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SUMÁRIO Conselho de Ministros Decreto n.º 2/06: Aprova o Regulamento Geral dos Planos Territoriais, Urbanísticos e Rurais. — Revoga toda a legislação que contrarie o disposto no pre- sente diploma. CONSELHO DE MINISTROS —— Decreto n.º 2/06 de 23 de Janeiro Com a aprovação da Lei do Ordenamento do Território e do Urbanismo criaram-se as condições para a implantação de um sistema de gestão integrada do território nacional. Havendo necessidade de regulamentação dos procedi- mentos inerentes à elaboração, aprovação e ratificação dos planos territoriais, urbanísticos e rurais; Nos termos das disposições combinadas das alíneas a) e b) do n.º 2 do artigo 68.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho e da alínea d) do artigo 112.º e do artigo 113.º ambos da Lei Constitucional, o Governo decreta o seguinte: Artigo 1.º — É aprovado o Regulamento Geral dos Planos Territoriais, Urbanísticos e Rurais anexo ao presente decreto e que dele faz parte integrante. Art. 2.º — É revogada toda a legislação que contrarie o disposto no presente diploma. Art. 3.º — As dúvidas e omissões surgidas da interpretação e aplicação do presente diploma são resolvidas em Conselho de Ministros. Art. 4.º — O presente diploma entra em vigor na data da sua publicação Visto e aprovado em Conselho de Ministros, em Luanda, aos 30 de Novembro de 2005. Publique-se. O Primeiro Ministro, Fernando da Piedade Dias dos Santos. O Presidente da República, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS. ———— REGULAMENTO GERAL DOS PLANOS TERRITORIAIS, URBANÍSTICOS E RURAIS CAPÍTULO I Sistema de Planeamento Territorial SECÇÃO I Disposições Gerais ARTIGO 1.º (Natureza jurídica e âmbito de aplicação) 1. O Regulamento Geral dos Planos Territoriais, Urbanísticos e Rurais, adiante designado por REPTUR, tem natureza de regulamento administrativo e com ele se devem conformar os planos constantes no n.º 1 do artigo 5.º do presente diploma e demais instrumentos de gestão territo- rial, bem como os programas e projectos de iniciativa pública e privada, a realizar em todo o território angolano. ÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA Segunda-feira, 23 de Janeiro de 2006 I Série — N.º 10 Preço deste número — Kz: 360,00 ASSINATURAS Toda a correspondência, quer oficial, quer relativa a anúncio e assinaturas do ‹‹Diário da República››, deve ser dirigida à Imprensa Nacional — E.P., em Luanda, Caixa Postal 1306 — End. Teleg.: ‹‹Imprensa›› As três séries .… ……… A 1.ª série ……… A 2.ª série ……… A 3.ª série ……… Kz: 400 275,00 Kz: 236 250,00 Kz: 123 500,00 Kz: 95 700,00 O preço de cada linha publicada nos Diários da República 1.ª e 2.ª séries é de Kz: 75,00 e para a 3.ª série Kz: 95,00, acrescido do respectivo imposto do selo, dependendo a publicação da 3.ª série de depósito prévio a efectuar na Tesouraria da Imprensa Nacional — E. P. Ano DIÁRIO DA REPÚBLICA

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SUMÁRIO

Conselho de MinistrosDecreto n.º 2/06:

Aprova o Regulamento Geral dos Planos Territoriais, Urbanísticos eRurais. — Revoga toda a legislação que contrarie o disposto no pre-sente diploma.

CONSELHO DE MINISTROS——

Decreto n.º 2/06de 23 de Janeiro

Com a aprovação da Lei do Ordenamento do Territórioe do Urbanismo criaram-se as condições para a implantaçãode um sistema de gestão integrada do território nacional.

Havendo necessidade de regulamentação dos procedi-mentos inerentes à elaboração, aprovação e ratificação dosplanos territoriais, urbanísticos e rurais;

Nos termos das disposições combinadas das alíneas a)e b) do n.º 2 do artigo 68.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junhoe da alínea d) do artigo 112.º e do artigo 113.º ambos daLei Constitucional, o Governo decreta o seguinte:

Artigo 1.º — É aprovado o Regulamento Geral dosPlanos Territoriais, Urbanísticos e Rurais anexo ao presentedecreto e que dele faz parte integrante.

Art. 2.º — É revogada toda a legislação que contrarieo disposto no presente diploma.

Art. 3.º—As dúvidas e omissões surgidas da interpretaçãoe aplicação do presente diploma são resolvidas emConselho de Ministros.

Art. 4.º — O presente diploma entra em vigor na datada sua publicação

Visto e aprovado em Conselho de Ministros, emLuanda, aos 30 de Novembro de 2005.

Publique-se.

O Primeiro Ministro, Fernando da Piedade Dias dosSantos.

O Presidente da República, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS.

————

REGULAMENTO GERAL DOS PLANOSTERRITORIAIS, URBANÍSTICOS E RURAIS

CAPÍTULO ISistema de Planeamento Territorial

SECÇÃO IDisposições Gerais

ARTIGO 1.º(Natureza jurídica e âmbito de aplicação)

1. O Regulamento Geral dos Planos Territoriais,Urbanísticos e Rurais, adiante designado por REPTUR, temnatureza de regulamento administrativo e com ele se devemconformar os planos constantes no n.º 1 do artigo 5.º dopresente diploma e demais instrumentos de gestão territo-rial, bem como os programas e projectos de iniciativapública e privada, a realizar em todo o território angolano.

ÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA

Segunda-feira, 23 de Janeiro de 2006 I Série — N.º 10

Preço deste número — Kz: 360,00ASSINATURASToda a correspondência, quer oficial, quer

relativa a anúncio e assinaturas do ‹‹Diário daRepública››, deve ser dirigida à ImprensaNacional — E.P., em Luanda, Caixa Postal 1306— End. Teleg.: ‹‹Imprensa››

As três séries . … … … …A 1.ª série … … … … …A 2.ª série … … … … …A 3.ª série … … … … …

Kz: 400 275,00Kz: 236 250,00Kz: 123 500,00Kz: 95 700,00

O preço de cada linha publicada nos Diáriosda República 1.ª e 2.ª séries é de Kz: 75,00 e paraa 3.ª série Kz: 95,00, acrescido do respectivoimposto do selo, dependendo a publicação da3.ª série de depósito prévio a efectuar na Tesourariada Imprensa Nacional — E. P.

Ano

DIÁRIO DA REPÚBLICA

2. O estabelecido no presente diploma regula a baselegal que se requer para o desenvolvimento harmonioso doPaís um conjunto de actividades de planeamento territorial,com vista a contribuir e assegurar a actualização, tendo emconta as tendências actuais em matéria de ordenamento doterritório e urbanismo.

3. O presente diploma tem por objecto o desenvolvi-mento regulamentar das bases gerais do ordenamento doterritório e do urbanismo, consagradas na Lei n.º 3/04,de 25 de Junho, na vertente dos respectivos instrumentosde gestão do espaço territorial urbano e rural, regulando oquadro geral do sistema de planeamento territorial de modointegrado e coordenado com outras dimensões do terri-tório, designadamente o regime geral de defesa, ocupaçãoe uso dos solos e demais instrumentos do ordenamentodo território.

4. Os tipos especiais de planos territoriais e demaismatérias especiais do sistema de planeamento territorialque não são regulados pelo presente regulamento geral, sãoobjecto de regulamentos especiais.

ARTIGO 2.º(Definições gerais e especiais)

Para efeitos da interpretação e aplicação das presentesdisposições regulamentares, são utilizadas as definiçõesgerais constantes da Lei do Ordenamento do Território e doUrbanismo e da Lei de Terras, bem como as reiteradas eadoptadas pelo glossário constante do Anexo I que faz parteintegrante do presente regulamento geral.

ARTIGO 3.º(Sistema de planeamento territorial)

1. O sistema de planeamento territorial compreende oconjunto integrado dos tipos legais de planos territoriaisprevistos na secção II do capítulo II da Lei n.º 3/04, de25 de Junho, bem como as normas legais e regulamentaresdo seu regime geral e especial, e ainda os órgãos e activi-dades técnicas que realizam os planos territoriais a elaborare executar em coordenação integrada dos respectivosâmbitos territoriais, estabelecendo as condições e requi-sitos de enquadramento da aplicação integrada dos demaisinstrumentos do ordenamento territorial definidos naalínea g) do artigo 2.º daquela mesma lei.

2. As actividades do planeamento territorial compre-endem:

a) elaboração de estudos de diagnóstico e análisesdas características do território, e de relatóriosnecessários à concretização dos fins e princípios

do sistema de ordenamento do território, à con-sequente formulação das políticas de ordena-mento do território e à concepção dos respec-tivos instrumentos de planeamento territorial;

b) elaboração dos planos territoriais, nos tipos e ter-mos previstos na Lei n.º 3/04, de 25 de Junho, edo presente regulamento geral e demais regula-mentos especiais, conforme for o caso;

c) avaliação por acompanhamento da execução dosplanos territoriais ou, na sua falta, dos equiva-lentes instrumentos sucedâneos e elaboraçãodos respectivos relatórios, nos termos e paraos efeitos previstos no presente regulamentogeral;

d) execução dos planos territoriais, através dos sis-temas de execução previstos no presente regula-mento geral, bem como execução das medidaspreventivas e criação das condições que propi-ciem a execução das demais operações de orde-namento territorial.

ARTIGO 4.º(Objectivos do planeamento territorial)

1. São objectivos gerais do sistema de planeamentoterritorial a programação da utilização racional dos recursosefectivos e potencial do espaço físico, para, através darespectiva estrutura, viabilizar, a um primeiro nível deenquadramento e orientação da gestão do espaço territorial,a concretização dos fins do sistema do ordenamento doterritório, consagrados no artigo 4.º da Lei n.º 3/04, de25 de Junho, sujeito a critérios de coordenação e valiasócio-económica e ambiental, a nível regional, e local asse-gurando, assim, em estreita interacção com o planeamentoeconómico, a coordenação das políticas do ordenamento doterritório com as políticas económica, de ambiente e conser-vação da natureza, de educação e cultura, de bem-estarsocial e de qualidade de vida.

2. Para os efeitos previstos no presente diploma, osplanos visam a salvaguarda de objectivos de interessenacional com incidência territorial delimitada, bem como atutela de princípios fundamentais consagrados na Lei doOrdenamento do Território e do Urbanismo e demais legis-lação.

3. O planeamento territorial tem os seguintes objectivosespecíficos:

a) aproveitar racionalmente a terra como recursofinito, através da correcta localização das activi-dades produtivas e não produtivas, assim comoa qualificação e classificação dos solos deacordo com as suas características;

98 DIÁRIO DA REPÚBLICA

b) contribuir para o melhoramento da qualidade devida da população, em especial o acesso aempregos, os serviços e equipamentos urbanos;

c) alcançar o desenvolvimento territorial equilibradoentre as regiões, os assentamentos popula-cionais, no campo e na cidade, e no âmbitourbano de cidades e povoações;

d) utilizar os recursos naturais, conservar a naturezaassim como proteger e reabilitar o meio ambi-ente não só natural como o urbano para atingiro desenvolvimento sustentável, prevendo osdesastres naturais e tecnológicos;

e) preservar o território para o uso social;f) proteger e reabilitar o património imobiliário,

histórico e cultural, velando pela qualidadearquitectónica, urbanística e paisagística dosprojectos a construir em áreas urbanas e rurais;

g) propiciar a participação de todos os sectores impli-cados nas actividades de planeamento;

h) cumprir e fazer cumprir o estipulado nos docu-mentos normativos próprios da actividade.

ARTIGO 5.º(Estrutura dos planos territoriais)

1. A estrutura dos planos territoriais é, nos termos doartigo 28.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho, integrada emfunção de três âmbitos territoriais pelos seguintes tipos:

a) no âmbito nacional através do Plano Nacional quecorresponde as Principais Opções de Ordena-mento do Território Nacional, adiante abrevia-damente também designadas por principaisopções ou POOTN1, de incidência global ouintegral em razão das matérias, bem como osplanos sectoriais e dos planos especiais de orde-namento que contenham directrizes de âmbitonacional com incidência material parcial;

b) no âmbito provincial através dos planos provin-ciais que compreendem os Planos Provinciaisde Ordenamento Territorial que com incidênciaglobal aplicam a nível provincial as directrizesestratégicas do Plano Nacional e dos planos sec-toriais, podendo compreender com incidênciaparcial planos sectoriais provinciais e planosespeciais pré-existentes;

c) no âmbito municipal são materializadas as direc-trizes estratégicas nacionais e provinciaisatravés dos planos municipais, os quais com-preendem, por um lado, os planos directoresmunicipais, os planos directores gerais dasgrandes cidades e os planos sectoriais munici-pais, de incidência material global, e por outro

lado, os planos urbanísticos e planos rurais, osplanos de pormenor e os planos especiais deincidência material parcial.

2. Em razão da natureza específica dos fins visados e daárea territorial por essa mesma razão abrangida por umdeterminado tipo de plano, designadamente os planos secto-riais e especiais, assim o Governo e as autoridades provin-ciais e locais de planeamento territorial poderão ordenar aelaboração de planos territoriais interprovinciais, abran-gendo duas ou mais províncias, e planos intermunicipais,abrangendo dois ou mais municípios contíguos.

3. Para as grandes cidades, cuja área territorial abranjaterritórios de dois ou mais municípios as autoridades deplaneamento territorial, competentes em razão do território,adoptam planos directores gerais de grandes cidades quetendo a natureza de planos intermunicipais, se regem pornormas especiais e subsidiariamente pelas normas aplicá-veis aos planos directores municipais.

ARTIGO 6.º(Eficácia dos planos territoriais)

1. Os planos territoriais de âmbito nacional, provincialou equivalentes são instrumentos de aplicação da políticagovernamental do ordenamento do território, a nívelnacional e provincial, e nessa medida, uma vez preenchidosos respectivos requisitos para a sua eficácia, são impe-rativos e de execução obrigatória para todos os serviçospúblicos, sendo de natureza indicativa para as entidadesprivadas.

2. Os planos municipais, uma vez preenchidos osrespectivos requisitos para a sua eficácia têm, nos termos doartigo 31.º da Lei do Ordenamento do Território e doUrbanismo, natureza de regulamentos e como tais são nor-mas imperativas, de execução obrigatória, vinculando nãosó todos os serviços e entidades públicas como todas asentidades privadas.

ARTIGO 7.º(Valor e fundamentos técnicos)

1. Os planos territoriais são instrumentos técnicos demacrogestão do território, e como tais devem conter, deforma racional, clara e explícita, os fundamentos técnicos ede ciência dos respectivos diagnósticos, previsões, direc-trizes e recomendações para a ocupação espacial do ter-ritório e uso dos solos.

2. Para os efeitos do disposto no n.º 1 os planos terri-toriais devem desenvolver as seguintes especificações econter as seguintes menções obrigatórias:

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a) características físicas, morfológicas e ecológicasdo território compreendido pelo respectivoâmbito territorial de aplicação;

b) identificação dos recursos naturais, dos espaçosnaturais protegidos e do património rural, paisa-gístico, arqueológico e urbano-arquitectónico;

c) características da distribuição demográfica noterritório e da dinâmica migratória da área terri-torial abrangida;

d) identificação e caracterização das infra-estruturase equipamentos colectivos urbanísticos, eixosviários e demais condições de acesso àquelasinfra-estruturas;

e) caracterização das condições sociais, culturaise económicas, respectivo grau de desenvolvi-mento e assimetrias regionais registadas naárea territorial abrangida.

ARTIGO 8.º(Direito aplicável)

O direito aplicável às questões emergentes da execuçãodo sistema de planeamento territorial é, nos termos doartigo 27.º da Lei n.º 3/04, de 25 Junho, integrado pelasseguintes leis e princípios, sem prejuízo da força jurídicaque advém da respectiva hierarquia vertical das normassuperiores e horizontal em razão das matérias gerais esectoriais específicas em causa:

a) o primado das normas, princípios e direitos funda-mentais que relevam da constituição em matériade ordenamento do território, de Direito Fun-diário e do Direito do Ambiente, os quais nãopodem ser violados pelas demais normas legaise regulamentares aplicáveis;

b) a Lei do Ordenamento do Território e do Urba-nismo e o presente Regulamento Geral dosPlanos Territoriais, Urbanísticos e Rurais;

c) a Lei do Planeamento Económico, aplicável emrazão das matérias gerais e especificamentediferenciadas que relevam da elaboração e exe-cução dos respectivos instrumentos e dosprincípios da coordenação e compatibilização;

d) a Lei de Terras, a Lei Geral Mineira e a Lei dosPetróleos, bem como a respectiva legislaçãoregulamentar, aplicável aos tipos gerais e espe-ciais de uso e ocupação do território representa-dos pelos respectivos regimes de concessão e deexercício dos direitos fundiários e dos direitosmineiros gerais e petrolíferos em especial;

e) a Lei de Bases doAmbiente e respectiva legislaçãoaplicável à garantia do direito fundamental aoambiente sadio e de preservação da natureza.

ARTIGO 9.º(Hierarquia das fontes)

1. A resolução de questões emergentes da elaboração,revisão e alteração dos planos territoriais, são, nos termosdo disposto no artigo 27.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho,aplicáveis por ordem decrescente da respectiva primazia asseguintes leis:

a) lei de aprovação das Principais Opções doOrdenamento do Território Nacional;

b) lei de aprovação das Principais Opções EstratégiasEconómicas;

c) os decretos que aprovam os Planos Interprovin-ciais de Ordenamento Territorial, quando oshouver;

d) os decretos que aprovam os planos provinciais deOrdenamento Territorial;

e) os decretos que nos termos do artigo 40.º da Leido Ordenamento do Território e do Urbanismoaprovam medidas preventivas, se as houver;

f) os decretos de ratificação pelo Governo dos planosmunicipais, urbanísticos e rurais.

2. As questões emergentes da avaliação e execução dosplanos territoriais, que sejam de natureza económica efinanceira são aplicáveis por ordem decrescente da respec-tiva primazia as seguintes leis:

a) lei de aprovação das Principais Opções do Orde-namento do Território Nacional;

b) lei de aprovação das Principais Opções EstratégiasEconómicas;

c) lei de aprovação do Orçamento Geral do Estado;d) os decretos que aprovam os planos interprovin-

ciais de ordenamento territorial, quando os hou-ver;

e) os decretos que aprovam os planos provinciais deordenamento territorial;

f) os decretos que nos termos do artigo 40.º da leiaprovam medidas preventivas, se as houver;

g) as resoluções de ratificação pelo Governo dosplanos municipais, urbanísticos e de ordena-mento rural.

3. As normas e directivas contidas nas fontes de grauinferior devem compatibilizar-se com as normas e directi-vas contidas nas fontes de grau superior, por via de umaadequada coordenação das intervenções nas fases de elabo-ração e de execução, nos termos dos artigos 14.º e 15.ºe sem prejuízo do disposto nos artigos 30.º e 31.º

100 DIÁRIO DA REPÚBLICA

4. As normas e directivas de planos de grau inferior cujoconteúdo não esteja em conformidade com as dos planos degrau superior devem ser revistas e alteradas em conformi-dade e nos termos adiante previstos.

5. As medidas preventivas constantes dos planos territo-riais em geral, e urbanísticos em particular, devem respeitaras normas constitucionais sobre direitos fundamentais e osprincípios da legalidade, da igualdade, e da proporciona-lidade.

6. Nos termos do número anterior, as normas regula-mentares das medidas preventivas não podem estabelecernovos fundamentos de indeferimento de loteamentosurbanos ou de aprovação de projectos de obras.

SECÇÃO IIDireitos e Princípios Gerais

SUBSECÇÃO IDireitos e Garantias

ARTIGO 10.º(Disposição geral)

A actividade de planeamento territorial como uma dasprincipais actividades de ordenamento territorial deve,nos termos do artigo 10.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho,respeitar os direitos, liberdades e garantias fundamentaisdevendo o conteúdo dos planos territoriais prever e contem-plar as regras de orientação das acções de ocupação euso dos solos urbanos e rurais, de uso e defesa de outrosrecursos naturais, a previsão das infra-estruturas e demaiscondições colectivas que contribuam para efectivação dosdireitos e liberdades fundamentais em geral e dos relativosà ocupação e uso dos solos e demais recursos naturais emparticular, designadamente:

a) equidade e distribuição justa das terras peloscidadãos, segundo os tipos e regimes respec-tivos de direitos fundiários previstos na Lei deTerras;

b) justa repartição dos encargos decorrentes da exe-cução dos planos territoriais;

c) equidade dos cidadãos e das populações nos aces-sos a infra-estruturas viárias e equipamentoscolectivos em termos que atenuem as assime-trias adentro dos perímetros urbanos e entreregiões;

d) direito a um ambiente são e ecologicamente equi-librado;

e) gestão racional do espaço territorial e do uso dossolos e recursos naturais em termos de sus-

tentabilidade e solidariedade entre as geraçõesactuais e futuras e que contribuam para oreforço da unidade e coesão nacional e entreregiões.

f) segurança jurídica quanto à estabilidade dos planosterritoriais aprovados e os direitos ou situaçõesjurídicas validamente constituídas.

ARTIGO 11.º(Direito à informação)

1. Todos os cidadãos e demais interessados têm direitoa ser informados sobre o conteúdo material e formal dosdiversos planos territoriais.

2. O conteúdo do direito à informação integra osseguintes poderes de:

a) consultar os planos e demais documentos que inte-gram o seu processo;

b) obter cópias e certidões dos planos territoriaisaprovados, ainda que não ratificados peloGoverno;

c) obter informações sobre o andamento do processode elaboração e eventuais condicionamentosprevistos para a ocupação dos solos.

3. O disposto nos n.º 1 e n.º 2 não prejudica a aplicaçãodas regras financeiras regulamentares relativas ao custo dascópias e certidões.

ARTIGO 12.º(Direito à participação)

O direito de participação que assiste a todos os cidadãosé exercido de forma individual ou por via associativa derepresentação dos seus interesses nos termos previstos nosartigos 21.º, 43.º e n.º 4.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho,e adiante regulamentados.

SUBSECÇÃO IIPrincípios Gerais

ARTIGO 13.º(Âmbito dos princípios aplicáveis)

Aos planos territoriais são aplicáveis os princípiosgerais e directivos enumerados no artigo 6.º e nos termosgerais previstos nos artigos 7.º a 24.º da Lei n.º 3/04, de25 de Junho e nos especiais ora regulamentados na presentesubsecção II do presente regulamento geral.

I SÉRIE — N.º 10 — DE 23 DE JANEIRO DE 2006 101

ARTIGO 14.º(Intervenção coordenada de planeamento territorial)

É ao Estado e autarquias locais que, nos termos e paraos efeitos do artigo 5.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho,incumbe o direito e as obrigações inerentes à promoção deforma articulada da elaboração e à execução dos planosterritoriais, como instrumentos eleitos do ordenamentoterritorial.

ARTIGO 15.º(Coordenação das intervenções)

1. Tendo por orientação as normas aplicáveis em razãoda hierarquia das fontes, previstas no artigo 7.º desteregulamento as competentes autoridades centrais e locaisdevem, na elaboração, aprovação, revisão e alteração, exe-cução e avaliação, articular as suas intervenções com anecessária coordenação de molde a garantir a conformidadee compatibilização do conteúdo dos planos de grau inferiorcom o conteúdo dos planos de grau superior.

2. O dever de coordenação obriga, nos termos e para osefeitos do artigo 22.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho, e, deacordo com os princípios gerais aplicáveis e adiante previs-tos e regulamentados, identificar e a ponderar, nos diversosâmbitos territoriais de aplicação, quer a nível vertical dahierarquia dos planos nacional, provincial e municipal, quera nível horizontal das matérias especiais e das directivaspolíticas económicas sectoriais com impacto territorial, oconteúdo concreto e os interesses públicos e privados visa-dos pelos planos, programas e projectos de ordenamentoterritorial, considerando os já existentes e os que se achamem fase de preparação e os que se conformam ou os queviolam as directivas de planos de grau superior aplicáveisao respectivo âmbito territorial.

ARTIGO 16.º(Identificação dos recursos territoriais)

1. A aplicação dos princípios gerais de protecção dosrecursos situados no território nacional e a elaboração emenção obrigatória nos planos territoriais do respectivoâmbito de aplicação, os órgãos técnicos do planeamentoterritorial devem, nos termos do presente diploma, proce-der à identificação, designadamente, dos seguintes recursosterritoriais:

a) o sistema natural e ecológico existente;b) o sistema rural existente, sua caracterização demo-

gráfica, estruturas económicas e valores cultu-rais;

c) a estrutura de terrenos rurais comunitários;

d) a estrutura de terrenos reservados total ou parcial-mente, e em especial as áreas afectas à defesa doterritório e segurança e às reservas agrícolas eflorestais nacionais;

e) outros recursos naturais;f) o sistema urbano existente, sua caracterização

demográfica, suas estruturas de educação ecultura;

g) as redes viárias e de acesso existentes;h) as infra-estruturas e equipamentos colectivos, exis-

tentes;i) o património arqueológico e arquitectónico;j) áreas afectas ou destinadas às actividades econó-

micas.

