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SEGREGAÇÃO ESPACIAL E MEIO URBANO: DESVELANDO

QUESTÕES SOCIAIS LOCAIS

Autora: Hérica Maria Dutra1

Orientador: Aécio Rodrigues de Melo2

RESUMO

O presente artigo visa apresentar os resultados obtidos com o projeto - “Segregação Espacial e Meio Urbano: desvelando questões sociais locais”, desenvolvido no PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional, turma 2010. Tendo como objetivo de estudo despertar a criticidade em relação às questões de cunho social, enfocando uma prática pedagógica que possibilite conhecer a realidade dos alunos. Sendo assim, a temática deste projeto foi desenvolvida junto aos estudantes do Ensino Médio matutino do Colégio Estadual Rio Branco – EFMNP, em Santo Antônio da Platina – PR. Foi adotada metodologia de pesquisa bibliográfica e de campo. A bibliográfica foi embasada em diversos autores que analisam entre outros temas a dicotomia entre espaço urbano que se reflete na moradia – de um lado existem os bairros estruturados, e do outro a carência por serviços básicos, culminando em problemas sociais, político-educacionais e ambientais. A pesquisa de campo ocorreu através de visita in loco em alguns bairros periféricos e em um condomínio fechado do município. Os resultados foram observados através da participação efetiva dos alunos envolvidos nas atividades.

Palavras-chave: segregação espacial; meio urbano; qualidade de vida.

__________________________ 1 Graduada em Geografia Plena pelas Faculdades Integradas de Ourinhos ( FIO). Pós Graduada em

Didática e Metodologia de Ensino pela Universidade do Norte do Paraná - UNOPAR. ² Professor Orientador do PDE na UENP – Universidade Estadual do Norte do Paraná – Campus Cornélio Procópio – PR

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ABSTRACT This article presents the results of the project - "Urban Environment and Spatial Segregation: Uncoverin Local Social Issues," developed in the PDE - Programa de Desenvolvimento Educacional, class of 2010. Aiming to study the critical sense of awakening in relation to issues of social, focusing on a pedagogical practice that allows students to know the reality. This way, the theme of this project was developed along with morning high school students of Rio Branco College - EFMNP in Santo Antônio da Platina - PR. It was adopted bibliographic and personal research methodology. The bibliographic was based on various authors that examine among others the dichotomy between urban spaces that is reflected at home one side there are structured neighborhoods, and the other the lack of basic services, resulting in social problems, political, educational and environmental. The personal research took place visiting some suburbs and a closed joint owner in the city. The results were observed through the effective participation of the students involved in activities. Keywords: spatial Segregation; urban environment; quality of life.

1- INTRODUÇÃO

A segregação socioespacial urbana traz muitos problemas para a cidade,

entre eles a desigualdade entre si tornando assim as diferenças mais profundas e

enfraquecendo as relações sociais, o contato com o diferente e a tolerância.

Partindo deste princípio, notou-se a necessidade de se fazer um estudo das

infraestruturas presentes nos bairros dos alunos que frequentam o Colégio Estadual

Rio Branco – EFMNP – situado à Rua Dezenove de Dezembro 1001, no município

de Santo Antônio da Platina.

A temática centrou-se, então, no estudo do meio urbano, destacando o

processo de segregação espacial, as desigualdades entre os bairros mais centrais

com maior poder aquisitivo que se beneficiam da dotação de maior infraestrutura, e

as classes menos abastadas que se restringem às periferias, distantes e

desprovidas de todo serviço que possibilita uma melhor qualidade de vida.

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Neste sentido, o presente artigo tem por objetivo despertar a consciência

crítica em relação às questões de cunho social, embasadas em uma prática

pedagógica que possibilite conhecer a realidade dos alunos, para que os mesmos

ampliem suas capacidades de análise do espaço geográfico em que está inserido.

A crescente urbanização gerou conflitos sociais e ambientais em nosso país.

A equacionalidade pouco evoluiu neste emaranhado de problemas que

surgiram advindos do processo urbanístico em diversas cidades. Isso porque, a

cidade é uma das atividades mais marcantes e significativas do homem. Ela é o

campo potencial para o exercício da sua cidadania plena.

Mas como falar de cidadania quando existe uma segregação socioespacial?

Como potencializar e reorganizar competências de ordem pública nos processos de

urbanização que interfiram significativamente na qualidade de vida da cidade como

um todo?

Considerando a realidade voltada para as diferenças entre centro e periferia,

bairros urbanos e suburbanos (em morros, beiras de rios), bairros ricos e bairros

pobres, a cidade está cumprindo a sua função no que tange as diretrizes gerais para

a regulamentação das práticas sociais como um todo?

A natureza e a sociedade constatam em pontos determinantes contrapondo

entre si com as múltiplas vulnerabilidades apresentadas pelo aumento significativo

da população e com o seu modo de vida, apresentando riscos e graves problemas

de ordem ambiental e social no espaço em que esta população ocupa, culminando

na problemática que envolve os aspectos socioambientais urbanos.

Até meados do século XX, o Brasil era um país de população essencialmente

rural. Esse panorama só começou a ser mudado com o advento da industrialização

na região sudeste e a decadência de alguns setores agrícolas como a cana-de-

açúcar no nordeste, que provocaram, pela primeira vez, uma forte corrente

migratória interna rumo às cidades.

Em consequência, começavam também os problemas de moradia, uma vez

que as cidades não estavam preparadas para receber grandes contingentes de

pessoas. Os poucos serviços de infraestrutura que existiam estavam à disposição

das classes econômicas altas, que podiam pagar pelos serviços.

Dessa forma, pela própria situação, esses “novos” citadinos se viram na

condição de procurarem ou até mesmo improvisarem moradias de acordo com seu

poder aquisitivo. Começava aí a realidade dos cortiços, das favelas, das

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submoradias. Típicas das cidades grandes até décadas atrás, passaram

ultimamente também a fazer parte das cidades menores até mesmo pelo

deslocamento das indústrias que, “fugindo” das pressões dos sindicados nas

metrópoles, vêm se transferindo para o interior.

