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UFCD 3553 SAÚDE MENTAL NA 3ª IDADE

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UFCD 3553

SAÚDE MENTAL NA 3ª IDADE

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SAÚDE MENTAL NA 3ª IDADE

OBJECTIVOS:

Identificar as questões relacionados com a saúde mental em geral e com a saúde mental da pessoa idosa em particular.

Enunciar as noções de psicopatologia da pessoa idosa.

Diferenciar os recursos comunitários de apoio à pessoa idosa com doença mental.

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CONTEÚDOS

Saúde mental e recursos

A saúde mental na 3.ª idade

− Definição

− Promoção

− Saúde mental e comunidade

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CONTEÚDOS

Psicopatologia da pessoa idosa

O normal e o patológico

− Conceito de doença mental

Envelhecimento normal e patológico

Depressão na pessoa idosa

Psicopatologia do delírio

Perturbações sensoriais e delírio

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CONTEÚDOS

Recursos comunitários de apoio

Respostas sociais à velhice

− Saúde e comunidade

− O hospital e o seu papel face à pessoa idosa

− Outros recursos

o família

o apoio domiciliário

o lares

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SAÚDE MENTAL

Segundo a OMS a Saúde Mental é “o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença”.

É sentirmo-nos bem com nós próprios e na relação com os outros. É sermos capazes de lidar de forma positiva com as adversidades. É termos confiança e não temermos o futuro.

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Problemas de Saúde Mental Mais

Frequentes

Ansiedade

Mal-estar psicológico ou stress continuado

Depressão

Dependência de álcool e outras drogas

Perturbações psicóticas

Atraso mental

Demências

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Falsos Conceitos sobre a

Doença Mental

As pessoas afetadas por problemas de saúde mental são

muitas vezes incompreendidas, estigmatizadas, excluídas ou

marginalizadas, devido a falsos conceitos, que importa

esclarecer e desmistificar, tais como:

As doenças mentais são fruto da imaginação;

As doenças mentais não têm cura;

As pessoas com problemas mentais são pouco inteligentes,

preguiçosas, imprevisíveis ou perigosas.

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Estes mitos, a par do estigma e da discriminação associados à

doença mental, fazem com que muitas pessoas tenham vergonha e

medo de procurar apoio ou tratamento, ou não queiram reconhecer

os primeiros sinais ou sintomas de doença.

O tratamento deverá ser sempre procurado, uma vez que a

recuperação é tanto mais eficaz quanto mais precoce for o

tratamento.

Mesmo nas doenças mais graves é possível controlar e reduzir os

sintomas e, através de medidas de reabilitação, desenvolver

capacidades e melhorar a qualidade de vida.

Falsos Conceitos sobre a Doença Mental

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PROMOÇÃO DA SAÚDE

DEFINIÇÃO: Processo de capacitar as pessoas para

aumentarem o controlo sobre a sua saúde e para a melhorar.

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PROMOÇÃO DA SAÚDE

O Working Group on Concepts and Principles of Health Promotion (WGCPHP,1987) salienta dois grandes objetivos principais para a promoção da saúde:

1) melhorar a saúde;

2) dominar (por parte do cidadão) o processo conducente à melhoria da saúde.

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Ao longo da vida, todos nós podemos ser afetados por problemas

de saúde mental, de maior ou menor gravidade.

Algumas fases, como a entrada na escola, a adolescência, a

menopausa e o envelhecimento, ou acontecimentos e dificuldades,

tais como a perda de familiar próximo, o divórcio, o desemprego, a

reforma e a pobreza podem ser causa de perturbações da saúde

mental.

Factores genéticos, infeciosos ou traumáticos podem também estar

na origem de doenças mentais graves.

SAÚDE MENTAL E COMUNIDADE

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SAÚDE MENTAL E COMUNIDADE

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) cerca de

30% da população mundial sofre de alguma

doença mental.

