saúde, desporto e actividade física treino e rendimento ... vol4... · 29 treino proprioceptivo...

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ÍNDICE 03 Editorial saúde, desporto e actividade física investigação 05 A avaliação da resistência - Efeitos da aplicação de um programa de treino na aptidão cárdio-respiratória numa corporação de bombeiros profissionais Mourão, P.; Gonçalves, F. técnico 13 A avaliação da composição corporal - A medição de pregas adiposas como técnica para a avaliação da composição corporal Gonçalves, F.; Mourão, P. treino e rendimento desportivo investigação 23 A utilização dos membros superiores nos saltos verticais - Estudo comparativo entre um salto sem contramovimento sem a utilização dos membros superiores e um salto sem contramovimento com a utilização dos membros superiores Mourão, P.; Gonçalves, F. investigação 29 Treino proprioceptivo na prevenção a reabilitação de lesões nos jovens atletas Domingues, M. técnico 39 Pressupostos de validação de um questionário de avaliação psicossocial Gonçalves, F.; Mourão, P. técnico 51 Avaliação táctica no voleibol - O posicionamento defensivo e zonas vulneráveis em função da zona do ataque adversário no 5º jogo da fase final do Play-Off Divisão A1 Gonçalves, F.; Mourão, P. revisão 59 O treino da flexibilidade muscular e o aumento da amplitude de movimento: uma revisão crítica da literatura Santos Coelho, L. F. educação física e desporto investigação 73 A composição corporal, o VO2máx. e o estilo de vida de jovens estudantes do ensino superior Leal, M. J.; Calvo, G. T.; Miguel, P. A.; Antúnez, M. R.; Gimeno, C. E. técnico 81 Ficha de observação/avaliação motora - Ficha para verificação da qualidade de jogo dos alunos do 3º ciclo do Ensino Básico, nos Jogos Desportivos Colectivos Gonçalves, F.; Mourão, P.; Aranha, A. estudo de caso 91 Avaliação/classificação da disciplina “Seminário” - Métodos e técnicas de avaliação, estudo no curso de Des- porto da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Gonçalves, F.; Aranha, A. LINHAS DE INVESTIGAÇÃO 01 saúde, desporto e actividade física a) Actividade física e qualidade de vida b) Actividade física em populações especiais c) Actividade física na terceira idade d) Actividade física, genética e saúde e) Actividade física e diversidade 02 treino e rendimento desportivo a) Metodologia do treino b) Tecnologia adaptada ao Desporto Rendimento c) Treino de capacidades coordenativas, condicionais e cognitivas d) Treino da técnica, táctica em Desp. Rendimento e) Biomecânica e rendimento desportivo f) Psicologia Desportiva 03 educação física e desporto a) Educação física escolar b) Educação Física e Desporto Escolar c) Formação e avaliação em Educação Física d) Formação e avaliação dos profissionais de Educação Física e de Desporto 04 gestão, organização e factores sociais da actividade física e desporto a) Equipamento e instalações desportivas b) Gestão e organização do desporto c) Actividade física para todos d) Desporto e Turismo e) Direito desportivo

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ÍNDICE

03 Editorial

saúde, desporto e actividade físicainvestigação05 A avaliação da resistência - Efeitos da aplicação de

um programa de treino na aptidão cárdio-respiratórianuma corporação de bombeiros profissionaisMourão, P.; Gonçalves, F.

técnico13 A avaliação da composição corporal - A medição

de pregas adiposas como técnica para a avaliação da composição corporalGonçalves, F.; Mourão, P.

treino e rendimento desportivoinvestigação23 A utilização dos membros superiores nos saltos

verticais - Estudo comparativo entre um salto semcontramovimento sem a utilização dos membrossuperiores e um salto sem contramovimento com a utilização dos membros superioresMourão, P.; Gonçalves, F.

investigação29 Treino proprioceptivo na prevenção a reabilitação

de lesões nos jovens atletasDomingues, M.

técnico39 Pressupostos de validação de um questionário

de avaliação psicossocialGonçalves, F.; Mourão, P.

técnico51 Avaliação táctica no voleibol - O posicionamento

defensivo e zonas vulneráveis em função da zona do ataque adversário no 5º jogo da fase final do Play-Off Divisão A1Gonçalves, F.; Mourão, P.

revisão59 O treino da flexibilidade muscular e o aumento

da amplitude de movimento: uma revisão crítica da literaturaSantos Coelho, L. F.

educação física e desportoinvestigação73 A composição corporal, o VO2máx. e o estilo

de vida de jovens estudantes do ensino superiorLeal, M. J.; Calvo, G. T.; Miguel, P. A.; Antúnez, M. R.;Gimeno, C. E.

técnico81 Ficha de observação/avaliação motora - Ficha para

verificação da qualidade de jogo dos alunos do 3º ciclodo Ensino Básico, nos Jogos Desportivos ColectivosGonçalves, F.; Mourão, P.; Aranha, A.

estudo de caso

91 Avaliação/classificação da disciplina “Seminário” -Métodos e técnicas de avaliação, estudo no curso de Des-porto da Universidade de Trás-os-Montes e Alto DouroGonçalves, F.; Aranha, A.

LINHAS DE INVESTIGAÇÃO

01 saúde, desporto e actividade físicaa) Actividade física e qualidade de vida

b) Actividade física em populações especiais

c) Actividade física na terceira idade

d) Actividade física, genética e saúde

e) Actividade física e diversidade

02 treino e rendimento desportivoa) Metodologia do treino

b) Tecnologia adaptada ao Desporto Rendimento

c) Treino de capacidades coordenativas,condicionais e cognitivas

d) Treino da técnica, táctica em Desp. Rendimento

e) Biomecânica e rendimento desportivo

f) Psicologia Desportiva

03 educação física e desportoa) Educação física escolar

b) Educação Física e Desporto Escolar

c) Formação e avaliação em Educação Física

d) Formação e avaliação dos profissionais de Educação Física e de Desporto

04 gestão, organização e factores sociais da actividade física e desportoa) Equipamento e instalações desportivas

b) Gestão e organização do desporto

c) Actividade física para todos

d) Desporto e Turismo

e) Direito desportivo

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v0044 n0044 OUTUBRO/DEZEMBRO 2008RReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddeeda Fundação Técnica e Científica do Desporto

DIRECTORProf. dr. Ruben Gonçalves Pereira

DIRECTORES ADJUNTOSProf.ª dr.ª Ana Paula Ferreira de Brito (UV, Espanha)Prof. dr. Espregueira Mendes (Hospital São Sebastião)Mestre Alípio Oliveira(Comité Olímpico de Portugal)

DIRECTOR DE REDACÇÃOJoão Paulo Lourenço (FTCD)

PROPRIEDADE E EDIÇÃOFTCD - Fundação Técnica e Científica do Desportowww.motricidade.ftcd.org

CONCEPÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃOLaura Alves Lourenço

IMPRESSÃO E ACABAMENTOPublidisa

TIRAGEM1000 exemplares

PERIODICIDADETrimestral

ICS n.º 124607

ISSN n.º 1646-107X

DEPÓSITO LEGAL222069/05

e

Nos dias que correm, existe um certo consenso sobrealgumas considerações, repetidas sobretudo pelospolíticos e fazedores de opinião acerca do papel

da Investigação (I&D) na sociedade.Efectivamente, todos nós concordamos:

- Que a investigação, a procura do conhecimento, o desenvolvimento e a inovação são essenciais ao crescimento económico e social de um País;

- Que os investigadores e as instituições deinvestigação devem, cooperativamente com o grupoempresarial, definir e delimitar formas estratégicascada vez mais estreitas de cooperação;

- Que é essencial cada vez mais, atrair jovens para aárea das tecnologias e que o número ainda muitoreduzido de doutorados, em especial nas escolaspúblicas e nas empresas, justifica um esforço decrescimento profundo e determinado nesta direcção.

Mas, para quem se preocupa com este tema, a pergunta que surge é: Como fazer?

Como conseguir que estas afirmações passem de um con-junto de “generalidades e banalidades” a compromissos

claros de proficiência para com o desenvolvimento?

Falamos do desenvolvimento de uma cultura científicaque, apesar de tudo, é profundamente estranha ao País.

Considere-se o reduzido número de licenciados na forçade trabalho e o elevado abandono do ensino Secundário

para perceber onde se encontram as preocupações da generalidade da nossa população. As perspectivas de desemprego vão aumentar nos próximos tempos,

vida difícil está para chegar.

Mesmo no nosso burgo académico, seja-me permitida a generalização, onde parte da nossa inteligência seagrupa, esta “estranheza cultural” é também factual

e real. Atente-se na resistência oferecida pela conser-vadora Academia ao processo de Bolonha como recenteilustração. Felizmente parece-nos que foi ultrapassada.

Sendo certo que, no nosso País, um importante historial de I&D reside nas universidades públicas,

e que nas definições de políticas e estratégias de desenvolvimento os seus académicos são

sistematicamente implicados, nas mais diversas áreas,logo se percebe porque tudo continua sem mudar.

E apesar das nossas crescentes dificuldades, nada se faz para tratar as “raízes do problema”:

- Não existem programas de fomento / atracçãocientífica tão cedo quanto o 1.º ciclo de formação;

EDITORIAL

- Não existem políticas de Empreendedorismo nas escolas de forma profícua e continuada;

- As Universidades (e aqui as públicas são, por motivoshistóricos, as únicas relevantes) não se renovam, nãotêm plano estratégico que não seja o da gestão correntede tesouraria, sem preocupações de promoção dasactividades de I&D ou até da qualidade do ensino e,apesar dos seus enormes orçamentos de funcionamento,continuam a ser geridas por conselhos amadores;

- Os Institutos públicos (de I&D) são dissolvidos com amesma coerência com que foram criados, através de sistemas de avaliação – responsabilização poucotransparentes, que o próprio estado não questiona;

- Os programas que visam a promoção do acesso dasempresas a I&D são, por muitas razões, inoperantes:

- O apoio (do estado através da FCT) à I&D está longede corresponder à procura, e às necessidades do País,bastando apreciar o número (absurdo) de projectosrecusados em cada concurso.

Que potencial científico poderá então servir de base aodesenvolvimento que todos esperamos? E qual o papel,neste contexto, das Universidades estatais e privadas?

Grandes mudanças exigem grandes rupturas. Como essasnão se antevêem, não se esperem grandes modificações

do “estado da arte”, sobretudo nas Universidades.

E as Universidades privadas que, apesar de semprerelegadas pelo poder político para um plano secundário,

têm sido uma verdadeira “pedrada no charco” nosistema educativo, podem apenas questionar o actualstatus e, nalguns casos, tentar fazer personalizado /

/ diferente. Mesmo que o acervo científico, tecnológico e humano das instituições públicas

seja incomensuravelmente maior.

Por outro lado, o pouco que instituições como aFundação Técnica e Científica do Desporto têm, pode e deve ser maximizado e utilizado na perspectiva dosresultados, com permanente avaliação dos processos.

E neste quadro, os privados, podem continuar acontribuir seriamente para o fomento da I&D não sópelos exemplos que fornecem, como pelos resultados

que conseguem. Desde que à sua dimensão e,obviamente, não caindo na tentação de querer replicaros modelos públicos de organização e funcionamento

cuja proficiência está bem demonstrada.

Pensar e ser diferente pela positiva tem que ser o ónusdo caminho que nos rege para o futuro.

Ruben Gonçalves Pereira

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A AAVALIAÇÃO DDA RRESISTÊNCIA -- EEFFEEIITTOOSS DDAA AAPPLLIICCAAÇÇÃÃOO DDEE UUMM PPRROOGGRRAAMMAA DDEE TTRREEIINNOO NNAA AAPPTTIIDDÃÃOO CCÁÁRRDDIIOO--RREESSPPIIRRAATTÓÓRRIIAA

NNUUMMAA CCOORRPPOORRAAÇÇÃÃOO DDEE BBOOMMBBEEIIRROOSS PPRROOFFIISSSSIIOONNAAIISS

THE RRESISTANCE EEVALUATIONEEFFFFEECCTTSS OOFF AA SSPPEECCIIFFIICC TTRRAAIINNIINNGG PPRROOGGRRAAMM OONN PPRROOFFEESSSSIIOONNAALL

FFIIRREE--FFIIGGHHTTEERR CCAARRDDIIOO--RREESSPPIIRRAATTOORRYY FFIITTNNEESSSS

investigação

RESUMOOs bombeiros têm uma mais altaincidência de doenças cardíacas emais alto índice de morte prematu-ra, que outros indivíduos que de-sempenham, também, profissões de alto risco.

Uma má aptidão física limita, obvia-mente, a performance dos bombeirosassim como diminui a sua saúde. No entanto, a má aptidão física dobombeiro não o prejudica apenas aele como a toda a instituição, colo-cando em causa a segurança dosbens e das pessoas. De entre asvárias componentes da aptidão físi-ca, a aptidão cárdio-respiratóriatem sido identificada como a maisimportante.

Neste sentido, foi desenvolvido umprograma de treino de 12 semanas,tendo em vista o desenvolvimentoda capacidade cárdio-respiratórianuma corporação de bombeirosprofissionais.

Verificamos que, antes da aplicaçãodo programa de treino, estes bom-beiros, não possuíam uma aptidãocárdio-respiratória suficiente paradesempenhar as suas tarefas emsegurança e com eficácia (VO2máx= 44,17ml/kg/min) e que, após oprograma de treino, essa aptidãomelhorou (VO2máx=52,69 ml/kg//min), permitindo-lhes desta formarealizar as suas tarefas com eficá-cia e segurança.

ABSTRACTThe fire-fighters have an increasedrisk for developing cardiac patholo-gies and also a higher index of pre-mature death than other individualsthat perform high risk jobs.

In this way, low physical fitness ob-viously limits fire-fighter performance,as well as degrades their health.

However this fact not only damagesthe individual fire-fighter but alsothe institution that he representshence severely questioning propertyand general public safety.

The cardio-respiratory fitness hadbeen identify as the most importantphysical fitness component.

In this way, we developed a 12 weekstraining program, to improve thecardio-respiratory fitness in a pro-fessional fire-fighters corporation.

According to reference values, be-fore training these fire-fighters didnot have enough cardio-respiratoryfitness to adequately perform theirjob requirements with efficacy andsafety (VO2máx=44,17ml/kg/min).However after training there wasgreat improvement (VO2máx=52,69ml/kg/min), providing a safe andmore qualified service for the ge-neral population.

AUTORESPaulo Mourão1

Francisco Gonçalves2

1 Licenciado em Educação Física pelo ISMAI e Mestre em Ciências do Desporto pelaUniversidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

2 Licenciado e Doutorando em Educação Físicae Desporto pela Universidade de Trás-os--Montes e Alto Douro

A AAVALIAÇÃO DDA RRESISTÊNCIA -- EEFFEEIITTOOSS DDAA AAPPLLIICCAAÇÇÃÃOO DDEE

UUMM PPRROOGGRRAAMMAA DDEE TTRREEIINNOO NNAA AAPPTTIIDDÃÃOOCCÁÁRRDDIIOO--RREESSPPIIRRAATTÓÓRRIIAA NNUUMMAA CCOORRPPOO--RRAAÇÇÃÃOO DDEE BBOOMMBBEEIIRROOSS PPRROOFFIISSSSIIOONNAAIISS

4(4): 55-11

PPAALLAAVVRRAASS--CCHHAAVVEEresistência; aptidão cárdio--respiratória; bombeiro; saúde.

KKEEYYWWOORRDDSSresistance; cardio-respiratoryfitness; fire-fighter; health.

data de submissãoAAbbrriill 22000077

data de aceitaçãoJJuunnhhoo 22000077

06|07|

INTRODUÇÃO

A componente cárdio-respiratóriada aptidão física e fisiológica temsido, habitualmente, vista como amais importante do ponto de vistada saúde6.

A qualidade e quantidade de exer-cícios que visam atingir a óptimasaúde cardiovascular são incertos,embora, a incidência de doençascardiovasculares seja substancial-mente reduzida em homens activosque despendem mais de 2000 cal//dia a andar, a subir e a praticardesportos38.

Blair et al.5 mostraram que a baixaaptidão aeróbia foi um factor derisco de entre todas as causas demorte, reportando que a tendênciada mortalidade ajustado à idade do homem (média de 45 anos) foide 35 ml/kg/min.

Nos Estados Unidos da América e Canadá tem sido dada algumaatenção, fundamentalmente, à cor-relação entre estilo de vida (ma-nutenção do próprio peso, activi-dade física, etc.) e a performance e produtividade do trabalhador.

Vários estudos37 sugerem que osempregados que praticam bonshábitos de saúde, tendem a incor-rer em menos custos médicos e são menos ausentes do que osempregados que não o fazem.

Também benefícios fisiológicos,tais como, baixa pressão arterial,diminuição da frequência cardíacae aumento do VO2máx, estão rela-cionados com o aumento da produ-tividade no trabalho37.

A natureza altamente esgotantedo combate ao fogo, bem como, aincidência de lesões relacionadascom a profissão e a morte prema-tura entre bombeiros estão bemdocumentadas4,7,20.

De entre as várias actividadesprofissionais consideradas stres-

santes, salienta-se a actividade docombate ao fogo. Em consequênciadisso, os bombeiros têm um stressadicional, que lhes afectará inevita-velmente a sua aptidão física. Daíque, qualquer bombeiro corre maisriscos que a população em geral7.

Têm-se registado, cada vez mais,casos de bombeiros que sucumbem,vítimas de complicações cardíacas.As estatísticas provam que a maio-ria destes, tinham idades inferioresa 45 anos de idade33.

Esta situação, tem sido atribuídaao facto dos exercícios fatigantesserem realizados sem o prévio aque-cimento, juntamente com o stresstérmico e a inalação de poluição,com que se deparam20.

Quando ouvem o alarme, enquantoviajam para o incêndio e enquanto o combatem, o ritmo cardíaco dosbombeiros é demasiado alto, entreos 150 e os 190 batimentos porminuto e, por vezes, permanece emaltos níveis, por longos períodos de tempo20.

Felizmente, podem ser tomadasmedidas preventivas, uma vez que o risco de doenças cardíacas e demorte prematura é mais baixo emindivíduos com alto nível de aptidãocárdio-respiratória20.

Assim, quando os bombeiros nãoestão bem fisicamente há muitasprobabilidades destes adoecerem,contraírem lesões ou mesmo mor-rerem. Simultaneamente, tambémo seu desempenho profissional, é medíocre2,7,8,16,35.

Assim, a segurança dos cidadãosdepende, grandemente da aptidãofísica dos bombeiros, uma vez quenão só o cidadão estará mais pro-tegido com a boa condição física dobombeiro, como também a própriasaúde deste depende daquela29.

Num estudo realizado por Soth-mann et al.37, para definir o custoenergético da supressão do fogo,

verificou que 7 a 32 bombeirosveteranos não tinham o poder ae-róbio necessário para realizar astarefas que lhes eram exigidas du-rante o trabalho. Apesar de, váriosestudos23,26,40 considerarem que opoder aeróbio diminui com a idade,a classe etária dos bombeiros des-te estudo, com suficiente capaci-dade aeróbia foi de 26-51 anos, su-gerindo-se que a capacidade paraapagar fogos foi mais em funçãoda aptidão do que da idade26. Assim,o autor concluiu que as mudançasno poder aeróbio ao longo do temponão dependem somente da idade,mas também do nível de actividadefísica.

Um estudo realizado por Adams e Johnson1 verificaram que existeum decréscimo dos parâmetrosfísicos de abdominais, push-ups,flexibilidade com o avançar da idade.

Num estudo realizado44 foi avalia-da a relação entre aptidão física e os tempos de performance dosbombeiros numa tarefa de comba-te ao fogo. Os resultados indicamque as variáveis de aptidão físicaestão relacionadas significativa-mente com os tempos da perfor-mance do combate ao fogo. A habi-lidade dos bombeiros na execuçãodas tarefas de combate ao fogoestá relacionada significativamentecom a força muscular, resistênciamuscular e aptidão cardiovascular.

Vários investigadores têm exami-nado os requisitos físicos e fisio-lógicos necessários para o combateao fogo, com o intuito de delinearas capacidades que um bombeirodeve possuir e têm consistente-mente identificado, como um impor-tante factor, o consumo máximo de oxigénio (VO2máx)12,31,36,41.

Vários autores debruçaram-se so-bre a pesquisa de qual o VO2máxnecessário e ideal para a actividadede combate ao fogo.

investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

RReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto i

Assim, uns observaram que o com-bate ao fogo solicita consumos deoxigénio de 60-80% do máximo32.

Por sua vez, outros autores12 con-cluíram que os bombeiros neces-sitam, no mínimo, de um VO2máxde 3,0 l/min e um óptimo VO2máxde 3,5 l/min ou superior, para lhesassegurar uma relativa segurançano ambiente hostil em que desem-penham a sua actividade.

Um outro autor20 concluiu que énecessário um VO2máx de 45 ml//kg/min para um combate ao fogo,com sucesso. Outros investigadoresrecomendam um VO2máx de pelomenos 39,6 ml/kg/min e 45 ml//kg/min20. Um outro estudo reali-zado20 indica que, durante as ope-rações mais exigentes dos bom-beiros, que são também as maisencontradas, o VO2máx foi 41,5ml/kg/min.

Devido ao tempo restrito impostopelo árica (máscara de oxigénio), a duração máxima destas opera-ções foi limitada a 10 minutos. Otrabalho máximo para esta duraçãonão pode exceder aproximadamen-te 85% VO2máx3. A partir daqui, oVO2máx necessário para suportaresta intensidade de trabalho deveser 47,4 ml/kg/min. 90% das ope-rações de combate ao fogo queforam investigadas requerem umVO2máx de 23,4 ml/kg/min (entre16,9 e 44,0). O trabalho destaintensidade durante 1 a 2 horas,geralmente, corresponde a apro-ximadamente 50% do VO2máx3.Daqui em diante, o VO2máx neces-sário para suportar esta intensi-dade de trabalho é 46,8 ml/kg/min.Assim, valor mínimo de VO2máxrecomendado para os bombeiros é 45 ml/kg/min e o valor óptimo é 52 ml/kg/min20.

Porém, existem vários factores queinfluenciam na actividade destesindivíduos. Duncan et al.20 referem

que o peso e propriedades de inso-lação da roupa de protecção, espe-cialmente em ambientes quentes,são dois grandes contributos queinfluem no alto nível de exigênciaprofissional.

Estudos indicam que a actividadeutilizando o árica, provoca um au-mento de 25% na ventilação quan-do comparada com o exercício emcalção, t-shirt e sapatilhas13.

O uso de um árica incrementa 0,54l/min no consumo de oxigénio20

e reduz a capacidade máxima dedesempenho cerca de 20%20. Isto é atribuído a um aumento de 22--25 Kg de carga do árica24 e aoaumento no trabalho de respiração,resultante da resistência inspira-tória e expiratória.

A aptidão cardiovascular e respi-ratória é assim, a determinantemais importante na capacidade dobombeiro, de trabalhar por longosperíodos.

O índice mais usado de aptidão car-diovascular e respiratória é o con-sumo máximo de oxigénio (VO2máx).O VO2máx pode ser determinadodirectamente, por teste de esfor-ço máximo, ou pode ser estimadoatravés de testes submaximais.Embora os testes estimativostenham uma margem de erro de10 a 15%, são consideravelmen-te mais económicos, em termos de administração, de tempo e decustos21. Por isso, são frequente-mente empregues. Contudo, a de-terminação directa do VO2máx,usando máscara no tapete rolanteou cicloergómetro é recomenda-da sempre que possível. O tapeterolante é preferível, uma vez queenvolve uma maior massa mus-cular e requer do participante osuporte total do seu próprio peso12.

Em suma, em prol da segurança dapopulação em geral e dos própriosbombeiros, é essencial, para além

dos exames médicos regulares,que todos os bombeiros possuamcapacidades físicas que lhes per-mitam lidar com as exigências doofício19,33.

Os vários estudos apontam para anecessidade dos bombeiros possuí-rem valores de VO2máx mínimosde 45 ml/kg/min. Adicionalmente,possuir bons níveis de força eresistência muscular e flexibilidadedo tronco.

Com base nestes pressupostos,objectivamos para o nosso estudoa verificação dos níveis de aptidãofísica cárdio-respiratória na corpo-ração de bombeiros do aeroportoFrancisco Sá Carneiro, a verificaçãodos efeitos da aplicação de umprograma de treino de 12 semanasna mesma corporação e, a verifica-ção do nível final da aptidão cárdio--respiratória destes indivíduos e se esta lhes permite lidar com asexigências da profissão com eficá-cia e em segurança.

METODOLOGIA

AAmmoossttrraaA amostra é constituída por 23bombeiros do aeroporto FranciscoSá Carneiro, todos do género mas-culino, com 23,94 ± 1,89 anos; com 176,37 ± 5,08 cm; e com74,43 ± 7,90 Kg.

PPrroocceeddiimmeennttoossA avaliação da aptidão cárdio-respiratória dos bombeiros foideterminada através do teste deCooper (12’). Foi utilizado o testede Cooper pela facilidade de medi-ção, por questões económicas epela alta correlação com o consu-mo máximo de oxigénio (r=0,90)21,22.

08|09|

Neste teste, o sujeito deve per-correr a maior distância possíveldurante 12 minutos.

A determinação do consumo má-ximo de oxigénio (VO2máx), atravésdo resultado do teste Cooper foifeita através da equação, citadapor Grannell e Cervera21:

VVOO22mmááxx ((mmll//kkgg//mmiinn)) ==

2222,,335511 xx ddiissttâânncciiaa ((KKmm)) -- 1111,,228888

A frequência cardíaca máxima, foiobtida no período imediato apósesforço, individualmente, atravésde palpação manual na artériacarótida, durante 15 segundos,sendo este valor multiplicado porquatro.

NOTA: Todos os procedimentos rea-lizados respeitam as normas inter-nacionais de experimentação comhumanos (Declaração de Helsín-quia, 1975).

Como instrumentos para avaliaçãoda aptidão cárdio-respiratória, foiutilizada uma Fita métrica (Stanley34-296), sinalizadores de plástico,um Apito e um Cronómetro AdidasABS case 10-0190.

Os testes foram realizados nasinstalações do Serviço de Socor-ros do Aeroporto Francisco SáCarneiro no dia 5 de Março (pré--teste) e no dia 4 de Junho de 2001(pós-teste), ambos às 10 horas da manhã. O programa de treino foi dividido em 3 fases (1ª fase -11/03 a 05/04; 2ª fase - 08/04a 03/05;3ªfase-06/05 a 31/05).

Procurando atingir os níveis deaptidão cárdio-respiratória neces-sários para as tarefas de combateao fogo, cada bombeiro participounum programa de treino de 5 horassemanais (duas sessões de duashoras e uma sessão de uma hora),durante 12 semanas.

A aptidão cárdio-respiratória foidesenvolvida através do métodocontínuo constante.Na primeira fase, foi trabalhada a65-75% da frequência cardíaca má-xima, na segunda fase, a 70-80%da frequência cardíaca máxima ena terceira fase a 80-90% da fre-quência cardíaca máxima.

EEssttaattííssttiiccaaForam calculadas a média e o des-vio padrão, de forma a obter umquadro descritivo das diferentescolecções de dados.Para estudar a presença ou ausên-cia de ganhos, entre os dois mo-mentos do estudo, recorreu-se aoteste-t de medidas repetidas.O nível de significância foi estabe-lecido em 5% (p<0,05).A análise dos dados foi efectuada apartir do recurso ao programa es-tatístico SPSS 11.5. for Windows.

RESULTADOS

Quanto aos resultados obtidos naavaliação da aptidão cárdio-respi-ratória, descritos no quadro 2, o primeiro aspecto que se salientaé a constatação do nível inicial deconsumo máximo de oxigénio, ligei-ramente abaixo do mínimo reco-mendado (44,17ml/kg/min - 2481metros). Isto se tivermos em contaque o valor mínimo de VO2máxrecomendado pela literatura paraas tarefas de combate ao fogo, é45 ml/kg/min, então, antes daaplicação do programa de treino,estes bombeiros não estavam aptosa desempenhar as suas tarefas emsegurança e com eficácia.Através da observação da figura 1,podemos claramente verificar essesvalores recomendados e a coloca-ção da amostra relativamente aesses valores.

investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

*o percurso específico continha actividades específicas da actividade dos bombeiros evisava o treino da capacidade cárdio-respiratória e resistência muscular.

Aptidão Cárdio-respiratória

Resistência MuscularEspecífica

65-75% da FCmáx

Percurso específico*

FFaassee 11 --44 sseemmaannaass

70-80% da FCmáx

Percurso específico*

55 --88 sseemmaannaass

80-90% da FCmáx

Percurso específico*

99 --1122 sseemmaannaass

QQUUAADDRROO1Programa de treino aplicado e sua distribuição pelas três fases.

*Diferenças estatisticamente significativas (p<0,05).

VO2máx 44,17

Média

PRÉ-TREINO

8,97

SD

52,69

Média

PÓS-TREINO

4,77

SD

8,52

abs.

GANHOS

16,46

%

-5,02

t

VALORES

0,000*

p

QQUUAADDRROO2Resultados da avaliação consumo máximo de oxigénio, determinado através dosresultados do teste Cooper. Valores médios, desvios padrão, ganhos absolutos (Abs.) e percentuais (%) e comparação dos valores médios nos dois momentos de avaliaçãopara o consumo máximo de oxigénio (VO2máx).

RReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto i

A linha contínua e a linha tracejadarepresentam os valores, mínimo eóptimo, respectivamente, recomen-dados pela literatura.

Analisando os valores de t e p doquadro 2, verificamos claramenteque houve ganhos com significadoestatístico (p<0,05), que em termospercentuais foram de 16,46%(52,69 ml/kg/min - 2852 metros).

Desta forma, podemos afirmar queo programa de treino aplicado in-cutiu nos candidatos um aumentosignificativo na sua capacidadecárdio-respiratória, levando-os aníveis óptimos de desenvolvimentodas suas tarefas.

Em comparação, num outro estudorealizado41, o qual visava o aumentoda capacidade cárdio-respiratória,da força e resistência muscular eda flexibilidade, através da aplica-ção de um programa de treino de16 semanas, os autores concluí-ram que o grupo teve um aumentode 28% no seu VO2máx, alcançandoo VO2máx recomendado.

Uma explicação para a diferença deganhos entre esse estudo e o nos-so, será a duração do programa de treino, 12 semanas do nossoestudo comparativamente às 16semanas do referido estudo41.

Pensamos que também o nível deaptidão inicial, poderá influenciaresta diferença. Se considerarmos o valor do VO2máx no pré-teste donosso estudo (44,17ml/kg/min),verificamos que se encontra pró-ximo do mínimo recomendado(45ml/kg/min) enquanto que nooutro estudo41, o valor do VO2máxdo pré-teste foi de 35 ml/kg/min.

Desta forma, no nosso programade treino, não seria tão urgente oincremento nos níveis de VO2máx,enquanto no outro estudo41, esseincremento urgia.

Também a faixa etária poderá terinfluenciado estes resultados. Setivermos em conta, um estudorealizado por Makrides et al.41, noqual era comparado o VO2máx entredois grupos antes e após a aplica-ção de um programa de treinodurante 12 semanas (3 sessões de 1 hora por semana).

O primeiro grupo era constituídopor jovens (20-30 anos), sedentá-rios e sãos, e, o segundo grupo eraconstituído por idosos (60-70 anos),sedentários e sãos. Os autoresconcluíram que o grupo dos jovensexperimentou um aumento de 28%no seu VO2máx, enquanto o grupodos idosos, experimentou um au-mento de 38% no seu VO2máx.

Estes resultados podem ser expli-cados através dos programas detreino aplicados e factores como aidade e níveis iniciais de aptidãofísica. Daí que, para além dos níveisiniciais de aptidão física, também afaixa etária poderá estar na origemdas diferenças de ganhos entre onosso estudo (23,94±1,98 anos) e o estudo de Roberts et al. (28,3±4,3 anos)41.

Desta forma, podemos concluir queestes bombeiros, antes da aplica-ção do programa de treino, nãopossuíam uma aptidão cárdio--respiratória capaz de respondercom eficácia e segurança às exi-gências da actividade dos bombei-ros, uma vez que o seu VO2máx era inferior a 45 ml/kg/min.

No entanto, após a aplicação doprograma de treino, verificou-seque estes, possuíam uma aptidãocárdio-respiratória de 52,69 ml//kg/min considerada óptima pelaliteratura (VO2máx óptimo ≥52 ml//kg/min), capaz de responder comeficácia e em segurança às exi-gências da profissão, principalmenterelativas ao combate ao fogo.

Uma das limitações do nosso estu-do prende-se com o facto da fre-quência cardíaca ter sido calcula-da, pela percepção manual indivi-dual. Para diminuir esta possívelsubjectividade, é recomendada autilização de métodos de obtençãoda frequência cardíaca mais fiáveis,como por exemplo cárdio-frequen-címetros.

Outro aspecto a ter em linha deconta é a validade da equaçãoutilizada para a determinação doVO2máx, que não foi validada paraa população Portuguesa.

FFIIGGUURRAA1Resultados do consumo máximo de oxi-

génio nos dois momentos de avaliação. Osresultados são expressos em ml/kg/min.

A linha contínua representa o consumo deoxigénio mínimo, e a linha a tracejado

representa o consumo de oxigénio óptimorecomendado pela literatura.

(*p<0,05)

55

54

53

52

51

50

49

48

47

46

45

44

43

42

41

40

VO2máx

*

LLEEGGEENNDDAA

Pré-teste Pós-teste

10|11|

CORRESPONDÊNCIA

Francisco Gonçalves

Travessa Comendador Seabra daSilva, n.º 226

3720-297 Oliveira de Azeméis

E-mail: [email protected]@hotmail.com

Tlms: 917 668 858966 833 562

Tlf: 256 285 335

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NUMERO 1F.qxp 14/05/08 23:26 Page 12

A AAVALIAÇÃO DDA CCOMPOSIÇÃO CCORPORAL -- AA MMEEDDIIÇÇÃÃOO DDEE PPRREEGGAASS AADDIIPPOOSSAASS CCOOMMOO TTÉÉCCNNIICCAA PPAARRAA AA AAVVAALLIIAAÇÇÃÃOO DDAA CCOOMMPPOOSSIIÇÇÃÃOO CCOORRPPOORRAALL

técnico

RESUMOCom o nosso trabalho, pretendemoselaborar um documento de pesqui-sa e apoio, assim como de orien-tação para futuros “avaliadores” da Composição corporal, através da Antropometria e mais concreta-mente, através da medição de pre-gas adiposas.

Isto surge porque a análise deta-lhada da composição corporal per-mite a quantificação de grande varie-dade de componentes corporais etorna-se de extrema importânciapois permite determinar a quanti-dade total e regional de gorduracorporal (Fragoso e Vieira, 2000).

Existem várias técnicas para aavaliação da mesma ComposiçãoCorporal, desde técnica directas,técnicas indirectas e técnicas dupla-mente indirectas. Logicamente, astécnicas directas são mais precisas,mas infelizmente são as mais dis-pendiosas e morosas, pelo que setornam de difícil execução. Assim,torna-se bastante importante aexistência das outras técnicas quesão bem mais acessíveis, como é ocaso da Antropometria e a mediçãode pregas adiposas. No entanto,mesmo nesta técnica existem cui-dados e procedimentos, tais como o tipo de instrumento utilizado, oslocais de medição, etc., que devemser tidos em conta, de forma aminimizar erros de medida.

ABSTRACTWith our work, we intend to elabo-rate a document of research andsupport, as well as of orientation forfuture “appraisers” of the BodyComposition, through the Anthro-pometry and more concretely, themeasurement of Skinfolds.

This arise because the detailed ana-lysis of the Body Composition allowsthe quantification of many bodycomponents and becomes of extre-me importance therefore allows todetermine the total and regionalamount of body fat (Fragoso andVieira, 2000).

Exists several techniques for theevaluation of the same Body Com-position, since direct technique,indirect techniques and doubly indi-rect techniques. Logically, the directtechniques are more exactly, butunhappyly they are expensive andslow, for that, they become of diffi-cult execution.Thus, the existence of the othertechniques becomes very importantbecause are more accessible, as itis the case of the Anthropometryand the measurement of Skinfolds.However, even in this techniqueexists very cares and procedures,such as the type of used instru-ment, the places of measurement,etc., that must be had in account, to minimize measure errors.

AUTORESFrancisco Gonçalves1

Paulo Mourão2

1 Licenciado e Doutorando em Educação Físicae Desporto pela Universidade de Trás-os--Montes e Alto Douro

2 Licenciado em Educação Física pelo ISMAI e Mestre em Ciências do Desporto pelaUniversidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

A AAVALIAÇÃO DDA CCOMPOSIÇÃOCORPORAL -- AA MMEEDDIIÇÇÃÃOO DDEE PPRREEGGAASS AADDIIPPOOSSAASS CCOOMMOO TTÉÉCCNNIICCAA PPAARRAA AAAAVVAALLIIAAÇÇÃÃOO DDAA CCOOMMPPOOSSIIÇÇÃÃOO CCOORRPPOORRAALL

4(4): 113-21

PPAALLAAVVRRAASS--CCHHAAVVEEcomposição corporal;antropometria; pregas adiposas.

KKEEYYWWOORRDDSSbody composition; anthropomety; skinfold.

data de submissãoAAbbrriill 22000077

data de aceitaçãoJJuunnhhoo 22000077

14|15|

1. INTRODUÇÃO

A composição corporal é a propor-ção entre os diferentes compo-nentes corporais e a massa cor-poral total, sendo normalmenteexpressa pelas percentagens degordura e de massa magra. Pelaavaliação da composição corporal,podemos, além de determinar oscomponentes do corpo humano de forma quantitativa, utilizar osdados obtidos para detectar o graude desenvolvimento e crescimentode crianças e jovens e o estado doscomponentes corporais de adultos eidosos (Heyward e Stolarczyk, 2000).A sua análise detalhada permite aquantificação de grande variedadede componentes corporais e torna--se de extrema importância porquepermite determinar a quantidadetotal e regional de gordura cor-poral (Fragoso e Vieira, 2000).É neste sentido, que a avaliação da Composição Corporal se revelacomo extraordinariamente impor-tante. Existem várias formas de ofazer, no entanto, as mais precisassão bastante dispendiosas e moro-sas. Porém, existem formas indi-rectas de calcular a ComposiçãoCorporal, que são mais acessíveisa todos os níveis. Uma dessasformas é a Antropometria. No nossotrabalho, centramo-nos e aprofun-damos uma técnica antropomé-trica para o cálculo da ComposiçãoCorporal, que é a Medição de Pre-gas Adiposas.Assim, no nosso trabalho, começa-mos por descrever o que é a Com-posição Corporal, referindo a im-portância da avaliação da mesma.Seguidamente, iremos referir algu-mas formas de medição e avaliaçãoda mesma, até chegarmos à Me-dição de Pregas Adiposas, ondeiremos abordar entre outros, asfontes de erro de medida, a técnicade medição e os locais de mediçãopadronizados.

Desta forma, esperamos que onosso trabalho sirva de linha deorientação a futuros “avaliadores”da composição corporal, através da antropometria e mais concre-tamente, através da medição depregas adiposas.

