seguro de bicicleta

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C M Y K C M Y K CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, sexta-feira, 15 de março de 2013 • Cidades 25 Bicicleta, só com seguro MEDO / Crescimento do roubo de bikes no DF desperta o interesse dos brasilienses em contratar apólices, que podem variar entre R$ 500 e R$ 2,7 mil. Corretoras da capital não oferecem o serviço, obrigando os ciclistas locais a procurarem firmas de São Paulo Têm amigos que acham caro pagar R$ 500 por ano para ter cobertura, mas, na minha opinião, vale a pena” Rodney Pimenta, analista de sistemas A Secretaria de Segurança Pública do DF divulgou estudo em que mostra o crescimento de roubos de bicicletas em to- do o DF. No ano passado, foram registradas 567 ocorrências contra 517, em 2011. Planaltina e Ceilândia são as cidades que lideram o levantamento, com 91 e 81 crimes, respectivamen- te. O Plano Piloto teve pelo me- nos 25 casos no ano passado. Para Philip James, da ONG Rodas da Paz, o aumento da criminalidade está relacionado ao mercado ilegal de venda de peças. “Sabemos que muitas bicicletas são desmontadas, e as partes vendidas ilegalmente. O ideal seria o governo fazer campanhas para evitar essa prática”, observou. Conscientização O diretor da Associação Bra- sileira dos Fabricantes de Mo- tocicletas, Ciclomotores, Mo- tonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), José Eduardo Gon- çalves, explica que Brasília con- centra um mercado de bikes mais caras. “Devido ao alto po- der aquisitivo da população, muitos têm optado por equipa- mentos feitos de materiais mais nobres, e isso chama a atenção de criminosos”, acredita. O comandante do 1º Bata- lhão de Policiamento (Área Central), Agrício da Silva, refor- ça a necessidade de conscienti- zação da população. “Temos informações de que alguns des- ses produtos são comercializa- dos ilegalmente em locais clan- destinos, como a Feira do Rolo em Ceilândia. Mas só ocorre a venda se há ciclistas interessa- dos em comprar”, concluiu. » SHEILA OLIVEIRA O aumento de roubos de bi- cicletas no Distrito Fede- ral fez surgir uma nova modalidade de seguro: a cobertura assistida para a prote- ção de bikes. Apesar de a capital federal ainda não ter corretoras que comercializam esse tipo de produto, a demanda de ciclistas brasilienses que recorrem a firmas especializadas de São Paulo para garantir a contratação de apólices aumentou 10% no ano passado. O preço médio de um seguro para bicicleta varia entre R$ 500 e R$ 2,7 mil, o valor e o modelo são levados em consideração no mo- mento da avaliação realizada pe- la empresa. O serviço funciona de forma semelhante ao contra- tos de carros e motos. A diferen- ça, no entanto, é a vistoria, que é feita pela internet, devido à falta de oficinas especializadas cre- denciadas no DF. O cliente inte- ressado em contratar o produto precisa preencher uma ficha com todos os dados da bike, incluindo o número de série e uma cópia da nota fiscal de compra. A modali- dade de seguro oferece três tipos de coberturas: roubo à mão ar- mada, furto à residência e prejuí- zos causados durante o transpor- te do objeto. Mesmo sem ter um levanta- mento da demanda desses se- guros no país, o representante do Sindicato das Seguradoras do DF (Sindseg) Carlos Caval- cante explica que algumas lojas especializadas na venda de bi- kes têm oferecido a cobertura assistida no ato da compra. “Te- mos conhecimento dessa práti- ca, mas não é algo comum”, dis- se. Cavalcante destaca a possi- bilidade de contratação de apó- lices coletivas. “São pacotes contratados por condomínios residenciais que possuem bici- cletários. Nesse caso, o produto só cobre o prejuízo no crime classificado como furto à resi- dência”, declarou. Este ano, apenas nos dois pri- meiros meses, as ocorrências de roubos de bicicletas no DF che- garam a 250. Os dados contribuí- ram para o aumento do interesse dos ciclistas em proteger os equi- pamentos. De acordo com sócio- diretor de uma corretora de segu- ros de São Paulo, Leonardo Fer- raz, a empresa atendeu 15 brasi- lienses no último mês. “Fiquei surpreso com a procura, mas o fato de a violência ter aumentado explica a demanda de novos clientes”, disse. Segundo Ferraz, o produto é oferecido há quase sete anos, mas somente a partir de 2011 a procura cresceu.“O interesse sur- giu de uma necessidade que vi como atleta de triatlon. Na capi- tal federal, os primeiros a fazer foram amigos que também prati- cam o esporte”, conta. Demanda O perfil dos clientes brasilien- ses é de empresários, com idade média de 30 anos, e que utilizam a bike para fazer trilhas ou parti- cipar de competições. “Geral- mente, são bicicletas um pouco mais caras, que custam em mé- dia R$ 10 mil”, explica José Carlos Anastácio Júnior, proprietário de uma corretora de seguros. Já a empresa de Anastácio Jú- nior oferece o produto na moda- lidade radical. No ano passado, registrou crescimento de 300% na demanda. Atualmente, o em- presário contabiliza mil bicicle- tas com cobertura assistida em todo o país. Em Brasília, em 2012, foram 120 novas solicitações. As indenizações cresceram no mes- mo ritmo. “Tivemos que indeni- zar 12 clientes, sendo que um de- les era do DF”, destaca. O sinistro é pago depois de comprovado o prejuízo, tal como o furto da bicicleta, por exemplo. De acordo com Anastácio Júnior, a pessoa é obrigada a apresentar à seguradora documento no qual comprova a perda do bem. “É se- melhante ao processo que ocorre no pagamento do benefício para carros. No caso de assalto, é preci- so registrar ocorrência”, informou. O analista de sistema Rodney Pimenta, 41 anos, têm seguro há quase dois anos. O interesse em contratar o produto surgiu de- pois de ouvir relatos de diversos colegas que tiveram equipamen- tos levados por ladrões. “Têm amigos que acham caro pagar R$ 500 por ano para ter cobertu- ra, mas, na minha opinião, vale a pena. Os assaltos estão ocorren- do com maior frequência e não apenas em locais afastados, mas em lugares dedicados ao lazer, como o Parque da Cidade e o Ei- xão (Leia Memória)”, enumera. Apesar de ter garantias em ca- so de roubo, Pimenta afirma não se sentir protegido.“A única segu- rança que tenho é saber que ha- verá ressarcimento da bicicleta, mas, fora isso, continuo na mes- ma apreensão quando saio para pedalar”, afirmou o ciclista. Atual- mente, o DF conta com uma frota de mais de 227 mil bikes. Iano Andrade/CB/D.A Press Mercado clandestino 2011 17 de julho A Polícia Militar apreendeu dois adolescentes suspeitos de as- saltarem duas mulheres no Par- que da Cidade. De acordo com a PM, eles teriam roubado as bici- cletas das vítimas. 2012 10 de fevereiro Um ciclista gravou a tentativa de assalto de três homens no Eixão Sul, com um equipamento acopla- do ao guidom da bicicleta. O episó- dio ocorreu às 14h do domingo, quando a via é fechada para o lazer. 11 de março Agente da 2ª Delegacia de Polícia prenderam um suspeito de rou- bar, pelo menos, três bicicletas na Asa Norte. O homem chegou a ser flagrado por câmeras de seguran- ça do estacionamento de um pré- dio residencial. Memória