Desse total, 154 milhões de indivíduos sofrem de

depressão e 25 milhões de esquizofrenia.

Sensivelmente, 40 mil mortes são atribuídas às patologias

psiquiátricas, como depressão bipolar, esquizofrenia e

stress pós-traumático.

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De acordo com a Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e

Saúde Mental, 5% da população nacional já teve um

episódio de depressão grave.

A doença bipolar é a perturbação com maior incidência

em Portugal, afetando cerca de 200 mil pessoas, seguida

pela esquizofrenia com 100 mil indivíduos.

SAÚDE MENTAL E COMUNIDADE

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PSICOPATOLOGIA DA

PESSOA IDOSA

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PSICOPATOLOGIA DA PESSOA IDOSA

NORMAL E PATOLÓGICO

A delimitação entre o normal e o patológico é, por vezes, extremamente difícil de estabelecer.

Esta delimitação baseia-se geralmente em critérios estatísticos, considerando-se normal o comportamento mais frequente e concordante com os valores estabelecidos e aceites em determinada sociedade.

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NORMAL E PATOLÓGICO

A avaliação de normalidade ou patologia tem pois de

ter em conta três aspectos fundamentais:

- Fase de desenvolvimento em que se encontra a

pessoa

- O local e a cultura

- A época e a circunstância histórica em que ela se

situa

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AT 1

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CONCEITO DE DOENÇA MENTAL

Popularmente há tendência para se julgar a sanidade da

pessoa, de acordo com o seu comportamento, com a sua

adequação às conveniências socioculturais como, por

exemplo, a obediência aos familiares, o sucesso no

sistema de produção, a postura sexual, etc.

Medicamente, a Doença Mental pode ser entendida como

uma variação mórbida do normal, variação esta capaz de

produzir prejuízo na performance global da pessoa (social,

ocupacional, familiar e pessoal) e/ou das pessoas com

quem convive.

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DOENÇA MENTAL

De acordo com a NAMI (Aliança Nacional de Doenças Mentais ):

- As doenças mentais são distúrbios graves que causam alterações biológicas no cérebro e são debilitantes em diferentes graus.

- Os sintomas de doenças mentais tipicamente começam a aparecer na adolescência ou idade adulta jovem. A doença mental atinge cerca de 5% dos adultos e 9% das crianças e dos adolescentes.

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DOENÇA MENTAL

- Há muitos equívocos a respeito das doenças mentais. Isto

infelizmente contribui para o facto de muitas pessoas não

procurarem tratamento.

- Não tratada, a doença mental pode resultar em

desemprego, abuso de substâncias psicoativas,

deterioramento das relações interpessoais, e nos casos

mais graves , isolamento e suicídio.

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DOENÇA MENTAL

- A fim de conquistar o estigma da doença mental, é

importante compreender que estas condições não estão

relacionadas com o carácter, inteligência, ou vontade.

- Doenças mentais são doenças como quaisquer outras, e

com intervenções modernas, são altamente tratáveis.

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ENVELHECIMENTO NORMAL E

PATOLÓGICO

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ENVELHECIMENTO NORMAL E

PATOLÓGICO

Existe alguma dificuldade natural na distinção do que são as características próprias de um “envelhecimento normal” e envelhecimento “patológico”.

No entanto, podemos dizer que fazem parte do envelhecimento normal as características:

Lentificação motora;

Diminuição da capacidade de retenção de informação nova;

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ENVELHECIMENTO NORMAL E

PATOLÓGICO

Dificuldade para evocar nomes;

Diminuição da flexibilidade mental;

Manutenção da linguagem;

Manutenção da memória remota.

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ENVELHECIMENTO NORMAL E

PATOLÓGICO

Características do envelhecimento patológico

(demência):

Declínio das funções cognitivas em relação ao

nível anterior (alteração e deterioração da memória

para registar, armazenar e recuperar informação nova e

perda de conteúdos referentes à família e passado;

alteração e deterioração do pensamento e raciocínio

com redução do fluxo de ideias e problemáticas

atencionais, etc.)

