sautul isslam - edição nº21

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ISSLAM

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Sautul Isslam edição n.º 21

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É livre a reprodução total ou parcial dos artigos inseridos nesta revista. Os artigos assinados são da inteira responsabilidade dos respectivos autores.A revista contém versículos do Al-Qur’án e/ou Duás, razão pela qual, pede-se aos estimados leitores que a tratem com o devido respeito.

REVISTA ISSLÁMICA

C.P. 1999Tel: + 258 82 3037780Fax: + 258 21 466952

E-mail: [email protected] – Moçambique

ANO XV – EDIÇÃO N.º 21Junho 2006

Jumadal-Ula 1427

Coordenador:Ahmad A. Abbá

Colaboradores:Maulana Ebrahim Makda

Muhammad A. LorgatLookmaan M. MakdaBadrudine I. Gulamo

Supervisor:Sheikh Aminuddin Muhammad

Fotografia da Capa:Massjid Al-Hidáyah

Machava – Moçambique

Í N D I C E

EDITORIAL ............................................................... 2OS JOGOS DE AZAR .................................................. 3LEI DIVINA E LEI MUNDANA .................................... 5A LEI DA FAMÍLIA E O CASAMENTO .......................... 6NÃO LIGUE À INGRATIDÃO ...................................... 11PROTEGEI A LÍNGUA DA MENTIRA ........................... 13A SEPULTURA ........................................................ 15VIRTUDES AO PRONUNCIAR MASHA-ALLAH .............. 19PURIFICAÇÃO, A CHAVE DA ORAÇÃO ....................... 20SALÁTUL-ISSTIKHÁRA ............................................. 22OS BENEFÍCIOS DA ROMÃ ....................................... 24IBILUN – O CAMELO .............................................. 25ALGUNS FACTOS RELACIONADOS

COM O AL-QUR’ÁN ................................................ 26O CONCEITO DE DEUS SEGUNDO A BÍBLIA ............... 32AS CONQUISTAS ISSLÁMICAS ................................... 35TAL-HÁ BIN UBAIDULLAH .................................. 37AS CINCO COISAS .................................................. 40SOLUÇÕES PARA TODOS OS PROBLEMAS ................... 41REGRAS PARA DESEDUCAR O SEU FILHO .................. 42OS DITOS DE RASSULULLAH E A SITUAÇÃO ACTUAL ........................................... 43NOTICIÁRIO NACIONAL ........................................... 45O PROFETA MUHAMMAD DISSE .......................... 46PERGUNTAS & RESPOSTAS ...................................... 46SEGREDOS DE COZINHA ........................................... 47RECREAÇÃO ........................................................... 48

A necessidade dos muçulmanos se unirem tornou-se cada vez mais pertinente. ALLAH ordena no Al-Qur’án a mantermo-nos todos unidos, pois só assim é que poderemos superar as nossas difi culdades.União não signifi ca necessariamente eliminar todas as divergências, pois estas sempre existirão; ela traduz o respeito mútuo e a convergência nos pontos comuns que, no geral, são maiores que os pontos de divergência.A proclamação do Kalimah é a bandeira comum dos muçulmanos e por isso, deve ser defendida por todos nós. Primeiro é o Isslam quem deve sair vitorioso, fi cando para segundo plano o nosso nome e os nossos interesses.Devemos destacar o bom nome do Isslam em todas as boas acções, pois a nossa meta deve ser a de elevar para bem alto esta sagrada bandeira. Para tal, tem-se notado algum esforço por parte dos muçulmanos; porém, é muito importante que tais acções sejam mais destacadas com o nome do Isslam do que somente priorizar o nome da instituição responsável pela mesma.Nessa ordem de pensamento e numa primeira fase, porque não aproximar muçulmanos do mundo inteiro que sejam falantes da mesma língua. É nesta óptica que se tenciona realizar a Primeira Conferência Isslámica a nível da CPLP, onde esperamos que dela possamos colher frutos e experiências bastante benéfi cos.

O cemitério é uma referência e exemplo para todos nós, pois nele se enterra qualquer um e é um lugar onde todos estão juntos, lado a lado, independentemente das divergências, estatuto

e d i t o r i a lEM NOME DE ALLAH, RICO EM CLEMÊNCIA, ABUNDANTE EM MISERICÓRDIA

social, raça, côr da pele, etnia, instituição, etc.Aproveita-se esta oportunidade para recordar aos muçulmanos em geral e aos de Maputo em especial, que o Isslam permite a exumação de corpos e o reaproveitamente das campas para novos funerais.Uma vez que existe esta permissão clara no Shari’ah, sendo um acto igualmente praticado nas cidades santas de Makkah e Madina e actualmente aplicado também em países como a África do Sul, porque não seguimos o mesmo exemplo reabrindo os antigos cemitérios, obedecendo contudo o respeito e o cumprimento de certas normas exigidas pelo Shari’ah?Aqui fi ca uma sugestão à sociedade isslámica e à comissão responsável pelos cemitérios, pois doutra forma e devido à exiguidade de mais espaços, os futuros cemitérios estarão localizados em zonas bastante afastadas da cidade, sem falar que os actuais cemitérios, com o andar do tempo, poderão ser transformados em jardins municipais, conforme rezam as leis camarárias.

Infelizmente, mais um país árabe está sendo vítima de incursões sionistas – o Líbano.São milhares de pessoas desalojadas, famílias desfeitas, centenas de mortos e feridos e, mais uma vez, este lamentável cenário é testemunhado por todos de uma forma indiferente.De facto é algo bastante triste. Porém, o mínimo que podemos fazer é rogar a ALLAH para que Ele proteja a todo o Ummat e afaste todos os males que vêm atormentando o povo de Rassulullah , fazendo reinar somente a paz entre nós.

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OS JOGOS DE AZAR

Na era de Jahiliya (ignorância), a batota e os jogos de azar eram bastante comuns e praticados em

abundância. Os ignorantes davam tanta ênfase a estas práticas, que muitas vezes chegavam ao ponto de colocar em jogo as próprias esposas e fi lhos.A divisão de partes e transacções de compra e venda eram baseadas nos princípios da batota. É neste contexto de transacções que se classifi cam as formas Muzabinah, Muháliqah, Malánissah, Bay-e-Irban e outras cujas referências encontram-se registadas nos livros de Hadices. Todas elas são completamente proibidas no Shari’ah.ALLAH Ta’ála criou o Homem com um único objectivo, que é a Sua adoração. Por essa razão, tudo o que possa impedir o Homem de cumprir com esse objectivo é proibido e deve ser condenável.ALLAH afi rma no sagrado Al-Qur’án:“Ó crentes! Bebidas alcoólicas, jogos de azar, ídolos e as setas (de adivinhação) são impurezas das práticas do Shaitán; abstenhais delas para que possais ser bem sucedidos.O Shaitán pretende criar entre vós, através das bebidas alcoólicas e dos jogos de azar, inimizade e ódio e tornar-vos negligentes da recordação de ALLAH e do Salát. Por conseguinte, será que ireis abster dos mesmos?”

[Al-Qur’án 5:90-91]

Nestes versículos, ALLAH Ta’ála adverte-nos claramente acerca das intenções malvadas do Shaitán, em envolver-nos no consumo das bebidas alcoólicas, nos jogos de azar, na batota, etc.Hoje em dia, de entre as várias formas de batota e jogos de azar, temos as chamadas rifas e lotarias, onde o indivíduo desembolsa

um certo valor monetário para a compra do bilhete, que contém determinados números. Ao fi m de cada semana ou mês, conforme estipulado pelos organizadores, é realizado o sorteio ou extracção de números. Se o número sorteado ou extraído corresponde ao do bilhete da pessoa, é lhe atribuído o prémio, que pode ser em forma de valores monetários, artigos, serviços, etc.Como ao comprar o bilhete o indivíduo tem ambas as possibilidades, de ser ou não o vencedor, o que é algo incerto, a isso chama-se Quimar e Maissar ou batota e jogo de azar.

Com estes factos, a conhecida rifa “Moçambique dá Sorte” também é inserida neste contexto. A compra, venda ou publicação desta rifa é proibida e considerada Harám perante o Shari’ah. O praticante não está somente a cometer um pecado grave mas também está a servir de propagador, tornando o pecado ainda maior.Não é necessário ser intelectual para compreender os prejuízos e efeitos nefastos que os jogos de azar trazem.A maior parte dos participantes são pessoas de camada média ou inferior, que pretendem melhorar a sua vida tentando concretizar sonhos em tempo recorde e aguardam que a sorte lhes venha bater à porta. De facto vem, mas apenas na porta de uma ou no máximo de dez portas é que a sorte vem bater! Mas isso é uma gota no oceano comparado com as restantes pessoas que fi caram de fora sem ganhar nada, depois de terem gasto avultadas somas de dinheiro.Da receita proveniente da venda, somente uma parte é destinada aos prémios, que algumas vezes nem chegam a ser atribuídos, pelo facto do bilhete contendo o número

Maulana Ebrahim Makda

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sorteado não ter sido comprado.As publicidades atractivas servem de “isca” para o pobre caír na esperança de sair vencedor e ver seus sonhos realizados, o que em 99,9% dos casos não acontece. Este tipo de jogos torna ainda mais pobre o já empobrecido. Será que através disso, o povo em geral irá alcançar o bem-estar?

Vejamos agora a situação do vencedor, a tal gota no oceano; a pessoa que recebe o prémio, de certeza que assim o conseguiu à custa do dinheiro despendido por milhares de infelizes que não tiveram a mesma sorte e que perderam todo o dinheiro a favor dos organizadores e do vencedor.Naturalmente que isso criará inveja e ódio no seio das pessoas, e é exactamente isso que o Shaitán pretende através da batota e jogos de azar, conforme se referiu nos versículos anteriormente.São inúmeras as pessoas que, no intuito de vencer os prémios deste tipo de jogos, perderam avultadas somas de dinheiro, que bem poderiam servir para alimentar, vestir e satisfazer tantas outras necessidades prioritárias das suas famílias.É lamentável a situação daqueles que, na esperança de ganhar um prémio, jogaram anos após anos e despenderam rios de dinheiro, até chegarem ao ponto de ver as suas vidas arruinadas, pelo excesso de dívidas derivadas da compra desses bilhetes. E as casas que fi caram desalojadas, famílias que se romperam, ódio, rancor, inveja e inimizade que resultaram desta prática, que só serve os interesses das “vacas gordas”? Não é à toa que estes jogos são chamados “jogos de azar”.

No contexto da batota e dos jogos de azar, incluem-se também a totobola, totoloto, lotarias e jogos de casino, que servem somente para arruinar a vida das pessoas e

destruir milhares de famílias. Todos eles são totalmente considerados Harám e devemos abster-nos deles, pois ALLAH Ta’ála, na Sua infi nita Graça, questiona-nos: “Será que ireis abster dos mesmos?”

[Al-Qur’án 5:91]

Tomara se os promotores de todos estes jogos, que somente criam mal-estar na sociedade, utilizassem as suas energias para a erradicação da pobreza, fome e miséria, em vez de contribuírem para o aumento dos mesmos.

O QUE ESTIVER DESTINADO VIRÁ,

MAS É A PESSOA QUEM DETERMINA A VIA

Certo dia, ao entrar no Massjid de Kufa, Áli Ibn Abi Tálib viu um homem sentado na porta do Massjid. Então, Áli pediu ao tal homem para que guardasse a sua mula enquanto estivesse dentro do Massjid.Na saída, Áli tirou dois Dirham’s (moeda) a fi m de entregar ao tal homem, por ter guardado a mula. Contudo, ele viu que a mula ainda estava no lugar, porém, sem a respectiva montada e nem o tal homem estava lá.De seguida, Áli entregou os dois Dirham’s ao seu empregado Qanbar, para que comprasse uma nova montada para a sua mula.No mercado, Qandar achou a mesma montada que o ladrão havia vendido por dois Dirham’s. Ao saber disso, Áli disse: “Certamente, o servo priva-se a si próprio do sustento lícito (Halál) por não ter paciência”.

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LEI DIVINA E LEI MUNDANASheikh Cássimo David

A lei Divina é a mãe de todas as leis, pois serviu de base para todas as outras leis mundanas, que foram criadas pelo

Homem. Elas foram emanadas por ALLAH antes do aparecimento dos países, parlamentos, democracias ou de qualquer sistema político.Toda a lei mundana que vai contra o Decreto Divino, é considerada nula e inaceitável, pois nenhuma lei pode sobrepor-se à lei Divina, uma vez que ALLAH – Todo-Poderoso – é o Criador dos céus e da terra:“Aqueles que não julgarem em conformidade com aquilo que ALLAH decretou, esses são injustos.”

[Al-Qur’án 5:45]

Isto signifi ca que (somente) Ele criou os céus, a terra e tudo quanto existe neles, razão pela qual nada pode superar na perfeição aquilo que ALLAH criou. Ele é incomparável e inigualável, pois nada pode ser criado da forma como ALLAH cria, e o mesmo aplica-se a todos os Seus atributos.Se alguém estiver a cumprir uma determinada lei Divina, não estará desobedecendo a lei mundana; e se assim acontecer, é porque a tal lei mundana é inválida, pois não está de acordo com a lei-mãe.Da mesma forma, se alguém estiver a obedecer uma determinada lei mundana, desobedecendo a lei Divina, é porque essa não serve, pois contradiz com a lei-mãe:“Quem é melhor que ALLAH na arbitragem?”

[Al-Qur’án 5:50]

Vejamos alguns exemplos que irão clarifi car estas afi rmações:1. Aquando da independência, o regime que governava o nosso país era de opinião que a poligamia é um crime, pois o homem que se

casasse pela segunda, terceira ou quarta vez, mantendo em simultâneo as outras esposas, era considerado corrupto e estava sujeito à punição; outros ainda eram sujeitos à reeducação por terem cometido tal acto.Do ponto de vista isslámico, este tipo de casamento é legal e não há corrupção alguma, pois não é mais do que injustiça insurgir-se contra tais casamentos, invocando como lei a monogamia, lei essa que contradiz com as escrituras Divinas.

2. Há países que permitem o homossexualismo e o lesbianismo na sua constituição, sob pretexto de liberdade, sendo este um acto indecente e imundo no preceituado da lei Divina; nem mesmo nos animais irracionais encontramos tais práticas. Todo aquele que se envolve nesta prática é culpado perante ALLAH, pois apesar de a lei mundana daquele país permitir tais actos, eles contradizem com as leis Divinas.

É norma as leis mundanas estarem em concordância com as Divinas, sobretudo as básicas e lógicas tais como: não matar, não roubar, respeitar os direitos do próximo, etc. Aquele que cumpre estas leis, estará simultaneamente a obedecer às leis criadas por ALLAH.Um bom crente é ao mesmo tempo um bom cidadão, e por conseguinte, um bom cidadão é aquele que obedece às leis de ALLAH, pois automaticamente estará obedecendo às leis criadas pelo Homem e não haverá contradição entre ambas.Por isso, aquele que é assíduo no cumprimento das ordens de ALLAH e das tradições do profeta Muhammad , jamais estará envolvido em actos que desabonam a sua integridade moral e muito menos a sua religiosidade.

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A LEI DA FAMÍLIA E O CASAMENTOFaizal Nurdine Daúd

ANTECEDENTES HISTÓRICOS

A lei da família, catalogada com o número 10/2004 de 25 de Agosto, não obstante apresentar alguns aspectos que contrariam o Shari’ah, abre uma nova página na área da jurisprudência moçambicana, pois esta lei revoga o livro IV do Código Civil Português de 1966, elaborado à luz do acordo de 1940, entre a Santa Sé (Vaticano) e o governo português, o qual fi cou designado por concordata.Este acordo deu todos os previlégios à igreja católica, em detrimento de todas as outras confi ssões religiosas, e por esta razão, a igreja católica fortifi cou-se de tal forma que o governo português mandou publicar em 1966, um código civil no qual espelha o poder do catolicismo em termos de importância, ordem e valor do casamento católico. Com este instrumento, o governo português conseguiu fechar todas as portas de tornar válido, perante a lei, o casamento realizado por qualquer outra confi ssão religiosa em Moçambique.

Na década cinquenta, o fl orescimento do nacionalismo africano, aliado à pressão política empreendida pela ONU, sobre os países colonizadores, sobretuto Portugal, fez com que este país fosse mais tolerante e enfraqueceu um pouco o poder da igreja católica. Assim, emerge a oportunidade dos muçulmanos e de outras confi ssões religiosas realizarem os seus casamentos religiosos, sem nenhum impedimento.No entanto, perante a lei, estes casamentos nunca tiveram o mesmo peso que tinha o casamento católico.Com o advento da nossa independência, a celebração do Nikah continuou da mesma forma que fora no período do nacionalismo

africano, não obstante haver consciência da necessidade de se alterar o código civil, por estar ultrapassado e não responder à realidade de Moçambique, que já se tornara num país independente, soberano e com cultura e realidade próprias.A não alteração do código civil até 25 de Agosto de 2004 deveu-se ao facto de o país ter perdido muitos intelectuais após a independência e ter que formar uma nova geração dos mesmos para novos desafi os, para além da guerra fraticida que impedia as pesquisas sobre a realidade sócio-cultural do país.Com a publicação da lei da família, a jurisprudência moçambicana deu um grande passo adiante, porquanto o legislador teve a coragem de elaborar um código civil inteiramente moçambicano, ter contemplado muitos aspectos aceites no Shari’ah e ter posto fi m ao privilégio que a igreja católica tinha sobre as outras confi ssões religiosas, apesar de julgarmos que se devia contemplar muitos outros aspectos religiosos e culturais de grande valor para as comunidades deste país, sobretudo a muçulmana.

O FIM DA POLIGAMIAOFICIAL EM MOÇAMBIQUE

A proibição da poligamia em Moçambique não é algo novo e não se pode considerar que foi imposta agora, pela lei da familia. Ela já havia sido plasmada no código civil de 1966 e, lembre-se, foi fortemente combatida após a independência pela ideologia marxista-leninista.Deve-se entender que a lei da familia apenas renova a antiga lei sobre o casamento monogâmico e cria instrumentos legais para que a poligamia não seja ofi cialmente

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praticada, quer pelos muçulmanos, quer pelas comunidades tradicionais.As portas para a poligamia são completamente encerradas a partir do momento em que a lei da familia, no seu artigo 24, determina que nenhum casamento (civil, religioso ou tradicional) seja realizado sem a apresentação do comprovativo de capacidade matrimonial, que é adquirida mediante o processo preliminar de publicações, organizado nas repartições do registo civil, a requerimento dos nubentes (noivos) ou do dignatário religioso (Imám, Sheikh ou Maulana).Isto quer dizer que, pela lei, o Nikah não pode ser celebrado sem que os nubentes ou o dignatário religioso notifi que o registo civil antes da cerimónia, para que este emita o documento que comprove a capacidade matrimonial dos que pretendem contrair o matrimónio.Se o registo civil, através do processo preliminar, não encontrar qualquer motivo impeditivo, então a cerimónia do Nikah poderá ser realizada e, conforme a alínea a) do Artigo 18, consubstanciado com a alínea a) do Artigo 75, este casamento deverá ser obrigatoriamente registado. Em seguida, o duplicado do assento deste Nikah, à luz do Artigo 79, deverá ser enviado obrigatoriamente ao registo civil, para efeitos de transcrição.Uma vez homologado o registo do Nikah no registo civil pela via da transcrição, o indivíduo que queira contrair mais do que um Nikah não poderá fazê-lo, pois o registo civil, quando notifi cado para apurar a capacidade matrimonial dos novos nubente, encontrará um impedimento dirimente absoluto relacionado com o registo do casamento de um dos nubentes, e assim, indiferirá o pedido do casamento, alegando a alínea c) do Artigo 30 que diz que obstam o matrimónio a existência de um casamento anterior não dissolvido, seja ele religioso, tradicional ou civil, desde que esteja convenientemente inscrito ou transcrito.

