sal e o dragão

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Page 1: Sal e o dragão
Page 2: Sal e o dragão

AUTORA: Salomé Cruz de Sá

ILUSTRAÇÃO: Salomé Cruz de Sá

16-05-2012

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Há muito tempo existiu uma princesa de 10 anos chamada Sal. Os seus pais deram-lhe esse nome porque ela era tão importante para eles, como o sal era importante para temperar a comida.

Certo dia durante uma das caçadas com o seu pai, Sal encontrou uma pedra com uma cor muito invulgar e resolveu levá-la para sua casa.

Quando chega a casa Sal diz para o seu pai:

- Já viste que linda pedra que eu encontrei? Vou pô-la junto da lareira no meu quarto, assim posso vê-la sempre que quiser.

Como o Inverno estava a chegar a lareira estava sempre acesa a pedra começou a estalar, até que numa noite muito fria a princesa ouve um estrondo e acorda.

- O que foi isto?! Está aí alguém-mas ninguém responde. – Não deve ser nada... se calhar é a chuva lá fora. – Diz a princesa assustada, e volta a adormecer.

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2 Um animal há muito esquecido

Quando acorda sente algo a mexer-se na sua cama...

- O que é isto? - Ao olhar vê um animal estranho a

dormir na sua cama.

Era uma criatura coberta de escamas verdes com

reflexos azuis prateados. Não devia ser maior

que o gato da cozinheira e a sua cauda

era pontiaguda. O seu pescoço

era longo e a sua cabeça era

oval com dois cornos ainda

pequenos. Ao acordar ela viu

os seus olhos vermelhos como

fogo e a sua boca coberta de

dentes pontiagudos.

- Mas isto parece um dragão!

Eu pensei que eles estivessem

extintos. O último que foi

visto já foi há 50 anos.

No princípio a princesa

pensou em tocar o sino

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3Um animal há muito esquecido

para alertar toda a gente, pois os dragões eram conhecidos como sendo

assassinos temidos por todos. Mas quando ele se começou a aconchegar

junto a ela e a lambê-la a princesa não consegiu resistir e pensou: - Ele é

tão fofo, vou ficar com ele para mim, afinal ele não tem cara de ser assim tão

perigoso como as pessoas dizem. De certeza que os meus pais não me vão

deixar ficar com ele. O melhor é escondê-lo aqui no quarto, afinal os meus

pais nunca cá vêm! – E a princesa assim fez. – Vou chamar-lhe Vulcão e ele

vai ser o meu melhor amigo.

Mas o dragão precisava de comer! Ela começou por ir roubar carne na

cozinha do castelo, mas quando a deu ao dragão ele cuspiu-a logo.

- Eu pensava que os dragões comiam carne... Se calhar é melhor ir ver à

biblioteca do castelo se tem lá livros sobre dragões. - E a princesa lá foi. No

livro dizia que os dragões queimavam a carne antes de a comer. Ela tentou

fazer como dizia no livro e queimou a carne na lareira. Desta vez o Vulcão

comeu tudo de uma só vez.

Rápidamente o dragão começou a crescer e em breve começou a cuspir fogo

e a queimar a sua própria comida.

Certo dia quando a princesa Sal foi ter aulas com a sua ama e dragão espirrou

e as cortinas do quarto começaram a arder. Quando os empregados do

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castelo viram o fumo foram logo buscar água para apagar o fogo. Quando viram o

dragão tocaram logo o sino e foram chamar o rei. O rei

mandou os soldados prenderem o dragão que estava agora do tamanho de um

cavalo. Como o Vulcão estava habituado às

pessoas não reagiu e deixou-se prender. Quando sal soube o que se passava,

correu em ajuda do seu melhor amigo.

- Pai não lhe faças mal, ele é o meu melhor amigo! – disse a princesa

- Estás louca? Ele é um dragão! Tens noção do perigo que ele representa? Ele pode-te magoar, é um animal selvagem. Viste o que ele fez ao teu quarto? Felizmente não estavas lá,

ou poderias ter morrido. Vou mandar matá-lo,

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5Um animal há muito esquecido

assim ele não poderá fazer mal a ninguém.

-Mas pai, ele não queria fazer mal a ninguém, foi um acidente. O Vulcão é um dragão muito querido e amigo. Ele não faz mal a uma mosca.

