seguranca territorio-populacao-curso-no-college-de-france

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Paul-Michel Foucault nasceu ero Poítiers, Franca. ero 15 de outubro de 1926. Em 1946 ingressa na École Normale Supé- rieure, onde conhece e mantém contato com Pierre Bourdieu, Jean-Paul Sartre, Paul Veyne, entre outros. Em 1949,conclui sua licenciatura em psicologia e recebe seu Diploma em Estudos Superiores de Filosofia, com urna tese sobre Hegel, sob a orien- de [ean Hyppolite. Morre em 25 de junho de 1984. Michel Foucault Seguranca, Território, Populacáo Curso dado no College de France (1977-1978) Edif;ao estabelecida por Michel Senel1art sob a dírecáo de Francois Ewald e Alessandro Fontana 'Iraducáo EDUAROO BRANDAo Revísáo da traducáo CLAUDIA BERUNER Martins Fontes sao Paulo 2008

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  1. 1. Paul-Michel Foucault nasceu ero Potiers, Franca. ero 15 de outubro de 1926. Em 1946 ingressa na cole Normale Sup- rieure, onde conhece e mantm contato com Pierre Bourdieu, Jean-Paul Sartre, Paul Veyne, entre outros. Em 1949,conclui sua licenciatura em psicologia e recebe seu Diploma em Estudos Superiores de Filosofia, com urna tese sobre Hegel, sob a orien- ta~;:o de [ean Hyppolite. Morre em 25 de junho de 1984. Michel Foucault Seguranca, Territrio, Populaco Curso dado no College de France (1977-1978) Edif;ao estabelecida por Michel Senel1art sob a dreco de Francois Ewald e Alessandro Fontana 'Iraduco EDUAROO BRANDAo Revso da traduco CLAUDIA BERUNER Martins Fontes sao Paulo 2008
  2. 2. Estaobrafoi publicada origina/mente erojrancis como ttulo SCURIT, TERRITOIRf,POPULATION porditiotls du Seuil, Pars, Ccrpyright Seuil/Gal1imard, 2004. EdifOO esta/Jeledda porMichelSeneIlart soba dirq:4o (! Fratlfois Ea/d e Alessandro Pontana. Copyright 2008, Livraria Martins Fon/es Editora Ltda., SW Paulo, paraa presente edifiJO. NDICE 1~ edio;io 2008 Traduo;io EDUARDO BRANDAo Revisio da traduo;io Claudia Beniner Acompanhamenlo editorial MariaFernanda Alvares Revis6es plicas AndraStahelM. da Silva So/ange Martitls Dinar/eZorzanellidaSilva Produo;io grfica Geraldo Alves Paginao;iolFotolitos Studio3 Desenvolvimento Editorial Nota XIII Dados Intel'nadonais de Catalogao;lo na Publica'jio (al') (Cimal'a Brasileka do Livro, sp,Brasil) AULAS, ANO 1977-1978 ndices para catlogo sistemtico: 1. O Estado: Filosofa: Ciencia poltica 320.101 Titulo original: Scurit, territoire, population Bibliografia. ISBN978-85-336-2377-4 1. Ciencia poltica ~ Filosofia 2. O Estado 3. Poder (Cien- cias sociais) 4. Razo de Estado 1.Senellart, Michel. Il. Ewald, Francois. m. Fontana, Alessandro. IV.Titulo. V. Srie. Poucault, Mcbel, 1926-1984. Seguranca, territrio, populaco : curso dado no College de France (1977-1978) / Michel Foucault; edico estabelecida por Michel Senellart sob a direcc de Francois Ewald e AJes- sandro Fontana; traduco Eduardo Brandao; revisc da tra- ducac Claudia Berliner. - sao Paulc : Martns Fontes, 2008.- (Coleco tpicos) 3Aula de11 dejaneiro de 1978 . Perspectivageral do curso: o estudo do biopoder. - Cinco proposices sobre a anlise dos meca- nismos de poder. - Sistema legal, mecanismos disciplinares e dispositivos de seguranca. Dois exemplos:(a)a punico do roubo; (b)o tratamen- to da lepra, da peste e da varola, - Caractersti- cas gerais dos dispositivos de seguranca (I): os espa~os de seguran~a. - O exemplo da cidade. - Tresexemplos de organzaco do espaco urbano nos sculos XVI e XVll: (a) La Mtropolite de Alexandre Le Maitre (1682); (b) a cidade de Ri- chelieu; (c)Nantes. COD-320.10107-4435 Todos osdireitos destaedifiiD reservados a Lim'lIrill Marti7ls F01IusEditorll Ltdll. RuaConeetneiro Ramalho, 330 01325-000 SaoPaulo SP Brasil Tel. (11) 3241.3677 Fax(11) 3105.6993 e-mal: [email protected] http://www.martinsjonteseditora.com.br Aula de 18 dejaneiro de 1978 . Caractersticas gerais dos dispositivos de segu- ranca (lI): a relaco com o acontecimento: a arte 39 j