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. COMPOSIÇÃO CORPORAL

Segundo em Heyward e Stolarczyk(2000), a Antropometria tem sidoutilizada para avaliar o tamanho e as proporções dos segmentoscorporais, através da medição decircunferências e comprimento dossegmentos corporais. Por volta de1915, a espessura do tecido adipososubcutâneo foi medida utilizando--se o método das pregas adiposas.Nos anos 60 e 70, essas medidasforam utilizadas para desenvolvervárias equações antropométricaspara predizer a densidade corporaltotal e a gordura corporal.

Um outro método de avaliação dacomposição corporal aplicável emambientes de campo e clínico é aanálise da Bioimpedância. Estatécnica foi iniciou-se no início dosanos 60, e é um método que avaliaessencialmente a quantidade deágua total no organismo, atravésda aplicação de uma corrente eléc-trica, baseando-se no princípio deque só as substâncias ionizadastêm, de conduzir corrente eléctrica.Caracteriza-se por ser um métodorápido e não invasivo, porém é maiscaro que o método das pregasadiposas e antropométrico. De acor-do com Fragoso e Vieira (2000)existe ainda a densitometria radio-lógica de dupla energia, sendo ummétodo não invasivo que se utiliza

para medir o conteúdo mineralósseo, a quantidade de gorduracorporal e a quantidade de massaisenta de gordura feita através da quantificação da quantidade defeixe de raio-x que é retardado aoatravessar aquelas superfícies.

Actualmente, e segundo Heyward eStolarczyk (2000), a composiçãocorporal é a proporção entre osdiferentes componentes corporaise a massa corporal total, sendonormalmente expressa pelas per-centagens de gordura e de massamagra. Pela avaliação da compo-sição corporal, podemos, além dedeterminar os componentes docorpo humano de forma quantita-tiva, utilizar os dados obtidos paradetectar o grau de desenvolvimentoe crescimento de crianças e jovense o estado dos componentes cor-porais de adultos e idosos.

Segundo Fragoso e Vieira (2000),quando falamos em composiçãocorporal referimo-nos ao estudo dediferentes componentes químicosdo corpo humano. A sua análisedetalhada permite a quantificaçãode grande variedade de componen-tes corporais, tais como a água, asproteínas, a gordura, os hidratosde carbono, os minerais, etc., ape-sar das proporções corporais rela-tivas destes componentes seremidênticas em todos os indivíduos,sendo o maior constituinte corporala água, seguindo-se as proteínas e as gorduras, os hidratos de car-bono, os minerais e os outros com-ponentes, a quantidade de cadaconstituinte corporal varia deindivíduo para indivíduo.

2.1.1. IMPORTÂNCIA DA MEDIÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL

Em termos de condição física,torna-se primordial a medição dacomposição corporal, porque esta

investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

t

avalia a quantidade total e regionalde gordura corporal. Segundo Hey-ward e Stolarczyk (2000), podemosutilizar a composição corporal para:

- Identificar riscos de saúde asso-ciados a níveis excessivamentealtos ou baixos de gordura cor-poral total;

- Identificar riscos de saúde asso-ciados ao acumulo excessivo degordura intra-abdominal;

- Proporcionar a percepção sobreos riscos de saúde associados àfalta ou ao excesso de gorduracorporal;

- Monitorizar mudanças na com-posição corporal associadas acertas doenças;

- Avaliar a eficiência das interven-ções nutricionais e de exercíciosfísicos na alteração da composi-ção corporal;

- Estimar o peso corporal ideal deatletas e não atletas;

- Formular recomendações dietéti-cas e prescrições de exercíciosfísicos;

- Monitorizar mudanças na com-posição corporal associadas aocrescimento, desenvolvimento,maturação e idade.

Katch e McArdle (1983), demons-traram que a percentagem de gor-dura corporal (avaliada atravésdas pregas adiposas) de rapazes e raparigas, em idades compreen-didas entre 5 a 18 anos, estavacorrelacionada com factores derisco de doença coronária (pressãosanguínea, colesterol total e pro-porção das lipoprotaínas) em crian-ças e adolescentes. Este, pode serum dos factores que levam a que aavaliação da composição corporal,deva ser incluída no currículo deEducação Física (Heyward eStolarczyk, 2000).

2.1.2. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL

Existem várias técnicas para adeterminação da composição cor-poral, chamando-se a estas méto-dos. Estes procedimentos podem--se classificar em (Pontes, 2003):

2.1.2.1. MÉTODO DIRECTO

É aquele em que há separação epesagem de cada um dos compo-nentes corporais isoladamente.

De acordo com Costa (2001), adissecação de cadáveres é a únicametodologia considerada directa.Neste método procede-se à sepa-ração dos diversos componentesestruturais do corpo humano, como intuito de verificar a sua massaisoladamente e estabelecer relaçõesentre os diversos componentes e amassa corporal total. Desta forma,podemos perceber a razão pelaqual há tão poucos estudos tendocomo base este método, pois é umametodologia de difícil consecução.

2.1.2.2. MÉTODOS INDIRECTOS

São aqueles em que não há mani-pulação dos componentes sepa-rados, mas utilizam-se princípiosquímicos e físicos que visam aextrapolação das quantidades de gordura e de massa magra;

Estes métodos são aqueles em quenão há manipulação dos compo-nentes separados, pois realizam asestimativas a partir de princípiosquímicos e físicos com base naextrapolação das quantidades degordura e de massa magra.

Entre os métodos indirectos, aPesagem Hidrostática tem sidoconsiderada como referência para avalidação de métodos duplamenteindirectos. Esta baseia-se no Prin-cípio de Arquimedes segundo o qual“todo o corpo mergulhado num

fluido (líquido ou gás) sofre, porparte do fluido, uma força verticalpara cima, cuja intensidade é igualao peso do fluido deslocado pelocorpo”. A Pesagem Hidrostáticadefine o volume corporal pelo cál-culo da diferença entre a massacorporal aferida normalmente e amedição do corpo submerso emágua. Na Pesagem Hidrostática,primeiro verifica-se a massa doindivíduo fora de água, e seguida-mente dentro de água. Na pesagemdentro de água, o indivíduo deverealizar uma expiração máxima,visando eliminar a maior quanti-dade de ar possível dos pulmões.Como este procedimento envolveadaptação ao meio líquido, sãorealizadas de 8 a 12 pesagens sub-mersas, apresentando, na fórmulaa média das três maiores medidas.

Outro dos métodos indirectos quetem sido utilizado para validaçãodos métodos duplamente indirectosé a Densitometria Radiológica de Dupla Energia. Este método éconsiderado como uma técnicaavançada para avaliar a composi-ção corporal (Costa, 2001).

Segundo Fragoso e Vieira (2000)este método é um método nãoinvasivo que se utiliza para medir oconteúdo mineral ósseo, a quanti-dade de gordura corporal e a quan-tidade de massa livre de gordura.

O princípio básico em que se fun-damenta é o de que, o osso e ostecidos moles do corpo podem seratravessados, até uma profundi-dade de 30 cm, por feixes de raio-xcom energias diferentes, emitidosalternadamente, sendo a prediçãodo conteúdo mineral ósseo, da mas-sa gorda e da massa livre de gor-dura feita através da quantificaçãoda quantidade de feixe de raio-xque é retardado ao atravessaraquelas superfícies.

RReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto

16|17|

2.1.2.3. MÉTODOS DUPLAMENTE INDIRECTOS

São aqueles que surgem a partirdos métodos indirectos e que seencontram devidamente validados.Os procedimentos duplamente indi-rectos podem ser validados por ummétodo indirecto, mais frequente-mente a Pesagem Hidrostática e aDensitometria Radiológica de DuplaEnergia, sendo que os mais utili-zados em estudos de campo são,nos dias de hoje, a Bioimpedância e a Antropometria. A análise de impedância bioeléc-trica (Bioimpedância) é um métodorápido, não-invasivo e relativamentebarato para avaliar a composiçãocorporal em situações de campo eclínicas. Uma corrente eléctrica debaixo nível é passada através docorpo do indivíduo e a impedância,ou oposição ao fluxo da corrente, é medida com um analisador deBioimpedância. A resistência aofluxo da corrente será maior emindivíduos com grande quantidadede gordura corporal, dado que otecido adiposo é mau condutor decorrente eléctrica pela sua relativabaixa quantidade de água. Existeuma forte relação entre as medi-das de impedância total do corpo e água corporal total, por estemotivo sugere-se que o método deBioimpedância seja uma ferramen-ta valiosa para a análise da compo-sição corporal e avaliação da águacorporal total no ambiente clínico(Heyward e Stolarczyk, 2000).No entanto, para a avaliação clíni-ca ou para o estudo de grandesgrupos populacionais surgem diver-sas dificuldades com a utilização de técnicas indirectas. Como tal,surgem alternativas para minimizaressas mesmas dificuldades. Umadas alternativas mais comuns é ouso de algumas técnicas baseadasna utilização de medidas antropo-métricas. Estas técnicas incluem

proporções massa – estatura, pe-rímetros corporais e medidas depregas adiposas.

2.2. ANTROPOMETRIA

De acordo com Costa (2001), devi-do ao baixo custo operacional e àrelativa simplicidade de utilização,os métodos antropométricos sãoaplicáveis a grandes amostras epodem proporcionar estimativasnacionais e dados para análise demudanças.

A predição da composição corporalatravés da Antropometria utilizamedidas relativamente simples co-mo massa, estatura, perímetros,diâmetros ósseos e espessura daspregas adiposas. Quando o objectivoé estimar somente a percentagem degordura corporal, as medidas maisutilizadas são as pregas adiposas.

A Antropometria pode ser usadapara identificar indivíduos em riscode doença, sendo indicada parapesquisas epidemiológicas de largaescala e propósitos clínicos (Nobre,1995). As medidas de perímetros ediâmetros ósseos são indicadoresde massa corporal magra, enquan-to que, alguns perímetros sãoaltamente associados à componen-te de gordura. Isso confirma que asmedidas de circunferência reflectemtanto a gordura, quanto a massalivre de gordura da composiçãocorporal.

Com base em Heyward e Stolarczyk(2000), a exactidão e a fidelidade dasmedidas antropométricas podemser afectadas por:

- Equipamento;

- Habilidade do Avaliador;

- Factores Individuais;

- Equação de predição utilizada.

Um outro método de avaliação dacomposição corporal é o Índice de

Massa Corporal. Este método édefinido pela proporção do peso docorpo para altura ao quadrado(Heyward e Stolarczyk, 2000). OÍndice de Massa Corporal é ummétodo de grande importância prá-tica e mostra uma boa correlaçãocom a mortalidade e morbilidadegerais e com a mortalidade e mor-bilidade relacionadas com diversaspatologias.

Uma outra medida antropométricacom potencial para prognosticar adistribuição de gordura e risco dedoença. O Índice de Conicidade ébaseado na ideia de que o corpohumano muda de formato de umcilindro para o de um cone duplo,com o acumulo de gordura aoredor da cintura.

2.2.1. PREGAS ADIPOSAS

A medição das pregas adiposas,também denominadas pregas degordura subcutânea ou skinfold,constitui um dos métodos de ava-liação da gordura corporal maisutilizados, pela facilidade de utiliza-ção, baixo custo e pela sua grandecorrelação com a gordura corporaltotal (Fragoso e Vieira, 1994).Esta metodologia baseia-se nofacto de cerca de 50% da gorduracorporal total estar localizada sub-cutaneamente, constituindo aquiloque se designa por massa adiposasubcutânea ou panículo adiposo.Em virtude da espessura da pele re-presentar apenas cerca de 1,8 mm,a maioria da espessura da prega érepresentativa de gordura subcu-tânea (Moreira, 1995).

Pesquisas demonstram que a gor-dura subcutânea, avaliada pelométodo das pregas adiposas emdoze locais, é similar ao valorobtido nas imagens de ressonânciamagnética (Heyward Stolarczyk,2000).

investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

t

A medição das pregas adiposaspossui uma elevada correlação comos outros meios mais sofisticadosde avaliação da composição corpo-ral. Para além disto, constitui umaalternativa simples, menos dispen-diosa e precisa (Moreira, 1995).Para Ferreira (1998), a espessuradas pregas subcutâneas quer nobraço (tricipital) quer no tronco(subescapular), permitem umaavaliação mais específica para a obesidade ou sobrecarga pon-deral, do que a utilização isolada do Índice de Massa Corporal.

2.2.1.1. FONTES DE ERRO DE MEDIDA

Para Heyward e Stolarczyk (2000),a exactidão teórica das equaçõesde pregas adiposas para predizer a Densidade Corporal é 0,0075g/cm3 ou 3,3 Gordura Corporaldevido à variabilidade biológica em estimar a gordura subcutâneaatravés da espessura das pregasadiposas e diferenças inter-indi-viduais na relação entre a gordurasubcutânea e a gordura corporaltotal. Portanto, erros de predição≤3,5% Gordura Corporal ou≤0,0080 g/cm3 para equações depregas adiposas são aceitáveis,porque uma parte desse erro éatribuída ao método de referência.Na estimativa da Gordura Corporal,a validade e fiabilidade das medidase do método das pregas adiposassão afectadas pelos seguintes fac-tores: (Heyward Stolarczyk, 2000):

- Habilidade do avaliador;

- Aproximadamente 3 a 9% da va-riabilidade em medidas de pregasadiposas podem ser atribuída aerro de medida devido a dife-renças entre avaliadores. Paraque a diferença seja a menorpossível, é necessário que hajauma padronização dos procedi-mentos do teste (marcação dolocal da prega e bom conhecimen-to das localizações anatómicas).

- Tipo do adipómetro:

- As pregas de adiposidade subcu-tânea são medidas através deum instrumento designado deadipómetro, cujas normas deconstrução estão padronizadas.De entre os mais utilizados,destacam-se os adipómetros deLange e de Harpenden. Contudo,face ao seu custo elevado custo,têm aparecido no mercado adipó-metros fabricados em materialplástico, mais baratos, mais levese cuja a precisão de medida temmerecido uma atenção crescen-te por parte dos seus fabri-cantes à semelhança do queacon-tece com o adipómetro de Slimguide. Seja qual for o tipode adipómetro utilizado, é impor-tante ter em atenção que osmesmos são susceptíveis deconduzirem a diferentes resulta-dos, contudo, todos eles devemexercer um a pressão constantede 10 g/mm2 sobre a pele e per-mitirem leituras até às décimasde milímetro. De salientar que o adipómetro utilizado ao longodo estudo deve ser sempre omesmo. (Heyward e Stolarczyk,2000; Claessens, Beunen e Ma-lina, s/d).

- Factores individuais:

- A variabilidade em medidas daspregas adiposas entre indivíduospode ser atribuída não apenas à diferença na quantidade degordura subcutânea no local,mas à diferença na espessurada pele, compressibilidade dotecido adiposo, manuseio e nívelde hidratação. Para tal é neces-sário ter alguns cuidados. Assim,as pregas adiposas não devemser medidas:

- Imediatamente após o exer-cício, devido à mudança dosfluidos corporais para a peletender a aumentar o tamanhoprega;

- Nas mulheres, durante períodomenstrual, devido à retençãode água que aumenta a espes-sura da prega;

- Dos dois lados (direito/esquer-do). Ainda não existe um padrãosobre qual o lado do corpo, emque as medidas antropomé-tricas devem ser medidas. Se-gundo Harrisson et al. (1988),estas devem ser medidas dolado direito do corpo.

- Equação de predição utilizada:

- As equações de predição devemser seleccionadas baseadas naidade, sexo, etnia e nível deactividade física.

2.2.1.2. TÉCNICA DE MEDIÇÃO

Para se desenvolver a habilidadecomo avaliador de pregas adipo-sas, é necessário muito tempo eprática. Seguir procedimentos pa-dronizados aumenta a exactidão efidelidade das medidas (Harrissonet al., 1988; Heyward e Stolarczyk,2000; Claessens, Beunen e Malina,s/d).

RReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto

FFIIGGUURRAA1Adipómetros de alta precisão e deplástico (Heyward e Stolarczyk, 2000).

18|19|

Segundo Moreira (1995), a técni-ca de medição deve respeitar osseguintes procedimentos:

- Efectuar todas as medidas daspregas adiposas do lado direitodo corpo;

- A temperatura ambiente devesituar-se entre os 18 e os 22ºCe a humidade deve ser inferior a60%;

- Cuidadosamente identificar, me-dir e marcar o local das pregasadiposas, especialmente tratan-do-se de um avaliador inexperiente;

- Para a medição, é preciso definir--se o eixo maior da prega e estadeve ser segura, firmemente,entre o polegar e o indicador damão esquerda. A prega é desta-cada 1 cm acima do local a sermedido;

- Destacar a prega, colocando opolegar e o indicador a uma dis-tância de 8 cm, numa linha per-pendicular ao eixo longo da prega.É nas extremidades destes 8 cm(4+4) que a elevação da prega vai

ser realizada. O eixo longo é para-lelo em relação às linhas naturaisda pele. Entretanto, para indiví-duos com pregas adiposas extre-mamente grandes, o polegar e oindicador necessitam de separarmais de 8 cm para que se consigadestacá-la;

- Manter a prega pressionada en-quanto a medida é realizada;

- Colocar as hastes do adipómetroperpendiculares à prega, aproxi-madamente 1 cm abaixo do pole-gar e do indicador, e soltar a pres-são das hastes lentamente;

- Efectuar as medições das pregasadiposas 4 segundos após apressão ter sido aplicada parahaver estabilização do ponteiro do adipómetro;

- Afastar as hastes do adipómetropara removê-lo do local. Fechar ashastes lentamente para prevenirdanos ou perda da calibragem.

medir a distância e no momento demarcar o local com uma caneta;

- Ler o mostrador do adipómetroao 0,1 mm mais próximo (Harpen-den ou Holtain), 0,5 mm (Lange)ou 1 mm (adipómetros plásticos);

- Efectuar no mínimo de duasmedidas para cada local. Se osvalores diferem em mais de +/-10%, efectuar medidas adicionais;

- Efectuar medidas de pregas adi-posas numa ordem rotativa, emvez de leituras consecutivas emcada local;

- Efectuar medidas das pregas adi-posas, quando a pele do indivíduoestiver seca e sem cremes;

- Praticar as medidas de pregasadiposas em 50 a 100 indivíduos;

- Evitar usar adipómetros plásti-cos no caso de se tratar de umavaliador inexperiente;

- Treinar com avaliadores experien-tes e comparar seus resultados;

- Usar um vídeo sobre medidas depregas adiposas que demonstre a técnica correcta;

- Procurar treino adicional.

Após a marcação dos pontos dereferência, Bubb (1986), refere queo procedimento mais adequado érealizar sucessivamente a mediçãodos vários skinfolds (pregas adi-posas) por 2 ou 3 vezes, confron-tando-se então os resultados obti-dos. Para Jackson (1984), devemser efectuadas no mínimo 2 me-dições em cada local e, no casodestas variarem em mais de 1 mm,efectuar então uma terceira me-dição. Se os valores obtidos seforem tornando mais pequenosnas sucessivas medições, entãoisso é indicativo de que a gordurajá está a ser comprimida, o quealiás é muito frequente em pessoascom muito tecido muscular.

investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

FFIIGGUURRAA2Anatomia de uma prega adiposa(adaptado de Heyward e Stolarczyk, 1996).

MúsculoOsso

Gordura

Pele

FFIIGGUURRAA3Representação esquemática da marcaçãodo local de medição.

PontoAntropo-métrico

1cm 1cm

4cm

Eixo maiorda prega

Para aumentar a habilidade doavaliador de pregas adiposas háaspectos que devem ser levadosem conta, como por exemplo:

- Ser meticuloso ao localizar ospontos anatómicos usados paraidentificar o local da prega, ao

t

O indivíduo que é alvo da mediçãodeve estar em posição antropo-métrica, caracterizada do seguintemodo (Moreira, 1995):

- Posição vertical com braços pen-dentes ao lado do tronco e pal-mas das mãos em contacto coma face lateral das coxas (Fragosoe Vieira, 2000), as palmas dasmãos do indivíduo devem estarvoltadas para a frente, com ospolegares voltados para fora e osrestantes dedos para baixo;

- A cabeça deve estar no plano de Frankfurt, que pode ser de-terminado adoptando os seguin-tes procedimentos:

- Localizar o ponto Orbitale, loca-lizado na margem inferior dacavidade orbitaria;

- Localizar o ponto Tragion, situa-do ao nível do pavilhão auricular,por cima do osso;

- Considerar uma linha imagináriaunindo os dois pontos definidosanteriormente. Essa linha ima-ginária corresponde, de formaquase exacta, ao eixo do olharquando o indivíduo tem os seusolhos dirigidos para a frente.

- O indivíduo deve estar descalço,com os calcanhares unidos, for-mando um ângulo de 60o entre sie os dedos dos pés devem apontarpara a frente.

2.2.1.3. LOCAIS DE MEDIÇÃO DAS PREGAS ADIPOSAS

Os locais de medição estão devi-damente normalizados e mesmopequenas modificações na suadeterminação são susceptíveis dealterar os resultados obtidos deuma forma significativa (Harrissonet al. 1988).

RReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto

SUBESCAPULAR

Oblíqua (de cima para baixoe de fora para den-tro, cerca de 450)

Linha de cliva-gem natural dapele junto ao

ângulo inferior da omoplata

DDiirreeccççããoo ddaa pprreeggaa

PPoonnttooss ddeerreeffeerrêênncciiaa

MMeeddiiççããoo ddaaPPrreeggaa AAddiippoossaa

CCoollooccaaççããoo ddooaaddiippóómmeettrroo

NNoommee ddaa pprreeggaa

QQUUAADDRROO1 (CONT.)

Medição das várias Pregas Adiposas (Adaptado de Moreira, 1995).

PosiçãoantropométricaCostas voltadaspara o avaliador(prega na parte

posterior do tronco)

1 cm por baixodos dedos

indicador e po-legar esquerdos

do avaliador

SSuubbeessccaappuullaarr

PEITORAL

Oblíqua (de cima para baixo e de forapara dentro)

Prega axilar anterior mamilo

MMaassccuulliinnoo - meiadistância entre aprega axilar ante-rior e o mamilo;

FFeemmiinniinnoo - 2/3 da distância do mamilo

1 cm por baixodos dedos

indicador e po-legar esquerdos

do avaliador

PPeeiittoorraall

MIDAXILAR

Horizontal Linha midaxilar

Apófise xifoide do externo

Sobre a linhamidaxilar na

junção do alinha-mento destacoma apófise

xifoide do externo

1 cm à frentedos dedos

indicador e po-legar esquerdos

do avaliador

AAxxiillaarr mmééddiiaa

SUPRAILIACA

Oblíqua (de cima para baixo e de forapara dentro)

Linha midaxilar

Bordo superiorda crista ilíaca

2 cm de distânciada linha midaxilarsobre a crista ilía-ca, seguindo a cli-vagem natural dapele e formando

um ângulo de 450

com a horizontal

1 cm à frentedos dedos

indicador e po-legar esquerdos

do avaliador

SSuupprraa--iillííaaccaa

20|21|

Fragoso e Vieira (2000), defendemque a prega tricipital é a mais útilpara avaliar a percentagem globalde gordura corporal e obesidadeperiférica, enquanto a prega sub-escapular avalia perfeitamente agordura no tronco. Neste contextoo quociente entre ambas é um bomindicador do predomínio da obesi-dade em uma ou outra localização.Um quociente elevado indica a exis-tência de uma obesidade central,que se correlaciona mais estreita-mente com as alterações dos lí-pidos plasmáticos, arteriosclerose,patologias cardiovasculares e hiper-tensão.

3. CONCLUSÕES

Ao longo deste trabalho, procura-mos focar a importância da ava-liação morfológica bem como asdiversas formas de o fazer. Cen-tramos o nossa investigação nu-ma das diversas formas de medir e avaliar a Composição corporal,que foi a avaliação antropométri-ca, mais concretamente através damedição de pregas adiposas.

Focamo-nos nesta área específicapela extrema facilidade e utilidade,relativamente às outras técnicas.Esta forma de medição, sendo maisacessível e de mais fácil aplicação,torna-se num instrumento muitoutilizado.

Desta forma, esperamos que onosso trabalho sirva de linha deorientação a futuros “avaliadores”da composição corporal, atravésda antropometria e mais concre-tamente, através da medição depregas adiposas.

investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

ABDOMINAL

Vertical ou horizontal

Umbigo

DDiirreeccççããoo ddaa pprreeggaa

PPoonnttooss ddeerreeffeerrêênncciiaa

MMeeddiiççããoo ddaaPPrreeggaa AAddiippoossaa

CCoollooccaaççããoo ddooaaddiippóómmeettrroo

NNoommee ddaa pprreeggaa

QQUUAADDRROO1 (CONT.)

Medição das várias Pregas Adiposas (Adaptado de Moreira, 1995).

5 cm de distânciado centro

do umbigo e dolado do mesmo

1 cm distal dosdedos polegar eindicador esquer-dos do avaliador

AAbbddoommiinnaall

TRICIPITAL

Vertical Processo acro-mial da omoplata

Processo olecrâ-niano do rádio

Na parte poste-rior do braço a1/2 distância

entre o processoacromial e o pro-cesso olecrâniano

1 cm distal dosdedos polegar eindicador esquer-dos do avaliador

TTrriicceeppss

BICIPITAL

Vertical Músculo bicípide

Zona de maior vo-lume do músculobicipede a meiadistância entreprocesso acro-

mial e o processoolecrâniano

1 cm distal dosdedos polegar eindicador esquer-dos do avaliador

CRURAL

Vertical Dobra inguinalBordo próximal

da rótula

Anterior da coxa,a meia distânciaentre a prega

inguinal e o bordopróximal da rótula

1 cm distal dosdedos polegar eindicador esquer-dos do avaliador

BBiicceeppss

ANTEBRAÇO

Vertical Parte posteriordo antebraço

Máxima circun-ferência do ante-

braço, com omembro superiorem total extensão

1 cm distal dosdedos polegar eindicador esquer-dos do avaliador

CCooxxaa

t

4. CORRESPONDÊNCIA

Francisco Gonçalves

Travessa Comendador Seabra daSilva, n.º 226

3720-297 Oliveira de Azeméis

E-mail: [email protected]@hotmail.com

Tlms: 917 668 858966 833 562

Tlf: 256 285 335

5. REFERÊNCIAS

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RReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto

GEMINAL

Vertical Face interna da perna

DDiirreeccççããoo ddaa pprreeggaa

PPoonnttooss ddeerreeffeerrêênncciiaa

MMeeddiiççããoo ddaaPPrreeggaa AAddiippoossaa

CCoollooccaaççããoo ddooaaddiippóómmeettrroo

NNoommee ddaa pprreeggaa

QQUUAADDRROO1 (CONCLUSÃO)

Medição das várias Pregas Adiposas (Adaptado de Moreira, 1995).

Máximo volumegeminal da faceinterna da perna

1 cm distal dosdedos polegar eindicador esquer-dos do avaliador

PPaannttuurrrriillhhaa

5. Fragoso I & Vieira F (2000).Morfologia e Crescimento - CursoPrático. Edições FMH.

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NUMERO 1F.qxp 14/05/08 23:27 Page 48

A UUTILIZAÇÃO DDOS MMEMBROS SSUPERIORES NNOS SSALTOS VVERTICAIS -- EESSTTUUDDOO CCOOMMPPAARRAATTIIVVOO EENNTTRREE UUMM SSAALLTTOO SSEEMM CCOONNTTRRAAMMOOVVIIMMEENNTTOO SSEEMM AA

UUTTIILLIIZZAAÇÇÃÃOO DDOOSS MMEEMMBBRROOSS SSUUPPEERRIIOORREESS EE UUMM SSAALLTTOO SSEEMM CCOONNTTRRAAMMOOVVIIMMEENNTTOOCCOOMM AA UUTTIILLIIZZAAÇÇÃÃOO DDOOSS MMEEMMBBRROOSS SSUUPPEERRIIOORREESS

investigação

RESUMOA acção motora “saltar” é um mo-vimento desportivo fundamental eestá presente em variadíssimasmodalidades desportivas. Partindodo princípio que muito do sucessodesportivo assenta nesta acção, éde extrema importância, a optimi-zação deste gesto para um melhorrendimento desportivo. Uma dasformas de o fazer, é realizar umbalanço com os membros superio-res. O objectivo do nosso estudo, é acomparação entre a performancede um salto sem contramovimentosem balanço dos membros superio-res e de um salto sem contramo-vimento com balanço dos membrossuperiores.A amostra foi constituída por umindivíduo (altura=1.75; peso=75kg,idade=26anos) que realizou um saltosem contramovimento sem o balan-ço dos membros superiores e umsalto sem contramovimento combalanço dos membros superioresna fase ascendente. A recolha,tratamento e análise de ambos ossaltos foram feitos através de técni-cas de cinemática.Com base nos resultados obtidos,concluímos que, o balanço dos mem-bros superiores na realização deum salto vertical, leva a um aumen-to da performance, aumentando avelocidade do centro de gravidadena saída do solo. Essa melhoria podedever-se a vários factores, entre osquais se destaca a existência demecanismos contra produtivos e aexistência de mais tempo para rea-lizar força, nos saltos com balançodos membros superiores.

ABSTRACTThe motor action “jump” is a fun-damental sport movement and ispresent in many sport activities.Considering that the success ofseveral sports come from thisaction, it’s extremely important tooptimize it, to enhance the sportperformance. One way to do that, in agreement with several investi-gators, it’s swinging with the arms.The aim of this study is the com-parison between the performanceof a non-arm swing vertical jumpand an arm swing vertical jump.

One subject male (height=1,75m;weight=75kg; age=26years) perfor-med one non-arm swing verticalsquat jump and a arm-swing verticalsquat jump.

We used the Kinematics techniquesto capture and analyze both jumps.

Based in the results, we concludedthat the arm swing, enhance theperformance of a vertical jump,enhancing the take-off velocity ofthe gravity center. This enhancecould be explained based in manyfactors, like the presence of counterproductive mechanisms and theexistence of more time to performforce, in arm-swing vertical jumps.

AUTORESPaulo Mourão1

Francisco Gonçalves2

1 Licenciado em Educação Física pelo ISMAI e Mestre em Ciências do Desporto pelaUniversidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

2 Licenciado e Doutorando em Educação Físicae Desporto pela Universidade de Trás-os--Montes e Alto Douro

A UUTILIZAÇÃO DDOS MMEMBROSSUPERIORES NNOS SSALTOS VVERTICAIS -- EESSTTUUDDOO CCOOMMPPAARRAATTIIVVOO EENNTTRREE

UUMM SSAALLTTOO SSEEMM CCOONNTTRRAAMMOOVVIIMMEENNTTOOSSEEMM AA UUTTIILLIIZZAAÇÇÃÃOO DDOOSS MMEEMMBBRROOSSSSUUPPEERRIIOORREESS EE UUMM SSAALLTTOO SSEEMM CCOONNTTRRAA--

MMOOVVIIMMEENNTTOO CCOOMM AA UUTTIILLIIZZAAÇÇÃÃOO DDOOSS MMEEMMBBRROOSS SSUUPPEERRIIOORREESS4(4): 223-28

PPAALLAAVVRRAASS--CCHHAAVVEEsalto vertical; membrossuperiores; balanço; cinemática.

KKEEYYWWOORRDDSSvertical jump; arms; swing;kinematics.

data de submissãoAAbbrriill 22000077

data de aceitaçãoJJuunnhhoo 22000077

24|25|

1. INTRODUÇÃO

Qualquer actividade física ou mo-dalidade desportiva, é constituídapor variados gestos técnicos. Ocabecear no Futebol, o remate e bloco no Voleibol, o ressalto noBasquetebol, o remate em suspen-são no Andebol, os próprios saltosdo Atletismo (altura, comprimento,etc.) e da Ginástica (ex: mortal),são exemplos da presença da habi-lidade “saltar” nas várias moda-lidades desportivas.Assim, a acção motora do salto,apresenta-se como um movimentodesportivo fundamental (Ashby eHeegaard, 20023).Tendo em conta que, por vezes, os bons resultados desportivosdependem da capacidade de salto,torna-se pertinente optimizar aomáximo a forma de realizá-lo, e,segundo alguns autores (Luhtanene Komi, 1978; Shetty e Etnyre,1989; Feltner et al., 1999; citadospor Lees, Vanrenterghem e DeClercq, 20046; Harman et al.,19905) a realização de um balançocom os membros superiores, podelevar a uma maior altura de salto,que, segundo Aragón-Vargas eGross (1997a1) pode chegar a 10centímetros mais.É com base nisto que, nos saltosverticais, tal como em variadashabilidades desportivas, os mem-bros superiores são utilizados deforma enérgica durante a saída do solo, para aumentar a perfor-mance, tornando-se assim nos sal-tos mais comummente realizados(Lees, Vanrenterghem e DeClercq,20046).Vários estudos têm examinadoinúmeros factores que contribuempara a performance dos saltosverticais, tais como a produção deforça muscular, técnica de salto,mobilidade articular e medidas an-tropométricas (Davis, et al., 20034).

A utilização dos membros superio-res nestes mesmos saltos tem sidoalvo desses estudos e tem-se veri-ficado que o aumento da perfor-mance se deve a diversos mecanis-mos que actuam em simultâneo(Lees, Vanrenterghem e De Clercq,20046). Estes mecanismos, prove-nientes do movimento dos membrossuperiores, podem influenciar direc-tamente as características velo-cidade-força dos músculos do treminferior. Harman et al. (19905) eFeltner et al. (1999, citados porAshby e Heegaard, 20023) concor-dam e acrescentam que, o balançodos membros superiores aumentaas capacidades de produção deforça dos músculos extensores dotrem inferior devido à redução davelocidade de contracção nos mo-mentos chave do movimento. Estesmesmos autores referem que obalanço dos membros superiores,também pode levar à melhoria daperformance do salto, criando umaforça descendente adicional nocorpo, quando os músculos exten-sores das articulações do joelho ecoxo-femural, estão em melhorposição para exercer força.

Também Hill (1938, citado porAshby e Heegaard, 20023) refereque, nos saltos onde se utilizam osmembros superiores, existem pe-quenas diferenças nos ângulos dasarticulações, que causam mudançasnos comprimentos dos músculosextensores do trem inferior, quepodem resultar numa produção deforça mais eficiente. Esta hipóteseé também suportada por Aragón--Vargas e Gross (1997a1) e porAshby e Heegaard (20023) que re-ferem que, o aumento da perfor-mance se deve a uma contribuiçãodirecta do balanço dos membrossuperiores na fase ascendente,mas fundamentalmente da maiorcapacidade de produção de forçado trem inferior.

Os estudos anteriores, comparan-do saltos com utilização de balançodos membros superiores com sal-tos sem balanço dos membrossuperiores, têm analisado inúme-ras variáveis. Porém, uma delastem sido analisada em todos eles,uma vez que se apresenta como a melhor variável para predizer aperformance de um salto vertical,que é a velocidade de saída do solodo centro de gravidade (Aragón--Vargas e Gross, 1997a1; Aragón--Vargas e Gross, 1997b2; Vanren-terghem et al., 200410; Davis et al.,20034; Seyfarth et al., 19999;Lees, Vanrenterghem e De Clercq,20046; Ashby e Heegaard, 20023;Harman et al., 19905). Isto acon-tece porque, a fase aérea dos sal-tos, é determinada pela velocidadeinicial do centro de gravidade nasaída do solo (Lees, Vanrentergheme De Clercq, 20046; Seyfarth et al., 19999; Vanrenterghem et al.,200410; Aragón-Vargas e Gross,1997b[2]) e pela aceleração dagravidade (Seyfarth et al., 19999),isto é, a posição, a velocidade docentro de gravidade na saída dosolo e a aceleração da gravidade,definem matematicamente a per-formance dos saltos verticais (Ara-gón-Vargas e Gross, 1997a1).Vários estudos realizados anterior-mente (Ashby e Heegaard, 20023;Lees, Vanrenterghem e De Clercq,20046; Le Pellec e Maton, 20007;Davis et al., 20034; Vanrenterghemet al., 200410; Aragón-Vargas eGross, 1997a1; Aragón-Vargas eGross, 1997b2; Harman et al.,19905) utilizaram saltos com con-tramovimento. No entanto, paraalém de ser sabida a influência queo contramovimento exerce na per-formance do salto (Harman et al.,19905) temos que ter em conta,que nem sempre é possível a rea-lização de um contramovimentoantes do salto. Em algumas situa-ções desportivas, um atleta já se

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encontra numa posição estática ede agachamento antes do salto.Com base nisto, objectivamos parao nosso estudo, a comparação entrea performance de um salto semcontramovimento sem balanço dosmembros superiores e de um saltosem contramovimento com balan-ço dos membros superiores.

2. METODOLOGIA

22..11.. AAmmoossttrraaA amostra é constituída por umindivíduo (altura=1.75; peso=75kg,idade=26anos), aluno do Mestradoem Educação Física e Desporto,especialização em Avaliação nasActividades Físicas e Desportivas,da Universidade de Trás-os-Montese Alto Douro - Vila Real, que con-sentiu todos os procedimentosexperimentais.

22..22.. EEqquuiippaammeennttooPara a aquisição das imagens dosmovimentos dos segmentos corpo-rais durante os saltos, foi utilizadauma câmara digital (JVC, GR-DVL9800) com uma aquisição de 50 Hz,ligada a um computador portátil(Compaq), suportada por um focode luz, para iluminar as marcasreflectoras colocadas no individuo.

22..33.. PPrroocceeddiimmeennttoosseexxppeerriimmeennttaaiiss

O indivíduo realizou um salto semcontramovimento sem o balançodos membros superiores e umsalto sem contramovimento combalanço dos membros superioresna fase ascendente. No primeiro,as mãos eram colocadas nosquadris durante toda a execuçãodo salto, enquanto no segundo asmãos iniciavam nos quadris, mas

assim que iniciava a fase ascen-dente, o indivíduo tinha liberdadepara “lançar” os membros superio-res para cima. Os saltos iniciavam--se numa posição estática de semi--agachamento (joelhos formavamum ângulo de 900), com os pés àlargura dos ombros.

Para uma melhor captação deimagens e posterior digitalização,foram colocadas sete marcas re-flectoras no indivíduo, iluminadaspor um foco, colocado atrás dacâmara. As marcas foram coloca-das directamente na pele, tentandominimizar os erros entre as marcase os centros articulares. As mar-cas foram colocadas apenas nolado direito do corpo, assumindo-seque os segmentos corporais dolado direito são simétricos aos dolado esquerdo. As marcas foramcolocadas em sete locais, represen-tativos de sete centros articulares.Assim, foram colocadas na cabeçado quinto metatarso (articulaçãometatarso-falangeal), no maléololateral (articulação tibiotársica),prato tibial lateral (articulação dojoelho), grande trocânter (articula-ção coxo-femural), extremidade acro-mial (articulação escápulo-umeral),epicôndilo lateral do úmero (articu-lação do cotovelo) e na apófiseestilóide do cúbito (articulação dopunho). Estas marcas definem seissegmentos corporais: pé (metatar-so-falangeal - tibiotársica), perna(tibiotársica - joelho), coxa (joelho -coxo-femural), tronco (coxo-femural- escápulo-umeral), braço (escápulo--umeral - cotovelo) e antebraço(cotovelo - punho).

Para a recolha, tratamento e aná-lise das imagens, foi utilizado o pro-grama Ariel Performance AnalysisSystem. Todos os procedimentosutilizados, assim como, os funda-mentos de cada etapa realizada,encontram-se em anexo.

