são paulo se revela

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Pesquisa FAPESP - Ed. 46

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Page 1: São Paulo se revela
Page 2: São Paulo se revela

ltJAPESP Notícias FAPESP é uma publicação mensal da Fundação

de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.

Conselho Superior Prof. Dr. Carlos Henrique de Brito Cruz

(Presidente)

Dr. Mohamed Kheder Zeyn (Vice-Presidente)

Prof. Dr. Adilson Avansi de Abreu Prof. Dr. Alain Florent Stempfer

Prof. Dr. Antônio Manoel dos Santos Silva Prof. Dr. Celso de Barros Gomes

Dr. Fernando Vasco Leça do Nascimento Prof. Dr. Flávio Fava de Moraes

Prof. Dr. José Jobson de A. Arruda Prof. Dr. Maurício Prates de Campos Filho Prof. Dr. Paulo Eduardo de Abreu Machado

Prof. Dr. Ruy Laurenti

Conselho Técnico-Administrativo Prof. Dr. Francisco Romeu Landi

(Diretor Presidente)

Prof. Dr. Joaquim J. de Camargo Engler (Diretor Administrativo)

Prof. Dr. José Fernando Perez

(Diretor Científico)

Equipe Responsável Coordenador

Prof. Dr. Francisco Romeu Landi Editora responsável

Mariluce Moura (MTB 790) Editora executiva

Maria da Graça Mascarenhas Editor assistente Fernando Cunha Editor de Arte Moisés Dorado

Capa Hélio de Almeida

Foto: Delfim Martins/Pulsar Colaboradores: Ana Maria Fiori,

Carlos Fioravanti, Marcos de Oliveira, Marcos Pivetta, Mário Leite Fernandes,

Míriam lbaiiez e Mônica Teixeira Suplemento especial: Inovação Tecnológica

Planejamento gráfico: Hélio de Almeida Produção gráfica: Tânia Maria dos Santos Fotolitos e Impressão: GraphBox Caran

Tiragem: 22.000 exemplares

FAPESP- Rua Pio XI, n2 1500, CEP 05468-901 - Alto da Lapa

São Paulo- SP-Tel: (011) 838-4000 Fax (011) 838-4117

Este informativo está disponível na home-page da FAPESP: http://www.lapesp.br

E.mail: [email protected]

CARTAS

Caixeta Fiquei sabendo de uma matéria sobre

caixeta, madeira utilizada pelos índios, na confecção de estatuetas e adornos, publica­da na revista Notícias FAPESP recentemen­te. Estou desenvolvendo um trabalho de pro­moção educativa e de apresentação do Mu­seu de Arqueologia e Etnologia da USP e gostaria de ter a reportagem ou a revista onde ela foi publicada.

Denise Da/ Pino de Souza Museu de Arqueologia e Etnologia, USP

A reportagem foi publicada na edição no 44, do mês de julho passado, do Notíci­as FAPESP, com o título O bom uso da flo­resta, e destaca a pesquisa- Manejo inte­grado e sustentável de florestas de caixeta no Vale do Ribeira- coordenada pelo en­genheiro florestal Virgílio Maurício Viana , professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo.

A revista Através da Escola Superior de Agricul­

tura Luiz de Queiroz, em Piracicaba, onde sou graduado em 1964, tomei conhecimento da revista Notícias FAPESP. Achei-a muito in­formativa e útil para a atividade que exerço em Uberaba!MG, que é o departamento téc­nico de uma empresa do setor de fertilizan­tes. Gostaria de recebê-la regularmente.

José Guidolin Uberaba, MG

Gostaria de saber se instituições fora do Estado de São Paulo podem receber a revis­ta Notícias FAPESP. Sei que ela está dispo­nível na Internet, mas a edição impressa pode ser incorporada ao acervo da bibliote­ca de nossa empresa.

Maria Helena Kurihara Embrapa/Sede

Brasília, DF

Gostaria de parabenizá-los pela quali­dade da revista Notícias FAPESP.

Vera Márcia Vidigal Milanesi São José do Rio Preto, SP

Por puro e feliz acaso, veio-me às mãos o exemplar 44 do Notícias FAPESP. Apre­ciei bastante o rico conteúdo de uma publi­cação cuja existência eu nem sequer imagi­nava. Se possível, gostaria de recebê-la re­gularmente. Sou médico, aqui em São José

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dos Campos, e sei que os temas abordados serão proveitosos para mim.

Antônio Carlos de Souza São José dos Campos, SP

Recebemos em nossa escola um exemplar (junho/1 999) da revista N otíci­as FAPESP. Somos um Centro de Educa­ção de Adultos e gostaríamos de tê-la re­gularmente.

Yo landa Ses trem Diretora Pedãgógica

Blumenau, SC

Gosto muito do Notícias FAPESP e fi­caria feliz em receber regularmente um exemplar. Trabalho na Esalq/Cebtec, com a professora Helaine Carrer, nos projetas Ge­noma Xylella , Cana e Câncer.

Valentina Ore/li Piracicaba, SP

Gostaria de ter informações sobre como adquirir a revista Notícias FAPESP. Tenho uma empresa que trabalha na organização e execução de eventos e temos interesse na pu­blicação, para nosso conhecimento e atuali-zação.

Lourdes Margarida Grings Porto Alegre, RS

Biodiversidade Sou bacharel em Ciências Biológicas

pelo Instituto de Biociências, Letras e Ciên­cias Ex atas da Universidade Estadual Paulista (Unesp ), câmpus de São José do Rio Preto, e atualmente sou mestrando no curso de pós­graduação em Aqüicultura, do Centro de Aqüicultura da Unesp deJaboticabal. Gosta­ria de saber como adquirir os livros da série Biodiversidade do Estado de São Paulo, Bra­sil: síntese do conhecimento ao final do sé­culo xx; patrocinada pela FAPESP, pois se trata de uma obra ímpar em termos de abran­gência taxonômica e geográfica, além de ser um raio X atualizado da situação.

Renato Braz de Araújo São José do Rio Preto, SP

Para receber mais informações sobre os sete volumes da série Biodiversidade do Esta­dodeSãoPaulo, Brasil: síntese do conhecimen­to ao final do século XX ou adquirir os livros, sugerimos acessaro endereço eletrônico do Programa Biota FAPESP, o Instituto Virtual da Biodiversidade: http://www. biotasp.org.br. , ícone publicações. Ali estão informações con­cisas sobre cada um dos volumes, o preço de cada um deles e a forma de aquisição.

Page 3: São Paulo se revela

ÍNDICE

Edi_t~~al .............................................. Pág. 4 Oprn1ao ............................................... Pág. 5 Notas .................................................. Pág. 6 Deputados paulistas na FAPESP. ...... Pág. 8 Suco de laranja em embalagem PET. Pág. 25 Livro .. .... ................ ............................ Pág. 32

Os 61 projetas de pesquisa

aprovados do Programa de

Políticas Públicas Pág. 9

Pesquisa com marcadores biológicos permite melhorar a previsão sobre evolução de câncer de pulmão

Os surpreendentes resultados já

obtidos pelo Projeto Genoma Cana

Pág. 16

Philip Sharp, Prêmio Nobel de Medicina, fala sobre a pesquisa genômica

Pág. 14

Pesquisa da Atividade Econômica Paulista

detalha em números como as empresas

estão se ajustando à abertura econômica e

à globalização Pág.27

3

Sensores identificam em tempo real

substâncias químicas em alimentos

e materiais diversos Pág.21

PesQuisadores desenvolvem sistema

para localização de objetos a

distância Pág.23

Pág. 18

Page 4: São Paulo se revela

EDITORIAL

Um belo trabalho da Fundação Seade Um retrato novo, nítido e absolutamente revelador da

economia do Estado de São Paulo, tão claro em cada parte que permite infindáveis recortes e aumento do foco sobre os detalhes que mais de perto interessem a cada observador, acaba de ser oferecido pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados - Seade a gestores do setor público e de empresas privadas, economistas, pesquisadores, políticos de qualquer extração e interessados em geral em decifrar que Estado é esse - que carrega a responsabilidade e a honra de ser o maior gerador do PIB brasileiro. Esse retrato está na PAEP- Pesquisa daAtividade Econômica Paulista, um po­deroso banco de dados que se materializa num CD-ROM acessível a qualquer interessado.

A PAEP é, em resumo, um enorme conjunto de indica­dores sobre a estrutura contemporânea e a modernização da indústria e do comércio paulistas (a agropecuária está fora da pesquisa). São indicadores que permitem o cruzamento de mais de mil variáveis, ao sabor dos interesses dos estudi­osos. E por sua qualidade intrínseca, por seu particular sig­nificado num universo antes tão pobre em estatísticas con­fiáveis, e pelas possibilidades que seus dados abrem tanto para a formulação de políticas realmente adequadas ao atu­al cenário paulista quanto às mais diversas pesquisas e estu­dos, ela terminou se impondo como tema da capa da edição 46 do Notícias FA-

melhor em um subtipo diverso. A pesquisa feita em São Paulo, com testes bem-sucedidos com pacientes operados no Hospital das Clínicas, foi na direção de montar um mo­delo matemático baseado em combinações de marcadores que revela, com um alto grau de proximidade, a realidade evolutiva do tumor em cada caso estudado. Embora o mo­delo não seja I 00% eficaz, os resultados obtidos fornecem importantes informações para nortear o tratamento do pa­ciente, estimar sua sobrevida e, principalmente, melhorar sua qualidade de vida nesse período. Como se sabe, o cân­cer de pulmão, que os especialistas acreditam ter como cau­sa, em 90% dos casos, o tabagismo, é uma das neoplasias de mais difícil controle e de mais elevada taxa de mortali­dade. No Brasil , detectaram-se no ano passado 20 mil no­vos casos da doença e registraram-se 12,7 mil mortes por câncer de pulmão.

Esta edição traz também uma entrevista com o cien­tista laureado com o Nobel de Fisiologia e Medicina de 1993, doutor Philip Sharp. Na condição de consultor do Instituto Ludwig de Pesquisas sobre o Câncer, Sharp este­ve em São Paulo, em setembro, para participar de uma reu­nião do Comitê de Supervisão do Projeto Genoma Huma­no do Câncer, e com muita simpatia concordou em conce-

der a entrevista que começa na página 14. Nela, ele discorre sobre as sensações

P ESP, entre algumas outras alternativas possíveis. Isso, mesmo com a FAPESP tendo responsabilidade apenas parcial no financiamento de R$ 5 milhões para a PAEP: o apoio da FAPESP traduziu­se em R$ I, I milhão, a FINEP - Finan­ciadora de Estudos e Projetos entrou com US$ 500 mil e o resto foi bancado pela própria Fundação Seade, vincula­da à Secretaria Estadual de Economia

"A economia paulista surge mais nítida nos

indicadores da Paep"

que perpassaram seu espírito no mo­mento mesmo em que percebeu que fi­zera a descoberta notável dos split ge­nes - que derrubou a idéia do gene como um segmento contínuo dentro de longas moléculas de DNA, permitiu aos cientistas, mais adiante, a compreensão de que a estrutura mais comum encon­trada em organismos complexos envol-

e Planejamento. Adiantamos aqui apenas que o setor industrial, extra­

ordinariamente complexo e diversificado, responde, em comparação com o comercial, por quase 80% do valor adi­cionado do Estado (valor bruto da produção menos custos e despesas diretamente relacionados à atividade produtiva); que as pequenas empresas, com até I 00 empregados, têm uma presença notável na atividade econômica neste estado; que a economia paulista ainda está fortemente concentrada na Região Metropolitana de São Paulo; e que essa concen­tração é particularmente alta quando se examinam os seg­mentos de tecnologia avançada. Muito mais deixamos para o leitor descobrir na matéria que começa na página 27.

Antes de nos decidirmos pela PAEP, a mais forte can­didata a capa desta edição era a matéria que começa na pá­gina 18, sobre uma importante pesquisa de marcadores bio­lógicos e prognóstico de câncer de pulmão, objeto de um projeto temático. Marcadores biológicos são determinadas moléculas encontradas na célula tumoral que podem ser detectadas por meio de técnicas laboratoriais simples. Al­guns são mais eficazes para prever o comportamento bioló­gico de determinado subtipo de tumor, outros funcionam

ve a descontinuidade, com trechos irre­levantes de DNA, chamados íntrons, se­

parados por trechos relevantes, chamados exons, e garan­tiria a Sharp, 13 anos depois, a conquista do Nobel. "Foi como se eu estivesse grávido", contou ele. Sharp também fala sobre a alegria de receber o Nobel , que, sem disfar­ces, classifica como uma das maiores experiências de sua vida. E quanto ao projeto brasileiro do Genoma-Câncer, manifesta a esperança de que os dados aqui obtidos acres­centem informações sobre os padrões de splicing alterna­tivo que investiga.

Queremos destacar também, nesta edição, a matéria sobre o Programa de Pesquisas em Políticas Públicas, lan­çado no ano passado e que agora, com 61 projetos já apro­vados, passa efetivamente ao campo da prática. Uma ce­rimônia no dia 7 de outubro, no Palácio dos Bandeirantes, com a presença do governador Mário Covas, está marca­da para assinalar esta passagem. Em nossa visão, esse pro­grama intensifica a parceria das instituições paulistas de pesquisa e da FAPESP com múltiplos organismos do se­tor público, aprofundando o compromisso essencial da pesquisa científica em São Paulo com o desenvolvimento e o bem-estar social.

4 PESP

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Page 5: São Paulo se revela

OPINIÃO

Está a Física esgotada? Luiz Davidovich

No final do século passado, acreditava-se que nada mais de importante havia a ser desco­berto na Física, que essa disciplina estava prati­camente esgotada. Tendo como base a mecâni­ca clássica, o eletromagnetismo e a mecânica · estatística, o arcabouço clássico parecia expli­car de maneira satisfatória os fenômenos natu­rais, com poucasexceções. LordKelvin(l824-1907) descreve a Física, no final do século XIX, "como um céu azul, com algumas nuvens no horizonte." Essas nuvens correspondiam a fa­tos experimentais ainda não explicados, entre eles a propriedade exibida pelos átomos de ab­sorverem ou emitirem luz apenas com certas freqüências, o efeito fotoelétrico (emissão de elétrons por metais quando sobre eles incide um feixe de luz) e a variação dacorde objetos aque­cidos. Acreditava-se, no entanto, que esses fe­nômenos acabariam sendo explicados, com su­ficiente engenhosidade matemática.

lronicamente, aquelas nuvens começaram a desencadearumaenormetempestade, que aba­lou os alicerces da física clássica, exatamente no alvorecer do século XX, em 1900, com a intro­dução do conceito de "quantum" por Planck. A nova física marcou profundamente este sécu­lo, afetando e revolucionando o cotidiano das pessoas. A mecânica quântica e a teoria da rela­tividade produziram o século do transistor, dos computadores, do laser, da exploração espaci­al, da energia nuclear. O contraste entre essas realizações e as previsões pessimistas do final do século XIX aconselham prudência nas pre­visões para o próximo século. Curiosamente, é possível de novo ouvirvozes preconizando, cem anos após Lord Kelvin, que a física está satura­da, e que os físicos talvez devessem se ocupar com outras disciplinas. Há duas possíveis inter­pretações para essa perspectiva: de um lado, a de que a descoberta que alterem os fundamen­tos da física atual são improváveis (a física é um céu azul!); de outro, a de que novas aplicações revolucionárias não devem ser esperadas.

Será a física neste fmal do século XX como um céu azul? Haverá nuvens no horizonte? A imagem de céu azul é certamente estimulada pelos notáveis sucessos alcançados pela física neste século. Não me refiro aqui apenas às fan­tásticas aplicações, mas à verificação experi­mental de teorias sofisticadas, como a eletrodi­nârnica quântica, com precisão inusitada ( che­gando a uma parte em 1014paramedidasdefre­qüência!). Por outro lado, podem servislumbra­das algumas nuvens no horizonte. Prenúncio de tempestade?

Não temos ainda uma teoria que permita entender o espectro de massas e de cargas das partículas elementares até agora descobertas. A situação é, nesse sentido, análoga ao que ocor­ria no final do século passado, quando não se conseguia entender porque os átomos emitiam luz somente com certas freqüências. Não con-

seguimos ainda unificar as duas grandes teorias desenvolvidas no século XX, a mecânica quân­tica e a relatividade geral: não existe, até agora, uma teoria quântica satisfatória da gravitação. Essa questão pode estar ligada a uma outra, bas­tante fundamental : não entendemos completa­mente como as características clássicas de nos­so Universo emergem das propriedades quân­ticas do mundo microscópico. E não consegui­mos ainda encontrar matéria suficiente no Uni­verso que justifique seu comportamento atual ("matéria escura"), apesar da descoberta recente de que os neutrinos têm massa. É bem possí­vel que as respostas a pelo menos algumas dessas questões levem a novas transforma­ções revolucionárias de nossas concepções sobre o Universo.

Por outro lado, é extremamente arriscado prever quais serão as novas aplicações da física no século XXI. Basta mencionar que o laser, quando foi inventado, era considerado "uma solução em busca de um problema". Foi gran­de o número de surpresas produzidas pela físi­ca deste século, e certamente ela estará ainda na base de novas revoluções tecnológicas e indus­triais nos próximos cem anos. Essa previsão pode ser feita simplesmente extrapolando o que está ocorrendo agora em vários laboratórios. O espaço limitado desse artigo permite mencio­nar apenas algumas entre muitas possibilida­des. Por exemplo, o desenvolvimento da na­notecnologia aproximará ainda mais a mecâ­nica quântica do cotidiano das pessoas, e pode­rá levar a uma nova revolução industrial. O fe­nômeno quântico do tunelamento tem sido usa­do, através dos microscópios de tunelamento, para depositar de forma controlada átomos ém superficies, produzindo imagens com dimen­sões típicas do nanômetro (um milésimo da es­pessura de um fio de cabelo). Além disso, vári­os laboratórios (inclusive no Brasil, na USP, em São Paulo e em São Carlos, e na Universidade Federal de Pernambuco) comprovaram a pos­sibilidade de aprisionar átomos, por meio de campos eletromagnéticos, a temperaturas extre­mamente baixas. Esses átomos podem ser usa­dosparaaproduçãodefeixesatômicoscompro­priedades semelhantes aos feixes de luz produ­zidos por lasers. Esses verdadeiros lasers atô­micos, já demonstrados por alguns grupos de pesquisa, podem levar, através da técnica de li­tografia (uma variante da técnica utilizada pe­loshomensdascavemasparaimprimirimagens na pedra), à produção de circuitos na escala atô­mica, desenhados átomo a átomo sobre uma su­perficie. Com essas técnicas, todo o conheci­mento humano poderia ser armazenado em um disco de 25 cm de diâmetro! Um outro desen­volvimento que teria imensa repercussão seria a produção de novos materiais que fossem su­percondutores à temperatura ambiente. Vale lembrar ainda a extensa gama de possíveis apli-

s 'SP

cações da física em biologia, já em 1944 moti­vadas pela pergunta formulada por Erwin Schrõdinger no seu livro O que é a vida. "Como podem eventos no espaço e no tempo, que ocor­rem dentro dos limites espaciais de um organis­mo vivo, ser abordados pela física e pela quí­mica?"

Em palestra plenária no encontro come­morativo do centenário da American Physical Society (parcialmente publicada no "APS News" de junho deste ano), Joel Birbaum, ci­entista-chefe da Hewlett Packard, comentou que o crescimento exponencial da capacidade computacional nos últimos 24 anos só poderá ser mantido nas próximas duas décadas se tec­nologias totalmente novas, baseadas em chaves quânticas (que podem ser colocadas em uma superposição dos estados "ligado" e "desliga­do"), forem desenvolvidas. Somente as empre­sas que conseguirem converter as novas desco­bertas científicas em uma nova tecnologia so­breviverão no que chama de "era quântica do processamento de informação". O fato dessa hi­pótese ser considerada ainda bastante especu­lativanãoimpedeque,alémdaHP,aMicrosoft, a IBM e a ATI mantenham grupos de físicos trabalhando na área de computação quântica (que está também sendo fmanciada pela Natio­nal Security Agency, nos Estados Unidos). Es­sas empresas sabem, por experiência própria, que tecnologia de ponta se cria e se desenvolve, não se compra, e que é necessário estar prepa­rado para novas revoluções tecnológicas antes que elas ocorram. É curioso e sintomático que as pesquisas em tomo do computador quântico reúnam cientistas de computação, matemá­ticos versados em teoria dos números e fisi­cos interessados em aspectos fundamentais da mecânica quântica. Nesse, como em vá­rios outros setores de ponta, a remoção das fronteiras entre as diversas áreas de pesqui­sa ocorre naturalmente.

Essas observações indicam que o próximo século será ainda profundamente marcado por novas descobertas da Física. E que a riqueza ou a pobreza das nações estará cada vez mais as­sociada à capacidade de criar e desenvolver a nova tecnologia oriunda dessas descobertas.

Professor titular do Instituto de Física da Univer­sidade Federal do Rio de Janeiro e membro ti­tular da Academia Brasileira de Ciências

Page 6: São Paulo se revela

NOTAS NOTAS NOTAS NOTAS NOTAS NOTA' NOTAS JTAS NOTAS NOTAS NOTAS NOTAS NOTAS NO~AS

Pesquisa: as limitações do orçamento francês Centro de biotecnologia Em seu último relatório anu­

al, o Tribunal de Contas da União da França, ao analisar o orçamen­to para pesquisa, incluindo o orça­mento executado de 1998, consta­tou que o peso crescente das des­pesasassociadasàremuneraçãode pessoal tem obrigado a reduzir os investimentos em pesquisa propri­amente dita, segundo notícia pu­blicada na revista La Recherche, de setembro. De acordo com a pu­blicação, citando o relatório, as despesas com pessoal representa­ram 87% do total dos créditos às instituições públicas de pesquisa em 1998. Conseqüência: a dimi­nuição progressiva das despesas de capital (-15% entre 1995 e 1998). Primeiro ano de exercício pleno do ministro ClaudeAllégre, 1998 traduziu-se numa queda de 2,5% nas despesas de capital do orçamento de pesquisa propria­mentedito.Asautorizaçõesdepro­grama cresceram 2,5%, mas este

aumentoestálongedetercompen­sado a queda dos anos preceden­tes, segundo o relatório, destacan­do ainda que uma autorização de programa não constitui uma garan­tia de despesa no periodo visado.

O relatório traz ainda a idéia, já evocada pelo Tribunal no passado, de que "o esforço do Estado em favor da pesquisa é dificil de avaliar" (La Recherche, novembro de 1996, p.ll ). Os motivos principais dessa dificul­dade: o orçamento de pesquisa propriamente dito é apenas uma parte do "orçamento civil de pes­quisa e desenvolvimento tecno­lógico" (BC RD), o qual não in­clui itens importantes do esforço de pesquisa, como o tempo par­cial ficticiamente atribuído à ati­vidade "pesquisa" dos professo­res-pesquisadores, as vantagens fiscais e a contribuição para o or­çamento europeu, ao qual se soma a pesquisa de defesa.

Malária A considerar um alarmado

relatório da Organização Mundi­al de Saúde (OMS), divulgado em Florença, em meados de setem­bro, a Europa enfrenta neste mo­mento um sério risco de assistir a um incontrolável ressurgimento da malária, doença que havia sido erradicada do continente nos anos 60, via uma política combinada de drenagem, medicamentos e inse­ticidas. Agora, as desordens civis e as irrigações ameaçam trazê-la de volta, se rapidamente não fo­rem ado ta das medidas de contro­le, alerta a OMS.

Oscasosdemaláriana União Européia saltaram de 2.882, em 1981 ,para 12.328,em 1997,infor­ma notícia da New Scientist ,de 18 de setembro, a respeito do relató­rio da OMS. E o que é pior, apesar do acesso a bons serviços de saú­de, mais de 7% dos doentes mor­rem, porque os médicos europeus não conseguem reconhecer os sin­tomas da malária antes que seja tarde demais.

Segundo o informe, mais viajantes da União Européia estão voltando infectados de países onde a malária é endêmica, e há um grande medo de que os mos­quitos locais possam adquirir,

desses viajantes, o agente causa­dor da doença, o Plasmodium, e reestabelecer assim uma cadeia local de transmissão.

A migração de refugiados durante conflitos regionais, um forte crescimento, nos anos 70, de canais de irrigação onde os mos­quitos podem proliferar e odes­monte dos programas de saúde pública, com o colapso do regime comunista, provocaram um "dra­mático ressurgimento" da doen­ça, segundo a OMS. Isso afetou particularmente antigos estados soviéticos fronteiriços com áreas endêmicas, como o Afeganistão. O relatório informa que no Azer­baijão e no Tadjiquistão existem epidemias em larga escala, e Ar­mênia e Turkmenistão enfrentam uma epidemia em menor escala.

A OMS acha que uma boa assistência médica, a vigilância atenta e invernos mais frios vão impedir que a malária se reinsta­le no norte da Europa, apesar da existência de espécies de mosqui­tos capazes de transmiti-la.

"O risco do ressurgimento da doença em algumas regiões do sul da Europa onde existem veto­res mais eficientes é real," adver­teaOMS.

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As indústrias britânicas de biotecnologia solicitaram ao go­verno a criação de um Centro Na­cional de Biotecnologia, para coordenare estimular os investi­mentos nessa área. Segundo a Nature de 16 de setembro, o pe­dido se apóia na experiência nor­te-americana, que tem se desen­volvido graças a um planejamen­to setorial, à colaboração da co­munidade acadêmica e a incenti­vos financeiros. A manifestação das empresas conta com o apoio de Richard Sykes, principal exe­cutivo da Glaxo Wellcome e pre­sidente da Associação Britânica para o Progresso da Ciência, que numa conferência, realizada no dia 13 de setembro, havia comen­tado que o Centro Nacional de

Biotecnologia era necessário "para não ficarmos atrás dos americanos nem sermos arrasta­dos pelos alemães". Sykes acu­sou o governo de inconsistência entre os anúncios oficiais e as ações com respeito à indústria de biotecnologia, citando como exemplo a recente recusa do pla­no da Wellcome de expandir suas pesquisas em genoma perto da cidade de Cambridge. "A Well­come está conseqüentemente olhando para todo lugar, inclusi­ve em outros continentes, para encontrar lugares alternativos adequados", disse Sykes. "Uma chance para criar uma infra-es­trutura para explorarnossas áre­as de liderança científica pode ter sido perdida."

Animais peçonhentos Os especialistas do Centro

de Estudos de Venenos e Ani­maisPeçonheQtosda Universi­dade Estadual Paulista (Unesp ), em Botucatu, organizaram o projeto de Educação Médica Continuada em lnfectologia, na fonna de CD-Rom, com textos e imagens sobre o tratamento de picadas de cobras, escorpiões, aranhas, lacraias e taturanas. Lançado em agosto na Faculda­de de Medicina de Botucatu, o CD funciona na platafonna Windows 95 ou 98, dispensan­do a instalação de programas es­pecíficos. Contém 10 a 20 tes­tes de avaliação para cada capí­tulo, com comentários, e as edi-

ções recentes do.TheJournal of VenomousAnimals and Toxins, editado desde 1994 pelo Cevap. Há também mecanismos de busca, por assunto. Criado em 1989 por um grupo de pesqui­sadores da Unesp em Araraqua­ra, Botucatu e Rio Claro, o Ce­vap realiza pesquisas sobre a ecologia dos animais peçonhen­tas, métodos para diagnóstico de envenenamentos e para pro­dução de soros, além de organi­zar palestras e exposições ares­peito da prevenção de acidentes e do encaminhamento de doen­tes e ou de animais acidentados. Mais informações no endereço www. cevap.org.br.

Page 7: São Paulo se revela

NOrAS NOTAS NOfAS NOTAS NOTAS NOTA' NOTAS )TAS NOTAS NO":-AS NOfAS NOfAS NOfAS NO AS

Construção da nova sede A FAPESP fez publ icarna

imprensa paul is ta, no dia 28 de setembro, aviso de licitação, abrindo a concorrência para a construção do edificio da sua nova sede, em terreno localiza­do na Av. Escola Politécnica, 412. O texto integral do edital e demais informações estão disponíveis aos interessados até o próximo dia 28 de outu-

Relâmpagos O Grupo de Eletricidade

Atmosférica do Instituto Nacio­nal de Pesquisas Espaciais (INPE) inaugurou sua nova ho­mepage (endereço http://www. lightning.dge.inpe.br). É a pri­meira a conter, em língua portu­guesa, informações detalhadas sobre relâmpagos e tempesta­des, além de ser uma das mais completas na língua inglesa. Ali são descritas diversas pesquisas realizadas nessa área de estudo.

bro, na sede da Fundação. O projeto da nova sede, com área total construída de 16.757,82 mZ, resultou de um Concurso Público de Arquitetura, reali­zado no ano passado e do qual participaram 59 projetos, que depois foram apresentados em uma exposição na Faculdade deArquiteturae Urbanismo da USP.

Fármacos A Associação Brasileira da

Indústria Farmoquímica (Abi­quif) lançou o livro Substâncias Farmacêuticas Comerciais, com 480 páginas e 7. 95 8 nomes gené­ricos em português e inglês, indi­cando para cada uma o número nasDenominaçõesComunsBra­sileiras (DCB) e no Chemical Abstracts Service (CAS). Pode ser solicitado pelo te!. (OXX21) 524-6027, e pelo endereço lcm@ easynet.com.br, por R$ 190,00.

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Recursos Genéticos A Embrapa Recursos Gené­

ticos e Biotecnologia (Cenar­gen), em Brasília, promove o II Simpósio de Recursos Genéticos para a América Latina- II IRGE­ALC, entre os dias 21 de outubro e 16 de novembro. Os debates e as apresentações, que serão con­duzidas em torno do tema Recur­sos Genéticos: Segurança Ali-

mentar para o 3" Milénio, preten­dem chamar a atenção dos 3 7 pa­íses da América Latina e doCa­ribe para a importância e a neces­sidade de mais investimentos na conservação da biodiversidade vegetal e animal. Mais informa­ções no endereços www.cenar gen.embrapa.br/sirgealc e sir [email protected] brapa.br.

Açudes valorizados Encontra-se na etapa final o

projeto Açude de Valorização dos Recursos Aquáticos no Semi­Árido de Pernambuco, que des­de 1995 procura valorizar o uso dos açudes pelas comunidades locais. Após estudar a fauna e os ecossistemas fluviais de sete mu­nicípios do interior do Estado, a equipe coordenada pela bióloga Olga Odinetz Collart, da Univer-

sidade Rural de Pernambuco (UFRPE), desenvolveu um estu­do piloto no açude Pão-de-Açú­car, na bacia do Rio Ipojuca, que recebeu crustáceos, tambaquis, carpas e tilápias. Os pesquisado­res orientaram os moradores da região sobre a pesca, o uso do solo, as possibilidades de agricul­tura e a saúde rural, buscando a ação integrada com o ambiente.

Fungos na agricultura A pesquisadora Neiva Tin­

ti de Oliveira, da Universidade Federal de Pernambuco, está obtendo variedades de fungos que ·podem ser utilizadas no combate a pragas na agricultu­ra, como uma alternativa ao uso de agrotóxicos.

A partir da alteração do código genético dos fungos com raios ultravÍoleta, ela se­lecionou duas linhagens, uma dos que atacam insetos e outra dos que agem contra fungos fi­topatogênicos, causadores de doenças nas plantas, e se repro­duzem rapidamente. Podem

ser aplicados por pulveriza­ção, na semente da planta da­nificada ou ainda misturados ao solo. Segundo ela, trata-se de uma técnica muito mais ba­rata do que o uso de agrotóxi­cos . Além disso, depois de aplicados, os fungos se multi­plicam e se dispersam no solo, proporcionando um controle ambiental mais duradouro, sem induzir os insetos e os or­ganismos patogênicos ao de­senvolvimento de mecanis­mos de resistências, como pode ocorrer com o emprego de produtos químicos

Busca acelerada A pesquisadora nicara­

güense Cíntia Tercero Rojers de­senvolveu na Universidade Fe­deral de Pernambuco o Odisea, sigla de Object Oriented Dedi­cated Engine Architecture, um programa de busca de informa­ções na Internet semelhante ao Cadê, o Alta Vista e o Yahoo. A diferença reside no modo de fim­cionamento: o Odisea filtra as informações, em vez de listar todos os endereços sobre o tema pesquisado. Nesse sistema, estu­dantes e pesquisadores podem ter acesso a pesquisas realizadas

anteriormente por outros usuá­rios, que cadastram os dados pessoais (nome, e-mail e áreas às quais estão ligados). Feita a pesquisa, o programa indica apenas os dados que realmente interessam. A memória de com­putador para armazenar o novo programa, ainda em fase expe­rimental, pode ser reduzida en­tre I 0% e 80% do necessário para os outros programas de busca. O Odisea é indicado para bibliotecas digitais, que arqui­vem seus livros como documen­tos em formato eletrônico.

Page 8: São Paulo se revela

POLÍTICA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

PARLAMENTARES

Um bom entendimento Deputados da Comissão de Cultura, Ciência e Tecnologia reúnem-se com os membros do Conselho Superior

duas entidades. "A FAPESP nasceu do Legislativo", disse. Insistiu, em segui­da, na importância do Poder Legislati-vo na cnação, na instituição e na ex­pansão da Funda­ção. Como exem­plo, ele lembrou o ano de 1989, quan­do a Assembléia Constituinte doEs­tado de São Paulo elevou de 0,5% para 1% do ICMS os re­passes do Tesouro para a FAPESP.

Brito Cruz ex­plicou aos deputa­dos o organograma

INVESTIMENTOS DA FAPESP Os deputados da Comissão de Cultu­ra, Ciência e Tecnologia da Assembléia Legislativa do Estado de Paulo, Vaz de Lima, César Calegari, Lobbe Neto, e Clau­ry Alves Silva, visitaram a FAPESP no dia 8 de setembro, sendo recebidos pelo pre­sidente do Conselho Superior, Carlos Hen­rique de Brito Cruz, e pelos diretores Fran­cisco Romeu Landi, Joaquim J. de Camar­go Engler e José Fernando Perez. Depois de ouvirem Brito Cruz falar sobre a FA­PESP e seus programas de fomento à pes­quisa, os deputados participaram de um al­moço que precedeu a reunião do Conselho Superior.

Auxílios, Bolsas no País e no Exterior por área, 1998

Econ. & Admin. :. Arquit. & Urban. • Auxílios Astr. & C. Espac. • Bolsas no pais Interdisciplinares = Matemática

o Bolsas no exterior

Geociências

Química

Física C. Agrárias

C. Hum. e Sociais

c. Biológicas

Engenharia

C. Saude

o 10.000 20.'000 30.000 40.000 Valor (R$ 1.000)

Durante a apresentação sobre a histó­ria, a organização interna e os programas da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz lembrou da proximidade histórica entre as C. H. Brito Cruz; FAPESP9B ppt; 5/5/99

Área de Saúde 80.000,.---------------------,

~ 60.000+------------------- --1

§. i 40.00

~ 20.ooo-t-------..--==---=----==-----t•-III---H >

1989 t990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 Ano (est.)

(Fonte: Proposta Orçamentária 2000 e Dir. Administrativa • Corrigido pelo INPC)

C. H. Brito Cruz; FAPESP98 ppt; 8/9/99

8

Apoio à Tecnologia 80.000

"' "' o Pequena Empresa c ~ ~

60 .000 "' ~

D Parceria Universidade-Empresa • Agronomia e Veterinária 1--------1...., ...

a: • Engenharia

§. 40.000 o ~ m ~ u

"' 20.000 K

"' o ... >

1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999

Ano (est.)

(Fonte: Proposta Orçamentária 2000 e Dir. Administrativa • Corrigido pelo INPC)

C. H. Brito Cruz; FAPESP98 ppt; 8/9/99

PESP

50.000

Page 9: São Paulo se revela

da instituição, situando o Conselho Supe­rior como instância planejadora e elabora­dora de políticas e o Conselho Técnico-Ad­ministrativo como a instância executora. Um dos traços essenciais da FAPESP, res­saltou, é a cuidadosa seleção prévia dos pro­jetas que poderão receber financiamento, realizada por meio do sistema de avaliação por pares. Em seguida, explicou a importân­cia do sigilo que protege a identidade dos autores dos pareceres nos quais se apóia a decisão da FAPESP de financiar ou não um determinado projeto. "O sigilo é importan­te para melhorar a qualidade da avaliação, porque os especialistas sentem-se, assim, livres de constrangimentos para expressar o que realmente pensam sobre o projeto em exame", comentou.

O presidente do Conselho Superior explicou aos deputados que a FAPESP, por lei , criou um patrimônio rentável , que lhe permite aplicar efetivamente em pesquisa um volume de recursos subs­tanci almente maior do que o total de re­passe do Tesouro . Pôde, assim, criar nos últimos anos 12 novos programas espe­ciais , com destaque para os dois progra­mas de Inovação Tecnológica, o Progra­ma de Apoio ao Ensino Público e, ago­ra , o de Pesquisas em Po líticas Públicas (ver matéria ao lado).

Ao tratar da distribuição de recursos, Brito Cruz destacou o peso da participação dos projetos ligados às áreas de Saúde e de Engenharia, que refletem a importância que a pesquisa adquire no âmbito social e para o desenvolvimento tecnológico (ver gráficos). "Esse é um quadro bem diferen­te do passado, quando a Engenharia era a quinta ou a sexta área em financiamento", observou. Brito Cruz citou também alguns projetos de inovação, entre eles o progra­ma de português para correção de sintaxe desenvolvido pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp ), em parceria com a ltautec, adotado como referência para a Microsoft. Do mesmo modo, o desenvol­vimento de aços elétricos pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e a Compa­nhia Siderúrgica Nacional (CSN) assegu­ra "o compromisso fortíssimo da FAPESP com a tecnologia".

Seminários O encontro serviu de subsídios para os

debates do seminário Uma Política de C& T para o Estado de SP: Uma Necessi­dade?, desenvolvido em três etapas por duas comissões da Assembléia Legislati­va: a de Cultura, Ciência e Tecnologia e a de Administração Pública. A primeira de­las ocorreu no dia I O, logo depois da visi­ta à FAPESP. Haverá outros dois encon­tros, nos dias 14 outubro e 11 de novem­bro, aos quais também são convidados re­presentantes de universidades, institutos e agências de financiamento à pesquisa e empresas.

PESQUISAS EM POLÍTICAS PÚBLICAS

Os primeiros proj e tos aprovados Instituições de pesquisa, prefeituras e entidades civis

começam a tratar problemas sociais em parceria

A FAPESP conclui mais uma etapa da estratégia de aproximação do sistema de ciên­cia e tecnologia com a sociedade, ao anunciar, no dia 7 de outubro, os 61 primeiros projetos aprovados do Programa de Pesquisas em Po­líticas Públicas (PP). Lançado no ano passa­do, o mais novo programa da Fundação faz parte de um plano de desenvolvimento de pes­quisas que possam atender a demandas soci­ais concretas, iniciado há quatro anos CO!ll o Programa de Parceria para Inovação Tecnoló­gica, que coloca em interação universidades e indústrias, e logo seguido por outros dois, o de melhoria do Ensino Público e o de Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas.

Como os anteriores, o PP será regido pelo esforço de resolver problemas iminentes e rele­vantes. Terá, porém, uma abrangência maior. As pesquisas devem beneficiar a formulação e a implantação de políticas públicas em diversas áreas, como administração e gestão, ambiente, agricultura e pecuária, educação, saúde, cultura e história, entre outras. Os projetos aprovados, selecionados entre as 226 propostas recebidas, pretendem avaliar, por exemplo, o uso atual e o uso potencial do solo em São Carlos, o processo de municipalização dos serviços de saúde no Estado ou a relação entre os custos e os benefici­as do tratamento integrado de água, esgoto e lixo. Devem também realizar um diag-nóstico volta­do à gestão da bacia hidrográfica do Rio Jundiaí­Mirirn ou propor formas de monitoramento de autogestão das cooperativas paulistas, de refor­mulação do ensino médio, uma tecnologia para previsão de ozônio na baixa atmosfera (ver are­lação dos projetas aprovados nas págs.ll e 12).

9 'SP

Com um modelo próprio, o PP vai funci­onarpormeio da interação de duas forças . Uma são os grupos de pesquisa, responsáveis pela aplicação do conhecimento e pela geração de novas frentes de pesquisa. A outra são as enti­dades parceiras, como prefeituras, fundações, autarquias, secretarias e órgãos de governo ou mesmo não-governamentais, às quais caberá a execução das medidas aprovadas nos proje­tas. "Esta é uma experiência inédita", afirma o diretor científico da FAPESP, José Fernan­do Perez. "Não conheço qualquer referência nacional ou internacional semelhante."

O Programa de Políticas Públicas, no qual a FAPESP investiu R$ 924.890,00 nes­te primeiro momento, pretende promover um salto qualitativo na reflexão acadêmica, ao proporcionar uma visão mais concreta das necessidades sociais do Estado, nas mais diversas áreas em que as pesquisadores vão atuar. As entidades parceiras também devem ganhar, com a produção de metodologias de avaliação e de alternativas inovadoras de ges­tão pública. "Não pretendemos substituir a ação do poder público, mas balizar essa ação por meio da reflexão dos grupos de pesqui­sa", destaca o diretor científico da FAPESP.

Na prática, os procedimentos de políti­ca pública poderão ser revistos, revigorados ou "oxigenados com o espírito científico", segundo Paula Montero, coordenadora ad­junta da FAPESP e responsável pelo proces­so de avaliação dos projetos, em conjunto com a diretoria científica. "Grande parte dos problemas de política pública é que as solu­ções se repetem continuamente, sem saber o

Page 10: São Paulo se revela

que está dando certo ou errado", diz ela. A associação entre pesquisa e a demanda públi­ca vai colocar a FAPESP numa posição estra­tégica para equacionar os problemas da so­ciedade. "O Programa de Políticas Públicas toma mais visível para a sociedade o papel da pesquisa", afirma.

Ao longo do processo de avaliação dos projetos, Paula observou que muitas propos­tas tratavam de organizar a gestão pública, por meio da criação de banco de dados que facili­tem o acesso a informações e mostrem porque as decisões funcionam ou não. "Um programa como esse é importante para o País", diz ela. Também lhe chamou atenção, em mais de um projeto, a interdisciplinaridade, que reduz os esforços e multiplica os resultados, concilian­do, por exemplo, química e educação ambien­tal, com base em pesquisas acadêmicas.

Os critérios

Encerrada essa fase, os projetos consi­derados aptos, após uma avaliação dos resul­tados obtidos, avançam para a segunda fase do programa, com duração de 24 meses, e re­ceberão, cada um, até R$ 200 mil. A FAPESP financiará apenas até a realização do projeto

em escala piloto. "Esperamos que o trabalho em conjunto culmine com a apropriação do conhecimento e da tecnologia exercitada para, no futuro, a instituição parceira poder resolver com autonomia problemas seme­lhantes", comenta Paula.

Nesta primeira versão do PP concorre­ram 226 propostas, entregues em outubro do ano passado e reduzidas para 162 na fase de pré-qualificação, realizada ao longo do pri­meiro semestre deste ano. A avaliação de cada projeto, realizada por dois assessores exter­nos, levou em conta sobretudo a definição de objetivos, a metodologia e a experiência do coordenador do projeto e da equipe da enti­dade parceira. "Muitas propostas potencial­mente boas não foram aprovadas por apresen­tarem objetivos excessivamente genéricos", acentua Perez. Já a metodologia, conta Paula Montero, tinha de ser descrita e percebida como adequada ao problema apresentado. Tão importante quanto apresentar um proble­ma relevante era descrever o projeto de uma pesquisa de boa qualidade.

O reservatório: após o projeto de saneamento, o desafio é encontrar formas conjuntas de administração e proteção ambiental

Gestão compartilhada da represa de Guarapiranga

Os pesquisadores responsáveis pelo pro­jeto, que vão também coordenar a ação com as instituições parceiras, receberão um financia­mento de até R$ 30 mil na primeira fase, com duração de seis meses. Espera-se que nesse tem­po a parceria amadureça a ponto de permitir a elaboração de diagnósticos ainda mais precisos sobre o problema apresentado. "Esperamos que os pesquisadores e a equipe parceira desenhem em conjunto o trabalho que interesse aos dois, com base no problema real", diz Paula.

Há avaliações positivas a respeito do programa de recuperação da qualidade da água da represa de Guarapiranga, um dos maiores reservatórios da região metropoli­tana de São Paulo, que termina este ano. Ocorreram avanços no saneamento ambi­ental e na urbanização das favelas próxi­mas. Como resultado dos investimentos de cerca deUS$ 300 milhões, cessou a degra­dação acelerada da sub-bacia hidrográfica de Guarapiranga, que ocupa uma área de 630 quilômetros quadrados, nos municípi­os de São Paulo, Embu e Itapecerica da Serra, e integra a Bacia do Alto Tietê.

Mas ainda existem situações cujo desfe­cho é incerto. O cientista político Ricardo To­ledo Neder, pesquisador da Universidade Es­tadual de Campinas (Unicamp), está preocu­pado especialmente com a passagem do mo­delo interno de gestão do programa, aplicado

A SELEÇÃO FINAL

Áreas

Administração, Economia e Trabalho Agricultura e Pecuária Ambiente Cultura, Habitação, Patrimônio, Transporte e Urbanismo Direito, Segurança, Justiça e Movimentos Sociais Educação História e Arquitetura Saúde

Subtotal Não apresentaram projetas

TOTAL

Projetas

pré-qualificados

35 9

28 10 8

23 5 32 150 12

162

10

aprovados

14 2 13 7 2 10 4 9

61

nos últimos anos tão-somente pelo poder pú­blico, para um modelo de gestão compartilha­da, entre os municípios ligados à represa, as entidades da sociedade civil e os órgãos esta­duais, de acordo com a nova lei de proteção dos mananciais, de novembro de 1997.

Com apoio da FAPESP, Neder pretende acompanhar a implantação do chamado Pla­no de Desenvolvimento de ProteçãoAmbien­tal (POPA) de Guarapiranga, que prevê ages­tão compartilhada, ao longo do trabalho que ele coordena, intitulado Sistema de Diagnós­tico e Avaliação de Projetas Executados por Municípios, Orgãos Estaduais eAssociações de Sociedade Civil no Comitê da Bacia Hidro­gráfica do A !to Ti e tê, no âmbito do Programa de Pesquisas em Políticas Públicas. "O proje­to tem a pretensão de ajudar os membros da sociedade com informações e propostas, para que possam elaborar suas dificuldades e assu­mir o papel de entidades ativas na gestão compartilhada", diz o pesquisador.

Em parceria com o Comitê da Bacia Hi­drográfica do Alto Ti e tê e o Instituto de Econo­miaAgrícolada Unicamp, oprojetoprevêtam­bém uma avaliação da eficácia de 77 projetos apresentados entre 1996 e 1998 ao comitê, fi­nanciados pelo Fundo Estadual de Recursos Hídricos e executados por entidades da socie­dade civil, prefeituras e órgãos do governo es­tadual. Como resultado, devem ser criados um sistema de acompanhamento dos projetos e uma base de dados, disponível no si te do Comitê, com a fmalidade de criar meios adequados para a tomada de decisões a respeito do uso do solo e dos investimentos relacionados às demandas sociais, como urbanização e preservação am­biental em regiões de manancial.

Page 11: São Paulo se revela

COORDENADOR INST. PROPONENTE INSTITUIÇÃO PARCEIRA TÍTULO ABRAHAM SIN OIH YU IPT

AKEMIINO EESC • USP

ANA CRISTINA DE ALMEIDA FERNANDES UFSCAR

ANA MARIA DE ALMEIDA CAMARGO FFLCH -USP

ANTONIO CARLOS COELHO CAMPINO FEA· USP

ARISTIDES ALMEIDA ROCHA FSPIUSP

BERNARDO ARANTES DON. TEIXEIRA CCET/UFSCar

CARLOS ALBERTO VOGT I. UNIEMP

CELESTINO ALVES DA SILVA JÚNIOR Faculdade de Filosofia e Ciências ·UnespiMarília

CE LIA REGINA DE GOUVEIA SOUZA I. Geológico

CHESTER LUIZ GALV ÃO CESAR FSP da USP

DILZA MARIA BASSI MANTOVANI I. de Tecnologia de Alimentos

E LI SEU SAVÉRIO SPOSITO FCT I UNESP

ELSE BENETII MARQUES VÁLIO F. B. /PUC-Campinas

EVARISTO EDUARDO DE MIRANDA Embrapa

FLÁVIO AZEVEDO MARQUES DE SAES FEA-USP

FLAVIO JOSE NERY CONDE MALTA Universidade de Taubaté

GISELA YUKA SHIMIZU IBIUSP

HUGO PIETRANTONIO EP da USP

HYUN MO YANG lnst. Mal., Est. e Comp. Científica I UNICAMP

ISAK KRUGLIANSKAS FEA · USP

JENER FERNANDO LEITE DE MORAES I. Agronómico de Campinas

JOÃO GUALBERTO DE AZEVEDO BARING IPT

JOSÉ CARLOS BARBIERI EAESPIFundação Getúlio Vargas

JOSÉ LUIZ DE MORAIS Museu de Arqueologia e Etnologia · USP

JOSÉ LUIZ TIMONI I. Florestal

JOSÉ VICENTE DA SILVA FILHO I. Femand Braudel de Economia Mundial

JOYCE MARY ADAM DE PAULA E SILVA IB·UNESP-RIO CLARO

LI LIA BLIMA SCHRAIBER FM · USP

LINAMARA RIZZO BATIISTELLA FM · USP

LISETE REGINA GOMES ARELARO FE · USP

Sec. da Saúde de SP

Fundação para a Conservação e a Produção Florestal de SP

Fundação Parque de Alta Tecnologia São Carlos· Parq Tec

Arquivo de SP

I. da Saúde da Sec. de Estado da Saúde

SABESP

Prefeitura de Jaboticabal

Prefeitura de São João da Boa Vista

Delegacia de Ensino de Penápolis

Sec. do Meio Ambiente de SP

Coordenação dos Institutos de Pesquisa da Sec. de Estado da Saúde de São Paulo

Coord. da Defesa Agropecuária

Prefeitura de Presidente Prudente

Sec. Municipal de Educação/Prefeitura de Campinas

Sec. da Agricultura e do Abastecimento de SP

Banco do Povo de Santo André

Prefeitura de São Sebastião

CETESB

Companhia de Engenharia de Tráfego/São Paulo

Superintendência de Controle de Endemias ·Serviço Regionaltt/Marília

SABESP

Prefeitura de Jundiaí

PM São Paulo-Sec. Municipal da Saúde ARS-2 Lapa/Butantã

Fundação para a Conservação e a Produção Florestal de SP

Prefeitura de Piraju

Fundação Florestal

I. Latino-Americano das Nações Unidas para Prevenção do Delito e Tratamento do Delinqüente

Prefeitura de Rio Claro-Sec. de Educação

Sec. de Estado da Saúde

PUCIFM de Sorocaba

Sec. Municipal de Educação da Prefeitura de Campinas

II

Demanda de Tecnologia no Setor de Saúde: Subsídios para Políticas Públicas

Habitação Social em Madeira de Reflorestamento como Alternativa Económica para Usos Múltiplos da Floresta

Formulação de Análises e Políticas Setoriais: Empresas de Base Tecnológica

Um Sistema de Gestão Documental para SP

Avaliação do Processo de Municipalização dos Serviços de Saúde SP

Capacitação Técnica de Agentes, Educação Ambiental da População Local e Indicadores

de Saneamento e Saúde Pública: Estratégias para a Gestão Integrada dos Recursos Hídricos das Áreas de Proteção e

Recuperação dos Mananciais do Sistema Cantareira

Incorporação dos Princípios e Indicadores da Sustentabilidade na Formulação de Políticas Urbanas em Pequenos e Médios Municípios.

Gestão Tributária e Acompanhamento da Execução Orçamentária Municipal

Organização das Escolas Estaduais de Ensino Fundamental da D.E. de Penápolis em Ciclos: Estudos e Propostas.

Sistema Integrador de Informações Geoambientais para o Litoral do Estado de SP com Aplicação ao Gerenciamento Costeiro (SIIGAL)

Inquérito de Saúde no Estado de SP · Inquérito Domiciliar, de Base Populacional, em Municípios do Estado de SP, 1999·2000.

Avaliação da Qualidade na Piscicultura Paulista. I · Avaliação Química e Microbiológica.

