sÃo luÍs- ma - artesanatos e lendas _ analina

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Page 1: SÃO LUÍS- MA - ARTESANATOS E LENDAS _ ANALINA

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UEB- PROFESSOR JOSÉ DA SILVA ROSA DISCIPLINA RELIGIÃO

OITAVO ANO - C

SÃO LUÍS-MA 2012

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ANALINA VIEIRA SIPAÚBA

São Luís Artesanatos e Lendas

SÃO LUÍS 2005

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela vida, pela natureza da fé que nos fundamenta no seu amor

incondicional que dia-a-dia fortalece nosso conhecimento, conforme aprendemos,

com inteligência e capacidade de alcançarmos o objetivo esperado.

Aos nossos professores, que nos ajudam a superar nossas limitações e

crescer enquanto pessoa e, em especial o professora Maria da Graça Reis Cardoso

fonte de exemplo e conhecimento e que muito contribuiu para esse trabalho.

.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 05

2. HISTÓRICO DE SÃO LUÍS 06

3. ARTESANATO DE SÃO LUÍS 22

4. AS DOZE LENDAS DA ILHA DE SÃO LUÍS 26

4.1. Lenda do Milagre de Guaxenduba 27

4.2. Lenda da Carruagem de Dona Ana Jansen 29

4.3. Lenda da Serpente da Ilha 30

4.4. Lenda da Manguda 31

4.5. Lenda do Palácio das Lagrimas 33

4.6. Lenda da Praia do Olho D'Água 34

4.7. Lenda do Milagre de São João Batista 36

4.8. Lenda da Mãe que Leva e Traz 36

4.9. Lenda da Cavala Canga 37

4.10. Lenda do Rei D. Sebastião 38

4.11. Lenda do Touro Encantado 39

4.12. Lenda do Alto do Boi Pirilampo 40

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 41

REFERÊNCIAS 42

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INTRODUÇÃO

A proposição inicial desse estudo é divulgar e mostrar, a realidade

referente ao patrimônio histórico das belezas naturais, culturais e arquitetônicas que

fazem parte da história de São Luís – MA, apresentando de forma bem objetiva e

simples o belíssimo artesanato e as lendas que circundam essa cidade maravilhosa.

Ao ler este trabalho, o leitor vai conhecer o percurso histórico ludovicense

ressaltando a importância da valorização, da preservação e através deste acesso

proporcionar a sociedade e em especial aos educadores, um registro importante.

Este é um esforço que deve servir de incentivo a todos os que se

comprometem como a preservação do patrimônio artístico, histórico e cultural dessa

cidade.

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HISTÓRICO DE SÃO LUÍS

A Cidade de São Luis

através dos tempos é uma viagem na

evolução urbana e social de uma

cidade que é o marco da colonização

portuguesa no norte da América do Sul

e ponto de apoio inicial para a entrada

na Amazônia.

A delimitação da área da

cidade, bem como o ângulo escolhido para a composição do cenário não poderiam

ser melhores: O promontório que aponta a Noroeste para a entrada do Golfo do

Maranhão, banhado pela embocadura de encontro dos dois rios da ilha, o Bacanga

e o Anil. Configurou-se ali o ponto estratégico para o inicio da construção da cidade

sob a ótica dos colonizadores europeus, no principio Franceses e logo ibéricos,

unidos na Coroa espano-portuguesa.

O local da ocupação inicial se constituirá em núcleo estratégico do poder,

sacro e temporal, onde se instalam a principal igreja Jesuítica, a poderosa Câmara

Municipal colonial e a guarnição

militar, comandada pelos capitães-

gerais e posteriormente

Governadores. Uma verdadeira

acrópole, que ainda no século XVII

ganha uma cidadela para evitar a

instabilidade advinda das disputas

coloniais européias que resultavam em invasões.

Não sem propósito o Palácio dos Leões ali construído permaneceu como

sede do governo estadual até o ano de 1992, junto ao forte da fundação da cidade,

Praça onde estão a igreja da Sé e a prefeitura municipal. Descendo a escarpa e ao

sul consolidou-se o principal porto da ilha, que, aos poucos, se tornara o habtat de

mercadorias, onde o sitio que gradativamente foi sendo aterrado com dinheiro do

comércio, para se consolidar como motor econômico da cidade de fins do século

XVIII, Século XIX e parte do século XX, na reentrância do Rio Bacanga, a que

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denominavam Praia Grande. Ainda hoje, o bairro é a maior referencia da arquitetura

colonial portuguesa revitalizada, existente no Centro Histórico de São Luis.

A descoberta em 1612. Antes da chegada dos franceses, os índios

tupinambás já se encontravam estabelecidos de forma regular e semi-sedentária na

Ilha de São Luis, após

terem migrado da costa

Leste do Brasil.

Encontravam-se

perfeitamente adaptados

ao ecossistema local,

possuindo uma rica cultura

material, na qual se

destacam técnicas

construtivas de habitação,

utensílios de caça, pesca e técnicas de produção agrícola perfeitamente satisfatória

para as suas necessidades. Tupinambás apresentavam práticas sócio-culturais

complexas, tais como a busca da terra sem mal, os rituais de guerra e iniciação e o

canibalismo ritualístico.

Os portugueses haviam se apossado destas terras apenas por meio de

acordo, feito com a Espanha, pára dividir a “América descoberta”. A que

denominaram Tratado de Tordesilhas. Capitanias do Maranhão, não chegou a obter

êxito na conquista, tendo fracassado nas tentativas de ocupação da região.

Após o estabelecimento de uma gradativa estratégia de contato e

aproximação com os nativos, que já exploravam a costa maranhense desde o fim do

século XVI, os franceses fundaram em 1612, o Forte de São Luis, sob o comando

dos capitães Daniel de La Touche e François de Razilly, para o estabelecimento de

uma colônia a França Equinocial, que garantisse o controle estratégico da região,

visando os interesses mercantilistas europeus, destacando-se o comercio de

madeiras nobres do novo mundo para atender à demanda da tintura de tecidos.

Estabelecida à fundação da nova colônia, a dinâmica do processo de

interação entre as culturas francesas e ameríndias proporcionou, num primeiro

momento, a troca de impressões, hábitos e técnicas, levando à reformulação e à

reconstrução da visão de mundo dos grupos envolvidos, tendo como cenário a

exuberância da natureza dos trópicos. Associada ao empreendimento militar-

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econômico, desataca-se a obra catequizadora dos padres capuchinhos Ives

d’Evreux e Claude d’Abeville, que nos deixaram significativos testemunhos do

cotidiano e praticas que deram origem `fundação da cidade de São Luis.

A ocupação do território em 1641. Durante o período da União Ibérica, os

portugueses, unidos à Coroa espanhola, haviam finalmente se fixado na região após

a Batalha de Guaxenduba,

acabando com o projeto de

ocupação setentrional dos

franceses no Brasil, e

iniciando uma nova fase

colonizadora, com

estratégias muito mais

militares e de povoamento,

que econômico–mercantis,

garantindo assim o controle

estratégico da região, tendo Francisco Frias, engenheiro militar,produzido o primeiro

plano urbano da cidade.

Para garantir a segurança e a ocupação do território, ainda ameaçado por

invasões, Francisco Albuquerque Coelho de Carvalho, então governador do Estado

do maranhão e Grão–Pará, ordenou que se erigisse uma nova fortaleza de pedra e

cal no local do Forte São Luis, onde existiam dois semi-arcos ligados por uma

cortina de madeira e terra. Alem disso, foram deslocadas tropas militares e atraídos

colonos açorianos, tendo chegado uma primeira leva, em 1619,com 200 casais e,

daí para adiante, outras levas foram se estabelecendo na cidade durante todo

século XVII. Alguns desses açorianos chegaram a se estabelecer na área rural e

implantar engenhos, que forneciam açúcar para São Luís.

Na rota do açúcar, chegaram os holandeses em 1641, tentando retomar

no Nordeste sua antiga hegemonia de distribuidor na Europa, o que antas faziam em

acordo com Portugal, mas que haviam perdido durante a União Ibérica, por conta de

disputas com a Espanha. Não teriam no Norte a mesma sorte tropical. Mesmo assim

somaram aos cinco engenhos existentes provavelmente mais cinco.

