seminário clínica cirúrgica doenças das paratireoides
TRANSCRIPT
Seminário: Doenças das Paratireóides
Professores: Francisco Edson Rocha, Glycon Cardoso, Arivaldo Bizanha, Antônio
Carlos Nóbrega e Gustavo Ferreira
Alunos: Aline Mota, Larissa Braz, Marcela Vilela, Nathália Martins e Tamise Casioca
Brasília, 2015
AnatomiaGlândulas paratireóides
- 4 glândulas ovais e achatadas situadas externamente à cápsula tireóidea, na metade medial da superfície posteriorde cada lobo da tireoide;
- As paratireóides superiores situam-se pouco mais de 1cm acima do ponto de entrada das artérias tireóideas inferiores, geralmente* a nível inferior da cartilagem cricóidea;
- As paratireóides inferiores situam-se pouco mais de 1cm abaixo da entrada arterial, geralmente* próxima aos polos inferiores da tireóide.
MOORE, 2010
Disponível em:https://www.youtube.com/watch?v=iSbGQV-ndJM
Fonte: Mayo foundation for Medical education and research
São comuns as variações de topografia*
Anatomia
Glândulas paratireóides
Vasos:
- Vascularização: principalmente por ramos das artérias tireóideas inferiores, além de ramos das a. tireóideas superiores, a. tireóidea ima ou artérias laríngeas, traqueais e esofágicas;
- As veias paratireóideas drenam para o plexo venoso tireóideo da glândula tireoide e da traqueia;
- Os vasos linfáticos drenam com os vasos da glândula tireoide para os linfonodos cervicais profundos e linfonodos paratraqueais;
Inervação: abundante, derivada de ramos tireóideos dos gânglios simpáticos cervicais (nervos vasomotores). MOORE, 2010
Fisiologia• As glândulas paratireóides monitoram e controlam a quantidade de cálcio* no sangue e ossos
através do hormônio PTH;
• Paratormônio (PTH):
- Antagônico da calcitonina produzida pelas células C parafoliculares da tireoide;
- Estimula a remoção de cálcio e fosfato da matriz óssea (osteoclastos reabsorvem a matriz e solubilizam o Ca+);
- Estimula a hidroxilação da 25-hidroxivitamina D a sua forma ativa no rim, aumentando a absorção de cálcio e fosfato pelo intestino;
- Nos rins, aumenta a reabsorção de cálcio e inibe a reabsorção de fosfato e bicarbonato pelos túbulos renais;
= Aumento da concentração de cálcio no plasma.AMARY et.al, 2008
- Coagulação sanguínea, formação óssea, contração muscular e repolarização da membrana, etc;
- Está contido quase totalmente nos ossos. Nível plasmático: 9,0 a 10,5mg/100mL
Disponivel em: http://www.nature.com/nm/journal/v17/n4/fig_tab/nm0411-428_F1.html
Fisiop
atolo
gia
Fisiopatologia
- Distúrbios na secreção de PTH pelas paratireoides podem ocasionar:
• Hipoparatireoidismo: persistente redução de secreção do paratormônio, seguidos de hipocalcemia e hiperfosfatemia.
• Hiperparatireoidismo: Resultado da hipersecreção persistente do paratormônio podendo ser primário, secundário e terciário.
AMARY et.al, 2008
Hipoparatireoidismo
Hipoparatireoidismo
• Diminuição da liberação de PTH pelas paratireoides;
• Causa mais comum: trauma cirúrgico em cirurgia de tireóide, paratireóide e neoplasias de cabeça e pescoço, podendo ser, nestes casos, transitório ou definitivo. (transitório 20x mais frequente)
• Outras causas: doenças autoimunes, doenças congênitas, doenças infiltrativas,lesão por irradiação, perda idiopática de função, etc.
• Principais sinais e sintomas são diretamente atribuídos à redução do cálcio ionizado, resultando em aumento da excitabilidade neuromuscular;
SABISTON, 2008 PCDT, 2010
*Queda do nível do cálcio sérico após operação;
Hipoparatireoidismo
• Manifesta-se através dos sinais e sintomas da hipocalcemia;
• A presença de aumento da excitabilidade neuromuscular pode ser avaliada no exame clínico pela presença dos sinais de Trousseau e Chvostek:
a) Sinal de Chvostek - desencadeamento de espasmos dos músculos faciais em resposta à percussão do nervo facial na região zigomática.
b) Sinal de Trousseau - espasmo carpal em resposta à compressão do braço por meio de esfigmomanômetro insuflado 20 mmHg acima da pressão sistólica durante 3 minutos.