2. A identificação dos elementos referidos no n.º 1 pelosplanos deve ser gradativa, com menor ou maior grau deespecificação, em função da relação de género para espécie,consoante se tratar, respectivamente, de planos de âmbitoregional, municipal, geral ou parcial, especial ou de por-menor.

3. Os planos de âmbito nacional podem limitar-se adefinir directrizes gerais em função dos diferentes tipos derecursos estratégicos existentes no território.

ARTIGO 17.º(Sistema natural e ecológico)

1. Os planos territoriais devem identificar e caracterizaro sistema natural e ecológico existente no respectivo âmbitoterritorial, descrevendo sumariamente os recursos naturaisestratégicos e os espaços ou áreas naturais protegidas sobreos quais assenta a sustentabilidade do equilíbrio ecológico eda renovação e reprodução dos recursos em termos queassegurem a solidariedade entre as gerações actuais efuturas, designadamente:

a) tipos de solos e da sua aptidão agrária, sem pre-juízo do disposto sobre as reservas agrícolas eflorestais nacionais;

b) tipos de coberto vegetal natural da área abran-gida pelo plano em causa, incluindo os recursosflorestais existentes;

c) recursos hidrográficos, fluviais, lacustres e outros;d) recursos da fauna e áreas reservadas à sua pro-

tecção;e) taxas demográficas de ocupação e uso dos solos;f) outros recursos naturais, designadamente do sub-

solo, conhecidos ou que relevem para a sus-tentabilidade e a conservação da natureza;

g) as reservas totais, que nos termos da Lei de Terras,e da legislação ambiental são estabelecidas parafins de protecção da natureza.

102 DIÁRIO DA REPÚBLICA

2. Os planos de âmbito nacional podem limitar-se a con-sagrar, através de directivas gerais, uma estratégia de uso,protecção e conservação dos recursos naturais que os planosprovinciais e interprovinciais, quando os houver, aplicam eadaptam aos recursos típica e genericamente identificadospara os respectivos âmbitos espaciais de aplicação.

3. Os planos municipais, para além da identificaçãodetalhada dos recursos naturais da respectiva área munici-pal, devem definir os parâmetros de ocupação e de uso dossolos rurais e urbanos e dos recursos hídricos compatíveiscom os imperativos da sustentabilidade e conservação dosmesmos.

4. As medidas de usos preferenciais, proibidos e condi-cionados impondo critérios de defesa e conservação danatureza compatíveis com os direitos de uso e fruição daspopulações, devem constar dos planos de pormenor eespeciais em razão dos recursos ou matéria em causa.

ARTIGO 18.º(Sistema rural)

Os planos territoriais gerais e em particular os planosmunicipais de ordenamento rural devem identificar os sis-temas rurais existentes no respectivo âmbito espacial,através da caracterização da ocupação demográfica, social,agrária e económica específicas, bem como das estruturasviárias, de acesso, de educação e cultura e demais valoresdas culturas tradicionais relevantes para efeitos não só, porum lado, da protecção dos direitos fundiários consue-tudinários, nos termos aplicáveis da Lei de Terras, dapreservação do povoamento das áreas rurais e dos demaisvalores consuetudinários como também, por outro lado, damelhoria da qualidade de vida rural das populações aliada àpreservação do equilíbrio quer natural e ecológico querdo sistema rural.

ARTIGO 19.º(Estrutura de terrenos rurais comunitários)

Os planos territoriais em geral e em particular os planosmunicipais de ordenamento rural devem identificar a estru-tura dos terrenos rurais comunitários que, nos termos da Leide Terras, e suas disposições regulamentares, são delimita-dos em função de uma determinada área ocupada por cadaagregado familiar e do tipo de cultura praticada, para finshabitacionais e exercício da sua actividade agrária e cujosdireitos fundiários consuetudinários são reconhecidosnaqueles mesmos termos.

ARTIGO 20.º(Estrutura dos terrenos reservados)

Os planos territoriais em geral e em particular os planosmunicipais urbanísticos e de ordenamento rural, conformefor o caso em razão da área territorial abrangida, devem

identificar a estrutura dos terrenos reservados totalmentepara fins de protecção do ambiente, de defesa e segurança,e outros fins, bem como as reservas parciais, estabelecidasnos termos gerais e regulamentares da Lei de Terras, com-preendendo, designadamente:

a) reservas totais de terrenos para fins de protecçãodo meio ambiente, de defesa e segurança, pro-tecção de monumentos ou locais históricos, pro-moção do povoamento ou do repovoamento eoutros fins comunitários ou de interesse públi-co, nos termos do n.º 4 do artigo 27.º da Lein.º 9/04, de 9 de Novembro;

b) faixas de terrenos da orla costeira, marítima,incluindo as praias e das zonas ribeirihas;

c) faixas de terrenos junto à fronteira terrestre;d) faixas de terrenos ao longo das vias férreas e uma

extensão em torno das instalações ferroviárias,portuárias, aeroportuárias, antenas e estações detelecomunicações e meteorológicas;

e) faixas de terrenos ao longo das auto-estradas, estra-das e pontes públicas;

f) faixas de terrenos ao longo de instalações e condu-tores aéreos de superfície, subterrâneos e sub-marinos, de electricidade, água e outros produ-tos, gás e petróleo;

g) faixas de terrenos adjacentes às instalações deturismo e estâncias de repouso.

ARTIGO 21.º(Defesa do território e segurança)

A identificação das estruturas, infra-estruturas e equipa-mentos do sistema de defesa e segurança nacionais podeser feita em documentos anexos aos planos territoriais, quesalvaguardem o interesse público da confidencialidadeinerente aos fins estratégicos daquele sistema, nos termosque forem regulamentados por diploma específico.

ARTIGO 22.º(Reservas agrícolas e florestais nacionais)

Os planos territoriais em geral e em particular os planosmunicipais de ordenamento rural devem identificar as áreasde solos com reconhecida aptidão agrícola, ou, independen-temente da sua aptidão, as áreas já afectas a determinadotipo de culturas ou fins silvícolas ou simplesmente ocupa-das por florestas naturais, com vista à identificação, defi-nição e melhor valorização e preservação da reserva agrícolae florestal nacional, nos termos a estabelecer por diplomaregulamentar próprio.

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ARTIGO 23.º(Outros recursos naturais)

1. Os planos territoriais em geral e em particular osplanos municipais devem identificar outros recursos natu-rais situados na respectiva área espacial, com destaque para:

a) os recursos hídricos fluviais e lacustres, bem comoa rede das bacias hidrográficas protegidas e com-preendidas na área territorial do plano;

b) os recursos mineiros conhecidos situados no soloe subsolo.

2. A identificação prevista no n.º 1 anterior pode ser feitapor remissão a cartas ou documentos de análise geológicapré-existente.

ARTIGO 24.º(Sistema urbano e melhor qualidade de vida)

1. Os planos territoriais fixam os objectivos quantita-tivos e qualitativos que sustentam a coerência, harmonia eequilíbrio das diversas funções do sistema urbano e carac-terizam a estrutura de ocupação espacial urbanística.

2. Para efeitos do disposto no n.º 1 anterior:

a) as principais opções de Ordenamento TerritorialNacional e os Planos Provinciais de Ordena-mento Territorial, bem como os planos territo-riais interprovinciais devem definir os princí-pios e directrizes que nas respectivas áreas territo-riais assegurem uma distribuição equilibradadas funções de vias de comunicação, de habita-ção, serviços e lazer, de espaços verdes e arbori-zados bem como dos equipamentos e infra--estruturas colectivas, aliada a directrizes depreservação da qualidade do ambiente urbano;

b) os planos directores municipais e em particularos planos urbanísticos devem especificar osprincípios e directrizes definidos nos planos ter-ritoriais de grau superior, estabelecendo osobjectivos e os parâmetros de ocupação do solopara fins habitacionais, de serviços públicos eprivados, de infra-estruturas, equipamentoscolectivos, vias de comunicação, redes deabastecimento de água, de fornecimento de ener-gia eléctrica e de gás, sistema de saneamentobásico, redes escolares, de saúde e outras edifi-cações, construções, devendo também fixar, porcada centro urbano, não só parâmetros deocupação dos espaços verdes como os índicesobrigatórios mínimos de arborização respec-tivos e demais requisitos que asseguram um sis-tema urbano coerente com um ambiente sadio eboa qualidade de vida.

ARTIGO 25.º(Património arqueológico e arquitectónico)

1. Os elementos ou conjuntos naturais e construídos querepresentam registos de valores da evolução histórica daocupação do território nacional devem ser identificadospelos planos territoriais, com vista à sua preservação parafins de defesa da memória e da identidade das comunidades.

2. Os planos directores municipais em geral e os planosurbanísticos e de ordenamento rural em particular devem,para fins de protecção e identificação impostos pelo n.º 1anterior, fixar os parâmetros de delimitação das respectivasáreas de protecção abrangidas.

ARTIGO 26.º(Redes viárias e de outros acessos)

1. Os planos territoriais gerais de âmbito nacional eprovincial devem identificar as redes rodoviárias e fer-roviárias nacionais, as estradas provinciais e os portos eaeroportos, bem como a respectiva articulação com as redesviárias municipais e comunais.

2. Os planos directores municipais devem identificar asredes viárias e ferroviárias, os cais e aeródromos de relevân-cia e âmbito municipal e comunal, bem como as suas arti-culações com as redes viárias nacionais e provinciais emtermos que assegurem a coerência com as estratégias viáriasde âmbito nacional e provincial.

ARTIGO 27.º(Redes de infra-estruturas e equipamentos colectivos)

1. Os planos territoriais de âmbito provincial e munici-pal devem identificar as redes de infra-estruturas e equipa-mentos colectivos de natureza estratégica fundamental emtermos de sustentabilidade da qualidade de vida, de suportedas actividades económicas e de acesso à saúde, à educaçãoe à cultura, ao desporto, ao lazer e à assistência social.

2. As grandes linhas de opções estratégicas de insta-lação, conservação e desenvolvimento das redes de infra--estruturas e equipamentos colectivos a nível nacional eprovincial deverão ser estabelecidas pelas PrincipaisOpções de Ordenamento Territorial Nacional e pelos planosterritoriais provinciais e interprovinciais, respectivamente.

ARTIGO 28.º(Localização e distribuição das actividades económicas)

1. Os planos territoriais gerais, de âmbito nacional eprovincial, devem de modo interactivamente coordenadocom os objectivos e directivas das Principais Opções Estra-

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tégicas Económicas (POE) e dos planos económicos deâmbito nacional e provincial, fixar os quadros nacionais eprovinciais de directivas, critérios e demais parâmetrosgerais julgados convenientes para a localização e a dis-tribuição espacial, no território nacional dos diversos tiposde actividades económicas, designadamente mineiras,agrárias, industriais, turísticas, comerciais e de outrosserviços.

2. São critérios legais mínimos aplicáveis à localizaçãoe distribuição das actividades económicas, nomeadamenteos seguintes:

a) a localização dos espaços mineiros de acordo coma localização natural ou proximidade dos recur-sos mineiros visados, sem prejuízo de uma equi-librada distribuição das funções e usos dos solospelas populações, da sua qualidade de vida e dadefesa do ambiente;

b) a localização dos espaços agrários, florestais esilvícolas, segundo a natural aptidão específicados solos, em preservação e valorização dasáreas de reservas agro-florestais, definidas nostermos do presente regulamento, sem prejuízode uma equilibrada e harmoniosa distribuiçãodas demais funções e usos dos solos, dos direi-tos fundiários consuetudinários e dos valida-mente constituídos, nos termos da Lei de Terrase da defesa do ambiente;

c) a localização dos espaços industriais de acordocom uma estratégia de compatibilização daracionalidade económica com uma equilibradae harmoniosa distribuição das demais funções eusos dos solos, parâmetros de combate dasassimetrias regionais, de dotação ou proximi-dade de vias de acesso aos centros urbanos e deescoamento, e defesa do ambiente e da quali-dade de vida das populações, devendo quanto anovos espaços industriais ser estabelecida pre-ferencialmente a localização em parques indus-triais, prévia e devidamente fixados e infra--estruturados já de acordo com aqueles crité-rios;

d) a localização dos espaços turísticos, comerciais ede serviços, deve obedecer a critérios de com-patibilização com uma equilibrada e harmo-niosa distribuição das demais funções dos solos,preservando altos padrões de equilíbrio doespaço urbano e de equilíbrio do espaço rural enatural, consoante for o caso da respectivalocalização urbana ou rural e com respeito pelosvalores da qualidade de vida e do ambiente.

3. Tendo em conta as situações de ocupação territorialjá constituídas, os planos territoriais devem identificar assituações críticas ou de incorrecta localização das activi-dades económicas e proceder a uma avaliação e ponderaçãoda compatibilização das diversas funções dos solos nosespaços críticos em causa, estabelecendo directivas decorrecção possível e progressiva das mesmas, com vista àdefesa e reposição de melhores padrões da qualidade doambiente e da qualidade de vida das populações.

4. Os planos directores municipais em geral e os planosurbanísticos e de ordenamento rural em particular devem,no quadro das directivas e critérios legais e fixados pelosplanos de grau superior, aplicáveis ao respectivo âmbito ter-ritorial municipal, fixar os parâmetros quantitativos e quali-tativos de ocupação e de uso do solo municipal, para finsde localização e distribuição das actividades económicas.

CAPÍTULO IIDa Elaboração dos Planos Territoriais

SECÇÃO IDisposições Gerais

ARTIGO 29.º(Relações entre os planos territoriais)

1. As relações entre os diversos tipos de planos territo-riais regem-se nos termos conjugados dos artigos 9.º, 14.º e15.º, segundo o princípio da primazia dos planos de grauhierárquico superior expresso na subordinação das directi-vas e normas dos planos de grau inferior, aos planos de grausuperior e concretizado através de uma coordenação inter-activa e progressiva que assegure uma compatibilização dosobjectivos e das directivas, critérios e parâmetros que foremsendo fixados pelos diversos planos territoriais.

2. Uma vez assegurada a compatibilização prevista non.º 1, as directivas específicas dos planos especiais, em casode colisão aparente ou real, prevalecem sobre o conteúdodas directivas dos planos gerais ou globais aplicáveis àmesma área territorial.

3. O princípio da primazia ou precedência e demaisprincípios aludidos no n.º 1 que regulam as relações entre osdiversos tipos de planos territoriais só é aplicável aos planosde grau inferior quando em relação ao respectivo âmbitoterritorial precedam planos aprovados de grau superior, e ainexistência transitória ou indefinida destes não prejudicaque para determinado espaço territorial se elabore e seaprove um plano territorial de nível provincial, intermédioou de nível municipal, global ou parcial, desde que se con-

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formem com directrizes e medidas preventivas governa-mentais emitidas para o efeito, e estejam suportados emfundamentação técnica adequada.

4. Os planos de grau inferior elaborados nos períodos deinexistência de correspondentes planos de grau superiordevem ser, todavia, revistos e alterados em conformidadecom estes últimos uma vez, por seu turno, elaborados eaprovados nos termos regulamentares.

ARTIGO 30.º(Níveis de elaboração e âmbitos de incidência territorial

e material)

1. Os processos de elaboração dos planos compreendemtrês níveis fundamentais de elaboração:

a) nível superior correspondente aos planos deâmbito nacional, como tais definidos pelaalínea a) do n.º 2 do artigo 28.º da Lei n.º 3/04,de 25 de Junho;

b) nível intermédio correspondente aos planos pro-vinciais ou equivalentes de âmbito territorialmais amplo como tais definidos pela alínea b)do n.º 2 do artigo 28.º da Lei n.º 3/04, de25 de Junho;

c) nível inferior correspondente ao dos planos deâmbito municipal, como tais definidos pelaalínea c) do n.º 2 do artigo 28.º conjugada como artigo 31.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho.

2. A elaboração dos planos tipificados no artigo 5.ºanterior realiza-se, em regra, gradualmente em cada umdos níveis definidos no n.º 1, desenvolvendo-se e con-cretizando-se de modo coordenado e interactivo segundo osrespectivos processos adiante regulados na secção II docapítulo II relativamente a cada um dos correspondentestipos.

3. Os planos de nível nacional podem, conforme oscasos, ter uma incidência global ou parcial sobre as diversasmatérias relativas ao desenvolvimento da ocupação e uso doterritório sendo as suas normas e directrizes gerais e comunsa todos os demais tipos de planos de âmbito territorial egrau hierárquico inferior, compreendendo:

a) as principais opções de Ordenamento do TerritórioNacional, de âmbito nacional e incidência glo-bal e comum;

b) os planos sectoriais de âmbito nacional têmincidência parcial restrita ao sector respectivo,como tais, adiante definidos pelo presente regu-lamento;

c) os planos especiais de âmbito nacionais têmincidência parcial restrita ao conteúdo materialespecialmente assumido, e como tais, adiantedefinidos pelo presente regulamento.

4. Os planos regionais são planos intermédios de coor-denação, especificam e concretizam a nível de uma ou maisprovíncias, no todo ou em parte do respectivo âmbito terri-torial, as directivas dos planos nacionais, compreendendo:

a) os planos provinciais, de incidência global ou par-cial, sectorial ou especial;

b) os planos interprovinciais de incidência global ouparcial, sectorial ou especial.

5. Nos termos e para os efeitos da alínea c) do n.º 1 ante-rior os planos de âmbito municipal compreendem:

a) planos intermunicipais de intermediação entre onível intermédio e o nível inferior ou local deentre os quais se compreendem, como modeloparticular, os planos directores gerais das gran-des cidades que integram dois ou mais municí-pios;

b) planos municipais globais, de entre os quais secompreende, como modelo central, os planosdirectores municipais;

c) planos municipais parciais, definidos em razão doconteúdo materialmente assumido, compreen-dendo os planos urbanísticos, os planos de orde-namento rural, os planos de pormenor, e osplanos sectoriais ou especiais.

6. Os planos municipais concretizam, no todo ou emparte do território de um município, tomado como área--regra, a nível local, as directivas dos respectivos planosprovinciais e intermunicipais, enquanto coordenem a inte-gração ou compatibilização de planos de dois ou maismunicípios, quaisquer que forem os fins e conteúdos geraisou sectoriais ou especiais.

SECÇÃO IIPlanos de Âmbito Nacional

SUBSECÇÃO IPrincipais Opções de Ordenamento Territorial Nacional

ARTIGO 31.º(Conceito)

As principais opções de Ordenamento TerritorialNacional são instrumentos de desenvolvimento territorialde natureza estratégica, que corresponde ao plano nacionale representam, nos termos do artigo 29.º da Lei n.º 3/04, de

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25 de Junho, o quadro máximo vertical e horizontal dereferência das grandes directivas e orientações estratégicasde carácter programático e genérico relativas ao ordena-mento de todo o território nacional, comuns a todos osdemais planos territoriais de grau inferior, os quais devemobrigatoriamente dar concretização no respectivo âmbito ematérias abrangidas pelo seu conteúdo.

ARTIGO 32.º(Objectivos)

As principais opções de Ordenamento Territorial Nacio-nal visam em geral definir um modelo global de organi-zação da ocupação e uso do território e em especial:

a) definir o quadro unitário de ocupação e uso doespaço territorial nacional em termos que garan-tam o uso e desenvolvimento integrado, harmo-nioso e sustentável dos recursos naturais ehumanos existentes no território e que contri-buam para a consolidação da identidade, coesãoe unidade do território e da nação angolana;

b) definir a estratégia espacial global que satisfaça,em termos de compatibilização interactiva, osobjectivos das estratégias do desenvolvimentoeconómico e social, e de combate das assime-trias regionais, promovendo as condições deigualdade na efectivação dos direitos funda-mentais, e de protecção do equilíbrio ambiental,em coordenação com as respectivas directivasconstantes das principais opções estratégicasaprovadas por lei;

c) definir a estratégia de coordenação das políticassectoriais, designadamente, mineiras, agrárias,industriais, de saúde e de educação, bem comodos planos territoriais e planos de impacte terri-torial de tipo sectorial;

d) definir a estratégia global de ocupação, dos solose espaços rurais em termos que assegurem apreservação do sistema rural e natural e seusrespectivos equilíbrios, uma melhoria da quali-dade de vida rural, pela criação de condiçõesde acesso a infra-estruturas e equipamentoscolectivos de abastecimento de água, de forne-cimento de energia eléctrica, e de educaçãoescolar e cultural;

e) definir a estratégia global de racionalização dopovoamento e repovoamento, em função docombate do êxodo rural e das estratégias decompatibilização da economia de meios naimplantação de infra-estruturas colectivas depromoção do bem-estar rural com o respeitopelas tradições e culturas locais;

f) definir a estratégia nacional de ocupação, aprovei-tamento dos solos e espaços urbanos, em termosque assegurem uma melhoria do equilíbrioambiental e qualidade de vida urbanos;

g) definir a estratégia global de implantação, repa-ração, manutenção, e expansão das redes nacio-nais rodoviárias, ferroviárias e demais infra--estruturas de acesso, designadamente portos,aeroportos e aeródromos, em termos que sirvamos objectivos discriminados nas alíneas ante-riores e a preservação do ambiente e da defesae segurança nacionais;

h) definir a estratégia global de implantação da redenacional de parques e zonas industriais;

i) definir a estratégia global de implantação da redenacional de parques naturais e de reservas agrí-colas e florestais e outras reservas nacionais,totais e parciais, definidas nos termos doartigo 27.º da Lei n.º 3/04, de 25 Junho eartigos 20.º e 21.º anteriores.

ARTIGO 33.º(Conteúdo material)

As principais opções para definirem os seus objectivos,devem conter, pelo menos, as seguintes directivas, princí-pios, critérios ou parâmetros gerais:

a) os pressupostos, as principais directrizes e opçõesque enquadram e definem de modo unitário ecoerente, e num horizonte de médio e longoprazos, a estratégia do modelo nacional deocupação e uso do espaço territorial nacional emtermos que garantam o uso e desenvolvimentointegrado, harmonioso e sustentável dos recur-sos naturais e humanos, para os mais diversosfins e funções do território;

b) os princípios, directrizes e opções assumidos peloEstado, quanto à localização das actividadeseconómicas, serviços e de grandes investimen-tos públicos, dos parques e zonas industriais,nos termos previstos no presente regulamento, eem coordenação interactiva com as directrizesdas principais opções estratégicas e do pro-grama de investimentos públicos;

c) as principais directrizes, objectivos, prioridades ouopções estruturantes, e meios visados de restau-ração ou preservação, em geral, do sistemaurbano, do sistema rural e de preservação dosistema natural, ambiental, e em particular, dasreservas agrícolas e florestais nacionais, dasredes viárias e de acessos, das redes de serviçospúblicos e administrativos provinciais e locais,

I SÉRIE — N.º 10 — DE 23 DE JANEIRO DE 2006 107

escolares e de saúde, e de demais infra-estru-turas e equipamentos colectivos ou de novosprojectos de interesse estratégico nacional e querepresentem quer o suporte fundamental e estru-turante da unidade e coesão territorial quer omotor fundamental do desenvolvimento econó-mico e social, nacional, equilibrado, nos termosprevistos no presente regulamento;

d) os padrões mínimos dos objectivos a atingir nasdiversas províncias, em matéria de qualidade devida e de efectivação dos direitos económicos,sociais e culturais e ambientais, na cidade e nocampo;

e) as metas e padrões quantitativos e qualitativos,mínimos em matéria de povoamento e repovoa-mento e da respectiva implantação de cons-truções, infra-estruturas e equipamentos colec-tivos;

f) identificação das áreas urbanas e rurais mais depri-midas em termos de dotação de infra-estruturase equipamentos colectivos e principais directi-vas, medidas e meios a serem desenvolvidas eespecificadas pelos planos;

g) as directrizes e mecanismos principais de coorde-nação das políticas de ordenamento territorial ede desenvolvimento regional, com vista àatenuação das assimetrias regionais, bem comode coordenação das políticas sectoriais queorientarão os planos territoriais sectoriais.

ARTIGO 34.º(Conteúdo formal)

1. As principais opções devem constituir anexo à res-pectiva lei, integrando em duas peças autónomas, umrelatório e um programa.