Considerando que uma cidade do Norte Pioneiro do Paraná, com seus 42 mil

habitantes, já se confronta com as características típicas de cidade grande com toda

a precariedade e violência advinda dos problemas sociais.

Acredita-se ser necessário abordar esse assunto no espaço escolar, uma vez

que recebemos alunos advindos desses bairros, da mesma maneira que migram

alunos moradores do centro, e não raro, os primeiros acabam sendo estigmatizados

em decorrência dessa segregação espacial.

1.1- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A urbanização é possivelmente o fenômeno de maior importância ocorrido nas

sociedades modernas, sendo este tema de estudo fundamental para a Geografia.

O controle do espaço intraurbano abre perspectivas para a geração da

segregação socioespacial das diversidades de classes sociais.

Conforme Harvey (1982, p. 375), “o espaço é um atributo material de todos os

valores de uso”.

As formas de crescimento das cidades não comportam planos orientadores,

elas se “espalham” sob o comando da especulação imobiliária: há muitos espaços

ocupados em situação de ilegalidade jurídica – são os bairros e loteamentos

clandestinos. A exclusão/segregação social urbana revela o drama social vivido pela

população na qual a desigualdade é resultante de uma estruturação urbana

determinada por fatores meramente políticos, econômicos e sociais, prevalecendo o

processo de urbanização por fatores que correspondem ao avanço do progresso

comercial e industrial. A questão da segregação espacial encontra embasamento

teórico nas DCEs, quando nos mostra que:

Ao analisar o meio urbano a partir da dimensão econômica, é preciso considerar as desigualdades socioeconômicas materializadas no espaço urbano; a distribuição dos espaços de produção e de consumo; a inter-relação das atividades econômicas; o processo de urbanização em relação ao uso do solo urbano e à especulação imobiliária; o processo de industrialização e urbanização, entre outros. (SEED, 2008, p 77)

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Considerando essa perspectiva, o problema da moradia deixou de ser

exclusivamente das grandes cidades e atinge todo o país. As condições precárias de

habitação refletem a segregação urbana e a exclusão social, e estão intimamente

ligadas à ausência de renda fixa e aos baixos salários de grande parte da

população.

Nas grandes cidades, a população das áreas centrais vem diminuindo,

enquanto as periferias ficam mais densamente povoadas, tornando ainda mais difícil

o acesso aos serviços de infraestrutura urbana, como saneamento básico, saúde,

educação, transporte e lazer. Disso decorre o fenômeno conhecido como

segregação espacial. Villaça (2001, p.143) diante do termo anteriormente citado

afirma que:

Refere-se à concentração de uma classe no espaço urbano, [...]. O mais conhecido padrão de segregação brasileira é o do centro x periferia. O primeiro é dotado da maioria dos serviços urbanos, públicos e privado é ocupado pelas classes de mais alta renda. A segunda é subequipada e longínqua, é ocupada predominantemente pelos excluídos. O espaço atua como um mecanismo de exclusão.

Entretanto, é possível fazer uma reflexão sobre a afirmação de Villaça que no

contexto revela o grau de exclusão e segregação social denominando, assim, uma

geografia específica de dominação.

A esta consideração, embora seja longa, é importante à medida que Rauber;

Leme (2009, p.7) destacam a realidade social daqueles que vivem à margem da

sociedade quanto à baixa renda, quanto à carência de cultura, pois a maioria não

possui escolaridade e sofre com a discriminação racial e isto é justificado pela

desigualdade social desta população e dos índices que norteiam estas estruturas

modernas e atuais e que faz com que a população sofra com o progresso e com o

abalo da infraestrutura precária em que vivem. Rauber e Leme chamam a atenção

para este fato:

[...] que o tema da Segregação Socioespacial urbana merece destaque no início do século XXI pelo agravamento das mazelas sociais em todos os países do mundo globalizado. Os grupos sociais atingidos com maior intensidade geralmente são as camadas mais carentes, que, quase sempre são confinadas em favelas, cortiços e bairros pobres, e sofrem com a constante escassez de água, falta de coleta de lixo, esgoto, deslizamento de encostas e transbordamentos de rios e córregos [...]. A segregação sócioespacial [...] também decorre da baixa escolaridade, da baixa renda,

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atingindo especialmente mulheres e negros. O perfil da população mudou para os predominantemente nascidos nos grandes centros urbanos, pequenas famílias, “escolarizados” (semialfabetizados) e desempregados. No mundo capitalista globalizado, as empresas concessionárias de serviços públicos não têm interesse em estender aos bairros carentes a infraestrutura (luz elétrica, água tratada, esgoto, serviços de telefonia, asfalto, etc.), pois os seus moradores não possuem recursos para pagar pelo uso dos mesmos. Embora esses serviços básicos deveriam ser garantidos universalmente pelos órgãos públicos. (RAUBER; LEME, 2009, p.4)

Por outro lado, essa situação pode ser explicada considerando aspectos

históricos nos quais se entende que cada grupo governamental enfoca a sua

particularidade e não se governa respeitando e priorizando as diferenças,

culminando, assim, na não diminuição do desequilíbrio da igualdade, pois quando se

é desconsiderado este fator seria como negar as diferentes classes sociais

existentes em uma população. Há autores que ampliam o questionamento afirmando

que:

“A expansão das grandes metrópoles do mundo subdesenvolvido ocorreu de forma rápida e desorganizada, por conta da inoperância governamental e dos interesses das grandes empresas imobiliárias”. A população mais pobre foi se distanciado do centro devido ao preço elevado dos imóveis e do aluguel. Além disso, com os conjuntos habitacionais, o Estado restringiu, de modo geral, o acesso à moradia somente à periferia das cidades, apesar da existência de vastos terrenos vazios entre a periferia e o centro. As empresas imobiliárias lotearam cidades de acordo com os interesses de valorização de seus imóveis no mercado. Este modelo de ocupação urbana tornou-se, assim, amplamente favorável à especulação imobiliária. (LUCCI; BRANCO; MENDONÇA, 2007, p.275).

Da mesma opinião é Vesentini (1999, p.129), enfocando que no Brasil a falta

de interesse em reduzir os problemas que envolvem as classes sociais mais

prejudicadas não foi também levada em consideração e a desocupação não foi o

critério de solução para a problemática que envolve a população de classe menos

favorecida.

