sbh abef - sbhepatologia.org.br · 2011-2013 presidente: henrique sérgio ... 22 24 26 expediente...

15
Sociedade Brasileira de Hepatologia Setembro/2012 Dengue e as bromélias WIAH e Joint: movimentando agosto Monotemático de NASH Vamos ganhar mais? Editor-responsável: Mário Reis Álvares-da-Silva SBH vs. ABEF Crise de identidade na Hepatologia brasileira

Upload: phamdang

Post on 19-Jan-2019

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Sociedade Brasileira de HepatologiaSetembro/2012

Dengue e as bromélias

WIAH e Joint: movimentando agosto

Monotemático de NASH

Vamos ganhar mais?

Editor-responsável: Mário Reis Álvares-da-Silva

SBH vs. ABEFCrise de identidade na Hepatologia brasileira

Índice

Editorial

Diretoria Biênio 2011-2013Presidente: Henrique Sérgio de Moraes Coelho (RJ)

1º Vice-presidente: Maria Lucia Gomes Ferraz (SP)

2° Vice-presidente: José Carlos Ferraz Fonseca (AM)

3º Vice-presidente: Francisco José Dutra Souto (MT)

Secretário-geral: Mário Reis Álvares-da-Silva (RS)

Secretário-adjunto: Jorge André de Segadas Soares (RJ)

Tesoureira: Letícia Cancela Nabuco (RJ)

2º Tesoureiro: André de Castro Lyra (BA)

Representante AMB: Edna Strauss (SP)

Editor Boletim SBH: Mário Reis Álvares-da-Silva (RS)

Comissão de Admissão: Henrique Sérgio M. Coelho (RJ), Fábio Marinho do Rego Barros (PE), Edmundo Pessoa Lopes Neto (PE)

Editor Arquivos de Gastroenterologia: Alberto Queiroz Farias (SP)

Editor GED: Paulo Lisboa Bittencourt (BA)

Home Page: Fábio Marinho do Rego Barros (PE)

Concurso da Área de Atuação: José Eymard de Medeiros Filho (PB), Maria Chiara Chindamo (RJ), Carlos Eduardo Brandão Mello (RJ)

Conselho Fiscal: Paulo Roberto Lerias de Almeida (RS), João Luiz Pereira (RJ), Roberto José de Carvalho Filho (SP), Giovanni Faria Silva (SP) e Rodrigo Sebba Aires (GO)

Comissão de Pesquisa Clínica: Maria Lucia G. Ferraz (SP), Renata de Mello Perez (RJ), Angelo Alves de Mattos (RS)

Comissão de Residência Médica: Raymundo Paraná (BA), Edna Strauss (SP), Angelo Alves de Mattos (RS), Cristiane Alves Villela Nogueira (RJ)

Presidente Eleito: Edison Roberto Parise (SP)

Esta é uma publicação técnico-científica para distribuição exclusiva a profissionais habilitados a prescrever ou dispensar medicamentos.

Créditos Boletim SBHCapa: detalhe de uma viela em Roma. Todas as fotografias: Mário Reis Álvares-da-Silva (exceto: Bromélias – Flair Carrilho; Curitiba e Punta Del Este - Fórum e Consenso: Rosane Fantin). Arte final: VRA+ Comunicação. Contato e sugestões: [email protected].

222 3468

12151620222426

Expediente da diretoria EditorialCréditos Boletim SBHSeção Espaço Porta – 1º Simpósio de Hepatologia do Nordeste Seção Placa Ductal – Câmara Técnica Nacional de TransplanteSeção Células Estreladas – Vamos Ganhar Mais?Seção Células Endoteliais – WIAH e Joint MeetingSeção Espaço de Disse – BroméliasSeção Transporte Biliar – Elastografia tecidual. Seção Células de Kupffer – SBH vs. ABEF: Crise de IdentidadeSeção Artéria Hepática – Monotemático NASHSeção Veia Porta – Fórum de Pesquisadores e Consenso HCVSeção Canais de Hering – Tratamento da Hepatite C no BrasilSeção Zona 3 – Notícias SBH

| Seção Espaço Porta |

Prezados Colegas, a cada momento surge um desafio para a SBH. No ano passado conseguimos perante ao Conse-lho Federal de Medicina e a Associação Médica Brasileira, tornarmo-nos área de atuação da Clínica Médica e da Infecto-logia. O passo seguinte foi a criação da Residência Médica em Hepatologia em 2 anos, que é o período que considera-mos ideal para os residentes adquirirem as aptidões necessárias para exercer a Hepatologia. Na gestão de Raymundo Paraná, foi enviada à AMB a proposta de Residência Médica em Hepatologia, e na minha gestão defendemos na AMB, com Edna Strauss e Raymundo Paraná, a necessidade de criarmos a especialidade Hepatologia para atender as demandas de doenças altamente prevalentes em nosso meio como as hepatites, a esteato-se, a cirrose hepática e o câncer de fíga-do. Entendemos que em diversas regiões do país, principalmente no SUS, não há um número de profissionais preparados para atender com qualidade milhões de pessoas com estas patologias. Nossas posições foram bem aceitas e como pri-meiro passo em direção à realização de nosso sonho que é o reconhecimento da Hepatologia como especialidade, formu-lamos um Programa de Residência Mé-dica em 2 anos tendo como pré-requisito a Clínica Médica e a Infectologia. Recebe-mos como exigência da Comissão Nacio-

nal da Residência Médica (CNRM) e da AMB que apresentássemos o programa dentro de uma matriz de conteúdo pa-dronizado para todas as especialidades. A Comissão de Residência da SBH (Edna Strauss, Raymundo Paraná e Cristia-ne Villela) trabalhou neste último mês adaptando este Programa às normas da CNRM, recentemente enviado a todos os associados na forma apresentada à CNRM. Agora é identificar os Serviços capazes de desenvolver este programa e incentivá-los para que solicitem às co-missões locais a alocação de vagas novas para Hepatologia tendo como pré-re-quisito a Clínica Médica ou Infectologia. Em um segundo passo, discutir com a Gastroenterologia a RM daqueles que optarem por inicialmente cursar a Gas-troenterologia. Em futuro breve todas as áreas de atuação deverão ter programas em 2 anos e será necessária a adapta-ção do Programa em vigência. Creio ser muito importante que todos os Serviços que venham a desenvolver o Programa possam interagir e eventualmente até organizem programas de cooperação em áreas pouco desenvolvidas em determi-nada região. Somente com Residência em Hepatologia ativa e forte poderemos exigir maiores oportunidades no mer-cado de trabalho público, realização de concursos públicos bem como a inserção da Hepatologia no SUS.

Henrique Sérgio Moraes Coelho (RJ)

Alex Vianey Callado França (SE)

Henrique Sérgio Moraes Coelho (RJ)

Sociedade Brasileira de Hepatologia

Visando a difusão do conhecimento da hepatologia por todo Brasil, a SBH realizará o I Simpósio de Hepatologia do Nor-deste em Aracaju-Sergipe no final de setembro do corrente ano. Neste evento serão discutidos temas de interesse mun-dial como as hepatites virais, carcinoma hepatocelular, mas também focando em doenças de interesse regional, como a es-quistossomose. Além de levar os conhecimentos da nossa es-pecialidade a todas regiões da nação, a SBH tem como objetivo estimular a ação conjunta dos diversos estados no desenvolvi-mento da hepatologia tanto na divulgação como na realização de estudos científicos em doenças prevalentes em cada região. Além dos convidados locais (Sergipe), estão confirmadas as presenças de 9 palestrantes do nordeste, 7 de outras regiões do Brasil e 1 convidado internacional do grupo BCLC de Bar-celona, Dr. Ramón Vilana, que irá abordar a importância dos métodos de imagem no diagnóstico e tratamento do carcino-ma hepatocelular.

Este será o primeiro evento de um programa que será itineran-te entre os estados.

Esperamos contar com a presença de todos e aproveitar para desfrutar dos encantos da capital brasileira da qualidade de vida.

Sociedade Brasileira de Hepatologia

Ora direis, ouvir bromélias

WIAH e Joint: movimentando agosto

Monotemático de NASH

Vamos ganhar mais?

Editor-responsável: Mário Reis Álvares-da-Silva

SBH vs. ABEFCrise de identidade na Hepatologia brasileira

Aracaju | 27 a 29 de Setembro de 2012

“Neste evento serão discutidos temas de interesse mundial como as hepatites virais, carcinoma

hepatocelular, mas também focando em doenças de interesse regional, como a esquistossomose.”

| Boletim SBH Boletim SBH |2 3

Câmara Técnica Nacional de Transplante

| Seção Placa Ductal |

Desde Maio de 2011 a Câmara Téc-nica para os Transplantes de Fíga-do, designada pelo Sistema Nacio-nal de Transplantes, conta com um representante da Sociedade Brasi-leira de Hepatologia e um do Colé-gio Brasileiro de Cirurgia Digesti-va. Esta ampliação da entidade que regula as políticas do transplante de fígado mostra uma adequação salutar às novas realidades e ne-cessidades observadas nos centros transplantadores de todo o Brasil.

