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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS

COORDENAÇÃO EATADUAL DO PDE – PLANO DE DESENVOLVIMENTO

EDUCACIONAL

OSVALDO INACIO SIMON

A EDUCAÇÃO NO DECORRER DA HISTÓRIA

SANTA LÚCIA, JULHO DE 2012.

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OSVALDO INACIO SIMON

A EDUCAÇÃO NO DECORRER DA HISTÓRIA

Artigo apresentado ao Programa de

desenvolvimento Educacional – PDE na

Disciplina de Pedagogia, do NRE de cascavel –

PR. Como requisito para certificação do término

das atividades, proporcionadas para a melhoria da

qualidade na educação, bem como, para elevação

de nível no plano de carreira do Profissional da

Educação.

Santa Lúcia, julho de 2012.

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A EDUCAÇÃO NO DECORRER DA HISTÓRIA

Autor: Professor Osvaldo Inácio Simon 1

Orientador: Dr. Paulino José Orso 2

RESUMO

O objetivo deste trabalho é apresentar uma visão panorâmica de toda a história da educação.

A história está relacionada com a vida das pessoas, desde os assuntos mais corriqueiros, até

os de maior relevância, que no transcorrer do tempo se tornaram história.

Estudá-la é importante para entender o passado, compreender o presente e prever possíveis

tendências para o futuro. Paralelamente, ocorre a História da Educação. Na antiguidade,

estava relacionada com a vida e para a vida. Sempre fez parte dos costumes, ritos e mitos,

necessários à sobrevivência das pessoas. Ao se transformar, o homem precisou educar de

forma mais específica, iniciando pelos sofistas, dando sequência pelos filósofos clássicos.

No decorrer da Idade Média, a Igreja Católica se encarregou de educar segundo seus

interesses. Na Idade Moderna, os professores foram encarregados pela educação. No Brasil,

a educação começou com a vinda do povo português. Em 1549 chegaram os padres jesuítas

e introduziram a educação, ensinando e catequizando os nativos e filhos dos colonos. A

partir de l599, seu objetivo era preparar a classe dominante e futuros missionários. Com a

vinda da Família Real Portuguesa, passou a preparar funcionários e dirigentes da agricultura.

A partir da Independência, preparar a elite para dirigir o país. A História da Educação do

Brasil sofreu interferência das tendências pedagógicas, em vigor no mundo e no Brasil como

a Pedagogia Tradicional, Nova, Tendência Tecnicista, a Pedagogia Histórico-Crítica, sempre

respaldada em Leis, como 4.024/61, 5.692/71, a atual 9.394/96, a qual busca direcionar a

educação de acordo com os interesses da política do Brasil.

“História”, “História da Educação”, “Educação Jesuítica”, “ Tendências Pedagógicas”

1 - Professor pedagogo, especialização em Administração, supervisão e Orientação Escolar; Didática – Fundamentos Teóricos da Prática

Pedagógica.

2 - Doutor em Filosofia e História da Educação.

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ABSTRACT

The purpose of this work is to show a panoramic view of the whole history of education.

History is related to the life people, from the ordinary subjects to the ones of higher

relevance, in course of the time, they have been made history. Looking into it’s important to

understand the past, grasp the present and to predict possible tendencies further into the

future. Parallel to it, the history of education occurs. In the ancient times, it was related to

life and for life. It always took part of our customs, rites and myths, all necessary to the

surviving of the people. by transforming itself, man needed to teach in a more specific way,

starting out with the sophists, giving it by sequence the classic philosophers. During the

middle age, the Catholic Church was in charge of teaching accordingly to their interests. In

the modern age, the professors were in charge of the education. In Brazil, education began

with the arrival of the Portuguese settlers. In 1549, the Jesuit priests arrived and introduced

education, teaching and catechizing the natives and children’s settler. From 1599, their aim

was to prepare the ruling class and future missionaries. With the arrival of the Portuguese

Real Family, it was meant to prepare employees and agriculture management. Since the

independence, elite has been equipped to run the country. The history of education of the

Brazil suffered pedagogical trends interference, in force around the world and in Brazil such

as Traditional Pedagogy, New Tecnicist Tendency, Historical and Critical Pedagogy, having

always been backed up by law, such as the one number 4.024/61, 5.692/71, and currently

9.394/96, which aims to run education according to the interests of politics in Brazil.

Keywords: “History”, “History of Education”, “Jesuit Education”, “Pedagogical Trends”.

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INTRODUÇÃO

O PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional) do Paraná é um programa de

trabalho educacional que trata sobre as concepções pedagógicas e de gestão, em forma de

formação continuada, a partir da política pública educacional, compromissada com a

valorização da educação básica e dos profissionais da educação. O PDE – PR propõem

mudanças na prática pedagógica do professor, com o objetivo de melhorar a educação

pública, mantendo-a gratuita e de qualidade, envolvendo a SEED e as Instituições Públicas

do ensino superior do Paraná.

O programa tem por objetivo o redirecionamento da prática educativa, proporcionar

aos professores subsídio teórico-prático, para que as classes menos favorecidas possam

elevar seu índice de conhecimento e venham a ajudar a construir uma vida melhor, com

melhores condições de trabalho. Proporciona também a valorização profissional do

educador, com avanços no seu plano de carreira do magistério.

Uma das atividades desenvolvidas pelo professor PDE, é Grupo de Trabalho em Rede –

GTR, onde este coordena um grupo de educadores da rede estadual, sendo tutor, com o

objetivo de socializar suas pesquisas, tornando pública, motivando discussões em torno de

sua proposta de intervenção pedagógica. Os participantes são certificados pela SEED e o

registro das atividades é feito pelo tutor no SACIR, onde ficam arquivados o projeto de

intervenção, o material didático e o artigo final, como trabalho final de conclusão do PDE.

O objetivo deste projeto de pesquisa é conhecer de forma panorâmica a História da

educação, como ocorreu a educação nos tempos históricos que conhecemos. As tendências

pedagógicas pela qual a educação passou, de maneira especial, a partir da conquista do

Brasil, pelos portugueses, quando implantaram o modo de educação jesuítica. O Brasil

Imperial, com a educação superior centrada no governo federal, a educação no início da

República, sempre enfrentando dificuldades, a Tendência da Pedagogia da Escola Nova,

permeada pela Escola Tradicional, suplantada pela Tendência Tecnicista, encaminhando-se

para a atual tendência pedagógica, encabeçada por Demerval Saviani, a Pedagogia

Histórico-Crítica.

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HISTÓRIA E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO

CONCEITO DE HISTÓRIA

A História é uma ciência humana que estuda o desenvolvimento do homem no

tempo. A História analisa os processos históricos, personagens e fatos para poder

compreender um determinado fenômeno histórico, cultura ou civilização.

A História resulta da necessidade de reconstituirmos o passado, relatando

os acontecimentos que decorrem da ação transformadora dos indivíduos no

tempo, por meio da seleção (e da construção) dos fatos considerados

relevantes que serão interpretados a partir de métodos diversos. A

preservação da memória, porém, não foi idêntica ao longo do tempo, tendo

variado também conforme a cultura (ARANHA, 2006, p, 20).

Um dos principais objetivos do estudo da História é resgatar os aspectos culturais de

um determinado povo ou região para o entendimento do processo de desenvolvimento.

Entender o passado também é importante para a compreensão do presente.

A educação é a prática mais humana, considerando-se a profundidade e a

amplitude de sua influência na existência dos homens. Desde o surgimento

do homem, é prática fundamental da espécie, distinguindo o modo de ser

cultural dos homens do modo de ser natural de existir dos demais seres

vivos (GADOTTI, 2004, p.11).

O estudo da História comumente é dividido em dois períodos: a Pré-História (antes

do surgimento da escrita) e a História (após o surgimento da escrita, por volta de 4.000 a.C),

dividida em: Idade Antiga (Antiguidade): de 4.000 a.C até 476 (invasão do Império

Romano), Idade Média (História Medieval): de 476 a 1453 conquista de Constantinopla

pelos turcos otomanos, Idade Moderna: de 1453 a 1789 (Revolução Francesa) e Idade

Contemporânea: de 1789 até os dias de hoje.

Contudo, no rigor do termo, história tem a ver com o homem. Portanto, ao invés

desta periodização europeizante, o correto é caracterizar a história como sendo sinônimo do

processo de existência do homem, desde seu surgimento. Para isso, porém,

Para que os homens consigam fazer história, é absolutamente necessário,

em primeiro lugar, que se encontrem em condições de poder viver, de

poder comer, beber, vestir-se, alojar-se, etc. (KARL MARX e ENGELS,

1998, P. XXY).

A premissa de toda história humana é a existência de indivíduos humanos viventes.

Neste fato concreto se funda o materialismo histórico (MARX e ENGELS, 1998 p. xxiy).

Sendo a essência do homem o conjunto das relações sociais, em que ele está inserido.

Assim, o primeiro ato da história a satisfação das necessidades elementares, conforme estas

vão mudando, vão criando uma nova história.

Já o estudo da História ocorre a partir das fontes a serem investigadas e analisadas

pelo historiador. Estas podem ser: livros, roupas, imagens, objetos materiais, registros orais,

documentos, moedas, jornais, gravações, etc.

Somente a partir da modernidade, isto é, com as mudanças que começaram

a ocorrer no século XVII, o estudo da história tomou nova configuração,

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consolidada no Iluminismo do século XVIII. Esse período foi marcado

com a tradição aristocrática do Antigo Regime, levado a efeito pelas

revoluções burguesas. No mesmo bojo, os valores do feudalismo foram

substituídos, aos poucos pelo impacto da Revolução Industrial, em que

ciência e técnica provocaram alterações no ambiente humano antes jamais

suspeitadas. Sendo a História cíclica substituída pela descrição linear dos

fatos no tempo, segundo as relações de causa e efeito (ARANHA, 2006, p

21).

O que interessa é entender as concepções de história e quais são as suas implicações

para o homem no seu trabalho. O que diferencia o homem dos animais é o trabalho. É por

meio dele que age e transforma o meio e produz história.

Restos de antigos instrumentos de trabalho, tem para a avaliação de

formações econômicas e sociais extintas, a mesma importância da estrutura

dos ossos fósseis para o conhecimento de espécie de animais

desaparecidos. O que distingue as diferentes épocas econômicas não é o

que se faz. Os meios de trabalho servem para medir o desenvolvimento da

força de trabalho, além disso, indicam as condições sociais que realizam o

trabalho (MARX, O Capital, p. 204).

Em todas as épocas, os pensamentos da classe dominante, são também os

pensamentos dominantes, pois a classe social, que tem o poder material, determina o poder

espiritual. Esta classe dispõe também os meios da produção intelectual, consequentemente, é

tida como aquela que faz a história.

Os indivíduos que constituem a classe dominante possuem, entre outras coisas,

também uma consciência, e consequentemente pensam; na medida dominam

como classe e determinam uma época histórica em toda a sua extensão, é

evidente que esses indivíduos dominam em todos os sentidos e que tem uma

posição dominante, entre outras coisas também como seres pensantes, como

produtores de idéias, que determinam a produção e a distribuição dos

pensamentos da época; suas idéias são, portanto, as idéias dominantes de sua

época (MARX e ENGELS, 1998. pp. 48, 49).

O homem produz a si e a sua história no tempo, o que faz dele um ser histórico.

Distinto dos animais, ao transformar a natureza e produzir-se a si mesmo, faz história.

Em a Ideologia Alemã e em O Capital, Marx diz que o homem faz sua história pela

práxis e nela, e com ela, cria-se e se produz a si mesmo, ao mesmo tempo em que faz a

história. Disto tudo, pode-se depreender que,

Ao contrário do que nos ensinaram no colégio, a história não se inicia com

a invenção da escrita, mas sim pela produção do homem pela própria

natureza. À medida que ele é produzido, como nos diz Marx, dia após dia,

se vê obrigado a travar uma luta incessante para garantir sua sobrevivência,

para comer, beber, vestir, morar, etc. A partir deste momento é obrigado a

fazer história (ORSO, P. J. p. 159).