O mesmo autor observa que outros aspectos também podem ser abordados

dentro do contexto da segregação espacial, quando argumenta que:

O processo de urbanização do Brasil fruto de uma industrialização tardia [...] trouxe uma série de problemas que não surgiram (ou existiam com intensidade bem menor) nas cidades dos países desenvolvidos. [...]. Um desses problemas é a moradia. Enquanto em algumas áreas das grandes cidades brasileiras surgem ou crescem bairros ricos, com residências

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moderníssimas, em outras, às vezes até nas vizinhanças, multiplicam–se as favelas e os cortiços. [...]. Eventualmente, desocupa–se uma favela para

construir algum edifício no terreno [...] (VESENTINI, 1999, p.129)

Para Lojkine, “a segregação é [...] uma manifestação de renda fundiária

urbana, um fenômeno produzido pelos mecanismos de formação dos preços do

solo, estes por sua vez, determinados [...] pela nova divisão social e espacial do

trabalho.”

A configuração espacial parte da hipótese de que a desigualdade social está

intimamente ligada à estrutura intraurbana na qual a segregação e a falta do respeito

dos direitos do cidadão não são levadas em conta, configurando assim uma atitude

de exclusão, de diferenciação social em que as classes necessitam reivindicar

coletivamente os seus direitos de cidadão. Rauber e Leme (2009, p.7) manifestam

que:

As desigualdades sociais se materializam na paisagem urbana. Quanto maiores as disparidades entre os diferentes grupos sociais, maiores as desigualdades de moradia, de acesso aos serviços públicos e de qualidade de vida, e, portanto, maior é a segregação espacial. No entanto, mesmo num bairro de população pobre, essa qualidade de vida pode ser melhorada, caso os serviços públicos de educação, saúde, transporte coletivo, entre outros, passem a funcionar de forma adequada. Essas mudanças positivas têm maiores chances de se concretizarem quando a comunidade se organiza para melhorar o seu cotidiano e reivindicar os seus direitos, ou ainda quando o poder público oferece uma educação de qualidade de cunho crítico e libertador. Quando isso não acontece, as desigualdades e a exclusão socioespacial tendem a se manter, e muitas vezes a aumentar.

As propriedades elencadas à tipificação são relevantes quanto à

desigualdade social presente no espaço urbano, onde objetiva subsidiar a

estruturação espacial da população de acordo com o seu grau de desenvolvimento

socioeconômico e cultural.

Silva (2010) observa que as características sociais interagem com a formação

do espaço e produz o que Bourdieu (2001) chama de efeito de território, e, portanto

é possível tomar como hipótese de trabalho que os níveis de desigualdades

socioeconômicas encontram algum tipo de correlação com a configuração do espaço

urbano. Na sequência, o autor propõe que:

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Entende-se por desigualdades socioeconômicas as diferentes posições que os indivíduos ocupam na produção e no consumo da riqueza gerada por uma sociedade. Esta riqueza é fruto do trabalho coletivo e pode se manifestar através da renda, da educação, da qualidade de vida e também dos locais e condições de moradia. No caso brasileiro, essas várias dimensões da desigualdade se inter-relacionam e se influenciam estruturando a sociedade em diferentes estratos, com maior ou menor poder de influência. Há fortes razões para se crer que uma das principais expressões espaciais desses níveis de desigualdade é a segregação dos locais de moradia (SPOSITO apud SILVA, 2010, p.2).

Tais citações revelam que aqueles que possuem maior poder aquisitivo

também têm melhores condições de acessibilidade no espaço urbano e, enquanto

muitos se beneficiam, há, ao mesmo tempo, outros que se sintam prejudicados com

a situação de desigualdade.

As próprias Diretrizes Curriculares da Educação Básica (SEED, 2008, p77),

sugere que se trabalhe “a dimensão política do meio urbano [...] pela ação dos

movimentos sociais no espaço urbano e o direito ao transporte, moradia,

saneamento e saúde; [...]; pela questão da formação dos microterritórios urbanos,

entre outros”.

O enfrentamento dessa realidade pelos munícipes e a conscientização da

responsabilidade pelos poderes públicos, quanto a proporcionar moradias dignas

através de casas populares dotadas de toda a infraestrutura, propiciaria uma

melhoria na qualidade de vida da população, dentro do conceito de cidadania.

Busca-se o desvelamento da segregação espacial no tocante aos

estereótipos dos alunos dos bairros, da periferia, para uma prática pedagógica

fundamentada a partir da realidade social posta na pesquisa.

2- IMPLEMENTAÇÃO PEDAGÓGICA

Atendendo à orientação do Programa PDE, no segundo semestre de 2011

foi realizada a implementação pedagógica no Colégio Estadual Rio Branco – Ensino

Fundamental, Médio, Normal e Profissional. O público alvo do projeto de intervenção

foram os alunos dos 1º e 3º ano do Ensino Médio matutino.

A presente pesquisa caracteriza-se por atividades teóricas e práticas variadas

com visita “in loco” em alguns bairros previamente indicados pelos alunos, visando

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compreender os fenômenos urbanos relacionados à segregação espacial e as

desigualdades sociais na cidade – bairros centrais maior infraestrutura, mais

afastados e desprovido de serviços – a aplicação de um questionário aos alunos,

permitindo a análise do contexto específico.

A apresentação do projeto ocorreu inicialmente no dia vinte de julho para a

Comunidade Escolar durante a semana pedagógica, momento este de grande

importância, na qual foi feita a exposição de slides com seleção de imagens de

vários bairros de Santo Antônio da Platina. Assim, os presentes foram informados da

essência do projeto e das ações planejadas. O mesmo foi bem aceito por todos e

simultaneamente questionado por alguns professores sobre a questão política que

se poderia levantar. No entanto, expliquei que esse não era o meu objetivo, mas

pensando na realidade dos alunos do Colégio a intenção era de espacializar a

segregação espacial dos bairros, destacando causas e consequências deste

processo, bem como também sensibilizá-los para as questões de cunho social

despertando a sua criticidade e espírito político.

