SÃO JOÃO NOSSO PADROEIRO

Antes de abordarmos a razão pela qual São João é o padroeiro da Maçonaria, devemos nos lembrar que as datas em que se comemora os dias consagrados aos dois São Joãos, que nos são mais conhecidos, 24 de Junho, dia de São João Batista e 27 de Dezembro, dia de São João Evangelista, cujas datas, são quase coincidentes com os solstícios de inverno no hemisfério Sul e Verão no hemisfério Norte, respectivamente, cujos fenômenos não iremos nos ater no momento. Entretanto, vários motivos nos levam a aceitar, como nosso patrono, São João Batista e/ ou São João Evangelista, haja vista, no seu Parágrafo XXII, da Constituição de Anderson ficou estabelecido que; “(Todos os Irmãos de todas as lojas ao redor e em Londres e Westminster deverão ter uma comunicação e celebração anuais em lugar conveniente, no Dia de São João Batista ou no Dia de São João Evangelista, como a Grande Loja ache mais adequado em novo regulamento; tendo nos últimos anos se reunido no Dia de São João Batista; sob condições....)”. Podemos observar ainda, um grande acontecimento maçônico ocorrido em 24 de Junho de 1917 que foi a fundação de primeira Obediência Maçônica Regular do Mundo, (Grande Loja da Inglaterra) em cuja data se comemora o nascimento de São João Batista, cuja personalidade, na vasta maioria dos trabalhos publicados em Maçonaria, é o homenageado como o nosso Patrono.Partindo do pressuposto que São João Batista seja o patrono da maçonaria, necessário se faz um estudo, mesmo superficialmente, sobre esse padroeiro;São João Batistas (2 a.C. – 30 d.C.), alguns historiadores dão como data de nascimento 7 a.C. Também dito como o Precursor (Lucas 3:4), era filho do sacerdote Zacarias e Isabel, prima da virgem Maria e, por conseguinte, também parente próximo de Jesus. Seu nascimento também foi anunciado pelo anjo Gabriel (Lucas1: 5-25). Era também conhecido por viver no deserto e em razão ao modo que vivia, mais parecia um homem Pã, (deus mitológico que simbolizava a natureza). Ele ganhou o epíteto de “batista” porque, no rio Jordão “batizava” as pessoas, derramando-lhes água sobre as cabeças, assim limpando-os espiritualmente. Jesus, já com trinta anos de idade, foi batizado por João Batista, que por toda a sua vida pregou a vinda do Messias, o Salvador. (Mateus 3:13-16).João Batista protagonizou uma das passagens históricas mais conhecidas no mundo, reproduzida em quase todas as nações, sendo Inspiração para quase todas as artes; conhecida pelo prefácio Salomé e João Batista. Isso ocorreu tendo em vista João Batista ter alertado o povo sobre o sacrilégio que a união incestuosa entre Herodes Antipas e sua cunhada Herodias, a qual poderia formar uma maldição que recairia sobre o povo de Israel. Herodes, sobre pressão de Herodias, decreta a prisão de João Batista e por um capricho de Salomé acaba por sentencia-lo a norte, oferecendo sua cabeça decapitada em uma bandeja de prata para a fútil satisfação da enteada.Quando soube do acontecimento, Jesus consternado, foi para o deserto, permanecendo lá por quarente dias e quarente noites. Neste ritmo intenso de vida, João Batista se tornou um mártir, um santo que tantos séculos depois a humanidade não esqueceu. É evocado no dia de seu nascimento, (24 de Junho), mas, em alguns locais, também se comemora a sua memória a 29 de agosto, dia em que foi degolado.No ritual de iniciação do REAA, antes da reforma dos rituais, existia uma dramatização da degola de São João Batista, a qual foi indevidamente retirada sem qualquer justificativa plausível.

Já o São João, o Evangelista, filho de Zebedeu, foi como seu irmão Tiago, um dos apóstolos de Jesus. Foi autor de um Evangelho, (o Evangelho do Espírito) o Apocalipse e três Epístolas. Era um dos companheiros constantes de Jesus e um dos preferidos por ele. Foi o primeiro a reconhece-lo ressuscitado na Galileia. Depois do ano 58, instalou-se em Éfeso, de onde continuou sua pregação, tendo sido o último apóstolo a morrer, ocorrido no fim do primeiro século da era cristã, sob o reinado de Trajano. Em homenagem a São João Batista era que as lojas ditas “Lojas de São João” e em homenagem, também, a São João Evangelista abria o Livro da Lei no Evangelho de São João, Capítulo 1, versículos 1 a 5, que mostra o triunfo da Luz sobre as trevas, texto básico e adequado para o Grau de Aprendiz e que diz o seguinte:

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por Ele e sem Ele nada existiria. Nele estava a Vida e a Vida era a luz dos homens. A Luz resplandece nas trevas e as trevas não a compreenderam”. Este texto, tem tudo a ver com o grau de Aprendiz Maçom, pois este, simbolicamente, veio das trevas, para procurar e receber a Luz. O qual foi, injustificavelmente, substituído pelo Salmo 133, da Fraternidade, que é um texto aplicável a toda a escala do rito e não especificamente ao Grau de Aprendiz.Há, ainda, outras Lojas, muito embora de outros ritos, que homenageiam São João Evangelista quando abrem o Livro da Lei na Grau de Aprendiz Maçom no Evangelho de São João, capítulo 1, versículos 6 a 9, que diz o seguinte:

“Houve um homem enviado por Deus, que se chamava João. Este Veio por testemunho da Luz, afim de que todos cressem por meio dela. Ele não era a Luz, mas veio para que desse testemunho da Luz. Era a Luz verdadeira, que alumia a todos os homens, que vem a este mundo”.Em outros ritos praticados entre nós o Livro da Lei são abertos aleatoriamente, não há a obrigatoriedade, é simplesmente aberto em qualquer trecho. Em outros o mesmo permanece fechado.

