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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO Superintendência da Educação Diretoria de Políticas e Programas Educacionais Programa de Desenvolvimento Educacional Mariusi Gonçalves da Cruz

O GRAFFITI COMO CONTEÚDO ESCOLAR:

TÉCNICAS, ELEMENTOS FORMAIS E

POSSÍVEIS DIÁLOGOS COM ALGUNS MOVIMENTOS ARTÍSTICOS

UNIDADE DIDÁTICA

CURITIBA 2011

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UNIDADE DIDÁTICA

Professora PDE: Mariusi Gonçalves da Cruz

Área de atuação: Artes

Professora orientadora: Profª Drª Elisabeth Seraphim Prosser

IES vinculada: EMBAP

Escola de Implementação: Colégio Estadual Tânia Varella Ferreira (Escola

De lotação atual)

Município: NRE – Maringá

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - CRYSE, Curitiba. In: PROSSER, 2010, p. 99

Figura 2 - TRIBAL, Curitiba. In: PROSSER, 2010, p. 100

Figura 3 - MAICO, Curitiba. In: PROSSER, 2010, p. 100

Figura 4 - MICKAY, CRESPO, HINOCENTE e outros, Curitiba. In: PROSSER, 2010, p. 101

Figura 5 - MICKAY, MEL e outros, Curitiba. In: PROSSER, 2010 p. 101

Figura 6 - GILR45 MNC, Curitiba. In: PROSSER, 2010. p. 101

Figura 7 - CIÚME, FEAR, FEBRE, Curitiba. In: PROSSER, 2010, p. 102

Figura 8 - ONZE, CRESPO, Curitiba. In: PROSSER, 2010,p. 102

Figura 9 - GNEZIS, CIÚME, Curitiba. In: PROSSER, 2010. p. 102

Figura 10 - MENTS, Curitiba. In: PROSSER, 2010,p. 103

Figura 11 - ESP, Curitiba. In: PROSSER, 2010, p. 103

Figura 12 – Estilos de letras

Figura 13 - SOEW, Curitiba. In: PROSSER, 2010, p. 105

Figura 14 - DOSE, Curitiba. In: PROSSER, 2010, p. 108

Figura 15 - SIEL, Curitiba. In: PROSSER, 2010, p. 109 Figura 16 - BAYCROC, Curitiba. In: PROSSER, 2010, p. 131

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Figura 17 - Atividade desenvolvida com alunos da 7ª Série do EF, do Colégio

Estadual Tânia Varella Ferreira / NRE – Maringá, pela Profa. Mariusi Gonçalves

da Cruz

Figuras 18 e 19 – A máscara ou estêncil. Pswboardshop

Figuras 20 – Uma intervenção urbana realizada com estêncil ou máscara.

Pswboardshop.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO......................................................................................

p.6

2. O GRAFFITI.......................................................................................... p.7

2.1 Assinaturas, tags, letras grafitadas, pichação, bomb, wild style, graffiti

3D, personagem, graffiti com máscaras e spray, graffiti artístico............

p.08

2.2 Técnicas: desenho, pintura, estêncil.....................................................

p.10

3. O GRAFFITI COMO CONTEÚDO ESCOLAR E O ENSINO DA

ARTE.....

p.11

4. A UNIDADE DIDÁTICA.........................................................................

p.15

5. ATIVIDADES......................................................................................... p.17

5.1 A tag.................................................................................................... P18.

5.2 O throw-up........................................................................................... P19.

5.3 Wild style............................................................................................. p.21

5.4 Significados e mensagens...................................................................... p.24

5.5 O personagem...................................................................................... p.25

5.6 O estêncil............................................................................................. p.30

5.7 Graffiti e pichação................................................................................

p.33

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................

p.34

REFERÊNCIAS. p.35

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1. INTRODUÇÃO

Olhar os muros, descobrir os lugares... (RAMOS, 1994)

O graffiti enquanto manifestação do jovem na atualidade, constitui uma

temática relevante para o estudo de arte em sala de aula. Nesta Unidade Didática,

destacamos alguns conteúdos acerca desse modo de fazer artístico.

O graffiti é uma expressão que vem tomando as paredes e muros das cidades

com suas formas e coloridos. Presente na formação visual dos jovens, provoca e

transforma os olhares. Pela sua grande presença na maioria das cidades, é

impossível a escola ignorar essa manifestação artística.

Muitos ainda acham que o graffiti “suja a cidade” e o entendem como pichação,

como uma forma de expressão ofensiva à ordem social e/ou destruidora do

patrimônio público. Do ponto de vista dos seus autores, porém, o graffiti é uma

forma de participação no meio social que utiliza a arte para expressar opiniões e

posicionamentos de vida. Nossos jovens gostam e se identificam com este estilo

de arte, sendo este conteúdo solicitado por eles nas aulas de artes. Assim, nesta

Unidade Didática, temos como objetivo organizar alguns conteúdos sobre o tema

e propor algumas atividades e questões que possam colaborar para a

compreensão desta linguagem popular e querida, bem como servir de ponte para

conhecimentos específicos dos conteúdos de Arte.

Além de especificidades como arte de rua, universo ao qual pertence o graffiti,

é possível estudar, a partir dele, conteúdos estruturantes da linguagem visual. Os

alunos se identificam com suas cores vibrantes, seu estilo e seus conteúdos.

