saneamento e educacao ambiental

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  • 7/25/2019 Saneamento e Educacao Ambiental

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    Saneamento eEducao Ambiental

    Guia do profissional em treinamento Nvel2

    Transvers

    al

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    Promoo Rede Nacional de Capacitao e Extenso Tecnolgica em Saneamento Ambiental ReCESA

    Realizao Ncleo Regional Nordeste NURENE

    Instituies integrantes do NURENEUniversidade Federal da Bahia (lder) | Universidade Federal do Cear |

    Universidade Federal da Paraba | Universidade Federal de Pernambuco

    Financiamento Financiadora de Estudos e Projetos do Ministrio da Cincia e Tecnologia I Fundao Nacional de Sade doMinistrio da Sade ISecretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministrio das Cidades

    Apoio organizacional Programa de Modernizao do Setor de Saneamento PMSS

    Comit gestor da ReCESA Comit consultivo da ReCESA

    - Ministrio das Cidades;

    - Ministrio da Cincia e Tecnologia;

    - Ministrio do Meio Ambiente;

    - Ministrio da Educao;

    - Ministrio da Integrao Nacional;

    - Ministrio da Sade;

    - Banco Nacional de Desenvolvimento

    Econmico Social (BNDES);- Caixa Econmica Federal (CAIXA).

    Parceiros do NURENE

    - ARCE Agncia Reguladora de Servios Pblicos Delegados do Estado do Cear- Cagece Companhia de gua e Esgoto do Cear- Cagepa Companhia de gua e Esgotos da Paraba- CEFET Cariri Centro Federal de Educao Tecnolgica do Cariri/CE- CENTEC Cariri Faculdade de Tecnologia CENTEC do Cariri/CE- Cerb Companhia de Engenharia Rural da Bahia- Compesa Companhia Pernambucana de Saneamento- Conder Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia- EMASA Empresa Municipal de guas e Saneamento de Itabuna/BA- Embasa Empresa Baiana de guas e Saneamento- Emlur Empresa Municipal de Limpeza Urbana de Joo Pessoa- Emlurb / Fortaleza Empresa Municipal de Limpeza e Urbanizao de Fortaleza- Emlurb / Recife Empresa de Manuteno e Limpeza Urbana do Recife- Limpurb Empresa de Limpeza Urbana de Salvador- SAAE Servio Autnomo de gua e Esgoto do Municpio de Alagoinhas/BA- SECTMA Secretaria de Cincia, Tecnologia e Meio Ambiente do Estado de Pernambuco

    - SEDUR Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Bahia- SEINF Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Infra-Estrutura de Fortaleza- SEMAM / Fortaleza Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Controle Urbano- SEMAM / Joo Pessoa Secretaria Executiva de Meio Ambiente- SENAC / PE Servio Nacional de Aprendizagem Comercial de Pernambuco- SENAI / CE Servio Nacional de Aprendizagem Industrial do Cear- SENAI / PE Servio Nacional de Aprendizagem Industrial de Pernambuco- SEPLAN Secretaria de Planejamento de Joo Pessoa- SESAN Secretaria de Saneamento do Recife- SUDEMA Superintendncia de Administrao do Meio Ambiente do Estado da Paraba- UECE Universidade Estadual do Cear- UFMA Universidade Federal do Maranho- UNICAP Universidade Catlica de Pernambuco- UPE Universidade de Pernambuco

    - Associao Brasileira de Captao e Manejo de gua de Chuva ABCMAC

    - Associao Brasileira de Engenharia Sanitria e Ambiental ABES

    - Associao Brasileira de Recursos Hdricos ABRH

    - Associao Brasileira de Resduos Slidos e Limpeza Pblica ABLP

    - Associao das Empresas de Saneamento Bsico Estaduais AESBE

    - Associao Nacional dos Servios Municipais de Saneamento ASSEMAE

    - Conselho de Dirigentes dos Centros Federais de Educao Tecnolgica CONCEFET

    - Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia CONFEA- Federao de rgo para a Assistncia Social e Educacional FASE

    - Federao Nacional dos Urbanitrios FNU

    - Frum Nacional de Comits de Bacias Hidrogrficas FNCBHS

    - Frum Nacional de Pr-Reitores de Extenso das Universidades Pblicas Brasileiras

    FORPROEX

    - Frum Nacional Lixo e Cidadania L&P

    - Frente Nacional pelo Saneamento Ambiental FNSA

    - Instituto Brasileiro de Administrao Municipal IBAM

    - Organizao Pan-Americana de Sade OPAS

    - Programa Nacional de Conservao de Energia PROCEL

    - Rede Brasileira de Capacitao em Recursos Hdricos Cap-Net Brasil

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    Saneamento eEducao Ambiental

    Guia do profissional em treinamento Nvel2

    Transvers

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    Catalogao da Fonte:

    Coordenao Geral do NURENE

    Prof. Dr. Viviana Maria Zanta

    Profissionais que participaram da elaborao deste guia

    ProfessoraRosa Maria Cortez de Lima

    ConsultorasMaria Carmem Arruda Pinho

    Hermelinda Maria Rocha Ferreira

    Raineldes Agda Alves de Melo

    Crditos

    Luiz Roberto Santos Moraes

    Mrcia Mara Marinho

    Silvio Romero de Melo Ferreira

    NEPHSA (Ncleo de Estudos e Pesquisa em Habitao e Saneamento Universidade Federal de

    Pernambuco)

    Central de Produo de Material Didtico

    Patrcia Campos Borja | Alessandra Gomes Lopes Sampaio Silva

    Projeto Grfico

    Marco Severo | Rachel Barreto | Romero Ronconi

    permitida a reproduo total ou parcial desta publicao, desde que citada a fonte.

    EXX Tema Transversais: saneamento e educao ambiental: guia doprofissional em treinamento: nvel 2 / Secretaria Nacional deSaneamento Ambiental (org). Salvador: ReCESA, 2008. 69 p.

    Nota: Realizao do NURENE Ncleo Regional Nordeste;

    coordenao de Viviana Maria Zanta,Jos Fernando Thom Juc,Heber Pimentel Gomes e Marco Aurlio Holanda de Castro.

    1. Saneamento interfaces. 2. Educao ambiental esaneamento conceitos, histrico e importncia. 3. Programade educao ambiental e mobilizao social para osaneamento - PEAMSS. 4. Educao ambiental mtodo,estratgias e instrumentos. 5. Plano de trabalho. I. Brasil.Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental. II. NcleoRegional Nordeste.

    CDD XXX.X

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    Apresentao da ReCESAApresentao da ReCESAApresentao da ReCESAApresentao da ReCESA

    A criao do Ministrio das CidadesMinistrio das CidadesMinistrio das CidadesMinistrio das Cidades noGoverno do Presidente Luiz Incio Lula da

    Silva, em 2003, permitiu que os imensos

    desafios urbanos passassem a ser

    encarados como poltica de Estado. Nesse

    contexto, a Secretaria Nacional deSecretaria Nacional deSecretaria Nacional deSecretaria Nacional de

    Saneamento AmbientalSaneamento AmbientalSaneamento AmbientalSaneamento Ambiental (SNSA) inaugurou

    um paradigma que inscreve o saneamento

    como poltica pblica, com dimenso

    urbana e ambiental, promotora de

    desenvolvimento e reduo das

    desigualdades sociais. Uma concepo de

    saneamento em que a tcnica e a

    tecnologia so colocadas a favor da

    prestao de um servio pblico e

    essencial.

    A misso da SNSA ganhou maior

    relevncia e efetividade com a agenda do

    saneamento para o quadrinio 2007-

    2010, haja vista a deciso do Governo

    Federal de destinar, dos recursos

    reservados ao Programa de Acelerao do

    Crescimento (PAC), 40 bilhes de reais

    para investimentos em saneamento.

    Nesse novo cenrio, a SNSA conduz aes

    de capacitao como um dos

    instrumentos estratgicos para a

    modificao de paradigmas, o alcance de

    melhorias de desempenho e da qualidadena prestao dos servios e a integrao

    de polticas setoriais. O projeto de

    estruturao da Rede de Capacitao eRede de Capacitao eRede de Capacitao eRede de Capacitao e

    Extenso Tecnolgica em SaneamentoExtenso Tecnolgica em SaneamentoExtenso Tecnolgica em SaneamentoExtenso Tecnolgica em Saneamento

    AmbientalAmbientalAmbientalAmbiental ReCESAReCESAReCESAReCESA constitui importante

    iniciativa nessa direo.

    A ReCESA tem o propsito de reunir umconjunto de instituies e entidades com

    o objetivo de coordenar o

    desenvolvimento de propostas

    pedaggicas e de material didtico, bem

    como promover aes de intercmbio e de

    extenso tecnolgica que levem em

    considerao as peculiaridades regionais e

    as diferentes polticas, tcnicas e

    tecnologias visando capacitar

    profissionais para a operao,manuteno e gesto dos sistemas e

    servios de saneamento. Para a

    estruturao da ReCESA foram formados

    Ncleos Regionais e um Comit Gestor,

    em nvel nacional.

    Por fim, cabe destacar que este projeto

    tem sido bastante desafiador para todos

    ns: um grupo predominantemente

    formado por profissionais da rea deengenharia que compreendeu a

    necessidade de agregar outros olhares e

    saberes, ainda que para isso tenha sido

    necessrio "contornar todos os meandros

    do rio, antes de chegar ao seu curso

    principal".

    Comit Gestor da ReCESAComit Gestor da ReCESAComit Gestor da ReCESAComit Gestor da ReCESA

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    NURENENURENENURENENURENE

    O Ncleo Regional Nordeste (NURENE) tem

    por objetivo o desenvolvimento de

    atividades de capacitao de profissionais

    da rea de saneamento, em quatro

    estados da regio Nordeste do Brasil:

    Bahia, Cear, Paraba e Pernambuco.