- O quê, já lhe deste um nome? Não podes ficar com ele, não é um animal de estimação. Ele tem de morrer.

A princesa não parava de chorar desesperada.

A rainha ao ver isto interveio em seu favor.

- Querido não vês o desespero da tua filha? Ela já o tem há muito tempo e nunca aconteceu nenhum mal! Será que não podemos ficar com o dragão?

- Está fora de questão. Posso não o mandar matar, mas ele tem de ir embora. Livrem-se dele imediatamente.

Nessa mesma noite a princesa escapou-se do castelo e foi ter com o Vulcão às cavalariças onde ele se encontrava acorrentado. Ao vê-la o dragão ficou tão feliz que começou a lambê-la. Ela

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6 Um animal há muito esquecido

ficou completamente viscosa, mas feliz por o encontar ainda ali. Felizmente a chave das correntes encontrava-se por perto.

Depois de o libertar conduziu-o para o bosque. Lá encontrou umas ruínas de um antigo castelo á muito abandonado. Foi difícil deixá-lo lá pois ele insistia em segui-la no regresso a casa. Depois de muitas tentativas Vulcão percebeu o que a princesa queria dele e deixou-se ficar enrolado no meio das ruínas.

Sempre que possível Sal escapava-se da vigilância do castelo e ía ter com o seu amigo. Eles brincavam juntos e caçavam. Rapidamente o dragão aprendeu a caçar sozinho no bosque. Ele caçava raposas, veados e também coelhos. Como comia muito, cresceu, ficando rapidamente com três metros e meio de altura. Como era grande começou a aventurar-se pelos ares e a viajar discretamente pelas redondezas. De vez em quando desaparecia uma vaca ou uma ovelha, mas ninguém desconfiava que poderia ser um dragão o responsável. Afinal eles estavam extintos!

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7Um animal há muito esquecido

Com o passar dos anos Sal tornou-se a jovem mais bela do reino e todos os homens a queriam desposar o que causava ciúmes um muitas donzelas do reino.

Naquele reino havia uma bruxa que começou a invejar a sua beleza, pois também ela um dia tinha sido bela. Esta bruxa conhecia um feitiço há muito esquecido em que se podia transferir a beleza e juventude de uma pessoa para a outra.

- Vou raptar a princesa e ficar com a sua beleza e juventude. – pensou a bruxa.

A bruxa começou a observar os passos da princesa e ficou a saber que todos os dias ela ía para o bosque. Resolveu então raptá-la numa dessas saídas, pois era a única altura em que a princesa não estava a ser vigiada. No dia seguinte a bruxa escondeu-se no bosque, atrás de uma árvore. Quando a princesa ía a passar ela atingiu-a com um dardo que continha a poção do sono, fazendo-a cair adormecida. Com um grande esforço a bruxa colocou Sal na

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sua carroça e dirigiu-se à sua cabana que ficava na parte mais obscura do bosque.

No castelo todos começaram a ficar preocupados com a ausência da princesa. O rei desesperado mandou organizar grupos de pessoas para procurarem a princesa por todo o lado.

Também Vulcão começou a ficar irrequieto pois a princesa não o tinha ído visitar.

Na cabana da bruxa Sal tinha acordado e viu a bruxa que estava a terminar de preparar a poção maléfica. Quando a viu acordada a bruxa contou-lhe o que ía fazer com ela. A princesa assustada começou a gritar: - Socorro!!! Ajudem-me!!!

Entretanto um dos grupos que procuravam a princesa depararam-se com o dragão que estava perto das ruínas e preparavam-se para o matar. – Olhem todos está alí um sapato da princesa, ele matou-a. –disse um dos homens. - Sim vamos matá-lo! - disse outro. Mesmo antes de o espetarem com uma lança ouvem a princesa a gritar. Vulcão depressa levanta voo e segue o som. Quando chega à cabana arranca o telhado e faz da bruxa um belo churraso que come apesar de alguma repugnância. Quando a população chega libertam a princesa e levam-na de volta para o castelo.

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9Um animal há muito esquecido

Ao saber do sucedido o rei reconhece o valor do dragão e permite que a sua filha o conserve junto do palácio.

A princesa e o seu dragão continuaram inseparáveis até ao fim das suas vidas.

Depois da sua morte foi erguida uma estátua em sua honra onde estava escrito:

“A amizade está ao alcance de todos”

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