Nesse sentido, se o graffiti os sensibiliza, pode então, tornar-se importante

ferramenta para apurar e educar esteticamente os olhares dos jovens. Por isso,

acreditamos que a articulação entre sua leitura visual, técnicas e conceituação

venha a contribuir para uma melhor fruição não apenas desta expressão criativa,

mas da arte de modo geral.

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2. O GRAFFITI

O universo do graffiti é composto de vários estilos e técnicas, que recebem

uma nomenclatura específica, criada pelos seus autores. Segundo Souza, Fialho e

Araldi (2005, p. 14), “graffiti é a expressão plástica, representada por meio de

desenhos ou mensagens sobre qualquer assunto, feitas com spray, rolinho e

pincel em muros ou paredes. Sendo considerado por muitos uma forma de arte,

diferente do picho, que tem a função de apenas deixar uma marca. O graffiti é

usado por muitos como forma de expressão e denúncia”. O graffiti, como arte de

rua, expressa em sua linguagem muito além do visível. Ele se compõe de técnicas

específicas, sendo o desenho e a pintura usados de formas peculiares.

2.1 As assinaturas

As assinaturas são muito trabalhadas e estudadas pelos artistas do graffiti e

elas funcionam como marca expressiva de seu autor. A origem do graffiti atual

como manifestação artística é estadunidense e, por isso, muitos dos termos

utilizados são na língua inglesa. A seguir registraremos algumas informações

sobre as particularidades de alguns estilos de assinaturas:

A tag é uma assinatura, é o próprio nome (geralmente um pseudônimo) do seu

autor, uma marca. É a sua assinatura personalizada e pode conter mensagens

sutis e, por vezes, enigmáticas. Pode incorporar as iniciais do artista ou outras

letras. É a assinatura do autor de um graffiti, ou a assinatura solta pelos muros,

que muitas vezes chamamos de pichação.

No bomb, o grafiteiro usa letras rápidas em duas dimensões, às vezes gordas

e arredondadas, às vezes angulosas. Nele são utilizadas normalmente duas

cores. A primeira, que cobre toda a letra; e depois outra, com a qual é feito o

contorno. Em todos os estilos do graffiti, o contorno é a última coisa a ser

realizada.

Wild Style é um estilo mais complexo de assinatura. As letras acabam sendo

distorcidas com a adição de setas e outros elementos, que tornam a assinatura de

difícil leitura.

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Grafite 3D é aquele que passa a ideia de profundidade, com o uso de

sombras. Para esta modalidade, o grafiteiro ou writer precisa ter uma técnica

bastante apurada e destreza na combinação de cores e de formas.

Personagens: outra característica do graffiti é a presença de personagens que,

segundo Prosser (2010, p. 107-108), juntamente com as assinaturas, foram

incorporados pelo graffiti desde a sua origem. De acordo com a autora, o uso dos

personagens no graffiti rapidamente marcou presença e se transformou em marca

expressiva cheia de emoção. Muitos personagens são adaptados das histórias em

quadrinhos, da charge e da caricatura, outros criados a partir da observação da

realidade. Ela afirma: “das HQ, os grafiteiros adotaram os contornos e as cores

fortes e chapadas; da caricatura, o traço sintético, distorcido e as expressões

exageradas; e da charge, o humor crítico”.

Estêncil: além de trabalharem diretamente sobre os muros, paredes e outros

suportes, os grafiteiros também usam a máscara, ou o estêncil, que é um modelo

recortado em papelão ou em folhas de acetato, que é colocado sobre a parede e

leva um jato de spray ou é pintado com um rolinho. Ao se tirar o estêncil, fica a

figura recortada. É uma técnica que facilita a execução e a disseminação de uma

marca individual ou de grupo, porque, na rua, é de rápida execução.

Graffiti artístico ou livre figuração – envolve tanto assinaturas elaboradas

quanto os personagens, figurações.

De modo geral, os artistas de rua treinam a sua assinatura, criando novas

maneiras de escrevê-la. Ao mesmo tempo, adquirem noções básicas do desenho,

que é um processo de construção individualizado. Muitos migram da assinatura

para o personagem. Sua habilidade depende de tempo, persistência e prática. As

assinaturas ou tags trazem particularidades individuais do artista, por isso a

importância da construção expressiva em cada assinatura.

Como se pode observar, o graffiti é uma expressão que tem muitas

especificidades, mas a base é sempre a assinatura e/ou o personagem. Assim,

em apenas uma Unidade Didática, composta de mais ou menos 8 a 10 aulas, não

é possível explorar na sala de aula todos os conteúdos que a temática propõe.

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2.2 Técnicas: desenho, pintura, estêncil

São vários os materiais e as técnicas usadas na arte de rua, as mais

importantes são o desenho e a pintura, diretamente aplicadas sobre o suporte

(geralmente um muro, uma parede, um portão), ou o estêncil, que tem como

resultado, a figura em negativo.

2.2.1 Desenho

O desenho é uma técnica artística de produção de trabalhos bidimensionais. É

um processo onde uma superfície é marcada por um lápis, caneta ou pincel,

resultando uma composição bidimensional por meio de linhas, pontos e formas. A

imagem obtida é chamada de desenho. Assim como é a base de qualquer

manifestação pictórica, também no graffiti é de fundamental importância. Prova

disso é o grande número de rascunhos e esboços tanto das assinaturas quanto

dos personagens, que podem ser encontrados nos cadernos de cada grafiteiro.

