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Brasilia, 3-6 Setembro 2013 Sala Especializada 10- Manejo da adubação do algodoeiro no sistema RELATO DA EXPERIÊNCIA DO GRUPO MIZOTE, SÃO DESIDÉRIO-BA: SISTEMA DE PLANTIO DIRETO X MÉTODOS DE ADUBAÇÃO Vilson Rogério Pertile Gerente Grupo Mizote O Grupo Mizote iniciou suas atividades na Bahia em 1984, com cultivo de soja, em 1988 com milho e em 1996 com algodão. Atualmente estamos com uma área cultivada de 26.500 ha, em quatro unidades de produção, sendo distribuídos em 11.500 ha de soja, 7.500 ha de milho e 7.500 ha de algodão, nos municípios de São Desidério e Formosa do Rio Preto, Bahia. A empresa é familiar, de propriedade do senhor Paulo Mizote, que sempre buscou ser um produtor diferenciado no sistema de produção, investindo fortemente na formação de perfil e correção de solo, para suportar os veranicos comuns em todos os anos na Bahia. Inicialmente o cultivo do algodão era realizado em sistema convencional, com preparo do solo para o cultivo e também destruição mecânica das socas, sendo a maioria das áreas em monocultivo por duas safras ou mais. Na safra 2005/06, iniciaram-se os primeiros cultivos em plantio direto, em áreas de alta fertilidade, e que primou por um rigoroso plano de rotação de culturas. A sequência de rotação de cultura estabelecida foi o milho consorciado com braquiária ruziziensis, algodão e posteriormente a soja, sendo essa última com milheto em sobre semeadura, para cobertura do solo. Após quatro safras, a empresa decidiu implantar o sistema de plantio direto em todas as áreas da empresa, sendo que para isso estabeleceu um programa gradativo de correção do solo, rotação de culturas e adubação a lanço, sendo que esse último já estava sendo realizada nas áreas corrigidas. Para a safra 2013/14, nas unidades de produção de São Desidério estamos com 85% das áreas no sistema de plantio direto, sendo que na safra 2014/15 atingiremos 100%. Para isso, temos um planejamento de rotação de culturas em longo prazo, que prevê um terço das áreas de cultivo de milho consorciado com braquiária ou crotalária, um terço de algodão e um terço com soja, sendo esse último sempre com uma cultura para cobertura do solo (milheto, crotalária ou braquiária). Em relação à adubação das culturas, estamos adubando o sistema, fazendo um balanço de nutrientes de acordo com a extração e exportação. Para isso, estabelecemos níveis de fertilidade para cada nutriente, seja micro ou macronutriente, além de estar analisando o que está sendo adicionado e também o que a cultura está exportando a cada safra. Esses níveis de nutrientes levam em consideração os teores de argila, CTC e níveis de produtividade desejados para as culturas. Anualmente realizamos análises de solo e foliares em todas as lavouras das fazendas para verificação do nível de fertilidade do solo e do estado nutricional das plantas. A cada três safras, realizamos análise do solo em grid, sendo analisado de 0-20 cm e de 20- 40 cm, visualizando como estão os teores de nutrientes no solo ao longo do talhão, podendo fazer uma correção localizada, baseando se em níveis mínimos para cada nutrientes e da produtividade

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Brasilia, 3-6 Setembro 2013

Sala Especializada 10- Manejo da adubação do algodoeiro no sistema RELATO DA EXPERIÊNCIA DO GRUPO MIZOTE, SÃO DESIDÉRIO-BA: SISTEMA DE PLANTIO DIRETO X MÉTODOS DE ADUBAÇÃO Vilson Rogério Pertile Gerente Grupo Mizote

O Grupo Mizote iniciou suas atividades na Bahia em 1984, com cultivo de soja, em 1988 com

milho e em 1996 com algodão. Atualmente estamos com uma área cultivada de 26.500 ha, em quatro unidades de produção, sendo distribuídos em 11.500 ha de soja, 7.500 ha de milho e 7.500 ha de algodão, nos municípios de São Desidério e Formosa do Rio Preto, Bahia.

