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Revista Contextual

Ensino Fundamental e Ensino Médio

Língua Portuguesa e Matemática

VOLUME 4

ISSN 1984-5456

Sistema de Avaliação da Educação do Estado do Rio de Janeiro

Ficha Catalográfica

RIO DE JANEIRO. Secretaria de Estado da Educação. Revista do Sistema de Avaliação.SAERJ – 2010 / Universidade Federal de Juiz de Fora, Faculdade de Educação, CAEd.

v. 4 (jan/dez. 2010), Juiz de Fora, 2010 – Anual

BROOKE, Daniel Aguiar de Leighton; REZENDE, Wagner Silveira; CANDIAN, Juliana Frizzoni.

ISSN 1984-5456

1 - Avaliação – Periódicos

CDU 373.3+373.5:371.26(05)

Caro educador

Introdução

Seção 1: Avaliação contextual: o que avaliar e por quê?

1.1. Os questionários contextuais

1.2. O que estamos medindo?

Seção 2: Os resultados do SAERJ 2010 – impacto dos fatores extra e intraescolares

2.1. Fatores associados ao desempenho escolar

2.2. Fatores extraescolares

2.2.1. Condição socioeconômica

2.2.2. Raça e sexo

2.3. Fatores intraescolares

2.3.1. A organização e a gestão da escola

2.3.2. A infraestrutura da escola

2.3.3. O clima acadêmico

2.3.4. Qualificação e motivação do corpo docente

2.3.5. Ênfase pedagógica e defasagem idade-série

Anexo: os resultados de sua escola

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SUMÁRIO

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Você encontra os resultados da edição do SAERJ 2010 em uma coleção de quatro volumes que apresenta informações fundamentais para a consolidação de uma escola capaz de fazer a diferença na vida de seus alunos.

A Coleção SAERJ 2010

1 Volume 1 – SAERJ: Revista do Sistema de Avaliação

Apresenta o SAERJ, sua abrangência, as Matrizes de Referência, a composição dos testes e sua metodologia de análise.

2 Volume 2 - Revista da Diretoria Regional

Oferece informações gerais da participação dos alunos na avaliação e os resultados de proficiência alcançados pelos alunos no âmbito do estado, regionais, municípios e escolas.

3 Volume 3 - Revista da Escola

Informa a proficiência média alcançada pela escola, tendo por foco a análise pedagógica e qualitativa dos resultados dos alunos na área de conhecimento avaliada. destaca-se a interpretação da Escala de proficiência, que apresenta as competências e habilidades desenvolvidas pelos alunos situados em cada nível de proficiência e padrões de desempenho.

4 Volume 4 - RevistaContextual

Analisa os fatores intra e extraescolares que interferem no desempenho dos alunos com base nos dados coletados pelos questionários aplicados aos próprios alunos, professores e diretores.

O objetivo maior com o trabalho de divulgação e apropriação dos resultados, iniciado com a Coleção SAERJ 2010, é possibilitar a discussão dos resultados alcançados, tanto pelos gestores dos sistemas públicos quanto pelos profissionais das escolas, com a finalidade de contribuir para elaboração de políticas públicas e de práticas pedagógicas mais eficazes.

Este é o material

que você tem em

mãos.

cARO EdUCAdOR,

6 REVISTA CONTEXTUAL: FATORES ASSOCIAdOS AO dESEMpENhO | SAERJ

Esta é a quarta publicação referente ao Sistema de Avaliação da Educação do Estado do Rio de Janeiro (SAERJ) de 2010, que trata de seus resultados gerais e por escola e, ao mesmo tempo, oferece uma série de discussões que auxiliarão na interpretação e na compreensão dos dados obtidos a partir das avaliações.

Como mencionado em volumes anteriores, participaram da edição 2010 do SAERJ todos os alunos da Rede Estadual de Ensino do Rio de Janeiro, matriculados nos seguintes anos: 4º ano, 5º ano, 6º ano, 7º ano, 8º ano e 9º ano do Ensino Fundamental, e 1ª série, 2ª série e 3ª série do Ensino Médio. Entretanto, a análise leva em conta apenas alunos do 8º ano e 9º ano do Ensino Fundamental e 2ª série do Ensino Médio, que são os anos para os quais há informações contextuais, embora algumas análises descritivas considerem também alunos do 4º ano do Ensino Fundamental.

Nesse sentido, esta revista se estrutura em duas seções e um anexo. Na primeira seção, apresentamos a avaliação contextual, informando sobre seu conteúdo, suas características, seus objetivos e sua importância. Trazemos também uma discussão mais precisa sobre a eficácia escolar, seu conceito e suas características; além disso, apresentamos os fatores intra e extraescolares que afetam o desempenho dos estudantes, bem como a relação existente entre eles. Na segunda seção, apresentamos os resultados do SAERJ 2010, trazendo a exposição dos dados, assim como sua interpretação, analisando os efeitos de cada fator intra e extraescolar em sua especificidade.

por fim, no anexo, apresentamos os resultados por escola, discutindo a proficiência média de cada instituição escolar, assim como a apresentação dos índices de cada escola comparados com a média do estado.

A análise aqui realizada levou em consideração cerca de 190.600 alunos distribuídos em mais de mil escolas de todo o estado. por razões metodológicas, não foram consideradas as escolas com menos de 10 alunos. Esses números não invalidam os totais (de alunos, professores e gestores) divulgados nas revistas anteriores, e sua diferença em relação aos valores anteriormente apresentados se deve a problemas de cunho logístico e metodológico, tais como ausência de respostas aos questionários contextuais e não devolução, por parte das escolas, dos instrumentos de pesquisa.

