que os papéis semânticos de “menino”, “garoto” e “menino”, “menino” (no mesmo conjunto) são diferentes, estamos apenas afirmando que suas características semânticas intrínsecas são diferentes. Assim, a dificuldade na reconciliação nas atribuições de Igualdade Semântica e Diferença Semântica não existirá mais se nós sempre considerarmos o papel semântico como sendo intrínseco.

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Contudo, um segundo impedimento acaba por surgir ao considerarmos que a noção relevante de papel semântico só se dá, como visto acima, entre contextos e intrinsecamente. A noção de “intrinsecalismo semântico” estabelece que não há uma diferença na relação semântica sem que haja uma diferença na característica semântica, ou seja, tal doutrina considera que as características semânticas intrínsecas de um mesmo conjunto de variáveis assumirão sempre os mesmos valores.

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Dessa forma, não poderíamos presumir os valores das variáveis independentemente umas das outras. Portanto, ao descartarmos a doutrina intrinsecalista, a antinomia é solucionada, já que essa doutrina somente permitiria que quaisquer duas variáveis fossem semanticamente iguais, ainda que pares de variáveis idênticas (“menino”, “menino”) e de variáveis distintas (“menino”, “garoto”) fossem diferentes.

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No entanto, devemos, em geral, estar abertos para a possibilidade de que o sentido das expressões de uma língua é dado em termos de suas relações semânticas umas com as outras. A antinomia nos mostra, assim, que a semântica fornece um outro exemplo de um aspecto da realidade, no qual as coisas apenas podem ser distinguidas em termos de suas relações umas com as outras, e não somente em termos de suas características intrínsecas.

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G) G) SEMÂNTICA RELACIONALSEMÂNTICA RELACIONAL PARA A LÓGICA DE PRIMEIRA-PARA A LÓGICA DE PRIMEIRA- ORDEM:ORDEM: O objetivo da Semântica tradicionalmente

concebida é atribuir um valor semântico para cada expressão (significativa) de uma língua. Nessa visão, a semântica é composicional, na qual uma determinada expressão é sintaticamente derivada de expressões mais simples, e o valor semântico da expressão é o somatório dos valores semânticos das expressões mais simples.

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Por outro lado, o objetivo de uma Semântica Relacional é atribuir uma conexão semântica para cada sequência de expressões; tal conexão considera não apenas as características semânticas de cada expressão individual, mas também as relações semânticas entre elas. As conexões semânticas, então, substituem os valores semânticos como sendo objetos principais da investigação semântica.

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A composicionalidade ainda será relevante, uma vez que o sentido de uma expressão complexa é dado em função dos sentidos das expressões mais simples que a compõem. Porém, a construção do enunciado deve incluir as relações dos sentidos entre os diferentes componentes e não apenas seus sentidos individuais, como afirmava a doutrina intrinsecalista, por isso, esta é que deve ser descartada, e não a composicionalidade em si.

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O conceito de conexão semântica pode ser obtido na generalização da noção de uma gama de valores que uma variável é capaz de assumir. Similarmente, dada uma sequência de expressões, podemos considerar sua gama de valores (ou conexão semântica) como sendo o conjunto de sequências de valores que as expressões são simultaneamente capazes de assumir.

A partir do estabelecimento dessa noção, Fine irá propor que as diversas ocorrências de uma mesma variável podem ser coordenadas.

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Em primeiro lugar, os objetos sintáticos não devem mais ser vistos como uma sequência de expressões, mas como uma sequência de expressões coordenadas, com um esquema de coordenação.

Em segundo lugar, em vez de se exigir que todas as ocorrências de uma mesma variável devam receber o mesmo valor, devemos exigir apenas que elas recebam o mesmo valor quando estão coordenadas. Então, a sintaxe por si só se torna relacional e coordenação no nível semântico deve ser vista como refletindo uma coordenação subjacente no nível da sintaxe.

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A Semântica Relacional de Lógica de Primeira-Ordem engloba uma solução para a antinomia, uma vez que atribui um papel semântico para expressões quantificadas (em contraste com as abordagens autônomas e a de Tarski). Através da Semântica Relacional, evita-se incorporar as variáveis nas expressões quantificadas da língua. Seus valores não são dados de forma generalizada, mas de acordo com sua coordenação. Assim sendo, para o autor, as noções iniciais de Diferença Semântica e Igualdade Semântica são substituídas pela noção de coordenação (como as variáveis se coordenam ou não umas com as outras).