Sistema de Informação para a Tomada de Decisões Municipais

Implantação de Rede de Biblioteca Pública: uma Proposta de Política Educacional de Promoção da Leitura para

Moradores de Bairros Periféricos de Campinas

Desenvolvimento de Métodos para Avaliar Resultados e Gerar Indicadores de Desempenho das Políticas da Sec. da Agricultura e do Abastecimento de SP

Microcrédito: Experiências e Potencialidades

Política de Habitação e Desenvolvimento Urbano para o Município de São Sebastião

Uso de Índices Biológicos no Biomonitoramento de Ambientes Aquáticos Continentais· Riachos de Corredeira

Estudo sobre o Impacto no Tráfego Veicular das Medidas de Melhoria da Segurança de Pedestres

Estudo dos Fatores Biológicos, Sociais e Ambientais para a transmissão da Dengue para Delinear Mecanismos

de Controle e Prevenção· Epidemiologia Quantitativa

Estudo Piloto para Avaliação dos Custos/benefícios Associados ao Tratamento Integrado de Água Esgotos e Lixo pela SABESP

Diagnóstico Agroambiental para Gestão e Monitoramento da Bacia Hidrográfica do Rio Jundiaí-Mirim

NOAS·Programa/Conscientização para a Diminuição do Ruído nas Escolas: uma Preocupação do Poder Público com a saúde

Auditiva das crianças e a Melhoria do Rendimento Escolar

Proposição de Política Pública a partir de Modelos de Avaliação e Gestão de Impactos Sócio-Ambientais da

Visitação Pública nas Unidades de Conservação DE SP

Políticas Públicas do Município de Piraju: o Património Ambiental e Cultural como Bens de Uso Comum

do Povo (Diagnóstico, Gestão e Avaliação)

Metodolog~ de Cursos de Educação Amb~tal Frente aos Parâmetros Curriculares Nacionais nos Vales do Paraíba e do Ribeira · SP

A Prevenção da Violência Através da Polícia Comunitária

Subsídios para a Implementação de um Centro de Aperteiçoamento e Inovações Pedagógicas

Ocorrência de Casos de Violência Doméstica e Sexual nos Serviços de Saúde em São Paulo e Desenvolvimento de

Tecnologia de Atendimento para Programas de Saúde da Mulher

Implementação de Avaliação da Incapacidade no Paciente Hemiplégico e a Intervenção Hospitalar

Diversidade e Exclusão: Conhecendo Melhor quem as Vivencia e Construindo Alternativas de Inclusão

Page 12: São Paulo se revela

COORDENADOR INST. PROPONENTE INSTITUIÇÃO PARCEIRA TÍTULO

LUCIANO ANTONIO PRATES JUNQUEIRA

LUIS CARLOS DE MENEZES

MARCELO PEREIRA DE SOUZA

MÁRCIO POCHMANN

MARCOS SORRENTINO

MARIA CRISTINA OLIVEIRA BRUNO

MARIA ESTHER FERNANDES

MARIANGELA BELFIORE WANDERLEY

MARINA VIEIRA DA SILVA

MARTA SILVA CAMPOS

NADYA ARAUJO CASTRO

NELSON BATISTA MARTIN

NEWTON ANTONIO PACIULLI BRYAN

OLÍMPIO JOSÉ NOGUEIRA VIANA SITIAR

PAULO NOGUEIRA NETO

PEDRO ROBERTO JACOBI

RAQUEL GLEZER

RAQUEL ROLNIK

RICARDO DE SOUSA MORETII

RICARDO FERRAZ DE OLIVEIRA

RICARDO TOLEDO NEDER

ROBERTO GUARDANI

SARAH FELDMAN

SEMÍRAMIS MARTINS ÁLVARES DOMENE

SERGIO LUIZ MONTEIRO SALLES·FILHO

SIGISMUNDO BIALOSKORSKI NETO

SOLANGE PUNTEL MOSTAFA

TARCÍSIO ELOY PESSOA DE BARROS FILHO

WALTER BELIK

PUC/SP

I. de Física/ USP

EESC / USP

CESIT · UNICAMP

ESALQ/USP

Museu de Arqueologia e Etnologia/USP

UNAERP · Universidade de Ribeirão Preto

PUC/SP

ESALQ/USP (Campus Piracicaba)

Faculdade de Serviço Social PUC· São Paulo

Centro Brasileiro de Análise e Planejamento

I. de Economia Agrícola

FE da UNICAMP

Faculdade de Ciências Médicas ·Santa Casa de SP

USP

PROG. DE PÓS·GRAD. CIÊNCIA AMBIENTAL ·USP

FFLCH · USP

PUC de Campinas

IPT

ESALQ · USP

UNICAMP

EP DAUSP

EESC/ USP

FCM · PUC·Campinas

IG/UNICAMP

FEA·RP· USP

F.Biblioteconomia/ PUC·Campinas

IOT·HC·FMUSP

UNICAMP

Prefeitura de São Lourenço da Serra·SP

Sec. de Estado da Educação de SP

Prefeitura de São Carlos

Sec. de Estado do Emprego e Relações do Trabalho · SERT/SP

Sec. do Verde e do Meio Ambiente da Prefeitura de São Paulo

Fundação Pró-Memória de São Caetano do Sul

Sec. Municipal do Bem-Estar Social de Ribeirão Preto

Secr. de Cidadania e Ação Social Prefeitura de Santo André

Prefeitura de Piedade · SP

Sec. da Justiça e da Defesa da Cidadania

Prefeitura de Santo André

Prefeitura de Piraju · SP

Prefeitura de Vinhedo/ Sec. Municipal de Educação e Cultura

I. de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual

Fundação Florestal para a Conservação e a Produção Florestal de SP

Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais NEPAM/UNICAMP e Prefeituras

Divisão de Arquivos do Estado/Sec. de • Estado da Cultura ·Núcleo de Ação Educativa

Instituto Pólis · Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais

Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza· CEETPS

Sec. Municipal de Campinas Prefeitura de Campinas

Comitê de Bacia Hidrográfica do Alto Tietê

CETESB

Sec. do Planejamento do Território e do Meio Ambiente da Prefeitura de Franca

Sec. de Educação · Prefeitura de Campinas

Sec. de Agricultura e Abastecimento· Conselho Superior da Pesquisa Agropecuária

Organização das Cooperativas de SP · OCESP

Sec. Municipal de Educação/ Prefeitura de Campinas

Sec. de Estado da Saúde de SP

Prefeitura de Rio Claro· SP

12 'SP

Gestão lntersetorial das Políticas Sociais no Município de São Lourenço da Serra/SP

Projeto Pedagógico para a Reformulação do Ensino Médio (PROMEDIO)

Uso Atual e Uso Potencial do Solo no Município de São Carlos, SP · Base do Planejamento Urbano e Rural

Gestão das Políticas Públicas de Emprego e Renda no Estado de SP

Avaliação de Processos Participativos em Programas de Educação Ambiental: Subsídios para o

Delineamento de Políticas Públicas

Musealização da Arqueologia e a Preservação dos Lugares da Memória como Fator de Revitalização Urbana:

o Caso de São Caetano do Sui,SP'

Bairros Periféricos: Integração ou Marginalidade? Tentativa de Diagnóstico do Universo de Vida das camadas Populares

Desafios da Gestão Social Pública: Impacto Social e de Renda Mínima Familiar Cidadã da Prefeitura de S. André·

Estratégias de Articulação Municipal no Ámbito do Programa

Programa de Apoio à Agroindústria, Abastecimento e Alimentação no Município de Piedade, São Paulo. Instituições Parceiras:

USPIESALQ e PM de Piedade

Consolidação da Política de Atendimento às Vítimas da Violência Urbana, Baseada na Demanda Real e na aÇão Articulada

entre os Diversos Setores do Governo de SP (Segurança, Justiça e Cidadania, Saúde e Assistência Social)

Gestão Local, Empregabilidade e Eqüidade de Gênero e Raça: uma Experiência de Política Pública na Região do ABC Paulista

Desenvolvimento de um Sistema de Suporte à Elaboração de Plano Diretor Agrícola Municipal (PDAM)

Sistematização de Experiências, Diagnóstico Local e Formulação de Modelo de Gestão para Viabilização das Novas Competências do Sistema Público de Ensino Municipal no SP

Avaliação do Serviço de Assistência Domiciliar do HSPE·IAMSPE e Propostas para sua Ampliação no Âmbito do Serviço Público

Áreas Especialmente Protegidas no SP: Levantamento e Definição de Parâmetros para Administração e Manejo como Subsídio a Políticas Públicas de Gestão Ambiental

Políticas Públicas e Fortalecimento da Cidadania· Quatro Experiências de Busca de Sustentabilidade Sócio-ambiental no Nível da Administração Local

A Utilização de Documentação Histórica no Ensino de História

Programa de Capacitação de Agentes Públicos e Sociais para a Formulação de Políticas Locais de Regulação Urbanística

Transformações Tecnológicas na Construção de Edificações e seus Impactos no Ensino Técnico

Educação Ecológica na Rede de Ensino Municipal de Campinas Através da Prática de Cultivo e Uso de

Plantas Medicinais num Herbário Resgatando às Crianças e Adolescentes o Respeito à Natureza

Sistema de Diagnóstico e Avaliação de Projetes Executados por Municípios, Órgãos Estaduais e Associações da Sociedade

Civil no Com~ê da Bacia Hidrográfica do Atto Tietê

Desoo.t>Mmento de T ecmlogia para Previsão de Ozônio na Baixa Atrrosfera

Programas de Gestão Integrada para o Município de Franca

Indicadores de Qualidade para os Programas de Alimentação da Sec. de Educação do Município de Campinas, SP

Políticas Públicas para a Inovação Tecnológica na Agricu~ura de SP: Métodos para Avaliação de Impactos e Priorização da Pesquisa

Projeto de Estabelecimento de uma Política Institucional de Monitoramento da Autogestão das Cooperativas de SP

Políticas Públicas Municipais em Campinas : Geração de Base de Dados Multimídia

Centro de Atendimento ao Traumatizado Raquimedular CENATRA

A Distribuição in Natura no Município de Rio Claro-SP: uma Análise das Mudanças no Ambiente Institucional

Page 13: São Paulo se revela

Mais bibliotecas nos bairros

A bibliotecária Gláucia Maria Mollo Pécora, coordenadora das bibliotecas públi­cas de Campinas, observou, durante anos, que a biblioteca pública municipal, ao lado da prefeitura, era procurada por cerca de 700 estudantes às vésperas de entrega de trabalhos escolares sobre datas comemorativas, como o dia do Folclore ou do Índio. Depois, a fre­qüência caía pela metade. "Para fazer traba­lhos de escola, os alunos vêm de longe", diz ela. "Mas não saem dos bairros para busca­rem um livro ou lerem jornal." Insatisfeita com a situação, procurou outra bibliotecária, Eis e Benedetti Marques V ál i o, professora da Pontificia Universidade Católica (PUC) de Campinas, que concordava com ela: para uma cidade com quase um milhão de habitantes, é pequena demais a atual rede de bibliotecas, formada por uma unidade central, duas de bairro e uma infanto-juvenil.

Juntas, as duas bibliotecárias elaboraram o projeto Implantação de Rede de Biblioteca Pública: uma proposta de política educa­cional de promoção da leitura para morado­res de bairros periféricos de Campinas, por meio do qual pretendem preparar cuidadosa­mente a ampliação da atual rede de bibliote­cas e será conduzido em conjunto por uma equipe de bibliotecárias da PUC e da Secre­taria Municipal de Educação.

Acervos apropriados A professora Else, responsável pela co­

ordenação da pesquisa, conta que não se tra­ta apenas de escolher entre os 850 bairros de Campinas os mais indicados para a implan­tação de bibliotecas setoriais, mas sim de conhecer as necessidade e os interesses de leitura de cada comunidade, examinados por meio de uma pesquisa de campo e testados, numa etapa seguinte, por meio de um estudo piloto. Num bairro industrial, a princípio, o acervo seria voltado mais para máquinas e tecnologias, por exemplo. "Pretendemos atender aos interesses dos moradores de bair­ro e, ao mesmo tempo, propor um acervo cul­turamente enriquecedor", diz Else.

À medida que o projeto avançar, as bi­bliotecas podem deixar de atender apenas os estudantes e atrair também a comunidade dos bairros, com o incentivo à leitura conjugado com atividades de música e teatro. "As biblio­tecas setoriais podem atender a diversos públi­cos", lembra Gláucia, em cujo mestrado re­cém-concluído comprovou que as tais pesqui­sas escolares não passam, geralmente, de sim­ples cópia de livros ou enciclopédias. O levan­tamento dos interesses dos moradores dos bair­ros devem auxiliar a Secretaria de Educação na implantação das novas bibliotecas e indi­car um rumo também para aperfeiçoar as pes­quisas escolares e evitar as filas às vésperas da entrega dos trabalhos escolares.

O perfil da cidadania em Ribeirão Preto Conhecer um grupo de pessoas apenas

pelo perfil socioeconômico, como normal­mente se faz, é muito pouco para a sociólo­ga Maria Esther Fernandes, professora apo­sentada da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Franca em 1996, que leciona atu­almente a disciplina Medicina, Sociologia e Humanismo para futuros médicos na Uni­versidade de Ribeirão Preto (Unaerp ). À frente do projeto Bairros periféricos: inte­gração ou marginalidade? Tentativa de diagnóstico do universo de vida das cama­das populares, pretende caracterizar o per­fil da cidadania, constituído pelos costumes, valores, desejos e a memória perdida, man­tida ou reconstruída, dos moradores de bair­ros distantes do centro de Ribeirão Preto, uma cidade de quase 600 mil moradores.

Maria Esther, que trabalha em pesquisa de campo desde 72, incluindo um período em regiões agrícolas do interior da França, pre­tende realizar pesquisas qualitativas com no máximo 500 moradores e um levantamento de documentação em creches e igrejas de três bairros da periferia, o Horto, o Conjunto Anhangüera e o JardimAvelinoAlves Palma. São áreas peculiares, embora igualmente marcadas pela pobreza e pela violência. O Horto era uma área destinada à preservação ambiental, ocupada em novembro de 1996 por moradores sem-teto. Ali, atualmente, re­sidem cerca de 2 mil famílias, a maioria for­madas por migrantes do Nordeste. Os outros bairros são mais antigos. O Jardim Avelino é um conjunto habitacional entregue à popula­ção em agosto de 1982 e o Conjunto Anhan­güera originou-se de um loteamento de uma

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fazenda. Em ambos, os moradores provêm geralmente de outras cidades de São Paulo ou de Minas Gerais.

Integração à cidade No Conjunto Anhangüera, há uma fa­

vela, o Jardim Zara, com cerca de 5 milha­bitantes, cujo impacto chama a atenção de Maria Esther. "Os moradores da favela pa­recem se sentir parte de um universo muito próprio, enquanto os moradores dos bairros vizinhos se sentem invadidos pela proximi­dade deles", observa a pesquisadora. Há outras questões que ela pretende resolver. Até que ponto ocorreu o desenraizamento cultural dos moradores desses bairros? Como recriam o cotidiano? De que recursos se valem para reconstruírem as raízes no novo solo? São aceitos pelos vizinhos? Que forças os segregam ou os integram aos bair­ros e à cidade?

O estudo da migração para a periferia das cidades não é, em si, novo, reconhece a pes­quisadora. A intenção da pesquisadora da Unaerp, em parceria com Secretaria deCida­dania e Desenvolvimento, é aplicar os conhe­cimentos já consolidados para conhecer as implicações desse fenômeno na vida dos moradores de Ribeirão Preto. Segundo ela, as informações sobre a fisionomia dos bairros, a seu ver, poderão servir para uma revisão da política administrativa do município. "Uma pesquisa desse teor poderá apontar possíveis contradições entre as políticas sociais, cuja racionalidade pode estar distante das expec­tativas da população, e a qualidade de vida dos moradores desses bairros", comenta.

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CIÊNCIA

BIOLOGIA MOLECULAR

As experiências de um Nobel Philip Sharp participa de reunião do Genoma Câncer e fala de seu fascínio pela pesquisa genômica

O doutor em química Philip Sharp ti­nha 33 anos quando fez a descoberta que, 16 anos depois, lhe traria o reconhecimento de um prêmio Nobel. Em 1977, o jovem profes­sor associado do Centro de Pesquisa em Cân­cer do Massachusetts Institute ofTeclmolo­gy (MIT) estudava os mecanismos de trans­crição de DNA em RNA em adenovírus- que causa conjuntivite em humanos e, em alguns casos, tumores em ratos recém-nascidos. O doutor Sharp havia chegado ao MIT, a convite de Salvador Luria, em 1974; vinha do laboratório de Cold Spring Harbour, onde fora pós-doutorando de James Watson. Naquela época, os cientistas pensavam- o resumo pode ser lido no comunicado à imprensa distribuído pela Fundação Nobel para justificar a concessão do prêmio­"que o gene existe como segmento contínuo dentro de longas moléculas de DNA; quando ativado, sua infor­mação é copiada em uma molécula de RNA de fita simples, chamada RNA mensageiro, que traduz a informação numa proteína". Essa concepção mu­dou radicalmente com a descoberta dos split genes: ao examinar uma molécula de RNA do adenovírus no microscópio eletrônico, Sharp perce­beu que ela se originara de quatro seg­mentos bem separados de dentro da molécula de DNA constituinte do gene. A idéia do gene como um seg­mento contínuo não valia sempre; os cientistas perceberam, em seguida, que a estrutura mais comum encontra­da em organismos complexos envol­ve a descontinuidade; há trechos irre­levantes de DNA chamados íntrons, separados por trechos relevantes, cha­mados exons (veja quadro).

Sharp esteve em São Paulo em setembro, para participar da reunião do Comitê de Supervisão do Genoma Câncer, na qualidade de consultor do Instituto Lu­dwig. Até hoje, 22 anos depois da descober­ta, o Nobel de Fisiologia e Medicina continua estudando os mecanismos de emenda de exons e suas conseqüências sobre a regula­ção da expressão dos genes. Ao avaliar o pro­jeto brasileiro, demonstrou esperança de que os dados obtidos, com a nova metodologia Orestes e a partir dos tecidos de tumores ain­da não estudados, acrescentem informações sobre os padrões de splicing alternativo que investiga. "De maneira geral", disse o dou­tor Sharp às entrevistadoras Mariluce Mou-

ra e Mônica Teixeira, "estamos interessados em conhecer a totalidade dos genes humanos. E toda vez que um gene apresentasplicingal­temativo toma-se essencialmente um novo gene no sentido funcional". Atualmente, Phi­lip Sharp chefia o departamento de biologia do MIT; desde 1978, é sócio da Biogen - uma companhia farmacêutica, cujo produto prin­cipal é um interferon beta usado no tratamento da esclerose múltipla. Outro prêmio Nobel de

Medicina - Walter Gilbert - faz parte da so­ciedade. A Biogen, segundo comunicado à imprensa de 15 de setembro, pretende inves­tir US$ 300 milhões em pesquisa no ano que vem. O afável Phil conversou com as jorna­listas na sede da FAPESP, durante o interva­lo de almoço da reunião do Comitê Diretor:

Como o senhor avalia o impacto de sua descoberta, 22 anos depois?

O impacto imediato foi informar toda a comunidade científica de que, quando olhás­semos para a biologia das nossas células, ela teria que ser diferente dos sistemas molecu-

t4 'SP

lares que conhecíamos até ali, em células mais simples. A célula humana será mais complexa, vai ter este segmento inteiro de gene, vai ter um método diferente de fazer a transcrição do RNA, um método diferente de ter acesso à informação. Assim, a biologia da célula transformou-se inteiramente com esta descoberta. Antes dela, pensava-se o seguin­te: se eu entendi o gene na bactéria, poderei entender o gene em nós mesmos. Ficou cla­

ro que este não era o caso. Essa mu­dança representou uma descontinui­dade, e uma descontinuidade emoci­onante.

O senhor notou a importância do que descobriu no momento da descoberta?

Notei que fiz uma descoberta fundamental , não antecipada, notá­vel. No entanto, leva meses depois que você faz uma descoberta ... você começa a falar com as pessoas, eco­meça a pensar sobre o trabalho de outros .. . Levou meses até que todas as potencialidades da descoberta se revelassem. Foi como se eu estives­se "grávido". Claro que nunca tive propriamente essa experiência ... O que senti é que muitas coisas novas passariam a acontecer. Mas leva um pouco de tempo para você amadure­cer o quão novo, diferente e excitan­te vai ser. Você sabe que está lá, e que é novo, e quer contar para as pesso­as, mas demora um pouco até você re­alizar o que aconteceu.

Que vantagem ter split genes traz para o adenovírus?

Aparentemente, o que osplicing alternativo permite ao gene fazer é uma espécie de ajuste fino da otimi­zacão do ambiente da célula para are­

produção do vírus. Em cada fase de sua repro­dução, o mesmo gene ajusta-se para mudar o metabolismo celular de maneira a ser ótimo para o vírus, para produzir um número alto de partículas virais. Quando aprendermos mais, nós saberemos bastante mais a respeito da bi­ologia do vírus em diferentes tecidos, e talvez possamos encontrar esse ajuste de padrões de splicing para efeitos ainda mais sutis. Nós es­tudamos outros vírus e está claro que eles usam padrões de splicing diferentes quando ocupam "silenciosamente" o tecido, quando se reproduzem mas não causam doença e, de­pois, quando causam sintomas. O splicing é

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um meio de regular de maneira específica um mesmo conjunto de genes. Com essa flexibi­lidade, o vírus produz uma porção de coisas di­ferentes.

Como o senhor avalia a importância da descrição da estrutura molecular do DNA, em 1953, por James Watson e Fran­cis Crick?

Daqui a um século, quando os livros da história da biologia estiverem sendo escritos, só haverá dois nomes no século XX: Watson e Crick. Haverá Mendel, pela descoberta da genética, antes dele Darwin, e depois haverá Watson e Crick pela estrutura do DNA, e por terem feito nascer a revolução da biologia molecular. Eles serão os nomes da biologia que definirão este nosso mundo científico. Ambos são lendas, e as lendas têm agora 70 ou 80, ambos ainda homens vibrantes e ati­vos. Jim Watson dirige o laboratório de Cold Spring Harbor, para onde foi no final dos anos 60. Quando chegou, as atividades de pesqui­sa atingiam centenas de milhares de dólares; hoje, o laboratório tem um orçamento de pes­quisa provavelmente de US$40milhões, uma grande comunidade de pesquisadores, exce­lente número de publicações e encontros ma­ravilhosos, ou seja, ele realmente dá uma grande contribuição para a ciência ao liderar o laboratório de Cold Spring Harbor. Do meu ponto de vista, Jim Watson foi o mais impor­tante entre os formuladores e organizadores do projeto Genoma Humano. Ele afirmou: "Deve ser feito, é tão importante que seja feito que vou me comprometer em liderar isto, por um período de tempo, até que esteja estabe­lecido". Ele liderou até entregar o comando a Francis Collins, outro excelente cientista. Jim Watson tem uma visão notável ; nunca foi um ótimo cientista, ativo por suas próprias mãos; ele sempre usou as pessoas em tomo dele para fazer ciência, mas tem uma visão notável - como o mundo é, que ciência pode ser feita - e uma espécie de franqueza que desarma. Algumas vezes, desarma tanto que nos faz desejar que ele não tivesse dito o que disse mas, em outros casos, a franqueza dá lugar a uma questão importante, a uma opor­tunidade que faz uma enorme diferença.

Me lembro de o senhor dizer em sua autobiografia que não gosta do trabalho de laboratório ...

Há cientistas que entram no laboratório e fazem um experimento onde tudo funciona como uma sinfonia. Tudo funciona junto, todas as peças se encaixam, e no fim aparece um trabalho completo, que é lindo. Só conhe­ço quatro ou cinco pessoas que coloco nessa classe, gente com quem me encontrei e tra­balhei ao longo da minha carreira. Eu nunca fui uma dessas pessoas. Mas é claro que gos­to de refletir sobre dados experimentais No caso específico da minha descoberta, traba­lhávamos em nosso laboratório com micros­copia eletrônica. Nós estávamos olhando padrões de RNA e DNA. Observando os pa-

drões, e conhecendo os princípios da biofisi­ca, estava claro que o DNA e oRNA não vi­nham dos lugares esperados. Tendo antes me perguntado como a população de RNA que havia sido encontrada nas células humanas podia ser tão grande em relação ao tamanho pequeno do gene, eu já estava procurando pela resposta para a charada; quando vi que aque­le RNA não correspondia ao DNA como de­veria, pensei "Oh! isto pode estar relaciona­do com a pergunta", e eu focalizei nisso, e de ter focalizado veio a descoberta. Saber que ha­via uma conexão para ser feita, e o fato de entender a biofisica atrás do método experi­mental que estávamos usando, isso nos levou até a descoberta.

O que o senhor sentiu ao receber o prê­mio Nobel?

Depois que alguém faz uma descober­ta científica importante, uma porção de coi­sas acontecem. Muito antes de você rece­ber o telefonema da Suécia, se é que você vai receber o telefonema da Suécia, você é indicado e recebe uma porção de outros prê­mios. Houve um prêmio da National Aca­demy, um prêmio no Canadá, o prêmio da Columbia ... Você recebeu todos esses prê­mios, olha a lista dos outros premiados, per­cebe que 25% deles ganharam um Nobel, ou que 15% ganharam Nobel, então você nota que está entre as pessoas que, pelas suas descobertas , se tornaram candidatas. Há tantos cientistas excelentes, que podem receber um prêmio Nobel, que apenas fa­zer ciência superior não significa que você vai receber o prêmio. Então, isto também é uma questão de sorte. Dando tão poucos prêmios a cada ano, eles dão um prêmio para diferentes campos, tentam contemplar o maior numero de setores. Na minha área da ciência, eu tinha ganho vários prêmios com Tom Cech, que descobriu que oRNA pode ser catalisador no splicing. Foi uma grande descoberta, uma descoberta impor­tante, e similar à nossa, em área relaciona­da. Ele recebeu o Nobel de Química, em 1989. Então, pressumi "bem, splicing is done". Não me aborreceu, continuei fazen­do minha ciência. Por isso, quando, em 93, recebi o telefonema, me surpreendeu por­que eu pensava que esta área da ciência já tinha sido reconhecida. Foi uma grande ale­gria. Você nunca será tratado tão bem como os premiados enquanto está na Suécia. O país todo celebra você. Você come nos melhores restaurantes, vai aos melhores museus, a concertos privados, é festejado pelo rei e pela rainha, é uma semana ines­quecível. O país inteiro celebra com você. Certamente foi uma das maiores experiên­cias da minha vida. Conversei com outros ganhadores sobre isso, é claramente tam­bém uma grande experiência da vida deles também. Há alguma ansiedade porque você está no palco, você está na frente de um monte de gente que não conhece, mas é muito, muito emocionante.

1s 'SP

O fluxo da informação genética

A descoberta dos split genes (atri­buída pela Fundação Nobel a Philip Sharp e a Richard Roberts, outro pesquisador norte-americano, simultaneamente) mos­trou que a estrutura dos genes e o fluxo da informação genética são diferentes nas bactérias e nos organismos superiores. No primeiro caso (A), o gene se apresenta como um trecho contínuo de O NA, trans­crito diretamente em RNA mensageiro e, então, traduzido como proteína.

No caso dos organismos superiores (8), o gene é descontínuo: um RNA pre­cursor é copiado do ONA genômico; já fora do núcleo, este RNA precursor sofre splicing-quer dizer, os trechos correspon­dente aos íntrons são removidos, e os cor­respondentes aos exons emendados -, dando origem, então, ao RNA mensagei­ro que contém as informações para a sín­tese de proteína.

A B

Bactéria ====:::c= D NA ~ precursor

=-----= do RNA mensageiro

~~ RNA splicing

' -- RNA =-= RNA + mensageiro , mensageiro

~ proteina ~ proteina

Não são sempre os mesmos segmen­tos dos split genes os incluídos na molé­cula final de RNA mensageiro. Combina­ções alternativas de exons ocorrem em di­ferentes estágios da vida da célula, ou em diferentes tecidos. Como conseqüência, uma mesma região do ONA pode deter­minar a síntese de mais de uma proteína, correspondente a cada splicing alterna­tivo. Os cientistas já demonstraram que pelo menos uma doença- a talassemia­resulta de erros no alterna tive splicing, como o processo é conhecido entre espe­cialistas.

A existência dos split genes também alterou concepções sobre o curso da evo­lução dos genes. Às mutações, cuja acu­mulação é vista como uma forma gradu­al de evolução, deve-se somar outro me­canismo, e mais rápido: o rearranjo (ou shuffling) de exons, que amplia o poten­cial de variabilidade e, conseqüentemen­te, as possibilidades de sobrevivência dos organismos.

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Mudou sua vida? Muda sua vida ao abrir oportunidades.

Algumas delas, ou muitas delas, você tem que controlar, porque se não o fizer, não terá vida nenhuma. O que muda são as oportuni­dades para interagir com outras pessoas e outras coisas.

As idéias a respeito da evolução dos genes mudaram a partir de sua descober­ta. Ouvi de um biólogo molecular a afi r­mação de que o ser humano pode ser visto como um verme tetraplóide (risos gerais) Como o senhor vê esta questão?

A questão é a seguinte: vamos dizer que cem mil seja o conjunto de genes onde nós buscamos nossas funções. Então, de onde eles vêm, do ponto de vista do estudo da evo­lução, é de fundamental importância, não? Quando alguém olha um organismo simples como a C elegans, um verme do solo, vê um genoma em que um certo número de genes está presente uma vez. Eles realizam fun­ções determinadas, como comandara cópia de genes, por exemplo. Quando olhamos nossa seqüência de DN A, encontramos, em muitos casos, não uma cópia de determina­dos conjuntos de genes, mas três ou quatro. Isto sugeriria uma maneira simples de olhar para a evolução do genoma humano: ima­ginar que, em algum estágio, esse conjunto de genes foi duplicado três vezes, ligado todo junto, e a partir daí evoluiu. Eu duvido seriamente de que tenha sido simples assim. Suspeito que o conjunto de genes que nós temos veio de fusões de diferentes genomas, e de alguma duplicação. O lento curso da evolução, depois disso, fez nascer o conjun­to de genes que nos permite ter todos os te­cidos diferentes do corpo: a pele, os ossos, os olhos e tudo o mais ... Quando você olha para a evolução dos genes, tem que olhar para a estrutura de íntrons e exons, e pergun­tar: de onde veio este padrão? Veio de um gene muito antigo, foi feito de pedaços que foram ligados juntos, ou é alguma coisa que chegou mais tarde, quando as seqüências fo­ram absorvidas dentro do genoma e partes diferentes do gene duplicaram-se para fa­zer um novo gene? Nós podemos ver na evolução de genes esses padrões e, à me­dida que tivermos mais dados de genomas, poderemos fazer afirmações mais comple­tas sobre como o genoma humano evoluiu - você sabe, de onde ele veio entre os sis­temas biológicos. Neste momento, temos uma suspeita real que um conjunto de ge­nes "informacionais", que estão envolvi­dos em copiar o gene em RNA e expressá­lo, veio de um conjunto de organismos, e que genes metabólicos vêm de outro. A es­trutura de exons e introns vai nos contar sobre eles. Hoje,já temos com certeza dois tipos diferentes de íntrons, dois tipos de sis­temas de splicing, agora temos que pergun­tar: qual é a origem evolucionária desses dois sistemas de splicing? Tudo isso é fas­cinante ... .

CIÊNCIA

GENOMACANA

Resultados antecipados Os pesquisadores identificaram milhares de genes importantes

O Projeto Genoma Cana, lançado em abril deste ano pela FAPESP, está apresentan­do resultados surpreendentes. Como se pre­tendia, mas num ritmo mais intenso do que o imaginado, a pesquisa levou até o momento à identificação de 5.244 genes da cana-de­açúcar relacionados ao metabolismo dos açú­cares e à resistência a doenças, que poderão resultar, com o tempo, em variedades mais produtivas e rentáveis. Trata-se de um avan­ço sem precedentes na pesquisa da cana, na avaliação do biólogo Paulo Arruda, coorde­nador de DNA do projeto e diretor do Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genéti­ca (CBMEG) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Com um orçamento de US$ 8 milhões daFAPESPe US$400mil da Cooperativa dos Produtores de Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo (Coopersucar), o Genoma Cana representa o esforço conjunto de 28 grupos de pesquisa, distribuídos nas três universida­des públicas estaduais, USP, Unicamp e Unesp, três particulares, em Ribeirão Preto, Mogi das Cruzes e São José dos Campos, o Instituto Agronómico de Campinas e o Cen­tro de Tecnologia da Coopersucar (CTC). Participam também dois consultores interna­cionais, especialistas em genoma de plantas.

No total, cerca de 150 pesquisadores es­tudam a constituição genética da cana, uma das principais culturas agrícolas do Estado de São Paulo. Regular­mente, encontram-se para atuali­zar as descobertas e as técnicas de trabalho - a próxima reunião geral será nos dias 22 e 23 de no­vembro, na FAPESP. "Não co­nheço nenhum outro país com tantos pesquisadores estudando o genoma da uma única planta", observa Wi ll iam Burnquist, ge­rente de fitotecnia do CTC e res­ponsável pelo intercâmbio in­ternacional. "Passamos, de um pulo só, a Austrália e os Estados Unidos, que têm tradição nessa área", diz. Até o projeto ser

no máximo uma dezena de investigadores da genética da cana.

Seqüências inéditas Do total de genes identificados, 3 7% (ou

2.024) são absolutamente novos, sem seme­lhantes em nenhum outro organismo (ver ta­bela) . A princípio, pode residir nesses genes inéditos parte essencial da identidade da cana, que a diferencia dos outros seres. Essas no­vas estruturas, lembra Arruda, podem estar associadas à produção de proteínas importan­tes, embora ainda não se saiba o que, especi­ficamente, elas fazem. Comparando, seria como se um arqueólogo descobrisse uma ce­râmica antiqüíssima e verificasse que se trata de um objeto de uso humano, sem saber para que era usada.

Os outros genes, que têm similares ou homólogos aos seqüenciados em outras espé­cies, também têm valor. Exatamente por já serem conhecidos, é muito mais fácil saber quais realmente são importantes - e, a partir daí, serem utilizados rapidamente para pes­quisas acadêmicas ou aplicadas. O pesquisa­dor Antonio Figueira, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA) da USP, por exemplo, identificou dezenas de genes envol­vidos na absorção e no transporte de nutrien­tes, que servirão de base para o desenvolvi­mento de variedades de plantas mais eficien-

tes na absorção iônica. É uma forma de reduzir o uso de fertilizantes quí­micos ·e, conseqüentemente, o im­pacto ambiental da agricultura. Se-ria também um caminho para per­mitirque as plantas possam se de­senvolverem solos pobres em nu­

~ trientes ou com concentrações ~ elevadas de íons tóxicos. § No centro de pesquisas da ê Coopersucar, o pesquisador Eu-

constituído, lembra ele, havia Cultura de tecido. para experimentos

gênio Ulian não esconde o entu­siasmo com a descoberta dos ge­nes envolvidos no metabolismo de carboidratos (açúcares). Já são conhecidos 25% (ou 57, em nú­mero absoluto) dos genes já iden­tificados em outras plantas, que

AS DESCOBERTAS ATÉ AGORA Os genes seqüenciados pelo Projeto Genoma Cana de julho a setembro

Clones Seqüências com Índice Genes Homólogos Genes novos sem Processados boa qualidade de sucesso únicos no GenBank homólogos no GenBank

8.511 7.081 83.2% 5.244 3.219 2.024

Fonte: CBMEG

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viabilizam a fixação de dióxido de carbono, a síntese de amido e sacarose e o metabolis­mo de frutose e manose- processos vitais para a planta, que a tornam mais ou menos in­teressante do ponto de vista econômico. A base de dados do Genoma Cana ganha volu­me também com o trabalho dos pesquisado­res Luís Camargo, do Departamento de En­tomologia da Escola Superior de Agricultu­ra Luiz de Queiroz, e Marie-Anne Van Sluis, do Departamento de Botânica do Instituto de Biociências, ambos da USP.

Também contando as descobertas em mais de uma mão, Camargo e Marie-Anne encontraram dezenas de genes da cana homó­logos (semelhantes) a outros, de outras espé­cies, que conferem resistência a bactérias, fungos e vermes nematóides. Por analogia com o material e os mecanismos genéticos de outras plantas, esses genes podem ser empre­gados como marcadores moleculares para o desenvolvimento de variedades de cana re­s.istentes a pragas. O grupo da botânica da USP estuda também os retrotransposons, se­qüências de DNA capazes de saltar de um local para outro no genoma e, em conse­qüência, modificar a expressão gênica. Ma­rie-Anne está admirada com a quantidade de retrotransposons expressos na cana, cujo es­tudo permitirá ao grupo entender melhor a na­tureza da variabilidade genética da cana.

A prioridade é a identificação dos ge­nes ati vos ou expressos, diretamente asso­ciados ao metabolismo da planta. São pou­cos. O genoma da cana pode ser tão vasto quanto o humano - recentemente redimen­sionado para l 00 mil a 140 mil, pelo menos 20 mil a mais do que se imaginava - e os genes que interessam não passam de 5% do genoma de um organismo. Além do porte, o genoma da cana tem outra peculiaridade. Cada um de dez cromossomas (as imensas moléculas de DNA enoveladas, de tamanhos

variados, que contêm os genes) repete-se oito vezes no núcleo das células. Pode tratar-se de um resultado da combinação de espécies, já que as variedades de cana utilizadas atualmente resultam do cruzamento de duas espécies, Saccharum offi­ciarum e Saccharum robus tum. Poucas espécies são assim. Na maioria dos animais e dos ve­getais, há apenas um par de cada cromossomo.

Busca e checagem Por essa razão, lembra o

pesquisador da Unicamp, a quantidade e a variedade de ge­nes a serem analisadas é essen­cial, porque cada tipo de célula vai expressar genes específi­cos. Numa célula da folha ver­de da cana, por exemplo, mais da metade dos genes expressos corresponde a não mais de dez

proteínas envolvidas na fotossíntese. "Cada tipo celular produzem média 30 mil tipos di­ferentes de proteínas", diz Arruda. Entretan­to, boa parte dos 30 mil compostos quími­cos produzidos pela raiz são diferentes dos 30 mil elaborados pelas folhas , por sua vez distintos dos 30 mil das flores e assim por di­ante . "Queremos localizar tudo o que é im­portante na cana-de-açúcar", comenta. O plano é identificar lO mil genes ati vos nos diversos tecidos da planta até o final do ano e 50 mil até o final do trabalho, em 2003.

Para chegar aos resultados pretendidos, o processo é longo.Arruda conta que o proje­to segue em parte o modelo estabelecido para o projeto genoma da bactériaXylellafastidi­osa, que integra o Programa Genoma-FA­PESP, mas algumas inovações procurarám tornar a estrutura mais ágil na análise das se­qüências e no intercâmbio de informações e resultados entre os laboratórios. Para identi­ficar os genes da cana, os pesquisadores se valem da técnica EST (Expressed Sequence Tags ou etiquetas de seqüências expressas), desenvolvida para estudar o genoma huma­no e utilizada atualmente para conhecer o genoma de dezenas de organismos, com des­taque às plantas economicamente mais im­portantes, como arroz, milho, trigo e soja. A EST acelera as descobertas, por identificar apenas os trechos dos genes expressos, que

A etapa seguinte O caminho de pesquisa do genoma

da cana-de-açúcar mostra-se claro. Dia a dia os mecanismos mais íntimos da plan­tat~rnam-semaisconhecidos Mas, venci­do o desafio de identificar os genes, impõe­se outro: como lidar com esses genes para fazer com que a cana-de-açúcar, além de açúcar, produza vitaminas, aminoácidos, enzimas de uso agroindustrial ou mesmo fármacos de uso humano? Arruda conta que, por exemplo, bastaria modificar uma das enzimas envolvidas na biossíntese de sacarose, um tipo de açúcar formado por glicose e frutose, para a cana produzir mais frutose, que poderia servir de alimento ener­gético, como já se faz nos Estados Unidos, a partir de amido de milho.

Segundo ele, substâncias de alto valor nutritivo também poderão ser produzidas pela cana. Sua própria equipe está empe­nhada em verificar a possibilidade de de­senvolver uma cana com maior teor de lisi­na, cuja síntese é controlada por duas enzi­mas produzidas pelos genes. Uma delas, a aspartato-kinase, já se encontra na base de dados do projeto. O gene que leva à forma­ção da outra, a dihidropicolinato-sintetase, ainda não foi encontrado, mas Arruda con­fia que logo aparecerá. O plano da equipe é produzir uma pequena alteração nessas duas enzimas de tal forma que elas se ex­pressem no colmo da cana e acumulem o aminoácido em quantidades significativas, permitindo a produção, por exemplo, dera­paduras mais nutritivas

Produtos desse tipo têm interesse comercial, como in­dicam duas empresas norte­americanas que devem lançar em breve um milho com maiorteordelisina, esperan­do causar um impacto sem precedentes na alimentação animal. "Não vamos mudar a cana colocando genes estra­nhos à planta, mas alterando a expressão do gene, fazen­do com que seja mais ou me­nos ativo, para produzir o que nos interessa ", diz. "Se não fi­zermos isso agora, teremos que comprar essa tecnologia daqui a alguns anos. "

codificam proteínas, fa- Perspectivas: estudos de transformação genética da cana zendo uma filtragem razo- (abaixo, cultura de células com o gene da glucuronidase, · 1 d 1 t · enzima atuante no metabolismo de sacarose), que podem ave O que rea men em- levara variedadesmaisprodutivasouresistentesadoenças teressaaos pesquisadores.

Inicialmente, no es­tudo do genoma da cana, os estudantes do CBMEG Edson Kemper, André Vettore e Felipe da Silva sintetizam moléculas de cDNA (DNA comple­mentar) a partir de RNA

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,: . . • ~ .

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mensageiro (RNAm) extraídos de diferentes tecidos da cana. As moléculas de cDNA são ligadas em vetares chamados plasmídeos, que são DNA circulares e não alongados, como os habituais. Em seguida, as molécu­las de cDNA são clonadas em milhares de bactérias. Cada bactéria, que recebe o nome de clone, possui uma única molécula de cDNA correspondente a uma proteína codi­ficada por um gene da cana.

Os clones são em seguida ordenados em placas, replicados e armazenados a uma tem­peratura de 70°C negativos. Nesse momen­to, estão prontos para serem distribuídos en­tre os 23 laboratórios que fazem o seqüen­ciamento do genoma da cana. Nesses centros, por meio de seqüenciadores automáticos de DNA, os pesquisadores determinam a se­qüênciade parte da molécula de cDNA, sem­pre composta de quatro moléculas, os chama­dos nucleotídeos (adenina, ti mina, citosina e guanina) que se repetem num formato único de cada gene. Como cada três nucleotídeos na seqüência do cDNA correspondem a um ami­noácido na proteína, sabendo a ordem de nu­cleotídeos é possível determinar a seqüência das proteínas que cada gene vai formar.

O fluxo da informação Os laboratórios de seqüenciamento deter­

minam as seqüências dos clones de cDNA e as enviam para o Laboratório de Bioinformática (LBI) da Unicamp, que realiza o controle de qualidade das seqüências e urna série de aná­lises. A mais importante é a busca de homolo­gia com as seqüências depositadas no banco de dados internacional GenBank, que contém milhões de seqüências determinadas dos mais diversos organismos, rastreado por meio de programas de computador como o Fasta, o mais conhecido conjunto de dispositivos de busca de homologia entre seqüências de pro­teínas e de DNA. Os dados processados são ar­mazenados na base de dados do projeto e, a par­tir daí, podem ser consultados pelos 12 labo­ratórios de data mining (ou prospecção de da­dos), que analisam as informações colhidas.

O avanço contínuo do projeto pode ser acompanhado na página da FAPESP na Inter­net, que acumula as informações das seqüên­cias e os relatórios dos grupos de data mining, produzidos ao longo do trabalho. O desem­penho de cada laboratório participante pode ser verificado diariamente. Até agora, o índi­ce geral de sucesso, que reflete o número de seqüências aproveitáveis em relação ao nú­mero total de clones processados, é de 83%.

A habilidade em encontrar genes em meio aos ESTs chega às vezes a 90,6%, como aconteceu com a equipe do pesquisador Wal­ter Siqueira, do Instituto Agronômico de Campinas, ou de 90,3%, da equipe de Maria Inês Ferro, da Faculdade de Ciências Agrá­rias e Veterinárias da Unesp, em Jaboticabal. "Esse resultado é resultado igual ou até me­lhor do que o obtido por alguns grandes cen­tros de seqüenciamento de DNA da Europa e dos Estados Unidos", observa Arruda.

CIÊNCIA

MEDICINA

Melhores prognósticos Marcadores biológicos permitem prever a evolução do câncer de pulmão

Há treze imos, desde que defendeu sua tese de doutorado, Vera Luiza Capelozzi , professora associada do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Uni­versidade de São Paulo (USP), se dedica a uma tarefa pioneira na ciência nacional: pes­quisar marcadores biológicos de prognósti­cos que possibilitem prever, com um bom grau de certeza, a evolução do câncer de pulmão, uma das neoplasias de mais difícil controle para os oncologistas, e estimar a sobrevida dos pacientes. Marcadores bioló­gicos são moléculas contidas na célula tumo­ral cuja detecção pode ser efetuada por sim­ples técnicas laboratoriais, como a histoquí­mica e a imunohistoquímica.

Hoje, graças aos estudos da pesquisado­ra e sua equipe nessa área, patrocinados em parte e nos últimos três anos pela FAPESP,já é possível estimar com 70%, às vezes 80% de exatidão, como será o comportamento de um tumor nesse órgão, sobretudo dos casos em que o câncer está presente em apenas um dos pulmões e o paciente pode ser submetido a uma cirurgia para eliminar esse mal. Essa previsão também fornece importantes infor­mações para o médico sobre a maior ou me­nor possibilidade de a doença voltar a se ma­nifestar após a operação, norteando, assim, o uso de tratamentos auxiliares como radio ou quimioterapia. A metodologia de análise vem sendo empregada com suces­so em pacientes de câncer do ~ pulmão que foram operados no ê Hospital das Clínicas de São ~ Paulo. ~

"Um dos principais obje­tivos dessas pesquisas era di­minuir a subjetividade na ava­liação dos tumores de pul­mão", diz Vera Luiza. Muitas vezes, baseados apenas na aná­lise do estágio do tumor e de sua disseminação no tecido, os médicos chegam a resultados discrepantes sobre a evolução de um câncer. Isso porque eles freqüentemente carecem de outros dados, como os marca­dores de prognósticos, capazes de auxiliá-los a traçar um qua­dro evolutivo mais realista da doença. Seguindo uma linha de pesquisa internacional, a professora da USP analisou se havia alguma correlação entre vários marcadores biológi-

PCNA, P53, Ki67, entre outros) e a progres­são do tumor. O objetivo final do trabalho era chegar a uma espécie de "modelo matemáti­co para prever sobrevida".

Do ponto de vista epidemiológico, os estudos sobre o comportamento biológico do câncer de pulmão são mais do que justi­ficáveis . A doença acomete milhares de pes­soas em todo o mundo e é um dos poucos ti­pos de neoplasias cuja curva de incidência ainda não dá sinais consistentes de queda ou estabilização nem em países desenvolvidos, como os Estados Unidos. "Entre os cânce­res, o de pulmão é hoje o mais significativo em termos de impacto sobre os indivíduos (mortes e perda de qualidade de vida). Qua­se todos os cânceres de pulmão são causa­dos pelo fumo" , diz o relatório deste ano sobre a saúde no mundo (World Health Re­port 1999) da Organização Mundial da Saú­de (OMS). Só no Brasil, 20.000 novos ca­sos desse tipo de câncer foram detectados no ano passado e 12.700 pessoas morreram por causa desse problema de saúde (9.400 ho­mens e 3.300 mulheres) . Entre os homens brasileiros, é o tipo de câncer com maior incidência e o quinto mais comum entre as mulheres. Nos Estados Unidos, assim como em outros países industrializados, onde, nas últimas décadas, as mulheres passaram a fumar em grande quantidade, as mortes cau-

cos (DNA ploidia, AgNOR, Vera Luiza: estudos iniciados há 13 anos permitem o acompanhamento de pacientes

ls 'ESP

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sadas pelo câncer de pulmão já ultrapassam as provocadas pelo tão temido câncer de seio. A comunidade científica acredita que 90% dos casos de câncer de pulmão sejam causados pelo tabagismo( ver gráficos).

Novas referências As pesquisas de Vera Luiza, um ramo

de estudo muito desenvolvido em países como Estados Unidos, Japão, Alemanha e Inglaterra, visam a fornecer novos elemen­tos aos protocolos de tratamento do cân­cer de pulmão, ainda hoje muito depen­dentes de dois tipos de análise: o estadia­mente do tumor (se o câncer está em está­gio inicial ou desenvolvido, se está loca­lizado em uma região ou disseminado pelo organismo) e sua classificação histológi­ca (estudo biológico da estrutura micros­cópica dos tecidos).

De acordo com a classificação universal­mente aceita e preconizada pela OMS, obti­da a partir da microscopia de luz, há quatro grandes tipos de cânceres de pulmão: carci­noma de células escamosas (epidermóide), carcinoma de células pequenas (oat-cell), adenocarcinoma e carcinoma de grandes cé­lulas (anaplásico ). Como as diferenças entre tais tumores são, às vezes, muito tênues, di­ficultando assim um prognóstico da evolução da doença, essa classificação acaba sendo um parâmetro muito imperfeito. Outro problema desse tipo de classificação é que, às vezes, o material coletado para análise não é represen­tativo de todo o tumor.

Diante de todas essas limitações na ca­talogação convencional de neoplasias pul­monares, Vera Luiza resolveu, então, estu­dar se outros fatores presentes nos tumores não poderiam servir de referência para o prognóstico da doença. Dessa inquietude in­telectual da professora nasceu o projeto Cân­cer de Pulmão: Aplicabilidade de Métodos Morfométricos, Histoquímicos, Molecula­res e lmunohistoquímicos como Índices de Prognóstico, no qual a FAPESP investiu R$ 162,2 mil e que levou à criação do Labo-

ratório de Patologia Molecu­lar da Faculdade de Medicina da USP, com equipamento próprio e permanente e mate­rial de consumo (anticorpos) cedido pela agência paulista de fomento à pesquisa.

Os estudos coordenados por Vera Luiza enfocaram basi­camente um tipo de câncer do pulmão,ocarcinomadecélulas escamosas, o mais comum de­les. O tratamento ideal para esse tipo de câncer é a ressec­ção cirúrgica (retirada de um órgão em sua totalidade ou parcialmente a fim de extirpar o tumor). O problema é que em cerca de 30% dos pacientes operados o tumor acaba voltando a se manifestar até cin­co anos após a cirurgia. Essa constatação levou à seguinte reflexão: se a ciência tives­se como prever com razoável grau de confi­abilidade quais entre todos os pacientes ope­rados tendem a apresentar uma recidiva da doença, os médicos poderiam lançar mão de terapias auxiliares (radio ou quimioterapia) nesses indivíduos com predisposição a de­senvolver novo tumor, a fim de evitar que isso aconteça. Como se sabe, a radio e a qui­mioterapia são tratamentos agressivos contra o câncer, que não podem ser prescritos sem um rigor científico, sob pena de causar danos desnecessários aos pacientes.

Presença de marcadores Para melhor estudar os vários marca­

dores biológicos, o projeto foi subdividido em cinco projetes menores, que foram to­cados por Vera Luiza e mais seis médicos que defenderam teses de doutorados sobre o tema (Heloísa Andrade de Carvalho, O la­vo Ribeiro Rodrigues, Fabiola Dei Cario Bernardes, Patrícia Cury, Carmela Capor­rino e Lea Maria Macruz Ferreira Demar­chi). Juntando todos os estudos, foram fei­tas análises em 45 casos de carcinomas de células escamosas de pulmões operados, 43

As proteínas e as células Como os pesquisadores medem apre­

sença dos marcadores biológicos dos tumo­res? Tudo começa a partir da realização de uma biópsia (retirada de um fragmento de tecido para estudo) do tumor a ser analisado. Inicialmente, é feita uma análise mais rotinei­ra do tecido canceroso, com o microscópio de luz, que permite basicamente estabele­cer a qual dos quatro grandes tipos de cân­cer de pulmão o tumor pertence. Em segui­da, começa o trabalho mais apurado.

Lançando mão da microscopia eletrô­nica e trabalhando com reagentes de labo­ratório que identificam a presença de certas substâncias no tecido estudado, os pesqui­sadores quantificam uma série de parâme-

tros das células daquele tecido, como seu volume nuclear ( aplóide, diplóide ou tetra­plóide) e a expressão de proteínas (P53, Ki67, etc)

Obtidos esses dados, o passo seguin­te é verificar se é possível estabelecer uma relação entre, por exemplo, a maior ou menor presença de uma proteína e a evo­lução do tumor. Em paralelo, é feito um acompanhamento (geralmente60meses) dos pacientes cujos tumores sofreram bi­ópsia. Empregando modelos matemáti­cos, os pesquisadores montam, por fim, equações cruzando as informações dos marcadores analisados e da evolução da doença dos pacientes.

19 'SP

casos de carcinomas avançados de células escamosas e 75 casos de carcinomas de células não-pequenas e linfonodos medias­tinais operados.

Um dos marcadores que se mostrou mais eficaz como sinalizador do comporta­mento de cânceres de pulmão foi a quantifi­cação das regiões organizadoras (NORs, em inglês Nucleolar Organizer Regions) por meio de técnicas argirofilicas ou AgNOR, que significa proteínas nucleolares impreg­nadas pela prata. Trata-se de um método hi s­toquímicosimplese barato, que pode serem­pregado em diagnósticos rotineiros realiza­dos em laboratório. Os pesquisadores da USP contaram a expressão de AgNOR em núcleos neoplásicos e concluíram que, no tipo de câncer de pulmão mais comum ( car­cinomas de células escamosas), os tumores em estágio mais precoce apresentam uma baixa expressão desse marcador. Já os tumo­res com uma alta quantidade de AgNOR eram justamente os que estavam em um es­tado mais avançado. Conseqüentemente, a partir da análise da quantidade de AgNOR num tumor, os médicos tinham uma boa pista de quão longa seria a sobrevida de um paci­ente. Pacientes com baixos índices de Ag­NOR sobreviviam até cinco anos após ares­secção do tumor, algo muito raro de aconte­cer nos doentes que apresentavam alta con­centração de AgNOR.

Outro marcador biológico interessan­te foi a chamada análise da ploidia do DNA (número de conjuntos de cromossomas) do tumor. Nos doentes com carcinomas de células escamosas, verificou-se que, de­pois de operados, os pacientes com tumo­res aneuplóides tinham uma sobrevida me­nor do que os indivíduos que apresenta­vam tumores diplóides ou tetraplóides. A equipe de Vera Luiza testou a eficiência de outros marcadores biológicos, como as técnicas imunohistoquímicas PCNA, P53 e Ki67 , nesse mesmo tipo de câncer e ou­tros tumores de pulmão. PCNA, P53 e Ki67 são moléculas presentes nas células tumorais conhecidas como oncoproteínas, que são expressas por anormalidades no ciclo celular biológico, indicando que as células não conseguem mais parar de se multi pi icar, num processo que leva ao apa­recimento do câncer.

Page 20: São Paulo se revela

Complicadas equações Os resultados variaram de acordo com o

marcador utilizado e a espécie de tumor anali­sado. A expressão deAgNOr, que se mostrara um bom indicador da sobrevida de um paci­ente com carcinoma de células escamosas de pulmão, não foi eficaz como indicativo da so­brevida de doentes com carcinomas de célu­las não-pequenas de pulmão. Para montar um modelo matemático capaz de determinar com certa segurança a sobrevida dos doentes, Vera Luiza vai juntando os marcadores que se mos­tram eficientes como indicadores do compor­tamento biológico de cada tipo de câncer de pulmão e, combinando-os, elabora complica­das equações. Quanto mais refinadas forem essas equações, com a adição de novos mar­cadores, mais próximas de reproduzir a reali­dade evolutiva do câncer elas serão. "O mo­delo não é 100% eficaz. Por isso, o ideal é que os médicos e as pessoas procurassem identifi­car um câncer ainda em seu estágio inicial. Dessa forma, é mais fáci l de tratar o tumor", afirma Vera Luiza. Por ser, em seus estágios iniciais, uma doença invisível e silenciosa, o câncer de pulmão acaba sendo detectado, em

60% dos casos, apenas quando atinge sua fase mais avançada, reduzindo, assim, o arsenal te­rapêutico à disposição dos médicos.