    O NURENE coordenado pela

    Universidade Federal da Bahia (UFBA),

    tendo como instituies co-executoras a

    Universidade Federal do Cear (UFC), a

    Universidade Federal da Paraba (UFPB) e aUniversidade Federal de Pernambuco

    (UFPE).

    O NURENE espera que suas atividades

    possam contribuir para a alterao do

    quadro sanitrio do Nordeste e,

    consequentemente, para a melhoria da

    qualidade de vida da populao dessa

    regio marcada pela desigualdade social.

    Coordenadores Institucionais do NURENECoordenadores Institucionais do NURENECoordenadores Institucionais do NURENECoordenadores Institucionais do NURENE

    Os GuiasOs GuiasOs GuiasOs Guias

    A coletnea de materiais didticos

    produzidos pelo NURENE composta de

    19 guias que sero utilizados nas Oficinas

    de Capacitao para profissionais que

    atuam na rea de saneamento. Quatro

    guias tratam de temas transversais,

    quatro abordam o manejo das guas

    pluviais, trs esto relacionados aos

    sistemas de abastecimento de gua, trs

    so sobre esgotamento sanitrio e cinco

    versam sobre o manejo dos resduos

    slidos e limpeza pblica.

    O pblico alvo do NURENE envolve

    profissionais que atuam na rea dos

    servios de saneamento e que possuem

    um grau de escolaridade que varia do

    semi-alfabetizado ao terceiro grau.

    Os guias representam um esforo do

    NURENE no sentido de abordar as

    temticas de saneamento segundo uma

    proposta pedaggica pautada no

    reconhecimento das prticas atuais e em

    uma reflexo crtica sobre essas aes

    para a produo de uma nova prtica

    capaz de contribuir para a promoo de

    um saneamento de qualidade para todos.

    Equipe da Central de Produo de Material DidticoEquipe da Central de Produo de Material DidticoEquipe da Central de Produo de Material DidticoEquipe da Central de Produo de Material Didtico CPMDCPMDCPMDCPMD

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    Apresentao da rea temticaApresentao da rea temticaApresentao da rea temticaApresentao da rea temtica

    Tema transversalTema transversalTema transversalTema transversal

    A natureza das aes de saneamento

    ambiental exige um pensar que ultrapasse a

    viso disciplinar e fragmentada, herdada do

    pensamento ocidental. Com esse intuito, o

    NURENE incorporou a transversalidade s

    temticas das oficinas de capacitao. Desse

    modo, busca-se um espao para areintegrao de aspectos que ficam isolados

    uns dos outros em decorrncia do tratamento

    disciplinar. Assim, questes como a sade do

    trabalhador, as polticas e os planos de

    saneamento, o saneamento integrado, as

    tecnologias apropriadas e os projetos de

    captao de recursos passam a constituir

    temas que possibilitam uma abordagem mais

    integral e ampla do saneamento.

    Equipe da Central de Produo de Material DidticoEquipe da Central de Produo de Material DidticoEquipe da Central de Produo de Material DidticoEquipe da Central de Produo de Material Didtico CPMDCPMDCPMDCPMD

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    SUMRIO

    Apresentao ...................................................................................................................... 09

    Dinmica de interao .............................................................................................. 10

    ReCESA, objetivos e estrutura da oficina.................................................................... 11

    Introduo .......................................................................................................................... 12

    Saneamento e suas interfaces .............................................................................................. 15

    Conceito e importncia da Educao Ambiental nas aes de saneamento............................. 21

    Breve histrico da evoluo do conceito de Educao Ambiental................................. 21

    Programa de educao ambiental e mobilizao social para o saneamento - PEAMSS.. 26

    Educao Ambiental e saneamento: conceito, princpios e desafios ............................ 34

    Mtodo, estratgias e instrumentos de educao ambiental para o saneamento .................... 42

    Mtodo .................................................................................................................... 42

    Atores envolvidos nas aes de educao ambiental para o saneamento ................... 44

    Estratgias para educao ambiental ......................................................................... 48

    Instrumentos educativos ........................................................................................... 52

    Encerramento ...................................................................................................................... 67

    Referncias ......................................................................................................................... 68

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    Guia do profissional em treinamento ReCESAReCESAReCESAReCESA 9

    Apresentao

    A educao ambiental, por sua natureza

    complexa e interdisciplinar, constitui-se em

    uma importante ferramenta para se refletir

    sobre aspectos da vida cotidiana, valores

    que norteiam prticas coletivas e formas de

    pensar e agir sobre o meio ambiente.

    De acordo com a Lei Federal de Educao

    Ambiental n. 9.795/99 o [...] processo

    por meio do qual o indivduo e a

    coletividade constroem valores sociais,

    conhecimentos, habilidades, atitudes e

    competncias voltadas para a conservao

    do meio ambiente, bem de uso comum do

    povo, essencial sadia qualidade de vida e

    sua sustentabilidade (BRASIL, 1999, p.1).

    Para este fim, constitui-se em um

    instrumento indispensvel para o

    planejamento, a execuo e a prestao dos

    servios de saneamento.

    Portanto, a temtica desta oficina deeducao ambiental voltada para o

    saneamento est inserida nos temas

    transversais definidos pela ReCESA, uma

    vez que seus contedos devem estar

    presentes como uma ferramenta a ser

    utilizada em todas as atividades tcnicas,

    principalmente, naquelas que se encontram

    em relao direta com os usurios dos

    servios.

    Esse desafio posto nesse material didtico

    e traduzido no seu contedo, na sua forma

    e linguagem, de modo a possibilitar: a

    reflexo dos problemas ambientais,

    especialmente aqueles vinculados

    problemtica dos servios de saneamento; a

    complexidade presente na atuao dos

    diversos atores sociais inseridos nesta

    problemtica, assim como possibilitar a

    produo de conhecimentos sustentveis e

    integrados no sentido de contribuir para a

    universalizao dos servios de saneamento

    com qualidade.

    Este guia dirigido para profissionais que

    atuam no planejamento e na execuo de

    aes de educao ambiental voltadas para

    o desenvolvimento de projetos / programas

    de saneamento. composto de textos,

    atividades e informaes relevantes que

    pretendem contribuir para a qualificao e a

    atualizao profissional.

    Espera-se que a sua participao propicie a

    troca de experincias e a compreenso do

    papel de educador que cada um de ns,

    como profissionais de diversas reas

    tcnicas, possumos, tendo como objetivo

    contribuir para a construo de ambientessaudveis.

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    Guia do profissional em treinamento ReCESAReCESAReCESAReCESA 10

    DINMICA DE INTERAO

    - Apresentao dosparticipantes.

    - Compartilhar asexpectativas quanto oficina.- Apresentar aReCESA.- Apresentar epactuar a dinmicada oficina e dasatividades.

    1) Neste primeiro momento vamos conhecer a

    ReCESA (Rede Nacional de Capacitao e ExtensoTecnolgica em Saneamento Ambiental), seus

    objetivos e as atividades em desenvolvimento,

    como, por exemplo, esta atividade de capacitao.

    2) Tambm o momento para conhecermos nosso

    grupo e os profissionais envolvidos nesta

    atividade, assim como a expectativa de cada um

    de ns quando decidimos participar desta oficina.

    3) Solicitamos o preenchimento das informaes

    contidas no crach e a apresentao de cada

    participante.

    4) Em seguida, o instrutor realizar a exposio

    dos objetivos e da metodologia proposta para a

    oficina.

    Identificao do ParticipanteIdentificao do ParticipanteIdentificao do ParticipanteIdentificao do Participante

    Ncleo Regional Nordeste da Rede

    Nacional de Capacitao e Extenso

    Tecnolgica em Saneamento Ambiental

    Oficina: Saneamento e Educao

    Ambiental

    Nome: _________________________________

    Municpio: _____________________________

    Instituio em que trabalha:

    ________________________________________

    Funo: ________________________________

    Realizando minhas atividades

    profissionais desempenho papel de

    educador quando

    ________________________________________________________________________________

    ________________________________________

    Complete a frase a partir da

    sua compreenso sobre

    educao ambiental na rea

    do saneamento e vivncia

    profissional.

    OBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOS

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    Guia do profissional em treinamento ReCESAReCESAReCESAReCESA 11

    ReCESA, objetivos e estrutura da oficina

    Assistindo exposio a ser realizada vamos conhecer o que a ReCESA, seus objetivos e as

    atividades de capacitao em desenvolvimento.

    O objetivo da nossa oficina de saneamento e educao ambiental sensibilizar e qualificar os

    profissionais que atuam em servios, programas e projetos de saneamento, em nvel municipal

    e estadual. Para esse fim, a compreenso histrica dos problemas ambientais, da complexidade

    presente na atuao dos diversos atores sociais e da importncia de aes educativas

    continuadas como ferramenta indispensvel para a sustentabilidade dos servios de

    saneamento, constitui-se um elemento fundamental para o exerccio da prtica profissional.

    Os temas so abordados partindo do conhecimento existente de cada participante, vivenciado a

    partir da sua prtica profissional e de suas vivncias cotidianas como cidado. Posteriormente,

    os participantes, juntamente com o instrutor, revisitaro os contedos agregando aos mesmos

    os novos conhecimentos adquiridos a partir das exposies dos contedos e/ou das discusses

    nos grupos de trabalho. Ao final, os grupos formularo um plano de trabalho de Mobilizao

    Social e Educao Ambiental voltados a uma ao de saneamento.

    RESUMO DA PROGRAMAO DA OFICINARESUMO DA PROGRAMAO DA OFICINARESUMO DA PROGRAMAO DA OFICINARESUMO DA PROGRAMAO DA OFICINA

    1 DIA1 DIA1 DIA1 DIA

    Apresentao do grupoConceitos (saneamento, sade, meio ambiente, educao ambiental),legislaes e princpios a serem considerados na educao ambiental para osaneamento.