Durante o período de aproximadamente três anos de ocupação não

conseguiram a simpatia dos moradores, tendo por fim que enfrentar uma guerrilha,

que gerou grande destruição na cidade e culminou com a retirada dos flamengos.

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Apesar da mão-de-obra indígena ser fundamental no modelo econômico

vigente no século XVII,a nação tupinambá foi violentamente exterminada da costa

do maranhão,obrigando os colonos a fazerem “descimentos” para aprisionamento e

escravização de outros grupos indígenas,levando à disputa com as missões

jesuíticas pelo controle dos nativos.

Os colonos se dedicavam à produção de gêneros, como o açúcar e o

algodão, em pequena escala, e ao trafego das drogas do sertão dentro de uma

dinâmica de trocas comerciais regionais, principalmente com Alcântara e Belém,

utilizando-se como valor comum de troca o cravo e o pano de algodão, este ultimo

como manufatura produzida em São Luis, devido à proibição regia de moedas

metálicas na região.

Comércio e escravos em 1780 As invasões eram coisas do passado. A

cidade de São Luís estava definitivamente consolidada dentro do império ultramarino

português e passa desde 1756, com a criação da Campanha de Comercio do Grão-

Pará e Maranhão, que

incentivou a produção de

uma lavoura mercantil, a

integrar em definitivo o

grande comercio colonial

atlântico, intermediando a

exportação, principalmente

de algodão, procedente do

interior e com destino à

Inglaterra para suprir as

necessidades de nascente industrialização, possibilitando, dessa forma, a

importação de produtos manufaturados.

Na manutenção deste sistema econômico, a escravidão indígena havia

sido abruptamente substituída pela mão-de-obra africana. Entre 1757 e 1777,

entraram no porto de São Luis 12.587 escravos, sendo daí em diante, constante o

movimento dos navios negreiros no Golfo do Maranhão. Os negros eram submetidos

a condições desumanas de vida, mediante vigilância, com castigos corporais nos

pelourinhos.

A partir das reformas econômicas introduzidas pelo Marquês de Pombal,

primeiro ministro de D.José I, aumenta gradativamente a circulação de riqueza na

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cidade, gerando a formação de uma elite econômica, patrocinadora das primeiras

reformas urbanas, principalmente de caráter privado, com a construção de pontos

comerciais e residências mais adequadas aos novos padrões. Por sua vez, o poder

administrativo acompanhou a nova dinâmica urbana, construindo o Palácio do

Governo, em 1776, e remodelando a antiga Casa de Câmara e Cadeia, atual

Prefeitura Municipal de São Luis. Na área da Praia Grande, a intensificação das

atividades portuárias favoreceu a construção comercial, expandia através de aterros

e novas construções.

Em volta pelo rigor social que separava senhores e escravos, amos e

servos, a sociedade praticava hábitos peculiares, como o confinamento das elites

em suas residências e o costume de andar em liteiras, que era uma forma de

transporte nas ruas. Alem disso, os seus rituais públicos se limitavam a enterros,

batizados e casamentos, poucos afeitos a gostos sociais sofisticados, como

observou o viajante Koster, ainda em 1819. Eram os negros e trabalhadores pobres

que ocupavam as ruas para o trabalho e para o lazer, com seus Congos, Cocos e

Tures.

A urbanização em 1841. No inicio do século XIX, a sociedade local, como

no conjunto do Brasil

passa por aceleradas

devido às novas

realidades. A família real

havia escolhido a colônia

para sede do Reino,

fugindo das guerras

napoleônicas, e abertas

os portos brasileiros às

nações estrangeiras, o

que culminou,

posteriormente, com processo de independência em 1822, que só atingiu São Luis

em 1823, após período de instabilidade interna.

Na economia se assiste à queda da exportação do algodão, devido à

recuperação do sul dos EUA após os conflitos da independência americana, ao que

soma a difícil formação do estado nacional brasileiro, que em particular gerou, no

maranhão, a guerra da balaiada, refletindo no governo sediado na capital.

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Entretanto, a dinâmica da expansão da cidade se mantém, garantida em

suas funções portuárias e de comercio

atravessador, com a substituição do plantio do

algodão no interior pela cana-de-açúcar, no inicio

dos anos 40, consolidando o urbanismo, com

reforço nas obras publicas, destacando o cais da

Sagração, homenagem a D.Pedro II, sagrado

imperador de 1840, mas antiga reivindicação dos

mercadores e habitantes da cidade visto o constante assoreamento do canal de

entrada dos navios.

Diversos cronistas e viajantes que passaram por São Luis nesse período

foram unânimes ao destacar a impotência e o bom gosto das edificações civis,

ressaltando o empenho das elites locais em se europeizarem nos hábitos e nas

práticas, contrastando com a marginalização dos escravos africanos, suporte da

manutenção dos serviços e da reprodução do sistema.

No cotidiano, as praticas sociais urbanas consistiam em saraus

particulares e a eventuais idas ao teatro união, quando da vinda de companhias

estrangeiras. Nas ruas as redes e as cadeiras de arruar são paulatinamente

substituídas pelas carruagens que passam a disputar os espaços públicos com os

afazeres dos negros de ganho e com a venda de agua, em barris, de porta em porta.

Os ritos de passagem dominavam as grandes ocasiões, onde as casas,

espaços sacralizados, se abriam para o grande público como a importância do

batizado, no fausto das festas religiosas e nas alegorias dos grandes enterros,

verdadeiras ostentações de

poder e riqueza, eventos

que marcavam o rítimo e os

caminhos dos maranhenses

do século passado.

A Expansão

Urbana em 1900. No inicio

do século, a ex-capital de

província passa a respirar

os ares da republica, que

aos poucos vai se consolidando no maranhão. Os chapéus panamá e o linho branco

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vestiam os homens, que pareciam ditar um novo estilo, condizente com o novo

regime político inaugurado em 1889.Para os negros, recém saídos da instituição

escravista as mudanças tinham significados duvidosos, já que a ocorrência delas no

campo político poderia gerar regresso à situação anterior, razão pela qual, chegada

a notícia da República em São Luís, derrubaram e despedaçaram o pelourinho da

cidade, situado em frente do Largo do Carmo,em insurgência temporária.Como para

a grande maioria dos brasileiros, os acontecimentos eram desconhecidos.O grande

comercio de São Luís, sediado na Praia Grande, tentava se adequar às novas

mudanças políticas e econômicas, principalmente as decorrentes do declínio da

atividade agro-exportadora, com o recuo do mercado exterior para o açúcar e o

algodão, e a emancipação do trabalho servil nos campos, passando a reinvestir seus

capitais em atividades urbanas, como a construção de fabricas de tecido e infra-

estrutura de comunicação, transporte e saneamento, o que fizeram em sociedades

anônimas, que através de ações absorviam rendas de vários setores, do proprietário

rural ao corretor de imóveis.

As últimas décadas do século XIX já indicavam o novo aparelhamento

urbano pelo qual São Luís passaria, num ciclo de melhorias que se completaria nos

anos 20 deste século. Em 1871, a Companhia Ferro Carril inaugurava serviço de

bonde de tração animal, primeiro no Nordeste, ampliando no ano seguinte para o

Caminho Grande (hoje Rua Grande e Av.Getúlio Vargas),chegando até o Anil.

Em 1890, São Luís passa a ter um sistema de telefonia, com 200

aparelhos instalados, conseqüência da sociedade entre alguns comerciantes. A

energia elétrica seria ampliada em 1924, substituindo a antiga iluminação a gás,

favorecendo também a implantação de um novo sistema de bondes e dando início

às obras de água e esgoto.

A sociedade da elite ludovicense incorporava de vez hábitos festivos da

Europa em bailes no Teatro São Luís. Naqueles bailes, onde freqüentavam famílias,

eram oferecidas atrações como à valsa, a polca e o schottisch, esta de provável

origem húngara. As camadas populares mantinham tradições do século XIX, mas

também inauguravam seus próprios salões de bailes.