Com esta lei, as instituições religiosas ou os respectivos dignatários fi cam interditos de realizarem os Nikah’s sem a apresentação da prova de capacidade matrimonial, e se o realizarem, essa cerimónia será considerada nula com base na lei, e será evocado o Artigo 56 que aborda questões ligadas à falta de vontade ou vontade viciada por erro de coação.

MAIS DE UM NIKAH E OS CONSTRANGIMENTOS EMERGENTES

Os muçulmanos que realizaram o Nikah e não efectuaram o casamento civil, antes da lei ser publicada, deverão levar o assento do Nikah ao registo civil para efeitos de transcrição, pois se não o fi zerem, correm o risco de um dos cônjugues realizar um segundo Nikah e casamento civil, e o Nikah que tiver sido realizado antes será considerado nulo por não ter sido registado, à luz do Artigo 30 da lei da família.Se um dado marido tiver efectuado o casamento civil com uma esposa e ter contraído Nikah com outra, o casamento que a lei considerará válido será o civil, por ter sido registado por inscrição, e o Nikah com a outra esposa não será aceite para efeitos de registo por transcrição, por já haver um casamento registado por inscrição e, consequentemente, este Nikah será considerado nulo à luz da lei. Este caso aplica-se para todos os outros Nikah’s realizados, aceites com base no Shari’ah e precedidos de um casamento civil.Se um dado marido não tiver efectuado o casamento civil mas tenha contraído o Nikah, com mais do que uma esposa, então terá que escolher apenas um dos casamentos para registo por transcrição e, por lei, todos os outros Nikah’s contraídos serão considerados nulos, tendo em conta o exposto do ponto anterior.

Os Nikah’s que não poderão ser transcritos por

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lei, serão considerados nulos e inexistentes e, consequentemente, o relacionamento com essas esposas, do segundo ao quarto Nikah (isslamicamente falando), serão considerados extra-conjugais à luz da lei. Assim, pela lei civil actual bem como pela antiga, essas mulheres não terão qualquer direito resultante do Nikah realizado, ou seja, perante a lei, perderão os direitos adquiridos com a celebração do Nikah e serão consideradas como ligadas ao esposo apenas por uma relação de facto ou como simples guardiãs dos bens dos seus fi lhos.Neste contexto e face aos cenários acima mencionados, esta lei penaliza gravemente as mulheres e chega ao cúmulo de considerar extra-conjugal, o casamento que o Isslam considera lícito. E como se não bastasse, restringe muitos dos direitos que a mulher tenha adquirido ao aceitar realizar o Nikah com um certo indivíduo.

PROBLEMAS LOGÍSTICOS DECORRENTES DOS NIKAH’S

Para o bom cumprimento desta lei, as instituições (como mesquitas, por exemplo) que realizam os Nikah’s devem estar munidos de algumas ferramentas burocráticas, tais como despesas de correio, livro de registo de casamentos, envelopes, papel para lavrar o assento da cerimónia do Nikah (devendo igualmente ser de acordo com lei) que será entregue aos noivos e o duplicado enviado ao registo civil, para efeitos de transcrição.Neste contexto e tendo em conta os gastos envolvidos com o processo de Nikah, julgamos que os Ulamá deverão liderar o processo de implementação desta lei e junto dos doadores internos, providenciar este material; caso não seja possível, cada instituição deverá cobrar uma taxa de Nikah, a fi m de fazer face aos custos decorrentes do processo.

O facto de a lei da família já considerar o Nikah e conceder o valor civil ao mesmo, caso seja transcrito, os Ulamá e as instituições isslámicas deverão divulgar convenientemente esta lei, dando maior destaque ao Nikah em relação a qualquer outra forma de casamento civil.Os muçulmanos devem valorizar mais a sua forma tradicional de casamento – o Nikah. Por isso, não têm a necessidade de efectuar primeiro o Nikah e depois o registo civil, pois basta que o Nikah seja devidamente transcrito para que o indivíduo se considere casado perante a lei, tanto que o Artigo 18 diz: “não é permitido o casamento civil de duas pessoas ligadas por casamento religioso... devidamente transcrito no registo civil”.Caso se efectue o Nikah e depois o registo civil, este último é que será registado primeiro e como os muçulmanos devem dar maior importância ao Nikah, devem prescindir de realizarem o casamento civil, pois para o crente, o Nikah é o que mais valor tem e é mais querido perante ALLAH. Assim, deixaremos de imitar os não-muçulmanos, realizando apenas o casamento de forma isslámica.

PARADOXO DA LEI DA FAMÍLIA

Apesar da lei da familia ter contemplado muitos aspectos bons e, inclusive, cobertos pelo Shari’ah, não podemos deixar de declarar que não teve em conta alguns aspectos ligados à cultura e religião deste país. Por essa razão, corre o risco de não ser posta em prática, pois até contradiz a Constituição da República, na alínea 3 do seu Artigo 12, onde consta: “as confi ssões religiosas são livres na sua organização e no exercício das suas funções de culto e devem conformar-se com as leis do Estado”.Se tivermos em conta o preceituado na lei da família, poderemos chegar à conclusão de que o Artigo 12 da Constituição da República é dúbio, pois o Nikah não pode ser regido pelas

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regras do Shari’ah e do Estado em simultâneo, pois elas são diatrialmente opostas. E se a lei proíbe alguém de realizar o seu Nikah, então contradiz a Constituição, que fala da liberdade religiosa e de culto!Neste contexto, o cidadão fi ca num grande imbróglio, pois ou cumpre a lei Divina ou cumpre a do Estado. E se não cumprir com a lei Divina, jamais alcançará o bem-estar espiritual, consagrado no ponto 4 da Constituição.

Ademais, se analisarmos o preâmbulo da lei da família, poderemos constatar que o legislador se apercebeu dos problemas existentes na nossa sociedade, razão pela qual fala de “descontinuidade” entre a lei existente e a Constituição, entre outros instrumentos de direito. Para nós e segundo a análise feita acima, a lei da família não conseguiu sanar esta descontinuidade.Outro aspecto onde o preâmbulo se contradiz é quando alude que a lei tem em vista o respeito pela moçambicanidade, cultura e identidade próprias do povo moçambicano, mas não toma em consideração que a poligamia faz parte da realidade social, cultural e religiosa deste país.Assim, corre-se o risco de a lei não ser cumprida e o Estado não poder sancionar quem quer que seja, pois no ponto 2 do Artigo 54, a Constituição diz que “ninguém pode ser discriminado, perseguido, prejudicado, privado dos seus direitos… por causa da sua fé”, e efectuar o Nikah faz parte do cumprimento da fé, porquanto a tradição do profeta Muhammad recomenda o indivíduo a realizar o Nikah, a fi m de adquirir a metade do seu Imán, ou seja, fé.

A RAZÃO DA CONTESTAÇÃODOS MUÇULMANOS

Os muçulmanos não contentam a lei da família no seu todo, mas alguns aspectos

que contrariam o Al-Qur’an e as tradições do profeta Muhammad , tais como a poligamia, a proibição do casamento entre primos ou o que se considera parentes colaterais de terceiro e quatro graus e a divisão dos bens resultantes da herança, entre outros.Quando os muçulmanos defendem a poligamia não é porque pretendem promovê-la, tanto que o Shari’ah coloca regras muito claras ao pô-la em prática. Uma delas e por sinal a mais importante, é o princípio da equitatividade a ter em conta em relação a todas as esposas, sem excepção. Se um dado indivíduo não está sufi cientemente preparado, quer espiritual como economicamente, então não poderá contrair o segundo (ou outros) Nikah, pois estará a cometer um grande pecado.

A lei não protege, por exemplo, as mulheres que tenham problemas congénitos relacionados com a concepção de fi lhos, por mais que essa mulher concorde que o esposo tenha uma outra mulher capaz de conceber.Se o homem quiser ter fi lhos que seja fruto de um casamento, terá que se divorciar da sua esposa, condenada por não conceber, para poder casar com outra e, deste modo, fazer com que a primeira fi que na posição de praticante de relação extra-conjugal e desamparada, perante a lei.Pelo facto de não conceber, esta mulher estará condenada à rejeição pela sociedade e ninguém pretenderá contrair matrimónio com ela; consequentemente, fi cará desamprada, moralmente perdida e propensa para entrar no mundo da prostituição, drogas, entre outros males. Se tivesse um homem que a amparasse, de certeza que a situação desta mulher seria completamente diferente.

Esta lei também não resolve o problema social e natural da existência de mais mulheres e menos homens e até na proporção inversa entre homens e mulheres.

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As mulheres que não podem casar estão condenadas a fi carem “eternamente” sós e sem lar. Se pretenderem ter um homem ou fazer fi lhos, terão que cometer adultério e, como o governo desclassifi ca o adultério do crime, para suavemente apelidá-lo de relação extra-conjugal, a sociedade é levada a conviver com esta prática como se de um mal não se tratasse.Por isso, perante a lei, não se pode condenar a ninguém por ter praticado o adultério. O próprio governo incentiva esta prática, desde o momento que se faça o uso do preservativo.Desta forma, a lei da família abre as portas para que as mulheres que não consigam casar sejam livres de praticar o amantismo a seu belo prazer, e os homens podem relacionar-se com quem eles queiram, pois o governo colocou na sociedade aquilo que outrora era imoral.

O mais estranho é o facto de um país como o nosso, onde as estatísticas ofi ciais indicam que 70% dos moçambicanos são monoteístas e condenam fortemente o adultério, mas ao fazer a lei da família, o governo não tomou em consideração a elevação de certos valores morais que são comuns para todas as confi ssões religiosas e de todos os praticantes do animismo.Assim, o governo mostra-se à margem da realidade do país e exime-se em criar condições para a moralização da sociedade. Desta forma, como é que se poderá alcançar uma sociedade sã, equilibrada e livre do HIV/SIDA, com estes problemas relacionados com a ofi cialização e incitação ao adultério?

PORQUE É QUE FOI POSSÍVEL PUBLICAR ESTA LEI?

No fundo os muçulmanos e, principalmente, alguns teólogos muçulmanos são os verda-deiros culpados por isto, pois eles não incentivam à comunidade para se cultivar

em áreas diferentes da religião; continuam a tentar separar a educação isslámica da secular. Em virtude de os muçulmanos não fazerem parte das áreas de investigação e círculos de decisão, a sua voz jamais poderá ser ouvida de modo a não atropelar o Shari’ah.O mais caricato é que a primeira Revelação do Al-Qur’án dizia “Iqra”, ou seja, leia, investigue e estude, o que muitos teólogos ainda não compreenderam que este discurso é generalista e abrange todas as áreas do conhecimento, sem excepção; existem inúmeras provas referentes a isso, tanto no Al-Qur’án assim como nos Hadices.Para evitar que estas situações aconteçam novamente, os Ulamá devem organizar-se e em conjunto com a sociedade civil, traçar planos com horizontes nem que sejam de cinco, dez ou mesmo vinte anos.

Alguém perguntou a Hassan Ibn Áli : Eu tenho uma fi lha e ela tem vários pedidos; com quem é que eu devo fazê-la casar?Ele respondeu: Faça ela casar com alguém que tema a ALLAH, pois se ele amar a ela, irá honrá-la, e se ele não amar a ela, não irá maltratá-la.

•Abu Darda disse à sua esposa: Se veres que estou zangado, acalma-me, e se eu ver que tu estás zangada, irei acalmar-te; doutro modo, porque iremos nós manter companhia um com o outro?Quando isso chegou aos ouvidos de Imám Zuhri, ele disse: É assim como deve ser o companheirismo.

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NÃO LIGUE À INGRATIDÃO

Na ignorância, muitas vezes as pessoas amaldiçoam ALLAH Ta’ála; se isso acontece perante Aquele que é o

Criador dos céus e da terra, então o que devemos nós, que estamos sujeitos a enormes falhas, esperar por parte das pessoas?Estaremos sempre susceptíveis a enfrentarmos críticas destrutivas e ingratidão, semelhantes a uma guerra interminável, pois ela jamais chegará ao fi m.Enquanto produzirmos, brilharmos e termos um efeito sobre os outros, a desaprovação e a condenação serão a quota parte na nossa vida. Até escaparmos dos outros, i.é, quando encontrarmos um túnel na terra ou uma escada para o céu, eles jamais desistirão de procurar falhas no nosso carácter e de censurar-nos. Por essa razão, enquanto estivermos entre os habitantes da terra, devemos estar aptos a sermos magoados, insultados e criticados.

Eis algo a ponderar: se a pessoa que está sentada sobre o chão não pode caír e também ninguém pontapeia um cão morto, então a fúria dos outros em relação a nós pode ser atribuída pelo facto de ultrapassarmos a eles na rectidão, conhecimento, conduta ou na riqueza. Perante eles, somos transgressores, cujas falhas não podem ser expiadas, a não ser que abandonemos os nossos talentos e nos abdiquemos de todas as qualidades louváveis, tornando estúpidos, desvalorizados e inócuos aos olhos deles. Este será exactamente o resultado que eles pretendem alcançar.Por isso, devemos permanecer fi rmes e pacientes quando enfrentarmos ataques por parte deles.Se nos sentirmos feridos pelas suas palavras e deixarmo-nos infl uenciar, teremos concretizado as suas esperanças. Em vez disso, deveremos perdoar-lhes, mostrando as nossas melhores

condutas; a sua desaprovação somente irá aumentar o nosso valor e mérito.Certamente que nunca poderemos silenciá-los, mas poderemos enterrar a suas críticas ignorando-lhes. De facto, iremos aumentar a sua raiva, mas estaremos a aumentar o nosso mérito e desenvolver o nosso talento.

ALLAH Ta’ála, criou os Seus servos para que pudessem adorá-Lo e recordá-Lo; Ele concedeu-lhes o sustento a fi m de expressarem gratidão a Ele. Mas mesmo assim, muitos adoram outras “pseudo-divindades” para além d’Ele, sendo ingratos a Ele – a ingratidão é um defeito muito comum no ser humano.Por isso, não deveremos desanimar quando sentirmos que os outros se esqueceram dos nossos favores ou menosprezaram os nossos actos de bondade. Há quem até poderá desonrar-nos ou tornar-nos em inimigo somente porque fomos bondoso.Encontramos várias narrativas de pais e fi lhos, em que o pai cria, educa, alimenta, dá de vestir e passa noites em branco para que o seu fi lho possa ter uma vida confortável, e quando este cresce e torna-se num homem forte, recompensa-lhe com desobediência, desrespeito e desprezo.Por essa razão, devemos contentar-nos e ser pacientes se formos retribuídos com ingratidão pelo bem que tenhamos praticado, e sentir-nos satisfeitos pois, seremos recom-pensados por Aquele que possui tesouros ilimitados à Sua disposição.

Em qualquer circunstância, nunca devemos deixar de praticar actos de bondade para com as pessoas; o que se pretende dizer aqui é que devemos estar mentalmente preparados para recebermos ingratidão por parte delas.

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De qualquer das formas, sempre seremos recompensados por ALLAH.Na realidade, o ingrato nunca estará nos prejudicando, pois é uma bênção por parte de ALLAH sermos servos obedientes e o ingrato ser um transgressor; devemos louvá-Lo por esta dádiva.Não devemos esquecer que a mão que dá é sempre melhor do que aquela que recebe:“Nós alimentamo-vos somente por amor a ALLAH; não desejamos de vós recompensa alguma nem agradecimento.”

[Al-Qur’án 76:9]

Muitas vezes sentimo-nos chocados pela natureza de ingratidão que sofremos, mas talvez isso acontece porque nunca nos deparamos antes com versículos semelhantes ao seguinte:“E quando o mal toca o homem, este invoca-Nos, estando deitado nos seus fl ancos, ou sentado ou de pé. Mas quando Nós removemos dele o mal, ele passa como se nunca Nos tivesse invocado para o mal que lhe tocou.”

[Al-Qur’án 10:12]

Assim sendo, não devemos fi car agitados se dermos uma caneta a alguém e ele utilizá-la para caluniar-nos ou se emprestarmos uma bengala e a pessoa bater-nos com a mesma.Conforme já se referiu anteriormente, a maior parte das pessoas é ingrata para com o seu Senhor; por isso, que tratamento devemos nós esperar, sendo inferiores a ALLAH?Quando estivermos em difi culdade e exibirmos bondade para com as pessoas, encontraremos imediatamente o consolo e o conforto. Ajudar os necessitados e os que se encontram na angústia, defender os oprimidos e visitar os doentes são acções que trazem enormes benefícios.A bondade é como o perfume, benefi cia o vendedor, o comprador e o utilizador. Além disso, ajudar pessoas também benefícios

psicológicos; por exemplo, se sofremos de depressão, um acto de caridade trará um efeito mais forte do que qualquer medicamento.Até mesmo o sorriso que se dá perante uma pessoa, é um acto de caridade, pois o Profeta disse: “Não considere insignifi cante determinados actos de bondade, mesmo se (o acto) for em encontrar o teu irmão com uma cara sorridente”.Assim sendo, devemos esforçar-nos o máximo em ajudar as pessoas, quer seja por meio de caridade, hospitalidade, simpatia ou qualquer tipo de apoio, não esperando algo em troca e mesmo se elas forem ingratas connosco. Fazendo assim, encontraremos toda a felicidade que desejarmos.

EU PEDI, ALLAH DEU-ME!

Eu pedi força, mas ALLAHdeu-me difi culdades paratornar-me mais forte.

Eu pedi soluções, mas ALLAHdeu-me problemas para resolver.

Eu pedi prosperidade, mas ALLAHdeu-me o cérebro e músculos para trabalhar.

Eu pedi coragem, mas ALLAHdeu-me perigos para superá-los.

Eu pedi amor, mas ALLAHdeu-me pessoas problemáticas para ajudar.

Eu pedi favores, mas ALLAHdeu-me oportunidades.

Não recebi nada daquilo que eu pedi, mas ALLAH deu-me tudo aquilo que eu precisava!

