secretaria de estado da educaÇÃo - operação de … · 2014-04-22 · recursos. o ato de gerir...
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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
CADERNO
TEMÁTICO
GESTÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA E PRÁTICAS DE
CIDADANIA
JUDITH CEZARITA HARTMANN – PROF. PDE
SUZETE TEREZINHA ORZECHOWSKI- PROF. ORIENTADORA
CLEVELÂNDIA-2011
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IDENTIFICAÇÃO
NOME: JUDITH CEZARITA HARTMANN- Professora PDE
Endereço: Rua Crescêncio Martins, 718 – CEP.: 85530-000
Fone:(46)32522105 -(46)99727760
E-mail:[email protected] ou [email protected]
DISCIPLINA DE PDE: PEDAGOGIA
NRE: PATO BRANCO
IES: UNICENTRO - GUARAPUAVA
PROFESSOR ORIENTADOR:
SUZETE TEREZINHA ORZECHOWSKI
ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO:
COLÉGIO ESTADUAL JOÃO XXIII-EFMN
PÚBLICO OBJETO DE INTERVENÇÃO:
COMUNIDADE ESCOLAR: Alunos e Professores do Ensino Médio, Pais
e Funcionários.
TEMA DE ESTUDO:
O PROCESSO DE GESTÃO DEMOCRÁTICA E A PARTICIPAÇÃO
DOS SEGMENTOS NO AMBITO ESCOLAR.
TITULO:
GESTÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA E PRÁTICAS DE CIDADANIA
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO....................................................................................04
UNIDADE I
TEXTO: DEMOCRACIA E GESTÃO.....................................................07
UNIDADE II
TEXTO:CIDADANIA E VALORES........................................................15
TEXTO:VALORES NA VIDA SOCIAL..................................................26
UNIDADE III
TEXTO: PROTAGONISMO JUVENIL..................................................28
TEXTO: OS GRÊMIOS E A AÇÃO ESTUDANTIL..............................39
TEXTO: O QUE É PRTAGONISMO JUVENIL?...................................42
TEXTO: O QUE È GRÊMIO ESTUDANTIL?.......................................45
UNIDADE IV
SEMINÁRIO INTEGRADOR.................................................................49
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APRESENTAÇÃO
O Caderno Temático constitui-se de um material didático de
intervenção/implementação pedagógica, fazendo parte de uma das atividades
realizadas pelos professores PDE. A implementação dessa produção pedagógica
acontecerá no Colégio Estadual João XXIII-EFMN de Clevelândia, Núcleo Regional
de Pato Branco, em forma de curso de extensão da IES- UNICENTRO de
Guarapuava, oferecido a Professores, alunos e funcionários.
A motivação para este estudo deu-se em razão da carência de politização da
camada jovem da comunidade. Após observar e analisar profundamente, chegou-se as
raízes do problema, ou seja, a contextualização na sociedade.
Esta compreensão teórica e crítica da prática possibilita uma ação de
intervenção tendo como norte uma escola democrática. Vasconcellos descreve
sabiamente a relação do homem com o homem na busca do conhecimento através da
realidade vivida no dia a dia. ”Ninguém educa ninguém. Ninguém se educa sozinho.
Os homens se educam em comunhão, mediados pela realidade”. (VASCONCELLOS,
1981)
Ao se estudar o tema colhe-se elementos que permitem um novo olhar sobre a
mesma pratica, compreendendo-a agora em outro nível, no conjunto de relações que
há entre a prática local e a realidade em nível estadual e nacional. Segundo
Franco: ”(...) ao falar de pesquisa-ação falamos de uma pesquisa que pressupõe a
integração dialética entre o sujeito e sua existência; entre fatos e valores; entre
pensamentos e ação e entre pesquisador e pesquisado”. (FRANCO 2003)
A pretensão é que este documento, seja a centelha motivadora para uma
mudança de ideias e atitudes e espera-se que contribua , aprimorando as ações
pedagógicas a serem desenvolvidas na escola.
1ª Unidade.
Texto para leitura e reflexão: DEMOCRACIA E GESTÃO. Este traz os
conceitos conforme o título, demonstrando que a Gestão Democrática faz parte do
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próprio ato pedagógico Assim, falar em participação é repensar mais
democraticamente como gerir a escola, priorizando a verdadeira participação da
comunidade escolar. Pergunta-se “Até que ponto a comunidade é chamada para
participar verdadeiramente da escola? Difunde-se uma inclinação natural das pessoas
a não-participação como uma espécie de comodismo sem razão de ser, próprio da
tradição cultural, porém, ao se analisar a sociedade mais detidamente, reconhece-se
nela o movimento de contradição.
Considerar a educação como processo de apropriação da cultura humana
produzida historicamente e a escola como sua instituição que promove essa educação
é importante, mas igualmente importante é que se mantenha ou se desenvolva uma
educação pública de qualidade.
Iniciando esta primeira unidade será apresentado o vídeo da música Guerra dos
Meninos de Roberto Carlos, para demonstrar que tudo começa lentamente, porém
para que se chegue ao objetivo final é imprescindível o primeiro passo.
Para finalizar esta primeira unidade será apresentado o filme “Vem Dançar”
que contribuirá para o enriquecimento do debate reflexivo sobre direção, iniciativa,
dificuldades e objetivo alcançado.
Junto com este texto serão indicadas bibliografias para leituras complementares
enriquecendo assim as reflexões do grupo.
2ª Unidade
Dinâmica “O vaso da vida.” para demonstrar o que tem, ou deve ter, prioridade
na vida de cada pessoa..
Texto para leitura reflexão e debate: CIDADANIA E VALORES. Este texto
apresenta uma definição de cidadania e os valores nela inseridos para mudança de
atitudes, contribuindo para o renascer de uma sociedade mais justa e melhor.
Após a leitura e o debate, será apresentado o vídeo da música de Miro
Saldanha “Pilares”, ilustrando o assunto e provocando a reflexão sobre a carência de
valores.
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O texto que segue VALORES NA VIDA SOCIAL, extraído do jornal Mundo
Jovem apresenta resumidamente os principais valores a serem praticados.
Como atividade complementar será exibido o filme “Um amor para recordar”
destacando-se valores e contra valores na vida escolar e social
*Indica-se também nessa unidade bibliografias para complementação do
assunto levantado.
3ª Unidade.
Texto para leitura e reflexão PROTAGONISMO JUVENIL A partir da leitura
e debate onde será dada abertura para que citem exemplos sobre protagonismo
relatando fatos ou idealizando situações futuras. O texto tem como objetivo central
fazer conhecer a importância da ação juvenil no contexto escolar , comunitário e
social.
Os textos que seguem foram extraídos na integra das fontes constantes e serão
lidos e debatidos em pequenos grupos.
Texto: OS GRÊMIOS E A AÇÃO ESTUDANTIL.
Texto: O QUE É PROTAGONISMO JUVENIL?
Texto: QUE E GRÊMIO ESTUDANTIL?
4ª Unidade
SEMINÁRIO INTEGRADOR
Neste seminário o grupo de estudo, previamente dividido em subgrupos,
apresenta as ideias centrais de cada unidade, reflexões e possibilidades de ação junto
a comunidade escolar.
Espera-se que este Caderno Temático, possa levantar pontos relevantes sobre
os assuntos em questão, esclarecendo dúvidas, provocando reflexão e mudança de
atitude.
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UNIDADE I
DEMOCRACIA E GESTÃO
* Judith Cezarita Hartmann
O que é democracia?
Repetindo a famosa frase de Abrham Lincoln:“democracia é o governo do
povo, pelo povo e para o povo.”
Denomina-se democracia uma forma de organização política que reconhece a
cada um dos membros da comunidade o direito de participar da direção e gestão dos
assuntos públicos e sociais. Democracia é poder mostrar o que se sente, pensa e
acredita sobre todo e qualquer assunto.
No novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (2008), é definida como:
Democracia s. f. - Governo do povo; soberania popular; (Sociol.) regime político que
se funda nos princípios da soberania popular e da distribuição equitativa do poder, ou,
por outras palavras, regime de governo que se caracteriza, em sua essência, pela
liberdade do ato eleitoral, pela divisão dos poderes de decisão e de execução.
DEMOS = POVO KRATOS = AUTORIDADE
DEMOCRACIA = AUTORIDADE DO POVO
Com sua origem na Grécia a democracia, só foi possível porque os cidadãos
daquele tempo formavam um grupo numericamente reduzido e privilegiado, pois no
inicio de seu exercício excluíram-se, os escravos, as mulheres e os estrangeiros.
Embora apoiado por grandes pensadores da época, com frequência ocorriam
situações em que a democracia era interrompida, devido ao poder que era outorgado a
alguns generais por ocasião de conflitos ou guerras, o que lhes dava fama, e
aproveitando-se dela passavam a agir como ditadores.
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As primeiras teorias a respeito de democracia começaram a surgir no século
XVII através de John Locke, Montesquieu e outros estudiosos da época que
formularam os princípios que deram origem a democracia moderna.
No Brasil a democracia não foi resultado de luta de uma classe, e sim
importada pelas elites e adaptada aos valores e mentalidades sociais. Uma
aristocracia rural e semifeudal, importou-a e tratou de acomodá-la, onde fosse
possível, garantindo seus direitos e privilégios.
Ainda que grandemente disseminada no mundo de hoje, em muitas áreas do
mundo as ideias democráticas não são postas em prática. Nesses sistemas (esquerda
com caráter comunista) impede-se o livre exercício dos direitos e das liberdades
fundamentais, argumentando-se que a democracia serve apenas a alguns grupos de
pressão.
A essência da democracia reside na separação e independência dos poderes
fundamentais do estado, legislativo, executivo e judiciário, bem como em seu
exercício em nome do povo e das instituições que representam.
Democracia é o governo no qual o poder e a responsabilidade cívica são
exercidos por todos, sobre este assunto registra Bobbio:
Dadas as novas características sociais e do contexto político, a
democracia moderna renasce sob a forma representativa,
genericamente compreendida como aquela onde as deliberações
coletivas (que dizem respeito à coletividade inteira) são tomadas
não diretamente por aqueles que dela fazem parte, mas por
pessoas eleitas para esta finalidade. (BOBBIO, 2002.)