O momento vivido pelas Câmaras Técnicas anteriores era de consoli-dação do Transplante Hepático no Brasil e a manutenção de normas e pareceres de formato cartorial por ela emitidos sinalizava seriedade e respeito aos assuntos relacionados ao transplante. E este objetivo foi cumprido, pois se os transplantes no País são vistos atualmente como confiáveis também é decorrente da política anteriormente adotada. Poderia questionar-se o conserva-dorismo e o estrito seguimento da lei nas decisões, mas nunca ques-tionar-se sua integridade.

Operacionais do SNT. Visto que as pontuações respeitarão alguns critérios regionais, com intuito de equilibrar os pontos da situação es-pecial com o tempo de espera em lista, MELD regionais e estádio clí-nico. No carcinoma hepatocelular o estadiamento clínico será leva-do em consideração, utilizando-se como base o critério de Bologna (que respeita os de Milão) e que nos tumores estadiados como Bar-celona 2 diferenciar-se-á os 2A (tu-mor entre 2,0 e 3,0 cm) e 2B (tumor maior que 3,0cm ou 2-3 tumores acima de 2,0 cm com até 3,0 cm). Os tumores 2A receberão o MELD básico do paciente, calculado com as variáveis acima, mais 4 pontos incorporando 0,5 ponto/mês en-quanto o T2B ganhará 8 pontos + 1 ponto por mês.

Os pacientes aceitos nas Centrais como downstaging receberão seu MELD de base + 12 pontos + 1 pon-to/mês.

Em meu nome e, certamente de todos os membros desta Câmera gostaríamos de enfatizar o empe-

Consequente a essa seriedade ado-tada obteve-se, no transplante de fígado, credibilidade generalizada pelo Brasil. Com o crescimento do número de Transplantes de Fígado no país passou-se a outro momen-to, observando-se reivindicação geral, para que os regulamentos permitissem a inclusão de novas formas de complicações da doença hepática.

Assim, a nova Câmara Técnica teve a sensibilidade de discutir madu-ramente, e incluir, novas doenças em situação especial, beneficiando pacientes, anteriormente sem pers-pectivas próximas de viabilizar seus transplantes. A visão atual da Câmara é a de permitir que doen-tes crônicos, portadores de doenças hepáticas graves porém compensa-dos mas com graves repercussões clínicas e que imponham grande risco de morte nas crises agudas ou acarretem inaceitável qualidade de vida possam ter acesso ao trans-plante através da concessão de si-tuação especial.

Enquadram-se perfeitamente neste

nho do SNT nos últimos anos no sentido de transformar o Brasil em um centro de excelência na área de Transplantes.

Nos últimos anos o Ministério da Saúde através do SNT tem alocado recursos crescentes para a concreti-zação deste objetivo e acreditamos que a comunidade dos transplan-tadores tem correspondido às ex-pectativas e anseios da população. Hoje na área de fígado somos o ter-ceiro País do mundo em volume de transplantes de fígado.

Vamos agora, trabalhar arduamen-te objetivando aumentar ainda mais a doação de órgãos em esta-dos onde ela inexiste e organizá-las nos estados restantes, em apoio as atitudes concretas, adotados pelo SNT e em implementação.

Finalmente a comunidade trans-plantadora deverá dar continuida-de à busca de melhores resultados com o objetivo de em pouco tempo, consolidar o Brasil como excelência mundial, em números e resultados, na área de transplantes de órgãos do aparelho digestivo.

conceito a ascite e o prurido intra-tável, a encefalopatia incapacitante e as colangites de repetição, desde que se respeitem os critérios esta-belecidos e com a documentação comprobatória da gravidade da patologia. Através da documen-tação de internações múltiplas, tratamentos adequados, etc. e o preenchimento correto das fichas instituídas que serão então encami-nhadas as Centrais Regionais, que as repassem ao Sistema Nacional de Transplantes para análise.

Muitos pacientes já foram benefi-ciados por esta nova regulamen-tação. Reforçamos que o histórico da doença, detalhado e com a cro-nologia das formas terapêuticas e necessidades de intervenções e/ou internações hospitalares são essenciais para que se tenha visão correta das necessidades destes pacientes para que possam receber situação especial, beneficiando-os com o transplante.

O carcinoma hepatocelular tam-bém teve sua pontuação alterada e aguarda a inclusão nos Sistemas

Câmara Técnica Nacional para os Transplantes de Fígado: novidades à vista

Luiz A. Carneiro D’Albuquerque (SP)

Obteve-se, no transplante de fígado, credibilidade generalizada pelo Brasil. Com o crescimento do número de Transplantes de Fígado no país passou-se a outro momento, observando-se reivindicação geral, para que os regulamentos permitissem a inclusão de novas formas de complicações da doença hepática.

Câmara Técnica Nacional de Transplante Hepático(Ministério da Saúde - Portaria 227, 20 de Maio de 2011)

Membros titulares

Agnaldo Soares Lima (MG)

José Ben-Hur Ferraz Neto (SP)

Ilka Boin (SP)

José Huygens Parente Garcia (CE)

Luiz A. Carneiro D’Albuquerque (SP)

Marcelo Nogara (SC)

Mário Reis Álvares-da-Silva (RS)

Paulo Massarollo (SP)

Tércio Genzini (SP)

Representante SBH

Paulo Lisboa Bittencourt (BA)

Representante CBCD

Cleber Dario Pinto Kruel (RS)

| Boletim SBH Boletim SBH |4 5

| Seção Células Estreladas |

Como aumentar os ganhos dos hepatologistas

André Lyra (BA)

A Hepatologia é uma especialida-de eminentemente clinica, na qual poucos procedimentos fazem parte do seu arsenal. Certamente esta ca-racterística contribui para a menor procura dos novos médicos pela especialidade. Como já é de amplo conhecimento, os convênios habi-tualmente remuneram melhor pro-cedimentos médicos em detrimento das consultas medicas, cujos hono-rários são baixos. Portanto, a busca

médicos acima do que atualmente é proposto pelas tabelas vigentes. A hepatologia é uma das especiali-dades que mais internam pacientes para acompanhamento hospitalar e uma adequação desta remuneração já representaria um grande avanço nos ganhos. É necessário valorizar a hora do trabalho do médico que não realiza procedimentos invasivos e reduzir a desproporcionalidade que existe entre os honorários deste pro-fissional e daquele que faz procedi-mentos, levando-se em consideração que o tempo de formação de ambos é elevado, demandando varias ho-

por uma melhor e justa remuneração dos hepatologistas provavelmente seria um atrativo importante para o recrutamento de novos especialis-tas. Embora o Fibroscan venha a ser um novo procedimento que tenha proporcionado perspectivas para um melhor ganho dos hepatologis-tas, o aparelho ainda é muito caro, possivelmente radiologistas tam-bém irão utiliza-lo e por isso muitos têm receio de adquiri-lo em certas regiões do país por preocupação em não obter o retorno financeiro desejado e necessário para compen-sar o investimento. Provavelmente,

ras de treinamento e dedicação. É válido ressaltar que, na maioria das vezes, o Hepatologista lida com pa-cientes portadores de doenças crôni-cas e, consequentemente, estes pa-cientes requerem uma atenção que frequentemente vai além daquele momento da consulta médica. Desta forma, embora isto seja observado em outras especialidades, é mui-to frequente, na Hepatologia, que os pacientes liguem para os telefo-nes dos seus médicos nas horas de trabalho e mesmo em horários não convencionais para obterem orien-tação a cerca de algo relacionado à

o primeiro passo que deveria ser dado pelos hepatologistas para ob-ter uma melhor remuneração seria a organização da classe neste sentido e definição de um preço adequado da consulta médica tanto a nível ambulatorial quanto a nível hospi-talar, a exemplo de como os aneste-siologistas, fizeram em vários locais. Nossos pacientes ambulatoriais e, particularmente os que necessitam de internação são, habitualmente, complexos, demandam tempo e conhecimento científico profundo para o seu manuseio correto. Portan-to, seriam apropriados honorários

sua doença em um dado momento. Paralelamente, embora seja um as-pecto menos prioritário em relação ao anteriormente comentado, não deve ser esquecida a necessidade de adequação dos honorários médicos referentes às paracenteses abdomi-nais e biópsias hepáticas. Finalmen-te, outra possibilidade a ser avaliada seria a tentativa de se estabelecer, junto aos convênios, uma tabela de honorários médicos relacionados a todo o acompanhamento clinico de um tratamento mais complexo de algumas condições clínicas, como por exemplo, é o caso da hepatite C.

