saude mental aula 3
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REFORMA PSIQUIÁTRICA
Professor Aroldo Gavioli
A Nave dos Loucos é uma pintura do artista flamengo Hieronymus Bosch (1450 — 1516).
•População:
3%: sofre com transtornos
mentais severos e persistentes;
mais de 6%: apresenta transtornos psiquiátricos graves decorrentes do uso de álcool e outras
drogas;
12%: necessita de algum
atendimento em saúde mental,
seja ele contínuo ou eventual;
2,3% do orçamento
anual do SUS é destinado para a Saúde Mental
INGLATERRA – (~1950)
Maxwell Jones: Movimento das Comunidades Terapêuticas proposta
de superação da hospitalização
Lógica: democracia das
relações.
Participação e papel terapêutico
de todos os membros da comunidade.
Ênfase na comunicação e no
trabalho como instrumentos essenciais no processo de
recuperação dos internos
Fundamento: tentativa de
reprodução do ambiente
terapêutico, no mundo externo.
França
Psicoterapia Institucional
• Promoção da restauração do aspecto terapêutico
Psiquiatria de Setor
• Recuperação da função terapêutica da Psiquiatria.
• Não acreditava ser possível tal obra dentro de uma instituição alienante, promovendo as ações comunitárias, tendo na internação apenas uma das etapas do tratamento
Estados Unidos - 1960
Psiquiatria Comunitária
• Aproximação da Psiquiatria com a Saúde Pública.
• Buscava a prevenção e promoção da saúde mental
Não criticavam a psiquiatria e seu modo de ver e tratar a loucura, apenas reformulavam sua prática sem promover nenhuma ruptura epistemológica
Inglaterra (1960)
Laing e Cooper: Movimento AntiPsiquiatria
• Promoveu um forte questionamento não só à Psiquiatria, mas à própria doença mental, tentando mostrar que o saber psiquiátrico não conseguia responder à questão da loucura
• Loucura = fato social/reação à violência externa
• Não necessitaria de tratamento
• Precisaria que fosse acompanhado em suas vivências
• Postulações: ambiente de contracultura libertária visando promover críticas às estruturas sociais, tidas como conservadoras
Italia (1960)
Movimento que promove a maior ruptura epistemológica e metodológica entre o saber/prática psiquiátrico
Psiquiatria Democrática Italiana não nega a existência da doença mental
Propõe uma nova forma de olhar para o fenômeno
• Complexidade da loucura como algo inerente à condição humana e que vai além do domínio da psiquiatria, dizendo respeito ao sujeito, à família, à comunidade e demais atores sociais
Franco Basaglia - Hospital Psiquiátrico de Gorizia (1961 a 1968)
• Desinstitucionalização da psiquiatria italiana
Utilizou algumas contribuições do modelo das Comunidades Terapêuticas
• Manicômio = lugar de segregação, de violência e morte.
Fortes reações do poder político local os técnicos do hospital convencidos da inviabilidade manicomial
• Alta coletiva + demissão em massa
“A própria estrutura social teria que promover a revisão de valores e práticas institucionais excludentes. Trata-se de uma tentativa de colocar a doença entre parênteses, voltando toda a atenção ao sujeito, considerando sua
complexidade, através de um trabalho interdisciplinar e psicossocial”.
Franco Basaglia
Primeiro esforço de reforma no Brasil
1920 e 1930
Juliano Moreira e Ulisses
Pernambucano foram os primeiros artífices
Ulisses diferenciou os serviços de psicóticos agudos dos crônicos.
Instituiu um serviço aberto
para tratamento em regime de pensão livre.
Criou um sistema de educação especial e um
serviço de saúde mental
Divisão Nacional de Saúde Mental (DINSAM)
Tentativa de reforma que colocasse o avanço técnico
a serviço dos pacientes
Derrocada da ditadura
condições para uma reação mais
eficaz.
A reação à má assistência psiquiátrica se deu em
três planos
Médico psiquiátrico
Antipsiquiátrico
Tecnocrático
Estatuto do Enfermo Psiquiátrico
Desospitalização progressiva
cuidados primários (nas unidades sanitárias).
Cuidados secundários (nas policlínicas e hospitais gerais).
Cuidados terciários (hospitais especializados e centros de habilitação e reabilitação)
Serviços integrados na rede geral de assistência médica
e social prevenir a descriminação e a exclusão
Essa proposta foi atropelada pelo Projeto
Paulo Delgado
“É processo político e social complexo, composto de atores, instituições e forças de diferentes origens, e que incide em territórios diversos, nos governos federal, estadual e municipal, nas universidades, no mercado dos serviços de saúde, nos conselhos profissionais, nas associações de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares, nos movimentos sociais, e nos territórios do imaginário social e da opinião pública.” (MS, 2005)
Reforma Psiquiátrica
Mudança dos modelos de atenção e gestão nas:
• Práticas de saúde,
• Defesa da saúde coletiva,
• Equidade na oferta dos serviços,
• Inserção dos trabalhadores e usuários dos serviços de saúde nos processos de gestão e produção de tecnologias de cuidado.