Todos os procedimentos utilizadosrespeitam as normas de experimen-tação com humanos (Declaraçãode Helsínquia de 1975).

3. RESULTADOS

No quadro 1, estão presentes osdiversos parâmetros analisados. Aaltura de salto é definida peladiferença entre a altura máximaatingida pelo pé e pela altura do péna saída do solo.

Observando os valores presentesno quadro 1, verificamos que osujeito saltou mais 0,030m (8,9%)quando utilizou os membros supe-riores na fase ascendente do salto.Verificamos ainda que a duraçãoda fase concêntrica (ascendente)foi 0,020 seg. maior no salto emque se utilizam os membros supe-riores (8,3%). Também a velocidadedo centro de gravidade foi maiorneste mesmo salto (0,306m/s -11,5%).

FFIIGGUURRAA1Localização das marcas reflectoras.

ExtremidadeAcromial

Epicôndilolateral do úmero

Maléololateral

Apófiselateral

do cúbito

GrandeTrocânter

Prato tibiallateral

Cabeça do quinto

metatarso

26|27|

Como podemos observar na figura2, o salto onde se utilizavam osmembros superiores, apresentou,em todo o seu percurso, umavelocidade linear do centro degravidade superior.

4. DISCUSSÃO

O objecto do nosso estudo é acomparação da performance de umsalto sem contramovimento sembalanço dos membros superiores

com a performance de um saltosem contramovimento mas combalanço dos membros superiores.Para tal comparação, analisamosvárias variáveis, tais como a velo-cidade linear do centro de gravida-de na saída do solo, a altura máximaatingida pelo centro de gravidade,a altura do centro de gravidade nasaída do solo, a altura de salto e aduração da fase ascendente.

Assim, através da análise dos dadosrecolhidos, verificamos que o sujei-to saltou mais 0,030 m (8,9%) nosalto com o balanço dos membrossuperiores do que no salto sembalanço. Verificamos ainda que avelocidade do centro de gravidadena saída do solo foi de 2,363 m/sno salto sem balanço dos membrossuperiores e de 2,669 m/s nosalto com balanço dos membrossuperiores, fazendo com que a uti-lização dos membros superiores,levasse a um aumento de 11,5% navelocidade do centro de gravidadena saída do solo, aumentando, con-sequentemente, a altura de salto,uma vez que esta depende davelocidade de saída do solo (Lees,Vanrenterghem e De Clercq, 20046;Seyfarth et al., 19999; Vanrenter-ghem et al., 200410; Aragón-Vargase Gross, 1997b2).

Estes resultados vão ao encontrodos estudos realizados anterior-mente, em que a velocidade desaída do solo foi maior 8,9% (Lees,Vanrenterghem e De Clercq,20046), 10% (Harman et al.,19905) e 12,7% (Luhtanen e Komi,1978, citados por Ashby e Hee-gaard, 20023) nos saltos queutilizaram os membros superiores.

Ao analisarmos os valores de altu-ra máxima do centro de gravidade,verificamos que esta foi maior nosalto com balanço dos membrossuperiores (0,122m; 8,9%). Porém,

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Velocidade CG na saída (m/s)

Altura CG na saída (m)

Altura máxima do CG (m)

Altura máxima atingida pé (m)

Altura pé na saída (m)

Altura de salto (m)

Duração fase (seg.)

2,363

0,933

1,243

0,345

0,039

0,306

0,220

SSSSBB1

2,669

0,987

1,365

0,371

0,035

0,336

0,240

SSCCBB2

0,306

0,054

0,122

0,026

-0,004

0,030

0,020

DDiiff.. AAbbss..3

11,5

5,5

8,9

6,9

-10

8,9

8,3

DDiiff.. %% 4

QQUUAADDRROO1Comparação dos diversos parâmetros, entre o salto sem balanço dos membros superiores e o salto com balanço dos membros superiores.1SSB - Salto sem balanço dos membros superiores;2SCB - Salto com balanço dos membros superiores;3Dif. Abs. - Diferenças absolutas entre ambos os saltos;4Dif. % - Diferenças percentuais entre ambos os saltos.

FFIIGGUURRAA2Gráfico velocidade/tempo do centro de gravidade do salto utilizando os membros supe-riores (linha contínua) e do salto sem utilização dos membros superiores (linha tracejada).

-2,000

-1,000

0,000

1,000

2,000

3,000

-3,000

0 0,06 0,12 0,18 0,24 0,3 0,36 0,42 0,48 0,54 0,6 0,66 0,72 0,78

LLEEGGEENNDDAA

sem Ms com MS

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isto não significa que a perfor-mance foi superior, pois esta dife-rença deve-se ao facto de o centrode gravidade se ter deslocado maispara cima resultante do desloca-mento dos membros superiores,até porque no momento de saídado solo, a altura do centro degravidade já era superior (0,054m;5,5%), indo de encontro aos resul-tados obtidos por Lees, Vanren-terghem e De Clercq (20046), porHarman et al. (19905) e por Fel-tner et al. (1999 citados por Asbye Heegaard, 20023).

No entanto, se observarmos osvalores da altura de salto, veri-ficamos claramente que, o sujeitoteve uma performance superior nosalto com balanço dos membrossuperiores do que no salto sembalanço dos membros superiores.Tendo em conta que, a altura desalto depende da velocidade desaída do solo, podemos tambémconfirmar a melhor performanceno salto com balanço dos membrossuperiores (V0=0,306m/s, 11,5%).

As diferenças entre ambos ossaltos podem ser explicadas dediferentes formas. Segundo Ashbye Heegaard (20023), durante qual-quer actividade física, o movimentodos membros superiores pode serusado para manter o equilíbrio du-rante a transferência do momentoangular para os membros supe-riores do resto do corpo. Visandoessa manutenção de equilíbrio, nossaltos sem balanço dos membrossuperiores, os indivíduos podem terque realizar mecanismos contraprodutivos que levam à redução do rendimento nos saltos. Assim, osujeito poderá ter realizado algunsmecanismos visando o equilíbrio ea estabilidade na fase aérea, tendodiminuído a performance do salto.

Estes mesmos autores, realizaramum estudo em que comparavamsaltos longitudinais com balançodos membros superiores com sal-tos longitudinais sem balanço dosmembros superiores e concluíram,através dos dados de uma plata-forma de forças, que o valor máximoda força exercida na plataforma,acontecia mais cedo nos saltossem utilização dos membros su-periores. Apesar de o estudo serfeito em saltos longitudinais, po-derá indicar-nos que os indivíduospodem não ter utilizado toda aforça muscular perto do fim da fasede saída do solo, para manterem aestabilidade durante o salto até àrecepção. Assim, outra das possí-veis explicações para a diferençana performance de ambos os sal-tos, poderá ser, precisamente, anão optimização das capacidadesde produção de força até ao fim dafase de saída do solo. No entanto,teríamos de realizar estudos seme-lhantes em saltos verticais. Mas,se tivermos em conta os resulta-dos obtidos por Le Pellec e Maton(20007) e Le Pellec e Maton (20028)a presença de tais mecanismos nos saltos verticais ganha maisconsistência, pois estes autoresverificaram que, nos saltos onde osmembros superiores são restrin-gidos, existe actividade electromio-gráfica e mecânica postural nosmomentos que antecedem a saídado solo.

Se observarmos a duração da faseascendente em ambos os saltos,verificamos que esta é mais longano salto com balanço dos membrossuperiores. Isto poderá indicar-nosque o sujeito teve mais tempo paraproduzir força neste salto e conse-quente aumento de velocidade.

O que vai ao encontro do referidopor Harman et al. (19905) e porFeltner et al. (1999, citados por

Ashby e Heegaard, 20023) queafirmam que, o balanço dos mem-bros superiores aumenta as capa-cidades de produção de força dosmúsculos extensores do trem in-ferior devido à redução da veloci-dade de contracção nos momentoschave do movimento e devido àexistência de pequenas diferençasnos ângulos das articulações quepodem resultar numa produção deforça mais eficiente.Posto isto, podemos concluir que obalanço dos membros superioresna realização de um salto vertical,leva a um aumento da performan-ce, aumentando a velocidade docentro de gravidade na saída dosolo. Essa melhoria pode dever-sea vários factores, entre os quais se destaca a existência de meca-nismos contra produtivos e a exis-tência de mais tempo para realizarforça, nos saltos com balanço dosmembros superiores.

CORRESPONDÊNCIA

Francisco Gonçalves

Travessa Comendador Seabra da Silva, n.º 226

3720-297 Oliveira de Azeméis

E-mail: [email protected]@hotmail.com

Tlms: 917 668 858966 833 562

Tlf.: 256 285 335

REFERÊNCIAS

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28|29|

2. Aragón-Vargas LF & Gross MM(1997b). Kinesiological Factors inVertical Jump Performance: Diffe-rences Within Individuals. Journalof applied Biomechanics 13, 45-65.

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TREINO PPROPRIOCEPTIVO NNA PPREVENÇÃO EE RREABILITAÇÃO DE LLESÕES NNOS JJOVENS AATLETAS

investigação

RESUMOO risco de lesão acompanha toda aparticipação desportiva. A limitaçãofuncional muitas vezes reside dainstabilidade provocada por umalesão articular. A propriocepção é,com efeito, um conjunto de reac-ções que resultam num input neuralcumulativo ao sistema nervoso cen-tral (SNC) de mecanoreceptoresnas articulações, ligamentos, mús-culos, tendões e pele.

A reabilitação funcional é uma ex-tensão da terapia física usual. O seu objectivo é proporcionar umregresso rápido do atleta aoselevados padrões motores da vidadesportiva. São abordadas lesõesde várias articulações tendo emconta o treino proprioceptivo. Existemuita evidência de que o treinoproprioceptivo reduz a incidência de algumas lesões, sendo que areeducação proprioceptiva contri-buiu muito para a perda de medo no retorno ao trabalho, bem comoàs actividades desportivas.

ABSTRACTThe risk of injury comes with sportparticipation. The functional limita-tion quite often comes from the ins-tability originated from an articularinjury. Proprioception is, in fact, asum of reactions that result on a cumulative neural input into theCentral Nervous System (CNS) ofmechanoreceptors in the articula-tions, ligaments, muscles, tendonsand skin.

Functional rehabilitation is an exten-sion of normal physical therapy. Itspurpose is to allow rapid recovery ofthe athlete to its high sports motorpatterns. We will review injuriesform various articulations in respectto proprioceptive training. There is alot of evidence that proprioceptivetraining diminishes the incidence ofsome injuries, and that proprio-ceptive reeducation contributes alot to the lost of fear and quickreturn to work, as well as to sportactivities.

AUTORESMárcio L. P. Domingues1

1 Mestrando FCDEF Coimbra

TREINO PPROPRIOCEPTIVO NNAPREVENÇÃO EE RREABILITAÇÃO DE LLESÕES NNOS JJOVENS AATLETAS4(4): 229-37

PPAALLAAVVRRAASS--CCHHAAVVEEpropriocepção; reabilitaçãofuncional; equilíbrio; lesão.

KKEEYYWWOORRDDSSproprioception; functionalrehabilitation; balance; injury.

O artigo exposto nunca foiapresentado, ficando salvaguardadoo exclusivo do mesmo para efeitosde publicação na presente revista.

30|31|

INTRODUÇÃO

A participação desportiva andaacompanhada com o risco de le-são. Os desportos como o futebol,voleibol ou basquetebol requeremestabilidade dinâmica ao nível dotrem inferior como resposta àsconstantes desacelerações, saltos(Mandelbaum, Silvers, Watanabe,Knarr, Thomas, Griffin, Kirkendall,Garrett, 2005).

A fascinação do desporto reside noequilíbrio entre o espaço (formaexterior dos movimento e gestosdo praticante) que se abre e sefecha, sendo que abrir é liberdade efechar é segurança (Hotz (2003b).A procura da segurança inicial édepois substituída paulatinamentepela liberdade nas acções. As crian-ças e adolescentes são vulneráveisa lesões não só porque participamfrequentemente em actividadesdesportivas como são imaturos.

A limitação funcional dos atletasnas actividades desportiva, muitasvezes reside da instabilidade pro-vocada por uma lesão articular(Aquino, Viana, Fonseca, Brício, Vaz,2004). O trabalho de reabilitaçãotem como finalidade melhorar aprotecção muscular através dotreino reflexivo e condicionamentofísico. Aliás, o controlo da estabi-lidade articular relaciona-se com apresença de estruturas neuraispresentes nas articulações, liga-mentos e músculos, logo, está nadependência da mecânica das es-truturas passivas mas também domecanismo neuromuscular (Aquino,Viana, Fonseca, Brício, Vaz, 2004).Os mesmos autores referem queesta estabilidade articular podeser entendida como a capacidadeda articulação retomar o seu esta-do original depois de ter sofridouma perturbação. De outra forma,

é necessário um sistema de avalia-ção e educação do jovem no des-porto para reduzir o risco de lesão.

A idade e o trauma podem resultarnuma diminuição da propriocepção(Nitz, Nyland, Brosky Jr., Caborn,1997). Com a idade perde-se acapacidade de detecção sensorialnas articulações como resultado dealterações no sistema sensorialque determinam a detecção de mo-vimento (Plona, Brownstein, 1997),o que predispõe o sujeito a lesõespor perda de performance funcional(Paine, Brownstein, Macha, 1997).

EVIDÊNCIAS SOBRE APROPRIOCEPÇÃO

A sensibilidade proprioceptiva per-mite que o indivíduo estabeleçarelações com o meio, fornecendoinformações sobre a posição dossegmentos anatómicos e padrão domovimento, sendo que é um factordecisivo na correcção gestual,estabilidade dinâmica e prevençãode lesões. O desempenho musculardepende, em última análise, do limiarde activação e qualidade dos estí-mulos mecânicos (Pinheiro, 1998).

A propriocepção é um conjunto dereacções que resultam num inputneural cumulativo ao sistema ner-voso central (SNC) de mecanore-ceptores nas articulações, ligamen-tos, músculos, tendões e pele (Silva,Rodrigues, 2005; Liederbach, 1997;Nitz, Nyland, Brosky Jr., Caborn,1997; Jenkins, Bronner, Mangine,1997), é a sensação de movimento(cinestesia) e posição articular(senso posicional) articulares defontes diferentes do sistema senso-riomotor (cutânea, visual, e auditiva)(Lephart, Perrin, Fu, 1992).

Ela está relacionada com sinaisexteroceptivos (maioritariamentevisão) que provêm de eventos queocorrem no espaço extrapessoal,

durante a aprendizagem de formaa induzir a emergência de uma re-presentação sensorial unificada(Nitz, Nyland, Brosky Jr., Caborn,1997). Segundo os mesmos auto-res, a activação proprioceptiva é,em suma, um processo digital, ummecanismo de controlo neural, que muda arbitrariamente entredois estados (movimento ou nãomovimento) dentro de um momen-to no tempo. Reduz a variabilidadeno erro a constantes repetições ea velocidades cada vez maiores.Aliás, a visão favorece o desenvolvi-mento perceptual, aumentando asensibilidade às estruturas espa-ciais (Rieser, Hill, Talor, Bradfield,Rosen, 1992).

Por sua vez, o controlo neuromus-cular é a resposta eferente incons-ciente a um sinal aferente refe-rente à estabilidade dinâmica daarticulação (Mandelbaum, Silvers,Watanabe, Knarr, Thomas, Griffin,Kirkendall, Garrett, 2005). Comefeito, os neurónios do córtex pré--motor são influenciados (de formavisual como proprioceptiva) pelaposição de um determinado seg-mento, (Graziano, 1999).

Numa determinada modalidade econsoante as suas características,o sistema motor do sujeito podeser parcialmente controlado porinformação exteroceptiva ou pro-prioceptiva (Guillot, Collet, 2004).O treino parece resultar numamudança de domínio visual paraproprioceptivo na regulação decontrolo postural numa marchaharmónica (Mesure, Amblard, Cre-mieux, 1997). Num estudo sobreatletas colegiais, os atletas alta-mente treinados possuem caminhosneurosensoriais avançados quepresumivelmente se desenvolvemao longo da vida desportiva (Lephart,Giraldo, Borsa, Fu, 1996).

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É importante que os programas dereabilitação incorporem exercíciosdesportivos específicos de equi-líbrio para lesões dos tornozelos(Forkin, Koczur, Battle, Newton,1996).

A estimulação neuromuscularproprioceptiva, segundo Pinheiro(1998), possibilita o aumento deamplitude, ao mesmo tempo queestimula a actividade agonista,inibe a actividade muscular anta-gonista, aumenta os índices decoordenação muscular com a asso-ciação sinergista. São vários osautores que sugerem ser os fusosmusculares os principais respon-sáveis pela propriocepção.

A cinestesia é a percepção cons-ciente da posição e do movimento,sentido que é desenvolvido atravésdo input proprioceptivo (Jenkins,Bronner, Mangine, 1997).

No seguimento, os autores referemque as actividades de facilitaçãoneurofisiológica (treino propriocep-tivo) procura encontrar equilíbrio e controle motor coordenado emambos os níveis reflexo e volun-tário, sendo que, a visão tem de serintegrada no treino das habilidadesmotoras. Aparelhos como o cybexque fornecem dicas visuais para omovimento e reabilitação do tempode reacção (Brownstein, 1997b).

O mapa proprioceptivo dos seg-mentos corporais corresponde àrepresentação visomotora desseambiente de forma que a posiçãodo segmento corresponda com aposição de um objecto definido. Astarefas que exigem movimentosmultiarticulares resultam de umasequenciação de rotações articu-lares coordenadas no tempo e noespaço pela informação da rotaçãoda articulação que a precedeu(Brownstein, 1997a). Os atirado-res, por exemplo, apresentam boa

estabilidade postural que resultado treino assíduo e um uso de in-formações proprioceptivas e vesti-bulares mais frequentemente (Aalto,Pyykko, Ilmarinen, Kahkonen, Starck,1990) ou a posição vertical nanatação sincronizada (Starkes,Gabriele, Young, 1989).

A adaptação do SNC ocorre com aaquisição das habilidades motorasem resposta a uma aprendizagemmotora. Assim, as respostas efec-toras tornam-se mais eficientes eos movimentos mais coordenados(Jenkins, Bronner, Mangine, 1997).

Brownstein (1997b), refere que as mudanças na propriocepção ealterações no padrão do músculotêm sido relatados como lesões nacoluna lombar, especialmente por-que a musculatura da coluna é im-portante em movimentos posturaise de controlo.

É necessário um input sensorialadequado e uma boa imagem daactividade, de forma a identificar osfactores ambientais e estar atentoao posicionamento e orientação dossegmentos no espaço, bem como àestabilidade proximal da articula-ção que fornece suporte (Einhorn,Mandas, Sawyer, Brownstein B,1997).

Já Hotz (2003a), afirma que oobjectivo da coordenação, comoconceito técnico, é a perfeição dashabilidades, ela é uma troca deinformações que desemboca natécnica e que traduz um processode aprendizagem, consumado na:

- Recepção ou percepção de sen-sações, os sentidos humanos ca-nalizam os estímulos do exterior;

- Integração sensações, precisãodas representações mentais dospraticantes;

- Realização, representação mentalda acção.

Trata-se de uma complexidade queintegra a diferenciação, a orienta-ção, a reacção, o ritmo e, nocentro, o equilíbrio. Existe umdiálogo entre a energia (factoresde condição física) e a informação(componen-tes da coordenação).

A REEDUCAÇÃO PROPRIOCEPTIVANA REABILITAÇÃO

A reabilitação funcional é umaextensão da terapia física usual,surgindo a cirurgia em casos ex-cepcionais (Chaise, Morin, Witvoet,1985). O seu objectivo é propor-cionar um regresso rápido do atle-ta aos elevados padrões motoresda vida desportiva (Lephart, Henry(1995; Lutz, Stuart, Sim, Scott,1990). Hernandez, A (2006) afir-ma que o futuro das ciências dodesporto passa pelo campo daneuromotricidade, sendo que, areprogramação neuromotora podeser de grande utilidade na preven-ção de lesões. Aliás a terapia des-portiva específica focada na funçãoproprioceptiva e acompanhada detreino de força leve com baixaresistência, aumenta a performan-ce proprioceptiva e força muscular,sem dano par as articulações(Hilberg, Herbsleb, Puta, Gabriel,Schramm, 2003).

É importante ter uma consciênciados mecanismos de lesão, uma vezque este é um factor decisivo nocomportamento do desportista,posição sustentada pelas pesqui-sas na área da lesão desportiva(Verhagen, van der Beek, Twisk,Bouter, Bahr, van Mechelen, 2004).A este respeito, Knobloch, Ross-ne, Jagodzinski, Zeichen, Gossling,Martin-Schmitt, Richter, Krettek(2005), afirmam que os desportosescolares têm que beneficiar dotreino proprioceptivo como factorpreventivo de lesões nos dedos e tornozelo.

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Williams, Chmielewski, RudolphBuchanan, Snyder-Mackler (2001)afirmam que os deficits na pro-priocepção resultantes das lesõesligamentares afectam os recep-tores articulares mas também afunção muscular, com a conse-quente diminuição efectiva dosreceptores musculares.

A facilitação neuromuscular pro-prioceptiva (FNP) é um método deestiramento usado para aumentaros níveis de flexibilidade, sendopopular no âmbito da reabilitação,apesar de um estudo não indicaruma correlação positiva entre oaumento do ROM e o tempo decontracção isométrico (Nelson,Cornelius, 1991). Decicco, Fisher(2005) referem que as técnicas de contacção – relaxe – con-tracção (CRC) e aguentar – relaxar– contração (HRC, em inglês) sãotécnicas de FNP efectivas no au-mento da rotação externa doombro. A FNP é muito utilizada no tratamento de dor lombar(Bronner, 1997), sendo que osníveis de flexibilidade aumentam seo método de FNP for realizadodepois do exercício (Funk, Swank,Mikla, Fagan, Farr, 2003).

Safran M, Borsa P, Lephart S, Fu F,Warner J (2001), referem que atendinite na coifa dos rotadores do ombro reduz a sensação cines-tésica ao passo que a proprio-cepção não é afectada pelo treino,lassidão induzida pelo exercício erotação externa aumentada, noslançadores de beisebol. É umalesão comum nos jovens jogadores,onde se procura o equilíbrio entre amobilidade do ombro e a estabili-dade, bem como a biomecânica dolançamento (Jobe, Bradley, 1988).

No processo de reabilitação, apassagem do treino de aumento deamplitude para o treino da força, oterapeuta concentra a sua atenção

no timing e mecanismos dos pa-drões de movimento básicos apro-priados (FNP) (Einhorn, Mandas,Sawyer, Brownstein B, 1997). Asprimeiras fase centram-se na imo-bilização protegida e um programade força, onde se realizam exercí-cios de cadeia cinemática fechada,depois aberta, com e sem controlovisual. Depois, na parte final, treinoneuromuscular e proprioceptivo etreino de agilidade específica damodalidade (Lutz, Stuart, Sim, Scott,1990). O objectivo é o controlomuscular dinâmico e aumento daestabilidade. A estabilização rítmicaconstitui o treino proprioceptivomais comum. O terapeuta aplicaresistência numa direcção e opaciente aplica resistência paraestabilizar o movimento.

Os jogadores de ténis acima dos 12anos demonstraram mais capaci-dades de reprodução de ângulo emalguns movimentos do complexo do ombro, possuindo assim maiorcapacidade proprioceptiva (Jerosch,Thorwesten, Teigelkotter, 1997).Curiosamente, um estudo de Alle-grucci, Whitney, Lephart, Irrgang,Fu (1995), constatou que o ombrodominante apresentava deficit decinestesia (direcção de movimento)comparado com o não dominante.

As lesões no joelho diminuem a suapropriocepção (Laskowski, Newco-mer-Aney, Smith, 1997) e um pro-grama de treino proprioceptivo re-duz a lesão no LCA (Krogsgaard,2002). O joelho com perda deinformação (descondicionamento)proprioceptiva (lesão do ligamentocruzado anterior, LCA) diminui a suaestabilidade, bem como o sentidode posição (Roberts, Andersson,Fridén, 2007) e afecta a técnica deforma contundente (Louw, Grimmer,Vaughan, 2006). Foi sugerido que alesão do LCA e ligamento cruzadoposterior (LCP) durante a exten-

são, activa um reflexo propriocep-tivo originando uma perda de ex-tensão funcional (Strobel, Castillo,Weiler, 2001).

Quanto maior a instabilidade de um segmento maior o período delatência, maior é o período quemedeia a chegada de informação ea resposta motora (Beard et al1993 cit. por Silva, Rodrigues,2005), como quando a fadiga seinstala por excesso de actividadedesportiva (Pinheiro, 1998). Otreino neuromuscular reactivo de-senvolve, através da co-contracçãodos músculos estabilizadores deuma articulação, uma estabilizaçãoarticular dinâmica.

Um estudo preliminar de Theoret,Lamontagne (2006), consolida ascaracterísticas proprioceptivas e mecânicas do uso da liga emsujeitos com deficiência no LCA.Aliás, o treino com a prancha deequilíbrio não parece reflectir-senegativamente na lesão do joelho(Verhagen, van der Beek, Twisk,Bouter, Bahr, van Mechelen, 2004),apesar de precisarmos de maispesquisas, enquanto que outrosestudos afirmam o contrário (Ca-raffa, Cerulli, Projetti, Aisa, Rizzo,1996). Um outro estudo refereque, no processo de reabilitação do LCA, nem todos os sujeitosrespondem da mesma forma aocicloergómetro, no que toca à suahabilidade proprioceptiva pois ela é afectada de maneira distinta(Roberts, Ageberg, Andersson,Friden, 2004).

PREVENÇÃO DE LESÕES ATRAVÉSDO PROGRAMA PROPRIOCEPTIVO

EM JOVENS ATLETAS

As lesões do tornozelo são as maiscomuns no sistema músculo-esque-lético (Ferretti, Papandrea, Poggini,Falez, 199; Caraffa, Cerulli, Pro-jetti, Aisa, Rizzo, 1996; Knobloch,

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Jagodzinski, Haasper, Zeichen, Kre-ttek, 2006). O treino propriocep-tivo reduz a incidência de entorsesno tornozelo em atletas com doresrecorrentes, ao mesmo nível desujeitos sem historial de lesõesnesta zona (Caraffa, Cerulli, Pro-jetti, Aisa, Rizzo, 1996; Knobloch,Jagodzinski, Haasper, Zeichen, Kret-tek, 2006), sem contudo, implicaruma diminuição da incidência delesão (Verhagen, van Mechelen, deVente, 2000). Este tipo de lesão éo mais usual no voleibol (41%),sendo que os programas de pre-venção de lesões deve ter emespecial conta os jogadores comentorses prévias (Verhagen, vander Beek, Bouter, Bahr, van Me-chelen, 2004). Aliás, a proprio-cepção, amplitude de movimentona dorsiflexão e o vacilar posturalsão preditores das entorses notornozelo (Noronha, Refshauge,Herbert, Kilbreath, 2006). A trans-ferência do procedimento do mús-culo extensor digital menor não sófostalece os ligamentos lateraiscomo adiciona protecção ao torno-zelo na prevenção de distorções.As modalidades, com efeito, apre-sentam efeitos diversos no treinoproprioceptivo, sendo que o ballet,p.e., sem um treino de equilíbrioadicional, não favorece ganhos de equilíbrio ou amplitude no tor-nozelo lesionado (Schmitt, Kuni,Sabo, 2005). Aydin, Yildiz, Yildiz,Atesalp, Kalyon (2002) referemque o treino de ginástica influenciapositivamente o sentido de posição,equilíbrio e tonificação muscular da articulação do tornozelo. Já adança pode beneficiar de treinoespecial para os dorsiflexores (Kuni,Schmitt, 2004). Danion, Boyadjian,Marin (2000) a este respeito,referem que eles são mais capazesde captar informação pertinente,bem como um sistema propriocep-tivo mais sensível.

Contudo, Verhagen, van der Beek,van Mechelen (2001), assumemque, na prevenção de entorses notornozelo, as medidas profilácticasadoptadas no estudo (fitas adesi-vas, sapatilhas e liga para os tor-nozelos) tenham mais eficiência namelhoria da propriocepção à voltado tornozelo do que efectivamentena diminuição da amplitude de mo-vimentos da articulação, ao passoque um estudo sobre fitas adesivasapresenta resultados medíocressobre o seu efeito na proprio-cepção durante fases agudas dereabilitação (Halseth, McChesney,DeBeliso, Vaughn, Lien, 2004). Arecuperação é, no entanto, facili-tada quanto mais cedo for o trata-mento funcional (Karlsson, Eriksson,Sward, 1996).

Mandelbaum, Silvers, Watanabe,Knarr, Thomas, Griffin, Kirkendall,Garrett (2005), num estudo dedois anos em jovens futebolistas do género feminino chegaram àconclusão que um programa detreino neuromuscular tem um im-pacto directo na redução da in-cidência de lesões no LCA, nestapopulação especialmente suscep-tível. Conclusão apoiada por outrosestudos (Laskowski, Newcomer--Aney, Smith, 1997; Becker, Gaul-rapp, Hess, 2006). No mesmo sen-tido apontam Mandelbaum, Silvers,Watanabe, Knarr, Thomas, Griffin,Kirkendall, Garrett (2005), que co-locam o ênfase, principalmente, em factores de risco biomecânicos,onde a relação entre a idade, gé-nero e treino constitui a essênciana construção de um programa detreino neuromuscular e propriocep-tivo. Ashton-Miller, Wojtys, Huston,Fry-Welch (2001), referem, a esterespeito, que o treino actualmenterealizado, apesar de comprovada-mente trazer benefícios na preven-

ção e reabilitação, pode não favore-cer a propriocepção per se. Estetreino pode traduzir mudanças fí-sicas e neuronais que correspon-dem aos benefícios evidenciados.

O treino de protecção articular ba-seia-se em (Silva, Rodrigues, 2005):

- Máximo de informações aferentes;

- Estimulação reflexa da contracçãomuscular;

- Treino excêntrico da musculaturaestabilizadora;

- Estímulo da co-contracção mus-cular (Sampaio, Souza, 1994).

O treino de equilíbrio também temsido referenciado para as activi-dades rotineiras do basquetebol naprevenção e redução de entorsesno tornozelo, de forma a repor,tanto os níveis de força dos mús-culos, com um efeito ao nível dostempos de reacção (Sheth, Yu,Laskowski, Na, 1997) e ligamen-tos, como a propriocepção das es-truturas envolvidas (Cumps, Verha-gen, Meeusen, 2007). Guillou E,Dupui P, Golomer E (2007), a pro-pósito, referem que o treino deequilíbrio assimétrico minimiza oinput proprioceptivo, enfatizando,por sua vez, o papel da compo-nente biomecânica na regulaçãopostural.

Pinheiro (1998) refere que o pro-cesso, que permite novos esque-mas motores e o reflexos de pro-tecção, inicia-se com: (ver quadro 1).

Segundo Sampaio, Souza (1994), areeducação proprioceptiva, nomea-damente do joelho, após recons-trução do LCA, é feita predomi-nantemente em cadeia cinéticafechada. No seu estudo, Olsen,Myklebust, Engebretsen, Holme,Bahr (2005), referem que o aque-cimento pode prevenir lesões dotornozelo e joelho em jovens pra-ticantes de desporto, sendo neces-

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sário incluir o treino preventivo noprograma desportivo dos jovens,principalmente em jovens que ain-da não consolidaram a habilidademotora (Becker, Gaulrapp, Hess(2006). O treino proprioceptivo dereposicionamento do tronco conse-gue predizer a ocorrência de riscode lesão na mulher mas não nohomem (Zazulak, Hewett, Reeves,Goldberg, Cholewicki, 2007).

A co-activação e a técnica proprio-ceptiva intervêm na estabilizaçãoda coluna no jovem atleta. Primeiroé iniciada com fortalecimento naszonas mais débeis e progredindopara formas mais avançadas comocom uma bola de equilíbrio. O treinoespecífico antecede o regresso àcompetição (d’Hemecourt, Gerbino,Micheli, 2000).

Devem, entretanto, ser enfatizadosprogramas de treino que incluam otreino da técnica e de equilíbrio(prancha de wobble) desde os 12anos, bem como os períodos dedescanso, necessários a uma adap-tação fisiológica (Pearce, 2006),apesar de se verificarem resulta-dos bastante positivos no trata-mento de lesões do LCA (Caraffa,Cerulli, Projetti, Aisa, Rizzo, 1996;Mandelbaum, Silvers, Watanabe,Knarr, Thomas, Griffin, Kirkendall,Garrett, 2005). O treino funcionalpermite, além a sua simplicidade,uma integração neuromuscularque caracteriza o desporto (Pear-ce, 2006).

CONCLUSÃO

Existe muita evidência de que otreino proprioceptivo reduz a inci-dência de algumas lesões do joe-lho e tornozelo, providenciando umrápido retorno ao nível de jogopraticado (Fremerey, Bosch, Lobe-nhoffer, Stalp, Wippermann, 2005).No campo da reabilitação funcio-nal, a progressão para a actividadedesportiva é essencial para umregresso saudável e completo.

A reeducação proprioceptiva con-tribuiu muito para a perda de medono retorno ao trabalho, bem comoàs actividades desportivas. As insti-tuições começam a aperceber-seque podem prevenir lesões repe-titivas se os jovens forem direc-cionados para actividades que nãoultrapassem o seu estágio de de-senvolvimento físico e motor.

O programa de treino deve serrealizado tendo em conta, cada vezmais, alterações nas variáveis pro-prioceptivas, uma vez que é umaqualidade com alto índice de trei-nabilidade.

CORRESPONDÊNCIA

Márcio LP Domingues

Rua Nova, Horta-Velha Borralha

3750-862, Borralha

E-mail: [email protected]

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Planos estáveis

Planos unidireccionais

Previsibilidade de resposta

PROGRESSÃO

QQUUAADDRROO1Progressão no treino proprioceptivo.

Planos instáveis

Planos multidireccionais

Resposta não previsível

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NUMERO 1F.qxp 14/05/08 23:26 Page 12

PRESSUPOSTOS DDE VVALIDAÇÃO DDE UUM QQUESTIONÁRIO DE AAVALIAÇÃO PPSICOSSOCIAL

técnico

RESUMOEste estudo tem por objectivo ve-rificar a possibilidade de validaçãode um questionário sobre os com-portamentos do treinador. Vários estudos, mostram que osatletas se modificam devido àsacções dos seus treinadores, masrevelam também, que os treinado-res podem ser influenciados pelasrelações que estabelecem com osseus atletas. Assim, numa equipadesportiva, os estados emocionais eas acções do treinador influenciama satisfação dos atletas e, portanto,o seu desempenho (Duarte, 2004).Participaram neste estudo 140 in-divíduos (n=140) de ambos os sexos,praticantes de modalidades despor-tivas colectivas. Partindo do estudode Chelladurai (1984) citado porCruz & Gomes (1996), elaboramosum questionário, onde foram dividi-dos os comportamentos do treina-dor em diferentes itens.Após a aplicação dos questionários,realizámos uma análise factorialexploratória de maneira a agruparos vários itens em relação aos fac-tores que constituem o constructo.Os resultados demonstram uma va-lidade aparente pois obtivemos umKMO e um teste de esfericidade de Barllett de 0,805, para umX2=1203,979 com 1530 de liber-dade, sendo este valor suficientepara a análise das componentesprincipais.Contudo, perante os resultados daanálise das componentes principais,verificámos que as questões nãoestão correctamente agrupadaspelo que a validação não é exequível.

ABSTRACTThis aim of this study is to verify thepossibility of validation of a ques-tionnaire of the coach behaviors.

Some studies shows that the ath-letes modifing himself due to thecoach behaviors, but also shows,that the coach can be influenced bythe relations that establish with hisathletes. Thus, in one sport team,the emotional states and the coachsbehaviors influence the satisfactionof the athletes and, therefore, itsperformance (Duarte, 2004).

140 subjects (n=140) of both sex,practitioners of collective sports,had participated in this study.

Considering the study of Chelladurai(1984) cited by Cruz & Gomes(1996), we elaborate a questionnai-re, where the coach behaviors hadbeen divided in different itens.

After the application of the ques-tionnaires, we achieved one explo-ratory factor analysis in way to groupthe several itens in relation to thefactors that constitute the contents.

The results shows an apparentvalidity because we got a KMO anda Barllett’s Test of Sphericity of 0,805 for a X2=1203,979 with1530 of freedom, being this valueenough for the analysis of the maincomponents.

However, before the results of theanalysis of the main components,we verified that the questions arenot well grouped, wherefore thevalidation is not executable.

AUTORESFrancisco Gonçalves1

Paulo Mourão2

1 Licenciado e Doutorando em EducaçãoFísica e Desporto pela Universidade de Trás--os-Montes e Alto Douro

2 Licenciado em Educação Física pelo ISMAI e Mestre em Ciências do Desporto pelaUniversidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

PRESSUPOSTOS DDE VVALIDAÇÃO DE UUM QQUESTIONÁRIO DDE AVALIAÇÃO PPSICOSSOCIAL4(4): 339-50

PPAALLAAVVRRAASS--CCHHAAVVEEanálise factorial exploratória;constructo; comportamentostreinador.

KKEEYYWWOORRDDSSexploratory factor analysis;contents; coach behavior.

data de submissãoAAbbrriill 22000077

data de aceitaçãoJJuunnhhoo 22000077

40|41|

1. INTRODUÇÃO

A avaliação permite um diagnósti-co efectivo do desempenho dosalunos ou atletas, de modo a quepossamos direccionar os proces-sos de treino e de ensino conformeas necessidades de cada um. ODesporto e a Actividade Física têm,entre outros, o objectivo de ofere-cer aos seus praticantes a oportu-nidade de vivências das mais di-versas manifestações corporais eintelectuais (Etchepare & Pereira,2004).Tendo em consideração estesaspectos, torna-se fundamental e muito importante a existência de instrumentos validados para aavaliação em diversos campos noâmbito desportivo. É neste sentido,que se realiza o presente trabalho,ou seja, no âmbito da disciplina deAvaliação Psicossocial, inserida noMestrado em Avaliação nas Activi-dades Físicas e Desportivas - Uni-versidade de Trás-os-Montes e AltoDouro, onde nos foi proposto queelaborássemos um sistema deavaliação original que pudesse serfuturamente validado.Desta forma, com o nosso trabalhoprocuramos cumprir os requisitosde construção e validação de umquestionário de avaliação Psicos-social no contexto desportivo.Dada a importância do papel dostreinadores no processo de treinoe dada a necessidade de saber ecompreender as preferências dosatletas relativamente aos compor-tamentos do treinador, optamospor enveredar pelo tema central daLiderança no contexto desportivo.Desta forma, efectuamos um ques-tionário com o intuito de conhecerque comportamentos os atletaspreferem da parte do treinadorpara podermos ficar com um ins-trumento que permita dar a conhe-cer aos treinadores os compor-

tamentos de liderança preferidospelos seus atletas contribuindoassim para um bom funcionamentoda relação treinador-atleta.

Assim, numa primeira parte donosso trabalho procuramos exporalguns conceitos fundamentais rela-cionados com a liderança no con-texto desportivo. Seguidamenteapresentamos os pressupostosmetodológicos que tivemos de cum-prir e que são necessários para aelaboração do questionário, termi-nando com a apresentação, discus-são e conclusões dos resultadosdemonstrados através da análisefactorial exploratória.