Vamos ganhar

mais?

| Boletim SBH Boletim SBH |6 7

| Seção Células Endoteliais |

Dominique foi ao mar - Joint na Bahia

Mário Reis Álvares-da-Silva (RS)

Dominique foi ao mar, o mar verdi-nho e quente do inverno da Bahia. Pulou ondinha, leve, feliz e afoi-ta. Sol a pino. Foi entrando, água quase na panturrilha, moda praia, bronze de Curitiba. “Você sabe que muda o vento, você sabe que o ven-to vira, ai, o vento virou ...”, Caym-mi cantando ao fundo. Traiçoeira a Praia do Forte, o microtsunami pe-gou em cheio, arrastou a banhista do Sul, gritos de horror, segundos de pânico, a lâmina de água co-brindo parte da mãozinha direita cravada na areia, os pulmões quase encharcados de água e sal. Salva e sã, intacta da aventura, coração aos pulos, respiração ruidosa, e, feliz-mente, o maiozinho no lugar, jazia a moça, pé em terra firme, final fe-liz. O salva-vidas do Iberostar, lá de cima, nem se tocou, distraído. Claudia seguiu fazendo estrelas na areia, alheia, que é época de Olim-píadas, Mario Pessôa nos apoios, André no tênis de mesa. 4º Joint Meeting, tudo incluído no Nordes-te brasileiro fora de época. Públi-co recorde – qualificado e atento, ciência e lazer, leveza e profundi-dade – pure espírito Joint Meeting. Carcinoma hepatocelular e vírus C. Variantes do KIR, polimorfismos do PNPLA3, IL28B como nunca, os mistérios da microbiota – so-mos mais bactérias que humanos, só não havíamos nos dado conta! Mais as polêmicas dos casos clíni-cos, que não foram poucas. Quem teve sorte viu tartarugas e baleias no mar, Rombino na Gandaia, Sér-gio Andrade cantando Xuxa (cer-

to, eu cantei, também, piano bar), a lua cheia derramada sobre o mar. Quem teve muita sorte ouviu Paulo Chagas (da Nelminha) no quiosque, ou mais ainda, no pal-co, encerrando o Joint, Asa Branca matadora. Ano de lançamentos, grandes lançamentos, gente que foi pela primeira vez: Angelo Mat-tos, João Mendonça, Tania Reuter, Cris Villela, Cirley Lobato, Renata Perez, muitos outros. Pela primeira vez, Paulo e sua nécessaire, pronto para tudo – esta é pra ter orgulho do Joint: na Amaralina do Iberos-tar, pela primeira vez na história da Hepatologia foram discutidos artigos que ele ainda não havia lido! Aprendemos também que “existe vida depois dos 60 anos” – Themis aplaudida em cena aberta. Desta vez não teve vulcão, não teve confusão na saída. Teve o frio baia-no do centro de eventos, um gelo! – muita gente passou frio. Domi-nique-de-sobretudo (sim, a moda praia abandonada depois da expe-riência traumática) fez um protesto pelo lead-in, e ensinou a todos, pure

Paraná-British, ”lead-in”. Stickel não veio, virose suíça, mas mandou as aulas, simpático – Themis, André e Claudia na substituição. Moisés Diago veio, e se saiu muito bem. Muita gente veio e ficou o tempo todo, que bom. Muita gente ficou pouco tempo, e houve quem tenha ficado pouquíssimo. Evaldo levou o troféu The Flash, mais tempo de viagem que de evento, mas deu uma bela aula. O Joint tem para to-dos. Fábio e Marcelo com esposas e filhos, seriíssimos, .... O bar da pis-cina foi um point, o bar do lobby, outro, o teatro, nem tanto – poucos descobriram que havia danças pós--espetáculo, a beira-mar só não aju-dou mais pelo repuxo – a lua cheia até que tentou. Iberostar Praia do Forte, estilo mourisco-like no lito-ral baiano, lindo, belos apartamen-tos, sem cheiro de mofo, novinho e bem cuidado. Muita comida, muita - certo, não se espere grande quali-dade. Piscina sem bagunça, borda infinita, vista para os coqueiros e o mar, sem música, sem agito, sem axé, delícia! Como a Vila da Praia do Forte – quem não se lembrou de Búzios ao caminhar pela cidadezi-nha? – um pouco de licença poética é preciso, mas é assim que se leva a vida. E que ninguém diga que não trabalhamos: trabalhamos muito, discutimos muito, aprendemos muito uns com os outros, e sem sacrifício. Foram 3 dias vibrantes, escreveu Marcelo Costa. Ou, como disse Rosamar, “imunologia, bio-logia molecular, ciência básica...., hora para o compromisso, e hora para o lazer”. Leila, resumiu, na lama do coco, tranquila: “Isso é Nordeste, Mário Reis”.

WIAHJoint Meeting.e

| Boletim SBH Boletim SBH |8 9

Três maravilhosos estrangeiros: Helena Cortez-Pinto, Felix Stickel e Laurent Castera. Tradução simul-tânea. Muito chique. Acordei tão feliz naquele domingo. O WIAH começaria na sexta-feira seguinte. A alegria e tranquilidade acaba-ram quando li bem cedo o e-mail do Stickel: …I have very bad news for both of us. Sim, ele com parvo-virose – grave - e eu sem um dos meus convidados estrangeiros! Que sufoco. O amigo do outro lado do mundo com plaquetopenia e leucopenia, hemólise e colestase e eu cá com a responsabilidade do evento. Tudo prontinho. Passagem emitida e programa pronto! Mas, não rodado… Marcelo e eu ficamos muito espertos com o passar desses 6 anos de WIAH. Em 10 minutos de troca de e-mails tinha Helena e Paraná substituindo duas palestras e logo depois o Pessôa com outra. Que alívio! Que revolução este tipo de alteração causa! Quanta preocu-pação. Os assuntos da moda foram abordados com maestria pelos es-trangeiros – NAFLD pela Helena, testes não invasivos pelo Laurent. E tantos outros... Mário diz que eu co-loco temas “exóticos” no WIAH (só porque pedi para falar de varizes de esôfago em gestante uma vez!). Uma das mesas, Mário certamente diria que era exótica, mas não esta-va lá para ver, causou frisson: Ca-pacidade Laborativa do Hepatopa-ta. Que será isso? Quando e como dou o atestado para meu paciente. O povo queria mais! E demos mais 10 minutos. Que raro dar mais tem-po para alguém! Com mão de fer-ro sempre coordeno o tempo com

O melhor do ser humano, assuntos da moda e o mensalão – VI WIAH

Dominique Muzzillo (PR)

Sob as luzes da cidade lá está o Paço da Liberdade. Linda foto! A mais linda até agora? É nossa sexta ho-menagem à Curitiba. VI Workshop Internacional de Atualização em Hepatologia, WIAH. No primei-ro WIAH, em 2006, museu Oscar Niemeyer; no segundo o Jardim Botânico; em 2008 o Parque Tan-guá; em 2009 a Ópera de Arame; em 2010 o Bosque do Alemão. Em 2011 não teve... Sem investimento. Crise financeira. Sem WIAH. Partiu meu coração. Chorei muito. Sofri demais. Depois entendi que fica melhor assim: WIAH a cada 2 anos, acontecendo no ano que não tem brasileiro de Hepatologia. Seria a foto do Tanguá a mais linda? Não importa qual foto é a mais linda! Todas lindas em estilos diferentes. Muito lindo é fazer o WIAH acon-tecer e enriquecer a nossa plateia com uma chuva de conhecimento em Hepatologia. Essa amada e lin-da Hepatologia. Brasileiros de altís-sima qualidade, temas modernos e importantes. IL28B, IPs, HEV.

Cirley Lobato nos traz a Hepatite Delta! E bombons de cupuaçu e de castanha do Pará para vender. Mas a terra dela não é o Acre? Sim, é. E lá ela faz um trabalho voluntário com jovens carentes. E o colega da plateia diz: que tal cada um ofere-cer o que deseja para ajudar? Sim. Excelente ideia!

precisão. Depois, esses 10 minutos foram descontados de algo. Nunca sobra tempo. Queremos mais. Mais pergunta. Mais discussão. Mais co-ffee break... e que delicioso estava. Estudar consome energia. Muitas energia! No final homenageio essa guerreira chamada Cirley. Digo que as Olimpíadas aí estavam mostran-do o melhor do ser humano e que o mensalão, do lado oposto mostran-do seu lado pior! Queremos justiça! Mas, como não podemos mudar o mundo peço a todos para batalhar para melhorar seu micromundo, diariamente. Todos os dias um pou-quinho. E que devemos seguir esse lindo exemplo da Cirley. E ouço no canto esquerdo o Pessôa dizendo: assim ela vai me fazer chorar... E vejo pessoas emocionadas. E digo que nada daquilo ocorreria sem a ajuda de meu irmão amado que tra-balha com seu expertise de admi-nistrador de empresas. “Não, não faço eventos. Só o da minha irmã”, responde ele.