SABISTON, 2008 PCDT, 2010
Hipoparatireoidismo
Outros sintomas:
• Parestesias e formigamento na área peri-oral;
• Ansiedade ou confusão mental;
• Hiperreflexia;
• Estridor laríngeo;
• Tetania (caracterizada por espasmos cardopedais);
• Convulsões tônico-clônicas;
• Prolongamento do seguimento QT, etc.
SABISTON, 2008 PCDT, 2010
Hipocalcemia grave!
Fonte: Coleção Netter de ilustrações médicas
Hipoparatireoidismo
Objetivos:
- Evitar complicações agudas e crônicas da hipocalcemia
- Manter o cálcio total no soro no limite inferior da normalidade (entre 8 e 8,5mg/dL)
PROTOCOLO CLINICO E DIRETRIZES TERAPEUTICAS (PCDT), 2010
Tratamento
• Hipocalcemia aguda grave: administração intra-venosa emergencial de gluconato ou cloreto de cálcio.
• Tratamento de manutenção: correção da calcemia (Cálcio + vitamina D sintética) via-oral
a) Vitamina D: - Alfacalcidol:*dose inicial de 0,5mcg, por via oral, 1 vez ao dia. A dose de manutenção é geralmente de 0,5 a 6mcg ao dia em 1 ou 2 administrações.- Calcitriol:* dose inicial de 0,25mcg, via oral, 1 vez ao dia. A dose de manutenção é geralmente de 0,25 a 3mcg ao dia em 1 ou 2 administrações.b) Cálcio:- Carbonato de cálcio: 2 a 6 g ao dia, v.o, em 2 a 6 administrações, com pelo menos 3 administrações juntamente com as refeições.
* ajuste subseqüente de acordo com a calcemia.
Hipoparatireoidismo
• Um dos efeitos indesejados é o desenvolvimento de hipercalciúria;
• Medidas (Controle ou prevenção):
- Limitação da ingestão de sódio;
- Uso de diuréticos tiazídicos;
- Redução nas doses de cálcio ou vitamina D sintética 1alfa-hidroxilada;
- Monitorização: acompanhamento regular (inicialmente de 7 a 14 dias, depois a cada 3 a 6 meses) com dosagens séricas de cálcio e fósforo, de creatinúria e calciúria em 24 horas;
- O tratamento deve ser contínuo ao longo da vida, com monitorização constante.
Tratamento
*PTH tem efeito anticalciúrico!!
PROTOCOLO CLINICO E DIRETRIZES TERAPEUTICAS (PCDT), 2010
Hiperparatireoidismo
• Conceito: terceira alteração endócrina mais comum, resultado da hipersecreção persistente do paratormônio podendo ser primário, secundário e terciário.
• Etiologia
1. Adenoma de paratireóideNeoplasia benigna encapsuladaResponsável por 80 a 90% dos casos de HPT
2. HiperplasiaProliferação de células parenquimatosasResponsável por 10 a 15% dos casos de HPT
3. Síndromes de Neoplasia Endócrina Múltipla (NEM)NEM 1: HPT primário + lesões pâncreas e hipófiseNEM2A: HPT primário, câncer medular de tireóide e feocromocitoma
4.Carcinoma das paratireóidesNeoplasia invasiva de crescimento lentoResponsável por <1% dos casos de HPT primário
Hiperparatireoidismo Primário
SABISTON,2010
• Sinais e sintomas:1. Envolvimento ósseo intenso 30% Ossos dolorososOsteíte fibrosa cística
2. Litíase renal de repetição 20%3. Síndrome Neuropsiquiátrica 3%DepressãoConfusão mentalHiper-reflexia profunda
4. Outros sintomas FadigaLetargiaDesconfortos abdominais
Hiperparatireoidismo Primário
Hoje em dia o diagnóstico bioquímico geralmente é feito antes do surgimento dos sintomas 30-40% dos pacientes encontram-se
assintomáticos ou minimamente sintomáticos.
Até os anos 70, 75% dos pacientes se apresentavam inicialmente com nefrolitíase Hoje menos de 20% dos pcts possuem alterações renais.
PROJETO DIRETRIZES, 2006
Hiperparatireoidismo Primário
• Diagnóstico- Elevação do cálcio no soro > 10,4mg/dL
Normal: 8,5 e 10,2 mg/dL- Elevação do HPT
O hiperparatireoidismo primário, mesmo assintomático, pode se associar com aumento de risco para doenças cardiovasculares5 (B),
diabetes e fraturas osteoporóticas.