O cidadão democrático adere a sindicatos, grupos comunitários, associações
empresariais, faz parte de organizações voluntárias privadas que se dedicam a religião,
cultura étnica, intercâmbio internacional de estudantes,etc., porque todos esses grupos,
independente da sua proximidade com o governo colaboram para a saúde e
fortalecimento da democracia.
Ao se falar de democracia, logo se pensa em igualdade de direitos, em
participação, em opção de escolha. Quando se relaciona democracia e formação
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escolar faz-se necessário compreender como essa democracia pode ou não acontecer
dentro da escola nas atividades cotidianas.
A articulação entre democracia e educação, aqui compreendida como aquela
que se desenvolve no interior da escola, tem diversas interpretações, envolvendo
âmbitos de ação que compreendem desde a adoção de política públicas, passando
pela gestão da instituição, com a discussão sobre o currículo escolar e chegando às
relações interpessoais.
A educação é essencial à formação dos novos cidadãos, na medida em que os
saberes selecionados por uma sociedade e os seus valores serão transmitidos e
construídos mediante ações educativas, assim é necessário dar novo sentido ao
trabalho pedagógico, no qual o profissional da educação veja o aluno como ele é e
não como deveria ser.
Para que isso suceda de forma coerente com a democracia, entende-se que a
educação deve pautar-se por certos princípios e ações que traduzam o ideal buscado.
Por outro lado, a concretização dos ideais democráticos depende da educação, como
uma medida que visa a igualdade de oportunidades. Sem educação extensiva a todos
a democracia não se realiza. A escola, enquanto instituição social deve ser
democrática, tanto em suas práticas quanto em seu acesso. Posto desta forma,
democracia e educação são indissociáveis. Com este objetivo, deve-se repensar a
gestão das escolas.
O vocábulo gestão, que parece ser novo, tem sua origem do latim do Século
XV conforme o Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Língua Portuguesa
(1982), constatamos:
Do lat. genere, por genere // dirigir, Sec.XV.
Digesto. Sm. “coleção justiniana das decisões dos jurisconsultos romanos”, 1813.
Do lat. Cient. Digestórius, gerência, gerente,1881.
Do lat. Gerens-entis, com possível influência francesa: gesta, Sec. XVIII.
Após várias transformações no vocábulo, surge a palavra “gestão” em 1858 e
gerencia/ gerente em 1881.
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Robert L. Trewatha (1979) relata os primeiros estudos sobre administração na
Grécia Antiga por Platão e Sócrates, em que este último escreve sobre defesa da
universalidade dos princípios administrativos e leva-se a pensar que daí teria surgido
a associação entre administração e o bem público. Porém a administração não
subsiste por si só, mas é necessário que haja funções corporativas para existir e do
objeto para agir.
Segundo o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (2008), observa-se:
Gestão, s. f. Ato de gerir; gerencia; administração;
de negócios (jur.) administração oficiosa de negócio alheio, sem mandado ou
representação legal.
GESTÃO = ATO DE GERIR, DIRIGIR, ADMINISTRAR.
Gestão faz parte das ciências humanas, pois trata dos agrupamentos de pessoas,
de maneira holística, buscando a perfeita integração entre estas, a estrutura e os
recursos. O ato de gerir ou gestar, supõe a existência de um agrupamento humano que
se relaciona num determinado ambiente, orientado para um objetivo comum.
Gestão Participativa é uma filosofia de administração de pessoas, que valoriza
sua capacidade de tomar decisões e resolver problemas. Esse método permite a
manifestação dos funcionários em relação ao processo de forma organizada,
contribuindo com seu conhecimento, com o intuito de agregar valores as funções e as
pessoas que dela participam. Neste modelo predominam a liderança, a disciplina e a
autonomia, levando as pessoas a serem responsáveis por seu próprio comportamento
e desempenho.
GESTÃO PARTICIPATIVA = LIDERANÇA, AUTONOMIA,
DISCIPLINA.
O termo “Gestão” não é uma criação do contexto educacional, e sim da
empresa que foi adaptado para a escola, considerando que esta é uma organização
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responsável por uma determinada prática social, seu conceito evoluiu com o passar
do tempo, hoje, Gestão Escolar é entendida como a gerência de uma instituição
escolar, desenvolvendo estratégias no cotidiano com a finalidade de uma
democratização da administração educacional. A escola é uma instituição, precisa ser
administrada. Administrar, gerir e organizar são sinônimos.
Conforme evidenciado por Heloisa Luck:
“(...) gestão escolar constitui uma dimensão em um enfoque de
atuação que objetiva promover a organização, a mobilização e a
articulação de todas as condições materiais e humanas
necessárias para garantir o avanço dos processos sócio
educacionais dos estabelecimentos de ensino orientadas para a
promoção efetiva da aprendizagem pelos alunos, de modo a
torná-los capazes de enfrentar adequadamente os desafios da
sociedade globalizada e da economia centrada no conhecimento.”
(LUCK, 2000.)
Nos últimos anos, a escola evoluiu em muitos aspectos, especialmente a função
social que ampliou de simples instituidora do saber para um trabalho voltado as
relações do ser humano, porém isto ainda não está totalmente efetivado, pois a
participação é parcial e às vezes confusa. Pedro Demo esclarece:
“Participação é um processo infindável de compromisso,
envolvimento, presença em ações diversas (…) A tendência
histórica apresenta primeiro a dominação e depois a conquista e a
participação. Obstáculos, dificuldades, conquista lenta são
desculpas ou justificativas do comodismo, do não envolvimento.”
(DEMO,2001)
Assim faz-se necessário facilitar a participação, identificar as oportunidades
apropriadas para a ação e decisão compartilhada, estimular a comunidade escolar,
restabelecer normas e orientar o trabalho em equipe, transformar boas ideias
individuais em ideias coletivas, promover reconhecimento público pela participação e
conclusão de tarefas.
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Para a efetivação da democracia na escola não basta possibilitar a participação
da comunidade nas decisões da escola, mas proporcionar condições para que isso
realmente aconteça Entre os membros da comunidade, em geral o diretor é
considerado o líder, cabe a ele, portanto, ser o facilitador, incentivador, criador de um
clima de confiança e receptividade; mobilizador de energia, dinamismo e entusiasmo.
Mais que diretor, precisa ser gestor, como ilustra Heloísa Lück: “Os diretores
participativos baseiam-se no conceito de autoridade compartilhada, por meio da qual
o poder é delegado a representantes da comunidade escolar e as responsabilidades são
assumidas em conjunto.” (LÜCK, 1998)
Nos últimos tempos muito tem se falado, escrito sobre gestão democrática.
Geralmente o foco maior destas abordagens, é a participação de pais, comunidade,
professores e estudantes na vida administrativa da escola especialmente através da
eleição dos seus gestores, mas essa é uma compreensão ainda muito limitada de
“gestão democrática na escola.” Existe dentro da escola, muito campo para a atuação
onde os conflitos e as contradições podem e devem ser utilizadas para questionar o
que é propalado como verdadeiro e imutável. Conforme sugere Heloisa Lück:
“Aos responsáveis pela gestão escolar compete, portanto,
promover a criação e sustentação de m ambiente propício à
participação plena, no processo social e escolar, dos profissionais,
de alunos e de pais, uma vez que se entende que é pela
participação que os mesmos desenvolvem consciência social
critica e sentido de cidadania.” (LUCK,1998)
Ao se conseguir a participação de todos os setores da escola, há de se conseguir
também dotar a escola de autonomia. Reforça Libâneo “a escola só pode
desempenhar um papel transformador se estiver junto com os interessados, e se
organizar para atender os interesses”. (LIBÂNEO, 2007)
Gestão democrática, segundo Souza (2006), é o processo político através do
qual as pessoas na escola discutem, deliberam , planejam, solucionam problemas e os
encaminham, acompanham, controlam e avaliam o conjunto das ações voltadas ao
desenvolvimento da própria escola. Este processo, sustentado no diálogo e na
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alteridade, tem como base a participação efetiva de todos os segmentos da
comunidade escolar, o respeito a normas coletivamente construídas para os processos
de tomada de decisões e a garantia de amplo acesso às informações aos sujeitos da
escola.
Para construir um novo modelo de gestão é preciso enfrentar muitos desafios,
pois se percebe que até hoje o processo para implantar a democratização no interior
da escola ainda encontra muitos obstáculos, afinal, não é possível pensar em
democracia sem que os sujeitos se tornem conscientes para exercer essa prática.
Enfim, Gestão Democrática é a crença em uma educação com relevância social,
em uma escola construída a partir da ação coletiva. Se o propósito é formar cidadãos
honestos e responsáveis, a gestão democrática é a política necessária para qualquer
administrador escolar.
Gestão Democrática na escola se faz com a participação de todos (professores,
funcionários, alunos e pais), pois, e através dela que se conhece a dinâmica da
organização escolar, das relações com a comunidade e os objetivos propostas para a
qualidade da educação ofertada pela escola. É experimentando formas não
autoritárias de poder, é decidindo coletivamente que se democratiza a escola. De
acordo com Paro (2008) “(...), pois democracia não se concede, se realiza (...)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS:
BOBBIO, Norberto. Liberalismo e democracia. Tradução de Marco Aurélio
Nogueira. São Paulo: Brasiliense, 2000.
CURY, Carlos Roberto Jamil. Gestão democrática dos sistemas públicos de ensino.
In: OLIVEIRA, Maria Auxiliadora Monteiro (Org.). Gestão Educacional: novos
olhares, novas abordagens. Petrópolis: Vozes, 2005. P.15-21.
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DEMO, Pedro. Cidadania Pequena- Fragilidades e desafios do associativismo no
Brasil. Autores Associados, Campinas. 2001
LIBANEO. José Carlos. Pedagogia e Pedagogos, para que? São Paulo, Cortez,
2007.
LUCK, Heloisa. A escola participativa: o trabalho do gestor escolar. Rio de
Janeiro: DP e A editora, 1998.