  3. 3. de governar e o tratamento do aleatrio. - O pro- blema da escassez alimentar nos sculos XVII e XVIll. - Dos mercantilistas aos fisiocratas, - Di- ferencas entre dispositivo de seguranca e meca- nismo disciplinar na maneira de tratar o aconte- cimento. - A nova racionalidade governamental e a emergencia da "populaco". - Concluso so- bre o liberalismo: a liberdade como ideologia e tcnica de governo. Aula de25 dejaneiro de 1978.......................................... 73 Caractersticas gerais dos dispositivos de segu- ranca (III): a normalizaco. - Normaco e nor- malizaco, - O exemplo da epidemia (a varola) e as campanhas de inoculaco do sculo XVIll.- Emergencia de novas noces: caso, risco, pergo, crise. - As formas de normalzaco na disciplina e nos mecanismos de seguranca. - Implantaco de urna nova tecnologia poltica: o governo das populaces, - O problema da populaconos mer- cantilistas e nos fisiocratas. - A populaco como operadora das transformaces nos saberes: da anlise das riquezas aeconomia poltica, da his- tria normal abologa, da gramtica geral afilo- logia histrica. Aula de 1.' defevereiro de 1978........................................ 117 O problema do "governo" no sculo XVI.- Mul- tiplicidade das prticas de governo (governo de si, governo das almas, governo dos flhos, etc.).- O problema especfico do governo do Estado. - O ponto de repulso da literatura sobre o gover- no: O principe, de Maquiavel. - Breve histria da recepco do Prncipe, at o sculo XIX. - A arte de governar, distinta da simples habilidade do prncipe. - Exemplo dessa nova arte de governar: O espe/ho poltico de Guil1aume de La Perrere (1555). - Um governo que encontra seu fim nas "coisas" a dirigir. - Regressiio da lei em benef- cio de tticas diversas. - Os obstculos histricos e institucionais aaplicacodessa arte de gover- nar at o sculo XVIll. - O problema da popula- ,ao, fator essencial do desbloqueio da arte de governar. - O tringulo govemo-populaco-eco- nomia poltica. - Quest6es de mtodo: o projeto de urna histria da "governamentalidade". A su- pervalorzaco do problema do Estado. Aula de 8 defevereiro de 1978......................................... 155 Por que estudar a governamentalidade? - O problema do Estado e da populaco. - Relem- brando o projeto geral: triplice deslocamento da anlise em relaco (a) ansttuco, (b) afunco, (e) ao objeto. - Objeto do curso deste ano. - Ele- mentos para urna histria da noco de "gover- no". Seu campo semntico do sculo XIII ao sculo XV. - A idia de governo dos homens. Suas fontes: (A) A organzaco de urn poder pastoral no Oriente pr-cristo e cristo. (8) A dreco de consciencia. - Primeiro esboce do pastorado. Suas caractersticas especficas: (a) ele se exerce sobre urna multiplicidade em movimento; (b) urn poder fundamentalmente benfico que tem por objetivo a salvacodo rebanho; (e) urn po- der que individualiza. Omnes etsingulatim. O pa- radoxo do pastor. - A instituconalzaco do pas- torado pela Igreja crist, Aula de15 defevereiro de 1978....................................... 181 Anlise do pastorado (continuaco). - O proble- ma da relaco pastor-rebanho na literatura e no pensamento grego: Homero, a tradicoptagr- ca. Raridade da metfora do pastor na literatura poltica c1ssica (Iscrates, Demstenes). - Urna