    2 DIA2 DIA2 DIA2 DIA

    Mtodo, estratgias e instrumentos de educao ambiental para o

    saneamento.Elaborao de plano de trabalho.Encerramento.

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    Guia do profissional em treinamento ReCESAReCESAReCESAReCESA 12

    Introduo

    O conjunto de textos e atividades contidos nesse guia foi concebido no sentido de exercitar,

    com os profissionais em treinamento, uma reflexo pedaggica sobre a temtica de educaoambiental para o saneamento.

    Para melhor compreenso didtica, os textos e as atividades esto organizados em captulos

    que sero trabalhados incorporando os conhecimentos e as experincias trazidos pelos

    participantes sobre suas prticas profissionais, intermediados pelo dilogo permanente,

    estabelecendo relaes entre as teorias propostas e a prtica cotidiana dos envolvidos.

    Segundo Paulo Freire (2004), o processo de ensino aprendizagem exige respeito aos saberes

    dos educando (FREIRE, 2004, p.30). Entendemos que esse respeito se materializa no exerccio

    de uma aprendizagem em que ocorre uma troca de saberes entre o educador e o educando,

    atravs do dilogo permanente: [...] pensando criticamente a prtica de hoje ou de ontem

    que se pode melhorar a prxima prtica. O prprio discurso terico necessrio reflexo crtica

    tem de ser de tal modo concreto que quase se confunda com a prtica. (FREIRE, 2004, p. 39).

    Partindo dessa concepo, a metodologia proposta para essa atividade de capacitao parte do

    resgate das experincias de cada participante como cidado e profissional , bem como dos

    saberes acumulados compreendidos como importantes referncias para a reflexo crtica.

    O guia est estruturado em 3 captulos:

    o Captulo 1 Saneamento e suas interfaces

    o Captulo 2 - Conceito e importncia da Educao Ambiental nas aes de

    saneamento

    o Captulo 3 - Mtodo, estratgias e instrumentos de educao ambiental.

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    Guia do profissional em treinamento ReCESAReCESAReCESAReCESA 13

    QUESTES PARA REFLEXO E DISCUSSO

    Atividade em grupo

    Voc e seus colegas formaro grupo de 05 pessoas para refletirem e responderem as questes

    colocadas abaixo.

    Como voc define saneamento bsico?

    _____________________________________________________________________________________________

    _____________________________________________________________________________________________

    _____________________________________________________________________________________________

    A instituio que voc trabalha atua com quais componentes do saneamento?

    _____________________________________________________________________________________________

    _____________________________________________________________________________________________

    _____________________________________________________________________________________________

    No seu trabalho voc desenvolve atividades integradas com outras equipes da rea do

    saneamento ou reas afins? Se sim, quais? Se no, voc considera necessrio? Por qu?

    _____________________________________________________________________________________________

    _____________________________________________________________________________________________

    _____________________________________________________________________________________________

    Quais so os atores sociais que no seu entendimento podem contribuir para dotar toda a

    populao com os servios de saneamento de qualidade na nossa cidade? Por qu?

    _____________________________________________________________________________________________

    _____________________________________________________________________________________________

    _____________________________________________________________________________________________

  • 7/25/2019 Saneamento e Educacao Ambiental

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    Guia do profissional em treinamento ReCESAReCESAReCESAReCESA 14

    Cada grupo dever montar um painel que chamaremos: Estado atual da arte do saneamento.Estado atual da arte do saneamento.Estado atual da arte do saneamento.Estado atual da arte do saneamento.

    Para montarmos este painel, os grupos utilizaro tarjetas contendo palavras chave que sero

    fixadas obedecendo s colunas propostas abaixo:

    Modelo para o painel

    Painel: Estado atual da arte do saneamentoPainel: Estado atual da arte do saneamentoPainel: Estado atual da arte do saneamentoPainel: Estado atual da arte do saneamento

    GruposGruposGruposGruposDefinio deDefinio deDefinio deDefinio de

    SaneamentoSaneamentoSaneamentoSaneamentoComponentesComponentesComponentesComponentes InterfacesInterfacesInterfacesInterfaces ImportnciaImportnciaImportnciaImportncia

    AtoresAtoresAtoresAtores

    SociaisSociaisSociaisSociais

    01010101

    02020202

    03030303

    04040404

    05050505

    06060606

    Agora o instrutor, a partir do painel construdo pelos grupos, far uma sntese das concluses

    expostas.

  • 7/25/2019 Saneamento e Educacao Ambiental

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    Guia do profissional em treinamento ReCESAReCESAReCESAReCESA 15

    Discutir os

    conhecimentos prvios

    dos profissionais sobre o

    conceito de saneamento

    e suas interfaces com as

    demais polticas setoriais.

    Refletir sobre as

    questes relacionadas ao

    saneamento,

    contextualizando com o

    desenvolvimento das

    cidades;

    Conhecer e discutir os

    conceitos e as vises

    acerca do saneamento e

    da educao ambiental a

    partir das leis vigentes.

    Saneamento e suas interfaces

    Neste momento o instrutor, utilizando como material didtico aula

    expositiva com slides, abordar com vocs algumas questes

    importantes acerca dos conceitos e da viso integrada dos servios

    de saneamento, considerando os aspectos preconizados nas Leis

    vigentes em nosso pas. Para facilitar nosso debate, ao final da

    exposio, faa suas anotaes na sua apostila ao lado de cada

    slideapresentado.

    CONCEITOCONCEITOCONCEITOCONCEITO

    SADESADESADESADE

    a sensao de completo bem-estar fsico, mental

    e social e no apenas a ausncia de doena ou

    enfermidade (OMS).

    _________________________________________

    _________________________________________

    _________________________________________

    _________________________________________

    _________________________________________

    CONCEITOCONCEITOCONCEITOCONCEITO

    SADSADSADSADE PBLICAE PBLICAE PBLICAE PBLICA

    Sade Pblica so a cincia e a arte de prevenir a

    doena, prolongar a vida e promover sade e

    eficincia fsica e mental, atravs esforos

    organizados da comunidade para o saneamento do

    meio, o controle das doenas infecto-contagiosas,

    a educao do indivduo em princpios de higiene

    pessoal, a organizao dos servios mdicos e de

    enfermagem para o diagnstico precoce e

    tratamento preventivo das doenas e o

    desenvolvimento da maquinaria social de modo a

    assegurar a cada indivduo da comunidade um

    padro de vida adequado manuteno da sade.

    (WINSLOW, 1920).

    _________________________________________

    _________________________________________

    _________________________________________

    _________________________________________

    _________________________________________

    _________________________________________

    _________________________________________

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    OBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOS

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    CONCEITOCONCEITOCONCEITOCONCEITO

    SANEAMENTOSANEAMENTOSANEAMENTOSANEAMENTO

    Controle de todos os fatores do meio fsico do Homemque exercem ou podem exercer efeito deletrio, sobre

    o bem-estar fsico, mental ou social. (OMS)

    CONCEITOCONCEITOCONCEITOCONCEITO

    SANEAMENTO BSICOSANEAMENTO BSICOSANEAMENTO BSICOSANEAMENTO BSICO

    Conjunto de servios e instalaes operacionais de:Conjunto de servios e instalaes operacionais de:Conjunto de servios e instalaes operacionais de:Conjunto de servios e instalaes operacionais de:

    Abastecimento de gua potvelAbastecimento de gua potvelAbastecimento de gua potvelAbastecimento de gua potvel: constitudospelas atividades, infra-estruturas e instalaes

    necessrias ao abastecimento pblico de gua

    potvel, desde a captao at as ligaes

    prediais e respectivos instrumentos de

    medio;

    Esgotamento sanitrioEsgotamento sanitrioEsgotamento sanitrioEsgotamento sanitrio: constitudo pelasatividades, infra-estruturas operacionais de

    coleta, transporte, tratamento e disposio

    final dos esgotos sanitrios, desde as ligaesprediais at o seu lanamento final no meio

    ambiente;

    Limpeza urbana e manejo de resduos slidosLimpeza urbana e manejo de resduos slidosLimpeza urbana e manejo de resduos slidosLimpeza urbana e manejo de resduos slidos:conjunto de atividades, infra-estruturas e

    instalaes operacionais de coleta, transporte,

    transbordo, tratamento e destino final do lixo

    domstico e do lixo originrio da varrio e

    limpeza de logradouros e vias pblicas;

    Drenagem e manejo das guas pluviaisDrenagem e manejo das guas pluviaisDrenagem e manejo das guas pluviaisDrenagem e manejo das guas pluviaisurbanasurbanasurbanasurbanas: conjunto de atividades, infra-

    estruturas e instalaes operacionais dedrenagem urbana de guas pluviais, de

    transporte, deteno ou reteno para

    amortecimento de vazes de cheias,

    tratamento e disposio final das guas

    pluviais drenadas nas reas urbanas.(Lei n. 11.455/07, Art. 3, 1)

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    CONCEITOCONCEITOCONCEITOCONCEITO

    SANEAMENTO AMBIENTALSANEAMENTO AMBIENTALSANEAMENTO AMBIENTALSANEAMENTO AMBIENTAL

    Conjunto de aes tcnicas e socioeconmicas

    entendidas fundamentalmente como de sade

    pblica, tendo por objetivo alcanar nveis

    crescentes de salubridade ambiental

    compreendendo:

    O abastecimento de gua em quantidade edentro dos padres de potabilidade vigentes;

    O manejo de esgotos sanitrios; O manejo dos resduos slidos e emisses

    atmosfricas; A drenagem de guas pluviais; O controle ambiental de vetores e

    reservatrios de doenas;

    A promoo sanitria e o controle ambientaldo uso e ocupao do solo;

    A preservao e controle do excesso derudos, tendo como finalidade promover e

    melhorar as condies de vida urbana rural.

