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1 Enfermagem; Graduação; Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ, CNPq, [email protected] 2 Enfermagem; Doutorado; Escola de Enfermagem Anna Nery, CNPq
IMPLICAÇÕES DAS AÇÕES DOS CUIDADOS DE ENFERMAGEM A PACIENTES
PROSTATECTOMIZADOS
Cristiane Soares Carius Nogueira1
Maria José Coelho2
Resumo:
Introdução: este estudo é parte integrante do projeto de pesquisa Cuidar/cuidados de
Enfermagem, com embasamento na Saúde do Homem. As questões norteadoras para a abordagem dos
cuidados de enfermagem basearam-se no processo saúde-doença dos pacientes submetidos, por algum
motivo, a prostatectomia, e suas implicações aos sentimentos atribuídos por esses pacientes. Vários
estudos evidenciam que, atualmente é grande o índice de homens que apresentam problemas com a
próstata, em especial os acima de 60 anos, e acabam tendo que ser submetidos à ressecção total ou parcial
da próstata. Dentre as patologias que levam ao processo cirúrgico a mais comum é o câncer de próstata,
citado pelo Instituto Nacional do Câncer como sendo a quarta causa de morte por neoplasias no Brasil e
segunda maior causa de morte entre homens. A detecção precoce é realizada através da combinação do
exame digital e do PSA (antígeno prostático específico) dosado no sangue, e o diagnóstico definitivo
inclui estudo histopatológico. É bem verdade que existe uma resistência muito grande com relação ao
toque retal, que assola o psicológico do universo masculino. De um modo geral, os homens só buscam os
serviços de saúde quando o estágio da doença está avançado e/ou em casos de emergência, o que leva a
um aumento da incidência de doenças crônicas. Objetivos: verificar as ações e metas dos cuidados de
enfermagem aos pacientes prostatectomizados, conhecer e comparar o perfil dos pacientes e os dados no
que se refere à prevenção de doenças e autocuidado, além de observar os sentimentos atribuídos por eles à
questão sexual. Metodologia: este estudo foi dividido em 2 etapas. Em 2010 foi realizado um
levantamento bibliográfico com base na revisão da literatura científica sobre a temática. Em 2011, entre
os meses de fevereiro e março, foi realizado o levantamento de dados, de caráter comparativo
exploratório, com uma abordagem quantiqualitativa, através da aplicação de questionário com perguntas
fechadas e abertas. Na enfermaria da unidade de urologia do Hospital Universitário Clementino Fraga
Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde foi realizado o trabalho de campo, 27 pacientes
homens foram internados com problemas urológicos no período da coleta de dados, sendo 10 destes
internados especificamente com problemas prostáticos. Dentre estes, 2 foram selecionados para
participar da pesquisa através da aplicação do instrumento. Para análise dos dados, houve desprendimento
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de informações necessárias que atendessem aos objetivos. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética
em Pesquisa EEAN/HESFA: (21) 22938148/ ramal 228 protocolo 053/2010 de Rio de Janeiro, 25 de
maio 2010. Resultados: a partir da análise dos dados verificou-se que os 2 pacientes entrevistados
tinham acima de 50 anos; apenas um deles é casado, sendo o outro solteiro; um deles relatou ter Nível
Fundamental Incompleto como grau de escolaridade, o outro Nível Superior Completo; os 2 relataram já
ter ficado doente outras vezes; quanto a doença atual (relacionado à problemas na prostática com
conseguinte prostatectomia), um associa a fatores genéticos, visto que seu pai e avó também tiveram
câncer de próstata assim como ele, o outro relatou que seu maior problema é o descaso e associa o seu
problema a falta de cuidado próprio, pois já apresentava sintomas de Hiperplasia Prostática Benigna
(HPB), já havia feito o exame de PSA e sabia que estava com valores suspeitos e não buscou ajuda
profissional; ambos relataram como desconforto de ficar doente a dor, o distanciamento do trabalho e das
demais atividades e o anseio de incomodar as pessoas que o acompanham; os entrevistados disseram
compreender o que é explicado na área hospitalar pelos profissionais, bem como os cuidados necessários
para seu processo de cura, porém esse dado é duvidoso, já que um deles relatou dúvidas, pois sempre lhe
diziam que ele iria melhorar, mas não lhe diziam como, e ele não conseguia ver a melhora, já o outro
disse que muitas vezes deixa de perguntar sobre o que não foi bem explicitado pelo profissional da saúde