Ah! E voltando... o Mário não esta-va pois pela primeira vez foi embo-ra mais cedo. Tinha que preparar coisas do Joint Meeting! Sob meus veementes protestos ele colocou o Joint no mesmo final de semana do WIAH. Vontade de matar o amigo, e com a ajuda da Pocahontas. Como não dá, a gente briga muito com ele e já avisa que a data do VII WIAH já está marcada: 2014 nos dias 29 e 30 de agosto.

| Boletim SBH Boletim SBH |10 11

| Seção Espaço de Disse |

sua publicação de 2009, sobre o Diagnóstico, Tratamento, Pre-venção e Controle da Dengue, sugere que sejam removidas ou eliminadas das vizinhanças das casas residenciais, as plantas or-namentais ou selvagens como as bromélias.

Em consequência dessa orienta-ção, muitos municípios brasilei-ros exigiram a eliminação das bromélias em seus habitats.

Em geral, há pouca informação sobre a fauna de mosquitos em bromélias. MARQUES & FO-RATTINI analisando um total de 31.134 formas imaturas de mosquitos encontradas em 7 diferentes gêneros e 37 espécies de bromélias na Ilhabela, loca-lizada no litoral norte paulista do sudeste do país, encontraram como as espécies dominantes de culicídeos a Culex pleuristriatus na área urbana e a Culex ocellatus na floresta. Entre as espécies de insetos transmissores da Den-gue, somente o Aedes albopictus foi encontrado em 5,2%, 1,3% e 0,6%, respectivamente, nas amostras obtidas nos ambientes urbano, periurbano e da mata; não tendo sido encontrado ne-nhuma forma de larva do Aedes aegypti. MOCELLIN e cols, pes-quisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) e da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), am-bas unidades da FIOCRUZ, e do Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro con-cluíram que as plantas popular-mente conhecidas como bromé-

lias não são, como se imaginava, micro-habitats importantes para o desenvolvimento de mosqui-tos das espécies Aedes aegypti e Aedes albopictus, dois dos princi-pais vetores da Dengue no Bra-sil. Para o estudo, foram captu-rados, durante quase um ano, aproximadamente 3 mil espéci-mes de mosquitos encontrados em 120 bromélias pertencentes a dez diferentes espécies da plan-ta no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. O espaço fica a menos de 200 metros de moradias do bairro da Gávea, área endêmica da doença no estado do Rio de Janeiro. Os resultados da cole-ta demonstraram que as espé-cies nativas de mosquitos Culex (77,2%) e Wyeomuia (21,4%) são os culicídeos mais abundantes e o Aedes aegypti (0,07%) e Aedes albopictus (0,18%) são raramente encontrados nessas plantas, não devendo assim ser consideradas um problema para o controle da Dengue, sugerindo que estas duas espécies não são bons com-petidores em relação aos outros mosquitos habitantes naturais de bromélias ou que as fêmeas dessas espécies preferem não de-positar seus ovos nesses locais.

As bromélias são vítimas do desconhecimento dos profis-sionais da área da saúde e dos políticos que atuam no controle da dengue. Uma decisão toma-da, não solidamente baseada em evidências, supostamente para proteger o ser humano contra a Dengue, pode produzir um cri-me ecológico irreparável para o meio ambiente.

Bromélias

Ecos do Congresso Europeu de Fígado

Bromélias, dengue e culicídeos: que história é essa?

Flair Carrilho (SP)

As bromeliáceas são uma família de plantas tropicais e subtropi-cais, distribuídas no continente americano desde o sul dos Es-tados Unidos da América até o Chile, com mais de 65% das espécies originárias no Brasil, classificadas em 52 gêneros com mais de 3.000 espécies e varieda-des, sendo o seu exemplar mais conhecido o abacaxi (Ananas co-mosus) e muitas de suas espécies tem sido utilizadas em paisagis-mo como plantas ornamentais.

As formas imaturas de culicíde-os estão entre as espécies de or-ganismos aquáticos que habitam os tanques de bromélias, algu-mas especializadas nesse tipo de micro-habitat e outras ocorrendo ocasionalmente. As bromélias podem constituir fonte perma-nente de água, portanto, sendo importante conhecer seu poten-cial de atuação como criadouro de mosquitos.

Os vários sorotipos da Dengue têm sido transmitidos aos hu-manos através da picada dos insetos Aedes aegypti, Aedes albo-pictus, Aedes polynesiensis e Aedes scutellaris.

As estratégias de controle da Dengue tem sido a atuação sobre as larvas dos insetos descritos, sendo necessário o conhecimen-to da ecologia local do vetor nos seus criadouros urbanos, periur-banos e nas florestas. A Orga-nização Mundial da Saúde em

| Boletim SBH Boletim SBH |12 13

meus pais junto a natureza, ou seja, costumo dizer que “apesar de ter saí-do do interior paulista, o interior não saiu de dentro de mim”.

Boletim SBH: Morando em São Paulo, uma cidade mais conhecida pelo asfalto que pela natureza, como faz um bromeliófilo para manter seu hobby ativo?

Flair: Vou ao litoral. Lá encontrei o ambiente para manter o contato com a natureza.

Boletim SBH: Fale um pouco das suas publicações, não em Hepatolo-gia, mas sobre bromélias.

Flair: O Brasil tem uma rica diversi-dade na natureza e entre os colecio-nadores particulares e/ou jardins bo-tânicos. Como um bromeliófilo sem

Professor Flair Carrilho, gastroente-rologista e hepatologista, é também um reconhecido bromeliófilo, o que pode causar surpresa a muitos dos nossos leitores. O Boletim SBH foi até ele, saber um pouco mais de sua história com as bromélias.

Boletim SBH: Desde quando vem seu interesse pelas bromélias?

Flair: Iniciou há 20 anos, após ter construído uma casa no litoral norte do estado de São Paulo, onde tive a oportunidade de conhecer melhor a riqueza da flora da Mata Atlânti-ca. Com o espaço destinado ao jar-dim, senti a necessidade de ocupar o meu tempo fora da Medicina com o aprendizado que tive durante a minha infância e adolescência com

a formação de um botânico, sem o conhecimento taxonômico, comecei a fotografar com o olhar de um leigo. Dentre as 3.000 espécies, fotografei mais de 1.300, material que está sen-do preparado para a publicação de um atlas sobre as bromélias brasilei-ras. Tenho editados em Barcelona al-guns exemplares de fotografias, que serão a base para o atlas.

Boletim SBH: Suas fotografias de bromélias são mesmo lindas. Cer-tamente nestes anos de busca pela “bromélia-perfeita” devem existir muitas histórias e amigos.

Flair: Tenho tido o prazer de encon-trar “amigos temáticos” entre os co-lecionadores de bromélias em várias parte do nosso país, que me permi-tiram fotografar suas coleções, entre eles, Veloso e Marquinhos, de Parati, Moreira no Frade Bromélias, de An-gra dos Reis, além de Carlos Sando-val Gonçalves, Ronnie Von e Roberto Menescal, bons amigos.

Flair CarrilhoBoletim SBHentrevista

| SeçãoTransporte Biliar |

Desde o início da história da Hepato-logia o uso da biópsia hepática sempre foi praticamente obrigatório, pois a análise histopatológica oferecia infor-mações inacessíveis através de outros métodos. Muitas definições de con-duta passavam através desse, muitas vezes temido, procedimento. Por ser invasivo, a possibilidade de compli-cações esteve e ainda está presente na rotina desse exame. Dessa forma, a busca por métodos alternativos ao dito padrão ouro sempre marcou os estudos das doenças do fígado.

Em 2006, quando o aparelho para ava-liação da elastografia hepática transi-tória – o FibroScan® – surgiu no mer-cado abriu-se uma porta talvez capaz de suprir a carência de um método não invasivo para a avaliação das he-patopatias. Como todo novo método ele precisava ser explorado, avaliado e validado, ou seja precisava de tempo.

Alguns anos e muitos exames depois, percebe-se que a elastografia pode re-almente colaborar, e muito, na análise das hepatopatias. A substituição de um procedimento invasivo por outro totalmente indolor, rápido e com boa acurácia tornou-se um fato, primei-ramente na hepatopatia crônica C e hoje até mesmo em doencas menos frequentes como a cirrose biliar pri-mária. A técnica tem se mostrado uma ferramenta interessante, não só para uma primeira avaliação mas também no seguimento e prognóstico das do-enças hepáticas.

