sejamos realistas, tentemos o impossível (heliana de barros conde rodrigues)

Upload: nathalia-jaccoud

Post on 12-Jul-2015

1.925 views

Category:

Documents


30 download

TRANSCRIPT

Capitulo 31"SEJAMOS REALISTAS. TENTEMOS 0 IMPOSS~VEL!"

Desencaminhando a psicologia atraves da Analise InstitucionalHeliana de Barros Conde RodriguesE possivel que o leitor ja tenha encontrado profcssores ou psicologos conhecidos como analistas institucionais, institucionalistas, .rocioanalistn.sou esquizoanalisttns Embora esses termos n2o sqjam cquivalcntes, associam-se a um cstilo comum: preocupaq2o em problematizar o quc parecc natural aos olhos da maioria; interesse por transformaqijes nos campos da saitdc, saudc mental, educaq5o etc.; recusa a reduzir a abordagem dc qualquer questk ao que sobre ela afirma a Psicologia, considerando o que esta diz eiou faz como parte do tema em anhlise; livre incurs50 por varies espaqos do saber - ciencias sociais, histbria, filosofia etc.; referencia constante as relaqGes de poder quc permciam a produqiio de conhecimento; repetida a h 5 0 a movimentos de carater libertario n~aio 68, em especial, dai o titulo deste capitulo, quc reproduz um dos de famosos grafites que cobriram os muros de Paris nessa kpoca. Cumpre ressaltar, porCm, que uma aproximaqgo maior evidcnciara diferenqas: alguns institucionalistas recorrem a conceitos psicanaliticos, enquanto outros s2o criticos ferozes da pcrspectiva fi-cudiana; muitos privilcgiam as praticas grupais, mas ha tambkm os quc insistem em distinguir grupalismo e institucionalismo; o termo subjetiaidade, apcsar de jamais ausentc de seus discursos, n5o tem o mesmo sentido para todos; uns citam Lourau e Lapassade, outros rcmetem a Deleuzc r Guattari, outros ainda prckrcrn os grupalistas argcntinos, afi~raos entusiastas dc Basaglia c da Psiquiatria l>cniocratjca italiana c os clue tcntanl condinar tudo isso corn crmlril~uic;Gus hrasilciras, em husca dc uma polifbnia nlinimamcntc ;~fiiiada.-

Essas scmelhanps e disparidadcs apontam a uma rede de sabercs e priticas chamemo-la, a partir de agora, Analise Institucional (AI) , cuja reconstruqiio constitui um desafio para o historiador da psicologia, pois tal cxpress5o de modo algurn designa tcorias e tkcnicas psico-lbgicas, isto 6, submetidas A16gicapsi. Sc algo se podc predicar sem rcccios da AT, por sinal, C que cla toma a P~icolo~gia nada mais do que uma dcntrc as in.stitui@eLs como em que se prop% a analisar, a desnaturalizar, a rcinvcntar a d~smcntninhnr, suma, dai o subtitulo destc capitulo.-

Como era gostoso o meu francisIniciarcmos a aprcscntaqiio corn a histhria da Andisc Institucional na Franqa, visto provircm deste pais as principais transmissfics clue formaram os institucionalistas hrasilciros. Para tanto, estabclccemos uma pcriodizaqiio cu-jos limitcs assinalam momentos de transt'ormaqiio nos modos de pcnsar, atuar e scr da intelcctualidadc francesa, dcfinindo comcqos, recomeqos ou 'viradas' na trajctoria da AI: (1) do "Efeito Stalingrado" ii 'ruina das plantaqfirs do cscritor'; (2) de 'quando Bandung substituiu Rillancourt' A "Grande Kccusa"; (3) do 'Maio feito Mao' ao 'triunfo da rosa'; (4) 'os anos de inverno'.