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Sayidina Abdullah Ibn Umar narra que Rassulullah afi rmou: “Quando a pessoa mente, o anjo (que o acompanha)

afasta-se dele à distância de uma milha, devido ao mau cheiro (hálito) da mentira”.

[Tirmizi]

À luz deste Hadice, torna-se claro que a mentira é bastante condenada e que os anjos também detestam-na e sentem nojo da mesma, pois logo que a pessoa a pronuncia, eles distanciam-se a uma milha daquele lugar.É de salientar que os anjos aqui referidos não são apenas aqueles que foram incumbidos de registar as acções da pessoa. Todos os anjos manifestam o seu descontentamento e ódio, mas os que são responsáveis pelo registo das acções do mentiroso, vêem-se forçados a suportar esse mau hálito.Num Hadice relatado por Bukhari e Musslim, Rassulullah encorajou às pessoas a serem fi rmes em falar a verdade, pois esta signifi ca bondade e esta, por sua vez, indica o caminho para o Paraíso. E se a pessoa continuar falando a verdade, será registada como um verdadeiro.Aconselhou ainda às pessoas a se absterem da mentira, pois esta indica o caminho da maldade e esta, por sua vez, caminha rumo ao Inferno. E se a pessoa continuar a falar mentira, será registada como um grande mentiroso perante ALLAH Ta’ála.Por isso, cabe ao crente falar sempre a verdade e adoptar esta qualidade, mesmo que lhe custe imenso.

NEM NA BRINCADEIRAÉ PERMISSÍVEL MENTIR

Sayidina Abu Hurairah narra que o Profeta foi interrogado pelos Sahábah : “Vós

PROTEGEI A LÍNGUA DA MENTIRAMaulana Ebrahim Makda

também expressais humor e gracejo?” Ao que Rassulullah respondeu: “Sem dúvida, mas (mesmo assim) falo a verdade”.

[Mishkát]

As razões que levaram os Sahábah a colocarem esta pergunta podem ser duas: por acharem que expressar humor não faz parte da personalidade dum profeta, ou ainda, por acharem estranho o Profeta gracejar, uma vez que ele próprio os proibira de fazer isso.Rassulullah respondeu que, mesmo quando está brincando, ele fala sempre a verdade, o que é permissível e não há impedimento algum. E para além de falar somente a verdade, a outra condição é de a pessoa com quem estiver brincando, não sentir-se ofendida, pois o objectivo do humor deve ser somente o de alegrar a pessoa e não de ofendê-la ou magoá-la.

AQUELE QUE RELATA TUDO QUE OUVE TAMBÉM É MENTIROSO

Sayidina Abu Hurairah narra que o Profeta disse: “É sufi ciente que a pessoa seja considerada mentirosa, desde que ela relate tudo o que ouvir.”

[Mishkát]

Este Hadice alerta-nos sobre um facto bastante importante: muitos têm o hábito de, abertamente ou às escondidas, escutar conversas das pessoas e posteriormente transmití-las aos outros, sem qualquer receio ou mínima cautela de averiguar se o que escutaram tem alguma veracidade ou não.Muitas vezes acontece que uma pessoa esteve a contar mentiras e a outra, que esteve a escutar, começa a transmití-las a terceiros

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sem averiguar a veracidade daquilo que ouvira, espalhando assim a mentira.Desta forma, quem tiver o hábito de transmitir às pessoas tudo aquilo que ouviu, de certeza que pode ser considerado mentiroso. O que dizer então daqueles que se intitulam de piedosos e praticantes da religião, mas que se deixam envolver nesta prática errada e, quando lhes é chamada a atenção, tentam justifi car dizendo “se a notícia que me chegou é falsa, o pecado será daquele que a divulgou”, enquanto que transmitir algo dum narrador que mentiu, é divulgar a mentira (boato).Hoje em dia, infelizmente, desde os escritórios dos partidos políticos aos dos órgãos de imprensa, todo o tipo de mentira é inventada, manipulada e divulgada, mesmo recorrendo à prática de caluniar uns aos outros; e outros, tais como a imprensa e a média que, servindo-se de agentes, levam adiante essas notícias, tornando-se também culpados pela mentira.E os comerciantes que julgam ter recebido permissão Divina para utilizar a mentira para fi ns lucrativos. Ah! O muçulmano esqueceu-se da sua identidade e estatuto como representante de ALLAH.

Sayidina Umar narra que Rassulullah disse: “As melhores pessoas do meu Ummat são as que se encontram presentes na minha Era, depois as que lhes seguirem e depois, as que seguirem a estas. Depois disso, espalhar-se-á a mentira; testemunharão sem serem solicitadas para tal e prestarão juramento sem contudo terem sido solicitadas para tal (i.é, haverá mentiras em abundância).

[Tirmizi]

Que ALLAH Ta’ála nos proteja da mentira e da falsidade e nos conceda a bela qualidade da verdade, através da qual o nosso querido Profeta era conhecido como “As-Sádiq” (o verdadeiro).

UMA PASSAGEM INTERESSANTE

Umar narra que certa vez, encontrou-se com Huzaifa e perguntou-lhe: Como amanheceste, ó Huzaifa?Huzaifa respondeu: Amanheci a gostar do Fitna, a detestar o Haq, a fazer Salát sem Wudhú e tenho aqui na Terra aquilo que ALLAH não tem no Céu.Ao ouvir esta resposta, Umar fi cou muito irritado e foi ao encontro de Áli . Quando este o viu, disse: Ó líder dos crentes, vejo que tens o efeito de zanga na cara.Umar contou-lhe o que se passou com Huzaifa . Então, Áli disse que Huzaifa falou a verdade.Pois, gostar do Fitna, signifi ca que ele gosta da riqueza e dos fi lhos, assim como ALLAH diz no Al-Qur’án: “As vossas riquezas e vossos fi lhos são um Fitna (tentação)”.Detestar o Haq (verdade), quer dizer a morte, pois ela é uma verdade.O Salát sem Wudhú, refere-se ao enviar o Durud para o Profeta Muhammad .Ele tem na Terra o que ALLAH não tem no Céu, ou seja, ele tem mulher e fi lhos e ALLAH não tem mulher nem fi lhos.Ao ouvir esta explicação, Umar disse: Tens razão, acabaste com o mau pensamento que eu tinha acerca de Huzaifa.

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Háni, uma ex-escrava de Ussmán , narrou que sempre que este parasse junto a alguma sepultura, chorava de

tal modo que a sua barba molhava-se toda.Foi-lhe então perguntado: “Tu recordas do Jannat e do Jahannam mas não choras; porém, quando recordas do Qabr (sepultura) choras? Ele disse: “Ouvi Rassulullah a dizer: A sepultura é a primeira etapa para o Ákhirah; quem passar por aqui com segurança, o resto será fácil; porém, quem não conseguir passar por aqui com segurança, tudo o que vier depois, ser-lhe-á mais difi cil.”Consta ainda que Rassulullah disse: “Eu nunca vi um lugar mais medonho do que a sepultura”.Quando forem mostradas ao crente as delícias que ALLAH lhe reservou, ele dirá: “Ó Senhor, apresse a chegada da Hora, para que eu possa voltar (juntar-se) à minha família e riqueza”.Porém, quando for mostrado ao descrente ou pecador o tormento que ALLAH lhe reservou, apesar dos castigos que ele estiver a sofrer, dirá: “Ó Senhor, não faça com que a Hora chegue, porque o que está por vir é pior e mais terrível”.

A ESCURIDÃO NA CAMPA

Certa vez, faleceu uma mulher que costumava limpar o Massjid e os Sahábah enterraram-na durante a noite.Na manhã seguinte, o Profeta perguntou por ela e os seus companheiros informaram-no do sucedido; então, ele pediu-lhes para que indicassem a campa dela.Quando Rassulullah dirigiu-se para lá, orou por ela e disse: “Estas campas estão repletas de escuridão, mas ALLAH iluminou-a através da virtude dos meus Duás”.

[Bukhari, Musslim, Abu Dawud]

O APERTO NA SEPULTURA

Quando o defunto é colocado na sepultura, ele é apertado de tal forma que ninguém, seja grande ou pequeno, virtuoso ou imoral, consegue escapar.Consta que Sád Ibn Muáz também sofreu o aperto na sepultura, embora a sua morte tenha estremecido o Trono de ALLAH, as portas do Céu foram abertas para si e no seu funeral participaram 70 mil anjos.Ibn Umar narra que Rassulullah disse: “Este, cuja morte estremeceu o Trono, para quem as portas do Céu foram abertas e participaram no seu funeral setenta mil anjos, foi apertado e depois aliviado.”

[Nassaí]

Ibn Umar narra que Rassulullah disse: “O aperto na sepultura é evidente; se houvesse alguém que tivesse que ser salvo disso, seria Sád Ibn Muáz.”

[Mussnad Imám Ahmad]

O QUE ACONTECENA SEPULTURA

Quando o indivíduo é colocado na sepultura, dois anjos – chamados Munkar e Nakir – aproximam-se dele e perguntam-lhe: “O que tu dizes sobre este homem (em alusão ao Profeta )?E ele responde o que costumava dizer (em vida): “Ele é servo de ALLAH, é Seu mensageiro e eu testemunho que não existe Divindade excepto ALLAH e Muhammad é Seu servo e mensageiro”.Porém, se ele tiver sido hipócrita (em vida), diz: “Eu ouvi as pessoas a dizerem algo e eu digo o mesmo... eu não sei...”

[Tirmizi]

A SEPULTURA

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Segundo um Hadice narrado por Al-Bará, o Profeta disse: “Dois anjos aproximam-se dele, fazem-lhe sentar e perguntam-lhe:1. Quem é o teu Senhor?2. Qual é a tua religião?3. Quem é o teu profeta?

Esta é a ultima etapa a que o crente é sujeito; isso é referido no Al-Qur’án:“ALLAH dará fi rmeza aos crentes com a palavra imutável (fi rme) na vida deste mundo e na vida do Ákhirah.”

[Al-Qur’án 14:27]

Então ele responde: “Meu Senhor é ALLAH; minha religião é Isslam; meu profeta é Muhammad ”.De seguida, uma voz vinda do céu diz: “Meu servo falou a verdade”.E no que concerne ao descrente ou pecador, consta: “Dois anjos (sem piedade) aproximam-se dele, fazem-lhe sentar e perguntam-lhe: “Quem é o teu Senhor?”Ele responde: “Oh, oh, eu não sei”.Perguntam-lhe: “Qual é a tua religião?”Ele responde: “Oh, oh, eu não sei”.Perguntam-lhe: “O que dizes acerca deste homem, que vos foi enviado?”Ele não consegue lembrar-se do seu nome, ao que é lhe dito: “Muhammad”.Ele diz: “Oh, oh eu não sei, ouvi as pessoas a dizerem algo”.Então, os anjos dizem: “Que tu nunca venhas a conhecê-lo e jamais digas o que as pessoas disseram”.Aí, uma voz proclama: “Meu servo está mentindo”.

É obrigatório para o crente crer e aceitar esses factos, pois é algo relacionado com a vida do Além e que a mente humana não está dotada de capacidade para percebê-los.O Isslam não ensina algo que contradiz a mente humana comum, embora possa nos

ditar factos que estejam fora da capacidade e imaginação humanos.O regresso da alma ao corpo não ocorre do mesmo modo como na vida terrena; ela acontece de forma diferente à do mundo [Sharhul-Aquidah at-Tahawiyah].

AS BÊNÇÃOS E OSTORMENTOS NA SEPULTURA

Continuando com o Hadice de Al-Bará, quando o servo responde correctamente às perguntas de Munkar e Nakir, a Voz celestial ordena aos anjos: “Deiam-lhe os apetrechos do Paraíso, vistam-lhe do Paraíso e abram-lhe as portas do Paraíso”.É quando lhe vem a fragrância do Paraíso e a sua campa é amplamente expandida, até onde a sua visão alcançar.Aparece um homem com rosto bonito, de roupa fi na, com perfume agradável e diz-lhe: “Receba as boas-novas que lhe vão deliciar. Este é o teu dia que lhe foi prometido”.O defunto diz: “(Que ALLAH te abençoe) quem és tu? O teu rosto contém o bem”.Ele responde: “Eu sou as tuas boas acções; (por ALLAH, tudo o que eu sabia de ti é que eras rápido a obedecer-Lhe e lento a desobedecer-Lhe) que ALLAH te recompense com o bem”.De seguida, são lhe abertas as portas do Paraíso e do Inferno, e é lhe dito: “Este (Inferno) seria o teu lugar se fosses desobediente a ALLAH, mas ALLAH substituiu com isto (Paraíso) para ti”.Quando ele vê o Paraíso, diz: “Ó Senhor, apresse a chegada da Hora (Quiyámah), para que eu possa voltar (juntar-me) aos meus familiares e à minha riqueza”.Então é lhe dito: “Tenha calma e sinta-se à vontade”.

Mas quando o descrente ou pecador responde erradamente às questões que lhe foram

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colocadas, a Voz celestial diz que ele mentiu e ordena aos anjos: “Deiam-lhe os apetrechos do Inferno e abram-lhe as portas do Inferno donde vem uma quentura e ar abrasador”. A sua sepultura aperta ao ponto de juntar as suas costelas.Aparece um homem com rosto feio, de roupas horríveis e com odor desagradável e diz-lhe: “Saiba o que lhe vai afl igir. Este é o teu dia que lhe foi prometido”.O defunto diz: “(Que ALLAH te amaldiçoe) quem és tu? O teu rosto contém o mal”.Ele responde: “Eu sou as tuas más acções (por ALLAH, tudo o que eu sabia de ti é que eras lento a obedecer-Lhe e rápido a desobedecer-Lhe)”.ALLAH indica-lhe um (anjo) cego, surdo e mudo, em cujas mãos está um bastão de ferro, que se passasse por uma montanha, a transformaria em pó.Ele bate (ao defunto) até tornar-se em pó; depois é reconstituído ao seu estado anterior e repete-se o castigo. Ele (o defunto) grita de modo que todos o escutam, exceptuando os homens e os jinn’s.De seguida, é lhe aberta uma porta do Inferno e a sua sepultura é apetrechada com coisas do Inferno, e diz: “Ó Senhor! Não faça com que a Hora chegue”.

Segundo um Hadice narrado por Ánass , quando o crente responde correctamente às perguntas, é lhe dito: “Vide o teu lugar no Inferno, porém ALLAH substituiu-o com o Paraíso”.E de acordo com Abu Huraira , o Profeta disse que depois do crente responder às questões correctamente, dois anjos dizem: “Nós sabiamos que tu irias responder assim”.Os Hadices indicam que é mostrado ao defunto a sua morada eterna, enquanto ele permanece na campa.A campa do crente é expandida setenta cúbitos

e é iluminada. Depois é lhe dito: “Durma”.Ele diz: “Deixe-me voltar à minha família e informar-lhes”. Os anjos respondem: “Durma como o noivo, que ninguém o despertará excepto a sua querida família, até que ALLAH faça ressurgir-te do teu local de repouso”.E será dito ao descrente: “Nós sabiamos que tu irias responder assim”. Depois é dito à terra: “Aperta-lhe”, e esta aperta-lhe até que as suas costelas juntam-se. Ele será castigado até que ALLAH faça ressuscitar-lhe da sua campa”.

[Tirmizi]

É de salientar que os tormentos na sepultura não se confi nam apenas aos descrentes e hipócritas, pois os crentes também poderão estar sujeitos aos mesmos devido aos seus pecados.

Certa vez, Imám Ghazali (RA) foi inter-rogado: “Fala-se dos tormentos na sepultura, porém, quando abrimos as campas, não notamos indícios de ter havido algum tormento nela; não vemos fogo, nem cobras e nem escorpiões”.Ao que respondeu: “Imagine alguém que está dormindo e que tem vários pesadelos; vê um assassino a perseguir-lhe, cobras a morderem-lhe ou fogo a queimar-lhe; o que diz sobre isso? Na realidade, o que acontece quando sonhamos é um pequeno exemplo daquilo que ocorre na sepultura. Os tormentos e dores que nela ocorrem para quem os merece, não podem ser vistos ou percebidos com os nossos olhos”.

O QUE NOS PODE SALVARDESSES TORMENTOS?

A pessoa deve estar constantemente preparada para a morte, pois ela pode aparecer a qualquer momento e, se assim fi zermos, não

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teremos remorsos.Como recomendação, devemos por exemplo, apressar-nos no arrependimento dos pecados, cumprir pontual e rigorosamente com as nossas obrigações, praticar boas acções e abster-nos de pecar.

Rassulullah afi rmou que as boas acções irão proteger a pessoa na sepultura.Consta num Hadice, mencionado por Ibn Taimiyah, em que Rassulullah disse que quando as pessoas afastam-se da sepultura, o defundo consegue ouvir os passos delas.Se ele tiver sido um crente, o Salát posiciona em frente à sua cabeça, o Jejum do seu lado direito, o Zakát do seu lado esquerdo e as acções como honestidade, ligação familiar e bondade para com as pessoas posicionam-se em frente aos seus pés.Quando se tenta alcançá-lo na direcção da sua cabeça, o Salát diz: Não podes passar por aqui; depois tenta-se alcançá-lo do lado direito e o Jejum diz: Não podes passar por aqui; do lado esquerdo, o Zakát diz: Não podes passar por aqui; fi nalmente, na direcção dos pés, as boas acções dizem: Não podes passar por aqui.Então, é dito ao defunto: “Senta-te”, e ele senta-se. É lhe mostrado o Sol, como se estivesse a pôr-se, e é lhe perguntado: “Quem é este homem de entre vós (em alusão ao profeta Muhammad ? O que diz sobre ele?”Ele (o defunto) responde: “Deixe me fazer o Salát”. É lhe dito: “Tu farás, porém, responda às nossas perguntas”.Ele dirá: “O que vocês me perguntaram?” Respondem: “O que tu dizes sobre este homem de entre vós? Qual é o seu testemunho a cerca dele?”O defunto responde: “Testemunho que ele é o Mensageiro de ALLAH e trouxe-nos a verdade por parte de ALLAH”. Então é lhe dito: “Nesta crença tu viveste, nela morreste

e nela serás ressuscitado, Inshá-Allah.De seguida, uma das portas do Paraíso é aberta e é lhe dito: “Este é o teu lugar e o que ALLAH preparou para ti”, a sua satisfação e alegria aumentam.Depois, uma das portas do Inferno é aberta e é lhe dito: “Aquele seria o teu lugar pelo qual ALLAH preparou (se tivesses desobedecido a Ele)”, a sua satisfação e alegria aumentam.Assim, a sua campa é expandida setenta cúbitos, é iluminada e o seu corpo é recolocado como se encontrava inicialmente; a sua alma é colocada no Nassmut-Teeb – um pássaro que se empoleira nas árvores do Paraíso.

