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IMAGIOLOGIA TÉCNICAS RADIOGRÁFICAS E SUA INTERPRETAÇÃO IMAGIOLÓGICA 1.EXAMES INTRAORAIS Os registos radiográficos do interior da cavidade oral denominam-se de intraorais . Destes registos, consideram-se as seguintes técnicas na obtenção das imagens radiográficas a duas dimensões: a) Periapical b) Interproximal ou Bitewing c) Oclusal PERIAPICAL A imagem obtida pela técnica, permite a visualização do dente e tecidos de suporte. Pode-se observar (cada estrutura encontra-se numerada, cujo número corresponde ao encontrado na figura abaixo apresentada): Esmalte: é o tecido mais mineralizado, apresentando por isso uma imagem radiopaca; (1) Dentina : recoberta pelo esmalte, tem uma imagem menos radiopaca que o mesmo; (2) Cavidade e canais pulpares : com tradução imagiológica radiotransparente; (3 e 4) Espaço periodontal : corresponde a uma linha radiotransparente em torno de toda a raíz do dente; (6) Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 1

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Page 1: Sebenta 05-06

IMAGIOLOGIA

TÉCNICAS RADIOGRÁFICAS E SUA INTERPRETAÇÃO IMAGIOLÓGICA

1. EXAMES INTRAORAIS

Os registos radiográficos do interior da cavidade oral denominam-se de intraorais.

Destes registos, consideram-se as seguintes técnicas na obtenção das imagens

radiográficas a duas dimensões:

a) Periapical

b) Interproximal ou Bitewing

c) Oclusal

PERIAPICAL

A imagem obtida pela técnica, permite a visualização do dente e tecidos de

suporte.

Pode-se observar (cada estrutura encontra-se numerada, cujo número

corresponde ao encontrado na figura abaixo apresentada):

Esmalte: é o tecido mais mineralizado, apresentando por isso uma

imagem radiopaca; (1)

Dentina : recoberta pelo esmalte, tem uma imagem menos radiopaca que

o mesmo; (2)

Cavidade e canais pulpares : com tradução imagiológica

radiotransparente; (3 e 4)

Espaço periodontal : corresponde a uma linha radiotransparente em

torno de toda a raíz do dente; (6)

Apófise alveolar : com tradução imagiológica radiopaca, encontrando-se

a delimitar os espaços medulares; (7)

Lâmina dura : parede do alvéolo onde se inserem as fibras do Ligamento

Periodontal, com imagem radiopaca; (5)

Cimento (cemento) : não tem tradução imagiológica, salvo quando

existência de anomalias (ex: Hipercimentose).

Trabeculado ósseo (8)

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 1

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IMAGIOLOGIA

Indicações dos exames periapicais(Os ítens desta secção que não apresentem figura, estarão ilustrados mais á

frente)

1. Relação dentição decídua/definitiva

2. Lesões dentárias de origem traumática (fracturas)

3. Lesões de cáries (quer primárias quer recidivantes)

4. Integridade das restaurações e qualidade de obturação

5. Anatomia dos condutos radiculares

6. Anomalias dentárias

7. Reabsorções internas e externas

8. Lesões apicais

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IMAGIOLOGIA

9. Lesões periodontais

10. Tártaro

11. Inclusões dentárias

12. Patologias ósseas

Distinção de uma periapical superior de uma inferior

1. Bola da película sempre para oclusal e sua convexidade virada para o

observador

2. Terço apical da raíz para distal

3. Pavimento do seio maxilar (arcada superior) / canal dentário (arcada inferior)

4. Convexidade maxilar / concavidade mandibular

5. Anatomia dentária (forma, número de raízes)

6. Cortical óssea mandibular e osso esponjoso maxilar

Posição da película

Para os incisivos e caninos, a película deve ficar com o seu maior comprimento

na vertical.

Para os pré-molares e molares, a película fica com o seu maior comprimento na

posição antero-posterior.

Pede-se ao paciente para segurar a película com o indicador.

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 3

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IMAGIOLOGIA

Técnica

A película, nos incisivos e caninos, deve ficar com o seu maior comprimento na

vertical. Nos pré-molares e molares, a película fica com o seu maior com o seu

maior comprimento na posição antero-posterior.

Para obtenção desta imagem, recorre-se a duas técnicas: Bissectriz e

Paralelismo.

Bissectriz: Pede-se ao paciente para segurar a película com o indicador. O raio

central dirige-se perpendicularmente a um plano que bissecta o ângulo criado

pelo maior eixo do dente e a película.

Paralelismo: A película é colocada na cavidade oral paralela ao maior eixo do

dente, sendo que o canhão é posicionado perpendicularmente à película e ao

longo eixo do dente. Utiliza-se um suporte radiográfico para a película,

denominado paralelizador.

A técnica do paralelismo e da bissectriz apresentam ambas vantagens e

desvantagens, no entanto a do paralelismo é a mais recomendada por demonstrar

precisão de imagem (a imagem é muito semelhante à imagem real do dente, apresenta

detalhe e definição máximas, não tendo distorção), é uma técnica simples de executar e

fácil de se repetir. Como desvantagens, apresenta a colocação da película junto com o

paralelizador em crianças ou adultos com a boca pequena e a possibilidade de lesar

tecidos orais caso a técnica não seja bem aplicada.

A técnica da bissectriz tem como vantagem a não necessidade de utilização do

paralelizador, no entanto apresenta maiores distorções de imagem, problemas de

angulação e exposição desnecessárias de tecidos à radiação (dedo indicador).

STATUS RADIOGRÁFICO

Consiste num exame radiológico tanto apical como periodontal, de detalhe,

constituído por 14 películas periapicais.

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IMAGIOLOGIA

INTERPROXIMAL OU BITEWING

Também conhecido como o exame radiográfico coronário, consiste na utilização

duma película igual à usada na técnica da Periapical, no entanto encontra-se

acompanhada de um autocolante descartável colocado pelo Médico Dentista, a ser

mordido pelo paciente, tendo uma forma semelhante duma “asa de mordida”. Abrange

sempre dois quadrantes.

INDICAÇÕES:

1. Cáries interproximais

2. Conhecer morfologia interna das coroas, tamanhos das estruturas e desvios

da normalidade

3. Integridade marginal das restaurações

4. Lesões ósseas (crista óssea alveolar)

5. Explorar zonas de bifurcação

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 5

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IMAGIOLOGIA

TÉCNICA

Coloca-se a película entre a língua e a superfície lingual da mandíbula. O

paciente segura a película e o canhão é colocado paralelo à asa de suporte.

OCLUSAL

A película utilizada nesta técnica é de dimensões superiores à usada nas duas

técnicas descritas anteriormente e pretende visualizar a região óssea maxilar ou

mandibular, onde o posicionamento da película radiográfica deve ser paralelo ao plano

sagital mediano, ou seja, uma projecção axial em relação ao longo eixo dos dentes.

Dá-nos a terceira dimensão quando complemento das periapicais e

interproximais.

INDICAÇÕES

1. Complemento das técnicas Periapical e Interproximal

2. Raízes residuais

3. Dentes inclusos (determinação da posição vestibulo-palatina/lingual)

4. Lesões periapicais

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IMAGIOLOGIA

5. Dentes supranumerários

6. Fracturas maxilar e mandibular

7. Despiste de lesões de glândulas salivares (submandibular)

8. Fendas palatinas

9. Dentes ectópicos

10. Ortodôncia

TÉCNICA:

Para o maxilar: o plano oclusal do paciente encontra-se paralelo ao solo, o maior

eixo da película deve ir da esquerda para a direita e o ângulo vertical formado

pelo canhão é de +60º.