Do "Efeito Stalingrado" (1945) a 'ruina das plantagties do escritor' (1956)Terminada a Segunda Guerra Mundial, na P'ranqa ocupada pelos nazistas durante o conflito , o Partido Comunista Francts (PC13se vi. dotado dc imenso prcstigio, decorrente da participaqk, considerdda hcrbica, de scus membros na resistZncia ao invasor. l'or E ~ ~ 1 . l . o STAI,IT\'GRAI)O designamos as convquincias, no seio da intelectualidade, dcssa-

participaqiio: o PCF ce torna o partido dos intelectuais e, em articulaqiio com a disputa pela hegemonia econamica c politicd mundial, instaura-sc, em termoc de posturac teoricas, urn 'cixo horizontal' de opq5o, uma "L6gica de Guerra Fria" ou Leste ou Oeste, ou Moscou ou Washington, ou Comunismo ou Chpitalismo.-

ExprcssXo msplrada no cerco de SrALINGRADO Armada *IernP a ba

(1942-1943)-vltbria do9 exbrcltosvermelhos que abnu caminho ao desembarque dos aliados na Normandla (1944), mostrando-se decisiva para o desfecho da Segunda Guerra Mundial

Em tal panorama, subtraia-se do estudo das instituiqiics qualqucr autonomia, dado serem vistas como mero produto da filiayiio a regimes econ6mico-politicos comunismo ou capitalismo, uma vcz mais. Essa 'cscolha forqada' estava a tal ponto rigidificada, quc a m o u \ IWS IILAS C I ~ C L \ S chegou a gozar de significative prestigio. A partir de 1946, Andrei Jdanov, secretario Duas configuraqiics, contudo, escapam ao de ideologia do Partido Comunista da UniHo binarismo dominantc: as aq6es libcralizantes, SoviCtica (PCUS), reatualiza a TEORIA DAS I ~ \ S CIENC:IAS, criada no inicio do s6culo durante a ScLgunda Cherra c no phs-guerra, cm XX, segundo a qua1 a ciencia C burguesa alguns estabelccimentos psiquiatricos e a ida OIL proletaria. Uma das realizaqdes mais polemicas dessa perspectiva liga-se & Hiologia. de miss6es de intelectuais franceses aos EUA, Em 1948, um relatorio do agr8nomo russo como parte das iniciativas do Plano Marshall Trofime Lyssenko identifica duas correntes na biologia moderna: a proletciria, que concebe o (programa de cooperaqiio norte-americana homem como capaz de transformar os reinos para a recuperaqiio econ6mica da Europa no animal e vegetal, e a reanonciria, praticada pelos pesquisadores do mundo capitalista, inspirados pbs-guerra), a fim de se familiarizarem com na genktica mendeliana, que v&os gens coma invariantes, a nHo ser no caso de mutaqdes tkcnicas modcrnas dc gest2o emprcsarial.-

acidentais.

Sobrevivendo ao inferno - a Psicoterapia lnstitucionalApos a Scgunda Guerra Mundial, os asilos psiquiatricos fbram muitas vezes comparados aos campos de concentrac;iio. Na Franqa, onde ainda predominax~aa teoria da hereditariedade-degencrcsci.ncia, ccrca dc 40.000 internos morreram durante o conflito, em total abandono materialTOSQLELLES fora As guerras, no entanto, podcm apreserltar mCdico-residente no hosconseqiihcias inesperadas. Em 1939, fugindo de Emilio pitd Pere Mats e MrayL+ez.Interessadoempsican%se da perseguiqh das tropas franquistas que e militante de esquerda, voltara-se ao estudo haviam derrotado os dcfensores da Republics das obras de ~ r e u dMam, Reich, Politzer e dos , primeiros trabalhos de Lacan. Durante a I. B. (19953 C;uardiZe.\ da ordenr: umu cin~gm C. pr1o.r pr-dticns "/,a" (lo Hrci.til do "n~ilu~qru". Rio dc Janciro: Oficina d o autor. I)aumezon, G.; Koechlin, P. (1952)A psicoterapia institucional tl.:incrs;i co11[cm1)01.%11ri1.n a i t ~l Purl~~guoe~ dep~zquialria, drz. (4), Dcleuzc~,G.; Guatrari, F: 11 972) 0 nnti-zdipo: cnpitnl~srm ~~~~~~~~~~miu. I,isl~o'i::\ssirio c Akirn. t- (1!)73/

1976) "Entre\,ist;r I". Em Carrilho, h1. RI. (or.g,j (,ii,f~~ta/itn~o i. cwpiujrcnici: dotiter ~nli-&dil,o.Lishoa: Assirio c rilvirn.