_____, Heloisa. A gestão Participativa na escola. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. Série
Cadernos de Gestão. v. III.
_____, Heloisa. Perspectivas da gestão escolar e implicações quanto a formação
dos seus gestores. Em aberto, Brasília, v.17. N72, fev/jun -2000
PARO, Vitor Henrique. Gestão democrática da escola pública. 3.ed.,Ática, São
Paulo, 2008
Para enriquecimento do assunto indica-se a leitura de alguns textos, disponíveis na
biblioteca do curso GTR: Grupo de Trabalho em Rede - Dia a Dia Educação-
Educadores.
A UTOPIA DA GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA – Vitor Henrique Paro
A GESTÃO DEMOCRÁTICA NOS SISTEMAS DE ENSINO
BRASILEIROS: A INTENÇÃO E O GESTO.- Erasto Mendonça
*Docente do Programa de Desenvolvimento Educacional. (PDE) Universidade do Centro-
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Oeste - UNICENTRO. Graduada em Pedagogia, com especialização em Supervisão Escolar.
Unidade II
Cidadania e Valores
*Judith Cezarita Hartmann
Nunca se falou tanto em cidadania como nos últimos anos. Mas afinal o que é
Cidadania?Segundo o Novo Dicionário Aurélio: “cidadania é a qualidade ou o estado
do cidadão” entende-se por cidadão o indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos
de um Estado, ou no desempenho de seus deveres para com este.
No sentido etimológico, cidadão deriva da palavra cívitas, que em latim
significa cidade e que, tem seu correlato grego na palavra politikos - aquele que
habita na cidade. Na Roma antiga indicava a situação política de uma pessoa (exceto
mulheres, escravos, crianças e outros) e seus direitos em relação ao Estado Romano.
O conceito de cidadania, em sua origem, vem da Grécia antiga, onde
significava vivência política ativa na comunidade, na cidade (pólis). Durante muito
tempo a ideia de cidadania esteve ligada aos privilégios, pois os direitos dos cidadãos
eram limitados a determinados grupos de pessoas. Ao longo da história, o conceito de
cidadania foi se aprimorando e na Idade Moderna uniu os direitos universais com o
conceito de Nação, introduzindo os princípios de liberdade e igualdade perante a lei e
contra os privilégios. Mas ainda era uma cidadania restrita às elites, porque dependia
dos direitos políticos, vetados para a maioria.
Com o passar do tempo o conceito de cidadania ampliou-se ainda mais,
passando a englobar um conjunto de valores sociais que determinam os deveres e
direitos de um cidadão. Deriva-se desta compreensão a noção de cidadania que deve
representar uma conquista gradativa nos mais diferentes eixos da realidade.
Atualmente esse conceito constitui um dos princípios fundamentais do Estado
Democrático e pode ser traduzido por um conjunto de liberdades e obrigações
políticas, sociais e econômicas. Ser cidadão hoje, implica em exercer seu direito à
vida, à liberdade, ao trabalho, à moradia, à educação, à saúde, à cobrança de ética por
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parte dos governantes. No dizer de Dalmo Dallari:
“A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a
possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de
seu povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou
excluído da vida social e da tomada de decisões, ficando numa
posição de inferioridade no grupo social.” (DALLARI, 1998.)
Exercer plenamente a cidadania consiste, portanto, em participar ativamente
das decisões da comunidade, da cidade, do Estado e do país; propondo soluções para
os problemas em todos os âmbitos do convívio social. Quanto mais consolidada
estiver a cidadania, mais chance se tem de ter um país justo e igualitário para todos .
“Cidadania: direito de ter direito”
No Brasil, os primeiros esforços para a conquista da cidadania confundem-se
com os movimentos reivindicativos para sua liberdade, estando atrelada a história das
lutas pelos direitos fundamentais das pessoas, marcadas por violência, exclusão e
massacres que caracterizam o País desde os tempos da colonização.
A segunda metade do século XX destacou-se por avanços sociais e políticos
importantes: o movimento pela redemocratização, a volta das eleições diretas, a
promulgação da Constituição de 1988, a criação de novos Estados, impeachment de
Fernando Collor, mudança da moeda brasileira, controle da inflação. A partir da
Constituição Cidadã, novos instrumentos foram colocados à disposição daqueles que
lutam por um país cidadão. Criou-se, por exemplo, o Código de Trânsito, o novo
Código Civil, o Código de Direito do Consumidor o Estatuto do Idoso, o Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA) e outras leis que favorecem o cidadão, ao mesmo
tempo novas Organizações Não Governamentais (ONGs) desenvolvem importantes
funções, como a defesa do meio ambiente, a saúde familiar com prevenções e
primeiros socorros. A mídia, embora ainda tímida em alguns lugares, também exerce
um papel relevante em favor da cidadania.
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Há um longo caminho a percorrer. Os primeiros passos foram dados, mas
precisa-se ainda desenvolver o hábito de prestar atenção as mazelas que cercam e que
insistem em infestar a sociedade, como por exemplo: a impunidade, a corrupção
endêmica, a má distribuição de renda os representantes políticos, que mal acabam de
se eleger dão as costas ao eleitorado, e este age da mesma forma deixando-os
inteiramente a vontade. A pesquisa desenvolvida por Barbosa ilustra tais relações :
“56% dos brasileiros não têm vontade de participar das práticas
capazes de influenciar nas políticas públicas. 35% nem tem
conhecimento do que sejam essas práticas e 26% acham esse
assunto “chato demais” para se envolver com ele. Nem tudo está
perdido: 44% dos entrevistados por ele, manifestaram algum
interesse em participar para a melhoria das atividades estatais, e
entendem que o poder emana do povo como está previsto na
Constituição. Sua pesquisa anima de forma até surpreendente,
quando mostra que 54% dos jovens(entre 16 e 24 anos), têm
interesse pela coisa pública. Interesse esse que cai
progressivamente à medida que a idade aumenta. A pesquisa
ajuda a desmontar a ideia que se tem de que o jovem é apático ou
indiferente as coisas de seu País.” (BARBOSA,2003)
Levando-se em conta a pesquisa supra, os cidadãos precisam ainda tomar
consciência de seus deveres e direitos mais primários em termos de cidadania. Muito
ainda há que se aprender a esse respeito, entre outras coisas desenvolver o
discernimento próprio do cidadão consciente, com capacidade crítica e com
consciência de pertencimento à vida pública do País.
Sobre esta forma de ver cidadania, destaque-se aqui o texto de Lucimone Alves,
que observa com muita propriedade:
Todo ser humano, independente da idade, etnia, religião, é um
cidadão, e isso quer dizer que ele tem deveres e direitos dentro
da sociedade. Precisamos querer e aprender a zelar por nosso
país, dentro de nossa comunidade, pois fazendo isso estaremos
exercendo a cidadania e atuando na construção da organização
política. (...) para mudar qualquer situação, não adianta só
reclamar, temos que agir, trabalhando para a melhoria [do País
começando pela nossa cidade].(...)Ser cidadão é ter consciência
dos limites colocados pela sociedade e participar da construção
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coletiva de regras, (…) é colaborar nas relações pessoais e
participar de ações solidárias. Temos que perceber e respeitar os
diferentes pontos de vista, usar o diálogo como instrumento de
difusão de ideias e resolução de problemas e buscar a justiça
nas situações de conflito. Para que haja o crescimento da
comunidade, não são apenas os políticos que devem seguir
os preceitos éticos, mas também todos nós, a cada instante,
em todas as circunstâncias devemos agir com ética. [É
fundamental] respeitar os direitos dos outros; defender os
próprios direitos; lutar pela justiça; acompanhar o
desenvolvimento da comunidade e do país, trabalhando pelo
seu progresso e combatendo ações que prejudiquem a nossa
comunidade. (...). (ALVES, 2009)
A história mostra que a Cidadania encontra-se em permanente construção. Ela
é construída e conquistada cotidianamente. Deve ser objetivo de todos os cidadãos
que anseiam por liberdade, mais direitos, melhores garantias individuais e coletivas.
Indaga-se, então: Como conquistar tudo isso, se ainda se tem fome? Se o tráfico toma
conta da comunidade e retira do Estado o poder do "bem-estar"? Como ser cidadão,
quando se busca a saúde, a justiça, a educação e não se é atendido? Se for, é sempre
de forma paliativa. Como se consolida a cidadania? A partir da autonomia, da critica,
da emancipação?
A sociedade brasileira é extremamente desigual e é preciso indagar os motivos
e indignar-se com tamanhos contrastes e tão perversos desequilíbrios. Ao que parece
muitos se preocupam, reclamam e se incomodam com a situação mas pouco se tem
feito a esse respeito. E não se pode esperar que ninguém o faça senão os próprios
brasileiros.
Mas como intervir na realidade, modificando as estruturas corruptas e injustas?
Segundo o Professor Vanderlei de Barros Rosas em seu escrito “Afinal o que é
cidadania?”, existe uma verdadeira evolução para o homem chegar a condição de
Cidadão:
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“O homem torna-se ser humano nas relações e convívio social. O
ser humano torna-se indivíduo quando descobre seu papel e sua
função social. O indivíduo torna-se pessoa quando toma
consciência de si mesmo, do outro e do mundo. A pessoa torna-
se cidadão quando intervem na realidade em que vive.” (ROSAS.
2009)
Ser cidadão é estar em contato com o outro, tornando-se corresponsável por si,
pelo outro e pelo mundo no qual está inserido, compreendê-lo para transformá-lo num
mundo melhor. Não existem soluções prontas, elas requerem esforços conjuntos.
Deve-se pensar em algo mais racional que os apelos emotivos em busca dede
respostas imediatas. Há que se ter uma ação com começo, meios e finalidades claros e
sem a necessidade do curto prazo.
Com a angústia “puxando” a fila das dúvidas, questiona-se uma vez mais:
Como construir a cidadania num sistema capitalista, que prima pelo lucro imediato?
Um sistema que prega o individualismo e a objetividade nas ações práticas sem
reflexão alguma? Como priorizar a emancipação consciente, autônoma e crítica?