2.2.2. Pintura

Para pintar uma superfície qualquer, podemos usar pincéis, brochas, espátulas

etc. No caso do graffiti usa-se o spray, cujo jato de tinta é aplicado diretamente à

superfície. São usados também tinta latex e rolos, bem como canetões. Muitos

artistas de rua, ainda, improvisam seu material. Podemos relacionar o graffiti com

a arquitetura e o espaço da cidade.

2.2.3. Estêncil

É um negativo recortado em papelão ou plástico resistente, formando uma

máscara. Esta máscara é fixada sobre o suporte onde será feito o trabalho

artístico e recebe a tinta que pode ser em forma de spray ou mesmo aplicada com

rolo ou espuma. O estêncil é uma técnica bastante usada e divulgada entre os

artistas do graffiti. É também chamado de molde vazado. É uma técnica antiga

de estampar e de fácil execução. Por meio de recortes abertos nos moldes,

transferem-se motivos cheios de cor sobre paredes, objetos, tecidos etc.

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3. O GRAFFITI COMO CONTEÚDO ESCOLAR E O ENSINO DA ARTE

O estudo do graffiti permite explorar no ensino conteúdos presentes nas artes

visuais. Possibilita estudar os elementos formais que definem a estrutura da

linguagem artística e a organização dos conteúdos específicos. Ajuda a

compreender as especificidades dessa manifestação no espaço da cidade, em

toda a sua singularidade.

Ao mesmo tempo que se pode partir do graffiti para compreender esses

elementos básicos, à medida que os alunos adquirem esses conhecimentos

poderão estabelecer novas relações e experimentar outros modos de olhar as

expressões artísticas com que se deparam em seu cotidiano, entre elas, o próprio

graffiti.

Enquanto o professor propicia atividades em torno das assinaturas e dos

personagens, poderá, também abordar outros elementos como:

3.1 Elementos formais

Elementos formais da arte são os recursos usados na elaboração de uma obra.

Segundo as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná (2006, p. 54), são os

elementos que usamos para a produção de todas as formas da arte. A seguir

descreveremos brevemente alguns elementos que podemos estudar com o graffiti.

3.1.1. A Forma e a Estrutura

A forma constitui o aspecto exterior das coisas e se define visualmente por

seus limites, que são dados por linhas (contornos) e superfícies, configurando em

alguns casos um volume por meio da técnica do claro escuro. O formato simétrico

da composição sugere um efeito de equilíbrio, estabilidade e repouso, mas

quando o centro da atenção é colocado no alto, embaixo, à direita, à esquerda, há

maior dinamismo e uma ideia de movimento.

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3.1.2 A linha

A linha pode ser utilizada para construir a forma de um objeto. No caso do

graffiti, constitui uma linha de contorno. Pode também ser utilizada para dar ideia

de direção e de movimento, e pode traduzir estados de ânimo como, por exemplo,

monotonia, suavidade, nervosismo etc. A linha também pode ser utilizada para

criar texturas e, por meio da técnica do claro-escuro, criar volume.

3.1.3 Cor e a Luz

As cores apresentam três características básicas/ matiz, tom e intensidade. O

matiz é o que nos permite identificar uma cor; o tom nos permite identificar se uma

cor e mais clara ou mais escura; intensidade se uma cor tem maior ou menor

brilho. Quando estudamos cor/luz nos referimos ao vermelho, ao verde e ao azul

escuro. Quando estudamos cor/pigmento, temos as primárias magenta, ciano e

amarelo.

3.1.4 Superfície

As superfícies são os suportes ou bases que recebem a expressão do artista.

Sua preparação é tão importante quanto o acabamento. O preparo prévio das

superfícies contribui para um bom resultado final da ação dos produtos que serão

utilizados, como as tintas, os vernizes ou outros materiais aderentes. Devemos

evitar realizar pinturas em lugares com poeira. As superfícies devem estar

completamente secas e sem resíduos de manchas de óleo ou gordura. Se for o

caso, limpar com solvente ou lixar a superfície.

3.2 Composição

De acordo com as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná (2006, p. 54),

composição é o processo de organização e desdobramento dos elementos

formais, que resulta numa produção artística.

Segundo Ostrower (1983, p. 65), os elementos formais – linha, superfície,

volume, luz e cor – “não têm significados preestabelecidos, nada representam,

nada descrevem, nada assinalam, não são símbolos de nada, não definem nada –

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nada, antes de entrarem num contexto formal”. São o planejamento, o propósito e

a intencionalidade que levam tais elementos a serem expressivos ou não. Compor

significa formar ou construir algo com partes diferentes.

As composições podem ser bidimensionais quando apresentam duas

dimensões (altura e largura) e são representadas no plano, por meio de desenho,

pintura, gravura, fotografia e técnica mista; e podem ser tridimensionais, quando

apresentarem três dimensões (altura, largura e profundidade), como na escultura.

Sugerimos o estudo de alguns elementos de composição.

3.2.1 Figura fundo

É a relação estabelecida entre a forma mais destacada de uma imagem e o

seu entorno. A parte mais importante visível recebe o nome de figura e as outras

partes da imagem serão o fundo, isso nos faz perceber as relações de

espacialidade nas imagens bidimensionais.