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A Modernidade Contida em 1958. Os anos 50 foram de significativas

mudanças no Brasil. Iniciava-se em 1955 a era Jucelino Kubtchek, marcada por um

programa de desenvolvimento industrial acelerado, porém centralizador, que

privilegiava a

industrialização na

Região Sudeste,

em detrimento do

investimento em

outras regiões,

uma das razões

pelas quais o

princípio de

industrialização,

em São Luís, no

inicio do século, havia regredido definitivamente.

A cidade tomara feição administrativa, com o serviço público sendo o

principal gerador de rendas, aparentando estagnação, se comparando à velocidade

de expansão do século anterior, com comercio voltado, na maior parte, para a

exportação de babaçu e algodão, a indústria com cinco fabricas têxteis e algumas de

beneficiamento da amêndoa do babaçu.

São Luís vivera agitada na política e ainda guardava as lembranças da

traumática posse de Eugenio de Barros, motivo da greve de massas de 1951 e dos

agitados dias que acompanharam o julgamento do operário que assassinou um

membro da família Kenedy, diretor de Ulen Company,absorvido por interesse

popular, razões pelas quais ganhou os epítetos de “Ilha Rebelde” e “Ilha Indomável”,

somado ao repúdio dos métodos da oligarquia Vitorino Freire.

Os valores da moral conservadora, rígidos como a época, podiam ser

relativizados em períodos festivos, principalmente nos estrondantes bailes de

máscaras, de diferentes categorias sociais, nos quais as mulheres se vestiam de

modo a esconder suas identidades, das meias aos rostos mascarados, que

permitiam um livre jogo de paqueras e cortejos, independente de ser casada, ou

não.

Foram famosos os carnavais da época, no Centro da Cidade,

largamente habitado por famílias, que iam às portas e janelas ver passar os Corsos,

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em suas batalhas de confetes e serpentinas, ou a Casinha-da-Roça, acompanhada

do Tambor-de-Crioula e de Tribos de Índios. Fazia-se “Assaltos”, que eram festas

surpresas nas casas dos amigos, onde não faltavam colombinas, pierrôs, dominós e

fofões. Quanto ao Bumba-meu-boi, não tinha penetração no Centro e se

manifestava na periferia. A urbanização, desacelerado, experimentou poucas

mudanças, entre elas o alargamento da Rua do Egito, a construção da

Av.Magalhães de Almeida,ainda na interventoria de Paulo Ramos,e a construção do

Edifício João Goulart, frustrando a expectativa de modernidade de muitos,mas

preservando para a posteridade o conjunto arquitetônico de origem colonial. A

largura constante das ruas, a localização das praças e dos "largos", a importância

dos cantos de rua outorgaram a São Luís o caráter de urbanidade de uma

verdadeira capital. A imagem utópica traçada em 1615 estabeleceu um modelo de

instalação urbana em terras equatoriais, ao qual a História se encarregou de dar um

conteúdo. Enquanto capital sede do poder, ela adquiriu uma atmosfera ímpar.

Vivendo, de certo modo, à margem do resto do Estado, São Luís fica em contato

estreito com a Europa (Lisboa é mais perto do que o Rio de Janeiro) graças à

facilidade de navegação. Foi o comércio - principalmente desde a época do Marquês

de Pombal, como demonstrou o Prof. Jerônimo Viveiros - que formou esta fisionomia

típica de grande cidade marítima cosmopolita, mais estreitamente ligada às

atividades do oceano do que às da terra. Por volta do fim do século XVII, surge o

primeiro desenvolvimento, promovido pelo governo real. Face ao dinamismo dos

colonos, aprisionados entre o monopolismo do Estado e constantes conflitos com

índios e missionários, a Coroa toma decisão de grandes iniciativas. Uma diocese do

Maranhão é criada (1677), assim como uma academia politécnica (a Aula de

Fortificação, 1698) e a cidade cresce. Na "acrópole" aterrada do antigo forte francês,

ampliada em fortaleza abalaustrada em plano triangular (1630), são edificados o

Palácio (bastante modernizado em 1762 pelo governador Melo e Póvoas, sobrinho

do Marquês de Pombal, que o ornamentou adotando o estilo neoclássico no "Palácio

dos Leões") e a sede do governo municipal, cuja estrutura original de 1685 continua

visível nos adornos do Palácio de La Ravardière, o "Hotel de Ville".

Em frente, a catedral, construída em 1718 com planejamento do padre-

artista luxemburguês João Filipe Bettendorf (1690), é uma magnífica edificação no

estilo clássico jesuítico, com uma única nave e sacrário ao fundo, muito modificado

em seguida, onde sempre brilha a obra-prima de talha dourada: o painel do altar-mor

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concebido pelo escultor Manuel Manso em 1693, o único em "estilo nacional" (1675-

1720) que subsiste intacto no Brasil. Desde a expulsão dos jesuítas em 1760,

passou a ser a Catedral Metropolitana.

O primeiro bispo, vindo em 1679, trazia consigo objetos valiosos ofertados

pelo próprio Rei, dos quais resta um único conjunto de vasos de prata maciça

datados de 1683. O maior, para os santos óleos, pesa mais de 13 quilos, somente

comparável aos das catedrais de Lisboa e do Porto.

Trouxe ainda uma série de quadros da via-sacra de grande dimensão

(1,40 m x 84 cm), com cenas da Paixão de Cristo para as cerimônias da Semana

Santa e de Corpus Christi, pintadas sobre cobre por volta de 1700 pelo pintor do rei,

Bento Coelho da Silveira (1648-1708). Trata-se de uma réplica da série dos "Passos

da Graça" (as estações da Paixão) da célebre confraria da Igreja Nossa Senhora da

Graça, em Lisboa, presidida pelo próprio Rei.

A Coroa fazia, pois, um esforço para manter São Luís em contato direto

com o centro do Império, criando uma imagem de capital rica com obras de arte, que

constituem um acervo artístico da mais alta qualidade, único no Brasil, tanto pela

data precoce quanto pelo seu caráter oficial.

Este interesse foi perseguido pelo Marquês de Pombal (1755-77),

primeiro-ministro esclarecido, com sua política mercantilista, que favorecia a

produção industrializada de algodão e arroz. A mais antiga casa comercial, datada

de 1756, no Largo do Carmo, pertencia a seu amigo Laurent Belfort, um capitalista

irlandês que introduziu maquinário agrícola nos arrozais, para a exportação. A

cidade beneficiada por sistemas de canalização e de esgotos, por belas fontes e por

ruas calçadas, tomava um ar moderno e colorido: uma nova Lisboa no Equador!

Em 1780, quando a Praia Grande tornava-se o bairro portuário por

excelência, o governo português ordenou a criação de uma "praça permanente" em

frente ao mar, à maneira das praças régias das Lumières, com o nome de Praça do

Comércio. Pode-se hoje ver ainda no prédio que a domina uma enorme pintura

mural (2,0x0,80m), recentemente redescoberta e restaurada, que representa a

famosa Praça do Comércio pombalina de Lisboa, de 1756, que, do outro lado do

mar, fecha simbolicamente sua perspectiva - como se São Luís fosse o espelho

colonial da capital metropolitana.

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A Revitalização Cultural em 1987. São Luís cresceu nos anos 70 e

80 em grandes proporções,

e teve que enfrentar os

problemas decorrentes de

pressões demográficas.

A modernização

do estado emblematizada

com a abertura de estradas,

estaduais e federais traria

duas fundamentais

mudanças para a estrutura

tradicional para a capital.

Em primeiro lugar o deslocamento da principal via de transportes que era marítima

para a terrestre e em segundo a expansão ocupacional decorrente do grande

numero de imigrantes do campo, deslocados de suas economias campesinas pelas

especulações imobiliárias gerada no setor rural.

A praia grande, com a perda da importância portuária-comercial iniciada

nos anos 60, fruto da expansão rodoviária, assistiu seu vigor comercial declinar

palautinamente e com ele seu valor urbano e teve como conseqüência muitos

imóveis abandonados por seus antigos proprietários, entrando no cenário gerado

pelas pressões habitacionais de baixa renda, sendo muitos prédios ocupados por

famílias pobres, produzindo os cortiços.