A formação para a cidadania como finalidade da escola tem sido,
historicamente a escolha do Estado e da família, fundamentada na ideia de que as
práticas educacionais comprometidas com a transformação social são aquelas que
trazem a realidade do aluno para a sala de aula, que buscam desenvolver nos
estudantes valores de solidariedade, justiça social e participação política. A escola
deve assim cumprir sua finalidade de pleno desenvolvimento do educando, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o mundo do trabalho,
desenvolvendo ainda a capacidade para resolver problemas práticos, para realizar
ações com foco na responsabilidade social, na criatividade e na criticidade.
Sendo assim cabe ás instituições de ensino a missão de ensinar valores no
âmbito do desenvolvimento moral dos educandos. Através da seleção de conteúdos e
metodologias que favoreçam temas transversais (justiça, solidariedade, ética, etc)
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contemplados em todas as disciplinas do currículo escolar, os valores podem ser
conhecidos e aplicados na vida diária. Os conteúdos ensinados devem estar em
consonância com as questões sociais: essa contemporaneidade oferece ao aluno a
possibilidade de desenvolver a capacidade de compreender e de intervir em sua
própria realidade. Conforme defende Garcia em seus estudos sobre escola e cidadania:
“É ali, no dia a dia da sala de aula, da entrada e da saída da
escola, da hora do recreio, dos conselhos de classe, das reuniões
de pais e mães, das relações intra e extraescolares, e vai se
materializando, sutilmente por vezes, acintosamente outras vezes,
o perverso processo de inclusão de uns e exclusão de outros. É
ali que uns aprendem ser capazes de terem todos os direitos e
outros aprendem sua incapacidade, internalizando a
responsabilidade por seu próprio fracasso. É ali que uns se
preparam para ser vencedores e assumirem posições de mando e
outros para aceitarem seu destino de limitar-se a funções
subalternas”. (GARCIA, 2003.)
Com base nas palavras de Garcia, pode-se concluir que não existe um aluno
idealizado à espera de uma ética universal que o moverá na direção da felicidade, mas
antes precisa-se ter clareza que as relações éticas são produzidas cotidianamente,
tramadas em relações de poder e que estas, por sua vez, produzem tanto os sujeitos
quanto as éticas. Éticas, por que se considera que seja construída e reconstruída em
cada contexto cultural especifico, embora seja a Ética um estado que permeia toda a
humanidade.
O caráter revolucionário da educação não reside em formar os estudantes para
atuar somente em assuntos cotidianos, mas em garantir a humanização dos sujeitos e
o desenvolvimento psíquico dos estudantes, o que em ultima análise significa a
possibilidade de todos se apropriarem dos bens culturais já produzidos pela
humanidade.
O aluno deve ser educado sob a inspiração da ética. E educar não é transmitir
valores morais, mas criar condições para que as identidades se constituam pelo
desenvolvimento da sensibilidade e pelo reconhecimento do direito à igualdade, a
21
fim de que orientem suas condutas por valores que respondam às exigências do seu
tempo. A psicóloga Ângela Branco, do Instituto de Psicologia da Universidade de
Brasília, anota: “O desenvolvimento de um cidadão ético não cai do céu. É um
esforço diário e não deve ficar [somente]a cargo dos outros”.
Valores são fundamentos morais e espirituais da consciência do homem. Todos,
incondicionalmente, precisam conhecer e exercitar esses valores. A cada dia se vê a
desintegração da sociedade, a começar pelas famílias e tudo leva a crer que grande
parte disso se deve a negação dos valores humanos. São eles (os valores) sem dúvida
o suporte para o desenvolvimento integral do indivíduo como ser social, e sua
vivência alicerça o caráter e ajuda a formar a personalidade.
Quando se quer uma sociedade com valores , é imprescindível pensar numa
educação com valores e o principio de tudo está na ética, que filosoficamente é o
ramo de estudos que investiga os princípios que motivam, distorcem, disciplinam e
orientam o comportamento humano. Ela reflete sobre a essência das normas, valores,
prescrições e exortações da realidade social.
O resgate dos valores morais se faz necessária com urgência e tal resgate deve
ser desenvolvido através de ações educativas que envolvam os alunos, a gestão
escolar e a comunidade local, em atividades práticas e reflexivas no cotidiano da sala
de aula e do ambiente escolar.
Conforme ilustra com muita propriedade a Professora Cleusa Rodrigues da Silva, em
seu texto Ética e Cidadania:
“Essas ações estão voltadas para transformar velhos hábitos e
costumes da falta de respeito em energia canalizadora e
mobilizadora dos bons costumes, de forma a gerar ações que se
baseiam em alguns princípios básicos: liberdade de expressão,
autonomia, responsabilidade, honestidade, solidariedade, justiça,
alegria, entusiasmo, amizade, valorização do próximo,
criatividade, compromisso com a transformação social,
democracia participativa e agilidade nas problematizações, tendo
como intercâmbio sempre o diálogo”. (SILVA, 2007)
Entre os mais diferentes ambientes humanos, a escola deve ser a precursora
22
desses valores, sempre pautados nos principio éticos, permeando com flexibilidade
todas as outras preocupações da comunidade educativa. Para que todas as metas
sejam atingidas, é preciso buscar estratégias, que permitam aos educadores e
educandos desenvolver atividades que levem a refletir sobre ações do dia a dia em
termos coletivos, individuais e sociais. Atividades que devem ser contextualizadas na
realidade dos alunos e da comunidade em ações práticas e em estudos teóricos e
reflexivos. Tudo isso leva ao engrandecimento do processo educativo e percebe-se
assim mais concretamente que na educação ética todos são participantes.
Ainda com referencia a valores, Souza assevera:
“A aprendizagem de valores, como a justiça e solidariedade, só
se aprende na prática. O crescimento humano anda na contramão
do individualismo, valoriza o outro, reconhece as diferenças,
busca relacionamentos saudáveis, manifesta indignação diante da
fome, da dor e da injustiça. Passa a olhar criticamente os meios
de comunicação, pois produzem e reproduzem valores éticas e
estilos de vida próprios. Também é valor a criação de uma
cultura de paz, aprendendo a resolver conflitos pacificamente e
descobrindo caminhos alternativos para viver
melhor”.(SOUZA,2010)
Vista sob este prisma a educação toma um caráter revolucionário e requer
constante discussão e atualização de princípios e valores, teorias e práticas. A
professora Nadja Hermann lembra que atualmente é preciso prestar mais atenção as
circunstâncias, quando diz: ”Cabe a educação reconhecer que os princípios éticos que
a orientam só existem no contexto, que todos eles limitam-se pela critica e que se
aprende no erro” (HERMANN, 2002)
Freire, também destaca a importância da reflexão critica sobre a prática.
Afirma que é “pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode
melhorar a próxima prática. O próprio discurso teórico, necessário à reflexão critica,
tem de ser de tal modo concreto que quase se confunda com a prática”.(FREIRE,
1996.)
Em linha complementar de compreensão do papel da educação para formação
23
ética dos seres humanos, Cortina escreve:
“(...) a educação do cidadão deve levar em conta a dimensão
comunitária das pessoas, seu projeto pessoal e também sua
capacidade de universalização, e deve ser exercida
dialogicamente, pois, dessa maneira, elas poderão participar da
construção do melhor mundo possível, demonstrando saber que
também são responsáveis pela realidade social.(CORTINA, 2003)
No sistema educacional brasileiro a educação tem como finalidade a
compreensão dos direitos, dos deveres, da pessoa humana e dos grupos que compõem
a comunidade. A Constituição da República Federativa do Brasil em seu artigo 205
estabelece como objetivo na área do ensino fundamental e médio: “proporcionar ao
educando a formação necessária para o desenvolvimento de suas potencialidades
como elemento de autorrealização, preparação para o trabalho e para o exercício da
cidadania”. Entretanto, da forma como se processa, o sistema escolar não está
atingindo esse objetivo.
A escola precisa rever sua função, reconhecer onde está inserida, para mudar a
situação em que o Pais se encontra. É imprescindível ver o educando de forma
holística, pensar nele como amigo, como mentor, como cidadão.
É nesta direção que se pode vincular ética e educação. A necessidade de uma
educação ética se destaca a cada vez que se tem a dignidade da vida violada. Como
conquistar ou reconquistar essa dignidade? Sem dúvida, com muita dedicação, sem o
afã do prazo estipulado, mas, sobretudo, com muito amor e diálogo na família, na
escola, no cotidiano da vida de cada um.
Para ilustrar e concluir a colocação sobre educar eticamente, conta-se com o auxilio
do professor Celso Juca Castro que sabiamente diz:
“Difícil? Não. É só seguir o conselho que a raposa deu ao
Pequeno Príncipe quando este quis saber o que era cativar: “Tu te
sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim na relva. Eu te
olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é
uma fonte de mal entendidos. Mas a cada dia te sentarás mais
perto... “É preciso ter ritos”. (...) Não há receitas, trata-se de
24
“Cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz”.
(CASTRO,2008)
Todo ser humano nasce com potencial e tem direito de desenvolvê-lo. Para
isso precisa de oportunidades, espaço para falar, decidir, participar, são estas
oportunidades que a escola e toda a comunidade precisam proporcionar ao jovem
para que ele cresça com autonomia, sabendo o que faz sentido para sua vida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES. Lucimone Aparecida Resende. Aluna da 3ª série (EJA) Colégio Estadual
Mansões Paraíso. Aparecida de Goiânia- GO. Disponível em:
http://sociologiaescolapublica.blogspot.com
BRANCO. Ângela. Revista. Psicologia Escolar e Educacional. Disponível em:
http://www.abrapee.psc.br
BARBOSA, B. Falta de informação limita participação popular. 2 ed., Rio de
Janeiro: Cia das Letras. 2003
CASTRO, Celso Juca. Disponível em: www.pucrs.br/mj.jornais .
CORTINA, A. O Fazer ético: guia para educação moral. São Paulo: Moderna,
2003
DALLARI, Dalmo. Direitos Humanos e Cidadania. S. Paulo: Moderna. 1998.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia- Saberes necessários à pratica
educativa. São Paulo Paz e Terra. 1996.