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ENVELHECIMENTO NORMAL E

PATOLÓGICO

Défice significativo nas diversas áreas que permitem a

execução de tarefas da vida diária (vestir, comer, etc.);

Alterações da linguagem;

Alteração da “Consciência clara”;

Sintomatologia presente durante pelo menos 6 meses.

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TESTE DO RELOGIO

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DEPRESSÃO NA PESSOA IDOSA

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Tristeza VS Depressão

A tristeza é a reação que temos perante as perdas

afetivas na nossa vida;

A perda de alguém por morte é tristeza e não depressão

O Funcionamento comportamental do organismo

mantém-se e não existem riscos de suicídio.

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Tristeza VS Depressão

A depressão é um sentimento semelhante, mas

poderá não ter uma causa especifica inicialmente;

A auto estima está comprometida, existindo um enorme

risco de suicídio;

Distúrbio da área afetiva ou do humor, com forte impacto

funcional em qualquer faixa etária e com repercussões

para a vida: redução da capacidade para pensar, sentir,

interagir com o meio, trabalhar e etc…

Natureza multifatorial com aspetos de ordem

biopsicossocial.

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Sintomas da Depressão

A perda de interesse por atividades prazerosas,

Alterações do apetite (aumento ou perda de peso),

Alterações do sono (insónia ou excesso de sono),

Agitação ou apatia,

Cansaço, fadiga e perda de energia,

Sentimento de culpa e baixa auto estima,

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Sintomas da Depressão

Interesse ou prazer diminuídos,

Sensação de inutilidade ou culpa excessiva,

Tristeza, angústia, ansiedade,

Irritabilidade,

Anedonia, diminuição da capacidade de sentir alegria,

Diminuição da libido,

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Sintomas da Depressão

Dificuldade de concentração e de decisão, memória e

raciocínio,

Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio;

Humor deprimido na maior parte do dia,

Dores pelo corpo e outras somatizações,

Pensamentos de culpa, morte, fracasso, medo e outros

pensamentos negativos.

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Depressão: Tratamento

“ Remédios para os sintomas. Diálogo para os problemas.”

Psicoterapia

Farmacoterapia

Associação das duas (ideal)

(religião, suporte familiar, atividade física)

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Reflexão

“…o olhar triste e cansado procurando alguém,

e a gente passa ao seu lado a olhá-lo com

desdém… sabes, eu acho que todos fogem de

ti para não ver a imagem da solidão que irão

viver quando forem como tu, um resto de tudo

o que existiu quando forem como tu, um velho

sentado num jardim…”

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PSICOPATOLOGIA DO DELÍRIO

O delírio é uma disfunção cerebral global

caracterizada por alterações da consciência e

cognitivas ao nível da atenção, pensamento,

memória, percepção, discurso, emoções,

comportamento psicomotor e do ciclo sono-

vigília.

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PSICOPATOLOGIA DO DELÍRIO

O delírio tem prevalência alta nos doentes

internados, o que contribui significativamente para a

morbilidade e a mortalidade.

Aproximadamente 15 a 25% dos doentes com cancro

e 10 a 56% dos doentes idosos desenvolvem delírio

durante o internamento.

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PSICOPATOLOGIA DO DELÍRIO

Na maioria dos casos, o delírio é secundário a uma

doença física grave, intoxicação medicamentosa e

abstinência a sedativos, álcool ou outra droga de abuso.

O delírio, muitas vezes, não é reconhecido ou é

diagnosticado de forma errada.

Na maioria das vezes é confundido com depressão,

demência ou psicose.

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PSICOPATOLOGIA DO DELÍRIO

Diversos estudos mostram que 57 a 80% dos pacientes

idosos com distúrbios cognitivos não são diagnosticados

pelos clínicos na admissão hospitalar e, tratando-se de

delírio, essa falha pode chegar a 70%.