PEDAGOGIA

Podemos considerar a Pedagogia como a sistematização e a crítica do processo

educativo.

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A palavra Pedagogia tem origem na Grécia antiga, paidós (criança) e agogé

(condução). No decurso da história do Ocidente, a Pedagogia firmou-se como a ciência ou

disciplina cujo objetivo consiste na reflexão, ordenação, o correlato da educação. Entretanto,

a prática educativa é um fato social, cuja origem está ligada à da própria humanidade. A

compreensão do fenômeno educativo e sua intervenção intencional fez surgir um saber

específico que modernamente associa-se ao termo pedagogia. Assim, a indissociabilidade

entre a prática educativa e a sua teorização elevou o saber pedagógico ao nível científico.

Com este caráter, o pedagogo passa a ser, de fato e de direito, investido de uma função

reflexiva, investigativa e, portanto, científica do processo educativo.

O pensamento pedagógico sobre a prática da educação, como necessidade de

organizá-la e sistematizá-la, em função de determinados fins e objetivos, é muito posterior à

prática da educação.

A educação primitiva era essencialmente prática, marcado pelos sinais de

imitação e na oralidade, limitada ao presente imediato (GADOTTI, 2004,

p. 21). iniciação. Fundamentada pela visão animista: acreditava-se que

todas as coisas: pedras, árvores, animais, possuíam uma alma semelhante a

do homem. Espontânea, natural, não intencional, a educação baseava-se na

No início da sociedade de classes, a escola foi instituída como instituição formal, em

resposta ao surgimento da divisão social do trabalho, do surgimento da família, do Estado e

da propriedade privada. “A educação na comunidade primitiva era confiada a toda a

comunidade, em função da vida e para a vida: para aprender a usar o arco a criança caçava;

para aprender a nadar, nadava. A escola era aldeia” (GADOTTI, 2004, p. 23).

Para Libâneo, o que justifica a existência da pedagogia é o fato de esse campo

ocupar-se do estudo sistemático das práticas educativas que se realizam em sociedade como

processos fundamentais da condição humana. A pedagogia, segundo o autor, serve para

investigar a natureza, as finalidades e os processos necessários às práticas educativas com o

objetivo de propor a realização desses processos nos vários contextos em que essas práticas

ocorrem. Ela se constitui, sob esse entendimento, em um campo de conhecimento que possui

objeto, problemáticas e métodos próprios de investigação, configurando-se como "ciência da

educação".

Essa visão da pedagogia fundamenta-se em um conceito ampliado de educação, as

práticas educativas não se restringem à escola ou à família. Elas ocorrem em todos os

contextos e âmbitos da existência individual e social humana, de modo institucionalizado ou

não, sobre várias modalidades. Entre essas práticas, há as que acontecem de forma difusa e

dispersa, são as que ocorrem nos processos de aquisição de saberes e modos de ação de

moda não intencional e não institucionalizado, configurando a educação informal. Há,

também, as práticas educativas realizadas em instituições não convencionais de educação,

mas com certo nível de intencionalidade e sistematização, tais como as que se verificam nas

organizações profissionais, nos meios de comunicação, nas agências formativas para grupos

sociais específicos, caracterizando a educação não formal. Existem ainda as práticas

educativas com elevados graus de intencionalidade, sistematização e institucionalização,

como as que se realizam nas escolas ou em outras instituições de ensino, compreendendo o

que o autor denomina educação formal.

Na educação, diversas expressões designam o acontecer educativo: processo

educativo, prática educativa, atividade educacional. Falamos de educação nacional,

ambiental, rural, sexual, educação escolar, etc.

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Ninguém escapa dela, em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de

muitos, envolvemos pedaços de nossa vida com ela. Para saber, para fazer, para ser ou para

conviver, misturamos a vida com ela.

A Pedagogia se ocupa de fato, com a formação escolar das crianças, com

processos educativos, métodos, maneiras de ensinar, mas, antes disso, ela

tem um significado bem mais amplo, bem mais globalizante. Ela é um

campo de conhecimentos sobre a problemática educativa na sua totalidade

e historicidade e, ao mesmo tempo, uma diretriz orientadora da ação

educativa (LIBÂNEO, 2001, p, 6).

Assim podemos dizer que a Pedagogia é uma ciência para e da educação, isto é, a

teoria e a prática da educação. É o campo do conhecimento que faz o estudo sistemático da

educação, da prática educativa, e do ato educativo. Tendo um campo muito amplo, porque a

educação pode ocorrer na família, na escola, na rua, no trabalho, na política, no sindicato.

“Pedagogia é então, o campo do conhecimento que se ocupa do estudo sistemático da

educação, do ato educativo, da prática educativa como componente integrante da atividade

humana”. (LIBÃNEO, 2001, p, 6).

A educação só pode acontecer entre grupos de indivíduos e classes sociais,

compreendendo um conjunto de processos, influências, que intervêm no desenvolvimento

humano. Educação, portanto é uma prática humana e social, que modifica seus estados

intelectuais, mentais, físicos, espirituais e sociais. A humanização plena só se dá na prática

social. Todavia, só ocorre na medida em que forem superadas as atuais relações sócias. Um

indivíduo sozinho não se educa.

Podemos então definir a pedagogia como ciência, mas com dois campos de trabalho:

um no sentido da pesquisa, da análise dos métodos educativos, as habilidades técnicas, das

formas metodológicas de transmissão do saber, da gestão escolar; o outro é o ato didático em

que o professor ministra suas aulas. Ambos possuem caráter educativo, porque ocorrem no

seio das relações sociais, entre grupos sociais, sendo ambas mediação pedagógica.

HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO

A História da educação relaciona-se com a História. Paralelamente a ela, no

fenômeno educacional, desenrola-se no tempo, fazendo abordagens históricas da

educação de cada época. A educação, desde o surgimento do homem, de uma forma ou

de outra sempre existiu. Dentro da escola ou fora dela podemos perceber formas dos

mais velhos transmitir os valores, crenças, costumes, mitos para as crianças,

promovendo o seu ajuste no ambiente físico e social, adquirindo e carregando consigo

as experiências e crenças das gerações mais velhas.

Na fase primitiva não havia classes sociais. Todos pertenciam a uma

comunidade, onde tudo era dividido igualmente para todos. A terra era comum a todos e

tudo o que colhiam ou caçavam era dividido de acordo com as necessidades de cada um.

A educação era integral, pois cada um tinha o direito a todo saber da tribo. Os

conhecimentos eram aprendidos pela imitação. As crianças aprendiam observando os

mais velhos. No início, olhando, em seguida brincando fazendo de conta, fabricando

pequenos utencílios para imitar os, dos adultos, em seguida começam a participar das

atividades, aprendendo pouco a pouco, “Os mitos e os ritos são transmitidos oralmente,

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e a tradição se impõe por meio da crença, permitindo a coesão do grupo e a repetição

dos comportamentos considerados desejáveis” (ARANHA, 2006, p. 35).

Neste sentido, a educação era para a vida por meio da vida. As comunidades

eram separadas por idade, por sexo para a realização dos trabalhos. Às mulheres, cabia

a maior responsabilidade, a de coletar os frutos, caçar, plantar e colher, bem como de

cuidar das crianças pequenas. Os meninos maiores tinham liberdade de brincar

imitando os adultos e fazendo de conta, explorando os arredores da cabana. Para as

meninas cabiam os afazeres domésticos, acompanhando as mães e aprendo com elas as

obrigações da mulher. O menino na fase de transição entre adolescente e adulto,

passava pela iniciação, a qual tinha valor moral, pois tinha que passar por diversas

etapas, entre as quais, a de suportar a dor, o sofrimento, a fome, para que em

circunstâncias difíceis estivesse preparado a enfrentar as adversidades que a vida

pudesse lhe oferecer. Também aprende a ser obediente, a servir os mais velhos e a

suprir as necessidades da família. “O objetivo da iniciação em seu momento de tortura

é marcar o corpo. Uma cicatriz, um sulco, uma marca são indeleáveis. A marca é um

obstáculo ao esquecimento, o próprio corpo trás em si as lembranças, a memória”

(ARANHA, 2006, p. 3).

A educação era difusa, porque propriamente ninguém tinha a função de ensinar.

Depois dos ritos de iniciação, o jovem era considerado adulto, podia participar e ouvir

as histórias míticas, as quais conservavam a tradição e os costumes, o sentido religioso,

casar, ter filhos, ser caçador e guerreiro e a partir dos ritos da dor manter a idéia do

pertencimento, não abandonando sua comunidade. Embora não havendo classes, as

comunidades eram dirigidas e orientadas pelos chefes das famílias que zelavam pelos

mitos religiosos, os caciques cuidavam da proteção e preparavam os homens guerreiros

para os combates contra outras tribos.

A INVENÇÃO DA ESCRITA

Do surgimento do homem até a comunicação escrita, passou-se muito tempo,

provavelmente ainda é difícil determinar uma data exata. O que se pode afirmar é que

gerações e gerações viveram sem conhecê-la, comunicando-se unicamente pela palavra, a

princípio bem rudimentar, com o passar do tempo ela foi se aperfeiçoando e de acordo com

as necessidades iniciaram outras formas de comunicação, tais como os desenhos ruprestes,

fogueiras, pinturas no próprio corpo, para informar se estavam em estado de guerra ou se

estavam em paz.

As primeiras tentativas de escrita costumam se datadas à 4000 anos antes de Cristo.

Costuma-se chamar de pictográfica a escrita que representa figuras, enquanto em um nível

maior de abstração, a escrita ideográfica representa objetos e idéias. Escritas como os

hieróglifos egípcios, os caracteres cuneiformes da Mesopotâmia e os ideogramas chineses

são ideográficas. Já as escritas fonéticas decompõem as palavras em unidades sonoras:

“neste caso, libertados da figura, do objeto e da ideia, sinais diminuem drasticamente de

quantidade para registrar apenas os sons em infinitas composições possíveis” (ARANHA,

2006, p. 44).

Percebe-se que a escrita teve um lento trajeto até chegar aos nossos dias, mudando

de acordo com as necessidades do desenvolvimento, sendo que na China ainda usam a

escrita ideográfica, mas por ser lenta e complicada, está, aos poucos, sendo substituída pela

fonética. Tanto os brâmanes na Índia, os escribas no Egito, os magos na Mesopotâmia, os

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mandarins na China, monopolizavam a escrita em meio à população analfabeta, mantendo

seu status, desenvolveu um alto grau de desenvolvimento, social, político e econômico e

cultural. Os sofistas, consideravam-se as pessoas mais inteligentes da época e eram

contratados pelos aristocratas, para ministrar aulas a seus filhos, cobrando portanto, para

ensiná-los. Eram professores ambulantes. Considerado os primeiros professores.

Neste período a Grécia passou por grande transformação social, surgindo na

sociedade classes sociais distintas: a dos brancos livres e dos escravos. Sendo que os

primeiros gozavam de grande prestígio social, ascendendo socialmente, enquanto os

escravos que serviam aos homens livres, não lhes era proporcionado nenhum tipo de

educação.

Os meninos atenienses até os sete anos, a educação estava aos cuidados da família.

Depois eram entregues a um pedagogo, que significava condutor de crianças, que os

conduziam até a escola para ser instruído nas aulas de alfabetização, música e ginástica.

Desenvolvendo fortemente as aptidões políticas, a retórica para persuadir a população com a

discurso, a poesia, tocar instrumentos, como a flauta, a lira e a cítara. Para que crescessem

em harmonia, tornando-se úteis em palavras e ações. Não havia escola propriamente dita.

As aulas eram ministradas na rua, nas praças, onde aprendiam a gramática, a memorização, a

declamação. As meninas permaneciam no lar com a mãe, aprendendo os afazeres

domésticos.

Esparta e Atenas eram as cidades mais desenvolvidas. Para a primeira, o

homem deveria ser antes de mais nada o resultado do seu culto ao corpo;

deveria ser forte, desenvolvido em todos os sentidos, eficaz em todas as

suas ações. Para os atenienses, a luta principal de um homem deveria ser a

liberdade. Além disso, precisava ser racional, falar bem, defender seus

direitos, argumentar, ser orador ( GADOTTI, 2004, p. 29).