25
GARCIA. Regina Leite. Disponível em: www.rizoma.ufsc.br.
HERMANN, Nadja. Nietzsche: uma provocação para a filosofia da educação. In:
GHIRALDELLI Jr., Paulo (Org.) O que é Filosofia da Educação? Rio de Janeiro:
DP&A, 2000.
MARTINS, Vicente. Disponível em: www.pucrs.br/mj.jornais .
MILANI, Feizi M. Tá combinado! - construindo um pacto de convivência na
escola. Salvador: INPAZ, 2004
ROSAS. Vanderlei de Barros. Disponível em: www.mundodosfilosofos.com.br.
SILVA. Cleusa Santos Rodrigues da. Ética e cidadania: resgate de valores no
ambiente escolar. Revista Gestão em Rede n° 77, Maio 2007.
SOUZA. Antonio José Ferreira de. Educação e Ética: uma questão de alteridade.
Disponível em: antoniojosesqce2010, blogspot.com/2010.
..
Saiba mais sobre ética em:
VALS, Álvaro. O que é ética? São Paulo: Brasiliense, 1994. (Coleção Primeiros
Passos)
SITES IMPORTANTES
• POVOS INDIGENAS
• PORTAL COMUNIDADE AFROBRASILEIRA
• ONG AFRO BRASILEIRA
• SINDICATO DOS SOCIOLOGOS DO ESTADO DE SÃO PAULO
• MUNDO EDUCAÇÃO
• DEPARTAMENTO SOCIOLOGIA USP
26
*Docente do Programa de Desenvolvimento Educacional. (PDE) Universidade do Centro-
Oeste - UNICENTRO. Graduada em Pedagogia, com especialização em Supervisão Escolar.
OS VALORES NA VIDA SOCIAL
*Vicente Martins
Os valores não surgem na vida em sociedade como um trovão no
céu. São construídos na vida familiar, na convivência humana, no trabalho,
nas escolas, nas manifestações culturais, nos movimentos e organizações
locais. Conhecê-los, compreendê-los e praticá-los é uma questão
fundamental da sociedade atual.
Valores para viver bem
Confira dez conceitos que podem ser desenvolvidos para melhorar a nossa
vida em sociedade:
Autonomia: Refere-se ao valor que reconhece o direito de um indivíduo
tomar decisões livremente, ter sua liberdade, independência moral ou intelectual. È a
capacidade apresentada pela vontade humana de se autodeterminar segundo uma
norma moral por ela mesma estabelecida, livre de qualquer fator estranho ou externo.
Capacidade de convivência: Valor que desenvolve a capacidade de viver em
comunidade, na escola, na família, nas igrejas, nos parques, enfim, em todos os
lugares onde se concentram pessoas, de modo a garantir uma coexistência
interpessoal harmoniosa.
Diálogo: Valor que reconhece na conversa um momento da interação entre
dois ou mais indivíduos, em busca de acordo.
Dignidade da pessoa humana: Valor absoluto que cada ser humano tem. A
27
pessoa é fim, não meio. A pessoa tem valor, não preço.
Igualdade de direitos: Valor inspirado no princípio segundo o qual todas as
pessoas são submetidas à lei e gozam dos mesmos direitos e obrigações.
Justiça: É o valor mais forte. Manifesta-se quando a pessoa é capaz de
perceber ou avaliar aquilo que é direito, que é justo. É o princípio moral em nome doa
qual o direito deve ser respeitado.
Participação social: Valor que se desenvolve à medida que a pessoa se
torna parte da vida em sociedade e a leva a compartilhar com os demais membros da
comunidade, conflitos, aflições e aspirações comuns.
Respeito mútuo: Valor que leva uma pessoa a tratar outra com grande
atenção, profunda deferência, consideração e reverência. A reação da outra será no
mesmo nível, o respeito mútuo.
Solidariedade: Valor que se manifesta no compromisso pelo qual as pessoas
se obrigam umas às outras e cada uma delas a todas, particularmente, diante dos
pobres, dos desprotegidos, dos que sofrem dos injustiçados, co o intuito de confortar,
consolar e oferecer ajuda.
Tolerância: Valor que se manifesta na tendência a admitir, nos outros,
maneiras de pensar, de agir e de sentir diferentes ou mesmo diametralmente opostas.
28
*Vicente Martins. Professor da Universidade Estadual Vale do Acaraú de Sobral CE.
Artigo publicado no Jornal Mundo Jovem - abril 2007
UNIDADE III
Protagonismo Juvenil
*Judith Cezarita Hartmann
A escola é um dos locais de vivência de cidadania. Viver cidadania quer dizer
participar plenamente do processo educativo e social Não raras vezes ouve-se falar
sobre cidadania, democracia e participação, como se fossem inatas e se
incorporassem naturalmente no comportamento humano, mas, constata-se no
cotidiano social que a concretização destes conceitos estão ainda muito distantes.
Destaca-se a grande importância desta participação na história dos movimentos
estudantis. O ambiente educativo deve ser um espaço democrático que forma a
juventude não apenas para o âmbito acadêmico, mas para a vida e que ousa sonhar
com jovens mais participativos e que não se calam diante da opressão.
Educar para a participação é criar espaços, para que o educando possa
empreender, ele próprio, a construção de seu ser. Aqui, mais uma vez, as práticas e
vivências são o melhor caminho, pois é no cotidiano que se aprende e compreende o
verdadeiro sentido da política, da cidadania, das regras e normas que balizam a vida
coletiva, obrigando a um exercício constante de revisão dos valores e atitudes para
com o outro.
Sob este prisma, qual seria o papel da escola? E quais os espaços de construção
da cidadania dentro da escola? A sala de aula? Os espaços externos: quadras, pátio,
saguão? Existem estruturas democratizadoras onde os alunos podem exercer seus
debates, como Grêmio Estudantil? Como tudo isso vem funcionando dentro das
escolas públicas?
A escola é o espaço aglutinador da juventude torna-se então o espaço central
29
para a formação de lideranças e promoção da cultura cívica. Tendo por base a Gestão
Democrática, a escola precisa rever sua função e trabalhar no sentido de que a
participação do adolescente e do jovem aconteça, e sobretudo, seja autêntica e não
simbólica, decorativa ou manipulada. Entretanto, para que isso ocorra, se faz
necessária uma mudança no trato entre jovens e adultos, desenvolvendo uma relação
mais horizontal, sem contudo, perder-se o papel de educador, o que condiz melhor
com o contexto atual.
O papel do educador, desta forma, se constitui numa função chave do
desenvolvimento do protagonismo juvenil. A participação é a atividade mais
claramente formadora do ser humano, tanto do ponto de vista pessoal como social. E
essa participação é imprescindível para o desenvolvimento do protagonismo juvenil.
E o que é protagonismo?
A palavra protagonismo é formada por duas raízes gregas: proto, que significa
„o primeiro, o principal; agon, que significa „luta‟. Agonistes, por sua vez, significa
„lutador'. Protagonista quer dizer, então, lutador principal, personagem principal.
Conforme o Dicionário Aurélio: “Agir, no sentido mais geral do termo
significa tomar iniciativa, iniciar (...) imprimir movimento a alguma coisa.”
O conceito de protagonismo juvenil é entendido como a criação de espaços e
condições capazes de possibilitar aos jovens envolver-se em atividades direcionadas à
solução de problemas reais, atuando como fonte de iniciativa, liberdade e
compromisso.
Segundo o educador mineiro Gomes da Costa, uma ação é dita protagônica
quando, na sua execução, o educando é o ator principal no processo de seu
desenvolvimento. Por meio desse tipo de ação, o adolescente adquire e amplia seu
repertório interativo, aumentando assim sua capacidade de interferir de forma ativa e
construtiva em seu contexto escolar e social. Assim ele se expressa:
“Protagonismo juvenil é a participação do adolescente em atividades
que extrapolam os âmbitos de seus interesses individuais e familiares e
que podem ter como espaço a escola, os diversos ambientes da vida
comunitária: igrejas, clubes, associações e até mesmo a sociedade em
30
sentido mais amplo, através de campanhas, movimentos e outras
formas de mobilização que transcendem os limites do seu entorno
sócio comunitário”. (COSTA. 1997)
Para a formação deste “novo” jovem há que se levar em conta o que reza a
Constituição Federal em seu artigo 205:
“A educação é um direito de todos, dever do Estado e da família, com colaboração da
sociedade civil, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
E o artigo 10 da lei 9394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional,que diz:
“A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar,
na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos
movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nos movimentos culturais”
Assim, a concepção de Educação deve ser entendida de forma abrangente, não
podendo limitar-se a escola, mas incluindo outros aspectos que possam auxiliar os
jovens no exercício de sua vida pública, como o desenvolvimento pessoal,
profissional, as relações sociais e também as referentes ao bem comum. Sobre essa
educação que tem como centro o protagonismo juvenil, Deboni coloca:
“Ser protagonista significa ter pró-atividade na busca por
alternativas de enfrentamento dos diversos problemas que estão
colocados na atualidade local e global. Melhor dizendo,
protagonismo é um estado de espírito que requer postura, prática,
habilidade, criatividade e muitos outros elementos. O
protagonismo se constrói no cotidiano, nas “batalhas” travadas
no dia a dia, em qualquer que seja o âmbito de atuação da
juventude”. (DEBONI, 2004)
Para que isso aconteça é necessário uma mudança de horizontes, onde, o
educando possa ser visto como uma fonte de iniciativa, liberdade e compromisso e o
adulto como parceiro nas descobertas de novos caminhos, tanto no conhecimento
como na ação comunitária.