2. O relatório define os pressupostos e cenários deenquadramento do desenvolvimento da ocupação e usodo território, bem com os fundamentos das orienta-ções estratégicas, das opções e prioridades da intervençãodo ordenamento territorial, sendo ilustradas com peçase documentos gráficos demonstrativos do modelo deocupação e uso do espaço territorial nacional, adoptado.

3. O programa define e identifica:

a) as principais directivas, critérios, prioridades,opções, bem como os objectivos a atingir nomédio e longo prazos, em conformidade com odisposto nos artigos 33.º e 34.º anteriores;

b) as obrigações assumidas pelo Governo quanto ameios financeiros e fiscais, designadamente,programas de investimentos públicos, expro-

priações e medidas preventivas, legislativas ede outra natureza, considerados adequados àconsecução dos objectivos estabelecidos;

c) os programas de acções de cooperação doGoverno com as autarquias locais e as entidadesprivadas, julgadas convenientes para a boaexecução dos planos territoriais provinciais emunicipais;

d) a inventariação dos meios de financiamentojulgados necessários para suporte das opções ealternativas viáveis.

ARTIGO 35.º(Elaboração)

1. A elaboração das principais opções de Ordenamentodo Território Nacional compete ao Governo, sob iniciativae coordenação delegada da Comissão Interministerial doOrdenamento Territorial, nos termos previstos na alínea a)n.º 1 dos artigos 46.º e 47.º da Lei n.º 3/04, de 25, de Junho.

2. A elaboração das principais opções de Ordenamentodo Território Nacional é determinada por resolução doConselho de Ministros, que estabelece:

a) o núcleo dos princípios máximos orientadores doquadro fundamental das principais opções deOrdenamento do Território Nacional, bem comocritérios fundamentais para a metodologia decoordenação e compatibilização dos diversosvectores globais e sectoriais do ordenamentoterritorial nacional;

b) as linhas de orientação sobre a articulação decompetências entre a Comissão Interministerialdo Ordenamento Territorial e o Governo quantoà elaboração, alteração, revisão e aprovação daversão de proposta de lei;

c) os prazos de elaboração, aprovação da versão daproposta de lei e apresentação desta à Assem-bleia Nacional.

ARTIGO 36.º(Comissão Consultiva Nacional do Ordenamento do Território)

Nos termos do disposto no n.º 4 do artigo 43.º da Lein.º 3/04, de 25 de Junho, o Governo, para assegurar a par-ticipação de demais organismos públicos autónomos e enti-dades privadas na elaboração das POOTN, cria a ComissãoConsultiva Nacional do Ordenamento do Território, com-posta por representantes dos ministérios cuja acção temimpacte no território, das autarquias locais e do ConselhoNacional de Concertação Social, bem como das associaçõesambientais e culturais mais relevantes a nível nacional.

108 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 37.º(Parecer da Comissão Consultiva Nacional)

Concluída a primeira versão das POOTN, nos termos doartigo 36.º, a Comissão Interministerial de Ordenamento doTerritório e do Urbanismo remetê-la-á à Comissão Consul-tiva Nacional do Ordenamento do Território para queemita o seu parecer, fixando-lhe um prazo razoável entre30 e 45 dias para a sua emissão e remessa.

ARTIGO 38.º(Publicidade e recolha de pareceres avulsos)

1. A Comissão Interministerial do Ordenamento doTerritório e do Urbanismo, como órgão auxiliar e delegadodo Governo, nos termos e para os efeitos do disposto noartigo 21.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho, pode alargar oprazo previsto no artigo 37.º anterior para 60 dias, com vistaà publicitação da primeira versão das POOTN e recolha depareceres avulsos dos cidadãos, das empresas e instituiçõesprivadas que acharem por bem participar emitindo a suaopinião e sugestões.

2. A Comissão Interministerial de Ordenamento doTerritório e do Urbanismo pode, dentro do prazo fixado nostermos do n.º 1 anterior, submeter a instituições científicase universitárias nacionais, a primeira versão das POOTNpara recolha das suas opiniões.

ARTIGO 39.º(Remessa e aprovação pela Assembleia Nacional)

1. Recebido o parecer da Comissão Consultiva Nacionalbem como os contributos dos cidadãos, nos termos dosartigos anteriores, a Comissão Interministerial do Ordena-mento do Território e do Urbanismo elabora a versãofinal a aprovar pelo Conselho de Ministros, que serve deproposta das POOTN a ser remetida àAssembleia Nacional.

2. Recebida a proposta do Governo, a AssembleiaNacional procede a sua apreciação e aprova sob forma de leias POOTN, na versão resultante do debate e votação parla-mentar, incumbindo o Governo de desenvolver, especificare promover a sua concretização a nível nacional, intermédioou provincial e local ou municipal.

SECÇÃO IIIPlanos Territoriais Sectoriais Nacionais

ARTIGO 40.º(Conceito)

1. Os planos territoriais sectoriais, são instrumentos depolítica sectorial de âmbito nacional, da responsabilidadedos diversos sectores da administração central.

2. São planos territoriais sectoriais nacionais, os quetenham por objecto, designadamente:

a) as redes rodoviárias e ferroviárias interprovin-ciais, qualificadas como nacionais;

b) as redes de transportes e de comunicações inter--provinciais, qualificadas como nacionais;

c) as redes de transporte de energia eléctrica, gás eoutras substâncias naturais ou transformadasque abastecem várias províncias, qualificadascomo nacionais;

d) os portos e aeroportos que asseguram a ligaçãoentre as províncias bem como os qualificadoscomo internacionais;

e) as redes interprovinciais de tratamento de efluen-tes e outras infra-estruturas similares de pro-tecção do ambiente;

f) as barragens, albufeiras artificiais, parques indus-triais, parques agro-silvícolas, demais empreen-dimentos públicos de grande dimensão qualifi-cados como de interesse nacional, para servirvárias regiões;

g) os demais sectores primários, secundário e ter-ciário de actividades.

ARTIGO 41.º(Conteúdo material)

Os planos sectoriais nacionais devem, nos termos don.º 2 do artigo 34.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho, conteras seguintes definições:

a) identificação do sector de infra-estruturas ou equi-pamentos colectivos ou do empreendimento ouempreendimentos públicos que constituemobjecto do plano;

b) área territorial abrangida pelo plano definidapelas províncias abrangidas ou consideradacomo área-alvo dos efeitos do plano;

c) identificação das directrizes das principaisopções sobre a matéria em causa, cuja con-cretização sectorial se visa desenvolver com oplano sectorial;

d) opções, objectivos e metas de médio e longo pra-zos que o plano visa especialmente alcançar edesenvolver;

e) acções de concretização dos objectivos sectoriaisdefinidos;

f) mecanismos ou modos de coordenação e inte-gração dos objectivos do plano sectorial com osdemais planos territoriais globais aplicáveis.

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ARTIGO 42.º(Conteúdo formal)

Os planos sectoriais devem, nos termos do n.º 3 doartigo 34.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho, integrar asseguintes peças documentais obrigatórias:

a) relatório que procede ao diagnóstico da situaçãodo sector visado, e à definição das directivas edemais condições e pressupostos que servem defundamento políticos e técnicos para a elabo-ração do plano sectorial em causa suas opções eobjectivos;

b) peças gráficas, tais como cartas ou mapas geográ-ficos, geológicos e plantas de identificação erepresentação da respectiva área ou impactoterritoriais visados, bem como das áreas dedomínio público sujeitas a condicionamentos oulimites quanto ao livre uso e aproveitamento;

c) regulamento integrando as normas de execução doplano e da sua integração com os demais planosterritoriais.

ARTIGO 43.º(Elaboração)

1. A decisão da elaboração de um plano sectorial é deter-minada pelo Conselho de Ministros, que define:

a) os objectivos que se visam atingir;b) âmbito territorial nacional do plano visado;c) o prazo de elaboração;d) interesses públicos e privados abrangidos ou que

se visam satisfazer e como tais, fazer participarna elaboração do plano.

2. A elaboração dos planos sectoriais é centralmentedirigida pela Comissão Interministerial de Ordenamento doTerritório e do Urbanismo, sob iniciativa e coordenaçãoespecializada do Ministério que tutela o sector em que seintegram as infra-estruturas, equipamentos ou empreendi-mentos públicos em causa, com suporte técnico no órgãotécnico central do Ordenamento do Território, e a colabo-ração das províncias e das autarquias locais mais directa-mente interessadas ou visadas.

3. A elaboração dos planos sectoriais deve ser acom-panhada pelas entidades que executam projectos, programasou planos da administração pública noutros sectores e comimplicações na área ou áreas compreendidas pelo planosectorial visado.

ARTIGO 44.º(Parecer da Comissão Consultiva Sectorial)

1. Quando a diversidade dos interesses privados e públi-cos, centrais e locais em causa assim o exigir o Governoconstitui uma Comissão Consultiva Sectorial, cuja com-posição diversificada deve reflectir a representação daque-les interesses, aplicando-se-lhe subsidiariamente as normasaplicáveis à composição da Comissão Consultiva Nacionalprevista no artigo 37.º anterior.

2. Fixada a primeira versão do plano sectorial, esta éremetida à Comissão Consultiva Sectorial para emitir, noprazo de 30 dias o seu parecer.

3. Em face do parecer previsto no n.º 2, a ComissãoInterministerial do Ordenamento do Território e doUrbanismo fixa a versão final que submete à aprovação doConselho de Ministros.

ARTIGO 45.º(Aprovação)

Os planos sectoriais de âmbito nacional são aprovadospor decreto do Conselho de Ministros, devendo as peçasprevistas no artigo 43.º serem anexas àquele diploma legal,sendo dele parte integrante.

SUBSECÇÃO IIIPlanos Territoriais Especiais Nacionais

ARTIGO 46.º(Conceito)

1. Os planos territoriais especiais, de âmbito nacional,são instrumentos de natureza especial complementares dasprincipais opções que se especializam estritamente nodesenvolvimento da estratégia espacial de implantação, econsolidação de grandes áreas territoriais, protegidas, inclu-sive interprovinciais, de interesse nacional, especialmenteordenadas para a realização de fins específicos, designada-mente, de ordenamento agrário, turístico, industrial, ecoló-gico, de combate à desertificação humana e dos solos dasáreas rurais e de defesa e segurança.

2. São planos territoriais especiais nacionais, os rela-tivos à implantação, designadamente:

a) de áreas ou parques de reservas agrárias, silvíco-las e florestais com classificação e qualificaçãodos solos e medidas para a sua protecção;

b) de áreas ou parques naturais de protecção da florae fauna selvagens;

110 DIÁRIO DA REPÚBLICA

c) de áreas mineiras ou parques de exploração e pro-dução mineira, com integração de medidas deprotecção do ambiente, dos recursos naturais edos direitos das populações circundantes;

d) de áreas de ordenamento e protecção de albufeirasnaturais ou das orlas costeiras;

e) de áreas de povoamento tradicional e de implan-tação de áreas de repovoamento ou novospovoamentos;

f) de áreas reservadas aos fins de defesa e segurançanacionais, incluindo as de delimitação e defesadas fronteiras.

ARTIGO 47.º(Conteúdo material)

Os planos especiais nacionais devem, nos termos don.º 2 do artigo 34.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho, conteras seguintes definições:

a) identificação dos fins a que o plano se destina;b) área territorial abrangida pelo plano definida pelas

províncias abrangidas ou considerada comoárea-alvo dos efeitos do plano;

c) identificação das directrizes das principais opçõessobre a matéria em causa, cuja concretizaçãoespecial se visa desenvolver com o plano espe-cial;

d) opções, objectivos e metas de médio e longo pra-zos que o plano visa especialmente alcançar edesenvolver;

e) acções de concretização dos objectivos especiaisdefinidos;

f) mecanismos ou modos de coordenação e inte-gração dos objectivos do plano especial com osdemais planos territoriais globais e sectoriaisaplicáveis.

ARTIGO 48.º(Conteúdo formal)

Os planos especiais devem, nos termos do n.º 3 doartigo 34.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho, integrar asseguintes peças documentais obrigatórias:

a) relatório que procede ao diagnóstico da situaçãona área de fins especialmente visados, e àdefinição das directivas e demais condições epressupostos que servem de fundamento políti-cos e técnicos para a elaboração do plano espe-cial em causa, suas opções e objectivos;

b) peças gráficas, tais como cartas ou mapas geográ-ficos, geológicos e plantas de identificação erepresentação da respectiva área ou impacto

territoriais visados, bem como das áreas dedomínio público sujeitas a condicionamentos oulimites quanto ao livre uso e aproveitamento;

c) regulamento integrando as normas de execução doplano e da sua integração com os demais planosterritoriais.

ARTIGO 49.º(Elaboração)

1. A decisão da elaboração de um plano especial é deter-minada pelo Conselho de Ministros, que define:

a) os objectivos que se visam atingir;b) âmbito territorial nacional do plano visado;c) o prazo de elaboração;d) interesses públicos e privados, nomeadamente das

populações rurais e urbanas atingidas ou que sevisam satisfazer e como tais, fazer participar naelaboração do plano.

2. A elaboração dos planos especiais é centralmentedirigida pelo Governo através dos seus órgãos auxiliares,designadamente, a Comissão Interministerial de Ordena-mento do Território e do Urbanismo, sob iniciativa e coor-denação especializada do ministério que tutela o sector emque se integram as matérias e prossecução dos fins espe-ciais em causa, com suporte no órgão técnico central deordenamento territorial, e a colaboração dos órgãos técnicosdas províncias e das autarquias locais mais directamenteinteressadas ou visadas.

3. A elaboração dos planos especiais deve ser acompa-nhada pelas entidades que executam projectos, programasou planos da administração pública noutros sectores e comimplicações na área ou áreas compreendidas pelo planoespecial visado.

ARTIGO 50.º(Parecer da Comissão Consultiva Especial)

1. Em razão dos interesses privados e públicos, centraise locais em causa e tanto quanto a diversidade desses inte-resses assim o exigir, o Governo pode constituir umaComissão Consultiva Especial cuja composição devereflectir a representação daqueles interesses, aplicando-se--lhe subsidiariamente as normas aplicáveis à composiçãoda Comissão Consultiva Nacional prevista no artigo 36.ºanterior.

2. Fixada a primeira versão do plano especial, esta seráremetida à Comissão Consultiva Especial para emitir, noprazo de 30 dias, o seu parecer.

I SÉRIE — N.º 10 — DE 23 DE JANEIRO DE 2006 111

3. Recebido o parecer previsto no n.º 2, a ComissãoInterministerial do Ordenamento do Território e doUrbanismo fixa a versão final que submete à aprovação doConselho de Ministros.

ARTIGO 51.º(Aprovação)

Os planos territoriais especiais de âmbito nacional sãoaprovados por decreto do Conselho de Ministros, devendoas peças previstas no artigo 48.º serem anexas àquelediploma, sendo dele parte integrante.

SECÇÃO IVPlanos de Âmbito Provincial

SUBSECÇÃO IPlanos Provinciais de Ordenamento Territorial

ARTIGO 52.º(Conceito)

1. Os planos provinciais são instrumentos de desen-volvimento territorial, de natureza estratégica que traduzemas grandes opções com relevância para a organização do ter-ritório, estabelecendo as estratégias de desenvolvimento decada província, em harmonia com as directivas da estratégianacional contidas nas principais opções do Ordenamento doTerritório e Urbanismo, constituindo assim o quadro dereferência intermédio, mais próximo e directo de elaboraçãodos planos municipais.

2. Os planos provinciais representam a base modelar dosplanos territoriais regionais, constituindo a província aregião básica do sistema de planeamento territorial, semprejuízo da possibilidade excepcional de se elaboraremplanos interprovinciais, regulados pela subsecção II dapresente secção.

3. Os planos provinciais podem ser globais ou parciaisde tipo sectorial ou especial, consoante abarquem a globa-lidade das matérias do ordenamento territorial ou apenasparte ou partes sectoriais ou específicas delas.

ARTIGO 53.º(Objectivo)

Os planos provinciais visam em geral estratégias dedesenvolvimento territorial da província em harmonia comas POOTN, definindo o modelo de ocupação e uso dosespaços que se traduz:

a) as estratégias de implantação e expansão das redesviárias e de acessos, de projectos de infra-estru-

turas equipamentos colectivos, em aplicaçãodas directivas dos planos provinciais sectoriais;

b) as estratégias provinciais de racionalização do usodos recursos naturais e de defesa da natureza,com realce para a preservação e implantação deáreas verdes e arborizadas, para a garantia daqualidade do ambiente;

c) as estratégias provinciais de localização do povoa-mento em particular e da ocupação do solo emgeral;

d) a estratégia provincial de planeamento urbanís-tico integrado das áreas urbanas de municí-pios que integram o sistema urbano de grandescentros urbanos.

ARTIGO 54.º(Conteúdo material)

Os planos provinciais, no quadro da definição do mode-lo de organização espacial do território da província, devemnos termos do n.º 2 do artigo 34.º da Lei n.º 3/04, de25 de Junho conter as seguintes definições e menções obri-gatórias:

a) identificação e caracterização biofísica, social eeconómica, com realce para a estrutura depovoamento, a dinâmica demográfica, e asperspectivas de desenvolvimento da ocupaçãoe uso da área territorial da província a que res-peitam;

b) identificação das directrizes das principaisopções, bem como dos planos nacionais secto-riais e especiais aplicáveis ao território daprovíncia;

c) delimitação do quadro geral de referência dasdirectrizes de âmbito provincial relevantes paraa elaboração dos planos municipais, e intermu-nicipais, definindo as directrizes gerais estraté-gicas quanto aos recursos territoriais da pro-víncia, designadamente, o sistema natural eecológico, e medidas ou instrumentos de pro-tecção do ambiente, o sistema rural, a estruturados terrenos rurais comunitários, e medidas paraa preservação dos direitos fundiários e sociaisdas populações, a estrutura dos terrenos reserva-dos, a estrutura espacial de defesa e segurança,o património arqueológico e arquitectónico, osistema de redes viárias provinciais e de acessosàs outras províncias, as redes de acessos eequipamentos colectivos, estrutura do sistemaurbano provincial, com directrizes para a fixa-ção dos perímetros urbanos, fixação de índicesde áreas urbanas verdes e arborizadas, e demaismedidas para a defesa da qualidade e melhoria

112 DIÁRIO DA REPÚBLICA

das condições de vida, nos termos reguladospelos artigos 16.º e seguintes do presente regu-lamento geral;

d) directrizes especiais estratégias assumidas a nívelprovincial, para a localização e distribuição dasactividades económicas, em coordenação comas principais opções estratégicas e os planoseconómicos nacionais e provinciais, ponde-rando e definindo as opções estratégicas para ocombate das assimetrias regionais;

e) directrizes especiais estratégicas, para a elabo-ração de planos provinciais sectoriais e espe-ciais, com relevância particular para a identifi-cação do estado de manutenção, criação edesenvolvimento das redes provinciais viárias ede infra-estruturas colectivas, programa de prio-ridades para a restauração das mesmas e dedemais construções e equipamentos dos centrosurbanos da província, identificação dos grandesempreendimentos públicos, de áreas de reservasagrícolas e florestais, reservas hídricas, reservasde protecção da fauna e flora selvagens e deáreas turísticas;

f) medidas de coordenação, a nível provincial, dasdirectrizes dos planos nacionais, especiais e sec-toriais pré-existentes, com as do plano provin-cial, bem como das directrizes destes com as dosplanos territoriais municipais e intermunicipais;

g) opções e grandes directrizes quanto à estratégia deexecução dos planos territoriais, e em particularquanto à execução de operações de ordena-mento, previstas nos artigos 35.º e seguintes, daLei n.º 3/04, de 25 de Junho, designadamente aclassificação e qualificação dos solos da provín-cia, afectação e desafectação do domíniopúblico do Estado, transferências de terrenos dodomínio público do Estado para o domíniopúblico da província e das autarquias locais, eem particular para fins de concessão ouampliação de forais, demarcação e alinhamentode terrenos, medidas preventivas e expropria-ções por utilidade púbica de terrenos sob pro-priedade privada, necessários à execução dosplanos;

ARTIGO 55.º(Conteúdo formal)

Os planos territoriais provinciais devem, nos termos don.º 3 do artigo 34.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho, serconstituídos pelas seguintes peças documentais obri-gatórias:

a) estudos contendo diagnóstico e enquadramento dacaracterização biofísica da área territorial daprovíncia, bem como a identificação dos objec-tivos gerais e especiais visados pelos planosnacionais a aplicar na província;

b) relatório descritivo e analítico procedendo à deli-mitação do quadro das directivas e opçõesestratégicas e demais condições, pressupostos emedidas, referidas no artigo anterior, queservem quer de suporte da fundamentaçãopolítica e técnica quer de conjunto de orien-tações intermédias, a nível provincial, para aelaboração do plano provincial em causa e aindado esquema de representação do modelo deorganização espacial do território da província;

e) peças gráficas, tais como cartas ou mapas geográ-ficos, geológicos e plantas de identificação erepresentação da respectiva área ou impacto ter-ritoriais das orientações assumidas, bem comodas áreas de domínio público sujeitas a condi-cionamentos ou limites quanto ao livre uso eaproveitamento, designadamente das unidadesdo sistema natural, das áreas protegidas oureservadas à protecção da natureza, das orlasmarítimas, das áreas mineiras, das reservasagrárias e florestais, das áreas rurais povoadas edespovoadas e dos centros urbanos da provín-cia, de acordo com as normas legais de classifi-cação e qualificação dos solos rurais e urbanos;

c) regulamento integrando as normas de execuçãodo plano e da sua integração com os demaisplanos territoriais municipais;

d) programa de execução contendo disposiçõesindicativas sobre a execução de obras e empre-endimentos públicos a realizar na província,bem como de demais acções necessárias e con-venientes para a boa e plena execução do plano,designadamente a identificação das fontes eestimativa de meios financeiros.

ARTIGO 56.º(Elaboração)

1. A elaboração dos planos provinciais é feita pelosórgãos técnicos provinciais, sob iniciativa do governador daprovíncia, que define:

a) o objectivo estrutural do plano;b) âmbito territorial com identificação da província

visada;c) o âmbito material global ou parcial, sectorial ou

especial visado;d) o prazo de elaboração;

I SÉRIE — N.º 10 — DE 23 DE JANEIRO DE 2006 113

e) o órgão de coordenação e meios técnicos, finan-ceiros afectados;

f) os interesses públicos e privados abrangidos ouque se visam satisfazer e como tais, fazer parti-cipar na elaboração do plano;

g) demais aspectos necessários e convenientes aoprocesso de elaboração.

2. Os planos provinciais são elaborados, nos termos doartigo 56.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho, pelo respectivoórgão técnico provincial, sem prejuízo do apoio que deveser prestado pelo órgão técnico central que funciona sob atutela do ministério que tem a seu cargo o ordenamento doterritório e o urbanismo, e ao qual se acha administrativae tecnicamente subordinado nos termos do artigo 50.ºdaquela mesma lei.

ARTIGO 57.º(Superintendência e acompanhamento)

O órgão técnico central superintende e a ComissãoConsultiva Nacional acompanha o processo de elaboraçãodos planos provinciais, quer para assegurarem a consecuçãodo processo, prestando os seus competentes contributos,quer para deterem condições de prestação tempestiva dosrespectivos pareceres.

ARTIGO 58.º(Pareceres das Comissões Consultivas Provincial e Nacional)

1. Fixada a primeira versão do plano provincial, esta éremetida à Comissão Consultiva Provincial para emitir, noprazo de 30 dias, o seu parecer.

2. Na falta ou impossibilidade de constituição daComissão Consultiva Provincial, o parecer previsto no n.º 1é substituído pela participação no conjunto dos trabalhostécnicos e preparatórios de representantes dos municípios eparceiros sociais locais, colhendo-se na oportunidade aopinião e os interesses por eles declarados ao longo da suaparticipação e que devem ser reduzidos a escrito constandode documento em separado, integrando o conteúdo formaldo plano.

3. Em face do parecer previsto nos números anteriores,o governador provincial manda, em conformidade, conso-lidar a versão final do texto que constitui a sua propostae que, desta feita, emite despacho concordando com a pro-posta, remetendo-a ao ministro que tutela o ordenamentodo território e do urbanismo para aprovação, no prazo de30 dias.

ARTIGO 59.º(Ratificação)

1. Recebida a proposta, o Governo remete-a à ComissãoInterministerial de Ordenamento do Território e do Urba-nismo que colhe os pareceres da Comissão ConsultivaNacional, no prazo de 30 dias, contados da data da suarecepção, para averiguar da conformidade com as fontesaplicáveis e com as directivas dos planos nacionais de grausuperior ou, na falta deles, com as directivas governamen-tais produzidas para o plano provincial em causa.