O Profeta recomendou-nos a pedir Duá de protecção contra os tormentos da sepultura e lembrarmo-nos constantemente dela e da morte.Consta que o Profeta disse: “Jibraíl veio a mim e disse: Ó Muhammad, vivas tanto quanto queiras, mas terás que morrer; ame a quem quiseres, terás que deixá-lo; faças o que quiseres, serás retribuído pelo mesmo. Saiba que a honra do crente está em fi car de pé na oração da noite (Tahajjud) e o seu orgulho encontra-se em ser independente das pessoas”.

[Silsilat al-Hadice as-Sahihah]

Consta ainda que o mundo está a afastar-se de nós e o Ákhirah a aproximar-se de nós; cada um deles tem os seus habitantes, portanto, seja de entre as pessoas do Ákhirah e não de entre as do mundo. Hoje devemo-nos esforçar e não receber; porém, amanhã iremos receber e não esforçar [Bukhari].

Qurtubi deu o seguinte conselho: “Onde está a riqueza que acumulaste para os momentos difi ceis e terror? Não tens dinheiro na tua mão quando morres! O dinheiro e o orgulho foram substituídos pela humilhação e pobreza.

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VIRTUDES AO PRONUNCIAR MASHA-ALLAHMaulana Ebrahim Makda

ALLAH Ta’ála narra no Al-Qur’án (Cap. 18, Vers. 39) uma história entre dois amigos, um rico e outro pobre.

O primeiro era dono de pomares e jardins, embelezados com uma atractiva verdura, onde abundavam tamareiras, videiras e diversas outras árvores frutíferas e ribeiras que percorriam todo o pomar; a sua colheita nunca diminuía e nem possuía algum sinal de prejuízo.Certo dia, dirigindo-se ao seu amigo menos abastado, em tom de arrogância e orgulho exclamou: “Eu sou mais rico do que tu e, em termos sociais, mais honrado e respeitado”.Levando ainda o amigo pobre, dirigiu-se ao pomar e cheio de arrogância disse: “Penso que isto jamais será destruído, e também acho que o Quiyámah (Dia do Juízo Final) nunca terá lugar; e se, porventura, eu tiver que voltar para o meu Senhor, encontrarei lá algo ainda melhor do que aquilo que possuo cá, visto que sou querido de ALLAH, pois caso contrário, Ele não me teria agraciado com toda esta riqueza”.Depois de escutar todo este comentário, o amigo tentou aconselhar-lhe dizendo: “Estás a ser ingrato e desobediente para com ALLAH, Quem te criou da terra e depois do esperma e, em seguida, tornou-te um homem; depois disso tudo, como é possível não poderes reconhecer os poderes e dádivas de ALLAH? Em contrapartida, eu declaro abertamente que o meu Senhor é ALLAH, o Único, sem parceiro”.Prosseguindo com os seus conselhos, disse mais: “Ao veres os teus pomares e riqueza, em vez de demonstrares arrogância, porque não expressas gratidão a ALLAH, dizendo: Masha-Allah, Lá Hawla Walá Quwwata Illá Billáh”, cuja tradução é: Só acontece o que

ALLAH desejar, não existe força nem poder senão de ALLAH.

À luz do versículo mencionado inicialmente, alguns dos entendidos afi rmam que se a riqueza, os fi lhos ou as nossas pertenças nos agradam, devemos recitar este Kalimah.Consta numa narração de Abu Ya’lá, em que o Profeta afi rmou: “Todo aquele que tiver sido abençoado por ALLAH em termos de riqueza, fi lhos e familiares e (ele) recitar este Kalimah, os mesmos estarão protegidos contra todas as calamidades e nada os prejudicará (excepto a morte)”.

[Ibn Kassir]

Consta ainda que o Profeta afi rmou: “Quereis que vos indique um tesouro do Paraíso? Esse tesouro é Lá Hawla Walá Quwwata Illá Billáh”.

[Mussnad Imám Ahmad]

Num Hadice Qudssi, ALLAH Ta’ála afi rma: “Este meu servo reconheceu e confi ou-Me todos os seus afazeres”; Sayidina Abu Hurairah foi interrogado a respeito disso, ao que respondeu: “Não apenas Lá Hawla Walá Quwwata Illá Billáh, mas assim como está mencionado no Suratul-Káh’f, ou seja, Masha-Allah, Lá Hawla Walá Quwwata Illá Billáh”.Assim, segundo esta narração, é preferível que este Kalimah seja recitado na íntegra, tal como está mencionado no Suratul-Kah’f.Porém, em narrações onde se especifi ca a recitação de apenas Lá Hawla Walá Quwwata Illá Billáh, deve-se seguir consoante a exortação do Hadice. Por exemplo, Rassulullah afi rmou: “Lá Hawla Walá Quwwata Illá Billáh é cura para 99 doenças”.E ALLAH Ta’ála sabe melhor!

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PURIFICAÇÃO, A CHAVE DA ORAÇÃOSheikh Inusso Zacarias

Sendo o segundo pilar do Isslam e o que distingue o crente do descrente, a oração (Salát) será o primeiro factor a ser

questionado ao servo logo após a sua morte.Se as orações do defunto forem aceites, todas as restantes acções também serão aceites. Como esta acção obrigatória é válida somente quando o crente se encontra purifi cado, achou-se oportuno explicar aqui alguns aspectos relacionados com a purifi cação.À luz do Shari’ah, a purifi cação signifi ca separação intencional da impureza por meio de água, quer seja impureza física ou abstracta.Como se sabe, a forma mais comum de se purifi car é pelo uso da água, sendo do consenso de todos os eruditos que a purifi cação é efectuada obrigatoriamente através dela, excepto quando existe um motivo válido, onde poderá se purifi car por meio da terra.ALLAH explica-nos no sagrado Al-Qur’án, como e quando devemos purifi car:“Ó crentes! Ao vos preparardes para a oração, lavai as vossas caras, as vossas mãos e os antebraços até aos cotovelos; roçai a cabeça com as mãos molhadas, e lavai os pés até aos tornozelos.”

[Al-Qur’án 5:6]

Num outro versículo, ALLAH diz:“Se estiverdes doentes ou em viagem, ou algum de vós acabar de fazer a sua necessidade, ou se tiverdes tocado as mulheres (isto é, relações sexuais), e não encontrardes água, recorrei então à terra limpa...”

[Al-Qur’án 4:43]

E diz ainda:“...enviou-vos água do céu, para com ela vos

purifi car, e remover de vós o Rijz (murmúrios, más sugestões).”

[Al-Qur’án 8:11]

Face a estes versículos onde ALLAH nos recomenda a purifi carmos, coloca-se a seguinte questão: Será toda a água válida para a purifi cação?Existem certos tipos de água, que podem subdividir-se nos seguintes grupos (vide Fiqh-us-Sunnah, as-Sayyid Sábik, Vol. I):

a) ÁGUA NO GERAL

Esta água é pura por si própria e serve para a purifi cação. Inclui-se neste agrupamento, toda a água que ainda preserva a sua qualidade e composição originais, como por exemplo a água da chuva, do granizo, do rio, do mar, do poço, de Zam-Zam, das fontes naturais, etc.Portanto, estes tipos de água servem para a purifi cação e para a ablução.

b) ÁGUA USADA

Se depois do banho ou ablução, a pessoa tiver deixado alguma parte do seu corpo sêca, por esquecimento, então poderá usar restos de água que estejam no seu corpo, para cobrir as partes sêcas. É este tipo de água que é inserido neste grupo.Por exemplo, se durante a ablução, a pessoa se esqueceu de passar a mão molhada sobre a cabeça e restaram vestígios de água na sua barba ou nos seus braços, poderá usá-la para passar sobre a cabeça.

c) ÁGUA MISTURADA COM ALGO PURO

O puro aqui referido é aquele que não contém impureza alguma e que se pode dissolver na água, tal como trigo, sabão, assafrão, areia, sidra, etc.

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Neste caso, a água continua pura e serve para a purifi cação enquanto mantiver as suas características naturais.Quando a fi lha do Profeta – Zainab (RTA) – faleceu, o pai recomendou que durante o banho (Ghussl), misturassem a água com folhas de Sidr (sidra, macieira). Se esta água fosse impura, o Profeta não recomendaria para que a usasem no banho.

d) ÁGUA IMPURA

É toda a água considerada imprópria para o banho ou ablução. Fazem parte deste grupo, toda a água que tenha sofrido alteração de uma das suas três características: sabor, cheiro ou côr e, principalmente, se a mudança

tenha sido causada por algo imundo.Quanto àquela água que se tenha misturado com algo impuro e não tenha sofrido alteração de alguma das suas características anteriormente mencionadas, considera-se pura e serve para a purifi cação.Por exemplo, se cair aproximadamente 10ml de urina num recipiente contendo 270 litros de água, esta não sofrerá alteração das suas características. Apesar de conter uma pequena porção de impureza, ela continua pura e serve para a purifi cação.

Assim é o Isslam, que facilita o crente e nunca o difi culta, religião esta que está sempre em concordância com a natureza humana.

PROTECÇÃO CONTRA MORTE VIOLENTANão passa um dia sem ouvirmos alguma perda de vida trágica, tais como acidentes de transporte, desastres horríveis, assassinatos, etc.Os crentes muçulmanos não devem entrar em pânico, pois a protecção de ALLAH sempre encontra-se disponível a seu pedido.Por exemplo, os dois últimos versículos do Surah At-Taubah (Capítulo 9, Versículos 128-129) são conhecidos por possuirem virtudes protectivas por parte de ALLAH:

É de salientar que esses versículos devem ser recitados em árabe e não a sua tradução.• Aquele que recitá-los sete vezes, soprar sobre as palmas das mãos e passá-las sobre

a face, depois de entrar em algum meio de transporte e, se ocorrer algum acidente, Inshá-Allah, escapará do mesmo com vida;

• Aquele que recitá-los sete vezes após o Salátul-Fajr, Inshá-Allah, não terá uma morte violenta nesse dia;

• Aquele que recitar esses versículos constantemente enquanto estiver num lugar perigoso, tal como áreas onde existam cobras, animais selvagens, etc. ou áreas onde sejam foco de criminalidade, entre outras, Inshá-Allah, terá a protecção por parte de ALLAH.

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Isstikhára signifi ca pedir o bem a ALLAH ou consultá-Lo em assuntos que a pessoa tenha dúvidas.

A maioria das pessoas interpreta de forma errada o signifi cado de Isstikhára, e acha que logo depois de efectuar este Salát, é necessário sonhar algo, interpretação esta que é errada, pois não é necessário que a pessoa obtenha a resposta através de sonhos.Quando ALLAH Ta’ála deseja clarifi car algo ao crente, Ele fá-lo-á sem que seja necessariamente por meio de sonhos.É de salientar aqui que é proibido fazer Isstikhára para tudo aquilo que é considerado Fardh (obrigatório) ou Harám (proibido) no Isslam. Por exemplo, ter dúvida se deve efectuar o Haj ou não, se deve jejuar ou não, ou ainda, se deve cometer adultério ou não, etc.

VIRTUDES DO ISSTIKHÁRA

Sayidina Sád Ibn Abi Waqqáss narra que Rassulullah disse: “O bom do homem é quando ele pretende fazer algo, leva indicações através do Salátul-Isstikhára”.Sayidina Sád Ibn Abi Waqqáss disse ainda: “A pessoa que efectua o Isstikhára, jamais irá arrepender-se”.O exemplo de Isstikhára é como o de uma criança, que chora perante os pais por desejar algo, mas que eles sabem que o que ela deseja é prejudicial para o fi lho. Então, os pais não satisfazem o desejo do fi lho e este, devido à sua ignorância, pensa que os progenitores não gostam de si.Quando a criança cresce e torna-se mais consciente, compreende que o que estava pedindo aos pais na sua infância, era prejudicial para si.Da mesma forma, ALLAH Ta’ála, que também

SALÁTUL-ISSTIKHÁRASheikh Abdur-Rahman Ravat

quer o nosso bem e é Quem sabe melhor o que é bom para todos nós, algumas vezes não aceita de imediato o nosso pedido.

FORMA DE EFECTUARO SALÁTUL-ISSTIKHÁRA

Muitos acham que o Salátul-Isstikhára deve ser feito somente à noite e antes de dormir, ou logo após o Salátul-Ishá, o que não é correcto, pois este Salát pode ser efectuado a qualquer momento, desde que não coincida com horas consideradas impróprias para Salátes Nafl .A forma correcta de efectuar o Salátul-Isstikhára consiste em fazer o Wudhú e depois, dois rakátes Nafl com intenção de Isstikhára. A intenção pode ser feita da seguinte forma: “Ó ALLAH, eu tenho duas opções; Ó ALLAH, qual delas é melhor, decide por mim”.Depois de efectuar os dois rakátes Nafl , complete o Isstikhára fazendo o seguinte Duá:

Tradução: Ó ALLAH! Eu suplico-Te o bem através da Tua ciência e a habilidade através

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do Teu poder, e rogo-Te (os favores) da Tua bondade. Na verdade, Tu tens o poder e eu não. Tu sabes tudo e eu nada sei. Tu és o Grande Sábio das coisas ocultas.Ó ALLAH! Se no Teu conhecimentom, este assunto é benéfi co para a minha fé, para a minha vida e para a consequência dos meus assuntos, então decreta-o para mim; mas se no Teu conhecimento, este assunto é maléfi co para a minha fé, para a minha vida e para a consequência dos meus assuntos, então afasta-o de mim e afasta-me longe disso, e prescreva para mim o bem onde quer que esteja, e faça com que eu esteja feliz e satisfeito com isso.

Durante o Duá, quando estiver a recitar as palavras que se encontram sublinhadas, a pessoa deverá ter o assunto em questão no seu íntimo (deverá imaginá-lo).Alguns Ulamá dizem que depois de efectuar o Isstikhára, o coração da pessoa fi ca mais “inclinado” para uma determinada posição (não persistindo mais dúvidas), e que ela deverá seguir essa posição para a qual o seu coração mais se “inclinou”.Mas se a pessoa ainda não tiver alcançado uma posição fi rme, o Isstikhára será considerado como feito e ALLAH fará o que for melhor para ela.Sayidina Abdullah Ibn Umar disse que quando a pessoa faz o Isstikhára, o seu coração deve estar tranquilo; a decisão de ALLAH é a melhor para ela, mesmo que ela pense o contrário, mais tarde irá compreender a verdade.

O Isstikhára é composto de dois rakátes e seguido do Duá, conforme descrito acima, e pode ser efectuado quando há tempo e oportunidade para tal.Contudo, muitas vezes o ser humano vê-se obrigado a tomar decisões instantâneas, não tendo oportunidade de seguir o método

acima descrito. Nesse caso, Rassulullah recomendou-nos o seguinte Duá:

cuja tradução é: “Ó ALLAH! Escolhe aquilo que é melhor para mim”.

Abu Huraira narra que ouviu o Mensageiro de ALLAH a dizer:“ALLAH disse: Eu dividi o Salát em duas partes, entre Mim e o Meu servo; o Meu servo terá aquilo que ele pedir.Quando o servo diz: “Todo o louvor para ALLAH”, o Senhor dos Mundos diz: Meu servo louvou-Me.Quando o servo recita: “O Benefi cente, o Misericordioso”, ALLAH diz: Meu servo glorifi cou-Me.Quando o servo recita: “Senhor do Dia do Julgamento”, ALLAH diz: Meu servo entregou-se ao Meu desejo, glorifi cando-Me.Quando o servo diz: “A Ti somente adoramos e a Ti somente pedimos refúgio”, ALLAH diz: Isto é entre Mim e o Meu servo e o Meu servo terá aquilo que ele pediu.Quando o servo recita: “Guia-nos para o caminho recto, caminho daqueles que favoreceste”, ALLAH diz: Isto é para o Meu servo e o Meu servo terá aquilo que ele pediu.”

[Musslim]

HADICE QUDSSI

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OS BENEFÍCIOS DA ROMÃ

ALLAH diz no sagrado Al-Qur’án:“Neles (dois jardins) haverão frutos, e tamareiras e romãs.”

[Al-Qur’án 55:68]

E Sayidina Áli disse: “Comam a romã e sua polpa, pois (isso) cobre (a superfície de) o estômago”.A romã doce tem um efeito quente, é húmida e fortalece o estômago, pois funciona como agente obstipante moderado, e ainda, é benéfi ca para a garganta e pulmões, aliviando a tosse.O seu sumo alivia o estômago, proporciona uma digestão rápida porque é leve e produz calor em concordância com o ar do estômago; ajuda ainda na produção do sémen e é nutritivo para o organismo, mas não é indicado para pessoas que estejam a padecer de febres.

A romã verde é sêca, fria e muito efi caz no tratamento de azias; é mais efi ciente na produção de urina do que qualquer outro tipo de romã. Ela ameniza os sintomas de doença biliar, alivia a diarreia, previne vómitos, fortifi ca os órgãos, protege das dores cardíacas e de estômago e ajuda ainda na eliminação de resíduos e excrementos sanguíneos.Quando o seu sumo é aquecido juntamente com um bocado de mel, até tomar a forma de pomada e, de seguida, usado como gota para os olhos, limpa-os da coloração amarelada e elimina a humidade espessa. Quando aplicado nas gengivas, previne as

feridas e sangramento gengival.Quando o sumo de romã é extraído juntamente com a casca, actua como laxante e limpa as misturas biliosas sépticas existentes no organismo, ajudando a combater as febres.

Quanto à romã amarga, as suas qualidades encontram-se num lugar intermédio entre as outras duas mencionadas anteriormente, mas é a mais preferível, embora seja amarga.As sementes de romã misturadas com mel, aliviam dedos sépticos e úlceras malignas; as suas fl ores ajudam a curar feridas.Diz-se que se alguém comer três fl ores de romã por ano, fi cará imune (protegido) da a conjuntivite durante todo esse ano.

AS CICATRIZES DEÁLI IBN HUSSAIN

Abu Hamza As-Sumali disse: Durante a noite, Áli Ibn Hussain costumava carregar pão nas suas costas e dava-os em caridade, dizendo: “Na verdade, a caridade dada em segredo extingue a fúria do Senhor”.Amr Ibn Sábit disse: Quando Áli Ibn Hussain faleceu, ao lavarem o seu corpo notaram marcas pretas nas suas costas, pelo que foi dito: “Ele costumava carregar sacos de trigo nas suas costas e distribuía-o aos habitantes pobres de Madina Munawwarah.

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IBILUN – O CAMELOMaulana Ebrahim Makda

Ibilun signifi ca camelo, em árabe.ALLAH Ta’ála fala deste animal no Suratul-Gáshi’ah:

“Será que eles não vêm como é que o camelo foi criado?” [Al-Qur’án 88:17]

O profeta Muhammad afi rmou: “(De entre todos os animais) o camelo é motivo de respeito e orgulho para as pessoas da casa, e os cabritos são meios de bênção, e a bondade encontra-se atada à testa dos cavalos, até ao Dia de Quiyámah”. [Ibn Májah]

Ibn Sayidah explicou que o signifi cado disso é que o camelo é considerado de entre as coisas através das quais ALLAH Ta’ála concede abundância às pessoas.Sayidina Abu Mussa Ash’ari narra que Rassulullah afi rmou: “Cuidem do Qur’án (isto é, recitem-no constantemente para não o esquecerem); juro por Aquele que controla a vida de Muhammad, que o Qur’án sai tão rapidamente do peito das pessoas assim como o camelo sai rapidamente da sua corda (isto é, se o dono descuida-se, ele foge rapidamente)”.