Esparta, grande pólis, concorrente a Atenas, tinha uma forma de educar totalmente

diferente. “O objetivo da educação espartana era dar a cada indivíduo um nível de perfeição

física, coragem e hábito de obediência às leis que o tornasse um soldado ideal. Dessa forma

o homem espartano passou a ser um modelo de bravura, vigor e tenacidade” (PILETTI,

NELSON E CLAUDINO PILETTI, 1997, p. 29).

Os cuidados do filho começavam com uma excelente educação da mãe, ela tinha que

ser saudável para que pudesse gerar filhos fortes. Aos sete anos o menino deixa a casa e vai

estudar numa escola pública do estado, onde até os 12 anos estudavam música, canto e

dança. A partir desta idade aumentavam as exigências em educação física, como se fosse um

verdadeiro treino militar. “Os jovens aprendiam a suportar a fome, o frio, a dormir com

desconforto e a vestir-se de forma despojada. A educação moral valorizava a obediência, a

aceitação dos castigos, respeito aos mais velhos e privilegiava a vida comunitária”

(ARANHA, 2006, p. 64). O objetivo da educação era enaltecer o vigor físico, o preparo

para o serviço militar, com o intuito de defender o Estado, os jogos esportivos, que deixaram

um legado seguido até hoje, nos jogos olímpicos, nas copas do mundo.

OS GRANDES PENSADORES GREGOS

Na Grécia, com a introdução dos escravos, gerou profunda desvalorização do

trabalho manual. A educação elitista e paga dava condições dos ricos estudar. A eles tudo

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era permitido, menos o trabalho manual, que era para os escravos. Para a elite, os jogos, a

música, a dança. Aos escravos o trabalho árduo, que trazia a riqueza da elite. Como filósofos

e pensadores destacam-se: Sócrates, Platão e Aristóteles.

Sócrates (470 a 399 a. C.). Viveu o conflito entre a velha e a nova filosofia da

educação grega. Ensinava aos jovens em qualquer lugar: nas praças, nas esquinas, na

sombra das árvores. Passava horas com os jovens discutindo o novo jeito de ensinar.

Ensinava sem cobrar, pois pretendia socializar os conhecimentos através da educação,

combatendo os sofistas que cobravam. Morreu aos 71 anos, obrigado a beber veneno

(cicuta), acusado de corromper os jovens com seus ensinamentos. Deixou um grande legado

cultural à posteridade. A cultura clássica, apropriando-se de dois métodos de ensinar: a

ironia e a maiêutica. Na primeira, perguntava fingindo ignorar até o interlocutor declarar a

sua ignorância. Na maiêutica ou partejamento das idéias, ou arte de fazer nascer ideias,

porque ele acreditava que elas já estavam no interior da pessoa, bastava despertá-la. Assim

surge a sua inesquecível frase: “Conhece-te a ti mesmo”.

Sócrates contribuiu para a educação, por ter ela o objetivo imediato, o

desenvolvimento da capacidade de pensar, refletir, bem como, o valor moral. Politicamente,

buscou ser democrático.

Platão (428 a 348 a.C). Foi discípulo de Sócrates e buscou uma nova base moral

para a vida, tendo grande influência na educação grega. Para ele, a moral, a estética, a

formação científica, os exercícios corporais, devem constituir conteúdos da educação.

Defendeu o mito da caverna, dizendo que a maioria dos homens não chegam a conhecer a

verdade, cabendo somente aos filósofos esse dom. Platão foi epistêmico e político,

defendendo que o bem supremo é também a suprema beleza. Cabendo aos sábios a função

de dirigir aos que não sabem e influenciá-los a verem o mundo. Também aos sábios

filósofos é reservada a função da ação política de dirigir o estado. Sendo ele responsável

pela educação. Sua idéia política tinha pretensões socialistas.

Aristóteles (384 a 322 a.C.). Embora discípulo de Platão, divergiu das idéias de

Platão e de Sócrates, dizendo que a virtude está na conquista da felicidade e do bem. A

felicidade consiste em realizar o que é específico do homem, tais com a razão, a saúde, a

fortuna, situação social. O educando é potencialmente um sábio, com a educação, ele

atualiza o que é suscetível de resolver. “A educação tem como finalidade ajudá-lo a alcançar

a plenitude e a realização do seu ser e a realizar as forças que tem em potência. Nota-se aqui

uma característica da pedagogia da essência, pois a educação pretende levar a pessoa a

tornar-se o que deve ser, a realizar sua essência” (ARANHA, 2006, p. 75).

A capacidade de pensar é o que distingue o homem dos demais animais. Sim,

nenhum outro animal faz o mesmo. Contudo, o seu pressuposto encontra-se no trabalho e

não na razão que aliás, é uma decorrência. E sua virtude é viver conforme a sua razão, e por

ela, disciplinar os sentimentos e instintos. Para Aristóteles a repetição conduz ao hábito e

este a virtude. Segundo esta ideia, a criança se educa observando e repetindo os atos dos

adultos, desta forma vai adquirindo seus hábitos. O estado deve ocupar-se na formação da

cidadania. Para Aristóteles, na educação deve ter uma metodologia rigorosa, para aprender a

pensar, denominada lógica formal, através da análise, síntese, indução, dedução e analogia,

poderá ajudar a facilitar a ensinar e desenvolver o método lógico.

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EDUCAÇÃO NA IDADE MÉDIA

O longo período de mil anos, que caracteriza a Idade Média, vai de (476) com a

queda de Império Romano, até (1453) com a tomada de Constantinopla pelos turcos. A

escravidão se extinguiu no continente europeu, com o fim do Império Romano. Neste

sentido, não era mais necessário ter escravos para produzir um excedente que não podia ser

vendido, pois o comércio praticamente desapareceu. Cada latifúndio foi se tornando uma

unidade de produção autossuficiente, passando a produzir tudo o que necessitava. Também a

moeda perdeu o seu valor, porque o excedente de um feudo a outro se comercializava na

base da troca. As terras ficaram monopolizadas pelos senhores, seus vassalos e o clero,

tendo uma política de fidelidade de um para com o outro em troca de favores. Abaixo deles,

estavam os servos, camponeses e artesãos, que viviam nas terras dos nobres e dos clérigos,

pagando várias taxas, para utilizar os bens e máquinas dos senhores, bem como trabalhar um

período, sem receber, para sustentar a riqueza produzida pelo trabalho servil.

No mundo feudal, a condição social era determinada pela relação com a terra, e

por isso os que eram proprietários (nobreza e clero) tinham poder e liberdade. No

outro extremo, encontravam-se os servos da gleba, os despossuídos,

impossibilitados de abandonar as terras do se senhor, a quem eram obrigados a

prestar serviços (ARANHA, 2006, p. 103, 104).

Os servos e a maioria dos nobres não sabiam ler e escrever. Os únicos letrados eram

os monges. Tendo estes o domínio de praticamente toda a cultura durante todo o período da

Idade Média. Monge, portanto, era um religioso que vivia na solidão, em busca da perfeição

de sua alma, longe da vida mundana. “Surgiram então às escolas cristãs, ao lado dos

mosteiros e catedrais, e como conseqüência, os funcionários leigos do Estado passaram a

serem substituídos por religiosos, os únicos que sabiam ler e escrever” (ARANHA, 2006, p.

106).

Desde o século VII eram encontrados monastérios em todos os países europeus, pois

com o fim do Império Romano pagã, a Igreja não tardou de cuidar e tomar em suas mãos a

instrução pública, criando dois tipos de escolas monásticas:

As escolas monásticas para os oblatos, em que se ministrava a educação religiosa,

necessário para os seus seguidores, isto é, para os que iriam freqüentar a vida

religiosa e a outra para a “instrução” da plebe, que eram as verdadeiras escolas

monásticas. Nestas escolas, as únicas que poderiam ser freqüentadas pela massa,

não ensinava a ler e a escrever. A finalidade dessas escolas não era instruir a

plebe, mas familiarizar as massas campesianas com as doutrinas cristãs e ao

mesmo tempo, mantê-los dóceis e conformados (PONCE, 1992, p. 91).

Quem quisesse adquirir cultura e que fosse filho de nobre, só podiam satisfazer sua

curiosidade atrás dos muros dos conventos, para poder estudar. Mesmo assim, ao passo que

aprendiam a ler e a escrever, eram arrancados pelos seus pais, para se tornarem guerreiros.

Como “cavaleiro, investido pela Igreja como “bravo e leal”, como, “defensor de peregrinos,

viúvas e órfãos”, bem como, assaltar o domínio de seus adversários, saquear os seus

camponeses, roubar o seu gado e fazer alguns prisioneiros, para obter gordos resgates”

(PONCE, 1992, p. 94).

Os estudos medievais compreendiam:

- O Trivitum: gramática, dialética e retórica;

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- O Quadrivium: aritmética, geometria, astronomia e música.

No século IX, sobre a inspiração de Carlos Magno, o sistema de ensino compreendia:

a) Educação elementar, ministrada em escolas paroquiais por sacerdotes. A finalidade

dessas escolas não era instruir, mas doutrinar as massas camponesas, mantê-las ao

mesmo tempo dóceis e conformadas;

b) Educação secundária, ministrada em escolas monásticas, ou seja, nos conventos;

c) Educação superior, ministrada nas escolas imperiais, onde eram preparados os

funcionários do império (GADOTTI, 2004, pp. 52, 53).

Ao lado do clero, a nobreza também realizava a sua própria educação: seu ideal

era o perfeito cavaleiro com formação musical e querreira, experiente nas sete

artes liberais: cavalgar, atirar com arco, lutar, nadar, jogar xadrez e versificar. A

profissão da nobreza consistia apenas em cuidar de seus interesses, que se

reduziam a guerra. (GADOTTI, 2004, p. 55).

AS UNIVERSIDADES

As primeiras universidades desempenharam importante papel no desenvolvimento da

cultura. Nelas não havia estabelecimentos de ensino, e sim, vários alunos se uniam e

pagavam o professor, para ensiná-los, ou, vários professores se uniam para vender seus

conhecimentos.

A universidade mais antiga foi a de Salerno, na Itália, que oferecia o curso de

medicina no século X, na sequência, a universidade de Bolonha na Itália, no final

do século XI, especializada em direito e no século XII, a de teologia em Paris. Na

Inglaterra, destacam-se Cambridg e a de Oxford, com predominante interesse

pelos estudos científicos, matemáticos e astronomia (ARANHA, 2006, p. 110).

Foram fundadas ao longo da Idade Média oitenta universidades na Europa Ocidental.

A Escolástica atingiu o seu apogeu com a tradução das obras clássicas para o latim,

sobretudo com a produção de Tomás de Aquino.

A EDUCAÇÃO DAS MULHERES

Na Idade Média, as mulheres não tinham acesso à formação formal. A mulher

pobre trabalhava duramente ao lado do marido e, como ele, permanecia

analfabeta. As meninas nobres só aprendiam alguma coisa quando recebiam aulas

em seu próprio castelo. Nesse caso estudavam música, religião e rudimentos das

artes liberais, além de aprender os trabalhos manuais femininos, com os fins

maiores o casamento e a maternidade (ARANHA, 2006, p. 111).

As meninas que iam para os mosteiros muito cedo, aos seis ou sete anos, para se

tornar monjas. Dificilmente retornavam, porque segundo as escrituras, quem põe a mão no

arado não poderia olhar para trás. Muitas monjas se tornaram cultas, copiavam os livros

clássicos e os traduziam para o latim. Única congregação que se dedicou para a educação

feminina, foram os Agostinianos, entre as quais destacou-se: Hildegarda, pelo saber

religioso, escritora e conselheira de reis e príncipes. Num modo geral, os monges clérigos

foram únicos letrados e se apropriaram da cultura Greco-latina. Nos mosteiros dedicavam-

se na cópia de livros, sua tradução para o latim, bem como na construção de bibliotecas,

onde conservaram os clássicos gregos, cuidando de sua leitura, para a conservação da fé a

qualquer custo.