2. ENQUADRAMENTOTEÓRICO

“Em nenhum outro domínio oucontexto que não seja o desporto,

encontramos tantos indivíduos,desde crianças, jovens e adultos,

que de forma voluntária aceitam aautoridade de uma pessoa, neste

particular, do seu treinador” (Frias, 2000, p.4).

Foram diversos os conceitos deliderança que encontramos naliteratura sendo varios os autoresque se debruçaram sobre a defi-nição deste conceito, no entanto, a definição mais consensual e fre-quentemente citada é a de Barrow(1977) o qual definiu genericamen-te liderança como um processocomportamental que visa influen-ciar indivíduos e grupos, tendo emvista objectivos estabelecidos. Fo-ram vários os autores que salienta-ram esta definição (Chelladurai,1984; Cruz & Gomes, 1996; Horn,1992; Penedo, 2000; Serpa, 1990;Weinberg & Gould, 1995; Pires etal, 1999).

As abordagens teóricas iniciais aoestudo da liderança surgiram emcontextos exteriores ao desporto edesignavam-se por abordagem tipo“traço” porque pretendiam estudaras características ou traços dapersonalidade que eram comunsaos grandes líderes (Duarte, 2004)e abordagem comportamental (da-do preocupar-se com as descober-tas dos comportamentos dominan-tes e predominantes dos lídereseficazes (Weinberg & Gould, 1995).

Mais tarde, já na década de 70,originaram-se várias teorias situa-cionais e interaccionais, devido aofracasso das abordagens iniciaisem discriminarem de forma consis-tente a liderança eficaz da ineficaz,assim como a falta de generaliza-ção a diferentes contextos.

O modelo Multidimensional da Lide-rança desenvolvido por Chelladurai(1984, 1990, 1993) é específico e adaptado a contextos desportivose é o mais conhecido e testado pe-los investigadores (Cruz & Gomes,1994).

Segundo Weinberg (1995), estateoria conceptualiza a liderançacomo um processo interactivo,dado ser contingente quer parafactores situacionais, quer para ascaracterísticas do líder/treinadore os membros do grupo (isto é, osatletas). Desta forma, a liderançadesportiva pode variar em funçãodas características dos despor-tistas e das limitações da situação.

A seguinte figura ilustra o modelode Chelladurai e os elementos prin-cipais deste modelo de liderançano desporto (ver figura 1).

Este modelo assenta na premissade que a eficácia da liderança éespecífica ao contexto, isto é, oscomportamentos do líder variamem função dos atletas e do con-texto particular em que se desen-volve a actividade.

investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

t

Como podemos observar pela fi-gura 1 este modelo identifica comodimensões vitais da liderança olíder e as suas características (per-sonalidade, experiência, conheci-mentos), os subordinados (idade,sexo, habilidade, experiência namodalidade) e o contexto (situa-ções, estrutura e filosofia do clube,da equipa, etc.) (Duarte, 2004).

Por vezes é estabelecida uma re-lação entre a satisfação dos des-portistas e o estilo de liderançautilizado pelo treinador. Assim, porexemplo, demonstrou-se que osatletas ficam mais satisfeitos comos seus treinadores quando estesdemonstram comportamentos dereforço positivo, apoio social, trei-no e instrução e comportamentodemocrático por esta ordem. Poroutro lado existe menor satisfaçãonos atletas quando os treinadoresexibem comportamentos autocrá-ticos (Duarte, 2004).

De um modo geral, os estudos rea-lizados apontam para comporta-mentos de treino-instrução e dereforço como sendo os preferidospelos atletas. Relativamente à pre-ferência dos atletas sobre o estilode decisão, os comportamentosautocráticos são, de um modo ge-ral, os menos desejados como refe-rem Chelladurai (1984) e Terry &Howe, (1984).

No entanto, e com base na litera-tura, o que se conclui é que os líde-res que obtêm melhores resulta-dos no nível da satisfação e dorendimento não utilizam apenasum estilo de liderança. Recorrem,no mesmo dia ou na mesma se-mana, a vários estilos diferentes,em função das necessidades dasituação e do grupo com que estãoa interagir, ordenando a utilizaçãode cada um deles, e mudando deum estilo para outro sempre quefor necessário (Duarte, 2004).

Os resultados obtidos pelos atletasde uma equipa reflectem muitasdas vezes o investimento efectuadopor parte dos treinadores na mes-ma daí que se torne fundamental a relação e cooperação entre otreinador e atleta (Serpa, 1996).

Segundo Terry (1996), o modo maissimples de compreender o treino é observar a interacção entre otreinador, os atletas e a situação. A compatibilidade entre estas trêsvirtudes vão determinar o êxito. Aexperiência, a performance e acoesão de grupos também vão serdeterminantes para o grupo.

3. METODOLOGIA

33..11.. AAmmoossttrraa A população abordada no presenteestudo é constituída por 140 indi-víduos (N = 140), todos praticantesde modalidades colectivas, e oriun-dos da Região Norte do País.

Os nossos questionários foram apli-cados em dois escalões diferentes,um dos 12 aos 15 anos (N = 58) e

outro dos 18 aos 26 anos (N =82), em ambos os sexos (feminino,N = 79; masculino, N = 61).

A escolha por estas idades deveu-se ao facto de, em estudos ante-riores, já terem sido identificadasdiferenças entre sexos e faixasetárias no que diz respeito aoscomportamentos do treinador.

Segundo Cruz & Gomes (1996) àmedida que os atletas vão envelhe-cendo e adquirindo mais experiên-cia, aumentam as suas preferênciaspor comportamentos autocráticose aumenta também o desejo e anecessidade de apoio social porparte do treinador.

Segundo Serpa (1990), os atletasmasculinos valorizam mais os com-portamentos autocráticos e os detreino-instrução em detrimento dosdemocráticos. Por sua vez, os atle-tas do sexo feminino preferem com-portamentos democráticos.

O quadro que se segue resume as ca-racterísticas gerais da nossa amostra.

33..22.. EEllaabboorraaççããoo ddoo QQuueessttiioonnáárriiooAntes de partirmos para a elabo-ração do questionário, debruçamo--nos sobre alguma da literatura

RReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto

Característicasdas situações

ANTECEDENTES

Característicasdo líder

Característicasdos membros

Comportamentorequerido

COMPORTAMENTOS DO LÍDER CONSEQUÊNCIAS

Comportamentoactual

RReennddiimmeennttooSSaattiissffaaççããoo

Comportamentopreferido

FFIIGGUURRAA1Modelo Multidimensional de Liderança (adaptado de Chelladurai, 1993).

42|43|

existente sobre a liderança emcontextos desportivos para que,com base na teoria elaborar pu-déssemos elaborar um questionárioque fosse de encontro aos nossosobjectivos.

Assim, dado que nos interessavaanalisar os comportamentos dotreinador, um dos estudos que nosdespertou bastante interesse foi o

de Chelladurai (1984) citado porCruz e Gomes (1996), uma vez queassenta em dimensões da Escalada Liderança no Desporto onde oscomportamentos do treinador es-tão divididos em cinco dimensões.Após uma leitura cuidada desteartigo resolvemos acrescentar aestas cinco dimensões uma sexta,comportamento premissivo, onde o

treinador deixa fazer tudo o que osatletas quiserem intervindo poucono processo de treino (Martens,1990), uma vez que achamos quenestas cinco dimensões não estãodescritos estes comportamentosque são muitas vezes adoptamospelo treinador e interferem muitasvezes no processo de treino/ensino.

Posto isto, e com base na des-crição feita por Chelladurai (1984)citado por Cruz e Gomes (1996)dividimos cada um destes compor-tamentos em três itens comopodemos observar pelo seguintequadro (ver quadro 2).

Seguidamente, e aquando da ela-boração do questionário, os itensforam ordenados de forma alea-tória como podemos observar noquestionário elaborado, que é apre-sentado de seguida.

investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

N

61

%

43,6

Masculino

N

79

%

56,4

Feminino

Género

DDEESSCCRRIIÇÇÃÃOO DDAA AAMMOOSSTTRRAA (N = 140)

N

58

%

41,4

dos 12 aos 15

N

82

%

58,6

dos 18 aos 26

Idade

QQUUAADDRROO1Descrição da amostra.

Democrático

CCoommppoorrttaammeennttooss

O treinador permite que os atletas participem na elaboração dos objectivos.

O treinador permite que os atletas escolham o capitão de equipa.

O treinador partilha a opinião com os atletas.

CCaarraacctteerrííssttiiccaass

QQUUAADDRROO2Itens referentes a cada comportamento.

AutocráticoO treinador dá preferência à sua autoridade pessoal.

O treinador elabora os objectivos da equipa de forma individual.

O treinador elege o capitão de equipa.

Apoio Social

Recompensador

O treinador preocupa-se com o bem-estar dos atletas.

O treinador cria um clima positivo na equipa.

O treinador tem boa relação inter-pessoal com os atletas.

O treinador só dá feedbacks positivos.

O treinador recompensa os atletas após um bom comportamento.

O treinador incentiva frequentemente os atletas.

Instrução e TreinoO treinador limita-se a ensinar a componente técnica e táctica da modalidade.

O treinador clarifica a relação entre os atletas.

O treinador transforma o treino árduo em fácil.

PremissivoO treinador deixa que os atletas façam o que eles quiserem.

O treinador interfere pouco no processo de treino.

O treinador permite que todos participem no processo de treino

t

33..33.. QQuueessttiioonnáárriioo PPrroopprriiaammeennttee DDiittoo

RReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Mestrado em Avaliação nas Actividades Físicas e DesportivasQQUUEESSTTIIOONNÁÁRRIIOO SSOOBBRREE OOSS CCOOMMPPOORRTTAAMMEENNTTOOSS DDOO TTRREEIINNAADDOORR

Idade: ________ Sexo: M____ F_____ Modalidade que pratica ______________

Escalão_______________ Anos de Prática ___________

Neste questionário, pedimos-lhe que indique a sua opinião acerca dos comportamentos queconsidera mais importantes que um treinador apresente.

Não há respostas certas ou erradas. O que realmente importa é que indique o que pensa comsinceridade. Para cada uma das situações abaixo descritas, coloque um círculo em redor donúmero que melhor reflectir a sua opinião: 1- Discordo Completamente; 2- Discordo; 3- NemDiscordo, Nem Concordo; 4- Concordo; 5- Concordo Completamente.

1- O treinador permite que os atletas participem na elaboração dos objectivos. 1 2 3 4 5

Quais os comportamentos do treinador que consideras mais importantes?

2- O treinador elege o capitão da equipa. 1 2 3 4 5

3- O treinador preocupa-se com o bem-estar dos atletas. 1 2 3 4 5

4- O treinador recompensa os atletas após um bom comportamento. 1 2 3 4 5

5- O treinador clarifica a relação entre os atletas. 1 2 3 4 5

6- O treinador interfere pouco no processo de treino. 1 2 3 4 5

7- O treinador permite que os atletas escolham o capitão de equipa. 1 2 3 4 5

8- O treinador dá preferência à sua autoridade pessoal. 1 2 3 4 5

9- O treinador cria um clima positivo na equipa. 1 2 3 4 5

10- O treinador só dá feedbacks positivos. 1 2 3 4 5

11- O treinador limita-se a ensinar a componente técnica e táctica da modalidade. 1 2 3 4 5

12- O treinador deixa que os atletas façam o que eles quiserem. 1 2 3 4 5

13- O treinador partilha a sua opinião com os atletas. 1 2 3 4 5

14- O treinador elabora os objectivos da equipa de forma individual. 1 2 3 4 5

15- O treinador tem boa relação interpessoal com os atletas. 1 2 3 4 5

16- O treinador incentiva frequentemente os atletas. 1 2 3 4 5

17- O treinador transforma o treino árduo em fácil. 1 2 3 4 5

18- O treinador permite que todos participem no processo de treino. 1 2 3 4 5

Obrigado pela colaboração!

DiscordoCompletamente

ConcordoCompletamente

44|45|

33..44.. DDeeffiinniiççããoo ddoo CCoonntteexxttoo ddeeAApplliiccaaççããoo ddoo QQuueessttiioonnáárriioo

Dado que todos teríamos opor-tunidade de aplicar questionáriosem equipas diferentes, e dada anecessidade de uniformizarmos osprocedimentos aquando da aplica-ção dos mesmos, foram estabe-lecidos alguns passos a cumprircomuns a todos antes da aplicaçãodo nosso questionário.

Assim, antes da aplicação do ques-tionário foi pedida autorização aoresponsável de cada equipa parapodermos aplicar os questionáriosaos jogadores e foram dados aconhecer ao mesmo os objectivosque pretendíamos com o mesmo.

Foi pedido ao treinador que osquestionários fossem aplicadosantes do treino semanal para quehouvesse maior concentração nopreenchimento do mesmo, uma vezque, os atletas, no final do treino,saem fatigados e com vontade dese despacharem para tomar banho.

Para além dos questionários, foramfornecidos aos atletas cadernos ecanetas para que os mesmos pu-dessem responder ao mesmo tempoe em igualdade de circunstância.

Os questionários foram aplicadosquinze (15) minutos antes do iníciodo treino no próprio pavilhão umavez que as condições de iluminaçãosão normalmente, melhores que asdo balneário. Foi assegurado quedurante o preenchimento dos ques-tionários não decorriam treinos.

De forma a evitar uma leitura erra-da das instruções referentes aopreenchimento do teste e permitiruma conduta mais natural e infor-mal durante a aplicação do mesmo,cada investigador teve de familia-rizar-se antecipadamente com asinstruções do teste.

Foram esclarecidas ainda algumasdúvidas relativamente ao preenchi-mento do mesmo.

Dada a importância do treinador edos comportamentos do mesmopara os atletas, pareceu-nos bas-tante importante, antes de lhes en-tregarmos os questionários, apre-sentar e expor o objectivo da apli-cação, tentando motivar e despertaro interesse dos atletas, levando auma resposta sincera dos mesmos.

33..55.. PPrroocceeddiimmeennttooss EEssttaattííssttiiccoossCom a análise factorial exploratóriapartimos de um conjunto inicial detraços psicológicos, tentando verifi-car um conjunto menor de variáveishipotéticas (factores), com o intuitode simplificar as ideias chave doselementos. Devemos, assim, agru-par os vários itens em relação aosfactores que constituem o cons-tructo. A análise exploratória deveser parcimónia, ou seja ser o maissimples e curta possível, para que ainformação daí proveniente possaser mais facilmente analisada.

Após a definição das variáveis, inde-pendentes (idade e género) e dasdependentes (18 característicascomportamentais), procedemos àintrodução e edição de dados, eposterior análise exploratória.

Para a análise exploratória é, fun-damental seguirmos um conjuntode passos determinantes, para avalidação dos questionários:

1. Selecção das variáveis para aná-lise (q1 a q18);

2. De seguida realizámos uma aná-lise factorial descritiva, onde selec-cionamos a opção Initial Solution,com o intuito de apresentarmos acomunalidades, os valores própriose a percentagem de variância expli-cada. Selecionamos ainda o testeKMO (Kaiser-Meyer-Olkin) e o deesfericidade de Bartlett de modo a saber se a aplicação da análisefactorial tem validade para as va-riáveis escolhidas;

investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

FFIIGGUURRAA2 Análise factorial. FFIIGGUURRAA4 Extracção de Factores.

FFIIGGUURRAA3 Teste KMO e de Bartlett.

t

3. Na escolha de extracção dos fac-tores, optámos pelo método dascomponentes principais e a análiseda matriz de correlação, para valo-res próprios (eigenvalues) superio-res a 1;

4. Para transformar, os coeficientesdas componentes principais emestruturas simplificadas, procede-mos à rotação. O objectivo é dividiro conjunto inicial de variáveis emsubconjuntos com maior grau deindependência possível. A utilizaçãodo método Varimax para relaçõesortogonais deve-se ao facto de que-rermos que para cada componenteprincipal existam apenas algunspesos significativos e que todos osoutros sejam próximos de zero;

6. Para terminar, seleccionados Op-tions, de modo a escolher a formacomo os Missing são tratados e demodo a controlar o aspecto dasmatrizes finais.

4. APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS

44..11.. VVaalliiddaaddee ddaa AAnnáálliissee FFaaccttoorriiaall

RReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto

FFIIGGUURRAA5 Rotação.

5. De seguida, recorremos aos Fac-tor Scores e escolhemos o métodoatravés do qual são calculados osScores para cada caso. Estes Sco-res dão o valor das componentespara cada indivíduo;

FFIIGGUURRAA6 Factor Scores.

FFIIGGUURRAA7 Opções de análise.

NOTA

Eventualmente, no final deste pro-cesso, podemos especificar o nú-mero de factores pretendidos, ou ovalor próprio de eigenvalues, acimado qual se obtêm os factores. Nonosso caso, seleccionamos 6 fac-tores: democrático, autocrático, deapoio social, recompensador, deinstrução e treino e permissivo.

33..66.. LLiimmiittaaççõõeess ddoo EEssttuuddooUma das limitações do nosso es-tudo diz respeito ao tamanho daamostra, dado que, para o númerode itens que o teste possui e o fac-to de poder querermos aplicá-lo emambos os géneros a amostra deve-ria ser mais abrangente (cerca de200 indivíduos).

Outra limitação refere-se ao factode não terem sido controlados osprecedentes relativos à aplicaçãodo teste. Este aspecto assumegrande importância dado que, ascaracterísticas situacionais a quetiveram expostos antes da aplica-ção do teste, podem influenciar asrespostas dadas pelos atletas.

QQUUAADDRROO3KMO e de Bartlett’s Test.

Kaiser-Meyer-

Olkin Measure

of Sampling

Adequacy

,805

Bartlett’s Test

of Sphericity

Approx. Chi-Square

df

Sig.

1203,979

153

,000

O teste de KMO obteve um valor de0,805, o que indica que a análisedas componentes principais é boa,pelo que podemos utilizar a análisedas componentes principais. O tes-te da esfericidade de Bartlett, dáum valor de X2=1203,979; com153 graus de liberdade. Este resul-tado permite verificar que as variá-veis são correlacionáveis.

46|47|

Através dos métodos utilizadospara a extracção dos factores, ob-tivemos 5 componentes, pois sãoapenas 5 que apresentam umvalor próprio superior a 1. As 5componentes explicam mais de68% da variância dos dados iniciais.

investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

44..22.. EExxttrraaccççããoo ddooss FFaaccttoorreess

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

Componentes

5,642

3,066

1,376

1,143

1,028

,871

,802

,712

,572

,532

,404

,393

,337

,291

,277

,225

,170

,158

Total

31,343

17,033

7,647

6,348

5,714

4,836

4,456

3,958

3,179

2,955

2,245

2,185

1,873

1,614

1,542

1,250

,942

,880

% Variância

31,343

48,376

56,023

62,371

68,085

72,921

77,377

81,336

84,514

87,469

89,714

91,899

93,772

95,386

96,928

98,178

99,120

100,000

% Cumulativa

VVaalloorreess pprróópprriiooss iinniicciiaaiiss

5,642

3,066

1,376

1,143

1,028

Total

31,343

17,033

7,647

6,348

5,714

% Variância

31,343

48,376

56,023

62,371

68,085

% Cumulativa

EExxttrraaccttiioonn SSuummss ooff SSqquuaarreedd LLooaaddiinnggss

QQUUAADDRROO4Extracção dos Factores.

FFIIGGUURRAA8Extracção dos Factores.

1

2

3

4

5

6

0

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18

EIG

EN

VA

LUE

COMPONENTE NUMBER

t

Através da análise dos valores dacomponente matriz e da compo-nente matriz rodada, verificamosque as características correspon-dentes à “q1”, “q5”, “q6”, “q7” e“q14”, cuja interpretação não eraclara na primeira tabela (compo-nente matriz), surge-nos agorafiltrado na tabela com os valoresreferentes à rotação.

Quando um item tiver valores emdois ou mais factores, se a dife-rença entre os valores for superiora 0,15 seleccionamos o factor como valor mais elevado. Se assim nãofor elimina-se o item.

RReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto

44..33.. AAnnáálliissee ddaass CCoommppoonneenntteess pprriinncciippaaiiss

Q3

Q9

Q15

Q13

Q16

Q18

Q1

Q17

Q4

Q8

Q12

Q2

Q6

Q7

Q10

Q11

Q14

Q5

,820

,819

,775

,762

,739

,687

,630

,610

,532

-,525

,455

Componente 1

,476

-,730

,642

-,627

-,569

-,555

,456

Componente 2

,468

,406

,409

-,489

Componente 3

,679

-,408

Componente 4

,593

,472

Componente 5

CCoommppoonneenntteess

QQUUAADDRROO5Análise das Componentes principais.

Q15

Q9

Q3

Q17

Q13

Q18

Q1

Q16

Q7

Q2

Q8

Q10

Q12

Q6

Q4

Q11

Q5

Q14

,836

,819

,801

,752

,745

,741

,618

,586

,428

Componente 1

,439

,886

-,859

-,544

,519

Componente 2

,409

,737

,733

,598

Componente 3

-,820

,678

Componente 4

,454

,833

Componente 5

CCoommppoonneenntteess

QQUUAADDRROO6Análise das Componentes principais, após rotação.

48|49|

Na elaboração do nosso questio-nário, com base na teoria analisa-da, agrupamos os itens em estudoem seis factores. Quando procede-mos à análise estatística, o soft-ware utilizado agrupou-os em cincofactores. No entanto, e com basenos pressupostos analisados, que-ríamos saber qual seria o melhoragrupamento dos itens segundo aideia inicial dos seis factorespreviamente seleccionados para onosso questionário. Deste modo,procedemos à rotação dos dados,seleccionando no método de ex-tracção dos factores, pela análisedas componentes principais, 6 fac-tores para posterior agrupamentodos itens.

Após uma análise cuidada do agru-pamento dos itens em 6 factores,deparámo-nos com uma divisãoque não corresponde à elaboradapor nós inicialmente. A distribuiçãodas perguntas (itens) por cadacomportamento (factor), efectuadano questionário por nós construí-do, ocorreu de acordo com o apre-sentado de seguida (ver quadro 8).

Por outro lado, ao ser efectuada aanálise factorial exploratória paraos 6 factores deparamo-nos com oseguinte agrupamento, que nãoestá de acordo com o definido pornós (ver quadro 9).

Segundo a análise do agrupamentoefectuado pelo programa estatís-tico (ver quadro 7), podemos ve-rificar que a questão 16 (q16), foiagrupada em dois factores. Noentanto, como a diferença entreambos é inferior a 0,15 este itemdeverá ser eliminado.

investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

44..44.. CCoommppoonneennttee mmaattrriizz rrooddaaddaa,, ppaarraa ooss 66 ffaaccttoorreess ddeeffiinniiddooss ppaarraa oo nnoossssoo qquueessttiioonnáárriioo

Q15

Q9

Q3

Q13

Q17

Q18

Q16

Q1

Q7

Q2

Q6

Q4

Q12

Q14

Q8

Q11

Q5

Q10

,848

,830

,802

,752

,747

,737

,594

,594

,427

Comp. 1

,461

,875

-,867

-,495

,428

Comp. 2

,727

,700

,695

Comp. 3

-,485

,805

,544

Comp. 4

,865

-,435

Comp. 5

,664

,612

Comp. 6

CCoommppoonneenntteess

QQUUAADDRROO7Análise das Componentes principais, após o método de rotação para os 6 factores do questionário.

q1, q7, q13

DDeemmooccrrááttiiccoo(Factor 1)

q2, q8, q14

AAuuttooccrrááttiiccoo(Factor 2)

q3, q9, q15

AAppooiioo SSoocciiaall(Factor 3)

q4, q10, q16

RReeccoommppeennssaaddoorr(Factor 4)

q5, q11, q17

IInnssttrruuççããoo////TTrreeiinnoo

(Factor 5)

q6, q12, q18

PPeerrmmiissssiivvoo(Factor 6)

QQUUAADDRROO8Agrupamento dos itens em 6 factores, no nosso questionário.

q1, q3, q9,

q13, q15,

q17, q18

DDeemmooccrrááttiiccoo(Factor 1)

q2, q7

AAuuttooccrrááttiiccoo(Factor 2)

q4, q6, q12

AAppooiioo SSoocciiaall(Factor 3)

q8, q14

RReeccoommppeennssaaddoorr(Factor 4)

q11

IInnssttrruuççããoo////TTrreeiinnoo

(Factor 5)

q5, q10

PPeerrmmiissssiivvoo(Factor 6)

QQUUAADDRROO9Agrupamento dos itens em 6 factores, através do método de rotação para os 6 factores.

t

Tendo em consideração todos ospressupostos de construção evalidação de um questionário deavaliação psicossocial no contextodesportivo, pretendemos no decor-rer deste trabalho, verificar se oquestionário por nós elaborado(questionário sobre os comporta-mentos do treinador), reúne condi-ções para posterior validação.A validade de constructo de umteste prende-se com a necessidadedo teste medir, na realidade, ca-racterísticas defendidas pela teoria.Cada constructo é desenvolvidopara explicar e organizar a consis-tência das respostas observadas.Estas relações comportamentais,entre os diversos indivíduos, permi-tem a validação do constructo.Assim, para esta validação serefectuada é preciso haver umaacumulação gradual das informa-ções recolhidas da amostra emcausa.Qualquer comportamento que sejaavaliado tem que ter em linha deconta as informações dadas pelosindivíduos que preenchem o questio-nário. Apenas, com a comparaçãodestas informações com a baseteórica de sustentação ao traba-lho, é que é permitido que a valida-ção do teste seja efectuada comsucesso. (Anastasi & Urbina, 2000).Neste sentido, após a construçãodo questionário, procedemos auma análise factorial exploratória,de onde podemos concluir que opresente questionário não cumpreos requisitos estatísticos necessá-rios para uma posterior validação,uma vez que, o agrupamento deitens efectuado pelo programa nãocorresponde ao agrupamento pornós inicialmente efectuado. No

entanto, é importante ressalvar acomplexidade do processo de vali-dação de um questionário, uma vezque, apesar de serem cumpridostodos os processos de validação, o resultado final nem sempre é opretendido.

No nosso caso particular, tal factopode dever-se ao número reduzido(3) de itens que definimos paracada comportamento (factor).

Outra possível justificação para osresultados explicados poderá terorigem numa ambígua formulaçãodas questões em análise, que pode-rão ter duplo significado, alterandoa interpretação das mesmas.

5. CORRESPONDÊNCIA

Francisco Gonçalves

Travessa Comendador Seabra da Silva, n.º 226

3720-297 Oliveira de Azeméis

E-mail: [email protected]@hotmail.com

Tlms: 917 668 858966 833 562

Tlf.: 256 285 335

6. REFERÊNCIAS

1. Anastasi A & Urbina S (2000).Testagem Psicológica. (7.ª Edição).Porto Alegre: Edidora Artmed.

2. Barrow JC (1977). The varia-bles of leadership: a review andconceptual framework. Academy ofManagement Review, 2, 231-251.

3. Bryant FB & Yarnold PR (s.d).Principal-Components Analysis andExploratory and Confirmatory Fac-tor Analysis. In JM Silva & RS Wein-berg (Eds.), Psychological Founda-tions of Sport (pp. 329-339). Cham-paign, Illinois: Human kinetics Books.

4. Chelladurai P (1984). Leadershipin sports. In JM Silva & RS Wein-berg (Eds.), Psychological Founda-tions of Sport (pp. 329-339). Cham-paign, Illinois: Human kinetics Books.

5. Cruz JF & Gomes AR (1996).Liderança de equipas desportivase comportamentos do treinador,Manual de Psicologia do Desporto(pp. 389-408) Braga: Sistemas Hu-manos e Organizacionais.

6. Duarte AM (2004). Promover amelhoria da relação atleta-trei-nador. Treino Desportivo 24, 14-21.

7. Etchepare L & Pereira É (2004).Proposta e validação de um ins-trumento para a avaliação devivências em educação física. Re-vista digital: efdeportes; [on-line],disponível em:http://www.efdeportes.com

8. Fonseca Pedro M, Fonseca An-tónio M (1997). Estilos de lide-rança preferidos e percepcionadosna esgrima de alto nível em Por-tugal: Será a perspectiva dosatletas semelhante à dos seustreinadores? Actas: V Congressode Educação Física e Ciências doDesporto dos Países de LínguaPortuguesa (pp. 431-439).

9. Frias J (2000). Treinos mais efi-cazes - A relação treinador atleta.Training, 2, 4-5.

10. Martens R (1990). SuccessfulCoaching. (2.ª Edição). Editora Lei-sure Press.

RReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto

50|51|

11. Pires G, Colaço C, Monteiro E &Marcelino J (1999). O triângulo dopoder para uma liderança eficaz.Revista Ludens, 16, (1), 47-67.

12. Serpa S (1990). O treinadorcomo líder - Panorama actual dainvestigação. Revista Ludens, 12,(2), 23-32.

13. Terry P (1996). The psychologyof the coach- athlete relationship.In Bull SJ (Eds), Sport Psychology -A self-help guide (pp. 103-122).

14. Weinberg R & Gould D (1995).Leadership, Foundations of Sportand Exercise Psychology (pp. 203--219). USA: Human Kinetics.

15. Horn TS (1992). LeadershipEffectiveness in the Sport Domain.In Horn, T. S. (Eds), Advances inSport Psychology (pp. 181-199).Champaign, illinois: Human kineticsPublishers.

16. Penedo J (2000). Estudo longi-tudinal de liderança e clima moti-vacional percepcionado por ginas-tas de classes representativas.Tese de mestrado não publicada,Universidade Técnica de Lisboa -Faculdade de Motricidade Humana,Lisboa, Portugal.

investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

AVALIAÇÃO TTÁCTICA NNO VVOLEIBOL -- OO PPOOSSIICCIIOONNAAMMEENNTTOO DDEEFFEENNSSIIVVOO EE ZZOONNAASS VVUULLNNEERRÁÁVVEEIISS EEMM FFUUNNÇÇÃÃOO DDAA ZZOONNAA DDOO AATTAAQQUUEE AADDVVEERRSSÁÁRRIIOO

NNOO 55ºº JJOOGGOO DDAA FFAASSEE FFIINNAALL DDOO PPLLAAYY--OOFFFF DDIIVVIISSÃÃOO AA11

técnico

RESUMOPara atingir o objectivo do jogo deVoleibol, os jogadores devem exe-cutar acções individuais, que numaestrutura específica, formam o pen-samento táctico. Assim, é impor-tante verificar as acções de jogo,neste caso o pensamento tácticodefensivo para encontrar a melhorforma para o contrariar.

O presente estudo, pretende anali-sar a organização táctica defensiva,assim como o local de embate dabola no solo, em função da zona deataque, tentando encontrar umpadrão de zonas vulneráveis.

Foram analisadas as acções ofen-sivas que originaram ponto directo,das equipas presentes no 5º jogoda final do Play-Off (Sport Lisboa e Benfica e Sporting Clube de Es-pinho), do campeonato de séniormasculino de Voleibol. Foi analisadoo posicionamento defensivo da equi-pa, assim como o local de embateda bola, dividindo-se o campo em 9zonas defensivas.

Concluiu-se que as zonas defensivasdo Benfica mais vulneráveis são asáreas mais próximas da linha dos 3 metros. Por sua vez, o Espinhoapresenta vulnerabilidade no cen-tro e na esquerda, atrás da linhados 3 metros.

A pertinência desta análise tácticaquantitativa, permite determinar co-mo deverá ser planeada a estruturatáctica ofensiva das equipas adver-sárias, com o intuito de procurarexplorar estas zonas vulneráveis.

ABSTRACTTo hit the Volleyball game’s objective,the players must perform individualactions that in a specific structureform the tactic thought. Thus, it isimportant to verify the game’sactions, in this case the defensivetactic thought to find the best formto oppose it.

The present study, intends to analy-ze the defensive tactic organization,as well as the place of touch of theball in the ground, in function of theattack zone, trying to find a vulne-rable zones standard.

The offensive actions that hadoriginated direct point, of the teamspresents in 5º game of the end ofthe Play-Off, of the championship ofmasculine senior of Volleyball (SportLisboa e Benfica and Sporting Clubde Espinho), had been analyzed. Thedefensive positioning of the teamwas analyzed, as well as the place of touch of the ball, dividing the fieldin 9 possible defensive zones.

We concluded that the Benfica’sdefensive zones most vulnerable are the areas next to the line of the3 meters. In turn, the Espinhopresents vulnerability in the centreand the left, behind the line of the 3 meters.

The relevancy of this quantitativetactic analysis, allows to determineas the offensive tactic structure willhave to be plan by the adversariesteams, with intention to explore the-se vulnerable zones.

AUTORESFrancisco Gonçalves1

Paulo Mourão2

1 Licenciado e Doutorando em EducaçãoFísica e Desporto pela Universidade de Trás--os-Montes e Alto Douro

2 Licenciado em Educação Física pelo ISMAI e Mestre em Ciências do Desporto pelaUniversidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

AVALIAÇÃO TTÁCTICA NNO VVOLEIBOL - OO PPOOSSIICCIIOONNAAMMEENNTTOO DDEEFFEENNSSIIVVOO EE ZZOONNAASS

VVUULLNNEERRÁÁVVEEIISS EEMM FFUUNNÇÇÃÃOO DDAA ZZOONNAA DDOO

AATTAAQQUUEE AADDVVEERRSSÁÁRRIIOO NNOO 55ºº JJOOGGOO DDAA

FFAASSEE FFIINNAALL DDOO PPLLAAYY--OOFFFF DDIIVVIISSÃÃOO AA11

4(4): 551-58

PPAALLAAVVRRAASS--CCHHAAVVEEvoleibol; organização tácticadefensiva; zonas vulneráveis.

KKEEYYWWOORRDDSSvolleyball; defensive tacticorganization; vulnerable zones.

data de submissãoAAbbrriill 22000077

data de aceitaçãoJJuunnhhoo 22000077

52|53|

1. INTRODUÇÃO

Para atingir o objectivo do jogo deVoleibol, os jogadores executamacções individuais, que numa es-trutura específica formam o pensa-mento táctico. Este pensamentotáctico deve estar sempre presenteao longo do jogo e caracteriza-sepela comunicação e cooperação1.No nosso estudo, como mais àfrente veremos, o objectivo é o deverificar a relação com o adver-sário, sendo então importante acontra-comunicação e a oposição.Assim, é importante verificar asacções de jogo que a equipa que seencontra no processo defensivoleva a cabo, para contrariar o ata-que adversário, através de acçõesde jogo individuais e colectivas.Estas acções encontram-se deter-minadas por modelos e princípiosespecíficos, que poderão variarconsoante os elementos da equi-pa, adversário e características de jogo1.O ataque é definido como a tentati-va de ultrapassar a defesa, colocan-do a bola do lado contrário, dentrodo terreno de jogo e fora do alcan-ce da equipa adversária, cumprindotodas as regras do jogo3.Por sua vez, a defesa é definida co-mo a tentativa de evitar a concreti-zação de ponto por parte da equi-pa adversária, tentando recuperara bola, para concretizar. Em suma,a defesa é a reacção ao ataque3.Desta forma, cada equipa deveorganizar-se ofensiva e defensiva-mente. A esta organização estádesignado o conceito de táctica.A situação táctica ofensiva deveprocurar encontrar zonas vulnerá-veis na organização defensiva adver-sária, que lhes permita colocar abola fora do alcance do adversário.Na situação táctica defensiva, aequipa luta para não permitir aoadversário a conquista do ponto, econsequente recuperação da possede bola para o ataque2.

O estudo efectuado pretende ana-lisar a organização táctica defen-siva, em função da zona de ataque,tentando encontrar um padrão dezonas vulneráveis. Assim, contabi-lizaremos em termos esquemáticossomente o momento em que o pon-to for obtido, através do contactoda bola no solo, directamente pro-veniente do ataque, não havendopossibilidade de defesa.Existem condicionantes regulamen-tares inerentes a todo este pro-cesso, tais como a marcação depontos, a obrigatoriedade de rota-ção de jogadores e as zonas de jogo.Assim sendo, cada técnico terá deestruturar a sua equipa com basenestas limitações, de forma a obtersucesso.Com base na bibliografia analisadae nas aparentes necessidades deestudos baseados na análise tácti-ca defensiva no Voleibol, decidimosanalisar os sistemas tácticos de-fensivos das duas equipas finalis-tas do campeonato de Voleibol daépoca 2004/2005, no momentoda concretização de pontos dorespectivo adversário.As equipas analisadas correspon-diam ao escalão sénior masculino,a disputar o 5º jogo da final doPlay-Off, do Campeonato SéniorMasculino em Voleibol A1; SportingClub de Espinho Vs. Sport Lisboa eBenfica, na época 2004/2005.

2. METODOLOGIA

22..11.. AAmmoossttrraaA amostra é constituída por 2 equi-pas do escalão sénior masculino, a disputar a final do Play-Off doCampeonato Sénior Masculino emVoleibol na época 2004/2005,entre o Sporting Club de Espinho e o Sport Lisboa e Benfica.

22..22.. EEqquuiippaammeennttooPara a realização deste trabalhofoi utilizada um televisor SONYBlackTriniton, um Vídeo GravadorSONY BlackTriniton de 4 cabeças euma cassete de vídeo JVC de 240minutos.

22..33.. PPrroocceeddiimmeennttoosseexxppeerriimmeennttaaiiss

Foram definidas 6 zonas de ataque(figura 1), para análise do local deataque, e 9 zonas de defesa, para a análise do local de queda da bolae da colocação dos jogadores de-fensores (figura 2).

investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

FFIIGGUURRAA1 Divisão do campo em 6 zonaspossíveis de ataque.

Optou-se por dividir o campo defen-sivo, em 9 zonas, pelo simples factode ser aparentemente mais válido.

FFIIGGUURRAA2 Divisão do campo em 9 zonaspossíveis de queda da bola e de

colocação dos jogadores defensores.

t

Só foram contabilizadas as acçõesofensivas que tiveram como con-sequência o ponto directo (boladirectamente para o solo), sempossibilidade de defesa.

No momento de finalização, foianalisado o posicionamento decada um dos 6 jogadores da equipadefensiva, nas 9 possíveis zonas de defesa, com o intuito de analisara sua organização táctica defen-siva e detectar zonas vulneráveis.

Para a análise quantitativa dasacções previamente definidas, pro-cedemos à análise do produto (po-sicionamento defensivo da equipa,aquando do remate adversário).Consequentemente, houve ainda aanálise do local de embate da bolano solo, igualmente uma análisequantitativa.

Em termos de definição do contex-to de recolha de dados, tentámosseleccionar os indicadores maisadequados às nossas necessidades.Assim, não nos preocupámos emanalisar muitos aspectos do jogo,mas sim uma variável objectiva(como já foi referenciado, local deembate da bola no solo).

Em termos de validade aparente, a forma utilizada, permitiu mediraquilo a que se propôs, além domais, em termos de fiabilidade, autilização do vídeo permite reduzirao máximo a fonte de erro, haven-do consistência na análise. Sendo ogrupo constituído por dois elemen-tos, cada um analisou, independen-temente as acções de jogo e sóposteriormente se compararam os resultados. No caso das obser-vações serem díspares, houve umaterceira análise conjunta paradissipação completa de dúvidas ehaver um aumento da objectividade.

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da Fundação Técnica e Científica do Desporto

FFIIGGUURRAA3Posicionamento Defensivo do Espinho nos remates de zona 2 do Benfica.

54|55|

Da zona 3, o Benfica realizou 6 re-mates, concretizando-os em ponto.Nesses momentos a disposiçãotáctica do Espinho foi a seguinte(ver figura 4).