3.2.2 Forma e representação

É a delimitação de alguma representação simbólica, por meio de uma linha

fechada e dentro de um espaço visual. Existem três formas básicas: o triângulo, o

quadrado e o círculo, sendo as demais derivadas destas. Também com os

recursos de luz e sombra podemos dar a ilusão de volume ou profundidade na

representação.

Na representação das formas, as imagens podem ser mais ou menos reais, o

que nos leva a distinguir uma composição figurativa de outra abstrata. Podemos

também considerar a estilização e a deformação. Para Prosser (2009), no graffiti,

como são usados como suportes muros ou paredes, as questões da verticalidade

ou da horizontalidade são importantes para o artista. Este, na maioria dos casos,

estabelece uma relação pessoal com aquele suporte, levando em conta o local em

que pinta, e, muitas vezes, as interferências visuais decorrentes de muitas ações

do homem. Ele, inclusive, aproveita e se apropria desses elementos,

incorporando-os ao seu trabalho. Assim, suas dimensões e o seu formato se aliam

aos outros elementos que compõem o lugar.

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3.3 Diálogos entre graffiti e histórias em quadrinhos

O graffiti e as histórias em quadrinhos são linguagens da era moderna: a

palavra graffiti é empregada, atualmente, para indicar as assinaturas e os

personagens no espaço urbano, realizados com spray, látex, canetões e outros

materiais. Já o termo quadrinhos é associado à produção e à publicação de

narrativas visuais, nas quais os personagens são elaborados com traços rápidos e

sintéticos. Essa mesma característica é encontrada também nos personagens da

arte de rua. Mesmo na origem do graffiti, nos EUA, nas décadas de 1960-1970, os

personagens já desempenhavam papel relevante: “muitos deles eram apropriados

e adaptados das histórias em quadrinhos, outros do mundo real. Logo, a criação

de personagens tomou tal vulto que se transformou em figuração livre, cheia de

surpresa e força emotiva”. Assim, “das HQs são apropriados os contornos fortes e

marcados, os traços rápidos, a economia de meios que corrobora a expressão, as

cores chapadas e, mesmo, alguns personagens” (PROSSER, 2010, p. 107).

Assim como ocorre com o graffiti, as HQ também ocupam um lugar

privilegiado no gosto artístico e literário dos jovens. Podemos dizer que a

combinação entre texto e imagem desperta o interesse e a criatividade. Então,

estabelecer um diálogo entre o graffiti e as histórias em quadrinhos pode tornar-se

um argumento rico para explorar conteúdos dessas duas manifestações artística,

tão próximas do dia a dia dos alunos.

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4. A UNIDADE DIDÁTICA

Nesta Unidade Didática, trataremos o graffiti como uma expressão da arte

contemporânea, que em seus conteúdos pode favorecer aprendizagens e

despertar o interesse dos jovens no trabalho escolar. Nas manifestações artísticas

ao longo da história, os artistas romperam barreiras por meio da Arte. Revelando

formas de reconstrução das ideias e modos de se entender a realidade. Assim,

como metodologia, partiremos sempre da observação da arte de rua,

particularmente o graffiti, para estudar alguns elementos da linguagem visual e da

composição.

No decorrer desta Unidade, indicaremos práticas relacionadas à aprendizagem

das assinaturas, tags, criação de personagens por meio de algumas técnicas de

desenho, ou de caricaturas, passos para se fazer estêncil ou máscaras e algumas

dicas de pintura. Para tanto, utilizaremos materiais como canetões e canetinhas

hidrocor, borracha, reproduções de graffiti, cartolina comum, papel craft, cartões

em tamanhos 15 x 20 cm, folhas de acetato (podem ser exames antigos de Raio

X) para estêncil, tesoura, cola, tinta latex, spay, pincéis, lápis de desenho 2B, 4B,

6B.

A avaliação das atividades será realizada pela apresentação em forma de

painéis da atividade prática e dos resultados obtidos, e mediante a discussão do

conteúdo com o grupo sobre a produção final e seu processo.

O professor pode ainda explorar outros conteúdos que achar necessários e

estabelecer outras possíveis relações entre o graffiti e os aspectos curriculares

essenciais da disciplina de arte.

A articulação que a arte de rua possibilita com os conteúdos escolares é

bastante abrangente pela carga de conhecimentos e informações que traz.

Entretanto, não é possivel destacar neste espaço todos os conteúdos contidos

neste fazer. Sabendo disso, enfatizaremos alguns conteúdos que julgamos

possíveis de serem abordados. Assim, paralelamente aos conteúdos específicos

do graffiti, poderão ser trabalhados nesta Unidade Didática:

Elementos formais: forma e a estrutura; a linha; textura; cor e a luz;

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Composição: figurativa, estilização, formato quadrado, retangular, circular;

bidimensional;

Diálogos entre o graffiti e as HQ, criação de personagens, técnicas de estêncil,

desenho e pintura.

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5. OS CONTEÚDOS DAS ATIVIDADES

As atividades terão por base o desenho e serão desenvolvidas por meio do

treino das assinaturas ou tags, bomb, wild style, graffiti 3D; da criação de

personagens, técnica do estêncil ou máscaras e pintura.

Os elementos estruturais da forma e composição serão abordados conforme

for necessário e se apresentarem durante as aulas.