Vera Luiza conta que teve de superar al­gumas dificuldades iniciais para poder levar adiante suas pesquisas na área, sobretudo an­tes de conseguir patrocínio de agências de pes­quisa, como a FAPESP. Ela começou traba­lhando com equipamento emprestado e dispu­nha de um microscópio de apenas uma lente. Não tinha nem computador de uso exclusivo para poder rodar seus modelos matemáticos de previsão de prognóstico de câncer de pulmão. "Usávamos coisas emprestadas dos colegas", diz a pesquisadora, que hoje conta com micro­computador exclusivo para suas pesquisas, além de um potente microscópio, com uma câmera acoplada, e de um laboratório de pato­logia molecular, estrutura indispensável para que seu trabalho seja bem feito.

A perseverança de Vera Luiza lhe ren­deu frutos internacionais. Hoje, alguns dos trabalhos de seu grupo de pesquisadores fo­ram publicados em revistas científicas de prestígio do exterior, como a Chest e His­topathology. Os trabalhos também ganha­ram reconhecimento em congressos e even-

tos internacionais. Um dos estudos sobre o papel do AgNOR como marcador biológi­co em alguns tipos de câncer, por exemplo, ganhou o prêmio de melhor trabalho cien­tífico no 49thAnnual Meeting ofthe Japa ­nese Association for Thoracic, em Kyoto, em 1996. Um outro estudo dos pesquisado­res da USP também recebeu o prêmio de melhor trabalho científico na 8' Conferên­cia Mundial de Câncer do Pulmão, realiza­da na Irlanda em 1997.

Perfil: Vera Luiza Capelozzi graduou-se em Me­dicina pela Faculdade de Medicina de Santo Amaro, fez o mestrado e doutora­do em Patologia na Faculdade de Medi­cina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e o pós-doutorado no National Heart and Lung Disease - Brompton Hos­pital , na Inglaterra. É professora da FMUSP e diretora do seu Serviço deVe­rificação de Óbitos. Projeto: Câncer de Pulmão: Aplicabilida­de de Métodos Morfométricos , Histoquími­cos, Moleculares e lmunohistoquímicos como Índices de Prognóstico. Investimento: R$ 162,2 mil

Taxa de mortalidade por Câncer relacionada à idade

Taxa de mortalidade por Câncer relacionada à idade

(em homens, nos Estados Unidos, entre 1930 e 1990

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CIÊNCIA

QUÍMICA

Na mesma hora Cientistas identificam em tempo real substâncias existentes em alimentos e materiais diversos

O paciente dá entrada no pronto-socor­ro. Os médicos suspeitam de intoxicação por salicilato, produto da hidrólise do ácido ace­tilsalicílico, a aspirina. A dose terapêutica e a dose tóxica do salicilato são muito próximas. Em níveis altos, o salicilato causa lesões no estômago, diminuição da capacidade auditi­va, vertigens e zumbidos. Em doses ainda mais altas, pode ser fatal pela depressão respiratória. Rapidamente, os médicos tiram uma amostra do sangue do paci­ente e fazem um teste rápido e econômico, usando um biossen­sor. Logo, o diagnóstico é con­firmado ou desmentido.

"A detecção de substân­cias em tempo real é a tendência da química analítica para o futu­ro", diz o professor Lauro Tatsuo Kubota, do Instituto de Quími­ca da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). "É cada vez maior a preocupação dos químicos de determinarem tem­po real, e preservando ao máxi­mo as condições existentes na natureza, os compostos ou subs­tâncias presentes em alimentos e materiais de interesse clínico, biológico ou ambiental."

O professor Lauro tem ba­ses para opinar. Ele é coordena­dor do projeto temático Estudo e Desenvolvimento de Novos Sistemas de Detecção paraApli­cações Analíticas, um dos mais completos trabalhos já feitos no Brasil sobre o assunto, que está sendo realizado em Campinas com o apoio da FAPESP. O pro­jeto, iniciado em 1995, já alcan­çou todos os objetivos fixados no início. Mas os pesquisadores pediram a prorrogação do prazo de conclusão para abril do pró­ximo ano. Nesse período preten-dem aperfeiçoar,justamente, a sensibilidade dos biossensores que detectam a presença de salicilato no sangue, urina, cosméticos e em medicamentos.

Pronto atendimento Um primeiro biossensor para salicilato

desenvolvido pelo projeto já foi testado e comparado com a metodologia aplicada hoje no Hospital das Clínicas da Unicamp. Empa­tou quanto à precisão dos resultados, ganhou

em simplicidade e em economia. Além dis­so, como faz a análise em tempo real, permi­te que o paciente seja rapidamente atendido em casos de intoxicação. O biossensor tam­bém foi usado na análise de medicamentos, para determinar a proporção do ácido acetil­salicílico que já foi hidrolisado para a forma

de salicilato. Isso é importante, pois o remé­dio tem ação mais eficaz antes que o ácido seja hidrolisado.

Além do biossensor para salicilato, fo­ram desenvolvidos, como parte do projeto, biossensores para compostos fenólicos, oxa­lato e ácido isocítrico. A partir deles, foram desenvolvidos outros biossensores,já em uso corrente no Laboratório de Eletroquímica e Eletroanalítica de Desenvolvimento de Sen­sores da Unicamp. Esse laboratório foi mon-

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tado a partir de 1995, com recursos da FA­PESP, destinados ao projeto temático e a ou­tros projetos em curso na instituição.

Conceito pioneiro O primeiro coordenador do projeto foi

o professor Graciliano de Oliveira Neto, na época chefe do Departamento de Química Analítica do Instituto de Química da Unicamp. Ele é considerado o introdutor do con­ceito de biossensores no Brasil. Quando Oliveira Neto se apo­sentou na Unicamp, em 1998, para tornar-se coordenador-ge­ral dos cursos de pós-graduação da Universidade São Francisco, em Bragança Paulista, passou a coordenação ao professor Lauro.

Além dos dois, participam do trabalho os professores Ma­thieu Tubino, subcoordenador; Wallace Oliveira, que se aposen­tou durante o projeto e foi subs­tituído por Ivo Raimundo; Célio Pasquini ; Nélson Duran; e Hi­deko Yamanaka. Com exceção da professora Hideko, que traba­lha no Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Araraquara, todos pertencem ao Instituto de Quími­cada Unicamp.

O projeto também envolve estudantes de diversos níveis. Ele já rendeu um pós-doutorado, já encerrado; quatro doutorados encerrados e dois em andamen­to; quatro mestrados encerrados e um em andamento; e três ini­ciações científicas, encerradas. Foram publicados 18 artigos ge­rados pelo projeto em publica­ções científicas; outros foram aceitos pelos editores e aguar­dam publicação e há mais alguns em fase de conclusão. Além dis­

so, contribuiu para vários artigos publicados pelos pesquisadores sobre trabalhos desen­volvidos fora do projeto temático.

Agulhas no capim Além do uso em laboratório, os sistemas

desenvolvidos têm várias aplicações práticas. O biossensorpara oxalato, por exemplo, pode ser usado em exames de urina, nas análises clínicas, em alimentos e mesmo na pecuária. Algumas vezes, o capim do qual o gado se

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alimenta tem quantidades muito altas de oxa­lato e os cristais desenvolvidos formam verdadeiras agulhas, que podem até mesmo espetar a garganta e matar o animal por asfi­xia. Uma análise rápida e simples evitaria esse problema, levando ao isolamento dos pastos onde se apresenta o problema. Para identificar o oxalato, os pesquisadores de­senvolveram um sistema que usa a enzima oxalato oxidase, encontrada em boas quan­tidades nos grãos de sorgo e de cevada.

O sistema que reconhece e quantifica o ácido isocítrico, que funciona a partir da enzima isocitrato dehidrogenase, mostra claramente se um suco de laranja foi ou não adulterado. Existe uma proporção correta entre o ácido isocítrico e os outros ácidos existentes no suco de laranja. Determinan­do-se a quantidade de ácido isocítrico pode­se identificar a adulteração do suco. O suco destinado à exportação precisa ter uma cer­ta proporção de acido isocítrico e já houve casos em que vendedores adulteraram o suco para obter esse padrão. A aplicação do teste, assim, pode servir de garantia da qua­lidade do produto, importante para oBra­sil por ser o maior exportador de suco de la­ranja do mundo.

Os biossensores que distinguem os di­ferentes compostos fenólicos têm muito potencial de aplicação nas indústrias. To­dos os efluentes industriais têm diversos compostos fenólicos, mas nem todos são poluentes tóxicos. A correta identificação dos compostos pode, assim, simplificar e tornar menos caros os processos de con­trole da poluição.lsso é feito a partir de pe­roxidases, substâncias encontradas em ve­getais como o nabo e o abacaxi. Cada pe­roxidase reage preferencialmente com um determinado composto fenólico . Há mais . Os biossensores desenvolvidos pela equi­pe da Unicamp multiplicaram por cerca de I 00 a sensibilidade da análise em termos

Duas partes O biossensor é formado de duas partes,

o composto biológico e o transdutor. O com­posto biológico faz o reconhecimento de íons ou moléculas das substâncias procura­das por meio de uma reação química. O com­posto pode ser uma enzima, um antígeno, um anticorpo, uma seqüência de bases de DNA, uma célula ou um grupo de células reunidos num tecido. A natureza do composto é deter­minada, basicamente, pelo que vai ser pro­curado na amostra.

O transdutor é um objeto em forma de bastão. Pode ter diversos tamanhos, de uma caneta esferográfica ao de uma fração de milí­metro, quando tem-se um ultramicrotransdu­tor. Ele converte a energia gerada pela reação de reconhecimento da substância numa forma que pode ser medida. Essa forma pode ser um impulso, potencial ou corrente elétrica; uma mudança de cor, quando é chamada de trans­dução óptica; ou mesmo uma mudança de massa, que conduz, por exemplo, a uma mu­dança na freqüência da vibração de um cristal piez elétrico, entre outras.

Quando ocorre a transdução, o proces­so está pronto. "Sei se a substância procura­da existe na amostra e, em caso positivo, a quantidade na qual está presente", diz o pro­fessor Lauro. Normalmente, o transdutor é acoplado a um instrumento de medição. Esse instrumento recebe o sinal do transdutor e o traduz em quantidades e proporções.

Amplificação elegante Para aperfeiçoar os -·---

biossensores que identifi­cam o salicilato, os pesqui­sadores agora pretendem amplificar o sinal recebido pelo sistema usando os pró­prios compostos envolvi­dos na reação. Os pesquisa­dores chamam esse proces-

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so de amplificação elegante. O trabalho co­meça quando o biossensor entra em conta to com a solução que serve de amostra. Se hou­versalicitato na solução, a enzimasalicitato hi­droxilase reage com ele e produz catecol, que é oxidado na superficie do biossensor e perde dois elétrons, gerando uma corrente elétrica.

Ao perder os dois elétrons, o catecol se transforma em ortoquinona. A ortoquinona reage com a nicotinamida adenina dinucle­otídeo (NA OH) presente na solução e rege­nera o catecol, que volta a perder dois elé­trons e gera nova corrente elétrica. Essa cor­rente, então, amplifica o sinal. Se a seqüên­cia for bem calibrada, sabe-se logo a quan­tidade de salicilato que participou da reação. "A amplificação elegante aumenta em cer­ca de 1.000 vezes a sensibilidade do biossen­sor", diz o professor Lauro.

Os testes, por enquanto, limitam-se ao ambiente da Universidade. Sua entrada no mercado normal depende de aspectos bu­rocráticos ligados às patentes. "Do ponto de vista científico, está tudo pronto", afirma o professor Lauro. Para o futuro, há um vasto campo à espera dos pesquisadores. "Já existe uma boa perspectiva de fazer re­conhecimento de DNA por meio de bios­sensores", diz o professor. Ainda mais por­que, como parte do projeto, os pesquisado­res também estão trabalhando para minia­turizar os biossensores.

No exterior, pesquisadores já consegui­ram introduzir e letrados nos tecidos cerebrais de animais de laboratório, para estudar o me­canismo do funcionamento dos neurotrans­

Perfil:

missores em pesquisas so­bre doenças como a de­pressão, a esclerose e o mal de Parkinson. Infelizmen­te, porém, não consegui­ram ainda uma boa seleti­vidade. Nesse campo, a equipe da Unicamp tem muito para dar. Os neuro­transmissores são basica­mente compostos fenólicos e uma das áreas nas quais os biossensores desenvolvi­dos pela equipe se mostra­ram mais eficientes é, jus­tamente, a da detecção dos compostos fenólicos.

O professor Lauro Tatsuo Kubota tem 35 anos e formou-se em Química pela Univer­sidade Estadual de Londrina em 1985. Fez o mestrado na Unesp, o doutorado na Unicamp e o pós-doutorado na Universi­dade de Lund , na Suécia. É especialista em biossensores desde 1993 e professor do Instituto de Química da Unicamp des­de 1994. Pesquisa: Estudo e Desenvolvimento de No­vos Sistemas de Detecção para Aplicações Analíticas Investimento: R$ 236,8 mil

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TECNOLOGIA

ELETRÔNICA

Agulha em palheiro Engenheiros da USP desenvolvem sistema

para localizar objetos no meio de grandes concentrações

No enorme pátio do terminal de cargas, centenas de contêineres se alinham sobre o concreto. De repente, surge a necessidade de embarcar rapidamente um deles, num navio que vai deixar daqui a pouco o porto. Na con­cessionária de automóveis, o cliente apres­sado pede um veículo com exatamente um jogo de acessórios. Sabe-se que há um auto­móvel assim em estoque, mas onde exata­mente ele está? Mesmo na era da informáti­ca, localizar um objeto específico entre de­zenas ou centenas de outros semelhantes continua a ser um problema, que conso­me muito tempo em depósitos e terminais.

A solução está sendo preparada no Laboratório de Sis­temas Integráveis (LSI), da Escola Poli­técnica da Universi­dade de São Paulo (USP). "Nosso obje­tivo é localizar coi­sas", diz o professor Wilhelmus Adrianus Maria Van Noije, che­fe do Departamento de Engenharia de Sis­temas Eletrônicos da Poli . Usando um sis­tema semelhante ao pagerpúblico, explo­rado por empresas de telecomunicações para encontrar pes­soas, o grupo de Van Noije está preparando um dispositivo que, emitido um sinal, fará com que o objeto pro­curado responda com um som ou uma luz, facilitando sua localização.

Van Noije é o coordenador do projeto Sistema de Localização Visual e/ou Sonora dos Objetos Fixos ou em Movimento, que se realiza no âmbito do Programa de Parce­ria para Inovação Tecnológicada FAPESP. O projeto une o Departamento de Engenha­ria de Sistemas Eletrônicos da Poli e a em­presa Microline Multiplexadores de RF, de pro-priedade do professor Sílvio Ernesto Barbin, do Departamento de Engenharia e Telecomunicações e Controle, também da Poli. A Microline, fundada há 16 anos, que fabrica equipamentos para sistemas de tele-

comunicações, como antenas, filtros, ampli­ficadores de potência e combinadores para sistemas irradiantes, entrou com R$ 38.500 para o projeto. A FAPESP contribuiu com outros R$ 60.900.

Sinal de rádio O projeto está na fase final. O pessoal

do laboratório da USP em conjunto com o da Microline está finalizando o desenvolvimen­to do software, do transmissor de sinais de

rádio e do receptor, além de proceder a inte­gração sistêmica dessas partes. O sistema tra­balha com urna base de dados, acumulada em um computador, que recebe as característi­cas de cada objeto e aciona o envio de um sinal de rádio até o objeto, quando se quer lo­calizá-lo, fazendo emitir um sinal sonoro ou luminoso.

Quando um objeto entra no pátio, é re­gistrado no banco de dados. Para um con­têiner, podem ser usados na diferenciação, por exemplo, a empresa proprietária e a ori­gem; para um automóvel, seus acessórios. Para localizar o objeto, basta procurá-lo na lista do computador e enviar uma mensa­gem. O software codifica essa mensagem e envia, por um transmissor, o sinal de rádio

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que ativa o dispositivo de aviso. O transmis­sor possui uma antena pequena, instalável com facilidade.

"O dispositivo colocado no objeto tam­bém pode ter um display, semelhante ao dos pagers pessoais, no qual poderá aparecer uma mensagem, como leve este veículo para a plataforma tal", explica o engenheiro ele­tricista e aluno de pós-graduação Gustavo Adolfo Cerezo, que está fazendo sua disser­tação de mestrado sobre o sistema. O display abre caminho para outros tipos de uso, como, por exemplo, em hospitais. Uma mensagem enviada pelo sistema pode avisar rapidamen­te operadores e enfermeiros sobre a neces­sidade do envio de um equipamento para outra ala ou outro andar.

Pátio de carga O professor Van Noije cita outras utili­

dades, como em controle ambiental. O apa­relho pode ligar e desligar, a distância, sis­temas de iluminação e de ar-condicionado.

Na agricultura, pode u acionar sistemas de

irrigação. Numa in­dústria, tem potenci­almente importantes funções num pátio de

~ j carga e descarga. O motorista de um ca-

l -minhão, ao entrar no pátio, poderá receber um equipamento de­senvolvido pelo gru­po, através do qual será informado pelo sistema quando che­gar sua vez de carre­gar ou descarregar e como chegar ao lo­cal adequado. Atual­mente, esse trabalho é feito por alto-falan­tesoupormeiodeum funcionário que pro­cura, a pé, o veículo indicado.

A utilidade do sistema torna-se, as-sim, clara, especial­

mente num momento em que novos proces­sos industriais exigem cumprimento estrito de horários e a máxima rapidez na carga e na descarga. O alcance do sistema pode chegar até 1 O quilômetros, se as condições de rele­vo forem favoráveis e a antena apropriada for instalada num ponto bem alto, no topo do prédio ou na maior elevação da área. Esse al­cance não pode ser aumentado demasiada­mente, pois depende também da potência do sistema que é limitada pela Agência Nacio­nal de Telecomunicações (Anatei). "Esta­mos usando os mesmos protocolos, de do­mínio público, de um pagercomercial", diz o professor Barbin. "O nosso sistema opera na faixa de 450 megahertz na banda de fre­qüência ultra-alta (UHF)." Por meio dos pro-

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A direita, o kit de transmissão; à esquerda, o kit de recepção: sistema está pronto para a produção em escala

toco los as informações são codificadas para serem transmitidas via rádio.

Futuro com GPS Os criadores do sistema já pensam no

futuro . Atualmente, o sistema básico é uni­direcional, isso é, transmite apenas num sen­tido, mas nada impede que seja instalado um transmissor específico, no próprio objeto, permitindo, assim, que se tome bidirecional, transmitindo e recebendo. Outra aplicação futura pode ser o acompanhamento de veí­culos de transporte e a localização de veí­culos roubados. "Isso seria possível com a integração de equipamentos para a captação de sinais do sistema GPS", diz o professor Van Noije. O sistema GPS é uma rede de sa-

télites que permite a localização de um ob­jeto, parado ou em movimento, por meio da latitude e longitude.

O projeto, iniciado no final de 1997,já está na fase dos últimos ajustes e testes dos protótipos. "Estamos tentando fazer o equi­pamento mais barato possível", diz o profes­sor Barbin. O próximo passo é a comercia­lização. Provavelmente, isso será feito por uma empresa que se disponha a fabricar o produto. "A Microline poderia produzir em larga escala necessitando, entretanto, de al­gumas adaptações em sua estrutura", admi­te Barbin. "Entretanto, qualquer empresa po­deria fabricar o produto desde que sejam pro­tegidos os direitos de propriedade da USP e da Microline", declara Van Noije.

24 fSP

Depois que o projeto terminar, os res­ponsáveis pretendem visitar empresas com potencial para comercializar o produto. Se­gundo os participantes do projeto, provavel­mente não haverá dificuldades para a comer­cialização. Para transformá-lo em realidade, eles superaram vários obstáculos como, por exemplo, a obtenção de um circuito integra­do específico. Ele só existe no mercado para venda em grandes lotes. Os participantes conseguiram o circuito da Philips holande­sa- que achou melhor doar, do que vender, o produto.

Perfis: O professor Wilhelmus Adrianus Maria Van Noije é titular da área de circuitos integrados e chefe do Departamento de Engenharia de Sis­temas Eletrônicos da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Também é vi ce-coordenador geral do Laboratório de Sis­temas Integráveis (LSI) da Escola Politécnica. Formado pela USP, fez doutorado na Univer­sidade Católica de Louvain , na Bélgica. O professor Sílvio Ernesto Barbin é doutoran­do do Departamento de Engenharia de Tele­comunicações e Controle da Escola Politécni­ca da USP. Trabalhou no Brasil e no exterior como gerente de desenvolvimento da Tele­funken , hoje Bosch Telecom. Projeto: Sistema de Localização Visual e/ou Sonora dos Objetos Fixos ou em Movimento - Programa de Parceria para Inovação Tec­nológica da FAPESP. Investimento: R$ 60.900 da FAPESP e R$ 38 .500 da Microline .

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Aparência renovada Trabalho de mestrado cria processo para tornar mais atraente e seguro o suco de laranja nos pontos-de-venda

Até há pouco tempo, se você quisesse comprar um suco de laranja pronto para be­ber nos supermercados, a opção era: nenhu­ma. Depois, surgiram as embalagens carto­nadas longa vida e, mais recentemente, em alguns lugares, o suco em embalagens de plástico ou cartolina em geladeiras. Logo, as possibilidades de escolha podem mudar, com um produto de exce­lente apresentação. Uma pesqui­sa de mestrado, feita na Faculda­de de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp ), desenvol­veu um processo pelo qual o suco natural pode conservar-se até uma semana, sob refrigeração a 4 graus, em garrafas de polietile­no tereftalato (PET).

nhum suco embalado em garrafas de PET, usadas especialmente em embalagens de 2 litros de refrigerantes. "Conheço alguns exemplos no exterior, mas são sucos recons­tituídos, a partir de concentrados, não ex­traídos na hora", diz o professor Assis. Assim, a pesquisa teve de partir basicamente do zero.

"A intenção não foi substituir as embalagens existentes, mas sim criar alternativas para o mer­cado, especialmente no caso de uma embalagem já consagrada pelos consumidores, devido à sua boa apresentação visual e carac­terísticas de marketing", diz ore­sumo da dissertação de mestrado, preparada pelo engenheiro quími­co Randolpho da Silva Corrêa Neto. A pesquisa, Processamen­to de Suco de Laranja Pasteuri­zado em Garrafas de Polietileno Tereftalato (PET) , foi feita sob a orientação do professor José de Assis Fonseca Faria, do Labora­tório de Embalagem do Departa­mento de Tecnologia de Alimen­tos da Unicamp, com o apoio da FAPESP.

O resultado, porém, pode ir José de Assis Faria: tratamento térmico do suco permitiu a utilização da embalagem PET

além disso. As garrafas de PET, introduzidas no Brasil em 1989, para bebidas carbonata­das, como os refrigerantes, têm várias vanta­gens sobre as de vidro e as de polietileno de alta densidade (PEAD), as mais usadas atu­almente para sucos. Elas são, por exemplo, inertes, não alterando as propriedades do pro­duto; têm boa resistência aos impactos, não se rompendo nem mesmo quando caem, chei­as ou vazias; podem ser fabricadas em diver­sos formatos, tamanhos e cores; a garrafa que está sendo usada pode ser mantida fechada; e, especialmente, têm excelentes proprieda­des ópticas, como a transparência e o brilho. Além disso, ganham do vidro com relação ao fato r peso.

Atualmente, no Brasil, não existe ne-

Precisavam ser levados em conta dois fato­res, as exigências da embalagem e as do mer­cado brasileiro. Era preciso manter as carac­terísticas organolépticas e nutricionais do produto e, ainda, suas características de co­mercialização.

As garrafas de PET usadas normalmen­te no Brasil não suportam o enchimento a quente, pois deformam a temperaturas supe­riores a 70 graus. O suco, por sua vez, tam­bém não pode ser submetido ao enchimento a quente, pois sofre alterações de sabor e de aroma que o levam a ser rejeitado pelos con­sumidores. O suco puro, como tirado da la­ranja, no entanto, não teria muito tempo de vida na prateleira. Sendo um produto perecí­vel, teria de ser consumido no máximo algu-

25 'ESP

mas horas depois de extraído. A pesquisa, assim, trabalhou com o suco

pasteurizado. Foram experimentados dois ti­pos de pasteurização, a 72 graus Celsius por 16 segundos e a 91 graus Celsius por 40 se­gundos. Foram examinados fatores como só­lidos solúveis, sólidos em suspensão, teor de

vitamina C, atividade da enzima -~ pectinesterase - que deixa o suco ~ mais turvo, conforme passa o tem­§ po - , contagem microbiológica de ê bolores e leveduras, coliformes e a

qualidade geral e em sabor. De ma­neira geral , o fator limitante foi o aumento do número de bolores, le­veduras e bactérias láticas, o que le­vou a estabelecer seis dias como o li­mite da vida útil do produto.

Colapsagem A conclusão é que a garrafa de

PET usada na pesquisa é adequada para o acondicionamento do suco de laranja pasteurizado, apesar de ter apresentado uma pequena colapsa­gem no final da vida de prateleira. Esse problema, porém, de acordo com os pesquisadores, pode serresol­vido com uma melhoria no projeto da embalagem, com a adoção de um for­mato que dê mais resistência mecâ­nica à garrafa. A embalagem usada na pesquisa tinha capacidade de meio litro, ou 500 mi. Para os pesquisado­res, essa é a capacidade com maior potencial comercial.

O tratamento térmico a 91 graus foi mais eficiente na inativa­ção da pectinesterase, mas o trata­mento a 72 graus conduziu a um pro-duto de melhor sabor, nos testes a

que foi submetido - o que é natural, pois o suco sofre maiores alterações quanto ao sa­bor quando é submetido a temperaturas mais altas. De qualquer maneira, o sabor não foi fato r limitante. Os testes sensoriais não che­garam a determinar o fim da vida de pratelei­ra do produto, apesar de eles se terem prolon­gado por 28 dias após o armazenamento. Houve uma alteração na cor do produto, mais avermelhada e menos amarelada que o pro­duto recém-processado. Isso, porém, foi atri­buído ao processo de pasteurização.

A acidez total titulável, sólidos solúveis, ratio e pH não apresentaram variações signi­ficativas, seja em função do tratamento tér­mico, seja em função do tempo de armazena­mento. O teor de ácido ascqrbico, ou vitami-

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na C, sofreu uma redução, mais acentuada nos primeiros dias da estocagem. Não houve grandes variações nessa diminuição, porém, de acordo com o tratamento térmico empre­gado. "Otimizando-se o processo térmico, geralmente, as perdas de ácido ascórbico du­rante o processamento diminuem", diz o pro­fessor Assis. "A perda depois do envase de­pende de fatores como a permeabilidade da garrafa ao oxigênio e a temperatura de esto­cagem."

Estabilidade Apesar das alterações no sabor, a pasteu­

rização é importante. Ela dá maior estabili­dade microbiológica ao produto e uma vida útil de comercialização maior. Além disso, protege o consumidor. "Ele pode substituir o recente mercado informal de venda de suco de laranja nos sinais de trânsito", diz o pro­fessor Assis. "Na primeira vez que experi­mentei, tive problemas intenstinais." Outra vantagem é desativar a pectinesterase, que causa turbidez, geleificação e sedimentação de materiais insolúveis no suco, levando o produto a ser rejeitado pelo consumidor. A oti­mização do tratamento térmico, além disso, diminui as perdas de vitamina C durante o processamento.

A pesquisa usou garrafas de meio litro, por ser a capacidade mais comercial com relação às outras ofertas de embalagens plásticas, mas, segundo os pesquisadores, o processo pode ser usado para garrafas de qualquer volume. "Existem no mercado garrafas de PET que vão das mini doses, de 50 mililitros, aos garrafões de 20 mil mililitros para água mineral", diz o professor Assis. "Mas os de entre 300 e 2 mil mililitros são os mais comerciais."

Ela também abre caminho para seu uso em outros tipos de suco. "A pesquisa buscou associar o potencial do PET à tradição edis­ponibilidade do suco de laranja nacional", afirma o pesquisador. "Mas qualquer outra matéria-prima poderá ser usada, consideran­do apenas pequenos ajustes nos parâmetros dos processos." Isso abre caminho, por exem­plo, para a comercialização em embalagens mais atraentes do suco de uva brasileiro, con­siderado um dos melhores do mundo; ou o de caju, muito rico em vitamina C e em cuja cul­tura há enorme desperdício, pois a polpa da maior parte da colheita é deixada para apo­drecer depois da extração da castanha.

Por enquanto, as embalagens cartonadas têm a liderança do mercado na venda de sucos. Mas a participação dos plásticos também é im­portante. No Brasil, é usado principalmente o polietileno de alta densidade e, às vezes, o PVC. "A principal vantagem do PET é sua melhor apresentação visual, pois sua barreira ao oxigê­nio não é das melhores", diz o professor Assis. Para obter uma barreira melhor seria necessá­rio usar materiais mais caros, como o PEN ou extrusados contendo EVOH. Uma novidade é o PET com coating de carbono amorfo, obtido por tecnologia de plástico. Esse produto, porém, ainda não chegou ao mercado.

De qualquer maneira, a pesquisa chega num momento importante. Desde o início da década de 1990, o mercado de suco de laran­ja passa por uma enorme transformação no Brasil. A indústria brasileira de suco de laranja nasceu e se desenvolveu voltada para o exte­rior, portanto, para o produto concentrado. Isso está mudando. O surgimento de novas formas de comercialização do produto, difi­culdades de exportação e o aumento do po­der de compra da população se combinaram para tomar o mercado interno mais atraente para os produtores.

A isso se combinaram fatores como a disponibilidade de fruta fresca para a extra­ção de suco praticamente durante todo o ano e novos hábitos que dão aos sucos naturais preferência sobre as antigas bebidas indus­trializadas, como os refrigerantes. Surgiram também melhores canais de distribuição, fa­cilitando a distribuição do produto refrigera­do. Isso permite que os alimentos sejam sub­metidos a processos térmicos mais brandos, ficando com características mais semelhan­tes às do produto fresco. Isso é muito impor­tante para o mercado brasileiro, cujo consu­midor é normalmente muito exigente com re­lação ao sabor dos sucos cítricos.

O processo empregado na pesquisa mos­tra, nesse ponto, enorme vantagem sobre o usa­do nos produtos encontrados no mercado. Os sucos refrigerados prontos para beber atuais são submetidos a tratamentos térmicos de 90 a 95 graus, durante 30 a 40 segundos. Se acondicio­nados em embalagens cartonadas simples, sem folha de alumínio, dotipopurepak, têm vida útil de três a quatro semanas a 4 graus Celsius.

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Existe um outro setor, cujas caracterís­ticas de sabor e odor são inferiores. É o dos sucos comercializados à temperatura ambi­ente, em embalagens cartonadas com alumí­nio, do tipo tetra brik, as caixinhas. Esses su­cos são obtidos a partir da mistura do suco de laranja concentrado com água e açúcar, mais ácidos cítrico e ascórbico. Nessas embala­gens, a vida útil é de cerca de três meses.

Novidades continuam a surgir no cam­po das embalagens. Nos Estados Unidos, os maiores fabricantes põem à venda suco de laranja pasteurizado em embalagens do tipo bombona com alça e capacidade de 2,8litros. As embalagens têm formato retangular e po­dem ser guardadas nas portas de geladeiras. A quantidade corresponde ao consumo mé­dio semanal de uma família americana e o tempo de prateleira é de 60 dias.

A entrada de grandes empresas no mer­cado e a disponibilidade do produto em su­permercados e padarias teve como resulta­do um grande impulso no consumo de suco de laranjas pelos brasileiros. O consumo por habitante, que era de 400 mililitros por ha­bitante/ano, deu um salto e chegou a 16 li­tros por habitante/ano em 1996, aproximan­do-se do consumo americano, que é de 20 litros por habitante/ano. Hoje, um terço da produção de suco de laranja de São Paulo é consumido no Brasil.

O engenheiro Randolpho completou com êxito seu mestrado e agora prepara o doutorado, trabalhando com a equipe da Fa­culdade de Engenharia de Alimentos da Uni­camp que estuda o desenvolvimento de sis­temas assépticos para a conservação de pro­dutos líquidos em garrafas. "O trabalho foi a etapa inicial de uma de nossas linhas de pes­quisa, que vem sendo desenvolvida há mais de três anos", informa o professor Assis.

As investigações atualmente em cur­so incluem o uso de embalagens de PET para vários produtos, como água de coco, óleo comestível e bebidas isotônicas. Des­ta vez, porém, com atenção especial para a ob­tenção de um sistema asséptico, capaz de ga­rantir um produto de boa qualidade com co­mercialização à temperatura ambiente, sem a necessidade de refrigeração no ponto-d- ven­da ou cadeias de frio na distribuição. "Nosso objetivo é desenvolver um sistema asséptico para garrafas plásticas que seja, especialmen­te, viável para empresas de pequeno e médio porte", diz o professor da Unicamp.

Perfil: José de Assis Fonseca Faria é Professor da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas (Uni­camp). Formado em Agronomia pela Univer­sidade Federal de Viçosa (MG), fez o mestra­do e o doutorado na área de Ciência de Alimen­tos na Rutgers University, nos Estados Unidos. Projeto: Desenvolvimento de Processo de Acondicionamento de Suco de Laranja Pas­teurizado em Garrafas de Polietileno Terefta­lato (PET) Investimento: R$ 12.165,00

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CAPA

ECONOMIA

São Paulo em números Pesquisa feita pela Fundação Seade gera poderoso banco de dados sobre a atividade econômica paulista

O se to r industrial paulista ainda respon­de por um valor adicionado- valor bruto da produção menos custos e despesas diretamen­te relacionados à atividade produtiva- per­to de 4 vezes superior ao gerado no setor co­mercial do Estado. Dos dois, é ainda a indús­tria que emprega o maior número de pesso­as, embora o setorcomercial concentre a gran­de maioria das empresas. Mais: a maioria das empresas industriais e comerciais é de peque­no porte. No caso das primeiras, surpreenden­tes 90,8% possuem até I 00 empregados, o que as classifica como pequenas; entre as empresas comerciais, o índice é ainda maior: 99,7% estão naquela faixa . Em contraparti­da, são as indústrias de grande porte que em­pregam o maior número de trabalhadores, enquanto no comércio dá-se exatamente o oposto: são as menores as que mais ocupam mão-de-obra (ver tabelas 1 e 2).

Sobre a Região Metropolitana de São

Paulo, uma outra revelação. Apesar da anun­ciada desconcentração da atividade econômi­ca nos últimos anos, com a saída de empre­sas da Grande São Paulo para outras regiões do Estado, a Região Metropolitana ainda con­centra 57% das unidades industriais e igual percentual dos trabalhadores desse setor e 40,5% dos estabelecimentos comerciais, com seus 50,5% de pessoal ocupado. E a concen­tração é ainda maior em se tratando de seg­mentos com tecnologia modema, como o de serviços de informática: 78,7% das unidades desses serviços estão localizados na Região Metropolitana de São Paulo e 85,6% do pes­soal ocupado. Em oposição, as regiões mais distantes da Região Metropolitana de São Paulo são as que apresentam menor concen­tração de empresas e grau menor de ati vida­de econômica e de incorporação de tecnolo­gia. Numa posição intermediária, estão as re­giões de Sorocaba, Campinas, São José dos

27

Campos e Santos, que formam o entorno na Região Metropolitana de São Paulo e cuja in­dustrialização a ela está integrada (ver ma­pas).

Todas essas informações foram obtidas pela Pesquisa da Atividade Econômica Pau­lista - Paep, um amplo estudo realizado pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade ), e que teve o apoio da FAPESP, na forma de um projeto temático, e da Finan­ciadora de Estudos e Projetos (Finep ). Reali­zada ao longo de quatro anos (consulte o qua­dro Metodologia inovadora), a Paep abre um leque de recursos praticamente ilimitados onde antes havia uma escassez de números, ao cons­truir um conjunto de indicadores que possibi­lita acompanhar os processos de reestrutura­ção produtiva nas diversas regiões do estado. Seu banco de dados, consubstanciado em um CD-ROM acessível a qualquer interessado, permite mais de mil variáveis. "O usuário pode

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~

Luiz Henrique Proença Soares: metodologia inovadora para

montar a tabela que quiser", informa Luiz Henrique Proença Soares, diretor adjunto de Produção de Dados da Fundação Seade e co­ordenador da pesquisa.

Carência de dados Ligada à Secretaria Estadual de Econo­

mia e Planejamento, a Fundação Seade pro­duz e analisa informações no âmbito doEs­tado de São Paulo. Sempre se debateu com a falta de dados abrangentes confiáveis. "A produção de estatísticas esteve ancorada, no Brasil , nas últimas décadas, à realização de censos econômicos qüinqüenais pelo IBGE. Esse trabalho, contudo, parou em 1985. O próprio censo demográfico de 1990 foi adi­ado para o ano seguinte", assinala Proença Soares. Não havia, portanto, parâmetros

para medir a atividade econômica, a partir de pesquisas de fôlego.

Não havia nada sistematizado nem mes­mo sobre o impacto do processo de abertura da economia brasileira que levou as empre­sas a serem pautadas pela lógica da globali­zação. A Seade, através de sua Pesquisa de Emprego e Desemprego, domiciliar, só per­cebia mudanças no panorama do mercado de trabalho, com aumento nas taxas de desem­prego e precarização das relações de trabalho. Faltava, entretanto, o lado das empresas, em princípio em plena ebulição, introduzindo novos procedimentos tecnológicos e formas de gestão e vivenciando transformações no seu próprio controle de capital. Nada se sa­bia, também, sobre a dinâmica regionaf do Estado de São Paulo.

Metodologia inovadora Para realizar uma pesquisa tão abran­

gente como a Pesquisa daAtividade Econô­mica Paulista - Paep foi preciso criar meto­dologia própria, que permitisse medir a ati­vidade econômica, qualificar o processo de reestruturação produtiva e dar insumos para uma análise regional do Estado de São Pau­lo. O trabalho foi realizado com a ajuda de­cisiva da comunidade científica. A formata­ção dos questionários contou com contribui­ções da Universidade de São Paulo, USP, da Universidade Estadual de Campinas, Unicamp, da Pontifícia Universidade Cató­lica de São Paulo, PUC!SP, entre outras ins­tituições de ensino. Entidades sindicais pa­tronais também ajudaram decisivamente, em especial na checagem das questões e na formulação mais adequada para entendi-

menta do empresário. A Federação das In­dústrias do Estado de São Paulo, Fiesp, por exemplo, auxiliou até na localização de determinadas empresas.

Na estrutura de campo, trabalharam mais de 500 pesquisadores, durante um ano. Havia questionários especiais para a indústria da construção civil e questões es­pecialmente formuladas para a extração de dados específicos da agroindústria que, no caso de São Paulo, é uma atividade impor­tante. As entrevistas eram pré-agendadas e, na data, o pesquisador ia até a empresa, instalava os disquetes ou deixava o questi­onário em papel, dando os esclarecimentos necessários. As empresas tiveram, em mé­dia, uma semana para responder, porque algumas perguntas exigiam informações

2s 'SP

A Paep trouxe luz a essas questões. O in­vestimento global na pesquisa foi de R$ 5 mi­lhões.AFAPESPdesembolsouR$1,1 milhão, alémdeparticiparativamentedaelaboraçãoda metodologia do trabalho, desenhada a partir de 1992. A Finep colaborou com US$ 500 mil. O trabalho, ao longo de todas as etapas, teve mais de 600 colaboradores, a maioria envolvida nos trabalhos de campo. Os dados têm como ano­base 1996, considerado ano de ouro do Real. Interessante, portanto, como ponto de referên­cia, já que o objetivo da Seade é inaugurar uma série histórica, com levantamentos de quatro em quatro anos. Este primeiro foi con­cluído em dezembro de 1998. O próximo deve sair em 2002.

Indústria e comércio A pesquisa, por amostragem, estima que

a economia paulista apresentava em 1996 um universo com 41,4 mil empresas industriais co maisdecincopessoasocupadase359,3 mil comerciais - ambos os segmentos empre­gando, cada um, cerca de 2 milhões de pes­soas. Na indústria, a ocupação se concentra nas empresas de grande porte. Aquelas com 1.000 funcionários ou mais empregam 26,5% da mão-de-obra industrial, ao contrário do que acontece no comércio, onde 7 6, I% da mão-de-obra está em pequenas lojas, de até 29 funcionários (observe tabela As que mais empregam).

Na estrutura industrial paulista, indica a Paep, "prevalecem altos graus de concentra­ção do valor de produção nas grandes empre­sas dos principais gêneros, que basicamente conformaram a matriz do desenvolvimento paulista nos anos 60 e 70". Ao mesmo tem­po, a pesquisa constatou o aumento do já alto grau de heterogeneidade estrutural desse par­que industrial , em grande parte decorrente do "esforço inovador associado às imposições ditadas pela competição advinda, em grande medida, da abertura comercial pós-1990".

dos contadores, engenheiros de produção e outros executivos. Foi montada uma estru­tura de retaguarda para esclarecimento de dúvidas através de Internet, fax e telefones, além de cinco escritórios operacionais no interior do Estado, em áreas cedidas por parceiros.

A opção de disponibilizar as informa­ções não em tabelas, mas no formato CD­ROM, é para ampliar a possibilidade de uso da base de dados. O produto pode ser com­prado na Fundação Seade (Av Cásper Líbero, 478, telefone227-9788) Há, inclu­so, um glossário metodológico que, impres­so, tem mais de 300 páginas. Se houver interesse em apenas um dos segmentos es­tudados, há versões por setor (a completa, custa R$ 250; a da indústria, R$ 150, a do comércio, R$ 75; a dos serviços, R$ 75; e a dos bancos, R$ 40).

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Outra constatação foi a de que a estrutu­ra industrial paulista "apresenta-se ainda mais complexa e diversificada, com atividades distribuídas em praticamente todos os gêne­ros da indústria de transformação". Dentre eles, destacam-se, por valor adicionado pro­duzido e capacidade empregatícia, os setores químico, de alimentos e bebidas, montagem de veículos automotores, máquinas e equipa­mentos, e edição, impressão e reprodução de gravações. Somados, representam "55,3%do valor adicionado, 41,6% do pessoal ocupado e 30,2% das empresas" (confira na tabelaRe­trato dos setores).

Quanto à modernização, foi observado "alto desempenho das unidades intensivas em tecnologia" em todos os setores industriais, exceto nos tradicionais, como couro e calça­dos e vestuário. Para estabelecer o grau de in­corporação de inovação tecnológica, foram consideradas informações sobre uso de técni­cas de gestão da qualidade e produtividade e uso de equipamentos de automação industri­al, de manufatura ou de processo.

"As unidades inovadoras chegam a con­centrar mais de dois terços do valor agrega­do do segmento a que pertencem", destaca Proença Soares, ressalvando que os setores com alto índice inovador não necessariamen­te são os de maior peso na estrutura econô­mica do Estado. Equipamentos de informá­tica (confira no mapa verde), por exemplo, último colocado na participação do valor adi­cionado, é campeão quanto à modernização de suas unidades: 63,8% das unidades são inovadoras, 76,6% usam algum tipo de téc­nica de produtividade e qualidade, 30,5% tra­balham com automação da manufatura e 26,0% têm automação de processo. Em con­trapartida, o setor de alimentos e bebidas, o que emprega maior contingente de mão-de­obra e que concentra a segunda taxa mais ele­vada de valor adicionado, apresenta, de acor­do com a pesquisa, "uma das menores taxas de participação no número de plantas inova­doras ( 19,3% ), usuárias de novas técnicas de produção (44,4%) e de equipamentos de au­tomação industrial (9,2% das unidades do se to r empregam algum tipo de automação na manufatura e 7% utilizam equipamentos de au­tomação de processo)". As unidades inovado­ras desse segmento, contudo, respondem por mais de 50% do valor adicionado pelo setor.

"O processo de abertura comercial, em um período de valorização cambial, levou as empresas a adotarem estratégias de reestru­turação no sentido de se tomarem mais efici­entes e enfrentar a crescente competição", constatou a pesquisa. A estratégia mais ado­tada- tanto em relação ao número de empre­sas quanto ao valor adicionado- "foi a utili­zação de novos métodos de organização do trabalho" (adotado por empresas que repre­sentam nada menos do que aproximadamen­te 90% do valor adicionado na indústria). "Tal estratégia pode ajudar a explicar o aumento das taxas de desemprego no período", conclu­íram os pesquisadores.

No caso da estrutura do setor comercial paulista, a Paep revelou que o segmento vare­jista emprega 72,3% do pessoal ocupado do comércio estadual. Em contrapartida, o setor atacadista foi responsável, em 1996, por28,5%

do valor adicionado do comércio estadual, o varejo concentrou 57% e o segmento de veí­culos, peças e combustíveis foi responsável pelos 14,2% restantes. Quanto à moderniza­ção, foi constatada a ocorrência de um intenso

ESTRUTURA DA ECONOMIA PAULISTA Empresas, Pessoal Ocupado

e Valor Adicionado da Indústria e Comércio Estado de São Paulo - 1996

Setor Total de Empresas Indústria 41.466

Pessoal Ocupado 2.188.358 2.072.894

Valor Adicionado (R$ milhões) llJ 74.165

Comércio 359.298 19.507

Fonte: Fundação Seade: Pesquisa da Atividade Econômica Paulista - Paep (1) O valor adicionado é calculado pela metodologia de Contas Nacionais. Corresponde ao valor bruto da produção

(receita líquida- variação de estoques), subtraído do consumo intermediário (somatório dos custos e despesas diretamente relacionados à atividade produtiva).

AS QUE MAIS EMPREGAM Distribuição das Empresas e do Pessoal Ocupado da

Indústria e do Comércio, segundo Faixas de Pessoal Ocupado, em % Estado de São Paulo - 1996

Faixas de Indústria Comércio Pessoal Ocupado Empresas Pessoal Ocupado Empresas Pessoal Ocupado Total 100,0 100,0 100,0 100,0 Até29 74,0 17,0 98,6 76,1 De 30 a 49 9,Õ 6,5 0,7 4,2 - ----De 50 a 99 7,8 10,2 0,4 4,6 De 100 a 249 5,4 15,4 0,2

4,9 ___

De 250 a 499 2,0 12,5 a,o - 2,2 De 500 a 999 1;õ 11 ,9 ~- 1,6 1.000 e mais 0,7 --26,5 0,0 6,3

Fonte: Fundação Seade: Pesquisa da Atividade Econômica Paulista- Paep

RETRATO DOS SETORES Distribuição das Empresas, do Pessoal Ocupado, da Receita Líquida

e do Valor Adicionado, SeguRdo os Segmentos Industriais, em % Estado de São Paulo, 1996

Industriais Empresas Pessoal Ocupado Receita Líquida Valor Adicionado Total 100,0 100,0 100,0 Indústria Extrativa 1,4 1 '1 0,7 Alimentos e Bebidas 9,8 12,3 12,7 Produtos Têxteis 6,7 4,3

- Confecção e Vestuário ~ 6 6,6 2,4 Couro e Calçados 3,7 3,1 1,0 Celulose e Papel AE 3,3 3,6 Edição e Impressão 4,4 6,9 2 Petróleo e Álcool 0,2 1,3 1,2 Produtos Químicos -SE- 7,0 14-,1-Borracha e Plásticos 6,5 6,6 5,5 Minerais Não-Metálicos 6,5 4,6 3,7

- Metalurgia Básica 3,0 3,9 4,3 Produtos de Metal 10,6 7,4 5,1 Máquinas e Equipamentos t-! 9,4 10]

jtj Máq. Escritório e Informática 0,3 0,5 Material Elétrico 9 3,5 3,2 Matenal Eletrômco e Comunicações 1,1 - 1,9 3,8 lnstr. Precisão e Automação Industrial 1,4 1,2 1 ,1 Montagem de Veículos Automotores 2,7 8,5 11 ,6 -Outrõs Equipamentos de Transporte 0,5 0,8 0,7 OutraSTndústriãS -- 10,7 6,0 3,6

Fonle: Fundação Seade: Pesquisa da Atividade Econômica Paulista- Paep

29 'SP

Page 30: São Paulo se revela

processo de automação comercial, explicada pelos pesquisadores como decorrência da es­tabilidade monetária e da abertura comercial do país, que deslocou o veto r da lucratividade das empresas da esfera financeira para a ope­racional. Assim, em 1996, ll%douniversode 409 mil estabelecimentos comerciais em São Paulo já contavam com algum grau de auto­mação (sistema de digitação de código nu­mérico, sistema de leitura ótica, ou au­tomação no processo de controle e reposição de estoques).

Controle e capital A Pesquisa da Atividade

Econômica Paulista traz ainda in­formações sobre o comércio ex­

UL: Unidades Locais PO: Pessoal Ocupado VA: Valor Agregado

teriordasempresas- participação das exportações nas vendas das empresas e peso das importações, como a compra de insumos e ma­térias-primas, nos seus custos - e sobre a reestrutura patrimonial das empresas.

D Região Administrativa

No comércio, apenas I ,5% de suas vendas (em receita líqui-da) se destinam ao exterior

• Região Metropolitana de São Paulo O Entorno Metropolitano D Interior

50 100 150

KILOMETEAS

Fonte: FSEADE. Pesquisa da Atividade Econômica Paulista- PAEP

DISTRIBUIÇÃO DO COMÉRCIO POR REGIÃO ADMINISTRATIVA

DISTRIBUIÇÃO DA INDÚSTRIA POR REGIÕES ADMINISTRATIVAS

Estado de São Paulo

e são feitas por empre­sas atacadistas. Na Estado de São Paulo indústria, as ex-

UL: Unidades Locais PO: Pessoal Ocupado VA: Valor Agregado

D Região Administrativa

• Região Metropolitana de São Paulo • Entorno Metropolitano

Interior 50 100 150

KILOMETERS

Fonte: FSEADE. Pesquisa da Atividade Econômica Paulista- PAEP

portações representam I 0,3% da receita e as importações, 18,7% da compra de insumos e matérias-primas. Há informações ainda sobre os segmentos nos quais as exportações têm maior participação na receita líquida e sobre os que as importações têm maior peso na com­pra de insumos e matérias-primas.

Quanto à estrutura patrimonial das em­presas, a pesquisa traz dados importantes

sobre as formas de controle das empresas - independentes, pertencentes a grupo de pessoa física ou pertencentes a grupo de pessoa jurídica- e sobre a origem do capi­tal controlador, com os dados evidencian­do o avanço da internacionalização da in­dústria paulista, embora de maneira bastan­te diversa por segmentos e subcategorias da atividade.

30 p

No total, embora ainda sendo poucas (2,2% do número geral de empresas), os em­preendimentos com controle de capital es­trangeiro respondem por 37% da receita líqui­da total e do valor adicionado gerado no Es­tado. Por segmento, entretanto, as empresas com capital estrangeiro "são majoritárias en­tre as indústrias químicas (55,6% da receita líquida), de material eletrônico e de comuni-

cação (53,2% da receita líquida) e auto-mobilística (73,9% da recei­

ta líquida)". Uma outra constatação da Paep: "Entre

os ramos industriais, nos quais a participação das

empresas com capital es-trangeiro é também muito ex­

pressiva, encontram-se alguns dos mais competitivos e/ou mais

exigentes em densidade tecnológica, tais como equipamentos de ótica e precisão, ma­terial elétrico, de transporte, e máquinas e equipamentos, inclusive os de informática". Há presença significativa de empresas com controladores estrangeiros também no sub­setor de alimentos: 34,5%. Em oposição, as empresas exclusivamente nacionais domi­nam os segmentos mais tradicionais - como couro, vestuário, têxtil e produtos de metal­e aqueles que tiveram decisiva presença ou apoio estatal, como indústria extrativa, refi­no de petróleo e álcool, metalurgia básica e fabricação.

No setor comercial de médio e grande portes, a participação de controladores es­trangeiros é menos significativa, tanto em número de empresas quanto no percentual

Page 31: São Paulo se revela

A Região Metropolitana de São Paulo ainda concentra o maior número de indústrias

(mapa amarelo) de comércio (mapa azul) e de empresa de alta tecnologia (mapa verde)

UL: Unidades Locais PO: Pessoal Ocupado VA: Valor Agregado

O Região Administrativa

• Região Metropolitana de São Paulo • Entorno Metropolitano O Interior

50 \00 \50

KILOMETERS

Fonte: FSEADE, Pesquisa da Atividade Econômica Paulista - PAEP

Sorocaba UL:1.3 P0:0.5 VA:0.2

INDÚSTRIA E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA Participação das unidades locais (UL) e o valor adicionado das empresas inovadoras,

usuárias de técnicas de gestão da qualidade e produtividade e de equipamentos de automação industrial, segundo os segmentos de atividades no Estado de São Paulo, 1996

Em porcentagem

Empresas Empresas Empresas

Empresas usuárias de usuárias de Segmentos de Atividades inovadoras usuárias de automação da automação técnicas de P&Q manufatura de processo

Valor Valor UL

Valor UL

Valor UL adicionado UL adicionado adicionado adicionado

Máquinas de Escritório e Equipamentos de Informática 63,8 79,9 76,6 96,3 30,5 65,4 26,0 56,1. Instrumentos de precisão e automação industrial 43,9 77,3 57,6 85,1 21 ,2 59,8 12,2 45,9 Telecomunicações 43,6 63,7 67,8 97,1 33,0 88,3 16,6 83,5 Minerais metálicos 41 ,6 90,0 60,3 98,2 22,8 62,1 22,8 62,1 Química 41 ,6 77,4 65,2 91,3 18,3 55,3 12,6 66,8 Máquinas e equipamentos 34,8 71,3 57,0 85,6 26,9 68,3 10,6 48,5 Refino de petróleo e álcool 33,5 52,8 82,6 90,4 32,7 51,6 31 ,3 54,7 Outros equipamentos de transporte 33,3 67,0 49,2 86,8 24,5 76,5 9,0 54,4 Automobilística 33,1 87,8 59,3 97,8 29,5 92,0 15,3 85,0 Borracha e plástico 33,0 64,1 57,7 87,0 21 ,8 63,4 13,2 51 ,2 Materiais elétricos 30,2 77,6 50,2 91 ,1 19,5 69,2 12,6 52,4 Metalurgia básica 29,1 71,2 64,9 95,7 21 ,2 76,2 9,1 69,4 Móveis e indústrias diversas 27,1 55,3 34,7 72,9 10,1 36,2 3,0 19,9 Produtos de metal, exclusive máquinas e equipamentos 27,0 51 ,4 51 ,4 80,4 15,5 47,6 6,8 37,8 Papel e celulose 25,6 69,2 51 ,2 89,3 18,1 64,3 9,1 58,9 Têxtil 24,0 58,4 42,2 80,8 14,9 43,4 5,9 35,9 Minerais não-metálicos 24,0 67,1 47,4 87,2 7,2 66,1 4,3 44,8 Edição e impressão 23,6 50,0 49,7 65,7 19,3 45,0 7,5 26,1 Couro e calçados 21 ,4 41 ,5 45,7 77,2 7,7 27,0 3,5 14,7 Alimentos e bebidas 19,3 60,9 44,4 80,2 9,2 53,7 7,0 51 ,0 Vestuário e acessórios 14,2 26,2 48,1 55,8 8,9 21 ,8 4,0 6,8 Obs.: O item UL considera somente as unidades produtivas instaladas. Fonte: Fundação Seade. Pesquisa da Atividade Econômica Paulista- Paep.