[Bukhari, Musslim]

TIPOS DE CAMELOS

Existem vários tipos de camelos, tais como:a) Al-Arjiyah – aqueles que pertencem à tribo de Banu Arjab, uma ramifi cação da tribo Hamdan.b) Al-Shaz’kamiyah – havia um camelo que se chamava Shaz’kam, que pertencia a Nu’man Bin Munzir e que era considerado de raça elevada; desde então, a sua geração passou a ser conhecida com esse nome.c) Al-Idiyah – aqueles que pertencem à tribo de Banul-Id.

d) Al-Majdiyah – camelos yemenitas que são conhecidos pela sua excelente raça.

CARACTERÍSTICAS E HÁBITOS

Peritos em zoologia afi rmam que quando o camelo se zanga, torna-se mau e grosseiro e começa a deitar espuma da sua boca, mostrando sinais de inquietação; quando se irrita, ele come pouca erva.Alguns afi rmam que o camelo é o animal que possui mais ódio e rancor do que qualquer outro. No entanto, também é muito paciente e tolerante, sendo um animal muito obediente.Este animal copula somente uma vez por ano; a fêmea engravida num período mínimo de 3 anos.É o único animal que não ter vesícula biliar. Uma característica especial do camelo é a de comer plantas espinhosas com muito gosto e não ter qualquer difi culdade em digerí-las, pois as suas tripas são bastante fortes. Por outro lado, é de admirar que digere a cevada com difi culdade.Se a cinza dos seus cabelos for colocada sobre o sangue corrente, a mesma interrompê-lo-á.A carne do camelo é Halál para o consumo e tem a propriedade de aumentar a potência masculina; serve ainda para aliviar a preguiça e a fraqueza pós-relação, restaurando a vitalidade.

SONHAR COM CAMELOS

Se a pessoa sonhar que tornou-se dona de camelos, isso pode ser interpretado como que irá receber honra e prestígio num futuro breve. Se no sonho a pessoa estiver a pastar camelos, poderá signifi car que será designado guardião do povo árabe. Se sonhar que a sua cidade está repleta de camelos, poderá signifi car indícios de se alastrar alguma epidemia ou guerra na localidade.

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ALGUNS FACTOS RELACIONADOSCOM O AL-QUR’ÁN

Extraído do livro “Histórias do Al-Qur’án e Regras de Tajwid”,da autoria do Sheikh Aminuddin Muhammad

INTRODUÇÃO DOSPONTOS E ACENTOS

Após a compilação realizada na era de Ussman – o terceiro Khalifa, o Al-Qur’án não continha sinais de acentuação nem pontos nas letras, pois os árabes conseguiam ler o Al-Qur’án com toda a facilidade, sem necessitar dos mesmos.Porém, quando o Isslam se expandiu para além fronteiras e para os países não-árabes, o muçulmano que não era árabe tinha difi culdades em compreender esta língua, surgindo então a necessidade de se colocar acentos e pontos nas palavras, para assim todos recitarem o Al-Qur’án correctamente e com toda a comodidade.

Ziád Bin Abi Sufi an, governador de Bassurá, pediu a Abul-Asswad Ad-Duwali que colo-casse sinais de acentuação no Al-Qur’án, com os quais se pudesse recitar correctamente o Al-Qur’án.Inicialmente, este hesitou em realizar o trabalho, pois pensou tratar-se de algo desnecessário. Mas numa das suas caminhadas, ouviu um muçulmano não-árabe a recitar erradamente um versículo do Surat At-Tauba, com o seguinte signifi cado: “ALLAH nada tem a ver com politeístas e nem com o Seu mensageiro”.Este disparate provocou nele um choque bastante profundo, pois o signifi cado do versículo alterara-se gravemente, uma vez que lido correctamente tem a seguinte tradução: “ALLAH e o Seu mensageiro nada têm a ver com os politeístas”.

Este acontecimento mudou de imediato a sua posição e foi rapidamente ter com o governador, dizendo-lhe que estava pronto para realizar o referido trabalho.A colocação dos sinais de acentuação é uma grande ajuda para os muçulmanos não-árabes, a fi m de se evitar os erros; de facto, este foi um trabalho de grande mérito. Imám Nawawi disse no seu livro At-Tibiyan: “Os Ulamá são unânimes de que as cópias do Al-Qur’án devem levar acentuação, a fi m de impedir que os leitores cometam erros”.

A ORGANIZAÇÃO DO AL-QUR’ÁN

O Al-Qur’án é constituído por 114 capítulos, sendo cada um deles composto por versículos de diferentes extensões. Estas duas carac-terísticas – capítulo e versículo – foram assim defi nidas por ordem Divina.Para facilitar os leitores e o ensino infantil em particular, o Al-Qur’án foi subdividido em 30 partes iguais, denominadas por Juz. Muitos até imprimem o Al-Qur’án em 30 partes separadas, para que a criança não tenha que levar sempre o Al-Qur’án completo consigo. Esta divisão não foi feita com base nos tópicos, pois muitas vezes, um Juz termina enquanto o tópico ainda não terminou.Cada Juz é subdividido em quatro partes, sendo o fi m do primeiro quarto denominado por Rub’u, o fi m do segundo (ou metade do Juz) por An-Nisf (metade) e o fi m do terceiro por As-Sulus.

No Al-Qur’án, existe ainda um símbolo bastante conhecido – o Rukú, que é representado pela

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letra árabe “Ain” nas margens das folhas. Este símbolo é utilizado para defi nir os tópicos do Al-Qur’án, ou seja, foi colocado onde termina uma corrente de versículos que estejam relacionados com o mesmo tópico.O objectivo foi defi nir um número médio de versículos que pudessem ser recitados num único Rakát (ciclo do Salát) e depois fazerem o Rukú, daí o nome do respectivo símbolo.Existem 540 Rukús em todo Al-Qur’án.

OS SINAIS DE PARAGEM

Existem certas regras que foram defi nidas para indicar as diferentes pausas que devem ser feitas durante a recitação do Al-Qur’án. De entre elas, encontram-se vários sinais através dos quais pode-se distinguir onde é permitido ou não fazer a devida pausa e onde não é aconselhável parar, pois fazer uma pausa num versículo deixando-o incompleto, poderá alterar o seu sentido.Esses sinais são conhecidos por Rumuz Al-Auqáf, colocados pela primeira vez por Allama Abu Adbdallah Muhammad Bin Taifur Sajawandi. Para mais detalhes referentes a esses sinais de paragem, vide “Histórias do Al-Qur’án e Regras de Tajwid”, pág. 45-48.Para aqueles que não percebem o árabe, é aconselhável não fazerem uma pausa desnecessária no meio do versículo e guiarem-se através desses sinais durante a recitação do Al-Qur’án. Porém, se devido à curta respiração tiver que fazer uma pausa, então é aconselhável recomeçar a recitação a partir de algumas palavras ligeiramente anteriores.

A IMPRESSÃO DO AL-QUR’ÁN

Enquanto as técnicas tipográfi cas não tinham sido inventadas, o Al-Qur’án era escrito manualmente. Em cada era, haviam pessoas cuja profi ssão era somente a de reproduzir

manualmente o Al-Qur’án.Mais tarde, com o surgimento da imprensa (tipografi a), o primeiro Al-Qur’án foi imprimido em Hamburgo, na Alemanha, no ano 1703, cuja cópia encontra-se ainda sob tutela do Darul Kutub Al-Missriya, no Egipto.De entre os muçulmanos, Moulai Ussman foi o primeiro quem mandou imprimir o Al-Qur’án, na cidade Russa de Saint Pietersburgo, no ano 1787. Em 1828, foi impresso em Teerão (Irão) o Al-Qur’án em pedra, após o qual as cópias impressas foram-se tornando conhecidas em todo o mundo.

PORQUE O SURAT AL-BARÁTNÃO COMEÇA COM TASSMIYAH?

Os leitores sabem perfeitamente que todas os capítulos do Al-Qur’án começam com o Tassmiyah (Bissmilláhir Rahmánir Rahim) e por isso, deve-se recitá-lo no início de cada um. Contudo, existe um capítulo que não é iniciado com o Tassmiyah, que é o Surat Al-Barát.Imám Qushairi diz: “O mais certo é que o capítulo foi assim revelado através de Jibraíl (AS), sem o Tassmiyah”.Ibn Abbass narra que certa vez perguntou a Áli Ibn Abi Tálib o motivo deste capítulo não começar com o Tassmiyah, ao que respondeu dizendo: “Tassmiyah é paz e o Surat Al-Barát fala de guerra e não de paz”.Sufi án Ibn Uyainah disse: “O Tassmiyah é misericórdia e a misericórdia é a paz; como este capítulo foi revelado sobre os hipócritas e a guerra e não há paz para os hipócritas, por isso não leva Tassmiyah no início”.O que Áli e Sufi án queriam dizer é que o Tassmiyah menciona dois atributos de ALLAH – Ar-Rahmán e Ar-Rahim – que dão paz e segurança a todo o amedrontado (assustado) e desesperado.O Surat Al-Barát começa com o anúncio

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de corte de relações entre ALLAH e Seu mensageiro de um lado e os politeístas do outro, a rescisão dos acordos existentes entre os muçulmanos e os politeístas e a declaração de guerra contra eles; este capítulo revela ainda as conspirações e segredos dos hipócritas e a maldade que existe nos seus íntimos. Assim, o Tassmiyah não pode juntar-se com estas qualidades negativas.Por não ter sido revelado no início deste capítulo, alguns Ulamá consideram Harám e outros acham que é Makruh recitar o Tassmiyah quando recitar este capítulo.

O RESPEITO PELO AL-QUR’ÁN

O Isslam dá tanta importância ao Al-Qur’án, que a honra e o respeito por este livro sagrado é algo incomparável com qualquer outra escritura Divina.O muçulmano que deseja pegar ou tocar no Al-Qur’án deve antes purifi car-se das impurezas maior e menor, pois fazê-lo sem a devida purifi cação é considerado Harám, mesmo que seja tocar em apenas uma parte do Al-Qur’án, como por exemplo a primeira e a última página, que geralmente aparecem em branco, ou os espaços vazios existentes em cada página; refere-se aqui o tocar com qualquer parte do nosso corpo, tal como unhas, dentes, língua, etc, e também com qualquer parte do vestuário que tenhamos vestido no momento, tal como virar as folhas com as mangas da camisa, etc.Se alguém encontra-se no estado de impureza (maior ou menor) e deseja carregar uma mala que contenha o Al-Qur’án juntamente com outros objectos (roupa ou algo limpo), então não há problema nenhum.No estado de impureza menor, poder-se-á pegar o livro contendo versículos do Al-Qur’án e o Tafssir (comentário) em qualquer língua, mas apenas com a condição de que as palavras humanas (i.é, Tafssir) existam

em maior proporção do que as Divinas (versículos).Quanto aos livros de Hadices (dizeres do profeta Muhammad ) ou outros que contenham versículos do Al-Qur’án, não há proibição em pegá-los no estado de impureza, pois esses livros, no geral, nunca têm uma porção maior de versículos sagrados.Se alguém escrever uma carta e ela contiver alguns versículos do Al-Qur’án, não há proibição em tocá-la, pois o profeta Muhammad também escreveu uma carta para Heracleus – imperador romano – convidando-o para o isslamismo; essa carta continha versículos do Al-Qur’án, apesar de Heracleus ser descrente.A proibição de tocar o Al-Qur’án no estado de impureza é baseada no seguinte versículo:“Na verdade, isto é o Nobre Qur’án; escrito num Livro Lacrado (Lauh-al-Mahfúz). Ninguém o toca senão os purifi cados.”

[Al-Qur’án 56:77-79]

E também Dar-Qutni, Hákim, Baihaqui e outros relatam que o Profeta proibiu as pessoas de pegarem o Al-Qur’án quando estiverem no estado de impureza.Todos os actos que demonstrem desrespeito ao Al-Qur’án são igualmente proibidos. Em certos casos, a pessoa pode cair na descrença somente por pegar o Al-Qur’án como se estivesse a pegar um livro ou uma revista qualquer, fazer dele uma almofada, colocar os pés na sua direcção ou colocá-lo no chão ou debaixo doutros livros.Imám Nawawi disse que é recomendável levantar-se para receber o Al-Qur’án, quando alguém o estiver a entregar-nos, e respeitá-lo ao máximo, pois trata-se de um Livro de ALLAH.

Quanto à recitação do Al-Qur’án para aquele que estiver no estado de impureza menor, os Ulamá são unânimes em afi rmar que o mesmo

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é permitido (sem tocar no Al-Qur’án), apesar de ser recomendável purifi car-se antes da recitação.Imám Gazali e Imámul Haramain afi rmam que não há problema em recitar o Al-Qur’án quando estiver no estado de impureza menor, pois o Profeta também o fez nesse estado (algumas vezes).Porém, é Harám recitar o Al-Qur’án quando estiver no estado de impureza maior, mesmo se for um versículo pequeno. O Profeta autorizou o Zikr e os Tassbihát, mas proibiu explicitamente a recitação do Al-Qur’án nesse estado.É permitido recitar algumas partes do Al-Qur’án que são frequentemente utilizadas com intenção de Zikr ou Duá, como por exemplo, recitar “Bissmilláhir Rahmánir Rahim” antes de comer e “Alhamdulillah” quando terminar, recitar “Inna Lilláhi Wa Inna Ilaihi Rájiun” quando ocorrer alguma perda, etc.Nestes casos, apesar dos versículos mencionados serem do Al-Qur’án, é permitido recitá-los para quem estiver no estado de impureza maior, pois a intenção é de Zikr ou Duá e não de estar a recitar o Al-Qur’án. Nesta situação incluem-se também as mulheres durante o período menstrual e pós-parto.

Se alguma cópia ou folha do Al-Qur’án estiver rasgada ou gasta de tal modo que já não seja possível utilizá-la na recitação, então não se deve rasgá-la nem deitá-la fora, pois isso representa um desrespeito pelo Al-Qur’án, expondo-o ao desprezo e à humilhação. Nesse caso, deve-se queimá-la ou enterrá-la, para assim não restar alguma parte que possa ser desonrada por um meio qualquer.Depois de mandar transcrever as cópias do Al-Qur’án, Ussman mandou queimar todas as outras cópias individuais e ninguém contestou esse acto.

JURAR PELO AL-QUR’ÁN

É sabido que no Isslam só é permitido jurar em nome de ALLAH e Seus atributos.Certa vez, quando o Profeta ouviu Umar a jurar pelo seu pai, disse: “ALLAH proíbe-vos de jurar pelos vossos pais. Quem quiser jurar que jure por ALLAH ou então que se mantenha calado”.

[Bukhari e Musslim]

Se alguém jurar pelo Al-Qur’án, assim como tem sido hábito de muitas pessoas dizerem “Imanti Qur’án Sharif”, e se a intenção for de estar a jurar pelas palavras de ALLAH, então esse juramento será considerado válido e terá que ser cumprido; caso contrário, terá que pagar a expiação pelo juramento, de acordo com as regras do Shari’ah.Em geral, todos os Imámes consideram-no um juramento realizado [vide Al-Mugni], pois ele é feito com o uso de palavras eternas de ALLAH. Qatádah costumava jurar pelo Al-Qur’án, e é sabido que a pessoa quando jura, não tem intenção de estar a fazê-lo apenas pelas folhas do Al-Qur’án ou pela encadernação em si, mas por aquilo que se encontra escrito nele, que são palavras Divinas.

INTERPRETAÇÃO DO AL-QUR’ÁN

O Al-Qur’án proporciona um código de vida completo e princípios orientadores compreensivos para toda a Humanidade, para salvá-la de todos os males que possam existir. Porém, para a compreensão correcta destes princípios é necessário uma tradução e interpretação correctas deste sagrado livro.É sabido que o Al-Qur’án não foi enviado aos muçulmanos duma forma directa, para que cada um começasse a ler, compreender e pô-lo em prática individualmente e como desejasse; antes da sua Revelação, foi

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escolhido e preparado um mensageiro.Para tal, informou-se à Humanidade, através do Al-Qur’án, acerca da função e objectivo desse mensageiro, como professor, explicador e guia para todos os povos.Repetidamente foi proclamado que o profeta Muhammad não só recitaria os versículos do Al-Qur’án, como também explicaria profundamente o seu signifi cado, demonstrando na prática o modo de vida ordenado por ALLAH, segundo o versículo seguinte:“E a ti revelamos o Livro, para que expliques às pessoas o que lhes foi revelado e para que eles refl ictam.”

[Al-Qur’án 16:44]

Assim, o Al-Qur’án é o livro de orientações gerais e os Hadices, que são tradições práticas ou verbais do Profeta , são a explicação e elucidação das ordens proclamadas no Al-Qur’án.ALLAH diz:“Deus agraciou os crentes ao fazer surgir de entre eles um mensageiro, que lhes recita os Seus versículos, purifi ca-os, ensina-lhes o Livro e a sabedoria após terem estado em fl agrante ignorância.”

[Al-Qur’án 3:164]

O Profeta explicou o signifi cado dos versículos e demonstrou-os na prática, fi cando deste modo esclarecida qualquer ordem Divina proclamada no Al-Qur’án.Por exemplo, quando ALLAH ordenou a prática do Salát, foram mencionadas somente alguns dos seus componentes como Quiyám, Rukú, Sajdah e Quirát; os restantes pormenores e a própria forma de praticar o Salát não foram mencionados. Esses aspectos foram detalhados pelo Profeta .A respeito do Salát, o Al-Qur’án diz apenas: “Cumpri o Salát assiduamente”.Qualquer um pode interrogar-se: Como

cumprir? Qual o método correcto para praticá-lo?O Profeta praticou o Salát e, de seguida, disse: “Cumprí o Salát da forma como vós me vistes a cumprir”. Além da demonstração prática, ele dava ainda explicações acerca de como o Salát deve ser cumprido.

O Profeta proibiu explicitamente que as pessoas fi zessem comentários dogmáticos dos versículos do Al-Qur’án.Abdullah Ibn Abbass narra que Rassulullah disse: “Quem expressar a sua opinião pessoal na explicação do Al-Qur’án ou dizer algo que não sabe, (esse) que considere ter preparado para si próprio o seu lugar no Inferno”.