Da zona 4, o Benfica realizou 7remates, todos eles concretizadoscom a bola a embater no solo.Nesses momentos a disposiçãotáctica do Espinho foi a seguinte(ver figura 5).

Como foi referenciado anterior-mente, nesta segunda parte daapresentação esquemática dos re-sultados, ir-se-ão analisar os resul-tados referentes à avaliação tác-tica da equipa do Benfica. Das 6zonas previamente estabelecidascomo possíveis zonas de remate, oBenfica, à imagem do Espinho,utilizou somente 3, a zona 2, zona3 e zona 4. Nos 7 momentos doremate concretizados pelo Espinhoda zona 2, a disposição táctica doBenfica foi a seguinte (ver figura 6).

Da zona 3, o Espinho realizou 9remates, concretizando-os em pon-to. Nesses momentos a disposiçãotáctica do Benfica foi a seguinte(ver figura 7).

Da zona 4, o Espinho realizou 5remates, todos eles concretizadoscom a bola a embater no solo.Nesses momentos a disposiçãotáctica do Benfica foi a seguinte(ver figura 8).

investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

FFIIGGUURRAA4Posicionamento Defensivo do Espinho nos remates de zona 3 do Benfica.

3. RESULTADOS

Os resultados serão divididos emduas partes e dizem respeito atodo o jogo (4 sets). Na primeira,apresentar-se-ão os resultadosreferentes à avaliação táctica daequipa do Espinho. Naturalmenteque neste momento a equipa ad-versária detém a posse de bola e

prepara o ataque. Das 6 zonaspreviamente estabelecidas comopossíveis zonas de remate, o Ben-fica utilizou somente 3, a zona 2,zona 3 e zona 4. Nos 7 momentosdo remate concretizados pelo Benfi-ca da zona 2, a disposição táctica doEspinho foi a seguinte (ver figura 3).

t

4. DISCUSSÃO

Através da análise dos remates doBenfica da zona 2, podemos ve-rificar algumas lacunas em algunslocais da defesa do Espinho. Assim,podemos verificar as zonas onde oponto foi marcado, logo zonas ondea defesa não foi eficaz. A zonadefensiva mais permeável ao ata-que adversário foi a zona G, haven-do três bolas a concretizar pontonesta zona. Podemos ainda veri-ficar que o ataque para a diagonalcurta também surtiu efeito (zonasC, F e E).

No que à zona 3 diz respeito, apermeabilidade defensiva do Espi-nho fez-se notar mais no quadrantedefensivo esquerdo, contempladopelas zonas D, E, G e H.

Os remates da equipa do Benficaprovenientes da zona 4, resultaramnuma vulnerabilidade defensiva por parte da equipa do Espinho,maioritariamente na zona H, comtrês bolas; e na zona D com duasbolas. (ver figura 9).

Em suma, e indo ao encontro doobjectivo do presente trabalho,podemos constatar que as zonasdefensivas do Espinho mais vulne-ráveis são as zonas D, E, G e H.

Através da análise dos remates do Espinho da zona 2, podemosverificar também algumas lacunas

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FFIIGGUURRAA5Posicionamento Defensivo do Espinho nos remates de zona 4 do Benfica.

56|57|

defensivas do Benfica. A zona de-fensiva mais permeável ao ataqueadversário foi a zona F, havendotrês bolas a concretizar ponto nes-ta zona. Podemos ainda verificarque o ataque para a zona A, B e Dtambém surtiu efeito, com umabola em cada zona.

No que diz respeito à zona 3, a per-meabilidade defensiva do Benficafez-se notar mais na área compos-ta pelas zonas D, E e F. Para alémdeste facto, existe maior permea-bilidade no lado direito. De salien-tar ainda, que este foi o parâmetroanalisado em que houve mais ocor-rências (9 remates). Assim, pode-mos supor que o ataque do Espi-nho da zona 3 é bastante eficaz, oueventualmente a defesa do Benficaapresenta lacunas perante umaataque deste tipo.

Os remates da equipa do Espinhoprovenientes da zona 4, resultaramnuma vulnerabilidade defensiva porparte da equipa do Benfica, ten-dencialmente, no lado esquerdo, ouseja perante remates cruzados.(ver figura 10).

Em suma, e indo ao encontro doobjectivo do presente trabalho,podemos constatar que as zonasdefensivas do Benfica mais vulne-ráveis são as zonas D e F. De sa-lientar ainda que os ataques para aproximidade da linha dos 3 metrosforam bastante eficazes, ou seja,existe vulnerabilidade nesta zona.

A pertinência desta análise tácticaquantitativa, permite determinarcomo deverá ser planeada a estru-tura táctica ofensiva das equipasadversárias, com o intuito de pro-curar explorar estas zonas vulne-ráveis.

investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

FFIIGGUURRAA6Posicionamento Defensivo do Benfica nos remates de zona 2 do Espinho.

tRReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto

FFIIGGUURRAA7Posicionamento Defensivo do Benfica nos remates de zona 3 do Espinho.

58|59|

5. CORRESPONDÊNCIA

Francisco Gonçalves

Travessa Comendador Seabra da Silva, n.º 226

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E-mail: [email protected]@hotmail.com

Tlms: 917 668 858966 833 562

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6. REFERÊNCIAS

1. Moutinho CA (1998). O ensinodo Voleibol. A estrutura funcionaldo Voleibol. In Graça A., Oliveira. J.O Ensino dos Jogos Desportivos.3ª Edição. pp. 137-152.

2. Mesquita I (1998). O ensino doVoleibol. Proposta Metodológica.In Graça A., Oliveira. J. O Ensinodos Jogos Desportivos. 3ª Edição.Pp. 153-199.

3. Shondell, D., Reinaud, C. (2002)The Volleyball Coaching Bible.Human Kinetics Publishers Inc.:Champaign, IL, USA.

investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

FFIIGGUURRAA8 Posicionamento Defensivo do Benfica nos remates de zona 4 do Espinho.

FFIIGGUURRAA9 Vulnerabilidade defensiva do Espinho em função da zona de ataque.

FFIIGGUURRAA10 Vulnerabilidade defensiva do Benfica em função da zona de ataque.

O TTREINO DDA FFLEXIBILIDADE MMUSCULAR EE OO AAUMENTO DDA AMPLITUDE DDE MMOVIMENTO: UUMA RREVISÃO CCRÍTICA DDA LLITERATURA

THE MMUSCULAR FFLEXIBILITY TTRAINING AAND TTHE RRANGE OOF MOVEMENT IIMPROVEMENT: AA CCRITICAL LLITERATURE RREVIEW

revisão

RESUMOO treino da flexibilidade muscularpõe em evidência uma série deprincípios neurofisiológicos e umconjunto intrincado de propriedadesmusculares e visco-elásticas. Sãodiversos os métodos de estiramentorealizados nos contextos clínico edesportivo. Apesar da sua utilizaçãoser comum, não é usual os pro-fissionais de saúde e educaçãoreflectirem sobre as componentes e eficácia dos diversos métodos deestiramento. Neste artigo, realiza-mos uma revisão crítica dos diver-sos métodos utilizados no treino deflexibilidade, assim como dos prin-cípios e parâmetros que com elesse relacionam. Daremos especialênfase aos princípios em que sebaseia a facilitação neuromuscularproprioceptiva e os diversos méto-dos de relaxamento local, como oaquecimento. Para além disso, te-remos em conta os dados revela-dores relativos ao paradoxo do Coe-ficiente de elasticidade, os quaispodem ajudar a conceber umafilosofia de intervenção do treino deflexibilidade divergente relativamen-te ao que classicamente tem sidodefendido e efectivado.

ABSTRACTThe muscular flexibility training putin evidence a train of neurophy-siological principals and an intricateamount of muscular and viscous--elastic properties. There are a lotof stretching methods, used on theclinical and sport contexts. Despiteits common utilization, it isn’t usualthe health and educational profes-sionals reflect about the com-pounds and efficacy of the diversestretching methods. In this article,we realize a critical review aboutthe diverse methods used on theflexibility training, as the principlesand parameters related with that.We will done special emphasis tothe principles of the proprioceptiveneuromuscular facilitation and thediverse local relaxation methods,like warming. We will also have incount the revealing data relating tothe Elasticity Coefficient paradox,witch can help to conceive an inter-vention philosophy of the flexibilitytraining different from what it havebeing defended and practiced.

AUTORESLuís Filipe dos Santos Coelho1

1 Fisioterapeuta e Professor de Pilates do Consultório e Clínica de Reabilitação, Lda.- Lisboa

O TTREINO DDA FFLEXIBILIDADE MUSCULAR EE OO AAUMENTO DDA AMPLITUDE DDE MMOVIMENTO: UUMAREVISÃO CCRÍTICA DDA LLITERATURA4(4): 559-70

PPAALLAAVVRRAASS--CCHHAAVVEEestiramento passivo; estiramentoactivo; facilitação neuromuscularproprioceptiva; aquecimento;coeficiente de elasticidade.

KKEEYYWWOORRDDSSpassive stretching; activestretching; proprioceptiveneuromuscular facilitation;warming; elasticity coefficient.

data de submissãoJJuullhhoo 22000066

data de aceitaçãoMMaaiioo 22000077

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INTRODUÇÃO

Conceptualmente, a flexibilidademuscular tem sido definida emtermos da amplitude de movimentodisponível por parte de uma arti-culação, amplitude essa dependen-te da extensibilidade dos músculos.Podemos atender à flexibilidadecomo “a habilidade para mover umaarticulação ou articulações atravésde uma amplitude de movimentolivre de dor e sem restrições, de-pendente da extensibilidade dosmúsculos, que permite que estescruzem uma articulação para rela-xar, alongar e conter uma força dealongamento” (1, p. 142, cap. 5).O treino de flexibilidade é utilizadocada vez mais frequentemente noscontextos clínico e desportivo, tantona preparação como na conclusãode treinos, assim como parte detreinos autónomos que visam o es-tiramento global ou a reeducaçãopostural.Neste artigo, iremos rever os di-ferentes tipos de métodos tera-pêuticos utilizados para alongar ostecidos moles, considerando umarevisão sustentada da literatura,tanto no respeitante às diferentesmodalidades e variantes de alonga-mento, como no respeitante aosdiferentes parâmetros de estira-mento muscular, como a frequênciae a duração dos estiramentos.Iremos igualmente questionar aeficácia de uma série de modali-dades de intervenção com vista aoganho de flexibilidade, tendo sempreem conta a literatura existente.

DESENVOLVIMENTO

PROPRIEDADES MECÂNICAS ENEUROFISIOLÓGICAS DOS TECIDOS

A flexibilidade está dependente dediversas propriedades mecânicas

e neurofisiológicas do tecido con-tráctil e do tecido não contráctil.

As propriedades neurofisiológicasdo tecido contráctil estão depen-dentes do funcionamento do fusoneuromuscular, do órgão tendinosode Golgi e das fibras neuronaisassociadas, estruturas envolvidasnum complexo processo de iner-vação recíproca.

As propriedades mecânicas dotecido muscular dependem dossarcómeros e respectivas pontestransversas de actina e miosina.Quando um músculo é alongadopassivamente, o alongamento ini-cial ocorre no componente elásticoem série e a tensão aumenta agu-damente. Após certo ponto, ocorreum comprometimento mecânicodas pontes transversas à medidaque os filamentos se separam como deslizamento e ocorre um alon-gamento brusco nos sarcómeros2.Se um músculo é imobilizado naposição alongada por um períodoprolongado de tempo, o número desarcómeros em série aumenta,dando origem a uma forma maispermanente de alongamento mus-cular. O músculo irá ajustar o seucomprimento com o tempo de mo-do a manter a maior sobreposiçãofuncional entre actina e miosina3.

As características mecânicas dotecido mole não contráctil estãodependentes das forças de sobre-carga e distensão tecidular, sendoque a curva sobrecarga - distensãoconcebe o comportamento dos te-cidos perante uma força de defor-mação. Quando sobrecarregadas,inicialmente as fibras de colagéneoalongam-se. Com sobrecarga adi-cional, ocorre deformação recupe-rável na amplitude elástica. Assimque o limite elástico é alcançado,ocorre falha sequencial das fibrasde colagéneo e no tecido na ampli-tude plástica, resultando em liber-

tação de calor e um novo compri-mento quando a sobrecarga élibertada4,5.

O comportamento visco-elásticodos tecidos moles durante umalongamento compõe-se de umadeformação ou creep, expressando--se mais precisamente na fluagemuscular. Tal comportamento mus-cular pode ser expresso pela se-guinte equação6:

ÍNDICE DE DEFORMAÇÃO = FORÇAAPLICADA / COEFICIENTE DE

ELASTICIDADE X TEMPO

A deformação muscular será maiorem músculos com menor Coefi-ciente de elasticidade e estará pro-porcionalmente dependente daForça aplicada e do factor Tempo.

Mais tarde, no decorrer desteartigo, iremos ter em consideraçãoaquilo que pode ser denominado de “paradoxo do coeficiente deelasticidade”.

MÉTODOS DE ESTIRAMENTO

Existem três métodos básicos paraalongar os componentes contrác-teis e não contrácteis da unidademúsculo-tendinosa: estiramentopassivo, inibição activa (inclui oestiramento activo) e auto-alon-gamento1. O auto-alongamento podeenvolver alongamento passivo, ini-bição activa ou ambos.

De seguida, iremos precisar os diver-sos tipos de alongamento passivo.

ESTIRAMENTO PASSIVO

ESTIRAMENTO PASSIVO MANUAL

Este é o tipo de estiramento emque o terapeuta ou instrutor aplicauma força externa ao segmento de modo a alongar os tecidos, sem realização de qualquer tipo de esforço por parte do doente oudesportista.

investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

Exploremos seguidamente determi-nados parâmetros relativos à efec-tuação deste tipo de estiramentos.

Diversos estudos têm sido reali-zados com vista à compreensão dotempo necessário de estiramentocom vista à obtenção de uma de-formação permanente dos tecidos,ou seja, ao ganho de flexibilidade.

A primeira referência data de19877, estudo no qual o alonga-mento passivo foi aplicado nosabdutores da anca de indivíduossaudáveis por 15 e 45 segundos e dois minutos, na mesma inten-sidade. Segundo o estudo, o alon-gamento de dois minutos não apre-sentou mais vantagens no aumentoda amplitude de movimento que osalongamentos mais prolongados.

No estudo de Bandy e Irion8,datado de 1994, foi concluído queum estiramento estático de 30segundos é mais efectivo que osalongamentos de tempos inferio-res, mas não mais capaz de produ-zir melhorias na amplitude de movi-mento que o estiramento de 60segundos.

Bandy et al.9 concluíram tambémque não há vantagens adicionais narealização de estiramentos comtempos superiores a 30 segundosde duração. Para além disso, de-monstraram que não é vantajosa a passagem da frequência deestiramento de uma para trêsvezes por dia.

À semelhança dos estudos ante-riores, Roberts e Wilson10 tambémestudaram os tempos de estira-mento estático e passivo em jovensdesportistas. Concluíram que esti-ramentos de 15 segundos erammais vantajosos que estiramentosde tempos inferiores.

A única investigação com vista aoestudo de tempos de alongamentorealizada em indivíduos idosos cor-responde ao estudo de Feland et

al.11. Neste estudo, foi demonstra-do haver vantagens na realizaçãode estiramentos longos, até 60segundos de duração. Os autoresexplicaram os resultados com anecessidade de sujeitos mais ido-sos, com menor elasticidade teci-dular, necessitarem de períodosmais prolongados de tempo paraconseguirem a máxima deformaçãodas suas estruturas musculares.

Um estudo recente 12 apontoupara os mesmos resultados, emtermos de ganhos de amplitude demovimento, tanto com um estira-mento de 30 segundos de duraçãocomo com diversos estiramentosde cinco segundos de duração.

Há uma necessidade premente deestudar mais profundamente ostempos necessários à realização de estiramentos, principalmente norespeitante àqueles que são pro-gressivos e globais. Por exemplo, otrabalho de fisioterapia de cadeiasmusculares, previsto no método deMézières13, Reeducação PosturalGlobal e Stretching Global Activo14

e método de Busquet15, advoga arealização de estiramentos muitoprolongados no tempo. O trabalhode alongamento realizado nestesmétodos respeita escrupulosamen-te a fórmula da fluage muscular,apresentada no capítulo anterior.Segundo o que a fórmula prediz,Souchard16 defende as duas seguin-tes premissas relativas ao trabalhopassivo de alongamento:

1) Quanto mais prolongamos o tem-po de alongamento, mais signi-ficativo é o comprimento ganho.Para ser eficaz, é preciso, então,praticar posturas de alongamen-to prolongadas no tempo, nãoalongamentos bruscos.

2) Quanto mais aumentamos o tem-po de alongamento, mais pode-mos diminuir a força de tracção.

A lentidão dos alongamentos,associada à moderação das trac-ções permite todas as descom-pressões articulares; só tracçõesmanuais suaves e prolongadas éque permitem o tensionamentoprogressivamente global das ca-deias musculares.

Em última análise, tanto a inten-sidade quanto a duração do alonga-mento dependem da tolerância do paciente ou desportista e daresistência física do terapeuta ouinstrutor. Um alongamento manualde baixa intensidade aplicado pelomaior tempo possível será maisconfortável e mais prontamentetolerado pelo indivíduo, resultandoigualmente em mais resultadoscom maior controlo e segurançado processo de treino17.

ESTIRAMENTO ESTÁTICO VS.ESTIRAMENTO BALÍSTICO

Como vimos, um alongamento man-tido por um período mínimo detempo significa um conjunto amplode resultados no respeitante aoganho de amplitude articular. Adependência do factor tempo dizrespeito não só à variável tempo-ral prevista na fórmula de fluagemuscular, como também a factoresde natureza neuromotora. Referimo--nos à acção do reflexo miotáticode encurtamento, ligado à sensibi-lidade do fuso neuromuscular. Ébem sabido que um estiramentodeve ser suficientemente lento eprolongado de modo a se conseguirvencer a tendência que o músculoapresenta para encurtar no mo-mento do alongamento por acçãodo reflexo miotático1.

Por essa razão de natureza teo-rética, actualmente é rara a inves-tigação realizada em torno dosestiramentos ditos balísticos. Estessão alongamentos “bruscos”, de

rRReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto

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alta intensidade, realizados a gran-de velocidade. Como tal, são esti-ramentos menos seguros e, pro-vavelmente, menos eficazes emtermos do aumento de amplitudede movimento. A tensão ocasiona-da no músculo derivada da grandevelocidade de estiramento e, comotal, da estimulação do reflexo mio-tático, compreende cerca do dobroda tensão ocasionada com o esti-ramento estático18. Na literatura,pode ser encontrado um estudo de 199319, segundo o qual o alon-gamento balístico é menos eficazdo que o alongamento estático namelhoria da elasticidade muscu-lar. Para além disso, o estiramentobalístico tem demonstrado não pos-suir mais vantagens na preparaçãopara o treino de força explosivarelativamente ao estiramento es-tático20,21.

ESTIRAMENTO PASSIVO MECÂNICO PROLONGADO

Corresponde ao tipo de alonga-mento mantido por períodos pro-longados de tempo, conseguido pormeio da aplicação de uma forçaexterna de baixa intensidade, usan-do-se o peso do próprio paciente ousistemas mecânicos como tracção,pesos, sistema de polias, splintsdinâmicos ou gessos.

É o tipo de estiramento utilizadoem muitas situações de patologiacontraturante ou em situações de patologia neurológica com pre-sença de hipertonia e consequenteencurtamento e/ou mesmo defor-midade segmentar ortopédica.

O parâmetro tempo de alongamen-to é concebido como um dos maisimportantes a ter em conta nestetipo de estiramentos.

Vários estudos têm sugerido queum período de 20 minutos ou maisé necessário para que o alonga-mento resulte numa melhoria da

amplitude articular quando se uti-liza um alongamento mecânico pro-longado de baixa intensidade22,23,24.Bohannon22 avaliou a efectividadede um alongamento de oito minutosdos ísquiotibiais em comparaçãocom 20 minutos ou mais usandoum sistema de polias. O alongamen-to de oito minutos levou somente a um pequeno aumento na flexi-bilidade dos ísquiotibiais, que foiperdida num espaço de 24 horas.Sugeriu-se que um alongamento de20 minutos ou mais seria neces-sário para aumentar efectivamentea amplitude de movimento numabase mais permanente. Foramigualmente relatados aumentossignificativos na amplitude de movi-mento de indivíduos saudáveis quetinham retracções em membrosinferiores, usando-se somente 10minutos de alongamento mecânicoprolongado de baixa intensidade25.

Bohannon e Larkin26 usaram igual-mente um regime de prancha ortos-tática com calço, posicionando osdoentes em pé durante 30 minutosdiários, tendo conseguido aumentara amplitude dos flexores dorsais do tornozelo em pacientes comproblemas neurológicos.

O alongamento prolongado de baixaintensidade e um aumento na am-plitude podem também ser conse-guidos mediante a utilização de umsplint dinâmico, utilizado duranteoito a 10 horas27.

A utilização de gessos tem sidorelatada sobretudo nos casos dedistúrbios neurológicos do primeironeurónio.

A imobilização gessada é frequente-mente utilizada em crianças comparalisia cerebral, principalmentenuma fase do tratamento que pro-cede a administração de toxinabotulínica28 ou outros fármacos.

Booth, Doyle e Montgomery29 estu-daram a utilização de imobilização

gessada curta (abaixo do joelho)em adultos com lesão cerebral(AVC), com o intuito de reduzirem a deformação em equino da tíbio--társica (gerada pelo padrão espás-tico de flexão plantar). Os autoresverificaram que todos os utentesapresentaram relevantes melho-rias da amplitude de flexão dorsalda tíbio-társica e uma diminuiçãoda espasticidade dos flexores plan-tares.

Cusick30 realizou um estudo de casoúnico numa criança com diplegiaespástica, tendo obtido uma melho-ria no comprimento muscular dosísquiotibiais, após 45 dias de utili-zação de gessos longos. Antes dotratamento, a criança apresentavaum flexum de ambos os joelhos de 400. Após a utilização de imobi-lização gessada, intervalada porajustamentos na amplitude de colo-cação da tala gessada, a criança jáera capaz de realizar a completaextensão do joelho direito (tendo-semantido um flexum residual de 50

do joelho esquerdo).

Ada e Canning31 referem melhoriasna amplitude de flexão dorsal datíbio-társica noutros estudos emcrianças com paralisia cerebral.

Cottalorda, Gautheron, Metton,Charmet e Chavier32 chegaram aconclusões similares num estudode caso único numa criança comlesão cerebral. Porém, após cercade 18 meses sem utilização deimobilização gessada, registou-seuma recorrência da deformidadeem equino.

Apesar de Brouwer, Wheeldon eStradiotto-Parker33 terem constado,num estudo realizado em criançascom paralisia cerebral, que, apósuma imobilização gessada de trêssemanas, os flexores plantares nãoapresentavam alteração da forçamuscular, é amplamente reconhe-cido que a imobilização prolongada

investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

pode levar à fraqueza muscular,com consequente alteração dafunção e da marcha34,35,36,37, sendo,como tal, contra-indicada a utili-zação de gessos por tempos muitoprolongados.

Por fim, devemos referirmo-nosigualmente à utilização de talas eortóteses, as quais permitem amanutenção do segmento numaposição de alongamento por perío-dos variavelmente longos, promo-vendo o alinhamento segmentar epostural. Não devemos esquecer aprolífica quantidade de literaturadedicada às ortóteses e materialortopédico complexo destinado àcorrecção postural e de deformida-des específicas. A análise da lite-ratura respeitante a esse tipo dematerial não compreende um objec-tivo deste artigo. No entanto, apre-sentamos, de seguida, alguns estu-dos relativos à utilização de ortó-teses simples com vista ao trata-mento de contraturas (tabela 1).

Mudanças plásticas em tecidoscontrácteis e não contrácteis po-dem ser a base das melhorias “per-manentes” ou a longo prazo naflexibilidade22. Quando os músculossão mantidos numa posição alon-gada durante várias semanas sãoacrescentados sarcómeros emsérie3,4. Quando tecidos conectivosnão contrácteis são alongados comuma força de alongamento prolon-gada de baixa intensidade, ocorredeformação plástica e o compri-mento tecidular aumenta4,42,43.

ESTIRAMENTO MECÂNICO CÍCLICO

Starring et al44 usou o termo esti-ramento cíclico para descrever umtipo de alongamento repetitivoaplicado por meio de um dispositivomecânico. Os autores compararama utilização de um alongamentocíclico, usando uma força mecânicade alongamento de 10 segundos

no final da amplitude seguido de um breve repouso, com um estira-mento mecânico estático. A intensi-dade da força de alongamento eralimitada pelo nível de tolerância dodoente e pela habilidade para semanter relaxado. Os procedimentosde alongamento foram aplicadosaos músculos ísquiotibiais de parti-cipantes saudáveis durante 15 mi-nutos por dia ao longo de cinco diasconsecutivos. Foram registados au-mentos significativos na extensibi-lidade dos ísquiotibiais mais signifi-cativos no método cíclico de estira-mento, quando foi tida em conta aanálise de variáveis precisas. Paraalém disso, os participantes relata-ram que o alongamento cíclico eramais confortável e mais tolerávelque o alongamento mantido.Este estudo sobre o alongamentocíclico demonstra a importância deimpor um alongamento prolongadosobre os músculos retraídos e otecido conectivo de modo a se con-seguir uma deformação plástica e alongamento eficaz dos tecidos.

O alongamento prolongado é maisindicado de modo a se conseguiremganhos a longo prazo na amplitudede movimento.O alongamento mecânico prolon-gado, seja cíclico ou mantido, pa-rece ser mais efectivo que o alon-gamento passivo manual porque aforça de alongamento é aplicadadurante muito mais tempo do queseria suportável e viável com oalongamento manual1.

INIBIÇÃO ACTIVA

A inibição activa refere-se a técni-cas nas quais o paciente relaxareflexamente o músculo a ser alon-gado antes da manobra de alonga-mento. Isso pode ser conseguidoatravés de técnicas/princípios deFacilitação Neuromuscular Proprio-ceptiva (PNF) ou através do esti-ramento activo.

ESTIRAMENTO ACTIVO

É o tipo de estiramento em que osujeito alonga o músculo ou grupomuscular por meio da contracção

rRReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto

Bonnuti et al38

Adultos com contratura do

cotovelo (flexum)

Ortótese de extensão do cotovelo

Melhoria na amplitudede extensão do cotoveloem todos os indivíduos

AmostraAutores Tipo dde OOrtótese Efeito

Steffen eMollinger39

Crianças com diplegiaespástica (encurta-mento dos ísquioti-

biais e tricípete sural)

Ortótese acima do joelho

Efeitos positivos após 5 meses de utilização

(3 horas por dia, 5 diaspor semana)

James et al40

Crianças com para-lisia cerebral (encurta-

mento dos ísquioti-biais e tricípete sural)

Ortótese acima do joelho

Efeitos positivos com utilização durante

3 meses, uma hora pordia, 7 dias por semana

Gelinas et al41

22 adultos com AVC(contratura do cotovelo)

Ortótese de extensão e de flexão

11 dos 22 indivíduostiveram aumento da

amplitude de movimento(300-1300)

TTAABBEELLAA1Alguns estudos realizados acerca da utilização de ortóteses

no tratamento de contraturas.

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dos músculos “antagonistas” a es-tes. Este tipo de estiramento põeem evidência os princípios dainibição recíproca: a contracção dedeterminado músculo ou conjuntode músculos provoca o relaxa-mento do músculo ou músculosque estão a ser alongados. É umtipo de estiramento diferente doestiramento passivo, sendo que éimpossível obter-se uma defor-mação adicional com este tipo deestiramento, e como tal, não pro-duz os mesmos resultados que o estiramento com apoio manualou mecânico45.

Por outro lado, o estudo de Win-ters et al46, o qual comparou oefeito do estiramento passivo e doestiramento activo sobre a flexibi-lidade dos flexores da anca emindivíduos com limitação da exten-são da anca, determinou que tantoo estiramento activo como o esti-ramento activo produziram resul-tados análogos em termos do au-

mento da amplitude extensora. Osautores referem que tal pode serdevido à facilidade de ganho deamplitude por parte de tal grupomuscular (flexores da anca), sendoque, provavelmente, os resultadospoderiam ser muito diferentes se o grupo testado constituísse porexemplo os ísquiotibiais.

TÉCNICAS DE FACILITAÇÃONEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA

O PNF clássico ou tradicional supõea realização de um treino mediantea realização de padrões diagonaisde movimento, nos quais intervêmprincípios como a facilitação moto-ra, o contacto manual preciso e aresistência máxima47.Assim sendo, quando nos referimosao PNF como forma de trabalho de flexibilidade, não estamos narealidade a referenciar o PNF clás-sico, mas sim técnicas específicasdo PNF, que fazem uso da fisiologiados órgãos tendinosos de Golgi.

Clinicamente os terapeutas têmassumido que a contracção antesdo alongamento leva a um rela-xamento reflexo acompanhado poruma diminuição na actividade elec-tromiográfica no músculo retraído1.Pelo facto de, mediante a activaçãodo reflexo tendinoso de Golgi oureflexo miotático inverso, as estru-turas musculares relaxarem apósa sua contracção, tanto o hold-relaxquanto o contract-relax têm sidocontinuamente estudados, muitasvezes comparativamente a outrastécnicas de estiramento, no res-peitante ao ganho de amplitude demovimento.

Se o relaxamento muscular temsido referido continuamente comoa razão pela qual existe um maiorprogresso na amplitude de movi-mento com a utilização do PNF,veremos mais tarde, quando falar-mos de outras formas de relaxa-mento muscular (ex. calor) e doparadoxo do Coeficiente de elastici-dade, que é possível que tudo o quetem sido até agora aceite de formamuitas vezes acrítica esteja errado.Importa referir o artigo de Chal-mers48, que aponta para questõesde grande relevância relativamenteà base teorética da utilização doPNF como forma de estiramento. Oautor estudou minuciosamente ateoria neurofisiológica das técnicasde estiramento de PNF. Os dadosobtidos não suportam a acepçãoclássica de que as técnicas de PNF,nomeadamente da contracção pré-via do músculo a estirar, produzamo relaxamento da musculatura es-tirada. Na realidade, a seguir àcontracção do músculo a estirar, a resposta de inibição do reflexotónico de estiramento dura somen-te um segundo. Segundo os dadosdo autor, a diminuição da respostado músculo a estirar (relativamenteao reflexo miotático) a seguir àcontracção muscular não é devida

investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

Sady et al49

Grupo controlo (n=10),Estiramentos balísticos (n=11),Estiramentos estáticos (n=10) e PNF (n=12). 3 dias/semana,

6 semanas de programa

Melhores resultados com PNF do que com outros métodos e

mais nos músculos ísquiotibiais

Amostra//MétodosAutores Efeitos

Lucas eKoslow50

N=63, universitários; Estiramentos estáticos, dinâmicose PNF sobre músculos ísquiotibiais

e gémeos. 3xsemana, 21 dias

Todos os métodos produziram resultados no aumento das amplitudes

Wallin et al51

N=47 (sexo masculino); 4 grupos:3 grupos com contract-relax modificado (n=10 para cada,

1x, 2x e 3x/semana) e 1 grupocom estiramentos balísticos;

30 dias de programa

Contract-relax melhor que estiramentos balísticos.

Melhores resultados com maior frequência de treino

Cornelius et al52

N=120 (sexo masculino); 4 grupos:3 grupos com PNF modificado

(PCP, 3-PIECP e 3-PIFCP) e 1 grupo com estiramento passivo

Maior amplitude de movimentoobservada nos grupos de PNF

TTAABBEELLAA2Estudos clássicos sobre os efeitos do PNF na amplitude de movimento.

à activação dos órgãos tendinososde Golgi, como tem sido comum-mente aceite, mas sim devido àexistência de um prévio mecanismode inibição pré-sináptica do sinalsensorial do fuso neuromuscular.Assim sendo, a deformação adi-cional adviria não da acção do re-flexo tendinoso de Golgi e posteriorrelaxamento tecidular, mas sim damera inibição do reflexo de Hoff-mann, permitindo, como tal, umamaior progressão em termos deamplitude articular. Para além dasexplicações de natureza neurofisio-lógica, o autor, referindo que estassão provavelmente insuficientespara explicar os resultados obtidoscom o PNF, aponta para explica-ções de outras naturezas, comopor exemplo, o facto de o estira-mento com PNF ser mais tolerávelpara o doente ou desportista.Não fazemos, no entanto, grandesconsiderações sobre os possíveismecanismos visco-elásticos envol-vidos no PNF. Isto porque, sendoque as estruturas moles se apre-sentam como mais relaxadas apósa contracção do músculo a estirar,entramos mais uma vez no para-doxo do Coeficiente de elasticidade,o qual, como veremos, aponta parauma ausência de vantagens noaumento da amplitude de movi-mento com o aumento directo daelasticidade muscular.Sendo assim, consideramos que osefeitos do PNF serão de naturezafundamentalmente neurofisiológicae não muscular, mesmo que o pro-cesso seja diferente daquilo queaté agora tem sido considerado.Não obstante as razões pelas quaiso PNF fornece os seus resultados,apresentamos seguidamente di-versos estudos encontrados naliteratura que apresentam essaevidência, para além de compa-rarem as técnicas de PNF comoutras de estiramento muscular(tabelas 2 e 3).

Dos estudos apresentados, pode-mos constatar que houve um pro-gresso nas metodologias desde asinvestigações mais antigas até àsmais recentes. Em termos gerais,observa-se a existência de grandesvantagens na utilização do PNF em

termos do aumento da amplitu-

de de movimento. Estas vantagens

tendem a ser maiores na técnica

contract-relax e quando são rea-

lizadas contracções isométricas

mais prolongadas.

rRReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto

TTAABBEELLAA3Estudos recentes sobre os efeitos do PNF na amplitude de movimento.

Spernoga et al53

N=30 (sexo masculino); 2 grupos:um grupo controlo e um grupo ex-perimental. O grupo experimentalrecebeu cinco estiramentos de

hold-relax modificado

A sequência de cinco estira-mentos de hold-relax produzirammais resultados na flexibilidadedos ísquiotibiais, que se manti-veram durante seis minutos

depois de finalizado o protocolo

Amostra//MétodosAutores Efeitos

Ferber et al54

24 adultos; 3 grupos: estiramentos estáticos, contract--relax e contract-relax do agonista

Método agonist contract-relax commelhores resultados de amplitudede movimento e maior actividade

electromiográfica. Porém, os efeitosnão parecem ter-se devido ao

relaxamento do músculo estirado

Rowlands et al55

43 raparigas; 3 grupos: 1 grupocom PNF + 5 contracções

isométricas, 1 grupo com PNF +10 contracções isométricas

e grupo controlo

Melhores resultados nos gruposPNF relativamente ao controlo.

Um maior número de contracçõesisométricas no PNF produz

maiores ganhos de flexibilidade

Feland et al56

N=72 (sexo masculino); 4 grupos:1 grupo controlo, 1 grupo PNF

com 1,20% de contracçãoisométrica, 1 grupo PNF com

2,60% de contracção isométrica e 1 grupo PNF com 100% de contracção isométrica

Os grupos PNF apresentaram todos melhores resultados de ampli-tude de movimento dos ísquiotibiaisque o grupo controlo. Não se verifi-caram diferenças entre os diversos

grupos PNF - contract-relax(diferentes níveis de contracção)

Davis et al57

19 jovens adultos; 4 grupos:Grupo 1 (n=5) realizou auto--alongamento, Grupo 2 (n=5)

realizou estiramentos estáticos,grupo 3 (n=5) utilizou PNF e grupo4 é o grupo de controlo. Todos osgrupos experimentais receberamestiramentos de 30 segundos, 3x semana, durante 4 semanas

Em todos os grupos experimentaishouve aumento da amplitude demovimento dos ísquiotibiais paraalém da linha de base. Mas so-

mente o grupo dos estiramentosestáticos apresentou resultadossignificativos quando comparados

com o grupo de controlo

Decicco e Fisher58

30 participantes (ambos os sexos)foram divididos em 3 grupos(n=10 para cada): grupo PNF

contract-relax, grupo PNF hold-relax e grupo de controlo.

Programa 2x por semana, 6 semanas

Melhoria na amplitude de movi-mento do ombro nos grupos expe-rimentais relativamente ao grupo

de controlo. O grupo contract-relaxobteve ganhos de amplitude

ligeiramente superiores ao grupohold-relax (0,300 de diferença)

66|67|

Em alguns estudos começa já aquestionar-se se a base dos resul-tados está realmente na produçãode um maior relaxamento no mús-culo a estirar, ou seja, naquele queproduziu contracção. Se a base dos resultados estiver somente na obtenção de um maior relaxa-mento muscular, é de esperar quea realização de estiramentos emmúsculos previamente aquecidosresulte também em resultadosobserváveis na amplitude de movi-mento. É disso que iremos falar de seguida.

O CALOR NO TREINO DA FLEXIBILIDADE

O aquecimento do tecido molerealizado antes do alongamentopermitirá aumentar a extensibili-dade dos tecidos encurtados. Mús-culos aquecidos relaxam e alongam--se mais facilmente, tornando oalongamento mais confortável parao paciente. À medida que a tem-peratura do músculo aumenta, aquantidade de força requeridapara alongar os tecidos contrác-teis e não contrácteis e o tempodurante o qual a força de alonga-mento precisa de ser aplicadadiminuem. Com o aumento da tem-peratura intramuscular, o tecidoconectivo cede mais facilmente aoalongamento e a sensibilidade dosórgãos tendinosos de Golgi aumen-ta (o que leva a uma maior inibiçãomuscular)59.

Para além disso, o aquecimentotambém minimiza a probabilidadede microtraumas aos tecidos molesdurante o alongamento e, dessemodo, pode diminuir a dor muscu-lar tardia que ocorre após os exer-cícios60,61,62,63.

O aquecimento pode ser consegui-do com calor superficial ou pro-fundo aplicado aos tecidos moles

antes ou durante o alongamento.Exercícios de baixa intensidadefeitos antes do alongamento au-mentarão a circulação para ostecidos moles e aquecerão os te-cidos a serem alongados. Emboraos resultados dos estudos possamdiferir, uma caminhada curta, exer-cícios não fatigantes em bicicletaestacionária ou alguns minutos deexercícios activos para os membrossuperiores podem ser usados paraaumentar a temperatura intramus-cular antes de se iniciar actividadesde alongamento64,65,66.

Sendo assim, seja através do aque-cimento directo, seja por meio deexercícios de aquecimento, o alon-gamento deve, segundo os argu-mentos precedentes, que são narealidade clássicos argumentoscoerentes, ser precedido de aque-cimento.

Veremos, de seguida, que todo oconteúdo anteriormente explanadoé fundamentalmente teorético eespeculativo. Neste momento doartigo, a opção mais legítima dedesenvolvimento conteudístico seráapresentarmos uma sinopse dosestudos efectuados acerca doefeito do aquecimento no treino deflexibilidade e ganho de amplitudede movimento (tabela 4).

Pela observação da tabela 4, é pos-sível constatar que há dois estudosque apontam para melhores resul-tados na flexibilidade por se realizaruma forma de aquecimento profun-do (Knight et al70, Draper et al72) eum estudo que aponta para resul-tados semelhantes no respeitanteà realização de aquecimento activo(Wenos e Konin73). De resto, todosos outros estudos infirmam aquiloque classicamente tem sido admi-tido, ou seja, que o aquecimentoprévio ao treino de flexibilidademelhora o nível permanente dedeformação muscular.