PROJETO DIRETRIZES, 2006
Hiperparatireoidismo Primário
• Tratamento Medicamentoso1. Pacientes assintomáticosAlendronato oral: melhora a densidade mineral óssea, diminui os marcadores
bioquímicos da remodelação ósseaCloridrato de Cinacalcet: bloqueia a secreção do PTH, normaliza o Ca sanguíneo, não
aumenta a densidade mineral óssea2. Pacientes na menopausaReposição hormonal: supressão da reabsorção óssea, redução da excreção urinária de
Ca, aumento da densidade ósseaRaloxifeno: modulador seletivo do receptor estrogênico, diminui os marcadores
bioquímicos da remodelação óssea
PROJETO DIRETRIZES, 2006
Hiperparatireoidismo Primário
• Tratamento Cirúrgico1. IndicaçõesPacientes sintomáticosPacientes com osteoporoseIdade inferior a 50 anosCa sanguíneo 1mg/dL acima do valor referencial
2. ParatireoidectomiaPacientes assintomáticos: aumento de 10% na densidade mineral óssea nos primeiros
10 anosPacientes sintomáticos com envolvimento ósseo: ganho de 60 a 100% no primeiro
ano pós-cura cirúrgica
A cura cirúrgica leva a uma redução no risco de fraturas e diminuição da mortalidade.
PROJETO DIRETRIZES, 2006
Crise Hipercalcêmica
• Conceito: Hipercalcemia grave com níveis séricos de Ca maiores do que 15mg/dL
• Sintomas:Alterações do estado mentalNáuseas, vômitoDesidrataçãoLetargiaComa
CAMPBELL,2012
Crise Hipercalcêmica
• Tratamento1. Suspensão de agentes farmacológicos associados à hipercalcemia
Digoxina - potencializa a arritmia em casos de hipercalcemia2. Hidratação
Infusão em velocidade rápida para reverter a diminuição do volume intravascular e promover a excreção renal de cálcio
* Pct com insuficiência renal diálise3. Diuréticos de alça
Inibem a reabsorção de Ca na alça de Henle
CAMPBELL,2012
Hiperparatireoidismo secundário
• Excesso de produção PTH para mobilizar o cálcio dos ossos em resposta aos baixos níveis de cálcio.
• Doença renal: pctes em diálise por IRC.
• Deficiência de Vit.D (raquitismo/osteomalacia): diminuição de vit.D diminui a absorção de cálcio pelo intestino diminui calcemia.
• Má absorção intestinal de Cálcio diminui calcemia.
FERREIRA, 2008
Hiperparatiroidismo secundário
• A hiperplasia precede à disfunção.
• Essa hiporregulação mostrou-se mais acentuada nas glândulas com hiperplasia do tiponodular*, do que difusa.
• Quadros graves de HPT2º têm sido associados com a perda do alelo 11 em glândulasparatireoideanas.
*Atribuída as anomalias genéticas.
FERREIRA, 2008
Déficit de Vit. D + anormalidades no receptor de Ca +hiperfosfatemia conduz ahipocalcemia, que é o principal determinante da hipersecreção do PTH e da proliferação decéls. Paratireoides.
Hiperparatiroidismo secundário
• Papel indireto do fósforo sobre o PTH, via hipocalcemia:
• Hiperfosfatemia Î resistência óssea ao PTH e inibe a produção de Vit.D estimulasecundariamente a produção de PTH pela diminuição da calcemia.
• Aumenta a proliferação das céls. Paratireoidianas
• Resistência óssea à ação calcêmica do PTHmenor incremento da calcemia frente àselevações do PTH.
• Pctes com IRC necessitam de maiores níveis de PTH para manter a calcemia e oturnover ósseos normais. (*pcte tem resistência óssea- osteoblastos)
FERREIRA, 2008
Hiperparatiroidismo secundário
• Clínica:• Antigamente se apresentavam com dores ósseas, fraqueza muscular, prurido,
rotura de tendão, calcificação metastáticas e deformidades esqueléticas.
• Atualmente a grande maioria dos pctes em diálise são oligossintomáticos(*medidas preventivas e controle precoce do HPT2º)
• Problemas clínicos:• Hiperfosfatemia, calcificações coronarianas e calcifilaxia têm emergido
• Hiperfosfatemia: não restrição dietética; uso inadequado de quelantes;incapacidade da diálise em remover do fósforo; e a liberação do fósforo pelo ossoconsequente de HPT2º não controlado.