  4. 4. exceco maior: o Poiitico de Plato, O uso da me- tfora nos outros textos de Plato (Crtias, Leis, Repblica). A crtica da idia de urn magistrado- pastor no Poltico. A metfora pastoral aplicada ao mdico, ao agricultor, ao ginasta e ao pedago- go. - A histria do pastorado no Ocidente como modelo de governo dos homens indissocivel do cristianismo. Suas transformaces e suas cri- ses at o sculo XVITI. Necessidade de urna his- tria do pastorado. - Caractersticas do "governo das almas": poder gIobalizante, coextensivo a organzaco da Igreja e distinto do poder polti- co.- O problema das relaces entre poder poltico e poder pastoral no Ocidente. Cornparaco com a tradco russa. Aula de 22 defevereiro de 1978....................................... 217 Anlise do pastorado (fim). - Especificidade do pastorado crsto em relaco as tradces orien- tal e hebraica. - Urna arte de governar os ho- mens. Seu papel na histria da governamentali- dade. - Principais caractersticas do pastorado cristo do sculo III ao sculo VI (sao Joao Cri- sstomo, sao Cprano, santo Ambrso, Greg- ro, o Grande, Cassano, sao Bento): (1) a relaco com a salvaco. Urna economa dos mritos e dos demritos: (a) o princpio da responsabili- dade analtica; (b) o princpio da transferencia exaustiva e instantnea: (c) o princpio da inver- sao sacrifical; (d) o princpio da correspondencia alternada. (2)A relaco com a lei: instauraco de urna relaco de dependencia integral entre a ovelha e quem a dirige. Urna relaco individual e nao finalizada. Diferenca entre a aptheia grega e a aptheia crist. (3)A relaco com a verdade: a produco de verdades ocultas. Ensinamento pasto- ral e direco de consciencia. - Concluso: urna forma de poder absolutamente nova que assina- la o aparecimento de modos especficos de indi- vdualzaco, Sua importancia decisiva para a histria do sujeito. Aulade 1.' demarro de 1978............................................ 253 A noco de "conduta". - A crise do pastorado. - As revoltas de conduta no campo do pastorado. - O deslocamento das formas de resistencia, na poca moderna, para os confins das insttuices polticas: exemplos do exrcito, das sociedad,;s secretas, da medicina. - Problema de vocabula- rio: "revoltas de conduta"I "insubmisso", "dis- sidncia", JI contracondutas".As contracondutas pastorais. Recapitulaco histrica: (a) o ascetis- mo; (b) as comunidades; (e) a mstica; (d) a Es- critura; (e) a crenca escatolgica. - Concluso: desafios da referencia anoco de "poder pasto- ral" para urna anlise dos modos de exerccio do poder em geral. Aula de8 demarro de 1978............................................. 305 Da pastoral das almas ao governo poltico_dos homens. - Contexto geral dessa transformaco: a crise do pastorado e as insurreices de conduta no sculo XVI.A Reforma protestante e a Con- tra-Reforma. Outros fatores. - Dois fenmenos notveis: a intensfcaco do pastorado religioso e a multiplcaco da questo da conduta, nos pla- nos privado e pblico. - A razo governamental prpria do exerccio da soberania. - Comparaco com sao Toms. - A ruptura do continuum cosmo- lgico-teolgico. - A questo da arte de governar. - Observaco sobre o problema da inteligibilida- de em histria. - A razo de Estado (I): novidade
  5. 5. e objeto de escandalo. - Tres pontos de focalza- ~ao do debate polmicoem tomo da razode Es- tado: Maquiavel, a "poltica", o "Estado". Aula de 15 de marro de 1978........................................... 341 A razo de Estado (TI): sua definico e suas prn- cipais caractersticas no sculo XVII. - O novo modelo de temporalidade histrica acarretado pela razo de Estado. - Traeos especficos da ra- zo de Estado em relaco ao govemo pastoral: (1) O problema da salvaco: a teoria do golpe de Estado (Naud). Necessidade, violencia, teatra- lidade. - (2) O problema da obediencia. Bacon: a questo das sedices. Diferencas entre Bacon e Maquiavel. - (3) O problema da verdade: da sa- bedoria do prncipe ao conhecimento do Estado. Nascimento da estatstica. O problema do segre- do. - O prisma reflexivo no qual apareceu o pro- blema do Estado. - Presenca-ausncia do ele- mento "populaco" nessa nova problemtica. Aula de22 demarro de 1978........................................... 