Para a mandíbula: a cabeça do paciente deve estar com um plano de oclusão a

45º em relação ao solo e o ângulo vertical formado pelo canhão é de -15º.

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IMAGIOLOGIA

DESVANTAGENS DAS TÉCNICAS INTRAORAIS

1. Trismus

2. Reflexo de vómito

3. Pacientes politraumatizados

4. Pacientes jovens

2. EXAMES EXTRAORAIS

ORTOPANTOMOGRAFIA

Também designada por panorâmica, é o exame radiológico mais solicitado e

utilizado pelo Médico Dentista na sua prática clínica como complemento do exame

clínico e como base do planeamento da reabilitação oral a efectuar.

Permite uma avaliação radiológica mais ampla e total da cavidade oral,

visualização dos seios maxilares e suas patologias, despiste limitado de patologia da

articulação temporomandibular e traumatismos dentários e ósseos e patologias

associadas.

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IMAGIOLOGIA

É um exame que submete o paciente a uma dose de radiação baixa e a qualidade

da ortopantomografia depende essencialmente dos seguintes factores:

1. Distância focal: o aumento da distância, provoca uma alargamento da

imagem o que se traduz numa ampliação que pode ir dos 20% aos 40%.

2. Quilovoltagem (Kvp): permite-nos diferenciar as densidades, ou seja, permite

diferenciar entre radiopaco e radiotransparente. Com baixa Kvp, maior o contraste pois

o Raio X é mais claro, logo maior capacidade de penetrância dos electrões. Com alta

Kvp, menor o contraste.

3. Miliamperagem: é a expressão quantitativa dos raios catódicos até atingirem

a área focal. É responsável pelo contraste.

4. Tempo de exposição: corresponde ao intervalo de tempo durante o qual são

produzidos raios X. Quanto maior o tempo de exposição, maior é a produção total de

fotões e a densidade resultante. O contraste também é influenciado pelo tempo de

exposição, uma vez que se aumentarmos o tempo de exposição o contraste também

aumenta.

DESVANTAGENS DA ORTOPANTOMOGRAFIA CONVENCIONAL

1. Pouca definição na zona dos incisivos por projecção de outras estruturas

anatómicas (coluna cervical)

2. O grau de distorção é de cerca de 40%

3. Menor detalhe e precisão em relação às intraorais

4. Não é o exame de eleição para diagnosticar cáries

5. É apenas um exame suplementar, não substitui os exames intraorais

INTERPRETAÇÃO DA ORTOPANTOMOGRAFIA

1. Identificação

2. Avaliação da qualidade

3. Orientação da ortopantomografia

4. Região dentoalveolar – avaliar por quadrantes: dentição mista ou definitiva

(idade cronológica), restaurações, ausências de peças dentárias,

desvitalizações, reabilitações protéticas fixas, implantes, anomalias dentárias

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IMAGIOLOGIA

5. Região maxilar

6. Região mandibular

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IMAGIOLOGIA

7. Região temporomandibular

ESQUEMA DAS ESTRUTURAS ANATÓMICAS OBSERVADAS NUMA

ORTOPANTOMOGRAFIA

Legenda:

1. Dentes incisivos 2. Dentes pré-molares

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IMAGIOLOGIA

3. Dentes molares

4. Maxila

5. Mandíbula

6. Linha oblíqua externa

7. Linha oblíqua interna

8. Buraco mentoniano

9. Canal mandibular

10. Buraco mandibular

11. Côndilo mandibular

12. Apófises coronóides

13. Apófise estilóide

14. Cavidades nasais

15. Septo nasal

16. Seio maxilar

17. Seio maxilar (porção

posterior)

18. Órbita

19. Buraco infra-orbital

20. Arco zigomático

21. Apófise pterigoideia

NOVOS MÉTODOS DE EXAMES RADIOLÓGICOS

1. CEFALOMETRIA COMPUTORIZADA

OBJECTIVOS

Foi introduzido pela primeira vez como método complementar de diagnóstico

em ortodôncia por Broadbent (1931). Tem como objectivo estudar:

Morfologia crânio-facial

Crescimento crânio-facial

RESULTADOS TERAPÊUTICOS OBTIDOS

Através de medidas angulares e lineares permite determinar o diagnóstico e a

sequência do tratamento proposto, avaliar a resposta terapêutica nos casos em

tratamento e nos casos já tratados.

A análise cefalométrica permite ainda através de uma sobreposição de traçados,

com intervalos de 6 meses, avaliar a direcção de crescimento existente utilizando

sempre como comparação a mesma técnica de traçado.

PRINCÍPIOS DA TELERRADIOGRAFIA CEFALOMÉTRICA

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 12

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IMAGIOLOGIA

A designação de telerradiografia aplica-se aos Raio X efectuados a uma

distância foco-película superior à normal (3-4m).

Assim, o objecto a radiografar deve estar o mais perto possível da película e o

foco emissor de radiação deve ter um ângulo de feixe o mais pequeno possível.

TÉCNICA RADIOLÓGICA

Qualquer incidência radiológica, para que a imagem seja fiável, pressupõe o

posicionamento correcto do doente utilizando alguns planos de referência.

Nas incidências de perfil e frontal, o plano de referência é o plano de

Franckfort definido por duas referências cutâneas:

Tragus

Ponto sub-orbitário

Em qualquer destas incidências o plano de Franckfort deve estar numa posição

horizontal e paralela ao pavimento onde está instalado o aparelho.

INCIDÊNCIA DE PERFIL

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 13

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IMAGIOLOGIA

Além do plano de Franckfort ter de estar numa posição horizontal e paralela ao

pavimento onde está a unidade, o foco emissor tem que estar perpendicular às olivas

bulbares ou seja perpendicular ao plano sagital mediano.

Utilizada sistematicamente na rotina do diagnóstico cefalométrico porque

permite:

1. Estudar o perfil esquelético e a relação das bases maxilares

2. Fazer a análise vertical do esqueleto crânio-facial

3. Estudar o crescimento diferencial das bases maxilares

4. Fazer a análise interdentária e dento-maxilar

5. Estudar as VARS (vias aéreas respiratórias superiores): porção posterior ao

palato mole mais parte anterior da laringe - rinofaringe; zona de intercepção

com o ramo horizontal da mandíbula - orofaringe;

6. Fazer a análise de perfil das partes moles.

ANATOMIA RADIOLÓGICA

Qualquer construção cefalométrica necessita de referenciar algumas estruturas

anatómicas. Nesta incidência as estruturas anatómicas a definir são:

1. Base do crânio: parte anterior (face endocraniana do frontal e sutura

fronto-etmoidal); sela turca; apófises clinóides; parte posterior (região

basioccipital e sutura esfenoccipital) e parte externa do limite ântero-

inferior

2. Face exocraniana do frontal (sutura fronto-nasal e ossos próprios do

nariz)

3. Contorno do bordo externo da órbita

4. Fenda pterigomaxilar

5. Maxilar superior (espinha nasal anterior, espinhas nasais posteriores,

processo alveolar superior e anterior, incisivo central superior e 1º

molar superior)

6. Mandíbula (Sínfise mandíbulo-cortical externa, processo alveolar

inferior e anterior, incisivo central inferior, primeiro molar inferior,

rebordo inferior do ramo horizontal, ângulo mandibular, rebordo

posterior do ramo ascendente, côndilo mandibular, apófises coronóides

7. Identificação das partes moles (região fronto-nasal, nariz, lábio

superior, lábio inferior, mento anterior, rebordo inferior)

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IMAGIOLOGIA

8. Identificação das VARS (rinofaringe e orofaringe)

Pontos Cefalométricos:

São pontos anatómicos que vão definir entre si planos e permitir o estudo

cefalométrico através de medidas angulares ou lineares. Existem dois tipos de pontos:

Directos: são os que existem nas estruturas anatómicas referenciadas (ex:

nasion, mento)

Construídos: são referenciados a partir de pontos directos que lhe são

próximos (ex: gnation, gonion).