2. Findo o prazo referido no número anterior, aComissão Interministerial de Ordenamento do Território edo Urbanismo submete a proposta do plano provincialaprovado à ratificação do Governo a qual junta as suasrecomendações, favoráveis ou desfavoráveis.

3. O Governo deve ratificar, no prazo dos 30 diassubsequentes à data da sua recepção, através de umaresolução, devendo as peças previstas no artigo 55.º dopresente decreto ser anexas àquele diploma legal, sendodele parte integrante.

4. No caso de recusa de ratificação ela deve ser comuni-cada ao Governo Provincial no prazo previsto para a suaratificação, sob pena de findo o mesmo o silêncio valercomo ratificação tácita, nos termos do n.º 1 do artigo 56.ºda Lei n.º 3/04, de 25 de Junho.

SUBSECÇÃO IIPlanos Interprovinciais de Ordenamento Territorial

ARTIGO 60.º(Conceito)

1. Os planos interprovinciais são instrumentos de desen-volvimento territorial, de natureza estratégica que traduzemas grandes opções com relevância para a organização do ter-ritório, estabelecendo as estratégias de desenvolvimento deduas ou mais províncias, tendo em conta os respectivosplanos provinciais e de acordo com as directivas da estra-tégia nacional contidas nas Principais Opções do Orde-namento do Território Nacional, nos termos conjugados daalínea b) n.º 2 do artigo 28.º e n.º 2 do artigo 30.º da Lein.º 3/04, de 25 de Junho.

2. Os planos interprovinciais definem as estratégias,com incidência global ou parcial, do desenvolvimento daocupação espacial do território de duas ou mais províncias,em coordenação, harmonização e concretização das directi-vas da estratégia nacional das principais opções, servindode quadro de referência intermédio, entre os planosnacionais e os planos provinciais das províncias abrangidas.

114 DIÁRIO DA REPÚBLICA

3. Os planos interprovinciais, consoante a sua incidênciaglobal ou parcial, podem ter a natureza de planos sectoriaisou de planos especiais com o âmbito territorial, que lhes forfixado.

ARTIGO 61.º(Objectivos)

Os planos interprovinciais visam os seguintes objec-tivos:

a) a coordenação e integração complementar dosplanos provinciais das províncias abrangidas;

b) combate das assimetrias regionais, entre as pro-víncias consideradas;

c) assegurar a coerência e eficiência na protecção dossistemas naturais e rurais abrangidos;

d) assegurar a maior eficiência na programação eimplantação das redes viárias e de demais infra--estruturas interprovinciais, bem como de equi-pamentos colectivos e empreendimentos públi-cos de efeitos regionais com impacto para odesenvolvimento económico e social nacional.

ARTIGO 62.º(Regime de elaboração e aprovação)

1. A elaboração de um plano interprovincial é da inicia-tiva conjunta dos governadores das províncias abrangidasem que se define:

a) o âmbito territorial com identificação das provín-cias e autarquias locais compreendidas;

b) o âmbito material global ou parcial, sectorial ouespecial visado;

c) o prazo de elaboração;d) o órgão de coordenação e meios técnicos, finan-

ceiros afectados;e) os interesses públicos e privados abrangidos ou

que se visam satisfazer e como tais fazer parti-cipar na elaboração do plano;

f) demais aspectos necessários e convenientes aoprocesso de elaboração.

2. Aos planos interprovinciais é subsidiariamente apli-cável, nos termos do n.º 3 do artigo 56.º da Lei n.º 3/04,de 25 de Junho, com as devidas adaptações.

3. Para efeitos de participação no processo de elabo-ração a composição da Comissão Consultiva Interprovincialdeve ser representativa das províncias abrangidas.

4. A aprovação dos planos interprovinciais é da com-petência do Conselho de Ministros.

SECÇÃO VPlanos de Âmbito Municipal

SUBSECÇÃO IPlanos Intermunicipais

DIVISÃO IDisposições Gerais

ARTIGO 63.º(Conceito)

1. Os planos intermunicipais de ordenamento do ter-ritório são instrumentos de desenvolvimento territorial denível intermédio, de elaboração facultativa e que visam aarticulação estratégica entre as directivas dos respectivosplanos provinciais e as dos planos municipais, e pela suainterdependência carecem de coordenação integrada.

2. Os planos urbanísticos integrados das cidades ou cen-tros urbanos cujo espaço abranja dois ou mais municípios,são planos intermunicipais designados por planos direc-tores gerais e com o regime especial consagrado peladivisão II da presente subsecção I.

3. Os planos intermunicipais, consoante a sua incidênciaglobal ou parcial, poderão ter a natureza de planos secto-riais ou de planos especiais com o âmbito territorial que lhesfor fixado.

ARTIGO 64.º(Objectivos)

Os planos intermunicipais visam articular em geral asestratégias de desenvolvimento da ocupação espacial dosmunicípios abrangidos, e em particular as seguintes estraté-gias específicas:

a) as estratégias de implantação e expansão das redesviárias e de acessos, de projectos de infra-estru-turas, equipamentos colectivos, em aplicaçãodas directivas dos planos provinciais sectoriais;

b) as estratégias intermunicipais de racionalizaçãodo uso dos recursos naturais e de defesa danatureza, com realce para a preservação eimplantação de áreas verdes e arborizadas, paraa garantia da qualidade do ambiente;

c) as estratégias intermunicipais de localização dopovoamento em particular e da ocupação dosolo em geral;

d) a estratégia intermunicipal de planeamento urba-nístico integrado das áreas urbanas de municí-pios que integram o sistema urbano de grandescentros urbanos.

I SÉRIE — N.º 10 — DE 23 DE JANEIRO DE 2006 115

ARTIGO 65.º(Conteúdo material)

1. Os planos intermunicipais de ordenamento do ter-ritório estabelecem o modelo de organização espacial daárea intermunicipal abrangida, definindo, designadamente:

a) os municípios abrangidos pelo plano e da áreaglobal territorial respectiva;

b) directrizes, critérios, parâmetros para o uso dossolos abrangidos, que assegurem o equilíbriointegrado da ocupação e uso;

c) as redes intermunicipais de infra-estruturas, detransportes, e demais equipamentos colectivosmencionados na alínea a) do artigo anterior;

d) padrões ou índices mínimos de áreas verdes e dezonas arborizadas intermunicipais existentes oua criar que contribuam para assegurar a quali-dade do ambiente;

e) padrões e índices racionais de povoamento eocupação dos solos;

f) os requisitos e menções específicos exigidos pelasdisposições especiais aplicáveis aos planosdirectores gerais.

2. O conteúdo material dos planos intermunicipais sec-toriais e especiais visa, conforme os casos, apenas a matériasectorial ou especial prevista em cada uma das alíneas don.º 1 anterior.

ARTIGO 66.º(Conteúdo formal)

Os planos intermunicipais devem, nos termos do n.º 3do artigo 34.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho, ser consti-tuídos pelas seguintes peças documentais obrigatórias:

a) estudos contendo diagnóstico e enquadramento dacaracterização biofísica da área territorial dosmunicípios abrangidos, bem como a identifi-cação dos objectivos gerais e especiais visadosem coordenação com os objectivos fixados peloplano provincial a aplicar na província respec-tiva;

b) relatório descritivo e analítico procedendo à deli-mitação do quadro das directivas e opçõesestratégicas e demais condições, pressupostos emedidas, alistadas no artigo anterior, que servemquer de suporte da fundamentação política e téc-nica quer de conjunto de orientações intermé-dias, a nível provincial, para a elaboração doplano intermunicipal em causa e ainda do esque-ma de representação do modelo de organizaçãoespacial do território dos municípios abrangidos;

c) peças gráficas, tais como cartas ou mapas geográ-ficos, geológicos e plantas de identificação erepresentação da respectiva área ou impacto ter-ritoriais das orientações assumidas, bem comodas áreas de domínio público sujeitas a condi-cionamentos ou limites quanto ao livre uso eaproveitamento, designadamente, das unidadesdo sistema natural, das áreas intermunicipaisprotegidas ou reservadas à protecção danatureza, das orlas intermunicipais marítimas,das áreas intermunicipais mineiras, das reservasintermunicipais agrárias e florestais, das áreasrurais, povoadas e despovoadas, e do centro oucentros urbanos abrangidos, conforme o caso,de acordo com as normas legais de classificaçãoe qualificação dos solos rurais e urbanos;

d) regulamento integrando as normas de execução doplano e da sua integração com os demais planosterritoriais municipais;

e) programa de execução contendo disposições indi-cativas sobre a execução de obras e empreendi-mentos públicos a realizar na área intermunici-pal, bem como de demais acções necessárias econvenientes para a boa e plena execução doplano, designadamente a identificação das fontese estimativa de meios financeiros.

ARTIGO 67.º(Elaboração)

1. A elaboração dos planos intermunicipais é da inicia-tiva do governador da província, que define ou fixa:

a) o âmbito territorial, com identificação dos municí-pios compreendidos;

b) o prazo de elaboração;c) o âmbito material global ou parcial, sectorial ou

especial visado;d) os interesses públicos e privados abrangidos ou

que se visam satisfazer e como tais fazer parti-cipar na elaboração do plano;

e) os órgãos envolvidos e meios técnicos, financeirosdisponibilizados;

f) demais aspectos necessários e convenientes aoprocesso de elaboração.

2. Os planos intermunicipais são elaborados, nos termosconjugados dos n.os 2 a 4 dos artigos 56.º e 57.º da Lein.º 3/04, de 25 de Junho, pelos órgãos técnicos municipaisque prestam os serviços relativos à caracterização dos ele-mentos relativos a cada município, sob coordenação doórgão técnico provincial que assegurará a coerência doplano em causa, sem prejuízo do apoio a ser prestado pelo

116 DIÁRIO DA REPÚBLICA

órgão técnico central sob a tutela do ministério que tem aseu cargo o ordenamento do território, e ao qual aqueles seacham administrativa e tecnicamente subordinados nostermos dos artigos 50.º e 51.º daquela mesma lei.

3. Na falta de recursos humanos e técnicos dos órgãosmunicipais, a elaboração é assegurada pelo órgão técnicoprovincial com o apoio e superintendência do órgão centralde ordenamento do território, conforme melhor e mais con-venientemente for definido pela resolução que aprovar aproposta de elaboração do plano intermunicipal.

ARTIGO 68.º(Supervisão e acompanhamento)

O órgão técnico central presta assistência e supervisionae a Comissão Consultiva Provincial, bem como a ComissãoConsultiva Nacional acompanham o processo de elaboraçãodos planos intermunicipais quer para assegurarem a elabo-ração, prestando os seus competentes contributos quer paradeterem condições de prestação tempestiva dos respectivospareceres.

ARTIGO 69.º(Pareceres das Comissões Consultivas Provincial e Nacional)

1. Fixada a primeira versão do plano intermunicipal,esta é remetida pelo órgão técnico provincial à ComissãoConsultiva Provincial para emitir, no prazo de 30 dias,o seu parecer, nos termos da alínea a) do n.º 1 e n.º 4do artigo 57.º e artigo 59.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho.

2. Na falta ou impossibilidade de constituição da Comis-são Consultiva Provincial, o parecer previsto no n.º 1 ésubstituído pela participação no conjunto dos trabalhos téc-nicos e preparatórios de representantes dos municípios eparceiros sociais locais, abrangidos pela área do plano inter-municipal, colhendo-se a opinião e os interesses por elesdeclarados ao longo da sua participação e que devem serreduzidos a escrito constando de documento em separado,integrando o conteúdo formal do plano.

3. Recebido o parecer previsto nos números anteriores,o governador provincial manda, em conformidade, conso-lidar a versão final do texto que constitui a sua proposta eque, desta feita, nos termos da alínea a) do n.º 1 doartigo 57.º e artigo 59.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho,emite despacho concordando com a proposta, remetendo-aao ministro de tutela para aprovação, no prazo de 30 dias.

ARTIGO 70.º(Ratificação)

1. Recebida a proposta, o Governo remete-a à ComissãoInterministerial de Ordenamento do Território e do Urba-nismo que colhe os pareceres da Comissão Consultiva

Nacional, no prazo de 30 dias, contados da data da suarecepção, para averiguar da conformidade com as fontesaplicáveis e com as directivas dos planos nacionais de grausuperior ou, na falta deles, com as directivas governamen-tais produzidas para o plano provincial em causa.

2. Findo o prazo referido no número anterior, a Comis-são Interministerial de Ordenamento do Território e doUrbanismo submete a proposta do plano intermunicipalaprovado à ratificação do Governo a qual junta as suasrecomendações.

3. O Governo deve ratificar, no prazo dos 30 dias subse-quentes à data da sua recepção, por resolução do Conselhode Ministros, devendo as peças previstas no artigo 55.ºanterior ser anexas àquele diploma legal como sendodele parte integrante.

4. No caso de recusa de ratificação, ela deve ser comuni-cada ao Governo Provincial dentro do prazo previsto para asua ratificação, sob pena de findo o mesmo o silêncio valercomo ratificação tácita, nos termos do n.º 1 do artigo 57.ºda Lei n.º 3/04, de 25 de Junho.

DIVISÃO IIPlano Director Geral

ARTIGO 71.º(Conceito e instrumentos supletivos )

1. Os planos directores gerais são planos integradosdas grandes cidades, dotados de unidade orgânica e cadas-tral do território cujo espaço abranja áreas territoriais dedois ou mais municípios contíguos, dotados de redesintegradas e comuns de infra-estruturas e de equipamentoscolectivos.

2. Os instrumentos supletivos ou sucedâneos dos planosprevistos no número anterior devem ser aprovados peloministro que tutela o ordenamento do território e o urba-nismo.

ARTIGO 72.º(Objectivos)

Os planos directores gerais visam articular em geral aestratégia integrada de desenvolvimento do sistema urbanoe de garantia do equilíbrio e qualidade do ambiente e devida urbana no espaço integrado no perímetro urbano dasgrandes cidades com alta densidade demográfica e com-plexidade de infra-estruturas, e em particular as seguintesestratégias específicas:

a) a estratégia de implantação e expansão das redesviárias, de acessos e de transportes colectivos;

I SÉRIE — N.º 10 — DE 23 DE JANEIRO DE 2006 117

b) as estratégias de implantação de projectos deinfra-estruturas, equipamentos colectivos, desaneamento básico, de abastecimento de água,de fornecimento de energia eléctrica e de gás, dedistribuição das áreas destinadas a actividadesindustriais, comerciais e demais serviços públi-cos e privados, em aplicação das directivas dosplanos provinciais sectoriais;

c) a estratégia de planeamento urbanístico integradoe de expansão das áreas urbanas que integramo sistema urbano implantado adentro do perí-metro urbano da cidade ou centro urbano visa-do, aliado à defesa da racionalização da respec-tiva concentração populacional;

d) a estratégia de ordenamento rural integrado dossolos rurais integrados no foral das cidades,aliada à preservação do equilíbrio e demaisvalores do sistema rural residual ou periférico;

e) a estratégia de racionalização do uso dos recursosnaturais e de conservação da natureza, comrealce para a preservação e implantação de áreasverdes e arborizadas, para a garantia da quali-dade do ambiente;

f) os demais objectivos estabelecidos, caso a caso,pela resolução que aprovar a proposta para asua elaboração.

ARTIGO 73.º(Conteúdo material)

1. Os planos directores gerais estabelecem o modelo deorganização espacial da área abrangida, definindo, desig-nadamente:

a) os municípios abrangidos pelo plano e da áreaglobal territorial respectiva;

b) directrizes, critérios, parâmetros para o uso dossolos abrangidos, que assegurem o equilíbriointegrado da ocupação e uso;

c) as redes intermunicipais de infra-estruturas, detransportes, e demais equipamentos colectivosmencionados na alínea a) do artigo anterior;

d) padrões ou índices mínimos de áreas verdes e dezonas arborizadas intermunicipais existentes oua criar que contribuam para assegurar a quali-dade do ambiente;

e) padrões e índices racionais de povoamento eocupação dos solos;

f) os requisitos e menções específicas exigidos pelasdisposições especiais aplicáveis aos planosdirectores gerais.

ARTIGO 74.º(Conteúdo formal)

Os planos directores gerais das grandes cidades e centrosurbanos médios devem, nos termos do n.º 3 do artigo 34.ºda Lei n.º 3/04, de 25 de Junho, ser constituídos pelasseguintes peças documentais obrigatórias:

a) estudos contendo diagnóstico e enquadramento dacaracterização biofísica da área territorial dosmunicípios abrangidos, bem como a identifi-cação dos objectivos gerais e especiais visadosem coordenação com os objectivos fixados peloplano provincial a aplicar na província respec-tiva;

b) relatório descritivo e analítico procedendo àdelimitação do quadro das directivas e opçõesestratégicas e demais condições, pressupostos emedidas, alistadas no artigo anterior, que servemquer de suporte da fundamentação política e téc-nica quer de conjunto de orientações intermé-dias, a nível provincial, para a elaboração doplano intermunicipal em causa e ainda doesquema de representação do modelo de organi-zação espacial do território dos municípiosabrangidos;

c) peças gráficas, tais como cartas ou mapas geográ-ficos, geológicos e plantas de identificação erepresentação da respectiva área ou impacto ter-ritoriais das orientações assumidas, bem comodas áreas de domínio público sujeitas a condi-cionamentos ou limites quanto ao livre uso eaproveitamento, designadamente, das unidadesdo sistema natural, das áreas intermunicipaisprotegidas ou reservadas à protecção da natu-reza, das orlas intermunicipais marítimas, dasáreas intermunicipais mineiras, das reservasintermunicipais agrárias e florestais, das áreasrurais, povoadas e despovoadas, e do centro oucentros urbanos abrangidos, conforme o caso,de acordo com as normas legais de classificaçãoe qualificação dos solos rurais e urbanos;

d) regulamento integrando as normas de execução doplano e da sua integração com os demais planosterritoriais municipais;

e) programa de execução contendo disposições indi-cativas sobre a execução de obras e empreendi-mentos públicos a realizar na área intermunici-pal, bem como de demais acções necessárias econvenientes para a boa e plena execução doplano, designadamente a identificação dasfontes e estimativa de meios financeiros.

118 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 75.º(Regime de elaboração)

1. A elaboração dos planos directores gerais é propostapelo governador da província da área territorial em que ocentro urbano se compreende e é aprovada pelo conselho,que define ou fixa:

a) a identificação da cidade visada e do respectivoperímetro urbano, com identificação dos muni-cípios nele compreendidos;

b) o prazo de elaboração;c) os interesses públicos e privados abrangidos ou

que se visam satisfazer e como tais fazer parti-cipar na elaboração do plano;

d) os órgãos envolvidos e meios técnicos, financeirosdisponibilizados;

e) demais aspectos necessários e convenientes aoprocesso de elaboração.

2. Aos planos directores gerais é subsidiariamente apli-cável nos termos conjugados do n.º 3 do artigo 31.º e dosn.os 2 a 3 do artigo 59.º da Lei n.º 9/04, de 9 de Novem-bro, com as devidas adaptações às seguintes disposições:

a) em primeiro grau as do regime geral do processode elaboração, aprovação, superintendência,acompanhamento e ratificação previsto nos arti-gos 57.º a 60.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho,anteriores para os planos intermunicipais;

b) em segundo grau, e na omissão do regime geralprevisto na alínea anterior, as disposições doregime aplicável aos planos directores munici-pais, em razão da especial adequação à naturezada questão municipal ou urbanística em causa;

c) em terceiro lugar o regime especial casuístico quefor fixado por disposições contidas na reso-lução prevista no n.º 1 anterior.

SUBSECÇÃO IIPlanos Municipais

DIVISÃO IIIDisposições Gerais

Tipologia de Planos Municipais e das Operaçõesde Ordenamento

ARTIGO 76.º(Conceito e natureza)

1. Os planos territoriais municipais são planos que esta-belecem o regime regulamentar de ocupação e uso dos solosurbanos e rurais compreendidos nos limites do território domunicípio, classificando e qualificando os solos municipais

e definindo os respectivos parâmetros, bem como os crité-rios de preservação e de evolução dos sistemas natural,urbano e rural implantados e seus valores, e em particulardas estruturas das redes viárias e de demais infra-estruturase equipamentos colectivos, em aplicação das directivas dosplanos de grau superior.

2. Os planos municipais têm natureza de regulamentos eo seu valor e eficácia é o fixado no n.º 2 do artigo 5.º dopresente diploma.

ARTIGO 77.º(Tipos de planos municipais)

1. Os planos municipais, nos termos do artigo 31.º daLei n.º 3/04, de 25 de Junho, em razão da incidência sobrea totalidade ou parte do território do município, classificam--se em planos globais e parciais.

2. Os planos parciais, em razão do tipo de solos urbanosou rurais cujo ordenamento essencialmente, visam, classifi-cam-se em planos urbanísticos e planos de ordenamentorural, e estes, por seu turno, em planos sectoriais e planosespeciais, em razão da matéria sectorial e especial darespectiva incidência parcial.

3. O plano director municipal representa o tipo centraldos planos globais.

4. Os centros urbanos e rurais, designadamente povoa-ções e comunidades rurais cuja organização espacial ecujos municípios em que se integram não tenham meiostécnicos de planeamento suficientes, podem adoptar apenasplantas de loteamento ou de zonamento ou outros instru-mentos de organização da ocupação do espaço, seu lotea-mento e zonamento, compreendido nos respectivos períme-tros urbanos ou comunitários rurais, que a despeito de nãoobedecerem às regras sobre conteúdo material e formal,exigíveis, desempenham as mesmas funções de planosparciais, urbanos ou rurais.

5. Os instrumentos supletivos ou sucedâneos dos planosprevistos no número anterior devem ser aprovados pelogovernador da província, ratificados, publicados e regis-tados nos mesmos termos aplicáveis aos planos seus equi-valentes para valerem como planos nos termos e para osefeitos nos n.os 1 e 2 do artigo 154.º do presente regula-mento geral.

ARTIGO 78.º(Objectivos)

Os planos territoriais municipais visam definir:

a) o quadro municipal programático das estratégiasde desenvolvimento da ocupação e uso dossolos, a curto, médio e longo prazos, compreen-

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didos no território municipal em concretizaçãodas estratégias definidas pelos planos provin-ciais em que respectivamente se integram;

b) o quadro municipal de referência da classificaçãoe qualificação dos solos e dos parâmetros de usodos solos e espaços públicos classificados com-preendidos no território municipal;

c) o quadro de directivas municipais para uma gestãoplaneada dos solos compreendidos no territóriomunicipal;

d) o quadro municipal de definição especificada dosistema natural, ecológico, e dos sistemasurbano e rural municipais, bem como das medi-das de defesa e garantia da qualidade do ambi-ente e das qualidades de vida urbana e de vidarural;

e) o quadro municipal programático da coordenaçãoa nível local das estratégias globais com asestratégias sectoriais de desenvolvimento egestão dos solos municipais;

f) as directivas, critérios e parâmetros aplicáveis àlocalização de infra-estruturas e equipamentoscolectivos do território municipal;

g) as directivas, critérios e parâmetros aplicáveis àlocalização e distribuição das actividades, par-ques ou zonas industriais, turísticas, comerciaise de serviços;

h) os demais critérios e parâmetros relevantes paraa execução das demais operações de ordena-mento em geral e das operações urbanísticase rurais, em particular, designadamente, paraos terrenos afectos ao domínio público, paraas transferências dominiais, para os terre-nos declarados de utilidade pública para finsde expropriação e para a concessão deforais servindo fins de expansão dos centrosurbanos.

ARTIGO 79.º(Regime dos solos)

1. O regime municipal da ocupação e uso dos solos aser concretizado pelos planos municipais deve, nos ter-mos conjugados e sem prejuízo das fontes aplicáveisem razão das matérias, previstas no artigo 8.º do presentediploma, conformar-se com as disposições vigentes daLei de Terras e respectivos regulamentos, dependendoa sua execução da realização das operações de ordena-mento.

2. Classificados os solos municipais em urbanos e ruraisa boa execução dos planos depende da realização dasoperações urbanísticas e de ordenamento rural.

ARTIGO 80.º(Operações de ordenamento)

1. As operações de ordenamento do território, nostermos do artigo 35.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho, podemser gerais e comuns a todos os tipos de solos e especiaisdos solos rurais e dos solos urbanos.

2. As operações gerais de ordenamento compreendem osseguintes tipos:

a) qualificação e classificação dos terrenos;b) afectação ao domínio público e sua desafectação;

transferências dominiais;c) delimitação e alinhamento;d) expropriação por utilidade pública;e) medidas preventivas, adiante reguladas no capí-

tulo IV;f) exercício do direito de preferência, nos termos

previstos no capítulo VI, sobre execução;g) reparcelamento nos termos previstos no capí-

tulo VI, sobre execução.