Recentemente, com o desenvolvimen-to de um novo programa para detec-ção e quantificação do grau de esteato-se hepática o aparelho abriu uma nova perspectiva na avaliação da doença hepática gordurosa. O método permi-te a quantificação de níveis inferiores àqueles anteriomente detectados pe-los métodos não invasivos. Porém, seus pontos de corte e sua acurácia para avaliar esteato-hepatite ainda precisam ser melhor definidos.

Como qualquer outra técnica, a elas-tografia possui limitações. Ainda existem, obviamente, problemas a se-rem solucionados, mas, fica claro ao lançarmos mão desta ferramenta que muitas biópsias podem ser posterga-das ou, até mesmo, evitadas.

Novos métodos complementares são sempre bem-vindos na medicina prin-cipalmente quando permitem a redu-ção do risco associado a investigação dos nossos pacientes. Técnicas que concentrem diferentes avaliações em um mesmo aparelho (tipo “all in one”) são mais bem vindas ainda e deve-rão ser o futuro. Entretanto, elas terão que passar pelo mesmo processo que a elastografia passou para chegar ao dia-a-dia da prática clínica.

A elastografia veio certamente para ficar e complementar o arsenal de exames para investigação das hepa-topatias. Os próximos anos nos trarão avanços ainda mais significativos des-sa técnica, permitindo a ampliação de seu uso.

Elastografia

tecidual.A Elastografia Hepática veio para ficar?

Ana Carolina Cardoso (RJ)

| Boletim SBH Boletim SBH |14 15

SBH ou ABEF? Identidade em crise na Hepatologia brasileira

Mário Reis Álvares-da-Silva (RS)

De volta à matéria de capa do último Boletim SBH: Hepatologia e Identi-

ve! Esta sigla não é só nossa – este H é também de hipertensão, de herpe-tologia, de hérnia, de hanseníase… Têm surgido opções, dentre elas ABEF. Mas ABEF, cá entre nós, ABEF

dade. A fachada única do prédio do New Museum de New York lem-brando que identidade é coisa séria. Este é mesmo um assunto polêmi-co. Identidade é coisa MUITO séria.

é um nome muito ruim!

O Boletim SBH “foi às ruas”, e per-guntou a vários dos participantes do ultimo Joint Meeting a sua opinião sobre o tema.

Ninguém me perguntou, mas eu res-pondo: tenho com o nome SBH uma relação de carinho e intimidade, mas, por outro lado, sei que ele não nos identifica. Se não identifica, não ser-

No último Boletim SBH, em entrevista com Maria Lucia Ferraz, Jorge André Segadas Soares, Waldir Pedrosa e Mar-celo Abrahão Costa, o nome SBH foi questionado, uma vez que ele identifica

| Seção Células de Kupffer |

S B H v s . A B E F : C r i s e d e I d e n t i d a d e .

| Boletim SBH Boletim SBH |16 17

Festa musical é luau, agenda de correio é mailing – e a SBH?

Henrique Sérgio Moraes Coelho (RJ)

A lei brasileira permite que se troque de nome após a maioridade e a nossa SBH tem mais de 40 anos! Geralmente, a troca de nome parte da própria pessoa ou de seus pais ou, no caso, dos funda-dores. Troca-se de nome por um nome ou sigla mais bonita ou para não con-fundirmos com outra sociedade com a mesma sigla. Quantos de nós ao falar-mos da SBH fomos confundidos com a Sociedade de Hipertensão (talvez porta) ou da de Hipnose? Quantos de nós entrou errado nestes sites ou foi a algum Congresso de Hipnose por con-fusão de nomes?

Troca-se de nome por ameaça de morte, por nomes jocosos ou feios (uma certa Sra. Maria José Pau pediu à Justiça para tirar o Pau do nome. Veja na Internet a sentença do Juiz ..., ele mesmo, Pinto) ou por motivo de chacota ou bullying. Creio não ser o caso. Talvez por existir homônimos.

Mario Prata em uma ótima história chamada « O nome das coisas» fala de outra troca de nomes- a dos modismos. Comenta que abajures e lustres viraram luminárias, festa musical é luau, agen-da de correio é mailing e programação de televisão virou grade televisiva.

As sociedades por influência america-na, europeia ou latina viraram associa-ções para estudos do fígado quando sabemos que algumas delas nada es-

tudam. O nome ABEF lembra alguma agência reguladora do governo do tempo da ditadura e se consultarmos o Google atrás de homônimos encontra-mos uma espetacular Associação Brasi-leira de Produtores e Exportadores do Frango ou uma coirmã especializada em Engenharia de Fundações ou mes-mo uma Associação Brasileira de Es-tratégia Financeira que nos parece uma coirmã bastante útil para nosso aconse-lhamento. Fico com SBH !

Remeto-me a infância e ao aprendiza-do do nome das coisas e lembro-me bem que aprendendo os nomes as coi-sas estranhas vão ficando conhecidas e amigas e que ao dar o nome o ser hu-mano se aproxima das coisas ...

Um abraço do Presidente da SBH.

Associado Nome preferencial Alternativa

Angelo Mattos (RS) SBH

Carlos Eduardo Brandão-Mello (RJ)Associação Brasileira para

o estudo do Fígado

Claudio Figueiredo-Mendes (RJ) SBHAssociação Brasileira para

o estudo do Fígado

Cristiane Villela (RJ)Associação Brasileira para

o estudo do Fígado

Francisco Souto (MT) SBHAssociação Brasileira para

o estudo do Fígado

Giovanni Faria Silva (SP) SBHAssociação Brasileira para

o estudo do Fígado

Helma Cotrim (BA) SBHAssociação Brasileira para

o estudo do Fígado

Raymundo Paraná (BA) Sociedade Brasileira de FígadoAssociação Brasileira para

o estudo do Fígado

Renata Pérez (RJ) SBHAssociação Brasileira para

o estudo do Fígado

Rosângela Teixeira (MG)Associação Brasileira para

o estudo do Fígado

Themis Reverbel da Silveira (RS)Associação Brasileira para

o estudo do Fígado

Mário Reis Álvares-da- Silva (RS) Nem SBH, nem ABEF! Leia o texto acima

várias outras sociedades de especialidades médicas (ou não) em nosso país. Alguns nomes foram levantados como opção à marca SBH. Gostaria que respondessem à seguinte pergunta:

Qual a melhor marca para a Hepa-tologia brasileira?

1. A que temos: SBH. 2. A que temos, mas trocando a sigla para SBHepatologia

3. Associação Brasileira para o Estudo do Fígado 4. Outro: _______.

O retorno foi bom. Angelo Mattos, ex-presidente, pergunta se a marca já não é nossa, se já não foi registrada – e a resposta é não, não foi, é de domí-nio público e nunca será nossa, que pena. Giovanni concorda que SBH é um nome com história, mas… E aproveita para dizer que nem APEF

(a tradicional associação paulista) é bem identificada com o nome que tem. Confira abaixo as opiniões de vários colegas, veja que nos dividi-mos entre o tradicional e o pretenso novo, e não deixe de ler o texto sa-boroso que nosso atual presidente escreveu.

Alô, publicitários, não é hora de ir-mos atrás de uma consultoria espe-cializada?

| Boletim SBH Boletim SBH |18 19

| Seção Artéria Hepática |

Monotemático

Monotemático NASH.

Highlights do Monotemático: Vou re-sumir os principais pontos discutidos, mas sem citar os nomes dos palestran-tes (não há espaço, lembram-se?). En-tretanto, as palestras foram brilhantes e o programa com o nome de todos está no site da SBH.

Mereceu destaque a elevada e crescen-te prevalência da doença. Estimada hoje em 20-30% ao redor do mundo, esses índices crescem em paralelo com a epidemia de obesidade, tanto em adultos como em crianças. No Brasil, a prevalência da DHGNA não é co-nhecida, mas a de esteatose, avaliada em indivíduos que se submetem a ultrassonografia abdominal, está esti-mada em 18%. Contribuem também com a elevada frequência da doença o diabetes e a dislipidemia, entretan-to, atenção também deve ser dada aos indivíduos com história exposição a produtos químicos e de uso de ana-bolizantes. A denominação de TAFLD (toxicant-associated fatty liver disease) foi sugerida para a DHGNA desses indi-víduos, e TASH (toxicant-associated ste-atohepatitis) a esteato-hepatite.

Pontos importantes, que também fo-ram discutidos: a) importância da in-vestigação da doença cardiovascular (DCV) em pacientes com DHGNA. Essas duas doenças têm fatores de risco semelhantes (obesidade, DM, hipertensão, dislipidemia), e pacientes com DHGNA têm maior risco e maior mortalidade por DCV; a) a possível correlação entre carcinoma hepato-celular (CHC) e DHGNA. Embora a maioria dos casos de CHC se associe à cirrose, há relatos dessa associação em pacientes com NASH e fibrose. Assim, recomendam-se identificar os pacien-tes portadores de DHGNA, aqueles de maior risco de desenvolver CHC e incluí-los em protocolos para diag-nóstico precoce dessa neoplasia. Entre esses estão homens acima de 60 anos, portadores de diabetes, portadores de NASH com fibrose ou cirrose.