31
Dessa forma o Protagonismo Juvenil está de acordo com as disposições
contidas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em que crianças e
adolescentes são entendidos como “sujeitos de direitos”, ou seja, devem estar no
centro das politicas de atenção para este segmento. Perseguindo-se este objetivo, a
juventude passa a ser vista como detentora de potencial de ação e transformação,
passando a ser agente do processo educacional e não apenas espectadora do que já
está estabelecido. O educador Gomes da Costa,enriquece essa concepção quando
anota:
“O protagonismo Juvenil parte do pressuposto de que o que s
adolescentes pensam, dizem e fazem pode transcender os limites
de seu entorno pessoal e familiar e influir no curso dos
acontecimentos da vida comunitária e social mais ampla. (...)
protagonismo juvenil é uma forma de reconhecer que a
participação dos adolescentes pode gerar mudanças decisivas na
realidade social, ambiental, cultural e política onde estão
inseridos. Nesse sentido, participar para o adolescente é
envolver-se em processos de discussão, decisão, desenho e
execução de ações, visando através do seu envolvimento na
solução de problemas reais, desenvolver o seu potencial
criativo e a sua força transformadora. Assim o protagonismo
juvenil, tanto como direito, é um dever dos adolescentes”
(COSTA, 1997).
Ao cumprir as leis que respaldam a juventude, não faltará quem pergunte: “Por
que a participação social dos jovens?”
A participação contribui largamente com o crescimento dos jovens, porque
teoricamente, eles colocam ideias em ação, tem iniciativa, desenvolvem a capacidade
de liderança e responsabilidade. O Brasil deixou de ser “o pais do futuro” tão
propalado pela mídia. Urge que os jovens assumam seu papel na sociedade,
desenvolvam seus talentos e potencialidades contribuam com a construção de uma
nova sociedade, mais solidária, menos desigual e violenta. Acredita-se que
participando plenamente, os primeiros favorecidos serão os próprios jovens, através
da criação de projetos de vida.
O jovem como centro das decisões e reivindicações não é novidade na história
brasileira, a juventude dos anos 60 e 70 serve de modelo de participação social e foi
32
segundo Brener “a partir desta geração de jovens que se descobriu o potencial
transformador presente na condição juvenil”
Em contraponto os jovens das décadas seguintes não foram estimulados
politicamente e a participação juvenil ficou preterida ao consumo e ao individualismo,
grandemente difundido pelos veículos de comunicação social. Assim, se os jovens de
hoje parecem indiferentes, apáticos e despolitizados é porque todo um processo
educativo contribuiu para isso.
Entretanto os tempos mudaram e, timidamente, a juventude começa a ter voz
na vida pública do País, pois, vive-se um momento de abertura à diversidade e ao
diálogo, em que o respeito às dificuldades e a busca do bem comum são agora
valorizados e estimulados, diferente da época da repressão e ditadura. Assim
promover a participação dos jovens a partir do protagonismo juvenil é também
facilitar e contribuir para o acesso dos jovens aos espaços de participação social e
politica que lhe são devidos como resgate de transformação, canalizando-o para uma
atuação saudável. Depois de acesa e alimentada, a chama da participação domina o
espaço dos estudantes e os encoraja ao exercício da cidadania.
Porém, de acordo com educador mineiro Antonio Carlos da Costa o
protagonismo juvenil atual diferencia-se daquele de outras épocas, muito
especialmente no que se refere a proposta do educador, que precisa ter em mente que
as ideias e iniciativas devem ser sempre oriundas dos próprios jovens, o que em outra
épocas foi determinado pelos adultos em ideários já pré definidos dentro dos partidos
políticos. Emerge daí a importância do processo de formação e consolidação dos
grêmios estudantis
A experiência democrática inerente a formação dos grêmios estudantis, é
também um importante processo pedagógico, contribuindo para o amadurecimento
individual e profissional dos estudantes. Os jovens protagonistas logo que começam a
consolidar sua identidade como cidadãos, iniciam sua vida política como sujeitos de
um processo coletivo de escolha e tomada de decisão. A participação no Grêmio
Estudantil, importante entidade de democratização da gestão da escola, incita os
jovens a exercerem e dominarem atividades formais, necessárias aos seus projetos de
33
vida.
O Grêmio Estudantil é uma instituição política, representativa e democrática
dentro da escola e sua atuação tende a tornar a escola um espaço público amplo e
difusor de politização, inclusive à comunidade do entorno. Na medida em que
constitui um espaço de participação política dos alunos na vida escolar ele favorece a
formação para a cidadania. É através do Grêmio que os alunos têm voz na
administração da escola, apresentando suas ideias e opiniões e é também uma das
primeiras oportunidades que os jovens têm de participar da sociedade.
Porém, não se pode falar em Grêmio Estudantil de forma isolada, é preciso
entender a base sobre a qual deve ser edificado, ou seja, a gestão democrática do
processo escolar, pois conforme relata Valeria Bessa quando se refere ao assunto em
questão:
“(...) a gestão democrática é capaz de por em funcionamento
movimentos importantes de alunos, funcionários, professores e
pais, atuando diretamente na desconstrução das relações
hierárquicas de poder e na ruptura com os processos de exclusão
que têm levado ao fortalecimento dos conflitos entre alunos e
professores, como fenômeno de resistência. Neste sentido, a
democratização do processo de gestão deve garantir, através de
exercício permanente de análise e de ações participativas, o
acesso igualitário às informações a todos os segmentos da
comunidade escolar e a aceitação da diversidade de opiniões e
interesses”. (BESSA, 2006)
Portanto, ao criar tal espaço de participação, o Grêmio Estudantil dá aos alunos
a possibilidade de transformarem sua realidade, proporem alternativas, lutarem por
seus direitos e, sobretudo, exercerem cidadania.
A importância da participação dos alunos e do movimento estudantil, do qual o
Grêmio faz parte, também é afirmada pela legislação brasileira. Entre as principais
leis, pode-se citar a Lei n° 7.398 de novembro de 1985, que dispõe sobre a
organização de entidades estudantis de 1° e 2° graus e assegura aos estudantes o
direito de se organizar em grêmios; a Lei Complementar n °444 de dezembro de
1985, que, em seu artigo 95, dispõe sobre o Conselho de Escola; a Lei n° 8.069 de
34
julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), que garante, em seu artigo 53,
o direito dos estudantes de se organizar e participar de entidades estudantis; e por fim
a Lei n°9.394 de dezembro de 1996, que ao estabelecer as diretrizes e bases da
educação, garante a criação dos Grêmios Estudantis.
Conforme se constata o Grêmio Estudantil é a associação representativa dos
estudantes. Sua existência é garantida por lei, mas sua fundação não deve
corresponder ao cumprimento exclusivo de uma obrigação legal. Ao contrário, o
Grêmio deve existir como um princípio e conteúdo pedagógico, compondo o
currículo escolar, sendo uma experiência política teórica e prática de exercício de
cidadania, formação de cultura cívica e estabelecimento de uma rede de capital social
na escola.
Embora oficialmente sua instalação seja facultativa, necessariamente o Grêmio
Estudantil integra a comunidade escolar, pois é o órgão máximo de representação dos
estudantes dentro de cada estabelecimento de ensino. Isso implica dizer que o mesmo
participa de toda uma rede de atores, peculiares ao cotidiano da vida da escola, e deve
a exemplo das outras instituições (Conselho Escolar e Associação de Pais Mestres e
Funcionários) contribuir a seu modo, no crescimento e desenvolvimento da
comunidade, numa visão de autonomia e gestão democrática do ensino.
Em busca desta autonomia Ilma Veiga esclarece que:
“É preciso que cada grêmio construa sua própria identidade. Uma
característica que nos chama a atenção é o aspecto relacionado à
importância do intercâmbio entre as diferentes organizações
estudantis de várias escolas. Essa troca de conhecimento,
experiências e sugestões favorece a participação do aluno (...). É
importante lembrar que o grêmio é o reflexo dos alunos, pois os
representa e serve de elo de ligação com a direção e equipe
técnica [e pedagógica] e a comunidade onde está inserida a
instituição educativa”.(VEIGA,1998)
Em material de divulgação do Grêmio Estudantil, a Secretaria de Estado da
Educação do Paraná, exorta aos gestores escolares que incentivem a organização da
representatividade estudantil por considerar que exerce apoio à Direção numa gestão
35
democrática. Reconhece-se ainda, o importante papel deste espaço na formação da
juventude, por meio de atividades como debates, apresentações artísticas e torneios
esportivos. A relevância deste colegiado nos estabelecimentos de ensino é
demonstrada quando se afirma que efetivamente ele constitui a possibilidade dos
primeiros passos na vida social, cultural e política de muitos jovens.
Neste sentido Ilma Veiga afirma que:
“A organização estudantil é a instância onde se cultiva gradativamente o
interesse do aluno, para além da sala de aula. A consciência dos direitos
individuais vem acoplada à ideia de que estes se conquistam numa
participação social e solidária. Numa escola onde a auto-organização dos
alunos não seja uma prática, as oportunidades de êxito ficam minimizadas”.
(VEIGA, 1998)
É importante esclarecer que por seu caráter facultativo o Grêmio Estudantil é
desprezado em muitos estabelecimentos de ensino. Em parte, devido ao seu modelo
de ação na época da ditadura militar, em parte por receio de divisão do poder de
decisão dentro das escolas, além da “cultura de não participação”. Com relação a
estes condicionantes, Paro ressalva: ”Isto pode ser atribuído, em parte, a nossa
tradição autoritária, que, ao fechar todas as oportunidades de participação na vida da
sociedade, em particular na escola pública”. (PARO: 2005).
Ao se fazer uma análise sobre a situação política brasileira na década de 60,
encontram-se diversos elementos que auxiliam na compreensão desta situação.
Muitos adultos de hoje ainda lembram-se das perseguições e maus tratos por
participarem de manifestações públicas. Não havia por parte dos órgãos de poder
interesse em compartilhar as decisões com o povo.
Na escola isso fica visível no distanciamento das famílias das questões
educacionais e dos alunos no envolvimento pedagógico. Se a grande maioria dos
adultos desta geração não aprendeu participar democraticamente da sociedade, como
vão ensinar isto às gerações mais novas? Assim, Paro destaca alguns aspectos para
análise, afirmando que:
36
“(…) parece difundida no senso comum a crença em que a não-
participação se deve a uma espécie de comodismo sem razão de
ser, próprio de nossa tradição cultural. A própria história oficial
concorre de forma decisiva para a difusão dessa crença, ao omitir
movimentos populares e o papel histórico desempenhado pelas
lutas das classes subalternas na vida do País, como se a história
fosse feita apenas pelos heróis e movimentos de iniciativa das
elites dominantes.” (PARO. 2005)
Ocorre que, realmente, esta tão sonhada participação, nem sempre é concreta
na escola e nem sempre ela mesma (a escola) tem clareza de como se organizar para
expressar-se democraticamente. A este respeito Prais contextualiza que ainda não
temos uma cultura de participação âmbito da escola, uma vez que, além de outros
determinantes destacados aqui, temos uma incipiente história de democracia.