Aos poucos um plano diretor se fez necessário para atender às

novas demandas da cidade. A expansão comercial seguia o eixo da rua grande e

atingira o monte castelo, chegando ao João Paulo e a área residencial se estendeu

com a construção de conjuntos habitacionais, como o filipinho e a Cohab.

A construção de uma ponte sobre o Rio Anil ligando o centro da cidade ao

são Francisco, deslocou para lá mais residências e comércios e determinou a

ocupação da área das praias, ocorrendo o mesmo pos 1970, com a barragem do

bacanga, consolidando a área Porto de Itaqui-Bacanga, onde se instalou a

Universidade Federal do Maranhão. Ainda em 1972, a construção de um Anel Viário

no entorno do Centro Histórico congestionável em ruas projetadas para carruagens

e seges.

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Entre a segunda metade dos anos 50 e a década de 80, a defesa do

patrimônio Histórico ganhou instrumentos. O Instituto de Patrimônio Histórico e

Artístico Nacional, após estudos técnicos, inscreve no livro do Tombo Brasileiro os

conjuntos arquitetônicos e paisagísticos do largo da Igreja do Desterro, da Praça

Benedito Leite, da Praça João Lisboa e da Praça Gonçalves Dias, completado em

1974 com a inclusão da Praia Grande, Desterro e Ribeirão Em 1973 o arquiteto

Viana de Lima, a serviço da Unesco, elabora um “Plano de Preservação para São

Luís e Alcântara”. Em 1986, o Estado do Maranhão faz o tombamento do maior

conjunto do Patrimônio Histórico da cidade, na área do zoneamento que a Lei

Municipal nº2. 527 de 1981 determinava como de interesse histórico.

Concebida desde 1979, a maior experiência de restauração e

revitalização de conjunto histórico edificado se deu em 1988, com o Projeto Praia

Grande, atingindo 10 hectares de área tombada, dando um sentido cultural a um

espaço que surgira com vocação comercial.

A Praia Grande Bairro mais antigo e tradicional da cidade, coração do

centro histórico foi recuperado pelo Projeto Reviver, que restaurou casarões e

instalou luminárias da era colonial em cerca de 300 prédios, ruas e praças.

Destaque para as ruas Portugal (do Trapiche), do Giz, do Sol, da Estrela e a Praça

do Comércio. No mapa da cidade histórica de São Luís do século XIX é possível

destinguir as funções sociais principais que cada espaço desempenhava. No alto e a

noroeste está o núcleo onde a cidade se fundou e que se consagrou como o lugar

do poder, com destaque para o palácio do governador. A leste, o largo do Carmo,

hoje Praça João Lisboa, se constituía como ambiente social da cidade, com seu

cafés e debates políticos. Ao Sul o bairro popular, operário e portuário, a oeste e na

parte baixa, a área burguesa mercantil: A Praia Grande.

De todos esses núcleos, a Praia Grande é a consolidação mais tardia,

pois transcorreu todo o século XVII e grande parte do XVIII como alagadiço e porto

precário. Somente a partir de 1789, em decorrência da ampliação das atividades

portuárias da cidade, no embalo da grande produção de algodão para exportação, é

que se aterrou a área, fazendo-se porto regular. Desse momento em diante, grandes

firmas comerciais foram se estabelecendo no bairro, para usufruir dos benefícios

portuários, onde também foi montada uma grande feira central para garantir o

abastecimento de gênero alimentícios para a cidade, que foi a Casadas Tulhas.

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O bairro comercial se tornou o centro econômico mais importante da

cidade, erigindo casarões, alguns revestidos totalmente de azulejos e com muita

pedra de cantaria nos balcões nas cercaduras de portas, janelas e calçadas,

materiais construtivos que eram importados. Cidade Patrimônio em 1997. Nestes

anos a cidade de São Luís vivenciou um longo processo histórico, no qual dez

gerações de ludovicenses,

desde a chegada dos

primeiros europeus,

sucederam-se num

continuum, onde a

dinâmica da vida cotidiana

ficou registrada na luta

diária pela sobrevivência,

nas festas nos

casamentos, nos funerais,

nas atividades comerciais

e políticas, na produção intelectual, nas disputas, nas guerras e nas atuações

privadas e sociais, que almagamando-se geraram contornos peculiares, no espaço e

no tempo, delineando características que contribuíram para fixar e configurar a São

Luís de hoje. A complexa evolução histórica da cidade deixou-nos como herança

diversos suportes de memória, não só nas praticas culturais que se perpetuaram

através da oralidade e dos costumes, mas nos registros e documentos escritos e,

principalmente na manutenção de sua arquitetura. Parte de memória pode também

ser lida na estrutura sócio-economica, que reproduziu padrões arcaicos de

dominação, consolidando diferenças sociais extremadas que se manifestam em

todas as fases históricas, fosse na Colônia,no Império ou na República,dilema aliás

não só de são Luís, mas de todo o Brasil,que terá que aproveitar o V centenário de

existência,completos no ano 2000,para refletir sobre eles.

Quanto à nossa própria reflexão, caminhará para darmos respostas ao

que somos e pretendemos ser no futuro, tendo claro que desde Cabral, ou Daniel de

La Touche, particularmente, se esculpe nesta parte da América uma forma

semelhante às sociedades ocidentais, na construção de casas, nas instituições

políticas e religiosas, na indumentária, na ciência, enfim, na visão de mundo

negação constante do universo ameríndio ou negro.

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Por outro lado, São Luís é peculiar no comportamento de seu povo,ao

mesmo tempo hospedeiro e xenófobo;na sua musicalidade de sua gente,apegada a

raízes caboclas,negras e índias e um só tempo à modernidade;na identidade

física,com um patrimônio urbano tão singular a ponto de ser a quarta cidade

brasileira a se tornar Patrimônio Histórico Da Humanidade.

O Centro Histórico compreende um rico conjunto de edificações com

feição arquitetônica colonial civil portuguesa, adaptada ao clima equatorial, com sua

tipologia tradicional de

porta e janela, meio

morada, morada inteira,

sobrados e solares, além

de possuir exemplares

representativos deste

século, como do

ecletismo, art noveau e o

neocolonial. Desenvolvida

através da convivência de

brancos, índios e negros, sua cultura colonial deixou um rico legado histórico e

cultural para as gerações futuras.

Minha cidade é berço de grandes

poetas como Gonçalves Dias,

Josué Montello, Sousândrade,

Bandeira Tribuzzi, Ferreira

Goulart, João do Vale e outros

que muito se destacaram na

literatura brasileira.

É rica em suas tradições culturais seus folguedos como o bumba-meu-

boi, internacionalmente conhecido e admirado

como um dos mais populares da Ilha, sendo

apresentado em estilos e sotaques variados,

principalmente durante as festas juninas,

ocasião em que muitos turistas são atraídos para

esta cidade, sendo os mais famosos:

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O Boi da Maioba, O Boi de Maracanã,

O Boi de Madre Deus,O Boizinho Barrica.

Fazendo parte também do nosso

folclore O Tambor de Crioula, O Tambor de Mina,

A Festa do Divino, O Cacuriá etc. As comidas

típicas também são muito apreciadas por todos

aqueles que têm a oportunidade de nos visitar. As

mais conhecidas são o cuxá, o arroz de cuxá, o

arroz de jaçanã, a torta de camarão, o peixe frito

no escabeche, peixada, camaroada,

caranguejada, bem como as frutas regionais,

juçara, buriti, bacuri, abricó e os saborosos doces

e licores.