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A PATRÍSTICA

A filosofia dos padres da igreja trouxe grande importância ao pensamento medieval.

Tinha como função harmonizar a fé e a razão, compreender a natureza de Deus e da alma,

bem como os valores da vida moral. Destaca-se Santo Agostinho (354 – 430) bispo de

Hipona, dedicou sua vida a elaboração da filosofia cristã. Segue a linha de pensamento de

Platão, dizendo que:

O ser humano recebia de Deus o conhecimento das verdades eternas, o que não

significa desprezar o próprio intelecto, pois como o Sol, Deus ilumina a razão e

torna possível o pensar correto. O saber, portanto, não é transmitido pelo mestre

ao aluno, já que a posse da verdade é uma experiência que não vem do exterior,

mas de dentro de cada um. Isto é possível porque “Cristo habita no homem

interior”. Toda educação é, dessa forma, uma autoeducação, possibilitada pela

iluminação divina (ARANHA, 2006, p. 113).

Santo Agostinho converteu-se ao cristianismo, colaborando com a filosofia cristã,

escrevendo várias obras, entre as quais: a Cidade de Deus e Confissões. Sobre a educação

escreveu um pequeno livro De Magistro (do Mestre).

A ESCOLÁSTICA

Desenvolveu-se entre o século IX ao século XIV, tendo seu apogeu no século XIII.

Sendo chamada de Escolástica, por ser a Filosofia e a Teologia, ensinado nas escolas. A

Igreja Católica mantinha o monopólio da instrução, tendo três tipos de escolas:

A dos mosteiros onde os monges e monjas se dedicavam a copiar os livros

e a estudar a palavra divina; as episcopais, nas quais os bispos ensinavam o

direito canônico e a liturgia aos jovens com o objetivo de formar novos

padres; e as paroquiais, nas quais os padres ensinavam aos meninos as

primeiras letras e as leis do senhor (FEREIRA, 1993, p. 108).

Durante praticamente toda a Idade Média, o ser humano era visto como criatura

divina, que estava de passagem pela terra, sendo sua principal função, o cuidado da salvação

da alma e a preparação para a vida eterna. Para o Teólogo, a Filosofia tornou-se ensino

obrigatório, porque a razão estava a serviço da fé. “O embasamento para as argumentações é

fornecido pela lógica aristotélica, sobretudo pelo silogismo” (ARANHA, 2006, p. 115). A

escolástica recorreu à sistematização, fazendo cada vez mais o uso da razão. No século XII,

atingiu seu apogeu, sendo seu principal representante, o padre dominicano Tomás de Aquino

(1225-1274) seguindo a linha aristotélica, difundiu a fé cristã. Escreveu várias obras,

merecendo destaque a Suma Teologia. Para ele, a educação é uma atividade que torna

realidade aquilo que é potencial. Além desta obra, escreveu De Magistro, destacando a frase:

“Parece que só Deus ensina e deve ser chamado de Mestre”.

A HISTÓRIA DA PEDAGOGIA NO BRASIL

Com a descoberta do Brasil, em 1500, pelos portugueses, cria-se uma nova

espectativa de vida na Europa, especialmente em Portugal. Pois com a descoberta, Portugal

conquista os direitos de uma colônia, que se pode dizer do tamanho de toda a Europa. Diante

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de tamanha área de terra conquistada, o problema foi: como explorá-la? Pesquisar o que há

de importante nela e transferir essas riquezas para a metrópole portuguesa.

Penso que o primeiro grande problema foi o choque, devido à diferença de cultura

entre os portugueses e os nativos, os índios, como foram chamados. E para o espanto destes,

o que chamou a atenção, foi à quantidade de exploração de madeira, levada para Portugal,

dando-se a ela o nome da terra, Brasil.

De 15000 a 1549, não houve nenhuma tentativa de educação, a não ser, alguma

interferência dos hábitos e da cultura portuguesa sobre a dos índios e a deles, sobre a dos

portugueses, que aqui vieram.

Devido aos problemas políticos e religiosos na Europa, em 1549, os portuqueses,

resolveram investir na educação da vasta e rica colônia, facilitando desta forma sua

exploração, com a conquista dos índios, tornando-os dóceis para o trabalho e adeptos a fé

católica, promovendo-os para aumentar o número de católicos, contra o protestantismo que

crescia na Europa, especialmente na Alemanha e na Inglaterra, encabeçado por Martinho

Lutero, padre inconformado com a política da Igreja Católica, de modo especial, pela venda

das indulgências e a postura e atitude da inquisição.

A EDUCAÇÃO JESUÍTICA NO BRASIL

O Primeiro século de colonização do Brasil foi à preparação de terreno para o que

viria a se configurar como educação durante todo o período colonial, e o período

quinhentista foi o palco de atuação da missão evangelizadora jesuítica na colônia, e trazia no

seu bojo um caráter educacional e evangelizador. Neste trabalho, a catequese foi

compreendida como uma educação das almas, utilizada a serviço do projeto colonizador

europeu e foi essencial na formação da sociedade colonial brasileira. Os mecanismos

utilizados nessa empreitada foram os recursos da força do discurso presentes no teatro, na

“Doutrina Cristã” e na poesia anchietana, que eram apresentadas como representação de

mundo aos gentios.

A CHEGADA DOS PRIMEIROS JESUÍTAS NO BRASIL

Em 1549, chegaram ao Brasil os primeiros padres jesuítas, chefiados pelo padre

Manuel da Nóbrega, dando início a educação formal, sendo, portanto, a partir deste

momento que podemos falar, em um sentido próprio das idéias pedagógicas (SAVIANI,

2008, p. 15).

Junto com Manuel da Nóbrega, veio outros padres, em número de quatro, e dois

irmãos, com a missão conferida pelo rei de Portugal, de converter os gentios a fé católica, de

modo a ser ensinados nas coisas da santa fé, procurando inserir o Brasil ao mundo ocidental,

pela colonização, a educação e a catequese.

Quando aqui chegaram os primeiros jesuítas, já encontraram populações à séculos

estabelecidas, com toda uma organização social, cultural enraizada. Os quais viviam em

forma de um comunismo primitivo. Plantavam milho, mandioca, para sua subsistência, no

sentido de satisfazer as necessidades do grupo onde viviam. Sobre a base da propriedade

comum da terra. Além disso, tinham toda uma cultura, com rituais, festas, cerimônias de

iniciação dos jovens, bem como, a divisão sexual do trabalho. Cabendo as mulheres a tarefa

de plantar, manter a alimentação, cuidar das crianças. Aos homens, o preparo para a guerra e

a caça, bem como, transferir o legado cultural aos jovens.

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UMA PEDAGOGIA BRASÍLICA

Este período de educação jesuítica ocorreu de 1549 até 1599. Nesta primeira fase a

educação se deu pelo plano de instrução elaborado por Nóbrega, iniciando pelo aprendizado

da língua portuguesa, para os indígenas, na sequência, prosseguia a catequese com a

doutrina cristã, a escola de ler e escrever, cantos religiosos, música, que “culminava, de um

lado, com o aprendizado profissional e agrícola e, de outro, a gramática latina para aqueles

que se destinavam a realização de cursos superiores na Europa” (SAVIANI, 2008, p. 43). A

maneira mais fácil de agir sobre os índios adultos, foi conquistando as crianças, ensinando-

as, a leitura, as orações e alguns teatros. Assim pretendiam conquistar os índios adultos. Para

tal objetivo, chegaram a enviar crianças órfãs de Portugal, para que estas, em contato com as

crianças indígenas, ensinassem a elas a língua portuguesa. Com elas, conquistar os seus pais

e converter toda a tribo para a fé católica, sua disciplinação moral, tornando-os medrosos,

obedientes, sujeitos a receber o evangelho e a doutrina de Cristo.

Entre os primeiros catequizadores, destacou-se o padre José de Anchieta, que

aprendeu a língua tupi-guarani, escreveu vários autos, que correpondem as peças jesuíticas,

com intenção moral e cristã, confrontando nelas as forças do bem (Deus) e do mal

(Demônio).

UMA PEDAGOGIA JESUÍTICA – RATIO STUDIORUM

De 1599 a 1759, os jesuítas, de acordo com os interesses da metrópole portuguesa e

suas ligações com a Santa Sé, iniciaram novo ciclo de educação na colônia brasileira. Para

garantir a direção dos ensinos, a coroa portuguesa, adotou um plano de ajuda, dedicando a

Companhia de Jesus, aqui no Brasil, dez por cento de todos os impostos arrecadados, para a

construção dos colégios, sendo construídos em todas as regiões do Brasil, garantindo desta

foram, a alimentação, as viagens, vestuário, assistência hospitalar, estudos e construção de

casas para os padres jesuítas. Este recurso deu grande autonomia, prestígio e poder a

Companhia de Jesus.

Na célebre obra: Ratio Sturdiorum realçam com mais vigor o ensino, a educação

voltada para a defesa dos ideais e dogmas religiosos que preconizavam a essência

pedagógica. Combatem o movimento dos reformistas, hostilizam a ciência, a filosofia, a arte

e a vida moral, consideradas perigosas dentro da perspectiva da igreja e utilizando-se da

escola para formar os jovens tementes e obedientes como filhos de Deus e da Igreja.

A educação era exclusiva para os meninos. As meninas não recebiam praticamente

nenhuma educação, a não ser, aquela dada pelas mães, nos trabalhos domésticos e no ofício

de serem futuras mães. Dentro dos colégios, dava-se ênfase no ensino intelectual e moral das

crianças e jovens, estudavam os clássicos Greco-latinos, com o objetivo de aperfeiçoarem a

memória, a retórica, recomendando a repetição de exercícios para facilitar a memorização.

Os jesuítas tornaram-se famosos pelo empenho em institucionalizar o colégio

como local por excelência de formação religiosa, intelectual e moral das crianças

e dos jovens. Para atingir este objetivo, instauraram rígida disciplina, aplicada nos

internatos criados para garantir proteção e vigilância. Davam férias bem curtas,

para evitar que o contato com a família afrouxasse os hábitos morais adquiridos

(ARANHA, 2006, p. 129).

A pedagogia jesuítica privilegiava o exercício da memória e o desenvolvimento do

raciocínio, a formação do caráter, ênfase na formação de futuros padres, tendo por base o

intelecto, o conhecimento, marcado pela visão essencialista do homem (VEIGA, 2004, SP).

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A partir do Ratio Studiorum, os jesuítas praticamente esqueceram-se da educação dos

gentios, dedicando-se quase exclusivamente na educação filosófica e teológica, com o

objetivo de formar novos padres, para continuar a obra, diminuindo os ensinamentos de

Geografia, História e Matemática, bem como, os estudos voltados para a vida. Sendo

criticados por Marques de Pombal de ter apenas ensinado latim e outras tolices, algo distante

da realidade do povo da colônia, que não trouxe progresso, pois tratou de uma educação

elitista e universalista.

Universalista porque se tratava de um plano adotado indistintamente por todos os

jesuítas, qualquer que fosse o lugar onde estivesse. Elitista porque acabou

destinando-se aos filhos dos colonos e excluindo os indígenas, convertendo-se na

formação da elite colonial. Por isso os estágios iniciais previstos no plano de

Nóbrega (aprendizado de português, ler, escrever) foram suprimidos (SAVIANI,

2008, p. 56).

A pedagogia tradicional fundamentou a pedagogia jesuítica, caracterizada pela

concepção de que o homem é constituído de uma essência universal e imutável. Cabendo a

educação a empenhar-se para “atingir a perfeição humana na vida natural para fazer por

merecer a dávida da vida sobrenatural” (SAVIANI, 2008, p. 58). Fundamentada na corrente

filosófica do tomismo, que busca em Aristóteles a importância da vida cristã.

A educação era tida como ornamento de erudição, pois interessava apenas a classe

dirigente da sociedade, uma pequena minoria, sendo a educação literária, abstrata, afastada

da realidade, porque pretendia trazer o espírito europeu urbano, para o ambiente agreste

rural brasileiro.