    Fonte: Secretaria Nacional de Saneamento

    Ambiental, 2003.

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    SANEAMENTO E INTERSETORIALIDADESANEAMENTO E INTERSETORIALIDADESANEAMENTO E INTERSETORIALIDADESANEAMENTO E INTERSETORIALIDADE

    As aes de saneamento exigem a relao com

    vrios outros setores: o saneamento se relaciona

    com a infra-estrutura, com o desenvolvimento

    urbano, mas tambm com a sade pblica e com o

    meio ambiente, contribuindo com a qualidade de

    vida da populao e a proteo ambiental.

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    QUANDO FALAMOS EMQUANDO FALAMOS EMQUANDO FALAMOS EMQUANDO FALAMOS EM

    INTERSETORIALIDADE...INTERSETORIALIDADE...INTERSETORIALIDADE...INTERSETORIALIDADE...

    Estamos falando de justaposio de dois ou maissetores, caracterstica da multisetorialidade.

    Falamos da conduta institucional que parte da

    capacidade dos tcnicos, gestores, lideranas e

    sociedade de perceber que os problemas que

    esto formulados pelas demandas sociais so de

    ordem complexa e precisam ser vistas de forma

    integrada, para que haja compreenso de sua

    globalidade e efetividade nas aes

    especializadas (OPAS, 2003).

    Preconiza o dilogo. Portanto, a comunicao

    um importante instrumento.

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    ASPECTOS POSITIVOS A PARTIR DAASPECTOS POSITIVOS A PARTIR DAASPECTOS POSITIVOS A PARTIR DAASPECTOS POSITIVOS A PARTIR DA

    INTERSETORIALIDADEINTERSETORIALIDADEINTERSETORIALIDADEINTERSETORIALIDADE

    fundamental para tratar a relao sade, meio

    ambiente e saneamento ambiental, posto que a

    realidade em que operam as polticas pblicas

    complexa.

    As reas de atividades (setores), instituies e

    os arcabouos legais foram historicamente

    constitudos de forma especializada e possuem

    cdigos/linguagens prprios e hermticos uns

    aos outros.

    Planejar e atuar de forma intersetorial pressupe

    a criao de uma nova dinmica para a execuo

    das aes pblicas.

  • 7/25/2019 Saneamento e Educacao Ambiental

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    Guia do profissional em treinamento ReCESAReCESAReCESAReCESA 19

    OBSTCOBSTCOBSTCOBSTCULOS PARA A INTERSETORIALIDADEULOS PARA A INTERSETORIALIDADEULOS PARA A INTERSETORIALIDADEULOS PARA A INTERSETORIALIDADE

    Fragmentao do conhecimento e das

    prticas uma forte limitante daintersetorialidade.

    Para Minayo (2002, p.175) uma das

    dificuldades para novas abordagens

    refere-se a necessidade de [. . . ]

    juntar disciplinas e articular teoria e

    prtica; e colocar mesma mesa,

    cientistas, atores do mundo da vida,

    gestores do Estado.

    A complexidade e controvrsias doenfoque sistmico, devido a sua

    impreciso, sua forma difusa e sua

    tendncia a ser mais uma retrica que

    uma ao consciente tanto na teoria

    como na prtica.

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    A INTERSETORIALIDADE PRESENTE NAA INTERSETORIALIDADE PRESENTE NAA INTERSETORIALIDADE PRESENTE NAA INTERSETORIALIDADE PRESENTE NALEGISLALEGISLALEGISLALEGISLAOOOO

    A LeiA LeiA LeiA Lei n.n.n.n. 10.257/20010.257/20010.257/20010.257/2001111,,,, Art. 2. Estatuto dasEstatuto dasEstatuto dasEstatuto das

    Cidades.Cidades.Cidades.Cidades. I garantia do direito a cidades

    sustentveis, entendido como direito terra

    urbana, moradia, ao saneamento ambiental,

    infra-estrutura urbana, ao transporte e aos

    servios pblicos, ao trabalho e ao lazer, para as

    presentes e futuras geraes.

    Lei 8.080, de 19/09/90 (Lei Orgnica da Sade)

    Art.3 A sade tem como fatores determinantese condicionantes, entre outros, a alimentao, a

    moradia, o saneamento bsico, o meio ambiente,

    o trabalho, a renda, a educao, o transporte, o

    lazer e o acesso aos bens e servios essenciais;

    os nveis de sade da populao expressam aorganizao social e econmica do Pas.

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    Guia do profissional em treinamento ReCESAReCESAReCESAReCESA 20

    Agora com base nas anotaes individuais vamos discutir no grande grupo. Ao final vamos

    observar o nosso Painel Estado atualEstado atualEstado atualEstado atual da arte do saneamentoda arte do saneamentoda arte do saneamentoda arte do saneamento e complement-lo a partir das

    nossas discusses acerca das novas informaes trazidas.

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    Guia do profissional em treinamento ReCESAReCESAReCESAReCESA 21

    Refletir sobre a

    importncia do processo

    educativo nas aes de

    saneamento.

    Abordar e Refletir

    sobre o processo de

    mobilizao social como

    ferramenta indispensvel

    para a mudana coletiva e

    individual de atitudes.

    Analisar um problema

    simples do cotidianoprofissional que tenha

    relao direta com a

    participao do cidado-

    usurio, refletindo sobre

    os impactos da ao

    educativa sobre oproblema.

    Conceito e importncia da educao ambiental nas aes

    de saneamento

    Breve histrico da evoluo do conceito de educaoambiental

    Abordamos anteriormente o conceito de saneamento e suas

    interfaces com as demais polticas pblicas. Agora vamos ver como a

    Educao Ambiental foi conceituada ao longo da histria e de que

    forma ela se apresenta hoje como instrumento da poltica de

    saneamento no nosso pas.

    Podemos compreender a evoluo dos conceitos atribudos a

    Educao Ambiental a partir da anlise dos fatores econmicos,

    polticos, sociais, culturais, entre outros, e suas inter-relaes, as

    quais em um determinado contexto histrico determinam o modelo

    de desenvolvimento scio-econmico adotado na sociedade.

    Portanto, ao longo da histria da civilizao, a compreenso, a prtica

    e a nfase dada s aes de Educao Ambiental sofreram alteraes, tambm observadas em

    outros conceitos vigentes como: meio ambiente, sade, saneamento.

    Vamos ver quais forma os principais acontecimentos registrados e quais as premissas e aes

    desencadeados por eles, iniciando um pouco antes da dcada de 70.

    Voc Sabia?Voc Sabia?Voc Sabia?Voc Sabia?

    De acordo com Borja e Moraes, no que se refere aos conceitos atribudos aosaneamento, ora ele se encontra vinculado infra-estrutura das cidades, voltadapara o mercado e focalizada na alocao de recursos financeiros; ora ele se aproximado campo da sade pblica, enquanto poltica social, a qual preconiza o direito e oempoderamento dos agentes sociais (Borja e Moraes). Essas diferentes abordagenstambm vo refletir sobre a compreenso e o enfoque dado s aes de educaoambiental, conferindo a ela maior ou menor nfase nas intervenes em saneamento.

    OBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOS

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    Guia do profissional em treinamento ReCESAReCESAReCESAReCESA 22

    1965196519651965 ---- Royal Society of LondonRoyal Society of LondonRoyal Society of LondonRoyal Society of London: o conceito de Educao Ambiental foi associado

    preservao dos sistemas vivos e, posteriormente, na dcada de 70, a Unio

    Internacional de Conservao da Natureza (UICN) associou o mesmo conservao da

    biodiversidade. A percepo de uma educao baseada no paradigma do

    ConservacionismoConservacionismoConservacionismoConservacionismo dos meios naturais considerava o meio ambiente, sobretudo em seusaspectos biolgicos e fsicos, assumindo um carter basicamente NaturalistaNaturalistaNaturalistaNaturalista. Este

    enfoque no propunha "[...] apreciar as interdependncias, nem a contribuio das

    conscincias sociais compreenso e melhoria do meio ambiente humano". (DIAS,

    1992, pp. 64,65)

    1972197219721972 ---- Estocolmo (Sua):Estocolmo (Sua):Estocolmo (Sua):Estocolmo (Sua): Conferncia das Naes Unidas sobre Meio Ambiente

    Humano. A educao ambiental passa a ser considerada um campo de ao pedaggica,

    adquirindo relevncia e vigncia internacional. O debate em torno dos problemas

    ambientais no mundo pautou a discusso dos impactos negativos sobre o meio

    ambiente ocasionado pelo crescimento econmico. Nesse momento, o tema da

    educao ambiental se amplia como uma ferramenta para o esclarecimento da

    populao mundial acerca dos agravos cometidos contra o meio ambiente, suas causas

    e conseqncias. A educao ambiental entendida como um meio para: [...] formar

    uma populao mundial consciente e preocupada com ambiente e problemas com ele

    relacionados, e que possua os conhecimentos, as capacidades, as atitudes, a motivao

    e o compromisso para colaborar individual e coletivamente na resoluo de problemas

    atuais e na preveno de problemas futuros (UNESCO, 1976, p.2). Observa-se, no

    entanto, que o foco das discusses para os pases em desenvolvimento encontrava-se

    no crescimento econmico tendo como objetivo a reduo da pobreza e distribuio

    mais justas dos bens socialmente construdos. (MALHEIROS e PHILLIPPI, 2005).

    tambm nessa dcada que surge o EcodesenvolvimentoEcodesenvolvimentoEcodesenvolvimentoEcodesenvolvimento, propondo um modelo de

    desenvolvimento que considere as relaes econmicas e o bem-estar das sociedades a

    partir da discusso racional do uso dos recursos naturais. Essa discusso se contrape

    ao discurso desenvolvimentista da poca com limites no s econmicos como tambm

    sociais, ambientais e tico-culturais (LIMA, 2003; SORRENTINO, 2003).