3. As operações especiais de ordenamento compre-endem os seguintes tipos:

a) operações urbanísticas, adiante reguladas quantoaos planos urbanísticos;

b) operações de ordenamento rural adiante reguladasquanto aos planos de ordenamento rural.

ARTIGO 81.º(Classificação dos terrenos)

1. A classificação dos terrenos é a operação estruturantede ordenamento do solo que estabelece a definição funda-mental da estrutura fundiária do território municipal emfunção não só dos fins básicos urbanos e rurais a que sedestinam os terrenos respectivos, como também do regimefundamental de concessão e transmissibilidade a queestão sujeitos, nos termos dos artigos 20.º e seguintes daLei n.º 9/04, de 9 de Novembro.

2. Os tipos de terrenos relevantes para efeitos da classi-ficação prevista no n.º 1 anterior são os seguintes:

a) terrenos urbanos e terrenos rurais;b) terrenos não concedíveis ou de domínio público e

terrenos concedíveis ou de domínio privado doEstado, das autarquias locais ou de particulares,conforme for o caso.

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ARTIGO 82.º(Qualificação dos terrenos)

1. A qualificação dos terrenos é a operação de ordena-mento que relativamente aos terrenos já classificados, iden-tifica ou atribui, conforme os casos, a aptidão natural eaproveitamento útil específico dos terrenos rurais em razãodas suas potencialidades agrárias, florestais ou mineiras eem relação aos terrenos urbanos, a actividade ou uso domi-nante que neles possa ser desenvolvido, estabelecendo orespectivo destino urbanístico ou o regime de edificabi-lidade.

2. A qualificação dos terrenos urbanos estabelece aatribuição ou identificação das seguintes espécies adiantereguladas quanto ao conteúdo dos planos urbanísticos:

a) terrenos urbanizados;b) terrenos urbanizáveis;c) terrenos reservados ou afectos aos fins colectivos

de urbanização e de interesse público desig-nadamente aos espaços públicos, espaçosverdes e arborizados e à preservação do equi-líbrio quer do sistema natural ecológico quer dosistema urbano.

3. A qualificação dos terrenos rurais estabelece aatribuição ou identificação das seguintes espécies adiantereguladas, quanto ao conteúdo dos planos rurais:

a) terrenos comunitários;b) terrenos de cultura ou agrários;c) terrenos florestais;d) terrenos de instalação;e) terrenos viários;f) terrenos reservados ou afectos aos fins colectivos

rurais e de interesse público, designadamente,de preservação do equilíbrio, quer do sistemanatural ecológico e de conservação da natureza,quer do sistema rural e seus valores culturais.

4. A qualificação dos terrenos não concedíveis deveestabelecer a identificação dos domínios públicos, doEstado, da província ou do município, bem como osterrenos reservados total ou parcialmente para os fins deinteresse público regulados pelo artigo 27.º da Lei n.º 9/04,de 9 de Novembro.

ARTIGO 83.º(Afectação ao domínio público)

1. A afectação ao domínio público do Estado, da provín-cia ou do município de um terreno titulado sob regimede domínio privado, é pelos planos territoriais de grausuperior e fixada pelos planos municipais.

2. A afectação ao domínio público prevista no n.º 1,avulsa, eventual ou extravagante que não resulte directa-mente do processo corrente de planeamento municipal eque se afigure necessária após à aprovação do planomunicipal, deve, nos termos do artigo 37.º da Lei n.º 3/04,de 25 de Junho, ser objecto de decreto do Governo eposteriormente integrada nas previsões do plano municipalcorrespondente, em sede de alteração ou revisão.

3. O disposto nos números anteriores é aplicável, com asdevidas adaptações, às operações de desafectação deterrenos do domínio público do Estado ou do município.

ARTIGO 84.º(Transferências de domínios públicos e privados)

1. Os planos municipais devem, de acordo com direc-tivas gerais dos planos de grau superior, fixar as transfe-rências de terrenos dos domínios públicos ou privados doEstado ou da província para a titularidade dos municípiosque forem estabelecidos como necessários para a execuçãode metas, empreendimentos ou obras municipais de planea-mento urbano ou rural.

2. As transferências dominiais prevista no n.º 1, avulsas,eventuais e extravagantes que não resultem directamente doprocesso corrente de planeamento municipal, e que seafigurem necessárias após à aprovação do plano municipal,devem, nos termos do artigo 37.º da Lei n.º 3/04, de25 de Junho, ser objecto de decreto do Governo e poste-riormente integradas nas previsões do plano municipalcorrespondente, em sede de alteração ou revisão.

3. O disposto no n.º 1 é aplicável à concessão de foraisàs cidades ou à fixação de perímetros urbanos nos termosadiante definidos do regime especial dos planos urbanís-ticos.

4. Os terrenos do domínio público mineiro, marítimo emilitar do Estado não podem ser transferidos para a titulari-dade dos municípios.

5. O disposto no n.º 1 é aplicável às transferênciasde domínios públicos ou privados dos municípios para atitularidade do Estado ou da província, quando assim oimpuserem razões de interesse público do Estado ou daprovíncia.

ARTIGO 85.º(Demarcação e alinhamento)

1. As operações de delimitação dos terrenos classifica-dos e qualificados nos termos das disposições anterioresdevem ser executadas por meio da implantação de marcosno solo.

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2. Nos termos e para os efeitos do disposto no n.º 3 doartigo 39.º da Lei n.º 9/04, de 9 de Novembro, os governosprovinciais, sob forma de posturas, regulamentam o regimedas operações de demarcação e alinhamento dos terrenosconfinantes, fixando designadamente os limites entre osterrenos viários, demais espaços canais e os terrenosurbanos, por meio de planos de alinhamento que contenhamos traçados dos passeios para peões, as ruas, espaços verdese praças públicas, a respeitar na construção de prédiosurbanos, bem como demais rodovias, ferrovias públicas,intermunicipais, parques naturais ou ecológicos, terrenoscomunitários e reservados e demarcação de fronteirasterritoriais, nacionais, interprovinciais e intermunicipais.

ARTIGO 86.º(Previsão de medidas preventivas)

Na fase de elaboração, deverão ser ponderadas e estabe-lecidas as medidas preventivas adiante reguladas, que seafigurem necessárias à boa execução dos planos.

ARTIGO 87.º(Declaração de expropriações por utilidade pública)

1. Na fase de elaboração devem ser ponderados efixados os espaços terrenos do domínio privado em regimede propriedade plena que se afigurem necessários à boaexecução dos planos e que não pertencendo ao Estado ouao município careçam de ser expropriados.

2. Os planos municipais devem, para os efeitos do n.º 1anterior, declarar expressamente a utilidade pública dosterrenos para os efeitos legais de execução das respectivasexpropriações. Regime comum de elaboração, aprovaçãoe ratificação

ARTIGO 88.º(Elaboração dos planos municipais)

1. A elaboração dos planos municipais, quando nãoprogramada pelos planos provinciais ou interprovinciais, éimpulsionada por proposta decidida pelos órgãos munici-pais, nos termos do respectivo e vigente regime administra-tivo local, apresentada ao Governo da Província respectivaque define ou fixa:

a) o âmbito territorial, com identificação do muni-cípio correspondente;

b) o prazo de elaboração;c) o âmbito material global ou parcial, sectorial ou

especial visado e em função dele, o tipo especí-fico de plano municipal visado e o plano provin-cial de cujas directivas é concretização, ou nafalta deste último, as directivas governamentaisde ordenamento territorial que o plano muni-cipal devem cumprir e executar;

d) os interesses públicos e privados abrangidos ouque se visam satisfazer e como tais, fazer parti-cipar na elaboração do plano;

e) os órgãos envolvidos e meios técnicos, financeirosdisponibilizados, para apoio aos órgãos munici-pais ou na falta destes ou de recursos humanose técnicos municipais, os órgãos sucedâneos,definidos nos termos previstos no n.º 3 seguinte;

f) na omissão dos planos provinciais, as directivassobre medidas preventivas que deverão sertomadas nos casos de ocupação ilegal de ter-renos do domínio público do Estado ou domunicípio nos termos e para os efeitos do dis-posto no n.º 2 do artigo 37.º da Lei n.º 3/04,de 25 de Junho;

g) demais aspectos necessários e convenientes aoprocesso de elaboração.

2. Os planos municipais são elaborados, nos termosconjugados nos n.os 2 e 3 dos artigos 51.º e 59.º da Lein.º 3/04, de 25 de Junho, pelos órgãos técnicos municipaisque prestarão os serviços relativos à caracterização doselementos relativos ao município, e perspectivas evolutivasda ocupação dos solos municipais, sob coordenação doórgão técnico provincial que assegurará a coerência e fun-damentação técnica do plano em causa, sem prejuízo doapoio a ser prestado pelo órgão técnico central sob a tutelado ministério que tem a seu cargo o ordenamento doterritório e o urbanismo, e ao qual aqueles se acham admi-nistrativa e tecnicamente subordinados nos termos dosartigos 51.º e 52.º daquela mesma lei.

3. Na falta de recursos humanos e técnicos dos órgãosmunicipais a elaboração será, em regra, assegurada peloórgão técnico provincial com o apoio e superintendênciado órgão central de ordenamento do território, conformemelhor e mais convenientemente for definido pela posturaque aprovar a proposta de elaboração do plano municipal.

ARTIGO 89.º(Supervisão e acompanhamento)

O órgão técnico central prestará assistência técnica esupervisiona e a Comissão Consultiva Provincial acompa-nha assídua e continuamente o processo de elaboração dosplanos municipais quer para assegurarem as regras técnicase legais de elaboração quer para deterem condições deprestação tempestiva dos respectivos pareceres.

ARTIGO 90.º(Parecer da Comissão Consultiva Provincial)

1. Fixada a primeira versão do plano municipal poraprovação dos competentes órgãos municipais, esta éremetida ao órgão técnico provincial e à Comissão

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Consultiva Provincial para que emitem no prazo de 30 diasos seus pareceres, nos termos do artigo 57.º e artigo 58.ºda Lei n.º 3/04, de 25 de Junho.

2. É dispensável o parecer do órgão técnico provincialnos casos em que a elaboração da primeira versão do planomunicipal tenha sido por ele assegurada, exclusiva oudominantemente.

3. Na falta ou impossibilidade de constituição daComissão Consultiva Provincial, o parecer previsto no n.º 1é substituído pela participação no conjunto dos trabalhostécnicos e preparatórios de representantes dos cidadãosmunícipes e parceiros sociais locais, abrangidos pela áreado território municipal colhendo-se a opinião e os inte-resses por eles declarados ao longo da sua participação eque devem ser reduzidos a escrito constando de documentoem separado, integrando o conteúdo formal do plano.

ARTIGO 91.º(Aprovação)

1. Recebido o parecer previsto nos números anteriores,o governador provincial manda, em conformidade, conso-lidar a versão final do texto que constitui a sua propostae que, desta feita, nos termos da alínea a) do n.º 1 doartigo 57.º e artigo 59.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho,emite despacho concordando com a proposta.

2. Após a apreciação da legalidade da proposta de planomunicipal remetida pelo governador da província, o minis-tro que tutela o ordenamento do território e o urbanismo,aprova a referida proposta.

ARTIGO 92.º(Ratificação)

1. O Governo remete à Comissão Interministerial deOrdenamento do Território e do Urbanismo que colhe ospareceres da Comissão Consultiva Nacional, no prazo de30 dias, contados da data da sua recepção, para averiguarda conformidade com as fontes aplicáveis caso existam.

2. Findo o prazo referido no número anterior, aComissão Interministerial de Ordenamento do Território edo Urbanismo submete a proposta do plano municipalaprovado à ratificação do Governo à qual junta as suasrecomendações, favoráveis ou desfavoráveis.

3. O Governo deve ratificar, no prazo dos 30 dias subse-quentes à data da sua recepção, por resolução do Conselhode Ministros, devendo as peças previstas no artigo 55.º dopresente regulamento ser anexas àquele diploma legal comosendo dele parte integrante.

4. No caso de recusa de ratificação ela deve ser comuni-cada ao Governo Provincial dentro do prazo previsto para asua ratificação, sob pena de findo o mesmo o silêncio valercomo ratificação tácita, nos termos do n.º 1 do artigo 57.ºda Lei n.º 3/04, de 25 de Junho.

DIVISÃO IVPlano Director Municipal

ARTIGO 93.º(Conceito)

1. O plano director municipal, nos termos dos n.os 2 e 3do artigo 31.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho, define oquadro global e central de referência da estrutura espacialdo território municipal basicamente estabelecida através daclassificação dos solos, especificada através da sua qualifi-cação e de outras operações de ordenamento geral, con-cretizando as directivas dos planos provinciais e inter-provinciais e fixando as directivas estratégicas, critérios eparâmetros que deverão ser desenvolvidos e aplicados pelosdemais planos municipais, urbanísticos e rurais, sectoriaise especiais.

2. Os instrumentos supletivos ou sucedâneos dos planosprevistos no número anterior, deverão ser aprovados pelogovernador da província, ratificados, publicados e regista-dos nos mesmos termos aplicáveis aos planos seus equiva-lentes para valerem como planos nos termos e para osefeitos dos n.os 1 e 2 do artigo 154.º do presente regula-mento geral.

ARTIGO 94.º(Conteúdo material)

Os planos directores municipais, com vista à definiçãodo modelo de organização espacial do território do muni-cípio, devem, nos termos do n.º 2 do artigo 34.º da Lein.º 3/04, de 25 de Junho, conter as seguintes definiçõese menções obrigatórias:

a) identificação e caracterização biofísica, social eeconómica do território municipal com realcepara a estrutura fundiária, e a estrutura depovoamento, a dinâmica demográfica, e as pers-pectivas de desenvolvimento da ocupação e usodos solos municipais a que respeitam;

b) identificação das directrizes dos planos provin-ciais ou interprovinciais, ou na sua falta, dasdirectrizes governamentais de ordenamento,aplicáveis ao território do município;

c) directrizes, critérios ou definição de operações deordenamento geral que concretizem a estrutu-ração fundiária do território municipal, desig-nadamente, a classificação e qualificação dos

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solos, afectação e desafectação do domíniopúblico do Estado, transferências de terrenos dodomínio público do Estado para o domíniopúblico da província e das autarquias locais, eem particular para fins de concessão ou amplia-ção de forais, demarcação e alinhamento de ter-renos, medidas preventivas e expropriações porutilidade púbica de terrenos sob propriedadeprivada, necessários à execução dos planos;

d) delimitação do quadro geral de referência dasdirectrizes de âmbito municipal relevantes paraa elaboração dos planos municipais, urbanísti-cos, rurais, definindo os critérios e directrizesgerais estratégicos quanto aos recursos territo-riais do município, designadamente, o sistemanatural e ecológico, e medidas ou instrumentosde protecção do ambiente, a estrutura dos ter-renos urbanos e rurais, o sistema rural, as medi-das para a preservação dos direitos fundiários esociais das populações, a estrutura dos terrenosreservados, das reservas agrárias, a estruturaespacial de defesa e segurança, o patrimónioarqueológico e arquitectónico, o sistema deredes viárias municipais e de acessos a outrosmunicípios, as redes de acessos e equipamentoscolectivos, o sistema urbano municipal, a fixa-ção dos perímetros urbanos, fixação de índices,parâmetros de referência urbanística em geral eem particular das áreas urbanas verdes earborizadas, e demais medidas para a defesa daqualidade e melhoria das condições de vida, nostermos regulados pelos artigos 16.º e seguintesdo presente regulamento geral;

e) directrizes especiais estratégicas assumidas a nívelmunicipal, para a localização e distribuição dasactividades económicas, em coordenação comos planos territoriais económicos provinciais,ponderando e definindo as opções estratégicaspara o combate das assimetrias regionais e inter-municipais;

f) directrizes especiais estratégicas, para a elaboraçãode planos municipais sectoriais e especiais, comrelevância particular para a identificação doestado de manutenção, criação e desenvolvi-mento das redes municipais viárias e de infra--estruturas colectivas, programa de prioridadespara a restauração das mesmas e de demaisconstruções e equipamentos dos centros urba-nos do município, identificação dos grandesempreendimentos públicos, de áreas de reservasagrícolas e florestais, reservas hídricas, reservasde protecção da fauna e flora selvagens e deáreas turísticas;

g) identificação das medidas preventivas necessáriaspara os efeitos, designadamente, de criação denovos núcleos populacionais rurais e urbanos,transformação ou alteração da configuraçãonatural dos terrenos, através de aterros ou deslo-cação de terras, novas instalações, construção,reconstrução, bem como outras medidas deprotecção das populações contra acidentes,desabamentos de terras, aluviões, ou intempé-ries, e condições de insalubridade, nos termosdo disposto no artigo 40.º da Lei n.º 3/04, de 25,de Junho;

h) identificação das áreas críticas, de emergência oudegradadas e das zonas urbanas de origem ilegalbem como das respectivas medidas de inter-venção;

i) critérios para a definição das áreas de cedênciabem como para a sua gestão;

j) sistema ou sistemas visados para a execução dosplanos urbanísticos e rurais;

k) medidas de articulação do quadro directivo muni-cipal com os quadros de directivas consagradaspelos demais planos territoriais de grau superiore municipais;

l) programa da execução das directivas de planea-mento estabelecidas nos termos previstos noartigo seguinte;

m) prazo de vigência e condições de revisão.

ARTIGO 95.º(Conteúdo formal)

Nos termos do n.º 3 do artigo 34.º da Lei n.º 3/04,de 25 de Junho, os planos directores municipais devemser constituídos pelas seguintes peças documentais obri-gatórias:

a) estudos contendo diagnóstico e enquadramento dacaracterização biofísica da área territorial domunicípio abrangido, bem como a identificaçãodos objectivos gerais e especiais visados emcoordenação com os objectivos fixados peloplano provincial, ou na sua falta, pelas direc-tivas governamentais, a aplicar no município;

b) relatório descritivo e analítico procedendo àdelimitação do quadro das directivas e opçõesestratégicas e demais condições, pressupostose medidas, alistadas no artigo anterior, queservem, quer de suporte da fundamentaçãopolítica e técnica, quer de conjunto de orien-tações intermédias, a nível provincial, para aelaboração do plano director municipal emcausa e ainda do esquema de representação domodelo de organização espacial do territóriomunicipal;

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c) planta ou carta de identificação e representação daárea territorial municipal e do respectivo quadrode estruturação fundiária de acordo com aclassificação e qualificação de solos urbanos erurais estabelecidas;

d) plantas de identificação e representação das áreasde domínio público sujeitas a condicionamentosou limites quanto ao livre uso e aproveitamento,designadamente, das unidades do sistema natu-ral, das áreas municipais protegidas ou reser-vadas à protecção da natureza, das orlas muni-cipais marítimas, das áreas municipais mineiras,das reservas municipais agrárias e florestais, dasáreas rurais, povoadas e despovoadas, e do cen-tro ou centros urbanos abrangidos, conforme ocaso, de acordo com as normas legais de clas-sificação e qualificação dos solos rurais eurbanos;

e) regulamento integrando as normas de execução doplano e da sua integração com os demais planosterritoriais municipais;

f) programa de execução contendo disposições indi-cativas sobre a execução de obras, empreendi-mentos públicos, bem como de demais acçõesnecessárias e convenientes para a boa e plenaexecução do plano director, designadamente, aidentificação das fontes e estimativa de meiosfinanceiros.

DIVISÃO VPlanos Urbanísticos

ARTIGO 96.º(Conceito e instrumentos supletivos)

1. Nos termos do artigo 32.º da Lei n.º 3/04, de25 de Junho, os planos urbanísticos definem os modelosde estruturação fundiária de parte dos solos municipaisclassificados e qualificados como solos urbanos e daevolução da ocupação humana e dos sistemas urbanosintegrados no perímetro urbano, através da programaçãodas redes viárias, de transportes, de infra-estruturas e equi-pamentos colectivos urbanos, bem como da fixação, naescala adequada, dos parâmetros, índices e critérios deaproveitamento do solo urbano que assegurem uma melhorqualidade de vida urbana.

2. Os instrumentos supletivos ou sucedâneos dos planosprevistos no número anterior deverão ser aprovados pelogovernador da província, ratificados, publicados e regista-dos nos mesmos termos aplicáveis aos planos seus equiva-lentes para valerem como planos nos termos e para osefeitos nos n.os 1 e 2 do artigo 154.º do presente regula-mento geral.

ARTIGO 97.º(Estrutura fundiária urbana)

1. Os terrenos urbanos são os situados dentro dos foraisdas cidades ou dos perímetros urbanos dos demais centrosurbanos e destinam-se aos fins de urbanização, sua respec-tiva ocupação habitacional, de lazer, vias e espaços públi-cos, infra-estruturas e equipamentos colectivos, de indús-tria, comércio, de serviços nos termos definidos nos planosurbanísticos ou instrumentos, por lei considerados equiva-lentes.

2. Os terrenos urbanos, para efeitos do planeamentourbanístico, qualificam-se em função dos respectivos eespecíficos fins urbanísticos, bem como dos respectivosregimes jurídicos de usos específicos, em:

a) terrenos urbanizados aqueles cujos fins concretosestão definidos pelos planos de pormenorurbanísticos, ou como tal qualificados pordecisão das autoridades locais competentes,designadamente, para implantação de edifícios,vias de comunicação, parques e demais infra--estruturas de urbanização;

b) terrenos de construção, os terrenos urbanizadosque estando abrangidos por uma operação deloteamento aprovado, tenham obtido licençapara construção de edifício pela competenteautoridade local;

c) terreno urbanizável, os que ainda, que compreen-didos no foral ou perímetro urbano, estão quali-ficados pelo plano director municipal, ou equi-valente, como reserva urbana de expansão oureserva agrária, florestal ou de protecção ambi-ental periurbana;

d) terrenos não urbanizáveis, os que requerem umaprotecção especial pelo seu valor para outrosusos o que por suas características geotécnicas,morfológicas, de vulnerabilidade perante osdesastres ou outras, devem ser excluídos tem-porária ou definitivamente do processo deurbanização, em razão da estratégia territo-rial integralmente adoptada por interesses dedefesa.

3. A estruturação fundiária urbana, assente nas opera-ções da classificação e qualificação dos solos urbanos, écompletada pelas operações de loteamento, fixação deperímetros urbanos e concessão de forais, e, conforme for ocaso, pelas demais operações urbanísticas adequadas aosfins urbanísticos concretamente visados.

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ARTIGO 98.º(Operações urbanísticas)

1. Nos termos do artigo 42.º da Lei n.º 3/04, de25 de Junho, são urbanísticas as seguintes operações deordenamento:

a) fixação dos perímetros urbanos;b) loteamento;c) licença de construção;d) implantação de infra-estruturas e equipamentos

colectivos urbanísticos;e) expansão de novos centros urbanos, pela con-

cessão de foral ou de simples alargamento dorespectivo perímetro urbano;

f) recuperação de áreas degradadas ou de origemilegal;

g) demolições de edifícios e restrições à demolição;h) desocupação forçada para reabilitação de prédios

degradados;i) realojamento;j) parques e zonas industriais; parques de depósito de

lixos ou entulhos;k) estações de tratamento de efluentes e resíduos

urbanos; parques de estacionamento automóvel;l) criação de zonas ou espaços verdes, ajardinados;m) arborização, defesa e requalificação ambiental

urbana;n) zonas e parques de lazer e zonas turísticas;o) zonas de defesa e controle urbano.

2. O regime das operações urbanísticas será desenvol-vido por decretos regulamentares específicos, em função decada tipo de operação, sem prejuízo de determinados aspec-tos dos respectivos regimes poderem ser objectode regulamentação por posturas dos governadores deprovíncia, em termos que não contrariem as normas eprincípios dos regulamentos gerais.

3. A execução das operações urbanísticas poderá serrealizada pela administração pública central e local, porparticulares ou pela associação entre a administraçãopública e os particulares, nos termos dos respectivosregulamentos.

ARTIGO 99.º(Foral)

1. Ao Governo compete, por sua iniciativa ou sobproposta do governador de província, conceder, pordecreto foral aos centros urbanos classificados comocidades em razão do grau de concentração populacionale da complexidade de gestão dos respectivos sistemasurbanos.

2. Na concessão do foral deve atender-se os seus efeitosem termos de expansão e reordenamento do espaço urbanopara o desenvolvimento da ocupação espacial e para amelhoria da qualidade de vida e equilíbrio urbanos.