FERREIRA, 2008
Hiperparatiroidismo secundário
• Tratamento:• Diminuir a chance de HPT3º.
• Diminuição do fosfato sanguíneo:• Dieta: leite, queijos,ovos, produtos lácteos
• Carbonato de cálcio: quelante do fosfato durante ou imediatamente pós-prandial.
• Hidrocloreto de Sevelamer: evita a retenção de Al e elevação excessiva de Ca.
• Aumentar nível de cálcio:
• Suplemento de calcitriol VO ou IV
• Hipercalcemia e a hiperfosfatemia limitam o tto.
• Pctes graves não respondem.
• Análogos de Vit. D: inibem a produção de PTH sem causar hipercalcemia e/ouhiperfosfatemia. Indisponível no Brasil.
FERREIRA, 2008
Hiperparatiroidismo terciário
• HPT2º grave não responsivo ao tto clínico
• Paratireóide ainda produz excesso de hormônio, mesmo quando a causa desse excesso de produção já foi solucionada.
• Nódulo autônomo de tecido paratireoideo que se desenvolve enquanto o paciente sofre de hiperparatiroidismo secundário.
FERREIRA, 2008
Hiperssecreção autônoma de PTH mesmo com manifestações dehipercalcemia, devido ao crescimento monoclonal de uma ou maisglândulas previamente hiperplásicas.
Hiperparatiroidismo terciário
• Tratamento cirúrgico• Falha no tto clínico do HPT2º
• Paratireoidectomia (PTX) subtotal:• Mais comumente realizada
• Recorrência.
• PTX total com auto-impante• No antebraço ou na região pré-esternal
• Vantagem ao tipo subtotal: facilidade ao acesso ao enxerto em caso de excesso ou mesmo falta de tecido paratireoidiano.
FERREIRA, 2008
Hiperparatiroidismo terciário
• Principais complicações da cirurgia
• Lesão do nervo laríngeo recorrente disfonia, tosse.
• Hipoparatireoidismo definitivo
• Hipoparatireoidismo transitório pós-operatório no PO os ossos podem apresentar-se com “fome” de cálcio e fosfato, e absorver tudo gerando déficit no sangue. Normalizado quando as paratireoides voltam a perceber os níveis de cálcio no sangue.
FERREIRA, 2008
Doenças Hereditárias das Paratireóides
Neoplasia Endócrina Múltipla Tipo 1 (MEN 1)
• HiperPT 1ª multifocal (em 2 ou + paratireoides)
• Associada a tumores de ilhotas pancreáticas e adenomas de hipófise
• Ocorre entre os 30 e 50 anos
• Transmitida de forma autossômica dominante
• Causa: mutação que inativa o gene MEN 1 (gene supressor tumoral)
• Paratireoides aumentadas de volume assimetricamente e alta incidência de glândulas supranumerárias (20%)
• Conduta: rastreamento bioquímico (PTH e cálcio) e genético
HOFF & HAUACHE, 2005
Neoplasia Endócrina Múltipla Tipo 1 (MEN 1)
• Manifestações Clínicas:
→ Similares ao hiperparatireoidismo esporádico, com identificação de hipercalcemia assintomática.
→ Nefrolitíase, osteoporose, fraturas ósseas e sintomas de hipercalcemiagrave são manifestações tardias.