O delírio pode ser a única manifestação clínica

consequente a um enfarte agudo do miocárdio,

pneumonia, septicemia, distúrbios metabólicos e

hidroeletrolíticos em idosos hospitalizados.

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PSICOPATOLOGIA DO DELÍRIO

O seu reconhecimento conduz à imediata

investigação, no sentido de se identificar

precocemente a causa básica, salvando vidas.

De outra forma, desperdiça-se tempo, com aumento

nas taxas de morbilidade e mortalidade, nos custos

hospitalares e na utilização de serviços médicos e de

enfermagem.

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PERTURBAÇÕES SENSORIAIS E DELÍRIO

Com a idade, os olhos mudam. A deterioração da visão

acarreta: presbiopia – capacidade de acomodação “longe-

perto” mais lenta, diminuição da acuidade visual,

particularmente, à noite.

Essas alterações fazem com que uma pessoa com 60 anos

necessite de quatro vezes mais luminosidade que aos 20 anos

para ver melhor.

A perda auditiva pode contribuir para a perceção de que as

pessoas de idade são distraídas e irritáveis

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PERTURBAÇÕES SENSORIAIS E DELÍRIO

O olfato e paladar estão, extremamente, ligados à grande

perda do interesse e motivação nessa idade; isto porque, com

o envelhecimento, esses sentidos ficam bastante reduzidos,

além de se tornarem menos eficientes, provocando

inadequações no processo de ingestão de alimento prejudiciais,

tais como: mais sal e açucares, prejudicando a saúde do idoso.

O tato, também, é reduzido com o passar dos anos, visto que

os demais órgãos, também se desgastam com o avanço da

idade; essas deficiências causam sérios problemas

psicomotores, afetando o organismo do idoso como um todo

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PERTURBAÇÕES SENSORIAIS E DELÍRIO

O tato tem muita importância na estruturação da

consciência, pois permite reconhecer a presença,

forma e tamanho de objetos em contato com o

corpo e também sua temperatura.

O tato é importante para o posicionamento do

corpo, a proteção física, a afetividade e o sexo. É a

partir dele que o idoso poderá defender-se das

agressões de natureza externa.

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PERTURBAÇÕES SENSORIAIS E DELÍRIO

O isolamento da pessoa idosa e o

consequente declínio da qualidade de sua

comunicação, devido aos défices sensoriais,

causam profundo impacto na sua interação

social

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PERTURBAÇÕES SENSORIAIS E DELÍRIO

A primeira característica do delírio é o distúrbio da

consciência, que envolve alteração do nível de

percepção do ambiente e redução da capacidade para

se concentrar, manter ou mudar a atenção.

O paciente idoso usualmente mostra-se desatento,

letárgico, sonolento, incapaz de obedecer a ordens

complexas ou manter raciocínio sequenciado,

distraindo-se com muita facilidade.

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Aspetos clínicos do delírio

Por norma o doente com delírio não apresenta

hiperactividade, agitação ou agressividade, excepto no

delírio por abstinência ao álcool, benzodiazepínicos ou

anti-depressivos tricíclicos.

O paciente não estabelece contacto com o olhar e

parece ignorar o ambiente e as pessoas, olha vagamente,

sem direcção, e às vezes dorme enquanto está a ser

examinado.

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Aspetos clínicos do delírio

A segunda característica do delírio é a presença de

distúrbios cognitivos muito além do que se poderia

esperar de uma demência preexistente ou em

evolução.

Neste caso, as manifestações vão da perda evidente

de memória, desorientação e alucinações até

distúrbios leves de linguagem e percepção.

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Aspetos clínicos do delírio

Nos pacientes com delírio, a fala é arrastada e

desconexa, a compreensão falha e a escrita é quase

impraticável.

A resposta à primeira pergunta geralmente é dada à

segunda ou terceira, denunciando a dificuldade que

esses pacientes apresentam para concentrar e mudar

a atenção.