31

-----·- - ---- --~

DISTRIBUIÇÃO DOS SERVIÇOS DE INFORMÁTICA POR REGIÃO ADMINISTRATIVA

Estado de São Paulo

de receita e valor agregado gerado, e se con­centra na atividade de atacado e, em segun­do lugar, de varejo não especializado.

Referência Essas informações são uma pequena

parcela do todo que a Paep permite observar. Disponível em formato de CD-ROM, a pes­quisa pode ser ainda mais abrangente. Cru­zamentos além dos previstos nesse produto básico podem ser feitos com a participação de técnicos da Seade, mediante consulta. Há, porém, um limite. Ele se situa exatamente na fronteira que resguarda informações indivi­duais das cerca de 23 mil empresas que de­volveram os extensos questionários conside­rados válidos, de uma base amostral final com 27 mil, retomo comparável ao que se pode ob­ter em qualquer país desenvolvido.

"É praticamente um trabalho de censo econômico", define Proença Soares, certo de que a Paep é um primeiro passo na oferta de informações estatísticas consistentes, de que tanto carece o país. Seus resultados certamen­te serão referência obrigatória para o poder público na formulação de suas políticas so­cioeconômicas, e são úteis também para os setores empresariais e para a comunidade acadêmica, servindo como fonte de dados para novos estudos e pesquisas.

Perfil: Luiz Henrique Proença Soares, 45 anos, é gra­duado em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universida­de de São Paulo. Fez mestrado e doutorado no Institui d'Urbanisme de Paris, Universida­de de Paris XII . Trabalha na Fundação Seade desde 1987, exercendo o cargo, desde 1995, de diretor adjunto de Produção de Dados. Pesquisa: Pesquisa da Atividade Econômi­ca Paulista - Paep Investimento: R$ 1,1 milhão da FAPESP

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LIVRO

Gesto Inacabado desvenda tessitura da criação As pesquisas de processos criativos, so­

bretudo as que se desenvolvem sob a égide da Crítica Genética, ganham importante ferra­menta teórica com o livro Gesto Inacabado, Processo de CriaçãoArtística, lançamento da editoraAnnablurne, com o apoiodaF APESP. Escrito pela professora doutora Cecília Al­meida Salles, o trabalho revela uma pesqui­sadora em plena maturidade no seu território de investigação e ofere-ce, tanto ao público es­pecializado quanto ao leigo, subsídios para que se mergulhe no caótico mundo da produção de linguagens com indicado­res mais precisos.

seja, estamos diante de uma proposta que enaltece uma espécie de materialidade da criação, cuja natureza é totalmente avessa aos postulados subjetivos ou movidos por epifa­nias que o senso comum alardeou sobre as obras de invenção.

Na primeira parte, Cecília oferece uma contribuição original para a Filosofia da Arte

com o que chama de Estética do Movimento Criador. Se­gundo ela, ao narrar a gênese da obra, o pesquisador pre­tende tornar o movimento le­gível e revelar alguns dos sis­temas responsáveis pela sua geração. E esses sistemas pautam-se por um caráter processual, pelo qual "as obras estão sempre num fazer" . Nesse sentido, o pesquisador "emoldura o transitório".

Vinculada ao Progra­ma de Pós-graduação em Comunicação e Semiótica da PUC de São Paulo, Cecí­lia Salles implementou o Centro de Estudos de Crítica Genética, reunindo pesquisa­dores de áreas distintas. Essa

CECI!...\" ,lt..\....MEIOA S ... LL.ES A intervenção do acaso no ato criador ga­nha relevância, mas com outras tintas . Cecília diversidade, associada a refle-

xões permanentes, rendeu à autora rico material que, associado à sua ba­gagem de refinada perspicácia, estabelece as bases para vôos teóricos de primeira linha.

A Crítica Genética nasceu na França do final da década de 1960, a partir de proble­mas metodológicos que pesquisadores encar­regados de organizar manuscritos literários enfrentaram. Já nos anos 80, esse tipo de pes­quisa desenvolve-se no Brasil, dando conti­nuidade a seu caráter inaugural, ou seja, de­tectar nos manuscritos deixados por escrito­res pistas que possam dar conta de particula­ridades e generalidades do processo.

Figurando entre os pioneiros nas pesqui­sas de Crítica Genética no país, Cecília desen­cadeou pelo menos dois saltos nessa área. Primeiro, deu substância teórica aos estudos, resultado de frutífero encontro com a semió­ticadeC.S. Peirce. Depois, ampliou a área de investigação, antes restrita aos manuscritos literários, para produções inventivas de toda e qualquer mídia, inclusive as mais recentes, que se expandem juntamente com os compu­tadores. Através desse enfoque, o conceito estrito de manuscrito deixa de fazer sentido e é substituído pelo de "documentos de pro­cesso", que são todo e qualquer registro ma­terial do processo criador, independentemen­te das linguagens em que se inscreve.

Os resultados de tais iniciativas encon­tram, agora, uma síntese neste livro. Cecília, na apresentação, já define um dos pilares da Crítica Genética, que é a busca dos meandros da criação através dos rastros ou marcas dei­xadas pelos artistas durante o processo. Ou

lembra que o artista, envolvido no clima de produção de uma obra, passa a acreditar que o mundo está voltado para sua necessidade momentânea e seu olhar transforma tudo para seu interesse. Existe uma "lógica" do acaso quando se pensa no processo criador ativado em sistemas mais amplos.

As tensões do movimento criador tam­bém são contempladas nessa parte do traba­lho, tensões essas que a autora vislumbra como pólos opostos de naturezas diversas e que agem dialeticamente um sobre o outro, mantendo o processo em ação. Dessas idéias desenhadas por Cecília emana uma interes­sante afinidade com as chamadas "teorias da complexidade", que falam de sistemas dota­dos de incrível capacidade auto-organizativa, apesar do forte teor de caoticidade em que se articulam. Há, portanto, na perspectiva de criação que o livro projeta, ecos do que for­mulam pensadores de ponta neste final do século XX, como Edgar Morin e Ilya Prigo­gine.

Na segunda parte, a autora propõe algu­mas "abordagens para o movimento criador", das quais se destaca o conceito de "ação trans-

SECRETARIA DA CIÊNCIA TECNOLOGIA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

formadora". Ela defende a idéia de que o per­curso criativo observado sob o ponto de vista de sua continuidade "coloca os gestos cria­dores em uma cadeia de relações, formando urna rede de operações estreitamente liga­das". O ato criador, nesse ponto de vista, é classificado como um processo inferencial.

Ao caracterizar o movimento criador como complexa rede de inferências, a autora contrapõe-se à idéia de que a criação é uma inexplicável revelação sem história ou uma descoberta que surge na forma de geração espontânea. O interesse do pesquisador, en­tretanto, deve recair na tessitura dos vínculos exibidos pelo processo inferencial. Segundo Cecília Salles, "a criação como processo de inferência mostra que elementos aparente­mente dispersos estão interligados; já a ação transformadora mostra o modo como um ele­mento inferido é atado a outro".

Em outro ponto alto de suas reflexões, Cecília enaltece o percurso organicamente intersemiótico do ato criador, em que pese a linguagem específica de cada objeto constru­ído. Ou seja, há uma confluência de manifes­tações organizadas nas linguagens mais diver­sas que, em um processo ininterrupto de apro­priação e tradução, ganha tintas especiais e originais na obra projetada.

A autora também propõe um conceito de verdade artística, cuja natureza reside no tra­jeto do artista em direção à obra, delimitan­do, dessa forma, o que de fato interessa à Crí­tica Genética: a construção, o processo em que a obra definitiva se encerra, e no qual as marcas apontam para uma semiose sem fim. Isso porque, ao entrar em circulação, a obra desencadeia novos processos tradutórios para o mesmo artista na busca de sua poeticidade máxima, ou para outros.

Gesto Inacabado, portanto, oferece rico painel para se pensar a produção de signos nas mais variadas linguagens. Tudo isso através de um texto que, mesmo com rigor acadêmi­co, revela uma autora de elegante fluência, que mescla pitadas de jornal is mo com o en­saio, num resultado delicioso.

Ronaldo Henn Jornalista, professor da Unisinos (RS)

e doutorando em Comunicação e Semiótica na PUC-SP

GOVERNO DO ESTADO DESAOPAULO

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Inovação. Tecnológica

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A F APESP, a geração do conhecimento e sua aplicação

CARLOS HENRIQUE DE BRJTO CRUZ

Presidente da FAPESP

"Não há ciência aplicada; há somente apli­cações da ciência. O estudo das aplicações da ciência é muito fácil e acessível a qual­quer um que domine o saber e a teoria. "

LOUIS PASTEUR, 1822-1895

A o lado de seu compromisso inalienável com o apoio à geração do conhecimento, a FAPESP tem-se preocupado cada vez mais inten­samente também com a disseminação e aplicação do conhecimen­to. Trata-se de uma preocupação totalmente em sintonia com as

aspirações da sociedade paulista e com os desafios presentes no início de um novo milênio marcado pelo estabelecimento da chamada "sociedade do co­nhecimento". Mais do que nunca, hoje, o conhecimento tornou-se a verdadei­ra riqueza das nações: aquelas que forem capazes de gerá-lo e aplicá-lo com mais desenvoltura serão as que terão oportunidade de desenvolver-se econõ­mica e socialmente.

Para a FAPESP, este novo desafio não significa abandono das realizações anteriores, como agência eficaz no desenvolvimento do conhecimento funda­mental. Ao contrário: a partir da aceleração vertiginosa do avanço das fronteiras sem fim da ciência e da intensificação da dependência da tecnologia em relação aos desenvolvimentos científicos, tornou-se natural para a Fundação exercer este novo papel como promotora e indutora das aplicações da ciência.

Em sua obra recentemente publicada, O Quadrante de Pasteur, Donald Stokes aponta a inefetividade de classificações do conhecimento entre as categorias mu­tuamente exclusivas do conhecimento fundamental e do conhecimento aplica­do. Ao contrário, seguindo os ensinamentos de Francis Bacon e de Pasteur, Stokes reconhece a utilidade (em um sentido amplo) imanente do conhecimento. E des­taca que, em vez de se usarem categorias mutuamente exclusivas, devem-se usar categorias que admitam certo grau de mistura e composição.

Assim, ele define um plano, estabelecendo dois eixos: um, o da relevância para o avanço do conhecimento, e outro, o da relevância para aplicações a curto e médio prazo, sendo as duas relevâncias avaliadas no momento da pro­posição ou início do projeto. Desta maneira, podem-se classificar as contribui­ções ao conhecimento, de acordo com o quadrante em que se situem. No qua­drante da alta relevância a curto e médio prazo, mas de limitado impacto para o avanço do conhecimento, coloca inventores importantes como Thomas Edison, cuja obra se voltou muito mais para os aspectos práticos. No quadrante da alta relevância para o avanço do conhecimento universal, mas de limitado impacto prático (pelo menos no momento da descoberta), coloca Niels Bohr, um dos artífices da física quântica. E no quadrante da alta relevância para o avanço do conhecimento e também para as aplicações imediatas coloca Pasteur, que criou

SUPLEMENTO ESPECIAL 00 NOTÍCIAS fAPESP N' 46 • INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

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2 a ciência da microbiologia ao estudar problemas de fermentação na fabricação de bebidas alcoólicas.

Sem prejuízo da importância dos Quadrantes de Bohr e Edison, este Qua­drante de Pasteur é especialmente fascinante, mais ainda neste momento em que o conhecimento é reconhecido como uma condição essencial ao desen­volvimento.

Por outro lado, no caso brasileiro é necessário considerar as dificuldades estruturais presentes para o avanço da tecnologia. Em primeiro lugar, nosso sistema de Ciência e Tecnologia é reduzido em termos de recursos humanos qualificados- contamos apenas com algo em torno de 90 mil cientistas e enge­nheiros ativos em pesquisa e desenvolvimento. Esta quantidade corresponde somente a 0,14% da força de trabalho ativa e se compara muito desfavoravel­mente com o existente em outros países como Espanha (0,24%), Coréia do Sul (0 ,37%), Itália (0,31%) ou EUA e Japão (0,75%). Em segundo lugar, a atividade de pesquisa e desenvolvimento concentra-se no ambiente acadêmico de univer­sidades e institutos de pesquisa. Estas duas instituições são elementos essenciais em qualquer Sistema Nacional de Inovação, mas não suficientes: falta-nos a presença da empresa como atar decidido e determinante na arena da pesquisa e do desenvolvimento tecnológico.

Enquanto em nosso país há, talvez, 9 mil cientistas e engenheiros atuando em P&D em empresas, países de industrialização recente como a Coréia do Sul apresentam 75 mil destes profissionais, ao passo que nos Estados Unidos há quase 800 mil cientistas e engenheiros fazendo P&D nas empresas. Cabe desta­car finalmente o ambiente económico instável, extremamente desfavorável e até mesmo hostil, para que as empresas realizem investimentos de retorno certo, mas em prazo muitas vezes longo, como são os investimentos em P&D.

Mesmo diante destas dificuldades, vem sendo desenvolvida uma capacitação nacional para o desenvolvimento de tecnologia. O estabelecimento de uma das mais importantes empresas fabricantes de aviões a jato do mundo, a Embraer, e o desenvolvimento da tecnologia de perfuração e prospecção na Petrobras são dois exemplos recentes de sucesso nessa área

Em 1994 a FAPESP estabeleceu o Programa de Apoio à Pesquisa em Parce­ria entre Universidades e Institutos de Pesquisa e Empresas, hoje programa Parceria para Inovação Tecnológica, o PITE. Uma iniciativa cuidadosa, o PITE hoje é um programa consolidado que apóia 46 projetos.de pesquisa em parce­ria. Parceria de verdade, onde o interesse no projeto é aferido, entre outras coisas, pelo valor do investimento efetivo que a empresa destina ao projeto. No conjunto destes projetas atingimos a média de 60% do custo financiado pela empresa e 40% financiado pela FAPESP. Várias aplicações importantes já foram concluídas, trazendo competitividade à empresa e levando temas relevantes de pesquisa para as instituições acadêmicas.

Elemento importante para o sucesso de um programa como o PITE foi o desenvolvimento da engenharia no país, especialmente em função da intensifi­cação e da progressiva qualificação da atividade de pesquisa nas escolas e facul­dades de engenharia. Nisto teve papel fundamental o desenvolvimento dos programas de pós-graduação nesta área . Por isso não surpreende que um gran­de número dos projetas do PITE esteja na área das engenharias.

A Figura 1 registra o crescimento do apoio da FAPESP às áreas aplicadas tradicionalmente relacionadas à tecnologia e às aplicações do conhecimento: a Engenharia, a Agronomia e a Veterinária. É forçoso reconhecer que é uma clas­sificação excessivamente simplificadora - há vários projetas em outras áreas voltados a aplicações, como certamente haverá aqui projetas de cunho mais fundamental. Mesmo assim, a evolução mostrada atesta um crescimento dirigido à área tecnológica. Somem-se a isto o PITE e o PIPE (Inovação Tecnológica em

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA · SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTICIAI FAPEIP N' 46

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Pequenas Empresas) , pro­grama criado em 1997 vol­tado ao apoio à pesquisa na pequena empresa.

No PIPE há já uma car­teira de 88 projetos em an­damento. São dezenas de pequenas empresas apos­tando no conhecimento como fonte de riqueza, de desenvolvimento, de em­pregos, de soberania nacio­nal. Com a intensificação da divulgação do PIPE em edi­tais publicados nos meios de comunicação de todo o Estado, espera-se aumentar expressivamente o número de projetos apoiados. Pou­cas agências de apoio à pes-

~ i 60.000 1------------------w ~ .. "'

Pequena Empresa • Parceria Universidade·Empresa

I Agronomia e Veterinária I Engenharia

Figura I. Crescimento do valor dos contratos de apoio pela FAPESP em áreas do conhecimento e programas voltados para a tecnologia

e aplicações.

quisa no mundo têm uma carteira de projetos como esta, e cremos que esta iniciativa da FAPESP trará contribuição distintiva ao desenvolvimento do Estado de São Paulo.

A preocupação da Fundação com a disseminação e aplicação do conheci­mento se estende também ao setor público, como demonstra o último programa lançado pela F APESP , o de Pesquisas em Políticas Públicas. Neste , apóiam-se projetos de pesquisa que criem, estudem ou avaliem políticas públicas, em par­cerias com órgãos governamentais da esfera estadual, federal ou municipal ou até mesmo organizações sociais. Os primeiros 61 projetos contratados tratam de saneamento, recursos hídricos, tecnologia para o sistema de saúde, gestão tribu­tária, ensino público, sustentabilidade, ao lado de vários outros temas essenciais para o desenvolvimento paulista .

Os projetos do PITE e do PIPE são apresentados neste suplemento. Aços elétricos, tintas mais eficientes, mantas de fibras ópticas para tratamento neona­tal, programas de computador e muitos outros. São projetos que demonstram a capacidade instalada no Estado de São Paulo para a geração e aplicação do conhecimento. Capacitação construída ao longo de vários anos de investimen­tos expressivos do Estado paulista, materializados ao longo de sucessivos gover­nos estaduais, em três universidades públicas da mais alta qualidade, em impor­tantes institutos de pesquisa estaduais e na FAPESP. Ao lado dos investimentos federais , especialmente na forma de bolsas de estudo de pós-graduação, a inicia­tiva paulista construiu um patrimõnio institucional que coloca o Estado de São Paulo na vanguarda, nesta era de desenvolvimento baseado em conhecimento.

3

SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTÍCIAS FAPESP N' 46 • INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

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Pesquisa tecnológica e os parâmetros de sua

relevância: a ação da FAPESP

JOSÉ FERNANDO PEREZ

Diretor Cientifico da FAPESP

1. PITE - A parceria necessária

11 os últimos anos, a FAPESP passou a incluir em suas prioridades o financiamento de pesquisas visando à inovação tecnológica. O pri­meiro passo foi a criação do programa Parceria para a Inovação Tec­nológica (PITE), que se destina a co-financiar projetos de interesse

de empresas desenvolvidos nas instituições de pesquisa do Estado de São Pau­lo. Os termos da parceria exigem uma contrapartida financeira real da empresa, que, ao compartilhar os riscos envolvidos, documenta seu autêntico interesse na geração e apropriação da tecnologia a ser desenvolvida, ao mesmo tempo que confere credibilidade à proposta. Pretende-se assim contribuir para superar uma dificuldade histórica da pesquisa tecnológica no Brasil: a dissociação entre a oferta e a demanda. É bem conhecido que muita tecnologia inovadora perma­neceu nas prateleiras das instituições de pesquisa porque foi produzida com infundados pressupostos de interesse industrial.

O programa já propiciou apoio a 46 projetos, com um aporte financeiro das empresas parceiras, em média, superior ao valor do investimento feito pela FAPESP. Entre os concluídos, podemos registrar vários muito bem-sucedidos. Para não deixar muito vaga essa afirmação, mencionaremos apenas alguns.

Comecemos pelo caso do inovador projeto para a produção de pigmentos a partir de fosfatos , parceria entre a UNICAMP e a empresa Serrana/ Fosfértil , que termina com a perspectiva de instalação de uma planta industrial que poderá gerar empregos e significativa economia de divisas . Os benefícios au­feridos pela instituição de pesquisa, que negociou de forma também compe­tente os direitos de propriedade intelectual · decorrentes , vão além do bem­vindo retorno financeiro: o pesquisador responsável, reconhecida liderança científica, dá um testemunho enfático de que o grupo "aprendeu boa química" com o projeto. Materializa-se nesse exemplo o círculo virtuoso possível e ne­cessário na parceria: gerar e transferir conhecimento com retorno financeiro e intelectual.

Grande visibilidade teve o projeto para o desenvolvimento do software para correção de sintaxe Revisor, resultado da parceria entre a USP - São Carlos e a Itautec-Philco. Projeto intelectualmente sofisticado, multidisciplinar, envolven­do lingüistas e especialistas em tecnologia da informação. Além da geração de um produto e de diversos prêmios recebidos pela equipe de pesquisadores, a metodologia desenvolvida promete ainda vários desdobramentos. A embala­gem do produto faz explícita menção ao apoio da FAPESP.

SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTÍCIAS FAPESP N' 46 • INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

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6 Notáveis foram também os resultados obtidos na parceria IPT - CSN, graças

à qual o Brasil já produz uma nova geração de aços elétricos de "média eficiên­cia" de melhor desempenho e de alta competitividade no mercado internacio­nal. O IPT coordenou um consórcio de instituições de pesquisa do Estado em um projeto de alta complexidade e multidiscip)inar.

ESTATÍSTICA PROGRAMA PITE

• Total projetos apresentados: 78 • projetas aprovados: 46 • projeta s em andamento : 26 • projetas encerrados: 20 • empresas parceiras: 44 • instituições de pesquisa: 9

• Investimento total: R$ 21.606.663,28 • contrapartida das empresas: R$ 11.436. 132,04 (53%) • investimento FAPESP: R$ I 0. 170.531 ,24 (47%)

INSTITUIÇÃO PROJETOS

USP UNICAMP

UNESP

21 9 5

INSTITUIÇÃO PROJETOS

INST. PESQ. ESTADO<'>

ENTIDADES FEDERAIS<2> ENTIDADES PARTICULARES(]>

8 I 2

( I) lnst. Butantan, lnst. Pesquisas Tecnológicas e lnst. Tecno logia de Alimentos

(2) ITNCTA

(3) UNIVAP, CPqD/ABTLuS

EMPRESAS PARCEIRAS

Aché Laboratórios Farmacêuticos S/A AçosVillares S/A AsGa Microeletrônica S/ A Associação Brasileira do Papelão

Ondulado - ABPO Biolab-Mérieux S/A BRAILE Biomédica lnd., Comércio

e Representações Ltda. CBA- C ia. Brasileira de Alumínio CESP - C ia. Energética de São Paulo Cia. Suzano de Papel e Celulose Chocolates Finos Serrazul Ltda. Cooper. Produts. Cana, Açúcar e Álcool

do Estado de SP - COPERSUCAR CSN -Companhia Siderúrgica Nacional CST - C ia. Siderúrgica de Tubarão Fish-Braz Com., lmport. e Export. Ltda. FUNDEPAG Ass. de Empresas Gertec Represent.,Assessoria

e Produção de Embriões Ltda. ltautec-Philco S/A Kunzel Brasil Equipamentos

Odontológicos Ltda. Laboratório de Informática Aplicada

Martinez & Micheloni Ltda. Microline - Multiplexadores de R.F. Ltda. Montecitrus Trading S/ A NCR Esterilização D 'Água por UV Ltda. NESTLÉ Industrial e Comercial Ltda. Owens Corning Fiberglas A S. Ltda. PERROTTI Informática Com., lmp. e Exp. Ltda. PETROBRAS- Petróleo Brasileiro S/ A Rhodia do Brasil Ltda. Rhodia S/A SAMA- Mineração de Amianto Ltda. Sebrae-SP Serrana de Mineração Ltda. Shimura ' s Granja/Shimura Alimentos Ltda. Solvay Saúde Animal Ltda. Teccom lndl. e Comi. de Equips. Ltda. Tecnobio Ltda. TETRA PAK Ltda. TORO Indústria e Comércio Ltda. Unid. Radiológ. Paulista Clínica Diagnóst.

por Imagens S/C Ltda. UNIMED - Participações S/C Ltda. UNISOMA Matemática para ProdutividadeS/A Usiminas

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA · SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTÍCIAS FAPESP N' 46

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2. PIPE -A empresa como ambiente de pesquisa

O passo mais ousado da FAPESP no financiamento de pesquisas visando à inovação tecnológica foi, sem dúvida, o lançamento do programa Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas (PIPE), para financiar, sem nenhuma exi­gência de contrapartida, projetas de pesquisa desenvolvidos dentro de empre­sas com, no máximo, cem empregados. Ao se definir a micro ou pequena em­presa como ambiente para a realização de pesquisas, procura-se contribuir para superar uma das mais flagrantes deficiências de nosso sistema de pesquisa: sua concentração, quase que exclusiva, dentro do ambiente acadêmico. Sob certas condições, são concedidas bolsas aos pesquisadores sem vínculo empregatício com a empresa. Os projetas aprovados são desenvolvidos em duas fases. A primeira, com duração de seis meses e financiamento limitado a R$ 50 mil, deve produzir um estudo de viabilidade técnica e comercial. Os projetas bem-sucedi­dos nesta fase recebem recursos adicionais, limitados a R$ 200 mil, para sua execução dentro de um prazo de mais dois anos.

A possível objeção ideológica ao investimento de uma instituição pública em empresas privadas deve ser simplesmente respondida com uma referência a pro­gramas, conceitualmente idênticos ao PIPE, existentes em outros países. Nos Esta­dos Unidos, por exemplo, de acordo com lei aprovada pelo Congresso, todas as agências federais de fomento à pesquisa cujo orçamento seja superior a US$ 100 milhões- incluindo, portanto, National Science Foundation, National Institutes of Health, Department of Energy, Department of Agriculture, NASA, entre outras -são obrigadas a manter programas conhecidos pela sigla comum SBIR (Small Business Innovative Research) com as mesmas características do PIPE e com re­cursos não inferiores a 2,5% do investimento total anual de cada agência. Em 1999, esses programas mobilizaram recursos superiores a US$ 1,2 bilhão.

A demanda vem superando as mais otimistas previsões, tanto pelo núme­ro como pela qualidade dos projetas apresentados. Os dados relativos ao pri­meiro edital do programa são eloqüentes. Dos 80 projetas apresentados, 60 foram considerados como enquadrados nas normas do programa e foram envia­dos a assessores ad hoc para análise de mérito. Os assessores, reconhecidos especialistas nas respectivas áreas de conhecimento de cada projeto, avaliaram a inovação tecnológica pretendida, o projeto de pesquisa e sua viabilidade e o potencial comercial ou social da inovação pretendida. Nesse rigoroso processo seletivo, 31 projetas foram aprovados. Seis meses depois, foram encaminhados à FAPESP os respectivos relatórios de progresso realizado no período. A análise pela assessoria do material enviado considerou que 23 foram bem-sucedidos e garantiu seu financiamento na segunda fase. Essa taxa de sucesso é outro indi­cador preliminar da qualidade dos projetas.

PROGRAMA PIPE - I~ Edital Qulho/99)

Fase I 80 solicitações 31 projetos aprovados (39%) Investimento FAPESP: R$ 1.411.754,60 Valor médio por projeto: R$ 45.540,47

Fase 2 3 I solicitações 23 projetos aprovados (74%) Investimento FAPESP: R$ 4.565.194,22 Valor médio por projeto: R$ 198.486,71

7

SUPLEMENTO ESPECIAl DO NOTÍCIAS FAPESP N' 46 • INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

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8 Há outro aspecto inovador importante do PIPE: a não exigência de títulos

acadêmicos de pós-graduação do pesquisador responsável, ficando este apenas com o ônus de documentar sua competência e experiência em pesquisa, de for­ma a viabilizar a execução do projeto. Essa decisão tem sido outro fator de estímulo à demanda qualificada. De fato, em 40% dos projetos aprovados o pesquisador não tem o título de doutor.

MAIORTITULAÇÃO DO PESQUISADOR RESPONSÁVEL

• Graduação • Mestrado • Doutorado

18 (21%) IS (18%) 52 (61%)

Cerca de 90 empresas<!) já foram financiadas nos cinco primeiros editais do programa, sendo que 35 já obtiveram financiamento para a Fase 2 de seus proje­tos. Esses projetos cobrem uma variada gama de áreas de conhecimento.

ÁREA DE CONHECIMENTO PROJETOS APROVADOS

Fase I Fase 2

Agrárias li Biológicas 3 Computação 4 Engenharias(*) 54 Física 8 Geociências Humanas e Sociais Química 2 Saúde 3

TOTAL 87

(*)Aeroespacial (2), Biomédica (8), Elétrica ( 17), Materiais (9), Mecânica (4), Química (6), Sanitária (3), Minas, Produção e Transporte (I), Outras Engenharias (2).

2 3 2

24

2

35

A distribuição das empresas contempladas pelos municípios do Estado se correlaciona com a existência de centros de pesquisa, distinguindo-se aí São Paulo, Campinas, São José dos Campos e São Carlos, bem como seus arredores.

MUNICÍPIOS PROJETOS APROVADOS

Fase I Fase 2

Campinas 19 5 São Carlos 8 5 São José dos Campos 12 5 São Paulo 25 12 Outros Municípios(*) 23 8

TOTAL 87 35

(*) Barretes, Botucatu, Cajati, Cajobi (2), Catanduva, Guarulhos,Jarinu,Jundiaí,Juquitiba, Monteiro Lobato, Paulinia (2), Piracicaba, Ribeirão Preto, Sta. Bárbara D 'Oeste, Sta. Maria da Serra, São João da Boa Vista, São Joaquim da Barra, Sertãozinho, Sumaré, Suzano (2).

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA · SUPLEHENTO ESPECIAL DO NOTÍCIAS fAPESP N' 46

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Essa maior concentração reflete a extstencia de centros de excelência na formação de pesquisadores, mostrando que o programa, muito embora não sendo dirigido para pesquisadores em ambiente acadêmico, deverá se constituir também em instrumento de transferência de conhecimento do sistema de pes­quisa para o ambiente empresarial, sob sua forma mais eficaz: o egresso da universidade partindo para a pesquisa na empresa. O investimento da FAPESP vem crescendo como conseqüência de dois fatores: o aumento da demanda e a passagem de vários projetas para a Fase 2 (Tabela PIPE- geral). Mantida essa taxa de crescimento, o PIPE poderá representar, já no ano 2000, cerca de 2,5% do investimento anua l da FAPESP.

PROGRAMA PIPE

Fase I 254 solicitações 87 projetos aprovados (34%) 33 projetos em andamento 21 projetos em análise Investimento FAPESP: R$ 3.847.814,32 Valor médio por projeto: R$ 44.227,75

Fase 2 67 solicitações 35 projetos em andamento (52%) 16 projetos em análise Investimento FAPESP: R$ 6.745.846,22 Valor médio por projeto: R$ 192.738,46

INVESTIMENTO Fase I + Fase 2: R$ I 0.233.660,54

3. Propondo parâmetros de relevância

Juntos, o PITE e o PIPE proporcionaram apoio a mais de 130 empresas em busca da inovação tecnológica, número que testemunha a existência de uma competência instalada em nosso sistema de pesquisa que começa a ser deman­dada pelo setor industrial. A ação da FAPESP não visa substituir o necessário e, ainda, tímido investimento privado em pesquisa, mas sim contribuir para a cria­ção de uma cultura que reconheça a impottância da incorporação de conheci­mento ao produto como instrumento de competitividade.

Estamos apenas no começo de um longo processo onde todos- pesquisa­dores, empresas e a própria FAPESP - têm muito a aprender, mas o PITE e o PIPE já propõem, na prática, uma resposta comum, ainda que preliminar, a questões que vêm preocupando os formuladores de política científica e tecnoló­gica: como identificar a pesquisa genuinamente tecnológica e quais os parâme­tros de sua relevância? Dentre outros indicadores de qualidade ele projetas, há um parâmetro essencial para determinar, ao mesmo tempo, a autenticidade e a relevância da pesquisa tecnológica: o comprometimento real da empresa, seja como executora do projeto, seja como parceira do risco.

(1) São 88 projetos apoiados até o momento. Nas estatísticas aparecem 87 projetos aprovados na Fase 1, porque um deles realizou por conta própria a pesquisa de viabilidade e passou direto para a Fase 2.

9

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ÍNDICE 11

PARCERIA PARA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

PITE

Avaliação Agronômica e Industrial de Variedades Cítricas, 19

2 Desenvolvimento de um Programa de Manejo de Elodea densa e Egeria densa no Reservatório de Jupiá, 19

3 Qualidade Alimentar e Agricultura em uma Economia de Mercado: Produção Orgânica e Certificação de Produtos Agropecuários para Obtenção de Selo Verde (Green SeaQ, 19

4 Produção de Soro, Toxinas e Vacinas Botulínicas, 20

5 Estudo da Viabilidade Técnica da Lata Microrrecravada para Acondicionamento de Óleo Vegetal Comestível, 20

6 Desenvolvimento de Tecnologia Visando o Aproveitamento de Derivados de Levedura em Alimentação Humana e Animal, 20

7 Implantação de uma Rede de Telemedicina e de Apoio à Prática Médica Cobrindo Todo o Território Nacional, 21

8 Desenvolvimento de um Sistema de Gerenciamento Remoto para Programas de Garantia da Qualidade em Departamento de Diagnóstico por Imagem, 21

9 Projeto e Implementação de um Revisor Gramatical Automático para o Português, 22

lO Sistema de Treinamento de Pilotos: Simulador da Cabine da Aeronave, 22

li Projeto, Construção e Operação de Usina Piloto para Recuperação de Gálio a partir do Licor de Bayer, 23

12 Projeto de Alfabetização e de Escolarização de I~ Grau para Colaboradores Funcionários da C ia. Nestlé de Alimentos, 23

13 Desenvolvimento de Aços Elétricos, 23

14 Programa de Desenvolvimento e Construção de Válvulas Cardíacas de Pericárdio Bovino e Mecânicas, 24

IS Cateter a Fibra Óptica para Diagnóstico de Placas Ateromatosas no Sistema Cardiovascular, 24

16 Painéis de Cimentos de Escória Reforçados com Fibra de Vidro E (E-GRC), 25

17 Sistema Automatizado de Cópias de Segurança e Recuperação de Arquivos Backup!Restore em Plataformas Heterogêneas, 25

18 Sistema de Localização Visual e/ou Sonora dos Objetos Fixos ou em Movimento, 25

19 Aumento da Biomassa de Eucalipto pela Introdução do Gene CAB via Transformação Genética, 26

20 Produção de Compósitos à Base de Fibras Naturais para Utilização na Indústria Automobilística, 26

21 Desenvolvimento da Produção de Cilindros de Aço Rápido para Laminação de Tiras a Quente, 27

22 Estudo do Processo de Lingotamento Contínuo de Placas Finas, 27

23 Desenvolvimento de Metodologia de Ensaios de Ligas Resistentes a Carburação e a Carburação Catastrófica, 27

24 Síntese e Caracterização de Materiais Carbonosos Avançados, 28

25 Paralelização de Ajuste do Histórico de Produção em Rede de Gestações Usando PVM, 28

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12ÍNDICE

26 Coloração Ambiental como Facilitador da Reprodução e Redutor de Canibalismo em Matrinxã, 29

27 Reorganização Estratégica e Inovação Tecnológica na Linha de Produtos, 29

28 Desenvolvimento da Otimização Integrada das Unidades de uma Refinaria de Petróleo, 30

29 Otimização e Controle Avançado do Reatar de Ciclo-Hexanol da Usina Química de Paulínia- Rhodia, 30

30 Prumo- Projeto de Unidades Móveis de Atendimento Tecnológico às MPE- Micro e Pequenas Empresas, 30

31 Desenvolvimento de Processo de Polimerização para Produção de Polímeros com Baixo Teor de Monômero Residual, 3 I

32 Avaliação da Reciclagem de Resíduos Industriais Derivados da Síntese do Estireno e da Laminação do Alumínio Metálico com Vistas a sua Aplicação na Proteção de Cobertura de Construções Civis, 31

33 Desenvolvimento de Reatar para Esterilização de Águas Residuais, 32

34 Avaliação in Vitro e in Vivo de Dezenove Moléculas com Alto Potencial Antiinflamante, 32

35 Aplicação das Tochas de Plasma em Processos Siderúrgicos, 32

36 Desenvolvimento de Lasers de Alta Potência com Emissão na Região Espectral de 800 a I 000 nm, Baseados em Heteroestruturas de GaAs/lnGaAsP/InGaP, 33

37 Purificação e Caracterização de Antígenos de Cisticercos (Taenia crassiceps) para o Desenvolvimento de Reagentes Diagnósticos para Cisticercose Humana, 33

38 Análise do Ciclo de Vida de Embalagens para o Mercado Brasileiro, 34

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA · SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTÍCIAS fAPESP N' 46

39 Desenvolvimento de Sistemas de Embalagens de Papelão Ondulado para Hortifrutícolas, 34

40 Solver de Alto Desempenho para Problemas de Otimização Estruturados, 34

41 Avaliação do Potencial de Produção de Embriões in Vitro de Vacas com Alto Valor Genético e Infertilidade Adquirida, 35

42 Controle da Contaminação por Fungos Filamentosos e Actinomicetos e Termorresistentes em Derivados de Tomate Processados Assepticamente, 35

43 Desenvolvimento da Moldeira de Transferência­Técnica Zanetti, 36

44 Desenvolvimento de Implantes Otimizados para Áreas de Pouca Densidade Óssea e Produtos para Regeneração Óssea, 36

45 Novos Pigmentos Inorgânicos e Híbridos, à Base de Fosfatos, 36

46 Produção Contínua de Álcool Carburante Utilizando Saccharomyces cerevisiae suportado em Crisotila, 37

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INOVAÇÃO TECNOLÓGICA EM

PEQUENAS EMPRESAS PIPE

Produção do Hormônio de Crescimento Humano pela Tecnologia do DNA Recombinante, 41

2 Otimização dos Rendimentos de Expressão Bacteriana, Fermentação e Purificação de Hormônio de Crescimento Humano Recombinante,Visando Viabilizar sua Produção e Comercialização, 41

3 Aplicação de Aprendizagem por Computador e Morfologia Matemática em OCR de Fase de Computador, 41

4 Segmentação Assistida de Imagens e Vídeos Digitais, 42

5 Desenvolvimento de Sistemas para Sinalização R2/MF Utilizando Novas Técnicas de Processamento de Sinais, 42

6 Aperfeiçoamento do Filtro Vacuum Press para Indústria de Açúcar e Álcool, 43

7 Desenvolvimento de Refrigeradores Baseados no Fenômeno Termoacústico, 43

8 Análise Estocástica da Dinâmica Temporal das Arritmias Cardíacas, por meio da Gravação Intermitente do Eletrocardiograma, por Períodos de Tempo muito Longos, 43

9 Desenvolvimento de um Topógrafo lntracirúrgico (primeiro protótipo), 44

lO Desenvolvimento de Vídeo Endoscópico com Óptica Gradiente, 44

li Um Sistema Computacional para Análise de Lesões Cutâneas, 45

12 Projeto e Desenvolvimento de Equipamento para Fototerapia Neonatal Baseado em Fibra Óptica Corrugada, 45

ÍNDICE 13 13 Sistema de Monitoramento de Frota de Veículos de Transporte Coletivo Urbanos, 45

14 Descompressor de Programas para Processador RISC, 46

IS Desenvolvimento de Multiplexador STM-1 para a Rede Óptica de Acesso, 46

16 Call lP- Sistema de Comutação Telefônica para Cal/ Centers Utilizando Voz sobre lP, 47

17 Projeto e Construção de Protótipos de Controladores, 47

18 Linearizador Pré-Distorcivo para Amplificadores de Alta Potência de Estações Terrenas de Satélites, 48

19 Medidor de Distância a Laser com Alcance de 20 Metros para Uso Industrial, 48

20 Desenvolvimento de Terminal de Usuário para Transmissão e Recepção de Voz e Dados via Satélite, 48

21 Controle da Produção Diária de Abatedouro de Frangos, 49

22 Desenvolvimento de Multiplexador/Modem Óptico 16xE I com Inovações Tecnológicas, 49

23 Bancada Experimental para Validação de Software e Hardware para Baterias Inteligentes, 50

24 Desenvolvimento de Dispositivos em Diamante-CVD para Aplicações de Curto Prazo, 50

25 Obtenção de (gama)-Mn0

2 a partir de Diferentes

Materiais Manganesíferos, para Emprego em Pilhas, 50

26 Desenvolvimento de Chapas VDS (Vibration Damping Stee0 para Absorção de Ruídos e Vibrações, 5 I

27 Produção de Carbonato de Manganês de Alta Pureza, 5 I

28 CERAMIX- Sistema Computacional para Formulação e Reformulação de Massas Cerâmicas, 52

29 Fabricação de Cartões de Crédito, Cartões Plásticos Fechados e Abertos, 52

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14 ÍNDICE

30 Pesquisa e Desenvolvimento de Sistemas Microcontrolados para Monitoramento de Operações de Usinagem de Componentes de Precisão Utilizando Emissão Acústica, 52

31 Desenvolvimento de Sistemas de Controle Otimizado para o Processo de Moagem da Cana-de-Açúcar, 53

32 Oxidação Anódica a Plasma de Alumínio em Meio Aquoso, 53

33 Desenvolvimento e Avaliação de Pseudoquelantes no Branqueamento de Pasta de Celulose por H

20

2

e na Inibição de Corrosão dos Equipamentos, 54

34 Materiais Avançados para Fabricação de Separadores Bipolares para Células a Combustível de Polímero Condutor lônico, 54

35 Desenvolvimento de Tecnologia para Avaliação de Riscos Ambientais de Locais com Solos e Águas Subterrâneas Contaminadas, 54

36 Sistema Automático para Monitoração de Rotas de Veículos, 55

37 Desenvolvimento de um Sistema para Medir Concentrações de Poluentes na Atmosfera com Lasers Infravermelhos (C0

2 e CO)

por Espectroscopia Fotoacústica, 55

38 Registrador Espaço-Tempo a Jato de Tinta, 56

39 Aplicações de Lasers no Processamento de Materiais, 56

40 Equipamento para Previsão de Doenças Fúngicas em Vegetais, 56

41 Seleção de Híbridos de Milho Resistente a Phaeosphaeria maydis P. Henn, 57

42 ENSCER- Sistema Informatizado e Integrado para Ensino e Avaliação do Progresso Pedagógico e Neural de Crianças Portadoras de Deficiência Mental, 57

43 Desenvolvimento de uma Vacina Bacteriana-Toxóide para Prevenção da Síndrome da Má Qualidade da Casca de Ovos em Aves Reprodutoras e Poedeiras Comerciais, 58

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA • SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTÍCIAS FAPESP N' 46

44 Aplicação de Técnicas Moleculares em Agropecuária: Aprimoramento do Registro Genealógico de Bovinos e Eqüinos, 58

45 Desenvolvimento Tecnológico de Sistemas Microambientais para Biotérios de Criação, Manutenção e Experimentação de Pequenos Animais, 58

46 Estação de Trabalho Espectrofotométrica, 59

47 Laboratório de Metrologia Química, 59

48 Avaliação de Sistema de Tratamento de Águas Residuais de Processamento de Mandioca, 60

49 Desenvolvimento de Sistemas para Aplicação Localizada e Racionalização da Tecnologia de Aplicação de Herbicidas em Ferrovias, 60

50 Stereotrips II:Técnicas de Computação Gráfica Estereoscópica e Sincronia Áudio-Vídeo para Aplicações Multimídia, 60

51 Seqüenciamento Automático de DNA em Diagnóstico Molecular: Análise da Eficiência, Reprodutibilidade e Custos de Diferentes Métodos, 61

52 Estudo do Processo de Congelamento de Pães, 61

53 Avaliação Instrumental da Qualidade da Carne Suína e suas Aplicações na Indústria da Carne, 62

54 Inovação Tecnológica para a Indústria Financeira, 62

55 Aplicações de Trabalho Cooperativo e Comunicação para Instituições Educacionais, 62

56 Rede Metropolitana Sem Fio - "Wireless MAN", 63

57 Desenvolvimento de Caixas Acústicas de Alta Fidelidade, 63

58 Amplificador de Baixo Ruído com Conversor de Freqüências em Banda KU (LNB- Low Noise Block) para Utilização com Refletor Parabólico, 63

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59 Plataforma Integrada Sensores lnerciais/GPS, 64

60 Desenvolvimento de um Pulverizador Autopropelido para Tratamento de Pomares de Citros, 64

61 Dosador Bi-Combustível para Motores de Uso do Ciclo Diesel, 65

62 Desenvolvimento de Equipamento Modular e Configurável de Aquisição e Processamento Digital de Sinais Biológicos, 65

63 Desenvolvimento de Equipamento Laser Semicondutor para Aplicações Médicas, 65

64 Eletrocardiógrafo Associado a Microcomputador de Custo Final entre R$ 500,00 e R$ I .000,00, 66

65 Atualização Tecnológica de Amplificadores Ópticos a Fibra Dopada com Érbio, 66

66 Caracterizador de Grades de Bragg em Fibra Óptica, 67

67 Sistema Óptico de Posicionamento Automático de Telas (SOPAT), 67

68 Lixas Diamantadas, 68

69 Desenvolvimento da Tecnologia de Conformação de Peças Cerâmicas por lnjeção, 68

70 Fabricação de Produtos de Quaruo Fundido, 68

71 Desenvolvimento de Coletores Solares Planos para Utilização em Casas Populares, 69

72 Desenvolvimento de uma Solução Genérica de Planejamento de Processo Automático para Peças Paramétricas, 69

73 Desenvolvimento de Materiais Avançados para Eletrodos de Baterias Lítio-Íon, 69

74 Estudos de Acidificação do Rafinado em Coluna Kuhni, para Aumento do Rendimento no Processo de Purificação do Ácido Fosfórico, 70

75 Projeto de Otimização e Caracterização de Espuma de Poliuretano Biodegradável, 70

76 Desenvolvimento de Revestimentos Visando o Emprego de Inibidores Orgânicos de Corrosão e a Redução do Uso de Solventes, 71

77 Inovação Tecnológica de Reciclagem de Frascos Plásticos de Postos de Gasolina, 71

78 SISOFT 1400 I - Software para Subsidiar a Elaboração de um Sistema de Gerenciamento Ambiental, 72

79 Marcadores Biológicos da Exposição Ocupacional ao Benzeno, 72

80 Aplicação de Polímeros Condutores como Sensores para Gases, 72

81 Filtro Ativo para Indústrias e para Redes de Distribuição, 73

82 Desenvolvimento de Processos a Plasma Aplicados à Metalurgia, 73

83 Desenvolvimento de um Esterilizador a Plasma, 74

84 Desenvolvimento de Gerador de Ozônio de Alto Desempenho, 74

85 Módulo Odontológico Transportável, 74

86 Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico de Transferência de Embriões, Sexagem e Fecundação in Vitro, 75

87 Microscópio Óptico de Precisão com Estrutura à Base de Granito Sintético, 75

88 Melhoramento da Qualidade de Gemas pela Purificação Microbiológica e Indução de Cor pela Radiação Ionizante, 76

ÍNDICE 15

SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTÍCIAS FAPESP N' 46 • INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

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PARCERIA "'

PARA INOVAÇAO TECNOLÓGICA

PITE

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Avaliação Agronômica e Industrial de Variedades Cítricas

Coordenador: Luiz Carlos Donadio

Instituição: Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de JaboticabaiiUNESP

Empresa: Montecitrus Trading SIA

Valor aprovado: R$ 59.900,00 Total empresa: R$ 18. 1 00,00 Total FAPESP: R$ 41 .800,00

Início: I 181 1996 Término: 311711999

Este projeto de pesquisa objetivou a avaliação agronómica e industrial de novas variedades e clo­nes de laranjeiras, em parceria entre a Estação Expe­rimental de Citricultura de Bebedouro (EECB-SP) e a empresa Montecitrus Trading S/ A. Foram avalia­das nove variedades de laranjas "precoces" (que dão frutos, no norte do Estado de São Paulo, de julho a agosto) , em substituição parcial às usadas atualmen­te na citricultura, em busca de melhor produtividade e qualidade para o produto final, o suco de laranja concentrado. Oito delas apresentaram característi­cas próximas ou até superiores às da Hamlin, atual­mente a precoce mais plantada. O estudo de laran­jas de "meia-estação" (julho a outubro) envolveu cerca de três dezenas de variedades, destacando-se as variedades Tarocco A e Early Oblong. Com rela­ção às variedades "tardias" (setembro a janeiro), con­cluiu-se que as atualmente plantadas - Valência e Natal - apresentam melhores vantagens. Nada me­nos que 150 novas variedades de laranja foram in­troduzidas na EECB apenas no período 1997/ 98, durante a pesquisa, que estabeleceu dados que ser­virão de base para futuros plantios. Novos trabalhos buscam avaliar cerca de 250 outras variedades.

11 Desenvolvimento de um Programa de Manejo de Elodea densa e Egeria densa no Reservatório de Jupiá

Coordenador: Robinson Antonio Pitelli

Instituição: Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de JaboticabaiiUNESP

Empresa: CESP - Cia. Energética de São Paulo

Valor aprovado: R$ 188.468,00 I US$ I 12.700,00 Total empresa: R$ I 54.868,00 I US$ 0,00 Total FAPESP: R$ 33.600,00 I US$ 112.700,00

In ício: I I I /1997 Término: 301611998

19

A elevada proliferação da macrófita (planta su­perior) aquática submersa E. densa no reservatório da Usina Hidrelétrica de Jupiá (SP) tem causado crescentes problemas operacionais para o empre­endimento. A pesquisa teve como objetivo desen­volver técnicas que pudessem ser utilizadas em seu controle e se desenvolveu em três subunidades in­terdependentes. A primeira correspondeu à identi­ficação das espécies que ocorrem no reservatório e ao mapeamento de seus possíveis ecotipos, utili­zando-se técnicas de eletroforese de isoenzimas e DNA. A segunda subunidade correspondeu ao tra­balho visando o desenvolvimento de programas bio­lógicos de controle da E. densa. Foram isolados fungos e um deles se mostrou capaz de controlar a proliferação da E. densa. Na terceira subunidade procurou-se gerar as informações necessárias para o desenvolvimento de programas de controle com o uso de herbicidas. Foi também feita análise eco­nómica e operacional de todos os tratamentos com potencial uso para o controle da E. densa.

11 Qualidade Alimentar e Agricultura em uma Economia de Mercado: Produção Orgânica e Certificação de Produtos Agropecuários para Obtenção de Selo Verde (Green Seal)

Coordenador: Siu Mui Tsai

Instituição: Centro de Energia Nuclear na AgriculturaiUSP

Empresa: Shimura 's GranjaiShimura Alimentos Ltda.

Valor aprovado: R$ 189.250,00 I US$ 56. 1 I I, li Total empresa: R$ 74.200,00 I US$ 0,00 Total FAPESP: R$ I I 5.050,00 I US$ 56.1 li, I I

Início: 117 I 1998 Término: 30161200 I

A modernização rura l tem trazido benefícios, mas também problemas sociais e ambientais , tais como uma crescente poluição pelo uso intensivo

SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTÍCIAS fAPESP N' 46 • INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

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20 de agroquímicos. Este projeto visa inicialmente a obtenção de commodities agrícolas (milho e fei­jão) e batata por meio de um sistema intensivo ele produção orgânica (húmus ele minhoca) , com baixo uso ele insumos e a um custo menor quan­do comparado com a agricultura convencional. O CENA/ USP e o Laboratório de Microtoxinas ela ESALQ/ USP ainda objetivam alcançar a qualifica­ção para certificar produtos agropecuários com a chancela ele selo verde (Green Sea{), por meio da análise comparativa da produção orgânica de feijão, milho e batata pela empresa Shimura Ali­mentos Ltda. com outras produções convencio­nais dessas culturas. Este projeto também poderá servir ele modelo para viabilizar a pequena pro­priedade rural brasileira, via produção de alimen­tos limpos e certificados. Com a capacitação elos laboratórios elo CENA/ESALQ para aná lises toxi­cológicas estará, ainda, aberta a oportunidade de interação de uma instituição ele ensino e pesqui­sa com empresas que necessitam qualificar seus produtos.

11 Produção de Soro, Toxinas e Vacinas Botulínicas

Coordenador: Isaías Raw

Instituição: Instituto ButantaniSSP

Empresa: Solvay Saúde Animal Ltda.

Valor aprovado: R$ 50.000,00 I US$ 260.000,00 Total empresa: R$ 25.000,00 I US$ 150.000,00 Total FAPESP: R$ 25.000,00 I US$ I I 0.000,00

Início: I 161 1996 Término: 3 I I 121 1998 - Prazo prorrogado

Este projeto tem como objetivo desenvolver e inst:~lar uma unidade ele produção de toxinas bo­tulíP:cas, com um fermentador de 50 litros e o siskma de down-stream, destinada a: 1) produzir toxinas botulínicas A, B, E de grau médio ele pure­za e destinadas à produção ele soro antibotulínico para fornecimento à Fundação Nacional de Saúde e att:ndimento a outros países. O produto será prodc~ziclo pelo Instituto e comercializado pela Fundação Butantan; 2) produzir anatoxinas botu­línicas C e D destinadas, respectivamente, a imu­nizar aves (ou cavalos) e gado, a serem comercia­lizadas pela empresa Solvay; 3) produzir toxinas botulínicas A e B de alta pureza para uso clínico e

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA· SUPLEMENTO ESPECIAl DO NOTÍCIAS fAPESP N' 46

científico. Estes produtos serão comercializados pela Fundação Butantan.