No século XVII, os núcleos urbanos ainda eram pobres e dependentes das

atividades do campo, onde se encontrava a maior parte da população. Por

se tratar de uma sociedade agrária e escravista, não havia interesse pela

educação elementar, daí a grande massa de iletrados (ARANHA, 2006, p.

165).

A partir da expulsão dos jesuítas (1759) até o final da primeira Republica, não teve

grandes movimentos pedagógicos, por também terem sido poucas as mudanças na

sociedade colonial, no Primeiro Império e na Primeira República. Marques de Pombal, ao

despedir os jesuítas, podemos dizer que abandonou o Brasil, instituindo apenas algumas

aulas régias, com professores leigos, mal preparados, que pouco contribuiram para o

crescimento da educação. O pouco de educação que teve nesta época foi ministrado por

outras instituições religiosas, ou por leigos, educados pelos jesuítas, dando-se assim

continuidade da cultura jesuítica.

Na época da expansão cafeeira, por volta de 1870, na passagem do modelo agrário-

exportador, para um modelo urbano comercial exportador, o Brasil sofreu influência das

novas tendências pedagógicas que estavam acontecendo na Europa. Nasce um movimento

cada vez mais independente da educação religiosa, denominado de “iluminismo”, quando

nas escolas suprime-se o ensino religioso, passando o estado lentamente a assumir a

laicidade educacional. Destaca-se nesta fase, Benjamim Constant (1890) com forte

influência do positivismo. A classe dominante passa a ser a burguesia industrial, a qual

busca na escola disseminar sua visão burguesa de mundo e de sociedade, para manter-se

como classe dominante, implantando o sistema capitalista de produção.

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Após os jesuítas, não ocorreram no país grandes movimentos pedagógicos,

como são poucas as mudanças na sociedade colonial e durante o Império e

a República. A nova organização instituída por Pombal, pedagogicamente,

representou um retrocesso. Professores leigos começaram a ser admitidos

para as “aulas-régias” introduzidas pela reforma pombalina (VEIGA, 2004,

SP).

Na Primeira República, o governo federal ficou voltado ao ensino superior, ficando

as províncias e os municípios responsáveis pela educação inferior. Na esfera pública,

limitou-se ao Colégio Dom Pedro II, ficando praticamente os demais colégios, na esfera

privada. Com forte tendência a pedagogia tradicional, onde o professor ocupava o papel

central, o aluno era tido como alguém que não sabe nada e deve ser preenchido com

conhecimentos, sendo estes passivos, submissos, ouvintes, os conteúdos frios, sem

criatividade, caracterizando-se pela memorização, repetição, reprodução e cópias. A relação

entre professor e aluno era de forma autoritária, formando um aluno obediente. As

avaliações eram rígidas, formais, e muitas vezes orais. Estas foram às principais

características da educação na colônia brasileira, bem como, no Império, e na Primeira

República.

BRASIL: DE COLÔNIA A IMPÉRIO

A educação era regida pela tendência tradicional, valorizava o ensino humanístico e a

cultura geral, centrada no professor. Apresentava o adulto como homem acabado, a criança

como incompleta, ser imaturo, inacabado. Por isso o método era dirigir, orientar, a criança

imitar modelos, decorar. Valorizava-se a memorização, a retenção, a repetição, a disciplina.

O professor é o intermediário entre o aluno e os modelos, aconselha, dirige, treina, vigia e

disciplina. O professor sabe, o aluno aprende. O professor ensina e o aluno repete. A escola

é tida como um santuário, que não se contagia com o social, desvinculada do contexto

social, do presente e dos problemas. Local de preservação da cultura, dos modelos, dos

valores essenciais.

As primeiras medidas tomadas por D. João VI, a respeito da educação, assim que

chegou ao Brasil, em 1808, foram às escolas de nível superior para atender às necessidades

do momento, ou seja, formar oficiais do exército, da marinha, para a defesa da colônia,

engenheiros militares, médicos e a abertura de cursos oficiais de caráter pragmático

(ARANHA, 2006, p. 221). Sendo as seguintes:

-Academia Real da Marinha (1808).

-Academia Real Militar (1810).

-Cursos Médicos cirúrgicos (1808), na Bahia e no Rio de Janeiro. As Faculdades de direito

foram criadas no Primeiro Império.

Destacam-se também inovações no campo cultural, da criação da Imprensa Régia

(1808), a Biblioteca Nacional (1808), com sessenta mil volumes doados por D. João VI, o

Jardim Botânico (1810). O Museu Rreal, depois Nacional, a Escola Nacional das Belas

Artes 1816).

Em relação à educação nos três níveis de ensino, no Primeiro e no Segundo Império,

a sistematização dos primeiros níveis ocorreu sofrivelmente, por a educação ser elitista,

atendendo aos interesses da burguesia rural, não se importando com a educação da maioria,

predominantemente rural e escravos, pois os escravos estavam explicitamente excluídos,

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pelo parágrafo três do artigo 69, estavam entre aqueles que “não serão admitidos à matrícula,

nem poderão freqüentar as escolas” (SAVIANI, 2008, p. 132).

Em relação da organização da educação pública, previam-se três níveis: o primeiro,

uma escola primária dividida em duas classes: a primeira compreendia escolas de instrção

elementar, denominada escolas de primeiro grau; a segunda correspondia a instrução

primária superior, ministrada nas escolas de segundo graus. E uma isntrução secundária,

ministrada no Colégio D. Pedro II, com duração de sete anos.

A formação de professores, normalmente se dava na prática, onde os alunos que se

destacavam eram nomeados adjuntos e no final do treino, passavam por avaliação, e os

considerados aptos, podiam ser nomeados aptos, após seus dezoito anos de, professsor.

Desta forma dispensou-se as Escolas Normais, em 1854 porque não tiveram muito êxito,

muitas vezes as aulas eram ministradas por um único professor, substituindo-as pelos

professores adjuntos. Paralelamente a educação pública, em 1823, na Lei de 20 de outubro

de 1823, abria iniciativa à educação privada, “permitindo a qualquer um a abrir escola

independente de exame de licença” (SAVIANI, 2008, p. 140).

Portanto, podemos concluir que no Brasil império e na Primeira República, não

houve avanços na educação, pois, no Império, com um sistema capitalista exportador, com

mão-se-obra escrava, não queriam os senhores que seus trabalhadores soubessem ler e

escrever. Assim a elite colonial, continuou influenciando e mandando no regime

educacional, fazendo com que o governo intervisse pouco na educação, praticamente

exclusiva para os filhos dos latifundiários e estes ocupavam funções políticas, cargos

públicos, restando aos demais, praticamente como diz a gíria o PPP. Pão, pano e pau, para

tocar a lavoura e a pequena indústria que começava a surgir, bem como, a lavoura cafeira e

açucareira, etc. Entre 1840 a 1888, a média anual dos recursos financeiros investidos na

educação foi de 1,8% do orçamento do governo imperial (SAVIANI, 2008, PG. 167).

Visando a economia e o pouco interesse na educação pública, já em 1823, D. Pedro I, aderiu

ao sistema de ensino “Lancaster”, onde um professor com número elevado de alunos,

ministrava aula com a ajuda de um monitor, aluno mais adiantado da turma, o qual auxiliava

o professor, no ensino das classes numerosas (Educação Lancaster ou ensino mútuo).

OS PIONEIROS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

Logo depois de empossado, Getúlio Vargas, criou o Ministério da Educação e saúde

Pública, indicando Francisco Campos, para ocupar o ministério. Em 1931, baixou um

conjunto de sete decretos, conhecidos como Reforma Francisco Campos, destacando-se:

-Decreto nº 19850, de 11 de abril de 1931; cria o conselho Nacional de educação;

-Decreto nº 19851, de 11 de abril de 1931; que dispõe sobre o ensino superior no Brasil,

adota o regime universitário;

-Decreto nº 19890, de 18 de abril de 1931, dispõe sobre a organização do ensino secundário;

-Decreto nº 19941, de 30 de abril de 1931, que restabelece o ensino religioso nas escolas

públicas;

-Decreto nº 20158, de 30 de junho de 1931, organiza o ensino comercial, regula a profissão

de contador e dá outras providências (SAVIANI, 2008, p. 195, 19).

-Decreto nº 21241, de 14 de abril de 1932, consolida as disposições sobre a organização do

ensino secundário. “Com essas medidas, resultou de tratar a educação, pelo novo governo,

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como questão nacional, convertendo-se portanto, em objetos de regulamentação, nos seus

diversos níveis e modalidades, por parte do governo central” (SAVANI, 2008, p. 196).

Percebe-se aí, pela primeira vez a institucionalização do Ensino Religioso na escola

pública, no momento em que a tendência pedagógica tradicional começa a ceder espaço para

o escolanovismo, tendência esta em que o professor deixa de ser o centro das atenções,

colocando-se o aluno como alguém que é capaz, que sabe pensar e decidir o seu destino.

Neste movimento renovador destacam-se:

- Manuel Bergstron Lourenço Filho, ficando conhecido como Lourenço Filho. Nasceu no

dia 10 de março de 1897, em Porto Fereira. Estudou na Escola Normal de Pirassununga, São

Paulo. Em 1921 foi nomeado professor de Psicologia e Pedagogia na escola Normal de

Piracicaba. Em 1930 publicou um livro: Introdução ao Estudo da Escola Nova, sendo este

considerado o primeiro livro empenhado a divulgar o ideário renovador no Brasil.

Neste livro, em forma de lições, Lourenço filho empenhou-se a explicar o que se

deve entender por Escola Nova, onde aborda o caráter científico sobre o tripé: os estudos de

Biologia, de Psicologia e de Sociologia. Nele também foram tratados questões gerais sobre

os problemas da Filosofia da Educação e da política educacional. O movimento da escola

Nova teve como objetivo a reconstrução do sistema educacional dos sistemas públicos do

Brasil. Lourenço filho foi figura central na divulgação das idéias pedagógicas da Escola

Nova no Brasil, deixou escrito várias obras sobre educação. Morreu em 03 de agosto de

1970, pouco antes de proferir palestra sobre sua obra, no Ministério da educação e cultura

(SAVIANI, 2008, pp. 189 a 206).

- Fernando de Azevedo: as Bases Sociológicas e as Reformas do Ensino. Fernado de

Azevedo nasceu em 20 de abril de 1984, em São Gonçalo do Sapucai, Minas Gerais e

faleceu em 17 de setembro de 1974, em São Paulo. Estudou em sua cidade natal, no colégio

dos jesuítas. Em 1909, fez o noviciado na Companhia de Jesus, em 1914, decidiu deixar a

Ordem dos Jesuítas. Em 1918, ingressou no curso de direito, mas não se dedicou a

advocacia, optando pelo magistério. Paralelamente, dedicou-se ao jornalismo, pois, segundo

ele, em 1926, a educação se encontrava numa encruzilhada: “ou prosseguir nos rumos

antigos em que insistiam os conservadores e reacionários, ou investir para rumos novos, de

transformações radicais, de estrutura e finalidade” (SAVIANI, 2008, p. 208).

Tornou-se especialista em educação, além de Psicologia, Latim, lecionou também

Literatura. A convite do Presidente da República, tornou-se diretor geral da Instrução

Pública do Estado de São Paulo em 1933, onde promulgou o Código da Educação

Paulistana. Em 1934 foi nomeado Secretário da educação e Saúde de São Paulo. Foi autor de

vários livros, destacando-se: A Cultura Brasileira, Novos caminhos Novos Fins. Azevedo

recebeu uma formação clássica, do tipo Jesuítico, voltada para o campo especificamente

pedagógico. Suas obras pedagógicas, em grande parte autodidata, faz menção a Sociologia,

transitando pela literatura, política e economia. Sua adesão à Escola Nova, não foi embasada

em “escolas”, nem se submeteu a orientações individuais, nem copiou ideias de Dewey, não

adotou Decroly, nem Kerschensteiner. Para ele a Escola Nova envolvia três aspectos: escola

única, escola do trabalho, escola-comunidade.