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CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, sexta-feira, 15 de março de 2013 • Cidades • 25

Bicicleta, só com seguroMEDO/Crescimento do roubo de bikes no DF desperta o interesse dos brasilienses em contratar apólices, que podem variar entreR$ 500 e R$ 2,7mil. Corretoras da capital não oferecem o serviço, obrigando os ciclistas locais a procurarem firmas de São Paulo

Têmamigos que achamcaro pagarR$ 500por ano para ter cobertura,mas, naminha opinião, vale a pena”Rodney Pimenta, analista de sistemas

A Secretaria de SegurançaPública do DF divulgou estudoem que mostra o crescimentode roubos de bicicletas em to-do o DF. No ano passado, foramregistradas 567 ocorrênciascontra 517, em 2011. Planaltinae Ceilândia são as cidades quelideram o levantamento, com91 e 81 crimes, respectivamen-te. O Plano Piloto teve pelo me-nos 25 casos no ano passado.

Para Philip James, da ONGRodas da Paz, o aumento dacriminalidade está relacionadoao mercado ilegal de venda depeças. “Sabemos que muitasbicicletas são desmontadas, eas partes vendidas ilegalmente.O ideal seria o governo fazercampanhas para evitar essaprática”, observou.

Conscientização

O diretor da Associação Bra-sileira dos Fabricantes de Mo-tocicletas, Ciclomotores, Mo-tonetas, Bicicletas e Similares(Abraciclo), José Eduardo Gon-çalves, explica que Brasília con-centra um mercado de bikesmais caras. “Devido ao alto po-der aquisitivo da população,muitos têm optado por equipa-mentos feitos de materiais maisnobres, e isso chama a atençãode criminosos”, acredita.

O comandante do 1º Bata-lhão de Policiamento (ÁreaCentral), Agrício da Silva, refor-ça a necessidade de conscienti-zação da população. “Temosinformações de que alguns des-ses produtos são comercializa-dos ilegalmente em locais clan-destinos, como a Feira do Roloem Ceilândia. Mas só ocorre avenda se há ciclistas interessa-dos em comprar”, concluiu.

» SHEILA OLIVEIRA

Oaumento de roubos de bi-cicletas no Distrito Fede-ral fez surgir uma novamodalidade de seguro: a

cobertura assistida para a prote-ção de bikes. Apesar de a capitalfederal ainda não ter corretorasque comercializam esse tipo deproduto, a demanda de ciclistasbrasilienses que recorrem a firmasespecializadas de São Paulo paragarantir a contratação de apólicesaumentou 10% no ano passado.