11 Estudo da Viabilidade Técnica da Lata Microrrecravada para Acondicionamento de Óleo Vegetal Comestível

Coordenador: Silvia Tondella Dantas

Instituição: Instituto de Tecnologia de AlimentosiiTAL

Empresa: CSN -Companhia Siderúrgica Nacional

Valor aprovado: R$ 40.508,06 I US$ 28.350,00 Total empresa: R$ 35.429,03 I US$ 0,00 Total FAPESP: R$ 5.079,03 I US$ 28.350,00

Início: I 131 1996 Término: 311711997

A microrrecravação, processo de fechamento de latas que permite uma redução significativa de ma­terial e o uso de folhas ele baixa espessura para tampas e fundos , é um importante desenvolvimen­to tecnológico. Mas, em função de suas dimensões reduzidas em relação ao sistema tradicionalmente utilizado, a recravação convencional, existia questio­namento quanto a sua resistência mecânica e a sua capacidade de garantir a integridade da embala­gem quando submetida às etapas de processamen­to, transporte e distribuição do produto acondicio­nado. O presente projeto de pesquisa teve como objetivo estudar as características e o desempenho da lata de 900 mi microrrecravada no acondiciona­mento de óleo comestível. Comprovado o desem­penho adequado da lata microrrecravacla para óleo, oferece-se, ao mercado, uma embalagem de me­nor custo, com maior capacidade de conservação do produto que as embalagens plásticas. A tecno­logia ele microrrecravação foi desenvolvida pelo Grupo Kramer, de Jundiaí (SP).

11 Desenvolvimento de Tecnologia Visando o Aproveitamento de Derivados de Levedura em Alimentação Humana e Animal

Coordenador: Valdemiro Carlos Sgarbieri

Instituição: Instituto de Tecnologia de AlimentosiiTAL

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Empresa: Cooperativa dos Produtores de Cana, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo

Valor aprovado: R$ 659.381,00 I US$ 18.500,00 Total empresa: R$ 596.730,00 I US$ 0,00 Total FAPESP: R$ 62.651 ,00 I US$ 18.500,00

Início: I I 121 1998 Término: 31 11112001

Este projeto tem como objetivo a utilização de biomassa de levedura para obtenção de produtos modificados e ingredientes funcionais por meio de fracionamento para a obtenção de derivados com características químicas, nutritivas e funcio­nais diferentes. O processamento deverá seguir dois esquemas: a) a biomassa, após limpeza, rom­pimento mecânico e centrifugação, fornecerá um sedimento (parede celular I) e um sobrenadante que, após tratamento, resultará em um precipita­do (concentrado protéico); b) a biomassa, após limpeza, será submetida a um processo de autóli­se, para a obtenção de um autolisado. Este auto­lisado deverá sofrer dois tratamentos diferentes: uma desidratação em spray drier(autolisado total desidratado), enquanto outra parte será submeti­da à centrifugação, para obtenção de um precipi­tado (parede celular II) e outro sobrenadante (ex­trato). O extrato deverá ser concentrado, para obtenção do extrato concentrado, ou poderá ser secado, para obtenção do extrato desidratado. O extrato, concentrado ou desidratado, é usado na indústria de alimentos como ingrediente de enri­quecimento nutritivo e flavorizante. O concentra­do protéico é empregado para melhorar produ­tos como cárneos, de panificação, sopas e molhos. As frações, parede celular I e II, poderão ser usa­das como fonte de fibra solúvel e/ ou espessante/ estabilizante de alimentos emulsificados ou gelei­ficados.

7 Implantação de uma Rede de Telemedicina e de Apoio à Prática Médica Cobrindo Todo o Território Nacional

Coordenador: Álvaro Garcia Neto

Instituição: Instituto de Física de São CarlosiUSP

Empresa: UNIMED- Participações SIC Ltda.

Valor aprovado: R$ 50 1.794,54 I US$ 40.407,46 Total empresa: R$ 333.072,00 I US$ 0,00 Total FAPESP: R$ 168.722,54 I US$ 40.407,46

In ício: I 1311 996 Término: 28121 1998

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A utilização de redes de computadores é uma revolução dos tempos modernos. Tendo isto em vista, a Unimed foi buscar na universidade o auxí­lio necessário para fazer bom uso delas. Em se­tembro de 1993, firmou-se um convênio entre o Instituto de Física e Química de São Carlos da Universidade de São Paulo, via Fundação de Apoio à Física e à Química, e a Unimed Patticipações. Desse convênio resultou a primeira rede com o protocolo TCP / IP via satélite (VSAD do Brasil, contando com 43 pontos de presença espalhados por todo o território nacional. Esses pontos cons­tituem a espinha dorsal da rede. O objetivo deste segundo projeto foi ampliar essa espinha dorsal para mais 250 pontos restantes (Unimeds singula­res), formando a UniRed, para prover serviços de telemedicina (acesso a informações, novas técni­cas, treinamento continuado, divulgação de perió­dicos, pesquisa bibliográfica) e serviços de apoio à prática médica (plantões virtuais distribuídos por área de especialidade médica e correio eletrôni­co). Projeto conjunto da Unimed e do Instituto de Física de São Carlos da USP.

11 Desenvolvimento de um Sistema de Gerenciamento Remoto para. Programas de Garantia da Qualidade em Departamento de Diagnóstico por Imagem

Coordenador: Jean Albert Bodinaud

Instituição: Instituto de Eletrotécnica e EnergiaiUSP

Empresa: Unidade Rad iológica Paulista Clínica de Diagnóstico por Imagens

Valor aprovado: R$ 60.352,00 I US$ 143.786,54 Total empresa: R$ 39.500,00 I US$ 12.600,00 Total FAPESP: R$ 20.852,00 I US$ 13 1.186,54

Início: I 1311998 Término: 28121200 I

O objetivo da garantia de qualidade em de­partamentos de diagnóstico por imagens é otimi-

SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTÍCIAS FAPESP N' 46 • INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

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22 zar a quantidade de informações clinicamente úteis nas imagens radiológicas, com redução das doses de radiação e minimização dos custos ope­racionais. Este projeto prevê o desenvolvimento de uma rede de comunicação por computador onde parte dos dados utilizados neste tipo de avaliação será enviada, várias vezes ao dia, via Internet, a uma central de recepção, armazena­mento e análise de dados sediada no Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE-USP). Além disso , a rede comportará um sistema de envio de relató­rios de desempenho em tempo real à direção das clínicas, permitindo a rápida tomada de ações corretivas. Para isto serão configurados hardwa­re e software específicos, bem como desenvolvidos um equipamento dedicado à avaliação constante dos parâmetros de controle das processadoras de filmes e outro para a avaliação, em campo, das características geométricas dos pontos focais de tubos de raios X baseados em uma câmera CCD. Todos os testes de desempenho dos equipamen­tos que são realizados periodicamente deverão ser automatizados com a utilização de instrumen­tação adequada, controlada por microcomputa­dores portáteis.

.. Projeto e Implementação - de um Revisor Gramatical

Automático para o Português

Coordenador: Maria das Graças Volpe Nunes

Instituição:

Instituto de Ciências Matemáticas de São CarlosiUSP

Empresa: ltautec-Philco SIA

Valor aprovado: R$ 95.954,00 I US$ 9.200,00 Total empresa: R$ 78.000,00 I US$ 0,00 Total FAPESP: R$ 17.954,00 I US$ 9.200,00

Início: I 110/1997 Término: 301911998

A pesquisa objetivou realizar estudos de lin­güística computacional para a produção de uma nova versão do Revisor Gramatical da Itautec-Phil­co S/ A, que já está no mercado. A versão inicial, que contava com análise sintática automática e corrigia vários tipos de erro, foi aperfeiçoada a partir da criação de regras de desambigüização lexical e de estruturas sintáticas. Para isto foram empreendidos estudos da língua portuguesa es-

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA ·SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTÍCIM FAPESP N' 46

crita em um corpus (banco de textos) de mais de 35 milhões de palavras. Além de servir para a cria­ção das regras, o estudo do corpus permitiu a ex­tensão do processo de identificação de erros fre­qüentes cometidos por usuários de nível de segundo grau, tornando o Revisor Gramatical ade­quado para o público-alvo, ou seja, secretários(as) e funcionários de escritório em geral. Nesta nova versão, o Revisor Gramatical opera acoplado a uma gramática on-líne que fornece ajuda gramatical con­textualizada, a partir das dificuldades identifica­das na correção do texto do próprio usuário. A implementação da gramática on-line é parte im­portante do projeto. Para a realização do trabalho contou-se com uma equipe multidisciplinar de lin­güistas e profissionais em computação que já atua­va integradamente.

11 Sistema de Treinamento de Pilotos: Simulador da Cabine da Aeronave

Coordenador: Alexandre Carlos Brandão Ramos

Instituição: Instituto Tecnológico da AeronáuticaiiTA-CTA

Empresa: Laboratório de Informática Aplicada - LIA

Valor aprovado: R$ 203.380,00 Total empresa: R$ I 06.000,00 Total FAPESP: R$ 97.380,00

Início: 11411999 Término: 31131200 I

Atualmente, existem dois tipos extremos de simuladores para pilotos de avião: 1) o simula­dor de vôo propriamente dito, equipamento ca­ríssimo, que representa fielmente todos os movi­mentos efetuados pela aeronave, e 2) o simulador em computador, com softwares similares aos dos jogos em computador e de baixo custo, onde o piloto verifica o comportamento da aeronave sem ter a impressão tridimensional real da pilotagem do aparelho . O simulador da cabine da aerona­ve, objeto deste projeto de pesquisa , encontra­se entre esses dois extremos, visto ser um equi­pamento de baixo custo composto por uma representação tridimensional da cabine da aero­nave e software de simulação dos instrumentos e principais sistemas. Neste tipo de simulador não existe movimentação da cabine nem man­che para pilotagem da aeronave, e o piloto si-

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mula somente o funcionamento de alguns siste­mas. Encontra-se em fase de utilização um sistema para treinamento de pilotos inserindo, em um mesmo sistema, duas importantes fases: a) ground school, cursos de treinamento em terra, onde o piloto aprende a reconhecer o posicionamento físico dos instrumentos, as diferentes subdivisões do painel de controle e as seqüências de check list, e b) CPT, onde o piloto aprende os vários procedimentos operacionais nos estados normal, anormal e de emergência. Atualmente, os pes­quisadores do Laboratório de Informática Apli­cada - LIA, em conjunto com professores do Ins­tituto Tecnológico da Aeronáutica/ ITA, estão desenvolvendo pesquisas: a) na área de "siste­mas de tutores inteligentes" aplicados ao treina­mento de operadores de indústrias petroquími­cas e de pilotos de aeronaves; b) "sistemas inteligentes híbridos", para apoio a operação e controle, e sistemas de tempo real, tanto na in­dústria petroquímica quanto na indústria aero­náutica, e c) desenvolvimento de sites dinâmicos para a Internet, para o Ministério da Ciência e Tecnologia (entre outros).

m Projeto, Construção e Operação de Usina Piloto para Recuperação de Gálio a partir do Licor de Bayer

Coordenador: Arthur Pinto Chaves

Instituição: Escola PolitécnicaiUSP

Empresa: CBA- Cia. Brasileira de Alumínio

Valor aprovado: R$ 542.452,91 I US$ 76.892,79 Total empresa: R$ 313.516,91 I US$ 0,00 Total FAPESP: R$ 228.936,00 I US$ 76.892,79

In ício: 11711997 Término: 30161 1999

Este projeto propôs projetar, construir e ope­rar uma usina piloto para obtenção de gálio a partir do licor de Bayer. Foi desenvolvida tecno­logia para a obtenção de gálio de alta pureza -metal estratégico na indústria de informática e de telecomunicações e de alto valor comercial - a partir do licor de Bayer, um dos primeiros resí­duos do processamento do alumínio a partir da bauxita. Durante o projeto foram também desen­volvidas resinas iónicas para a retirada do gálio

23 do licor de Bayer e substância para separar o metal da resina .

m Projeto de Alfabetização e de Escolarização de I'! Grau para Colaboradores Funcionários da C ia. Nestlé de Alimentos

Coordenador: Stela Conceição Bertholo Piconez

Instituição: Faculdade de EducaçãoiUSP

Empresa: Nestlé Industrial e Come rcial Ltda.

Valor aprovado: R$ 141 .585,48 Total empresa: R$ I 04.412,48 Total FAPESP: R$ 37.173,00

Início: I 121 1996 Término: 3 I 131 1998

Projeto direcionado ao desenvolvimento de pesquisa continuada sobre o processo de alfabeti­zação e de escolarização fundamental para adul­tos com pouca ou nenhuma escolarização - no caso específico, entre os colaboradores (funcioná­rios do programa de Qualidade Total) da Cia. Nestlé de Alimentos, em 17 unidades industriais localiza­das em quatro estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia. Utilizando princípios e re­cursos de educação a distância , tanto para forma­ção de professores alfabetizadores de adultos quan­to para atendimento de escolarização de 1 º grau, visa dar oportunidade de solidificar uma parceria Universidade/ Empresa no setor. A universalização do ensino fundamental, a garantia dos códigos básicos de leitura e escrita e a superação do fra­casso escolar podem ser enfrentados por meio de treinamento adequado com atitude investigativa sistemática.

m Desenvolvimento de Aços Elétricos

Coordenador: Fernando José Gomes Landgraf

Institu ição: Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo - IPT

Empresa: CSN - Companhia Siderúrgica Nacional

SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTÍCIAS FAPESP N' 46 • INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

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24 Valor aprovado: R$ 162.974,53 I US$ 123.793,73 Total empresa: R$ 74.500,00 I US$ 80.000,00 Total FAPESP: R$ 88.474,53 I US$ 43.793,73

In ício: 1131 1996 Término: 28121 1997

As inovações previstas neste projeto tiveram por objetivo estabelecer a tecnologia de fabricação de dois novos tipos de aços para fins eletromagnéti­cos, combinando a experiência de pesquisadores da CSN- Companhia Siderúrgica Nacional e do IPT -Instituto de Pesquisas Tecnológicas. As caracterís­ticas dos dois grupos objetivados neste projeto -Tipo de aço: alta perda; Fase: certificação; Perdas (W/ kg) 1,5 t/60 Hz/ 0,5 mm): 7,5; Permeabilidade (B50(t)): 1,78. Tipo de aço: média perda; Fase: ex­ploratória; Perdas (W/ kg) 1,5 t/60 Hz/0,5 mm): 5,8; Permeabilidade (B50(t)): 1,74. O projeto previu a investigação experimental do efeito de algumas va­riáveis de processamento nas propriedades magné­ticas de chapas de aço, tendo como meta atingir os valores acima citados de perdas elétricas e permea­bilidade magnética. Aços de melhores proprieda­des magnéticas levam a motores elétricos de me­lhor desempenho. O apoio da FAPESP permitiu construir um sistema de medidas magnéticas e agre­gar novas competências às equipes do IPT (uma nova metodologia de ensaio magnético, a "separa­ção de perdas'') , ampliando o leque de serviços que o instituto pode oferecer e aprofundando o conhe­cimento da equipe sobre as relações entre proces­samento, microestrutura e propriedades magnéticas.

11 Programa de Desenvolvimento e Construção de Válvulas Cardíacas de Pericárdio Bovino e Mecânicas

Coordenador: Gilberto Goissis

Instituição:

lnst. Química São CarlosiUSP

Empresa: BRAILE Biomédica Indústria, Comércio e Representações Ltda.

Valor aprovado: R$ I 18.260,00 I US$ 52.190,00 Total empresa: R$ 84.624,00 I US$ 4.545,00 Total FAPESP: R$ 33.636,00 I US$ 47.564,00

Início: I 11/1997 Término: 3111211998

As válvulas cardíacas são suscetíveis a patolo­gias de várias etiologias que comprometem grave-

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA· SUPlEMENTO ESPECIAl DO NOTÍCIAS fAPESP N' 46

mente o sistema cardiovascular. Soluções para es­sas complicações geralmente incluem substituições valvulares por próteses mecânicas ou biológicas. Desenvolvimentos nesta área têm sido dirigidos para a melhoria da performance e durabilidade de ambos os tipos de próteses (elas têm indicações específicas). o caso das próteses mecânicas, não existem fabricantes nacionais nem a tecnologia necessária, cujo desenvolvimento foi uma das me­tas deste projeto. o caso das biopróteses, o obje­tivo deste trabalho foi o desenvolvimento de no­vas técnicas de reticulação de pericárdio bovino. A expectativa foi a obtenção de materiais mais ho­mogêneos, tendo como resultante melhorias signi­ficativas de propriedades mecânicas e biológicas. Para válvulas mecânicas, o objetivo principal foi procurar atender à demanda reprimida de merca­do, que está associada ao desafio científico e tec­nológico que envolve a confecção da carcaça em ligas de titânio recobertas com materiais carbono­sos, amplamente empregados em próteses ortopé­dicas, associados ao recobrimento com materiais hemocompatíveis , principalmente o colágeno.

m Cateter a Fibra Óptica para Diagnóstico de Placas Ateromatosas no Sistema Cardiovascular

Coordenador: Renato Amaro Zangare

Instituição:

lnst. Ciências Exatas e TecnologiaiUNIVAP

Empresa: Tecnobio Ltda.

Valor aprovado: R$ 180.000,00 I US$ 98.982,03 Total empresa: R$ I 50.000,00 I US$ 0,00 Total FAPESP: R$ 30.800,00 I US$ 98.982,03

Início: I 1811998 Término: 311712000

Técnicas baseadas em espectroscopia Raman e espectroscopia de Fluorescência, também co­nhecidas por "biópsia óptica", vêm-se revelando potenciais substitutas da histologia convencional. Trata-se de uma forma de análise espectral se­guida de um processamento via software que per­mite identificar a natureza de depósitos ocorri­dos junto às paredes coronarianas. O acesso das d iversas regiões do corpo pela radiação laser e a coleta do sinal gerado junto ao tecido têm-se mos­trado um dos grandes obstáculos tecnológicos para que esta técnica se estabeleça definitivamen-

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te. No presente caso, ou seja, na diagnose de coronariopatias in vivo, busca-se identificar ano­malias na parede das artérias. Esta proposta ba­seia-se no estudo dos diferentes parâmetros que envolvem um cateter a fibra óptica, de forma a projetar e construir um com visada lateral que permita excitar, com radiação laser, uma parede coronariana interna e coletar, de maneira eficien­te, o espalhamento Raman gerado pelo mesmo tecido. Este cateter deverá integrar um equipa­mento que possibilite o diagnóstico, em um pri­meiro momento, e, em um segundo estágio, a destruição das placas formadas , evitando a per­furação das artérias.

m Painéis de Cimentos de Escória Reforçados com Fibra de Vidro E (E-GRC)

Coordenador: Vahan Agopyan

Instituição:

Escola PolitécnicaiUSP

Empresa: Owens Corning Fiberglas A S. Ltda.

Valor aprovado: R$ 428.862,62 I US$ 196.651 ,60 Total empresa: R$ 414.962,62 I US$ 0,00 Total FAPESP: R$ 13.900,00 I US$ 196.651 ,60

Início: I I I I I 1996 Término: 311 I 01 1999

As diversas etapas desta pesquisa contempla­ram o diagnóstico do mercado e da tecnologia de produção de componentes com fibra de vidro, diagnóstico de aplicações alternativas para as es­córias siderúrgicas, desenvolvimento de cimentos de escória, estudo de custo e seleção do cimento, durabilidade dos compósitos e desenvolvimento dos painéis, além da difusão e transferência de tecnologia. O projeto conseguiu desenvolver um novo tipo de cimento de baixa alcalinidade, no qual a escória é a base da composição, que con­tém, ainda, ativadores e fibra de vidro do tipo E. Foram obtidos painéis com aplicação na constru­ção de paredes, forros , pisos e divisórias. A pes­quisa encontra-se no estágio de repasse de tecno­logia a indústrias , para produção em escala comercial. O projeto possibilita a criação de mer­cados alternativos para a escória de alto-forno e o emprego de fibra de vidro E em componentes de construção.

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m Sistema Automatizado de Cópias de Segurança e Recuperação de Arquivos Backup/Restare em Plataformas Heterogêneas

Coordenador: Anton io Marcos Aguirra Massola

Instituição:

Escola PolitécnicaiUSP

Empresa: Perrotti Informática Com., lmp. e Exp. Ltda.

Valor aprovado: R$ 329.700,00 Total empresa: R$ 275.000,00 Total FAPESP: R$ 54.700,00

In ício: I 1311996 Término: 3 I 151 1997 - Projeto encerrado

O objetivo deste projeto foi desenvolver um sistema automatizado de cópias de segurança e recuperação de arquivos (backup/ restare) em pla­taformas heterogêneas. A pesquisa resultou no de­senvolvimento do EBS - Enterprise Backup Sys­tem, um software de segurança para ser utilizado principalmente em ambientes corporativos e que opera sobre uma rede de computadores de portes variados totalmente interconectados.

11 Sistema de Localização Visual e/ou Sonora dos Objetos Fixos ou em Movimento

Coordenador·: Wilhelmus Adrianus Maria Van Noije

Instituição:

Escola PolitécnicaiUSP

Empresa: Microline - Multiplexadores de R.F. Ltda.

Valor aprovado: R$ 93.400,00 I US$ 6.000,00 Total empresa: R$ 37.500,00 I US$ 1.000,00 Total FAPESP: R$ 55.900,00 I US$ 5.000,00

Início: I I I 011997 Término: 3019/1998

O objetivo deste projeto de pesquisa foi desen­volver um sistema que permitisse localizar objetos remotamente, quer estivessem ftxos ou em movimento. Em linhas gerais, os objetos serão localizados por meio de um sinalizador associado a eles que, acionado, permitirá a identificação e localização de um objeto específico contido em um determinado perímetro.

SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTICIAI fAPESP N' 46 • INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

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IJ Aumento da Biomassa de Eucalipto pela Introdução do Gene CAB via Transformação Genética

Coordenador: Carlos Alberto Labate

Instituição: Esc. Superior de AgriculturaiUSP

Empresa: Cia. Suzano de Papel e Celulose

Valor aprovado: R$ 125.057,00 I US$ 163.791 ,76 Total empresa: R$ 75. 127,00 I US$ 0,00 Total FAPESP: R$ 49.930,00 I US$ 163.791,76

Início: I 17/1998 Término: 30161200 I

Este projeto de inovação tecnológica, em parce­ria com a Cia. Suzano de Papel e Celulose, tem por objetivo a transformação genética de híbridos co­merciais de Eucalyptus grandis e Eucalyptus smith com o gene quimérico RSLhcbl de ervilha. Para tanto, inicialmente foram testados diferentes méto­dos de transformação, usando Agrobacterium, bom­bardeamento de microprojéteis e eletroporação de protoplastos. A pesquisa tem por base os resulta­dos da expressão desse gene em plantas de tabaco (Nicotiana tabacum) e alface (Lactuca sativa), que promoveu o aumento da biomassa nas plantas trans­formadas, além de uma série de efeitos pleiotrópi­cos sobre a morfologia , desenvolvimento vegetati­vo e fisiologia. Em condições limitantes de luz as plantas transgênicas de tabaco apresentam ~ma maior capacidade fotossintética e de síntese de car­boidratos. O eucalipto é uma cultura ideal para apli­cações dessa tecnologia em razão do rápido cresci­mento e capacidade de propagação vegetativa. A importância económica da produção de celulose e madeira como fonte de energia exige que novas tecnologias sejam incorporadas ao sistema de me­lhoramento vegetal para aumentar a competitivida­de do produto brasileiro no mercado nacional e internacional.

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA ·SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTÍCIAS FAPESP N' 46

Produção de Compósitos à Base de Fibras Naturais para Utilização na Indústria Automobilística

Coordenador: Alcides Lopes Leão

Instituição: Fac. Ciências Agronômicas de BotucatuiUNESP

Empresa: TORO Indústria e Comércio Ltda.

Valor aprovado: R$ 874.100,00 Total empresa: R$ 728.350,00 Total FAPESP: R$ 145.750,00

Início: 1/3/1997 Término: 28/2/1999 - Prazo prorrogado

O objetivo do presente projeto é o desenvol­vimento de uma melhor tecnologia para conver­ter lignocelulósicos (resíduos ou não) e termo­plásticos virgens ou reciclados em produtos ambientalmente amigáveis. As principais tecno­logias estudadas são: formação de mantas via deposição por ar (não-tecidas) e mistura por der­retimento (extrusão e injeção de misturas). Os passos do projeto consistem em desenvolver métodos para converter resíduos lignocelulósicos (jornal, bagaço de cana-de-açúcar e serragem) misturados com termoplásticos (polipropileno, polietileno e poliestireno); otimizar métodos de laboratório para produzir compósitos para a in­dústria automebilística, a partir de resíduos; esta­belecer um banco de dados com diversas fibras naturais (juta, sisai, rami coco curauá linho bagaço de cana-de-açúcar, ~te.) e~ difere~tes pro~ porções e formulações, visando melhor adesão e propriedades mecânicas e físicas; estabelecer a extensão dos processos de reciclagem desses com­pósitos e quantificar as perdas de propriedades, e analisar seu ciclo de vida, principalmente com relação à indústria automobilística. Os compósi­tos serão avaliados para propriedades mecânicas (flexão, tensão) , impacto (IZOD) e físicas (incha­mento e envelhecimento acelerado).

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m Desenvolvimento da Produção de Cilindros de Aço Rápido para Laminação de Tiras a Quente

Coordenador: Amilton Sinatora

Instituição:

Escola PolitécnicaiUSP

Empresa: Aços Villares SIA

Valor aprovado: R$ 613.175,00 I US$ 30.850,00 Total empresa: R$ 467.700,00 I US$ 0,00 Total FAPESP: R$ 145.475,00 I US$ 30.850,00

Início: I I 1211 997 Término: 301 I I I 1999

Objetiva a produção de cilindros de aço rápi­do fundido para laminação de tiras a quente com desempenho em serviço superior ao apresenta­do pelos cilindros atualmente fabricados no Bra­sil. As metas do projetas são: a) produzir cilin­dros de aço rápido para laminação de tiras a quente com uma vantagem competitiva de pelo menos lOo/o, em termos do coeficiente custo/be­nefício, em relação aos produtos atualmente pro­duzidos no País; b) atingir confiabilidade e re­produtibilidade do processo de fabricação (índices de refugo inferiores a 5o/o do total de cilindros produzidos). As atividades de fundamentação da pesquisa serão conduzidas nas instalações da Divisão de Metalurgia do IPT e do Laboratório de Fenômenos Superficiais do Depto. de Eng. Mecânica da EPUSP, bem como na fábrica de ci­lindros da Villares. A produção piloto dos cilin­dros será realizada na mesma fábrica, em Pinda­monhangaba (SP), com subseqüente operação nas usinas siderúrgicas, seguindo-se as análises de seu desempenho e comportamento.

m Estudo do Processo de Lingotamento Contínuo de Placas Finas

Coordenador: Rezende Gomes dos Santos

Instituição:

Fac. Engenharia MecânicaiUNICAMP

Empresa: CST - Cia. Siderúrgica de Tubarão

Valo r aprovado: R$ 240.000,00 I US$ 25.500,00 Total empresa: R$ 80.000,00 I US$ 0,00 Total FAPESP: R$ 160.000,00 I US$ 25.500,00

Início : I 17 I 1997 Término: 30161 1999 - Prazo prorrogado

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Siderúrgicas de todo o mundo buscam tornar operacional o processo de lingotamento contínuo integrado com a laminação, tendo em vista a no­tável possível redução de custos que este acarre­taria, notadamente em face da grande redução de energia consumida. Essa integração também pro­piciaria uma acentuada melhoria na qualidade dos produtos, tendo em vista a redução de etapas do processo: seria eliminado o reaquecimento das pla­cas. Sabe-se que, além da construção de novas miniusinas, o mercado apresenta a possibilidade de que algumas usinas integradas incorporem uma máquina de lingotamento de placas finas junto ao convertedor LD. Atualmente, o processo de lingo­tamento contínuo de placas finas é a solução mais aceita dentre os processos Near- Net-Shaping Cas­ting. Umas das vantagens da tecnologia de lingo­tamento contínuo de placas finas é a possibilida­de de acoplar o lingotamento contínuo e a laminação. Com a integração desta unidade com uma aciaria elétrica ou LD pode-se reduzir tanto o investimento de capital como o custo operacio­nal, resultando em uma alta produtividade e em menores tempos de execução dos pedidos. A pro­dutividade desse tipo de planta tem como princi­pal argumento utilizado sua economia.

m Desenvolvimento de Metodologia de Ensaios de Ligas Resistentes a Carburação e a Carburação Catastrófica

Coordenador: Zehbour Panossian

Instituição:

lnst. Pesquisas Tecnológicas Est. S. PauloiSCTDESP

Empresa: Aços Villares SIA

Valor aprovado: R$ 194.593,00 I US$ 50.682,00 Total empresa: R$ 167.881 ,00 I US$ 2.520,00 Total FAPESP: R$ 26.712,00 I US$ 48. 162,00

Início: I 141 1998 Término: 311312000

SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTÍCIAS FAPESP N' 46 • INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

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28 O projeto tem por objetivo o desenvolvimento

de uma metodologia de ensaios para avaliação do comportamento de ligas resistentes ao calor sob condições em que os fenõmenos de carbura­ção, carburação catastrófica e fluência atuam si­multaneamente. Além disso, visa aumentar o grau de domínio quanto ao efeito da composição quí­mica de ligas resistentes ao calor e das caracte­rísticas do meio de aplicação dessas ligas sobre os fenõmenos de carburação e de carburação ca­tastrófica , juntamente com o aumento do conhe­cimento dos mecanismos de ocorrência deste úl­timo fenõmeno. A meta é estabelecer uma "classificação" do desempenho das ligas resisten­tes ao calor produzidas pela Villares quanto a solicitações envolvendo carburação, carburação ca­tastrófica e fluência. Prevê duas séries de experi­mentos envolvendo ligas resistentes ao calor co­mercializadas pela empresa: ensaios para avaliação da suscetibilidade à carburação e à carburação ca­tastrófica utilizando-se atmosfera carburante ga­sosa com corpos-de-prova posicionados no inte­rior de um forno tubular; ensaios para avaliação do comportamento das ligas quando submetidas simultaneamente à carburação e à fluência com tubos fundidos posicionados em uma máquina de ensaio de fluência .

11:11 Síntese e Caracterização DI de Materiais Carbonosos

Avançados

Coordenador: Carlos Alberto Luengo

Instituição:

lnst. FísicaiUNICAMP

Empresa: Usiminas

Valor aprovado: R$ 702.032,90 Total empresa: R$ 410.000,00 Total FAPESP: R$ 292.032,90

Início: I 1511995 Término: 3111211998

Este projeto integrado de pesquisa visou a sín­tese e caracterização de Materiais Carbonosos Avançados (MCA), partindo-se de matérias-pri­mas nacionais para alcançar novos desenvolvi­mentos na área . Em uma primeira instância, fez­se a separação de fases indesejáveis presentes no alcatrão de hulha e a escolha adequada de resíduos de destilação de petróleo para a obten-

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA ·SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTICIAI FAPEIP N' 46

ção de piche mesofásico. Este piche foi sintetiza­do mediante tratamentos térmicos de destilação/ polimerização, tomando-se como padrão compa­rativo os resultados das caracterizações do piche mesofás ico importado. A etapa seguinte foi a conversão do piche mesofásico, tanto o importa­do como o produzido durante a pesquisa , em produtos de MCA, como fibra de carbono, com­posto carbono-carbono, microesfera de mesocar­bono, grafite sintético e carbono 60, com o con­seqüente desenvolvimento de processos para cada tipo de material. Os delicados arranjos microscó­picos envolvidos na formação do piche mesofá­sico e tratamentos posteriores (até os produtos finais) exigiram a utilização de técnicas avança­das de caracterização, como microscopia óptica de luz polimerizada, ressonância magnética nu­clear, difração de raios X e espectroscopia infra­vermelha com transformada de Fourier, para de­terminar o grau e tipo de condensação das estruturas aromáticas.

11:11 Paralelização de Ajuste ~~~~ do Histórico de Produção em

Rede de Gestações Usando PVM

Coordenador: Denis José Schiozer

Institu ição:

Fac. Engenharia MecânicaiUNICAMP

Empresa: PETROBRAS- Petróleo Brasileiro SIA . Valor aprovado: R$ 262.383,40 I US$ 160.989,60 Total empresa: R$ 261 .000,00 I US$ 0,00 Total FAPESP: R$ 1.383,40 I US$ 160.989,60

Início: I 161 1996 Término: 311511999

Este projeto de pesquisa visa o desenvolvimento de um sistema e a capacitação de profissionais na área de computação paralela em rede de estações de trabalho usando PVM e simuladores numéricos de reservatórios. Será desenvolvido inicialmente em uma rede de estações de trabalho da Unicamp e utilizará o simulador Black-Oil da CMG, IMEX. O projeto será dividido basicamente em quatro etapas. Nas três primeiras, o objetivo é desenvol­ver uma metodologia capaz de facilitar o trabalho do engenheiro em ajustes de histórico de produ­ção de petróleo. No final da terceira etapa, o en­genheiro deverá ter, em tempo real pouco maior do que o equivalente a uma rodada do simulador,

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um estudo de sensibilidade de um dos parâme­tros escolhidos. Ao final dessas três fases, deve-se também ter um estudo destinado a escolher a melhor arquitetura para este tipo de problema. A última fase está destinada à aplicação dos resulta­dos obtidos nas fases anteriores, estendendo o projeto para um problema mais complexo, que pode ser a paralelização do ajuste semi-automáti­co de históricos de produção ou de métodos de otimização para escolha de alternativas de produ­ção. Esta definição dependerá dos resultados ob­tidos anteriormente. Com a tecnologia adquirida na área deve-se também estender os resultados a outras arquiteturas de rede e a outros simuladores de reservatório.

m Coloração Ambiental como Facilitador da Reprodução e Redutor de Canibalismo em Matrinxã

Coordenador: Gilson Luiz Volpato

Instituição:

Instituto de Biociências de BotucatuiUNESP

Empresa: Fish-Braz Comércio, Importação e Exportação Ltda.

Valor aprovado: R$ 8.895,00 Total empresa: R$ 7. 145,00 Total FAPESP: R$ 1.750,00

Início: I I I I I 1998 Término: 30161 1999 - Prazo prorrogado

O matrinxã (Brycon cephalus) é uma das princi­pais espécies da piscicultura nacional, mas cuja cria­ção ainda se encontra envolta em dois problemas fundamentais: indução da desova e alto índice de canibalismo nos primeiros dias após a eclosão das larvas. Como, em estudos anteriores, vimos que a coloração ambiental afeta a agressão e o crescimento nessa espécie, o presente projeto foi delineado para usar coloração ambiental (verde) para melhorar sua reprodução, de forma a otimizar a desova induzida nessa espécie. Além disso, procura usar colorações ambientais (vermelha/ azul) para reduzir as agres­sões no período larval inicial, reduzindo o caniba­lismo. Os resultados obtidos fornecerão respostas claras sobre a utilização dessas colorações ambien­tais na produção do matrinxã. Este processo certa­mente pode nortear a construção de tanques de reprodutores e de incubadoras, atualmente desen­volvida com colorações escolhidas po r critérios outros que não a resposta do animal.

11:1:1 Reorganização Estratégica - e Inovação Tecnológica

na Linha de Produtos

Coordenador: Alfredo Colenci Junior

Instituição: Escola de Engenharia de São CarlosiUSP

Empresa: Chocolates Finos Serrazul Ltda.

Valor aprovado: R$ 124.600,00 Total empresa: R$ 59.300,00 Total FAPESP: R$ 65.300,00

Início: I 1911998 Término: 311812000

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A Chocolates Finos Serrazul Ltda., no mercado há quase 50 anos, vive um momento importante em sua trajetória, premida pelas forças do merca­do dito globalizado. Como forma de reação, fará investimentos em duas direções simultâneas e in­dissociáveis, a gerencial e a tecnológica, a fim de realinhar-se e redefinir sua atuação no setor. Estra­tegicamente, deve gradativamente abandonar a produção de bens industriais intermediários, como a linha de granulados e de coberturas, e atuar na linha de produtos acabados de chocolate, como ovos de Páscoa e bombons finos (diferenciados e personalizados), deixando uma atuação em níveis de "deseconomias crescentes" para uma atuação em níveis de "economias crescentes", com produ­tos de mais alto valor agregado. Tecnologicamen­te, as melhorias exigidas atingem um refinamento no processo de fabricação e uma busca sistemática de novas fontes e especificações de matérias-pri­mas, o que se fará sob controle tecnológico e as­sistencial de especialistas.

íU PlEHENTO ESPECIAl DO NOTÍCIAS FAPEIP N' 46 · INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

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30 Desenvolvimento da Otimização Integrada das Unidades de uma Refinaria de Petróleo

Coordenador: Claudio Augusto Oller do Nascimento

Instituição:

Escola PolitécnicaiUSP

Empresa: PETROBRAS - Petróleo Brasileiro SIA

Valor aprovado: R$ 595.522,00 I US$ 167.951 ,00 Total empresa:R$ 573 .522,00 I US$ 0,00 Total FAPESP: R$ 22.000,00 I US$ 167.951 ,00

In ício: I 17/1997 Término: 301612000

A Petrobras tem 10 refinarias de petróleo que processam o equivalente a vários bilhões de dóla­res/ ano. Melhorias nas estratégias de controle e planejamento da operação dessas refinarias po­dem resultar em benefícios de dezenas de milhões de dólares. Este projeto, portanto, objetiva a oti­mização da operação das refinarias da empresa enfocando os três principais aspectos de sua es­trutura de controle: as ações para manter o pro­cesso próximo das condições ideais, as restrições de segurança, qualidade, etc. , e o nível de otimi­zação, onde são definidas as condições ótimas para operação dos equipamentos e processos que for­mam uma refinaria de petróleo - incluindo a fun­ção de planejamento da produção. Como produto deste trabalho, pretende-se oferecer à Petrobras, para aplicação em suas refinarias, um pacote de so.ftwares que seja capaz de interagir em tempo real com todos os níveis de controle da produção, desde o planejamento até o controle preditivo.

1!!1 Otimização e Controle Avançado 1M do Reator de Ciclo-Hexanol

da Usina Química de Paulínia- Rhodia

Coordenador: Rubens Maciel Filho

Instituição: Faculdade de Engenharia QuímicaiUNICAMP

Empresa: Rhodia SIA

Valor aprovado: R$ 366.400,00 I US$ 20.000,00 Total empresa: R$ 340.600,00 I US$ 0,00 Total FAPESP: R$ 25.800,00 I US$ 20.000,00

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA· SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTÍCIAS FAPESP N' 46

Início: I 181 1996 Término: 31 17/1998 - Prazo pro rrogado

O reator de ciclo-hexanol é um equipamento importante para várias rotas químicas da Usina Química de Paulínia (SP), sendo o ciclo-hexanol um intermediário para um grande número de pro­dutos de interesse comercial. Este processo é cata­lítico e baseia-se na hidrogenação do fenol , sendo o reator multifásico. Neste contexto, este projeto visa: 1) desenvolver e validar um modelo matemá­tico determinístico do reator de ciclo-hexanol; 2) desenvolver metodologia e procedimento para a obtenção de políticas operacionais no reator de ci­clo-hexanol da Usina Química de Paulínia por meio do emprego de técnicas de otimização determinís­tica não-linear e planejamento fatorial; 3) desenvol­ver estruturas e algoritmos de controle e implementá­los no reator de ciclo-hexanol. Dois algoritmos baseados nos conceitos do DMC (Dynamic Matrix Contra[) e STR (Seif-Tuning Regulator) serão avalia­dos inicialmente por simulação e, posteriormente, implementados em tempo real no reator.

1:f:1 Prumo- Projeto de Unidades Móveis la de Atendimento Tecnológico às MPE­

Micro e Pequenas Empresas

Coordenador: Vicente Nelson Giovanni Mazzarella

Instituição: lnst. Pesquisas Tecnológicas Est. S. PauloiSCTDESP

Empresa: Sebrae-SP

Valor aprovado: R$ 1.276.847,00 I US$ 253 .992,00 Total empresa: R$ 1.182.000,00 I US$ 0,00 Total FAPESP: R$ 94.847,00 I US$ 253 .992,00

Início: I 151 1998 Término: 301412000

Com uma ação organizada e programada de atendimento às micro e pequenas empresas (MPE) em suas próprias instalações, p laneja-se - utili­zando baterias de ensaios, análises, exames e ex­perimentos imediatos de controle -detectar defi­ciências em matérias-primas, equipamentos e processos e indicar as modificações necessárias , implementando-as, sempre que possível, de for­ma expedita, como ferramenta didática de máxi­ma visibilidade e eficácia. Desta dinâmica de aten­dimento deverão resultar inovações tanto em processo como na formulação dos componen-

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tes das matérias-primas e nas propriedades dos produtos finais. Esta ação se dará por meio do Prumo, que consiste em unidades laboratoriais móveis (UM) operadas por engenheiros especia­lizados e técnicos. O atendimento tecnológico in loco tem duração prevista de um a três dias. Nes­te período, também será feito um levantamento para identificação de problemas comuns ao se­tor, e posterior proposição de temas de pesquisa cooperativa com a participação de diversas MPE. Problemas gerenciais poderão ser atendidos numa etapa posterior, eventualmente pelo Sebrae ou outras instituições capacitadas. Esta proposta será aplicada, inicialmente, ao setor de transformação de plásticos.

m Desenvolvimento de Processo de Polimerização para Produção de Polímeros com Baixo Teor de Monômero Residual

Coordenador: Reinaldo Giudice

Instituição:

Escola PolitécnicaiUSP

Empresa: Rhodia Brasil Ltda.

Valor aprovado: R$ 190.000,00 I US$ 259.000,00 Total da empresa: R$ 135.000,00 I US$ 0,00 Total FAPESP: R$ 55.000,00 I US$ 259.000,00

Início: I I I I 1999 Término: 31 I 1212000

O objetivo da pesquisa é desenvolver proces­sos de polimerização nos quais o produto final tenha teor reduzido de monómero livre, sem sa­crificar a produtividade do processo. A inovação consiste em atuar no processo de polimerização via uso de novos iniciadores e aditivos, bem como de estratégias de adição de matérias-primas du­rante o processo e de variação de temperatura. Isto permitirá reduzir os tempos de processo asso­ciados à extração do monómero residual e reduzir perdas de monómero nesta separação. Objetiva­se atingir e superar normas internacionais relati­vas a teores permitidos de compostos voláteis no produto. A tecnologia atualmente empregada ba­seia-se na extração com vapor, o que afeta a pro­dutividade com mais uma etapa e gera efluentes a serem tratados.

m Avaliação da Reciclagem de Resíduos Industriais Derivados da Síntese do Estireno e da Laminação do Alumínio Metálico com Vistas a sua Aplicação na Proteção de Cobertura de Construções Civis

Coordenador: Fazal Hussain Chaudhry

Instituição:

Escola de Engenharia de São CarlosiUSP

Empresa: Martinez & Micheloni Ltda.

Valor aprovado: R$ 16.025,00 I US$ 399,00 Total empresa: R$ 7.320,00 I US$ 0,00 Total FAPESP: R$ 8.705,00 I US$ 399,00

Início: I I I 1211997 Término: 30161 1998 - Prazo prorrogado

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A atividade industrial gera uma variedade de subprodutos em grandes quantidades que muitas vezes representam resíduos a serem dispostos. Este fato é ainda mais verdadeiro no caso de indústrias petroquímicas em que tais resíduos não possuem um padrão consistente. O presente projeto tem como finalidade testar o aproveitamento de sub­produtos da síntese de estireno e da manufatura de cabos telefónicos para utilização, em uma tec­nologia inovadora, na proteção de coberturas de edificações. Essa tecnologia explora a propriedade adesiva da resina e a estanquidade do compósito, rejeitado pela indústria de cabos, formado por duas camadas de \"Jm copolímero nos dois lados de uma laminação de alumínio. A viabilidade dessa tecno­logia foi inicialmente testada sobre uma pequena placa de concreto à qual foi aplicado o sistema resina-compósito. As propriedades do sistema em condições de campo foram testadas sobre cobertu­ra de uma edificação com dimensões de 5 m x 6 m que possuía fissuras e, conseqüentemente, perco­lação de água. Desenvolveram-se técnicas adequa­das para a aplicação do sistema. O experimento de campo mostrou que o sistema proposto neste pro­jeto é eficaz em eliminar infiltrações em coberturas e económica e ambientalmente oportuno.

SUPLEMENTO ESPECIAL 00 NOTÍCIAS FAPESP N' 46 • INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

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m Desenvolvimento de Reator para Esterilização de Águas Residuais

Coordenadores: Gilberto de Martino Jannuzzi I Roberto Feijó de Figueiredo

Instituição:

Faculdade de Engenharia MecânicaiUNICAMP

Empresa: NCR Esterilização D 'Água por UV Ltda.

Valor aprovado: R$ 84.025,00 Total empresa: R$ 48.000,00 Total FAPESP: R$ 36.025,00

Início: I 161 1998 Término: 3 I 1512000

Trata-se de um projeto para adaptar uma tec­nologia já desenvolvida para esterilização de água potável e empregá-la em um sistema de tratamen­to de águas residuais . A prática do tratamento de esgotos é ainda incipiente no País e pretende-se contribuir para a resolução do problema. Objeti­vos específicos: construção de um protótipo de reatar para esterilização de águas residuais utili­zando um ponto de coleta no Hospital de Clínicas da Unicamp, monitorar o desempenho do equi­pamento analisando seu poder bactericida e fazer uma análise de custo-benefício do equipamento. Inicialmente será fe ita a caracterização do afluen­te determinando-se seus principais parâmetros físicos , químicos e bacteriológicos. Em segundo lugar, procurar-se-á determinar o eventual pré-tra­tamento para poder utilizar o sistema de esterili­zação. Em seguida, serão feitos testes com o pro­tótipo do reator com lâmpadas ultravioleta para esterilização das águas residuais, análises bacterio­lógicas (e possíveis alterações técnicas no protóti­po), testes com diferentes tipos de vazão e, final­mente, análise da viabilidade econômica do sistema de tratamento.

III Avaliação in Vitro e in Vivo r.íl de Dezenove Moléculas com Alto

Potencial Antiinflamante

Coordenador: Gilberto De Nucci

Instituição:

Instituto de Ciências BiomédicasiUSP

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA ·SUPlEMENTO ESPECIAl 00 NOTÍCIAS FAPESP N' 46

Empresa: Aché Laboratórios Farmacêuticos SIA

Valo r aprovado: R$ 182.000,001 US$ 183.000,00 Total empresa: R$ 42.000,00 I US$ 93.000,00 Total FAPESP: R$ 140.000,00 I US$ 90.000,00

Início: I I 121 1998 Término: 301 I I I 1999

O presente projeto de pesquisa visa avaliar in vitro e in vivo moléculas sintetizadas em labo­ratório, com ação antiinflamatória, daí resultando em novos fármacos. A avaliação in vitro será fei­ta, de um lado, pelo contato das moléculas sinte­tizadas com a enzima cicloxigenase, presente em todos os processos inflamatórios. A ação dessa enzima é inibida por todos os antiinflamatórios. Serão feitos também testes em plaquetas de san­gue humano. Os testes in vivo serão realizados com ratos. Uma das moléculas sintetizadas apre­sentou resu ltados positivos em todos os testes in vitro e in vivo.

1r.1 Aplicação das Tochas ~~~ de Plasma em

Processos Siderúrgicos

Coordenador: Aruy Marotta

Instituição:

Instituto de Física Gleb WataghiniUNICAMP

Empresa: Villares Metais SIA

Valor aprovado: R$ 681.903,00 I US$ 305.000,00 Total empresa: R$ 371.403,00 I US$ 0,00 Total FAPESP: R$ 31 0.500,00 I US$ 305.000,00

Início: I 1911999 Término: 311812002

Propõe-se neste projeto o desenvolvimento da tecnologia de aquecimento por tochas de plasma do d istribuidor de aço de 3 toneladas do sistema de lingotamento contínuo da Villares Metais S/ A. É fato reconhecido que a estabilidade da tempera­tura do aço, proporcionada pela tocha de plasma no distribuidor, aliada a uma atmosfera inerte na superfície do metal líquido, resulta em efeito be­néfico na qualidade do aço, com menor segrega­ção e uma microestrutura mais homogênea de grãos eqüiaxiais. A experiência em outros países tem mostrado que o sistema a plasma no distribui-

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dor pode compensar, dentro de +/-1 °C, oscilações de temperatura entre uma corrida e outra da pa­nela de até +/-20°C. Serão estudados as configura­ções da tocha e do distribuidor mais apropriadas, o nível de potência da tocha necessário para man­ter a temperatura do aço dentro dos limites dese­jados para dada massa de metal líquido e avaliado o efeito do plasma na qualidade do aço e econo­mia do processo.

19.J Desenvolvimento de Lasers li:l de Alta Potência com Emissão

na Região Espectral de 800 a I 000 nm, Baseados em Heteroestruturas de GaAs/lnGaAsP/InGaP

Coordenador: Wilson de Carvalho Junior

Instituição:

Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações/Convênio CPqD-ABTLuS

Empresa: AsGa Microeletrônica SIA

Valor aprovado: R$ 155.400,00 I US$ 124.180,00 Total empresa: R$ 105.900,00 I US$ 0,00 Total FAPESP: R$ 49.500,00 I US$ 124. 180,00

Início: I 1311999 Término: 28121200 I

Neste projeto pretende-se desenvolver a fabri­cação de um protótipo encapsulado de um laser de potência com emissão em 808 nm, baseado em heteroestruturas de GaAs/InGaAsP/InGaP. As ca­racterísticas de desempenho do dispositivo serão adequadas às aplicações para o uso em equipa­mentos médicos e o bombeamento de lasers de Nd:YAG. Pretende-se, também, viabilizar a fabri­cação de lasers com emissão em 880 e 980 nm, objetivando aplicações no bombeio de lasers de estado sólido e telecomunicações. As característi­cas de desempenho previstas são: 2 W de potên­cia no modo contínuo (cw) com corrente de fun­cionamento de 3-5 A, largura espectral em torno de 2 nm e divergência do feixe na faixa de 40° e 10° nas direções perpendicular e paralela à região ativa, respectivamente. O projeto envolve a cola­boração do Laboratório de Optoeletrõnica do Con­vênio Fundação CPqD/ ABTLuS, sediado em Cam­pinas, (SP), com a AsGa Microeletrônica, empresa sediada em Paulínia, (SP) . Há um mercado em ex­pansão com amplas possibilidades inovadoras,

33 tanto em equipamentos médicos quanto em ou­tras aplicações comerciais, e inexistem atividades de P&D nessa área estratégica no Estado de São Paulo e no País.

m Purificação e Caracterização de Antígenos de Cisticercos (Taenia crassiceps) para o Desenvolvimento de Reagentes Diagnósticos para Cisticercose Humana

Coordenador: Adelaide José Vaz

Instituição:

Faculdade de Ciências FarmacêuticasiUSP

Empresa: Biolab-Mérieux SIA

Valor aprovado: R$ 75. 1 00,00 I US$ 8.800,00 Total empresa: R$ 42.000,00 I US$ 0,00 Total FAPESP: R$ 33. 100,00 I US$ 8.800,00

Início: I I 12/1997 Término: 291212000

A cisticercose é um sério problema de saúde pública no Brasil, causada pela presença da larva da Taenia solium C Cysticercus cellulosae) no or­ganismo humano . As localizações freqüentes são músculos estriadas, sistema ocular e sistema ner­voso central, sendo a forma nervosa, neurocisti­cercose, considerada a de maior importância clí­nica. O diagnóstico seguro da neurocisticercose, porém, é d ificultado pela grande variedade de quadros clínicos e inconstância dos sintomas apre­sentados. A tomografia computadorizada de crâ­nio e a ressonância magnética são, atualmente, técnicas que auxiliam no diagnóstico. São, porém, muito caras e nem sempre possibilitam um d iag­nóstico conclusivo. A avaliação imunológica no soro e sua correlação com o líquido cefalorraquia­no (LCR) são elementos determinantes na evolu­ção da doença. Várias técnicas têm sido desenvol­vidas para o diagnóstico, tanto no soro quanto no LCR, sendo o teste ELISA o método de escolha. A d ificuldade de obtenção de extratos antigênicos a partir de suínos naturalmente infectados e a baixa especificidade dos testes ELISA, principalmente no soro, indicam a necessidade de investir em novos descobrimentos. O objetivo deste projeto, assim, é a obtenção de antígenos de fonte experimental e o preparo e purificação de frações antigênicas para uso em testes rápidos e de baixo custo que possibilitem detectar indícios desse mal no orga-

SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTÍCIAS FAPESP N' 46 • INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

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34 nismo humano. A pesquisa chegou ao resultado proposto, estando o produto na etapa de aperfei­çoamento, antes de começar a ser produzido em escala comercial.

1!!1 Análise do Ciclo de Vida 1:1:11 de Embalagens

para o Mercado Brasileiro

Coordenador: Luís Fernando Ceribelli Madi

Instituição: Instituto de Tecnologia de Alimentos

Empresa: Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa Agropecuária - Fundepag

Valor aprovado: R$ 372.800,00 I US$ 183.200,00 Total empresa: R$ 280.000,00 I US$ 45.000,00 Total FAPESP: R$ 92.800,00 I US$ 138.200,00

Início: I 1311997 Término: 28121 1999 - Prazo prorrogado

Este projeto propõe a realização de um estudo de Análise de Ciclo de Vida (ACV) de aproximada­mente vinte sistemas de embalagem do mercado nacional. Com o apoio financeiro da FAPESP e de um consórcio de associações e empresas, busca-se a identificação de ações estratégicas para melhorias em quaisquer das etapas dos processos envolvidos na produção, uso e disposição final de embalagens, tendo em vista a minimização de seu impacto am­biental. O trabalho será desenvolvido por meio de metodologia selecionada a partir das disponíveis no mercado internacional, em concordância com a SETAC (Society of Environmental Toxicology and Chemistry), EPA (Environmental Protection Agen­cy) e normas da série ISO 14000, e de um banco de dados a ser gerado sobre os processos e produtos nacionais, que conterá também informações de re­ferência do mercado externo. O estudo será aplica­do a sistemas de embalagem de alguns produtos nacionais, com participação expressiva no consu­mo de embalagem do País, com ênfase na compa­ração do impacto ambiental de diferentes embala­gens alternativas e na detecção dos pontos críticos dos processos de produção e disposição final da embalagem passíveis de aprimoramento e com con­seqüente potencial de otimização, contribuindo as­sim para a aplicação de tecnologias limpas voltadas ao desenvolvimento sustentável do País.