Com o avanço dos conhecimentos a teoria dos dois hits foi substituída

pela dos múltiplos hits para explicar a fisiopatologia da DHGNA. No first hit ou desenvolvimento da esteatose, a resistência à insulina tem um papel relevante. Na evolução para NASH parece ocorrer uma sequência de eta-pas (multiple hits): aumento do estresse oxidativo, estresse do retículo endo-plasmático, disfunção mitocondrial e endotoxemia crônica, todos os fatores predispondo a maior agressão hepato-celular e fibrose, que pode evoluir para cirrose e carcinoma hepatocelular.

Discutiu-se também a relevância do diagnóstico: parâmetros clínicos e la-boratoriais associados a métodos de imagem podem estabelecer o diag-nóstico da DHGNA ou da esteatose. Entretanto, no momento apenas a histologia é capaz de estadiar a doen-ça. Recentemente, os Guidelines da AASLD sugeriram definir NASH pela presença de esteatose, inflamação e balonização com ou sem fibrose. Re-comendou também que o NAS escore fosse utilizado para graduar as altera-ções, mas não como critério diagnósti-co. O NAS escore classifica em graus a esteatose (0-3), inflamação lobular (0-3) e balonização (0-2). NASH é con-siderada em escores ³ 5. Como pers-pectivas futuras para o diagnóstico, marcadores sorológicos e a elastogra-fia hepática têm sido avaliados na ten-tativa de identificar graus de esteatose e fibrose em pacientes com DHGNA. O diagnóstico histológico, em muitos casos é necessário, para definir o tra-tamento, pois recomenda- se para pa-cientes com esteatose controle dos fa-tores de risco e mudanças no estilo de vida. A atividade física deve ser incen-tivada, pois contribui no controle do peso, reduz a resistência insulínica, gli-cemia e o risco cardiovascular. A dieta deve ser balanceada, com ajustes para portadores de alterações metabólicas e cardiopatias. Naqueles com NASH, além das medidas comportamentais drogas podem ser utilizadas, embora ainda não aprovadas como uma clas-se de medicamentos específicos para a DHGNA.

Sensibilizadores de insulina: estudos com pioglitazona mostraram me-lhora da NASH, entretanto, o maior risco cardiovascular e de neoplasia de bexiga tem limitado o seu uso. A metformina, embora com discutível melhora histológica, melhora os níveis de ALT/AST, contribui com a perda de peso, reduz o risco de diabetes e de complicações cardiovasculares. En-tre as novas drogas, em estudo, estão os análogos de GLP-1 e inibidores de DPP-4 (a enzima que degrada o GLP-1). Antioxidantes: em pacientes com NASH, a vitamina E melhora as en-zimas, a esteatose e inflamação, entre-tanto atenção deve ser dada aos efeitos adversos como o risco de acidente vas-cular hemorrágico. Ácido ursodeso-xicólico: novas perspectivas surgiram com sua associação à vitamina E, ou com doses mais elevadas. Entretanto o pequeno número de pacientes envol-vidos e a falta de controle histológico nesses estudos mostram a necessida-de de novos ensaios com esta droga. A cirurgia bariátrica(CBA), indicada para obesos graves, parece contribuir no tratamento da DHGNA. São diver-sos os estudos que mostram melhora de parâmetros clínicos e histológicos da DHGNA pós CBA, entretanto me-didas comportamentais e controle das condições associadas à obesidade devem ser mantidas após a cirurgia. NASH já é uma causa frequente de transplante de fígado, contudo os pa-cientes transplantados apresentam maior mortalidade cardiovascular e maior recidiva da doença no enxerto.

Os Resultados: A Reunião Monotemá-tica Brasileira da DHGNA mostrou que é grande o interesse por essa do-ença do fígado entre os hepatologis-tas e profissionais de outras áreas da saúde no país. Mostrou também que é grande o interesse por investigações nessa área no Brasil, e crescente o nú-mero de publicações brasileiras sobre o tema. Esse cenário permite afirmar que o evento alcançou o seu principal objetivo: discutir os aspectos mais rele-vantes e atuais da DHGNA.

A História: Na posse do Henrique Sér-gio como Presidente na SBH em Sal-vador, ao cumprimentá-lo, ele disse: vamos fazer um Monotemático sobre NASH? Claro, falei, quando e onde? Adiante conversamos e ficou decidido que seria no Rio. Na organização do programa participaram, ainda, Pari-se e Claudia. Contamos todos com o apoio da Diretoria da SBH. Assim, em maio de 2012 realizou-se na “Cidade Maravilhosa” a 2ª. Reunião Monote-mática sobre a DHGNA.

O Evento: Participaram hepatologistas e investigadores do Brasil. De Portu-gal veio a Profa. Helena Cortez-Pinto,

excelente palestrante e pesquisadora, e durante todo o evento houve uma expressiva presença de médicos e pro-fissionais das diversas áreas da saúde de todo o país, contribuindo e enrique-cendo as discussões.

O Boletim: Mario, o editor do Boletim da SBH, um pouco antes do Monote-mático me convidou para escrever so-bre o evento: o e-mail convite dizia que o texto deveria ter até 5000 caracteres. Entendi que deveria resumir e comen-tar cada tópico do programa. Escrevi inicialmente um resumo de todas as palestras, desde prevalência até tra-tamento. Quando contei havia 18.000

caracteres. A 2ª. versão, mais econô-mica, ficou em 11.000. Então, antes do resumo seguinte, recebi o último nú-mero do Boletim com nova apresen-tação, novo enfoque. Tomei um susto e pensei: “meu artigo não tem nada a ver com este modelo do Boletim”. Conversei com o Mario, e ele muito ca-valheiro, disse que o Boletim era mais informal, mas que meu artigo, quando “resumido” seria publicado. Resolvi então tentar uma diferente abordagem e aderir ao moderno formato do atual Boletim. O outro texto, o grande e re-jeitado, informo aos interessados, foi para o site da SBH.

Doença gordurosa não alcoólica do fígado Highlights da Reunião Monotemática da SBHHelma Pinchemel Cotrim (BA)

| Boletim SBH Boletim SBH |20 21

ou uniformidade de opiniões en-quanto as Diretrizes são normas de procedimento ou conduta, com em-basamento científico. Assim, da reu-nião de consenso é possível extrair concordância ou não dos membros da SBH sobre os diferentes detalhes que envolvem esse novo tipo de tra-tamento. Por outro lado, numa reu-nião para estipular diretrizes faz-se uma análise sistemática da literatu-ra existente sobre o tema, extrain-

Consenso HCV

Edna Strauss (SP)

Para o tratamento da Hepatite Crô-nica C está sendo introduzido no Brasil o uso dos inibidores de pro-tease (IPs). A Sociedade Brasileira de Hepatologia deve manifestar-se através de resoluções procedentes de uma reunião, que embora de Consenso abranja as Diretrizes sobre o tema. Consenso é a concordância

do dela as possíveis condutas clíni-cas. Neste momento, os membros da SBH ainda não têm experiência prática acumulada em IPs, certa-mente importante para uma reunião de Consenso. Por outro lado, acre-ditamos ser esta a hora adequada para fazermos juntos uma revisão sistemática da literatura, avaliando as condutas que, em consenso, acre-ditamos fundamentais para o uso de IPs em nosso meio Este é o desafio!

de Pesquisadores e Consenso HCV.

Fórum Jovem Pesquisador

Maria Lucia Ferraz (SP)

A Hepatologia está crescendo no país, e com ela aumenta também o número de jovens talentos envolvi-dos com estudo e pesquisas nessa área do conhecimento. Com o ob-jetivo de conhecer o que esta nova safra de talentos vem desenvolven-do, a SBH idealizou a organização do primeiro Fórum de Jovens Pes-quisadores, que deverá ocorrer nos dias 29 e 30 de novembro de 2012, organizado por Angelo Mattos, Re-nata Pérez e Maria Lucia Ferraz. Importante definir o conceito de “jovem” adotado pela SBH: idade até 40 anos!

O evento será uma oportunidade de divulgar e incentivar a produção científica nacional na área da Hepa-tologia, por meio da apresentação e discussão dos trabalhos científicos elaborados pelos jovens pesqui-

sadores dos diversos serviços no Brasil. Além disso, queremos que este seja um momento de rica troca de experiências e conhecimentos e uma oportunidade de criação de re-des de pesquisa em nível nacional. Temos exercitado pouco a nossa ca-pacidade de trabalhar em rede, de forma colaborativa, envolvendo os diversos centros geradores de co-nhecimento no país. Queremos que o Fórum seja um catalizador e faci-litador dessas iniciativas.