Podem-se ainda classificar os pontos cefalométricos segundo os planos onde se

localizam:

Medianos (plano sagital mediano)

Laterais (gonion, condillium, suborbitário)

Pontos Medianos Directos

Ponto S Situado no centro da imagem

corresponde à sela turca

Ponto Nasion (NA/N) Ponto mais anterior e superior da sutura

fronto-nasal

ENA Ponta da espinha nasal anterior

ENP Ponta da espinha nasal posterior no limite

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 15

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IMAGIOLOGIA

posterior do palato duro

Ponto A Ponto mais posterior da concavidade dos

processos alveolares superiores

Ponto B Ponto mais posterior da concavidade dos

processos alveolares inferiores

POGONION (Pg) Ponto correspondente à parte mais

anterior da sínfise mentoniana

POGONION Cutâneo (Pg’) Ponto mais anterior do Pogonion do

tecido mole

Lábio Superior (Ls) Ponto mais proeminente do lábio superior

Mento (Me)

Ponto mais inferior da imagem da sínfise

mandibular

Basion (Ba)

Ponto + inferior da imagem do buraco

occipital da extremidade mais inferior e

posterior da sutura basioccipital

Ponto Mediano Construído

GNATION (Gn)

Ponto mais inferior e anterior do contorno

do mento, determinado pela bissectriz do

ângulo formado pelo plano mandibular

(Go-M) e linha (N-Pg)

Pontos Bilaterais Directos

Suborbitário (Or)

Ponto situado na Zona de maior declive

do rebordo inferior externo da cavidade

orbitária

Porion (Po) Ponto mais superior do canal auditivo

externo

Condillium (Co) Ponto mais posterior e superior do côndilo

mandibular

Pontos Bilaterais Construídos

Gónion (Go)

Ponto mais posterior e inferior da

mandíbula no sentido antero-posterior.

Localizado na bissectriz do ângulo

formado pelo plano mandibular (Co-M) e

pela tangente do bordo do ramo

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 16

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IMAGIOLOGIA

ascendente da mandíbula

Articular (Ar)

Ponto não definido por estruturas

anatómicas, estando localizado na

intercepção das projecções da base

externa e inferior do crânio com a imagem

do limite posterior do côndilo mandibular

Planos Cefalométricos

Plano de Franckfort Definido pelos pontos Or-Po

Plano Biespinhal Definido pelos pontos ENA-

ENP

Plano Mandibular de Downs Definido pelos pontos Go-Me

Plano Oclusal Definido pelo contacto anterior

entre os 1os molares superiores

e inferiores em oclusão e o

ponto médio entre os bordos

incisais do IC superiores e

inferiores (caso não haja

contacto admite-se que este

plano possa passar 2-3mm

abaixo da comissura labial)

Linhas cefalométricas:

Linha Sela-Nasion (SN) Definida pelos pontos S-N

Linha Facial Definida pelos pontos N-Pg

Linha Holdaway Definida pelos pontos Pg’s-UL

Eixo Y Definida pelos pontos S-Gn

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas

Po-Pmax 11º

Pmax-MeGo 25º

Po-MeGo 14º

SN-MeGo 32º

FMA 25º

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IMAGIOLOGIA

2. TOMOGRAFIA AXIAL COMPUTORIZADA

Apesar da disponibilidade de todas as técnicas atrás descritas, existem várias

informações que não podem ser adquiridas, mesmo quando usadas conjuntamente.

Informações como a localização precisa de estruturas vasculares e nervosas, a espessura

vestibulo-lingual do osso alveolar mandibular, no maxilar a relação da arcada dentária

com as fossas nasais e pavimento do seio maxilar. Era necessário, para preservar a

integridade destas estruturas anatómicas, um imagem radiográfica a três dimensões.

Na tentativa de superar esta lacuna, foi desenvolvido em 1972, por Godfrey

Houndsfield, a Tomografia Axial Computorizada (TAC), que incorpora os princípios da

representação electrónica digital directa com os da radiografia transversal.

A TAC mede o coeficiente de absorção de estruturas, atravessadas pelo feixe de

raio X emitido a partir de diferentes ângulos. Os detectores medem a quantidade de

radiação que o doente emana e, com a ajuda de um computador, convertem essa

informação numa escala de cinzentos, cujas medidas vão de -1000 a +1000.

Esta escala é seguidamente convertida numa imagem visual, obtendo-se

inúmeras imagens da mesma região e correspondendo cada uma delas a um pequeno

volume de tecido, com uma espessura compreendida entre os 10 e os 15 mm,

organizado em colunas e filas, na forma de uma matriz. Estas imagens permitem uma

determinada fracção de uma estrutura anatómica exacta, devido ao facto de tornarem

indiferenciadas todas as estruturas situadas adiante e atrás daquela que nos interessa.

VANTAGENS

1. Produz imagens axiais de tecidos moles e duros

2. Demonstra pequenas diferenças de densidade nos tecidos moles

3. Elimina a sobreposição de estruturas

4. Permite a obtenção de reconstruções sagitais e coronais

5. Permite a visualização das estruturas no seu tamanho real

6. Fornece informação sobre espessura óssea

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IMAGIOLOGIA

DESVANTAGENS

1. Elevado custo

2. Demoro tempo a estar disponível

3. Pacientes submetidos a doses de radiação muitíssimos elevadas, não podendo

ser feitas a pacientes que demonstrem severa atrofia, anatomia comprometida

ou historial de tumor ou trauma no local

DENTASCAN

Como as TAC eram de execução complexa e morosa, condicionando níveis

elevados de irradiação do cristalino e da tiróide, desenvolveu-se um software de

reconstrução associado à TAC, o Dentscan, de importante utilidade a Implantologia.

Este programa baseia-se na realização de cortes axiais da mandíbula e maxilar, a

partir dos quais são posteriormente efectuados reconstruções panorâmicas e oblíquas,

orientadas segundo planos perpendiculares e oblíquos às arcadas dentárias.

Este método permite identificar todos os acidentes anatómicos mandibulares,

nomeadamente canal mandibular, canal incisivo, foramen mentoniano, quistos, entre

outros. Permite igualmente, obter dados sobre as condições ósseas da mandíbula e

maxila, para que seja possível efectuar o aproveitamento máximo do osso disponível.

Considerando como exemplo a mandíbula, inicialmente começa-se por efectuar

cortes axiais de junção de um milímetro.

.

Posteriormente, o operador vai seleccionar de todos os cortes axiais o mais

representativo e desenha sobre ele uma linha central que deve seguir, do modo mais

harmonioso possível, a curvatura fisiológica da arcada dentária.