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Aspetos clínicos do delírio

Podem ocorrer ilusões e alucinações, no entanto,

entre os idosos, são mais comuns erros de

interpretação e identificação (por exemplo, a

enfermeira que entra no quarto pode ser tomada por

um agressor potencial ou o cônjuge por um

impostor).

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Aspetos clínicos do delírio

A terceira característica do delírio é a sua instalação

aguda e o seu curso flutuante.

Desenvolve-se em horas ou dias, característica de

grande importância cronológica no diagnóstico

diferencial com a demência.

Os sintomas do delírio tornam-se mais intensos

durante a noite.

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Aspetos clínicos do delírio

Num paciente com delírio são frequentes as oscilações.

É possível que o médico ao retornar à enfermaria poucas

horas, ou mesmo minutos, após ter avaliado um paciente

que se encontrava relativamente sonolento e apático,

deparar-se com o mesmo inquieto, agitado, gritando,

batendo, cuspindo, tentando sair do leito, querendo ir

para casa ou fugir de visões e alucinações, muitas vezes

aterrorizantes, em curso naquele momento.

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Aspetos clínicos do delírio

A quarta característica do delírio é a presença de uma ou

mais doenças clínicas ou de toxicidade medicamentosa.

Os idosos são susceptíveis ao desenvolvimento de delírio

como consequência de uma grande variedade de factores

orgânicos que podem actuar isolados ou, com maior

frequência, em associação (por exemplo, no pós-

operatório de fractura do fémur o delírio pode dever-se a

anemia e/ou toxicidade oriunda da medicação anestésica).

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Aspetos clínicos do delírio

Os mais idosos e em particular os demenciados têm

maior tendência a desenvolverem delírio como

complicação de praticamente qualquer doença física

ou do uso de medicamentos comuns, mesmo em

doses terapêuticas.

O delírio costuma ocorrer devido à retirada brusca

de medicação sedativa ou droga de abuso.

Page 61: saude mental na 3ª idade_.pdf

Aspetos clínicos do delírio

Frequentemente, o delírio associa-se a um distúrbio

do ciclo sono-vigília.

Alguns pacientes podem mostrar-se sonolentos

durante o dia e, à noite, ficarem agitados e com

dificuldade para dormir.

Eventualmente, podemos observar completa reversão

do ciclo sono-vigília.

Page 62: saude mental na 3ª idade_.pdf

Aspetos clínicos do delírio

As alterações do comportamento psicomotor podem

também estar presentes.

Muitos pacientes ficam inquietos, tentam levantar-se

inoportunamente do leito, arrancando equipamento

endovenoso, cateteres, sondas etc.

No entanto, é mais comum o paciente mostrar

redução da actividade psicomotora, com lentidão nas

respostas.

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Aspetos clínicos do delírio

Também se verificam distúrbios emocionais como

ansiedade, medo, depressão, irritabilidade, raiva, disforia

ou apatia.

Mudanças súbitas e imprevisíveis de um estado emocional

para outro podem ocorrer em alguns pacientes, enquanto

outros se mantêm estáveis.

A maioria dos estudos mostra que em geral, durante a

noite, os sintomas emocionais e a actividade psicomotora

são mais intensos ou evidentes.

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PROGNÓSTICO

O curso do delírio é variável e dependente de diversos factores.

A gravidade e a importância da causa determinante, as condições de saúde, a idade e o estado mental prévio do paciente são decisivos para o curso e prognóstico.

O delírio é considerado por muitos autores como uma condição transitória, entretanto, crescem evidências de que tenha um curso mais grave em populações mais enfermas e idosas com elevada mortalidade em curto prazo.

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PROGNÓSTICO

Os efeitos cognitivos do delírio desaparecem

lentamente ou perpetuam-se.

Em alguns pacientes, após a resolução do delírio, a

demência torna-se evidente; discute-se se a demência

estava ou não presente antes da instalação do delírio

ou presente sem ter sido reconhecida.