É, no mínimo, uma questão quetem de ser estudada com maisafinco. Por outro lado, devemosquestionar se um possível efeito do calor na flexibilidade estará sórelacionado com o relaxamentotecidular, ou se não estará rela-cionada com factores de naturezaneuromuscular. E a mesma ques-tão se aplica no respeitante aosdiferentes métodos e técnicas derelaxamento global, ou a técnicasmais específicas como a massa-gem, seja realizada de forma autó-noma, seja realizada previamenteao treino de flexibilidade.Contudo, a questão do relaxamentoproduzido através do calor, damassagem ou do PNF, se é mesmode relaxamento que se trata, ex-pressa-se num aumento da elasti-cidade muscular, algo que, comoveremos de seguida, é controversono respeitante ao aumento daflexibilidade a longo prazo.

O PARADOXO DO COEFICIENTE DE ELASTICIDADE

Classicamente, tem sido conside-rado que os efeitos do PNF, doaquecimento prévio, da massageme até mesmo dos fármacos mio--relaxantes são comuns no queimplicam de relaxamento dos mús-culos a serem estirados. O rela-xamento expressa-se num aumentoda elasticidade muscular, e esseaumento implica uma maior defor-mação a curto termo. Tem sidoassumido que esta mesma defor-mação num tempo imediato resultanum maior ganho de flexibilidadeem termos mais permanentes.Porém, tal pode estar longe darealidade.Tudo se resume à fórmula de fluagemuscular, que passamos a rever:

Índice de deformação = Forçaaplicada / Coeficiente de

elasticidade x Tempo

investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

Acontece que quanto maior o Coe-ficiente de elasticidade, ou seja,quanto mais elástico o corpo é,menos comprimento ele ganhará.O Índice de deformação ou fluagemuscular depende proporcional-mente da força e tempo de esti-ramento. Porém, se a elasticidadefor maior, algo que poderá ser con-seguido à custa do relaxamento dasfibras musculares, então a verda-deira deformação tecidular ou oganho permanente de amplitude émenor. Quanto mais rígido um cor-po estiver maior o ganho de ampli-tude este mesmo corpo obterá.Citando Souchard16, aliás um dospoucos visionários desta questão,“as implicações práticas do para-doxo vigente são interessantes,pois isto significa que qualqueraquecimento muscular, melhoran-do artificial e provisoriamente aflexibilidade, aumenta o Coeficientede elasticidade. O músculo dará aimpressão de alongar-se com maisfacilidade, mas, após o alongamento,o comprimento ganho será menor.É, portanto, ‘a frio’ que se deve pro-ceder aos alongamentos” (p. 90).Isto pode explicar a falta de evi-dência relativa à eficácia dos méto-dos de aquecimento e relaxamentoprévios ao treino de estiramentono aumento da flexibilidade dostecidos musculares. Por outro lado,no respeitante ao PNF, já vimosque é muito provável que os resul-tados obtidos com o método pos-sam não ser devidos ao relaxamen-to produzido no músculo a estirar(se é que se produz algum tipo derelaxamento mediante a realizaçãodessas técnicas) mas sim devidosa mecanismos neuromuscularesprecisos (como a inibição do refle-xo de Hoffmann); eventualmente,alguns destes mecanismos tambémpoderão estar presentes aquandoda utilização de outras técnicas,como a massagem.

rRReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto

TTAABBEELLAA4 Estudos sobre o efeito do calor no treino de flexibilidade.

Williford et al67

51 estudantes; 3 grupos: um grupo quecorreu e depois realizou estiramentos,um grupo que só realizou estiramentos e um grupo de controlo. Testes reali-zados para as amplitudes do ombro,ísquiotibiais, tronco e anca antes e

depois de 9 semanas

Os resultados não suportam a ideia de que o aquecimentodos músculos antes dos esti-ramentos resulta em maiores

amplitudes de movimento

Amostra//MétodosAutores Efeitos

Cornelius e Hands68

N=54 (sexo feminino); 2 grupos rea-lizaram aquecimento (exercícios) e um

grupo de controlo. Após o aquecimento,todos os grupos efectuaram treino de

estiramentos mediante PNF modificado

Não se registaram diferenças nas amplitudes articulares

comparando os grupos de aquecimento com o grupo

de controlo

Burke et al69

N=45 (18-25 anos de idade); 3 grupos que efectuaram treino de flexi-

bilidade com PNF: um grupo controlo,um grupo após 10 minutos de imersãoem água fria e um grupo após imersão

em água quente. 5 dias de procedimento

Todos os grupos apresentarammelhorias no comprimento muscular dos ísquiotibiais.

Não se encontraram diferenças entre os grupos

Knight et al70

N=97 (idade média de 27,6 anos), limitações na flexão dorsal do tornozelo.5 grupos: grupo 1 - grupo de controlo,

não realizou o protocolo de estiramentos;os grupos experimentais realizaram umprotocolo de estiramentos 3x semana,durante 6 semanas: grupo 2 - só esti-ramentos; grupo 3 - exercício activo

antes dos estiramentos; grupo 4 - calorsuperficial antes dos estiramentos;grupo 5 - ultra-sons modo contínuo

durante 7 min. antes dos estiramentos

Todos os grupos experimentaisapresentaram uma melhoria na amplitude activa e passivade movimento. O grupo querealizou ultra-sons prévios

ao protocolo de estiramentosteve os maiores ganhos de

flexibilidade

de Weijer et al71

N=56 (18-42 anos de idade), com limitação dos ísquiotibiais. 4 grupos: (1) aquecimento (exercícios) e estira-

mento estático, (2) apenas estiramentoestático, (3) apenas aquecimento

(exercícios), (4) grupo controlo

Um aumento na amplitude dos ísquiotibiais foi obtido nosgrupos do estiramento. Não severificaram diferenças com arealização de exercício prévio

aos estiramentos

Draper et al72

N=30 (idade média de 21,5 anos), com ísquiotibiais encurtados. 3 grupos:

diatermia + estiramentos, diatermia simulada + estiramentos, grupo controlo

Melhoria na amplitude dos ísquiotibiais no grupodiatermia + estiramentos

Wenos e Konin73

N=12 (idade média de 25,3 anos); Umgrupo com aquecimento activo e um

grupo com aquecimento passivo (calorsuperficial), ambos realizaram posterior-

mente estiramentos através de PNF

O grupo que efectuou aquecimento activo teve os

melhores resultados em termos de flexibilidade

Zakas et al74

N=18, adolescentes; 3 grupos: um grupo realizou aquecimento, um gruporealizou aquecimento + estiramentos

passivos e o último grupo realizousomente estiramentos passivos

Melhorias na flexibilidade nos grupos que realizaram estiramentos. O grupo que

realizou aquecimento antes dosestiramentos não apresenta

melhores resultados

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CONCLUSÃO

A investigação em torno da temá-tica da flexibilidade está longe deser suficiente, ao contrário do quepossamos especular. Os mecanis-mos neurofisiológicos e muscularesque regem a teoria implicada notreino de flexibilidade estão, muitasvezes, em contradição, sendo que,por um lado, certos mecanismosneuromusculares poderão explicara efectividade de certas técnicas de estiramento, e por outro, o pa-radoxo do Coeficiente de elastici-dade leva-nos a questionar certosmodelos classicamente aceites e a aceitar métodos e formas detrabalho menos preconizados.

Dentro das diversas modalidadesde estiramento muscular, os pro-tocolos efectivados estarão depen-dentes, em última análise, do quefor considerado pelo terapeuta ouinstrutor o mais sensato para cadacaso.

Por outro lado, não restam dúvidasrelativamente a certos dados, va-lores e parâmetros, sendo que écerto, por exemplo, que o estira-mento controlado, prolongado esem dor é preferível ao estiramentobalístico e sem controlo.

CORRESPONDÊNCIA

Luís Filipe dos Santos Coelho

Av. Coronel Eduardo Galhardo, n.º 28, 5º dto

1170-105 Lisboa - Portugal

Contacto: 963304478

E-mail: [email protected]

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ação

fís

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investigação

A CCOMPOSIÇÃO CCORPORAL, OO VVO2MÁX. EE OO EESTILO DE VVIDA DDE JJOVENS EESTUDANTES DDO EENSINO SSUPERIOR

BODY CCOMPOSITION, VVO2MÁX. AAND TTHE LLIFESTYLE OF YYOUNG SSTUDENTS OOF TTHE HHIGHER EEDUCATION

questionário, da prova de Astrand eda técnica da bioimpedância eléc-trica obtivemos os resultados quenos permitiram atingir os objectivospretendidos.Utilizámos o programa Bodygrampara a obtenção dos dados relativosao índice de massa corporal e àpercentagem de massa gorda e oprograma SPSS versão 14.0, pararealizar a análise descritiva dos da-dos, uma análise de variância e aindauma análise correlacional. RESULTA-

DOS: Verificámos que 62,8% dos ele-mentos da amostra apresentavamvalores de percentagem de massagorda acima do recomendado e que55,7% obtiveram valores de VO2máx.muito baixos. Verificámos tambémque 61,7% não se consideravamsujeitos activos no que se refere àprática de actividade física regular,apresentando-se esta variável corre-lacionada com o VO2máx. (p=0,01).CONCLUSÕES: Pudemos concluir que a maioria dos elementos da nossaamostra apresentava baixos índicesde adesão à prática da actividadefísica, deficiente capacidade cardior-respiratória e valores elevados noque se refere à percentagem demassa gorda. A prática da activi-dade física revelou-se correlacionadapositivamente com a capacidadecardiorrespiratória. É necessária aimplementação de campanhas maiseficazes de combate à obesidade e de sensibilização para a práticaregular da actividade física e de bonshábitos alimentares.

ABSTRACTOBJECTIVE: The purpose of this studywas to characterize the subjects ofthe sample in what concerns theircorporal composition, through theindex of corporal mass and of thepercentage of fat mass, their cardio-respiratory capacity, their eating and

smoking habits, and indexes of prac-tice of physical activity. It also aimedto verify if there were statisticallyrelevant relationships between thesevariables. METHODS: The study wascarried out in 2006 and 2007, inBeja, a city in the South of Portugal.The sample comprised 183 studentsattending the first year of all thecourses of a higher education insti-tution in the school year of 2006//07, with ages ranging from 18 to 40years old. Through a questionnaire,the Astrand Test, and the techniqueof electric bioimpedance, we obtainedthe results that allowed us to reachthe intended objectives.We used the program Bodygram toobtain the data related to the indexof corporal mass and the percentageof fat mass, and the program SPSS,version 14.0, to accomplish the des-criptive analysis of the data, a varian-ce analysis and also a correlationalanalysis. RESULTS: We found evidencethat 62.8% of the subjects of thesample presented values of percen-tage of fat mass above the recom-mended limits and that 55.7% obtai-ned very low values of VO2max. Wealso found that 61.7% didn’t considerthemselves active subjects in whatconcerns the regular practice ofphysical activity, and that this varia-ble was correlated with VO2máx.(p=0.01). CONCLUSIONS: We could con-clude that most of the subjects ofour sample presented low indexes ofphysical activity, deficient cardiores-piratory capacity and high values inwhat concerns the percentage of fatmass. The practice of physical acti-vity showed to be positively correla-ted with the cardiorespiratory capa-city. It is necessary to implementmore effective campaigns to combatobesity and to sensitize for theregular practice of physical activityand for good eating habits.

AUTORESJoão Mendes Leal1

Tomás García Calvo2

Pedro Antonio Sánchez Miguel2

Ruperto Menayo Antúnez2

Eduardo Cervelló Gimeno3

1 Escola Superior de Educação de Beja (Portugal)2 Universidade de Extremadura (Espanha)3 Universidad Miguel Hernández de Elche(Espanha)

A CCOMPOSIÇÃO CCORPORAL, OO VVO2MÁX. EE OO EESTILO DDE VVIDA DDE JJOVENSESTUDANTES DDO EENSINO SSUPERIOR4(4): 773-79

PPAALLAAVVRRAASS--CCHHAAVVEEcomposição corporal; hábitos de vida; VO2 máx.

KKEEYYWWOORRDDSSbody composition; lifestyle, VO2máx.

RESUMOOBJECTIVO: Este estudo teve comopropósito caracterizar os elemen-tos da amostra relativamente àsua composição corporal, atra-vés do índice de massa corporal eda percentagem de massa gorda,à capacidade cardiorrespiratória,aos hábitos alimentares e de con-sumo de tabaco, índices de prá-tica de actividade física e verificarse existiam relações estatistica-mente significativas entre estasvariáveis. MÉTODOS: O estudo de-correu em 2006 e 2007 e foirealizado no município de Beja,cidade do Sul de Portugal. Foiutilizada uma amostra constituí-da por 183 alunos que frequen-tavam no ano lectivo 2006/07 o1º ano dos cursos existentes nu-ma instituição do ensino superior,com idades compreendidas en-tre 18 e 40 anos. Através de um

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INTRODUÇÃO

A sociedade tem vindo a alterar osseus comportamentos ao longodas últimas décadas como conse-quência da evolução científica etecnológica, passando dum estilode vida em que a actividade físicaera uma dominante para um outroem que o sedentarismo e as roti-nas predominam.

Segundo Giddens11 (2000) “Os nos-sos corpos estão a ser invadidospela influência da ciência e datecnologia, dando origem a novosdilemas”. A este propósito diziaainda que o corpo é cada vez maisalgo que temos de criar e nãosimplesmente aceitar.

Por outro lado, os baixos índices de participação em actividades fí-sicas e desportivas em crianças,jovens e adultos, assim como osinadequados hábitos alimentares ede consumo de substâncias noci-vas para a saúde, nomeadamenteo tabaco e o álcool, são um motivode preocupação permanente nasociedade em que vivemos.

Em virtude destes factos, algumasdoenças, designadas hoje comocrónicas não transmissíveis, têmevoluído até aos nossos dias, e queapesar do conhecimento das suasorigens e de algum controlo pos-sível, dificilmente conseguem sereliminadas. A melhor forma de in-tervir nestes domínios será atravésda prevenção e neste aspecto, aactividade física e a alimentaçãoparecem ser considerados comodois dos factores determinantes.

Embora, por vezes, a evidência dosresultados obtidos não seja tãoconvincente como a esperada, ten-do em atenção factores como aduração do próprio estudo, a amos-tra utilizada e ainda um conjunto devariáveis difíceis de controlar, pa-rece não restarem dúvidas sobre a

importância de promover a activi-dade física, combatendo o sedenta-rismo, o qual se acentua à medidaque se caminha na idade (Biddle etal.4 2004).

Segundo Adams & White2 (2003),“Um óptimo nível de actividade fí-sica pode atrasar ou prevenir odesenvolvimento de cardiopatiasisquémicas, diabetes mellitus, obe-sidade, hipertensão arterial, cancrodo cólon, osteoporose, ansiedade e depressão. Na Inglaterra as reco-mendações actuais para a maxi-mização da saúde são de que todosos adultos deviam fazer trinta mi-nutos ou mais de actividade físicade intensidade moderada, todos osdias da semana, preferencialmente.”

Num estudo divulgado pelo Centerfor Disease Control and Prevention/National Center for Health Sta-tistics (2002) foi dado destaque aonúmero elevado de mortes relacio-nadas com doenças cardiovascu-lares, destacando que 54% destasocorriam por doenças cardíacascoronárias (54%), e 18% por enfar-tes cardíacos.

A prevalência do excesso de peso eda obesidade tem-se incrementadode forma significativa nas últimasdécadas, constituindo um graveproblema de saúde pública, tantonos países desenvolvidos como nospaíses em desenvolvimento.

Segundo Keim et al.14 (2004) “a inci-dência do sobrepeso e da obesida-de nos Estados Unidos da Américae em todo o mundo, alcançou gran-des proporções epidémicas. Paraintervir eficazmente, os profissio-nais ligados à área dos cuidadospara a saúde, necessitam de inte-grar a actividade física apropriadae suficiente na vida do indivíduo”.

United States Departement ofHealth and Human Services26

(2003) referem igualmente que aobesidade crescente entre 1991 e

2001 foi a causa de morte de280.000 a 325.000 americanosem cada ano. Revelam ainda queesta cresce de acordo com a idadenum estudo apresentado comindivíduos com idades superiores a 18 anos.

Estudo realizado entre 2003-2005e apresentado recentemente porCarmo et al6 (2006), mostrava-nosque em Portugal 52,4% dos sujei-tos da amostra eram obesos outinham sobrepeso, sendo os valo-res destes, respectivamente de13,8% e 38,6%.

Num estudo realizado, Suenaga24

(2002), concluiu existir uma rela-ção significativa entre a actividadefísica desenvolvida e o índice deVO2máx encontrado e ainda rela-ções significativas entre este índicee a percentagem de massa gorda e o índice de massa corporal.

Outro estudo realizado por Janczaket al13 (2002) comprovou-se a exis-tência de uma relação significativaentre a captação máxima de oxigé-nio (VO2máx.) e a adiposidade. Foiestabelecida uma correlação nega-tiva com a idade dos homens. Con-clusões idênticas são referidas porBlair et al5 (2004) citando estudosrealizados por King et al (1991) e Asikainen et al (2002).

A industrialização, a urbanização, o desenvolvimento económico e aglobalização dos mercados, provo-caram alterações profundas nosestilos de vida do cidadão comum,nomeadamente no que se refere,aos regimes alimentares, consumode tabaco e sedentarismo.

Os alimentos e os produtos alimen-tícios converteram-se em produtosbásicos fabricados e comercializa-dos num mercado que se alterou eampliou, passando de uma origemessencialmente local, para uma denível mundial, com todas as impli-cações que daí advieram.

investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

RReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto i

Sendo a prática regular da acti-vidade física um factor que poderácontribuir de forma significativapara um estilo de vida mais sau-dável, vários resultados têm de-monstrado a manutenção de baixosíndices de adesão da população em geral, sendo mais evidentesnos elementos do género feminino(Souza & Duarte23, 2005).

O modelo transteórico de Pro-chaska & Diclemente20 (1983),contrariamente a outros modeloscomportamentais, procura ofere-cer sugestões explícitas de comoas pessoas podem ser ajudadas amudar os seus comportamentos,considerando a existência de váriasfases de mudança que reflectem a dimensão temporal na qual amesma se revela.

Neste modelo são identificadas 5fases de mudança no domínio daactividade física, de acordo com ocomportamento do indivíduo ou daintenção manifestada relativamen-te à prática da actividade física,nomeadamente: pré-contemplativa,contemplativa, preparação, acçãoe manutenção as quais poderãonão ser lineares, mas sim apresen-tando alguma ciclicidade de acordocom as intervenções que possamocorrer (Marcus & Lewis16, 2003).

ESTADIO DE PRÉ-CONTEMPLAÇÃO - Oindivíduo não participa em qual-quer actividade física nem temintenção de o fazer futuramente;

ESTADIO CONTEMPLATIVO - O indi-víduo não faz qualquer tipo de acti-vidade física mas pensa fazê-lo nospróximos 6 meses;

ESTADIO DE PREPARAÇÃO - Enqua-dram-se aqui indivíduos que nãotendo ainda adquirido um novo com-portamento, já realizam algumaspequenas acções que evidenciamalguma mudança;

ESTADIO DE ACÇÃO - O indivíduo járealiza uma actividade física deforma regular mas há menos de 6meses;

ESTADIO DE MANUTENÇÃO - O indiví-duo já assumiu um comportamentode prática de actividade física hámais de 6 meses e pensa continuara fazê-lo.

Tendo em conta estes factos pro-curámos neste estudo caracterizaruma comunidade de estudantes do ensino superior relativamente àsua condição cardiorrespiratória,percentagem de massa gorda, ín-dices de adesão à prática da acti-vidade física, hábitos alimentares ede consumo de tabaco. Procurámosverificar também se existiam rela-ções significativas entre estas va-riáveis e se o sexo se apresentavacomo variável discriminatória.

MÉTODOS

A amostra foi constituída por todosos estudantes que frequentavam o 1º ano de vários cursos minis-trados numa instituição do ensinosuperior em Portugal, o que corres-pondeu a um total de 183 elemen-tos com idades compreendidas entreos dezoito e os quarenta anos,sendo vinte do género masculino ecento e sessenta e três do génerofeminino.

O período para a recolha de dadosdecorreu entre Setembro de 2006e Março de 2007, sendo numaprimeira fase obtidos os dadosrelacionados com a caracterizaçãoda amostra, hábitos de prática deactividade física, hábitos alimenta-res e de consumo de cigarrosatravés de questionário construídoe validado para o efeito e numa se-

gunda fase realizadas provas paraa obtenção de resultados relacio-nados com a capacidade cardior-respiratória e a composição corporal.

Foram utilizados como instrumen-tos para a recolha dos dados, paraalém do questionário já referido,uma balança para a obtenção dopeso, um estadiómetro para medira altura, um cicloergómetro demarca Monark, modelo 818E, paraa realização do teste de Astrand--Ryhming e para cálculo do índice demassa corporal e da percentagemde massa gorda um equipamentoespecífico de bioimpedância eléctri-ca de marca Akern, modelo Bia-101.O seu protocolo de medida consistena fixação de dois eléctrodos emis-sores e dois eléctrodos receptores.Os eléctrodos emissores são colo-cados distalmente na superfíciedorsal da mão e do pé, no planodas cabeças do terceiro metacarpoe do terceiro metatarso, respectiva-mente. Os eléctrodos receptoressão colocados proximalmente tam-bém na mão e no pé, situando-se oprimeiro no pulso, num plano ima-ginário de união das duas apófisesestilóides e o segundo, na regiãodorsal da articulação da tíbio-tár-sica, na linha imaginária de uniãoda parte mais saliente dos doismaléolos. Posteriormente faz-sepassar uma corrente de excitaçãomuito baixa (800 µA) e de umafrequência constante (50kHz), aqual nos permite medir a impe-dância corporal total. Através dautilização do equipamento referidoobtêm-se duas medidas: a reactân-cia (Rz) e a resistência total (Xc)que são introduzidas no programaBodygram (software que acompa-nha o equipamento), para que possaser feito o tratamento dos dados,possibilitando uma análise maisobjectiva.

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Para o tratamento dos dados re-corremos a um conjunto de pro-cedimentos, na sua maioria comrecurso ao programa estatísticoS.P.S.S. (Statistical Package forthe Social Sciences) para o Win-dows, versão 14.0.

RESULTADOS

Seguidamente passamos a apre-sentar os principais resultadosobtidos no estudo efectuado ten-do como referência os objectivosdefinidos e as várias hipótesesformuladas.

No que se refere à prática deactividade física, concluímos queapenas 38,3% afirmava fazê-lo regu-larmente (3 vezes por semana nomínimo), sendo que destes, 15,3%o fazia há menos de seis meses.

Os restantes não se consideravamsujeitos activos, havendo mesmo3,3% que afirmava, não realizaractividade física, nem o pretendiavir a fazer. De realçar que os valo-res dos elementos do género femi-nino são muito mais acentuadosque os do género masculino.

Relativamente à percentagem demassa gorda, pudemos comprovarque a maioria dos elementos daamostra apresentava valores bemacima do que é considerado normalpela bibliografia científica especí-fica, isto é, 62,8% apresentavamvalores acima dos 30% de massagorda (tabela 2). De referir que to-dos estes sujeitos pertenciam aogénero feminino, apresentando-seassim esta variável como discrimi-natória (p = 0,000).Também no que se refere à capa-cidade cardiorrespiratória, verificá-mos que a maioria dos elementos

da amostra apresentava resulta-dos de VO2máx abaixo dos valoresconsiderados como médios (Ameri-can College of Sport Medicine3,2000). Concluímos que 55,7%, sesituavam abaixo do percentil 30 e que destes, 31,7% se encontra-vam abaixo do percentil 10. Oselementos do sexo feminino apre-sentaram níveis inferiores, verifi-cando-se diferenças estatistica-mente significativas entre os doisgrupos (p = 0,00). Os valores deVO2máx apresentaram-se igual-mente correlacionados com a per-centagem de massa gorda, maisconcretamente, elementos comvalores mais elevados de percen-tagem de massa gorda apresenta-vam piores resultados de VO2máx.(p = 0,000).Relativamente ao consumo detabaco, pudemos comprovar que68,3% (125) dos sujeitos da amos-tra afirmaram não fumar qualquercigarro por dia e que cerca de 5%(9) disseram que fumavam 20 oumais cigarros. Dos restantes, 12%(22) fumavam em média 5 cigar-ros, 8,74% (16) 10 cigarros e 6%(11) cerca de 15 cigarros diaria-mente.Relativamente aos hábitos alimen-tares, os valores médios encontra-dos para qualquer dos nutrientes,enquadram-se dentro dos valoresestimados no intervalo recomen-dado (proteínas entre 10% e 15%;carboidratos entre 50% e 65%;lípidos entre 25% e 35%), no entan-to, podemos destacar os valoresrelacionados com os lípidos e oscarboidratos que se posicionamem sentido inverso face ao consi-derado como recomendável.Enquanto nos carboidratos, 36,1%dos elementos da amostra sesituam acima dos valores recomen-dados, já no que se refere aos lí-pidos, 50,3% encontram-se abaixodos níveis aconselháveis.

investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

Não faço nem tenho intenção de iniciar uma actividade física nos próximos seis meses

EEssttaaddiiooss

3,7%

FFeemmiinniinnoo

0%

MMaassccuulliinnoo

Não faço, mas penso iniciar uma actividade física nos próximos seis meses

12,9% 15%

Não sou fisicamente activo, mas tenho dadopequenos passos no sentido de me tornar activo

49,7% 10%

Faço actividade física regularmente há menos de seis meses

16% 10%

Faço actividade física regularmente há mais de seis meses

17,8% 65%

TTAABBEELLAA1Motivação para a prática da actividade física (modelo transteórico).

EEnnttrree 00%%ee 99,,99%%

0%

EEnnttrree 1100%%ee 1199,,99%%

7,7%

EEnnttrree 2200%%ee 2299,,99%%

29,5%

EEnnttrree 3300%%ee 3399,,99%%

45,9%

EEnnttrree 4400%%ee 4499,,99%%

15,8%

++ ddee 5500%%

1,1%

TTAABBEELLAA2Análise de frequência da percentagem da massa gorda.

RReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto i

Contrariamente às nossas expec-tativas, a idade, em termos globais,não se revelou como variável dis-criminatória relativamente ao índi-ce de massa corporal, à percenta-gem de massa gorda e ao índice deVO2máx, o mesmo acontecendo no que se refere ao nível de adesãoà prática da actividade física,Fazendo uma análise comparativagrupo a grupo, sómente verificá-mos diferenças estatisticamentesignificativas no que se refere àpercentagem de massa gorda en-tre o grupo com idades compreen-didas entre os 21/25 anos e o gru-po com 26/30 anos (Sig. = 0,019).Procurámos ainda concluir sobre o carácter preditivo do índice demassa corporal e da idade rela-tivamente à percentagem de massagorda (tabela 4) e da percentagemde massa gorda e da idade no quese refere ao VO2máx. (tabela 5).Como podemos verificar, os valo-res obtidos indicaram-nos que osmodelos se ajustavam à explicaçãodas variáveis em estudo (sig =000), não tendo a idade qualquersignificado na mesma.

DISCUSSÃO

A prevalência de percentagens demassa gorda veio confirmar osresultados obtidos noutros estu-dos já referidos anteriormente pelaInternational Obesity Task Force12

(2005), Carmo et al6 (2006) e dosreferidos por Seedo (1999) e Enkid(2000), citados por Ministério deSanidad y Consumo y Ministério de Educación y Ciência18 (2006).Em relação à capacidade cardior-respiratória verificámos que os re-sultados confirmaram os obtidosnoutros estudos, nomeadamente,os apresentados por Blair et al.5

(2004), assim como Smith & Mit-chell22, 2000 e Janczak et al13, 2002.

Relativamente aos índices de prá-tica de actividade física os baixosníveis encontrados estão em conso-nância com os obtidos por NationalCenter for Chronic Disease Preven-tion and Health Promotion19 (1999);Matos et al17 (2001); Biddle et al4

(2004); European Union8 (2004);Souza & Duarte (2005), os quaispuderam comprovar que a maioriados jovens adolescentes e adultostinham baixos índices de prática deactividade física. No entanto nãoverificámos que esta variável esti-vesse relacionada directamentecom o índice de massa corporal epercentagem de massa gorda, àexcepção feita aos grupos 3 (Nãosou fisicamente activo, mas tenhodado pequenos passos no sentidode me tornar activo) e 5 (Faço acti-vidade física regularmente há maisde seis meses). Estes valores pare-cem contrariar os obtidos por Kyleet al15 (2001) em que os indivíduosmais activos apresentavam valores

significativamente inferiores relati-vamente à percentagem de massagorda.Apresentava-se, no entanto discri-minatória relativamente ao nível deadesão à prática regular da activi-dade física, o que veio a confirmar osresultados obtidos por Suenaga24

(2002), Fernandez et al9 (2005).O sexo revelou-se igualmente umavariável discriminatória relativa-mente aos índices de adesão à prá-tica de actividade física, confir-mando-se os resultados observa-dos pelo National Center for Chro-nic Disease Prevention and HealthPromotion19 (1999); Matos et al17

(2001); Aaron et al1, (2002); Souza& Duarte23 (2005). Também confir-mámos a sua relação com a per-centagem de massa gorda, mos-trando os elementos do sexo femi-nino piores resultados à semelhan-ça do observado pelo Deurenberget al7, (2000), mas contrariando osapresentados pela International

Proteínas

Carbohidratos

Lípidos

2,2%

2,2%

50,3%

AAbbaaiixxoo ddoorreeccoommeennddaaddoo

91,3%

61,7%

44,8%

DDee aaccoorrddoo ccoomm oo rreeccoommeennddaaddoo

6,6%

36,1%

4,9%

AAcciimmaa ddoorreeccoommeennddaaddoo

TTAABBEELLAA3Nutrientes consumidos.

MMooddeell 11

BMI

RR SSqqaarree

,436

BBeettaa

,660

tt

11,828

SSiigg

,000

TTAABBEELLAA4Modelo preditivo da percentagem de massa gorda através do índice de massa corporal.

a Predictors: BMI, idade

MMooddeell 11

PercMG

RR SSqqaarree

,363

BBeettaa

-,603

tt

-10,159

SSiigg

,000

TTAABBEELLAA5Modelo preditivo do VO2máx. através da percentagem de massa gorda.

PercMG, idade

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Obesity TaskForce12 (2005) e Car-mo et al6, (2006), uma vez quenestes estudos os homens tinhamvalores superiores aos elementosdo género feminino. Já no que serefere à condição cardiorrespira-tória, esta é mais elevada noselementos do género masculino àsemelhança do já referido porSmith & Mitchell22, 2000.A idade, contrariamente ao espera-do, não se revelou como variáveldiscriminatória relativamente àsvariáveis índice de massa corporal,percentagem de massa gorda eíndices de VO2máx, o mesmo acon-tecendo no que se refere ao nívelde adesão à prática da actividadefísica, contrariando outros resul-tados divulgados, nomeadamente o de Aaron et al1 (2002), o qualrevelou que a idade parece influen-ciar os índices de prática, reduzin-do esta à medida que se caminhana adolescência. Também NationalCenter for Chronic Disease Preven-tion and Health Promotion19 (1999),Kyle et al15 (2001) e Torres et al25

(2000), puderam comprovar queindivíduos mais idosos teriam umatendência para apresentar diferen-ças significativas relativamente aopeso, ao índice de massa corporale à percentagem de massa gorda,fundamentalmente no que se refe-re aos sedentários.Os hábitos alimentares e de consu-mo de tabaco, não se apresentaramcorrelacionados significativamentecom o índice de massa corporal, apercentagem de massa gorda e onível de VO2máx. dos sujeitos quefaziam parte da nossa amostra. Dereferir ainda, que os valores mé-dios apresentados relativamenteaos nutrientes consumidos indica-vam que estávamos perante umaalimentação adequada, embora36,1% dos elementos apresentas-sem indicadores de consumiremcarboidratos em excesso e 50,3%

deles revelassem consumir lípidosabaixo do recomendado. Relativa-mente à percentagem de indivíduosque consumiam tabaco (31,7%) sãovalores um pouco superiores aosrevelados pelo United States De-partementof Health and HumanServices26, em 2003 (28,5%) e pelaFundação Portuguesa de Cardio-logia10 em 2006 (20% a 26%).

CONCLUSÕES

Tendo como referência os estadiosdefinidos no modelo transteórico,concluímos que os sujeitos queconstituíam a nossa amostra apre-sentavam baixos níveis de adesão à prática de actividade física.

Na sua maioria, os elementos daamostra apresentavam elevadaspercentagens de massa gorda euma deficiente capacidade cardior-respiratória.

O nível de adesão à prática daactividade física revelou-se relacio-nado positivamente com a capaci-dade cardiorrespiratória mas nãocom o índice de massa corporal oua percentagem de massa gorda.

Em termos globais, a idade não seapresentou como variável discri-minatória relativamente à percen-tagem de massa gorda, índice demassa corporal e capacidade car-diorrespiratória.

Os hábitos alimentares e de consu-mo de tabaco não se apresentaramrelacionados com a capacidade car-diorrespiratória, o índice de massacorporal e a percentagem de massagorda.

Existem correlações estatistica-mente significativas entre o índicede massa corporal, a percentagemde massa gorda e a capacidadecardiorrespiratória.

CORRESPONDÊNCIA

João Alberto Mendes Leal

Escola Superior de Educação de Beja

Rua Pedro Soares

7800-295 - BEJA - PORTUGAL

E-mail: [email protected]

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NUMERO 1F.qxp 14/05/08 23:26 Page 12

técnico

FICHA DDE OOBSERVAÇÃO//AVALIAÇÃO MMOTORA -- FFIICCHHAA PPAARRAA VVEERRIIFFIICCAAÇÇÃÃOO DDAA QQUUAALLIIDDAADDEE DDEE JJOOGGOO DDOOSS AALLUUNNOOSS DDOO 33ºº CCIICCLLOO DDOO EENNSSIINNOO BBÁÁSSIICCOO,,

NNOOSS JJOOGGOOSS DDEESSPPOORRTTIIVVOOSS CCOOLLEECCTTIIVVOOSS

RESUMOO presente trabalho consiste naconstrução de uma ficha de obser-vação motora, que também podeser usada como ficha de avaliaçãomotora. Para a construção destaficha utilizámos as característicascomuns aos Jogos Desportivos Co-lectivos, para a distinção dos doisníveis finais (bom ou fraco). Utilizá-mos ainda todos os pressupostosteóricos básicos de construção dostestes motores, assim como os con-teúdos programáticos para a disci-plina de Educação Física propostospelo Ministério da Educação para oano lectivo de 2004/2005.

A ficha de observação apresentadaparece-nos pertinente, pois há faltade instrumentos de observação parao domínio motor ao nível dos JogosDesportivos Colectivos de invasão//território. Tentámos, então cons-truir uma ficha, o mais válida, objec-tiva e fiável possível para aplicaraos alunos do 3º ciclo do ensinobásico, independentemente do seuescalão etário e do género, pois oscritérios de êxito estão adaptadosàs competências que se pretendeque os alunos possuam neste ciclo.

Antes da utilização desta ficha devehaver a preparação das condiçõesde aplicação, assim como a explica-ção aos alunos do protocolo de apli-cação. Acompanhada do auxílio dovídeo, esta ficha de observaçãotorna-se um instrumento extraor-dinariamente simples e rápido deusar, sendo também bastante abran-gente, pois pode ser usado paravárias modalidades colectivas.

ABSTRACTThe present work consisted on thedesign of a motor performanceobservational sheet that could alsobe used for motor evaluation. Forthis purpose, we analyzed the com-mon characteristics of group sports,with the intention of obtaining adistinction between the two finallevels (good or weak). We also usedall the basic theoretical assump-tions inherent to the construction ofmotor performance tests, as wellas the programme for Physical Edu-cation proposed by the EducationMinistry for the school year of2004/2005.

This work has emerging relevancemainly due to the lack of obser-vational instruments on the motorperformance, domain of groupsports with territorial invasion. Wetherefore, attempted to create anobservational sheet as valid, objec-tive and reliable as possible, in orderto evaluate students of the thirdgrade of basic education. This asses-sment was made independently ofstudent age or gender so that thesuccess criterion could be adaptedto the abilities that are expected to be present in these students.

Prior to the use of this observationalsheet, the proper application condi-tions should be present, as well asits application protocol should be ofthe subject’s knowledge. When usedalong with video aid this sheetbecomes an extraordinarily simpleand fast instrument to work with,being also wide enough to includeseveral types of group sports.

AUTORESFrancisco Gonçalves1

Paulo Mourão2

Ágata Aranha3

1 Licenciado em Educação Física pelo ISMAI e Mestre em Ciências do Desporto pelaUniversidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

2 Licenciado e Doutorando em Educação Físicae Desporto pela Universidade de Trás-os--Montes e Alto Douro

3 Professora Associada do Departamento de Desporto, da Universidade de Trás-os--Montes e Alto Douro

FICHA DDE OOBSERVAÇÃO/AVALIAÇÃOMOTORA -- FFIICCHHAA PPAARRAA VVEERRIIFFIICCAAÇÇÃÃOO DDAA QQUUAALLIIDDAADDEE DDEE JJOOGGOO DDOOSS AALLUUNNOOSS

DDOO 33ºº CCIICCLLOO DDOO EENNSSIINNOO BBÁÁSSIICCOO,, NNOOSSJJOOGGOOSS DDEESSPPOORRTTIIVVOOSS CCOOLLEECCTTIIVVOOSS4(4): 881-89

PPAALLAAVVRRAASS--CCHHAAVVEEficha; observação; avaliação;domínio motor; alunos do 3º ciclo;desportos colectivos.

KKEEYYWWOORRDDSSobservational sheet; evaluation;motor domain; third gradestudents; group sports.

data de submissãoAAbbrriill 22000077

data de aceitaçãoJJuunnhhoo 22000077

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INTRODUÇÃO

Sabendo da manifesta falta detempo que qualquer professor deEducação Física tem para dar osconteúdos, pretendemos, atravésdesta ficha tornar esta tarefa maisfácil. Avaliar todos os conteúdosprogramáticos é difícil, assim, esabendo que há característicassemelhantes a todos os Jogos Des-portivos Colectivos de invasão//território, propomos um instru-mento de observação/avaliaçãopara que de uma maneira simplese objectiva o professor fique comuma ideia clara e fiável do realvalor motor dos seus alunos.

Para a elaboração desta ficha usá-mos os indicadores de jogo propos-tos por Garganta (1998b4), Aranha(20041) e o Programa de Educa-ção Física do 3º ciclo do EnsinoBásico do Ministério da Educaçãopara o ano de 2004/2005. Nãohavendo muitas fichas que se preo-cupem com o domínio motor, en-tendemos que esta poderá ajudarqualquer professor de EducaçãoFísica que se preocupe com o de-sempenho motor, mais especial-mente com a vertente táctica emsituação de jogo. A preocupação deobservar e avaliar os alunos emsituação e jogo é muita, pois énesse momento que eles estãoenvolvidos na prática desportiva,não dando sequer conta que estãoa ser observados, diminuindo subs-tancialmente o stress inerente àsituação.