O preço médio de um seguropara bicicleta varia entre R$ 500 eR$ 2,7 mil, o valor e o modelo sãolevados em consideração no mo-mento da avaliação realizada pe-la empresa. O serviço funcionade forma semelhante ao contra-tos de carros e motos. A diferen-ça, no entanto, é a vistoria, que éfeita pela internet, devido à faltade oficinas especializadas cre-denciadas no DF. O cliente inte-ressado em contratar o produtoprecisa preencher uma ficha comtodos os dados da bike, incluindoo número de série e uma cópia danota fiscal de compra. A modali-dade de seguro oferece três tiposde coberturas: roubo à mão ar-mada, furto à residência e prejuí-zos causados durante o transpor-te do objeto.

Mesmo sem ter um levanta-mento da demanda desses se-guros no país, o representantedo Sindicato das Seguradorasdo DF (Sindseg) Carlos Caval-cante explica que algumas lojasespecializadas na venda de bi-kes têm oferecido a coberturaassistida no ato da compra. “Te-mos conhecimento dessa práti-ca, mas não é algo comum”, dis-se. Cavalcante destaca a possi-bilidade de contratação de apó-lices coletivas. “São pacotescontratados por condomíniosresidenciais que possuem bici-cletários. Nesse caso, o produtosó cobre o prejuízo no crimeclassificado como furto à resi-dência”, declarou.

Este ano, apenas nos dois pri-meiros meses, as ocorrências deroubos de bicicletas no DF che-garam a 250. Os dados contribuí-ram para o aumento do interessedos ciclistas em proteger os equi-pamentos. De acordo com sócio-diretor de uma corretora de segu-ros de São Paulo, Leonardo Fer-raz, a empresa atendeu 15 brasi-lienses no último mês. “Fiqueisurpreso com a procura, mas ofato de a violência ter aumentadoexplica a demanda de novosclientes”, disse.

Segundo Ferraz, o produto éoferecido há quase sete anos,mas somente a partir de 2011 aprocura cresceu.“O interesse sur-giu de uma necessidade que vicomo atleta de triatlon. Na capi-tal federal, os primeiros a fazerforam amigos que também prati-cam o esporte”, conta.

DemandaO perfil dos clientes brasilien-

ses é de empresários, com idademédia de 30 anos, e que utilizama bike para fazer trilhas ou parti-cipar de competições. “Geral-mente, são bicicletas um poucomais caras, que custam em mé-dia R$ 10 mil”, explica José CarlosAnastácio Júnior, proprietário deuma corretora de seguros.

Já a empresa de Anastácio Jú-nior oferece o produto na moda-lidade radical. No ano passado,registrou crescimento de 300%na demanda. Atualmente, o em-presário contabiliza mil bicicle-tas com cobertura assistida emtodo o país. Em Brasília, em 2012,foram 120 novas solicitações. Asindenizações cresceram no mes-mo ritmo. “Tivemos que indeni-zar 12 clientes, sendo que um de-les era do DF”, destaca.

O sinistro é pago depois decomprovado o prejuízo, tal comoo furto da bicicleta, por exemplo.De acordo com Anastácio Júnior, apessoa é obrigada a apresentar àseguradora documento no qualcomprova a perda do bem. “É se-melhante ao processo que ocorreno pagamento do benefício paracarros. No caso de assalto, é preci-so registrar ocorrência”, informou.

O analista de sistema RodneyPimenta, 41 anos, têm seguro háquase dois anos. O interesse emcontratar o produto surgiu de-pois de ouvir relatos de diversoscolegas que tiveram equipamen-tos levados por ladrões. “Têmamigos que acham caro pagarR$ 500 por ano para ter cobertu-ra, mas, na minha opinião, vale apena. Os assaltos estão ocorren-do com maior frequência e nãoapenas em locais afastados, masem lugares dedicados ao lazer,como o Parque da Cidade e o Ei-xão (Leia Memória)”, enumera.

Apesar de ter garantias em ca-so de roubo, Pimenta afirma nãose sentir protegido.“A única segu-rança que tenho é saber que ha-verá ressarcimento da bicicleta,mas, fora isso, continuo na mes-ma apreensão quando saio parapedalar”, afirmou o ciclista. Atual-mente, o DF conta com uma frotade mais de 227 mil bikes.

Iano Andrade/CB/D.A Press

Mercadoclandestino 2011

17 de julhoA Polícia Militar apreendeu

dois adolescentes suspeitos de as-saltarem duas mulheres no Par-que da Cidade. De acordo com aPM, eles teriam roubado as bici-cletas das vítimas.

201210 de fevereiro

Um ciclista gravou a tentativade assalto de três homens no EixãoSul, com um equipamento acopla-do ao guidom da bicicleta. O episó-dio ocorreu às 14h do domingo,quando a via é fechada para o lazer.

11 demarçoAgente da 2ª Delegacia de Políciaprenderam um suspeito de rou-bar, pelo menos, três bicicletas naAsa Norte. O homem chegou a serflagrado por câmeras de seguran-ça do estacionamento de um pré-dio residencial.

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