5.1 AULA 1

Nas assinaturas ou tags, de acordo com Prosser, percebe-se grande

diversidade de técnicas e estilos de escrita dos codinomes. Entre os próprios

artistas de rua, as assinaturas recebem nomes diversos, de acordo com sua

complexidade. A autora afirma que em todas há criatividade e, mesmo nas mais

rudimentares [...] há senso estético e preocupação com a forma e a composição.

O tag reto (Fig. 1) é uma criação brasileira. É escrito rapidamente, cheio de

ângulos, os quais, segundo seus autores, são fruto da elaboração, estudo e certos

cuidados na sua realização (como o tamanho e a distância entre as letras, a

direção e a forma dos traços etc.), portanto envolvem critérios artísticos.

Como já dissemos, as assinaturas são expressões personalizadas, logo não

se copia, mas se pode explorar o “próprio” tag.

Pode-se destacar e dar ênfase nos critérios descritos em relação ao tamanho,

distância, direção e forma do traçado da assinatura. A construção com uso da

linha quebrada é predominante, o que resulta em várias angulações e algumas

linhas curvas como detalhes do estilo. O movimento é quebrado e se direciona

para a esquerda e direita.

Figura 1 - CRYSE, Curitiba. In: PROSSER, 2010, p. 99.

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A tag a seguir (Fig. 2) é considerada bem simples. É construída apenas por

traços, feitos rapidamente e geralmente em locais não autorizados.

Figura 2 - TRIBAL, Curitiba. In: PROSSER, 2010, p. 100.

Figura 3 - MAICO, Curitiba. In: PROSSER, 2010, p. 100.

Na Figura 3, verificamos a fusão das letras com números, sendo isso um

diferencial na assinatura. Isso faz com que ela se personalize e tenha uma

identidade própria. É importante nos determos ao observar as assinaturas, para

que nada nos escape, olhar uma assinatura do graffiti rapidamente é ignorar a

riqueza que ela pode conter.

Atividade

Objetivo: Criar e treinar a assinatura do próprio nome, por meio da escrita

personalizada, tendo como base o tag reto e o tag simples.

Conteúdo: Tag reto e tag simples.

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Agora vamos experimentar: podemos utilizar os canetões, canetinhas ou lápis

e os cartões. Vale destacar alguns critérios quanto aos tamanhos e direções das

letras, a espessura e tipos das linhas (quebradas, ondulada, mistas) etc. Incentive

que cada aluno crie sua própria assinatura. Se ele quiser, pode escolher um

apelido. As letras podem ser desenhadas primeiro isoladamente e depois unidas;

ou se pode escrever o nome todo de uma vez. Um detalhe não pode escapar, uma

assinatura é algo que deve fluir com naturalidade, portanto treinar e experimentar

muitas vezes é fundamental.

Obs.: Para esta atividade é importante mostrar outras assinaturas ou tags,

quanto maior o repertório de informações visuais oferecido aos alunos, melhores

serão os resultados.

5.2 AULA 2

Throw-ups são assinaturas, segundo Prosser (2010, p. 100), que apresentam

poucas linhas e geralmente em uma ou duas cores. Em inglês esta palavra

significa vômito, jato, feito às pressas e em lugares ilegais. As formas neste tipo de

assinaturas são mais orgânicas. Podem ter linhas angulosas ou curvas. Algumas

resultam em letras arredondadas, gordas ou em forma de bolhas. As linhas são

geralmente fechadas, resultando formas variadas dentro de uma mesma

assinatura. Há também uma variação quanto aos tamanhos e direções. Se no tag

reto e no tag simples, já é necessário lançar um olhar mais demorado para sua

compreensão, no estilo throw-ups, esta observação deve ir além.

Vamos observar algumas destas assinaturas:

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Figura 4 - MICKAY, CRESPO, HINOCENTE e outros, Curitiba. In: PROSSER, 2010, p. 101. Figura 5 - MICKAY, MEL e outros, Curitiba. In: PROSSER, 2010, p. 101. Figura 6 - GILR45 MNC, Curitiba. In: PROSSER, 2010, p. 101.

Na Figura 4, podemos observar que a assinatura vem acompanhada de

algumas estrelas e pequenos arabescos. Na Figura 5, setas, corações e um

personagem de olhos fechados acompanham a assinatura que se destaca por

sombreados em cores mais fortes.

Na Figura 6, a assinatura recebe um tratamento especial: as letras apresentam

texturas, as formas são preenchidas com listas, estrelas, bolinhas e outros sinais.

As cores são variadas e dispostas de maneira que uma destaca a outra.

Atividade

Objetivo: Treinar a assinatura do próprio nome, por meio da escrita personalizada,

utilizando diferentes tipos de letras usadas no graffiti.

Conteúdo: Throw-ups

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5.3 AULA 3

Considere as informações, produza e personalize uma assinatura.

É preciso treinar muitas vezes, pois é assim que os grafiteiros fazem, para

descobrirem-se através das assinaturas. Elas são decorrentes de muito empenho

e criatividade e dedicação. Não se esqueça dos ângulos, do tamanho, da distância

entre uma e outra, da direção e da forma dos traços. Letras arredondadas são

especialmente populares, mas existem outros estilos. Podem-se fazer bordas

arredondadas ou agudas, em letras todas iguais ou umas grandes e outras

pequenas, espremidas etc. Você também pode ousar com diferentes texturas,

como na Figura 6.