[Musslim]

Isto signifi ca que interpretar errada e propositadamente o Al-Qur’án ou fazê-lo sem conhecimento é um pecado bastante grave e deve ser evitado a todo o custo.Os grandes e nobres companheiros do Profeta tinham o máximo cuidado quando lhes era pedido para comentarem sob forma de explicação, alguns versículos do Al-Qur’án.Uma vez que o texto do Al-Qur’án é absoluto, a sua interpretação feita pelo Profeta também é absoluta, pois não haveria razão de ele ser incumbido como explicador do Al-Qur’án por parte de ALLAH.E como o Al-Qur’án é a última palavra de ALLAH e Muhammad é Seu último mensageiro, é essencial que este livro se mantenha intacto e inalterado em todas as eras, até ao Fim do Mundo, razão pela qual ALLAH tomou a responsabilidade de preservá-lo, assim como também é de importância vital conservar e difundir a explicação verbal e prática do Al-Qur’án dada pelo Profeta .Portanto, os Hadices e o Sunnat são interpretações do Al-Qur’án e são indis-pensáveis para a sua explicação.

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ALGUMAS VIRTUDES AO MEMORIZAR O AL-QUR’ÁN

Abdullah Ibn Amr narra que o Profeta disse: “Será dito (no Dia de Quiyámat) ao possuidor do Al-Qur’án (Háfi z): vai subindo os degraus do Paraíso recitando, e recita com Tartil (calma) como recitavas no Mundo; fi nalmente, o teu lugar será onde terminares a recitação do último versículo”.Segundo os Muhaddicin (comentadores de Hadice), esta é uma alusão ao Háfi z de Al-Qur’án. Neste Hadice, está claro que é válida somente a recitação do Al-Qur’án quando for feita com Tartil.Cada Háfi z recitará no Paraíso assim como recitava na terra. Portanto, eles devem habituar-se a recitarem com muita calma, pois quanto mais prolongada for a recitação, melhor será.

Num outro Hadice narrado por Uqbah Bin Ámir , o Profeta disse: “Quem estudou o Al-Qur’án, de seguida memorizou-o, tratou por Halál o que está declarado nele (no Al-Qur’án) Halál e o que está declarado Harám tratou-o por Harám, ALLAH introduzir-lhe-á no Paraíso e aceitará a sua intercessão a favor de dez familiares seus, familiares esses que estavam já condenados ao Fogo do Inferno”.

[Ahmad e Tirmizi]

Este Hadice revela a grande virtude dum Háfi z; ALLAH aceitará o seu pedido a favor de dez familiares seus, muçulmanos que estavam condenados ao Inferno, na condição de não terem praticado o Shirk (associar algo ou alguém a ALLAH), pois este é um pecado imperdoável.E infelizmente, existem muitos muçulmanos que praticam o Shirk por ignorância, a não ser que se arrependam e se submetam perante ALLAH, antes que encontrem a morte.

DESCOBERTAS NO AL-QUR’ÁNDescobertas bastante impressionantes feitas pelo Dr. Tariq Al-Swadain, deixam-nos espantados.Após investigar profundamente os versículos do sagrado Al-Qur’án, ele concluiu que ALLAH menciona o mesmo número de vezes, algumas palavras que são equiparáveis umas às outras.Por exemplo, é impressionante como a palavra “homem” aparece 24 vezes mencionada no Al-Qur’án e, igualmente, a palavra “mulher” também aparece. Esta equiparação não acontece somente com estas duas palavras.O Dr. Tariq concluiu que o mesmo acontece com outras palavras àrabes existentes no Al-Qur’án:a) Dúnia (este mundo): 115, Ákhirah (Além): 115;b) Maláika (Anjos): 88, Shaitán (Satanás): 88;c) Vida: 145, Morte: 145;d) Bondade: 50, Corrupção: 50;c) Pessoas: 50, Mensageiros: 50;d) Ibliss (rei dos demónios): 11, Pedido de refúgio contra Ibliss: 11;e) Calamidade: 75, Agradecimento (a ALLAH): 75;f) Sadaqah (caridade): 73, Satisfação: 73;g) Pessoas desencaminhadas: 17, Mortos: 17;h) Musslimin: 41, Jihád: 41;i) Ouro: 8, Vida fácil: 8;j) Magia: 60, Fitna (tentação): 60;k) Zakát (caridade obrigatória): 32, Barakah (bênçãos): 32;l) Mente: 49, Nur (Luz): 49;m) Língua: 49, Sermão: 49;n) Renúncia: 8, Medo: 8;o) Falar publicamente: 18, Publicar: 18;p) Difi culdade: 114, Paciência: 114;q) Muhammad : 4, Shari’ah: 4;

O mais espantoso ainda, é o número de vezes que as palavras “Mar” e “Terra” são mencionadas:Mar: 32, Terra: 13;Mar + Terra = 32 + 13 = 45 = 100% do Globo,Mar = 32/45 = 0,71111 = 71,111%,Terra = 13/45 = 0,28889 = 28,889%,

A ciência moderna provou apenas recentemente, que a água ocupa 71% do Globo Terrestre e que a terra ocupa 29%, aproximadamente. Será isto uma coincidência? A questão é: Quem ensinou tudo isto ao Profeta , há mais de 1.400 anos?A resposta vem-nos imediatamente: Foi ALLAH Quem ensinou ao profeta Muhammad .Este é o Al´Qur’an, o verdadeiro Livro Divino!

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CONCEITO DE DEUS SEGUNDO A BÍBLIA

Com o objectivo de criar uma aproximação entre as várias religiões do Mundo, maioria delas opostas,

muitos reclamam que Deus é Um só e o mesmo para todos, mas que as pessoas é que O chamam por nomes diferentes. E a gravidade desta afi rmação aumenta quando se utilizam os mesmos atributos para Deus, tais como: Omnipotente, Omnipresente, Misericordioso e Criador.Porém, à luz da Bíblia, vamos aqui examinar se de facto o Deus que a presente Bíblia e o cristianismo referem é o mesmo Deus Todo-Poderoso, Criador do Universo, etc., em Quem os muçulmanos crêem.Crer na existência de um Poder Supremo e Criador de tudo quanto existe, quer seja visível ou não, é algo natural. Porém, a perfeição desse Criador deve constituir um exemplo ímpar de poder absoluto nos Seus atributos, dignifi cando a Sua posição perante as Suas criaturas.

Segundo a Bíblia, o conceito de Deus já não é assim. Vejamos alguns versículos:

a) UM “DEUS” QUE CANSA:“Assim, os céus e a terra e todo o Seu exército foram acabados. E havendo Deus acabado, no dia sétimo, a Sua obra, que tinha feito; e abençoou Deus o dia sétimo, e o santifi cou; porque nele descansou de toda a sua obra, que Deus criara e fi zera.”

[Génesis 2:1-3]

“O Senhor despertou como que estremunhado, como um guerreiro vencido pelo vinho.”

[Salmos 78:65]

Que tipo de “deus” é esse que dorme, cansa e necessita de descanso? E sendo Deus, o

Criador e Controlador de tudo, se necessitasse de descanso, quem iria substituí-Lo durante o Seu descanso?

b) UM “DEUS” QUE NÃO VÊ TUDO

“Nessa altura, aperceberam-se que o Senhor Deus percorria o jardim pela frescura do entardecer e o homem e a sua mulher logo se esconderam do Senhor Deus, por entre o arvoredo do jardim. Mas o Senhor Deus chamou o homem e disse-lhe: Onde estás?Ele respondeu: Ouvi o ruído dos Teus passos no jardim, e cheio de medo, porque estou nu, escondi-me.”

[Génesis 3:8-10]

Logicamente Deus é Omnipresente e nada pode estar oculto a Ele. Então que tipo de “deus” é esse que passeia pelos jardins e não sabe onde está a sua criatura? Que “deus” é esse cuja criatura pode esconder-se dele?

Consta num outro versículo:“O Senhor porém, desceu a fi m de ver a cidade e a torre que os fi lhos dos homens estavam a edifi car.”

[Génesis 11:5]

Será que para Deus ver algo na terra, tem que descer? Afi nal esse “deus” não é omnipresente?Segundo a Bíblia, Moisés viu a parte de trás de “deus”: “Retirarei a mão, e poderás então ver-Me por detrás.”

[Êxodo 33:23]

c) UM “DEUS” FRACO

Consta na Bíblia que Jacob lutou contra Deus e venceu-O:“E vendo que não prevalecia contra ele, tocou a juntura da sua coxa, e se deslocou a juntura

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da coxa de Jacob, lutando contra ele. E disse: Deixa-me ir, porque a alva subiu.Porém, ele disse: Não te deixarei ir, se não me abençoares.E disse-lhe: Qual é o teu nome? E ele disse: Jacob.Então disse: Não se chamará mais o teu nome Jacob, mas Israel, pois como príncipe, lutaste com Deus e com os homens e prevaleceste. E Jacob lhe perguntou e disse: Dá-me, peço-te, a saber o teu nome.E disse: Porque perguntas pelo meu nome? E abençoou-o ali. E chamou Jacob o nome daquele lugar Paniel, porque dizia: Tenho visto a Deus face a face, e a minha alma foi salva.”

[Génesis 32:25-29]

d) UM “DEUS” ARREPENDIDO

“O Senhor arrependeu-se de ter criado o homem sobre a terra, e o Seu coração sofreu amargamente.”

[Génesis 6:6]

e) UM “DEUS” QUE ESQUECE

“Estabeleço convosco esta aliança: Não mais criatura alguma será exterminada pelas águas do dilúvio para destruir a terra.E Deus acrescentou: Este é o sinal da aliança que faço convosco, com todos os seres vivos que vos rodeiam e com as demais gerações futuras. Coloquei o Meu arco nas nuvens para que seja o sinal de aliança, entre Mim e a terra. Quando cobrir a terra de nuvens e aparecer o arco nas nuvens, recordar-Me-ei da aliança que fi rmei convosco e com todos os seres vivos da terra, e as águas do dilúvio não voltarão mais a destruir todas as criaturas.Estando o arco nas nuvens, Eu, ao vê-lo, recordar-Me-ei da aliança eterna concluída entre Deus e todos os seres vivos de toda a espécie que há na terra.”

[Génesis 9:11-16]

f) UM “DEUS” QUE ORDENA A MENTIR

“... enche o teu vazio de azeite, e vem; enviar-te-ei a Jessé, porque, de entre os seus fi lhos, tenho-me provido de um rei. Porém, disse Samuel: Como irei eu? Pois ouvindo-o Saul, matar-me-á. Então, disse o Senhor: Toma uma bezerra das vacas em tuas mãos, e dize: Vim para a sacrifi car em nome do Senhor.”

[I Samuel 16:1-2]

Nesse evento, Deus ordenou que Samuel mentisse, porquanto este não foi com o propósito de sacrifi car. Será que Deus ensina o homem a mentir?

g) UM “DEUS” INDECISO

“O Senhor disse então ao Moisés: Dize aos fi lhos de Israel: sois um povo de cerviz dura. Se Me encontrasse, um instante apenas, no meio de vós, aniquilar-vos-ia. Depende, pois, todos os vossos ornamentos, e verei depois o que vos devo fazer.”

[Êxodo 33:5]

h) UM “DEUS” QUE SE DIVIDE

A crença cristã continua a acreditar na Trindade, ou seja, que “deus” é composto por três partes, nomeadamente pai, fi lho e espírito santo.Porém, em nenhuma parte da Bíblia é mencionada essa fórmula, porque conforme a enciclopédia [The New Catholic Encyclopedia, 1967]: “A formulação de um deus em três pessoas não tinha sido solidamente estabelecida na vida cristã e na sua profi ssão de fé, anterior ao fi m do século IV.Mas foi precisamente esta formulação que reclamou primeiro o título de “O Dogma Trinitário”. Entre os padres apostólicos não havia nada, mesmo remotamente próximo, a tal mentalidade ou perspectiva.”

[The Holy Trinity, Vol. 14, pág. 295]

A Bíblia não só apresenta distorções no

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conceito de Deus, como faz o mesmo em relação aos profetas.No Isslam, estes conceitos são repudiados e condenados. Deus é Omnipotente, Omnisciente, Omnipresente, tem o Poder Absoluto e Supremo sobre tudo e todos e não tem comparação possível.

Eis alguns versículos do Al-Qur’án sobre o conceito de Deus:“Diz: Ele Deus, é Único (nos atributos e na Sua pessoa). Deus é Aquele de Quem tudo depende eternamente (todos precisam d’Ele e Ele não precisa de ninguém). Não gerou nem foi gerado (Ele não tem fi lhos e nem Ele é fi lho

de alguém). E não há ninguém igual a Ele. [Al-Qur’án 112:1-4]

“Deus, não há Divindade senão Ele, o Vivo, o Firme. Nem a sonolência nem o sono O tomam. A Ele pertence tudo o que existe nos céus e na terra. Quem pode interceder perante Ele sem a Sua permissão?Ele sabe o que está na frente deles e o que está atrás deles, e ninguém pode atingir os Seus conhecimentos, salvo daqueles que Ele quiser. O Seu Trono engloba os céus e a terra, e preservar estas duas coisas nunca O fadiga; Ele é o Sublime, o Glorioso.”

[Al-Qur’án 2:254]

O CONHECIMENTO PRODÍGIO DE SAYIDINA ÁLI

Consta que certa vez, uma mulher deu à luz uma criança apenas seis meses após o casamento.Normalmente, o parto ocorre após um período de gestação de cerca de nove meses e, no caso de parto prematuro, após sete meses.Consequentemente, as pessoas começaram a suspeitar da mulher e a pensar que a criança não era do seu marido, mas sim de algum outro homem com quem ela pudesse ter tido relações antes do seu casamento.Levaram-na perante o Khalifa, que na altura era Sayidina Ussman , para que ela recebesse a pena. O Khalifa tinha como seu juíz, Sayidina Áli .Então, Sayidina Áli disse: Vocês não têm o direito de castigá-la por isso.Todos fi caram surpresos e perguntaram a razão de tal julgamento, pelo que Sayidina Áli recitou dois versículos do Al-Qur’án, onde ALLAH diz:“E da sua concepção até à sua ablactação, há um espaço de trinta meses.”

[Al-Qur’án 46:15]

“E as mães amamentarão seus fi lhos durante dois anos inteiros.”[Al-Qur’án 2:233]

Ou seja, o período de gestação e amamentação são ao todo, trinta meses, segundo o primeiro versículo; e o período de amamentação é de vinte e quatro meses, de acordo com o segundo versículo.Depois, Sayidina Áli disse: Por isso, é possível que o período de gravidez seja de apenas seis meses. Assim, a mulher foi ilibada!

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AS CONQUISTAS ISSLÁMICAS

O Isslam ensina-nos a praticarmos o bem e a abstermo-nos do mal, fazendo com que esta verdadeira religião se espalhe

por todos os cantos do mundo.Para tal, ALLAH enviou profetas ao longo dos tempos, sendo o último deles, o profeta Muhammad , uma personalidade única, que veio como exemplo e misericórdia para toda a Humanidade, assim como ALLAH diz:“E não te enviámos senão como misericórdia para a Humanidade.”

[Al-Qur’án 21:107]

O profeta Muhammad tirou os povos da idolatria e ensinou-lhes o monoteísmo que, por sua vez, espalhou-se pelo mundo com o objectivo de se tornar numa religião global e criar uma civilização isslámica unida, independentemente da raça, côr ou orígem dos povos.Como todo o acto que os muçulmanos efectuam, atribuem total devoção a ALLAH, pois reconhecem que toda a Supremacia e Soberania pertencem somente a ALLAH, alguns não-muçulmanos, aproveitando-se de tal facto, fi zeram sobressair os seus nomes sobre grandes feitos.O Isslam espalhou-se através do esforço feito pelos próprios muçulmanos, criando grupos entre eles e emigrando rumo a novos horizontes, com o objectivo único de expandir o Isslam. Começava então a expansão isslámica, que rapidamente se alastrou.Inicialmente, o próprio profeta Muhammad enviou um grupo para a Abissínia (actual Etiópia) e, mais tarde, seguindo esse exemplo, o Khalifa Umar enviou grupos para zonas como o Império Persa, Síria, Roma, Egipto, Irão, Jerusalém e outras do Médio Oriente.Quando Ussman ascendeu ao Khalifado, que governou durante doze anos, extendeu e fortifi cou as conquistas isslámicas criando frotas navais, lideradas na altura por Muáwiyah , atingindo assim as áreas costeiras como Chipre

e Alexandria. Gradualmente iam ganhando terreno e alcançavam maioritariamente as zonas costeiras africanas como Sudão, Somalilândia, sul do Sahara, Mali, Timbuktu e outras zonas circunvizinhas da África Oriental. Instalavam-se nesses lugares e criavam vários sultanatos muçulmanos, com fi guras carismáticas que resistiram até à ocupação europeia.

O Isslam expandia-se e os muçulmanos alcançavam zonas cada vez mais distantes da Península Arábica.No ano 661 DC, os muçulmanos liderados por Muáwiyah , já tinham alcançado as partes ocidentais da China, chegando mesmo a se criar a capital do mundo isslámico, que se extendia desde a China até ao sul de França. A presença isslámica já era claramente notável e dominante que, em menos de um século, conquistou uma boa parte do mundo.É de salientar que os muçulmanos nunca conquistaram essas zonas fazendo uso de espadas ou armas, mas sempre o fi zeram através da sua modéstia, simplicidade e modelo de vida ensinados pelo Profeta .Muitas outras zonas foram conquistadas pelos muçulmanos, onde se instalaram e deixaram vestígios que existem até nos dias que correm, quer na sua descendência, quer nos grandes feitos realizados por esta.

A caminhada pelo mundo continuava e, no ano 711 DC, os muçulmanos chegam a Espanha e permanecem aqui durante cerca de oito séculos, onde demonstraram igualmente o seu modo de vida, construiram vários edifícios tipicamente árabes e mesquitas, muitas delas ainda existentes.No mesmo período, os muçulmanos já haviam chegado a Baghdad, governando esta cidade por um período de 500 anos.Noutro extremo, existiam ainda grandes dinastias como a Fatimida, Ayubida e Mameluco, que

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mantiam o poder no Egipto e alastravam-se também para os territórios da Síria e Palestina.

Entretando, os cristãos, apoiados por alguns reis europeus que se sentiram ameaçados ao verem as conquistas muçulmanas, começavam a sua “cristianização”, declarando até cruzadas contra os muçulmanos, o que fez com que estes atrasassem os planos para novas conquistas, pois surgia a necessidade de manter a resistência e preservação das zonas já conquistadas.Mais tarde, os turcos atingiram partes mais a norte da Europa, através da Anatólia, alcançando zonas como as actuais Áustria, Hungria e Rússia, mantendo-se lá até perto da 1ª Guerra Mundial.Na Malásia e Indonésia, os muçulmanos foram também pioneiros a chegarem lá, quando decorria ainda o século XII. Eles atingiram o norte de Sumatra e mais tarde a Ilha de Java, o sul das Filipinas e o sul da Tailândia, alcançando praticamente toda aquela região.Na Índia e regiões curcunvizinhas, o Isslam chegou no século XIII muito antes dos europeus, onde espalhou a cultura isslámica por quase todo o país e estabeleceu o Império Mogul, governado por nomes conhecidos como Akbar, Jahanguir e Shah Jahan. Permaneceu aqui até à expansão gradual da Grã-Bretanha, em 1857.