Esta ideia precisa ser combatida, formando-se o senso crítico para despertar a
consciência dos educandos. Embora haja ainda uma distância muito grande entre o
discurso e a prática cotidiana, acredita-se, que somente por meio da interação dos
segmentos,a capacidade participativa venha a se consolidar.
Daí a importância da criação ou recriação dos grêmios estudantis, pois estes,
conforme relata os “Subsídios para elaboração do Estatuto do Grêmio Estudantil”
trazem excelente contribuição a participação:
“Os Grêmios Estudantis compõem uma das mais duradouras
tradições da nossa juventude. Pode-se afirmar que no Brasil, com
o surgimento dos grandes Estabelecimentos de Ensino
Secundário, nasceram também os Grêmios Estudantis, que
cumpriram sempre um importante papel na formação e no
desenvolvimento educacional, cultural e esportivo da nossa
juventude, organizando debates, apresentações teatrais, festivais
de música, torneios esportivos e outras festividades. As
atividades dos Grêmios Estudantis representam para muitos
jovens os primeiros passos na vida social, cultural e política.
Assim, os Grêmios contribuem, decisivamente, para a formação
e o enriquecimento educacional de grande parcela da nossa
juventude. O regime instaurado com o golpe militar de 1964 foi,
entretanto, perverso com a juventude, promulgando leis que
cercearam a livre organização dos estudantes e impediram a
atividades dos Grêmios. Mas a juventude brasileira não aceitou
passivamente essas imposições. Em muitas Escolas, contrariando
37
as leis vigentes e correndo grandes riscos, mantiveram as
atividades dos Grêmios livres, que acabaram por se tornar
importantes núcleos democráticos de resistência à ditadura.”
(PARANÁ: 2010)
Ressalta-se que o Grêmio não tem fins lucrativos nem caráter religioso, político
ou racial. Tem função político pedagógica e democrática, além de ser um órgão
reconhecido de apoio à Direção Escolar, não concorrendo com esta nem com as
outras instâncias colegiadas da escola. Todas devem interagir baseando-se no
princípio a Gestão Democrática, tendo finalidade coletiva. Os grêmios devem
realizar atividades de naturezas: esportiva; cultural, educacional; social, como
também atividades políticas com vistas à organização e conscientização dos
estudantes e envolvimento dos mesmos em reivindicações do dia a dia, pois, o
Grêmio se reveste em imprescindível mecanismo de unificação, união e luta de todo
o movimento estudantil. Assim, o Grêmio colabora para a formação de um jovem
cidadão mais crítico, participativo, condutor e sujeito de sua própria história. O que o
aluno aprende e vivencia dentro da escola deve servir para melhorar a vida da
comunidade onde ele vive.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRANDÃO, Carlos Rodrigues (org.). Pesquisa participante. São Paulo: Brasiliense,
1981.
BRASIL, Constituição 1998. Constituição da República Federativa do Brasil.1988.
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20de dezembro de 1996.
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Adolescente.
BESSA, Valéria da Hora. Grêmio estudantil: um dispositivo para a participação
dos alunos na gestão do processo escolar. Disponível em http://www.anped.org.br
38
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www.promenino.org.br
CAVALCANTE, Marcia H. Koboldt e SOUZA, Rui Antonio (org.) Ensino Médio:
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para educadores. São Paulo: Ação educativa, 2005
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e participação democrática. Salvador, Fundação Odebrecht, 2000
DEBONI, Fábio. Juventude, Cidadania e Meio Ambiente. Ilha Grande. MMA ,
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uma construção possível. Campinas, SP: Papirus, 1995.
39
VEIGA, Ilma P.A. Escola: Espaço do Projeto Político Pedagógico. Campinas, SP:
Papirus.1998.
OS GRÊMIOS E A AÇÃO ESTUDANTIL
*Daniel Tojeira Cara
Sendo a escola o espaço aglutinador da juventude, é ela em si o
espaço central e privilegiado para a formação de lideranças e
promoção de cultura cívica. Emerge daí a importância do processo de
formação dos grêmios estudantis.
Por definição socialmente comungada e legalmente reconhecida, o grêmio é o
espaço de representação dos alunos na escola, configurando-se como instrumento
destes para a materialização de seus desejos e expressão de suas reivindicações.
Aprender com a prática
A experiência democrática inerente ao processo de formação e consolidação
dos grêmios é também um importante processo pedagógico. Afinal os alunos
vivenciam no período de eleição a construção de uma chapa, constroem
coletivamente planos de governo, pautados nos anseios deles próprios e dos demais
estudantes; participam do pleito eleitoral e, posteriormente, gerenciam o grêmio. Ou,
caso não sejam os vencedores ou sejam alunos que não participaram da disputa
eleitoral, colaboram com os eleitos, cobrando-os ou construindo com eles a gestão
estudantil.
Claramente, as vantagens extraídas de uma experiência democrática
representativa na escola são muitas, ainda mais se os frutos a serem colhidos forem
considerados também a longo prazo. Em primeiro lugar, porque os jovens, logo no
momento em que começam a consolidar sua identidade como cidadãos, iniciam sua
40
vida política como sujeitos de um processo coletivo de escolha e tomada de decisão.
Em alguns casos ainda têm a incumbência de gerir uma representação representativa.
Em segundo lugar, a participação no grêmio estudantil é um intenso processo
pedagógico de negociação, questionamento e empreendedorismo, elementos centrais
no amadurecimento individual e profissional dos estudantes, queiram eles optar pela
carreira publica ou não
Outro aspecto importante é o fato da participação no grêmio incitar os jovens
a exercerem e dominarem atividades formais, geralmente administrativas e
notadamente imprescindíveis ao encaminhamento bem bem-sucedido seus projetos
de vida. Elaborar o estatuto e o regimento interno, fazer as atas das reuniões,
controlar e preencher o livro caixa, responder cartas, buscar parceiros e financiadores,
escrever jornais, convocar e organizar assembléias., fazer balanços, negociar com a
direção da escola, escrever e viabilizar projetos e empreendimentos diversos, debater
publicamente, etc. Tudo isso desenvolve inúmeros conhecimentos e capacidades
essenciais na vida, tanto juvenil quanto adulta, permitindo ao estudante um desenho
plausível de um futuro desejado e exequível, em que o sonho está pautado numa
sólida análise da realidade que ele terá que enfrentar.
Ação política
Como o grêmio estudantil é uma instituição política, representativa e
democrática dentro da escola, sua atuação tende a tornar a unidade escolar um espaço
público amplo e difusor de politização, inclusive à comunidade do entorno. Isso
ocorre porque a ação política, por definição, é preeminente e a partir do momento em
que ela é disparada, logo outra a sucede, criando um caminho sem volta de onde
emergem conflitos, propostas, discursos, mas essencialmente negociação e
experiência coletiva.
Como uma ação política gera outra, necessariamente, no momento em que os
jovens optam pela participação nos grêmios, naturalmente iniciam suas atividades
reivindicando por melhorias no espaço físico da escola, etc. Mas com o decorrer do
41
tempo, logo passam a discutir temas de grande abrangência pública como Projeto
Político Pedagógico, programas de cultura e laser às juventudes presentes na unidade
escolar, políticas de emprego, política educacional(com especial atenção ao acesso a
universidade), violência, entre outros. Depois de acesa e alimentada, a chama da
participação domina o espírito dos estudantes e os encoraja ao exercício da cidadania.
Com o tempo, eles ocupam todas as instituições da escola (Conselho Escolar e
Associação de Pais e Mestres), chegando muitas vezes a liderá-las, além de atuar em
outras organizações externas ao ambiente escolar, superando em alguns casos as
fronteiras comunitárias.
Infelizmente, não são todos os grêmios que alcançam plenamente esses
resultados. Em parte isso ocorre pelos próprios limites da cidadania e da cultura
cívica democrática no Brasil. Mesmo sendo a escola algo nada novo, trabalhar em seu
território, aproveitaras suas potencialidades e superar seus obstáculos, a torna um
espaço propicio para o semear de perspectivas e colheita de soluções.
*Daniel Tojeira Cara é vice-presidente do Conselho Nacional de Juventude e
coordenador da Área de Juventude do Instituto Sou da Paz, SP. Endereço
42
eletrônico:[email protected].
Este artigo foi retirado na integra do Jornal Mundo Jovem n° 373 - fevereiro de 2007
O QUE É PROTAGONISMO JUVENIL?
*Maria Eleonora D. Lemos Rabêllo
Protagonismo é a atuação de adolescentes e jovens, através de uma
participação construtiva. Envolvendo-se com questões da própria
adolescência/juventude, assim como, com as questões sociais do mundo, da
comunidade...Pensando global (o planeta) e atuando localmente (em casa, na escola,
na comunidade...) o adolescente pode contribuir para assegurar os seus direitos,para a
resolução de problemas da sua comunidade, da sua escola.
Protagonista é...
Aquele ou aquela que protagoniza.
A palavra protagonista vem do grego Protagonistés, o principal lutador. A
personagem principal de uma peça dramática, pessoa que desempenha ou ocupa o
primeiro lugar em um acontecimento. (Novo Dicionário Aurélio).
Por que protagonizar?
A maioria dos adolescentes e jovens tem muitas questões, desejos, sonhos... e
buscam respostas. Algumas questões vem da própria fase que estão vivendo,
mudanças corporais, primeiras experiências sexuais com um parceiro ou parceira,
estimulados pelas primeiras paixões, primeiro amor, primeiras descobertas...Estas
questões nem sempre encontram respostas, pois a escola, a família, a sociedade não
estão preparadas para isso.