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 19

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IMAGIOLOGIA

Seguidamente, o programa selecciona automaticamente múltiplos planos de

reconstrução perpendiculares ao plano axial, que estão representados na imagem

computorizada pelas respectivas linhas de referência. Efectua-se a reconstrução desses

mesmos cortes, que são numerados e fotografados de uma forma sequencial. Os

números que surgem no canto inferior direito de cada uma das imagens da figura

dispostas sequencialmente apresentam uma relação directa com os números indicados.

Pode-se ainda efectuar reconstruções semelhantes a panorâmicas em vários planos.

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 20

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IMAGIOLOGIA

Vantagens

1. Permite visualizar as estruturas anatómicas na sua dimensão real e

determinar o seu posicionamento exacto em termos tridimensionais

2. Fornece informações sobre características do osso alveolar

3. Disponibiliza dados sobre eventuais patologias das partes moles ou

seios maxilares

4. Possibilita a obtenção de informação adicional através de novas

reconstruções sem a necessidade de expor o paciente novamente à

radiação

5. A dose de radiação que é absorvida pelo organismo encontra-se

dentro de níveis aceitáveis mesmo quando o estudo se estende a toda

a arcada dentária

Desvantagens

1. A presença de artefactos provocados por metais utilizados em

tratamentos dentários

2. Pequenos movimentos efectuados pelo paciente durante a realização

dos cortes axiais

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IMAGIOLOGIA

PATOLOGIAS

1. ANOMALIAS DENTÁRIAS

1.1. ANOMALIAS DE TAMANHO

Microdontia

Os dentes podem ser significativamente mais pequenos que o normal, ou ser

relativamente pequenos quando comparados com o tamanho da maxila ou da

mandíbula.

Generalizada

- Nanismo pituitário

Localizada ou Focal

- Microdentes: um único dente é menor que o normal. A forma destes

dentes também é frequentemente alterada com redução do tamanho. Ocorre mais

frequentemente nos incisivos laterais superiores, em que o dente toma uma

forma cónica ou de pino. O segundo microdente mais frequente é o 3º molar

superior, seguido pelos dentes supranumerários.

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 22

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IMAGIOLOGIA

Macrodontia

Generalizada

É caracterizada pelo aparecimento de dentes de tamanho aumentado ao

longo da dentição. Pode ser absoluta, como no caso do Gigantismo pituitário, ou

pode ser relativa, devido a uma maxila/mandíbula disporpocionalmente pequena.

Localizada ou Focal

Caracteriza-se por um dente ou grupo de dentes na dentição com um

tamanho aumentado. É relativamente rara, ocorrendo, normalmente, no 3º molar

inferior.

1.2. ANOMALIAS DE FORMA

Geminação

É a fusão de dois dentes a partir de um único órgão de esmalte. O resultado

típico é a divisão parcial, parecendo duas coroas que partilham o mesmo canal radicular.

Pode afectar a dentição decídua e a definitiva, manifestando-se essencialmente ao nível

dos dentes anteriores.

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 23

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IMAGIOLOGIA

Fusão

União de dois gérmens dentários em desenvolvimento, originando uma única

grande estrutura dentária. Pode envolver toda a extensão do dente (completa) ou

envolver apenas as raízes (incompleta), havendo partilha de dentina e cimento. Os

canais radiculares podem ser separados ou partilhados.

Esta condição de desenvolvimento pode ocorrer na dentição decídua e na

definitiva, sendo que já foi registada a existência de uma tendência hereditária.

Diferencia-se da geminação contando-se os dentes da arcada: no caso da fusão

haverá menos um dente.

Concrescência

União das raízes de dois ou mais dentes normais, provocada pela confluência

das suas superfícies de cimento. É um tipo de fusão, que ocorre depois de

completada a formação da raíz. Crê-se que esta situação ocorra como resultado de

uma lesão traumática na área, ou por compressão, onde há perda de osso interseptal

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 24

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IMAGIOLOGIA

permitindo a aproximação das raízes do dente. Mais frequente no 2º e 3º molares

superiores.

O seu diagnóstico radiológico é muito importante, pois se não se reconhecer a

sua presença, poder-se-ão extrair dois dentes quando a intenção seria apenas um.

Dilaceração

É uma angulação anormal (exagerada) da raiz. Resultam da formação radicular

continuada durante uma fase não rectilínea de erupção e, ocasionalmente, por

traumatismo durante o desenvolvimento do dente.

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 25

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IMAGIOLOGIA

Dente Invaginado (“Dens in Dente”)

É uma anomalia dentária pouco comum, que representa um sulco lingual

exagerado ou acentuado. Este defeito predispõe o dente a cárie precoce e subsequente

pulpite, porque é difícil mantê-lo sem placa bacteriana. Para evitar estas complicações,

deve fazer-se um preenchimento profilático deste sulco.

É mais frequente no incisivo lateral superior, mas pode ocorrer em qualquer

dente anterior. Durante o desenvolvimento, uma zona focal da coroa de um dente faz

uma prega (invagina) para dentro. A forma intermédia desta alteração é conhecida por

“dens in dente”, que clinicamente se apresenta como um dente cónico.

Dente Evaginado

É uma anomalia relativamente comum, afectando predominantemente os pré-

molares superiores; é também muito frequente em asiáticos.

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 26

Page 27: Sebenta 05-06

IMAGIOLOGIA

Caracteriza-se pelo desenvolvimento de uma projecção em globo, aparecendo

uma cúspide extra (cúspide em garra) centrada na superfície oclusal entres as cúspides

vestibulares e linguais.

O tubérculo desgasta-se relativamente rápido, devido à abrasão oclusal,

causando exposição precoce de um corno pulpar acessório que se estende para dentro do

tubérculo.

Taurodontismo

É uma anomalia de forma, na qual há um aumento proporcional da coroa ou uma

migração da furca para apical, o que origina câmaras pulpares de dimensão apical-

oclusal aumentada (parecem dentes de touro) e canais radiculares curtos.

É mais comum na dentição definitiva mas também pode ocorrer na decídua. Está

associado a síndromas como o Síndroma de Down e o Síndroma de Klinefelter e pode

ocorrer também em pacientes com amelogénese imperfeita.

Raízes Supranumerárias

Raízes em número superior ao esperado. Mais frequente em caninos, pré-

molares superiores e molares inferiores (principalmente o 3º molar).

Pérolas de Esmalte

São porções globolosas de esmalte ectópico, semelhantes a gotas, nas raizes dos

dentes. Ocorrem mais frequentemente na bifurcação ou trifurcação dos dentes, mas

também podem aparecer em pré-molares unirradiculares.

São mais frequentes nos molares superiores do que nos inferiores.

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 27

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IMAGIOLOGIA

Erosão, Atrição, Abrasão

Atrição:

É o desgaste fisiológico dos dentes devido à mastigação. É um processo

relacionado com a idade e varia de indivíduo para indivíduo.

Factores como a dieta, a dentição e o hábito de mascar pastilhas elásticas

podem influenciar e proliferar a atrição.

Abrasão:

É o desgaste patológico dos dentes devido a hábitos parafuncionais ou

uso anormal de substâncias orais abrasivas.

Algumas das causas mais comuns são o uso de escovas de dentes

agressivas e de dentífricos abrasivos.

Erosão:

É a perda de estrutura dentária por um processo químico não

bacteriano. Os ácidos estão muito frequentemente envolvidos no processo de

dissolução, quer sejam de fonte exógena (ambiente de trabalho, citrinos, bebidas

ácidas), quer endógena (regurgitação de conteúdos gástricos: bulimia, anorexia

nervosa, patologia gástrica, esofagite).