No continente americano, os muçulmanos demonstraram igualmente a sua valentia, atravessando o Atlântico. De salientar que alguns historiadores perssupõem que foram os muçulmanos que primeiro chegaram às Américas, pois encontravam-se tecnológica e cientifi camente mais avançados.Foram os árabes que inventaram o formato triangular das velas dos barcos, a fi m de mantê-los estáveis; na altura, os aparelhos sofi sticados da marinha encontravam-se na posse dos muçulmanos e pode-se provar claramente através de manuscritos, que os conhecidos Cristóvão Colombo, Bartolomeu Dias e Vasco da Gama, entre outros, usaram esses instrumentos nas conhecidas “descobertas dos caminhos marítimos para as Américas, África e Ásia”.

Portanto, de acordo com provas e alguns vestígios convincentes que existem em tais zonas, muitos historiadores afi rmam que os árabes foram os primeiros a alcançá-las e, posteriormente, os ditos descobridores europeus emigraram para lá com o objectivo de cristianizá-las.O mesmo aconteceu com muitos países africanos, como é o caso de Moçambique, conhecido como ter sido descoberto pelos portugueses no seu caminho marítimo rumo à Índia, ignorando claramente a presença maciça dos árabes desde os anos 730 DC, que criaram raízes bastante visíveis em muitos locais deste país, principalmente nas zonas norte e costeiras.Algumas cidades africanas até possuem nomes que são originados do árabe ou persa, como são os casos de Dar-es-Salám, Zanzibar e outras.Os árabes entraram em Moçambique por via costeira, a partir da província de Cabo Delgado e Ilha de Moçambique, na provincia de Nampula. Quando aqui chegaram, começaram por exercer o comércio e a pesca.Eles deixaram grandes vestígios, construindo mesquitas e edifícios, muito deles existentes ainda hoje; a língua pela qual derivaram várias outras como o Swahili e o Macua, é o árabe.Vasco da Gama chegou a Moçambique apenas no século XV, onde já se encontravam os árabes. Até denominaram este país de “Moçambique”, nome esse que provém do árabe “Mussa Bin Bique”. A actual moeda moçambicana – o Metical – também deriva do árabe.

Portanto, a grande diferença entre os muçul-manos e colonizadores é que estes esforçaram-se na colonização de vários países e queriam conquistá-los com o uso da força, o que culminou com grandes guerras, enquanto que os muçulmanos nunca usaram tal método, pois conheciam claramente as palavras de ALLAH:“Convida (a todos) para o caminho do teu Senhor com sabedoria e uma bela exortação.”

[Al-Quran 16:125]

[Compilado por Hafi z Adnan A. Munaf]

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TAL-HÁ BIN UBAIDULLAH GRANDES PERSONALIDADES

Sayidina Tal-há Bin Ubaidullah era um dos companheiros do profeta Muhammad e pertencia à clã de

Banu Taim Bin Murrah, da tribo Quraish; era também conhecido por Abu Muhammad.A sua linhagem junta-se com a de Sayidina Abu Baqr em Ká’b Bin Sá’d e foi através do mesmo que abraçou o Isslam. Era também de entre as dez pessoas que foram abençoadas durante a vida terrena, com a boa-nova que seriam de entre os habitantes do Paraíso.

Certa vez, quando ainda era pagão, ao visitar o mercado de Sanq-Basri, onde os comerciantes árabes costumavam aglomerar-se para transacções comerciais, deparou-se com o Profeta , que na altura ainda era jovem. Como tinha ouvido um monge cristão, de nome Buhaira, a elogiar o Profeta , viu nele sinais de profecia.Quando o Profeta proclamou a profecia, Sayidina Tal-há já estava preparado para aceitá-la. Juntamente com Sayidina Abu Baqr , ele apresentou-se perante o Profeta e abraçou o Isslam.Fisicamente, ele tinha uma pele escura e cabelos lisos; era elegante na aparência e andava com uma certa rapidez. Quando os seus cabelos fi cavam brancos, ele não os tingia.

AMOR PELO PROFETA

Sayidina Tal-há nutria um profundo amor pelo profeta Muhammad . O seu comportamento provou na prática a narração em que Sayidina Ánass afi rma que o Profeta disse: “Nenhum de vós atingirá (perfeição na) crença e fé, enquanto não amar mais a mim do que o seu pai, fi lho e toda a Humanidade” [Bukhari].

Ele amava o Profeta mais do que os próprios pais, fi lhos e toda a sua riqueza e não só, amava-o mais do que a sua própria alma.Na batalha de Uhud, quando alguns muçulmanos começavam a se retirar, ele manteve-se fi rme como um leão destemido, para defender o Profeta , enquanto fl echas eram lançadas em seu redor. Ele comprometeu-se a morrer pela causa de ALLAH.

MÉRITO NAS BATALHAS

Sayidina Tal-há era conceituado pela sua piedade e era um dos vanguardistas do Isslam.Ele suportou pacientemente todas as maldades que os infi éis planeavam contra si. Emigrou para Madina juntamente com o Profeta ; era considerado um grande seguidor dele.Na batalha de Badr, foi-lhe incumbida a tarefa de reconhecer os movimentos das caravanas de Makkah, o que impediu-o de participar activamente nessa batalha; porém, o Profeta incluiu-o na lista daqueles que iriam receber os despojos de guerra.Na batalha de Uhud, foi nomeado para proteger o Profeta e para enfrentar o ataque dos inimigos.Ele teve 24 ferimentos e perdeu dois dedos nesta batalha. Estes actos de grande mérito e estima mereceram respeito e consideração pela sua devoção, razão pela qual o dia de Uhud foi denominado “dia de Tal-há Bin Ubaidullah”.

Sayidina Abdullah Ibn Zubair narra que ouviu Rassulullah a afi rmar nesse dia: “Tal-há merece reconhecimento e honra por aquilo que fez no dia de Uhud”.Desde esta batalha, ele participou em todas

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as expedições lideradas pelo Profeta , estando também presente na ocasião do Bait-e-Rizwán e na batalha de Hunain, após a conquista de Makkah.

GENEROSIDADE

Sayidina Tal-há era uma pessoa abastada e também generosa.Certa vez, ele comprou um poço somente para distribuir água entre os muçulmanos. Frequentemente suportava todas as despesas de alimentação do exército muçulmano e contribuía monetariamente noutras despesas. Por essa razão, o Profeta costumava chamar-lhe por “Tal-hatul-Khair” e “Tal-hatul-Faiyáz”, ou seja, o benevolente e o generoso.

Certo dia, recebeu a enorme quantia de 700 mil Dirhams de Hadhramaut e distribuiu-a toda entre os Muhájirin (emigrantes) e Ansár, deixando apenas mil com a sua esposa.Costumava ajudar os pobres, órfãos, viúvas e destituídos da clã Banu Taim. Chegava ao ponto de suportar as despesas de casamento de pessoas pobres da mesma clã.Ele tinha tanto respeito pela “mãe dos crentes” Sayidatina Aisha (RTA), que lhe oferecia mil dirhams anualmente.Sayidina Abu Baqr e Sayidina Umar consultavam-no frequentemente durante os seus khalifados.Quando o terceiro Khalifa Ussman foi assassinado, Sayidina Tal-há juntou-se ao movimento que exigia a retaliação pelo assassinato, o que culminou com a batalha de Jamal no ano 36 AH.

Certa vez, um beduíno foi ter com Sayidina Tal-há e pediu-lhe um empréstimo. Sayidina Tal-há disse ao beduíno: “Esta é uma relação sanguínea, ninguém antes fez-me um pedido como esse. Eu tenho um

talhão pelo qual Ussman propôs-me 300 mil; se aceitares, irei vendê-lo a Ussman e entregar-te-ei a importância proveniente da venda”.O beduíno disse: “Eu desejo o preço”. Sayidina Tal-há vendeu o terreno a Sayidina Ussman e entregou o valor obtido ao beduíno.

A ELOQUÊNCIA DE TAL-HÁ

Ele era um bom orador e sabia exactamente o que dizer na altura devida.Certa vez, Sayidina Umar consultou as pessoas a respeito de confrontar os persas que se haviam aglomerado em Nahawand. Sayidina Tal-há levantou-se e, após recitar o testemunho de fé, afi rmou: “Ó Comandante dos fi éis! Vós tendes suportado as difi culdades e afl ições deste Mundo; por conseguinte, diga-nos o que devemos fazer e nós obedeceremos, chamai-nos e nós responderemos, liderai-nos e nós seguiremos, preparai as montadas e nós montá-las-emos. Vós sois responsável por velar os assuntos e vós fostes testado. Nada além do bom veio na sua via tal como ALLAH ordenara para si.”

A SUA MORTE

Quando Sayidina Tal-há juntou-se ao exército que se dirigia para Kufa, foi incapaz de aceitar a guerra entre muçulmanos. Ele corajosamente mudou de ideia e retirou-se do campo de batalha, tentando resolver o confl ito. A oposição não aceitou essa retirada e certos rebeldes pretendiam manter a linha de fogo.Foi quando um dos rebeldes disparou uma fl echa e atingiu a perna de Sayidina Tal-há , cortando uma veia que o fez sangrar até à morte.Ele faleceu numa Quinta-feira, 10 de Jumadal-Ukhra do ano 36 de Hijra. Na altura da sua morte, tinha cerca de 62 anos e deixou dez fi lhos, quatro fi lhas e muita riqueza.

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ALGUMAS TRADIÇÕES ARESPEITO DE TAL-HÁ

Sayidina Umar disse que ninguém era mais digno e merecedor de Khalifado do que aquelas pessoas com as quais Rassulullah estava satisfeito na altura da sua morte, tendo mencionado o nome de Ussmán, Ali, Zubair, Tal-há, Sá’ad e Abdur-Rahman [Bukhari].

Sayidina Áli disse que os seus ouvidos escutaram Rassulullah a pronunciar o seguinte: “Tal-há e Zubair serão meus vizinhos no Paraíso” [Tirmizi].

Sayidina Abu Huraira narra que Rassulullah encontrava-se na montanha de Hira, quando esta começou a comover-se; nisso, Rassulullah disse: “Hira, mantenha-te calma, pois sobre ti encontram-se um Profeta, um Siddiq (verdadeiro), um Shahíd (mártir)”, e na altura encontravam-se ali o Profeta , Sayidina Abu Baqr, Umar, Ussmán, Áli, Tal-há, Zubair e Sá’ad Ibn Abi Waqqáss .

Quando Sayidina Ibn Abbass foi interrogado a respeito de Sayidina Tal-há e Zubair , ele afi rmou: “ALLAH que derrame a Sua misericórdia sobre eles. Eles eram muçulmanos, cumpridores dos seus deveres, piedosos e bastante virtuosos. Certamente, ALLAH irá perdoar os seus pecados e que ALLAH infl ija a qualquer um que tente intervir entre dois fi éis”.

Sayidina Jábir disse: “Eu acompanhei Tal-há e jamais vi alguma pessoa doando tanto sem ser pedido além ele”.

Como Sayidina Tal-há era uma pessoa virtuosa e recta, a maioria dos Sahábah e aqueles que os seguiram deram uma boa referência acerca dele.

Após a batalha do Camelo, Imran – o fi lho de Sayidina Tal-há – foi ter com Sayidina Áli ; depois de recebê-lo, este afi rmou: “Rogo a ALLAH para que faça o seu pai e a mim de entre aqueles a respeito de quem ALLAH afi rmou:“E Nós havemos de remover dos seus peitos qualquer sentimento profundo de amargura (que porventura, eles possam possuir), para que eles se tornem como irmãos, encarando uns aos outros sob tronos.”

[Al-Qur’án 15:47]

AS VIRTUDES DO PERDÃO

Três homens vieram ao encontro de Hussain Ibn Áli , queixando-se de diversas difi culdades que enfrentavam.O primeiro queixou-se da falta de chuva na área onde residia, ao que Hussain recomendou: Aumentai o pedido de perdão a ALLAH.O segundo queixou-se da infertilidade e, consequentemente, por não ter tido fi lhos até à altura, ao que Hussain recomendou: Aumentai o pedido de perdão a ALLAH.O terceiro queixou-se da condição árida e a falta de solos férteis, ao que Hussain recomendou mais uma vez: Aumentai o pedido de perdão a ALLAH.Aqueles que estavam juntos de Hussain comentaram: Cada um dos três homens veio com uma difi culdade diferente e tu deste a mesma resposta para todos eles?Hussain respondeu: Não tereis vós lido o seguinte versículo do Al-Qur’án:“Implorai o perdão do vosso Senhor, porque é Indulgente. Enviar-vos-á do céu, chuva em abundância, aumentar-vos-á os vossos bens e fi lhos e vos concederá jardins e rios.”

[Al-Qur’án 71:10-12]

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AS CINCO COISASRassulullah disse: “Quando cinco tipos de pessoa se tornarem degradadas, cinco maus efeitos irão ocorrer:1. Aquele que molestar os Ulamá, estará privado de Din;2. Aquele que molestar o rico, estará privado de ganhos mundanos;3. Aquele que molestar os seus vizinhos, estará privado da bondade deles;4. Aquele que molestar o forte, estará privado da sua amizade;5. Aquele que molestar a sua mulher, estará privado de uma vida feliz.”

Rassulullah disse: “Virá um tempo para o meu Ummat, em que eles amarão cinco coisas e esquecerão outras cinco:1. Eles amarão este mundo e esquecerão do Ákhirah (Além);2. Eles amarão as suas vivendas e esquecerão do Qabr (sepultura);3. Eles amarão a riqueza e esquecerão o (Dia do) Julgamento;4. Eles amarão as suas famílias e esquecerão os direitos que lhes devem;5. Eles amarão a si próprios e esquecerão de ALLAH.”

Sayidina Umar narra que Rassulullah disse: “Se não fosse devido ao medo de proclamar o conhecimento do oculto, eu teria testemunhado que as seguintes cinco pessoas, certamente entrarão no Paraíso:1. O homem pobre, que tem família.2. A mulher cujo marido estiver satisfeito com ela.3. A mulher que dá (entrega) o seu dote ao

marido como Sadaqah (i.é, perdoa o dote).4. A pessoa cujos pais estão satisfeitos com ela.5. A pessoa que se arrepende dos seus

pecados.”

Sayidina Umar disse:1. Vi todo o tipo de amigo, mas nunca encontrei

melhor amigo do que salvaguardar a língua.2. Vi todo o tipo de vestuário, mas nunca

encontrei melhor vestuário do que o Taqwá (piedade).

3. Vi todo o tipo de riqueza, mas nunca encontrei melhor riqueza do que o contentamento.

4. Vi todo o tipo de boa acção, mas nunca encontrei melhor acção do que desejar o bem aos outros.

5. Vi todo o tipo de difi culdade, mas nunca encontrei difi culdade mais saborosa do que a paciência.

Sayidina Yáhya Bin Muáz costumava suplicar o seguinte:1. Ó meu ALLAH, a noite não é agradável sem

a Tua comunhão.2. O dia não é agradável sem a Tua

obediência.3. Este mundo não é agradável sem o Teu Zikr

(recordação).4. O Ákhirah (Além) não será agradável sem o

Teu perdão.5. O Paraíso não será agradável sem Te ver.

Um sábio disse que, geralmente, os pobres passam por cinco coisas:1. Paz e tranquilidade mental;2. Contentamento no coração;3. Adoração do seu Senhor;4. Um ajuste de contas fácil;5. Um grau elevado.

E os ricos passam por outras cinco:1. Preocupação e desgaste mental;2. Preocupação no coração;3. Adoração do mundo;4. Um ajuste de contas difícil;5. Um grau baixo.

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SOLUÇÕES PARA TODOS OS PROBLEMAS

Satidina Ánass Bin Málik relata que um crente veio ter com o Profeta Muhammad e saudou-o dentro do Massjid.

O Profeta perguntou-lhe: De onde vens?Ele respondeu: Venho de muito longe, à procura de certas respostas.O Profeta pediu-lhe que apresentasse as suas perguntas, e assim o fez:

1. Desejo ser um homem inteligente? O Profeta respondeu: Tenha temor a

ALLAH.

2. Desejo ser um servo fi el a ALLAH e fazer somente o que ALLAH deseja?

O Profeta disse: Recite (constantemente) o Al-Qur’án.

3. O que devo fazer para adquirir a paz no coraçao?

O Profeta respondeu: Lembre-se (constan-temente) da morte.

4. Como devo proteger-me dos inimigos? O Profeta disse: Confi e em ALLAH.

5. Como seguir sempre o caminho certo, o Caminho de ALLAH?

O Profeta respondeu: Ajude os outros somente pelo agrado de ALLAH.

6. Como evitar a humilhaçao? O Profeta disse: Não respondas aos teus

desejos carnais.

7. O que devo fazer para ter uma longa vida? O Profeta respondeu: Glorifi que e preste

agradecimento a ALLAH.

8. Como obter prospriedade? O Profeta disse: Esteja sempre com Wudhú.

9. Como poderei me proteger do Fogo do Inferno?

O Profeta respondeu: Proteja os teus olhos, a lingua, as mãos e o que está por baixo da cintura, contra todas as maldades.

10. Como limpar os meus pecados? O Profeta disse: Derrame lágrimas

pelos pecados cometidos, arrepende-te e não voltes a cometê-los.

11. Como ser uma pessoa respeitada? O Profeta respondeu: Não peças nada a

ninguém.

12. Como ser uma pessoa honrada? O Profeta disse: Não divulgues os erros

das pessoas.

13. O que devo fazer para me proteger dos tormentos do Qabr (sepultura)?

O Profeta disse: Recite o Suratul-Mulk.

14. O que se deve fazer para adquirir riqueza? O Profeta respondeu: Recite o Suratul-

Muzammil.

15. Como acalmar o medo no Dia do Juízo Final?

O Profeta respondeu: Lembre de ALLAH antes de comer e antes de dormir.

16. O que devo fazer para sentir a presença de ALLAH quando pratico o Salát?

O Profeta disse: Seja muito rigoroso e cuidadoso ao fazer o Wudhú e ao manter-se limpo e puro.

Que ALLAH dê Hidáyat a todos nós. Ámin.

[Traduzido por: Huneza Abdul Gani]

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REGRAS PARA DESEDUCAR O SEU FILHO1. Quando o seu fi lho é ainda pequeno,

dê-lhe tudo o que ele quiser; assim, ele crescerá pensando que isso é o certo e que o mundo lhe pertence.

2. Arrume sempre a cama, as roupas e o quarto dele; faça tudo isso para que ele não tenha qualquer difi culdade, e assim, aprenderá a passar todas as responsabilidades para os outros.

3. Satisfaça sempre o seu desejo na alimentação; dê-lhe sempre o que quiser, pois se você recusar, poderá causar alguma frustração nele.