A empresa é familiar, de propriedade do senhor Paulo Mizote, que sempre buscou ser um produtor diferenciado no sistema de produção, investindo fortemente na formação de perfil e correção de solo, para suportar os veranicos comuns em todos os anos na Bahia.

Inicialmente o cultivo do algodão era realizado em sistema convencional, com preparo do solo para o cultivo e também destruição mecânica das socas, sendo a maioria das áreas em monocultivo por duas safras ou mais. Na safra 2005/06, iniciaram-se os primeiros cultivos em plantio direto, em áreas de alta fertilidade, e que primou por um rigoroso plano de rotação de culturas. A sequência de rotação de cultura estabelecida foi o milho consorciado com braquiária ruziziensis, algodão e posteriormente a soja, sendo essa última com milheto em sobre semeadura, para cobertura do solo.

Após quatro safras, a empresa decidiu implantar o sistema de plantio direto em todas as áreas da empresa, sendo que para isso estabeleceu um programa gradativo de correção do solo, rotação de culturas e adubação a lanço, sendo que esse último já estava sendo realizada nas áreas corrigidas.

Para a safra 2013/14, nas unidades de produção de São Desidério estamos com 85% das áreas no sistema de plantio direto, sendo que na safra 2014/15 atingiremos 100%. Para isso, temos um planejamento de rotação de culturas em longo prazo, que prevê um terço das áreas de cultivo de milho consorciado com braquiária ou crotalária, um terço de algodão e um terço com soja, sendo esse último sempre com uma cultura para cobertura do solo (milheto, crotalária ou braquiária).

Em relação à adubação das culturas, estamos adubando o sistema, fazendo um balanço de

nutrientes de acordo com a extração e exportação. Para isso, estabelecemos níveis de fertilidade para cada nutriente, seja micro ou

macronutriente, além de estar analisando o que está sendo adicionado e também o que a cultura está exportando a cada safra. Esses níveis de nutrientes levam em consideração os teores de argila, CTC e níveis de produtividade desejados para as culturas.

Anualmente realizamos análises de solo e foliares em todas as lavouras das fazendas para verificação do nível de fertilidade do solo e do estado nutricional das plantas.

A cada três safras, realizamos análise do solo em grid, sendo analisado de 0-20 cm e de 20-40 cm, visualizando como estão os teores de nutrientes no solo ao longo do talhão, podendo fazer uma correção localizada, baseando se em níveis mínimos para cada nutrientes e da produtividade

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esperada. Fazemos análises em alguns pontos, de 5 em 5 cm, para acompanhar o deslocamento e teores de nutrientes no perfil.

Realizamos a aplicação de calcário, gesso, fósforo e potássio a taxa variável, em aplicação superficial, separadamente. O cálcio, magnésio e fósforo são calculados para as três safras, antecedendo a cultura do algodão, sendo que o objetivo é que após as três safras, tenhamos o solo com um nível de fertilidade igual ou melhor.

No caso da adubação potássica no algodoeiro, consideramos o resíduo de potássio nos restos culturais da palhada do milho mais braquiária, para a tomada de decisão. Estamos conseguindo reduzir no algodão e suprimir na soja, porém usando a necessidade de extração no milho. Toda a adubação de potássio é feita com KCL na época da seca, a lanço.

Para o nitrogênio, estamos buscando no mínimo 40% do N com a fonte Sulfato de Amônio e o restante com produto com menor perda por volatilização. Parcelamos esse nitrogênio no milho e algodão em no mínimo duas aplicações a lanço, sendo o ideal é quando conseguimos parcelar em três aplicações. O manejo deste nutriente ainda não está consolidado em relação a dose, porém, no início da implantação do plantio direto, observamos a necessidade de se aumentar em 20 a 30% o N em relação ao que usávamos no plantio convencional sem a formação de palhada. Resumo

Estamos colhendo os melhores resultados nas lavouras que estão há mais de seis safras em plantio direto com formação de boa palhada, pois suportaram melhor os períodos de veranicos prolongados. Em geral, estamos conseguindo reduzir a erosão dos solos, facilitar o manejo das operações, com menor custo e manter os níveis de produtividade das lavouras ao longo dos anos.