O artesanato também é bastante

admirado pelos turistas, principalmente, os

objetos de palha, as redes de linha e as rendas da Raposa. Os seus pontos

turísticos não poderiam ficar esquecidos, entre eles, os mais destacados são O

Projeto Reviver, local que reúne velhos

sobradões coloniais, de azulejos

portugueses, com seus famosos

mirantes, as suas belas igrejas, Museu

de Artes Visuais, Casa de Cultura,

Museu de Artes Sacra, Museu

Histórico, O Teatro Artur Azevedo, um

dos mais belos da América Latina, A

Fonte do Ribeirão, A Fonte das

Pedras, O Largo dos Amores e suas fantásticas praias, constituem as principais

atrações, assim como as suas lendas contadas pelos mais velhos e pelos guias

turísticos que despertam bastante a curiosidade de todos, principalmente quando se

fala de Ana Jansen e do Rei Sebastião, figuras lendárias famosas nas estórias desta

cidade.

Minha cidade é famosa também pelo seu estilo musical, sendo o reggae o

ritmo mais tocado e dançado na Ilha, por isso atualmente é conhecida como

"Jamaica Brasileira” ou "Capital do Reggae". Ultimamente o Forró também tem se

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destacado. "São Luís, cidade Patrimônio da Humanidade, é a paisagem da natureza

rodeada de praias belas e maravilhosas, a brisa da beira do mar e o quebrante das

ondas alegres enroscando-se com os paredões, fervilhando na areia, no vai-e-vem

extasiante do pôr-do-sol do crepúsculo...”.

Ao longo dos anos, ela recebeu influência portuguesa, africana e indígina.

São Luís Francesa, São Luís holandesa. São Luís africana, São Luís lusitana, São

Luís brasileira, São Luís patrimônio da humanidade inteira. São Luís de muitas faces

e ao mesmo tempo una, integra permanente.

Caleidoscópio de etnias e culturas que aqui se amalgamaram se

dilaceraram, se entrelaçaram para,

finalmente, gerarem um povo impar nas

suas manifestações de trabalho, de amor

e de cultura. Nossa São Luís chega aos

393 anos Cidade de poetas e de

musicalidade à flor da pele, ela enfrenta

altaneira as dificuldades que surgem à sua

frente. Para isso, alia trabalho, crença e

essa qualidade tão nossa que é de não

desesperar, mesmo assomando tantos

desafios.

São Luís é assim. Plasmada em tempos heróicos de guerras, conquistas

e piratarias, mas amante da paz, da criação artística e cultural. Na cultura, é Atenas

e é Jamaica. É Brasil e universo. São Luís de cultura particular, mas cidadã do

mundo e patrimônio da humanidade.

Esta cidade que aniversariou em 8 de setembro luta,por intermédio de

seus dirigentes e de seu povo, para alcançar uma melhor qualidade de vida e uma

cidadania mais efetiva.

E, fiel a si mesma, presenteia seus cidadãos com este trabalho de arte.

São Luís, capital do Terceiro Milênio, nós te saúdamos e, a todos que no

dia-a-dia ajudam atua construção.

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ARTESANATO

O homem, sujeito desse universo, cria e recria a realidade, materializando

seus sonhos e inquietudes ao transmudar a matéria bruta em diferentes formas,

cores e texturas. Cerca de 50.000 pessoas tem como fonte de renda, exclusiva, a

produção artesanal. Esses produtos evidenciam-se pela rica diversidade de

materiais, métodos e técnicas utilizados na sua fabricação. O Estado do Maranhão é

detentor de um rico e valioso patrimônio cultural, fruto de suas densas heranças

históricas. A atividade artesanal destaca-se como forte e expressiva manifestação

da cultura popular, contribuindo para imprimir uma identidade única ao povo

maranhense.

É rico e diversificado em forma e material. São peças entalhadas na

madeira, bolsas e redes de fibra de

buriti feitas em Barreirinhas, brinquedos

de paparaúba, azulejos pintados a mão,

rendas de bilro confeccionadas pelas

mulheres dos pescadores na Praia da

Raposa, bordados, vasos de cerâmica e

porcelana também pintados a mão.

Existe o comércio de armas e utensílios

dos índios canelas, guajajaras, urubus

e cricatis. A tradição cabocla contribui

com as miniaturas de barco e as miniaturas do bumba-meu-boi, com seus vaqueiros,

cazumbás, amos, índios e tocadores. Tudo isso pode ser encontrado em lojinhas do

centro de São Luís, mas o lugar mais indicado é o Ceprama - Centro de

Comercialização de Produtos do Artesanato Maranhense – um enorme galpão

centenário da Companhia de Fiação de Tecidos de Cânhamo.

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Encontram-se também trabalhos em palha e fibras de taboa, carnaúba,

tucum, agave, cipó de leite e fino, corda,

estopa, madeira, chifre, cabeça,

tecelagem, ponto de cruz, bordados,

madeira, couro, tecelagem e rendas. A

cerâmica em forma de tigelas, travessas,

panelas e porta-petiscos dão um toque

especial aos pratos. O Centro de

Comercialização de Produtos Artesanais do

Maranhão, órgão governamental ligado à

Secretaria da Indústria, Comércio e

Turismo é o responsável pela promoção do

desenvolvimento da atividade artesanal do

Estado. Pelos menos 50 artesãos

maranhenses se beneficiam diretamente

em vendas e exposições de seus produtos

e as visitas de turistas aumentam cerca de

70% em junho e julho.

O Ceprama dispõe um grande diferencial que é o espaço de

comercialização de produtos 100% maranhense, assim não admitindo produtos de

outros Estados. Dentro do centro (Ceprama).Em alta temporada (de junho e julho e

de Dezembro a fevereiro) as vendas aumentam, pelo menos 70% no local.

Serviços: Maranhão Coordenação no Estado. Centro de Produção

Artesanal do Maranhão. R. São Pantaleão, 1232 Aberto de segunda a sábado, das

8h às 19h e aos domingos, das 10h às 18h(alta temporada)e das 9h às 14h (baixa

temporada).Entrada franca.Madre De Deus 65015-460 São Luís – MA.

Os principais municípios produtores são:

Barreirinhas e Tutóia: localizados no litoral leste do Estado, estes

municípios são considerados capitais da fibra de buriti, matéria-prima da qual se

confecciona uma grande variedade de produtos, como por exemplo: bolsas, sacolas,

mochilas, chapéus, sandálias, toalhas de mesa, centros de mesa, jogos americanos,

pastas, redes, etc.;

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São Luís e Paço do Lumiar: produzem artesanato em fibra de tucum,

algodão/linha, vime, madeira, barro, tais como, cestarias, rendas de bilro, santos,

molduras, trabalhos em entalhe, azulejaria, figuras típicas e, ainda, doces e licores;

Rosário: município que concentra uma expressiva produção em

cerâmica;

Alcântara, Caxias e Brejo: produtores de cerâmica, madeira

entalhada e doces e licores;

Humberto de Campos: onde oleiros confeccionam os mais belos

vasos e potes da região em fornos primitivos;

São João dos Patos e São Bento: produzem artigos bordados e

redes em linha;

Timon e Estreito: produzem artesanato em madeira;

Grajaú e Barra do Corda: municípios onde predominam artefatos

indígenas.

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Lenda é uma narrativa fantasiosa transmitida pela tradição oral através

dos tempos. De caráter fantástico ou fictício, as lendas combinam fatos reais e

históricos com fatos irreais que são meramente produto da imaginação aventuresca

humana.

Com exemplos bem definidos em todos os países do mundo, as lendas

geralmente fornecem explicações plausíveis, e até certo ponto aceitáveis, para

coisas que não têm explicações científicas comprovadas, como acontecimentos

misteriosos ou sobrenaturais. Podemos entender que lenda é uma degeneração do

Mito. Como diz o dito popular "Quem conta um conto aumenta um ponto", as lendas,

pelo fato de serem repassadas oralmente de geração a geração, sofrem alterações

à medida que vão sendo recontadas.

Lendas no Brasil são inúmeras, influenciadas diretamente pela

miscigenação na origem do povo brasileiro. Devemos levar em conta que uma lenda

não significa uma mentira, nem tão pouco uma verdade absoluta, o que devemos

considerar é que uma história para ser criada, defendida e o mais importante, ter

sobrevivido na memória das pessoas, ela deve ter no mínimo uma parcela de fatos

verídicos.