A construção desta ficha de obser-vação do comportamento motordeve ser utilizada nas aulas, logo éimportantíssimo que seja curta eque cada critério de avaliação sejabastante explícito, afim de nãohaver dúvidas em relação a cadacomportamento observado. Tentá-mos, então construir uma ficha

objectiva, sintética, fiável e ao mes-mo tempo manuseável para serutilizada no terreno.

O nosso trabalho vai, então assentarna seguinte estrutura: introdução,delimitação do problema, enquadra-mento teórico, metodologia e porfim, apresentaremos o produto finalque consiste na ficha de observa-ção motora para verificação daqualidade de jogo dos praticantesem jogos desportivos colectivos de invasão/território.

DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA

Os objectivos deste trabalho serãoos de construir uma ficha de obser-vação/avaliação motora que pre-tendemos que seja o mais válida,objectiva e fiável possível para quepossa ser aplicada à amostra quese propõe. Para tal tivemos comobase de sustentação Garganta(1998b4), Aranha (20041) e oPrograma de Educação Física do3º ciclo do Ensino Básico do Mi-nistério da Educação para o ano de2004/2005.

Porquê?

Este objectivo parece-nos pertinen-te devido à manifesta falta deinstrumentos de observação/ava-liação ao nível do domínio motor,nos jogos desportivos colectivosexistentes na área da EducaçãoFísica e Desporto. Assim, preocupa-mo-nos em centrar a nossa aten-ção nos aspectos tácticos, poiscom base nos principais autoresconsultados o desempenho táctico,analisado de forma directa ouindirecta, é importantíssimo parase compreenderem os comporta-mentos dos praticantes face aoscolegas e adversários. Esta fichasurge do princípio de que qualquerpedagogo na área da EducaçãoFísica e Desporto, como agente deensino tem, na sua intervenção

uma parte de subjectividade surgeesta ficha. A sua pertinência émuita, porque através dela, é pos-sível reduzir o grau de subjectivi-dade implícita ao processo ensino- -aprendizagem.

Para quê?

Tentaremos, então aprofundar estatemática para satisfazer a lacunarelativa à instrumentação de obser-vação/avaliação ao nível do domí-nio motor dos jogos desportivoscolectivos, nomeadamente as suasquestões tácticas. Esta ficha pre-tende, através de parâmetros ecritérios bem definidos, ajudar odocente na árdua tarefa de colocarno “papel”, o valor dos seus alunos.Para que haja uma diminuição da subjectividade no momento deobservar/avaliar um aluno, estaficha serve de meio para atingir umfim. Ou seja, serve de instrumentode observação/avaliação (meio),para aquilatar o valor do aluno eassim permitir o seu desenvolvi-mento motor (fim).

ENQUADRAMENTO TEÓRICO

O estudo do jogo a partir da obser-vação do comportamento dos pra-ticantes e das equipas tem vindo aconstruir um forte argumento pa-ra a organização e avaliação dosprocessos de ensino e treino nosjogos desportivos colectivos. Tendocomo base este pressuposto deGarganta (1998a3), a observaçãodos praticantes e das equipas, temconstituído um importante meio de conhecimento do jogo praticadoe no caso do nosso trabalho deavaliação da qualidade de jogo pra-ticado pelos seus intervenientes.

Nos desportos individuais a obser-vação incide, preferencialmente so-bre aspectos técnicos. No entanto,a nossa motivação prende-se coma análise e avaliação dos pratican-

investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

t

tes nos jogos desportivos colectivos.Assim, e partindo do princípio quenos jogos desportivos colectivos asacções dos jogadores estão de-pendentes da oposição, do meioem que estão inseridos, entende-mos que seria oportuno focalizar o nosso interesse em aspectos daprestação dos jogadores em situa-ção de jogo. Hoje em dia o desem-penho táctico, analisado de formadirecta ou indirecta (neste casocom recurso a vídeo), é importan-tíssimo para se compreenderemos comportamentos dos pratican-tes face aos colegas e adversários.(Garganta, 1998b4).

Entendemos que os jogos despor-tivos colectivos são de extremaimportância nas aulas de EducaçãoFísica, pois “proporcionam a todosos alunos da turma, independente-mente das suas capacidades, sufi-cientes oportunidades de participa-ção e progresso” (Coelho, 19982).Na nossa ficha de observaçãotentámos verificar se os pratican-tes demonstram possuir os con-teúdos técnico-tácticos desenvol-vidos ou não, através das suasacções em situação de jogo. Tentá-mos ainda dar alguma importânciaà autonomia e responsabilidadeque deverão ter durante o jogo,não focando somente a nossaatenção sobre aspectos técnico--tácticos, mas também sobre a coo-peração com os companheiros e aaceitação das decisões do árbitro.

INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO FÍSICA

Em Educação Física, no nosso casono 3º ciclo, o ensino dos jogos des-portivos colectivos ganha especialimportância, pois é importante fo-mentar cooperação e o saber estarem equipa dos alunos. Por vezes édifícil, para os professores ficarem

com uma ideia da aprendizagemmotora que os alunos vão tendo.Para tal é importante que hajafichas de observação motora quevisem o recolher de informações de uma maneira clara, simples,objectiva e válida de acordo com osobjectivos delineados e de acordocom o programa que os profes-sores têm que seguir. Rosado eColaço (200210), mostram-nos al-guns aspectos que são importantesna construção dos instrumentos de avaliação. Assim, é dada muitaimportância às qualidades do ins-trumento de avaliação: validade, fia-bilidade, objectividade,… Em relaçãoa estes aspectos os autores dãocomo exemplo a utilização do Índicede Bellack para a validação dosresultados provenientes dos ins-trumentos de avaliação. Esta utili-zação dos acordos e desacordosserve para verificar o nível de corre-lação entre os diversos observa-dores. No entanto, na nossa fichade observação, como há a utilizaçãodo vídeo, o observador (professor)pode observar os praticantes váriasvezes e verificar a consistência//fiabilidade através da comparaçãodas suas observações. Quanto me-nor for a quantidade de erro da suaobservação, mais fiáveis serão osresultados dela proveniente.

Este instrumento de observação,pode ser, naturalmente usadocomo instrumento de avaliação,pois permite verificar (a quem oaplicar), quais as competênciasadquiridas pelos alunos, em relaçãoaos jogos desportivos colectivos deinvasão/território, de acordo comos critérios definidos pelo Minis-tério da Educação para o ano lec-tivo de 2004/2005.

A ficha de observação elaboradapara este trabalho é uma ficha deobservação referente a critérios

referentes às aptidões que os indi-víduos devem possuir. As compe-tências estão claramente definidas,logo no momento da observação, o intuito é o de comparar oscomportamentos delineados comos observados. Quanto menor foressa diferença, maior o sucesso do praticante. Esta ficha de obser-vação não visa a comparação dosresultados de indivíduos, mas sim aavaliação do desempenho de cadaindivíduo, comparando-o com umconjunto de critérios previamentedefinidos. (Ribeiro e Ribeiro, 19908;Aranha, 20041).

Esta ficha de observação referentea critérios tem por finalidade aavaliação de programas de ensinoou de segmentos desses progra-mas, permitindo identificar aprendi-zagens ou as causas de insucesso,reformulando os aspectos que serevelam inadequados. Para tal,deve-se utilizar o auxílio do vídeo. A ficha é, então, simples e rápidade usar, sendo também bastanteabrangente, pois pode ser usadapara várias modalidades colectivas.

Ribeiro (19999), entende que osprofessores devem investir na ava-liação sistemática dos resultadosda aprendizagem. Como tal estaficha de observação apresentadatem toda a pertinência, pois per-mite recolher informações claras e organizadas com vista à plani-ficação e orientação do ensino quetem em vista o sucesso dos alunos.Assim, é possível identificar erros e dificuldades que permitem amelhoria do processo ensino-aprendizagem.

É nossa intenção que o instru-mento de observação/avaliaçãoconstruído forneça informação aoprofessor sobre cada aluno. Estaestratégia adoptada permite reco-lher dados em situação de jogo,que é o momento em que os alunos

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estão realmente envolvidos na prá-tica desportiva. Assim, embora sejamais complicado aquilatar da quali-dade do aluno em situação de jogodo que em exercício analítico, pen-samos que é mais justo e correcto.Se o que nos interessa é que osalunos aprendam a jogar, devemser observados e avaliados emfunção de jogo, por isso usarmosindicadores dos jogos desportivoscolectivos e os confrontarmos comos critérios de êxito que preten-demos que os alunos alcancem.

O elevado número de alunos porturma constitui, por vezes, umaséria dificuldade à observação sis-temática dos mesmos. Como tal,entendemos que a ficha de obser-vação apresentada neste trabalhoconstitui por si só um instrumentode avaliação que vem simplificar atarefa do professor na verificaçãodos comportamentos dos seusalunos. (Lemos et al., 19986).

METODOLOGIA

Na elaboração da nossa ficha deobservação/avaliação utilizámosuma lista de verificação. SegundoLemos (19985) e Aranha (20041),as listas de verificação não seusam para verificar as frequênciasdos comportamentos, mas simpara verificar a ocorrência dosmesmos. Assim, queremos apenasverificar, através de uma ficha deobservação, se há presença ouausência de determinado comporta-mento previamente definido. Partin-do destes pressupostos, tentámosque a nossa lista de verificaçãopossuísse algumas características:

1- Ser curta;

2- Ter cada item explícito de formaclara e objectiva;

3- Ter uma característica relacio-nada a cada comportamento;

4- Ser constituída pelos compor-tamentos mais importantes queos alunos devem executar;

5- Ser facilmente manuseável.

De acordo com Aranha (20041),todo o processo ensino-aprendi-zagem tem de ser visto como umprocesso dinâmico, com váriasinteracções complementares entreo professor e o aluno. Para tal, évital que as 5 questões da didácticaestejam sempre presentes:

› A quem?

- Objecto de avaliação.

› O quê?

- Parâmetros de avaliação.

› Como?

- Critérios de avaliação.

› Porquê?

- Validade da avaliação.

› Que resultados?

- (In)sucesso conseguido.

Partindo destes pressupostos, oobjecto do nosso trabalho destina--se aos alunos do 3ºciclo do EnsinoBásico das escolas Nacionais abran-gidas pelo Programa de EducaçãoFísica do Ministério da Educação.Para tal, seleccionámos do Progra-ma, os parâmetros referentes às questões tácticas comuns aosjogos desportivos colectivos de in-vasão/território. Com vista a umapossível validação que deve tercomo referência o sucesso dosalunos, seleccionámos os critériosde êxito mais oportunos para osucesso da acção. Esta ficha deveser usada nas aulas de EducaçãoFísica, durante o processo ensino--aprendizagem, ao longo de toda aUnidade de Ensino dos vários jogosdesportivos colectivos de invasão//território. Para a utilização da ficha,

deve haver um planeamento do quese vai observar e comunicado aosalunos. Durante a aula, há registoatravés da filmagem e posterioranálise observacional, no âmbito da avaliação sistemática da apren-dizagem.

Para ser mais fácil compreenderas fases de construção de umaficha de avaliação com a estruturaque estamos a apresentar, mostra-mos de seguida as diversas fasesde elaboração do nosso trabalho,desde o seu planeamento até aspossíveis aplicações experimentaisque possa vir a sofrer:

1. PLANEAMENTO:

a) Definição dos objectivos;

b) Definição da população alvo;

c) Revisão bibliográfica, paracomparação com outros testesde características semelhantes.

2. ELABORAÇÃO DOS ITENS E MONTAGEM DO PROTÓTIPO:

a) Selecção dos itens que vãoser observados/avaliados;

b) Definição do número de itensque vão constituir cada parâ-metro de observação/avaliação;

c) Selecção do tipo de itens maispertinentes à observação//avaliação;

d) Protocolo da ficha;

e) Conteúdo (escolha criteriosados conteúdos a observar).

3. EM RELAÇÃO CADA PARÂMETRO:

a) Objectivos mínimos (pré-requisitos);

b) Critérios de êxito paradesempenho cada parâmetro;

c) Vários critérios por parâmetro;

d) Ponderação e cotações decada parâmetro na nota final;

e) Ponderação e cotações de cada critério em relação ao parâmetro.

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t

4. APLICAÇÕES EXPERIMENTAIS:

a) Revisão crítica dos autores;

b) Aplicação a uma amostra;

c) Obtenção de dados;

d) Análise de dados;

e) Repetição do processo;

f) Validade;

g) Fiabilidade;

h) Objectividade.

Esta ficha, no seu processo deelaboração teve como objectivo apretensão de ser um instrumentode apoio no processo ensino-apren-dizagem, e servir para que qualqueragente de ensino tenha uma noçãoexacta do valor de cada aluno anível psicomotor e sócio-afectivo.Sabendo que, à partida não hámuitas fichas semelhantes, pelomenos no que diz respeito a parâ-metros tácticos e baseados nopretendido pelo Ministério da Edu-cação, temos a noção de que podeter falhas metodológicas na suaestrutura. Assim, entendemos queesta ficha pode eventualmente servalidada numa futura fase, o quepode denotar algumas limitaçõesestruturais.

Como é natural, esta ficha pode (edeve) ser utilizada em qualqueraula referente à leccionação deJogos Desportos Colectivos de in-vasão/território. Pode ainda servirde elemento de avaliação, podendoidentificar eventuais evoluções nos alunos.

Com a utilização desta ficha, a ava-liação é do tipo criterial, pois há averificação do nível dos alunosatravés de critérios previamentedefinidos. Não há, pois uma avalia-ção normativa, pois não há compa-ração do desempenho dos alunosentre si.

Esta ficha de observação/avaliação,parece possuir os fundamentos ne-cessários para ser considerada

válida, pois mede aquilo a que sepropõem medir, ou seja, foi pro-posto medir o desempenho motordos alunos em situação de jogoformal e a partir daí verificar o seudesempenho. Através desta análiseé possível enquadrar cada alunonum nível e até é possível verificaro nível final de jogo dos alunos. Os parâmetros de observação/ava-liação foram definidos pelos auto-res deste trabalho, mas baseadosnos fundamentos tácticos de abor-dagem ao jogo e nos programascurriculares em vigor actualmente.Os dados provenientes da utilizaçãodesta ficha parecem fiáveis, umavez que existe consistência dasmedidas realizadas. Para que aidentificação e análise da fonte deerro seja reduzida ao máximo, éentão necessário que o teste possaser aplicado por qualquer indivíduo,em qualquer lugar, seguindo o pro-tocolo indicado e havendo consis-tência na performance. Entende-mos que se a ficha apresentada é válida, terá que ser fiável. Naanálise da objectividade do estudo,podemos verificar que os resulta-dos, devido ao instrumento utiliza-do, diminuem a interferência deatitude ou de apreciação pessoal.

Em termos de validade interna, éconveniente que as condições deaplicação (protocolo) sejam unifor-mes e se mantenham iguais emtodas as avaliações, para que osresultados obtidos nada tenham aver com a alteração das condiçõesde aplicação, tentando cumprir oprotocolo definido. Em termos devalidade externa, os dados recolhi-dos desta amostra podem, eventual-mente, ser generalizados à popu-lação. Como os critérios utilizadosna construção dos itens de obser-vação têm como base os progra-mas do Ministério da Educação

para a Educação Física do 3º cicloé, então possível generalizar osresultados à população escolar. Asrespostas dadas pelos indivíduosanalisados podem, então, ser simi-lares às respostas dadas pelosoutros, pois não dependem daamostra escolhida, das condiçõesde aplicação ou do período detempo dos testes.

Esta ficha permite analisar aspec-tos psicomotores e sócio-afectivos,mas como é normal não permiteaquilatar se os desempenhos de-monstrados se ficam a dever aestes factores ou a outros nãocontroláveis em campo, como osaspectos neurais que só podemser analisados em laboratório. Desalientar que em ciências humanasa aleatoriedade é quase impossívelde conseguir, só geneticamenteisso poderia ter sido possível.

CARACTERÍSTICAS DESTA FICHA DE OBSERVAÇÃO MOTORA

› Ficha de observação/avaliaçãoreferente a critérios;

› O objectivo do teste é o de ve-rificar, com base na observaçãoefectuada, em que nível se situacada jogador com base em cadaitem de observação;

› A escala permite uma nota míni-ma de 0% e máxima de 100%;

› Análise quantitativa dos resul-tados, através do número deocorrências;

› Análise qualitativa dos resultadosatravés dos dados provenientesda análise quantitativa;

› Se, relativamente a cada parâ-metro de avaliação o jogador con-seguir atingir uma média final doscritérios de 50%, ou mais é con-siderado como indicador de jogode bom nível nesse parâmetro;

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› Se, relativamente a cada parâ-metro de avaliação o jogador nãoconseguir atingir uma média finaldos critérios de 50% é consi-derado como indicador de jogo defraco nível nesse parâmetro;

› Se a média final de todos os (5)parâmetros for superior a 50%considera-se que o indivíduo apre-senta um nível geral de jogo bom;

› Aplicável a amostras de qual-quer Jogo Desportivo Colectivode invasão/território;

› Individual para cada jogador,assinalando todas as observa-ções efectuadas desse jogadorna mesma ficha;

› A observação não é feita porintervalos de tempo, mas sim porocorrências;

› Todos os jogadores devem serobservados nas mesmas condi-ções, ou seja no mesmo númerode parâmetros (cada um em 5ocorrências), havendo assim anecessidade de recorrer ao au-xílio de gravações em vídeo paraverificar as acções dos jogadores;

› A colocação da câmara deve sernum plano superior e abrangente,de modo a apanhar as acções

tácticas de todos os jogadores da equipa;

› A análise é feita através de “ima-gem corrida” e não “frame a frame”;

› A população alvo considerada de-ve focar os alunos do 3º ciclo,independentemente do seu esca-lão etário e do género, pois oscritérios de êxito estão adap-tados às competências que sepretende que os alunos possuamneste ciclo;

› A validade aparente desta ficha deobservação está relacionada comos aspectos observados, poisestes permitem-nos verificar emque nível cada aluno se en-contra,medindo assim o que se pretendemedir;

› Não há hierarquia entre catego-rias observacionais, pois todaselas têm o mesmo valor e umanão é pré-requisito da outra;

› Deve ser usado um bom índice de correlação entre os critériosobservados, através de uma aná-lise intra-observador. Para issopoder-se-á proceder ao treino dos utilizadores, experimentandoa utilização da ficha a uma amos-tra pequena, afim de verificar

possíveis falhas da ficha ou naobservação;

› Deve-se explicar à amostra todasas condições de aplicação, proto-colo e finalidade da ficha;

› Não há cotações para cada itemobservado, assim todos valem omesmo;

› Em termos de protocolo da ficha,já tudo foi referenciado, faltasomente salientar a importânciade antes de se proceder à suaaplicação, ser importanteexplicar as condições de práticaao objec-to da avaliação. É aindaimpor-tante deixar que os alunosexperi-mentem essas condiçõesde práti-ca (que já foramreferenciadas), submetendoalguns alunos à ficha, de modo ahaver uma adaptação da ficha acaracterísticas espe-cíficas dapopulação em causa;

› A relevância deste teste de obser-vação prende-se com a necessi-dade de rápida e facilmente iden-tificarmos se o nível de um joga-dor é bom ou mau através do seudesempenho motor em situaçãode jogo, para nós a mais impor-tante, havendo assim uma verifi-cação do perfil do jogador.

investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

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FICHA DE OBSERVAÇÃO MOTORA PARA VERIFICAÇÃO DA QUALIDADE DE JOGO DOS PRATICANTES EM JOGOS DESPORTIVOS COLECTIVOS

Relativamente a cada parâmetro rreeggiissttee com X cada ocorrência positiva, relativamente aoscritérios apresentados. Verificar-se-ão 55 ooccoorrrrêênncciiaass referentes a cada parâmetro, nas quaisse pretende constatar se a acção ocorreu ou não (se o critério foi cumprido ou não).

a) Admite as indicações que lhe são dadas.

11 22 33 44 55 %%

MÉDIA DA %

1. COOPERAÇÃO COM OS COMPANHEIROS:

b) Aceita as opções e falhas dos seus colegas.

a) Respeita os sinais do árbitro.

11 22 33 44 55 %%

MÉDIA DA %

2. ACEITA AS DECISÕES DA ARBITRAGEM:

b) Evita acções que ponham em risco a sua integridade física.

MÉDIA DA %

a) Oferecendo linhas de passe.

11 22 33 44 55 %%

MÉDIA DA %

4. ENQUADRADO OFENSIVAMENTE, SEM BOLA, DESMARCA-SE:

b) Procurando situações de superioridade numérica.

a) Penetra, fintando ou driblando para finalizar.

11 22 33 44 55 %%

MÉDIA DA %

3. ENQUADRADO OFENSIVAMENTE, COM BOLA:

b) Finaliza.

c) Passa a um companheiro em desmarcação para o alvo.

d) Passa a um companheiro em desmarcação em apoio.

e) Passa e desmarca-se em direcção ao alvo.

MÉDIA DA %

a) Pressiona o jogador adversário em posse de bola.

11 22 33 44 55 %%

MÉDIA DA %

5. ENQUADRADO DEFENSIVAMENTE:

b) Cria situações de superioridade numérica defensiva.

c) Fecha as linhas de passe.

d) Realiza dobras quando os companheiros são ultrapassados pelos adversários.

e) Realiza compensações, ocupando as posições dos seus companheiros.

INDICADOR DO NÍVEL DE JOGO DE CADA PARÂMETRO

(BOM ou FRACO):

1. ;

INDICADOR DO NÍVEL GERAL DE JOGO

(BOM ou FRACO):

2. ;

3. ;

4. ;

5. ;

NOME DO ALUNO

MODALIDADE

DATA

88|89|

PREENCHIMENTO DA FICHA

› Escala dicotómica, com base nosucesso de cada critério de êxito,sinalizando com uma cruz quandose verifica a ocorrência;

› As condições de aplicação cor-respondem às 5 primeiras vezesque cada parâmetro se verificar;

- Cooperação com os companheiros;

- Aceitação das decisões de arbitragem;

- Enquadramento ofensivo com bola;

- Enquadramento ofensivo sem bola;

- Enquadramento defensivo.

› A observação é feita em situaçãode jogo formal.

› No preenchimento da ficha de-vem-se verificar as 5 ocorrênciasde cada parâmetro. Seguidamen-te marca-se (caso ocorra) cadacritério de êxito relativo a cadaum dos 5 parâmetros. De segui-da faz-se a percentagem de cadacritério de êxito em função do100% (ou seja as 5 ocorrências).Por fim verifica-se a média finalde todos os critérios de êxito decada parâmetro, se for superiora 50% isso corresponde a umindicador de jogo de bom nível ese for inferior corresponde a umindicador de jogo de fraco nível.Poder-se-á ainda definir um nívelfinal do jogador, ou seja se obti-ver mais de 3 parâmetros deavaliação de bom nível, pode serconsiderado como um jogador debom nível.

CONCLUSÃO

Ao longo deste trabalho tentámosfocar a importância da construçãodeste tipo de instrumentos de ava-liação para as aulas de EducaçãoFísica. A utilização deste tipo defichas é importante, pois permite aqualquer professor identificar deuma maneira rápida e simples onível motor dos seus alunos. Sendoeste um dos nossos objectivos pre-viamente definidos, achamos queesta ficha pode ser o instrumento autilizar com vista a aquilatar o nívelmotor dos alunos nos Jogos Des-portivos Colectivos de invasão//território.

Torna-se então vital haver cada vezmais fichas semelhantes a esta,para outras vertentes motoras, pa-ra outros conteúdos e para outraspopulações alvo. Só aumentando aquantidade e qualidade dos instru-mentos de avaliação é que é possí-vel colmatar a falta de fichas deobservação motora em situação dejogo, existentes na nossa área emrelação aos conteúdos programá-ticos propostos pelo Ministério daEducação.

No final deste trabalho, entendemoster construído uma ficha referen-te aos critérios estabelecidos peloMinistério da Educação e que per-mite verificar em que nível se situacada aluno (bom ou fraco). Em cadaparâmetro de avaliação podemosverificar as ocorrências através dautilização do vídeo e assim ter aoportunidade de analisar cuidado-samente cada acção dos alunos,

sendo mais justo e coerente do quese fosse feita em tempo real, nasaulas. De salientar que é impor-tante explicar aos alunos como sevai proceder à sua observação epossível avaliação, explicitando-lhestodo o protocolo e condições deprática, a que vão ser submetidos.

Esta ficha de observação é referentea critérios referentes às aptidõesque os indivíduos devem possuir.As competências estão claramentedefinidas, logo a observação ficafacilitada e é mais objectiva. Es-peramos que cada professor deEducação Física que utilize estaficha não tenha qualquer tipo dedificuldades na observação e possí-vel avaliação dos alunos, verificandoassim o desempenho de cada alunoe identificando facilmente o seunível de jogo (bom ou fraco).

CORRESPONDÊNCIA

Francisco Gonçalves

Travessa Comendador Seabra da Silva, n.º 226

3720-297 Oliveira de Azeméis

E-mail: [email protected]@hotmail.com

Tlms: 917 668 858966 833 562

Tlf.: 256 285 335

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REFERÊNCIAS

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da Fundação Técnica e Científica do Desporto

NUMERO 1F.qxp 14/05/08 23:26 Page 12

estudo de caso

RESUMOCom o presente estudo pretendia-se verificar que tipo de avaliação, osprofessores orientadores de mono-grafias do curso de Educação Físicae Desporto da Universidade de Trás--os-Montes e Alto Douro, realizamcom vista à avaliação dos discentesda mesma instituição para a disci-plina de seminário. As informaçõesforam recolhidas através do preen-chimento de um questionário ela-borado para o efeito, os quais foramtratados realizando-se uma análiseestatística descritiva e de conteúdo.

Dos resultados obtidos, foi verificadoque os orientadores realizam umaavaliação normativa entre os alu-nos que orientam (66,7%), mas poroutro lado, poucos orientadorescomparam os resultados dos seusalunos com os dos outros orienta-dores (72,2%). Em relação à avalia-ção criterial, todos os orientadores(100%) comparam os resultadosobtidos pelos seus alunos comcritérios estabelecidos no início dotrabalho. A avaliação mista (norma-tiva e criterial) é realizada por 61,1%dos orientadores.

A maioria dos orientadores (72,2%)realiza uma avaliação sumativa,enquanto que somente 16,7% dosorientadores realizam uma avaliaçãosomativa.

Por último, 66,7% dos orientadoresentendem que os cursos via ensinodeveriam valorizar mais a formaçãona área da avaliação. Desta per-centagem, 25% dos orientadoresentendem que não há cadeiras queensinem directamente a avaliar.

ABSTRACTThe central theme of this study is toverify what sort of evaluation theorientactors teachers of the phy-sical education and sport’s of mono-graphs of the University of Trás-os--Montes e Alto Douro base theirjudgement when evaluating (trainee)students of this institution for thesubject of seminar.To obtain the information, an ano-nymous and confidential question-naire was made for the project. Theresults were statistically treated bydescriptive statistics analyse andcontent analyse.The obtained results certified thatthere are orientactors which realisea normative evaluation among thestudents who have been orientatedby them (66,7%), but on the otherhand very few orientactors com-pare the results of their studentswith the others orientactors stu-dents (72,2%). In relation to thecriterion of evaluation, all the orien-tactors (100%) compare the resultsobtain by their students with cri-terions established at the beginningof their work. The mystic evaluation(normative and criterion) is realizesby 61,1% of the orientactors.Most of these orientactors (72,2%)realise sumative evaluation, whileonly 16,7% of the orientactors rea-lise a somative evaluation.Finally 66,7% of the orientactorsbelieve that all the teaching coursesshould give higher value to the forma-tion in the area of evaluation. Of thispercentage, 25% of the orientactorsbelieve that there are no subjectsthat actually teach how to evaluate.

AUTORFrancisco Gonçalves1

Ágata Aranha 2

1 Licenciado e Doutorando em Educação Física e Desporto pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

2 Professora Associada do Departamento de Desporto, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

AVALIAÇÃO/CLASSIFICAÇÃO DDA DISCIPLINA ““SEMINÁRIO” –– MMÉÉTTOODDOOSS

EE TTÉÉCCNNIICCAASS DDEE AAVVAALLIIAAÇÇÃÃOO,, EESSTTUUDDOO

RREEAALLIIZZAADDOO NNOO CCUURRSSOO DDEE DDEESSPPOORRTTOO DDAA

UUNNIIVVEERRSSIIDDAADDEE DDEE TTRRÁÁSS--OOSS--MMOONNTTEESS

EE AALLTTOO DDOOUURROO

4(4): 991-100

PPAALLAAVVRRAASS--CCHHAAVVEEavaliação; orientadores; alunos; desempenho; ensino.

KKEEYYWWOORRDDSSevaluation; orientactors; students; performance; teach.

data de submissãoAAbbrriill 22000077

data de aceitaçãoJJuunnhhoo 22000077

AVALIAÇÃO/CLASSIFICAÇÃO DDA DDISCIPLINA ““SEMINÁRIO” –– MMÉÉTTOODDOOSS EE TTÉÉCCNNIICCAASS DDEE AAVVAALLIIAAÇÇÃÃOO,, EESSTTUUDDOO RREEAALLIIZZAADDOO NNOO CCUURRSSOO DDEE DDEESSPPOORRTTOO DDAA UUNNIIVVEERRSSIIDDAADDEE DDEE TTRRÁÁSS--OOSS--MMOONNTTEESS EE AALLTTOO DDOOUURROO

92|93| investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

INTRODUÇÃO

Em termos globais, a avaliação temvindo, progressivamente, a ocuparum espaço cada vez mais impor-tante em todos os domínios daactividade humana, nas mais dife-renciadas áreas como o domínioeducacional, empresarial, financei-ro, artístico, etc... Como é natural,para este trabalho de investigação,apenas foi abordada a problemá-tica da avaliação no âmbito edu-cativo. O tema da avaliação está,actualmente a ser muito e, cadavez mais falado. No entanto, deve--se ter em linha de conta perguntasimportantes, como: a quem avaliar?O que avaliar? Como avaliar? Por-quê avaliar? Com que resultados?...São perguntas complexas, masque se devem colocar quando sefala de sistema educativo, maisespecificamente, no âmbito dasactividades físicas.

O objectivo do estudo foi o deverificar que tipo de avaliação, os professores orientadores demonografias do curso de EducaçãoFísica e Desporto da Universidadede Trás-os-Montes e Alto Douro,realizam com vista à avaliação dosdiscentes da mesma instituiçãopara a disciplina de seminário.Pretendia-se ainda verificar queobjectivos, parâmetros ou critériosde êxito são utilizados na avaliaçãodos mesmos alunos, assim comoverificar como se processa a suaclassificação. As respostas foramabsolutamente confidenciais e osdados destinaram-se exclusivamen-te a permitir o tratamento esta-tístico da informação.

ENQUADRAMENTO TEÓRICO

“A avaliação refere-se à recolha deinformações necessárias para um

(mais) correcto desempenho.

É um regulador por excelência de todo o processo ensino-

-aprendizagem. É a consciência do próprio sistema educativo.”3

A avaliação formativa acompanhatodo o processo ensino-aprendiza-gem, identificando aprendizagensbem sucedidas e as que levantamdificuldades, para que se possamultrapassar as últimas levando osalunos à proficiência e ao sucesso11.

A avaliação formativa deve ser aprincipal modalidade de avaliação,consistindo no acompanhamentopermanente da natureza e qualida-de da aprendizagem de cada aluno,orientando a intervenção do pro-fessor de modo a dar-lhe a possi-bilidade de tomar as decisões ade-quadas às capacidades e necessi-dades dos alunos. Além disso,fornece aos alunos elementos quereforçam, corrigem e incentivam aaprendizagem, aumentando-lhe aeficácia, pois pretende-se que quemaprende tome parte activa no seuprocesso de aprendizagem8.

A avaliação sumativa não se devesomente esgotar num juízo sobrealgo ou alguém mas, que, por suavez, deverá ser entendida como ummeio para se conhecer mais sobreuma determinada realidade, numaperspectiva de se aperfeiçoaremprocessos futuros. A avaliação su-mativa deve ainda ter em conta osobjectivos gerais, ou seja, os objec-tivos terminais de integração que,uma vez atingidos, certificam o pro-gresso do aluno14.

Como já foi referenciado anterior-mente, a função formativa daavaliação desempenha um papelfundamental na regulação do en-sino, mas não responde à questão«porquê avaliar?». A esta, há au-tores que tentam responder, afir-mando serem quatro os objectivosessenciais da avaliação8:

- Aperfeiçoar as decisões relativasà aprendizagem de cada aluno;

- Informar o aluno e os pais sobre a progressão;

- Conceder os certificados neces-sários ao aluno e sociedade;

- Aperfeiçoar a qualidade do ensi-no em geral.

Tradicionalmente, a avaliação tinhacomo padrão de referência a nor-ma – normativa – o que acontecequando os desempenhos dos alu-nos são comparados entre si porrelação a uma norma, sendo aavaliação orientada por um con-junto de regras comuns. As ava-liações propostas deviam reflectiras diferenças entre os alunos14.

A avaliação de referência a umanorma é a que descreve a exe-cução do aluno em termos daposição relativa que alcança emrelação ao grupo. Por outro lado, a avaliação por referência a umcritério – criterial – verifica-sequando se descreve a execução do aluno num campo específico detarefas essenciais do ensino, ava-liando-se em função de objectivospreviamente formulados14.

A avaliação é normativa se situa o indivíduo num grupo particular ecompara os seus resultados comos resultados desse grupo. Julgamtambém, que a avaliação é criterialse é comparado o estado do indi-víduo relativamente a um critériopré-estabelecido14.Há uma distinção entre avaliação e classificação11. A primeira corres-ponde à análise das aprendizagensconseguidas face às planeadas,traduzindo-se numa descrição queinforma os professores e alunossobre os objectivos atingidos eaqueles onde se levantam dificul-dades. Por outro lado a classifica-ção transporta para uma escala devalores a informação proveniente

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da avaliação, permitindo comparare seriar resultados servindo debase a decisões relativas à pro-moção ou não dos alunos no siste-ma escolar9,11.

Acerca das competências dos pro-fessores, a maior questão prende--se com a capacidade de avaliar aaquisição da competência profis-sional por parte dos formandos10.Existem então dois grandes «cal-canhares de Aquiles»:

a) O problema de avaliar com rigoros desempenhos competentes do professor e, uma vez aceite apossibilidade da sua avaliação;

b) O problema da sua validação en-quanto actuações com efeitos po-sitivos na aprendizagem dos alunos.

Pode-se dizer que algumas mu-danças estão a ser efectuadas,reforçando a função formativa daavaliação, a importância de reten-ção por parte dos alunos, o reforçodo papel dos alunos e professoresassim como a articulação entre osistema de avaliação dos alunos ea avaliação do sistema de ensino.

“(...) A avaliação prende-se com a estratégia de ensino,

na medida em que dela depende,em grande parte, a eficácia do

ensino, especialmente no que serefere à implantação das opçõesmaterializadas no plano de acti-vidades. Por outro lado, são-lheconferidas duas funções: a de

regulação e a de classificação.”3

METODOLOGIA

CCaarraacctteerriizzaaççããoo ddaa AAmmoossttrraaNo que concerne à caracterizaçãoda amostra considerada para aelaboração do presente estudo,esta constituiu-se pelos 18 docen-

tes orientadores de monografiasdo curso de Educação Física eDesporto da UTAD, no ano lectivode 2003/2004. Pretendia-se co-nhecer qual o modo como realizama avaliação dos seus discentes nadisciplina de seminário. Foi-lhesapresentado um questionário ela-borado para o efeito, referente àparte da revisão bibliográfica com ointuito de tirar conclusões paraalcançar os objectivos propostos.Na aplicação dos questionários,embora tivesse sido tentado, oretorno não foi de 100%. Assim,dos 21 orientadores de monogra-fias existentes na Universidade, 18 responderam ao questionárioproposto, ou seja, obteve-se umretorno de 85,7%.

IInnssttrruummeennttoossO questionário, elaborado para o efeito, foi constituído por 18perguntas, das quais 16 eram deresposta fechada (escolha múltipla)e as 2 restantes de resposta aberta(respostas de desenvolvimento). Desalientar que algumas perguntas,tinham mais do que uma alínea,pois pretendia-se obter informa-ções mais aprofundadas acerca docapítulo respeitante a esta per-gunta. O questionário foi elaboradoa partir da pesquisa bibliográficarealizada.

EEssttaattííssttiiccaaPara o tratamento do resultadosrealizou-se uma análise estatísticadescritiva e de conteúdo, compa-rando os resultados obtidos comas conclusões da bibliografia pes-quisada. Assim, para as primeiras16 perguntas do questionário (per-guntas fechadas) realizou-se umaestatística descritiva, enquanto quepara as duas últimas perguntas(perguntas abertas) se realizou umaanálise estatística de conteúdo.

HHiippóótteesseess aa sseerreemm tteessttaaddaassDe acordo com a revisão biblio-gráfica, colocam-se as seguinteshipóteses:

H11 -- Existem diferenças no tipo de avaliação que os orientadoresrealizam em relação aos seuscolegas docentes.

H12 -- Os orientadores realizampreferencialmente a avaliação dotipo criterial.

H13 -- Os orientadores realizamuma avaliação contínua.

H14 -- Os orientadores realizamuma avaliação formativa.

PPrroobblleemmaaNo presente trabalho, o objecto de avaliação é constituído pelosorientadores que estão a orientarmonografias do curso de EducaçãoFísica e Desporto da Universidadede Trás-os-Montes e Alto Douro,com vista à avaliação dos discen-tes da mesma instituição para adisciplina de seminário, incidindoesta avaliação em parâmetros,sendo realizada segundo critériosque quantificam ou qualificam essesparâmetros permitindo obter infor-mações para a avaliação do objecto.

Porquê?

Este objectivo pareceu pertinente,visto que todos já foram, ou sãoavaliados, inúmeras vezes ao longoda vida. A curiosidade de saberquais os parâmetros e critériosque são utilizados na avaliação,suscitou o interesse por este tema,porque sempre se pretendeu sabercomo é que os responsáveis poresta problemática a realizavam.

Para quê?

Tentou-se, então aprofundar estatemática para que a curiosidadeseja satisfeita sobre a avaliaçãorealizada pelos orientadores de

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monografia. Além do mais estaproblemática está (e estará) nostemas de maior interesse para seraprofundada, em futuros trabalhos.

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS

RESULTADOS

AVALIAÇÃO NORMATIVA

Com base nos resultados obtidos,pode-se supor que 66,7% dosorientadores ao compararem osalunos entre si tentam uniformizaras suas notas, reflectindo o desem-penho de cada um nessas notas.Muitas vezes um indivíduo pode terum desempenho muito satisfató-rio, mas se for colocado num con-texto diferente o seu desempenhopode não ser assim tão bom.Assim, tudo se passa num determi-nado contexto e é em função deleque cada um tem de se adaptar àsituação. Esta avaliação normativalevada a cabo pela maioria dosorientadores pode visar reflectir as diferenças entre os alunos,determinando a posição em rela-ção aos outros alunos.

Este tipo de avaliação, não permitedistinguir níveis de sucesso ou seja,sabe-se o que vale cada aluno emrelação aos outros, mas não emrelação aos critérios pré-estabele-cidos. Assim, só há a indicação do valor de cada um em função dos outros alunos. Um aluno podeestar num grupo com dificuldadese portanto ele é dos melhores, masse for integrado num grupo commais capacidades, ele passariapara o fundo da escala3.