As assinaturas em wild style apresentam um estilo mais complexo. Como

podemos perceber, os estilos de letras vão ficando cada vez mais complicados e

criativos, tanto no seu desenho e formatos quanto para sua leitura. As letras, além

de sombreadas, se entrelaçam umas às outras. Apesar da diversidade e da

distorsão, há uma unidade de formas e coerência estilística (Fig. 7-8).

Figura 7 - CIÚME, FEAR, FEBRE, Curitiba. In: PROSSER, 2010, p. 102.

Figura 8 - ONZE, CRESPO, Curitiba. In: PROSSER, 2010, p. 102.

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Na Figura 8, as letras ou números (11 ou ONZE) da assinatura se

transformam em personagens. É como se eles, os personagens estivessem

também tentando decifrar algo que lhes foge a compreensão.

Na Figura 9, a assinatura apresenta grandes mudanças visuais, como o uso

de cores em nuanças, a combinação das cores e texturas, volumes e

profundidade através das sombras, texturas e figura e fundo definidas. É como se

a assinatura saísse do próprio muro, e como se fosse observada por um

personagem à esquerda.

Figura 9 - GNEZIS, CIÚME, Curitiba. In: PROSSER, 2010, p. 102.

Atividade 1

Objetivo: Treinar a assinatura do próprio nome, por meio da escrita personalizada,

utilizando diferentes tipos de letras usadas no graffiti.

Conteúdo: Wild style

Figura 10 - MENTS, Curitiba. In: PROSSER, 2010, p. 103.

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Figura 11 - ESP, Curitiba. In: PROSSER, 2010, p. 103.

Atividade 2

Objetivo: Treinar a assinatura do próprio nome, por meio da escrita personalizada,

utilizando outros tipos de letras.

A seguir crie mais algumas assinaturas. Faça primeiro um esboço do contorno

da letra e depois pinte o seu “interior”. Depois, refaça o contorno com tinta de cor

contrastante.

Outra maneira fácil de criar letras é fazer a letra quadrada (letra de forma) e,

em cima dessa letra quadrada, montar uma letra no estilo do graffiti, colocando

curvas, bicos etc. Primeiro, delimite os espaços onde serão feitas as letras, de

acordo com o que você vai assinar. Depois de desenhar as letras, faça traços

leves (para poder apagá-los mais facilmente) nos cantos do desenho, na direção

que desejar, para sombrear. Veja alguns exemplares de estilos de letras (Fig. 12),

que podem adquirir características próprias e ser personalizados ao estilo do

graffiti.

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Figura 12 – Estilos de letras.

5.4 AULA 4

Objetivo: Nesta atividade pretendemos demonstrar que junto às assinaturas há um

discurso pessoal de cada artista. Há uma mensagem a ser lida, há algo que se diz

para quem passa e observa os graffiti.

Conteúdo: Significados e mensagens.

A Figura 13 é uma assinatura de extrema beleza, complexidade e cheia de

informações. Na parte inferior, mostra um personagem e a cidade, da qual sai a

assinatura que abraça um coração. Prosser (2010, p.105). Crie um pequeno texto

em forma de poesia ou mesmo no estilo da música Rap e tente expressar toda a

poesia e intensidade contidas nesta imagem.

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Figura 13 - SOEW, Curitiba. In: PROSSER, 2010, p. 105.

Apresente depois para a sala de aula os textos. Esta atividade deve ser feita

em dupla para que um diálogo possa fluir.

5.5 AULA 5

Os personagens.

Figuras divertidas ou dramáticas são frequentes no graffiti. Para Prosser, são

uma forma de o seu autor expressar o que sente e pensa. Na arte de rua, o uso

recorrente de um mesmo personagem serve também como marca personalizada

do artista. Estes personagens não são estáticos, mas se comunicam com o

público.

Como mencionado, o graffiti norte-americano desde os seus primeiros anos de

existência, usou personagens, muitos adaptados dos quadrinhos americanos.

Segundo Prosser (2010), os personagens são carregados de humor, outros

veiculam drama, revolta, angústia, dor e sofrimento. Muitas figuras deformadas

remetem a expressões do inconsciente, dos sonhos e do mundo fantástico, a

busca por outra realidade (Figuras 14-16). Mas sempre apresentam contornos

fortemente marcados, traços rápidos e cores chapadas, como nas HQ.

Observe alguns personagens encontrados no graffiti de Curitiba:

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Figura 14 - DOSE, Curitiba. In: PROSSER, 2010, p. 108.

Figura 15 - SIEL, Curitiba. In: PROSSER, 2010, p. 109.

Figura 16 - BAYCROC, Curitiba. In: PROSSER, 2010, p. 131

Atividade1

Conteúdo: Desenhando um personagem.

Metodologia: Desenho ditado da forma humana.

Nesta atividade, para ampliar o repertório visual dos alunos, podem-se

observar diferentes reproduções de graffiti e revistas de HQ, nas quais se

destacam personagens. Pode-se utilizar a internet para pesquisa ou, ainda,

encaminhar a criação de acordo os métodos de ensino do desenho de cada

1 Esta é uma atividade de desenho caricatural que faço ao conhecer uma nova turma. Sempre é

surpreendente o resultado e os alunos expressam um prazer grande durante o processo e finalização.

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professor. É importante considerar a idade e a série dos alunos em relação aos

referenciais dos personagens. Considerar a fase de maturação dos jovens e

respeitá-los em seu potencial criativo pode trazer resultados surpreendentes.