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA ·IUPLEHENTO ESPECIAL DO NOTÍCIAS FAPEIP N' 46

Desenvolvimento de Sistemas de Embalagens de Papelão Ondulado para Hortifrutícolas

Coordenador: Luís Fernando Ceribelli Madi

Instituição: Instituto de Tecnologia de Alimentos- ITAL

Empresa: Associação Brasileira do Papelão Ondulado -ABPO

Valor aprovado:R$ 41 .040,00 I US$ 52.520,00 Total empresa: R$ 41.040,00 I US$ 0,00 Total FAPESP: R$ 0,00 I US$ 52.520,00

Início: I 141 1998 Término: 301911999 - Prazo prorrogado

O mercado de frutas e hortaliças brasileiro, além de ser altamente competitivo e arriscado, apresenta um alto índice de perdas e produtos (da ordem de 12,3 milhões de toneladas). Assim, torna-se essen­cial não somente produzir hortifrutícolas de alta qualidade, mas também adotar técnicas corretas de acondicionamento, embalagem e transporte , para que os produtos cheguem ao consumidor no melhor estado de conservação e para que se te­nha uma redução no índice de perdas. Para tanto, é indispensável o uso de sistemas de embalagens adequados a cada tipo de produto. O objetivo deste projeto é desenvolver sistemas de embalagens apropriados para sete hortifrutícolas e adequados a nosso sistema de distribuição e transporte. O papelão ondulado reúne várias características como material de embalagem para hortigranjeiros e será o material utilizado no projeto. Além das embala­gens, o projeto busca desenvolver também sete manuais técnicos, um para cada produto, apre­sentando os sistemas desenvolvidos.

.r:l Solver de Alto Desempenho 111:1 para Problemas de Otimização

Estruturados

Coordenador: Julio Michael Stern

Instituição:

Instituto de Matemática e EstatísticaiUSP

Empresa: UNISOMA Matemática para Produtividade SIA

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Valor aprovado: R$ 284.000,00 Total empresa: R$ 188.000,00 Total FAPESP: R$ 96.000,00

Início: I I I 01 1996 Término: 31 li I 1999

A presente pesquisa tem o objetivo de desen­volver solvers de Programação Matemática especi­almente adaptados para a otimização de proble­mas com estrutura (forma) angular blocada por linhas (RBAF- Row Block Angular Form) e forma angular blocada por linhas aninhada (NRBAF -Nested Row Block Angular Form). O projeto adap­ta e implementa o método estrutural desenvolvi­do pelo pesquisador responsável como parte de sua tese de doutoramento na Universidade de Cornell (FAPESP 87 / 0540-9). Este método é apre­sentado no artigo "J.M. Stern and S.A. Vavasis , Active Set Methods for Problems in Column Block Angular Form, Com.Appl.Math", v. 12, p. 199-226, 1994. Estes solvers substituirão solvers comerciais (OSL-IBM) nos programas de computador (softwa­res) MultiFor e DyFor da empresa UniSoma. Estes softwares de aplicação industrial resolvem proble­mas de otimização de múltiplas misturas, com es­trutura RBAF, e problemas de otimização multipe­ríodo, com estrutura NRBAF.

m Avaliação do Potencial de Produção de Embriões in Vitro de Vacas com Alto Valor Genético e Infertilidade Adquirida

Coordenador: Joaquim Mansano Garcia

Instituição:

Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de JaboticabaiiUNESP

Empresa: Gertec Representação, Assessoria e Produção de Embriões Ltda.

Valor aprovado: R$ 324.880,00 I US$ 12.351 ,59 Total empresa: R$ 195.180,00 I US$ 0,00 Total FAPESP: R$ 129.700,00 I US$ 12.351 ,59

Início: I 1411998 Término: 31131200 I

As vacas com infertilidade adquirida são roti­neiramente destinadas ao abate, sem que seu po­tencial genético seja totalmente explorado. Estes animais poderiam ser mais bem aproveitados nos

programas de fertilização in vitro (FIV). No Brasil , ainda não há programas de FIV em escala comer­cial destinados aos produtores rurais. Em razão disto, estamos propondo um projeto conjunto com empresas que militam na área de transferência de embriões bovinos, para uma avaliação inicial do aproveitamento de embriões de vacas com inferti­lidade adquirida na produção in vitro (PIV) e es­tudar a viabilidade de implantação desta metodo­logia no âmbito comercial.

m Controle da Contaminação por Fungos Filamentosos e Actinomicetos e Termorresistentes em Derivados de Tomate Processados Assepticamente

Coordenador: Pilar Rodriguez de Massaguer

Instituição:

Faculdade de Engenharia de AlimentosiUNICAMP

Empresa: TETRA PAK Ltda.

Valor aprovado: R$ 182.767,00 I US$ 190.627,00 Total empresa: R$ 144.022,00 I US$ 0,00 Total FAPESP: R$ 38.745,00 I US$ 190.627,00

Início: I 1311997 Término: 28121 1999 - Prazo prorrogado

Este projeto visa quantificar e identificar a flora de bolores e. actinomicetos termorresistentes em polpa e molho de tomate processados asseptica­mente em embalagens Tetra Pak e avaliar a pre­sença das micotoxinas patulina e verroculogen no produto final desses derivados . Também serão determinadas as características de conteúdo de oxigênio residual, pH e permeabilidade da emba­lagem que poderiam contribuir para facilitar o desenvolvimento desses microorganismos. O es­tudo permitirá estabelecer as fontes de contami­nação e , após a identificação e screening seletivo dos organismos mais resistentes, será avaliada a resistência térmica desses bolores e comparada com a resistência de alvos bacterianos, normal­mente utilizados para estabelecer o processo tér­mico de alimentos ácidos (C!. pasteurianum e E. coagulans) , usando como substrato os produtos derivados de tomate formulados por usinas pro­cessadoras. O valor de esterilização requerido pelo produto será estabelecido e o processo térmico redimensionado (tempo de retenção, temperatu-

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SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTÍCIAS FAPESP N' 46 • INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

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36 ra) será testado. Os processos, uma vez validadas as metodologias de controle e quantificação, se­rão repassados às indústrias paiticipantes.

m Desenvolvimento da Moldeira de Transferência­Técnica Zanetti

Coordenador: Artêmio Luiz Zanetti

Instituição: Faculdade de OdontologiaiUSP

Empresa: Teccom lndl. e Comi. de Equips. Ltda

Valor aprovado: R$ 290.250,00 Total empresa: R$ 96.250,00 Total FAPESP: R$ 194.000,00

Início: I 131 1998 Término: 28121200 I

Trata-se de desenvolver um novo método para simplificação e maior precisão de montagem de modelos de arcadas dentárias superiores, em arti­culadores semi ou totalmente ajustáveis. O proje­to apresenta uma nova técnica de moldagem, ob­tenção, transferência e montagem do modelo de gesso no articulador, em qualquer caso que exija a utilização de um articulador para o diagnóstico e planejamento do tratamento de pacientes. O projeto tem a finalidade de desenvolver uma mol­deira , denominada moldeira de transferência , com a qual consegue-se transferir os registras da arca­da superior do paciente para o articulador em uma só etapa, sem a necessidade de confeccionar ba­ses de registro e planos de orientação, utilização do garfo do arco facial e elos meios ele transferên­cia do modelo. Na execução do projeto, fase em aço inoxidável, foram desenvolvidos protótipos devido à complexidade dos vários padrões antro­pométricos existentes no País.

11 Desenvolvimento de Implantes Otimizados para Áreas de Pouca Densidade Óssea e Produtos para Regeneração Óssea

Coordenador: Aguinaldo Campos Junior

Instituição: Faculdade de Odontologia de BauruiUSP

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA· SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTÍCIAS fAPESP N' 46

Empresa: Kunzel Brasil Equipamentos Odontológicos Ltda.

Valor aprovado: R$ 889.637,00 I US$ 158.160,20 Total empresa: R$ 582.000,00 I US$ 0,00 Total FAPESP: R$ 307.637,00 I US$ 158. 160,20

Início: I 19/1998 Término: 31 181200 I

O presente projeto tem como objetivo propi­ciar o desenvolvimento de produtos voltados para o imenso mercado ele brasileiros com ausência ele dentes e/ ou com perdas ósseas localizadas. Visa, portanto, a colaboração entre indústria e Universi­dade para produzir soluções desejáveis e, princi­palmente, viáveis. A segunda geração desse pro­duto deve substituir, com vantagens, os produtos disponíveis até agora. A produção de meios para regeneração óssea atinge uma necessidade premen­te dos consultórios, motivada pela drástica mudança elo quadro epidemiológico bucal e pela maior so­fistificação estética e cultural dos potenciais usuá­rios. Tem-se como meta a rápida produção de uma variação de sistema de implantes com característi­cas inovadoras e a produção de elementos para a regeneração óssea- membrana reabsorvível e osso bovino inorgânico -, bem como de amelogenina, produto com capacidade de regeneração cemen­tária, e de proteína morfogenética óssea (BMPs).

m Novos Pigmentos Inorgânicos e Híbridos, à Base.de Fosfatos

Coordenador: Fernando Galembeck

Instituição: Instituto de QuímicaiUNICAMP

Empresa: Serrana de Mineração Ltda.

Valor aprovado: R$ 93.255,30 I US$ I 07.132,70 Total empresa: R$ 67.340,00 I US$ 0,00 Total FAPESP: R$ 25.915,30 I US$ I 07. 132,70

Início: I 1311996 Término: 31 181 1997

O objetivo deste projeto foi o desenvolvimen­to de duas novas classes de pigmentos e dos res­pectivos processos de fabricação. Trata-se de pig­mentos brancos e pigmentos coloridos, ambos baseados em fosfatos (condensados ou não) de

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íons metálicos: alumínio, cálcio, ferro e outros. Estes novos pigmentos destinam-se, de um lado, à subs­tituição de dióxido de titânio em tintas brancas e, de outro, ao preenchimento de algumas lacunas nas disponibilidades de pigmentos coloridos, de alta qualidade óptica e de elevada estabilidade química no ambiente. Devido a sua natureza quí­mica, todos os produtos em questão deverão estar isentos de problemas de toxidez. Sua produção e descarte serão feitos sem criar novos problemas ambientais e sem aumentar problemas já existen­tes. Utilizaram-se processos que já foram objeto de pedidos de patente, depositados pelo grupo solicitante; operações de produção em escala pi­loto foram executadas nas insta lações da empresa interessada desde junho de 1995.

Produção Contínua de Álcool Carburante Utilizando Saccharomyces cerevisiae suportado em Crisotila

Coordenador:

Inês Joekes

Instituição: Instituto de QuímicaiUNICAMP

Empresa: SAMA - Mineração de Amianto Ltda.

Valor aprovado: R$ 359. 137,00 I US$ 62.464,61 Total empresa: R$ 287.610,00 I US$ 0,00 Total FAPESP: R$ 71 .527,00 I US$ 62.464,61

In ício: I I I I 1999 Término: 3 I I 1212000

Este projeto de inovação tecnológica refere-se à obtenção de álcool carburante por processo contí­nuo, a partir da cana-de-açúcar, usando Saccha­romyces cerevisiae suportado em crisotila, visando sua implementação industrial em substituição ao tradicional, de batelada ou semicontínuo. A implan­tação industrial de um processo contínuo é meta perseguida há tempo pelo setor produtivo, pois implica redução de custos de instalação e de ope­ração e possibilita a automação da linha, redun­dando em diminuição do preço do etanol produzi­do. Esta redução de preço é fundamental para tornar o etanol competitivo com a gasolina. O cerne do processo contínuo para este setor industrial é a exis­tência de um catalisador suportado, química, me­cânica e biologicamente estável. Obtivemos um catalisador suportado de Saccharomyces cerevisiae sobre crisotila, em que as células se enovelam, não

37 sendo removidas, ganham termotolerância e mos­tram atividade por até um ano após o preparo. Ensaios de fermentação com reatares de leito fixo de bancada, usando cepas selecionadas, apresen­taram eficiência e produtividade bastante superio­res aos melhores valores obtidos com células livres operando em regime contínuo por até um mês. Entretanto, leitos fixos não são os mais indicados em engenharia de projeto. Há ainda que se aumen­tar a escala para confirmar se os aumentos de efici­ência e produtividade se mantêm.

SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTÍCIAS FAPEIP N' 46 · INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

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"' INOVAÇAO

TECNOLÓGICA EM PEQUENAS EMPRESAS

PIPE

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Produção do Hormônio de Crescimento Humano pela Tecnologia do DNA Recombinante

Coordenador: Jaime Francisco Leyton Ritter

Empresa: Genosis Biotecnológica Ltda.

Valor aprovado: Fase I: R$ 19.300,00 I US$ 27.538,00 Fase 2: R$ 74.200,00 I US$ I 11.096,21

A utilização de produtos farmacêuticos obtidos pela tecnologia do DNA recombinante tornou-se uma realidade no mundo atual. O Brasil, porém, não dispõe de nenhum laboratório farmacêutico que produza fármacos por essa tecnologia. Este projeto se propõe criar uma empresa capacitada a produzir formulações farmacêuticas obtidas por esse método. A escolha do Hormônio de Cresci­mento Humano (hGH) como primeiro produto, além de sua importância terapêutica, deve-se ao fato de que grande parte do processo de pesquisa encontra-se concluída -desde o isolamento do gene e sua expressão em bactéria até a purificação do produto recombinante, biologicamente ativo, em escala laboratorial. O produto deste projeto, hormônio de crescimento humano recombinante (rhGH), é um fármaco indispensável na promoção do crescimento nos casos de nanismo por defici­ência de hGH. Outras aplicações terapêuticas des­se produto (envelhecimento, osteoporose, recupe­ração de fraturas, perda de massa muscular na AIDS) estão sendo pesquisadas. Todo o hGH atu­almente utilizado no Brasil é importado e existe carência no mercado. Pretendem-se o scale up do processo fermentativo para escala industrial, o scale up parcial do processo de purificação com a reali­zação dos devidos testes de pureza e a execução dos testes clínicos.

11 Otimização dos Rendimentos de Expressão Bacteriana, Fermentação e Purificação de Hormônio de Crescimento Humano Recombinante, Visando Viabilizar sua Produção e Comercialização

Coordenador: Paolo Bartolini

Empresa: Hormogen Biotecnologia lmp. Exp. Ltda.

Valor aprovado: Fase I: R$ 24.460,00 I US$ 19.900,00 Fase 2: R$ 48.362,00 I US$ I 34.45 I ,00

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O grupo de pesquisa do Departamento de Bio­engenharia do IPEN-CNEN/SP vem trabalhando na produção e caracterização de hormônios pituitá­rios humanos em geral e do hormônio de cresci­mento (hGH) em particular. Desde 1994, o referi­do laboratório está conveniado com a firma Hormogen Biotecnologia Imp. Exp. Ltda. O obje­tivo primário da Hormogen é a produção e co­mercialização do hGH obtido mediante técnicas de DNA recombinante em bactérias transforma­das. O alto potencial social do produto já está de­monstrado, sendo indispensável para o tratamen­to de diversas formas de nanismo e recomendado em severas condições de debilitação. Suas aplica­ções em casos de osteoporose, fratura óssea, quei­maduras e insuficiência renal estão sendo estuda­das e, em parte, realizadas, como também estão sendo pesquisados os efeitos sobre o rejuvenesci­mento e o aumento da massa muscular. Esse hor­mônio, como praticamente todos os produtos far­macêuticos obtidos mediante essas técnicas de engenharia genética, porém, ainda não é produzi­do no Brasil. Com esta pesquisa procuram-se a construção de vetares de expressão que permi­tam um incremento industrialmente interessante na secreção periplásmica bacteriana do produto, a otimização do processo de fermentação em bior­reator, incrementando simultaneamente biomassa e produção de hGH por bactéria, e o aprimora­mento das etapas de purificação.

3 Aplicação de Aprendizagem por Computador e Morfologia Matemática em OCR de Fase de Computador

Coordenador: Felício Hissaaki Sakamoto

Empresa: Carta Consultaria Ltda.

Valor aprovado: Fase I: R$ 24.000,00 I US$ 0,00 Fase 2: R$ 5 1.000,00 I US$ 0,00

Este projeto objetiva desenvolver um estudo para viabilizar o desenvolvimento de uma aplica­ção de reconhecimento automático de caracteres (OCR) de fax transmitidos por computador. A par­tir deste reconhecimento, a aplicação deverá pos-

SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTÍCIAS FAPESP N' 46 • INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

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42 sibilitar o armazenamento estruturado da informa­ção recebida e a realização de buscas e recupera­ção rápida destas informações. A teoria utilizada será baseada na Morfologia Matemática. Esta teo­ria é útil para modelar transformações entre ima­gens e, por isto, vem sendo empregada com bas­tante sucesso na resolução de diversos problemas de processamento de imagens. Por meio da automa­ção do projeto de operadores morfológicos (mapea­mentos entre imagens), baseada em aprendizado computacional, pretende-se mostrar a viabilidade do desenvolvimento de um programa capaz de ser utilizado na automação de escritórios, sem que o usuário necessite ter conhecimentos específicos acerca da técnica empregada. Os benefícios pre­vistos são bastante amplos, particularmente na eco­nomia de espaço para armazenamento de infor­mações, na possibilidade de classificar e acessar automaticamente conteúdo de fax, pesquisar as­suntos e palavras específicas antes impossíveis por se tratar de imagens matriciais (bitmap).

11 Segmentação Assistida de Imagens e Vídeos Digitais

Coordenador: Robert Liang Koo

Empresa: SDC Engenharia, Sistemas, Eletrônica, lmp. e Exp. Ltda.

Valor aprovado: Fase I: R$ 35.000,00 I US$ 0,00 Fase 2: R$ 57.000,00 I US$ 35.000,00

A SDC vem desenvolvendo, por meio do pro­jeto Softex, uma "caixa de ferramentas" de morfo­logia matemática para o software de programação visual Matlab. A morfologia matemática é uma téc­nica não-linear de tratamento de imagens digitais para segmentação de imagens. Esta proposta visa desenvolver as ferramentas de segmentação de modo que possam ser facilmente migradas para diferentes programas já consagrados no mercado, como o Photoshop, o próprio Matlab, o 3DStudio , etc. A manipulação da fotografia e do vídeo exige diversas técnicas sofisticadas de processamento de imagens. A crescente capacidade de armazenamen­to e transmissão de dados atual é possível graças às tecnologias DVD, TV digital, Internet e às di­versas técnicas de compressão de dados (MPEG2 e MPEG4). Essa facilidade de acesso a imagens e vídeos digitais está permitindo que sinais de ví­deo possam ser manipulados com muito mais com-

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA · SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTICIAI fAPESP N' 46

plexidade dentro do computador digital. Este novo panorama abre caminhos para diversas aplicações de processamento de imagens onde a segmenta­ção de objetos é uma das operações fundamen­tais. A segmentação consiste em usar o computa­dor para definir, na imagem, recortes automáticos ao redor de objetos de interesse. Pretende-se es­tudar a melhor metodologia de desenvolvimento desse software. Em particular, na Fase 1 da pes­quisa procurar-se-á saber quais são as reais neces­sidades dos usuários; como deve ser a interface; se se deve gerar um produto stand-alone ou plug­ins para plataformas já existentes, e quais são as ferramentas mais promissoras.

11 Desenvolvimento de Sistemas para Sinalização R2/MF Utilizando Novas Técnicas de Processamento de Sinais

Coordenador: Carlos Geraldo Kruger

Empresa: IDEA! Sistemas Eletrônicos Ltda.

Valor aprovado: Fase I: R$ 33.300,00 I US$ 0,00 Fase 2: R$ 59.900,00 I US$ I 05.000,00

A empresa IDEA!, com este projeto, pretende desenvolver um circuito integrado de aplicação es­pecífica (ASIC) que, além de englobar as soluções já existentes, agregue novas funções que justifiquem sua aplicação em equipamentos terminais de baixo custo. Para tanto, pretende utilizar técnicas inovado­ras de processamento de sinais de telefonia junta­mente com o uso de metodologias de projeto estru­turadas , onde se faz uma descrição de alto nível com a posterior utilização de ferramentas de simulação e síntese. Tendo detectado o crescente fortalecimento das pequenas e médias empresas em todo o mundo, um grupo de pesquisadores originários do sistema Telebrás resolveu criar a empresa IDEA! Sistemas Ele­trônicos Ltda. Com uma postura voltada para aten­der e superar as expectativas de seus clientes, a IDEA! visitou empresas de grande destaque no cenário tec­nológico nacional e identificou o interesse das em­presas do setor de telecomunicações pelo desenvol­vimento de um componente ASIC, de baixo custo, para a recepção e transmissão de sinais multifre­qüências do tipo MFC e MFP. Como resultado, espe­ra obter um componente para MFC de baixo custo que viabilize o desenvolvimento de equipamentos nacionais para diversas aplicações, tornando-os com­petitivos no mercado nacional e internacional.

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11 Aperfeiçoamento do Filtro Vacuum Pres_s para Indústria de Açúcar e Alcool

Coordenador: Pedro Gustavo Córdoba Junior

Empresa: Technopulp Consultaria e Com. de Equipamentos Industriais Ltda.

Valor aprovado: Fase I : R$ 50.000,00 I US$ 0,00 Fase 2: R$ 197.920,00 I US$ 0,00

O objetivo da pesquisa é o aperfeiçoamento tecnológico do Filtro Contínuo de Dupla Tela de­nominado Vacuum Press, utilizado no tratamento de depuração do caldo misto (garapa) nas usinas de açúcar e álcool, possibilitando aumento de efi­ciência e produtividade. O projeto visa o estudo mais detalhado do mercado, pesquisas de labora­tório testando novas membranas telas e coadju­vantes de filtração , tais como polímeros e agentes químicos de coagulação, para uma maior perfor­mance operacional. Isto só é possível por meio de trabalhos de laboratório e planta, utilizando um filtro piloto para ensaios e testes . A instalação de um laboratório com equipamento piloto permitirá atingir maiores níveis de automação e eficiência, permitindo à empresa ampliar o leque de merca­do, redundando em benefícios socioeconômicos com a geração de novos postos de trabalho. O Filtro Vacuum Press é o mais recente desenvolvi­mento da T.P. , empresa com atuação nos setores de engenharia e processo ligados aos setores de açúcar e álcool, papel e celulose, e está sendo utilizado no setor de açúcar e álcool com resulta­dos satisfatórios, em substituição aos filtros rotati­vas convencionais, que têm baixo poder de reten­ção das impurezas e alto teor de perdas de sacarose.

11 Desenvolvimento de Refrigeradores Baseados no Fenômeno Termoacústico

Coordenador: Humberto Pontes Cardoso

Empresa: Equatorial Sistemas Ltda.

Valor aprovado: Fase I: R$ 49.580,00 I US$ 0,00 Fase 2: R$ 193.500,00 I US$ 0,00

43 Os recentes avanços no desenvolvimento de

detectores fotovoltaicos de ondas longas para imageadores instalados em satélites artificiais têm gerado uma demanda cada vez maior de sistemas criogênicos de refrigeração de alta confiabilidade e baixos peso e consumo de energia. Minirrefrige­radores criogênicos termoacústicos estão sendo de­senvolvidos pelos principais centros de pesquisas espaciais do mundo como alternativa aos sistemas passivos de refrigeração (radiadores criogênicos) e aos refrigeradores termoelétricos. Recentes avan­ços também na área de microeletrônica, em espe­cial microprocessadores, demandam refrigerado­res miniaturizados, com alta confiabilidade e baixo peso. O minirrefrigerador termoacústico é consti­tuído de um tubo de aço inox contendo uma mis­tura de gases (normalmente hélio e xenônio), um alto-falante instalado em uma de suas extremida­des e um defasador termoacústico (DTA) posicio­nado no interior do tubo, na extremidade oposta. Ao acionar o alto-falante, são produzidos pulsos de compressão e descompressão do gás que origi­nam trocas sucessivas de calor entre as várias ca­madas do DTA e o gás , de forma que, no final , é retirada uma quantidade de calor do DTA maior que a cedida. Esta tecnologia, além de ser muito promissora para aplicação espacial e na refrigera­ção local de microcircuitos, aparece também como uma alternativa para os refrigeradores domésticos.

11 Análise Estocástica da Dinâmica Temporal das Arritmias Cardíacas, por ')'leio da Gravação Intermitente do Eletrocardiograma, por Períodos de Tempo muito Longos

Coordenador: Ricardo Geretto Kortas

Empresa: KIIM - Kortas Informática Instrumentação Médica lnd. Com.lmp. Exp. Ltda.

Valor aprovado: Fase I : R$ 30.200,00 I US$ 0,00 Fase 2: R$ 183.900,00 I US$ 0,00

O projeto, em sua Fase 1, tinha o objetivo de analisar o eletrocardiograma (ECG) gravado, de for­ma intermitente, por longos períodos de tempo, visando uma melhor compreensão da variabilida­de espontânea das arritmias cardíacas, com con­seqüente aprimoramento na estimativa do risco das arritmias e no uso das drogas antiarrítmicas.

SUPLEMENTO ES PECIAL DO NOTÍCIAS fAP ESP N' 46 • INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

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44 Posteriormente, como essa fase permitiU desen­volver e implementar partes básicas de um siste­ma completo de coleta, transmissão e análise de parâmetros biológicos como os do eletrocardio­grama (ECG) e da pressão arterial (PA), mudou-se o enfoque para uma filosofia de desenvolvimento horizontalizado, onde o sistema é colocado em funcionamento com todas as suas partes disponí­veis e, progressivamente, ampliadas. Deixou-se para o final da Fase 2 a análise estocástica dos parâmetros coletados por períodos muito longos. No País, a morte súbita por arritmias cardíacas ("pa­rada") constitui a mais importante causa de morte na população adulta. A introdução do exame Hol­ter, em que 24 horas de ECG são gravadas conti­nuamente no hábitat natural do indivíduo, repre­sentou um avanço. No entanto, parte expressiva das informações do ECG não é aproveitada. Isto decorre do não aproveitamento da variabilidade dia-para-dia. Proposta: utilizar a tecnologia de su­porte já desenvolvida pela empresa, como grava­dores Holter digitais e software para a análise das arritmias no ECG, para criar uma central de tele­processamento que permitirá a monitorização do ECG por períodos muito longos (mais que duas semanas), e aprimorar e testar os modelos de aná­lise dinâmica já estudados.

11 Desenvolvimento de um Topógrafo lntracirúrgico (primeiro protótipo)

Coordenador: Silvio Antonio Tonissi Junior

Empresa: Eyetec Equipamentos Oftálmicos lnd. e Com. Ltda.

Valor aprovado: Fase I: R$ 33.100,00 I US$ 11.738,00 Fase 2: R$ 162.620,00 I US$ 30.950,00

Este projeto tem como principal objetivo a rea­lização de pesquisas práticas na área da topogra­fia da córnea e o desenvolvimento de um pri­meiro protótipo de topógrafo intracirúrgico (para uso durante a cirurgia), instrumento inédito no mercado nacional e internacional. Como primei­ro passo deve ser desenvolvido um sistema de projeção de anéis na córnea que tenha bom de­sempenho durante a cirurgia. Sua luz não deve ser ofuscada pela iluminação do microscópio ci­rúrgico e o reflexo na córnea deve ser nítido. O projetar deverá ser construído na forma de três

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA · SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTICIAS fAPESP N' 46

cones em acrílico. Depois de montado, será aco­plado a um sistema de iluminação por fibras óp­ticas com fonte de luz de intensidade regulável. Pretende-se implementar o sistema em duas ver­sões: uma para notebook e outra para desktop, ambos computadores IBM-PC compatíveis. A pri­meira versão terá a vantagem de ser portátil; a segunda terá a vantagem de poder utilizar placas de aquisição de imagens específicas para desktop, que possibilitam a captura de imagens de melhor qualidade e em tempo real. As imagens digitali­zadas serão processadas para detecção dos anéis refletidos pela córnea. Nas informações obtidas nesta etapa serão aplicados algoritmos de mode­los matemáticos de topografia da córnea huma­na. Mapas topográficos com códigos de cor para diferentes curvaturas serão gerados e dispostos em intervalos de poucos segundos durante a ci­rurgia, auxiliando o médico no diagnóstico de irregularidades na superfície. Cirurgias de catara­ta e cirurgias refrativas em geral são exemplos do uso desse sistema.

IJ Desenvolvimento de Vídeo Endoscópico com Óptica Gradiente

Coordenador: Cícero Lívio Omegna de Souza Filho

Empresa: Kom Montagens e Comércio Ltda.

Valor aprovadg: Fase I: R$ 23.900,00 I US$ 21.000,00

A presente pesquisa propõe-se desenvolver um endoscópio otimizado para seu uso com câ­mara de vídeo . O instrumento deverá ser mais eficiente do ponto de vista de sistema óptico e de menor custo que os existentes no mercado. O endoscópio deverá ser composto por uma lente tipo índice gradual (gradientindexou GRIN), uma microcâmara de vídeo tipo CCD C Charge Cou­pled Device), uma lente acopladora GRIN-CCD, fibras ópticas para conduzir a luz de iluminação e uma "camisa" metálica para alojar a lente GRIN e as fibras de iluminação. Este projeto envolve basicamente duas inovações tecnológicas: subs­tituição das duas lentes universalmente utiliza­das em vídeos endoscópicos (lente ocular e lente acopladora ocular-câmara) por uma só (acopla­dora GRIN-CCD). Em relação aos instrumentos existentes, esta substituição deverá aumentar a

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eficiência de acoplamento entre o endoscópio e a câmara, bem como diminuir o custo e as dimen­sões do instrumento. Deverá ser projetado e cons­truído um sistema óptico que acople a lente GRIN à câmara CCD. O desafio , aqui , será o de mini­mizar aberrações e perdas, mas mantendo o ân­gulo de visão e a profundidade de campo o mais amplos possível.

ID Um Sistema Computacional para Análise de Lesões Cutâneas

Coordenador: Antônio Francisco Junior

Empresa: Atonus Engenharia de Sistemas Ltda.

Valor aprovado: Fase I : R$ 9.090,00 I US$ 0,00 Fase 2: R$ 94.074,00 I US$ 0,00

O Brasil , com sua população exposta constan­temente aos raios solares, tem constatado o cres­cente aumento na incidência de lesões cutâneas. Com o intuito de auxiliar os especialistas da área de saúde no diagnóstico de lesões cutâneas, prin­cipalmente o câncer de pele, a Atonus Engenharia de Sistemas Ltda. propõe o desenvolvimento de um sistema computadorizado para aquisição, ar­mazenamento e análise de imagens da epiderme humana. Por meio do auxílio local deste sistema e da transferência remota das imagens digitais ad­quiridas entre especialistas da área médica pela Internet, pretende-se diminuir o grau de subjetivi­dade na análise de lesões cutâneas. Desta forma, o presente projeto visa não somente o desenvol­vimento de um equipamento, mas também a di­vulgação/ instituição do método de abordagem de um problema de saúde pela troca remota de in­formações textuais e imagens, conhecida como te­lemedicina. A primeira etapa a ser abordada diz respeito ao processo de iluminação adequada da epiderme humana, seguida da aquisição de ima­gens digitais. Para tanto , a Atonus desenvolve um videodermatoscópio com fibra óptica, com tecno­logia nacional, a fim de iluminar uniformemente a epiderme humana. Depois que a imagem digital da epiderme for adquirida , serão aplicados soft­wares específicos para a análise morfológica e ra­diométrica das lesões cutâneas, principalmente no que concerne ao diagnóstico do câncer.

11 Projeto e Desenvolvimento de Equipamento para Fototerapia Neonatal Baseado em Fibra Óptica Corrugada

Coordenador: Cícero Lívio Omegna de Souza Filho

Empresa: Kom Montagens e Comércio Ltda.

Valor aprovado: Fase I : R$ 21 .000,00 I US$ 26.796,00 Fase 2: R$ I O 1.500,00 I US$ 98.500,00

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A icterícia fisiológica é o problema de maior freqüência no período neonatal, atingindo 30 a 50% dos recém-nascidos de termo. Cerca de 10% destas crianças necessitam, pelos padrões atuais , de trata­mento fototerápico. Os aparelhos emissores de luz usados para esse tratamento podem ser basicamente de três tipos: com lâmpada do tipo fluorescente, com lâmpada halogênea montada em refletor do tipo spot e com manta emissora de luz fria usando fibra óptica. O aparelho de fototerapia proposto utiliza fibras ópticas modificadas, consistindo de uma manta radiadora de luz que estará em contato com o recém-nascido portador de elevado nível de bilirrubina. O guia de luz a ser utilizado na cons­trução da manta é do tipo multimodo índice de­grau, tendo como núcleo PMMA e como casca te­flon. A presente proposta utiliza fibras ópticas comercialmente disponíveis , sendo que a inova­ção tecnológica está na utilização de um processo mecânico que altera a superfície da fibra , modifi­cando a reflexão interna total e originando uma emissão lateral controlada da luz. As fibras devem emitir luz através da casca no interior da manta. Na primeira fase do projeto, foram construídos dis­positivos e ferramentas mecânicas que produzem corrugações controladas na superfície das fibras e realizados ensaios em fibras com diferentes diâ­metros e materiais. Na segunda fase , foi desenvol­vido o produto, que está em fase final de testes.

m Sistema de Monitoramento de Frota de Veículos

. de Transporte Coletivo Urbanos

Coordenador: Claudemir Marcos da Silva

Empresa: Neuron Engenharia e Comércio de Equipamentos Eletrônicos Ltda.

SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTÍCIAS FAPESP N' 46 • INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

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46 Valor aprovado: Fase I: R$ 37.200,00 I US$ 847,45

O projeto prevê a elaboração de um Sistema de Monitoramento de Frota de Veículos de Transporte eoletivo Urbanos destinado ao monitoramento da pontualidade de ônibus ou peruas por meio do uso de sinalizadores de rádio distribuídos ao longo de rotas preestabelecidas. Além de informar o instante de passagem de cada veículo pelos sinalizadores de rádio, o sistema pode incorporar também o monitoramento de outros parâmetros, como, por exemplo, a velocidade e o número de passageiros do percurso. Ai> informações coletadas pelo veículo são transferidas, via rádio, para uma estação coleto­ra conectada a um computador central, via rádio ou linha telefónica. Este computador processa as infor­mações recebidas para auxiliar a avaliação da pon­tualidade do sistema, distância dos percursos, quan­tidade de veículos em operação, custos, controle da velocidade, etc. Permite, também, que os órgãos municipais monitorem a qualidade do serviço. No esquema proposto, cada veículo é dotado de um registrador capaz de receber e armazenar as infor­mações transmitidas por estações-baliza distribuí­das ao longo das rotas. No final do dia, ou em outro momento, os registradores dos veículos descarre­gam as informações armazenadas em estações co­letoras. Estas estações são conectadas a um compu­tador central para processamento das informações e geração de relatórios. O registrador é um equipa­mento embarcado em cada veículo da frota e com­posto por um transceptor de rádio, uma antena e uma placa controladora. A baliza é um equipamen­to fixo , distribuído ao longo das rotas, instalado em postes ou junto a semáforos e composto por um transceptor, uma antena e uma placa controladora.

11 Descompressor de Programas para Processador RISC

Coordenador: Silvio Luis Lima Nogueira

Empresa: IDEA! Sistemas Eletrônicos Ltda.

Valor aprovado: Fase I: R$ 21 .300,00 I US$ 20.000,00

O objetivo deste trabalho de pesquisa é de­senvolver um descompressor de programas de computador para processador RISC. A idéia cen­tral desta abordagem é codificar separadamente

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA · SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTÍCIAS fAPESP N' 46

árvores de expressão e seqüências de operandos usando codificação Huffman. A descompressão do programa é feita usando um módulo de des­compressão baseado em dicionários. O cresci­mento do mercado de sistemas dedicados (em­bedded systems) tem levado ao surgimento de uma metodologia de projeto conhecida como System­On-a-Chip (SOe) , onde um processador é inte­grado a memórias , DMAs, portas de I/0 e outros módulos visando minimizar o custo do sistema. Uma das tarefas mais difíceis em um SOe é fazer o programa da aplicação caber dentro da área de silício (microprocessador) especificada. Este pro­blema é particularmente crítico para a indústria. A IDEA! Sistemas Eletrônicos vem colaborando com o trabalho de pesquisa sobre compressão de programas em SOes desenvolvido pelo Prof. Guido Araújo e seus alunos de doutorado no Ie­UNieAMP. A idéia consiste em armazenar o códi­go comprimido em memória on-chip, descom­primindo-o on-line durante a busca de uma instrução. A viabilidade comercial desta propos­ta ficou comprovada recentemente com o lança­mento, pela IBM, de um processador PowerPe (eodePack) com características similares, mas in­feriores. As atividades de pesquisa deste projeto já atingiram o ponto em que os resultados obti­dos encorajam sua exploração comercial. O ob­jetivo final desta proposta é a implementação de um descompressor que será comercializado como um soft-core em bibliotecas de provedores de IP (Intelectual Property) .

m Desenvolvimento de Multiplexador STM-1 para a Rede Óptica de Acesso

Coordenador: Regê Romeu Scarabucci

Empresa: AsGa Microeletrônica SIA

Valor aprovado: Fase I: R$ 26.300,00 I US$ 0,00

O objetivo desta proposta é realizar um estudo de viabilidade para o desenvolvimento de um mul­tiplexador STM-1 com capacidade de transportar até 63 tributários El de taxa 2048 kb/ s para acesso óptico de grandes usuários à rede pública de tele­comunicações. A tecnologia a ser usada é a da Rede Síncrona, desenvolvida nos últimos anos e padronizada na União Internacional de Telecomu-

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nicações (ITU) como a Hierarquia Digital Síncro­na (SDH- Synchronous Digital Hierarch). Os mul­tiplexadores da Rede Síncrona são os melhores transportadores de sinais de comunicação conhe­cidos. Eles foram desenvolvidos para transportar desde sinais digitais de baixas taxas em seus con­tainers de pequeno porte até sinais de dados de altíssimas taxas , usados, por exemplo, em super­computadores. O processo abrangente de supervi­são adotado na Rede Síncrona, com informações disponíveis sobre status da comunicação, sobre falhas e sobre desempenho - além de permitir ge­rência de forma centralizada - , está transforman­do profundamente a qualidade das redes públicas de comunicação. O estudo de viabilidade de de­senvolvimento do primeiro equipamento multiplex SDH brasileiro consistirá das seguintes atividades: estudo de desempenho de chipset lançado recen­temente no mercado mundial; projeto sistêmico para dois tipos de multiplexadores, um MUX Ter­minal e um MUX ADM (Add-Drop Multiplex), e planejamento das etapas do projeto de desenvol­vimento/ industrialização (Fase 2 do projeto), visan­do uma estimativa detalhada de tempos e custos envolvidos.

m C ali I P - Sistema de Comutação Telefônica para Ca/1 Centers Utilizando Voz Sobre lP

Coordenador: Tereza Cristina Melo de Brito Carvalho

Empresa: Macrolog Tele informática Ltda.

Valor aprovado: Fase I: R$ 44.920,00 I US$ 0,00

A Macrolog Teleinformática Ltda. tem como novo projeto a pesquisa, desenvolvimento, comer­cialização e implantação de sistemas de comuta­ção para cal! centers utilizando Voz Sobre IP (VOIP - Voice Over Internet Protoco[) , em substituição aos tradicionais PABX com DAC (Distribuidores Automáticos de Chamadas) e interfaces CTI (Com­puter & Telephony Integration). Esta nova tecno­logia é viabilizada pelo constante aumento de de­sempenho das redes, bem como pela evolução da tecnologia de compressão de voz. Hoje em dia as redes permitem velocidades acima de 100Mb/se algoritmos de compressão e supressão do silêncio que comprimem a voz para 8 kb/ s. Com estes nú­meros as redes podem trafegar a informação de

47 voz, além dos demais dados, com qualidade. Com o desenvolvimento de um dispositivo de geren­ciamento deste tráfego telefónico, que poderá se chamar "Gerenciador de Chamadas", é possível comutar virtualmente a informação de voz nos pontos já existentes da rede sem a necessidade de uma rede telefónica paralela e central telefónica específica. Dentro da área de atuação proposta, o uso da "comutação virtual" por IP permitirá a cria­ção de um novo patamar de cal! centers, introdu­zindo inúmeros benefícios para os usuários , tais como: facilitará a conexão de chamadas multimí­dia integrando voz, vídeo, web, e-mail e fax; re­duzirá custos; economizará com a redução das ta­rifas de chamadas interurbanas e internacionais (via Internet, Intranet, wan, etc.); simplificará a infra-estrutura, e abrirá o mercado de alta tecnolo­gia também para os pequenos cal! centers.

11 Projeto e Construção de Protótipos de Controladores

Coordenador: Durval Makoto Akamatu

Empresa: lncon Eletrônica Ltda.

Valor aprovado: Fase I: R$ 50.000,00 I US$ 0,00 Fase 2: R$ 200.000,00 I US$ 0,00

O objetivo deste trabalho é o projeto e cons­trução de pwtótipos de controladores micropro­cessados de propósito geral, de baixo custo, com capacidade de comunicação de dados remota em rede multiponto, a fim de definir os elementos internos de um produto com essas características. Este produto deverá ser escolhido dentre os protó­tipos e deverá ser utilizado inicialmente como con­trolador de algumas grandezas físicas, tais como temperatura, pressão e umidade, em sistemas de re­frigeração de ar para painéis de acionamento de máquinas, sistemas frigoríficos e condicionadores de ar para containers de sistemas de telecomuni­cações. Como requisitos do produto a ser desen­volvido tem-se um controlador de baixo custo uti­lizando microcontrolador, periféricos e um chip-modem montados em placa com tecnologia SMD. A função da comunicação de dados via li­nha telefónica é realizada pelo chip-modem, for­necendo ao controlador uma vantagem competiti­va em relação aos produtos no mercado. Como resultado desta etapa do desenvolvimento do con-

SUPlEMENTO ESPECIAl DO NOTÍCIAS fAPESP N' 46 • INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

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48 trotador, um protótipo deverá ser construído e tes­tado, para avaliar as especificações definidas no projeto, propor ajustes e fornecer um quadro mais preciso dos custos envolvidos.

IJ Linearizador Pré-Distorcivo para Amplificadores de Alta Potência de Estações Terrenas de Satélites

Coordenador: Wilton José Fleming

Empresa: Beta Telecom Consultaria e Comércio Ltda.

Valor aprovado: Fase I : R$ 27.600,00 I US$ 12.400,00

O presente trabalho propõe-se investigar os chamados linearizadores por pré-distorção, utili­zados em sistemas de comunicação via satélite. Inicialmente, será investigada a solução para a Banda C de comunicações por satélite e, poste­riormente , será avaliada a possibilidade de uso na Banda Ku. O linearizador por pré-distorção cria uma função de transferência que é o oposto, sob o ponto de vista da distorção, daquela do ampli­ficador a ser linearizado. Entre suas principais características está a larga faixa de operação e a capacidade de funcionar independentemente de alterações internas no amplificador. O desenvol­vimento da tecnologia dos circuitos de modula­ção e compressão digital permite (e até exige) que várias portadoras sejam transmitidas no mes­mo espaço de freqüência antes ocupado por uma única portadora em sistemas de comunicação via satélite . Para esses sinais e serviços, a linearidade dos amplificadores é um fator dominante , para evitar interferências. Na tecnologia da comunica­ção via satélite , o uso de válvulas especiais é uma necessidade . Neste caso, dependendo da potên­cia de transmissão desejada, não existe similar em estado sólido ou , quando existe (para baixas potências), o preço é muito alto. Para a solução dos problemas de linearidade, os fabricantes têm adotado a sistemática de fazer com que os ampli­ficadores de potência (HPAs) operem bastante abaixo da potência máxima que podem forne­cer. Esta condição é chamada de back-off e , em­bora tecnicamente correta, tem um alto custo. Para resolver esse tipo de problema, a solução é a in­trodução de um linearizador, cuja finalidade é com­pensar as não-linearidades intrínsecas de ganho e fase do HPA.

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA · SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTÍCIAS FAPESP N' 46

m Medidor de Distância a Laser com Alcance de 20 Metros para Uso Industrial

Coordenador: Mario Antonio Stefani

Empresa: Opto Eletrônica SIA

Valor aprovado: Fase I : R$ 6.000,00 I US$ 40.742,00 Fase 2: R$ li 1.362,00 I US$ 75. 117,00

O presente projeto tem por objetivo o desen­volvimento de medidores de distância a laser para o campo de 0,5 até 20 metros. Existem vários mé­todos de medição de distância por intermédio de laser. O mais comum é o método geométrico, tam­bém conhecido por método da triangulação a la­ser. No entanto, quando se requer precisão eleva­da , esse método somente se presta para a medição de pequenas distâncias, de 2 mm até 500 mm. A faixa de distâncias desejada se justifica pelas inú­meras perspectivas de utilização - construção ci­vil, medições em silos de grãos, nível de líquidos, posicionamento e detecção de carga em vagões, sistemas de segurança, etc. Para que sua aplicação seja viável, porém, o equipamento deve ser de baixo custo e portátil. Devido às limitações do método da triangulação para distâncias elevadas, novos métodos são necessários para tornar o siste­ma prático e viável. O mais comum é o método da telemetria de pulsos curtos de luz laser, que exige um cuidadoso projeto eletrônico. O segundo mé­todo consta em çomparar a fase de uma onda mo­dulada do feixe laser com o sinal de retorno. A Opto Eletrônica S/ A já efetuou a etapa conceptual do desenvolvimento desse projeto. Baseado neste estudo foi elaborado um conjunto de requisitos, especificando as principais características que o produto deve satisfazer: campo de medição de até 20 m, precisão melhor que 1 cm, tempo de res­posta de no máximo 1 s, laser visível de até 5 MW de potência média . Deve ser ainda um equipa­mento portátil e capaz de trabalhar sob luz solar.

la Desenvolvimento de Terminal a:1 de Usuário para Transmissão e

Recepção de Voz e Dados via Satélite

Coordenador: Joel Muniz Bezerra

Empresa: Databus Sankay Ltda.

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Valor aprovado: Fase I: R$ 25.900,00 I US$ 11. 100,00

O objetivo deste projeto é o desenvolvimento de um terminal semifixo de voz e dados para áreas remotas e de um localizador de caminhões para monitoração de frotas via satélite. o final do ano 2000 entrará em operação comercial o sistema ICO de comunicação via satélite, usando uma conste­lação de 12 satélites de órbita média. Os usuários deste sistema poderão então, a partir de qualquer lugar do planeta, transmitir e receber sinais de voz e dados. Estes serviços serão oferecidos por meio de terminais móveis ou fixos . O sistema ICO com­petirá com dois outros grupos (Iridium e Globals­tar) , mas com um custo de operação menor e com vantagens do ponto de vista técnico. O Brasil é considerado pela ICO como sendo um dos três maiores mercados para o sistema, principalmen­te no atendimento a usuários de regiões remotas e no monitoramento de caminhões. Dado que a ANATEL deverá exigir das atuais concessionárias de telefonia fixa o atendimento de localidades de baixa densidade populacional, a ICO prevê que seu sistema seja uma alternativa economicamente viável para essas operadoras. Para a execução deste projeto contar-se-á com o apoio técnico da Fun­dação Centro de Pesquisas e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD) no desenvolvimento da antena e do front end e da Wavecom (França) no fornecimento do circuito integrado específico para a integração com o satélite ICO e com a própria ICO. Os equipamentos a serem desenvolvidos tam­bém poderão ser exportados, dado que as especi­ficações técnicas dos terminais são as mesmas para todos os países.

m Controle da Produção Diária de Abatedouro de Frangos

Coordenador: Miguel Taube Netto

Empresa: Unisoma Matemática para Produtividade Ltda.

Valor aprovado: Fase I: R$ 49.700,00 I US$ 0,00 Fase 2: R$ 120.760,00 I US$ 0,00

A Unisoma desenvolveu e implantou na Sadia, no período de 1989 a 1997, o sistema PIPA- Pla­nejamento Integrado da Produção Avícola. Este sis-

49 tema é constituído de vários módulos baseados em técnicas matemáticas e estatísticas, visando con­catenar de forma otimizante os processos decisó­rios ao longo de toda a cadeia produtiva de uma integração de frangos, desde a produção de pinti­nhos de um dia até o mercado consumidor. Um dos pontos críticos dessa cadeia produtiva é o controle da produção diária nos abatedouros. A classificação dos produtos por faixas de peso re­quer procedimentos de pesagem dinâmica. A Uni­soma está desenvolvendo um sistema de pesagem por meio de técnica de visão computacional, as­sociando às imagens das carcaças dos frangos seus respectivos pesos. Este sistema viabiliza a melhor programação dos fluxos de produção, uma vez que a pesagem é realizada logo antes do resfria­mento das carcaças, com cerca de uma hora de antecedência da passagem dessas carcaças pelo ponto de repesagem e classificação, permitindo melhorar o fluxo de produção. Este projeto visa concluir o desenvolvimento de um protótipo a ser instalado na unidade de Toledo (PR) da Sadia.

m Desenvolvimento de Multiplexador/ Modem Óptico 16xE I com Inovações Tecnológicas

Coordenador: Regê Romeu Scarabucci

Empresa: Asga Microeletrônica SIA

Valor aprov~do:

Fase I: R$ 20.000,00 I US$ 26.000,00 Fase 2: R$ 53.5 I 0,00 I US$ 127.260,00

O desenvolvimento do Multiplexador/ Modem Óptico 16xE1 (MMO 16xE1) dar-se-á em duas fa­ses. Na Fase 1, serão realizados três estudos de inovações que deverão ser introduzidas no MMO 16xE1 e, na Fase 2, estas e outras inovações tec­nológicas serão implementadas no equipamento, cujo projeto e realização de protótipos serão o foco principal. O MMO 16xE1 está sendo desen­volvido para ser utilizado na Rota Óptica Primária (ROP) definida pelo Sistema Telebrás. Deverá, portanto, satisfazer as especificações da Norma Técnica nº 225-540-786 de dezembro de 1996, Requisitos Funcionais e de Desempenho de Equi­pamentos para a Rede óptica Primária. O MMO 16xE1 realiza a multiplexagem e a demultiplexa­gem de até 16 canais tributários E1 de taxa 2048 kb/ s, além de executar as conversões dos sinais

SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTiCIAI FAPESP N' 46 • INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

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50 agregados de elétrico para óptico e vice-versa, propiciando a comunicação dos canais tributários por um par de fibras ópticas. As principais inova­ções tecnológicas a serem introduzidas no MMO 16xE1 são: 1) Medidas de Desempenho em Ope­ração - Medida de Potência Óptica de Transmis­são - Medida de Potência Óptica de Recepção -Medida de Taxa de Erro do Enlace Óptico; 2) In­trodução de Topologias com Estruturas Radial e Anel; 3) Gerências de Falha e de Desempenho do Enlace Óptico. Em particular, será desenvolvido um chip em FPGA para a medida de taxa de erro com código BIP (Bit Interleaved Parity).

m Bancada Experimental para Validação de Software e Hardware para Baterias Inteligentes

Coordenador: Gilberto Janólio

Empresa: DCSYSTEM Energia e Telecomunicações

Valor aprovado: Fase I : R$ 49.600,00 I US$ 0,00

A presente pesquisa tem o objetivo de desen­volver uma bancada experimental para validação do software de dimensionamento e estudo do com­portamento dinâmico de baterias chumbo ácidas e de baterias especiais. Com essa bancada e a vali­dação do software será possível o desenvolvimen­to de métodos e ferramentas para diagnóstico e prevenção das condições operacionais e de vida útil de sistemas de corrente contínua essenciais para o desempenho dos equipamentos em operação nas empresas de telecomunicações, tais como centrais de telefonia fixa e celular, e produtos biomédicos, tais como órgãos implantáveis. A associação deste software com um hardware convenientemente in­tegrados e validados deverá proporcionar o de­senvolvimento deste projeto, que também tem como meta assegurar com alto grau de precisão as condições de capacidade do sistema de corrente contínua, mais precisamente baterias totalmente seladas que não permitem meios de acesso para o desenvolvimento de diagnósticos e manutenções preventivas e, ainda, baterias totalmente implantá­veis que também não permitem facilidades de aces­so para diagnóstico e manutenções. Esta associa­ção deverá originar um "Software e Hardware para Baterias Inteligentes".

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA · SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTÍCIAS fAPESP N' 46

Desenvolvimento de Dispositivos em Diamante-CVD para Aplicações de Curto Prazo

Coordenador: Kiyoe Umeda

Empresa: Clorovale Indústria e Comércio de Cloro Ltda.

Valor aprovado: Fase I : R$ 21 .380,00 I US$ 4.953,00 Fase 2: R$ I 09.000,00 I US$ 76.485,00

O objetivo deste projeto é o de dar continuida­de a trabalhos de pesquisa e desenvolvimento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE e da Universidade São Francisco - USF, dentro de uma pequena empresa, com possibilidades reais de alcançar a industrialização de produtos fabrica­dos em diamante-CVD. Este diamante artificial tem propriedades equivalentes às do diamante natural, com a vantagem de ser obtido na forma de filmes finos e espessos em superfícies pequenas (meno­res que 1 mm2) e grandes (maiores que 100 cm2

),

em diferentes formatos. A empresa proponente já produz o gás hidrogênio, a matéria-prima mais cara do processo de crescimento de diamante-CVD. Dentro deste objetivo, é necessária a montagem de um reator para crescimento, em superfícies gran­des, com sistema de recirculação/ reaproveitamen­to de gás adequando o reator para taxas de cresci­mento mais altas, própria para industrialização. Para a utilização do hidrogênio da empresa, faz-se ne­cessária a montagem de um sistema de compres­são desse gás, promovendo seu envasamento em recipientes próprios. Com este novo conceito de reator, deseja-se pesquisar, na indústria, os novos parâmetros de crescimento, como função da quali­dade, taxas de nucleação e crescimento do filme a ser produzido em alguns tipos de substratos. Den­tro da pesquisa, deseja-se desenvolver e fazer che­gar ao mercado dispositivos como apalpadores mecânicos, facas de cortes para materiais plásticos e metálicos não ferrosos, orifícios e tubos em dia­mante-CVD, brocas para odontologia e usos relacio­nados e janelas para proteção óptica.