A maior parte dos orientadorescompara os resultados dos seusalunos entre si, mas 72,2% dosorientadores não compara esses

resultados, com os resultadosobtidos pelos alunos dos outrosorientadores.

Como síntese da avaliação norma-tiva, a maior parte dos orientadoresrealiza uma avaliação normativaentre os seus alunos, tentandouniformizar os resultados com-parando-os entre os alunos queorientam. Mas quanto à avaliaçãonormativa com alunos de outrosorientadores, esta quase nunca érealizada, pois quer na segundaalínea, quer na terceira a maiorparte das respostas foi negativa.

AVALIAÇÃO CRITERIAL

Na avaliação criterial, 100% dosorientadores podem ver a distânciaa que os alunos se encontram dopadrão de aproveitamento pré--determinado. Assim, os orientado-res têm como referência os crité-rios pré-definidos e a partir destespodem organizar todo o processode ensino-aprendizagem com vistaao sucesso dos alunos, identifi-cando as dificuldades muito maisfacilmente.

Através desta avaliação os orien-tadores têm a exacta noção dadistância que os alunos se encon-tram da “meta”. Analisando as difi-culdades, os orientadores, junta-mente com os alunos podem con-tornar as dificuldades e seguir omelhor “caminho” para atingir ascompetências a que se propuse-ram. É importante salientar quetodos os alunos devem ter a noçãoexacta dos parâmetros definidos e dos critérios que estão a serusados para que o processo sedesenrole com naturalidade a fimde atingir as competências14.

AVALIAÇÃO MISTA

Como é natural não existe umaavaliação correcta, pois depende de

diversos factores: da populaçãoalvo, dos parâmetros e critérios deavaliação, da metodologia aplicada,estratégias, objectivos… mas nesteestudo verifica-se que 61,1% dosorientadores realizam uma avalia-ção mista, com características daavaliação criterial e normativa.

Assim, a avaliação não será cor-recta nem errada, o que interessaé que a avaliação seja correcta-mente aplicada, tendo como baseos diversos factores que a rodeiam.

AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA

Em relação à avaliação diagnóstica,pode-se verificar que uma grandepercentagem (38,9%) dos orienta-dores não realiza uma avaliaçãodiagnóstica, o que não lhes permiteaquilatar os pré-requisitos que oaluno possui para lhe “prescrever”a melhor metodologia de orientaçãode trabalho. Sem esta avaliaçãodiagnóstica não há prognóstico deresultados, logo fica difícil definirestratégias para atingir estesresultados. Só através da avalia-ção diagnóstica é que o orientadorpode começar o seu trabalho,verificando as aptidões e conhe-cimentos dos alunos. É neste mo-mento, momento inicial de todo o processo ensino-aprendizagem,que os orientadores verificam osconhecimentos e dificuldades dosalunos, podendo, a partir desteprocesso começar o trabalho defi-nindo objectivos, estratégias e me-todologias de trabalho a seguir.

Assim, é comparando os níveisiniciais (diagnósticos) e finais (su-mativos), que os orientadores po-dem verificar a evolução (ou re-gressão) dos alunos. É certo que anota final nada deve ter a ver comessa evolução, pois os alunos devemser avaliados pelo desempenho aolongo do processo11.

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AVALIAÇÃO FORMATIVA

A maioria dos orientadores (66,7%),confirmaram a ideia de3, que en-tende que é através da avaliaçãoformativa que posteriormente sedevem retirar as informações ne-cessárias à classificação do aluno.A maioria dos professores usa asinformações retiradas ao longo daavaliação formativa para maistarde classificarem os seus alunos.Este momento de avaliação (forma-tivo) é o que melhor traduz o de-sempenho do aluno, pois é atravésdele que todos os passos do pro-cesso ficam espelhados, contandopara a sua classificação toda acompetência/desempenho demons-trados ao longo do processo.

Todos os orientadores demonstramter a noção que o seu feedback éessencial para que o aluno saibacomo esta a correr o seu trabalho,sabendo o que está a fazer de bem(continuando) e o que está mal(alterando). A avaliação formativaé, também, neste caso, essencialpara reconhecer “onde” e em “quê”,o aluno sente dificuldade, infor-mando-o sobre o seu desempenho.A própria avaliação formativa servede feedback para o aluno e para oprofessor7.

A esmagadora maioria dos orien-tadores (88,9%), realiza uma ava-liação contínua. Não se pode falarem avaliação correcta nem incor-recta, mas certamente que a avalia-ção contínua, se correctamentelevada a cabo é a mais indicadapara este tipo de trabalhos mono-gráficos. Com base em algunsautores3, pode-se confirmar estaideia, pois se a avaliação for con-tínua, ao longo do processo for-mativo, as indicações tiradas paraa classificação são o espelho dodesempenho dos alunos, mostrandoestes, aos professores quais as

etapas que transpôs no seu per-curso de aprendizagem e as difi-culdades que encontra. Assim, oprofessor pode-lhe indicar como se está a processar o seu trabalhoe quais os obstáculos a ultrapassar.Se o orientador não se socorressedeste tipo de avaliação e verificasseapenas, no final da unidade, osalunos que tinham ou não apren-dido, teria poucas possibilidades de refazer o caminho andado.

A esmagadora maioria dos orienta-dores, 88,9%, não realiza umaavaliação pontual. Esta avaliação é característica de exames ouconcursos (não de trabalhos mo-nográficos). Pode ainda haver outrosmomentos de avaliação pontual,como por exemplo nos casos emque a meio do processo ensino--aprendizagem há momentos deavaliação com o objectivo de aqui-latar o nível dos alunos naquelemomento14.

Longe vai o tempo em que seachava que o erro era prejudicial naaprendizagem, por vezes até erapenalizado em vez de ser analisado.A avaliação e a identificação doserros são fonte para novas apren-dizagens, pois esta tem em conta o indivíduo3. Assim, no entender de94,4% dos orientadores, o valorestá no trabalho realizado, nos errosque são alterados com o objectivode atingir a eficácia/mestria. É oerro, como componente do proces-so de ensino-aprendizagem queconduzirá ao desenvolvimento pro-fissional, havendo uma estimulaçãopara uma aprendizagem eficaz, pro-duzindo ideias que possam ser usa-das no aperfeiçoamento do trabalho.

Esta análise dos erros é vital naaprendizagem dos alunos, pois sóatravés da análise dos erros é pos-sível atingir os melhores resultados4.

Praticamente todos os orientado-res (94,4%), colocam questões aos

alunos com o intuito de aquilatar,precisamente o que sabem e quaisas dificuldades e dúvidas que têm.Se o orientador questionar o alunopode perceber se o que ele inter-pretou está realmente correcto ou não. O questionamento tambémpode servir de meio de avaliação. O orientador pode questionar paraavaliar, ou seja, fazer uma questãoacerca de um conteúdo do traba-lho do aluno e tirar indicações paraa sua avaliação.

Com as informações recolhidas por estes estudo, verifica-se que háuma concordância geral englobandotodos os orientadores, pois todosdão opinião/informações sobre oque o aluno deve fazer a seguir.Com a experiência e informaçãodos orientadores, os alunos sabemo que têm que fazer a seguir. Aavaliação formativa ajuda o aluno aaprender e o professor a ensinar14.Assim, há uma troca de vivências e experiências entre os dois. Asinformações fornecidas aos alunosdevem ser claras e organizadaspara que o ensino seja orientado e promova o sucesso de todos. Asindicações dos orientadores podemevitar muitos erros o trabalho dosalunos, havendo uma maior proba-bilidade do desempenho do alunoatingir o sucesso mais rapidamente.

A maioria dos orientadores (88,9%),demonstram preferir os alunosautónomos, alunos com iniciativa,criativos para a execução do seutrabalho. Ser autónomo não quernecessariamente dizer que nãosiga as indicações do orientador,pois um aluno pode ser autónomodepois de ter tido indicações sobreo que fazer a seguir.

É, então importante conciliar asduas realidades, ser-se autónomoe criativo, confrontando depois otrabalho realizado com as ideias do orientador, e/ou o contrário,

e

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receber as informações do orien-tador e depois ser autónomo nacontinuação do trabalho. Assim, oorientador deve “orientar” dandoas linhas mestras do trabalho, sem“fazer o trabalho todo” ao alunoque orienta.

EXPLICITAÇÃO DO PROCESSO DE CÁLCULO DA AVALIAÇÃO FINAL

Na planificação inicial da avaliaçãocada orientador deve estabelecerquais os parâmetros que vão seravaliados (o quê) e os critérios(como), o que não acontece, pois66,7% dos orientadores responde-ram negativamente. Assim, devemigualmente ser seleccionados osobjectivos a serem avaliados e aponderação que cada objectivo vaiter na nota final do aluno. Os resul-tados obtidos contrariam as ideiasde12, pois os alunos, como objectosde avaliação têm que ter o conheci-mento do processo de cálculo aque vão ser submetidos, pois sóassim podem estruturar o seu tra-balho e focalizar as suas atençõespara os aspectos que são realmenteimportante e que vão ser avaliados.

PONDERAÇÃO DE CADA ETAPA DA MONOGRAFIA NA NOTA FINAL

No que à parte conceptual diz res-peito, a maior parte dos orienta-dores dá uma importância de 40%a 49%. Isto quer dizer que quasemetade dos orientadores (44,4%)considera que praticamente meta-de da nota final da monografia é aparte conceptual. Esta parte con-ceptual prende-se com a revisãobibliográfica, onde são apresenta-dos os principais trabalhos acercada temática a desenvolver.

Em relação à parte metodológica, a maior parte dos orientadores dá uma importância de 40% a 49%.Isto quer dizer que mais de metadedos orientadores (55,6%) considera

que praticamente metade da notafinal da monografia é a parte meto-dológica. Esta parte metodológicaprende-se com a metodologia englo-bando a caracterização da amos-tra, instrumentos utilizados, análiseestatística, hipóteses e a apresen-tação e discussão dos resultados.

Por último existe a apresentação. A maior parte dos orientadoresatribui-lhe uma importância de 20%a 29%. Isto quer dizer que metadedos orientadores (50%) conside-raque a apresentação conta entre20% a 29% da nota final da mo-nografia.

Este é o momento em que osalunos defendem o seu trabalhomonográfico perante um júri, queconfere os seus conhecimentos. Se é certo que qualquer aluno podeter uma grande monografia escritae na apresentação as coisas nãolhe correm bem, também é certoque muitas vezes os alunos têmuma monografia normal, mas nadefesa sobressaem-se e conseguemsurpreender pela qualidade da suadefesa.

REFLEXÃO DURANTE O ANO LECTIVO

Uma grande maioria dos orienta-dores (83,3%), faz uma reflexãodurante o processo ensino-aprendi-zagem, com o objectivo de melho-rar o seu desempenho. A avaliaçãodeve ser dirigida ao desenvolvi-mento profissional havendo umareflexão sobre a prática, para tentarmelhorar o desempenho de cadaum, usando para isso experiênciaprofissional que neste caso osorientadores possuem. Esta avalia-ção deve ser efectuada ao longo da avaliação formativa, ou seja aolongo de todo o processo, tentandopara tal identificar os erros logo nomomento em que eles acontecempara as acções serem alteradas e melhoradas.

REFLEXÃO NO FINAL DO ANO LECTIVO

Uma grande percentagem dosorientadores (88,9%), demonstramter a noção de que o seu desen-volvimento profissional pode serconseguido após a sua prática pe-dagógica sobre os alunos. Paraalcançarem a tão desejada eficáciapedagógica os orientadores anali-sam os aspectos menos positivosdo processo e tentam fazer asalterações necessárias para osucesso. Esta introspecção feitano final do ano lectivo pode serfeita verificando se os objectivosforam ou não alcançados, tentandoidentificar as causas do (in)sucesso.O importante é que cada profes-sor faça uma introspecção do seudesempenho e das estratégiasusadas para que as acções quetome no próximo ano sejam asmais correctas possíveis, ficandoassim mais próximo da mestria13,14.

AVALIAÇÃO/CLASSIFICAÇÃO

Através da análise dos resultadosefectuada, verifica-se que a maioriados orientadores (72,2%), sabe dis-tinguir avaliação de classificação,ou pelo menos entende que avaliare classificar não é a mesma coisa.Em alguns casos os orientadoreslimitam-se a dar uma nota pelotrabalho final dos alunos, quandodeveriam ser seus orientadores aolongo do ano e premiar o esforçodeste longo trabalho. Assim, pode--se dizer que classificar é traduzirnuma escala de valores o resultadoda avaliação2. A maioria dos orien-tadores sabe desta distinção, secalhar é devido a este conheci-mento que a maioria das respostasfoi negativa. No entanto a percen-tagem que respondeu afirmativa-mente vai contra as ideias de11, quediz que a avaliação corresponde àanálise das aprendizagens conse-

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guidas face às planeadas, tradu-zindo-se numa descrição que infor-ma os professores e alunos sobreos objectivos atingidos e aquelesonde se levantam dificuldades.

AUTO-AVALIAÇÃO

Os resultados apresentados eviden-ciam uma tendência muito grandepor parte dos orientadores para arealização de uma auto-avaliaçãoaos seus alunos. A importância daauto-avaliação é muito grande para77,8% dos orientadores, pois elatem que estar presente no carác-ter formativo do processo ensino--aprendizagem. A auto-avaliação é importantíssima na regulação do processo ensino-aprendizagem.A auto-avaliação permite aos alu-nos que estão a realizar as mono-grafias uma identificação dos errosde percurso cometidos e ajuda naprocura de soluções alternativas14.

A auto-avaliação que os orientado-res realizam é, em 78,6%, em rela-ção ao desempenho que os alunostiveram ao longo do trabalho. As-sim, os alunos devem manifestar anota que espelhe o trabalho querealizaram, permitindo assim aoorientador verificar onde é que oaluno acha que cometeu maiserros ao longo do processo ensino--aprendizagem.

EXPLICITAÇÃO DE PARÂMETROS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

A maioria dos orientadores (61,1%),não explica aos alunos que orientaquais os parâmetros, critérios, tipoe objectivos de avaliação a que vão ser sujeitos. No início do ano osalunos não sabem o que terão quefazer no seu trabalho monográfico,mas sabem que querem tirar amelhor nota possível. A sua orien-tação tem que se fazer em termosde conteúdos e objectivos a atingir,mas o ensino tem que ser guiado.

Se os orientadores não indicaremaos seus alunos o que têm quefazer para terem uma boa nota,ser-lhes-á muito difícil cumprirtodos os parâmetros, pois nemsequer os sabem. Assim, é de vitalimportância explicitar aos alunos o que se vai avaliar (parâmetros) e como se vai avaliar (critérios).

Assim, os alunos já sabem quecompetências têm que ter no finaldo trabalho para atingirem umaboa nota. É também muito impor-tante saberem que tipo de avalia-ção o orientador vai efectuar, poisassim sabem como vão ser avalia-dos, criterialmente, normativamente,ou através de uma avaliação mista.Os alunos também devem serinformados sobre os momentos deavaliação (avaliação diagnóstica,formativa ou sumativa). Por últimoos objectivos, (a meta) que o alunotem que alcançar também têm deser definidos.

ORIENTAÇÃO NUMA SÓ ÁREA OUINTERACÇÃO COM OUTRAS ÁREAS

Normalmente, são os alunos aabordarem os orientadores demodo a que estes orientem o seutrabalho monográfico. Como é na-tural, os alunos escolhem os orien-tadores que estejam especializadosna área da sua monografia. Mas,por vezes, pode acontecer que osorientadores desenvolvem um tra-balho em áreas que não sejam assuas. É o caso de 55,6% dos orien-tadores. Esta interacção com outrasáreas é, por vezes, normal, pois é difícil definir onde acaba uma áreae começa a outra.

AVALIAÇÃO EM FUNÇÃO DO TEMPODISPENSADO AOS ALUNOS

O esforço que cada orientador fazpara avaliar os seus alunos da me-lhor maneira possível é reconhe-cido. Mas os resultados obtidos,

mostram que há falta de tempopor parte dos orientadores paradispensar aos seus alunos. Umapercentagem de 55,6% dos orien-tadores entende que faria umamelhor avaliação se tivesse maistempo para cada aluno, como acon-selha a bibliografia consultada, pois é com a experiência dosorientadores que os alunos podemvir a desenvolver os seus conheci-mentos. Há necessidade dos pro-fessores estarem constantementeem contacto com os alunos para anecessária recolha de informaçõessobre o desempenho dos alunos5.

HORAS SEMANAIS DISPENSADAS A CADA ALUNO

A realidade estudada denota quenenhum orientador dispensa maisde três horas semanais a cadaaluno que orienta, mais uma evi-dência sobre a falta de tempo deque dispõem. É importante salien-tar dois aspectos. O primeiro é quepor norma os orientadores têmvários alunos a seu cargo por ano,logo é impossível que tivessemmuito tempo para cada um deles.Uma agravante será o facto decada orientador ter mais activi-dades, como a leccionação dasaulas e a orientação de teses demestrado e doutoramento. O outroaspecto é que os orientadores res-ponderam a esta pergunta fazendouma média de todo o ano, ou sejahá alturas em que estão menostempo com os alunos e no final doano, mais perto da conclusão damonografia estão mais tempo comos alunos que orientam. No entanto,a maioria das respostas denotampouco tempo dispensado a cadaaluno. Para tal, seria oportunoarranjar algumas soluções paraevitar tão pouco contacto com osalunos: como haver mais profes-sores a orientar monografias,

e

98|99|

menos alunos por professor, oumesmo professores com menosactividades, que ficariam quaseexclusivamente ligados à orientaçãode monografias.

MANIFESTAÇÃO DA OPINIÃO DOS ALUNOS

Os resultados evidenciam umatendência muito grande por partede 88,9% dos orientadores paraouvirem a opinião dos alunos sobreo trabalho que realizaram ao longodo ano. Todos os docentes devemestar em constante avaliação doseu desempenho1. Para tal não háninguém melhor do que os alunos,que estiveram todo o ano a tra-balhar em parceria com eles. É poreste motivo que os orientadorespermitem aos alunos o feedbacksobre o seu desempenho.

Todos os orientadores acham im-portante ouvir a opinião dos alunos,com vista a melhorarem cada vezmais os seus desempenhos. Sóouvindo a opinião dos alunos, osorientadores podem avaliar o seupróprio trabalho, verificando se asmetodologias e decisões que estãoa utilizar são as mais correctas.Trata-se de uma introspecção, umaauto-avaliação com base nas indi-cações que os alunos deram sobreo desempenho dos orientadores1.

AVALIAÇÃO SUMATIVA/SOMATIVA

Existe uma tendência muito grandepor parte dos orientadores pararealizarem uma avaliação sumativa(72,2%), ou seja para fazer uma sú-mula do trabalho realizado, ava-liando assim os alunos. Por outrolado, em 16,7% das opiniões, a ava-liação somativa permite conheceras diferentes fases do trabalhorealizado, verificando onde é que osalunos têm mais dificuldades, per-mitindo assim aperfeiçoar proces-sos futuros.

A maior condicionante da avaliaçãosumativa é que, avaliar os alunosatravés do seu resultado final nãorepresenta o trabalho que desenvol-veram ao longo do ano. Os alunosdevem ter a sua nota em função do que fizeram durante todo o ano,pois há fases de maior e menoríndice de trabalho. Como foi repor-tado ao longo deste trabalho, a notados alunos deve valorizar o trabalhocontínuo, não representando somen-te o trabalho final. O desempenhodo aluno deve ser o mais importan-te, pois o aluno encontrou-se todo oano numa situação de aprendiza-gem e são essas competências queadquiriu que é preciso valorizar3,14,6.

Partindo destas ideias, é mais fiável,a todos os níveis a avaliação soma-tiva do que a avaliação sumativa,sendo naturalmente mais difícil de realizar, mas a justiça é muitomaior. Como tal, é importantecontrariar estes resultados, pois aavaliação não deve ser somenteuma súmula do trabalho realizado,mas sim, uma valorização do tra-balho contínuo que demonstra odesempenho do aluno através dosomatório do trabalho realizado.

A avaliação somativa realizada pelosorientadores serve para conhecero que os alunos foram fazendo aolongo do ano e é realizada numaperspectiva de se aperfeiçoaremprocessos futuros.

Apenas uma pequena quantidadede orientadores (16,7%), indicouque realiza uma avaliação somativa,sendo esta a mais indicada, como jáfoi visto na bibliografia analisada.Assim, 12, contraria um pouco amaioria dos orientadores que rea-lizam avaliação sumativa (72,2%),ajudando a entender os que optampela somativa. O autor diz que aavaliação somativa pretende ajuizardo progresso realizado pelo aluno

no final de uma unidade de apren-dizagem, no sentido de aferir resul-tados já recolhidos pela avaliaçãoformativa e obter indicadores quepermitam aperfeiçoar um futuroprocesso de ensino. A avaliaçãosomativa corresponde, então a umbalanço final, permitindo ter umavisão do conjunto que foi o proces-so ensino-aprendizagem. É aindapossível aquilatar quais os resulta-dos da aprendizagem, assim comoverificar quais as correcções que é possível fazer para futuros pro-cessos de ensino.

AVALIAÇÃO NOS CURSOS VIA ENSINO

Os resultados obtidos neste estudoevidenciam uma tendência muitogrande por parte dos orientadorespara acharem que a formação dosalunos de cursos via ensino (futu-ros professores), deveria valorizarmais a formação na área da ava-liação; no entender de 66,7% dosorientadores.

A maior parte dos orientadores(58,3%) entende que a formaçãodos alunos de cursos via ensino(futuros professores de EducaçãoFísica neste caso), deve valorizarmais a formação na área da ava-liação, pois é importante saberavaliar correctamente os alunos.

Outra percentagem de orientadores(16,7%) justificou a importância daformação na área da avaliação,pois quanto mais experiência temum avaliador, à partida, menor seráa quantidade de erro que vai ter asua avaliação.

Cerca de um terço dos orientadores(33,3%) entende que a formaçãodos alunos de cursos via ensino,deveria valorizar mais a formaçãona área da avaliação, pois issoprovoca uma melhoria do ensino.Naturalmente, quanto mais bem

investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

RReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto c

preparados estiverem os profes-sores para avaliar, maior será osucesso dos alunos.

Para 8,3% dos orientadores, a for-mação dos alunos (futuros profes-sores) proporciona-lhes uma apren-dizagem de novas estratégias einstrumentos de avaliação que vãopoder aplicar nos seus alunos.

Por último existem 25% dos orien-tadores que entendem que não hácadeiras que ensinem a avaliar.Para tal é preciso contrariar umalacuna que estes orientadoresentendem existir no curso. Trata--se da falta de disciplinas queensinem a avaliar. Não existenenhuma disciplina de avaliação,que se preocupe só com estatemática e que ensine os futurosprofessores a avaliar. Existia unica-mente uma cadeira (Didáctica) quetinha no seu programa a matériade avaliação, mas embora sejamuito importante, é manifestamenteinsuficiente. Uma agravante a todaesta escassez é que esta disciplinafoi retirada do currículo.

Cerca de 40% dos orientadoresentendem que a formação doscursos via ensino já valorizamsuficientemente a formação naárea da avaliação, estando o actualmodelo correcto, contrariando,como foi visto na análise anterior,que não há nenhuma cadeira quefale exclusivamente de avaliação.

Por outro lado, a mesma percen-tagem (40%) dos orientadores en-tende que a formação dos futurosprofessores não necessita de focartanto a avaliação, pois o mais im-portante é a experiência prática no mercado de trabalho. No entan-to é preciso ter em conta que noestágio pedagógico e nos primeirosanos de ensino os professorespodem cometer alguns erros emrelação à avaliação.

CONCLUSÃO

Um ensino sem objectivos seria umensino “cego” e ao acaso, semavaliação seria um ensino poucoempenhado na melhoria da quali-dade da educação. O que interessanão será tanto o alcançar de resul-tados, mas também, e a maior partedas vezes, os processos que sepercorrem. É necessário dar-semais importância aos objectivos do processo para visar o sucessodo ensino12.

Pode-se, agora, no final do trabalhoe com base nos resultados obtidosafirmar que:

1. Existem diferenças no tipo de ava-liação que os orientadores realizamem relação aos seus colegas do-centes, não havendo uma uniformi-dade de critérios, nem mesmo deparâmetros de avaliação.

2. Em relação à segunda hipóteselevantada no início do trabalhopode-se, com base nos resultadosobtidos afirmar que os orientado-res realizam uma avaliação criterial,no entanto a grande maioria nãoexplica aos alunos quais são essescritérios, não havendo, por partedos alunos, um conhecimento doque têm que fazer para atingir o ob-jectivo final, a eficácia pedagógica.

3. Em relação à avaliação contínua,pode-se, com base nos resultadosobtidos afirmar que praticamentetodos os orientadores realizam umaavaliação contínua, tirando ilações aolongo do processo formativo para a futura classificação dos alunos.

4. Por último, em relação à quartahipótese, a avaliação levada a cabopelos orientadores tem caracterís-ticas de uma avaliação formativa,pois a maior parte das alíneas cor-respondentes à avaliação formativafoi respondida afirmativamente.

A eficácia de ensino acima referidaprende-se com a melhoria do pro-cesso ensino-aprendizagem. Para talé necessário ter em conta algunsaspectos, como:

- Definir objectivos;

- Treinar as destrezas para atingiresses objectivos (tarefa do aluno);

- Controlar, avaliar e orientar oprocesso (tarefa do orientador,com base na avaliação formativa);

- No final do processo, verificarquais os objectivos atingidos, com-parando-os com os pretendidos(tarefa do orientador, com basena avaliação sumativa);

- Classificar os alunos, com base no seu desempenho (tarefa doorientador, com base nas ava-liações formativa e sumativa).

Para que algo seja avaliado comobom, é preciso estabelecer previa-mente critérios e constatar se oprocesso se desenrola de acordocom esses critérios. Neste sentido,os critérios de avaliação são asnormas que servem de pontos dereferência para tornar possível aqualificação do que é propostoavaliar. Naturalmente têm de serconhecidos pelo objecto de ava-liação (neste caso os alunos queestão a realizar a monografia).

Um último aspecto a referenciar éformação dos futuros professoresacerca desta temática da avaliação.Uma parte substancial dos orien-tadores entende que não há cadei-ras que ensinem a avaliar. Umapercentagem ainda maior acreditaque quanto melhor for a formaçãosobre avaliação, maior sucesso te-rão os alunos, logo há uma melho-ria do ensino. Mas a maioria dosorientadores entende que é impor-tante saber avaliar correctamente,tendo para isso que haver formaçãopor parte dos futuros professores.

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CORRESPONDÊNCIA

Francisco Gonçalves

Travessa Comendador Seabra da Silva, n.º 226

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REFERÊNCIAS

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8. Lemos V et al. (1998). AvaliaçãoFormativa e Avaliação Sumativa. InA Nova Avaliação da Aprendizagem(pp. 26-32). Lisboa: Texto Editora.

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10. Ribeiro A (1997). Formar Pro-fessores. Lisboa: Texto Editora.

11. Ribeiro A & Ribeiro L (1990).Tipos de Avaliação. In Planificaçãoe Avaliação do Ensino-Aprendiza-gem (pp. 333-374). Lisboa: Univer-sidade Aberta.

12. Ribeiro L (1999). Avaliação daAprendizagem. Lisboa: Texto Editora.

13. Rodrigues P et al. (1993). ARelação da Avaliação com a Auto-nomia do Professor. In Avaliaçõesem Educação: Novas Perspectivas(pp. 99-112). Porto: Porto Editora– Colecção Ciências da Educação.

14. Rosado A & Colaço C (2002).Avaliação das Aprendizagens. Lis-boa: Omniserviços.

investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

0011 TTiippooss ddee ppuubblliiccaaççããoo

A Motricidade publica trabalhos relativos a todas as áreasdas Ciências do Desporto e Ciências da Saúde relaciona-dos com a actividade física, desporto, bem-estar físico epsíquico, welness e fitness. São aceites os seguintes for-matos para publicação: Artigo de Investigação, Artigo deRevisão, Estudo de Caso, Artigo Técnico e Artigo de Opi-nião. Para publicação de estudos de caso, a metodologiaseguida deverá ser rigorosa e expressa no manuscrito.

0022 PPrreeppaarraaççããoo ee eennvviioo ddooss mmaannuussccrriittooss

Os artigos submetidos à Motricidade deverão conterdados originais, teóricos ou experimentais, e a parte subs-tancial do trabalho não deverá ter sido publicada anterior-mente. Se parte do trabalho foi já publicado ou apresen-tada publicamente deverá ser feita referência a esse factona secção de Agradecimento. Os artigos serão, numaprimeira fase, avaliados pelo Editor-chefe e terão comocritérios iniciais de aceitação o cumprimento das normasde publicação, a relação do tópico tratado com as Ciênciasdo Desporto e Ciências da Saúde e o seu mérito científico.Depois desta análise, o artigo, se for considerado perti-nente, será avaliado por dois revisores independentes esob a forma de análise "duplamente cega". A aceitação do mesmo por parte de um revisor e a rejeição por partede outro obrigará a uma terceira consulta. Concluído oprocesso de revisão, o autor principal será informado doresultado do processo. Três resultados são possíveis:aceitação, aceitação com alterações e rejeição.

Os artigos deverão ser tão objectivos quanto possível e evi-tar o uso da especulação. Os artigos serão rejeitados

quando escritos em português de fraca qualidade linguís-tica. O formato digital será obrigatoriamente em MicrosoftWord do Windows XP. Os manuscritos deverão serescritos em página A4 com 3 cm de margem, em letraArial 12, com espaço de 1,5 linhas e com formatação jus-tificada sem avanços ou espaçamentos de parágrafos.Não deverá ser usada letra maiúscula e as secções devemser realçadas a negrito (bold). Tanto o texto quanto osquadros e figuras deverão ser a preto e branco. As pági-nas deverão ser numeradas sequencialmente, sendo apágina de título a nº1. Os manuscritos não deverão con-ter notas de rodapé. Os Manuscritos deverão ser sub-metidos em suporte digital no formato acima descrito viacorreio electrónico. Para todos os tipos de publicaçãoaplicar-se-ão estas regras de preparação e envio dos ma-nuscritos. A submissão deve ser acompanhada por umadeclaração que indique que caso o trabalho seja aceitepara publicação, os autores do mesmo cedem os direitosde autor à Motricidade. Esta declaração deve igualmenteatestar que o artigo nunca foi previamente publicado.

0033 NNoorrmmaass ddee ppuubblliiccaaççããoo ppaarraa aarrttiiggooss ddee iinnvveessttiiggaaççããoo ee eessttuuddooss ddee ccaassoo

Os manuscritos deverão obrigatoriamente conter as se-guintes secções.

|Página de título, contendo:- Indicação do tipo de publicação;

- Título (conciso mas suficientemente informativo);

- Título abreviado (limite de quarenta e cinco caracteres);

- Nomes dos autores por extenso (nome próprio e até doissobrenomes) sem referência a graus académicos;

NORMAS paraPUBLICAÇÃO DDE TTRABALHOS

Níndice

01 Tipos de publicação

02 Preparação e envio dos manuscritos

03 Normas de publicação para artigos de investigação e estudos de caso

04 Normas de publicação para artigosde revisão e artigos técnicos

05 Normas de publicação para artigos de opinião

06 Endereços

normas102|103|

- Filiação académica ou profissional dos autores (instituiçãode trabalho);

- Nome e morada do autor para onde toda a correspondên-cia deverá ser enviada.

|Página de resumo, contendo:- Dois resumos: um em Português e um em Inglês (Abs-tract), ambos com um limite de 200 palavras;

- Três a seis palavras-chave (Keywords no caso do Abstract);

- No resumo e abstract, indicar os objectivos do estudo, ametodologia usada, os resultados mais importantes e asconclusões do trabalho (referências da literatura e abre-viaturas devem ser evitadas);

- Antes do abstract deverá ser indicado o título do trabalhoem Inglês.

|Introdução:- Deverá ser suficientemente compreensível, explicitando cla-ramente o objectivo do trabalho e relevando a importânciado estudo face ao estado actual do conhecimento;

- A revisão da literatura não deverá ser exaustiva (acon-selha-se um limite de trinta referências para artigos deinvestigação e estudos de caso).

|Metodologia:- Esta secção deverá ser dividida em três subsecções:Amostra, Procedimentos e Estatística;

- Nesta secção deverá ser incluída toda a informação quepermite aos leitores realizarem um trabalho com amesma metodologia sem contactarem os autores;

- Os métodos deverão ser ajustados ao objectivo do estudo;deverão ser replicáveis e com elevado grau de fiabilidade;

- Quando utilizados humanos deverá ser indicado que osprocedimentos utilizados respeitam as normas interna-cionais de experimentação com humanos (Declaração deHelsínquia de 1975) ou que os mesmos foram aprovadospor um Comité de Ética;

- Quando utilizados animais deverão ser utilizados todos osprincípios éticos de experimentação animal e, se possível,deverão ser submetidos a um Comité de Ética;

- Todas as drogas e químicos utilizados deverão ser designa-dos pelos nomes genéricos, princípios activos e dosagem;

- A confidencialidade dos sujeitos deverá ser estritamentemantida;

- Os métodos estatísticos utilizados deverão ser referidos;

- Fotos de equipamento ou sujeitos deverão ser evitadas.

|Resultados:- Os resultados deverão apenas conter os dados que sejamrelevantes para a discussão e serem apresentados prefe-rencialmente sob a forma de quadros (tabelas) ou figuras;

- O texto só deverá servir para realçar os dados mais rele-vantes e nunca replicar informação contida nos quadros(tabelas) ou figuras;

- Os quadros (tabelas) e figuras deverão ser numeradosem numeração árabe na sequência em que aparecem no texto. Os quadros não podem conter linhas verticais e devem ocupar a largura total do espaço de impressão da página;

- O título dos quadros (tabelas) deverá aparecer no cabe-çalho dos mesmos e o título das figuras aparecer norodapé das mesmas. As abreviaturas usadas deverão serexplicadas em rodapé (em letra Arial tamanho 10) paraambos os casos;

- Os quadros (tabelas) e figuras deverão ser submetidascom qualidade gráfica que possibilite a redução das suasdimensões e preferencialmente a preto e branco;

- Os quadros (tabelas) e figuras deverão ser colocados nomanuscrito;

- As figuras deverão igualmente ser submetidas em fi-cheiros separados (um ficheiro por figura) em formatoTIF ou JPEG com tamanho máximo de 200Kb por ficheiro;

- Unidades, quantidades e fórmulas deverão observar oSistema Internacional (SI);

- Todas as medidas deverão ser referidas em unidadesmétricas.

|Discussão:- Os dados novos e os aspectos mais importantes do estu-do deverão ser indicados de forma clara e concisa e nãodeverão ser repetidos os resultados já apresentados;

- Deverá ser efectuada uma comparação com a literatura;

- As especulações não suportadas pelos métodos estatís-ticos deverão ser evitadas;

- Sempre que possível, deverão ser incluídas recomen-dações;

- A discussão deverá ser completada com um parágrafo finalonde são realçadas as principais conclusões do estudo.

|Agradecimentos:- Se o artigo tiver sido parcialmente apresentado publica-mente deverá aqui ser referido o facto. Qualquer apoiofinanceiro ao trabalho deverá igualmente ser referido.

|Referências:- As referências deverão ser citadas no texto por número(índice superior à linha), compiladas alfabeticamente e or-denadas numericamente na listagem final. Para Artigosde Revisão com mais do que trinta referências e paraArtigos de Opinião, as referências poderão ser ordenadaspela sua citação no texto e não por ordem alfabética.Apenas quando for indispensável será aceite a indicaçãodos autores no texto. Neste caso, nas referências commais do que dois autores será indicado apenas o nome do primeiro autor seguido da abreviatura “et al.”;

- Na lista final de referências usadas todos os autores de-verão ser indicados;

- Os nomes das revistas deverão ser abreviados conformeas normas internacionais de indexação das mesmas;

- Apenas artigos publicados ou em impressão (in press)poderão ser citados. Dados não publicados deverão serutilizados só em casos excepcionais sendo assinaladoscomo “dados não publicados”;

- A utilização de um número elevado de resumos ou de arti-gos de publicações que não sejam sujeitas a um sistemade revisão científica (peer-reviewed) será uma condiçãode não-aceitação.

|Exemplos de referências:- Artigo de revista

Heugas AM, Brisswalter J, Vallier JM (1997). Effet d’unepériode d’entraînement de trois mois sur le DéficitMaximal en Oxygen chez des sprinters de haut niveau deperformance. Can J Appl Physiol 22:171-181.

- Livro completo

Altman DG (1995). Practical statistics for medical re-search. London: Chapman and Hall.

- Capítulo de um livro

Hermansen L, Medbø JI (1984). The relative significanceof aerobic and anaerobic processes during maximal exer-cise of short duration. In: Marconett P, Poortmans J,Hermanssen L (Eds). Physiological Chemistry of Trainingand Detraining. Basel: Karger, 56-67.

04 Normas de publicação para artigos de revisão e artigos técnicos

Aplica-se o disposto anteriormente para os outros forma-tos de artigo, com excepção da organização por secçõesque deverá ser a seguinte:

- Página de Título

- Resumo e Abstract

- Introdução

- Desenvolvimento

- Conclusões

- Agradecimentos

- Referências

Para a página de título, resumo, abstract, introdução,agradecimentos e referências, bem como para a inclusãode quadros e figuras, aplica-se o disposto anteriormente.

|Desenvolvimento- O título desta secção ou de várias subsecções que a com-ponham, deve ser específico para a temática que é apre-sentada e de livre escolha por parte dos autores;

- Nesta secção é apresentada a informação essencial queo artigo permite transmitir. Pode socorrer-se de infor-mação já publicada (obrigatório no caso de artigo de re-visão) e apresentar informação própria dos autores nãopublicada (apenas admissível no caso de artigo técnico).Aconselha-se um limite de 30 referências para artigos detécnicos e de 60 referências para artigos de revisão.Aconselha-se igualmente um mínimo de 30 referênciaspara artigos de revisão. O uso de citações integrais deveráser evitado. Quando usado este tipo de citação, o parágrafodeverá estar tabulado a 3 cm para a direita e em letraArial estilo itálico e tamanho 10. Nos artigos técnicos,embora não seja exigida a confirmação pelo método cien-tífico da informação apresentada, é aconselhável que osautores evitem uma linguagem especulativa e procuremobjectividade na informação transmitida. A informaçãoem texto pode ser completada com quadros ou figuras(sendo obrigatória a identificação da fonte quando não setratem de originais). O título deste capítulo ou dos váriossub-capítulos que o compõem, deve ser específico para atemática que é apresentada e de livre escolha por partedos autores.

|Conclusões- Nesta parte os autores devem apresentar uma súmulada informação transmitida, realçando a utilidade práticado trabalho e eventuais recomendações técnicas quederivem da informação que é apresentada.

05 Normas de publicação para artigos de opinião

Os artigos de opinião serão da autoria exclusiva de convi-dados pelos Editores da revista e versarão temáticasassociadas com o Desporto. A sua organização em secçõesnão é imposta aos autores e a sua avaliação será feitapelos directores da revista. Poderão socorrer-se ou basear--se em dados resultantes de investigação formal ou infor-mal e de referências da literatura (aplicando-se neste casoas normas anteriormente definidas). Neste formato, não é exigido o Resumo e o Abstract, embora se estimule osautores à sua apresentação.

06 Endereços

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