    1974197419741974 ---- Jammi (Finlndia):Jammi (Finlndia):Jammi (Finlndia):Jammi (Finlndia): Seminrio realizado pela Comisso Nacional Finlandesa para a

    UNESCO. As discusses em relao natureza da educao ambiental passaram a ser

    desencadeadas e os acordos foram reunidos nos Princpios de Educao Ambiental,considerando que a Educao Ambiental permite alcanar os objetivos de proteo

    ambiental e que no se trata de um ramo da cincia ou uma matria de estudos

    separada, mas de uma educao integral permanente.

    1975197519751975 ---- Organizao para a Educao, a Cincia e a Cultura das Naes Unidas (UNESCO)Organizao para a Educao, a Cincia e a Cultura das Naes Unidas (UNESCO)Organizao para a Educao, a Cincia e a Cultura das Naes Unidas (UNESCO)Organizao para a Educao, a Cincia e a Cultura das Naes Unidas (UNESCO)

    e o Programa das Naes Unidas pra o Meio Ambiente (PNUMA):e o Programa das Naes Unidas pra o Meio Ambiente (PNUMA):e o Programa das Naes Unidas pra o Meio Ambiente (PNUMA):e o Programa das Naes Unidas pra o Meio Ambiente (PNUMA): Seminrio Internacional

    de Educao Ambiental, resultando na Carta de Belgrado.Carta de Belgrado.Carta de Belgrado.Carta de Belgrado. Nessa carta, observa-se que o

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    Guia do profissional em treinamento ReCESAReCESAReCESAReCESA 23

    debate holsticoholsticoholsticoholstico em torno da educao ambiental continua presente: Ns necessitamos

    de uma nova tica global - uma tica que promova atitudes e comportamentos para os

    indivduos e sociedades, que sejam consoantes com o lugar da humanidade dentro da

    biosfera; que reconhea e responda com sensibilidade s complexas e dinmicas

    relaes entre a humanidade e a natureza, e entre os povos. Mudanas significativasdevem ocorrer em todas as naes do mundo para assegurar o tipo de desenvolvimento

    racional que ser orientado por esta nova idia global - mudanas que sero

    direcionadas para uma distribuio eqitativa dos recursos da Terra e para atender mais

    s necessidades dos povos".

    1977197719771977 ---- Tiblisi (URSS):Tiblisi (URSS):Tiblisi (URSS):Tiblisi (URSS): Primeira Conferncia Intergovernamental sobre Educao

    Ambiental (UNESCO/PNUMA) Meio Ambiente composto pelo meio fsicomeio fsicomeio fsicomeio fsico----bitico +bitico +bitico +bitico +

    meio social e cultural.meio social e cultural.meio social e cultural.meio social e cultural. Relaciona os problemas ambientais com os modelos de

    desenvolvimento adotados pelo homem. Porm, a partir da Conferncia de Tiblisi, em

    1977 (UNESC0), que se registra um enfoque mais ampliado do conceito de educao

    ambiental. Ele passa a incorporar os aspectos econmicos e socioculturais e as

    correlaes entre todos esses aspectos e os anteriormente enfatizados. Ao adotar um

    enfoque mais global e interdisciplinar, a educao ambiental passa a ser compreendida

    como um processo alicerado nas inter-relaes entre os seres humanos, suas culturas

    e seus meios fsicos, buscando no s o desenvolvimento de habilidades como tambm

    a tomada de atitudes necessrias para contribuir positivamente na qualidade de vida, da

    sade e do meio ambiente. O enfoque dado educao ambiental baseado na

    interdisciplinaridade reconhece a existncia da interdependncia do meio natural com o

    meio construdo, dos atos presentes com o futuro, bem como a interdependncia entre

    os povos dos diferentes continentes. Essa compreenso da educao ambiental voltada

    aos interesses dos cidados, onde o meio ambiente (e sua degradao) reflexo das

    relaes histricas e no apenas do aspecto naturalizado lanam as bases para a

    reorientao da produo do conhecimento na rea, agora preconizada pela

    interdisciplinaridade e continuidade.

    1987198719871987 ---- MoscMoscMoscMoscou (URSS):ou (URSS):ou (URSS):ou (URSS): Congresso Internacional sobre a Educao e Formao relativas

    ao Meio Ambiente - gerou o documento Estratgia Internacional em Matria deEstratgia Internacional em Matria deEstratgia Internacional em Matria deEstratgia Internacional em Matria de

    Educao e Formao Ambiental para a Dcada de 90:Educao e Formao Ambiental para a Dcada de 90:Educao e Formao Ambiental para a Dcada de 90:Educao e Formao Ambiental para a Dcada de 90: Relatrio Bruntland (conhecidoRelatrio Bruntland (conhecidoRelatrio Bruntland (conhecidoRelatrio Bruntland (conhecido

    como Nosso futuro comumcomo Nosso futuro comumcomo Nosso futuro comumcomo Nosso futuro comum)))). Publicado pela Comisso Mundial sobre o Meio Ambientee Desenvolvimento, esse relatrio apresentava o conceito de DesenvolvimentoDesenvolvimentoDesenvolvimentoDesenvolvimento

    SustentvelSustentvelSustentvelSustentvel, reorientando as necessrias relaes entre economia, tecnologia, sociedade

    e poltica, reforando uma nova postura tica em relao preservao do meio

    ambiente, apontando para o desafio do desenvolvimento humano, tanto entre as novas

    geraes, quanto entre os integrantes da sociedade da poca (JACOBI, 2003; LIMA,

    2003; MALHEIROS e PHILIPPI, 2005; SORRENTINO, 2005). De acordo com LIMA (2003), as

    propostas representadas pelo ecodesenvolvimento foram suplantadas pela busca de

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    Guia do profissional em treinamento ReCESAReCESAReCESAReCESA 24

    ecologizar a economia, atravs de um discurso que preconizasse a busca pela harmonia

    entre o crescimento econmico e a preservao da natureza, representada pelo termo

    Desenvolvimento SustentvelDesenvolvimento SustentvelDesenvolvimento SustentvelDesenvolvimento Sustentvel.

    1992199219921992 ---- Rio (Brasil):Rio (Brasil):Rio (Brasil):Rio (Brasil): Conferncia Mundial sobre Meio Ambiente (Rio 92) criao da Carta

    Brasileira de Educao Ambiental. Esse encontro contou com a participao de vrios

    pases e pautou de forma intensa a discusso sobre o desenvolvimento sustentvel e

    alguns compromissos internacionais, entre eles a Declarao do Rio de Janeiro e a

    Agenda 21 Global (MALHEIROS e PHILIPPI, 2005; JACOBI; 2003). Nesse encontro, foi

    formulada a Carta da Terra (documento aprovado pelo Frum Internacional de

    Organizaes No-Governamentais), a qual reconhece o papel central da educao na

    formao de valores e na ao social para criar sociedades sustentveis e eqitativas

    (socialmente justas e ecologicamente equilibradas) e considera que a educao

    ambiental deve se dar atravs de um processo continuado e permanente, alicerado na

    responsabilidade individual e coletiva de cada regio e pas. Considera [...] que a

    preparao para as mudanas necessrias depende da compreenso coletiva da

    natureza sistmica das crises que ameaam o futuro do planeta. As causas primrias de

    problemas como o aumento da pobreza, da degradao humana e ambiental e da

    violncia pode ser identificado no modelo de civilizao dominante, que se baseia em

    superproduo e superconsumo para uns e em subconsumo por parte de grande

    maioria" (OVALLES e VIEZZER, 1995, p. 30). A educao ambiental direcionada para a

    tomada de uma conscincia mais abrangente sobre a forma de perceber o que o meio

    ambiente e o que significa educao para preserv-lo. Considera a inter-relao da

    tica, da poltica, da economia, da cincia, da cultura, da tecnologia e da ecologia para

    uma prtica da educao ambiental voltada para a mudana do comportamento do

    indivduo e da coletividade enquanto agente transformador.

    2002200220022002 ---- Joanesburgo (RioJoanesburgo (RioJoanesburgo (RioJoanesburgo (Rio+10):+10):+10):+10): Encontro Mundial sobre Meio Ambiente e

    Desenvolvimento Sustentvel. De acordo com Jacobi (2005), os objetivos preconizados

    pelo desenvolvimento sustentvel no foram aprofundados e no houve avanos

    significativos nem no plano terico, nem em acordos a nvel global.

    Percebemos ao longo dos ltimos perodos de desenvolvimento das naes que apesar dosinmeros avanos registrados - na medicina, indstria, tecnologia, transporte, educao etc.

    a maioria da populao encontra-se excluda dos seus benefcios; assim como tais avanos vem

    ocasionando seqelas graves para o meio ambiente. Estes fatos trazem para a ordem do dia o

    debate em torno do modelo de desenvolvimento atual e tem exigido a reflexo sobre as

    prticas econmicas e sociais que afetam a maioria da populao e o meio ambiente. Este

    modelo de desenvolvimento apontado por Guimares (2001, apud JACOBI 2005) como [...]

    ecologicamente predador, socialmente perverso, politicamente injusto, culturalmente alienado

    e eticamente repulsivo (p. 235).

  • 7/25/2019 Saneamento e Educacao Ambiental

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    Guia do profissional em treinamento ReCESAReCESAReCESAReCESA 25

    O debate proposto para a construo de uma sociedade sustentvel prope referendar como de

    fundamental importncia as prticas educacionais baseadas na tica e na conscincia coletiva

    acerca do uso equilibrado dos recursos naturais disponveis e da incluso social comoferramentas indispensveis para o crescimento comprometido com as geraes futuras.