1:11 Obtenção de (gama)-Mn02 a partir de 1:1 Diferentes Materiais Manganesíferos,

para Emprego em Pilhas

Coordenador: José Vicente Valarelli

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Empresa: Fermavi lnd. e Com. de Prods. Químicos Ltda.

Valor aprovado: Fase I: R$ 49.360,00 I US$ 0,00 Fase 2: R$ 182.390,00 I US$ 0,00

Este projeto propõe o melhor aproveitamento de minérios de manganês do Brasil por meio do desenvolvimento de processos que convergem para a obtenção de ?-Mn0

2 (nsutita), utilizada na fabrica­

ção de pilhas Le-Clanché e Alcalinas. Os seguintes processos de inovação tecnológica são propostos como objeto de investigação em escala de bancada: redução de minérios naturais de manganês C -MnO;> de teores variáveis com alta porcentagem de Fe e de álcalis, ou com pouco Fe e ricos em Ba, ou, ainda, de misturas ou blending de minérios de várias pro­cedências, conseguindo recuperação do Mn sob forma de Mn30 (hausmannita) de alto teor. Obten­ção de y-Mn0

2 por meio do tratamento nítrico de

Mn304

(hausmannita) obtida no processo anterior e tratamento térmico da solução filtrada. Obtenção de ?-Mn02 por tratamento de MnC0

3 (rodocrosita

sintética de alta pureza) por meio de fluxo de gases (H

20, ar e 0

2) em temperaturas entre 350 e 500°C.

Obtenção de ?-Mn02

a partir de solução de sulfato de manganês (MnS04) por meio de oxidação com 0

2 e elevação de pH pela adição de Na(OH). Espe­

ra-se viabilizar processos de obtenção de bióxido de manganês do tipo ?-Mn0

2 (nsutita sintética), com

propriedades de dois níveis de qualidade/valor agre­gado: qualidade de "minério de manganês para pi­lha" como os do Gabão (Franceville), de Gana (Nsu­ta) ou do Brasil (Azul, Carajás); qualidade de ?-Mn0

2

eletrolítico (EDM). Na Fase 2, pretende-se a cons­trução de um forno rotativo.

1:11 Desenvolvimento de chapas VOS ~ (Vibration Damping Steel)

para Absorção de Ruídos e Vibrações

Coordenador: Francisco de Paula Assis Junior

Empresa: Fitafer Indústria e Comércio Ltda.

Valor aprovado: Fase I : R$ 48.200,00 I US$ 0,00 Fase 2: R$ 198.500,00 I US$ 0,00

Este projeto resume-se no desenvolvimento de um processo de colaminação de duas chapas, ou mais, de espessuras iguais ou diferentes, com in-

51 terposição de polímeros plásticos ou outros mate­riais aderentes às superfícies internas, também conhecidas como chapas absorventes de vibrações - Vibration Damping Steel (VDS) -, para amorte­cimento de ruídos e vibrações induzidas nestas chapas, em diversas gamas de freqüência. Trata­se do desenvolvimento de um novo processo e de um novo produto ainda inédito no Brasil, que per­mitirá isolar ruídos procedentes de equipamentos como veículos automotores, eletrodomésticos e máquinas em geral ou isolação entre ambientes, como no caso de painéis de divisórias.

m Produção de Carbonato de Manganês de Alta Pureza

Coordenador: Silvio Benedicto Alvarinho

Empresa: Fermavi Indústria e Comércio de Produtos Químicos

Valor aprovado: Fase I : R$ 13.300,00 I US$ 0,00 Fase 2: R$ 170.850,00 I US$ 24.21 5,00

A presente pesquisa objetiva o desenvolvimento de um processo de produção de carbono de man­ganês de elevada pureza para uso em cerâmicas magnéticas. Duas rotas serão avaliadas, sendo a primeira delas a de lixiviação de monóxido de manganês por uma solução de carbamato de amó­nio. O manganês é complexado como ânion e solubilizado, quando o teor de amónia encontra­se acima de determinada concentração. Baixan­do-se a concentração da amónia, o manganês é precipitado como carbonato de alta pureza. O pro­cesso, desenvolvido pelo Dr. R. S. Dean do U.S. Bureau of Mines, buscava, em sua forma original, aproveitar os minérios de manganês norte-ameri­canos de baixo teor para uso em siderurgia. Em­bora de alta pureza, o carbonato produzido por esse processo ainda não atinge os níveis deseja­dos para aplicação eletrónica. Estudos prelimina­res mostraram que a introdução de etapas com­plementares de purificação tem alta probabilidade de produzir um carbonato mais puro. A segunda rota do processo visa melhorar a rota clássica de produção de carbonato de manganês a partir da reação de sulfato de manganês em solução com carbonato de amónio. Nesta rota, pretende-se pu­rificar a solução de sulfato de manganês por meio de adsorção e cristalização.

SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTÍCIAS FAPESP N' 46 • INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

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52 CERAMIX- Sistema Computacional para Formulação e Reformulação de Massas Cerâmicas

Coordenadores: Edélcio Leme de Almeida

Empresa: SpAII- Sistemas de Informações Ltda.

Valor aprovado: Fase I: R$ 31 .440,00 I US$ 0,00

O que se propõe, neste projeto, é o desenvol­vimento de um novo software utilizando técnicas de Inteligência Artificial para facilitar a fabricação de cerâmicas no País, levando-se em conta que as principais propriedades caracterizadoras das ma­térias-primas do setor (composição química e mi­neralógica, tamanho de partículas e capacidade de troca de cátions- CTC) são sempre únicas, não existindo duas idênticas na natureza- quando uma delas deve ser substituída, é necessário reformu­lar toda a massa cerâmica, tarefa extremamente complexa na industrialização. Este software deverá rodar em ambiente Windows 9X e NT, em virtude de sua grande base instalada. As composições de cerâmicas tradicionais (azulejos, porcelanas, lou­ças, etc.) envolvem inúmeras matérias-primas na­turais , tais como argilas, caulins, feldspatos , talcos e quartzos. O que se propõe é a elaboração de um novo software utilizando uma GUI avançada, que realize as mesmas funções básicas do Refor­mix, mas com inúmeras implementações. A utili­zação de técnicas de Inteligência Artificial para a criação de uma base de dados possibilitará a in­clusão no software de um Wizard que irá auxiliar o usuário na identificação de erros na formula­ção dos produtos e na escolha das matérias-pri­mas. Será feito um estudo inicial das diversas implementações computacionais existentes do al­goritmo SIMPLEX, para verificar qual a implemen­tação que terá mais eficiência para este caso espe­cífico. A linguagem de programação escolhida é a DELPHI, associada ao manipulador de banco de dados PARADOX.

1:r.1 Fabricação de Cartões de Crédito, 1M Cartões Plásticos Fechados e Abertos

Coordenador: Wellington Gomes de Andrade

Empresa: Tecnocard Tecnologia em Cartões Ltda.

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA • SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTÍCIAS FAPESP N' 46

Valor aprovado: Fase I : R$ 48.000,00 I US$ 0,00 Fase 2: R$ 199.800,00 I US$ 0,00

Este projeto de pesquisa tem, em sua Fase 1, o objetivo de construir um conjunto de protótipos para a fabricação de cartões plásticos, magnéti­cos, indutivos, inteligentes (smart cards) e de aproximação (transponders) com componentes to­talmente nacionais, inéditos, de fácil operação e manutenção, de alta produtividade, a custos con­sideravelmente mais baixos em relação às tecno­logias disponíveis no mercado internacional e de níveis de qualidade e segurança compatíveis com os padrões internacionais, para acionamento de sistemas de informática. Na Fase 2, procurar-se-á chegar à fabricação, em escala industrial, de car­tões de crédito (magnéticos) e smart cards. A ino­vação, para a segunda fase, será um sistema de autenticação e segurança para transações por meio de redes públicas (Internet/ fax/telefone), denomi­nado Security Smart Card. O objetivo deste pro­duto é o de oferecer ãs empresas a possibilidade de se expandirem, com segurança, via redes de computadores. Estes produtos terão três elemen­tos principais: software com autenticação de assi­natura eletrõnica e senhas dinâmicas geradas por uma chave criptográfica, leitor de cartão smart card conectado a computadores pessoais e cartões smart cards personalizados e fabricados pela empresa, com a inovação da mixagem das tecnologias do smart card com o cartão indutivo. Trata-se de um relê indutivo com impressão metálica, com dispo­sitivos de trilhas e armadilhas inseridos na parte interna do cartão.

11 Pesquisa e Desenvolvimento de Sistemas Microcontrolados para Monitoramento de Operações de Usinagem de Componentes de Precisão Utilizando Emissão Acústica

Coordenador: Lu iz André Melara de Campos Bicudo

Empresa: Sensis São Carlos lnd. e Com. Equipamentos Eletrônicos Ltda. - ME

Valor aprovado: Fase I: R$ 48.350,00 I US$ 1.795,00 Fase 2: R$ 70.100,00 I US$ 27.434,00

O presente projeto de pesquisa pretende defi­nir as características necessárias para o desenvol-

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vimento de um sistema de monitoramento digital. O equipamento deve monitorar e processar os si­nais acústicos emitidos pelo processo e se comu­nicar com o controle da máquina-ferramenta, de forma a corrigir problemas ou otimizar condições de trabalho. A pesquisa proposta visa definir pre­cisamente os métodos mais adequados de trata­mento dos sinais acústicos e estratégias de moni­toramento para aplicações industriais. Deverá , ainda, ser pesquisado o desenv9lvimento de um sistema de filtragem híbrida, e também será de­senvolvido um software de análise de freqüência. A empresa Sensis foi fundada em maio de 1995 por alunos e ex-alunos de pós-graduação da Es­cola de Engenharia de São Carlos, que desenvol­viam pesquisa na área de monitoramento e auto­mação do processo de retificação . A Sensis desenvolveu um primeiro produto, chamado de BM12, que é um monitor de emissão acústica fa­bricado com tecnologia analógica. Do uso e acom­panhamento do BM12, a Sensis constatou a ne­cessidade de desenvolver um novo sistema com tecnologia digital , visando um aumento de confia­bilidade/ qualidade e redução de custos em ope­rações industriais de precisão. O sistema digital permitiria uma maior interação do sistema com a máquina e maior facilidade de instalação.

m Desenvolvimento de Sistemas de Controle Otimizado para o Processo de Moagem da Cana-de-Açúcar

Coordenador: Nelson Luis Capelli

Empresa: DLG Automação Industrial Ltda.

Valor aprovado: Fase I : R$ 24.910,00 I US$ 0,00

O objetivo principal deste projeto é desenvol­ver sistemas de controle fundamentados em estra­tégias de operação otimizada, com vistas à maxi­mização da eficiência de extração e à minimização dos gastos energéticos do processo de moagem da cana-de-açúcar. O Brasil é o primeiro produtor mundial de cana-de-açúcar, com uma produção de cerca de 280 milhões de toneladas , ocupando uma área de 4 milhões de hectares anuais . Entre­tanto , a produtividade brasileira, tanto na área agrícola como na área industrial, é baixa. Uma das motivações deste trabalho baseia-se no fato de que a extração do caldo - etapa inicial para a obten­ção do açúcar, do álcool e da geração de energia

53 elétrica - constitui-se em uma das etapas menos eficientes de todo o processo, mas que apresenta um potencial razoável de melhora , desde que se­jam utilizadas tecnologias já existentes de forma apropriada. O rendimento do processo de moa­gem - o mais utilizado no Brasil - situa-se entre 92 e 97% em volume de caldo, sendo 94,78% a média no Estado de São Paulo. Algumas poucas plantas de extração apresentam rendimento de extração do caldo até mesmo superior a 97%, o que demonstra que o rendimento geral pode ser incrementado. Atualmente, grande parte das usi­nas de açúcar e álcool possui dispositivos de au­tomação e controle de processos, tais como con­troladores lógicos programáveis (CLPs), sistemas supervisores, "sensores-inteligentes", etc. Esses sis­temas atualmente utilizados podem ser aprimora­dos de forma a incorporar técnicas mais adequa­das para o gerenciamento.

m Oxidação Anódica a Plasma de Alumínio em Meio Aquoso

Coordenador: Gerhard Ett

Empresa: Anod-arc Serviços e Comércio Ltda.

Valor aprovado: Fase I : R$ 67.566,20 I US$ 0,00

Este projeto visa a obtenção de camadas de óxido de alumínio compactas, de dureza similar ao coríndon {2300 Hv), por oxidação anódica a plasma, em meio aquoso, de alumínio, outros me­tais reativos e suas ligas. Tanto o processo como a camada obtida possuem pouca semelhança ao processo tradicional de anodização dura (máx. 700 Hv 0,5 N). Os proponentes objetivam desenvolver o processo e otimizar os parâmetros em função dos custos e propriedades da camada obtida. A diferença dos coeficientes de expansão térmica conforme uso e ciclagem térmica poderá ser corri­gida pela inclusão de óxidos adicionais. A dureza relativamente baixa das camadas obtidas por ano­dização dura explica-se por sua estrutura dendríti­ca. Não é proporcional a sua resistência a desgas­te , mas limita-a no grande número de aplicações onde grãos abrasivos (ou as formas das peças em contato) permitem alcançar altas pressões punti­formes. A estrutura de camadas obtidas pelo novo processo não sofreria esta restrição.

SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTÍCIAS FAPESP N' 46 • INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

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m Desenvolvimento e Avaliação de Pseudoquelantes no Branqueamento de Pasta de Celulose por H20 2 e na Inibição de Corrosão dos Equipamentos

Coordenador: Paulo Rogério Pinto Rodrigues

Empresa: Logos Química Ltda.

Valor aprovado: Fase I : R$ 45.872,00 I US$ 0,00 Fase 2: R$ 112.879,80 I US$ 85.940,80

Novos processos de branqueamento de polpa de celulose, considerados como tecnologias lim­pas e que atendem às exigências da legislação am­biental, empregam o peróxido de hidrogênio como agente oxidante. Entretanto, neles é exigido um pré-tratamento da polpa, com quelantes, para a retirada de íons metálicos de transição, tais como ferro, cobre e manganês, e que permitem a pre­sença de teores consideráveis de íons de magné­sio, que atuam como estabilizadores, impedindo a degradação da fibra (ataque aos polissacarídeos) no tratamento posterior com peróxido. Este proje­to de pesquisa visa o desenvolvimento de um novo produto que se chamará "pseudoquelantes", dife­rente do tradicional quelante DTPA (ácido dietile­no triamino pentacético) e que se pretende intro­duzir no mercado brasileiro, bastante promissor e monopolizado por empresas multinacionais. Pre­tende-se avaliar a influência desses pseudoquelan­tes na eficiência do processo de branqueamento (aumento de alvura) e a conseqüente economia de peróxido. Será também avaliada a ação inibido­ra desses compostos na corrosão dos metais en­volvidos nas etapas do pré-tratamento da polpa ("quelação") , branqueamento e etapas posteriores.

ID Materiais Avançados para Fabricação de Separadores Bipolares para Células a Combustível de Polímero Condutor lônico

Coordenador: Antonio César Ferreira

Empresa: Unitech

Valor aprovado: Fase I : R$ 14.342,00 I US$ I 0.182,00 Fase 2: R$ 83.145,00 I US$ 67.300,00

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA · SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTÍCIAS FAPESP N' 46

O objetivo do projeto é desenvolver separado­res bipolares utilizando fibras de carbono para células a combustível de polímero condutor ióni­co e de ácido fosfórico . As células a combustível são conversores de energia termodinamicamente eficientes e não causam poluição. O material tra­dicionalmente utilizado tem sido um tipo de grafi­te especial para aplicação em células a combustí­vel. Com o avanço tecnológico dos componentes de células a combustível, tais como eletrodos e polímeros condutores iónicos, porém, os separa­dores de grafite passaram a ser uma das principais limitaçóes na construção de protótipos de células. Para obter altas densidades de potência é neces­sário construir protótipos de células mais compac­tos , mas a diminuição da espessura do grafite tor­na-o muito frágil. O presente projeto propõe um novo conceito de fabricação de separadores bipo­lares utilizando-se fibras de carbono. Na primeira fase utilizaremos dois processos de produção. Em um deles, os separadores serão fabricados a partir da mistura fibra de carbono/ resina fenólica/ pó de carbono derivado do petróleo, com posterior sin­terização a altas temperaturas para grafitização da resina. No outro processo, os separadores bipola­res serão fabricados a partir de misturas de fibra de carbono/ polímero/ pó de carbono, com poste­riores rolagens a quente para formar laminados. Na Fase 2, será construído um protótipo de 2 kW utilizando o novo conceito de separadores desen­volvido no presente projeto.

m Desenvolvimento de Tecnologia para Avaliação de Risco~ Ambientais de Locais com Solos e Aguas Subterrâneas Contaminadas

Coordenador: Nelson Ellert

Empresa: HidroAmbiente Projetes, Consultaria e Serviços SIC Ltda.

Valor aprovado: Fase I : R$ 45.200,00 I US$ 0,00 Fase 2: R$ 150.750,00 I US$ 29.750,00

Por meio deste projeto de pesquisa pretende­se consolidar soluções para a recuperação do "li­xão" oficial da Prefeitura de Cubatão (SP). Para atingir estes alvos pretende-se aplicar e desenvol­ver metodologias de avaliação de risco adequadas às condições de ambientes tropicais. As metodo­logias de Risk Assessment são atualmente bastante

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aplicadas nos países do Hemisfério Norte, como instrumento de tomada de decisão no sentido de priorizar as ações de recuperação ambiental de áreas contaminadas. Esta metodologia permitirá que sejam identificadas as tecnologias de remedia­ção do solo e das águas subterrâneas mais eficien­tes e menos impactantes do ponto de vista social e ambiental. Esse "lixão", situado ao longo dos vales do Rio Cubarão e do Ribeirão dos Pilões, sopé da Serra do Mar, foi utilizado, até a década de 70, como área destinada à deposição de resí­duos domésticos. A falta de controle permitiu que, misturados aos resíduos domésticos, fossem dis­postos resíduos industriais perigosos e às vezes tóxicos, assim como lixo hospitalar. Depois de ter sido oficialmente desativado, cerca de 70 famílias aí se instalaram. A presença de resíduos perigosos e tóxicos contaminou parte da população lá resi­dente. Conseqüência deste episódio, as famílias foram obrigadas a abandonar o local. A jusante da área está localizado um reservatório de captação de água da Sabesp. A área é, ainda, utilizada com finalidades de recreação. Foi detectada a presen­ça, nas águas e no solo, de metais pesados, com­postos orgânicos voláteis e pesticidas em concen­trações superiores às permitidas.

III Sistema Automático para 1.1:1 Monitoração de Rotas de Veículos

Coordenador: Ailton de Assis Queiroga

Empresa: Compsis Computadores e Sistemas Indústria e Comércio Ltda.

Valor aprovado: Fase I : R$ 28.663,00 I US$ 15.530,80 Fase 2: R$ 123.900,00 I US$ 29.200,00

O presente projeto de pesquisa tem como ob­jetivo implementar um sistema automático de moni­toração de rotas de veículos, integrando os módulos de recepção GPS, processamento e modem de co­municação para celular, VHF/ UHF e satélite de comunicação. A integração completa do sistema embarcado permitirá maior desempenho opera­cional (via capacidade maior de processamento residente) e menor custo de implantação. A utili­zação de comunicações alternativas por satélite e o uso de centrais distribuidoras de controle per­mitirão custos operacionais reduzidos, compara­dos aos das soluções atualmente disponíveis no mercado. O sistema permitirá maior segurança e

55 planejamento operacionais, bem como localização automática de veículos. Os principais usuários se­rão frotas de veículos comerciais, veículos milita­res , ambulâncias e veículos particulares.

m Desenvolvimento de um Sistema para Medir Concentrações de Poluentes na Atmosfera com Lasers Infravermelhos (C02 eCO) por Espectroscopia Fotoacústica

Coordenador: Edjar Martins Telles

Empresa: Unilaser Indústria e Comércio Ltda.

Valor aprovado: Fase I : R$ 30.550,00 I US$ 13.400,00 Fase 2: R$ I 00.500,00 I US$ 81 .000,00

Este projeto propõe-se desenvolver um apare­lho capaz de medir concentrações in situ de várias espécies moleculares (poluentes) presentes na atmosfera com limite de detecção de 1 ppb (10-9) ou menos. Trata-se de um aparelho que usa um laser infravermelho para excitar as espécies mole­culares de interesse, sendo que a detecção da ra­diação absorvida é feita utilizando o efeito fotoa­cústico. A poluição da atmosfera por veículos automotivos, fábricas, queimadas e outras fontes produz conseqüências indesejáveis tanto para a saúde humana quanto para o meio ambiente. O primeiro passo no dimensionamento do proble­ma (e para súa solução) é a determinação precisa das concentrações dos diversos poluentes do ar, bem como sua distribuição espacial e temporal. Para tanto, inicialmente utilizar-se-á um laser de C0

2 para desenvolver o espectrómetro. Um laser

que tem grande interesse é o de CO, com o qual se pode detectar vários poluentes provenientes da combustão da gasolina e do óleo diesel. Objetivos da Fase 1: projeto de um espectrómetro fotoacús­tico para gases usando laser de C0

2; construção

de uma cela fotoacústica para gases para realiza­ção de medidas preliminares para teste; constru­ção de um laser de co2 operando em 80 linhas, entre 9-11 m, com potência de saída de 5-10 W. Na Fase 2: construção do espectrómetro fotoacús­tico para gases usando laser de C0

2; desenvolvi­

mento de software para análise de amostras, e desenvolvimento de um laser de CO e levanta­mento de mercado.

SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTÍCIAS fAPESP N' 46 • INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

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56 Registrador Espaço-Tempo a Jato de Tinta

Coordenador: Yosh ikazo Ernesto Nagai

Empresa: Optron Micromecânica Óptica Ltda.- ME

Valor aprovado: Fase I: R$ 9.500,00 I US$ 0,00

Este projeto de pesquisa pretende desenvolver uma alternativa ao faiscador de alta-tensão: um registrador espaço-tempo baseado no mesmo prin­cípio do cabeçote de uma impressora a jato de tinta com elemento piezoelétrico. Alimentado com pilhas comuns, poderia ser embutido ao corpo mó­vel evitando desta forma qualquer constrangimento ao movimento. O restante do equipamento seria o mesmo do trilho ou da mesa de ar convencio­nais. Experimentos de Mecânica Clássica ofereci­dos em colégios e universidades, quando ofere­cidos, em geral são triviais e conceitualmente pobres de conteúdo, em contraste com a elegân­cia com que a teoria aborda e resolve problemas didáticos, fazendo uso de leis de conservação como a do momento linear. Entretanto, para a compro­vação direta de leis tão simples como esta, são necessários equipamentos apropriados e uma boa dose de dedicação ao ensino. Trilhos e mesas de ar minimizam o efeito do atrito mantendo uma camada fina de ar comprimido entre o corpo mó­vel e a superfície sobre a qual desliza. Além disso, são munidos de registradores espaço-tempo de alta­tensão que deixam pontos pretos em papel para­finado (ou de fax) ao longo da trajetória e periodi­camente, no tempo. Um inconveniente perigoso deste tipo de registrador para o aluno do primeiro ano, inexperiente, é a alta-tensão presente em qua­se toda a extensão do equipamento. A disponibi­lidade comercial desses equipamentos com regis­trador a jato de tinta certamente contribuiria para um ensino mais eficaz e interessante da Física Básica no Brasil.

11:r.1 Aplicações de Lasers 11:11 no Processamento de Materiais

Coordenador: Spero Penha Morato

Empresa: Lasertools (incubada no CIETECIIPEN)

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA · SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTÍCIAS FAPESP N' 46

Valo r aprovado: Fase I: R$ 24.300,00 I US$ 20.600,00 Fase 2: R$ 87.500,00 I US$ 70.000,00

O objetivo da presente proposta é, em sua pri­meira fase, desenvolver métodos e procedimentos avançados de utilização da Central de Processa­mento de Materiais a Laser do IPEN visando sua utilização como instrumental de processamento (corte, perfuração, soldagem e processamento de superfícies) de materiais de uso industrial (aços, cerâmicas, silício, etc.). Pretende-se, também, iden­tificar os setores da indústria metal-mecânica po­tenciais candidatos ao emprego da CPML como uma job shop para o desenvolvimento de proces­sos e para a prestação de serviços especializados nas áreas de usinagem e soldabilidade. A médio e longo prazo (Fase 2), esta proposta visa a utiliza­ção de um laser de C0

2 como uma ferramenta

complementar para o processamento de materiais em função dos resultados alcançados com a CPML. Nesta segunda etapa, o objetivo é desenvolver e consolidar metodologias e procedimentos do uso do laser em aplicações industriais de maior de­manda. Com isto pretende-se lançar as bases para o estabelecimento, na Lasertools, de uma job shop que ofereça ao setor produtivo um elenco de ser­viços de usinagem a laser. As principais aplica­ções industriais de lasers atualmente estão no cor­te de materiais. Entretanto, outros tipos de trabalho para os mais diversos materiais vêm crescendo con­sideravelmente. A Lasertools é uma empresa com­posta por sócios quotistas que participaram direta ou indiretamente dos desenvolvimentos realizados na Divisão de Óptica Aplicada do IPEN.

l!r.l Equipamento para Previsão lia de Doenças Fúngicas em Vegetais

Coordenador: Nilson Augusto Vi lia Nova

Empresa: Microdesign Info rmática Tecnologia Indústria e Comércio Ltda.

Valor aprovado: Fase I: R$ 3.993,00 I US$ 0,00 Fase 2: R$ 92.693,00 I US$ 5.584,20

O presente projeto busca desenvolver um equi­pamento para previsão de doenças causadas por fungos em vegetais, proporcionando ao produtor rural uma referência técnica nas práticas de apli­cação de fungicidas e, para a área científica, um

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instrumento de aperfeiçoamento dos algoritmos que passarão a integrar o projeto. O equipamento planejado deverá ser composto por um hardware que coleta, registra e processa dados agrometeo­rológicos no local da planta monitorada e infor­ma, por meio de um display (ou também por in­terface óptica), a possibilidade de infestação de fungo e seu grau de severidade. as últimas déca­das, o incremento de novas tecnologias fez com que a agricultura mudasse muito. A maximização da produtividade tem sido obtida, em sua maior parte, com o uso de agroquímicos. Estes têm cau­sado preocupação com relação a seu impacto ambiental, aumento de custos e migração do ho­mem do campo. O equipamento em estudos de­verá ter baixo custo, tolerar a rudeza ambiental e ser de fácil uso e instalação. O sistema será acon­dicionado com grau de proteção adequado ao meio em que trabalhará e deverá ser alimenta­do de modo autónomo por bateria e células sola­res. Estudos realizados no exterior, onde foi em­pregado o método de predição de doenças a partir de dados agrometeorológicos, indicam uma drás­tica redução na aplicação de fungicidas com a manutenção do controle sobre as doenças.

m Seleção de Híbridos de Milho Resistente a Phaeosphaeria maydis P. Henn

Coordenadores: Márcio Nomelini Marteleto Ricardo Magnavaca

Empresa: Sementes Mogiana Ltda.

Valor aprovado: Fase I: Projeto selecionado direto para Fase 2 Fase 2: R$ 190.700,00 I US$ 7.000,00

Esta pesquisa tem como objetivo a seleção de híbridos de milho resistente ao fungo Phaeosphae­ria maydis PHenn, que causa uma mancha foliar na planta após o florescimento, na fase de enchi­mento de grãos. Quando o ataque é intenso, há uma considerável perda de área foliar, o enchimen­to de grãos é incompleto, ocorrendo dano econó­mico na produção. Apesar de esta doença ter sido relatada pela primeira vez na literatura no início do século, no Estado de São Paulo, ela tornou-se mais freqüente na década de 80, e já na década de 90 causa apreciável dano económico. Hoje ela está presente nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul do Estado, e os danos económicos que causa aumen-

57 tam ano a ano. Esta doença tem sido mais freqüen­te na Índia e foi detectada recentemente na Flórida, nos EUA. Os programas de melhoramento de milho no Brasil, públicos ou privados, estão trabalhando intensamente para desenvolver cultivares resisten­tes, mas a quantidade de híbridos resistentes no mercado ainda é muito baixa. A Sementes Mogiana Ltda., associada à Mitla Pesquisa Agrícola Ltda., já tem um programa de seleção de linhagens e híbri­dos resistentes a Phaeosphaeria. Há necessidade de dar continuidade ao desenvolvimento das linhagens, conhecer melhor as fontes de resistência e sua inte­ração com outros caracteres importantes. Dada a possibilidade de a herança do caracter envolver um ou poucos genes maiores, propõe-se o estudo des­ta herança. Estes são os objetivos do projeto.

m ENSCER- Sistema Informatizado e Integrado para Ensino e Avaliação do Progresso Pedagógico e Neural de Crianças Portadoras de Deficiência Mental

Coordenador: Armando Freitas da Rocha

Empresa: EINA - Estudos em Inteligência Natural e Art ificial

Valor aprovado: Fase I: R$ 45.000,00 I US$ 0,00 Fase 2: R$ 131 .992,00 I US$ 0,00

O presente projeto de pesquisa propõe-se de­senvolver um sistema informatizado para análise quantitativa do eletroencefalograma (EEG), para ajudar a processar e uniformizar o processo de diagnose médica sobre o cérebro deficiente, e forne­cer um conjunto de jogos educacionais para com­plementar o processo de ensino do cérebro defici­ente. Inúmeras causas contribuem para as lesões cerebrais que caracterizam o cérebro da criança deficiente e, em geral, mais de um sistema neural (visual, motor, auditivo, etc.) é afetado em cada uma dessas crianças. Este fato é um fator complica­dor em seu processo de educação. A análise quan­titativa do EEG tem-se mostrado eficiente na carac­terização de déficits funcionais específicos e fornece uma discriminação espacial razoável para justificar sua utilização como uma ferramenta diagnóstica importante. A eletroencefalografia quantitativa au­tomatizada é hoje viável graças ao uso do compu­tador. A chamada Inteligência Artificial é a área da informática que procura simular os processamen­tos inteligentes realizados pelo cérebro, mas o com-

SUPLEMENTO ESPECIAL 00 NOTÍCIAS FAPESP N' 46 • INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

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58 putador também tem sido utilizado como ferramenta auxiliar em diversos processos educativos. Por es­tes motivos propõe-se, aqui, o desenvolvimento do sistema ENSCER como um sistema informatizado para análise quantitativa do EEG constituído dos seguintes módulos: base de dados; módulo de aqui­sição on-line e análise o.ff-line; módulo inteligente de diagnose e prognose, e módulo de jogos educa­cionais para desenvolvimento de conceitos e alfa­betização. Convênio com a APAE de Jundiaí.

m Desenvolvimento de uma Vacina Bacteriana-Toxóide para Prevenção da Síndrome da Má Qualidade da Casca de Ovos em Aves Reprodutoras e Poedeiras Comerciais

Coordenador: Masaio Mizuno lshizuka

Empresa: Livet Produtos Veterinários Ltda.

Valor aprovado: Fase I : R$ 46.386,00 I US$ 0,00

A presente pesquisa pretende dar continuida­de ao estudo da má qualidade da casca de ovos de aves reprodutoras e, principalmente, poedeiras co­merciais no Brasil, para desenvolver uma vacina bacteriana-toxóide visando prevenir ou minimizar tal problema (fases 1 e 2, respectivamente, do pla­no de trabalho). Diante das grandes perdas eco­nõmicas da avicultura brasileira, decorrentes da má­formação da casca dos ovos (cerca de 79 milhões de reais, em 1996), e da constatação de que parte das causas desse problema poderia estar ligada não somente à idade, nutrição, genética ou ao meio ambiente, mas também à sanidade das aves - en­volvendo patologias específicas, com alteração do processo de metabolismo do cálcio intramedular, causadas por agentes infecciosos não conhecidos ou pouco estudados-, iniciou-se, pela Livet Pro­dutos Veterinários, um estudo microbiológico de medula óssea de fêmur, tíbia e metatarso de aves com qualidade de casca de ovos alterada. Com isto, notou-se que a alteração da calcificação da medula óssea, e a conseqüente má-formação da casca dos ovos, é possivelmente relacionada à etio­logia bacteriana com o envolvimento de suas res­pectivas toxinas. Experimentos de campo permiti­ram identificar bactérias como S. epidermides, S. aureus, Haemophylus sp., Streptococcus sp. , E. coli e Bacilus sp. na medula óssea de aves com e sem problema de casca de ovos em um mesmo plantel

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA • SUPlEMENTO ESPECIAl DO NOTÍCIAS FAPESP N' 46

e elaborar uma vacina experimental a partir, ape­nas, da S. aureus. Aves vacinadas e não vacinadas mostraram relação da presença bacteriana e o pro­cesso de reabsorção intramedular de cálcio.

11 Aplicação de Técnicas Moleculares em Agropecuária: Aprimoramento do Registro Genealógico de Bovinos e Eqüinos

Coordenador: Cynthia Rachid Bydlowski

Empresa: Linkgen Biotecnologia Veterinária e Agropecuária SIC Ltda.

Valor aprovado: Fase I : R$ 20.000,00 I US$ 24.283,20

A proposta deste projeto é padronizar a análi­se de regiões microssatélites de DNA de bovinos e eqüinos, de modo a possibilitar tanto a verificação de paternidade/maternidade quanto colaborar para a identificação do animal por meio da genotipa­gem, com fins de registro genealógico. Atualmen­te, poucos serviços de registro genealógico das associações de criadores brasileiras empregam a técnica de tipagem de grupos sangüíneos para conferir eficiência a seus registras de animais. Esta técnica apresenta falhas que podem ser suprimi­das pela análise de regiões microssatélites de DNA. Aprimorando os sistemas de registro, haverá me­lhor organização e maior valorização das diferen­tes raças no Brasil. Deste modo, propõe-se obter técnicas eficientes para a preparação de DNA, exe­cutar a amplificação, por PCR, de regiões de mi­crossatélites e verificar quais regiões são mais in­formativas. Esta padronização deverá permitir uma maior acuidade na análise, uma facilidade de co­leta de material biológico e o processamento de muitas amostras com alta precisão em relação às técnicas atualmente utilizadas neste campo.

Desenvolvimento Tecnológico de Sistemas Microambientais para Biotérios de Criação, Manutenção e Experimentação de Pequenos Animais

Coordenador: Habib Guy Marie Nahas

Empresa: Hvac Engenharia e Comércio Ltda.

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Valor aprovado: Fase I: R$ 49.250,00 I US$ 0,00 Fase 2: R$ 200.000,00 I US$ 0,00

O projeto visa estudar a viabilidade técnico­económica de produzir equipamentos específi­cos para biotérios no País, com vistas a sua im­plantação. Para tanto , prevê-se a realização de dois projetas básicos de engenharia, um deles empregando-se a tecnologia convencional e o outro baseado nessa inovação tecnológica. A evo­lução da pesquisa biomédica tem exigido mode­los animais cada vez mais sofisticados em rela­ção ao controle sanitário. A obtenção de animais sanitariamente compatíveis com os melhores pa­drões internacionais tem exigido considerável aporte de recursos para biotérios, em particular no referente à edificação e equipamentos. Um dos pontos de maior relevância é o controle at­mosférico de biotérios, compreendendo o con­trole de temperatura e umidade relativa, além da correta remoção de poluentes, como a amónia, do ambiente dos animais. A tecnologia atualmente empregada para esse controle utiliza sistemas e equipamentos onerosos e de eficácia discutível, pois , na maioria das vezes, consistem em adapta­ções de sistemas e/ ou equipamentos padroniza­dos para uso em conforto humano. Estão em curso experimentos destinados à definição de equipa­mentos específicos para biotérios. Os resultados preliminares indicam resultados positivos com relação ao padrão sanitário dos animais, com possibilidade de redução de custos de investi­mento e manutenção.

.... Estação de Trabalho llíi:l Espectrofotométrica

Coordenador: Lídio Kazuo Takayama

Empresa: Femto Indústria e Comércio de Instrumentos Ltda.

Valor aprovado: Fase I: R$ 23.960,00 I US$ 781 ,00 Fase 2: R$ 90.000,00 I US$ 0,00

Esta pesquisa visa o desenvolvimento e cons­trução de uma estação de trabalho espectrofoto­métrica composta por um espectrofotômetro aco­plado a um robô de três eixos para acessar 24 reagentes e outro, também de três eixos, para se­lecionar cem amostras, ambos de acesso randômi­co e facilmente programáveis, gerenciados por um

59 computador padrão IBM PC compatível. Detec­ção multielementos, cada um utilizando, em mé­dia, três reagentes e acesso aleatório tanto dos rea­gentes quanto das amostras são metas a serem atingidas. Objetiva-se, também, o treinamento e capacitação de novos técnicos e estudantes de engenharia com intenção de absorção futura pela empresa. A moderna indústria química busca a automação do laboratório, robótica, otimização, simplificação, processamento quimiométrico dos sinais, facilidade no gerenciamento dos resultados e baixo custo. Sob o ponto de vista da automação, os sistemas de análise em fluxo FIA (Flow Injection Analysis) são adequados quando se quer determi­nar um analito ou alguns analitos envolvendo gran­de número de amostras por lote. Nos laboratórios químicos industriais em geral , porém, existe a ne­cessidade de analisar vários analitos envolvendo um pequeno número de amostras. Estas amostras devem ser analisadas imediatamente. Desejam, ainda, acesso randômico e versatilidade não dis­poníveis nos sistemas de fluxo atuais e já presen­tes na automação bioquímica.

m Laboratório de Metrologia Química

Coordenador: Nilton PereiraAives

Empresa: Quimlab- Química e Metrologia (Sesoko & Alves Ltda.)

Valor aprovádo: Fase I: R$ 15.500,00 I US$ 28.500,00 Fase 2: R$ 56.216,00 I US$121.378,00

Este projeto tem o objetivo de criar um labora­tório de Metrologia Química visando, principal­mente, atender as indústrias quanto ao forneci­mento de padrões químicos reconhecidos internacionalmente para as principais técnicas ana­líticas utilizadas em controles químicos de produ­tos, processos e meio ambiente. Para cada pa­drão produzido será emitido certificado de rastreabilidade, constando o valor real da grande­za química determinada, com a respectiva incer­teza. Os padrões rastreados serão comercializa­dos e deverão preencher uma lacuna na área , no Brasil, principalmente para atender à demanda das indústrias quanto às normas de qualidade inter­nacionais como ISO 9000, ISO 14000, QS 9000 e outras. O laboratório se limitará a produzir pa­drões de pH, atividade iónica, condutância, ele-

SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTÍCIAS FAPESP N' 46 • INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

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60 mentes para absorção e emissão atómica, com­postos orgãnicos para GG, comprimento de onda e transmitância para espectroscopia de UV-Visí­vel e Infravermelho e padrões primários para vo­lumetria. Importante ressaltar que deste projeto deverão desenvolver-se pesquisas que poderão ser aproveitadas em outros laboratórios do gênero e, também, por órgãos oficiais como o I METRO, que está tentando implantar as bases da Metrolo­gia Química no País, principalmente para fabrica­ção de materiais de referência padrões próprios e formação de uma rede de Metrologia Química cre­denciada e reconhecida internacionalmente, nos moldes da já existente Rede Brasileira de Calibra­ção (RBC) adotada para os laboratórios de Metro­logia Física e Mecânica.

IJ Avaliação de Sistema de Tratamento de Águas Residuais de Processamento de Mandioca

Coordenador: Marney Pascoli Cereda

Empresa: Plaza - Indústria e Comércio Ltda.

Valor aprovado: Fase I: R$ 3.368,00 I US$ 45. 143,70

O presente trabalho faz parte de um projeto de gestão de resíduos da industrialização de mandio­ca, estabelecido pelo programa PRI entre o Mi­nistério de Ciência e Tecnologia brasileiro e o Minis­tério das Relações Exteriores da França (foram liberados R$ 29 mil para seu desenvolvimento). No entanto, como norma do programa, tal recur­so não pôde ser utilizado na compra de equipa­mentos, o que impossibilitava o desenvolvimento do projeto. Uma alternativa encontrada foi o Pro­grama de Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas da FAPESP, visando a complementação dos recursos.

IJ Desenvolvimento de Sistemas para Aplicação Localizada e Racionalização da Tecnologia de Aplicação de Herbicidas em Ferrovias

Coordenador: Ulisses Rocha Antuniassi

Empresa: lnfrajato Engenharia Ltda.

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA · IUPLEHENTO ESPECIAL DO NOTÍCIAS FAPEIP N' 46

Valor aprovado: Fase I: R$ 36.319,00 I US$ 8.527,50

Este projeto de pesquisa tem por objetivo de­senvolver e avaliar novas técnicas e equipamen­tos para aplicação de herbicidas. Pretende-se as­sociar avanços tecnológicos referentes à seleção de bicos, construção de barras pulverizadoras, ge­renciamento eletrônico e aplicação localizada. O projeto tem, também, o objetivo de capacitar a empresa proponente a prestar serviços no contro­le de plantas daninhas em ferrovias e a desenvol­ver e empregar conceitos de aplicação localizada de defensivos agrícolas em geral. A aplicação loca­lizada, um dos componentes fundamentais da agri­cultura de precisão, baseia-se no princípio da apli­cação dos defensivos somente nos locais em que são necessários, com grandes vantagens econó­micas , toxicológicas e ambientais. Entretanto, pres­supõe a existência de uma base de dados de gran­de precisão, além de equipamentos de aplicação adequados. Optou-se pela aplicação de herbici­das em ferrovias pois esta atividade simplifica a execução do projeto. Os trabalhos serão distribuí­dos ao longo de seis meses, compreendendo as seguintes etapas: coleta de informações; ensaios de avaliação; compilação dos dados e determina­ção dos fatores envolvidos; projeto do sistema de coleta de dados e confecção dos mapas de trata­mentos; projeto do sistema eletroeletrônico de controle, circuito hidráulico de injeção e seleção de sensores e atuadores; projeto, construção e avaliação das barras de pulverização; projeto es­trutural e do circuito hidráulico de armazenamen­to; avaliação final.

Stereotrips II:Técnicas de Computação Gráfica Estereoscópica e Sincronia Áudio­Vídeo para Aplicações Multimídia

Coordenador: Nelson Coelho Nascimento

Empresa: Intuição SIC Ltda.

Valor aprovado: Fase I: R$ 39.300,00 I US$ 0,00

O presente projeto de pesquisa tem como ob­jetivo pesquisar novas tecnologias para a apre­sentação de animações computadorizadas de alta resolução acompanhadas de música, com plano de lançar o produto fruto deste trabalho no mer-

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cado internacional, em particular nos Estados Unidos . Como se trata de animações geradas por modelos tridimensionais, o enfoque principal se dará no estudo das tecnologias emergentes no campo da renderização em tempo real, tais como Direct X®, OpenGL®, e, também, na liguagem VRML 2.0. O projeto de pesquisa Stereotrips II é uma continuação do projeto Stereotrips, execu­tado no ano de 1996, que compreende um CD­ROM com animações estereoscópicas acompanha­das de música. Foram realizadas dez animações estereoscópicas e respectivas composições musi­cais que são apresentadas por um software, cria­do especialmente para este fim , para plataforma PC-Windows em 16 bits programado em lingua­gem Visual-Basic. Este CD pode também ser to­cado em aparelhos de CD áudio convencionais. Tal software utilizou-se de rotinas DLL de livre distribuição criadas pela empresa Autodesk. A característica fundamental do Stereotrips é justa­mente a estereoscopia das animações, que pro­porciona a ilusão de tridimensionalidade sob suporte bidimensional sem a necessidade de ócu­los ou quaisquer dispositivos outros que não o computador multimídia doméstico.

m Seqüenciamento Automático de DNA em Diagnóstico Molecular: Análise da Eficiência, Reprodutibilidade e Custos de Diferentes Métodos

Coordenador: Heloisa Barbosa Pena

Empresa: Genomic Engenharia Molecular Ltda.

Valor aprovado: Fase I: R$ 42.600,00 I US$ 5.000,00

A Genomic Engenharia Molecular dedica-se ao desenvolvimento e comercialização de testes diagnósticos nas áreas médica, veterinária e agrí­cola utilizando técnicas de biologia molecular. Du­rante o processo de montagem de testes diag­nósticos baseados no seqüenciamento automático de DNA, a empresa deparou com um grande número de alternativas técnicas viáveis e uma ausência total de dados que permitissem compa­rar tais métodos quanto à qualidade, reprodutibi­lidade , custo e possibilidade de automação. Este projeto tem como objetivo superar esta dificul­dade por meio de uma análise comparativa das diferentes técnicas disponíveis atualmente no meio acadêmico, mas ainda não amplamente uti-

61 lizadas no ambiente industrial. Este trabalho, em sua primeira fase , deve fornecer dados compara­tivos sobre o custo e os benefícios desses méto­dos baseados não em estudos teóricos, mas em sua utilização prática.

l:zl Estudo do Processo 11:(1 de Congelamento de Pães

Coordenador: Carmen Cecília Tadini

Empresa: Forty Indústria de Alimentos Ltda.

Valor aprovado: Fase I: R$ 23.400,00 I US$ I 0.581,00

Este projeto de pesquisa tem como objetivo colocar no mercado da panificação uma alternati­va de produto congelado, para atender notada­mente à forte demanda das lojas de conveniência, incluindo lojas de supermercado e rodopostos. A pesquisa procurará trazer à luz o conhecimento das tecnologias envolvidas nas diversas fases da produção de pães para fins de congelamento, no­tadamente os parâmetros de processo durante a fermentação, pré-assamento e levantamento das curvas de congelamento, bem como as condições ótimas de armazenamento e distribuição, com o objetivo de avaliar a rentabilidade do empreendi­mento. O processamento industrial de fabricação do pão tem sido mecanizado e melhorado ao lon­go dos anos. O Brasil ainda apresenta mercado em potencial·para os produtos do setor de massas e pães (exceto o segmento de bolos), pois possui consumo médio anual per capita reduzido. Espe­cificamente quanto aos pães industrializados, o seg­mento vem crescendo em volume de produção e de variedades. Outro ponto de vista que deve ser destacado é o crescente número de lojas de con­veniência, devido à mudança de hábitos de con­sumo dos brasileiros. Pães congelados e seus pro­dutos correlatas (croissants, pães doces, broas, roscas, etc.) vêm contribuir para esse mercado como uma alternativa de alimentação rápida com alta qualidade. A produção e congelamento do pão envolve problemas como manter a viabilida­de do fermento e seu poder fermentativo, manter as propriedades físicas da massa e sua capacidade de reter o gás carbónico em relação ao tempo de vida de prateleira.

IUPLEHENTO EIPECIAL DO NOTÍCIAI FAPEIP N' 46 • INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

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m Avaliação Instrumental da Qualidade da Carne Suína e suas Aplicações na Indústria da Carne

Coordenador: Expedito Tadeu Facco Silveira

Empresa: Di dai Tecnologia Ltda.

Valor aprovado: Fase I : R$ 12.805,00 I US$ 18.000,00

A qualidade da carne suína pode ser influencia­da pela condição PSE (carne pálida, flácida e ex­sudativa) ou DFD (carne escura, firme e ressecada na superfície). A presença dessas anomalias afeta as propriedades funcionais do músculo destinado ao processamento, bem como a aparência do pro­duto final. Até que as condições PSE/ DFD em suí­nos sejam eliminadas por meio de seleção genéti­ca, manejo pré-abate e emprego de boas técnicas de abate, haverá uma contínua necessidade de de­tectar, em condições comerciais, a incidência de PSE/ DFD com o objetivo de utilizar adequadamen­te esse tipo de carne e contribuir para minimizar as perdas econõmicas na indústria. A presente pesquisa visa desenvolver um programa de infor­mática que será acoplado ao sistema óptico de tipificação eletrônica de carcaças suínas. Na pri­meira fase, 12 mil animais farão parte do censo do rebanho de suínos abatidos em quatro abatedou­ros do Estado de São Paulo. Dados de espessura de toucinho e peso de carcaça serão coletados e 120 carcaças serão destinadas à dissecação para obtenção da equação que irá fornecer a quantida­de de carne magra representativa do rebanho de suínos abatidos em cada estabelecimento comer­cial. As informações obtidas auxiliarão ainda no desenvolvimento de um método rápido de avalia­ção da capacidade de retenção de água, gordura intramuscular e pigmento total, que será incorpo­rado ao sistema.

ai Inovação Tecnológica l:íl para a Indústria Financeira

Coordenador: Mamede Augusto Machado da Silveira

Empresa: JRM Informática Ltda.

Valor aprovado: Fase I : R$ 50.264,00 I US$ 0,00

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA · SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTÍCIAS fAPESP N' 46

Este projeto tem por objetivo o estudo da via­bilidade técnica de uma estrutura computacional capaz de atender a todas as necessidades de ar­mazenamento e processamento das informações corporativas de uma instituição financeira, de uma forma única e integrada. Além disso, esta estrutu­ra deve servir como uma ferramenta embrionária para a realização da reengenharia dos processos de negócio da instituição. Os requisitos para o su­cesso do plano estratégico de uma empresa são concretizados somente se os sistemas que supor­tam seus negócios estiverem capacitados a rápi­das mudanças, com acesso em tempo real. Para tanto, é necessário repensar as soluções de infor­mática de forma a convergirem e suportarem to­dos os processos de negócios (flexíveis e adapta­tivos) e necessidades informativas da empresa. Para isto, deve-se construir um modelo de sistema inte­grado com os seguintes requisitos: integrar em um único sistema todos os dados e processos de ne­gócios da instituição; ser totalmente portável en­tre diversas plataformas cliente/ servidor; ser facil­mente escalável entre aplicações de poucos ou muitos usuários; oferecer interoperabilidade entre os diversos padrões abertos do mercado de infor­mática; permitir a extensão do modelo para a in­clusão de novos tipos de dados complexos e no­vos produtos; oferecer a capacidade de migração gradual dos sistemas existentes na instituição; mi­nimizar custos; oferecer uma interface gráfica ami­gável capaz de manipular e visualizar dados com­plexos; estabelecer um plano de tecnologia para a instituição financeira para a próxima década.

Aplicações de Trabalho Cooperativo e Comunicação para Instituições Educacionais

Coordenador: Rodrigo Cascão Araújo

Empresa: RAM Computer Systems - Consultaria em Informática SIC Ltda.

Valor aprovado: Fase I : R$ 33.000,00 I US$ 0,00

Este projeto objetiva a implementação de um sistema informatizado para aplicações de trabalho cooperativq e comunicação específico para insti­tuições educacionais via Internet. O objetivo mai­or deste sistema é oferecer a essas instituições uma alternativa que supere obstáculos atualmente exis­tentes. O sistema deverá ser simples, eficiente,

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funcional, abrangente e fácil de ser administrado e operado. Com o cada vez maior uso da Internet, rede mundial de computadores, as instituições edu­cacionais têm aproveitado cada vez mais seu po­tencial para acesso e publicação de informações, trabalho cooperativo e comunicação. Contudo, ainda existem três obstáculos que dificultam ou impedem essa utilização: diversidade de padrões e inexistên­cia de um ambiente único de trabalho; exigência de grandes conhecimentos técnicos para utilização dos ambientes existentes, e carência de mecanis­mos que incentivem a participação de pais, profes­sores, alunos e membros de outras instituições em um mesmo contexto de colaboração. O sistema em vista deverá ser estruturado de forma a simular o funcionamento de uma escola tradicional. Todos os módulos deverão ser acessíveis a partir de uma interface comum: o browserWWW. Deverá permi­tir a publicação de documentos independentemen­te do formato e da plataforma em que são criados. Seus usuários poderão utilizá-lo de qualquer local do mundo, via Internet. Permitirá a troca de infor­mações entre diversas instituições e a publicação das atividades internas da instituição para acesso público.

11!1 Rede Metropolitana ~ Sem Fio- "Wireless MAN"

Coordenador: Oséas Valente de Avilez Filho

Empresa: Josaphat Engenharia Ltda.

Valor aprovado: Fase I : R$ 28.000,00 I US$ I 1.1 I 1,1 I

Nosso propósito é apresentar uma alternativa para a racionalização do consumo de água e ener­gia elétrica, que consiste no desenvolvimento de um sistema cujo objetivo é distribuir melhor o con­sumo de tais recursos ao longo do dia . Como se sabe, existem picos de consumo que definem a capacidade das redes de distribuição. Se o consu­mo é mais bem distribuído, os picos se reduzem e, conseqüentemente, as redes existentes podem ser redimensionadas e otimizadas, não havendo necessidade de grandes investimentos em novas redes , gerando, desta forma, grande benefício com relação à preservação do meio ambiente. O Brasil possui enorme potencial de recursos naturais. Não obstante, começam a surgir sérios problemas rela­cionados com a escassez de água potável e ener­gia elétrica . Com a monitorização on-line prevista

63 neste projeto, outros ganhos serão obtidos: redu­ção das perdas físicas (vazamentos, desvios, etc.) e não físicas (arrecadação) e detecção de situa­ções críticas, possibilitando pronta atuação corre­tiva nos sistemas de distribuição. Atualmente, o mercado brasileiro não dispõe de um sistema efi­caz de monitorização de redes de abastecimento. Nossa meta inicial é atender às necessidades des­se mercado e, futuramente, exportar a tecnologia e os produtos desenvolvidos para outros países. A Rede Metropolitana (MAN), objeto principal deste projeto, será uma rede de baixa velocidade, sem fio (wireless), que utilizará técnicas de espalha­mento espectral (Spread Spectrum) e de acesso múltiplo por divisão de código (CDMA) .

1:1 Desenvolvimento de Caixas ~ Acústicas de Alta Fidelidade

Coordenador: Plínio Tissi

Empresa: Autis- Plínio Tissi ME

Valor aprovado: Fase I: R$ 34.220,00 I US$ 13 .690,00

O presente projeto prevê o estudo da viabili­dade da produção em escala industrial de caixas acústicas de alta fidelidade.

rzl Amplificador de Baixo Ruído com ll:i:ll Convérsor de Freqüências em Banda

KU (LNB- Low Noise Block) para Utilização com Refletor Parabólico

Coordenador: Alexandre Nunes da Trindade

Empresa: Proqualit Montagem e Comércio Ltda.