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RESPOSTAS SOCIAIS AO IDOSO

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O HOSPITAL

Durante o internamento, a pessoa idosa passa a estar

ao cargo de uma equipa multidisciplinar de saúde, que

tudo faz para que esta atinja o mais rapidamente

possível, um estado máximo de saúde.

Quando um idoso é internado, surgem

frequentemente dúvidas e insegurança em todos os

membro da família.

Page 68: saude mental na 3ª idade_.pdf

HOSPITAL

É um momento de tomada de decisões que podem

ser fáceis ou não.

Para tentar ultrapassar este momento menos

favorável, as pessoas precisam de ajuda, apoio moral,

alguém com que possam esclarecer dúvidas.

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HOSPITAL

É importante existir uma boa relação entre a rede

familiar e os técnicos de saúde a fim de melhorar

quer o estado emocional da pessoa internada, quer

para aumentar a sua interacção no seu processo de

cura, bem como a integração da família neste

processo.

O hospital desempenha assim um papel importante

na informação e preparação da doença, bem como a

melhor forma de lidar com a mesma.

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AUTONOMIA

Autonomia é um princípio que se caracteriza por

uma liberdade, vontade, possibilidade e desejo de

decidir.

Pode dizer-se que a autonomia se manifesta “por um

«poder fazer», mas sobretudo por um «poder ser»”,

pois não se expressa só no plano físico como

também no mental, emocional e social.

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AUTONOMIA

Uma pessoa por mais confusa e incompreensível que

esteja no plano verbal pode ainda manifestar a sua

vontade relativamente às actividades quotidianas e às

pessoas que a envolvem.

Através de um simples olhar, através da expressão

não verbal pode assim demonstrar a sua autonomia

não no «poder fazer» mas no «poder ser».

Page 72: saude mental na 3ª idade_.pdf

AUTONOMIA

Este é um dos pontos-chave da autonomia pois

muitas vezes os profissionais não conseguem

distinguir entre autonomia física e autonomia

comportamental.

No decorrer da hospitalização deve-se privilegiar

sempre a autonomia da pessoa, pois se ocorrer o

contrário a pessoa perde o controlo sobre as suas

decisões o que a torna dependente e retarda o

processo de retorno a casa.

Page 73: saude mental na 3ª idade_.pdf

FAMÍLIA

Dentro da família a pessoa é vista como sendo ela

mesma, independentemente da utilidade económica,

política ou social, ela é única, sem máscaras, na sua

intimidade, faz parte da família sempre.

O idoso é visto como o principal membro da

comunidade familiar, pois ele representa uma história

de vida, a história daquela família, como se codificasse

um gene, a biografia.

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FAMÍLIA

É na família que o idoso necessita de cuidados,

apresenta as suas manias e acaba por envolver a

família em torno de si, leva os mais jovens a olhar não

só para si como também para tudo à sua volta.

É neste momento que observamos o carinho dos

netos ou mesmo de um filho para a sua avó querida.

Page 75: saude mental na 3ª idade_.pdf

FAMÍLIA

A família pode vir a deparar-se com o idoso saudável

ou com o idoso doente, onde existe um

comprometimento de alguns órgão e que acabam por

levar o idoso a um grau de dependência , sendo o

apoio familiar de suma importância.

É indispensável para a família saber tudo que se passa

com o idoso, nomeadamente se apresenta alguma

doença que leva à toma de medicação e produz

alteração nas actividades de vida diária.

Page 76: saude mental na 3ª idade_.pdf

FAMÍLIA

É no seio familiar que é decidido como o idoso vai ser

cuidado e quem irá ser o responsável.

É através do convívio familiar que muitas doenças são

relatadas, quando bem observados os costumes e o dia-a-

dia do idoso.

Por ex. se o doente se apresenta confuso, com febre,

devido a um quadro de infecção urinária, não é o paciente

que relata os sintomas, mas sim o familiar.