Aos alunos a apresentação do projeto de intervenção ocorreu no dia onze de

agosto. A princípio muitos não sabiam, achavam que Segregação era somente

racial, então quando falei sobre a espacial muitos ficaram chocados, e não faziam

ideia de algumas imagens da própria cidade, de acontecimentos do próprio lugar

onde moram. Então expliquei o significado da proposta expondo o projeto, imagens

relacionadas ao tema de estudo também foram observadas e comentadas, sem

estigmatizar, e sempre deixando claro que não é porque uma pessoa mora na

periferia que ela tem que ser menos favorecida do que quem mora no centro da

cidade, pois todos temos direitos iguais. Com o objetivo de conhecer um pouco mais

sobre o termo “Segregação Espacial” foi solicitado aos alunos uma pesquisa sobre o

conceito abordado. Desta forma, deu-se inicio a implementação das ações previstas.

Alguns alunos ficaram receosos por sua vida pessoal, pois temiam serem

pesquisados e terem sua condição econômica e social exposta. No entanto outros já

gostaram muito, argumentaram e sugeriram melhorias que deveriam ocorrer na

cidade e nos bairros.

Dando continuidade ao programa de implementação, entre os dias doze e

vinte e três de agosto, foram trabalhados em sala de aula pelos alunos do 1º “B” e 3º

“B” diversos textos. Dentre eles: “O que é Cidade”, de Raquel Rolnik, fragmentos de

“O Espaço Cidadão”, de Milton Santos, “Cidade de Muros”, de Teresa Pires do Rio

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Caldeira, os quais possibilitaram uma reflexão histórica sobre a problemática que

envolve as cidades, enfocando os mais relevantes aspectos com suas preciosas

explanações sobre o tema. O conteúdo sem dúvida proporcionou diálogo, interação

e troca de experiência entre as diferentes realidades tendo como objetivo uma

melhor aprendizagem.

Através dos textos trabalhados os alunos puderam conhecer melhor o tema e

também expressar suas ideias por intermédio das reflexões propostas. Como

podemos confirmar em suas respostas ao questionamento: “Como se caracterizam

as desigualdades socioespaciais em sua cidade”?

Aluno I: Há uma divisão social visível em nosso município. Percebemos que

ao nos distanciarmos do centro, das áreas de comércio, vemos que a realidade é

outra. É comum pessoas serem discriminadas por morarem em bairros mais pobres.

Aluno II: Bem como na grande maioria do território brasileiro, Santo Antonio

da Platina, apresenta uma grande disparidade entre as classes econômicas.

Podemos caracterizar tal fator como uma “segregação disfarçada", pois existe uma

pequena classe que manipula os meios sociais econômicos e culturais e fazem de

certa forma seu desenvolvimento em prol de si mesmo, enriquecendo as

necessidades da grande massa social. Assim, o proletariado, grande prejudicado

com essa divisão migra a periferia fazendo com que se perpetue essa divisão, que

caracteriza pelo fato de “poucos terem muito e muitos terem pouco”.

Aluno III – Em minha cidade quanto existe uma forte divisão tanto social

quanto racial. A social se caracteriza por bairros de classe alta do qual contém

recolhimento de lixo todos os dias, casas bem construídas e principalmente rede de

esgoto. Sofremos também pela discriminação racial no comércio, pois quando entra

uma pessoa negra em um determinado local, é absurdamente ignorada.

Aluno IV – Nos bairros que se definem “ricos”, existem belas casas,

localizam-se muitas clinicas, supermercados, e outras coisas que tornam a vida de

quem mora ali fácil, pelo pronto atendimento, e quando anunciam algo da cidade é a

primeira a ser citada. Nos que se definem “pobres”, casas simples e amontoadas,

problemas de esgoto, o pronto socorro é longe e está sempre lotado por falta de

atendimento médico. As crianças desses bairros nem estudam para ajudar a

aumentar a renda da família.

Dentro deste contexto, aprofundando a discussão das desigualdades sociais

e suas manifestações no meio urbano, propôs-se nova questão aos alunos: “Opine

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sobre o que você considera importante que uma cidade ofereça aos seus

habitantes”.

Aluno I: No mínimo saneamento básico, mas sem esquecer que há outras

coisas essenciais. Como garantia de um trabalho digno para sustento da família.

Também há a necessidade de uma boa Educação pública, isso inclui professores

suficientes e devidamente capacitados, pois a Educação é primordial.

Aluno II: Maior inclusão da população marginalizada aos meios educacionais

e culturais. Mas, isso é utopia, teoria e não prática. O mais viável seria uma mínima

aplicação de infraestrutura a essa camada social, dando a essa, primeiramente um

espaço de moradia digno, que contenha dentre várias necessidades, principalmente

saneamento e coleta seletiva de lixo.

Aluno III: Mais segurança, educação e atenção aos bairros pobres, pois os

menos favorecidos também carecem do olhar dos governantes.

Aluno IV: Lugares públicos descentes e agradáveis, para todos poderem

frequentar, segurança, saneamento básico para todos. Eventos culturais e educação

de qualidade.

Dentre os trabalhos realizados foi explorado o filme “Cidade de Deus1”,

ganhador de inúmeros prêmios, tem um rico conteúdo de imagens que abordou os

problemas urbanos sociais de uma cidade, as dificuldades de sobrevivência e a vida

em favelas, o qual foi muito bem aceito pelos alunos, e teve objetivo de explicitar aos

mesmos através de imagens uma reflexão de como é a realidade enfrentada diante

dos problemas sociais e urbanos, que resultou em trabalhos ótimos através da

oralidade e produção textual.

Trabalhou-se também no estudo da letra da música “Alagados” de Herbert

Viana/Bi Ribeiro, através do vídeoclipe que retratava os problemas urbanos,

argumentando sobre a dignidade humana, a cidadania e o cotidiano das cidades. A

temática permitiu que os alunos percebessem a segregação presente em outras

localidades. Foi uma atividade bastante prazerosa, na qual desenvolveu a

sensibilidade, a criatividade e a integração dos alunos.