No caso da reforma por ele implantada, a escola única foi entendida como formação

inicial, uniforme, uma formação comum, obrigatória, gratuita, com duração de cinco anos,

iniciando-se aos sete anos de idade. Tratava-se da escola primária.

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Quanto à escola de trabalho, levaria em conta a organização econômica, estímulo às

observações e interesses, satisfazendo sua curiosidade intelectual. O aluno observa,

experimenta, projeta e executa. O mestre estimula, acompanha, orienta. É um colaborador

que acompanha, contribui para estabelecer entre professor a aluno essa solidariedade efetiva,

que provêm do trabalho efetivo em comum.

Na escola-comunidade, postula que a escola seja organizada como uma comunidade

em miniatura, incentivando o trabalho em grupo, preferencialmente ao individual. No qual,

todos tem o dever de trabalhar, com sentimento de solidariedade que resulta na

responsabilidade de cada um em relação aos companheiros.

Assim a Escola Nova, busca desenvolver uma educação integral, articulada com a

educação física, moral e cívica, desenvolvendo nos alunos hábitos higiênicos, despertando o

sentido da saúde, a resistência e vitalidade físicas, a alegria de viver. Nesta proposta, seria

também instituída a orientação vocacional, por um profissional especialista, que ajudaria o

aluno a encontrar com mais facilidade um determinado ofício.

São características da Escola Nova: a maior liberdade para a criança, proporcionar

condições mais favoráveis para seu desenvolvimento natural, pela atividade livre e

espontânea, de que a criança é um ente essencialmente ativo e que as faculdades se

desenvolvem pelo exercício, e respeito à originalidade pessoal de cada criança. Centrada na

criança, no seu nível de compreensão e desenvolvimento psicobiológico. Valorizava-se o

presente, o aqui e o agora, o atual. A criança é considerada sujeito e não objeto da ação

educativa, observando-se o ritmo de desenvolvimento e as aptidões de cada criança no

desenvolvimento de atividades diferenciadas e individualizadas. O professor deve

acompanhar a criança, respeitá-la nos seus interesses, necessidades, expectativas,

motivações. Intervir o mínimo possível.

Seu aspecto social e socialista encontrou inspiração em Durkheim e Manheim.

Destacada na escola do trabalho em cooperação, onde o aluno individualmente deveria

encontrar prazer em trabalhar, estudar, sem esquecer de cooperar com os colegas. Fernando

de Azevedo deu início a Educação Popular, mergulhou-se nas classes pobres, buscando

prepará-las para um trabalho na indústria, que neste momento começou a expandir-se no

Brasil (SAVIANI, 2008, pp. 207 a 214).

Anísio Teixeira: As Bases Filosóficas e Política da Renovação Escolar. Nasceu em 1890,

na cidade de Caeté, na Bahia. Estudou em colégio dos Jesuítas, onde só meninos estudavam.

Em 1922, formou-se em Direito no Rio de Janeiro. Na vida profissional, deparou-se entre

duas opções: a vida eclesiástica e a política. Sua pretensão era seguir a vida eclesiástica, mas

por determinação de sua família, foi aconselhado a seguir á vida política, o que não seria

difícil, pois estaria simplesmente inserido na trajetória familiar que tinha presença

assegurada na tradicional política baiana. Acabou optando pela carreira de educador. “Ao

longo de sua trajetória essa opção foi posta à prova e sempre prevaleceu diante da alternativa

mais atraente” (SAVIANI, 2008, p. 218).

Em 1924, entrou para a vida pública, ocupando o cargo de Diretor de Instrução

Pública do estado da Bahia. Nessa condição, viajou para a Europa, Estados Unidos e várias

cidades do Brasil. Em 1931, tornou-se Diretor de Instrução Publica do Distrito Federal.

Onde pode por em prática suas idéias renovadoras, criando o Instituto de Educação e

transformou a escola Normal em escola de Professores. Esta escola contemplava o Jardim de

Infância, Escola Primária, e a escola Secundária. Tentou implantar o ensino obrigatório,

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criando bibliotecas escolares, cinema escolar. Em abril de 1935, criou a Universidade do

Distrito Federal e nela incorporou a Escola de Professores, com o nome de Escola da

Educação.

Anísio Teixeira publicou o livro Em Marcha para a Democracia, inspirado na

filosofia pragmática e a nova ordem científica de Dewey e Walter Lippman, enfatizando a

importância da educação para o público para a democracia. Em 1936, Anisio Teixeira, já

afastado da vida pública, por discordar dos rumos autoritários que a política brasileira ia

tomando. Publicou em 1936, o livro Educação para a Democracia e Introdução à

Administração Educacional. De 1936 a 1939, tentou traduzir livros de Wells, Adler e

Dewey, como se tratava de atividade intelectual, teve que ser interrompido, porque também

eram visados pela política ditatorial do Estado Novo. Anísio Teixeira desenvolve então suas

habilidades comerciais e industriais, dedicando-se por aproximadamente dez anos na

exportação de minérios, na Bahia. Terminada a Segunda Guerra Mundial, foi convidado

para ser conselheiro da educação superior na UNESCO, cargo que ficou até o final do ano

de 1946, quando demitiu-se para retornar a vida privada. Em 1947, com a abertura

democrática e o fim do Estado Novo, foi convidado pelo governador do Estado da Bahia,

para ser secretário da educação, ficando no cargo até 1951. Em 1952 assumiu também o

cargo do INEP, então denominado Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos, ficando no

cargo até 1964, quando em decorrência da ditadura militar, teve seus direitos políticos

cassados, afastado da vida pública, perdendo seus cargos, com exceção o de membro do

Conselho Federal de educação, cujo mandato se encerrou em 1968. Sua morte ocorreu em

circunstâncias obscuras em 1971.

Apesar de ter tido oportunidades de projetar-se em outras atividades, Anísio

Teixeira optou pela educação, elegendo-a como questão central no plano da

reforma da sociedade e da construção da nacionalidade brasileira que ele sempre

acalentou (SAVANI, 2008, pp. 218 a 221).

Anísio Teixeira, sempre considerou a educação como elemento essencial, para a

inovação e modernização da sociedade brasileira, agindo muitas vezes como revolucionário.

Em 1957 publicou: Educação não é Privilégio, em 1968, Educação é um Direito.

Portanto, Anísio Teixeira foi um grande intelectual, que participou da transformação

do Brasil, começando pela Revolução de 1930, sentiu também na pele a Segunda Guerra

Mundial, a Revolução de 1964. No entanto, nunca se candidatou a cargo político, preferindo

trabalhar pela educação, mesmo engajado no interior dos partidos políticos. “Para ele, o

dever primeiro dos partidos políticos, era difundir a cultura, esclarecer de forma honesta e

objetiva a população sobre os problemas do país e indicando soluções” (SAVIANI, 2008, p.

224).

O MANIFESTO DOS PIONEIROS

Realizado em 1932, foi uma tentativa de dar um basta à Educação Tradicional. Com

tentativa de implantar uma educação nova, pública, democrática e gratuita. Em lugar dessa

concepção tradicional, que servia aos interesses de classes, a nova concepção vem fundar-se

no caráter biológico que permite a cada indivíduo se educar, conforme lhe é de direito,

independente de razões de ordem econômica e social, proporcionando oportunidades

educacionais a todos os grupos sociais, para que todos se desenvolvam com cooperação e

solidariedade entre os homens. Sendo este o princípio onde se fundamenta a vinculação

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entre a escola com o meio social, e que é dever do estado garantir a educação com função

pública; escola única, laicidade, obrigatoriedade, gratuidade e co-educação. “A educação

torna-se essencialmente e primordialmente estatal” (SAVIANI, 2008, p. 245).

O estado deve organizar a escola e torná-la acessível, em todos os seus graus, a todos

os cidadãos, independentemente de sua condição econômica e social. O manifesto propõe a

aplicação da escola oficial a todas as crianças, dos sete aos quinze anos. Esta seria a escola

pública única, que asseguraria uma educação comum e igual para todos.

Os princípios biológicos da educação podem ser assim definidos: pela laicidade,

evitará que a escola seja perturbada pelas crenças e disputas religiosas; pela gratuidade, se

garantirá o aceso de todos nas escolas oficiais; pela obrigatoriedade se estenderá

progressivamente até os 18 anos, evitando que as crianças, por situação econômica ou

ignorância dos pais fiquem fora da escola; pela coeducação, não se permitirá a separação

dos alunos por sexo, envolvendo todos no processo da educação.

Inspirado na doutrina educacional de Dewey e Fiche, e como política educacional, a

Escola Nova visava defender a escola pública.

A REAÇÃO CATÓLICA

“Se a educação não pode deixar de ser religiosa, a escola leiga que, por princípio,

ignora a religião, é essencialmente incapaz de educar. Tal é o veredito irrecusável de toda a

pedagogia” (FRANÇA, 1931, p. 25), (SAVIANI, 2008, p. 257).

A principal bandeira da luta dos católicos, em 1930, foi o combate a laicização do

ensino, pois segundo o padre Leonel França, religião e pedagogia, caracterizam-se por

relação idissolúvel. Somente a escola católica seria capaz de reformar espiritualmente as

pessoas como condição e base indispensável à reforma da sociedade.

Para os católicos, tanto o monopólio estatal, como a laicidade, atentam contra a

ordem natural e divina. Reconhecem o papel do Estado, mas que sua função seria cuidar do

bem comum, e que a terefa educativa, deveria ficar por conta da igreja, fundamentados na

filosofia, a partir de Aristóteles e São Tomás de Aquino. E o ensino laico, choca-se, pelo seu

caráter empírico e histórico, com a moral e os sentimentos católicos, da maneira do povo

brasileiro. Em 1940, criam-se as universidades católicas, sobre a direção de Alceu Amoroso

Lima e o padre Leonel França. No mês de outubro de 1940, o Conselho Nacional de

Educação, autorizou o funcionamento das Faculdades Católicas, assinado pelo Decreto nº

6.409 de Getúlio Vargas.

Em 15 de março de 1941, foi criada a Pontifícia Universidade Católica do Rio de

Janeiro. Na sequência, outras universidades católicas foram criadas. Pelo decreto nº 9.632, a

de São Paulo, assinado pelo Presidente Dutra, em 22 de agosto de 1946, na sequência a PUC

do Rio Grande do Sul (1948), a PUC de campinas SAP. (1955), PUC de Minas em 1958, a

PUC do Paraná (1959), a Universidade Católica de Goiás (1960), de Petrópolis (1961), de

Salvador (1981), do Mato Grosso do Sul (1993), de Brasília (1994) (SAVIANI, 2008, p.

262).

Percebe-se forte tendência da Igreja Católica, frente também da política, com poderes

ditatoriais de Vargas, que agia contra a entrada do comunismo soviético, cabendo à elite

moralizante, conduzir o povo dócil, rejeitando a democracia liberal.

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No ano de 1938, Lourenço Filho promulgou as leis orgânicas do ensino, conhecido

como Reforma Capanema, com isso a estrutura educacional foi reorganizada, por meio de

oito decretos-leis, a seguir:

a) Decreto-lei nº 4.048, de 22 de janeiro de 1942, que criou o SENAI;

b) Decreto-lei nº 4.073, de 30 de janeiro de 1942, criando a Lei Orgânica do Ensino

Industrial;

c) Dcreto-lei nº 4.244, de 09 de abril de 1942, a Lei Orgânica do Ensino Secundário;

d) Decreto-lei nº 6.141, de 28 de dezembro de 1943, Lei Orgânica do Ensino Comercial;

e) Decreto-lei nº 8.530, de 02 de janeiro de 1946, Lei Orgânica do Ensino Primário;

f) Decreto-lei nº 8.531, de 02 de janeiro de 1946, Lei Orgânica do Ensino Normal;

g) Decreto-lei nº 8.631, de 10 de janeiro de 1946, que criou o SENAC;

h) Decreto-lei nº 9.613, de 20 de agosto de 1946, criou a Lei Orgânica do Ensino Agrícola

(SAVIANI, 2008, PG 268, 269).

O ensino primário elementar, de quatro anos foi acrescido de um ano complementar.