D.D.: MEN 2A, hipercalcemia familiar, hiperparatireoidismo adenomatoso familiar e hiperplasia paratiroidiana familiar
HOFF & HAUACHE, 2005
Neoplasia Endócrina Múltipla Tipo 1 (MEN 1)
• Tratamento Cirúrgico:
→ Cálcio sérico > 12 mg/dL
→ Urolitíase
→ Doença óssea decorrente do hiperparatiroidismo
• Menor perspectiva de cura, com recidiva de 50% em menos de 10 anos
Paratiroidectomiasubtotal
Paratiroidectomiatotal
Retirada de 3 glândulas e meia
Retirada total + enxerto de tecido
paratireoidiano no antebraço não
dominante
• Maior recidiva, segundo NationalInstitute of Health
• Pode ser realizada por cirurgiões menos experientes
• Resulta em menos casos de hipoparatireoidismo
Vantagens:• Facilita intervenção
cirúrgica subsequente
• Medição comparada do paratormônio
HOFF & HAUACHE, 2005
Neoplasia Endócrina Múltipla Tipo 2 (MEN 2)
• Achados de carcinoma medular de tireoide, feocromocitoma e HPT 1ª
• HPT mais leve e mais assintomático, devido a adenoma único, embora possa ocorrer uma hiperplasia multiglandular
• Screening genético possibilita diagnóstico precoce
• Cirurgia (HPT):
→ Paratireoidectomia total com autotransplante;
→ Paratireoidectomia subtotal preservando uma parte bem vascularizada de uma das glândulas in situ
→ Ressecção de uma única paratireoide
• Dosagem de Calcitonina e Antígeno Carcinoembriônico semestral e determinações séricas do Cálcio e PTH anualmente
MAIA et al. 2005
Hiperparatireoidismo Familiar Isolado
• Rara doença hereditária de padrão autossômico dominante
• Hiperparatireoidismo primário sem associação com outras doenças ou tumores endocrinológicos
• Diagnóstico: demonstração de hipercalcemia, aumento inapropriado dos níveis de paratormônio (PTH) e presença de tumores de paratireóide à histopatologia
• Hipercalcemia mais grave e mais precoce
• Doença mais agressiva que a HPT esporádica ou a NEM e com alta recorrência
• Abordagem cirúrgica mais agressiva com exploração de todas as glândulas
MOULIN, 2007
Carcinoma de Paratireóide
• É raro e tende a ocorrer 10 anos antes dos Adenomas
• Tem sido relatado em pct com HPT 2ª
• Hipercalcemia acentuada (> 14 mg/dL): fraqueza muscular, fadiga, depressão, náuseas e poliúria
• Maior suscetibilidade para doença óssea ou renal associada
• Suspeitar se:→ PTHi extremamente alto
→ Massa cervical palpável
→ Captação significativa à cintilografia com Sestamibi
→ Evidências no US de invasão (perda dos planos entre paratireoides e tireoide + linfadenopatia)
SABISTON, 2010
Carcinoma de Paratireóide
• Abordagem cirúrgica agressiva inicial: ressecção do tumor em bloco*, lobectomia ipsilateral e ressecção de tecidos moles subjacentes
• Não realizar biopsia de
congelação antes da ressecção
• Fatores prognósticos adversos:→ Paratireoidectomia simples
→ Presença de metástases em linfonodos ou à distância (pulmão, fígado e ossos)
• Óbito por efeitos metabólicos da hipercalcemia não controlada
* Recorrência: 8%; Sobrevida global: 89%
→ ruptura da cápsula e difusão de células tumorais para o pescoço
SABISTON, 2010
• Materiais e métodos• Estudo transversal incluindo os pctes com DRC.• Entre fev/2011 e out/2012.• 166 pctes submetidos à PTX com autotransplante pré-esternal de PT.
• 44- HPT2º• 122- HPT3º
• Indicados à cirurgia por:• Hipercalcemia e/ou hiperfosfatemia persistentes;• Prurido; dor óssea; fraturas ou alto riso de fraturas; • Deformidades e/ou calcificações esqueléticas; calcifilaxia;• Evidências radiológicas de osteodistrofia renal.
• Excluídos: pctes que previamente passaram pela cirurgia.
Artigo
Artigo
• Foram analizados os laudos de USG e as imagens da MIBI de cada pcte, sendo quantificado para cada exame, o número de PT observadas e sua localização.
• Todos os pctes tiveram a mesma equipe cirúrgica.• Técnica: Paratireoidectomia convencional com exploração cervical bilateral e
autotransplante heterotópico intramuscular pré-esternal.• PT não localização habitual;
• Exploração sistemática das regiões retroesofágica, bainha carotídea, lingueta tímica e mediastino superior.
• Ainda não encontrada lobectomia total ipsilateral da glândula tireoide.• Pctes com glândula não indentificada, com recidiva da doença glândula ectópica e
falha cirúrgica.• Somente pctes com acompanhamento mínimo de 6 meses foram incluídos no estudo.• Foram comparados os dados fornecidos pelos exames de imagem e os achados
intraoperatórios, de cada pcte. *Cintilografia com Tc99m-Sestamibi
Artigo
• Dos 166 pacientes:• 150 tinham 4 paratireoides• 8 tinham 5 paratireoides (4,8%)• Outros 8 pctes tinham apenas 3 PT (4,8%)
• 4 pctes não apresentavam evidências clínico-laboratoriais de recidiva da doença (2,4%)
• 4 pctes apresentavam persistência do hiperparatireoidismo no seguimento PO, e suas glândulas não encontradas foram consideradas ectópicas. Falha cirúrgica de 2,4%.