O Fórum será formatado em mó-dulos, por assunto (Cirrose e suas complicações, Transplante hepático e carcinoma hepatocelular, Hepati-te B e outras hepatites virais, Hepa-tite C, Doença hepática gordurosa alcoólica e não-alcoólica e Hepatite Autoimune) dentro dos quais have-rá apresentação de 5 a 7 trabalhos, com duração de 15 min por traba-lho (entre apresentação e discus-

são, mediada por um pesquisador da área). Serão considerados para apresentação apenas trabalhos que tenham sido submetidos à aprova-ção de Comitê de Ética em Pesquisa local, e que estejam relacionados às diversas áreas da Hepatologia. Os trabalhos podem até mesmo já ter sido publicados, desde que em 2011 ou 2012. Por outro lado, não serão aceitos séries e relatos de casos e estudos multicêntricos de indústria farmacêutica. Os trabalhos selecio-nados darão direito à passagem, hospedagem e inscrição no even-to. Quando se tratar de trabalho de tese, orientador e orientando terão direito ao pacote. A ideia é que este evento seja integre o calendário anual de programação da SBH e que seja capaz de congregar cada vez mais toda a comunidade cien-tífica envolvida com a Hepatologia brasileira. Contamos, para tanto, com a participação de todos!

| Seção Veia Porta |

Fórum

| Boletim SBH Boletim SBH |22 23

| Seção Canais de Hering |

No mês de Junho passado o Boletim SBH publicou matérias sobre o tra-tamento da hepatite C no Brasil que deixavam evidente que o tratamento ainda é desigual. A reportagem gerou muitos comentários – e alguma polê-mica. O país não é um só no que se refere à política de acesso ao diagnós-tico, de distribuição de medicamen-tos e, mesmo, de respeito ao cidadão portador do vírus e ao médico que o atende. De um lado, o Acre, modelo. De outro, estados em que há inúmeros entraves, como Goiás e Rio Grande do Sul. Alarmante ver a diferença na qualidade do serviço oferecido em Rio Branco e em Porto Alegre. Não é hora disto mudar? Esta pergunta foi feita a dois associados com grande experiên-cia na área. Leia abaixo suas opiniões

Comentários et al – o Brasil precisa ser um Acre

Fábio Marinho (PE)

Na última edição do nosso Boletim o Estado do Acre, lá na fronteira oeste do nosso país, nos deu exemplo de como atender um paciente do SUS quando se fala em hepatites. Vários colegas e amigos de vários outros Es-tados da Federação nos mostraram uma outra realidade, distinta daquela do Acre: seriam dois SUS?

Em tempos de mensalão, greves, di-ficuldades econômicas, parece até que falar de saúde no âmbito do SUS é secundário, mas quem vive a reali-dade dos ambulatórios públicos sabe a dificuldade de atender os pacientes, na sua grande maioria humildes, com baixo grau de instrução, com doenças que podem ceifar sua vida. A carência é grande. E o que nós, não-gestores, podemos fazer? O acolhimento ao nosso paciente deve ser total, na ten-tativa de minimizar, ou abrandar, as falhas do “sistema”. A sensibilização

dos gestores é outra atitude que pode-mos tomar. ATITUDE ! Não podemos nos calar. Nosso objetivo-mor é tra-tar bem o nosso paciente-cidadão. O exemplo do Acre nos diz isto.

As dificuldades encontradas por nós e pelos nossos pacientes são reflexo de um Estado onde mais vale “barrar” uma CPI no congresso do que calçar uma rua, sanear uma vila... Isto reflete o grau de desinteresse ou de manipu-lação da população que mais utiliza o serviço de saúde pública. Brasilei-ro vota mal. Que tal pensarmos em mudar esta realidade nas próximas eleições de outubro, naquilo que nos é mais próximo, a cidade?

Fazer com que nosso paciente seja bem atendido latu sensu é nossa obrigação. O nosso paciente-cidadão precisa ser esclarecido sobre sua saúde e ter aces-so ao atendimento de qualidade. Para isso precisa votar bem e ter respostas às suas demandas. Claramente, o Bra-sil precisa ser um Acre na questão das hepatites.

Questionar se o modelo atual fun-ciona é fundamental

Marcelo Costa (DF)

“DESÍDIA”, substantivo feminino. Significado: tendência para se esqui-var de todo ou qualquer esforço físico e moral; ausência de atenção ou cuida-do, negligência; parte da culpa que se fundamenta no desleixo do desenvol-vimento de uma determinada função. Sinônimos: desleixo, imperícia, incú-ria, indolência, negligência, ociosida-de e preguiça.

Ao ler as matérias no nosso boletim SBH sinto ao mesmo tempo orgulho e vergonha das experiências relatadas. Para muitos se corrige a desídia atra-vés da judicialização da assistência em um Brasil continental.

Essa dicotomia entre experiências que dão certo e que dão errado nas sociedades democráticas fomenta a discussão sobre o que fazer quando se pretende integralizar a assistência ao portador.

Questionar se o modelo atual funcio-na é fundamental. As câmaras técnicas federais parecem já não atender aos anseios dos portadores ou da classe médica que os trata. Torna-se insupor-tável a dicotomia entre uma diretriz terapêutica federal restritiva e a inge-rência política na aplicação estadual ou municipal da mesma. Também torna-se insustentável o modelo de centralizar as discussões sobre qual-quer diretriz terapêutica nas mãos de poucos agentes debatedores, ainda que dotados de notório saber mas nem sempre chancelados pelas suas respectivas sociedades científicas.

Há muito que as Sociedades Brasilei-ras de Hepatologia e Infectologia de-vem a seus sócios, e à sociedade, câma-ras técnicas próprias, isentas, distintas das que já existem. Fomentando dis-cussões abertas, francas, ágeis, ampla-mente divulgadas na mídia tradicio-nal e digital, emitindo GUIDELINES INDEPENDENTES, sinalizariam em definitivo uma postura político-cientí-fica de quebra de paradigma afirman-do à sociedade civil e ao gestor que o tratamento das hepatites virais deva seguir princípios há muito esquecidos – UNIVERSALIDADE, EQUIDADE e INTEGRALIDADE.

Antônimos de DESÍDIA: vigor e vi-talidade. Além de senso crítico, pro-fissionalização, compromisso, hu-manização, ética e moral – conceitos fundamentais em uma gestão pública ágil e transparente. Faltam esses con-ceitos em tantos gabinetes políticos nas diversas esferas administrativas pelo Brasil afora, assim como faltam os kits de biologia molecular em tan-tos LACENs brasileiros. É preciso am-pliar o vanguardismo das ações em DST/AIDS para as hepatites virais B, C e Delta.

Tratamento da Hepatite C no Brasil Repercussões do Boletim SBH

| Boletim SBH Boletim SBH |24 25

| Seção Zona 3 |

Congresso Brasileiro de He-patologia 2013, Rio de Janeiro, cada vez mais próximo e cada vez mais pronto. Muitos con-vidados estrangeiros confirma-dos, dentre eles Arun Sanyal, Anna Lok, Florence Wong, Pa-trick Marcellin, Michael Manns e Patrick Kamath. Prepare-se para o Rio, para as atividades científicas de ponta e para as surpresas sociais. Entre 02 e 05 de Outubro, no Centro de Con-venções Sul América.

A muitos pacientes a recomen-dação de vacina para hepatite B resulta na aplicação da mes-ma de uma forma errada ou incompleta, por puro esque-cimento. O site http://www.hepatitesvirais.com.br oferece a oportunidade do indivíduo cadastrar-se para ser automa-ticamente avisado da data da dose seguinte. Uma dica práti-ca a nossos pacientes.

e que “o telaprevir e o bocepre-vir têm uma taxa de eficácia de 80%, o dobro da estratégia con-vencional utilizada atualmen-te”. Infelizmente, os pacientes com cirrose e fibrose avançada fazem parte de um grupo em que a taxa de eficácia fica muito abaixo de 80%.

Em Novembro será inaugura-do o primeiro centro de trei-namento em Hepatologia da Organização Mundial de Gas-troenterologia em todo o mun-do. Atualmente a organização tem 14 centros de treinamento em Gastroenterologia e En-doscopia Digestiva espalhados pelos 5 continentes. O World Gastroenterology Organisation Porto Alegre Hepatology Trai-ning Center será sediado no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, hospital universitário da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Henry Co-hen, presidente da WGO, esta-rá no Brasil para a inauguração do centro, dirigido por Mário Reis Álvares-da-Silva. O centro de treinamento tem o apoio da MSD.