Outro São João ao qual também é atribuído ser nosso Patrono é São João, o Esmoler, nasceu na cidade de Chipre em 550 d.C.João era filho de um nobre de nome Epiphanius, governador de Chipre, casou-se ainda muito novo, mas quando sua esposa e seus dois filhos morreram, provavelmente de varíola, ele entrou para a vida religiosa, deu seus bens para os pobres e ficou famoso pela sua santidade e caridade. Quando João tinha 50 anos e ainda um leigo ele foi escolhido Patriarca de Alexandria pelo seu irmão adotivo Nicetas, que havia ajudado ao imperador Heraclius a subir ao poder. A Igreja havia sido muito reduzida pela heresia Monophysitas e João se empenharam em recomendar a ortodoxia, dando exemplos de vida virtuosa e santa. Logo que assumiu o cargo o Patriarca João ordenou que se fizesse uma lista dos pobres residentes na sua paróquia. A lista tinha 7500 nomes os quais ele alimentava todos os dias. Uma das primeiras ações de seu episcopado foi a distribuição de 80.000 peças de ouro para os hospitais e monastérios. Quando alguém o protestava, ele informava que havia tido uma visão, onde uma linda mulher apareceu para ele representada a Caridade e lhe disse: “Eu sou a filha mais velha do Senhor Rei. Se você for meu amigo eu o levarei a ele”. Assim ele seguiu sistematicamente a política de “Esmoler” até a sua morte em 11 de Novembro de 619. Quando alguém em particular tentava agradecer a João abruptamente dizia: “Irmão, eu não derramei meu sangue por você. Foi Jesus Cristo meu senhor e meu Deus e é Ele que me comanda”.

Logo após o falecimento de sua esposa e filhos, motivado por sua formação cristã e caridosa o mesmo se encaminhou para Jerusalém com a intenção de montar lá um hospital que atendesse aos peregrinos que iam a terra santa visitar o Santo Sepulcro. Nesta ocasião ocorriam as Sagradas Cruzadas lideradas pelos Templários ao qual este se inspirou em seus métodos e sua conduta. Após sua morte no ano de 619 na cidade de Amatonto na Ilha de Chipre, o Papa em reconhecimento ao seu desprendimento e amor incondicional o canonizou santo com o nome de São João Esmoleiro, porém este santo ficou mais conhecido pelo nome de São João de Jerusalém.Foi o fundador da Ordem dos Cavaleiros Hospitalários que tinha como principal função defender os hospitais e prestar socorro a aqueles que se achavam enfermo, ele mesmo foi amigo irmão e confidente de muitos enfermos e deu a eles mais do que os seus recursos financeiros, deu a cada um deles um pouco de sua saúde e atenção. A Ordem dos Cavaleiros Hospitalares logo foi transformada na Ordem dos Cavaleiros de Jerusalém que passou a não só tomar conta dos hospitais mas corriam em socorro dos doentes e dos necessitados onde quer que se encontrassem. Esta Ordem sobreviveu durante anos ganhando o enorme respeito dos Templários da época, seu fundador foi eleito Grão-Mestre dos Cavaleiros de Jerusalém e recebeu as mais altas honrarias Templárias. Em seguida fundou a Ordem dos Cavaleiros de Malta com as mesmas funções da Ordem dos Hospitalários. Eles foram conhecidos por seus atos como grandes defensores dos oprimidos e daqueles que precisavam de ajuda, assim como eram os Cavaleiros de Jerusalém. Após a morte de São João e sua posterior canonização a Ordem dos Cavaleiros Templários associaria fortemente São João de Jerusalém como seu patrono e ao se colocarem ao campo para as batalhas, sempre se colocavam sobre a proteção do mesmo.Diante das evidências, é que alguns historiadores maçônicos, considerando que a maçonaria tenha se aproveitado de grande parte dos ensinamentos dos Templários e também, associado São João de Jerusalém como o seu padroeiro, proclamam este como sendo, também, o patrono da maçonaria.O seu dia é comemorado em 23 de Janeiro.

Diante dos estudos realizados, chegamos a constatação que existe na Igreja mais de 40 São Joãos canonizados, todos, porém, dignos de ser nosso Padroeiro, entretanto nos atentamos com maior acuidade aos três acima, que a nosso ver têm uma relação bem mais próxima com nossa Ordem.

Fortaleza, 22 de Junho de 2015AriTFA

BIBLIOGRAFIA.

A Bíblia SagradaO Livro dos SantosLivro de Introdução à Maçonaria – Rizzardo de CaminoHistória da Maçonaria – Alfredo PaivaBreviário Maçônico – Rizzardo de CaminoPrancha “São João” – José CastellaniPrancha “O Verdadeiro Patrono da Maçonaria” – Flávio Dellazana. Prancha “Por Que São João Nosso Padroeiro?” – José Milton Ribeiro