1 CIDADE de Deus. Direção: Fernando Meireles. Produção: Walter Salles. Rio de Janeiro: 02 Filmes;

Videofilmes, 2002. 1 DVD. (135 min.) son. color.

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Dando sequência a implementação do projeto e visando uma melhor

dimensão das possibilidades de compreensão para o tema , trabalhamos em sala

de aula o material visual – através de leitura de imagem solicitamos que os alunos

expressassem seus sentimentos por meio de um texto, poema, rap ou outra forma

lúdica que retratasse a sua leitura, abordando os pontos de segregação espacial que

a imagens os fizessem refletir.

http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/arquivos/Image/conteudos/imagens/geografia/2favela2.jpg

acesso dia 20/07/2011.

A atividade desenvolvida possibilitou um estímulo do imaginário, um recurso

que atualmente é pouco usado nas abordagens de conteúdos didático-pedagógicos

nas escolas. Foi uma das melhores atividades, e os alunos expressaram suas ideias

através do lúdico, fazendo desenhos, rap, poemas. Participaram dos trabalhos os

alunos do 1º “B” e 3º “B” do Colégio Estadual Rio Branco (CERB), estes apreciaram

a atividade demonstrando interesse, possibilitando assim, um enriquecimento do

conteúdo abordado. A partir, das ilustrações os alunos expressaram a sua

criticidade, através da visão do espaço geográfico vivenciado.

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A seguir, compartilho algumas produções elaboradas pelos alunos inseridos

no projeto de intervenção pedagógica.

Atividade 1: Os alunos a partir de seu imaginário representaram cenas do

cotidiano, através de desenhos, que remetem a situações de explorações. Onde

percebe-se de um lado a riqueza vivenciada por poucos privilegiados e a extrema

pobreza de muitos. Esta maioria, que têm seus direitos de cidadãos garantidos pela

Constituição, mas que são desassistidos pela mesma. Faz-se necessário o

cumprimento de uma política que assegure e garanta a todos os brasileiros o acesso

ao princípio fundamental para qualquer ser humano: a dignidade.

Fig.1 - Ilustração produzida pela aluna Maria Fig.2 Ilustração produzida pela aluna Julia R. Aragão, 3º “B”, CERB – Santo Antônio Mylena de Souza Santos, 1º “B”, CERB da Platina, out. 2011. Santo Antônio da Platina, out.2011.

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Atividade 2: O aluno, usando de sua criatividade, produziu um rap, mostrando a

disparidade social encontrada na sociedade brasileira.

Rap

Só Desigualdade

Dentro da favela todo mundo

É igual, mas para o mundo

Lá fora todos falam

Que é marginal

Seja rico ou pobre

Todo mundo é humano

O que muda é a gíria

Que na favela é mano

De um lado, a riqueza

De outro, a pobreza.

A diferença é que rico

Só come comida francesa.

Na favela, as menininhas

Andam com roupa rasgada

E as menininhas ricas

Só com roupa importada.

Bruno dias de Oliveira2

2 Letra composta pelo aluno do 1º “B” do Colégio Estadual Rio Branco, out. 2011.

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Objetivando desenvolver uma proposta de intervenção que tivesse a

participação da comunidade, promoveu-se uma palestra no Salão Nobre do Colégio

Rio Branco contando com a participação dos alunos incluídos na temática

desenvolvida e comunidade escolar. O responsável por este momento valioso foi

Gerente Regional da Unidade da Companhia Paranaense de Energia Elétrica3 que

gentilmente discursou sobre o tema: “Infraestruturas Presentes nos Bairros de Santo

Antônio da Platina”. Participaram também a Representante do PDE/NRE de

Jacarezinho Miriam Suzana Olivieri e a chefe do Departamento de Geografia do

NRE de Jacarezinho Lúcia Domingues. Os alunos tiveram oportunidade de conhecer

melhor a realidade dos bairros do seu município.

Com a finalidade de desvelar um pouco mais a realidade dos bairros dos

alunos que frequentam o Colégio Estadual Rio Branco, no município, foram

realizadas entrevistas previamente estruturadas através de um questionário. A

aplicação do mesmo ocorreu entre os alunos das turmas do Ensino Médio matutino

1º “B”, e 3º “B”.

A direção para a entrevista incluiu diversos problemas que as cidades

enfrentam atualmente no seu contexto socioeconômico, tais como: Educação,

Saúde, Segurança, Saneamento Básico, Infraestrutura, Moradia, Lazer, Trabalho.

Além dessas, outras questões instigantes e interessantes permitiram aos alunos a

compreensão de que a segregação se deve a fatores sociais e políticos que poderão

relacionar o perfil apresentado às condições de moradia e a infraestrutura do bairro

do qual ele está inserido.

Responderam ao questionário setenta alunos, com questões que envolviam

os direitos sociais. Após, a análise e tabulação dos dados pela professora PDE¹,

verificou-se que frequentam o Colégio Estadual Rio Branco alunos de vinte e sete

bairros diferentes. Os resultados foram apresentados às três turmas que

participaram da entrevista. Após a apresentação cada turma ficou encarregada de

divulgar para a comunidade escolar os resultados pesquisados.

Em sala de aula, a turma foi dividida em equipes que informaram os

resultados obtidos na pesquisa a toda a comunidade escolar, através de cartazes e

painéis expostos no Salão Nobre do Colégio Estadual Rio Branco.

Na continuidade serão apresentados os dados do questionário aplicado aos

3 Informação fornecida por Edison Ferreira Bandeira, durante a Palestra realizada no Colégio

Estadual Rio Branco, em Santo Antonio da Platina, em outubro de 2011.

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alunos. O resultado da pesquisa aponta para quatro bairros, sendo três

considerados periféricos devido as suas localizações em relação ao outro bairro que

aparece no questionário de entrevistas, a área central, ou seja, o Centro. Estes

bairros mereceram destaque porque, deles advém fluxo maior de estudantes do

referido estabelecimento de ensino, num total de trinta e dois alunos.