3. A concessão de foral é uma operação urbanística quetem por objecto:

a) a concessão pelo Estado a uma ou mais autarquiaslocais que integram o espaço de um sistemaurbano, de terrenos dos seus domínios privadoou público destinados à resolução de problemasde expansão, renovação, recuperação e reorde-namento urbano, incluindo a criação, não só dereservas de expansão urbana, como de reservasagrárias, florestais e ambientais periurbanas;

b) a definição do respectivo perímetro urbano e dospoderes locais de gestão urbanística sobre ter-renos do domínio público ou privado das autar-quias abrangidas ou sobre os terrenos quetenham entrado no regime de propriedadeprivada;

c) a concessão de benefícios financeiros ou fiscaisdestinados a contribuir para a execução especí-fica dos planos urbanísticos da visada e expan-são urbana ou recuperação e reconversão deáreas degradadas, e expansão das redes de infra--estruturas e equipamentos urbanísticos;

d) o reconhecimento ou a concessão de estatuto decidade aos centros urbanos cujo desenvolvi-mento espacial mereça esse estatuto determi-nado em razão do grau de concentração popula-cional, e da complexidade de gestão do seu sis-tema urbano, bem como a concessão de insíg-nias e outros títulos que integrem o estatuto decidade, nos termos regulamentares.

4. As propostas de concessão de foral devem, para alémda demonstração das características e efeitos previstos non.º 1 anterior, reunir os seguintes requisitos especiais dascidades proponentes:

a) ter plano de urbanização;b) ter serviços municipais de cadastro;c) ter redes asseguradas de abastecimento de água, de

fornecimento de energia eléctrica, e de sanea-mento básico.

5. As propostas de concessão de foral devem ser previs-tas nos planos provinciais, nos planos directores munici-pais, nos planos directores gerais, e na omissão destes,podem ser avulsas e extravagantes aos planos sendo objec-to de aprovação do Governo, nos termos do n.º 1 anterior,

126 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ouvidos os competentes órgãos de planeamento territorial esem prejuízo da posterior integração nos planos respectivosem sede da sua actualização ou revisão.

ARTIGO 100.º(Perímetro urbano)

1. A fixação dos perímetros dos centros urbanos é umaoperação urbanística que deve ser estabelecida pelos planosurbanísticos, integrando todos os solos que compreendem oespaço territorial abrangido pelos centros urbanos.

2. Os centros urbanos dotados de estatuto de cidade têmos seus perímetros urbanos definidos pelos respectivosforais.

DIVISÃO VIPlanos de Ordenamento Rural

ARTIGO 101.º(Conceito)

1. Nos termos do artigo 33.º da Lei n.º 3/04, de25 de Junho, os planos de ordenamento rural definem osmodelos de estruturação fundiária de parte dos solos muni-cipais classificados e qualificados como solos rurais e daevolução da ocupação humana e dos sistemas rurais e sis-temas naturais integrados nas áreas fora dos perímetrosurbanos, através da organização da ocupação espacialdaqueles sistemas, em geral, e em especial, estabelecendo:

a) a definição dos terrenos comunitários em pro-tecção dos direitos fundiários das comunidadesrurais;

b) a definição dos modelos de preservação e deevolução da ocupação espacial natural ehumana, designadamente a classificação equalificação fundiária rural, prevista na lei e nopresente regulamento;

c) a definição das reservas agrícolas, florestais eecológicas;

d) a estrutura das redes viárias municipais e nacio-nais, das infra-estruturas e equipamentos colec-tivos que sirvam as povoações rurais e os espa-ços canais em geral;

e) a definição, na escala adequada, dos parâmetros,índices e critérios de aproveitamento dos recur-sos naturais em geral e dos solos agrícolas, comvista a uma melhor qualidade do ambiente e daqualidade de vida rural.

2. A estruturação fundiária rural assenta nas operaçõesda classificação fundamental e qualificação dos solos ruraiscuja fronteira com os solos urbanos tenha resultado dafixação dos perímetros urbanos e é completada, conformefor o caso, pelas demais operações de ordenamento ruraladequadas aos fins rurais concretamente visados.

3. O regime dos planos de ordenamento rural, desig-nadamente os respectivos planos sectoriais e especiais, depormenor, ou protecção de parques naturais e áreas protegi-das poderá ser regulamentado especificamente por Decretodo Governo, com vista a assegurar os poderes de inter-venção específica dos Ministérios que tenham a seu cargo odesenvolvimento rural, as minas e o petróleo, e do ambienteem termos compatibilizados com as normas gerais doprocesso de elaboração e execução dos planos municipais.

4. Nos casos omissos é aplicável aos diversos tipos deplanos de ordenamento rural referidos no n.º 2 anterior, oregime dos correspondentes tipos específicos dos planosurbanísticos, com as devidas adaptações.

5. Os instrumentos supletivos ou sucedâneos dos planosprevistos no presente artigo deverão ser aprovados pelogovernador da província, ratificados, publicados e regista-dos nos mesmos termos aplicáveis aos planos seus equiva-lentes para valerem como planos nos termos e para osefeitos do artigo 154.º n.os 1 e 2 do presente regulamentogeral.

ARTIGO 102.º(Estrutura fundiária e classificação dos terrenos rurais)

1. Os terrenos rurais são os situados nas áreas fora dosperímetros urbanos e destinam-se aos mais diversos tipos deaproveitamento económico e social, adequados à suasaptidões, designadamente fins agrários, de implantação deinstalações industriais, comerciais ou de exploraçãomineira, bem como de ocupação habitacional, uso e fruiçãoagrícola e pecuária pelas comunidades rurais.

2. Os terrenos rurais compreendem, para efeitos doplaneamento territorial rural, as seguintes espécies:

a) terrenos rurais comunitários os que compreendi-dos nos perímetros comunitários rurais do ter-ritório municipal, estão como tal qualificadospelo plano director municipal ou equivalente,como possuídos e fruídos pelas famílias dascomunidades rurais locais, para fins habita-cionais e de exercício da sua empresa familiar;e como tal reconhecidos sob o regime consue-tudinário e os termos da Lei de Terras e dosrespectivos regulamentos;

b) terrenos rurais de povoamento os que compreendi-dos nos perímetros comunitários rurais do ter-ritório municipal, estão como tal qualificadospelo plano director municipal, ou equivalente,como ocupados por povoações rurais de tipocomercial, já implantadas, ou como reserva deterrenos destinados pelo Estado ou autarquias

I SÉRIE — N.º 10 — DE 23 DE JANEIRO DE 2006 127

locais para os fins de assentamento de popu-lações, e criação de novas povoações rurais, nostermos do regime de concessão de direitosfundiários da Lei de Terras;

c) terrenos de cultura ou agrários os que são qualifi-cados como aptos para cultura, designadamente,para o exercício de actividades agrícolas,pecuárias e silvícolas, ao abrigo do regime deconcessão de direitos fundiários previsto na Leide Terras;

d) terrenos florestais os qualificados como aptospara o exercício da actividade de exploração deflorestas naturais, nos termos da Lei de Terras eda legislação aplicável à exploração de recursosnaturais;

e) terrenos de instalação, os destinados à implantaçãode instalações mineiras, industriais ou agro--industriais, nos termos da presente lei e darespectiva legislação aplicável ao exercício deactividades mineiras, petrolíferas e dos parquesindustriais;

f) terrenos viários, os declarados como afectos àimplantação de vias terrestres de comunicação,redes de abastecimento de água e electricidade,públicas ou privadas; nos termos da presente lei;

g) terrenos mineiros, os identificados como abri-gando áreas mineiras de pesquisa e exploraçãodefinidas, em função de elementos de estudo oucontratos mineiros, fornecidos pelas autoridadesde tutela das minas em geral e dos petróleosem particular;

h) terrenos reservados para fins de conservação danatureza e de constituição pelo Estado ou asprovíncias de reservas ecológicas e de reservasagrícolas ou florestais nacionais ou locais

3. A qualificação específica dos terrenos compreendidosnas alíneas do n.º 1 é feita pelos planos gerais de ordena-mento do território, e na sua falta, ou na omissão dos mes-mos, casuisticamente, por decisão das diferentes autori-dades tutelares dos sectores de actividade em causa, compe-tentes em razão da matéria, nos termos das disposiçõeslegais e regulamentares respectivamente aplicáveis.

ARTIGO 103.º(Operações de ordenamento rural)

1. Nos termos do artigo 42.º da Lei n.º 3/04, de 25de Junho, são rurais as seguintes operações de ordena-mento:

a) fixação dos perímetros comunitários rurais quecompreenderão os limites dos terrenos comu-nitários e dos terrenos rurais de povoações;

b) fixação dos perímetros das reservas agrícolas eflorestais demarcadas pela qualificação dossolos rurais respectivos em função da definiçãoda especial aptidão dos mesmos;

c) implantação de vias e de infra-estruturas e equipa-mentos colectivos necessários e adequados àsnecessidades colectivas das povoações rurais;

d) zonamento rural;e) criação de novas povoações ou comunidades

rurais com fins de povoamento dos espaçosrurais ou de reassentamento de populaçõesdeslocadas;

f) reordenamento rural com fins de organização doespaço rural em conformidade com as normasde planeamento territorial rural e preservaçãodos valores do sistema rural;

g) repovoamento rural com fins de promoção dareocupação e reorganização dos espaços de anti-gas povoações rurais, em conformidade com asnormas de planeamento territorial rural e com ofim de combate da desertificação do mundorural;

h) florestação e reflorestação com fins de combate dadesertificação dos solos, de preservação deespécies florestais nativas, e de criação deáreas de reservas agrícolas, florestais e ecoló-gicas;

i) explorações e estabelecimentos agrários, pecuá-rios, florestais e industriais, a serem reguladosde acordo com o presente regulamento geral eas disposições regulamentares das actividadesagrárias e indústrias respectivas;

j) pedreiras, saibreiras e outros parques ou explo-rações mineiras estabelecidos de acordo com asdisposições regulamentares das leis mineira ede petróleos, bem como de protecção do am-biente;

k) áreas ou espaços naturais protegidos, estabeleci-dos e organizados em conformidade com asnormas legais e regulamentares de protecção doambiente e de conservação da natureza;

l) zonas e parques turísticos, estabelecidos de acordocom as normas de protecção do ambiente e dolicenciamento das actividades turísticas.

2. O regime das operações de ordenamento rural serádesenvolvido por decretos regulamentares específicos, nostermos previstos para as operações urbanísticas.

3. A execução das operações de ordenamento rural serárealizada nos mesmos termos supra previstos para asoperações urbanísticas, com as devidas adaptações.

128 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 104.º(Centros rurais e perímetros comunitários rurais)

São rurais os centros populacionais situados nosperímetros comunitários rurais delimitados pelos planosdirectores municipais ou equivalentes, em função donúmero de habitantes e do tipo de terrenos compreendidose podem ser classificados em dois tipos, para efeitos dezonamento rural e dotação de infra-estruturas:

a) comunidade rural, cuja área compreende apenasterrenos rurais comunitários, usados e fruídosem regime de domínio útil consuetudinário;

b) povoação rural, cuja área compreende terrenosrurais de povoamento, concedidos pelo Estadoou autarquias locais e fruídos em regime dedomínio útil civil ou de direito de superfície nostermos da Lei de Terras.

ARTIGO 105.º(Zonamento rural)

1. O zonamento rural consiste na definição das áreas esub-áreas compreendidas nos perímetros comunitáriosrurais e nos demais perímetros de áreas rurais, em função dorespectivo destino específico em termos de ocupação e usodos terrenos.

2. O zonamento da área dos centros rurais, deveráabranger as seguintes zonas:

a) zona habitacional;b) zona de infra-estruturas e equipamentos colecti-

vos, de captação e abastecimento de água, defornecimento de energia eléctrica e de sanea-mento básico;

c) zona de saúde compreendendo, um posto médico--sanitário;

d) zona educacional, com espaço, para pelo menosuma escola de ensino básico;

e) zona desportiva e lazer, com espaço, para pelomenos um campo de jogos, multifuncional;

f) zona social e cultural, com espaço, para pelomenos um centro cultural e de convívio social,e templos para o exercício de cultos religiosos;

g) zona económica compreendendo os terre-nos comunitários destinados às actividadesagro-pecuárias, tradicionais e aos merca-dos rurais;

h) zona administrativa destinada à implantação deserviços públicos de administração local, ape-nas nos casos em que a povoação visada sejasede dos mesmos;

i) zona ecológica compreendendo as demais áreas dereserva natural afectas ao sistema natural erural, destinadas à preservação do seu equilíbrioe dos demais valores culturais e naturais inte-grantes.

3. Às questões e matérias omissas no presente regimedas operações de zonamento rural aplicam-se, com as devi-das adaptações feitas em razão da analogia, as normas doregime de loteamento.

DIVISÃO VIIPlano de Pormenor

ARTIGO 106.º(Conceito)

1. O plano de pormenor desenvolve e especifica directi-vas de organização espacial de qualquer área dos solos querurbanos quer rurais do território do município, definindocom detalhe o regime e formas concretas de ocupação emtermos de constituir a base de planeamento territorial maisdirecta dos projectos de execução das infra-estruturas, daarquitectura dos edifícios e dos espaços exteriores, emconformidade com as prioridades fixadas nos programas deexecução constantes do plano director municipal e dosplanos urbanísticos ou de ordenamento rural, conforme foro caso.

2. O plano de pormenor pode ainda desenvolver e con-cretizar programas avulsos de ordenamento territorial, noscasos em que, a despeito da inexistência de planos direc-tores ou outros de grau superior, se imponham como instru-mento adequado à tomada de medidas de intervenção noordenamento do espaço, decididas pelo Governo, por razõesde oportunidade e de inadiável satisfação dos interessescolectivo e público.

3. Os instrumentos supletivos ou sucedâneos dos planosprevistos no presente artigo deverão ser aprovados pelogovernador da província, ratificados, publicados e regista-dos nos mesmos termos aplicáveis aos planos seus equiva-lentes para valerem como planos nos termos e para osefeitos do artigo 154.º n.os 1 e 2 do presente regulamentogeral.

ARTIGO 107.º(Conteúdo material)

1. Sem prejuízo da adequada e necessária adaptação ànatureza urbana ou rural da área de intervenção visada eda especificidade de cada caso, o plano de pormenor visae estabelece, designadamente:

I SÉRIE — N.º 10 — DE 23 DE JANEIRO DE 2006 129

a) a definição e caracterização da área espacial visada,identificando, sempre que necessário, os valoresnaturais e culturais em causa e que merecemprotecção;

b) a definição da estrutura fundiária da área visada, eas necessidades de preservação ou de transfor-mação da mesma que, porventura se afigurem;

c) a descrição detalhada do espaço urbano ou rural,através da definição dos diversos subtipos deterrenos, e de espaços canais, alinhamentos,implantações, modelação dos terrenos, dis-tribuição volumétrica, bem como a localizaçãodos equipamentos e infra-estruturas colectivas,espaços verdes, parques naturais e turísticos;

d) a distribuição de funções e definição de parâme-tros urbanísticos e rurais, designadamente índi-ces, densidade populacional, densidade defogos, número de pisos, densidade de habita-ções rurais;

e) indicadores relativos às cores e materiais a usar emtermos de salvaguarda dos valores e culturais epadrões arquitectónicos nacionais e de integra-ção na paisagem;

f) as operações de demolição, conservação e reabili-tação das construções existentes na área visada;

g) a definição do sistema de execução do plano quese visa aplicar na área em causa, bem como dorespectivo programa de execução.

2. Por deliberação da autoridade local competente paraaprovação da elaboração, o plano de pormenor poderáadoptar outras designações específicas que identifiquem oseu objecto especializado em função da particular naturezados detalhes que se visam ordenar e executar.

ARTIGO 108.º(Conteúdo formal)

1. O plano de pormenor deve ser integrado pelasseguintes peças documentais:

a) planta de implantação do plano;b) planta de condicionantes que identifique as servi-

dões e restrições de utilidade pública em vigorque possam constituir limitações ao aprovei-tamento do espaço e demais peças escritas edesenhadas que sustentem as operações detransformação fundiária previstas, designada-mente para efeitos de registo predial;

h) regulamento contendo as normas de execução doplano e da sua integração com os demais planosmunicipais;

c) relatório de fundamentação técnica e legal dasopções adoptadas;

d) programa de execução das acções e obras previs-tas e dos meios de financiamento.

2. Por despacho conjunto dos Ministros que tenham aseu cargo o Ordenamento do Território e o Desenvol-vimento Rural, poderão ser estabelecidos outros elementose documentos que devam integrar os planos de pormenor.

DIVISÃO VIIIPlanos Sectoriais e Especiais Municipais

ARTIGO 109.º(Âmbito)

Os planos municipais, quer urbanísticos quer rurais,podem ser sectoriais ou especiais, consoante o objecto deincidência, nos termos regulados no presente diploma.

ARTIGO 110.º(Planos sectoriais: objecto)

1. São planos sectoriais os que têm por objecto a especi-ficação e aplicação de directivas dos planos sectoriaisnacionais e provinciais ou na omissão destes das directivasdos planos directores municipais ou dos planos urbanísticose de ordenamento rural relativas à determinada matéria daorganização do espaço municipal, relativa aos seguintessectores de actividades:

a) abastecimento de águas;b) saneamento básico;c) tratamento de efluentes sólidos e líquidos;d) energia;e) minas;f) administração pública local;g) saúde;h) educação e cultura;i) habitação;j) indústria;k) turismo, comércio e serviços.

2. Aos planos municipais sectoriais é aplicável o regimegeral dos planos municipais e nas omissões deste, o regimedos planos de pormenor, com as devidas adaptações, salvose outro não for o regime especial estabelecido nos termosdo n.º 2 seguinte.

3. Por despacho conjunto dos Ministros que tenham aseu cargo o ordenamento do território e o sector de activi-dade objecto do plano municipal sectorial, poderá ser regu-lamentado aspectos particulares do seu regime que relevemda natureza especial da actividade sectorial em causa.

ARTIGO 111.º(Planos especiais)

1. São planos especiais os que têm por objecto a especi-ficação e aplicação de directivas dos planos sectoriaisnacionais e provinciais ou, na omissão destes, das directivasrelativas ao desenvolvimento da estratégia espacial munici-

130 DIÁRIO DA REPÚBLICA

pal de implantação e consolidação de áreas protegidas,especialmente ordenadas para a realização de fins específi-cos, designadamente, de ordenamento agrário, mineiro,turístico-rural, industrial, ecológico, de combate à desertifi-cação humana e dos solos das áreas rurais e de defesa esegurança.

2. São planos municipais especiais, os relativos àimplantação designadamente:

a) de áreas ou parques de reservas agrárias, silvíco-las e florestais com classificação e qualificaçãodos solos e medidas para a sua protecção;

b) de áreas ou parques naturais de protecção da florae fauna selvagens;

c) de áreas mineiras ou parques de exploração e pro-dução mineira, com integração de medidas deprotecção do ambiente, dos recursos naturais edos direitos das populações circundantes;

d) de áreas de ordenamento e protecção de albufeirasnaturais ou das orlas costeiras;

e) de áreas de povoamento tradicional e de implan-tação de áreas de reassentamento de populaçõesdeslocadas ou novas povoações;

f) de áreas reservadas aos fins de defesa e segurançanacionais, incluindo as de delimitação e defesadas fronteiras.

3. Aos planos municipais especiais é aplicável o regimegeral dos planos municipais e nas omissões deste, o regimedos planos de pormenor, com as devidas adaptações, salvose outro não for o regime especial estabelecido.

4. Por decreto executivo conjunto dos Ministros quetenham a seu cargo o ordenamento do território e a tuteladas matérias objecto do plano municipal especial, podemser regulamentados aspectos particulares do seu regime querelevem da natureza especial da matéria em causa.

SECÇÃO VIDa Modificação dos Planos Territoriais

SUBSECÇÃO IAlteração, Revisão, Adaptação e Suspensão

ARTIGO 112.º(Princípio geral)

Os planos territoriais, nos termos do artigo 61.º da Lein.º 3/04, de Junho, são passíveis de modificação, em razãoda ocorrência de factos que determinem a sua alteração,revisão ou suspensão, nos termos previstos nos artigosseguintes:

ARTIGO 113.º(Alteração)

A alteração dos planos territoriais pode ter lugar emconsequência da ocorrência de um ou mais dos seguintesfactos:

a) novos dados ou perspectivas de evolução da situa-ção económica e social diferentes dos subja-centes à data da elaboração e aprovação doplano em causa e relativos à respectiva áreaespacial de aplicação;

b) ratificação de planos municipais ou outros de grausuperior cujos termos não se conforme com oplano em causa;

c) novas leis e regulamentos cujas disposições con-trariem as directivas do plano em causa, ou queestabeleçam servidões administrativas ourestrições de utilidade pública que obstem ou dequalquer outro modo limitem a execução domesmo plano.

ARTIGO 114.º(Revisão)

A revisão dos planos municipais e dos planos territoriaisespeciais é obrigatória sempre que imponha a necessidadede actualização das suas disposições regulamentares vincu-lativas dos particulares.

ARTIGO 115.º(Suspensão)

1. A suspensão total ou parcial da execução dos planosterritoriais pode ser determinada pela ocorrência no espaçoterritorial abrangido pelo plano em causa, de factos ecircunstâncias excepcionais, de força maior ou de afectaçãograve do interesse público que impossibilitem, no todo ouem parte, a referida execução.

2. A suspensão é determinada por Resolução doConselho de Ministros que deve conter a fundamentação, oprazo e a incidência territorial.

SECÇÃO VIDa Eficácia dos Planos Territoriais

ARTIGO 116.º(Princípio geral)

Nos termos do artigo 60.º da Lei n.º 3/04, de25 de Junho, os planos territoriais, uma vez aprovados eratificados só produzem efeitos após registo e publicaçãonos termos previstos nos artigos seguintes.

I SÉRIE — N.º 10 — DE 23 DE JANEIRO DE 2006 131

ARTIGO 117.º(Registo e consulta)

1. O registo de todos os planos territoriais nacionais,provinciais e municipais, é efectuado pelo órgão técnicocentral de planeamento territorial nos termos que o respec-tivo regulamento orgânico e do Ministério que tenha a seucargo o ordenamento do território, determinarem.

2. Os governos provinciais e os órgãos das autarquiaslocais devem, igualmente, criar e manter um sistema deregisto dos respectivos planos territoriais e em termos quepermitam a consulta pelos particulares interessados.

ARTIGO 118.º(Publicação no Diário da República)

1. São publicados na 1.ª série do Diário da República:

a) a lei que aprova as principais opções do ordena-mento do território;

b) as resoluções do Conselho de Ministros que rati-ficam os planos territoriais, bem como asmedidas preventivas aprovadas pelas instânciascompetentes, nos termos do presente regula-mento geral;

c) os despachos dos governadores provinciais pro-feridos no processo de elaboração dos planosprovinciais e municipais, nos termos do pre-sente regulamento geral.

2. São publicados na 2.ª série do Diário da Repúblicaas deliberações dos órgãos autárquicos, que nos termos dopresente regulamento geral e da respectiva legislaçãoaplicável, forem proferidos para decidir a promoção deelaboração do plano municipal, bem como a aprovação daversão elaborada para ser sujeita à aprovação das instânciashierarquicamente superiores.

ARTIGO 119.º(Outros meios de publicidade)

1. Para além da publicação no Diário da República, osplanos territoriais de âmbito nacional e provincial deverãoser divulgados pelos órgãos de comunicação social deâmbito nacional e provincial respectivamente.

2. Os planos municipais, para além da publicação noDiário da República, devem ser publicitados através dosmeios de comunicação social que a autarquia local dispor,designadamente, em boletins municipais, se os houver, oupela simples publicitação na respectiva sede em termosque garanta a livre consulta pelos particulares interessados.

CAPÍTULO IIIDa Orgânica do Planeamento Territorial

ARTIGO 120.º(Órgãos)

Nos termos do artigo 43.º da Lei nº 3/04, de 25 de Junho,a estrutura dos órgãos de planeamento territorial compre-ende órgãos políticos, técnicos e participativos, cujo regimeregulamentar geral é o definido no presente Capítulo III.

ARTIGO 121.º(Órgãos políticos nacionais)

Os órgãos políticos a nível nacional são:

a) aAssembleia Nacional, cujas competências são asdefinidas pelo artigo 44.º da Lei n.º 3/04, de25 de Junho;

b) o Governo cujas competências são definidas peloartigo 45.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho;

c) a Comissão Interministerial de Ordenamento doTerritório e do Urbanismo, como órgão auxiliardo Governo cujas competências delegadas sãoas fixadas por resolução do Conselho deMinistros, nos termos do n.º 3 do artigo 46.ºda Lei nº 3/04, de 25 de Junho e do presenteregulamento geral.