No Maranhão um estado rico em diversidade cultural, há histórias

passadas de pais para filhos e que a geração atual e as futuras podem perder se

não forem resgatadas. São lendas ou mitos que os mais velhos em sua sabedoria

conhecem e repassam.

Detalhes espalhados nos cantos e recantos de São Luís sabe-se de doze

lendas cheias de mistérios que foram repassadas de geração em geração. Há

também outras que se encontram em outros municípios do Estado. Muitos

pesquisadores, historiadores, ou folcloristas, afirmam que as lendas são apenas

frutos da imaginação popular, porém como sabemos as lendas em muitos povos são

“os livros na memória dos mais sábios”.

O MILAGRE DE GUAXENDUBA

Há Bons indícios de que a lenda piedosa da providencial intercessão de

Nossa Senhora para a expulsão dos franceses, em 1615, nasceu logo depois do fato

histórico que lhe dá origem. Em sua Historia da Companhia de Jesus na extinta

Província do Maranhão e Pará (obra datada de 1759), o padre José de Moraes

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demonstra a antiguidade desta lenda, escrevendo: “Foi fama constante (e ainda hoje

se conserva por tradição) que a Virgem Senhora fora vista entre os nossos

batalhões animando os soldados em todo tempo de combate”.

Conta-se que, no principal e decisivo confronto entre portugueses e

franceses, travado em 19 de novembro de 1614, diante do Forte de Santa Maria de

Guaxenduba, já se tornava evidente a derrota dos lusitanos, por sua inferioridade

numérica em homens, armas e munições.

Apesar de lutarem com bravura, iam-se arrefecendo os ânimos dos

soldados de Jerônimo de Albuquerque e eis que surge, surde entre eles, uma

formosa mulher em volta em auréola resplandecente. Ao contato de suas mãos

milagrosas, transforma-se a areia em pólvora e os seixos em projéteis. Revigorados

moralmente e providos das munições que lhes estavam faltando, os portugueses

impõem severa derrota aos invasores, a cujos sobreviventes só restou o recurso da

rendição.

Em memória deste feito, foi a Virgem aclamada padroeira da cidade de

São Luís do Maranhão, sobre a invocação de Nossa Senhora da Vitória.Humberto

de Campos celebrou esta lenda no soneto intitulado.

O Milagre de Guaxenduba

Minha terra natal, em Guaxenduba;

Na trincheira, em que o luso ainda trabalha,

A artilharia, que ao francês derruba,

Por três bocas letais braqueija e ralha

O leão de França, arregaçando a juba,

Saltou. E o luso, como um tigre, o atalha.

Troveja a boca do arcabuz, e a tuba

Do índio corta o clamor e o medo espalha.

Foi então que se viu, sagrando a guerra,

Nossa Senhora com o menino ao colo,

Surgiu, lutando pela minha terra.

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Foi-lhe vista na mão a espada em brilho...

(Pátria, se Virgem quis assim teu solo,

Que por ti não fará quem for teu filho?)

A LENDA DA CARRUAGEM DE DONA ANA JANSEN

Esta lenda corresponde à severa o pena

que o inconsciente coletivo aplicou à memória de

Dona Ana Jansen, poderosa e discutida matrona

maranhense, de marcante na vida econômica,

social e política da São Luís XIX.

Senhora de grande fortuna pessoal,

dizem que maltratava até a desumanidade seus

numerosos escravos. A lenda do pervagar penado

de Donana pelas ruas da cidade, às noites de

sexta-feira (há uma variante que dá essa sinistra

aparição como ocorrendo às quintas-feiras), teve larga difusão na primeira metade

desse século, quando era comum as ruas mal-iluminadas ou completamente às

escuras, pelos constantes cortes de energia elétrica, e também por causa do

desmandos policialescos da ditadura estadonovista, que traiam medo e maus

presságios às noites de São Luís.

Reza a radição que os notívagos da Cidade, ao pressentirem a

aproximação do horrendo coche, fugiam aterrorizados, à procura de um lugar em

que pudessem abrigar-se com segurança. Se assim não fizessem, estariam sujeitos

a receber da alma penada de Dona Ana Jansen ou Donana, como popurlamente

chamada, uma vela acesa que amanheceria formada em osso de defunto.

A carruagem, puxadas por cavalos decapitados e tendo na função de

cocheiro um escravo igualmente decapitado e com o corpo sangrando de

monstruosas sevicias, produz, por onde passa horripilantes sons, combinação do

atrito de velhas e gastas ferragens com o coro de lamentações de escravos em

estertor.

A lenda da carruagem de Dona Ana Jansen, pavor, principalmente,

dos meninos são-luisenses de outrora, deu às belas noites enluaradas da cidade a

contraface tétrica de negros em agonia e cavalos pavorosos que, ao toque de seus

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cascos no calçamento das ruas, arrancavam faíscas de fogo, nesse longo e

aterrorizante suplício de Donana.

A LENDA DA SERPENTE DA ILHA

Ao redor da ilha de são Luis

haveria uma descomunal serpente sempre

a crescer, até que um dia sua cauda

alcance a cabeça. na ocasião tal acontecer,

o monstro reunirá todas as suas forças

para, num abraço estupendo, Comprimir a

porção de terra evolvida, provocando o

completo desaparecimento de São Luís,

que será tragada pelo oceano.

Josué Montello, em seu romance

“os degraus do paraíso, que pertence, ao lado de mais de uma dezena de outros, à

saga maranhense, que tem são Luis e seus habitantes por cenário e personagens,

apresenta outra versão desta lenda, como veremos a seguir”:

Mas, de repente, ao atravessar a rua que desce para o mar, a

alongou o olhar à direita, procurando a fonte do ribeirão. Lá estava ela, com seu

muro circundante, á distância de uma quadra. Susteve o passo, com a curiosidade

mais vida. Ali se escancaravam as bocas do subterrâneo onde morava a serpente

de que morena lhe falara, não fazia muito tempo: “uma serpente enorme, Téo: A

calda da bicha esta na igreja de São Pantaleão, a barriga na igreja do Carmo e a

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cabeça na fonte do riberão. Um dia, quando eu era pequena, o papai me levou até

lá, vi a cabeça do monstro a espiar a gente por trás da grade de uma das bocas da

fonte. Fiquei com um medo tão grande que ate hoje me arrepio toda, só de lembrar

aquela boca aberta, com uma língua comprida e vermelha saída do meio do dente”.

Ainda sobre a submersão de São Luís, reza a lenda messiânica do

encantamento do Rei D. Sebastião na praia dos lençóis, e sob a forma de um touro

negro: No dia que lhe ferirem a testa estrelada, o rei de desencantará, emergindo,

glorioso, das profundezas oceânicas. O maremoto provocado pela emersão da

numerosa e reluzente corte real, seguida de seus grandes exércitos, fará

desaparecer, na fúria das águas revoltas, a cidade de São Luís do Maranhão.

A LENDA DA MANGUDA

Nos últimos anos dos séculos

passado, mais um personagem lendário foi

incorporado às noites de São Luís, trazendo

pavor e sobressalto às crianças e a

considerável parte da população adulta da

pacata e ainda mal-iluminada cidade

provinciana.Deu origem à lenda a farsa

idealizada e mandada executar por

comerciantes envolvidos no contrabando de mercadorias - principalmente tecidos

europeus - introduzidas na praça local sem o pagamento dos tributos devidos.

Para ludibriar a fiscalização, diversos portos alternativos foram usados.

Mas a vigilância das autoridades punha em sérios riscos as descargas, não raro

descobertas e frustradas por flagrantes e apreensões. O porto do Jenipapeiro, nas

imediações da Quinta Vitória, em que residia o poeta Joaquim Sousândrade,

apresentava-se como excelente opção, já que para lá não se dirigiam as patrulhas

de policiamento. As autoridades julgavam desnecessária a providência,

considerando o local suficiente protegido pela guarnição permanente da

Penitenciara, localizada onde se acha o hospital presidente Dutra.

O bairro dos Remédios passou, então, a ser o ponto predileto das

aparições de uma figura fantasmagórica, logo batizada por Manguda, em virtude de

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trajar chambre alvo, de mangas muito largas e compridas. O rosto era dissimulado

por máscara, e da cabeça nascia uma nuvem de fumaça.