O primeiro item a ser pesquisado no questionário de entrevista, foi se havia

escolas em seu bairro. Observe o gráfico:

Gráfico 1- Educação

Fonte: questionário realizado com os alunos, 2011. Org: Autora

1, 2012

Após à tabulação do questionário verificou-se que em todos os locais

pesquisados havia escolas.Somente o Centro e a vila São José apresentam escolas

de nível médio, enquanto os outros dois bairros pesquisados apenas o Ensino

Fundamental. Essa deficiência faz com que muitos alunos tenham de estudar longe

de seu local de origem, outros preferem estudar em uma escola mais centralizada,

pois acreditam que estando na área central não seriam estigmatizados, segundo

suas concepções.

Com relação ao atendimento a saúde perguntou-se sobre os programas de

assistência médica no bairro. Observe os dados:

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Gráfico 2 – Saúde

Fonte: questionário realizado com os alunos, 2011. Org: Autora

1, 2012

Em todos os bairros os alunos responderam que há programas de

assistência médica. Porém, nem todos os entrevistados tem ciência da prestação de

serviço em sua comunidade, talvez por desconhecerem o atendimento ou por não

estarem plenamente satisfeitos os serviços prestados.

Outro item a ser analisado no estudo refere-se à questão de proteção. O

gráfico abaixo é baseado na seguinte questão: “Existe segurança e ronda policial em

seu bairro”?

Gráfico 3 – Segurança

Fonte: questionário realizado com os alunos, 2011.

Org: Autora1, 2012

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Ao serem questionados sobre Segurança e ronda policial nos 04 bairros os

alunos responderam positivamente. Constata-se que há segurança na maioria dos

bairros. Isso demonstra que mesmo hoje com os altos índices de violência ocorridos

nas grandes e pequenas cidades, é possível manter uma cidade com índice de

violência baixo.

Sabemos que no Brasil a criminalidade é alarmante, é um dos piores flagelos

que afetam o cotidiano dos brasileiros, como demonstra os dados publicados na

revista “Veja” (Sperandio,2011,p.157), “Dentre os estados mais violentos destaca-

se, o Pará com 125 homicídios por mil habitantes, em seguida Bahia com 113,por

mil habitantes; Alagoas com 107,5 por mil habitantes, Espírito Santo com 98,4por

mil habitantes.

Garantir a segurança à população é possível, só é preciso investir em

qualificação dos profissionais. A cidade de Santo Antônio como mostra o gráfico

possui Segurança e Ronda Policial nos bairros pesquisados, isto denota a

preocupação do poder público com a comunidade local.

Pensando no aspecto dignidade, e que, a todos é assegurado o direito de ter

uma moradia para se viver, indagamos a questão: Você mora em casa própria ou

alugada?

Gráfico 4 – Moradia

Fonte: questionário realizado com os alunos, 2011. Org: Autora

1, 2012.

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A grande maioria dos alunos entrevistados possui casa própria, ou seja,

87,5% dos alunos pesquisados. Entretanto 12,5% vivem em casa alugadas ou

cedidas.

Morar é uma necessidade primordial do ser humano. Uma prioridade social,

que inibe a criminalidade e a insere na sociedade e no mercado de trabalho. Ter

onde morar é muito mais do que ter dignidade, traduz em segurança, dá respeito e

une as famílias.

“Casa não deveria ser um sonho, deveria ser um direito, uma obrigação das

políticas públicas”. (informação verbal)4

Os bairros Aparecidinho e Vila Ribeiro foram constituídos inicialmente por

conjuntos habitacionais destinados a população de baixa renda. E na visita “in locu”

constatou-se situações de submoradias.

O Plano diretor municipal – através da Lei nº 526 de 27 de outubro de 2006,

no seu art. 25 itens I e II tem como diretrizes para habitação:

I – atender a demanda por novas moradias;

II – Eliminar a habitação subnormal;

Fig.3 – foto do bairro na periferia da cidade. Foto da Autora¹, 2011

4 Informação concedida pelo Gerente Geral da Caixa Econômica Federal Claudinei Peres - Unidade

de Bandeirantes, em junho de 2012.

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Devido à preocupação com os resíduos sólidos urbanos e o destino dado aos

mesmos em Santo Antonio da Platina aferimos a frequência com que é feita a coleta

de lixo nos bairros dos alunos pesquisados que frequentam o Colégio Estadual Rio

Branco.

Gráfico 5 – Saneamento Básico

Fonte: questionário realizado com os alunos, 2011. Org: Autora

1, 2012.

Quanto ao saneamento básico, no que se refere à frequência da coleta de lixo

nos bairros, esta foi uma das questões que demonstrou maior diferença de

tratamento. Refletindo a desigualdade entre o trabalho direcionado às áreas centrais

e periféricas. E, o Plano Diretor do município através da Lei nº 526 de 27 de outubro

de 2006, deixa claro em seu Art.26, para a política de resíduos sólidos:

I. Preservar a qualidade do meio ambiente natural;

II. Melhorar a eficiência e eficácia do sistema de varrição e coleta de lixo.

Nesse sentido Guerra e Cunha (2001 p.399), afirmam que “a conscientização

de que a disposição final do lixo urbano é uma preocupação constante e um dos

graves problemas enfrentados pelo poder público municipal, responsável pelo

destino de toneladas diárias de resíduos sólidos de toda espécie”.

Como demonstra o gráfico apenas na região central a coleta é realizada de 3

a 5 vezes na semana, nos demais locais percebemos novamente o descaso com

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que são tratados os bairros periféricos e os impactos que os mesmos causam a

população, diante disso Mendonça ( 2004 p. 169) , declara:

[...] dificuldades na gestão dos resíduos sólidos pela interferência crescente do despejo inadequado desses resíduos em áreas potencialmente degradáveis em termos ambientais e impactos cada vez maiores da poluição do ar inclusive na saúde da população.

Fig. 4 – Caçamba de coleta de lixo no Centro da cidade. Foto Valdir, 2011.

Fig.5 – Caçamba de coleta de lixo na periferia da cidade. Foto Valdir 2011.

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A maioria dos municípios brasileiros cresce ignorando a questão de

saneamento e infraestrutura, pontuamos nesta intervenção a situação de

pavimentação.

Gráfico 6– Infraestrutura

Fonte: questionário realizado com os alunos, 2011. Org: Autora

1, 2012.