O ensino médio em dois ciclos: o ginasial, com quatro anos de duração, e o colegial, com

três anos, nos ramos secundário e técnico-profissional.

A reforma tinha caráter centralista, dualista, separando o ensino secundário,

destinado às elites condutoras, dando acesso e seguir carreira em nível superior, o do ensino

profissional, ao povo conduzido. O período compreendido entre 1932 a 1947, as idéias

pedagógicas no Brasil foram marcadas por um equilíbrio ente a pedagogia tradicional,

representada pelos católicos e a pedagogia nova.

Neste período, teve também influência das idéias pedagógicas soviéticas, de Pitrak e

Makarenko, junto com Nadeska K. Krupskaia, “que introduziram profundas alterações nas

concepções pedagógicas, com o objetivo de criar um novo homem, para transformar a

sociedade semifeudal com 80% de analfabetos, em um país industrial moderno” (ARANHA,

2006, p. 248).

“No Brasil, no campo da esquerda, o PCB, defendiam que em países como o Brasil,

era necessário realizar previamente a revolução democrático-burguesa para se chegar, no

momento seguinte, à revolução socialista, e daí ao comunismo” (SAVIANI, 2008, p. 272).

Em 1937 diplomaram-se no Brasil, os primeiros professores licenciados para o

ensino secundário, iniciando-se, segundo Fernando de Azevedo, uma nova era do ensino,

cujos professores até então eram autodidatas, ou egressos de outras profissões. Os

professores de Filosofia, também receberam formação didática e pedagógica, para o

professorado de ensino médio (ARANHA, 2006 p. 306).

O PERÍODO DA REPÚBLICA POPULISTA

De 1945 a 1964, o país retornou ao estado de direito, com governos eleitos pelo

povo, marcados pela esperança de um progresso acelerado.

Via-se então a franca esperança no desenvolvimento do Brasil (o mote de

Juscelino Kubitschek era (”50 em 5”). O período também foi fértil com

significativas contribuições culturais: o Cinema Novo, a Bossa Nova e a

conquista do futebol em 1958. Na educação, um debate nunca visto teve como

pano de fundo o anteprojeto da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), que levou 13

anos para entrar em vigor (ARANHA, 2006, p.309).

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Quando a Lei nº 4.024 (LDB) foi publicada em 1961, já se encontrava ultrapassada,

porque a economia do país que era praticamente agrícola passou por uma fase de

industrialização, necessitando de diferente preparação de mão-de-obra para o mercado de

trabalho. Para piorar a situação, 50% da população em idade escolar ainda se mantinham

fora da escola. Que país é esse? O ensino técnico, quer no setor industrial e comercial, ou

mesmo agrícola eram insuficientes, passando as empresas a treinar seus funcionários em

serviço, para satisfazer a demanda.

MOVIMENTO DE EDUCAÇÃO POPULAR

Nos viés da política e do desenvolvimento industrial do Brasil, percebeu-se a

necessidade de investir em aperfeiçoamento de mão-de-obra, tornando-se assim a escola

como uma grande aliada. O próprio direito ao voto fez com que políticos, procurassem

investir na educação, procurando-se vários programas para resolver problemas básicos da

leitura e da escrita, porém longe de erradicar o anlfabetismo no Brasil. “A educação passa a

ser vista como um instrumento de conscientização. A expressão ”educação popular,” assume

então, o sentido de uma educação do povo, e para o povo, visando controlá-lo, manipulá-lo e

ajustá-lo a ordem vigente” (SAVIANI, 2008, p. 317). Pretende-se desenvolver uma

educação genuinamente brasileira, visando à conscientização centrada na própria cultura do

povo.

Destacam-se nesta tendência as idéias pedagógicas de Paulo Freire, Pernambucano,

nascido em 1921. Diplomou-se em Direito em Recife, pela tradicional faculdade instituída

pela Lei de 11 de agosto de 1927. Paulo Freire foi autodidata, recebendo o cargo de doutor,

pela Universidade federal de Pernambuco, onde lecionou Filosofia e História da Educação.

Escreveu várias obras, entre elas, Educação e Atualidades Brasileiras; Educação como

Prática da Liberdade; Pedagogia do Oprimido.

Sua atuação e experiência em educação no Recife, ficou conhecido em âmbito

nacional. Em 1963, foi convidado pelo Ministro da Educação Paulo de Tarso, para presidir a

Comissão Nacional de Cultura Popular, no mesmo ano, assumiu também a coordenação

nacional de alfabetização.

Entretanto, com o golpe militar de 31 de março de 1964, interrompeu essa iniciativa,

bem com, toda a mobilização em torno da cultura popular. Exilado no Chile, em 1965,

concluiu o livro: Educação como Prática da Liberdade. Paulo Freire, na educação popular,

partiu de palavras geradoras, onde, a partir delas, os alfabetizandos iam identificando

vocábulos pela combinação de fonemas conhecidos, dando sequência, ao processo de

alfabetização.

Em seu livro Educação como Prática da Liberdade, “seu ponto de partida é o

entendimento do homem como um ser de relações que se afirma como sujeito de sua

existência construída historicamente em comunhão com os outros homens, o que o define

como um ser dialogal e crítico” (SAVIANI, 2008, p. 335). De volta do exílio, com o fim da

ditadura militar, ocupou o cargo de Secretário da Educação, da prefeitura de São Paulo, onde

prestou importantes trabalhos para a educação. Morreu em 1997, permanecendo seu trabalho

como referência nacional e internacional de uma pedagogia que visava à superação da

ignorância e da pobreza do povo, de modo especial, do povo brasileiro pobre, marginalizado

pelas políticas elitistas, que vê o povo como simples massa de manobra.

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ESCOLA NOVA

Jean Piaget (1896–1980), Psicólogo Suíço, estudou a construção do pensamento nas

crianças. Segundo Piaget, a criança passa por três períodos de desenvolvimento mental:

durante o estágio preparatório, dos 2 aos7 anos de idade, a criança desenvolve certas

habilidades, como a linguagem e o desenho. No segundo estágio, dos sete aos 11, a criança

começa a pensar logicamente. O período das operações mentais se estende dos 11 aos 15

anos, quando começa a lidar com abstrações e raciocinar com realismo acerca do futuro. De

acordo com Piaget, o papel da ação é fundamental, pois a característica essencial do

pensamento lógico é ser operatório, ou seja, prolongar a ação interiorizando-a (GADOTTI,

2004, p. 156).

A CRISE DA PEDAGOGIA NOVA

De modo geral, a década de 1960, foi de intensa experimentação educativa, com

predominância de concepção pedagógica renovadora, em 1967, cria-se o MOBRAL, Em

1968, pela Lei nº 5.540/68, a reforma universitária, com ampliação de vagas e a Instituição

do Sistema de Pós-graduação, chegando ao seu apogeu em 1969, sendo criada em 1971,

nova Lei de Diretrizes e bases da educação Nacional, Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971,

criando a reforma do ensino fundamental e médio, realizando-se no período mais violento da

ditadura do Presidente Médici. Os membros de grupos de estudos foram escolhidos pelo

coronel Jarbas Passarinho, então Ministro da Educação (ARANHA, 2006, p. 318).

Diz o artigo 1º da Lei nº 5.692/71: “O ensino de 1º e 2º graus tem por objetivo

geral proporcionar ao educando a formação necessária ao desenvolvimento de

suas potencialidades como elemento de autorealização, qualificação para o

trabalho e preparo para o exercício consciente da cidadania” (ARANHA, 2006, p.

318).

A escola primária deveria capacitar para realizar determinada prática. Na sequência,

o ensino médio teria como objetivo a preparação dos profissionais necessários ao

desenvolvimento econômico e social do país, de acordo com um diagnóstico da demanda

efetiva de mão-de-obra qualificada. O ensino superior, era atribuído a formação de mão-de-

obra especializada, requerida pelas empresas e preparar os quadros dirigentes do país.

Criam-se nesta fase cursos de curta duração, para resolver os problemas do momento, o que

trouxe prejuízos, porque colocou-se na escola professores desqualificados, que não puderam

contribuir com uma formação de qualidade ao povo brasileiro.

Politicamente, como estávamos na fase da ditadura, era como ainda é concebível, de

que quanto menos um povo pensa mais fácil é manobrá-lo. No momento, precisava-se de

trabalhadores que trabalhassem, não de pessoas que pensassem. Utilizando os meios de

comunicação de massa e novas tecnologias, como recursos pedagógicos (MOBRAL), com

financiamento vindo dos Estados Unidos (USAID), viabilizados pelos acordos com o MEC.

Com a entrada das multinacionais e capital estrangeiro, a preparação da mão-de-obra

foi viabilizada pela elevação da produtividade, sendo este modelo organizacional, conduzido

no campo da educação. “Difundiram-se as ideias relacionadas à organização racional do

trabalho (taylorismo, fordismo), ao foque sistêmico e ao controle do comportamento

(behaviorismo), que no campo pedagógico ficou sintetizada como pedagogia tecnicista”

(SAVIANI, 2008, p. 369).

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Com os investimentos estrangeiros, cria-se um clima de euforia: Brasil potência,

favorecida pela vitória na copa do mundo de 1970, no México, sobre a égide do

autoritarismo triunfante, que aprovou o projeto da Lei 5.692/71, que institui as diretrizes e

bases do ensino de 1º e 2º grau.

A CONCEPÇÃO PEDAGÓGICA TECNICISTA

Com base no pressuposto da neutralidade científica, inspirada nos princípios de

racionalidade, eficiência e produtividade, a pedagogia tecnicista conduziu o processo

educativo de maneira que torne objetivo e operacional. Modelando o comportamento,

condicionando o homem a ser passivo, submisso, com conteúdos preestabelecidos, prontos,

acabados, com estímulo e resposta, não permitindo margem para o desenvolvimento da

crítica, fundamentados na pedagogia de Pavlov, Skiner, Bacon, Hobes.

Na pedagogia tecnicista o elemento principal passa a ser a organização racional

dos meios, ocupando o professor e os alunos posição secundária, relegados que

são à condição de executores de um processo, cujo planejamento, coordenação e

controle ficam a cargo de especialistas supostamente habilitados, neutros,

objetivos, imparciais (SAVIANI, 2008, p. 383).

Do ponto de vista pedagógico, conclui-se que, se para a pedagogia tradicional a

questão central é aprender, para a pedagogia nova, aprender a aprender, para a pedagogia

tecnicista o que importa é aprender a fazer.

Os professores eram preparados com cursos de curta duração, História e Geografia

ficaram confinadas no curso de Estudos Sociais. Muitos cursos técnicos foram criados, mas

sem professores preparados, servindo qualquer um, para ensinar qualquer coisa, fazendo de

conta que a educação estava funcionando, que o governo estava fazendo a sua parte, os

educandos, aprendendo... Fase da educação compatível com a época da ditadura no Brasil,

quando se queria estudantes passivos, que não reclamassem, que pensassem pouco, mas que

produzissem muito.

A ESCOLA E A DIVISÃO CAPITALISTA DO TRABALHO

A divisão capitalista do trabalho é que define tudo o que ocorre dentro da escola. A

escola neste sistema só pode ser entendida e explicada através do que ocorre fora dos muros

da escola, separando trabalho manual e intelectual. “No primeiro preparando os

trabalhadores e empregados subalternos”. (operários, funcionários do comércio e de

escritórios, pessoal de serviços), condenados a realizar tarefas fragmentadas e serviços

(GADOTTI, 2004, p. 197). No segundo, a minoria, o quadro dos intelectuais, encarregados

das tarefas de planejamento e criação. A escola capitalista contribui para reproduzir e

aprofundar esta separação entre trabalhadores manuais, condenados a vender sua força de

trabalho por um salário irrisório e por outro lado, os formados para a elite, com bons salários

e poder de mando.