Outras questões são impostas pela desigualdade social provocando a exclusão
43
de uma grande parcela desta população. A estes e estas falta escola pública de
qualidade, o atendimento a saúde, a segurança, o laser.
Os jovens também podem encontrar respostas, mas para
isso precisam da referência dos adultos, de escuta e parceria...
Como diz o Professor Antonio Carlos Gomes da Costa: “Reconhecer o
adolescente e o jovem, não como problema, mas como parte da solução é meio
caminho andado...” Por isso é necessário e urgente abrir espaços e facilitar processos
que permitam a participação efetiva de crianças, adolescentes e jovens na construção
do modelo e da dinâmica social da sua comunidade, do seu país, do seu planeta.
No Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA- Título II- Do Direito
Fundamental- Capitulo II- Do direito à liberdade, ao respeito e à dignidade. O Artigo
15 diz que a criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade
com pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos
civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis.
O Artigo 16, diz que toda criança e adolescente tem entre outros, o direito de
conviver com a família, participar da vida da comunidade, brincar, praticar esportes.
Direito a se expressar e opinar. Portanto é direito de todos os jovens e adolescentes,
enquanto cidadãos e cidadãs participarem da definição dos modelos de atendimento
aos seus direitos, como a escola, a saúde, o laser... E é dever do Estado, da família, do
adulto, abrir espaços para a escuta, a expressão e o aprendizado. Só assim podem
desenvolver-se, agregar valores e atuar em prol de uma coletividade.
Como e onde protagonizar?
Na escola, no centro de saúde, em grupos organizados da comunidade
Trocando aprendizados, construindo novos saberes, democratizando
informações, construindo estratégias, desenvolvendo ações em parceria.
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Parceria?
Embora a palavra protagonista, como diz o Dicionário Aurélio, signifique o
principal, ninguém atua sozinho. Então procure pessoas, grupos que tenham as
mesmas preocupações que você tem com a sua escola, sua comunidade, seus amigos...
busquem informações, sensibilizem pessoas, conheçam trabalhos nos quais vocês
possam atuar, contribuir, aprender , protagonizar... transformar.
Quer umas dicas?
Converse com seus amigos e amigas sobre suas preocupações, as coisas que
você acha que não vão bem na sua escola, no seu bairro, com sua comunidade.
Identifiquem na realidade que vivenciam quais as coisas que não estão bem. Pensem
como podem ajudar. Busquem ajuda de um professor, um grupo para trocar
experiências. Bolem ações que possam ajudar a resolver as questões, planejem,
protagonizem.
Veja estes endereços/ referências, entre em contato.
Aliança por um Mundo Solidário e Responsável/ Rede Jovem -
www.echo.org.br
Aprendiz do Futuro - www.aprendiz.org.br
ANDI- Agência de Notícias pelos Direitos da Infância – www.andi.org.br
Movimento de Intercâmbio Artístico e Cultural pela Cidadania –
www.miac.org.br
Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento – CPCD – www.cpcd.org.br
Grupo Interagir – www.protagonismojuvenil.org.br
45
*Maria Eleonora D. Lemos Rabêllo.
Disponível em: www.ufrn.br/sites/engenhodesonhos/mediateca/.../index.ht..
O que é o Grêmio Estudantil?
*Wilson Colares da Costa.
O que é o Grêmio?
O Grêmio é a organização que representa os interesses dos estudantes na
escola. Ele permite que os alunos discutam, criem e fortaleçam inúmeras
possibilidades de ação tanto no próprio ambiente escolar como na comunidade.
O Grêmio é também um importante espaço de aprendizagem, cidadania,
convivência, responsabilidade e de luta por direitos. Por isso, é importante deixar
claro que um de seus principais objetivos é contribuir para aumentar a participação
dos alunos nas atividades de sua escola, organizando campeonatos, palestras, projetos
e discussões, fazendo com que eles tenham voz ativa e participem – junto com pais,
funcionários, professores, coordenadores e diretores – da programação e da
construção das regras dentro da escola. Para resumir: um Grêmio Estudantil pode
fazer muitas coisas, desde organizar festas nos finais de semana até exigir melhorias
na qualidade do ensino. Ele tem o potencial de integrar mais os alunos entre si, com
toda a escola e com a comunidade.
Fonte: Caderno Grêmio em Forma, do Instituto Sou da Paz.
Site: http://www.soudapaz.org/
Por que um Grêmio na escola?
.
Em todo lugar sempre tem algo importante a ser melhorado ou construído. Na
sua escola, com certeza, não é diferente. O Grêmio Estudantil é uma das primeiras
oportunidades que os jovens têm de participar da sociedade. Com o Grêmio, os
46
alunos têm voz na administração da escola, apresentando suas ideias e opiniões. Mas
toda participação exige responsabilidade! Um Grêmio Estudantil compromissado
deve procurar defender os interesses dos alunos, firmando, sempre que possível, uma
parceria com todas as pessoas que participam da escola. É importante trabalhar
principalmente com os diretores, coordenadores e professores. Somente assim o
Grêmio atuará verdadeiramente em benefício da escola e da comunidade.
Fonte: Caderno Grêmio em Forma, do Instituto Sou da Paz.
Site: http://www.soudapaz.org/
Qual grêmio desejamos?
.
O grêmio estudantil se constitui em uma representação legítima e democrática
dos estudantes. Mas, podem ocorrer diferentes formas de organização e atuação
destas entidades estudantis. Elenita Paulino, no audiovisual “Grêmio Estudantil: o
estudante participa?”, do Centro Gaúcho de Audiovisuais-1988, faz uma análise em
relação aos diversos tipos de grêmios existentes, com suas caracterizações. Cito-os:
Autoritário ou ditatorial: É aquele que reproduz na escola o sistema autoritário e
capitalista que a sociedade atual nos apresenta através dos seus políticos corruptos,
dos meios de comunicação alienantes (...). É um tipo de grêmio que não permite a
participação, não está voltado para os interesses da maioria dos alunos (…)
Paternalista ou centralizador: Este é do tipo „demônio com cara de anjo‟. Tem
várias características do autoritário. Mas é mais difícil de percebê-las. Ele se
apresenta como „bonzinho‟, compreende a todos, se preocupa com tudo, mas não
deixa ninguém participar, porque acha que só ele tem capacidade para fazer alguma
coisa, que os estudantes são estúpidos, e se ele não centralizar tudo, a coisa não anda.
Liberal ou despreocupado: É o grêmio que desperta simpatia na maioria
despolitizada. Não é autoritário e também não faz tudo sozinho. Todo mundo manda
e desmanda. Não tem nenhum programa. É dos tais que diz: „vamos deixar assim
47
como está para ver como é que fica‟. E acaba virando uma bagunça organizada.
Festivo: É o que passa o tempo de sua gestão preocupado em organizar bailes,
torneios, gincanas etc. Mas está completamente por fora das necessidades dos
estudantes. É totalmente despolitizado. O negócio dele é festa. Por isso não
„incomoda‟ ninguém e todo mundo „dança a música que a educação alienante quer.
Democrático: De todos os tipos de grêmios estudantis, hoje, em nossas escolas, este
é o mais difícil de ser encontrado. E isso não acontece por mero acaso, mas por
consequência de todo um processo histórico de repressão, de alienação e miséria, que
fez de nossa geração uma geração de cegos, surdos e mudos. Este tipo raro pode ser
identificado pela sua postura no serviço que presta aos estudantes. É eleito por voto
direto da maioria. Elabora seu programa de atividades em cima das necessidades
concretas apresentadas em assembleia estudantil. Promove eventos que despertem a
consciência crítica e incentivem a participação e organização do Movimento
Estudantil (ME). Presta conta de seus atos periodicamente. Não toma nenhuma
decisão sozinho. É autônomo e apartidário. Tem consciência da importância do seu
papel na construção de uma nova educação e sociedade. Por isso busca a
conscientização, participação e organização de todos os estudantes, colocando-se a
seu serviço”.
Diante das principais formas com que um grêmio estudantil pode se
apresentar, cabe a cada estudante escolher de que maneira a entidade estudantil que
dirige pode atuar. Será que autoritária, não permitindo de forma concreta a
participação dos colegas? Paternalista, que centraliza todas as ações e atividades em
torno de uma pequena diretoria, subestimando a capacidade dos demais colegas em
contribuir com a entidade? Liberal, que permite a participação de todos, mas ao
mesmo tempo não dispõe de um programa mínimo administrativo que permita
identificar uma linha de atuação? Grêmio festivo, que proporciona lazer, mas se
distancia das necessidades básicas do aluno e de sua formação política? Ou grêmio
democrático, que busque a conscientização, participação e organização de todos os
48
estudantes na construção de uma nova educação e de uma sociedade mais justa e
igualitária?
Desejamos o Grêmio que...
- colabore na construção da comunidade escolar, como elo entre alunos, o corpo
docente e técnico-administrativo;
- junto com a direção da unidade de ensino e professores, busque as mudanças
necessárias para a educação;
- apresente propostas e sugestões concretas para minimizar os problemas da escola e
da comunidade na qual esteja inserido;
- desenvolva o espírito de solidariedade e cooperação entre os estudantes e a escola;
- promova atividades recreativas, culturais, desportivas, literárias e educacionais,
estimulando a união de toda a classe estudantil;
- crie mecanismos que possibilitem incentivar, desenvolver e estimular o estudante
em sua vida educacional, social e profissional. Mas, sobretudo, que possa unir a
classe, tornando-a mais participativa e consciente de seus direitos e deveres.
.
* Wilson Colares da Costa. professor,
49
licenciado em Ciências Sociais, Teófilo Otoni, MG.
Artigo publicado no jornal Mundo Jovem na edição nº 320, setembro de 2002, página 10.
UNIDADE IV
SEMINÁRIO INTEGRADOR
O ultimo encontro será para o Grupo de Estudo apresentar as reflexões dos
encontros I, II e III para a comunidade escolar. No Salão Nobre do Colégio Estadual
João XXIII, serão organizadas as apresentações com tempo pré-determinado.
Na sequência, será aberto o espaço para perguntas e sugestões.
A coordenação deste seminário ficará a cargo da professora PDE organizadora
deste Caderno Temático.