-(1977 [1975]) lihzu: For runs litemturn m m w . Kio dc Janriro: Imago. -(1080) lMilC Plateaux. Paris: hlinuit. -(1 992 [I 99 1 I) 0 guc t a,fik.&.'.

Rio de.Janriro: Edit ora 34. Uonzclot, ,J. (1976) Uma anti-sociologia, In: Carrilho, LI. RI. (erg) Oyapi/c~li.~rno r rtqui~oJrenici:dussier h t i - z d i p o . Lishoa: ilssirio c Alvim.

Erihon, D. (1990)12fic/~cl Fuucault: umn biografia. Srio Paulo: Conlpanhia clas Lrtras. Fonvieillc, R. (1988) Elements pour unr histoire dc la p6dagogic institucioncllr. In: Hess, K.; Savoyr, 11. iorgs.) Per~pectiuesde l ' n n a l w institutionelle. Paris: hli.ridicns Klincksirck. Garcia, C.; Katz, C. S.; Luz, MA.; Lapassadc, G. (1973)Analise institucional: tcoria e pritica. Krrirta de C u l h m &t, (4) I X V I I , rnaio. Guattati, F. (1963/ 1976) Introduccihn a la psicoterapia institucional. In: Pticoanaliti.~ y tranaversalidad. Buenos Aircs: Siglo XXI._ (1976 [I9641 j Keflexiones para filbsofos sohrr la psicoterapia instiiucional. In: Pticnandlisit y trunsvrrsalidad. Buenos Airrs: Siglo XXI.

-( I 98 l a [l SG41) A transfer2ncia. In: Keoohqdn molrcular. S5o Paulo: Brasiliense.

-( 1 981 h [1964])A transvcrsalidadc. In: Krrdlc@o rnoleculur. S l o Paulo: Brasilicmsc. - (1981 [1974]) hZilhfics c milhfirs dr Alices no ar. In: Rer,olurrio rnolumlur. Siio Pado: Hrasiliensc. -(1981 [I 9791)Pistas para uma csquizoanilisr: os oito principios. In: Rei~ol@o trtolrrular. S l o Paulo: Brasiliensr. -(1 98 1 [l 9801) Entrcvista. 111 Ln intrwencidn in.rtitz~ciona1. h/lcxico: Folios. -(1 986 [l983]) Autant en emporte la crise. In: 12s a n n i ~ d'l~ivn:Paris: Bernard Karrault. -(1986 119851) Introduction. In: I x s nnnLr d'hii3r1-.Paris: Brrnard Barrault. -(19990 119891)A J trh ecolqqias. Campinas: Papirus. Hess, R. (1988) H e n n Lejbvrf rt 1'ar:enturedu sikle. Paris: MdtailiC. Katz, C . S. (1977) Psicnnalise e institui~cio.Ria dr Janriro: 1)ocumcntario. Lancetti, A. (1989a)S(12ideIuucuraI. In.ttitui@o e Sazicj'P A2frn/al.S5o Paulo: Hucitw. -(1 9891))Qucm manda na loucura? Z o n a e debate (8),out-drz. Lapassadc, C;. (1979 119591) Funcihn pedagi~gicadel T-Group. In: E l unnnlizador~el analirta. Barcelona: Grdisa. -(1975 [1963]) A entrada na nida Lisboa : Ediqcirs 70. -(1969)Prkface. In: Lourau, R. L'illusion p6dapqiqu~.Paris:- (1977a

pi.

[1973]) El aprrndizaje del anilisis. In: Lourau, U. et alii E l anditi., institurional. Madri: Campo Abierto.

-(l977b [1973]) "El rncuentro institucional". In: I,ourau, R. el alii ilnulitic in.rtilucionalj .tocioandisir. I\lli.xico: Nur\ra Imagen. -(1974) IRS (Ileioaux du dinble. Paris:J. I? Dclarge. -(1974/ 1977) Gm@os, o?