Para a criação dos personagens, o professor irá sugestionar os alunos em

cada parte da criação. Ele deverá conduzir o processo até o esboço estar

estruturado e, então, deixar os alunos livres para que terminem os desenhos

adicionando os detalhes, personalizando-os.

Obs.: Todos devem procurar desenhar ao mesmo tempo, os resultados serão

mostrados aos colegas somente em sua finalização. Podem-se seguir os

seguintes passos.

Dobrar a folha de sulfite ao meio, no sentido horizontal, novamente ao meio

na vertical de maneira, em um primeiro retângulo. Dobrar mais uma vez ao

meio e obter um segundo retângulo.

Teremos assim, o sulfite dividido e marcado oito partes iguais.

Agora, marcar no sulfite o ponto de encontro dos retângulos 1, 2, 3, 4.

É a partir daí que ocorre o início do desenho.

1

2

3

4

5

6

7

8

Primeiro, desenhe o nariz, visto de frente. Evite representá-lo por meio

de pontos, bolinhas ou outros sinais gráficos. Estimule os alunos a

tocarem seus narizes para perceberem a sua forma e o seu volume.

Em cada passo e de acordo com as dificuldades, proporcione aos

alunos o tempo necessário. Estimule observarem-se a si mesmos e aos

colegas. Ajude-os de forma descritiva em cada parte solicitada.

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O nariz será o início da criação de nosso personagem; a partir dele

definiremos os demais componentes da figura.

Em um segundo momento, peça que desenhem as orelhas. Os alunos

podem passar os dedos em suas orelhas para que percebam suas

curvas e seu formato. O professor pode mostrar que as orelhas se

situam nas laterais da cabeça, na altura que equivale ao espaço

existente entre os olhos e a boca.

Agora se pode delimitar o espaço da testa. Sugerimos acrescentar

algumas ruguinhas na testa, que podem ser representadas

graficamente por linhas, pontinhos, bolinhas. Não vale fazer um arco

para delimitar a cabeça.

Nosso personagem já tem nariz, testa e orelhas. Agora, os cabelos, que

compreendem o espaço que vai de uma orelha à outra. Pode-se

representá-los com linhas retas, onduladas, em espirais, para dar ideia

dos fios. Estarão acima da testa (espaço que já foi delimitado pelas

ruguinhas) e entre as orelhas. Chamar atenção para o espaço da folha.

Desenhar agora as sobrancelhas, que podem ser representadas

graficamente através das linhas para ficarem expressivas. Chamar

atenção para o lugar das sobrancelhas, um pouco acima da linha das

orelhas. Destinar momentos como esse, para os alunos se olharem e

observarem os rostos uns dos outros.

Finalmente peça que desenhem a linha de contorno do rosto. De orelha

até orelha, lembrando que temos uma parte mais larga, as bochechas,

que afinam para delimitar o queixo. Saindo do queixo, eles podem

esboçar já o pescoço.

Voltar para o rosto e fazer o desenho dos olhos. É importante olharem-

se para perceberam a sua forma, a íris e os cílios.

Finalmente, a boca. Evitar representá-la apenas por linhas. Desenhar

os lábios dando forma, se aberta representar os dentes.

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Agora, livremente, cada um termina seu personagem, corpo, braços,

mãos, pernas e pé. Para personalizar, criar adereços como boné, tênis,

camiseta, skate, bola, prancha de surf, etc.

Os exemplos a seguir (Fig. 17) são trabalhos realizados por alunos da 7ª série do

Ensino Fundamental, do Colégio Estadual Tânia Varella Ferreira / NRE – Maringá,

sob orientação da Profa. Mariusi Gonçalves da Cruz, em setembro de 2011.

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Figura 17 - Atividade desenvolvida com alunos da 7ª Série do EF, do Colégio Estadual Tânia Varella Ferreira / NRE – Maringá, pela Profa. Mariusi Gonçalves da Cruz.

5.6 AULA 6

Estêncil

A técnica do estêncil aparece na China junto com a invenção do papel. Lá

utilizavam-se elementos naturais como folhas e rochas para a confecção das

máscaras. As partes abertas nas matrizes eram cobertas com pigmentos naturais.

Segundo o site http://www.stamperia.com/tecniche, “com o uso do papel se

começou a entalhar a forma, o desenho, a escrita e tudo o mais que se pudesse

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reproduzir fielmente”. Pode-se dizer que o estêncil está entre as primeiras formas

de gravura”. É uma técnica muito difundida e utilizada entre os artistas do graffiti

em muros e paredes das cidades atuais.

Como mencionado, estêncil é “um recorte em negativo em folha de papel ou

PVC, também chamado máscara, colocado contra a parede a ser marcada. O

papel e a parede (mediante os recortes) recebem um jato de tinta, deixando a

marca (desenho). É também chamado de aerografia. Podem ser usados também

tinta, rolo e pincel” (PROSSER, 2010, p. 210). Além de bastante popular e de

baixo custo, sua técnica é bastante artesanal e fácil, e apresenta resultados

expressivos surpreendentes. A seguir alguns passos de como fazer uma máscara.

Atividade2

Objetivo: Desenvolver a técnica do estêncil ou máscara.

Conteúdo: Estêncil e pintura.