    QUESTES PARA REFLEXO E DISCUSSO

    Atividade em grupo

    Vamos formar grupo de cinco pessoas e vamos refletir sobre a questo sugerida abaixo,

    podendo o grupo utilizar-se de exemplos para esclarecer suas reflexes.

    1. O que uma viso holstica de educao ambiental e de que forma ela orienta o

    planejamento e a implantao de aes educativas voltados para o saneamento?

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    Guia do profissional em treinamento ReCESAReCESAReCESAReCESA 26

    Programa de Educao Ambiental e Mobilizao Social para o

    Saneamento - PEAMSS

    A Educao Ambiental voltada para as aes de saneamento estiveram, ao longo da histria,

    atreladas a um fazer pontual, orientado para Programas e Projetos de saneamento especficos,

    desarticulados, fragilizados diante da inexistncia de um arcabouo legal e institucional que

    promovesse o planejamento, a integrao, a continuidade e a orientao conceitual e

    programtica. Poucas foram s experincias de planejamento e atuao continuada, a exemplo

    do Programa de Educao em Sade (FUNASA) voltado para projetos de saneamento em sua

    rea especfica de atuao.

    Com a discusso e posterior aprovao da poltica de saneamento (2007) para o pas, tornou-

    se imprescindvel a construo de um Programa Nacional de Educao Ambiental com oobjetivo de definir conceitos gerais e propor orientaes de uma prtica voltada para o

    saneamento, tendo como objetivos fortalecer as articulaes e a integrao das polticas

    (principalmente aquelas afins ao saneamento) e fomentar a participao da sociedade na gesto

    local e controle social sobre as polticas pblicas. Nesse momento histrico, a educao

    ambiental torna-se parte constituinte da concepo poltica federal de saneamento, a qual a

    percebe como um importante instrumento de gesto dos programas e investimentos na rea,

    buscando o envolvimento dos diversos atores sociais para, a partir de uma reflexo crtica e da

    construo coletiva de valores e prticas, contribuir para a formao de sociedades mais justas.

    Esse esforo materializado na constituio de um grupo de trabalho interinstitucional

    responsvel pela conduo do processo de construo do PEAMSS e na incluso do tema napauta das atividades de capacitao continuada, a exemplo da ReCESA.

    Nesse momento vamos conhecer os fundamentos legais e o que preconiza o PEAMSS. Para isso,

    propomos a leitura individual do texto apresentado a seguir e em seguida, a realizao de

    atividade em grupo.

    Marco Legal

    O marco legal do PEAMSS, dado o seu perfil interdisciplinar e carter de articulao de

    diferentes polticas, representado por seis eixos principais e um transversal. O primeiro eixo,

    a Poltica Ambiental holstica, foi institudo pela Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981 (PNMA).

    O segundo decorre da Lei n. 9.795, de 27 de abril de 1999, que instituiu a Poltica Nacional de

    Educao Ambiental (PNEA); outro representado pela Lei n. 11.445, de 05 de janeiro de

    2007, que instituiu a Poltica Federal de Saneamento Bsico (PFSB), e, alm desses, temos a

    Poltica Nacional de Recursos Hdricos (Lei n. 9.433, de 08 de janeiro de 1997), o Estatuto das

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    Cidades (Lei n. 10.257, de 10 de julho de 2001) e as polticas pblicas para a Sade. Eles so

    ligados transversalmente pela participao da comunidade, devidamente informada e

    mobilizada para desempenhar seu papel de ator social consciente.

    Desde a instituio da PNMA, a educao ambiental est prevista em todos os nveis de ensino,

    bem como a capacitao da comunidade para participao ativa na defesa do meio

    ambiente.

    Pensar os direitos fundamentais garantidos pela Constituio de 1988 primordial para situar

    o marco legal do que se denomina educao ambiental e mobilizao social em saneamento.

    O primeiro e mais importante desses direitos a VIDA, seguido de medidas que garantam a

    sade integral.

    As Constituies anteriores disciplinaram a sade como um direito do trabalhador, num

    conceito de assistncia sanitria, hospitalar, mdico-preventiva e de contraprestao devida

    pelo Poder Pblico para aqueles que contribussem para a previdncia social.

    Esse paradigma mudou em 1988 com a adoo do princpio da dignidade e da promoo do

    bem de todos, num conceito muito mais amplo, agora ligado a quaisquer interesses que a

    coletividade possa ter em relao ao seu bem-estar. Assim, polticas pblicas de sade e

    educao ambiental devem servir de instrumento para que a cidade atinja sua funo social e

    seja o palco do pleno desenvolvimento humano, fazendo a integrao dos eixos do PEAMSS.

    A Educao Ambiental imprescindvel para o xito de uma Poltica de Meio Ambiente.

    Conforme a Lei n. 9.795/99, esta um componente essencial e permanente na educao

    nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os nveis e modalidades do

    processo educativo, em carter formal e no formal.

    A Lei n. 9.795/99 foi regulamentada pelo Decreto n. 4.281/2002, que definiu, entre outras

    coisas, a criao do rgo Gestor da Poltica Nacional de Educao Ambiental, composto peloMinistrio do Meio Ambiente e pelo Ministrio da Educao.

    Com base nos princpios da Poltica Nacional de Educao Ambiental e sintonizado com o

    Tratado de Educao Ambiental para Sociedades Sustentveis e Responsabilidade Global, em

    2003 o rgo Gestor da Poltica Nacional de Educao Ambiental elaborou o Programa Nacional

    de Educao Ambiental (ProNEA), estabelecendo diretrizes, princpios e linhas de aes para

    que os projetos de educao ambiental de todos os segmentos da sociedade possam ser

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    desenvolvidos de forma coordenada. Esse programa foi submetido a uma consulta pblica em

    2004 envolvendo mais de 800 educadores ambientais de 22 unidades federativas do pas.

    Objetivando uma estruturao sistmica da gesto da PNEA e do ProNEA, desde 2006 vemsendo construdo o Sistema Nacional de Educao Ambiental (SISNEA). A Poltica Nacional de

    Educao Ambiental define um formato de gesto minimamente estruturado, apresentando

    uma lgica que pode servir de base para uma proposta mais orgnica e participativa das

    competncias poltico-administrativas e das atribuies formadoras dos entes, instituies e

    organizaes que atuam no caminho da educao ambiental no pas.

    A Poltica Federal de Saneamento Bsico (PFSB), como um dos eixos do PEAMSS, merece

    algumas reflexes. O saneamento deve ser trabalhado de forma holstica e global, posto que se

    trata de um tema plural conforme a multiplicidade de aspectos que envolve. A PFSB determina

    que a Unio, ao estabelecer sua poltica de saneamento bsico, tenha como diretriz a

    necessria articulao com as polticas de desenvolvimento urbano e regional, habitao,

    combate e erradicao da pobreza, proteo ambiental, promoo da sade e outras, de

    relevante interesse social, voltadas para a melhoria da qualidade de vida. O acesso ao

    saneamento bsico, sem dvida, integra a estratgia para atingir a meta da plena cidadania.

    O eixo legal do saneamento preenchido, portanto, pela Lei n. 11.445/2007, que determina

    ainda que o saneamento bsico englobe servios, infra-estruturas e instalaes operacionais

    de: a) abastecimento de gua potvel; b) esgotamento sanitrio; c) limpeza urbana e manejo de

    resduos slidos; e d) drenagem e manejo das guas pluviais urbanas.

    No que diz respeito a recursos hdricos, temos tambm uma legislao com um perfil altamente

    democrtico e participativo. A Poltica Nacional de Recursos Hdricos (Lei 9.433/97) estabelece

    um marco legal para a gesto compartilhada das colees hdricas, baseando-se na

    descentralizao e na participao cidad, superando a utilizao corporativa e particularista da

    gua, assegurando o seu uso mltiplo e afirmando o preceito constitucional que a define como

    bem pblico.

    Com a criao do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos (SINGREH), o Brasil

    hoje rene em um mesmo frum, o Conselho Nacional de Recursos Hdricos, os mais diversos

    setores da sociedade, representativos de um trip que incorpora o poder pblico, os usurios

    do setor econmico e a sociedade civil organizada, com a capacidade de dialogar, negociar e

    deliberar sobre os rumos da Poltica de guas do pas. Tal estrutura est reproduzida tambm

    nos conselhos estaduais de recursos hdricos e comits de bacia, garantindo a descentralizao

    e participao efetiva.

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    necessrio mencionar ainda o Plano Nacional de Recursos Hdricos (PNRH), que se constitui

    em um dos principais instrumentos da Lei das guas. Ele define como objetivos estratgicos a

    melhoria da disponibilidade hdrica em quantidade e qualidade, a reduo dos conflitos pelo

    uso da gua e a percepo da conservao da gua como valor socioambiental relevante. O

    PNRH busca difundir uma nova cultura das guas, apregoa e coloca em prtica os valores e osprincpios ecolgicos, culturais, sociais e econmicos referidos por nossa Lei das guas e pela

    Poltica Ambiental. Ao tratar de polticas correlatas, o plano alerta como imprescindvel que as

    polticas pblicas especficas do setor saneamento no fiquem restritas aos limites da infra-

    estrutura e da viso segmentada e pontual, e que adotem o mesmo modelo de gesto dos

    recursos hdricos, do planejamento e da interveno integrada conforme as bacias

    hidrogrficas.

    Em verdade saneamento e recursos hdricos, com polticas e titularidade distintas, exigem

    aes e planejamentos integrados, sendo a bacia hidrogrfica a unidade de referncia. Tambm

    com impacto importante na definio das polticas pblicas para o saneamento, existe a Lei n.