Acerca da Manguda, os jornais da Cidade publicaram diversas notícias e

comentários. Jerônimo de Viveiros recolheu à sua valiosa História do comercio do

Maranhão. Estes versos transcritos do jornal A Cruzada. Não informa o historiador

maranhense à data da publicação, nem se a transcrição é integral. Diz, porém, que a

autoria é atribuída a Luis Domingues:

Era noite e já bem tarde,

Singrava as águas do Anil.

Batel veleiro, apressado,

Chegando à praia sutil.

Receosos, caminhavam,

Como se andassem à toa

Espreitando a sentinela,

Postada junto à Camboa.

Pobre soldado bisonho,

Aturdido e tresnoitado.

Viu crescer a bicha horrenda

E ficou desnorteado.

Saltaram fora os remeiros,

Descarregaram o batel

De fardos, mercadorias,

Prestes juntaram o farnel;

Alerta estou! Brada ela,

Quando a manguda velhaca

Passou-lhe diante dos olhos,

Nas costas levando a “maca”.

Não lhe valeu a “comblain”,

Do sabre nem se lembrou.

Caiu prostrado no chão,

E não mais, - alerta estou!

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LENDA DO PALACIO DAS LAGRIMAS

Na Rua de São João, de

frente para a igreja sob a invocação do

mesmo santo fazendo canto com a

Rua da Paz, antes que fosse edificado

o imóvel que serviu de sede a escola

Modelo de São Benedito Leite e,

posteriormente, à antiga Faculdade de

Farmácia e Odontologia de São Luís,

havia um vasto sobrado de três

pavimentos e que, durante muitos anos permaneceu em ruínas.

Correm ligadas a esse imóvel,

diversas lendas, a principal das quais

vamos reproduzir: dois irmãos

portugueses resolveram “fazer América” e

vieram a ter ao Maranhão. Um deles -

Jerônimo de Pádua, comerciante cujas

atividades também compreendiam as de

tráficos de escravos - enriqueceu

bastante, enquanto o outro já mais

conseguiu sair da pobreza.

Cheio de inveja do rico, o irmão pobre concebeu o plano macabro de

assiná-lo, com a finalidade de herda-lhe a grande fortuna, pois o irmão rico não tinha

herdeiros legítimos, vivendo amasiado com uma preta, sua escrava, com teve

diversos filhos.

Praticado o nefando crime e na posse dos imensos bens herdados de sua

própria vítima, o fratricida passou a tratar os escravos com muita crueldade,

notadamente a amásia e os filhos de seu irmão assinados.

Informado, certo dia, acerca de quem fora o verdadeiro assino de seu

progenitor, um dos filhos lançou-se, indignado, contra o tio e, de uma das janelas,

arremessou-o violentamente à rua, provocando-lhe a morte súbita.

Descoberto o criminoso, e por ser escravo, foi ele condenado à morte na

forca levantada em frente ao sobrado. Ao subir no cadafalso, o condenado proferiu

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como ultimas palavras, esta maldição: - palácio que viste as lágrimas derramadas

por minha mãe e meus irmãos! Daqui por diante serás conhecido como Palácio das

Lágrimas.

E assim o sobrado passou a ser conhecido. Nos últimos anos do século

passado o poeta Sousândrade, empenhado na criação de sua sonhada e frustrada

Universidade Atlântica (que depois rebatizou de Universidade Nova Atenas),

pretendeu instala-la no Palácio das Lágrimas, após trabalhos de restauração e

adaptação que não conseguiu realizar.

LENDA DA PRAIA DO OLHO D’ÁGUA

Umas das mais aprazíveis praias

de São Luís, distante cerca de quinze

quilômetros de do centro da cidade, é a do

olho d’água. Ainda hoje, apesar da

existência de outras muitas igualmente belas

e às vezes mais próximas do centro urbano,

continua muito procurada pelos banhistas.

Entre o mar e o sopé do conjunto

de dunas alvas, um vasto estendal de areia

esbanja beleza e alvura, sob a luz do sol ou

do luar.

Conta-se que primitivamente houve ali uma aldeia indígena, cujo chefe

era Itaporama. Sua filha apaixonou-se ardentemente por um jovem da tribo. Mas,

este, por ser muito belo, igualmente provocou a mais acessa paixão da Mãe d`água,

que por seus encantos e poderes

sobrenaturais, conquistou-o

definitivamente, levando-o para o

seu palácio encantado, nas

profundezas do mar.

Perdendo para sempre

seu grande amor, a filha de

Itaporama caiu em grande

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desolação. Disposta a não mais alimentar-se, foi para a beira da praia, onde se

entregou resignada, a seu martírio sentimental, chorando copiosa e

interminavelmente, até morrer.

Surgiram de suas lágrimas, duas nascentes que até hoje correm para o

mar, formando o riacho perene em que os banhistas vão “tirar o sal do corpo”, como

popularmente se diz.

È o eterno pranto da filha de Itaporama por seu amado que a Iara lhe

conquistou.

Stella Leonardos assim termina o poema Lenda da Praia do Olho D’água,

de Cancioneiro de São Luís, um dos mais belos livros de poesia sobre a cidade:

( A iara cauda de escama,

Voz de vaga, fluida flama.

Ai filha de Itaporama!

A voz da iara é uma trama.

Diz adeus a quem não te ama!)

Depois, as dunas e as águas.

Do estendal de areias alvas

Viram rolar muita lágrima

Da cunhã dos olhos-mágoa

Que se finou de chorar.

Foi quando dois olhos de d água

De uma doçura lendária

Se espraiaram pela praia.

E ainda correm para o mar.

A LENDA DO MILAGRE DE SÃO SEBASTIÃO

Contam-se da invasão holandesa do Maranhão, em 1964 histórias de

desrespeitos à população e de profanações, a primeira das quais, praticada logo no

desembarque pelo Desterro, cuja ermida, então de frente para o mar, os flamengos

teriam invadido e depredado.

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Quando, após mais de dois anos de dominação, os portugueses, com o

bravo concurso de índios e outros homens da terra, organizaram a revolta que

terminaria expulsando definitivamente do Maranhão os enviados de Nassau,

travaram-se diversos e rudes combates no interior e em São Luís. Aqui, sob o

comando de Antônio Muniz Barreiro, que, morrendo, teve em Antônio Teixeira de

Melo o competente e indispensável sucessor, as tropas portuguesas fizeram da

Igreja do Carmo seu quartel-general. Lá concentrariam a ofensiva contra os hereges

flamengos, como ao tempo se dizia.

Os holandeses sediados, no Forte de São Filipe (onde hoje está o Palácio

dos Leões), contavam, como principais instrumentos de combate, com dois canhões

assetado para a Igreja do Carmo. Notando que a artilharia portuguesa concentrava

seu fogo na direção dessas armas, os holandeses colocaram junto a elas, em lugar

bem visível, uma grande imagem de São João Batista. Pretendiam impedir que os

portugueses atirassem, ou obriga-los a, fazendo-o, cometer um sacrilégio que os

atingiriam moralmente.

Diz Frei Francisco de Nossa Senhora dos Prazeres Maranhão, na

paranduba maranhense, que “não só a imagem ficou ilesa dos nossos tiros, mas

também no primeiro que disparou um dos referidos canhões, rebentou com tantos

estragos daqueles iconoclastas, que, ficando confuso com semelhante sucesso,

retiraram logo a santa imagem com menos indecência”

LENDA DA MÃE QUE LEVA E TRAZ

Mês de maio é o mês das mães e falar em mulher, em vida e em

continuidade da espécie. Alem de ser gerado no ventre da mãe , o bebê, ao nascer,

é tão imaturo e tão indefeso que morreria se não tivesse quem o nutrisse e cuidasse

dele.

Em nossa sociedade e principalmente a mãe que assume suas funções,

pois além de gerar e de carregar o bebê no ventre por muitos meses, pode nutri-lo

com o leite produzido pelo seu corpo depois que ele nasce.