Valor aprovado: Fase I: R$ 19.900,00 I US$ 7.206,40

O presente projeto consiste na especificação completa do amplificador de baixo ruído com con­versor de freqüências em Banda KU (de televisão via satélite) Low Noise Block (LNB) para as carac­terísticas utilizadas atualmente no mercado nacio­nal pelas empresas operadoras do sistema DTH (Direct to Home): Sky (Grupo Globo) e TVA (Gru­po Abril). Em seguida, deverá ser desenvolvido o projeto teórico, que pretende resolver o proble-

IUPLEHENTO ESPECIAL 00 NOTÍCIAIIAPEIP N' 46 • INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

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64 ma de casamento de impedância especificado para mínima figura de ruído e máximo ganho em alta freqüência (12 GHz) e para variações de tempe­ratura de campo (-10°C a +50°C). Definido o pro­jeto elétrico teórico conforme diagrama de blo­cos a seguir, deverá ser feito o projeto mecânico do encapsulamento (caixa com refletor). Diagra­ma de blocos do LNB: Zin 1 = Zin 2; Zout 1 =

Zout 2; O.L. = Oscilador Local, e LNA = Amplifi­cador de Baixo Ruído. A seguir será feita a mon­tagem dos componentes, obtendo-se o primeiro protótipo desta placa de circuito impresso mon­tado no País. Logo após, deverão ser realizados testes de desempenho da PCI montada. Após as avaliações de desempenho, serão feitas possíveis modificações na PCI, que deverá ser integrada junto à caixa com refletor para novos testes de desempenho. A aval iação final deverá ser feita no conjunto refletor parabólico + LNB + receptor. As conclusões deste projeto deverão indicar a me­lhor solução para a produção em série deste pro­duto. Este estudo também poderá gerar procedi­mentos importantes de projetas de conversores de freqüências a serem utilizados em outros siste­mas de telecomunicações.

~ Plataforma Integrada I:M Sensores lnerciais/GPS

Coordenador: Otávio Santos Cupertino Durão

Empresa: Cláudio Pires Engenharia SIC Ltda.

Valor aprovado: Fase I: R$ 23.635,00 I US$ 21.929,00

Este projeto de pesquisa visa integrar, em uma mesma plataforma, sensores inerciais e um re­ceptor GPS de baixo custo, com o objetivo de determinação de trajetórias e atitude. Além da integração mecânica, também serão implementa­dos os algoritmos, processamentos e tratamento de sinal necessários. Como resultado, espera-se ter, em uma plataforma de pequeno porte e mas­sa, uma unidade capaz de oferecer resultados melhores do que seus componentes (GPS e sen­sores inerciais) quando atuam isoladamente com o mesmo fim. Além disso, a plataforma integrada compensa restrições que esses componentes pos­suem quando atuam isoladamente. O uso do re­ceptor GPS isolado, por exemplo, pode não ser possível continuamente, devido a restrições geo­métricas temporárias de posicionamento. Outras

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA · SUPLEMENTO ESPECIAl DO NOTÍCIAS FAPESP N' 46

causas temporárias de perda de sinal GPS ocor­rem devido a falhas na transmissão do sinal. Tam­bém a freqüência de leitura do receptor GPS pode não ser suficiente em certos casos, e esta freqüên­cia será substancialmente aumentada com sua integração com os sensores inerciais. A integra­ção desses dois tipos de equipamento elimina essas deficiências. A Fase 1 do projeto prevê a definição das possíveis aplicações da plataforma integrada, considerando-se seus custos, a preci­são de seus componentes e a precisão requerida para a plataforma integrada conforme o requisito da aplicação. Serão investigadas diferentes pos­sibilidades, visando maximizar as aplicações a um custo aceitável. Esta definição norteará o desen­volvimento de um modelo na Fase 2.

rJ:I Desenvolvimento de um l:l:l Pulverizador Autopropelido para

Tratamento de Pomares de Citros

Coordenador: Tomomassa Matuo

Empresa: Herbicat Ltda.

Valor aprovado: Fase I : R$ 36.700,00 I US$ 0,00

A presente proposta pretende desenvolver um pulverizador autopropelido para tratamento de pomares de citros inteiramente montado sobre tra­tor modificado, com o objetivo de ganhar maior eficiência no •trabalho e no tratamento, ganhar melhor manobrabilidade, maior altura - para ter ângulo mais favorável para a cobertura da parte alta da planta -, diminuir as perdas durante a apli­cação e melhorar a segurança e conforto do ope­rador. Objetivo importante é minimizar as perdas, o que resultará em redução do custo de produ­ção, menor contaminação do ambiente e maior segurança ao operador, com reflexos nas áreas econõmica, social e ambiental. O tratamento fitos­sanitário de citros é um dos principais componen­tes do custo de produção, participando com mais de um terço desse custo. O uso de produtos fitos­sanitários aplicados à copa (inseticidas + acarici­das + fungicidas), no ano de 1996, absorveu cer­ca de US$ 120 milhões. Apesar do uso intensivo de produtos fitossanitários, a operação de trata­mento fitossanitário se caracteriza por ser extre­mamente desperdiçadora. A perda durante a aplicação por processo mecanizado de turboato­mizadores, que é o processo predominante, ul-

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trapassa 63%. Em 1988, apresentamos um mode­lo de máquina aplicadora que empregava diver­sos fundamentos, com o uso dos quais a perda foi reduzida para 24%. Este invento foi premiado no XV Concurso Nacional do Invento Brasileiro, recebendo o prêmio "Governador do Estado".

m Dosador Si-Combustível para Motores de Uso do Ciclo Diesel

Coordenador: Lu iz Geraldo Mialhe

Empresa: Palma lnox SIC Ltda.

Valor aprovado: Fase I: R$ 44.903,00 I US$ 0,00

Este projeto tem o objetivo de desenvolver um dosador bi-combustível para motores do ci­clo Diesel, tendo em vista utilizar o álcool (eta­nol ou metanol) como combustível. No Brasil, a preocupação mais séria com a questão da substi­tuição de combustíveis fósseis por oriundos de biomassa vegeta l efetivou-se com o Programa Nacional do Álcool - PNA, também conhecido como Proálcool. Com relação ao uso do álcool em motores a diesel, três tipos de desenvolvi­mento foram realizados: conversão de motores do ciclo Diesel para ciclo Otto; adaptação do ál­cool ao motor a diesel usando aditivos, e adapta­ção de motor do ciclo Diesel para uso de sistema de injeção com jato piloto (dupla injeção). A pes­quisa atual, todavia, trata de uma nova concep­ção - o uso de álcool diretamente em mistura com óleo diesel. Para sua realização prática, po­rém, necessita de um dispositivo dosador-mistu­rador-homogeinizador eficiente. O equipamento em questão parece ter removido essa dificulda­de, mas sua comprovação exige a avaliação por­menorizada de seus efeitos sobre o desempenho dos motores a diesel. A metodologia adorada abrange a avaliação do "estado da arte", o prepa­ro de dois motores a diesel, com diferentes ca­racterísticas técnicas, para montagem do disposi­tivo misturador-homogeinizador (DMH) inventado pela Palma Inox SIC, ensaios de caracterização operacional dos dispositivos DMH e ensaio dos motores no banco dinamométrico, segundo nor­ma ABNT 5484 com adaptações.

m Desenvolvimento de Equipamento Modular e Configurável de Aquisição e Processamento Digital de Sinais Biológicos

Coordenador: Luiz Antônio Barbosa Coelho

Empresa: Lynx Tecnologia Eletrônica Ltda.

Valor aprovado: Fase I: R$ 49.800,00 I US$ 0,00

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O projeto pretende especificar e desenvolver um sistema de aquisição e processamento de si­nais biomédicos baseado em hardware modular e totalmente configurável por software que conju­gue alto desempenho aliado a elevado grau de flexibilidade. Este sistema será baseado em módu­los de hardware simples e padronizados de cujo agrupamento possa obter alta capacidade de pro­cessamento em número de canais e alta taxa de amostragem. Será dada particular ênfase à confi­gurabilidade deste sistema, permitindo seu uso em uma larga gama de aplicações, bem como sua fá­cil adaptação a outros tipos de aplicações, mesmo fora da área biológica. Assim, a curto prazo dese­ja-se: especificar uma arquitetura de sistema dis­tribuído de aquisição e processamento de sinais (biológicos) capaz de processar até 64 canais, com freqüência de amostragem de 20 kHz por canal com apresentação e filtragem digital do sinal em tempo real sob controle de um microcomputador; definir um pr<?tocolo de comunicação de alto de­sempenho entre o microcomputador e os módu­los de aquisição e processamento digital de sinais, e elaborar algoritmos de processamento em tem­po real para aplicação em neurofisiologia. A lon­go prazo, deseja-se consolidar capacitação tecno­lógica em projeto e implementação de sistemas de aquisição e processamento digital de sinais de alto desempenho.

m Desenvolvimento de Equipamento Laser Semicondutor para Aplicações Médicas

Coordenador: Sergio Celaschi

Empresa: ECCO - Fibras e Dispositivos

Valor aprovado: Fase I: R$ 22.000,00 I US$ 23.500,00

IUPLEHENTO ESPECIAL DO NOTICIAI fAPEIP N' 46 • INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

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66 O objetivo desta pesquisa é o projeto, desen­

volvimento e testes cirúrgicos de protótipos de três equipamentos portáteis para operações a laser ten­do, cada um destes, um diodo laser semicondutor como fonte de radiação. Cordões e sondas ópticas para aplicações específicas serão opticamente aco­plados aos corpos principais dos protótipos. Será também implementada uma mira óptica visível no mesmo cabo óptico de saída. Os primeiros testes clínicos dos protótipos estão previstos em inter­venções oftalmológicas, dermatológicas e em acu­puntura. As principais aplicações das três catego­rias de equipamentos são: baixa potência (entre 50 e 200 mW)- para bioestimulação, com efeitos analgésicos, antiinflamatórios, antiespasmódicos e vasodilatadores; potência média (entre 1 e 3 W)­para tratamento oftalmológico e dermatológico, e alta potência (entre 15 e 20 W)- para cirurgias em geral. A metodologia de trabalho prevê a entrega dos protótipos para testes clínicos a médicos atu­ando em hospitais universitários. Espera-se de­monstrar a viabilidade de projetar e montar três protótipos portáteis de equipamentos médicos para cirurgias a laser. Dois deles serão projetados e montados para operação em 810 nm, e um deles (inovador) deverá emitir cerca de 0,5 W de potên­cia em 405 nm. Este comprimento de onda será obtido por meio do dobramento eficiente de sua freqüência primária . As principais aplicações es­peradas são para bioestimulação, com efeitos anal­gésicos, antiinflamatórios, antiespasmódicos e va­sodilatadores, para tratamento oftalmológico e dermatológico e cirurgias em geral.

ftl Eletrocardiógrafo Associado l:íl a Microcomputador de Custo

Final entre R$ 500,00 e R$ 1.000,00

Coordenador: Climério dos Santos Vieira

Empresa: Elemed Equipamentos Médico-Hospitalares Ltda.- ME

Valor aprovado: Fase I : R$ 27.240,00 I US$ 0,00

Pretende-se estudar a viabilidade de se cons­truir um eletrocardiógrafo de baixo custo para fun­cionar acoplado a um microcomputador. O equi­pamento fará uso das potencialidades de um microcomputador PC, com os componentes caros e volumosos de um eletrocardiógrafo comum (mo­nitor de sinais e plotter de saída) sendo substituí-

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dos pela tela do computador e respectiva impres­sora. Pretende-se, desta maneira , simplificar ao máximo o hardware do eletrocardiógrafo, redu­zindo seu custo ao mínimo. O computador traba­lhará com Windows, com uma janela para opera­ção. Será feita também uma versão para DOS. Esse eletrocardiógrafo funcionará junto com os sojtwares de cadastro de pacientes, permitindo-se guardar o resultado do exame no próprio computador, junto à ficha do interessado. O equipamento será for­mado por uma caixa com um display de cristal líquido ou leds para monitoração do funcionamen­to , com os eletrodos para conexão ao paciente e um cabo de alimentação com tomada 127/ 220 vac e bateria tipo telefone celular, e mais um cabo de conexão ao PC, que controlará seu funcionamen­to. O software, após a medição, fará um pré-diag­nóstico estatístico, comparando o resultado do exame com elementos já gravados na memória. Pretende-se, também, que o equipamento seja usado remotamente, via Internet- o paciente, em casa, fará seu exame; o médico receberá o resulta­do no consultório, via linha telefónica, podendo, a seguir, orientar o paciente. Pretende-se, em ver­sões posteriores, incluir um modem sem fio (tipo pager), para que seja usado como monitor cardía­co em enfermarias e UTis de hospitais.

IJ:I Atualização Tecnológica 1:11 de Amplificadores Óp,ticos

a Fibra Dopada com Erbio

Coordenador: Ildefonso Fé1ix de Faria Junior

Empresa: AGC - Optosystemas Ltda.

Valor aprovado: Fase I : R$ 31 .1 00,00 I US$ 94.460,00

O objetivo deste projeto é o aperfeiçoamento da tecnologia de Amplificadores Ópticos a Fibra Dopada com Érbio (AFDE), bem como implantar um laboratório de caracterização para o produto. AFDEs são equipamentos de amplificação de si­nais ópticos transmitidos por fibras ópticas, dispo­sitivo este alimentado por uma fonte também óp­tica (laser semicondutor, dispositivo optoeletrônico de alta potência). Trata-se de uma tecnologia to­talmente nacional recentemente desenvolvida no CPqD/ Telebrás e que foi adquirida pela AGC. Metodologia de trabalho: revisão do projeto dos protótipos; aquisição dos componentes; montagem dos protótipos, e testes de bancada para avaliação

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dos protótipos. Espera-se, com isto, demonstrar a viabilidade de adaptar a tecnologia atual para melhorar o desempenho do equipamento, ade­quando-o ao uso tanto em redes de CATV como em redes de telecomunicações. Espera-se obter equipamentos com tamanho reduzido a um custo abaixo do que é praticado hoje. As características técnicas esperadas são: potência de saturação aci­ma de 14 dBm e figura de ruído menor que 4,5 dB; capacitar o laboratório da AGC para início de uma produção anual de 30 amplificadores ópti­cos; montar o laboratório de testes para possibili­tar futuras evoluções dos AFDEs, com vistas a obter amplificadores com resposta plana e baixo ruído, além de poder propor novos produtos derivados desta tecnologia, como, por exemplo, lasers sinto­nizáveis a fibra óptica.

I'J.I Caracterizador de ~rades g de Bragg em Fibra Optica

Coordenador: Sérgio Barcelos

Empresa: FiberWork-Tecnologia em Comunicações por Fibras Ópticas

Valor aprovado: Fase I : R$ 2.620,00 I US$ 41.200,00

O objetivo desta pesquisa é desenvolver o pro­tótipo comercial de um instrumento de alta reso­lução para a caracterização de dispositivos de fi­bras ópticas. Ele proporciona medidas de dispersão de fase e de tempo de atraso de elementos ópti­cos de banda estreita e banda larga, com particu­lar interesse para grades de Bragg em fibras ópti­cas. O equipamento baseia-se em uma técnica interferométrica original, insensitiva a polarização, e usa um laser sintonizável de alta resolução em comprimento de onda, conjuntamente com um sistema totalmente automatizado de aquisição de dados. Ele é capaz de medir tempo de atraso e dispersão com precisões melhores que 0,5 ps e 0,001 ps/ nm, respectivamente, e com resolução de comprimento de onda melhor que 0,001 nm. Não existe nenhum equipamento disponível co­mercialmente para tais medidas. Seu competidor mais próximo é uma montagem laboratorial basea­da no método de deslocamento de fase de sinal de RF, o qual , no entanto, utiliza-se de uma imple­mentação muito mais cara e proporciona uma pre­cisão que é de ordens de magnitude inferiores às deste equipamento. É antevisto um enorme po-

67 tencial de mercado, devido à crescente importân­cia das grades de Bragg em fibras ópticas.

Sistema Óptico de Posicionamento Automático de Telas (SOPAT)

Coordenador: Benedito Carlos da Silva

Empresa: Akros Engenharia e Empreendimentos Ltda.

Valor aprovado: Fase I : R$ 16.280,00 I US$ 0,00

A presente pesquisa visa desenvolver um Sis­tema Óptico de Posicionamento Automático de Telas (SOPAT), cujo objetivo é ser uma solução definitiva para um problema enfrentado pelas in­dústrias fabricantes de papel plano, responsável por um grande prejuízo financeiro . Este proble­ma ocorre no processo produtivo do papel, não só acarretando danos , mas, principalmente, causando a interrupção da produção para manu­tenção, com queda de produtividade. No início do ciclo de fabricação do papel existe um equi­pamento que promove a pré-secagem da pasta de celulose. Tal equipamento é constituído por grandes cilindros, que sustentam uma tela de fi­bra sintética que dá suporte à pasta . Bem estica­da, ela gira em volta dos cilindros a uma veloci­dade de até 1.000 m/ min. Como a superfície dos cilindros é plana, há a necessidade de um con­trole ativo da posição da tela sobre o cilindro, a qual, em condições normais, tem tendência a sair para o lado. A solução atualmente utilizada é um sistema mecânico, que tem funcionado com res­salvas. Como agravante, o ambiente em questão está sujeito a temperaturas da ordem de 120°C, com alta umidade e vapores químicos. O SOPAT pretende solucionar o problema de posicionamen­to da tela por meio do uso de sensores ópticos, com o emprego de fibra óptica do tipo bundle, que possibilita enviar e receber a informação sem tocar o equipamento, imune às condições ambi­entais e em conjunto com um microcontrolador, a ser instalado fora do equipamento.

SUPlEMENTO ESPECIAl 00 NOTÍCIAS FAPESP N' 46 • INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

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68 Lixas Diamantadas

Coordenador: Benjamin Grossman

Empresa: Cromática Sistemas de Comunicação de Dados e Informática Ltda.

Valor aprovado: Fase I : R$ 40.000,00 I US$ 0,00

Trata-se de desenvolver ou adaptar maquiná­rio para fabricação de lixas diamantadas. O pro­cedimento escolhido foi o de adaptar uma má­quina de impressão flexográfica usada na fabricação de etiquetas plásticas para a aplicação de líquido contendo partículas abrasivas em sus­pensão sobre substrato plástico. Variáveis a se­rem controladas serão a espessura da camada a ser depositada, aderência do depósito, propor­ção da composição do líquido com abrasivos, ve­locidade de puxamento da bobina, de modo a permitir a secagem adequada do depósito e, fun­damentalmente, a escolha do líquido da suspen­são e a qualidade do pó de diamante, manifesto por meio de características como histograma de espraiamento estreito, repetitividade das caracte­rísticas em diversos lotes, etc.

m Desenvolvimento da Tecnologia de Conformação de Peças Cerâmicas por lnjeção

Coordenador: Siegfried Eugen Rayer

Empresa: Rayplast Indústria e Comércio Ltda.

Valor aprovado: Fase I: R$ 34. 180,00 I US$ 0,00

Propomos, neste projeto, desenvolver no País a tecnologia de injeção de peças cerâmicas. As aplicações de cerâmica técnica estão limitadas, muitas vezes, devido às dificuldades inerentes aos processos tradicionais de conformação, aos custos decorrentes da obtenção das tolerâncias dimensio­nais exigidas e à produção de formas geométricas complexas. O processo de conformação de cerâ­micas por meio de injeção reduz substancialmen­te essas limitações, tornando possível o uso de componentes cerâmicos de formas complexas, to-

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lerância dimensional estreita e fino acabamento superficial a um custo aceitável pelo mercado con­sumidor. No Brasil, essa técnica de conformação de cerâmicas não é utilizada pois não existe domí­nio da tecnologia. Todos os componentes cerâmi­cos com essas características são importados.

~ Fabricação de Produtos la:.l de Quartzo Fundido

Coordenador: Yoshikazo Ernesto Nagai

Empresa: Optron Micromecânica Óptica Ltda.- ME

Valor aprovado: Fase I : R$ 8.550,00 I US$ 0,00

O quartzo fundido, por suas propriedades tér­micas, ópticas, mecânicas e de resistência ao ata­que químico, está presente em várias atividades científicas e tecnológicas, ora como simples ele­mento estrutural em um tubo transparente de alta temperatura, ora como o principal elemento em uma fibra óptica de telecomunicação de alto de­sempenho. O domínio de seu processamento a partir do minério constitui meta importante de qualquer política científica e tecnológica. O pre­sente plano de pesquisa procura estender a expe­riência de fusão de quartzo de um laboratório aca­dêmico para o setor produtivo, inicialmente em nível artesanal e de produção limitada pelo tama­nho do mercado consumidor nacional, represen­tado por cent"ros de pesquisas governamentais e alguns do setor privado. Nesta fase inicial, preten­de-se transformar minério de quartzo nacional em amostras de elementos estruturais e de alguns ar­tefatos de laboratório. Para isto, o principal equi­pamento de pesquisa, um forno de chama do tipo Verneuil já construído pela empresa, sofrerá mo­dificações visando aumentar a área de deposição para produzir tarugos maiores. Com o mesmo for­no será pesquisada também a viabilidade de pro­duzir tubos de quartzo fundido.

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m Desenvolvimento de Coletores Solares Planos para Utilização em Casas Populares

Coordenador: José Lourenço Flores Cassuci

Empresa: A Atual lnd. e Com. de Aquecedores Solares Ltda.

Valor aprovado: Fase I: R$ 26.500,00 I US$ 0,00

O objetivo deste projeto é desenvolver um sis­tema de aquecimento solar que possa ser coloca­do em residências populares de famílias de baixa renda. A idéia é utilizar um sistema do tipo mono­bloco (coletor e rese1vatório térmico em uma úni­ca peça) que seja barato, simples de ser instalado e que atenda uma família de quatro pessoas em dois banhos diários. A proposta é a de se cons­truir um conjunto de 2,5 a 3,0 m2 de placas coleto­ras com um reservatório térmico para 300 litros. Os equipamentos existentes, hoje, são fabricados com materiais nobres como o cobre e o alumínio, o que encarece o produto final. Os aquecedores solares chegam a economizar em média de 40 a 60% do consumo elétrico de uma residência. Os coletores solares existentes, hoje, são compostos por um conjunto de tubos de cobre envolvidos em aletas de alumínio. O espaçamento entre um tubo e outro varia de 8 a 15 cm, espaçamento este ocupado pelas aletas. A inovação deste projeto é construir um coletor sem tubos, com duas placas paralelas de um material condutor de calor, redu­zindo as perdas de calor. A redução dos custos reside no processo de fabricação. Com a elimina­ção dos tubos não há processos de corte, furação e solda . O processo pode ser mecanizado em ro­letes de calandra com o perfil do coletor, e uma prensa faria seu fechamento. A idéia inicial é utili­zar duas chapas paralelas vincadas de tal forma que se crie um conduto interno entre as duas, fa­zendo uma soldagem ponto que não deverá inter­ferir na circulação da água por toda a superfície da placa.

m Desenvolvimento de uma Solução Genérica de Planejamento de Processo Automático para Peças Paramétricas

Coordenador: Haroldo Thomaz Kerry Junior

Empresa: KSR Com. de Materiais e Componentes para lnformát. e Consultaria Ltda.

Valor aprovado: Fase I: R$ 12.561 ,00 I US$ 3.000,00

O presente trabalho de pesquisa objetiva possi­bilitar que o sistema de informática CAPPE (Com­pu ter Aíded Process Planníng Envíronment), já de­senvolvido pela KSR, torne-se um sistema automático para peças paramétricas, em vez de aten­der somente a uma realidade específica, levando em consideração o planejamento do processo indus­trial como um elo de ligação entre o projeto, o plane­jamento da produção e o chão-de-fábrica. O pla­nejamento de processo automático é o que deve dar o maior retorno, mas todas as soluções são teó­ricas e não funcionam na prática. A KSR é de ex­alunos da USP de São Carlos que, há cinco anos, com a experiência adquirida na área de CAPP (Com­pu ter Aíded Process Plannínfi), montaram a empresa procurando cobrir uma lacuna detectada no mer­cado mundial da automação industrial. Lançaram, então, o sistema CAPPE. Porém, este sistema não suporta o planejamento automático generativo e, com isto, possui uma grande limitação. Em uma tese de mestrádo foi desenvolvida uma solução automática para peças parametrizadas, com bom resultado. Este desenvolvimento foi, todavia, muito específico e não se pode associar esta característica à solução CAPPE, o que, agora, se procurará fazer.

m Desenvolvimênto de Materiais Avançados para Eletrodos de Baterias Lítio-Íon

Coordenador: Antonio César Fe rreira

Empresa: UniTech Ltda.

Valor aprovado: Fase I: R$ 24.280,00 I US$ 6.220,00

O presente projeto de pesquisa visa o desen­volvimento de materiais carbonáceos nacionais

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70 para serem empregados na fabricação de baterias de lítio-íon, produto composto por dois eletrodos que intercalam íons de lítio em eletrólitos orgâ­nicos e sa l de lítio. Os principais materiais utili­zados como cátodos são os óxidos litianados do tipo: LiMn

20 ,; LiCo0

2 e LiNi0

2. E os principais mate­

riais utilizados como anodos são compostos car­bonáceos com estrutura grafítica. Atualmente, as principais aplicações para baterias de lítio-íon são aparelhos eletrônicos em gera l, principalmente telefones celulares e computadores portáteis. As principais características dessas baterias são: alta capacidade reversível (mAh/ g) , alta densidade de energia (Wh/ kg) e longos ciclos de vida. Os prin­cipais materiais a serem estudados são: grafite na­tural; fibra de carbono; açúcar e bagaço da cana; grãos de café. Esses materiais têm apresentado grande potencial para aplicação em baterias de lítio-íon. Durante a Fase 1 do projeto serão coleta­das amostras desses materiais de diferentes regiões do Brasil. As principais propriedades que os ma­teriais carbonáceos devem possuir, no caso, são: alta capacidade reversível para intercalar lítio e alta condutividade elétrica . A meta principal da Fase 1 é obter um material de capacidade superior e com baixo custo. Durante a Fase 2, os materiais que se mostrarem mais promissores serão submetidos a tratamentos térmicos e químicos para otimização da estrutura cristalina.

Estudos de Acidificação do Rafinado em Coluna Kuhni, para Aumento do Rendimento no Processo de Purificação do Ácido Fosfórico

Coordenador: Roberto Corrêa de Cerqueira César

Empresa: Fosbrasil SIA

Valor aprovado: Fase I: R$ 16.000,00 I US$ 30.000,00

O objetivo deste projeto é aumentar a eficiên­cia do processo de extração líquido-líquido em fluxo para purificação do ácido fosfórico , que já vem sendo utilizado, com sucesso, pela Fosbrasil há 13 anos , sendo e la a única empresa nacional que domina tal tecnologia de ponta, possuindo em suas instalações uma planta piloto na qual já se realizaram vários testes com matérias-primas, otimização e implementação do processo de pu­rificação. O processo de purificação por extração

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se d ivide em três etapas: extração, lavagem e re­extração. Na primeira etapa realiza-se a extração de HlO, do ácido grau fert ilizante (fase aquosa) com uma solução de éter disopropílico/ tributi l­fosfato (fase orgânica) refrigerada. O resíduo pro­duzido nesta etapa é denominado rafinado, rico em compostos de fosfato não disponíveis para extração, geralmente fosfatos metálicos (Mg2

• , Fe~·

e AJ3•), provenientes da rocha fosfática. Procu­rar-se-á , agora, implementar e otimizar as opera­ções do processo de extração da planta piloto com um reator e uma coluna Kuhni , onde se reali­zará a acidificação com ácido su lfúrico do rafina­do e a extração com solvente do ácido sulfúrico do rafinado e com solvente do ácido fosfórico , respectivamente. A acidificação com um ácido mais forte torna disponível os fosfatos do rafina­do para a extração, aumentando o rendimento do processo. No processo de extração os fosfa­tos devem apresentar-se na forma de HlO, para que ocorra a transferência da fase aquosa para a fase orgânica. Com aumento na eficiência do pro­cesso, será possível a redução de custos do pro­duto final.

11:71 Projeto de Otimização e 11:1 Caracterização de Espuma

de Poliuretano Biodegradável

Coordenador: Eduardo Murgel Ferraz Kehl

Empresa: Eduardo M~rgel Ferraz Kehl - ME

Valor aprovado: Fase I: R$ 39.965,00 I US$ 0,00

Os objetivos deste projeto são otimizar as pro­priedades físico-químicas da BioEspuma, seus pa­râmetros de produção, determinar o sistema de qualidade, analisar seu comportamento quanto às propriedades de biodegradação e como substrato para crescimento de mudas. Definidos os parâme­tros, pretende-se produzir e comercializar os pos­síveis produtos obtidos, como embalagens, e a matéria-prima intermediária (poliol), visando lu­cratividade acima de 20%. A filosofia da empresa sempre priorizou a obtenção de processos cujas matérias-primas possam ser obtidas na agroindús­tria, visando produtos de grande consumo. Com o óleo de mamona e outros derivados da agroin­dústria já se obteve uma espuma semi-rígida (ba­sicamente de poliuretano), que possui a proprie­dade de ser biodegradável. O produto foi

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patenteado como BioEspuma. Agora o objetivo é detalhar um processo produtivo e um sistema de garantia de qualidade tendo como guia diretrizes das normas ISO 9000 e ISO 14000. Pretende-se, em cinco anos, produzir quantidade equivalente a 2% elo consumo atual de material para embala­gens. Atualmente seriam cerca de 300 toneladas/ mês e US$ 1,5 milhão mensais. Outro objetivo é triplicar a participação no mercado no segundo qüinqüênio do projeto, gerando, desta forma, re­cursos suficientes para investimento na área de tecnologia de produção. O objetivo é utilizar a força de trabalho familiar de pequenos produto­res para os quais a cultura de mamona seja uma alternativa consorciada às culturas tradicionais. Os testes de crescimento de mudas serão de acompa­nhamento e registro do crescimento de sementes.

m Desenvolvimento de Revestimentos Visando o Emprego de Inibidores Orgânicos de Corrosão e a Redução do Uso de Solventes

Coordenador: Lorenzo De Micheli

Empresa: READE Revestimentos Especiais de Alto Desempenho Ltda.

Valor aprovado: Fase I : R$ 7.500,00 I US$ 0,00

Este projeto propõe a redução de solventes em revestimentos pela elaboração ele uma resina ter­mofixa (epóxi) com alto teor de sólidos e o em­prego de inibidores orgânicos não tóxicos em subs­tituição aos compostos inorgânicos convencionais. As pesquisas e desenvolvimentos na área ele re­vestimento no País são muito pequenos. Indús­trias utilizam, ainda hoje , formulações muito anti­gas que funcionam, mas não possuem nenhuma preocupação ecológica. Com o aumento ela co­brança, pela sociedade brasileira, da fabricação de produtos que não agridam o meio ambiente, faz­se necessário, agora, pesquisar revestimentos que resistam mais tempo e com menor teor ele solven­tes em sua formulação. Os revestimentos atual­mente no mercado costumam incluir inibidores inorgânicos tóxicos à base de chumbo e zinco.

ai Inovação Tecnológica IIII de Reciclagem de Frascos Plásticos

de Postos de Gasolina

Coordenador: João Antonio Galbiatti

Empresa: Comércio de Ferro Velho Moretti Ltda.

Valor aprovado: Fase I: R$ 27.546,00 I US$ 0,00

O presente projeto objetiva estudar e desen­volver processos ele recuperação e reciclagem ele óleo lubrificante, aditivos e polietileno ele alta den­sidade (PEAD) originários ele frascos residuários de postos ele combustíveis. Objetiva, ainda, de­senvolver sistemas de captação dessa matéria-pri­ma tendo, como resultado final, um programa viá­vel de retorno à viela útil desses resíduos poluentes. Para tanto, os estudos envolvem: verificação dos procedimentos mais apropriados à captação dos frascos descartados; verificação ela freqüência ne­cessária para a retirada dos resíduos coletados; estudos elos processos de descontaminação dos frascos plásticos de PEAD, com remoção do óleo residual e do material estranho (rótulos, lacres, papel); otimização do processo de reciclagem de PEAD; otimização dos processos ele produção do grão (PEAD) reciclado, bem como de produção de frascos plásticos com grãos ele PEAD reciclado. O Brasil consome por ano cerca ele 900 milhões de litros de óleo lubrificante, sendo 60% de óleos automotivos e .40% industriais. Durante o uso, parte do lubrificante é queimada ou incorporada ao pro­duto final, restando como óleo usado algo entre 250 milhões e 300 milhões de litros/ano. Só em torno de 100 milhões de litros/ano vão para o rer­refino. O restante é descartado no solo ou na água ou queimado, quase sempre de forma inadequa­da (apenas um litro ele óleo é capaz de esgotar o oxigênio de 1 milhão de litros de água). Os postos de gasolina descartam para o meio ambiente fras­cos de PEAD contaminados com óleo lubrificante e aditivos. Como seu tempo de biodegradação é muito longo (acima de cem anos), estes frascos reduzem o tempo de vida útil dos lixões e aterros sanitários.

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SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTÍCIAS FAPESP N' 46 • INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

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72 SISOFT 1400 I - Software para Subsidiar a Elaboração de um Sistema de Gerenciamento Ambiental

Coordenador: Sahadev Anantha Krishnan

Empresa: Biotec Assessoria e Serviços Ltda.

Valor aprovado: Fase l : R$ 28.294,00 I US$ 0,00

A presente pesquisa visa estruturar e desenvol­ver o software SISOFf 14001, uma "ferramenta" ele informática que objetiva fornecer as seguintes fa­cilidades: estruturar o sistema de gerenciamento ambiental (SGA) ele uma empresa, passo a passo; gerenciar as tarefas diárias exigidas por um SGA com um sistema automatizado de rastreamento e documentação; criar um sistema ele auditoria (due­díligence); fac il itar a troca de informações on-line dentro da organização, e facilitar a tomada de de­cisões pela gerência. Será utilizado, como base, o software SISPLAMTE, desenvolvido e comercializa­do pela empresa Sensora Sensoriamento e Geo­processamento. Trata-se de um sistema de registro de dados e produção de informações referencia­das cartograficamente e que se caracteriza pela estrutura lógica e simplicidade de operação. A im­plementação de um SGA traz várias vantagens, den­tre as quais: credibilidade; redução elo risco; dimi­nuição da poluição; aumento da margem de lucros, e melhoria do sistema de gerenciamento interno. O padrão ISO 14001 fornece as especificações para desenvolver um sistema de gerenciamento ambi­ental, que consiste em estabelecer e manter uma política com o comprometimento de preservar o meio ambiente e segui-la com rigor; desenvolver um plano levando em consideração os aspectos da organização e da legislação vigente; implemen­tar um programa para atingir os objetivos e metas do plano; estabelecer procedimentos para moni­torar o desempenho ambiental da organização e sua conformidade com a política estabelecida.

~ Marcadores Biológicos da Exposição la Ocupacional ao Benzeno

Coordenador: Hen rique Vicente Della Rosa

Empresa: Toxikón Assessoria Toxicológica SIC Ltda.

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA · SUPLEMENTO ESP ECIAL DO NOTÍCIAS FAPESP N' 46

Valor aprovado: Fase I: R$ 32.820,00 I US$ 0,00

Este projeto destina-se a atender às necessida­des de prevenção, finalidade maior da saúde ocupacional, comparando-se a eficiência de dois biomarcadores, ainda não utilizados no Brasil , para a avaliação de baixos níveis de exposição ao ben­zeno no ambiente de trabalho. A principal razão desta escolha reside no fato de que os trabalhado­res ocupacionalmente expostos e que apresentam uma marcante metabolização do benzeno a t-t­MA correm um maior risco de desenvolver leuce­mia para níveis de exposição acima de 1 ppm. Nos últimos tempos destacou-se , no País e em outros, um problema que tem afligido trabalhado­res, empresas e governo: os graves riscos à saúde provenientes ela exposição ocupacional ao benze­no. Evidencia-se, de outro lado, que o benzeno deve ser considerado um risco potencial também para a população em geral, em conseqüência de sua difusão no ambiente. A atual recomendação de vários pesquisadores e instituições para a mo­nitorização biológica da exposição ocupacional ao benzeno recai, principalmente, sobre os marcado­res biológicos, ácido trans-trans mucõnico e ácido fenil-mercaptúrico urinários, para baixos níveis de exposição. No presente trabalho, a Toxikón pro­curará desenvolver uma metodologia analítica para a determinação do ácido trans-trans mucônico Ct-t­MA) e do ácido fenilmercaptúrico urinários (S-PMA).

1!'-' Aplicação de Polímeros Condutores ~ comt> Sensores para Gases

Coordenador: Milton Soares de Campos

Empresa: To ró e Toró Ltda.- ME

Valor aprovado: Fase I: R$ 49.500,00 I US$ 0,00

O objetivo deste projeto é utilizar as proprie­dades de retificação de polímeros condutores para a construção de sensores para os gases metano e etileno. Para isto serão utilizados dois tipos de polímeros, que são muito estáveis em condições ambiente, o polipirrol e o politiofeno. Diodos Schottky serão construídos com esses polímeros (dopados com ácidos protônicos), tanto na confi­guração planar (com dois eletroclos metálicos de­positados por litografia ou sílk screen na mesma face do polímero) como na configuração sanduí-

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che. Serão utilizados metais com funções trabalho tais que formem contatos õhmicos e bloqueantes com o polímero. Estudos da corrente elétrica em função da voltagem de, tanto na direção direta como reversa, em função da umidade, temperatu­ra e concentração de gases, serão realizados utili­zando-se polímeros dopados e não dopados. Sua sensibilidade, reprodutibilidade e estabilidade se­rão também investigadas. Espera-se colher infor­mações suficientes para a construção de um sen­sor para os gases etileno e metano. Apesar de o setor agropecuário ser um dos mais dinâmicos da economia nacional, um de seus grandes proble­mas ainda é o armazenamento da produção agrí­cola. Estima-se que cerca de 25% de toda a produ­ção é perdida anualmente por decomposição e incêndios que ocorrem em silos de grãos, causa­dos provavelmente pela formação de gases infla­máveis como o metano. No caso da estocagem controlada de frutas, seu amadurecimento é cau­sado pela formação de um hormõnio na forma de gás, chamado etileno.

m Filtro Ativo para Indústrias e para Redes de Distribuição

Coordenador: Tadayosh i Tiba

Empresa: Newtronic Tecnologia Ltda.

Valo r aprovado: Fase I: R$ 36.700,00 I US$ 0,00

Inicialmente, o objetivo deste projeto é desen­volver um filtro ativo, para baixa tensão (classe 600 volts) de energia elétrica, até o limite de cor­rente da ordem de 10 amperes e , na segunda eta­pa, desenvolver uma segunda unidade de maior potência, na mesma classe de tensão, mas com corrente superior a 100 amperes. O projeto ba­seia-se nos trabalhos de dois pesquisadores japo­neses, Prof. Dr. Akira Nabae e Hirofumi Akagi, discutidos e implementados em simulação na Es­cola Politécnica da USP. O princípio de funciona­mento do filtro baseia-se na utilização de sensores de corrente e tensão, que deverão executar uma contínua monitoração da rede de alimentação e, no caso de haver poluição ou ruído , executar sua eliminação por meio de injeções de sinais correti­vos , para restaurar o formato correto da onda. Esta correção deverá ser executada analogicamente. Conforme levantamento preliminar, existe um for­te movimento por parte das concessionárias de

73 distribuição de energia elétrica no sentido de co­brar multas , semelhante à feita com o fator de po­tência, das empresas que introduzirem harmõni­cas na rede , aumentando o interesse potencial das concessionárias neste projeto. A comunidade eu­ropéia deverá iniciar a cobrança de multas a partir do ano 2001. O Mercosul também deverá adotar semelhante medida e , desta forma, o equipamen­to aqui proposto deverá ter demanda ainda maior.

m Desenvolvimento de Processos a Plasma Aplicados à Metalurgia

Coordenador: Vladimir Henrique Baggio Scheid

Empresa: Metal Plasma SIC Ltda.

Valor aprovado: Fase I : R$ 4 1.000,00 I US$ 8.000,00

O objetivo deste projeto é o de desenvolver os seguintes processos a plasma aplicados à metalur­gia: nitretação a plasma de elementos não ferro­sos; deposição de filmes de A1p

3, TiN e TiC utili­

zando uma estrutura de descargas de catado oco, e tratamentos superficiais de elementos ferrosos em substituição a processos convencionais de gal­vanoplastia. Estes processos foram escolhidos de­vido ao fato de requererem poucas modificações na unidade de processamento existente, bem como por seu alto conteúdo de inovação tecnológica e seu grande potencial comercial, uma vez que eles fazem parte de um nicho de mercado praticamen­te inexplorado no Brasil. Embora existam equipa­mentos (de firmas estrangeiras) disponíveis no mercado, a Metal Plasma optou por desenvolver seu próprio reatar, uma vez que os avanços tec­nológicos exigem constantes mudanças e adapta­ções. A primeira unidade de processamento con­siste de uma câmara de alto vácuo de aço inoxidável com um volume útil de 120 1, um siste­ma de bombeamento rootscom uma vazão de 150 m3/ h, uma fonte de corrente de 30 kW e um siste­ma de admissão de gases (Ar, N2, H2). Dando seqüência ao projeto, a Fase 2 compreenderá tra­balhos de pesquisa aplicada para desenvolver os processos escolhidos, para chegar-se a padrões de qualidade que permitam sua utilização em escala comercial. Basicamente, quatro técnicas experi­mentais serão utilizadas na investigação do plas­ma: espectroscopia de emissão atómica; espectros­copia de absorção atómica; espectrometria de massa, e sonda de corrente.

SUPlE MENTO ESPECIAl DO NOTÍCIAS FAPESP N' 46 • INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

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m Desenvolvimento de um Esterilizador a Plasma

Coordenador: Tadashi Shiosawa

Empresa: Valitech lnd. e Com. Ltda.

Valor aprovado: Fase I : R$ 36.660,00 I US$ 0,00

Este projeto consiste em desenvolver um es­terilizador de agentes contaminantes em materiais cirúrgicos, odontológicos e embalagens, empre­gando a tecnologia do plasma. O desenvolvimen­to será feito por etapas. Na primeira será desen­volvida uma pesquisa de mercado, visando a viabilidade técnica e mercadológica do processo a ser desenvolvido. Nesta etapa serão feitos con­tatos e visitas a empresas e instituições que utili­zam materiais cirúrgicos, odontológicos e de em­balagens em geral que devem ser esterilizados, antes do uso, visando obter informações sobre estes materiais quanto a suas propriedades física e clínica e quanto aos níveis de esterilização ne­cessários. Paralelamente será construído um pro­tótipo do esterilizador, onde serão investigadas as condições de descarga de plasma de alguns gases. Definidos os parâmetros da descarga lu­minescente (plasma), e adicionando os resulta­dos das pesquisas de mercado, será construído um esterilizador no qual serão feitos testes de eliminação de bactérias padrão, estudos do efei­to do plasma sobre os materiais esterilizados e a determinação das condições ótimas de descarga luminescente para a esterilização. Como resulta­do deste projeto de pesquisa objetivamos a fa­bricação de um esterilizador a plasma que aten­da às necessidades do mercado.

1!11 Desenvolvimento de Gerador l:íl de Ozônio de Alto Desempenho

Coordenador: W ilfredo Milquiades lrrazabal Urruchi

Empresa: Aluísio Pimentel de Camargo (ME)

Valor aprovado: Fase I : R$ 18.800,00 I US$ 25.200,00

A presente pesquisa consiste no desenvolvi­mento de novos tipos de geradores, visando au-

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA · SUPLEMENTO ESPE CIAL DO NOTÍCIAS FAPESP N' 46

mentar a eficiência da produção de ozónio. Se­rão estudados assuntos relativos à redução do custo de produção do gerador e do consumo de energia elétrica na operação. As descargas elétri­cas realizadas em gases purificados de oxigênio, uso de novos materiais para confecção das vál­vulas de descarga e desenvolvimento de um novo sistema integrado de refrigeração dos eletrodos e do gás reativo (ar atmosférico ou oxigênio) são considerados assuntos de interesse específico desta etapa do projeto. O trabalho será desen­volvido com base nos geradores de ozónio pro­duzidos pela microempresa Qualidor Saneamen­to Inc., localizada em Santa Bárbara D'Oeste (SP). A finalidade é capacitar-se para um trabalho fu­turo voltado às questões relativas ao meio ambi­ente, quer seja para purificação do ar atmosféri­co ou da água de diferentes origens, em âmbito de uso doméstico ou coletivo, aplicando-se para tanto técnicas, materiais e sistema de equipamen­tos complementares. Os trabalhos referentes à construção física dos geradores serão desenvol­vidos nas instalações da Qualidor. O projeto e construção do reator e sua caracterização física de descarga serão realizados por meio da contra­tação de serviços pelo Laboratório de Plasmas e Processos, utilizando-se as infra-estruturas de ofi­cinas mecânicas e de vidro do ITA e do Centro de Tecnologia da UNIMEP. A equipe técnico-ci­entífica de apoio ao projeto será constituída de pesquisadores pertencentes ao Grupo de Plas­mas e Processos do Depto. de Física do ITA.

11 Módulo Odontológico Transportável

Coordenador: Alexandre de Oliveira Rangel

Empresa: Oral Health - Oliveira Rangel & Camargo Jr: Ltda.

Valor aprovado: Fase I : R$ 19.007,00 I US$ 0,00

Este projeto tem como objetivo desenvolver um módulo odontológico transportável, dotado de equi­pamentos simplificados, de fácil transporte de uma localidade para outra, para oferecer serviços odon­tológicos diretamente a regiões mais necessitadas. As equipes itinerantes de saúde bucal, hoje, já são uma realidade e foram implementadas em diver­sos municípios brasileiros baseadas fundamental­mente em Sistemas de Clínicas Modulares Trans-

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portáveis. Estas equipes se deslocam para atender grupos populacionais prioritários. Atendem, por exemplo, escolas de primeiro e segundo graus do município, em forma de rodízio, procurando aten­der alunos que acabaram de ingressar na primeira série do primeiro grau e fazendo a manutenção dos alunos das demais séries da escola anualmen­te. Hoje, com a experiência acumulada, além das equipes voltadas ao atendimento de crianças e adolescentes, já se torna possível imaginar equi­pes itinerantes, trabalhando no sistema de clínica modular transportável, voltadas ao atendimento de grupos especiais, como idosos, gestantes, traba­lhadores, etc.

m Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico de Transferência de Embriões, Sexagem e Fecundação in Vitro

Coordenador: Jorge Nicolau Neto

Empresa: Embrionic

Valor aprovado: Fase I : R$ 50.000,00 I US$ 0,00

O projeto objetiva a implantação, no País, de duas técnicas de transferência de embriões já utili­zadas no exterior: Sexagem de Embriões e Fecun­dação in Vitro. A primeira permite identificar o sexo do embrião imediatamente depois de ser co­lhido do útero da doadora. Este fato abre imensas perspectivas zootécnicas, uma vez que, economi­camente, raramente compensa a criação de ma­chos de alta linhagem. O criador, portanto, opta pela implantação ou congelamento dos embriões fêmeas. A técnica mais utilizada, mundialmente, consiste na punção (por micromanipulação) do embrião de 7 dias, retirando-se um fragmento cujo código de DNA evidenciará, no laboratório, em cerca de uma hora (por eletroforese) o sexo do embrião. A segunda técnica permite, além de mul­tiplicar significativamente a fêmea, a multiplicação do próprio sêmen, uma vez que os óvulos colhi­dos serão fertilizados. Com a revolução da enge­nharia genética , a transferência de embriões sedi­mentou-se universalmente por se constituir em uma técnica que permite obter o rápido crescimento e a maior produtividade dos rebanhos bovinos.

m Microscópio Óptico de Precisão co~ Es~ru~u~a à Base de Gramto Smtet1co

Coordenador: Fernando de Moraes Mendonça Ribeiro

Empresa: MM Optics Ltda.

Valor aprovado: Fase I : R$ 45.420,00 I US$ 0,00

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A MM Optics é uma empresa nova, mas com forte determinação em participar e promover ino­vação tecnológica no Brasil na área de óptica. Tra­ta-se de uma microempresa que vem, com esfor­ço, produzindo três modelos de microscópios (MM 1600, alta precisão, binocular até 1600x, MM-01 didático até 600x, MM- Ll lupa de aumento 30x para uso em agricultura e didático) e inúmeros outros sistemas de translação de precisão. Com esta experiência e já tendo participado de um im­portante projeto de desenvolvimento na área de microscopia junto ao IFSC-USP e LAMAFE-EESC, ambos da USP de São Carlos, a MM Optics propõe o desenvolvimento e produção de um microscó­pio inovador, onde sua parte estrutural é feita em granito sintético, melhorando a estabilidade, di­minuindo custos e tornando-o mais competitivo. O granito sintético é um material composto de brita natural de granito. Como material estrutural, o granito sintético proporciona excelentes carac­terísticas mecânicas, tais como: estabilidade me­cânica secula,, amortecimento interno cerca de oito vezes maior que os materiais tradicionais e eleva­da estabilidade térmica; flexibilidade geométrica e a possibilidade de utilização de enxertos metáli­cos. Estaremos desenvolvendo um processo para moldagem do sistema estrutural do microscópio em granito sintético. O processo e a otimização da moldagem permitirá a produção de peças de qualidade em alta escala. Estabelecendo todo pro­cedimento de produção das peças em granito sin­tético, conjugaremos com as demais partes, ópti­cas e mecânicas, já em produção pela empresa, e chegaremos a um microscópio de qualidade mui­to superior e baixo custo. Desta forma desejamos conquistar o mercado interno e disputar o merca­do externo.

SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTÍCIAS fAPESP N' 46 • INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

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Melhoramento da Qualidade de Gemas pela Purificação Microbiológica e Indução de Cor pela Radiação Ionizante

Coordenador: Etsuko lkeda de Carvalho

Empresa: TRON Tec Radion Tecnologia da Radiação Ionizante Comercial Ltda.

Valor aprovado: Fase I: R$ 35.400,00 I US$ 0,00

As gemas brasileiras representam um mercado de milhões de reais que, em geral, são canaliza­dos para o exterior pela exportação das gemas brutas a preços muito baixos e que, em seguida, após submetidas a vários tipos de tratamentos, são importadas. Em geral esses tratamentos induzem uma valorização de até dez vezes no valor origi­nal das gemas. Das gemas brasileiras de impor­tância económica, as esmeraldas se destacam por sua beleza e aceitação pública e se caracterizam pela presença de contaminantes em suas fissuras contendo ferro e enxofre. Alguns trabalhos da li­teratura têm mostrado que determinadas bactérias do gênero Thiobacillus são capazes de atacar es­truturas rochosas e principalmente concreto, reti­rando ferro e enxofre, levando à formação de áci­dos que produzem a deterioração daquelas estruturas. O presente projeto visa utilizar método microbiológico, pela utilização de espécies do gênero Thiobacillus na purificação de gemas bra­sileiras cuja contaminação está relacionada à pre­sença de enxofre e ferro , principalmente esmeral­das, visando contribuir para sua valorização, bem como diminuir a evasão de divisas do País. Por outro lado, um tratamento bastante conhecido no exterior para obtenção de topázios, turmalinas e outras pedras coloridas, por tratamento com radia­ção ionizante, tem sua aplicação no Brasil bastan­te restrita, a ponto de as gemas serem enviadas ao exterior para tratamento para, depois, serem re­compradas pelos joalheiros brasileiros. A pre­sente proposta pretende viabilizar o tratamento de gemas util izando infra-estruturas de instalações brasileiras, baixando o custo e aprimorando o con­trole das gemas irradiadas.

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA · SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTÍCIAS FAPESP N' 46

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SECRETARIA

Inovação Tecnológica

SUPLEMENTO ESPECIAL DO NOTÍCIAS FAPESP N" 46

CONSELHO SUPERIOR

PROF. DR. CARLOS HENRIQUE DE BRITO CRUZ PRESIDENTE

DR. MOHAMED KHEDER ZEYN VICE-PRESIDENTE

PROF. DR.ADILSON AVANSI DE ABREU PROF. DR.ALAIN FLORENT STEMPFER

PROF. DR.ANTÓNIO M. DOS SANTOS SILVA PROF. DR. CELSO DE BARROS GOMES

DR. FERNANDO VASCO LEÇA DO NASCIMENTO PROF. DR. FlÁVIO FAVA DE MORAES

PROF. DR. JOSÉ JOBSON DE A. ARRUDA PROF. DR. MAURÍCIO PRATES DE CAMPOS FILHO

PROF. DR. PAULO EDUARDO DE ABREU MACHADO PROF. DR. RUY LAURENTI

CONSELHO TÉCNICO-ADMINISTRATIVO

PROF. DR. FRANCISCO ROMEU LANDI DIRETOR PRESIDENTE

PROF. DR. JOAQUIM j. DE CAMARGO ENG LER DIRETOR ADMINISTRATIVO

PROF. DR. JOSÉ FERNANDO PEREZ DIRETOR CIENTÍFICO

EQUIPE RESPONSÁVEL

PROF. DR. FRANCISCO ROMEU LANDI COORDENADOR

MARILUCE MOURA (MTB-790) EDITORA RESPONSÁVEL

MARIA DA GRAÇA MASCARENHAS EDITORA EXECUTIVA

FERNANDO CUNHA EDITOR ASSISTENTE

HÉLIO DE ALMEIDA PROJETO GRÁFICO

TÂNIA MARIA DOS SANTOS DIAGRAMAÇÂO

MARCIA T. COURTOUKÉ MENIN REVISÃO

FAPESP RUA PIO XI. N" I SOO, CEP 05468-90 I ALTO DA LAPA- SÃO PAULO - SP

TEL: (li) 838 4000 - FAX: (li) 838 4117

DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

GOVERNO DO ESTADO DE SAo PAULO

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FOTOLITOS E IMPRESSÃO GRAPHBOX-CARAN

EM PAPEL PÓLEN RUSTIC AREIA 85 GIM' 1999

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SECRETARIA DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Inovação Tecnológica

~ ~ ~ GOVERNO DO ESTADO

DE sA0 PAULO

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