    10.257/2001, conhecida como o Estatuto da Cidade. Ela inova ao falar em saneamento

    ambiental ao invs do tradicional saneamento bsico. Nela est instituda a cooperao entre

    os governos, a iniciativa privada e os demais setores da sociedade no processo de

    planejamento e gesto urbana, em atendimento ao interesse social.

    A criao do Ministrio das Cidades, em 2002, com o objetivo de articular as polticas pblicas

    urbanas especficas, que estavam fragmentadas, tambm um marco a ser destacado na

    questo do saneamento. Visou melhoria das condies de vida para os menos favorecidos.

    Sua funo planejadora, normativa e articuladora, com a formulao de Planos Nacionais ecriao de um sistema permanente de dados sobre a questo urbana e habitacional.

    No campo das polticas pblicas para sade, a Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990,

    estabelece que a sade tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a

    alimentao, a moradia, o saneamento bsico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a

    educao, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e servios essenciais. Est includa ainda,

    no campo de atuao do Sistema nico de Sade (SUS), a participao na formulao da poltica

    e na execuo de aes de saneamento bsico.

    A participao da comunidade constitui uma das diretrizes previstas no artigo 198 da

    Constituio Federal para as aes e servios pblicos de sade e os servios privados

    contratados ou conveniados que integram o SUS. direo estadual do SUS compete participar

    da formulao da poltica e da execuo de aes de saneamento bsico. A Norma Operacional

    Bsica do SUS 01/96 prescreve a implementao de mecanismos visando integrao das

    polticas e das aes de relevncia para a sade da populao, de que so exemplos aquelas

    relativas a saneamento, recursos hdricos, habitao e meio ambiente.

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    Diante disso, saneamento e sade constituem um binmio de conceitos e aes indissociveis.

    A participao e o controle social funcionam como um eixo transversal ligando a Educao

    Ambiental e o Saneamento. A Lei n 11.445/2007 expressamente previu o controle social

    ligando-o s polticas e aes de saneamento. Ela o define como conjunto de mecanismos e

    procedimentos que garantem sociedade informaes, representaes tcnicas e participaes

    nos processos de formulao de polticas, de planejamento e de avaliao relacionados aos

    servios pblicos de saneamento bsico (art. 3, inciso IV). Determina ainda que servios

    pblicos de saneamento bsico sejam prestados com base, entre outros, no controle social.

    O controle social uma forma de participao que s ocorre mediante o acesso informao, e

    a educao ambiental um elemento facilitador desse processo. O acesso s informaes

    relativas ao saneamento previsto por meio da obrigatoriedade de ampla divulgao dos

    editais de licitao e das minutas dos contratos de concesso de servios, assim como das

    propostas dos planos de saneamento bsico e dos estudos que as fundamentam, inclusive com

    a realizao de audincias ou consultas pblicas, amplamente divulgadas.

    Alm disso, a Lei n. 11.445/2007 indica como canal para participao e controle social dos

    servios pblicos de saneamento bsico o Conselho Consultivo, composto por representantes

    dos usurios, entidades tcnicas, organizaes da sociedade civil e de defesa do consumidor,

    titulares dos servios, rgos governamentais relacionados ao setor e prestadores de serviospblicos de saneamento bsico. No entanto, importante frisar que este no obrigatrio e,

    portanto, a mobilizao da sociedade fundamental para que tal instncia participativa seja de

    fato implementada.

    No Estatuto da Cidade, o controle social previsto de forma mais explcita no Art. 4, 3. Os

    instrumentos previstos nesse artigo demandam dispndio de recursos por parte do Poder

    Pblico municipal e devem ser objeto de controle social, garantida a participao da

    comunidade, movimentos e entidades da sociedade civil. O Estatuto da Cidade ainda estabelece

    que, para garantir a gesto democrtica da cidade, devem ser utilizados, entre outros: aparticipao em colegiados, debates, audincias pblicas e consultas pblicas; conferncias

    sobre assuntos de interesse urbano, alm da iniciativa popular de projeto de lei e de planos,

    programas e projetos de desenvolvimento urbano. Esses instrumentos ainda no esto

    completamente implementados e coordenados, pois a lei previu o prazo de cinco anos para que

    os municpios elaborassem seus planos diretores.

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    Na construo deste processo, vale ressaltar a elaborao e realizao de Campanha dos Planos

    Diretores Participativos, que intensificou a efetiva participao da comunidade na gesto da

    cidade, extrapolando a simples e formal realizao das audincias pblicas previstas na lei.

    Com estas aes governamentais, a participao na Poltica Urbana saiu do papel para a

    realidade. A Conferncia da Cidade, realizada nos nveis municipal, estadual e federal, umexemplo do empenho pblico de tornar reais as previses legais.

    No processo de elaborao ou reviso dos Planos Diretores, os gestores municipais foram

    provocados a promover ampla discusso com a comunidade em audincias pblicas,

    garantindo-lhes a participao. No Estatuto da Cidade prevista tambm a gesto

    oramentria participativa, ou seja, a participao da sociedade se inicia desde a discusso do

    oramento.

    A consolidao do marco legal, aps a promulgao da Lei n. 11.445/2007, dever considerar

    a contextualizao exposta, incluindo obrigatoriamente as aes de Educao Ambiental e

    Mobilizao Social. O artigo 52 observa que o Ministrio das Cidades coordenar a elaborao

    do Plano Nacional de Saneamento Bsico PNSB. As Diretrizes, Princpios, Estratgias do

    PEAMSS devem contribuir e ser aperfeioados no processo de elaborao do Plano.

    Desse conjunto de reflexes legais abordadas, podemos concluir que o impulsionamento da

    educao ambiental nos programas de saneamento est dado, cabendo apenas a

    regulamentao, atravs de Resoluo, Portarias ou Instrues Normativas, para assegurar a

    insero e o aperfeioamento das aes de Educao Ambiental e Mobilizao Social no mbitodas polticas pblicas do Governo Federal para o saneamento, em consonncia com as

    diretrizes gerais do PEAMSS. (Braslia, 2007, pp.7-10. Documento. Verso em consulta).

    * Documento Oficial do PEAMSS, disponvel* Documento Oficial do PEAMSS, disponvel* Documento Oficial do PEAMSS, disponvel* Documento Oficial do PEAMSS, disponvel emememem:::: ....

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    QUESTES PARA REFLEXO E DISCUSSO

    Atividade em grupo

    Formando grupos de cinco participantes vamos identificar a partir da leitura do texto realizada

    anteriormente:

    1. Com quais polticas pblicas e seus respectivos marcos legais o PEAMSS se articula?

    _________________________________________________________________________________________

    _________________________________________________________________________________________

    _________________________________________________________________________________________

    _________________________________________________________________________________________

    2. Nas atividades de educao ambiental desenvolvidas em sua instituio esta articulao

    est presente? Em aes prticas? Nos contedos abordados?

    _________________________________________________________________________________________

    _________________________________________________________________________________________

    _________________________________________________________________________________________

    3. Quais as leis existentes em seu municpio que trata da Educao Ambiental? Aborda

    especificamente as aes voltadas ao saneamento?

    _________________________________________________________________________________________

    _________________________________________________________________________________________

    _________________________________________________________________________________________

    Nesse momento vamos apresentar nossas reflexes para o grande grupo.

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    Contribua com a sua experincia.

    Individualmente, vamos refletir sobre as questes colocadas abaixo. importante fazer estas

    reflexes para que possamos confrontar, discutir e consolidar valores, uma vez que estesdeterminam forma como vemos, sentimos e atuamos como cidados e profissionais.

    1. Como voc define Educao Ambiental?

    _____________________________________________________________________________________________

    _____________________________________________________________________________________________

    _____________________________________________________________________________________________

    2. Para voc a Educao Ambiental um componente importante para a efetividade das aes

    de saneamento? Por qu?

    _____________________________________________________________________________________________

    _____________________________________________________________________________________________

    _____________________________________________________________________________________________

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    Educao ambiental e saneamento: conceito, princpios e desafios

    Conceito

    Os problemas ambientais decorrentes da crise da civilizao moderna remetem para a urgente

    necessidade de que ao se refletir sobre ela, sejam construdos modelos de interveno que

    possam orientar prtica profissional e social, no sentido de responder ao desafio da

    ampliao da cidadania.

    No campo do saneamento experimentamos ao longo das ltimas dcadas a desarticulao das

    aes entre os diversos atores institucionais atuando segundo concepes prprias e muitas

    vezes contraditrias entre si. Em grande parte esse fato se deu em virtude da inexistncia de

    uma poltica de saneamento que orientasse a atuao das instituies atravs da coordenao

    de programas, projetos e investimentos. Essas aes desarticuladas levaram a realizao de

    aes de saneamento pontuais que no alcanaram seus objetivos de elevar a qualidade de vida

    dos sujeitos beneficiados e do seu entorno. Outros fatores tambm devem ser considerados

    para a anlise do dficit que o Pas apresenta: a falta de investimentos em programas e projetos

    de saneamento em larga escala; a falta de planejamento; o uso de tecnologias inadequadas;

    assim como a falta de uma cultura que considerasse a participao e a educao ambiental

    como elementos indispensveis para a construo e consolidao de aes sustentveis.

    A partir da aprovao da Lei do Estatuto das Cidades fruto do Movimento Nacional pelaReforma Urbana que estabeleceu no cenrio nacional o conceito de gesto democrtica da

    cidade , a integrao das polticas urbanas e a instituio de espaos participativos, como as

    conferncias e os conselhos, passam a constituir um novo arcabouo legal, repercutindo na

    ampliao de outros conceitos e novas prticas sociais. Nesse cenrio, criado o Ministrio das

    Cidades, integrando as polticas de desenvolvimento urbano, e tambm iniciada a discusso e

    elaborao de um conjunto de normas e leis que vo orientar o novo marco regulatrio para o

    saneamento bsico no Brasil.