E, carregando o bebê ao colo por tanta horas ,a mãe conhece suas

necessidades, adivinha seus desejos, pressente seus problemas.Na cultura popular

maranhense, a mãe tem ainda que batizar o bebê no banho, para que ele não seja

levado por outra mãe: a Mãe d’agua .

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Criança que tem convulsão, pesadelo ou sono agitado é vista como

“frechada “ por Mãe d’agua e nada melhor do que o batismo para quebrar a força

daquela encant6ada .

“ a mamãe tá chorando porque eu vou me encantar

A mamãe é culpada da Mãe d’agua me levar

Ô não chora,não chora mamãe

Ô não chora, não chora papai

A Mãe d’agua me leva

A Mãe d’agua me leva

A Mãe d’agua me traz

Mas a Mãe d’agua não leva apenas criança “verdinha”.

No Maranhão muitas pessoas que entram em transe com encantos

afirmam que algumas crianças foram caminhando em sua direção, com os seus

próprios pés e se encantaram em poços, rios, e igarapés. São meninos que

desapareceram sem deixarem vestígios e que foram “vistos” depois falando dentro

de um poço, ou que entraram no rio e como nunca se encontrou nada deles

acredita-se que a Mãe d’agua os levou.

LENDA DA CAVALA CANGA

A versão mais corrente diz que a cavalacanga seria um duende que

aparece nas noites de sextas-feiras sob a forma de bola de fogo a mover-se por

campos e estradas, enchendo de pavor os que a avistam e por ela são perseguidos.

Acredita-se que essa bola de fogo seja formada de cabeça de alguma mulher

endemoniada cujo corpo ficou na rede enquanto o encantamento se cumpre nesse

espaço de tempo. O corpo decapitado sofre terríveis contrações até que o cântico de

um galo faça a cabeça retornar ao corpo. Ao raiar o dia, esta amaldiçoada mulher,

repousa em sua inteireza física e só em outra sexta-feira voltará a sofrer seu penoso

encanto.

A LENDA DO REI D.SEBASTIÃO

Ainda sobre a submersão de São Luis, reza a lenda messiânica do

encantamento do Rei D.Sebastião na praia dos lençóis, sob a forma de touro negro:

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no dia em que lhe ferirem a testa estrelada, o rei se desencantará, emergindo,

glorioso, das profundezas oceânicas. O maremoto provocado pela emersão da

numerosa e reluzente corte real, seguida de seus grandes exército, fará

desaparecer, na fúria das águas revoltadas, a Cidade de São Luis do Maranhão.

O sebastianismo no Maranhão adquiriu características de conto

maravilhoso. Conta-se que dia 24 de junho, dia de São João, à meia noite, aparece

nas praias da ilha dos lençóis um touro negro, deitando fogo pelas narinas e com

uma estrela alvinitente à testa. É D. Sebastião encantado, “dono da praia”, como e

vezo dizerem os embarcadiços que transitam por aquela região.

A ilha dos lençóis oferece-nos paisagens verdadeiramente feéricas. O

azul das águas; a espuma imitando rendado que se desfaz com refluxos, para se

formar de novo; os raios de Sol que se refletem nos cômoros; areias branquíssimas

que se assemelham a imensos lençóis(daí o nome da ilha)-ali tudo é impregnado do

fantástico.

Os primeiros portugueses que se instalaram naquela região,

provavelmente escolheram as praias dos Lençóis para habitat do Rei pelo fato de

suas dunas sugerirem alguma semelhança com a paisagem do Norte de África,

onde desaparecera D.Sebastião; ou talvez porque era presumivelmente a ilha

Afortunada a que se referem os textos antigos.Em todo caso, a paisagem das

praias, com seus cômoros e lagos,presta-se muito bem à morada de um soberano.È

o que diz esse ponto de terreiro de mina que lá se canta nas nites de tambor:

“Em cima daquele morro

Eu vi raios de sol

Em cima do mesmo morro...

É o Rei do Lençol!”

LENDA DO TOURO ENCANTADO

Enquanto as rosas vão fiando

duas vozes tecem telas.

Enquanto se fia canto

Vão tecendo mãos donzelas:

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Pela praia dos Lençóis

das adunadas areias

divagam vagos renóis

da corte que fantasmeia

A frente da estranha grei

-reinando sobre os espectros-

Erra o espírito del-rei

Dom Sebastião, vago cetro.

Sexta-feira vindo escura

El-rei se transforma em touro.

Na pele, uma noite pura.

Na testa, uma estrela de ouro.

Não havendo no céu prata

Nem de estrela nem de lua

O couro das açafatas

Se alça do mar flutua.

Canta a cidade embruxada?

Segundo a lenda .Que diz:

Se el-rei for desembruxado

adeus luzes de São Luís!

Ah! Cidade irreal submersa

No seio oculto das águas!

De ti quanta mágoa emerge,

Saudade de água-mãe de mágoa!

Enquanto as rocas vão fiando

Dois fios de vozes belas,

as horas sonham, nos cantos,

idos reis,irreais donzelasa.

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LENDA DO AUTO DO BOI PIRILAMPO

Um dia a claridade ordenou que duas fadas do seu reino, a paz e a

harmonia viessem ao mundo iluminar o coração dos homens, mas os homens

enganados pela inveja e pela cobiça, escureceram os caminhos e as fadas se

perderam. E dos seus olhos, uma lágrima de luz, adejando pelo espaço, veio cair

sobre um pequeno pirilampo que se agasalhava no lombo do touro encantado que

habitava as alvas e enluaradas praias do maranhão, fundindo-s, por magia e

sortilégio, em um só personagem, que tem como destino, encontra as filhas da

claridade.

E é por isso, que quanto mais intenso se faz os creptar das fogueiras, nas

festas juninas de Santo Antonio, São Pedro e São Marçal, o Boi Pirilampo, percorre

todos os terreiros, com seu pequenino pingente de luz, na busca eterna da paz e da

harmonia, para finalmente, coloca - lá no coração da humanidade.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Porem, para a história, a permanência, a mudança e a transformação

dependem das atitudes humanas, que haverão de determinar os rumos dos

acontecimentos. Poderemos não deixar nossos atuais edifícios tombados para

gerações futuras se o atual processo de descaracterização, que é maior que o da

restauração não se interromper, o que depende dos poderes públicos, mas também

da sociedade, e do pacto entre ambos para uma educação patrimonial. Também não

é só possível pensar que se poderá falar de forma romântica sobre a cidade se a

exclusão social persistir.

São Luís de muitas faces e ao mesmo tempo una, integra permanente.

Caleidoscópio de etnias e culturas que aqui se amalgamaram se dilaceraram, se

entrelaçaram para, finalmente, gerarem um povo impar nas suas manifestações de

trabalho, de amor e de cultura.

Nossa São Luís chega aos 400 anos Cidade de poetas e de musicalidade

à flor da pele, ela enfrenta altaneira as dificuldades que surgem à sua frente. Para

isso, alia trabalho, crença e essa qualidade tão nossa que é de não desesperar,

mesmo assomando tantos desafios.

“São Luís é assim. Plasmada em tempos heróicos de guerras, conquistas

e piratarias, mas amante da paz, da criação artística e cultural. Na cultura, é Atenas

e é Jamaica. É Brasil e universo. São Luís de cultura particular, mas cidadã do

mundo e patrimônio da humanidade”.

E’ necessário trabalhar a dimensão afetiva, na perceptiva de construir a

partir da realidade existente. Essa é uma reflexão que cabe não só aos educadores,

mas ao Estado, a família e a todos que estão inseridos neste processo que lutam

por uma educação participativa e de qualidade, onde todos possam ter o mesmo

direito.

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REFERÊNCIAS

MARTINS, Ananias Alves. São Luís Através dos Tempos- Álbum Ilustrado- Prefeitura de São Luís. Jornal o Estado do Maranhão -1997.

MORAES, Jomar. Guia de São Luís do Maranhão

www.cultura.ma.gov.br/site_mham/mham/index.jsp

www.ma.gov.br/cidadao/saoluis/breve_historia/index.php