4. Não lhe acorde à hora de Al-Fajr, deixe ele dormir até tarde, pois deve estar cansado devido às suas saídas.

5. Não lhe obrigue a ir para a Madrassah, pois deve estar cansado com os afazeres da escola; tenha dó ao sobrecarregá-lo.

6. Não lhe obrigue a recitar o Al-Qur’án nem os Duás pois, quando crescer, decidirá sozinho o que é melhor para si próprio.

7. Deixe ele ler tudo o que quiser; assim, os seus pensamentos serão alimentados e o seu espírito será contaminado por qualquer tipo de literatura.

8. Quando pedir algum dinheiro, dê-lhe quanto quiser; não deixe ele trabalhar nem ganhar o seu próprio dinheiro, pois não é necessário que ele sofra como você, para ganhar o sustento.

9. Sorria quando ele usar alguma lingua-gem obscena; assim, ele sentir-se-á engraçado e terá mais coragem de utilizar esse tipo de linguagem no futuro. Ele fará isso com você também.

10. Jamais utilize a palavra “errado”, pois isso pode criar um sentimento de culpa ou ofença nele, pensando que o mundo todo está contra ele.

11. Dê sempre o seu apoio nas disputas contra os amigos, vizinhos, polícias, professores e outros, pois todos eles estão sempre enganados e o seu fi lho está sempre certo.

12. Deixe ele experimentar as drogas e o álcool, para assim ele decidir sozinho se gosta ou não.

13. Quando ele estiver metido em sarilhos, desculpe-se dizendo simplesmente: “desde criança que ele é assim, eu nunca consegui controlá-lo”.

Mas, quando você aplicar estas regras, jamais se esqueça que:“Cada um colherá aquilo que plantou!”

OS SINAIS DO IGNORANTE

Abu Darda disse: São três os sinais de um ignorante:1. Amor próprio (auto-conceito);2. Muita conversa em assuntos que não

lhe dizem respeito;3. Proibir aos outros de fazerem algo

que ele próprio faz.

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OS DITOS DO PROFETA E A SITUAÇÃO ACTUAL

Sheikh Aminuddin Muhammad

Áli narra que, certa vez, estavam sentados no Massjid na companhia do Profeta , quando derepente

apareceu Muss’ab Ibn Umar num estado deplorável, em que tinha coberto o seu corpo apenas com um lençol, remendado com pedaços de pele.Quando o Profeta viu-lhe naquele estado, começou a chorar, por lembrar-se do luxo em que ele vivia, e disse: “Qual será a vossa situação, quando um de vós sair vestido com um par de roupa de manhã e à tarde vestirá outro par, e será colocado à vossa frente um prato e retirado outro, e tapareis as vossas casas assim como se tapa o Ká’bah?”Os Sahábah responderam: “Ó Rassulullah ! Em relação a hoje, nesses dias estaremos em melhores condições (pois estaremos livres de preocupações), dedicar-nos-emos mais ao Ibádat e estaremos salvos das difi culdades dos encargos e das despesas”.Então, o Profeta disse: “Não! Comparando com esses dias, hoje vocês estão melhor”.[At-Tirmizi, At-Tarikh Al Kabir de Al-Bukhari]

Neste interessante Hadice, o Profeta fez uma previsão da vida luxuosa em que estariam os muçulmanos. E como exemplo, apresentou três casos:

a) Vestir um par de roupade manhã e outro à tarde

Nos nossos dias, notamos muito na classe burguesa, em que as pessoas trocam de roupa várias vezes por dia, um par de roupa para vestir no serviço, outra para casa, outro para as saídas e outro ainda para dormir. Em ocasiões especiais como casamentos, banquetes, etc.,

têm roupa para o Nikah, para o Registo Civil e ainda outra para o copo d’água.

b) Troca de pratosAqui, o Profeta quis dizer que haverá tanta riqueza que as mesas estarão repletas de pratos. Num deles servir-se-á as entradas; depois, esses serão trocados por outros onde serão servidas as refeições; a seguir, os mesmos serão retirados para dar lugar aos pratos de sobremesa, frutas, etc.E é exactamente isso que tem vindo a acontecer na camada burguesa.

c) Tapar as casas como se tapa o Ká’bahHoje em dia, embelezar as casas com cortinas valiosas, quer nas portas, nas janelas, assim como nos armários, tornou-se tão comum, que não há distinção entre ricos e pobres.

Portanto, as três predições do Profeta acabaram por confi rmar-se.Quando os Sahábah disseram que nessa altura estariam melhor (referindo-se aos dias de hoje), pois seriam mais dedicados ao Ibádat e não teriam preocupações de ganhar o pão, o Profeta respondeu: “Não! Comparando com esses dias, hoje vocês estão melhor”.Isso indica que a abundância da riqueza no seio dos muçulmanos, devido à sua má aplicação, nunca é boa, pois torna-se sempre causa do afastamento da religião e da devoção a ALLAH.Se analisarmos a situação actual e geral dos muçulmanos, veremos claramente que aquilo que o Profeta disse há quase 1.500 anos, tem-se confi rmado letra a letra. Há muitos muçulmanos que são possuidores de grandes riquezas e, com excepção de alguns, quanto

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mais riqueza adquirem, mais se distanciam de ALLAH e da religião.

O LUXO DO UMMAT

Para se ter uma ideia da burguesia e do esbanjamento de dinheiro em lugares impróprios em que o Ummat se encontra mergulhado, vejamos três exemplos:

1. Segundo a revista “Ad-Dawah” de 27/08/1997, publicada em Londres e com dados da Câmara do Comércio de Riyad, a importação de cosméticos para mulheres tais como baton, vernizes, perfumes, etc., importados pela Arábia Saudita durante o ano de 1996, ultrapassaram os 3,73 milhões de Riyais (aproximadamente 1 milhão de USD).

2. No diário “Al-Ahrám” de 13/10/1984, publi-cado em Cairo, consta uma reportagem em que se faz uma comparação do uso do televisor e vídeo, entre o mundo árabe e a França.Nessa reportagem, consta que na França, em cada mil pessoas dez possuem um vídeo, enquanto que no Kuwait, 490 pessoas possuem vídeo em cada mil; na Arábia Saudita, já são 750 possuidores de vídeo em cada mil pessoas. De salientar que essa comparação foi feita à 22 anos; hoje, todos já devem possuir vídeo ou DVD.Nesses países, são gastos milhões de dólares na compra de televisores, enquanto milhões de muçulmanos pelo mundo fora vão morrendo à fome.

3. Recentemente, um monarca muçulmano ofereceu ao seu fi lho pela ocasião do aniversário deste, uma viatura da marca Mercedes-Benz, avaliada em cerca de 5 milhões de Dólares.Para além de ser luxuosa, a referida viatura é repleta de diamentes e outros metais preciosos.Todo isto acontece numa altura em que milhares de famílias muçulmanas enfrentam um momento de crise e sérias difi culdades tais

como pobreza, fome e humilhação.O montante gasto na aquisição do referido veículo, poderia muito bem ser aplicado em programas diversos de solidariedade para com as pessoas carentes, pois essa atitude traduz-se num espirito de elevado esbanjamento, o que ALLAH não aprova.

Cada um de nós não deve pensar que estas estatísticas não estão relacionadas connosco, pois para se chegar até esses números, começou-se a partir de gastos individuais de cada um em cada sociedade.

UMA NOTA IMPORTANTE

O Shari’ah não condena a pessoa por comer ou vestir bem e por ter uma boa casa, pois o Profeta disse: “ALLAH gosta de ver o efeito da Sua graça no Seu servo”.

[Tirmizi]

Isso torna-se mau e condenável apenas quando não há gratidão para ALLAH, quando se mistura com dinheiro Harám, quando o amor pelo mundo aumenta e pelo Din diminui devido a isso, quando se criar orgulho, arrogância, desprezo pelos outros ou quando se atinge os níveis de esbanjamento ou uso indevido da riqueza. Se a pessoa usufruir-se da riqueza com gratidão a ALLAH e não haver esses males todos, então não há problema algum.Contudo, nota-se que, no geral, quando a riqueza aumenta, a pessoa deixa de servir e cumprir o Din, sendo por isso que ALLAH diz que as riquezas é um teste e tentação para nós.O Hadice inicial indica-nos que a possibili-dade da fi rmeza do Din na pobreza é maior do que na riqueza. É por essa razão que o Profeta disse: “Por ALLAH, eu não temo a pobreza para vós, mas temo que o mundo seja estendido para vós e vós começareis a competir nisso, e sereis destruídos (assim) como foram destruídos os que vieram antes de vós”.

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NOTICIÁRIONACIONAL

EM KHONGOLOTECOMUNIDADE MAHOMETANA CONSTRÓI CASAS

A Comunidade Mahometana de Maputo construiu no bairro de Khongolote, cerca de 150 casas do tipo um, em alvenaria, visando apoiar a população mais carente, num projecto de reassentamento das vítimas das cheias que assolaram o nosso país no ano 2000.Segundo Arif Issa Taíbo, coordenador do projecto, a Comunidade Mahometana tenciona levar a cabo um outro projecto semelhante, no bairro Beluluane, junto à estrada N4.O empreendimento ora construído está orçado em cerca de 7 milhões de MTn, tendo sido fi nanciado maioritariamente pelo empresariado local, embora tenha também contado ainda com algum apoio da Muslim Aid, da Inglaterra e da Aukaf, dos EAU.O projecto integra um Massjid, furo de água, escola primária, campo de jogos, orfanato, centro de saúde e, brevemente, contará com uma escola de artes e ofícios.

A NÍVEL NACIONALINSTITUTO HAMZA ORGANIZA CONCURSO DE RECITAÇÃO

O Instituto Hamza, em coordenação com a Organização Mundial para a Memorização do Al-Qurán (OMMA), com sede na Arábia Saudita, organizou no passado mês de Julho, um concurso de Quirát a nível nacional. O mesmo decorreu nas instalações do referido instituto.Participaram 102 concorrentes no evento, provenientes de diversas zonas do nosso país.O primeiro prémio coube a Abbass, aluno do Instituto Hamza, que recebeu 4.500 Mtn, para além de uma viagem a Dubai.O segundo vencedor foi Juma Quima, também aluno do mesmo Instituto, que recebeu 4.000 Mtn e uma viagem para Umrah.

Os restantes participantes tiveram um prémio de participação, tendo a OMMA desembolsado para tal 120.000 Mtn, que serviu igualmente para custear as despesas de deslocação para os candidatos pré-selecionados no norte do país.Segundo Sheikh Aminuddin Mohamad, o Instituto Hamza recebeu convites para participar em concursos semelhantes na Árabia Saudita, Dubai e Líbia.

INSTITUIÇÕES MOÇAMBICANAS CONDENAM O GENOCÍDIO NO LÍBANO

Diversas instituições isslámicas sediadas em Moçambique subscreveram a total condenação às recentes incursões israelitas contra o Líbano. Segundo um comunicado divulgado em Maputo, as referidas instituições repudiam todo e qualquer acto que leve à guerra, apelando à paz entre os povos.O comunicado recomenda ainda à comunidade internacional, à ONU, aos muçulmanos em geral e aos homens de fé, que ajam de forma a estabelecer uma paz duradoura na região.

COMISSÃO HALÁL DE MOÇAMBIQUE CERTIFICA ESTABELECIMENTOS

No âmbito do desenvolvimento dos seus trabalhos, a Comissão Halál de Moçambique (CHM) certifi cou alguns restaurantes a nível da cidade de Maputo, atribuindo-lhes o rótulo “Halál”.Para além desses estabelecimentos, a CHM certifi cou ainda os frangos da marca “Huku”, da Moçambique Farms.Segundo um anúncio da CHM, a comissão recomenda a todos os muçulmanos a se precaverem cuidadosamente ao frequentarem locais onde seja servido além de outros, o álcool ou carnes que não sejam Halál, pois mesmo os alimentos que sejam inicialmente Halál, podem facilmente ser poluídos com outros Harám, ou ainda, com utensílios que possam estar contaminados.Esperamos que com este trabalho e com a participação do consumidor muçulmano, mais estabelecimentos adiram a este tipo de certifi cação, uma vez que isso tráz inúmeros benefícios não só para os clientes como também para os proprietários em si.Lembre-se: sempre que estiver em dúvida, abstenha-se.

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“Qualquer sofrimento que atinge o crente sob forma de doença ou alguma outra coisa, ALLAH expia os seus pecados assim como as folhas caem da árvore no outono.”

[Bukhari, Musslim]

“Quem ver algo que deve ser ocultado e assim o fi zer (isto é, não divulgar), é como aquele que traz à vida uma menina enterrada viva (em termos de recompensa).”

[Mishkát]

“Os melhores servos de ALLAH são aqueles que quando são vistos, fazem com que as pessoas pensem em ALLAH; e os piores servos de ALLAH são aqueles que caluniam, que separam amigos e procuram meios para difi cultar os pieddosos.”

[Ahmad, Baihaqui]

“Aquele que tiver duas faces no mundo (isto é, o hipócrita), o fogo terá duas línguas no Dia da Ressurreição.”

[Abu Dawud]

“Quando algum de vós tomar o leite, que diga: ‘Ó ALLAH, aumentai-o para nós’, pois não existe algo como o leite que serve de comida e bebida simultaneamente.”

[Abu Dawud, Tirmizi]

“Quem for a uma festa sem estar convidado para tal, é suposto que tenha para lá ido como ladrão e regressado como bandido.”

[Abu Dawud]

“Quando visitardes um doente, peça-lhe para orar por si, pois as suas preces são como a dos anjos.” [Ibn Májah]

O PROFETA MUHAMMAD DISSE:

P. É permitido para um muçulmano participar ou acompanhar o funeral de um ente-querido ou pessoa infl uente não-muçulmana?R. Não é permitido participar nem acompanhar o funeral de um não-muçulmano, seja ele ente-querido, pessoa infl uente ou quem quer que seja. Contudo, a pessoa poderá enviar condolências ou dar os pêsames na residência do falecido.

P. Será que é permitido efectuar algum Salát após o Salátul-Assr?R. Não é permitido efectuar qualquer Salát Nafl (facultativo) após o Fardh do Salátul-Assr.Contudo, apenas o Salátul-Janáza ou o Qazá (pagamento) de algum Salát poderão ser efectuados após o Salátul-Assr, desde que o Sol ainda continue a brilhar com intensidade.

P. Se a pessoa encontrar o Imám na posição de Sajdah, uma vez que já perdeu aquele Rakát, o que deverá fazer?É correcto esperar o Imám levantar-se do Sajdah e depois juntar-se a ele?R. É aconselhável que o Massbuq (atrasado para o Salát) junte-se ao Imám na posição que o encontrou, mesmo que tenha perdido o respectivo Rakát.

P. Se a pessoa entrar no Massjid e, o Azán estiver a ser proclamado nesse momento, ela poderá efectuar o Tahiyatul-Massjid ou deverá sentar-se?R. Nesse caso, a pessoa deverá sentar-se até o Azán terminar e só depois poderá efectuar o Tahiyatul-Massjid.

PERGUNTAS & RESPOSTAS

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SEGREDOS

DE CozinhaPor: Amina Moosa Nadat

GALINHA COM MANTEIGA E YOGURTE

Ingredientes:- 1 galinha cortada - 1 colher de chá de coentro e cominho- 1 colher de sopa de aromate (dhaná e jeeru) em pó- 500ml de yogurte - 1 colher de chá de piri-piri encarnado- 2 colheres de chá (rasas) de mistura (fresco ou em pó) ou mais (ao gosto) de gengibre e alho pilado - 1 colher de chá de sal- 1 colher de sopa de sumo de limão - 125g de manteiga

Modo de Preparar:Lave a galinha e depois tempere-a com todos os ingredientes, excepto a manteiga.Deixe-a temperada durante uma hora. De seguida, coloque a galinha na panela, corte a manteiga em pedaços e coloque-a sobre a galinha. Por fi m, leva-se ao lume lento até fi car pronto.Nota: Não se deve deitar água nem óleo na galinha, pois o yogurte “parte-se”.

GULAB JAMU

Ingredientes:- 1 lata de leite condensado - 3 ovos- 3 colheres de sopa de ghee - Elachi (cardamunho pilado) q.b.- 2 colheres de sopa de maizena - Farinha de trigo q.b.- 3 colheres de chá de Royal

Modo de Preparar:Bate-se os ovos juntamente com o leite condensado, depois o ghee, maizena e elachi e, por fi m, o Royal. A farinha põe-se aos poucos, até que a massa fi que no ponto.A massa não deve fi car dura, mas sim mole. Enrole pedaços da massa com a mão, dando-os formato de dedo. Depois, frita-se em óleo moderado até que fi que de côr castanho-rosa.

Ingredientes do Caldo:- 1 chávena de água - 1 colher de chá de água de rosa- 1½ chávena de açúcar - 1 pitada de elachi

Modo de Preparar o Caldo:Dissolve-se o açúcar com água e põe-se a ferver; depois, a água de rosa e o elachi. De seguida, deixa-se ferver de modo a que não engrosse, mas sim até que comece a fi car pegajoso.Enquanto ainda estiver morno, passa-se o gulab jamu nele e depois passe-os no côco ralado.

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RECREAÇÃO

SOLUÇÃO DO PROBLEMA DA EDIÇÃO ANTERIOR – Inventário na Farma: 15 vacas.

Um homem de 80 anos, festejou o seu aniversário somente vinte vezes, em 2004. Em que data nasceu ele?

DIRECÇÃOUma pessoa em viagem para Oeste, vira para a esquerda, depois para a direita, a seguir para a esquerda e por fi m para a esquerda.Em que direção a pessoa encontra-se a viajar neste momento?

NÚMERO DE PÁGINASDo livro que estou lendo, já li 48 páginas, que é além da metade do número total de páginas.Quando tiver lido mais 85 páginas, terei lido ao todo 27/40 do livro.Quantas páginas tem esse livro?

ONZE CÍRCULOSPreencha os onze círculos da seguinte fi gura, com os números que vão de 1 a 11, sem repetição, de modo que a soma de três números sobre cada linha seja 18.

OS DIAS DA SEMANAApesar da oposição da Igreja, as designações para os dias da semana – Sol (Domingo), Lua (Segunda-feira), Marte (Terça-feira), Mercúrio (Quarta-feira), Júpiter (Quinta-feira), Vênus (Sexta-feira), Saturno (Sábado) – sobreviveram em todo o mundo cristão, com excepção no que viria a ser Portugal.Em algumas línguas da Cristandade, houve mudanças apenas para o Sábado, do latim “shabbath” ou dia de descanso, e para o Domingo, do latim “dominicum” ou dia do Senhor.O termo “feira” surgiu em português, porque na semana da Páscoa, todos os dias eram feriados, ou seja, dia de férias ou de feiras, e esta excepção deveu-se ao apóstolo de São Martinho Braga (século VI) que combatia o costume de “dar nomes de demónios aos dias que Deus criou”.