• Quanto à localização:• 86,4% tópicas• 13,6% ectópicas (*87 localizadas em posição não habitual)
Artigo
• Quanto ao número total: 688 PT• 664 das glândulas foram localizadas (99,4%)
• Com relação às 87 glândulas ectópicas:• A PT superior direita e a inferior esquerda (PTIE) foram as mais comumente
encontradas na posição não habitual.• PTSD: ectópica em 24,6% das vezes com posição retroesofágica mais frequente
(71,8%)• PTIE: ectópica em 17% dos casos, sendo a região tímica a mais comum para o seu
encontro (76%)• Avaliação pré-OP:
• 92,1% fizeram USG• 95,7% fizeram a MIBI
Artigo
• USG identificou: 1,58 glândulas/exame• MIBI identificou: 2,41 glândulas/exame• Entre as 3 PT na bainha carotídea:
• 1 evidenciada pela USG e pela MIBI• Entre as 5 PT intratireoidiana:
• 2 foram sugeridas pela USG• Entre as 3 PT localizadas no mediastino:
• Todas foram visualizadas pela MIBI
Artigo
• Discussão:• 2,4% dos pcte apresentaram falha cirúrgica.• No presente estudo: 13,6% de PT ectópicas.• Associação da USG e MIBI identificaram 34,1% das PT ectópicas. • USG isoladamente:19,8% e MIBI: 26,4% das PT ectópicas.• Facilidade dessa associação em identificar PT na região do mediastino superior e
região tímica. • Superioridade da MIBI em identificar PT no mediastino superior. • MIBI pré-OP foi capaz de identificar 73,7% das PT ectópicas nessas regiões.• O uso de exames de imagem na identificação de glândulas supranumerárias
ectópicas no pré-op foi útil para o planejamento cirúrgico e no sucesso do tratamento.
Referência
• HOFF & HAUACHE. Neoplasia Endócrina Múltipla Tipo 1. Arq Bras Endocrinol Metab vol 49 n° 5 Outubro 2005.
• MAIA, AL; GROSS, JL; PUNALES, MK. Neoplasia endócrina múltipla tipo 2. Arq Bras Endocrinol Metab, São Paulo , v. 49, n. 5, Oct. 2005 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302005000500013&lng=en&nrm=iso>. accesson 07 Mar. 2015. http://dx.doi.org/10.1590/S0004-27302005000500013.
• MOULIN, Lívia Xavier et al . Hiperparatireoidismo primário familiar isolado: análise e descrição de uma família com seis casos índices. Arq Bras Endocrinol Metab, São Paulo , v. 51, n. 9, Dec. 2007 . Available from<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302007000900020&lng=en&nrm=iso>. accesson 07 Mar. 2015. http://dx.doi.org/10.1590/S0004-27302007000900020.
• SABISTON, Tratado de cirurgia. Townsend et al. 18 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010
• AMARY, M. F. C.; BAPTISTA, P. P. R. Paratireóides: estrutura, funções e patologia. Acta Ortop Bras. 2008; 17(2):53-7
• MOORE, K. L.; DALLEY, A. F. Anatomia orientada para a clínica. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
• MINISTÉRIO DA SAÚDE, Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas- Hipoparatireoidismo. BRASIL, 2010.
• SABISTON, Tratado de cirurgia. Townsend et al. 18 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
• ASSOCIAÇÃO MEDICA BRASILEIRA e CNSELHO FEDERAL DE MEDICINA. Projeto Diretrizes do Hiperparatireoidismo Primário. Brasília, 2006
• CAMPBELL. Casos Clínicos em Cirurgia. São Paulo: Artmed, 4ed. 2012.
• ANDRADE, Jose Santos Cruz de et al . Localizacao de glandulas paratireoides ectopicas e supranumerarias em pacientes com hiperparatireoidismosecundario e terciario: descricao cirurgica e correlacao com ultrassonografia e cintilografia Tc99m-Sestamibi pre-operatorios. Braz. j. otorhinolaryngol., São Paulo , v. 80, n. 1, Feb. 2014 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-86942014000100029&lng=en&nrm=iso>. access on 09 Mar. 2015. http://dx.doi.org/10.5935/1808-8694.20140008.