Pesquisar uma imagem ou usar um desenho próprio. Pode-se escolher

uma figura e ampliá-la usando fotocópia.

Em seguida, fixe o desenho no papel cartão ou papelão. O ideal é usar uma

folha de acetado ou mesmo de RX. A fixação deve ser cuidadosa para não

deslizar durante o processo de recorte.

Em seguida recorte todo o contorno interno do desenho com estilete ou

tesoura, retirando um molde positivo e outro negativo. É importante ter

muito cuidado, no caso de usar estilete.

Devemos trabalhar sobre uma base de vidro, para o corte não estragar a

mesa de trabalho. Se o desenho é simples bastará um só molde. Mas com

a prática podemos utilizar mais de uma matriz e assim também outras cores

para colorir a forma.

Quando as máscaras estiverem prontas, prepare: papel sulfite, tintas

guache de várias cores, rolinhos de espuma e potes plásticos.

Coloque o molde sobre uma folha, segure com uma das mãos (pode ser

2 Esta atividade terá por base orientações colhidas no endereço eletrônico

http://www.stencilplanet.com/index.asp?PageAction=Custom&ID=2.

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fixado com clipes ou outro objeto que permita retirar o molde depois de

usado). Com o rolinho entintado, passe sobre o molde.

Figuras 18 e 19 – A máscara ou estêncil. Pswboardshop.

O efeito final surpreendente é estimulador para os alunos. Por ser uma

impressão, seu acabamento é perfeito.

Figuras 20 – Uma intervenção urbana realizada com estêncil ou máscara. Pswboardshop.

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5.7 AULA 7

O graffiti e o picho

Durante algum tempo o graffiti não foi considerado arte. Hoje, ele já é

considerado uma forma de expressão importante e muitos o incluem no esprectro

das Artes Visuais. Ele é chamado de Arte de Rua ou Arte Urbana. O artista

grafiteiro aproveita o espaço urbano com a intenção de interferir no espaço da

cidade. Entretanto, ainda há quem equipare o graffiti ao picho, que é um outro tipo

de manifestação.

Objetivo: Discutir com os alunos as diferenças entre graffiti e pichação.

Conteúdo: O estilo do graffiti e o picho.

1º momento

Os alunos, em dupla, devem pesquisar várias imagens do que eles chamam

de graffiti e de pichação. Em seguida, devem anotar as diferenças percebidas e

escolher duas de cada. Depois, apresentarão suas opiniões para o grupo maior,

exibindo as imagens e comentando-as.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

No que se refere aos aspectos formais, o graffiti constitui um universo de

formas orgânicas, geralmente assinaturas ou personagens. Ao mesmo tempo, traz

em si ideias, pensamentos e atitudes, geralmente de resistência ou de protesto,

mas também de identidade e humor. Por isso é preciso estudar esta expressão

como linguagem contemporânea, em todos seus aspectos sociais, filosóficos e

estéticos. É preciso discutir esta arte como prática vinculada à sociedade, assim

como as técnicas empregadas na sua elaboração.

Auma, um grafiteiro de Curitiba, apresenta sugestões e alguns caminhos para

o debate sobre a pichação e o graffiti. Aponta que a educação é um deles e que a

arte de rua pode ser um instrumento educativo para a formação da cidadania:

“Enquanto nós artistas não tivermos uma preocupação em formar e informar esse

cara de que aquilo tem valor histórico, ele não vai tomar consciência. [...] A gente

tem que investir não só na escola, mas enquanto artista, ou enquanto mídia”

(AUMA, citado por PROSSER, 2010, p. 85).

Cabe ao professor se assumir como facilitador da fruição desta arte,

estimulando o aluno a deixar o papel de espectador e reprodutor apenas, e

possibilitar a ele a construção do próprio discurso conceitual. Como professora

PDE, tentamos organizar um pouco estes conteúdos com o qual os jovens têm

afinidades. Sem dúvida, isso possibilitará o transitar entre as muitas faces da

realidade e do aqui e agora, ao qual o graffiti tanto se relaciona.

Valorizar e estudar o graffiti enquanto expressão artística se faz necessário

e a escola só tem a ganhar, pois a partir desta linguagem contemporânea

poderemos trabalhar com outros tantos conteúdos que se referem à história da

arte e à realidade dos nossos jovens.

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REFERÊNCIAS

BARBOSA, A. M. A imagem no ensino da arte. São Paulo: Cortez, 2007. BARBOSA, A. M. (Org.) Inquietações e mudanças no ensino da arte. São Paulo: Cortez, 2002. Diretrizes Curriculares da rede Pública da Educação Básica do Estado do Paraná –SEED,Curitiba, 2006. FISCHER, E. A necessidade da arte. 3. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1971. HONÓRIO, C. M. Arte e caminhos - metodologia. Curitiba: Base, 2009. OSTROWER, F. Universos da Arte. 7. ed. Rio de Janeiro: Papirus, 1996. PROENÇA G. História da Arte. 16. ed. São Paulo: Ática, 2002. PROSSER, E. S. Graffiti Curitiba. Curitiba: Kairós, 2010. Souza, Fialho e Araldi (2005, p. 14) SITES www.pswboardshop.com.br/blog/wp-content/uploads/2010/08/ESTÊNCIL-11.jpg www.elisabethprosser.pro.br http://www.stencilplanet.com/index.asp?PageAction=Custom&ID=2 http://www.stamperia.com/tecniche