Onde tudo o que se planta cres-ce, como declarou Raymundo Paraná no último Boletim SBH, o que se faz? Planta-se mais! A Fundação Merieux, braço fi-lantrópico do Grupo Merieux – grande conglomerado francês que desenvolve atividades na área da saúde, investirá neste ano 900 mil euros no Hospital Universitário da Universidade Federal da Bahia e no governo

CDC recomenda testar todos os baby boomers. Todos os nas-cidos entre 1945 e 1965 devem ser testados para hepatite C, conforme determinação feita no mês de agosto passado pelo U.S. Centers for Disease Con-trol and Prevention. Segundo o CDC 1 em cada 30 baby boo-mers tem o vírus, 5 vezes mais que os demais adultos america-nos.

O Ministério da Saúde anun-ciou que os novos agentes an-tivirais diretos para hepatite C (boceprevir e telaprevir) es-tarão disponíveis na rede pú-blica a partir do início de 2013. No Portal da Saúde (www.sau-de.gov.br) pode-se conferir as informações oficiais do gover-no – dentre elas que “os novos fármacos deverão beneficiar 5,5 mil pacientes, todos portadores de cirrose e fibrose avançada, grupo de maior risco de pro-gressão da doença e de morte”

do Acre para ações em infraes-trutura na área de hepatites vi-rais. Esta é a primeira vez que a Fundação Merieux investe no Brasil. Um laboratório de biologia molecular será criado no Hospital das Clínicas do Acre e serão concedidas bolsas para formação em biologia mo-lecular na Bahia e na Europa. Muito boa notícia! Palmas do Boletim SBH.

| Boletim SBH Boletim SBH |26 27

SUPERIORIDADE EVIDENCIADA1,COMPROVADA2.

PREPARE-SE PARA A

CURA

EVOLUÇÃO

REFERÊNCIAS: 1 - Awad T, Thorlund K, Hauser G, Stimac D, Mabrouk M, Gluud C. Peginterferon alpha-2a is associated with higher sustained virological response than peginterferon alfa-2b in chronic hepatitis C: systematic review of randomized trials. Hepatology 2010;51(4):1176-84. 2 - Swain MG, Lai MY, Shiffman ML. A sustained virologic response is durable in patients with chronic hepatitis C treated with peginterferon alfa-2a and ribavirin. Gastroenterology 2010;139:1593–1601. 3 - Zeuzem S. Interferon-based therapy for chronic hepatitis C: current and future perspectives. Nature Clinical Practice Gastroenterology & Hepatology 2008;5(11):610-22.

Pegasys® (alfapeginterferona 2a) é contraindicado em pacientes com hipersensibilidade conhecida às alfainterferonas.Pegasys® (alfapeginterferona 2a) - o uso concomitante de teofilina deve ser monitorado e ajustado.

Pegasys® (alfapeginterferona 2a) – Caixa com 1 seringa preenchida de 180mcg em 0,5 ml. – USO ADULTO – Composição: alfapeginterferona 2a – Indicações: tratamento das hepatites crônicas B e C em pacientes não cirróticos e cirróticos com doença hepática compensada; tratamento da hepatite crônica C em pacientes co-infectados com o vírus HIV e retratamento da hepatite crônica C em pacientes que falharam em obter resposta virológica sustentada, após tratamento prévio com alfainterferona ou alfapeginterferona, combinada ou não à ribavirina. – Contra- indicações: hipersensibilidade conhecida ao interferon alfa, a produtos derivados de Escherichia coli, ao polietilenoglicol ou a qualquer componente do produto. Hepatite autoimune, cirrose descompensada ou escore de Child-Pough ≥6 (exceto se devido somente a hiperbilirrubinemia indireta causada por medicamentos), neonatos e crianças até 3 anos de idade. A combinação Pegasys® / ribavirina não deve ser usada em mulheres grávidas ou durante a lactação. Consulte também a bula da ribavirina. – Precauções e Advertências: interação medicamentosa com a teofilina é observada; desta forma, deve-se monitorar a teofilina sérica e ajustar suas doses nos pacientes que receberam teofilina e alfapeginterferona 2a concomitante. Pancitopenia e supressão da medula óssea reversíveis foram relatados entre 3 e 7 semanas após a administração concomitante de ribavirina e azatioprina com resolução após a suspensão dos tratamentos. Mulheres em idade fértil devem usar contracepção eficaz e segura durante a terapia. Uso na lactação não recomendado. Realizar exames oftalmológicos se alterações visuais ocorrerem. Descontinuar no caso de hipersensibilidade, alterações pulmonares ou disfunção hepática. Precaução em pacientes com doenças autoimunes e monitorização de sintomas de depressão, de doença cardíaca e dos hormônios da tireóide. Usar com precaução quando associado a agentes mielossupressores e em pacientes com neutrófilos na linha basal < 1500 células/mm3, plaquetas < 75.000 células/mm3 ou hemoglobina <10g/dl. A segurança e eficácia do tratamento de Pegasys® e ribavirina não foram estabelecidas em pacientes que receberam transplante do fígado e outros órgãos e rejeições de transplante de fígado e rim têm sido reportados com o uso de Pegasys®, sozinho ou em combinação com ribavirina. O tratamento com Pegasys® em pacientes co- infectados com HCV-HIV deve ser descontinuado imediatamente em pacientes com descompensação hepática. Os pacientes que desenvolvem vertigem, confusão, sonolência ou fadiga não devem dirigir veículos ou operar máquinas. – Reações Adversas: mais frequentes: leucopenia, neutropenia, plaquetopenia, depressão, dispneia, fadiga, cefaleia, febre, mialgia, calafrios e alopécia. Menos frequentes: anormalidades da tireoide, arritmia cardíaca, suicídio, ideação homicida, sangramento gastrintestinal, aplasia pura de células vermelhas, Sd. de Steven Johnson, necrólise epidérmica tóxica, úlcera de córnea, hemorragia retiniana, descolamento de retina, endocardite, pneumonite intersticial com resultado fatal, embolia pulmonar, coma e hemorragia cerebral. – Posologia: Hepatite crônica C - 1 seringa preenchida, pronta para o uso, de Pegasys® 180 mcg/semana, individualmente ou em combinação com a ribavirina. Recomenda-se que a ribavirina seja administrada com alimentação nas seguintes dosagens: para genótipos 1 e 4 – 1.000mg/dia (<75kg) ou 1.200mg/dia (>75kg) e genótipos 2 e 3 devem receber ribavirina 800mg/dia. Hepatite crônica C, pacientes virgens de tratamento: para combinação Pegasys® e ribavirina em pacientes virgens de tratamento recomenda-se: 48 semanas de tratamento para genótipos 1 e 4 e 24 semanas para genótipos 2 e 3. Pacientes genótipo 1, 2 e 3 com HCV RNA indetectável na 4ª semana de terapia e com carga viral pré-tratamento < 800.000 UI/ml poderão encurtar o tempo de tratamento, ou seja, 24 semanas no caso de pacientes infectados pelo genótipo 1 e 16 semanas para pacientes genótipos 2 ou 3. Pacientes genótipo 4 com HCV RNA indetectável na 4ª semana de tratamento poderão também encurtar o tempo da terapia para 24 semanas. Entretanto, um tratamento de duração menor pode estar associado a um risco maior de recidiva. Hepatite crônica C, pacientes em retratamento: O retratamento de pacientes genótipos 2 e 3 deverá ser feito com a combinação Pegasys® e ribavirina por 48 semanas e os pacientes genótipo 1 deverão receber 72 semanas de terapia. A dose de ribavirina deve ser de 1.000mg/dia (<75kg) ou 1.200mg/dia (>75kg), independentemente do genótipo. Hepatite crônica B: 1 seringa preenchida, pronta para o uso, de Pegasys® 180mcg/semana, por 48 semanas. – Via de administração: subcutânea no abdômen ou coxas. – Venda sob prescrição médica. USO RESTRITO A HOSPITAIS – Registro MS – 1.0100.0565 – A PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVE SER CONSULTADO. Pegasys® É UM MEDICAMENTO. DURANTE SEU USO, NÃO DIRIJA VEÍCULOS OU OPERE MÁQUINAS, POIS SUA AGILIDADE E ATENÇÃO PODEM ESTAR PREJUDICADAS. – Informações disponíveis à classe médica mediante solicitação a Produtos Roche Químicos e Farmacêuticos S.A. Av. Engenheiro Billings, 1.729 – Jaguaré – CEP 05321-900 – São Paulo – SP – Brasil. VIR.25.11.

Direitos Reservados - é proibida a reprodução total ou parcial sem prévia autorização de Produtos Roche Químicos e Farmacêuticos S.A. Esta é uma publicação técnico-científica para distribuição exclusiva a profissionais habilitados a prescrever ou dispensar medicamentos.

Setembro/2012 VIR.xxx.xxx