(...) A divisão capitalista do trabalho: a exploração dos trabalhadores; a extração

da mais valia; a desqualificação do trabalho; o vaivém do desemprego; o exército

industrial de reserva; a crescente dissociação entre trabalho manual e trabalho

intelectual; eis aí as verdadeiras causas que possibilitam explicar a estrutura e o

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funcionamento da escola capitalista. É preciso procurar na organização capitalista

do trabalho, isto é, fora da escola, as razões de sua divisão em duas redes de

ensino, com a conseqüente polarização operada entre as crianças (GADOTTI,

2004,pp. 197, 198)

Par os educadores, fica difícil entender que seu trabalho no interior da escola não é

regido pelos interesses da aquisição do conhecimento, mas, pelo que ocorre fora dela, regido

pelos interesses do sistema capitalista, e os interesses do mundo do trabalho no interior das

fábricas.

PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA

À escola cabe o papel de socializar o saber sistematizado, através de um currículo

que leve o aluno a assimilar de modo seqüenciado e dosado no espaço escolar, ao longo de

um tempo determinado, o saber sistematizado. Isto consiste o saber escolar.

A História da educação no Brasil, aparentemente, possui tendências bem definidas,

uma vez que nelas imprimem as marcas a Igreja, o Estado e hoje o mercado.

A Pedagogia Histórico-Crítica, como a atual proposta pedagógica de ensino no

Estado do Paraná, foi o resultado de muitos estudos com os professores da rede, priorizando

através das metodologias as diferentes formas de ensinar, de aprender e de avaliar.

A Pedagogia Histórico-Crítica está fundamentada no materialismo histórico dialético

e designa uma pedagogia preocupada com os problemas educacionais decorrentes da

exploração do homem pelo homem. Envolve a necessidade de entender a educação no seu

desenvolvimento histórico-objetivo, ao mesmo tempo em que articula uma proposta

pedagógica cujo compromisso seja a transformação da sociedade e não a sua manutenção.

Seus pressupostos partem da possibilidade de compreender a educação escolar, tal

como ela se manifesta na escola, a partir da concepção dialética da história como resultado

de um longo processo de transformação histórica.

Pedagogia Histórico-Crítica é o empenho em compreender a questão educacional

a partir do desenvolvimento histórico objetivo. Portanto, a concepção pressuposta

nesta visão da Pedagogia Histórico-Crítica é o materialismo histórico, ou seja, a

compreensão da história a partir do desenvolvimento material, da determinação

das condições materiais da existência humana (SAVIANI, 2000, p. 102).

A partir de 1979, esta análise começa a adquirir forma, quando se empreende a

crítica da visão crítica-reprodutivista e se busca compreender a questão educacional a partir

dos condicionantes sociais. ”Com efeito, a visão mecanicista inerente às teorias-

reprodutivistas considera a sociedade como um determinante unidirecional da educação”

(SAVIANI, 2000, p. 107).

Na proposta da concepção da Pedagogia Histórico-Crítica, busca compreender a

educação no seu desenvolvimento histórico-objetivo, cujo ponto de referência e

compromisso, “seja a transformação da sociedade e não sua manutenção, a sua perpetuação”

(SAVIANI, 2000, p. 108).

A produção de sua existência no tempo é o que chamamos de desenvolvimento

histórico. Que nada mais é do que o homem, agindo sobre a natureza, ou seja, trabalhando,

ele vai construindo o mundo histórico, cultural, o mundo humano. “A educação tem suas

origens nesse processo” (SAVIANI, 200, p. 109).

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No início, o homem trabalhava sobre a natureza coletivamente e a educação

coincidia com o próprio ato de agir e existir, com o trabalho. Neste comunismo primitivo, os

homens produziam a sua existência de forma coletiva, ou seja, apropriavam-se em comum

dos elementos necessários à sua existência. A partir do momento em que a terra passa a ser

propriedade de alguém e colocam outros a trabalhar para produzir a sua existência e a de

seus senhores, surge outra classe, a dos escravos, que cria o ócio de uns, sobre o trabalho

árduo dos outros. Uma classe que não precisa trabalhar para sobreviver porque o trabalho

dos outros garante a sua subsistência.

Surge aí à origem da escola como sinônimo do lugar do ócio, estudar para os gregos

era para quem não precisava trabalhar para produzir a sua subsistência e este tempo livre era

ocupado no lazer e na escola. Na Idade Média dizia-se o ócio com dignidade, isto é, a

maneira de se ocupar com o tempo livre de forma nobre e digno, quando o trabalho era

produzido pelo servo, que não podia ter ócio. O mesmo vem ocorrendo hoje, porque quem

pode usufruir do ócio, permanece mais tempo na escola, participa dos ginásios, praticando

esportes. Na sociedade culturalmente vão ocupar as melhores posições, pois a partir da Idade

Moderna, com o acúmulo do capital, quando os meios de produção passam a assumir a

forma de capital, o qual não inclui apenas as terras, mas os mais variados instrumentos de

trabalho. Surge então uma nova sociedade, chamada moderna ou capitalista ou burguesia.

Este desloca o eixo produtivo do campo para a cidade, da agricultura para a indústria.

E a classe dominante dessa nova sociedade, que é a burguesia, diferentemente dos

proprietários de terra, dos senhores de escravos da Antiguidade e dos senhores

feudais da Idade Média, não era uma classe ociosa. A burguesia não pode ser

considerada uma classe ociosa, ao contrário, é uma classe empreendedora, que

tem a necessidade de estar produzindo continuamente, para reproduzir

indefinidamente, de forma insaciável, o capital (SAVIANI, 2000, p. 111).

A educação, num sentido amplo, pode ocorrer em qualquer lugar: na família, na

igreja, nos clubes, grupos de jovens, formal e informal. Mas ao que se refere a Pedagogia

Histórico-Crítica é a educação a partir das bases históricas. O ato de ensinar é parte

integrante do ato educativo, o que significa fazer com que cada pessoa, possa se apropriar

dos conhecimentos historicamente acumulados, de maneira que toda a humanidade possa se

beneficiar, apropriando-se dos elementos culturais, necessários a sua humanização.

Portanto, se cada indivíduo se apropriar dos conhecimentos, o conjunto dos homens

conseguirá se apropriar de toda a história, humanizar-se, desenvolver suas aptidões,

construindo uma sociedade mais justa, sem classes sociais, onde todos possam se apropriar

dos bens produzidos pelo coletivo da sociedade, a partir do desenvolvimento da ciência e da

história, eliminando este leque de desigualdades existentes entre os homens. Socializando

para todos, o acesso ao conhecimento e aos bens produzidos, poderá se instaurar uma

sociedade socialista, eliminando as classes sociais, dando valor a escola como meio de

apropriar-se dos elementos históricos e científicos, sem ter medo de que uns serão marajás e

outros proletários empobrecidos, porque onde todos tem direito a cultura e aos bens

produzidos, não há necessidade do homem explorar seu próximo em benefício próprio.

Em outros termos, a escola tem uma função especificamente educativa,

propriamente pedagógica, ligada a questão do conhecimento; é preciso, pois,

resgatar a importância da escola e reorganizar o trabalho educativo, levando em

conta o problema do saber sistematizado, a partir do qual se define a

especificidade da educação escolar (SAVIANI, 2000, p. 114).

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Mas, como vivemos em uma sociedade de classes, com interesses opostos, a

educação para todos contraria os interesses de estratificação social, ocorrendo dessa forma,

pela classe dominante, a tentativa da desvalorização da escola, cujo objetivo é reduzir o

impacto em relação às exigências de transformação da própria sociedade.

Assim sendo, as comemorações nas escolas continuam espalhando-se o decorrer do

ano letivo, tais como; semana santa, dia das mães, dia da mulher, Tiradentes, festas juninas,

semana do folclore, dia do índio, dia dos pais, semana da Pátria, semana da criança,

independência do Brasil. Ao final do ano letivo, depois de todas estas comemorações,

podemos pensar; as crianças foram alfabetizadas? Aprenderam Matemática, Geografia,

História, Português, Ciências. São estes elementos clássicos que a criança precisa aprender

na escola, e, não tornar clássicas outras esferas no decorrer do ano letivo que não trazem

conhecimentos científicos.

LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL

A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, estabelece as diretrizes e bases da

educação nacional.

Em seu artigo sobre a Educação destacam-se:

Art. 1º. A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida

familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos

movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.

§ 1º. Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente,

por meio do ensino, em instituições próprias.

§ 2º. A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social.

Sobre os fins da educação nacional, destaca-se a quem é a obrigação sobre a

educação em nosso país.

Art. 2º. A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de

liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento

do educando, seu preparo para o desenvolvimento do exercício da cidadania e sua

qualificação para o trabalho.

Destaca-se ainda a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola,

liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, a coexistência de instituições

públicas e privadas, para garantir o ensino a todos, bem como, sua gratuidade nos

estabelecimentos públicos, a valorização do profissional da educação, a garantia de

qualidade da educação ofertada, tendo o Estado o dever de ofertar o Ensino Fundamental

obrigatório e gratuito, inclusive para os que não tiveram acesso a ele na idade própria,

progressiva extensão para a gratuidade ao ensino médio e superior, garantindo também o

atendimento na escola aos alunos que possuem necessidades especiais, com atendimento

especializado.

A Lei está muito bonita no papel, mas em muitas regiões do Brasil, está longe de se

tornar realidade, pois temos professores trabalhando em situações precárias, salas de aula

superlotadas, sem ventilação adequada, professores desprestigiados, mal remunerados, falta

de equipamentos, além de toda bagagem desumanizante, trazida pelos alunos, de suas

famílias para o interior da escola. Quando teremos uma educação de qualidade em nossas

escolas? “É preciso reconhecer a urgência da elevação do nível científico, cultural e técnico

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da população, para que se torna inadiável a universalização da escolarização básica de

qualidade” ( LIBÂNEO, 2009, P. 18).

CONSIDERAÇOES FINAIS

A educação, no decorrer da existência humana, sempre esteve presente na vida dos

homens. Em cada época da história, cumpria sua função social de auxiliar para a vida das

pessoas se tornarem mais fácil e prática, trazendo mais satisfação em viver. No entanto, em

cada momento histórico a educação sempre esteve voltada para os interesses dos grupos que

detinham o poder político, econômico, religioso. Na Antiguidade, os escravos, na Idade

Média, os servos, com seu trabalho criavam o ócio de seus senhores e, para estes era bom

que não soubessem ler e escrever. Com o advento do mundo moderno e o desenvolvimento

da sociedade, as escolas foram criadas para que, pessoas instruídas pudessem produzir mais

e produzir o ócio de seus senhores.

Com a Pedagogia Tradicional, a ideia era decorar, memorizar o máximo, centrado no

professor. Esta tendência foi muito forte, no Brasil começou com os padres jesuítas e

percorreu praticamente toda a trajetória da educação brasileira. A Pedagogia Nova,

influenciada por John Dewey, centrada no aluno teve caminho curto, pois nos anos de 1930,

época de sua implantação no Brasil, esteve permeada pela pedagogia que a antecedeu. No

início da década de 1970, foi suplantada pela Pedagogia Tecnicista, a qual pretendia

preparar mão de obra para a indústria crescente no Brasil. Na década de 1980, criou forças a

Pedagogia Histórico-Crítica, a qual pretendia implantar uma nova maneira de ser e viver no

Brasil, buscando suplantar o sistema capitalista, pelo socialista. Em termos de educação

pode-se dizer que não houve ruptura das tendências que a acompanharam. Percebe-se

também que o Estado quer que se aparelhem cada vez melhor os alunos com competências

para estarem preparados para o mercado de trabalho.

Quanto a minha dúvida, em relação ao conhecimento da História da Educação, com o

PDE, adquiri conhecimentos sobre o caminho pela qual a educação percorreu, e algumas

características de cada tendência pedagógica. Na escola onde trabalho, no grupo de estudos

que ministrei, na implementação pedagógica, os professores foram unâmides em confirmar

que tinham conhecimento limitado sobre a trajetória da educação. O mesmo também ocorreu

com a maioria dos professores do GTR, os quais através dos encontros, e interação no GTR,

tiveram oportunidade de adquirir conhecimentos sobre a História da Educação no mundo e,

principalmente do Brasil. Podendo assim levar melhores conhecimentos aos alunos de

escola pública, pois merecem receber educação de qualidade, pautada em conhecimentos

científicos.

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