Movimento Sanitário – década de 1970
1978 : início efetivo do movimento social pelos direitos dos pacientes psiquiátricos
• O Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM)
• trabalhadores integrantes do movimento sanitário,
• associações de familiares,
• sindicalistas,
• membros de associações de profissionais
• pessoas com longo histórico de internações psiquiátricas
Crítica do modelo hospitalocêntrico (1978-1991)
Denúncia
violência dos manicômios,
mercantilização da loucura,
hegemonia de uma rede privada de assistência
Foco: DOENTE MENTAL
Colônia Juliano Moreira: (Colônia de Alienados de Jacarepaguá)
• Asilo com mais de 2.000 internos no início dos anos 80, no Rio de Janeiro
1987
• II Congresso Nacional do MTSM (Bauru, SP)
• “Por uma sociedade sem manicômios”
I Conferência Nacional de Saúde Mental (Rio de Janeiro)
• Primeiro CAPS no Brasil: São Paulo
1989: entrada no Congresso Nacional o Projeto de Lei do deputado Paulo Delgado (PT/MG)
Colônia Juliano Moreira
1989: Intervenção da Secretaria Municipal de Saúde de Santos (SP) na Casa de Saúde Anchieta (maus-
tratos + mortes de pacientes)
Núcleos de Atenção
Psicossocial (NAPS)-24
horas
residências para os egressos do hospital e associações
marco no processo de
Reforma Psiquiátrica brasileira
Experiência de Santos-SP
Fim da década de 1990
208 CAPS
hospitais psiquiátricos = ~ 93% dos recursos do MS para a Saúde Mental
2004: I Congresso Brasileiro de Centros de Atenção Psicossocial (São Paulo)
20.000 trabalhadores + usuários de CAPS.
1992:
II Conferência Nacional de Saúde Mental (Brasilia)
20.000 pessoas
1990: Conferência de Caracas,
referência fundamental para o processo de transformação do modelo de atenção à saúde mental que se desenvolve no país.
1986:
VIII Conferência Nacional de Saúde (marco para SUS)
Começo da implantação da rede extra-hospitalar (1992-2000)
Lei Federal 10.216
redireciona a assistência em saúde mental
privilegiando o oferecimento de tratamento em serviços de base comunitária,
dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas com transtornos mentais,
mas não institui mecanismos claros para a progressiva extinção dos manicômios
novo impulso e novo ritmo para o processo de Reforma Psiquiátrica no Brasil
MS: Linhas específicas de financiamento para serviços abertos e substitutivos ao hospital psiquiátrico
novos mecanismos para a fiscalização, gestão e redução programada de leitos psiquiátricos no país.
Rede de atenção diária à saúde mental: expansão
Fontes : Até o ano 2000, SIH/SUS. Em 2001, SIH/SUS, corrigido. Em 2002-2003, SIH/SUS,
Coordenação Geral de Saúde Mental e Coordenações Estaduais. Em 2004-2005, PRH/CNES.
Ano - Leitos HP
1996 -72514
1997 -71041
1998 -70323
1999 -66393
2000 -60868
2001 -52962
2002- 51393
2003 -48303
2004 -45814
2005 -42076
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01
: III
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)
• reafirmado os princípios da Reforma Psiquiátrica Brasileira
• comemorado a promulgação da Lei 10.216.
• necessidade de aprofundamento da reorientação do modelo assistencial em saúde mental,
• reestruturação da atenção psiquiátrica hospitalar,
• expansão da rede de atenção comunitária (participação efetiva de usuários e familiares)
sistemático e anual, avalia o hospital quanto:
Estrutura física
Dinâmica dos fluxos hospitalares,
Processos e os recursos terapêuticos
adequação e inserção dos hospitais à RASM em seu território e às normas
técnicas gerais do SUS.
“entrevistas de satisfação” com pacientes longamente internados e pacientes às vésperas de receber alta
hospitalar.
Gera uma pontuação que permite classificar hospitais psiquiátricos em
quatro grupos diferenciados:
Boa qualidade de assistência;
qualidade suficiente;
precisam de adequações e devem sofrer revistoria;
baixa qualidade (descredenciamento pelo Ministério da Saúde)
PNASH/Psiquiatria
Programa Nacional de Avaliação do Sistema Hospitalar/Psiquiatria
O processo de desinstitucionalização
A rede de cuidados na comunidade
Rede e Território
O papel estratégico dos CAPS
Saúde Mental na atenção primária: articulação com o programa de saúde da família
A rede de saúde mental para a infância e adolescência
Saúde Mental e Inclusão social: a rede se amplia
Programa de inclusão social pelo trabalho
Centros de Convivência e Cultura: uma proposta em debate
A participação dos familiares e usuários dos serviços e seu protagonismo
Política de álcool e outras drogas
Antecedentes: a omissão histórica da saúde pública
A organização da rede de atenção
Estratégias para redução de danos e riscos associados ao consumo prejudicial
Os principais desafios da Reforma Psiquiátrica
Acessibilidade e equidade
Formação de Recursos Humanos
O debate cultural: estigma, inclusão social, superação do valor atribuído ao modelo hospitalocêntrico, papel dos meios de comunicação
O debate científico: evidência e valor
2010: IV Conferência Nacional de Saúde Mental
“ Saúde Mental direito e compromisso de todos: consolidar avanços e enfrentar desafios”
Cresceu
complexidade,
multidimensionalidade e
pluralidade das necessidades em saúde mental,
permanente atualização e diversificação das formas demobilização e articulação política, de gestão, financiamento,normatização, avaliação e construção de estratégias inovadorase intersetoriais de cuidado
46.000 pessoas
integralidade do cuidado social e da saúde em geral
interfaces:
direitos humanos,
assistência social,
educação,
justiça,
trabalho
economia solidária,
habitação,
cultura,
lazer
esportes, etc.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção
à Saúde.DAPE. Coordenação Geral de Saúde
Mental. Reforma psiquiátrica e política de saúde
mental no Brasil. Documento apresentado à
Conferência Regional de Reforma dos Serviços de
Saúde Mental : 15 anos depois de Caracas. OPAS.
Brasília, novembro de 2005.