Com relação ao item pesquisado, podemos aferir que, no tange as ruas dos

bairros estas possuem pavimentação e rede de esgoto. Mas, não podemos deixar de

pontuar que em alguns casos, relatamos o descaso com que são tratados alguns

locais do município.

A pavimentação e a manutenção da rede viária é caráter prioritário dentro da

rede urbana.

Apesar de toda a infraestrutura nos centros urbanos, ainda há uma grande

concentração de dejetos nos bairros da periferia devido à insuficiência de

pavimentação e rede de esgoto.

Observe a sequência de fotos que demonstra a infraestrutura de alguns locais

do município platinense. Os bairros periféricos apresentam deficiência quanto a

pavimentação e rede de esgoto (figura 6), carecendo de atenção maior do poder

público. Já as regiões centrais recebem maior atenção, visto que são considerados

vitrines, devido ao fato do município ser intitulado polo comercial do norte pioneiro,

atraindo portanto muitos visitantes e consumidores.

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Fig. 6 – Rua sem pavimentação na periferia da cidade. Foto Valdir, 2011.

Fig.7 – Rua pavimentada no Centro da cidade. Foto Valdir, 2011.

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Fig. 8 – Rua sem pavimentação e coleta de esgoto na periferia da cidade. Foto da Autora¹, 2011.

Outra questão importante pesquisada diz respeito à demanda de áreas de

lazer nos bairros:

Gráfico 7 – Lazer

Fonte: questionário realizado com os alunos, 2011. Org: Autora

1, 2012.

No que tange ao lazer é visível à carência principalmente quando se trata de

áreas verdes. É de extrema importância que o governo em todas as suas instâncias

fomente suas mais variadas formas, para que ocorra a melhoria da qualidade de

vida do povo.

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Nesse aspecto a grande maioria dos alunos respondeu que nos seus

respectivos bairros não dispõem de áreas de lazer, o que dificulta a vida cotidiana,

comentaram dos anseios de terem lugares para fazer caminhadas, esportes ao ar

livre, bem como outro tipo de lazer.

A política pública do Lazer deve aumentar a possibilidade de um lazer de

qualidade, acessível à realidade de cada grupo, para que ocorra o desenvolvimento

da sensibilidade e do autoconhecimento da sociedade em geral.

Com o intuito de averiguar o índice da satisfação dos jovens em relação ao

mercado de trabalho em Santo Antonio da Platina, pesquisou-se:

Gráfico 8 – Trabalho

Fonte: questionário realizado com os alunos, 2011. Org: Autora

1, 2012.

Cerca de 56,25% dos entrevistados manifestaram sua insatisfação quanto a

oferta de empregos no município, outros 43,75% consideram satisfatória, pois diante

da entrevista realizada a oferta de emprego é escassa, e os jovens continuam sendo

os mais atingidos por essa crise. Conforme Senna (Veja, 21/05/2012) a Organização

Internacional do Trabalho – OIT - prevê que 74,8 milhões de jovens entre quinze e

vinte quatro anos ficarão desempregados este ano e que esse índice não reduzirá

até 2016. Este fato é um caminho para levá-los a depressão, alcoolismo e utilização

de drogas. São necessárias políticas urgentes e eficientes.

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Como afirma o diretor executivo da OIT – José Manuel Salazar- Xirinachs

(Veja, 21/05/2012), "a crise do desemprego entre os jovens pode ser superada, com

a condição de que a criação de emprego se torne prioridade no processo político e

que os investimentos no setor privado sejam radicalmente acelerados”.

Diante de todos os itens pesquisados com intenção de extrair considerações

e opiniões dos envolvidos no processo. O gráfico abaixo nos remete a seguinte

questão: Em todo o período que moram no bairro, houve melhorias em todos os

sentidos?

Gráfico 9 – Melhorias no Bairro

Fonte: questionário realizado com os alunos, 2011. Org: Autora

1, 2012.

Percebe-se que diante dos resultados da pesquisa em alguns locais como

Centro, Aparecidinho houve melhoras em alguns aspectos, já nos demais, houve

uma piora em alguns sentidos. Em sala de aula durante os trabalhos com os textos,

havia relatos de que os bairros precisavam de melhorias. A partir, dessas

considerações, desenvolveu-se a seguinte questão: Dentro do espaço urbano de

seu município, liste aspectos que você considera positivos e negativos relacionados

a infraestrutura em seu bairro. Alguns relatos:

Aluno I: Saneamento básico;

Pavimentação.

Aluno II: Disponibilizar infraestrutura, saúde, educação, ou seja, os meios básicos,

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pois a responsável pelas grandes mudanças é a sociedade, somente ela.

Aluno III: Saneamento básico, áreas de lazer e cultura.

Aluno IV: Mais acessibilidade e ajuda às pessoas que realmente necessitam.

Investir em saneamento básico, saúde e emprego para os jovens.

Como já está posto no inicio deste artigo, o trabalho inicial foi realizado com

setenta e dois alunos moradores de vinte e sete bairros do município. Ao analisar os

resultados do questionário de entrevistas percebeu-se que a maioria dos alunos

provinha de quatro bairros da cidade. Pensando sob esse prisma focou-se o trabalho

sobre estes locais, pois eram de onde o colégio recebia o maior numero de

estudantes.

Quadro 1 – Local de Residência dos demais alunos Entrevistados

Ademar Rodrigues: 01 Jardim Murakami: 01 Palmital: 01

Alphavile: 02 Jd. Oliveiras Reis: 01 Resid. Eleutério: 01

Aparecidinho: 08 Jardim do Sol: 01 Vila Claro: 04

Centro: 15 Jd. Sta Crescência: 02 Vila Ribeiro: 05

Colorado: 01 Jd. Stos. Dumont: 02 V. Santa Cruz: 01

Conj. Dr. Jamidas: 02 Jardim São João: 02 V. Santa Isabel: 01

Conj. Jr. Afonso: 01 Jardim São Paulo: 01 V. Sta. Terezinha: 02

Jd. Monte Verde: 01 Jardim São Pedro: 02 Vila Sete: 02

Jardim Moralina: 04 Mte. das Oliveiras: 02 Vila São José: 04

Fonte: questionário realizado com os alunos, 2011. Org: Autora

1, 2012

Com o objetivo de conhecer um pouco mais a realidade dos bairrros e

visando um embasamento maior na proposta de construção do conhecimento,

partiu-se para o ponto culminante do projeto – a Visita in locu em alguns bairros da

cidade de Santo Antônio da Platina: Residencial Morumbi e um bairro vulgarmente

chamado “Sindicato” . Local este, que foi primordial para visualizar a verdadeira

Segregação Espacial Urbana. Visitou-se ainda o Jardim Santa Terezinha, sendo um

local muito segregado, no qual muitos alunos não conheciam a realidade. Visitamos

também outras regiões.