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 28

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IMAGIOLOGIA

Rizálise

Processo pelo qual a raíz é reabsorvida. Pode ser fisiológica, caso da

erupção da dentição definitiva, ou patológica, aquando, por exemplo, da

existência de uma lesão apical.

Lg: Rizálise fisiológica

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 29

Lg: Rizálise patológica

Page 30: Sebenta 05-06

IMAGIOLOGIA

1.3. ANOMALIAS DE NÚMERO

Anodontia

Total

Também designada de agenésia. Ausência de todos os dentes. É raríssima mas

está frequentemente associada a um síndroma conhecido por displasia ectodérmica

hereditária; no entanto, a anadontia parcial é mais típica deste síndroma.

Lg: repartição topográfica e importância das agenésias

Lg: displasia ectodérmica numa rapariga de 14 anos

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 30

Page 31: Sebenta 05-06

IMAGIOLOGIA

Parcial (hipodontia)

Ausência de um ou vários dentes. É relativamente comum. A ausência congénita

de dentes ocorre, geralmente, nos 3º molares, seguidos pelos 2º pré-molares e incisivos

laterais superiores .

Nos indivíduos com displasia ectodérmica hereditária os poucos dentes presentes

geralmente têm forma cónica.

Dentes Supranumerários

Provavelmente resulta da formação de um 3º gérmen dentário a partir da lâmina

dentária. Podem ter uma morfologia normal ou ser rudimentares ou minúsculos.

Ocorrem mais frequentemente na dentição permanente do que na decídua e mais

na maxila do que na mandíbula. O local mais comum é na linha média da maxila

(Mesiodente), seguida da zona dos molares superiores (4º molar ou paramolar) e dos

incisivos laterais.

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 31

Page 32: Sebenta 05-06

IMAGIOLOGIA

1.4. ANOMALIAS DE CALCIFICAÇÃO

DEFEITOS DO ESMALTE

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 32

Lg: Mesiodens

Page 33: Sebenta 05-06

IMAGIOLOGIA

De origem ambiental

Os problemas metabólicos, se suficientemente graves e longos podem causar

defeitos na quantidade e qualidade do esmalte. Por exemplo, uma fluorose, má-nutrição,

doença prolongada que altere a curva normal de crescimento da criança (índice

ponderal) também se vai repercutir nos dentes: ocorrem frequentemente manchas

brancas, normalmente relacionadas com algum episódio de doença.

A extensão do defeito depende de:

- intensidade e duração do factor etiológico

- período em que ocorre durante o desenvolvimento da coroa

Os factores etiológicos podem actuar localmente, afectando um único dente, ou

sistemicamente (entre o nascimento e os 6 anos, altura em que a coroa dos dentes

permanentes se desenvolve), afectando todos os dentes cujo esmalte se esteja a formar.

Amelogénese Imperfeita

É um grupo heterogéneo de alterações hereditárias do esmalte, (mais usualmente

autossómica dominante, mas também pode ser recessiva ou ligada ao sexo) de aspectos

semelhantes e que afectam as duas dentições. Defeito no órgão de esmalte.

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 33

Page 34: Sebenta 05-06

IMAGIOLOGIA

Tipos:

- Hipoplásico: forma-se pouco esmalte, e os dentes erupcionam com sulcos e

fossas, ou mesmo sem esmalte (aplasia)

- Hipocalcificado: a quantidade de esmalte que se forma é normal mas o grau

de calcificação é inferior ao normal e o dente é mais mole e friável, fracturando-se e

desgastando-se com facilidade.

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 34

Page 35: Sebenta 05-06

IMAGIOLOGIA

- Hipomaturação: o grau de calcificação é normal mas a trama protética não

está correctamente formada e o dente é frágil, fracturando-se. Estes dentes são não

se conseguem restaurar porque o compósito cai juntamente com a estrutura dentária

que o rodeia.

DEFEITOS DA DENTINA

Dentinogénese Imperfeita

É uma alteração hereditária autossómica dominante, com expressividade

variável e que afecta ambas as dentições. É uma alteração mesenquimatosa associada a

osteogénese imperfeita.

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 35

Page 36: Sebenta 05-06

IMAGIOLOGIA

Nota: quando há alterações dentárias nem sempre há alterações ósseas, mas

sempre que há alterações ósseas, também há alterações dentárias.

Tipo I

Ocorre em doentes com osteogénese imperfeita.

Os dentes decíduos são mais afectados do que os permanentes.

Tipo II

Os doentes têm apenas anomalias dentinárias (não têm doença óssea).

Tipo III

Só têm doença dentinária, mas com padrão aberrante (variações clínicas e

radiológicas). O resultado final é semelhante ao da sífilis congénita.

É comum aos três tipos:

1. Translucidez invulgar

2. Aspecto opalescente

3. Alteração de cor (do amarelo acastanhado ao cinzento)

4. Toda a coroa parece descolorada devido à dentina anormal que está por

baixo

5. Apesar de o esmalte ser normal, fractura-se e desgasta-se facilmente,

porque a dentina não lhe fornece o suporte necessário.

6. A morfologia dentária está alterada, devido à excessiva constrição na

junção amelo-cimentária, dando à coroa uma forma de tulipa ou campainha.

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 36

Page 37: Sebenta 05-06

IMAGIOLOGIA

Displasia Dentinária

Alteração autossómica dominante rara que só afecta a dentina.

Tipo I – tipo radicular

Tipo II – tipo coronário

Quadro cínico em que só é possível recorrer à extracção, porque não se consegue

fazer nada.

DEFEITOS DO ESMALTE E DENTINA

Odontodisplasia Regional

Os dentes de uma região ou quadrante da maxila ou da mandíbula são afectados

e apresentam:

1. Raízes curtas

2. Foramen apical aberto

3. Câmaras pulpares aumentadas

4. Pouca espessura e má qualidade da mineralização do esmalte e da dentina

(“dentes fantasmas” no Rx)

5. Indicação de exodôncia.

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 37

Page 38: Sebenta 05-06

IMAGIOLOGIA

Os dentes permanentes são mais afectados que os decíduos e os dentes anteriores

superiores são afectados mais frequentemente que os restantes. A erupção dos dentes

afectados atrasa ou não ocorre.

ALTERAÇÕES DA POLPA

Ocorrem principalmente em idosos

Calcificação Pulpar

É a mais comum, aparecendo com a idade, sem qualquer razão aparente. Pode

ser difusa (linear), encontrando-se tipicamente nos canais radiculares, ou nodular

(“pedras” pulpares), localizando-se, geralmente, na câmara pulpar.

Normalmente os pulpolitos são ultrapassados (não têm significado clínico),

apenas podem dificultar o tratamento endodôntico.

Reabsorção Externa

Reabsorção dos dentes a partir da superfície externa. Causas:

lesões inflamatórias crónicas

quistos

tumores benignos

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 38

Page 39: Sebenta 05-06

IMAGIOLOGIA

neoplasmas malignos

Pode ainda estar associada a:

trauma

impactação

iatrogenia: restaurações debordantes, em supra ou infra-

oclusão, ortodôncia

Reabsorção Interna

É uma reabsorção da dentina das paredes pulpares, podendo constituir uma

resposta inflamatória a uma agressão pulpar ou, em alguns casos, não ter,

aparentemente, qualquer factor desencadeante.

Em casos avançados, o dente pode parecer cor-de-rosa, devido à proximidade da

polpa.