ARTIGO 122.º(Órgãos político-administrativos locais)

1. Os órgãos político-administrativos a nível provinciale local são:

a) o governador provincial, nos termos das atri-buições e competências de intervenção provin-cial previstas nas disposições do presente regu-lamento geral relativas aos planos provinciaise municipais, conjugadas com as disposiçõesaplicáveis dos regulamentos dos governos dasprovíncias, em matéria de atribuições e com-petências, designadamente os artigos 2.º alíneasg), i), r), s) e z) e 5.º alíneas a) a d) e r) doDecreto n.º 27/00, de 19 de Maio;

b) o administrador municipal nos termos das atri-buições e competências de intervenção muni-cipal previstas nas disposições do presenteregulamento relativas aos planos municipais,conjugadas com as disposições aplicáveis dosregulamentos das administrações dos municí-pios, designadamente os artigos 42.º alíneas a),h), m) a q), t) e z), 45.º e 55.º alíneas a), b ), k),e o) a r) do Decreto n.º 27/00, de 19 de Maio;

132 DIÁRIO DA REPÚBLICA

2. O quadro orgânico e a competência dos órgãos políti-cos e administrativos locais de planeamento territorial esta-belecido no n.º 1 é aplicável enquanto não vigorar o actualregime geral e regulamentar da administração das provín-cias e dos municípios, devendo, na oportunidade, ser alte-rado e regulamentado em conformidade com o que for esta-belecido em termos de regime de autonomia das autarquiaslocais.

ARTIGO 123.º(Órgãos técnicos)

1. Os órgãos técnicos central, provinciais e locais deplaneamento territorial, previstos nos artigos 47.º, 48.º, 49.ºe 50.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho, são objecto de regu-lamentação especial complementar à presente, a promover,nos termos do artigo 124.º, pelo Ministério que tiver a seucargo o ordenamento do território em conformidadecom o respectivo estatuto orgânico e sob a coordenação daComissão Interministerial de Ordenamento do Territórioe do Urbanismo.

2. O disposto no n.º 1 não prejudica a aplicação don.º 2 do artigo 125.º para o período de transição aí referido.

ARTIGO 124.º(Órgãos participativos)

1. Os órgãos participativos de planeamento territorialsão:

a) a nível nacional, a Comissão Consultiva Nacionalde Ordenamento do Território e do Urbanismo;

b) a nível provincial as Comissões Consultivas Pro-vinciais de Ordenamento do Território e doUrbanismo;

c) a nível municipal as Comissões Consultivas Muni-cipais de Ordenamento do Território.

2. A composição dos órgãos participativos nacionais eprovinciais, deverá, com as devidas adaptações nos termosdas alíneas a) e b) do n.º 4 do artigo 43.º da Lei n.º 3/04,de 25 de Junho, integrar representantes das seguintesentidades:

a) ministérios ou departamentos ministeriais cujaacção tenha impacto territorial, a serem desig-nados pela Comissão Interministerial de Orde-namento do Território, em função de naturezaglobal, sectorial ou especial do plano em causa;

b) representantes das associações nacionais ou pro-vinciais de municípios quando as houver e nasua falta, representantes dos poderes locaisdesignados segundo instruções emitidas pelaComissão Interministerial de Ordenamento doTerritório e do Urbanismo;

c) representantes do Conselho Nacional de Concer-tação Social;

d) representantes de associações ambientais, empre-sariais ou de mercado, e de outras entidadescivis complementar e casuisticamente designa-dos em função da actividade especial ou secto-rial subjacente ao plano em causa, pela Comis-são Interministerial de Ordenamento do Terri-tório e do Urbanismo.

3. Os critérios definidores da representação participativaprevistos no n.º 2 anterior são aplicáveis à composição dasComissões Consultivas Municipais, com as devidas adap-tações às condições locais, conforme for definido porinstruções da Comissão Interministerial de Ordenamento doTerritório e do Urbanismo.

ARTIGO 125.º(Regulamentação dos órgãos)

1. O regime de funcionamento dos órgãos de planea-mento territorial será objecto de regulamentação própriadefinida ou a implementar gradualmente a vários níveisprogressivos, nos termos seguintes:

a) a nível do Ministério da tutela de Ordenamento doTerritório consagrado pelo Decreto-Lei n.º 4/03,de 9 de Maio, que aprova o estatuto orgânico doMinistério do Urbanismo e Ambiente;

b) a nível do órgão técnico central de planeamentoterritorial consagrado pelo Decreto n.º 119/03,de 21 de Maio, que aprova o estatuto orgânicoe de funcionamento do Instituto Nacional deOrdenamento do Território e DesenvolvimentoUrbano (INOTU);

c) a nível do órgão técnico nacional encarregado deadministrar os serviços cartográficos e cadas-trais cujo estatuto orgânico do Instituto Geográ-fico e Cadastral de Angola está aprovado peloDecreto n.º 94/03, de 14 de Outubro;

d) regulamentos orgânicos e de funcionamento dosórgãos técnicos sectoriais, sua articulação como órgão técnico central e os departamentos sec-toriais da Administração Pública Central,Provincial e Local em que se integrem;

e) legislação geral e regulamentar das autarquiaslocais, ao abrigo da qual forem definidas asatribuições e competências de autonomiaadministrativa e financeira das autarquiaslocais.

2. Nos termos do n.º 5 do artigo 43.º da Lei n.º 3/04,de 25 de Junho, durante o período que mediar entre aentrada em vigor do presente regulamento geral e a dos

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diplomas e regulamentos discriminados nas alíneas a) a e)do n.º 1 anterior, o funcionamento dos órgãos de planea-mento territorial será orientado pelas disposições da lei debases gerais, do presente regulamento geral e as instruçõesemitidas pelo Governo directamente ou através de poderesdelegados na Comissão Interministerial de Ordenamentodo Território e do Urbanismo a nível nacional e pelosgovernadores provinciais a nível provincial e local, deacordo com o regime da administração pública provincial elocal que estiver em vigor.

3. As situações transitórias e omissas em matéria denormas, órgãos e planos que não puderem ser resolvidascom o disposto no presente artigo são aplicáveis as normassubsidiárias e os instrumentos supletivos previstos nosartigos 153.º e 154.º seguintes.

CAPÍTULO IVMedidas Preventivas

ARTIGO 126.º(Âmbito material e territorial)

1. Nos termos do artigo 40.º da Lei nº 3/04, de25 de Junho, o Governo pode decidir estabelecer medidaspreventivas numa área espacial ou parte dela que sepresuma vir a ser abrangida por um plano urbanístico ou deordenamento rural ou por operações urbanísticas e rurais outão só por projecto de empreendimento de construção deinteresse público e colectivo, ainda que não integradonum plano territorial, por falta ou omissão deste.

2. As medidas preventivas podem, nos termos dodisposto no n.º 2 anterior, ser causadas por decisão governa-mental desintegrada das previsões de um plano territorial,ou pela alteração ou revisão de um plano territorial, e nestamedida implicam a suspensão da eficácia do mesmo.

ARTIGO 127.º(Fundamentos)

As medidas preventivas devem sustentar-se, num oumais dos seguintes fundamentos relativos ao âmbito territo-rial visado:

a) risco de alteração das circunstâncias e caracterís-ticas ou condições de factos que possam limitara liberdade de planeamento territorial de acordocom as normas técnicas de planeamento e edifi-cação;

b) risco de alteração das circunstâncias e caracterís-ticas ou condições de factos que comprometamou tornem mais onerosa a execução de um planoterritorial ou empreendimento de interessepúblico e colectivo;

c) risco de alteração das circunstâncias e caracterís-ticas ou condições de facto que ponham emperigo a segurança e saúde das populações eapele pela execução urgente de uma ou maisoperações de ordenamento ou empreendimentode construção adequados à salvaguarda aquelesinteresses.

ARTIGO 128.º(Objecto e regime)

1. As medidas preventivas consistem na proibição, sus-pensão ou sujeição a prévia autorização ou a parecer vin-culativo das seguintes actividades ou actos:

a) criação ou expansão de novos aglomerados,populações rurais ou urbanas ilegais incluindoas operações urbanísticas e rurais designada-mente, loteamento e zonamento rural;

b) transformação ou alteração relevante da configu-ração natural ou existente do solo ou terrenos,por meio de aterros ou deslocação de terras;

c) instalação de novas explorações, obras ou amplia-ção e reconstrução das mesmas;

d) destruição do solo vivo e do coberto vegetal dossolos rurais, qualificados ou não, por desloca-ção de terras, aterros, entulhos, poluição deafluentes ou outro meio;

e) derrube de árvores com qualquer área ou superiorà fixada;

f) construção, reconstrução ou ampliação de edifí-cios, muros, vedações ou outras instalações.

2. As medidas preventivas a decretar em cada casodevem, segundo o princípio da proporcionalidade, contidona previsão do n.º 3 do artigo 40.º da Lei n.º 3/04, de 25 deJunho, abranger apenas as acções necessárias e adequadas aalcançar os fins subjacentes aos seus fundamentos e àsdirectivas do plano ou projecto cuja execução se visa.

3. Nas áreas abrangidas por medidas preventivas ficatambém suspensa a concessão de novas licenças de opera-ções de loteamento, zonamento ou de novas obras deconstrução ou reconstrução.

4. São excluídas do âmbito das medidas preventivas aaplicar apenas as acções ou actividades validamente autori-zadas antes da sua entrada em vigor, salvo em casos excep-cionais, em que tais acções prejudiquem de forma grave eirreversível a execução do plano, operação ou obra.

5. Nos demais aspectos do regime de prazo, execuçãoe cessação das medidas preventivas aplicam-se as normasdos n.os 4 a 8 do artigo 40.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho.

134 DIÁRIO DA REPÚBLICA

CAPÍTULO VDa Execução dos Planos Territoriais

SECÇÃO IPrincípios, Sistemas e Instrumentos de Execução

ARTIGO 129.º(Princípio da execução programada)

1. A execução das directivas dos planos territoriais degrau superior ao dos planos municipais deve ser asseguradaatravés do processo de elaboração e de execução dos planosmunicipais.

2. A execução dos planos municipais deve ser realizadade acordo com os programas de execução neles previstos eos sistemas, as operações de ordenamento gerais e espe-ciais, urbanísticas e rurais, bem como demais normas conti-das nas disposições do presente regulamento.

ARTIGO 130.º(Princípio da execução coordenada)

A execução dos planos municipais deve ser coordenadacom as entidades públicas e privadas que, em razão dos sis-temas de execução adoptados, da natureza das operações deordenamento e dos instrumentos e normas de execuçãoaplicáveis, directa ou indirectamente, estão vinculados ouconcorrem para a boa realização das operações gerais,urbanísticas ou de ordenamento rural, e das obras de infra--estruturas e de equipamentos colectivos, de acordo comos objectivos programáticos.

ARTIGO 131.º(Sistemas de execução dos planos)

1. A execução dos planos urbanísticos municipais ousupletivamente equivalentes, pode concretizar-se atravésde um dos seguintes três sistemas:

a) o sistema administrativo de urbanização ou deobra pública;

b) o sistema de concessão urbanística ou de obraprivada;

c) o sistema de concertação urbanística ou de obramista.

2. Os sistemas de execução previstos no n.º 1 por refe-rência aos planos urbanísticos são extensivamente aplicá-veis à execução dos planos de ordenamento rural, feitasas devidas adaptações na interpretação e aplicação dasnormas da presente secção.

ARTIGO 132.º(Unidade de execução)

1. A delimitação de unidades de execução consiste nafixação em planta cadastral dos limites físicos da área asujeitar a intervenção urbanística e com identificação detodos os terrenos ou prédios abrangidos.

2. No caso de não existir loteamento prévio que permitaa identificação dos terrenos, designadamente, nos casos denovas grandes áreas de terrenos concedidos para expansãourbanística e implantação de novos centros urbanos, basta afixação da área global de intervenção urbanística.

3. As unidades de execução devem ser delimitadas demodo a garantir um desenvolvimento equilibrado e harmo-nioso e a justa distribuição dos benefícios e encargos pelostitulares de direitos sobre os terrenos abrangidos pelo planourbanístico a executar, devendo integrar as áreas a afectar aespaços e vias públicas e a equipamentos ou infra-estruturascolectivas previstos nos planos.

4. As unidades de execução podem corresponder a umaárea de intervenção urbanística ainda não coberta por umplano urbanístico, a uma unidade operativa de planeamentoe gestão, à área abrangida por um plano de pormenor, ou aparte desta.

5. Na falta de plano urbanístico da área global de inter-venção ou na falta de plano de pormenor deverá a autori-dade pública conferir as directivas de planeamento apli-cáveis que servirão de instrumentos sucedâneos dos planosou sugerir às entidades que se propõem executar asoperações urbanísticas a apresentação de propostas deplaneamento urbanístico para a área de intervenção visada.

ARTIGO 133.º(Programa de actuação)

1. O programa de actuação constitui o conjunto organi-zado e coordenado de acções a realizar e desenvolver porparte das entidades públicas e privadas envolvidas na exe-cução das operações urbanísticas para que estas cumpramos requisitos de prazo e qualidade exigidos.

2. Os programas de actuação têm por base um diagnós-tico das tendências de transformação das áreas visadas,definem objectivos a atingir no período da sua vigência,especificam acções e entidades e estabelecem o cronogramados investimentos neles previstos, designadamente:

a) identificando, a unidade ou unidades de execuçãoabrangidas pelo programa de actuação;

I SÉRIE — N.º 10 — DE 23 DE JANEIRO DE 2006 135

b) definindo as prioridades de actuação na execuçãodo plano urbanístico;

c) programando as operações urbanísticas de lotea-mento, reconversão, consolidação e extensãourbana a realizar nas unidades de execução;

d) definindo a estratégia de intervenção nas áreas deedificação dispersa e no espaço rural a urbanizarou a salvaguardar;

e) identificando o plano urbanístico para a área visadaou na sua falta, as directivas aprovadas ou indi-cadas pela autoridade competente;

f) as demais menções específicas que forem exigidaspelos contratos de urbanização às entidadesprivadas.

ARTIGO 134.º(Execução dos planos de ordenamento)

1. Os governadores de província podem regulamentar aadaptação das normas da presente secção com vista à suaaplicação adaptada às necessidades e condições locais deexecução dos planos de ordenamento rural.

2. O poder regulamentar previsto no n.º 1 anterior nãopode criar tipos de sistemas de execução diferentes dosconsagrados no artigo 131.º

SUBSECÇÃO ISistema Administrativo de Urbanização

ARTIGO 135.º(Sistema administrativo)

1. O sistema administrativo de execução dos planosurbanísticos ou de obra pública é aplicável aos terrenosurbanos ou rurais que devam ser objecto de operações deordenamento previstas nos planos municipais ou equiva-lentes e que sejam propriedade pública ou domínio privadodo Estado ou das autarquias locais, nos termos da lei desolos, ou que sendo de propriedade privada de particularesé objecto de expropriação por utilidade pública, para fins deurbanização, nos termos do presente regulamento geral edo Regime Jurídico de Expropriações por Utilidade Pública.

2. É administrativo o sistema cuja execução é impostapor iniciativa unilateral da Administração Pública, promo-vida, gerida e supervisionada pelos órgãos provinciais elocais territorialmente competentes, para a área espacialdo plano urbanístico a executar.

ARTIGO 136.º(Formas de execução administrativa)

O sistema de execução administrativa ou de obrapública compreende duas formas:

a) por administração directa;b) por execução contratada de empreitada e obra

pública.

ARTIGO 137.º(Execução por administração directa)

1. A execução por administração directa é a realizada esupervisionada directamente por recursos humanos e técni-cos próprios da administração pública, provincial ou muni-cipal ou por ela recrutados, para o efeito.

2. As normas aplicáveis à administração directa de ope-rações urbanísticas são em geral as aplicáveis à adminis-tração e competência dos órgãos directivos dos serviçospúblicos.

3. Os institutos públicos provinciais com funções técni-cas de planeamento urbanístico podem intervir na super-visão técnica da execução por administração directa deoperações urbanísticas, na área territorial da sua inter-venção, desde que os respectivos estatutos o permitam e emconformidade com as instruções dos governos provinciaisque os tutelam.

4. As autoridades provinciais e municipais podemconstituir brigadas próprias, especializadas, de execuçãopermanente de obras de construção, restauração e manu-tenção de vias públicas e outras infra-estruturas e equipa-mentos colectivos.

ARTIGO 138.º(Execução administrativa por contrato)

1. A execução administrativa contratada é a realizada notodo ou em parte, por contrato administrativo de emprei-tada e obra pública de urbanização.

2. O processo de formação do contrato, respectiva for-malização e efeitos regem-se pelas normas da legislaçãoaplicável aos concursos públicos ou limitados e ajustedirecto de empreitadas e obras públicas.

SUBSECÇÃO IISistema de Concessão Urbanística

ARTIGO 139.º(Sistema de concessão urbanística)

1. O sistema de concessão urbanística é aplicável aosterrenos não urbanizados e urbanizáveis, situados dentrodos perímetros urbanos ou aos terrenos rurais que sejam dodomínio privado do Estado ou autarquias locais, abrangidospor planos territoriais ou instrumentos supletivos equiva-lentes contidos em directivas governamentais e destinados àconcessão exclusiva a empresas nacionais para elaboração,execução de projectos ou programas integrados de urbani-

136 DIÁRIO DA REPÚBLICA

zação e edificação e operações de expansão urbana ou deimplantação de novos centros urbanos e de habitações eedifícios de apoio e de serviços.

2. O sistema de concessão urbanística visa, pelas suascaracterísticas específicas, realizar de forma integrada edescentralizada os seguintes fins:

a) a descompressão dos grandes centros urbanos e amelhoria da qualidade de vida;

b) a expansão urbana ordenada e a eliminação pro-gressiva das áreas degradadas;

c) a implantação de novos centros urbanos de peque-na e média dimensão na proximidade dos gran-des centros;

d) a reabilitação urbana de vias, equipamentos einfra-estruturas degradadas, bem como de edifí-cios que sejam propriedade do Estado;

e) o fomento da habitação e em particular da habi-tação social;

f) o fomento do empresariado privado angolano comincidência nos sectores da actividade urbanísti-ca, de edificação e gestão imobiliária e a suaparticipação no fomento habitacional e econó-mico em geral.

ARTIGO 140.º(Âmbito objectivo da concessão urbanística)

1. O âmbito da concessão urbanística compreende:

a) concessão de direitos sobre os terrenos abrangidospelo plano ou intervenção urbanística visada,nos termos e de acordo com as competênciasprevistas na Lei de Terras, em função da árearequerida para o projecto de intervenção urba-nística;

b) concessão das obras de execução das operações deurbanização compreendidas na unidade ouunidades de execução, incluindo as obras deconstrução de novas vias de acesso à área aurbanizar e de ligação a outros centros urbanos,infra-estruturas de saneamento básico, abasteci-mento de água e equipamentos colectivos;

c) concessão de poderes excepcionais da função eautoridade pública urbanística, inclusive, degestão urbana e gestão de serviços públicos emregime definitivo ou transitório, determinadopela precariedade duradoura ou transitória dosrecursos técnicos e humanos locais, nos termosque melhor convierem em cada caso e se fixa-rem no respectivo contrato.

2. O contrato de concessão urbanística poderá eventuale cumulativamente compreender, conforme os casos umaou mais das seguintes obras ou serviços:

a) concessão dos serviços de elaboração dos projec-tos de planos urbanísticos requeridos pela inter-venção visada, nos casos em que estes nãoestejam previamente elaborados e aprovados;

b) concessão de obras de edificação de habitaçõessociais a cargo do Estado, a implantar nasunidades de execução abrangidas, de acordocom os planos aprovados;

c) concessão de obras de restauração e de serviços degestão e alienação de imóveis de habitaçãosocial ou outros que sejam propriedade doEstado, ao abrigo da legislação aplicável àshabitações sociais e aos imóveis do Estado;

d) concessão de direitos de preferência na aquisiçãode imóveis do Estado, nos termos da legisla-ção aplicável à sua privatização, para fins defomento habitacional e económico.

ARTIGO 141.º(Âmbito subjectivo da concessão urbanística)

1. Nos termos e para os efeitos das normas da presentesubsecção são considerados concessionários urbanísticos,as empresas angolanas, regularmente constituídas e licen-ciadas para a prossecução de actividades de construçãocivil, como tal, definidas e dotadas dos requisitos do esta-tuto de fomento do empresariado privado angolano, nostermos da Lei n.º 14/03, de 18 de Julho.

2. As empresas angolanas beneficiárias do presenteestatuto de concessionárias urbanísticas poderão, nascandidaturas ou propostas de execução de projectos, planosou operações urbanísticas e para a garantia de boa exe-cução:

a) celebrar acordos de cooperação técnica ou aná-loga e ou financeira associada com outrasempresas congéneres nacionais ou estrangeiras,desde que não impliquem a transferência dedireitos e privilégios fundiários e imobiliáriosconcedidos exclusivamente ao abrigo do esta-tuto de fomento de empresas angolanas;

b) consorciar-se com outras empresas angolanas deconstrução civil ou de gestão imobiliária, quegozem do mesmo estatuto de fomento empre-sarial privado.

ARTIGO 142.º(Duração das concessões urbanísticas)

As concessões urbanísticas podem, em razão da maiorou menor grandeza do projecto e extensão da área aurbanizar, ter as seguintes durações mínimas e máximas:

I SÉRIE — N.º 10 — DE 23 DE JANEIRO DE 2006 137

a) de três a sete anos para os projectos de expansãoe reconversão urbana de pequena e baixa médiadimensão;

b) de sete a 15 anos para projectos de expansão,reconversão urbana e implantação de pequenoscentros urbanos, de média dimensão;

c) superior a 15 anos para projectos de implantaçãode cidades novas de alta e média dimensão.

ARTIGO 143.º(Processo de concessão urbanística)

1. O processo de formação do contrato de concessãourbanística é impulsionado por requerimento da empresaangolana dotada dos requisitos fixados no artigo anterior eque apresentando-se como agente promotor urbanístico,deve:

a) apresentar a sua proposta de anteprojecto de urba-nização e especificação da sua natureza e gran-deza, bem como de outras vertentes cumulati-vamente integradas no mesmo projecto, desig-nadamente, indicações quantitativas e qualitati-vas relativas à carga de edifícios a construir, àrespectiva gestão e venda imobiliária no mer-cado;

b) indicar a área de terrenos abrangidos pela implan-tação do projecto ou projectos urbanísticos e otipo de direitos fundiários cuja concessão requerpara si o efeito de edificação;

c) indicar a existência ou inexistência de planourbanístico aprovado para a área visada;

d) indicar a unidade ou unidades de execução doanteprojecto e suas operações urbanísticas,áreas de edificação e principais característicasgenéricas.

2. O requerimento deve ser apresentado às seguintesautoridades competentes para a concessão dos terrenos,em razão da grandeza da área requerida, nos termos doartigo 58.º da Lei n.º 9/04, de 9 de Novembro:

a) ao Conselho de Ministros, quando abranger aconstituição de direitos fundiários sobre bens dodomínio público ou direitos fundiários sobreterrenos rurais com área superior a 10 000 hec-tares, destinados a urbanização, não cobertospor plano urbanístico, bem como a transmissãode terrenos do domínio público para o domínioprivado do Estado e a concessão de foral a novocentro urbano, nos termos do artigo 66.º n.º 1alíneas b), c) e d) e n.º 2 da Lei n.º 9/04,de 9 de Novembro;

b) ao Governo Provincial quando abranger a consti-tuição de direitos fundiários sobre terrenosurbanos, de acordo com os planos urbanísticose os loteamentos aprovados, nos termos daalínea b) do n.º 1, do artigo 67.º, da Lei n.º 9/04,de 9 de Novembro.

3. O requerimento deve ser acompanhado do programade actuação e seus elementos integrantes.

4. Recebido o requerimento e uma vez feita a apreciaçãopreliminar da proposta, e no caso de o projecto ser consi-derado de interesse público e o processo se achar incom-pleto o proponente será notificado para completar oselementos em falta ou juntar outros, na circunstância docaso, considerados necessários e convenientes.

5. Completado o processo, o proponente é notificado doinício das negociações e consolidação das condições, bene-fícios e encargos das partes, com vista à formação docontrato de concessão, devendo do facto ser dada a devidapublicidade.

6. São publicados éditos no sentido de dar conheci-mento público do projecto e de em prazo a fixar, propor-cionar às pessoas que se julguem porventura lesadas com aeventual execução do mesmo, em razão de direitosfundiários pré-constituídos, a oportunidade de poderemreclamar e reivindicar os seus direitos, por via negocial oujudicial.

7. Esgotado o prazo da publicação dos éditos, e conso-lidado consenso sobre as condições contratuais, o contratode concessão será aprovado, conforme for o caso, porresolução do Conselho de Ministros ou despacho doGoverno Provincial que são publicadas no Diário daRepública.