Participaram dessa atividade extraclasse as turmas do 1º “B” e 3 “B”. A visita

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foi o ápice do projeto, pois a Prática do Campo oferece uma maior integração entre

os educandos e contribui para a possibilidade de construção do conhecimento.

Para realizar essa atividade houve toda uma preparação, como locação de

ônibus para o transporte dos estudantes, permissão para visitação ao Residencial

Morumbi, autorização dos responsáveis pelos alunos para a saída do colégio. Os

locais foram previamente visitados e analisados pela Professora PDE.

No dia da Visita in loco, os alunos estavam apreensivos, pois não faziam ideia

do que iam ver. Muitos deles não conheciam os locais a serem visitados,

principalmente o Residencial Morumbi. Quando chegamos ao primeiro local, o Bairro

vulgarmente chamado “Sindicato”, local onde percebe-se a Segregação, já tivemos

vários questionamentos por parte dos alunos, como:

Aqui falta infraestrutura;

Ali há infraestrutura;

Uns com tanto, outros sem nada;

Má distribuição de renda.

Fig. 9 Bairro Sindicato e Condomínio Morumbi. Foto Valdir. 2011.

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Seguindo o roteiro proposto, fomos ao Condomínio Fechado, nesse local só

foi possível percorrer o trajeto de ônibus, foram às normas previamente tratadas com

o sindico do condomínio. Também não foi permitido fazer imagens. Os alunos

ficaram encantados com os diferentes tipos de habitações, com a modernidade.

Perceberam a diferença nos serviços de infraestrutura, muita organização, questão

de limpeza foi o que mais chamou a atenção. Apesar de o Condomínio ter

Associação de Moradores, o poder público também é responsável por aquele

espaço.

Dando sequência ao Trabalho de Campo fomos visitar o Bairro Santa

Terezinha. Percebemos nesse bairro a falta de infraestrutura, principalmente de

pavimentação. Como é uma área íngreme são colocadas pedras britadas, atitude

muito comum para “solucionar” o problema de pavimentação nos bairros das classes

menos favorecidas, e quando vem à chuva esse material é carregado pela

enxurrada.

Próximo a este Bairro existe o córrego Boi Pintado, cujas margens, sem

proteção da mata ciliar foram invadidas por algumas famílias que edificaram

construções irregulares. Por estarem em áreas de risco sofrem as consequências

de inundações quando das épocas chuvosas e algumas destas convivem com

esgotos clandestinos, despejados indevidamente neste córrego.

Fig.10 Moradias situadas à margem do córrego “Boi Pintado” – foto da autora¹

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A visita “in loco” nestes bairros possibilitou a constatação da Segregação

Espacial Urbana existente no espaço local. Isso permitiu ao aluno uma compreensão

das desigualdades sociais na cidade – bairros centrais maior infraestrutura, mais

afastados desprovidos de serviços. E a necessidade de empreenderem ações no

sentido de lutarem por seus direitos.

Acredito que as ações implementadas do referido projeto trouxeram

significados positivos para a vida do aluno enquanto cidadão. Pois a proposta de

Segregação Espacial no Meio Urbano trouxe luz à temática sobre a necessidade de

conhecer na prática a realidade social. Assim a constatação “in loco” dessa realidade

possibilitou de forma decisiva contextualizar o conhecimento teórico com a prática

social.

3- CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente artigo teve como fito apresentar os resultados alcançados na

intervenção do projeto “Segregação Socioespacial Urbana: Desvelando Questões

Sociais Locais”, sendo este parte integrante do Programa de Desenvolvimento

Educacional – PDE 2010.

Assim, os resultados obtidos neste trabalho demonstram que as questões

sociais ocorrem em toda parte nas cidades, e em decorrência disso há aspectos de

exclusão/ segregação social urbana e isso foi possível analisar ao identificar a

realidade das visitas programadas aos Bairros e no Centro, na qual os alunos

tiveram a oportunidade de constatar a realidade dos bairros.

Outro lado que a pesquisa revelou ao levantar o perfil socioeconômico dos

bairros analisados, que os alunos entrevistados argumentaram dificuldades nos

bairros, mas também algumas no Centro em vários aspectos e isso demonstram que

as questões sociais se encontram por todo espaço urbano.

Diante da literatura analisada e a pesquisa de campo realizada, percebe-se

que o espaço urbano é a soma de um todo, ou seja, Natureza e mais as atividades

humanas e dessa interação entre as dimensões, na maioria das vezes, pela

expansão da cidade ocorrem impactos desagradáveis, altamente problemáticos e

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que podem acarretar consequências negativas às pessoas, e isso constatou-se pela

falta de áreas de lazer, e pelo crescimento de alguns bairros com habitações

irregulares.

Neste sentido, é necessário reflexões com o objetivo de propor um

desenvolvimento urbano consciente e mais equitativo, evidenciando a evolução da

construção de um ambiente urbano, através de políticas no sentido de ordenar o

território urbano, além disso, um maior redimensionamento do papel do Estado

frente às políticas de redistribuição de recursos, gerando condições benéficas à

população urbana.

Portanto, torna-se importante estar sempre presente no cotidiano escolar o

Meio Urbano, como forma de combinar crescimento, com qualidade de vida, e

também como uma forma dos alunos ampliarem suas capacidades de compreensão

das desigualdades sociais e espaciais, e a Educação é parte precípua deste

processo.

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