e ler sobre o assunto, a fim de entender melhor e tentar, sozinho, tirar suas dúvidas; os dados quanto ao
processo saúde-doença, a respeito de quando há a procura por uma unidade hospitalar ou posto de saúde,
evidenciaram que um dos entrevistados procura sempre que sente algum sintoma, ou sempre que acha
estar com algum problema de saúde, além das consultas periódicas de rotina, já o outro afirmou que só
procura quando está sentindo-se muito mal e não ver outra maneira de melhorar a condição de saúde do
momento, acrescentou ainda que não cuida de sua saúde e a deixa sempre em “segundo plano”; com
relação a consultas médicas periódicas, apenas um relatou ter o costume de ir, e afirmou ser a pedido da
esposa, que sempre o acompanha e não o deixa esquecer a data marcada, o outro entrevistado (que se
titulou solteiro) relatou não ter o costume de ir às consultas periódicas, só procura um profissional
qualificado em caso de emergência, e quando o faz é acompanhado pela namorada; outro dado observado
foi que o paciente que relatou não ir a consultas periódicas afirmou apresentar uma doença crônica, a
hipertensão, e faz uso de um medicamento específico, prescrito à muitos anos por um especialista; o outro
indivíduo entrevistado relatou não ter doença crônica alguma (como diabetes, hipertensão ou outras) e faz
uso de medicamento referente a doença atual e para gastrite, diagnosticada a pouco tempo; ambos os
entrevistados relataram já ter feito o exame do toque de próstata anteriormente ao referido para o
diagnóstico de sua condição de saúde atual, além do PSA; ambos relataram ainda, ter vida sexual ativa,
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mas devido a doença prostática, vinham tendo dificuldades, e receiam problemas sexuais e habituais após
a cirurgia, principalmente com relação a disfunção erétil e a incontinência urinária (que segundo Carrerete
et al, causa grande impacto negativo na qualidade de vida do homem e está muito relacionada com a
idade e com as alterações que se desenvolvem na próstata, sejam elas benignas como HPB, ou malignas
como o câncer de próstata). Considerações finais: o conhecimento prévio e a informação correta, por
parte da enfermagem, a respeito dos cuidados específicos a pacientes submetidos à prostatectomia,
compõem um pilar importante na implementação de ações efetivas que visam planos de cuidados para a
melhora desses pacientes. Deve ser levado em consideração que todo o diagnóstico aplicável as alterações
com a próstata envolve uma série de fatores que vão além dos fisiológicos e que mexem com o
imaginário masculino, desde o receio pelo exame do toque digital até a angústia com relação à cirurgia e
suas complicações. A enfermagem deve estar atenta em desmistificar esse legado cultural e buscar
quebrar muitas ditas verdades do universo masculino, mostrando outras dimensões sobre o exame digital,
por exemplo, baseado em evidencias de quem já realizou o exame. Em outras palavras, o(a) enfermeiro(a)
deve buscar se o problema é realmente cultural, psicológico e medo infundado da possível dor, mas se
tem a ver com o resultado dos exames e o diagnóstico em si. A enfermagem deve contribuir para o
cuidado da saúde do homem de um modo geral, e o primeiro passo é deixando o paciente ser at ivo no seu
processo de cura, dando acolhimento necessário e sabendo ouvir suas indagações. Por fim, essa pesquisa
está engajada em contribuir para o conhecimento científico a respeito dos cuidados de enfermagem a
respeito desse grupo específico e ressalta-se a necessidade de mais pesquisas sobre o assunto.
Bibliografia:
1. Carreret FB, Damião R. Incontinência Urinária no Homem. Rev HUPE 2010 Dez; 9:28-5.
2. Filho GB. Bagliolo Patologia. 6ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2000.
3. Filho RT F, Damião R. Câncer de Próstata. Rev HUPE 2010 Dez; 9: 20-7.
4. Ministério da Saúde, Instituto Nacional do Câncer. Câncer da próstata. INCA, 2002.
5. Napoleão AA, Mata LRF, Vianna MC, et al. Applicability of nursing interventions classification. Rev
Enferm UFPE On Line. 2010 jan/mar;4(1):319-26.
6. Smeltzer SC, Bare BG. Tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 10th ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan; 2005.
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Palavras-chaves: Cuidados de Enfermagem; Saúde do Homem; Prostatectomia.
Área temática: Processo de cuidar em Saúde e Enfermagem.
Ciência da Enfermagem em tempos de interdisciplinaridade.
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