ARTIGO 144.º(Programa de actuação urbanística)

O programa de actuação deve conter as menções geraisfixadas no artigo 132.º e anexar os seguintes elementosdocumentais:

a) memória descritiva do anteprojecto de urbaniza-ção e de edificação com demonstração da suaviabilidade técnica, económica e financeira, aqual deverá conter a previsão dos custos com asobras de urbanização, e das vias propostas decobertura financeira possível das respectivasdespesas, com indicação de eventuais parceriasassociadas, bem como da distribuição de bene-fícios e encargos entre o promotor, o Estado e aspartes associadas;

138 DIÁRIO DA REPÚBLICA

b) memórias ilustrativas e justificativas do impactoambiental e da viabilidade jurídica do antepro-jecto;

c) área dos terrenos cujos direitos fundiários serequerem para fins de edificação para revenda;

d) área dos terrenos destinados a edificação dehabitações sociais e número visado respectivo;

e) área total de terrenos abrangidos pelo antepro-jecto, incluindo os destinados a espaços e viaspúblicas e infra-estruturas e equipamentos colec-tivos;

f) planta da unidade ou área de execução;g) critérios e modos de remuneração do conces-

sionário urbanístico pelos custos da urbanizaçãoe serviços de gestão urbanística e imobiliária;

h) garantias oferecidas pelo concessionário;i) prazo de execução do programa.

SUBSECÇÃO IIISistema de Concertação Urbanística

ARTIGO 145.º(Sistema de concertação urbanística)

1. O sistema de concertação é aplicável aos terrenos nãourbanizados que devendo ser objecto de operações de exe-cução de planos municipais ou equivalentes são objecto dedireitos fundiários pertencentes em pelo menos 50% da áreaabrangida a particulares, e para cuja urbanização não con-venha à administração pública fazer recurso sistemático daexpropriação por utilidade pública, dispondo-se a concertara execução das operações com os respectivos titulares dosterrenos abrangidos.

2. A concertação pode revestir a modalidade de contratode compensação ou de contrato de cooperação.

ARTIGO 146.º(Contrato de compensação)

1. Os procedimentos de compensação podem ser impul-sionados quer por iniciativa dos órgãos territorialmentecompetentes da administração pública, do planeamentourbanístico quer por propostas do titular ou titulares dosterrenos, que desta feita, no caso de serem vários, deverão,designar de entre si, um ou mais representantes legalmenteconstituídos para participarem nas negociações.

2. Nos processos com vista a formação de um contratode compensação as partes devem constituir e aprovar umprojecto de compensação, podendo facultativamente cons-tituírem um órgão e ou um fundo de compensação a integraro programa de actuação.

3. O projecto de compensação deve compreender, desig-nadamente, a delimitação da unidade ou unidades de exe-cução abrangidas, prazos máximos de execução, não supe-rior a quatro anos, os critérios de perequação ou equidis-tribuição dos benefícios e encargos resultantes da execuçãoda urbanização a repartir entre os proprietários dos terrenose titulares de outros direitos sobre os terrenos abrangidospela unidade de execução e na proporção do valor previa-mente atribuído aos referidos direitos.

4. O contrato de compensação fixa, designadamente, osdireitos e obrigações das participantes na unidade de exe-cução abrangida e a responsabilidade perante a adminis-tração pública, no caso de incumprimento, devendo conter,como anexos e como suas partes integrantes, os estatutosdo órgão e fundo de compensação ou da entidade gestorada execução, conforme for o caso e o tipo de organizaçãoque as partes preferirem para presidir à execução.

5. Na falta de acordo entre as partes, a valorizaçãoprévia dos direitos sobre os terrenos dos particulares seráestabelecida nos termos aplicáveis à expropriação por utili-dade pública.

ARTIGO 147.º(Contrato de cooperação)

1. O contrato de cooperação é aplicável aos casos emque os particulares titulares dos direitos e a autoridadepública urbanística não tenham verificado vantagem no sis-tema da compensação.

2. No processo de formação do contrato de cooperaçãoa autoridade pública urbanística e as partes privadas interes-sadas, actuarão em coordenação de acordo com uma progra-mação estabelecida com vista a concertarem e consolidaremas condições de realização dos interesses das partes.

3. Os direitos e obrigações das partes são definidos porcontrato ao qual podem aderir eventualmente outras enti-dades interessadas na execução do plano, ainda que nãosejam proprietárias dos terrenos abrangidos.

SECÇÃO IIOutros Instrumentos de Execução dos Planos

ARTIGO 148.º(Direito de preferência)

1. Relativamente solos urbanos ou rurais que devam serobjecto de operações de ordenamento previstas nos planosmunicipais ou equivalentes, e sejam objecto de direitosfundiários titulados pelos particulares, nos termos da Lei deSolos, o Estado e as autarquias locais têm direito de prefe-

I SÉRIE — N.º 10 — DE 23 DE JANEIRO DE 2006 139

rência nas transmissões entre particulares, de terrenos ouedifícios situados nas áreas do programa de execução doplano.

2. O direito de preferência pode ser exercido com adeclaração de não aceitação do preço acordado entre os par-ticulares.

3. No caso referido n.º 2 anterior o preço a pagar éfixado nos termos previstos para o processo de expropria-ção litigiosa, com as necessárias adaptações e proporcional-mente ao tipo de direito fundiário transmitido, consoante setrate de propriedade plena ou de domínio útil.

4. O preferente pode desistir da aquisição mediante noti-ficação às partes.

ARTIGO 149.º(Reparcelamento)

1. O reparcelamento dos terrenos é a operação de orde-namento composta por uma operação de agrupamento dosterrenos localizados dentro dos perímetros urbano ou comu-nitário rural, delimitados no plano municipal ou equiva-lente, em causa, a que se segue uma operação de divisão dosmesmos, já ajustada aos objectivos e imperativos da exe-cução do plano, com a adjudicação de lotes resultantes aosprimitivos titulares de direitos fundiários sobre eles.

2. Os objectivos do reparcelamento são:

a) adaptar e conformar a configuração existente dosterrenos abrangidos pelos perímetros urbanosou rurais às directrizes de ocupação espacialdeterminadas pelo plano territorial;

b) identificar as áreas que os titulares de direitosfundiários sobre os terrenos abrangidos têmque obrigatoriamente ceder para implantaçãode infra-estruturas e equipamentos colectivos eespaços públicos;

c) proceder e garantir a distribuição justa e equita-tiva dos benefícios e encargos resultantes daexecução do plano.

3. A operação de reparcelamento pode ser da iniciativados proprietários como da autoridade local de planeamentoterritorial, ou resultar de concertação entre as partes pri-vadas e públicas, devendo ser licenciada ou aprovada pelamesma autoridade pública, conforme for o caso.

4. Os Governos Provinciais podem regulamentar porposturas os demais aspectos das operações de reparcela-mento que se mostrarem convenientes.

ARTIGO 150.º(Aplicação extensiva aos planos de ordenamento rural)

As normas da presente secção inerentes à execução dosplanos urbanísticos são aplicáveis, com as devidas adap-tações à natureza das respectivas operações, à execução dosplanos de ordenamento rural.

SECÇÃO IIIDa Avaliação

ARTIGO 151.º(Acompanhamento e avaliação)

1. Os órgãos nacionais, provinciais e municipais deplaneamento territorial devem acompanhar e proceder auma avaliação periódica da consecução dos objectivos e documprimento das directivas, critérios e parâmetros con-sagrados pelos planos territoriais, prestando todas as infor-mações e elaborando relatórios de execução ao órgão cen-tral.

2. O órgão técnico central de planeamento territorialdeve, nos termos conjugados da alínea a) do artigo 47.º e doartigo 66. º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho, organizar e man-ter um serviço central de acompanhamento e avaliação dosistema nacional de planeamento territorial, através darecolha e gestão das informações e dados estatísticos, técni-cos e de outra relevante natureza, sobre os planos territo-riais e a concretização das suas fases de elaboração, alte-ração, revisão e execução.

3. O Governo ou por delegação de poderes a ComissãoInterministerial de Ordenamento do Território e do Urba-nismo aprova instruções destinadas a assegurar a eficácia eeficiência do sistema nacional de acompanhamento e ava-liação dos planos territoriais em todo o território nacional.

ARTIGO 152.º(Relatórios)

1. Para efeitos do disposto no n.º 1 do artigo 64.º da Lein.º 3/04, de 25 de Junho, a Comissão Interministerial deOrdenamento do Território e do Urbanismo por delegaçãodo Governo, promove e coordena os trabalhos preparatóriosdo relatório quadrienal do estado do ordenamento do ter-ritório que o Governo deve apresentar à apreciação daAssembleia Nacional.

2. Para efeitos do disposto no n.º 2 do artigo 64.º da Lein.º 3/04, de 25 de Junho, os órgãos técnicos provinciais deplaneamento promoverão e coordenarão os trabalhospreparatórios do relatório quadrienal que os Governos

140 DIÁRIO DA REPÚBLICA

Provinciais devem apresentar, à apreciação do Governo,com a necessária antecedência, em termos que possam serintegrados como elementos de apreciação nos trabalhospreparatórios do Relatório do Governo.

3. Nos termos e para os efeitos conjugados do dispostono n.º 3 do artigo 64.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho, e don.º 2 anterior os órgãos técnicos municipais, ou na sua falta,ou insuficiência de recursos técnicos e humanos, os órgãostécnicos da respectiva província, promoverão os trabalhospreparatórios do relatório quadrienal que os administra-dores municipais devem apresentar ao Governo Provincial,com a necessária antecedência, em termos que possam serintegrados como elementos de apreciação nos trabalhospreparatórios do relatório do Governo Provincial, previstono n.º 2 anterior.

ARTIGO 153.º(Avaliação e propostas de alteração dos planos)

A avaliação pode detectar causas que fundamentem aalteração dos planos territoriais, devendo, no caso, apresen-tar às competentes autoridades do planeamento territorialpropostas de alteração dos mesmos, para os efeitos regula-mentares do regime de alteração, em termos de melhor con-secução dos objectivos de médio e longo prazos dos planose correcção de desvios ou desequilíbrios verificados nossistemas natural, rural ou urbano.

CAPÍTULO VINormas Supletivas, Transitórias e Finais

ARTIGO 154.º(Aplicação gradual e aplicação directa)

1. A plena aplicação do presente regulamento geral é,nos termos previstos no artigo 124.º anterior, gradualmentealcançada em função da progressão do processo de implan-tação da administração pública municipal e em particular detodos os órgãos provinciais e municipais de planeamentoterritorial, nos termos da Lei do Ordenamento do Territórioe do Urbanismo

2. Enquanto não se alcançar a plena implantação dascondições orgânico-administrativas, técnicas e materiais deconcretização do planeamento territorial, em todo o ter-ritório nacional, a elaboração e execução de planos territo-riais deve ser realizada apenas nas províncias e municípiosque detenham essas condições aplicando-se aos demaiscasos as normas subsidiárias e os instrumentos supletivosprevistos no presente diploma.

3. As normas constantes do presente regulamento geralque sejam directamente exequíveis, em razão não só da suanatureza intrínseca mas também e sobretudo da verificação

da existência, na área territorial em causa, de condiçõesorgânico-administrativas, técnicas e materiais de con-cretização do planeamento territorial, aplicam-se directa-mente apenas aos municípios que detenham tais condiçõese às fases de elaboração, aprovação, execução, alteração,revisão, suspensão, e avaliação de qualquer plano territo-rial.

4. Enquanto não forem elaborados e aprovados osplanos territoriais de grau hierárquico superior, a elaboraçãode planos territoriais e urbanísticos de grau inferior é orien-tada pelas instruções gerais do Governo transmitidas econtroladas pelo Instituto Nacional de Ordenamento do Ter-ritório e Desenvolvimento Urbano.

ARTIGO 155.º(Normas subsidiárias e instrumentos supletivos de planeamento)

1. Para além das normas do presente regulamento cujaaplicação directa careça da mediação de outras normasregulamentares, nele previstas ou não, a interpretação eaplicação das normas do presente regulamento geral, emrazão de casos omissos ou de questões emergentes daslimitações e especificidades das condições locais de cadaprovíncia ou cada município, é subsidiariamente orientadapor instruções do Governo ou por delegação de poderes, aaprovar pela Comissão Interministerial de Ordenamento doTerritório e do Urbanismo, em termos que possam dotartodos os municípios de planos territoriais ou de instru-mentos sucedâneos.

2. Enquanto não existirem condições técnicas e orgâni-cas adequadas à plena implementação do processo de ela-boração dos planos territoriais e urbanísticos a gestão doterritório urbano e rural pode orientar-se por instrumentossupletivos ou sucedâneos pré-existentes ou a elaborar deforma mais expedita, segundo as prioridades verticais ehorizontais discricionariamente definidas pelo Governo,porém, já compaginados com os princípios e normas subs-tantivas fundamentais da Lei de Ordenamento do Territórioe do Urbanismo e do presente regulamento geral.

3. São instrumentos supletivos dos planos territoriais eurbanísticos, uma vez aprovados pelo governador deprovíncia e ratificados pelo Governo para valer comoplanos:

a) os projectos de planos territoriais ou urbanísticosou instrumentos sucedâneos mais rudimentares,elaborados por entidades técnicas públicas ouprivadas, sob solicitação dos Governos Centralou das Províncias, ainda que não tenham seguidoa tramitação regulamentar do respectivo pro-cesso de elaboração;

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b) as instruções e demais directivas gerais ou especi-ais formalmente emitidas aos órgãos de elabo-ração e de execução dos planos pelos dosGovernos Central e das Províncias, em razãodas respectivas competências territoriais, bemcomo as contidas nos contratos de concessãoou de concertação urbanísticas;

c) as plantas ou cartas de identificação e represen-tação da área territorial ou outros instrumentosrudimentares análogos de ordenamento espacialdas povoações.

4. Os centros urbanos e demais povoações que durantemuito longo prazo não disponham de planos urbanísticosaprovados nem de órgãos para a sua elaboração regem-sepor instrumentos supletivos, designadamente, cartas e plan-tas de ordenamento espacial e as instruções emitidas pelosrespectivos órgãos provinciais.

ARTIGO 156.º(Elaboração e aprovação discricionária de planos)

1. O Governo pode, no período transitório inicial deimplementação do sistema orgânico do planeamento territo-rial, e em situações de excepção territorialmente definidas,no uso dos seus poderes discricionários de oportunidade econveniência do interesse público, ordenar a elaboração deplanos territoriais de grau hierárquico inferior, segundocritérios prioridade horizontal ou da necessidade de planosparciais, ainda que com sacrifício da prioridade vertical dosplanos de grau superior.

2. Para efeitos do disposto no n.º 1 anterior o Governoemite instruções quer de aproveitamento e adaptação ouactualização de planos ou instrumentos supletivos parciaispré-existentes quer de elaboração de novos instrumentos decarácter supletivo que a urgência de determinados progra-mas urbanísticos possa impor.

ARTIGO 157.º(Apoio técnico subsidiário)

1. Nos termos do artigo 67.º da Lei n.º 3/04, de25 de Junho, enquanto não forem completamente implan-tados e providos os órgãos técnicos provinciais e locais doplaneamento territorial, o Instituto Nacional de Ordena-mento do Território e Desenvolvimento Urbano, na quali-dade de órgão técnico central, organiza um serviço queconcentra uma dotação acrescida de técnicos, destinado aapoiar a administração local no planeamento provinciale municipal, e de acordo com programas de apoio einstruções pelo Governo ou por delegação deste, pelaComissão Interministerial de Ordenamento Territorial.

2. O órgão técnico central referido no n.º 1 anterior e noartigo 47.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho, e os institutospúblicos que servem de órgãos técnicos de determinadasprovíncias, nos termos do n.º 2 do artigo 125.º anterior, porrazões de escassez e máximo aproveitamento dos recursostécnicos e humanos disponíveis, podem concertar procedi-mentos de cooperação subsidiária às respectivas funções.

3. Os quadros técnicos concentrados no serviço referidono n.º 1 anterior, são, de acordo com um programa de for-mação, gradualmente desconcentrados nos órgãos técnicosprovinciais e municipais do planeamento territorial, emordem à sua implantação e provimento dos respectivoslugares de forma consolidada.

ARTIGO 158.º(Regime da administração local e do planeamento territorial)

Até a institucionalização do novo quadro legal dasautarquias locais, as competências que ora se atribuem aosmunicípios são exercidas pelos competentes órgãos dosGovernos Provinciais, e das administrações municipais nostermos das normas e princípios vigentes da Administraçãodo Estado nas províncias e nos municípios, constantes,designadamente, do Decreto-Lei n.º 17/99, de 29 de Outubroe Decreto n.º 27/00, de 19 de Maio.

ARTIGO 159.º(Validade dos planos territoriais anteriores)

1. Os planos urbanísticos, especiais ou sectoriais, depormenor ou de outro tipo, elaborados, antes da entrada emvigor do presente regulamento geral, são consideradosválidos e eficazes, desde que aprovados pelas autoridadescompetentes.

2. O Governo pode instruir que os planos elaborados enão aprovados nos termos do n.º 1 anterior, sejam alteradosde molde a se conformarem com as normas e princípiosconstantes do presente regulamento.

ARTIGO 160.º(Violação dos planos territoriais)

1. São nulas as disposições dos planos territoriais queviolem as disposições imperativas dos planos de grauhierárquico superior, devendo ser alteradas em confor-midade.

2. A validade dos actos praticados sobre o territóriodepende da sua conformidade com as normas de naturezaregulamentar, directamente exequíveis constantes dosplanos municipais, sendo nulos os actos que violem aquelasnormas.

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3. As normas dos n.os 2 e 3 anteriores não se aplicam aosplanos de grau inferior elaborados e aprovados sem apré-existência de planos de grau superior aprovados.

ARTIGO 161.º(Transgressões)

1. Constitui transgressão punível com pena de multa arealização de obras e construções, bem como o uso quer deedifícios quer dos solos em violação de disposições cons-tantes de um plano municipal.

2. No caso de realização de obras e construções o mon-tante da multa é fixado entre um limite mínimo e um limitemáximo a estabelecer por posturas dos Governos Provin-ciais e que podem variar de província para província emfunção das especificidades das condições locais.

ANEXO

Para efeitos do disposto no artigo 2.º do presente regu-lamento geral, entende-se por:

a) agrária: a actividade que em amplo sentido defi-nido pela Lei de Terras abrange não só a activi-dade agrícola, como a pecuária e silvícola,excluindo a da gestão e exploração da florestanatural;

b) centros rurais: unidades de planeamento territoriaisque abrigam aglomerados populacionais situa-dos nos perímetros comunitários rurais nos ter-mos definidos pelo artigo 103.º do presenteregulamento geral;

c) centros urbanos: as unidades de planeamento ter-ritorial que abrigam aglomerados populacionaisque estão dotadas de infra-estruturas urbanísti-cas, designadamente, redes de abastecimento deágua e de electricidade, de saneamento básico ecuja estruturação se desenvolve segundo planosurbanísticos aprovados ou, na sua falta, segundoinstrumentos de gestão urbanística legalmenteequivalentes;

d) centros rurais ou povoações: as unidades deplaneamento territorial que abrigam aglomera-dos populacionais dotados de ordenamentoespacial segundo os costumes e valores locais eas demais regras de ordenamento territorial ezonamento rural previstas no presente regula-mento geral para melhoria da qualidade de vidadas populações rurais;

e) cidades: o aglomerado urbano assim classificadopor normas de ordenamento do território, a quetenha sido atribuído foral e com o númeromínimo de habitantes definido por lei;

f) comundades rurais: tipo particular de centrosrurais que abrigam comunidades como tais defi-nidas quanto à sua residência e posse de ter-renos comunitários e exercício dos seus direitosfundiários segundo os costumes;

g) direitos fundiários: todos os tipos de direitos querecaem sobre a terra ou terrenos e de que as pes-soas singulares ou colectivas de direito privadoou público podem ser titulares nos termos pre-vistos pela Lei de Terra ou dos Solos;

h) espaços-canais: corredores cativados para infra--estruturas que ligam pares distantes e têm umefeito de barreira física mais ou menos condi-cionantes dos espaços marginantes.

i) gestão do território: é o processo através do qualse obtêm os direitos correspondentes sobre omesmo, segundo as determinações do plano deordenamento territorial e urbanismo e a legis-lação vigente;

j) instrumentos supletivos dos planos ou instrumen-tos sucedâneos: os instrumentos de planea-mento territorial definidos no artigo 154.º dopresente regulamento geral para ser aplicadoscomo planos e valerem como tais, onde eenquanto não for completada a implementaçãodos órgãos e demais condições técnicas e insti-tucionais que assegure a elaboração dos planossegundo os trâmites ora regulamentados;

k) Lei de Bases Gerais: o mesmo que Lei de Orde-namento do Território e do Urbanismo ou Lein.º 3/04, de 25 de Junho;

l) Lei de Terras: o mesmo que Lei de Solos ou Lein.º 9/04, de 9 de Novembro;

m) loteamentos: tipo particular de operação urbanís-tica, como tal, definida no presente regula-mento geral e objecto de regulamentação espe-cial;

n) operações de ordenamento: o mesmo que opera-ções de ordenamento territorial, como tais,definidas pela Lei de Bases e regulamentadaspelo presente regulamento geral;

o) operações rurais: o mesmo que operações deordenamento rural e como tais, definidas pelaLei de Bases e regulamentadas pelo presenteregulamento geral;

p) operações urbanísticas: as que são, como tais,definidas pela Lei de Bases e regulamentadaspelo presente regulamento geral;

p) ordenamento territorial: o mesmo que ordena-mento do território adiante definido;

r) planos nacionais: o mesmo que planos territoriaisnacionais os quais, nos termos da Lei de Bases,abrangem todo o território nacional;

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s) planos urbanísticos: o tipo de planos territoriaisespecificamente destinados à gestão dos solosurbanos;

t) planos rurais: o mesmo que planos de ordena-mento rural;

u) planos territoriais: o conjunto de planos querepresentam instrumentos de gestão do espaçoterritorial rural e urbano previstos na secção IIdo capítulo II da presente lei, incluindo osplanos que têm impacto sobre o território;

v) perímetro comunitário rural: o perímetro delimi-tador dos terrenos rurais comunitários e dos ter-renos rurais de povoamento, abrangidos querpelas comunidades rurais quer pelas povoaçõesrurais, definidas nos termos conjugados da Leide Terra, da Lei de Bases de Ordenamento doTerritório e do presente regulamento geral;

w) perímetro rural: o perímetro delimitador dossolos rurais, que compreende diversos subtiposprevistos no presente regulamento geral, desig-nadamente, perímetro comunitário rural, perí-metro de reserva, agrícola, mineira e ecológica;

x) perímetro urbano: o perímetro delimitador doscentros urbanos, definido nos termos da pre-sente lei e dos respectivos diplomas regula-mentares;

y) povoações rurais: tipo particular de centros ruraisque abrigam aglomerados populacionais comotais definidas quanto à sua residência em ter-renos rurais de povoamento concedidos peloEstado ou autarquias rurais e usados e fruídosnos termos da Lei de Terras;

z) solo ou solos: a superfície ou camada de terracompreendida nas fronteiras territoriais, desti-nada ao uso rural ou urbano, nos termos dosprincípios e regime de constituição e de exer-cício de direitos fundiários previstos na Leidos Solos e que relevem para os demais finsdo ordenamento territorial;

aa) solo rural: o solo situado fora dos perímetrosurbanos e como tal classificado, nos termos dapresente lei;

bb) solo urbano: o solo ou conjunto de terrenos com-preendido nos perímetros urbanos e com talclassificado, nos termos da presente lei;

cc) terra: o equivalente a solo ou solos, ou o con-junto dos solos urbanos e rurais.

dd) território: o espaço biofísico constituído peloconjunto dos solos urbanos e rurais, do subsolo,da plataforma continental e das águas interiores,bem como da zona económica exclusiva,enquanto elementos ou recursos naturais conti-dos adentro das fronteiras territoriais nacionaisque relevam para a organização e gestão do usodo território e realização dos demais fins doordenamento territorial, bem como para a exe-cução dos respectivos instrumentos.

ee) zonamento rural: a operação de ordenamentorural, como tal definida pelo presente regula-mento geral.

ff) preparação do território para a urbanização: é aacção pela qual se adapta, física e juridica-mente, uma área a futuras edificações segundoas determinações do plano de ordenamentoterritorial e do urbanismo para que este adquiraa condição de edificável;

gg) valorização urbanística do território: é o pro-cesso através do qual esta se categoriza a partirda sua classificação e qualificação. Esta catego-rização aporta os elementos físicos espaciaispara sua posterior valorização económica porparte das entidades que corresponda.

O Primeiro Ministro, Fernando da Piedade Dias dosSantos.

O Presidente da República, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS.

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