    Essa concepo da Poltica de Saneamento defende a promoo de aes permanentes econtinuadas de educao ambiental e mobilizao social que visem adoo de novos valores e

    prticas individuais e coletivas; bem como se constitui em uma ferramenta de fortalecimento do

    controle social na gesto da poltica de saneamento. O desafio nesse momento estabelecer as

    bases para o modelo de educao ambiental que pretendemos construir.

    A concepo de educao do professor Paulo Freire, nos remete a possibilidade de agregar

    nossa prtica profissional e social, ferramentas necessrias para o enfrentamento dessa

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    realidade, a exemplo da tica, expressa nas lutas de resistncia em favor da causa ambiental e

    legitimada a partir do final da dcada de 90, pela Poltica Nacional de Educao Ambiental. No

    seu artigo 4 Inciso IV aponta como um dos princpios bsicos a vinculao entre tica, a

    educao, o trabalho e as prticas sociais (Lei n. 9795/99).

    Uma das ferramentas igualmente importante na busca de solues para os problemas

    ambientais refere-se Educao Ambiental, que visa fomentar a mobilizao e participao dosfomentar a mobilizao e participao dosfomentar a mobilizao e participao dosfomentar a mobilizao e participao dos

    diversos agentes sociais presentes, no sentido de responder aos problemas sanitrios ediversos agentes sociais presentes, no sentido de responder aos problemas sanitrios ediversos agentes sociais presentes, no sentido de responder aos problemas sanitrios ediversos agentes sociais presentes, no sentido de responder aos problemas sanitrios e

    ambientais vivenciados cotidianamente pelo conjunto da populao.ambientais vivenciados cotidianamente pelo conjunto da populao.ambientais vivenciados cotidianamente pelo conjunto da populao.ambientais vivenciados cotidianamente pelo conjunto da populao.

    Portanto, a educao ambiental se apresenta como um recurso necessrio para a reflexoa reflexoa reflexoa reflexo

    crtica do modelo de sociedade em construo e seus rebatimentos no ambientcrtica do modelo de sociedade em construo e seus rebatimentos no ambientcrtica do modelo de sociedade em construo e seus rebatimentos no ambientcrtica do modelo de sociedade em construo e seus rebatimentos no ambiente naturale naturale naturale natural

    construdo. Constituiconstrudo. Constituiconstrudo. Constituiconstrudo. Constitui----se uma ferramenta de sensibilizao e empoderamento da populaose uma ferramenta de sensibilizao e empoderamento da populaose uma ferramenta de sensibilizao e empoderamento da populaose uma ferramenta de sensibilizao e empoderamento da populao,,,,

    quequequeque possibilita a construo de valorepossibilita a construo de valorepossibilita a construo de valorepossibilita a construo de valores e prticass e prticass e prticass e prticas individuais e coletivas,individuais e coletivas,individuais e coletivas,individuais e coletivas, visando a mudanasvisando a mudanasvisando a mudanasvisando a mudanas

    culturais, polticas e sociais necessrias construo de uma sociedade mais justa.culturais, polticas e sociais necessrias construo de uma sociedade mais justa.culturais, polticas e sociais necessrias construo de uma sociedade mais justa.culturais, polticas e sociais necessrias construo de uma sociedade mais justa.

    Segundo o PEAMSS (2007) Programa Nacional de Educao Ambiental e Mobilizao Social em

    Saneamento destacamos trs principais funes da mobilizao social e educao ambiental

    para o saneamento:

    A primeira aponta para a formao de cidados conscientes, comprometidos com a vida,

    com o bem-estar de cada um e da coletividade, e que comuniquem por meios dos seusatos e atitudes preocupaes com os problemas ambientais, buscando promover a

    sade pblica e a salubridade ambiental para a melhoria da qualidade de vida da

    populao.

    A segunda, igualmente importante, fortalecer e qualificar o exerccio do controle

    social sobre os servios de saneamento quanto aos aspectos relacionados qualidade,

    equidade e universalidade dos servios de saneamento.

    E a terceira refere-se ao comprometimento coletivo com os investimentos realizados,

    contribuindo com medidas preventivas para conservao e adequado funcionamento

    dos sistemas e servios disponveis.

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    A mobilizao socialmobilizao socialmobilizao socialmobilizao social, por sua vez, se constitui em um movimento organizativo enquantose constitui em um movimento organizativo enquantose constitui em um movimento organizativo enquantose constitui em um movimento organizativo enquanto

    agrega, discute coletivamente solues para os problemas da comunidade, como tambmagrega, discute coletivamente solues para os problemas da comunidade, como tambmagrega, discute coletivamente solues para os problemas da comunidade, como tambmagrega, discute coletivamente solues para os problemas da comunidade, como tambm

    contribui para a formao de sujeitos capazes de interagir, dialogar uns com os outros.contribui para a formao de sujeitos capazes de interagir, dialogar uns com os outros.contribui para a formao de sujeitos capazes de interagir, dialogar uns com os outros.contribui para a formao de sujeitos capazes de interagir, dialogar uns com os outros.

    Fortalecer e capacitar os cidados possibilita a definio de estratgias eficazes e o controle

    social da prestao dos servios pblicos, conferindo as aes de saneamento qualidade.

    Nesse sentido, as aes de educao ambiental se apresentam como um instrumento

    importante para o fomento mobilizao social e qualificao da participao social. Essa

    participao no deve ser eventual, nem fragmentada. Ao contrrio, deve estar alicerada em

    conhecimentos apropriados a partir da reflexo crtica e do embate entre os conflitos

    existentes, contribuindo dessa forma para avanar na implementao de direitos sociais, a

    exemplo do Estatuto da Cidade.

    Voc sabia?Voc sabia?Voc sabia?Voc sabia?

    Nos financiamentos e convnios firmados pelo Governo Federal com estados emunicpios so investidos recursos em educao ambiental nas aes de

    saneamento. Dessa forma, pode-se dizer que a educao ambiental representa uminstrumento da gesto muito importante para os programas, os projetos e as aesnessa na rea.

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    QUESTES PARA REFLEXO E DISCUSSO

    Contribua com a sua experincia.

    O ato de mobilizar implica em envolver pessoas, convocar vontades para desenvolver uma

    ao. Voc poderia elencar situaes em que houve a mobilizao de pessoas em torno de um

    objetivo comum?

    _____________________________________________________________________________________________

    _____________________________________________________________________________________________

    _____________________________________________________________________________________________

    No bairro em que voc mora existe uma Associao Comunitria? Voc participa? Voc tem

    conhecimento de alguma ao positiva realizada atravs dela para a sua comunidade? Qual?

    _____________________________________________________________________________________________

    _____________________________________________________________________________________________

    _____________________________________________________________________________________________

    A efetividade das polticas pblicas depende do envolvimento do usurio cidado para o qual

    se destinam. Portanto, uma campanha de vacinao, desratizao, depende do envolvimento

    dos cidados-usurios, assim como, a manuteno sustentvel dos servios de saneamento

    seja: limpeza de canais e rede de drenagem de guas pluviais, limpeza e desobstruo de rede

    de coleta dos esgotos etc., tambm necessitam da participao dos usurios.

    Voc poderia elencar uma situao em que a ao do cidado-usurio pode comprometer ou

    contribuir para a sustentabilidade dos servios de saneamento? Que impacto aes de EA

    poderiam ter sobre esta situao?

    _____________________________________________________________________________________________

    _____________________________________________________________________________________________

    _____________________________________________________________________________________________

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    Esse potencial emancipatrio est presente atualmente em alguns instrumentos de formulao

    e controle social sobre as polticas pblicas e que devem se articular, promovendo a

    apropriao, por parte dos sujeitos sociais, da totalidade da problemtica ambiental e suas

    solues, considerando as especificidades regionais, tnicas, culturais, sociais e econmicas

    que promovem a decodificao e a re-significao dos conceitos e prticas sociais coletivas.

    Continuidade e PermannciaContinuidade e PermannciaContinuidade e PermannciaContinuidade e Permanncia

    As aes de educao ambiental voltadas para o saneamento devem ser sistemticas e

    continuadas, buscando imprimir impactos positivos na qualidade e na efetividade do acesso e

    do direito aos servios de saneamento. Precisamos superar a lgica das aes educativas

    planejadas e implementadas atreladas a projetos e programas de saneamento pr-concebidos.

    Mediante a articulao dos vrios segmentos sociais e instituies que atuam na rea,

    precisamos construir uma ao permanente, que tenha razes na comunidade e, portanto,

    faam parte do seu cotidiano: na escola, no trabalho, nos lares, nos espaos de lazer etc.

    Emancipao e DemocraciaEmancipao e DemocraciaEmancipao e DemocraciaEmancipao e Democracia

    Como vimos acima ao educativa deve ser pautada pelo dilogo, estimulando a reflexo

    crtica dos sujeitos sociais, fortalecendo sua autonomia, sua liberdade de expresso e

    contribuindo para a qualificao e ampliao de sua participao nas decises polticas. Aqui

    tambm se encontra o carter emancipatrio da educao, enquanto instrumento de

    distribuio de poder.

    Tolerncia e RespeitoTolerncia e RespeitoTolerncia e RespeitoTolerncia e Respeito

    A ao educativa deve promover o reconhecimento da pluralidade e da diversidade nos meios

    natural, social, econmico e cultural. Nesse sentido, importante que sejam considerados os

    conhecimentos, saberes, ritmos, valores e dinmicas dos sujeitos sociais envolvidos, buscando

    ampliar a participao e o acolhimento das diferenas, a fim de atribuir legitimidade aos

    consensos construdos coletivamente.

  • 7/25/2019 Saneamento e Educacao Ambiental

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