383 A razo de Estado (III). - O Estado como prnc- pio de inteligibilidade e objetivo. - O funciona- mento dessa razo govemamental: (A) Nos tex- tos tericos. A teoria da manutenco do Estado. (E) Na prtica poltica. A rela~ao de concorrn- cia entre os Estados. - O tratado de Vesteflia e o fim do Imprio Romano. - A forca, novo ele- mento da razo poltica. - Poltica e dinmica das forcas, - O primeiro conjunto tecnolgico carac- terstico dessa nova arte de govemar: o sistema diplomtico-militar. - Seu objetivo: a busca de um equlbro europeu. O que a Europa? Aidia de- "balanca", - Seus instrumentos: (1) a guerra; (2) a diplomacia; (3) o estabelecimento de um dis- positivo militar permanente. I ~ Aula de 29 de marro de 1978........................................... 419 O segundo conjunto tecnolgico caracterstico da nova arte de govemar segundo a razo de Es- tado: a polcia. Sgnficaces tradicionais da pala- vra at o sculo XVI.Seu novo sentido nos scu- los XVII-XVIll: clculo e tcnica garantem o bom emprego das forcas do Estado. - A tripla relaco entre o sistema do equilibrio europeu e a polcia. - Diversidade das situaces italiana, alem e francesa. - Turquet de Mayeme, A monarquia aristodemocrtica. - O controle da atividade dos homens como elemento constitutivo da forca do Estado. - Objetos da polcia: (1) o nmero de ci- dados: (2) as necessidades da vida; (3) a sade; (4) as profisses, (5) a coexistencia e a circulaco dos homens. - A polcia como arte de adminis- trar a vida e o bem-estar das populaces. Aula de 5 deabril de 1978............................................... 449 A polica (continuaco). - Delamare. - A cidade, lugar de elaboraco da polcia. Polcia e regula- mentaco urbana. A urbanzaco do territrio. Relaco da polcia com a problemtica mercan- tilista. - A emergencia da cdade-mercado, - Os mtodos da polcia. Diferenca entre polcia e jus- tica. Um poder de tipo essencialmente regula- mentar. Regulamentaco e disciplina. - Volta ao problema dos cereais. - A crtica do Estado de polcia a partir do problema da escassez alimen- tar. As teses dos economistas, relativas ao pre~o do cereal, apopulaco e ao papel do Estado. - Nascimento de urna nova govemamentalidade. Govemamentalidade dos polticos e govema- mentalidade dos economistas. - As transforma- ~oes da razo de Estado: (1) a naturalidade da sociedade; (2) as novas relaces entre o poder e o saber; (3) a responsabilidade com a populaco
  6. 6. 539 541 561 (higiene pblica, demografia, etc); (4) as novas formas de intervenco estatal; (5) o estatuto da liberdade. - Os elementos da nova arte de gover- nar:. prtica econmica, gesto da populaco, cJ!relto e respeito as lberdades, polcia com fun- cao repressiva. - As diferentes formas de contra- conduta relativas a essa govemamentalidade. _ Conclusio geral. Resumo do curso 489 SitULlrao dos cursos 495 tnditdi~~d~~~~6;;::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: dice dos nomes de pessoas . NOTA Michel Foucault lecionou no College de France de ja- neiro de 1971 at sua morte em junho de 1984 - com exce- code 1977, quando gozou de um ano sabtico. O nome da sua cadeira era: Histria dos sistemas de pensamento. Essa cadeira foi criada em 30 de novembro de 1969, por proposta de [ules Vuillemin, pela assemblia geral dos professores do College de France em substtuico acadeira de histria do pensamento filosfico, que [ean Hyppolite ocupou at a sua morte. A mesma assemblia elegeu Mi- chel Foucault, no dia 12 de abril de 1970, titular da nova ca- deira', Ele tinha 43 anos. Michel Foucault pronunciou a aula inaugural no dia 2 de dezembro de 1970'. 1. MichelFoucaultencerrou o opsculo que redgiu parasua can- didatura com a seguinte frmula: "Seria necessrioempreendera bis- triados sistemasde pensamento" ("TItres et travaux", in Dits et crits, 1954-1988,ed. por D. Defert e F.Ewald, colab. J. Lagrange, Pars, GalIi- mard, 1994,4 vols.; cf.vol. 1,p. 846). [Ed. bras.: Di/os eescritos - 5 vols. temticos,Rio de Janeiro, ForenseUniversitria.] 2. EIaser publicada pelas ditions GalIimard em mac de 1971 com o ttulo: L'Ordre du discours. (Ed. bras.: A ordem do discurso, trad. Laura Fraga de Almeida Sampaio, sao Paulo, Loyoia, 1996.1 J
  7. 7. XIV SEGURAN