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FAMÍLIA

Nem todos os idosos se adaptam facilmente a

mudanças no ambiente , onde as alterações podem

levar a uma incapacidade de aceitar a situação.

Por ex: no caso de viuvez em que além das

alterações psíquicas, existem alterações financeiras.

Ao ir morar com um outro filho, perde a sua

individualidade e algumas vezes, surge o sentimento

de inutilidade e de peso para o familiar.

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FAMÍLIA

A reforma, as perdas funcionais e sociais levam muitas

vezes o idoso a desenvolver um quadro depressivo.

Nem todas as famílias possuem estrutura imediata para

receber um idoso debilitado, nem todos tem uma família

grande.

Por vezes, encontramos idosos que vivem sozinhos,

porque não têm a quem recorrer, pois não tiveram filhos,

ou estão zangados há anos com a família, ou todos já se

foram da sua vida.

Page 79: saude mental na 3ª idade_.pdf

FAMÍLIA

Muitos idosos, têm capacidade e oportunidade e

conseguem formar novos elos.

Os seus vizinhos e os seus amigos acabam por se

tornar cuidadores, dando carinho e apoio.

Porém, a falta da estrutura familiar fica como uma

marca.

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APOIO DOMICILIÁRIO

O apoio domiciliário é importante, sobretudo para

idosos que mantém uma certa autonomia mas

necessitam de um determinado apoio, pois

encontram-se isolados, por vezes em zonas rurais, ou

mesmo em zonas urbanas.

Eles necessitam de alguém que os acompanhe aos

serviços de saúde e aos serviços públicos e os apoie

na aquisição dos bens de primeira necessidade.

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CENTROS DE DIA

Os Centros de Dia são importantes pois poderão

integrar os doentes crónicos, tendo uma função de

protecção de dia em relação aos indivíduos

dependentes, e também um centro de actividades que

têm como finalidade manter senão mesmo melhorar

o estado destes utentes.

Page 82: saude mental na 3ª idade_.pdf

LAR

A institucionalização dos idosos provoca receios para o próprio

idoso que, de repente, tem o sentimento de ser abandonado

pelos familiares e, muito particularmente, pelos filhos que os

levam para um lugar desconhecido para eles.

Estes receios podem provocar agressividade, o que é

culturalmente inaceitável, sobretudo se o idoso começa a

manifestar sinais de demência que podem ser interpretados

como a extremização do mau carácter do familiar e não como

uma doença que se instala, por vezes lentamente.

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LAR

Para evitar desgastes desnecessários, programas de

informação sobre esta doença degenerativa deveriam ser

implementados de uma forma sistemática, assim como

reuniões entre os familiares para eles poderem

identificar-se também com as vivências dos outros

intervenientes.

Isto evita sentimentos de culpabilidade nos próprios filhos

e eventuais desgastes em termos de saúde, sobretudo

para aquele que se ocupa do doente.

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CONCLUSÃO

A velhice é um período normal do ciclo vital caracterizado por algumas mudanças físicas, mentais e psicológicas.

Embora a velhice não seja sinónimo de doenças, o envelhecimento pode resultar na presença de múltiplas doenças, prejuízos e incapacidades com consequente deterioração da saúde dos idosos, sejam nos aspetos físicos e/ou mentais.

A saúde mental desempenha um papel fundamental no bem-estar do idoso pois influencia o idoso a todos os níveis do seu bem-estar.

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Ecce Homo

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Nova versão do Ecce Homo – uma pintura do

século XIX

Cecilia Giménez de 81 anos não passava de uma desconhecida, mas agora tem já uma legião de fãs na Internet, sendo difícil descolar-se da identidade de famosa “restauradora” do Ecce Homo.

Preocupada com o estado deterioração da obra assinada por Elías García Martínez, a mulher decidiu retocar a pintura que decora Santuário da Misericórdia na cidade de Borja, Saragoça

Desde então, o episódio insólito deu azo a outras experiências criativas.