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 39

Page 40: Sebenta 05-06

IMAGIOLOGIA

1.5. ALTERAÇÕES DE COR

Pigmentação Exógena

Pigmentação na superfície dos dentes que pode ser removida com abrasivos. A

alteração de cor pode ser causada por pigmentos de substâncias da dieta (café, nozes,

tabaco, entre outros).

Pigmentação Endógena

Descoloração dos dentes resultante do depósito de substâncias na circulação

sistémica durante o desenvolvimento dos dentes.

ex.: tetraciclinas

bilirrubina: na eritroblastose fetal e hepatopatias

porfirina: na porfiria congénita

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 40

Page 41: Sebenta 05-06

IMAGIOLOGIA

1.6. ANOMALIAS DE ERUPÇÃO

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 41

Lg: Fluorose

Lg: Manchas de tretaciclinas

Page 42: Sebenta 05-06

IMAGIOLOGIA

Erupção prematura

Geralmente envolve apenas um ou dois dentes, na maioria dos casos, os

incisivos centrais mandibulares decíduos.

A erupção prematura de dentes definitivos é, geralmente, consequência da perda

prematura do dente decíduo.

Associada a padrões familiares hereditário (mais na dentição decídua) ou a

disfunção endócrina (mais na dentição definitiva), caso do hipertiroidismo.

Erupção retardada

Rara, associada a certas condições sistémicas, tais como displasia cleidocraniana

ou raquitismo.

Devido a factores locais, como a fibromatose gengival, que pode retardar a

erupção normal, quer da dentição decídua quer da definitiva.

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 42

Page 43: Sebenta 05-06

IMAGIOLOGIA

Lg: Displasia cleidocrania

Impactação

Os dentes impactados são todos aqueles que durante o seu processo eruptivo

encontram uma barreira física (supranumerários, quistos odontogénicos, nomeadamente

o queratoquisto, e os tumores odontogénicos, em particular o odontoma) que impede a

erupção normal.

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 43

Page 44: Sebenta 05-06

IMAGIOLOGIA

1.7. ANOMALIAS DE LOCALIZAÇÃO/SITUAÇÃO

Transposição

Resulta na alteração da normal posição de um dente na arcada. Acontece com

maior incidência nos incisivos laterais maxilares.

Lg: Transposição dos botões dentários de 13-14 e 23-24, num rapaz de 10 anos.

Inclusão

Os dentes inclusos representam um grupo maior, abrangendo tanto os dentes

impactados quanto aqueles que estão em processo eruptivo. Todo o dente que apresenta

anomalia na sua posição ou situação que o impede de erupcionar normalmente.

Dentes Inclusos por frequência:

- Terceiros molares

- Caninos inclusos

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 44

Lg: Transposição do incisvo lateral superior

Page 45: Sebenta 05-06

IMAGIOLOGIA

- Pré-molares mandibulares

- Pré-molares maxilares

- Caninos mandibulares

- Incisivos

- Restantes molares

Pode ocorrer uma inclusão óssea (o dente está completamente envolvido por

osso), uma inclusão submocosa (a área de maior diâmetro da coroa do dente está acima

do nível do osso alveolar e a parte superficial do dente está coberta apenas por tecido

mole) ou uma inclusão parcial ou semi-inclusão (uma porção superficial do dente está

coberta por mucosa, mas a área de maior diâmetro do dente está abaixo do nível do osso

alveolar).

Lg: Inclusão do 44 e 45 em disto-versão coronária e em disto-posição no ramo

horizontal da mandíbula

Ectopia

Dente localizado num espaço anatómico próximo da zona onde habitualmente

faz a sua erupção. Exemplo: ramo mandibular (espaço retro-molar), tuberosidade,

palato.

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 45

Page 46: Sebenta 05-06

IMAGIOLOGIA

2. QUISTOS DA CAVIDADE ORAL

QUISTOS ODONTOGÉNICOS: (originários no epitélio odontogénico)

Origem:

Lâmina Dentária

- Queratoquisto

- Quisto Primordial

- Quisto Odontogénico Calcificante

Epitélio Reduzido do Esmalte

- Quisto de Erupção

- Quisto Dentígero (periodontal, lateral ou residual)

Restos Epiteliais de Malassez

Quistos Inflamatório periodontal ou radicular (apical, lateral e

residual)

QUERATOQUISTO:

- Mais frequente no ramo posterior da mandíbula e na 2ª e 3ª décadas

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 46

Page 47: Sebenta 05-06

IMAGIOLOGIA

- Grande potencial de desenvolvimento

- Muito comum no síndrome de Gorlin-Golt (queratoquistos múltiplos)

- Expansão óssea

- Cápsula delgada, queratina

- Epitélio estratificado pavimentoso para o ortoqueratinizado

- Quistos satélite de grupos de células epiteliais da cápsula

- Uni ou multiloculados

QUISTO ODONTOGÉNIO CALCIFICANTE:

- Raro

- 2ª década, mais frequente em mulheres

- 70% no maxilar superior

- Gengiva

- Lesão radiotransparente bem definida, uni/multilocular com calcificações no

interior

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 47

Page 48: Sebenta 05-06

IMAGIOLOGIA

QUISTO DE ERUPÇÃO:

- Tumefacção azulada e flutuante na mucosa sobre um dente em erupção;

- Dilatação do espaço folicular sobre a coroa de um dente em erupção

- Rompem espontaneamente e o dente erupciona;

QUISTO DENTÍGERO:

- Segundo quisto mais frequente

- Associado à coroa de um dente não erupcionado

- Pericoronal, Lateral, Residual

- 2ª à 3ª década

- Lesão radiotransparente bem definida envolvendo a coroa de um dente incluso

- Deslocamento do dente envolvido

- Possível transformação ameloblástica (ameloblastoma), carcinoma

espinocelular ou muoepidermóide

- Este quisto tem que ser completamente removido, mesmo que para isso

tenhamos que danificar o dente adjacente e fazer posteriormente o seu tratamento

endodôntico, se necessário.

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 48

Page 49: Sebenta 05-06

IMAGIOLOGIA

QUISTO INFLAMATÓRIO PERIODONTAL (OU RADICULAR)

- É o mais frequente (+/- 90%)

- De um granuloma pré-existente

- 3ª à 4ª década

- Lesão radiotransparente, bem delimitada, associada à raiz de um dente não

vital

- Associado ao ápex de um dente necrosado (Quisto Apical)

- Dentes não vitais

- Após exodôncia de dente associado (Quisto Residual)

Quisto apical Quisto residual

QUISTOS NÃO ODONTOGÉNICOS

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 49

Page 50: Sebenta 05-06

IMAGIOLOGIA

QUISTO GLOBULOMAXILAR:

- Assintomático

- Dentes envolvidos normalmente com vitalidade

- Patogénese sujeita a dúvida

- Radiotransparência bem definida em forma de pêra entre as raízes do incisivo

lateral e canino maxilares afastando-as

- A recidiva variável consoante a entidade específica diagnosticada

histologicamente

QUISTO NASO-LABIAL:

- Restos do canal nasolacrimal

- Fundo do vestíbulo do maxilar superior por baixo da asa do nariz

- Raro

- 4ª e 5ª décadas; mulheres

- Extra ósseo mas causa erosão superficial no maxilar

- Crescimento lento; eleva a prega nasolabial

- Não visível ao Rx, erosão maxilar nas radiografias oclusais

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 50

Page 51: Sebenta 05-06

IMAGIOLOGIA

QUISTO NASO-PALATINO:

- Comum, resíduos epiteliais do canal nasopalatino

- Tumefacção simétrica na região anterior da linha média do palato

- Entre incisivos centrais superiores (vitais)

- Confundidos com o buraco incisivo ou com Quistos Periodontais Apicais dos

incisivos centrais

- Lesão radiotransparente bem definida em forma de pêra, podendo afastar raízes

de incisivos

- Nas Rx oclusais apresenta a forma de coração

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 51

Page 52: Sebenta 05-06

IMAGIOLOGIA

PSEUDOQUISTOS

QUISTO ÓSSEO ANEURISMÁTICO:

- Lesão intraóssea

- Expansão óssea sem destruição das corticais

- Descolamentos dentários; por vezes reabsorções radiculares

- Anomalia vascular no osso formada por sinusóides cheios de sangue

- Lesão radiotransparente uni ou muiltiloculada esférica ou oval envolvida por

osso recém formado;

- Raro

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 52

Page 53: Sebenta 05-06

IMAGIOLOGIA

QUISTO ÓSSEO SOLITÁRIO:

- 2ª década

- Assintomático; dentes adjacentes vitais;

- Corpo e ramo da mandíbula por cima do canal dentário inferior

- Espaço morto sem revestimento epitelial

- Lesão radiotransparente unilocular bem definida

- Cápsula fina de tecido conjuntivo fibroso bem vascularizado

3. TUMORES ODONTOGÉNICOS

TUMORES EPITELIAIS:

Ameloblastoma

Tumor Odontogénico Escamos

Tumor Epitelial Odontogénico Calcificante (Tumor de Pindborg)

Tumor Odontogénico de Células Claras

Tumor Odontogénico Adenomatoide

TUMORES MESNQUIMATOSOS:

Mixoma Odontogénico

Fibroma Odontogénico Central

Fibroma Cimentificante

Cimentoblastoma

Displasia Cementária Periapical

TUMORES MESENQUIMATOSOS:

Odontoma

Fibroma Ameloblástico

Fibroodontoma Ameloblástico

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 53

Page 54: Sebenta 05-06

IMAGIOLOGIA

AMELOBLASTOMA:

- Localmente agressivo

- Pouca metastização

- Forma-se a partir do epitélio que está envolvido na formação dos dentes:

* Órgão de esmalte

* Restos epiteliais de Mallassez

* Revestimento epitelial de quistos odontogénicos (mais no quisto

dentígero)

- Representa cerca de 1% de todos os tumores e quistos dos maxilares

Ameloblastoma – Aspecto clínico típico

Multiquístico Uniquístico

Características Clínica:

- Atinge sobretudo a 3ª e 5ª décadas (mais frequentemente entre os 35 e os 45

anos)

- A variante uniquística ocorre mais cedo, por volta da 2ª década

- Atinge em igual frequência ambos os sexos

- 80% ocorrem na mandíbula, sobretudo na região molar e no ramo ascendente,

20% na região pré-molar e 10% na região incisiva. Na maxila, quando ocorrem, são

mais comuns na região molar

- Curso benigno, não invadem o osso e raramente recidivam

- Assintomáticos

- Avaliam-se primariamente pelo raio X e os deslocamentos dentários ou

maloclusões são os 1º sinais

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 54

Page 55: Sebenta 05-06

IMAGIOLOGIA

Raio X:

- Processos osteolíticos

- Aspecto uni ou multiloculado (podem observar-se ameloblastomas uniloculares

associados com dentes inclusos, semelhantes a quistos dentígeros)

- Limites radiológicos bem definidos com halo de esclerose (o ameloblastoma

tem um crescimento lento)

- Se houver desmoplasia conjuntiva os limites são mal definidos (mais frequente

na parte dos maxilares)

- Raramente existe reabsorção radicular

TUMOR ODONTOGÉNICO PAVIMENTOSO:

- Deriva dos restos epitelias de Malassez

- Envolve o processo alveolar

- Atinge tanto a mandíbula, na região posterior, como a maxila, na região

anterior

- Ocasionalmente são lesões múltiplas

- Maior incidência entre os 20 e 70 anos, sendo mais frequente a partir dos 40

anos de idade

- Atinge homens e mulheres com a mesma frequência

- Assintomático

Raio X:

- Bem delimitado

- “Meia Lua” associada às raízes dentárias

TUMOR ODONTOGÉNICO CALCIFICANTE – TUMOR DE PINDBORG:

Características Clínicas:

- As células específicas de onde deriva são desconhecidas

- O estímulo para o seu crescimento também é desconhecido

- Tem maior incidência na 4ª década de vida, porém é frequente entre os 20 e os

40 anos

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 55

Page 56: Sebenta 05-06

IMAGIOLOGIA

- Atinge igualmente homens e mulheres

- Atinge a mandíbula duas vezes mais que a maxila, sobretudo na região molar

- Podem surgir lesões periféricas na região anterior da gengiva

- Descoberto por expansão dos Maxilares ou em Raio X de rotina

- Clinicamente semelhante ao ameloblastoma, mas com carácter invasivo local e

tendência a recidivar

Raio X:

- Associado a dentes impactados

- Aparência em “Favo de mel” devido às lacunas

- Radiotransparente ou com foco opaco

- Bem delimitado, por vezes com margens de esclerose

TUMOR ODONTOGÉNICO ADENOMATOIDE:

- Aparece entre os 5 e os 30 anos de idade com maior incidência acima dos 20

- Atinge mais frequentemente mulheres

- Mais frequente na região anterior da maxila, associado a coroas impactadas

- O tecido tumoral prolifera no sentido do lúmem dos espaços quísticos

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 56

Page 57: Sebenta 05-06

IMAGIOLOGIA

Raio X:

- Lesão unilocular em volta da coroa de um dente impactado

- Lesões radiotransparentes, podendo ter focos opacos

- Se for na região anterior há divergência das raízes

MIXOMA ODONTOGÉNICO:

- Neoplasma Benigno que pode ser infiltrativo e agressivo

- Pode recidivar

- Atinge dos 10 aos 50 anos, sendo mais frequente acima dos 30

- Atinge igualmente ambos os sexos

- Atinge igualmente a maxila e a mandíbula

Mixoma odonotogénico Mandibular – vista oclusal Mixoma odontogénico – vista panorâmica

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 57

Page 58: Sebenta 05-06

IMAGIOLOGIA

Raio X:

- Sempre radiotransparentes

- Bem delimitado ou difuso

- Pequeno e multilocular

- Causa expansão cortical e deslocamento radicular

FIBROMA ODONTOGÉNICO CENTRAL:

- Raro

- Atinge todos os grupos etários

- Atinge igualmente a maxila e a mandíbula

Raio X:

- Radiotransparente multilocular

- Por vezes origina expansão cortical

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 58

Page 59: Sebenta 05-06

IMAGIOLOGIA

FIBROMA CIMENTIFICANTE :

- Atinge mais a 4ª decáda

- Mais frequente na mandíbula e nas mulheres

- Pode causar deslocações dentárias ou expansão da cortical

Raio X:

- Radiotransparente com focos opacos (depende do tamanho das ilhas e da

calcificação)

- Bem delimitado

- Circundado por um halo de esclerose

CIMENTOBLASTOMA:

- Tumor benigno raro, com origem nos cimentoblastos

- É a única neoplasia do cimento

- Atinge mais frequentmente a 2ª e 3ª décadas e a mandíbula (1º molar)

- Relacionado com a raíz de dentes vitais, podendo haver reabsorção radicular

- Pode provocar expansão da cortical, dor intermitente que não diminui de

intensidade

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 59

Page 60: Sebenta 05-06

IMAGIOLOGIA

Cimentoblastoma – aspecto típico

Raio X:

- Opacidade que substitui a raiz do dente circundada por um halo

radiotransparente

DISPLASIA CIMENTARIA PERIAPICAL:

- Aparece junto ao apéx de dentes vitais

- Atinge mais frequentemente mulheres, negros, indivíduos com 40 anos e a

região anterior da mandíbula

- Afecta 2 ou mais dentes

- Assintomático

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 60

Page 61: Sebenta 05-06

IMAGIOLOGIA

Raio X:

- Transparência periapical contínua com o espaço do ligamento periodontal

- Assume um padrão misto ou mosqueado

- Massa opaca sólida, circundada por um halo radiotransparente

ODONTOMA:

- São hamartomas (malformações do desenvoldimento) do esmalte e do cimento

e tal como os dentes podem erupcionar

- Células normais com organização deficiente

- Odontomas:

* Composto:

- Miniaturas múltiplas ou dentes rudimentares

- Atinge sobretudo a porção anterior da maxila

Odontoma misto composto Dentículos encontrado num odontoma misto composto

* Complexo:

- Aglomerados amorfos de tecido duro

- Atinge sobretudo a região posterior da maxila

Odontoma misto complexo

- Frequente em crianças e adultos jovens (20 anos)

- Mais frequente no maxilar, na região anterior

- Atinge igualmente homens e mulheres

- Frequentemente diagnosticado em jovens em Raio X de rotina

- Sinais clínicos traduzem:

* Dente decíduo retido

* Dente evaginado

* Tumefacção alveolar

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 61

Page 62: Sebenta 05-06

IMAGIOLOGIA

- Pode ocorrer:

* infecção em odontomas erupcionados

* deslocamentos dentários

* bloqueio da erupção

* formação de quistos

- Assintomático

Raio X:

- Odontoma composto: vários dentes maduros num aglomerado

- Local que suporta dentes (entre raízes; sobre a coroa de um dente

impactado)

- A sua evolução é sequencial:

* envolvimento do dente – fase radiotransparente

* fase intermédia de radiotransparência mista

* finalmente fase densamente radiopaca

4. PATOLOGIAS PERIAPICAIS

O exame radiológico de excelência para o despiste de lesões periapicais é a

periapical.

As lesões inflamatórias que envolvem o apéx dentário, devem ser avaliadas quanto

à:

Forma: uni ou multilocular;

Contorno: limites difusos ou definidos, regulares ou irregulares, se tem

cápsula ou não;

Estrutura interna: vai distinguir o tipo de lesão apical, essencialmente

através do exame anatomopatológico, mas através do Rx podemos

despistar por presença ou não do trabeculado ósseo e zonas de

mineralização.

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 62

Page 63: Sebenta 05-06

IMAGIOLOGIA

Temos então a considerar:

1. Abcesso periapical

Aumento de espaço do ligamento periodontal (zona radiotransparente) com

destruição da lâmina dura (linha radiopaca que envolve a raíz dentária).

2. Granuloma

Zona de lesão radiotransparente unilocular, de contorno definido, com

pequenas dimensões (≤ 10mm), esférica ou ovalada.

Está sempre associado ao apéx de um dente desvitalizado.

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 63

Page 64: Sebenta 05-06

IMAGIOLOGIA

3. Quisto periapical

Zona de lesão radiotransparente unilocular, com limites bem definidos e

esférica, associado ao apéx de um dente desvitalizado.

Tem dimensões superiores às de um granuloma e encontra-se envolvido por

uma cápsula fibrosa com uma tradução radiológica radiopaca.

Existem ainda processos inflamatórios que envolvem o apéx dentário e podem

afectar todo o osso, que são as osteomielites.

5. PERIODONTOPATIAS

Joaquim Pais de Sousa, Paulo Salazar, João Miguel Bogas 64

Page 65: Sebenta 05-06

IMAGIOLOGIA

5.1. REABSORÇÃO ÓSSEA

Caracteriza-se pela ausência da lâmina dura, perda do contorno e aumento da

radiotransparência da crista óssea alveolar.

As reabsorções podem ser:

Horizontais: perda óssea em toda a extensão da crista óssea alveolar.

Imagiologicamente, traduz-se num padrão de reabsorção perpendicular

ao longo eixo do dente, podendo abranger vários espaços interdentários.

Verticais: imagiologicamente, traduz-se num padrão de reabsorção

oblíqua ou angulada em relação ao longo eixo do dente. Podem ir desde

a crista óssea alveolar até ao osso da zona do apéx radicular.

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5.2. ALTERAÇÕES DO ESPAÇO PERIODONTAL

São causas desta alteração: sobrecargas oclusais, aumento da mobilidade

dentária, fracturas, processos apicais ou periodontais.

Temos então a considerar:

Anquilose: união do cimento radicular ao tecido ósseo alveolar (zona

radiopaca);

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Hipercimentose: aumento do volume radicular por deposição de novo

cimento (zona radiopaca, raízes em forma de baqueta de tambor);

Furcas radiológicas: furca é zona de união das raízes, a qual pode ficar

exposta após reabsorção óssea extensa.

6. CÁRIE

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A cárie dentária é uma doença multifacetada, que implica uma interacção entre os

dentes, os factores orais do hospedeiro, a saliva e a microflora, bem como o factor

externo da dieta.

Forma específica de infecção, em que as estirpes bacterianas específicas se

acumulam na superfície do esmalte, onde elaboram produtos ácidos e proteolíticos que

desmineralizam a superfície e digerem a matriz orgânica. Depois de entrar no esmalte, o

processo patológico progride pela dentina até à polpa.

Radiologicamente, a cárie apresenta-se sempre radiotransparente.

CLASSIFICAÇÃO:

1. De acordo com localização da lesão :

. De sulcos e fissura – é o tipo mais comum, aparece nos primeiros anos

de vida, nas superfícies oclusais e vestibulares dos molares da dentição decídua e

definitiva. Menos comum nas superfícies oclusais dos pré-molares e superfícies

linguais/palatinas dos incisivos.

Cárie oclusal do segundo molar

. De superfícies lisas: Vestibular, Mesial, Distal, Lingual/Palatino – é

menos comum, ocorrendo essencialmente nas regiões interproximais dos dentes

posteriores (molares e pré-molares).

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Cárie vestibular Cárie interproximal dos pré-molares inferiores e 1ºmolar e

segundo pré-molar superior

. Recidivantes – termo aplicado à cárie que surge à volta de uma

restauração existente, a qual se encontra infiltrada ou debordante.

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2. De acordo com a área do dente:

. Do esmalte – afecta o esmalte

. Da dentina – afecta a dentina

. Da raiz (cemento) – observa-se quase exclusivamente na população

mais idosa, nas pessoas que tenham tido recessão gengival acentuada.

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3. De acordo com a velocidade de progressão:

. Aguda (rampante) – mais frenquente na população jovem,

desenvolvem, simultaneamente, lesões cariosas múltiplas; os dentes desta população

apresentam grandes cavidades pulpares e túbulos dentinários largos e curtos.

. Crónica – mais comum na população idosa, cujos dentes têm câmaras

pulpares mais pequenas, com depósitos adicionais de dentina mais densa (dentina

terciária) e túbulos dentinários mais escleróticos, o que oferece resistência à progressão

da cárie.

. Estacionária – existe lesão, mas não evolui para além do esmalte.

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