INTROdUçãO

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Quadro 1 - Abrangência da avaliação do SAERJ 2010

4º ano EF 8º ano EF 9º ano EF 2ª série EM

TestesAlunos 13.484 54.808 49.794 81.833

Escolas 364 938 944 1.031

Questionários Contextuais

Alunos 13.169 54.058 49.195 74.268

Escolas 362 935 945 1.005

Vale ressaltar, neste ponto, a diferença entre os números dos testes e dos questionários contextuais respondidos. A diferença é de mais de 9.000 respondentes. Ou seja, um número significativo de respondentes que realizaram os testes não responderam ao questionário contextual. Como veremos mais à frente, os questionários contextuais colhem informações importantíssimas sobre os fatores que estão associados ao desempenho dos alunos, sejam eles internos ou externos à escola. São essas informações que nos permitem interpretar os resultados dos testes de proficiência para, a partir disso, compreender melhor o que pode ser feito na tentativa de melhorar o desempenho dos estudantes. Nesse sentido, e diante dos números apresentados pelo Quadro 1, exposto acima, é relevante que os respondentes dos testes sejam incentivados a responder também aos questionários contextuais. Assim, nossas análises sobre os resultados se tornam mais substanciosas, o que beneficia, por sua vez, a apropriação dos resultados pelas escolas.

1 Os totais apresentados nesse quadro, de alunos e escolas que fizeram os testes, se referem aos totais nas turmas consideradas nas análises. Ou seja, comparamos totais dos testes e questionários nos mesmos anos.

2 O total de questionários contextuais de alunos diz respeito ao número de questionários respondidos nos anos considerados, embora nem todos respondentes tenham sido considerados nas análises por razões explicadas ao longo do texto.

8 REVISTA CONTEXTUAL: FATORES ASSOCIAdOS AO dESEMpENhO | SAERJ

O objetivo: discutir a complexidade dos processos de avaliação, explicando por que é importante levar em consideração fatores outros, além daqueles relacionados ao processo de ensino-aprendizagem em sala de aula, o conceito, as características e a importância da eficácia escolar, ou efeito escola, apontando para a superação da falta de expectativa em relação à escola, quando diante de indicadores sociais desfavoráveis.

1.1. Os questionários contextuais

Os questionários contextuais objetivam produzir uma compreensão mais ampla do processo educacional. No intuito de investigar a fundo todos os fatores que podem influenciar o desempenho dos alunos, estes questionários avaliam aspectos mais amplos do processo de aprendizagem, para além da mensuração das habilidades cognitivas. Eles buscam compreender de que forma fatores como a condição socioeconômica do aluno, o nível de escolaridade dos pais, a atuação do professor em sala de aula, o empenho do diretor e uma série de outras questões afetam o desempenho do aluno, medido pelos testes.

A relação entre os questionários contextuais e os testes é de complementaridade. As informações obtidas através dos testes nos fornecem um panorama do processo específico de ensino e aprendizagem que, a partir do acréscimo das informações obtidas com os questionários contextuais, possibilitam-nos uma compreensão mais substancial do desempenho escolar. Nesse sentido, através dos questionários contextuais, é possível coletar dados que auxiliem os profissionais da educação a selecionar prioridades relativas à implementação de ações de intervenção escolar.

Os questionários contextuais, portanto, adquirem importância na medida em que são instrumentos que fornecem informações muito valiosas para a interpretação dos dados obtidos através dos testes e para o entendimento dos fatores que influenciam no desempenho do aluno e na medida da eficácia da escola. Em sua ausência, a precisão da análise sobre estes aspectos, desempenho e eficácia, fica comprometida, pois somente o resultado dos testes, e seu enquadramento em escalas de proficiência, não é suficiente para uma compreensão mais ampla do fenômeno escolar.

de maneira geral, os questionários contextuais abarcam três grandes atores envolvidos no processo educacional no interior da escola (sem desconsiderar, entretanto, a existência de outros): o aluno, o professor e o diretor. para cada um desses atores sociais, foi desenvolvido um questionário próprio, que busca identificar as características econômicas, sociais, culturais e de atuação na vida escolar cotidiana, a fim de se compreender, substancialmente, o perfil de cada um deles. Seguem as principais questões tratadas em cada um dos questionários:

1AVALIAçãO CONTEXTUAL:

O QUE AVALIAR E pOR QUÊ?

9

9 Questionário do Aluno: com este questionário buscamos colher informações sobre o perfil social e econômico dos estudantes, assim como seus hábitos de estudo e suas atitudes em relação às disciplinas, à escola, aos professores e aos diretores. desse modo, avaliamos, por exemplo, a frequência com que os professores passam tarefas de casa e a frequência com que os alunos participam de atividades de reforço.

9 Questionário do Professor: nele, colhemos informações sobre o perfil social e econômico dos professores, bem como as relacionadas à sua experiência profissional, práticas e atitudes relacionadas ao ambiente escolar e aos alunos. para tanto, procuramos averiguar, por exemplo, com que frequência ele utiliza recursos pedagógicos, como computador, internet, livros e revistas, em seu cotidiano escolar.

9 Questionário do Diretor: através dele, buscamos obter informações sobre o perfil social e econômico do diretor, sua experiência profissional, práticas e atitudes relacionadas ao ambiente escolar, à comunidade e aos alunos. para tanto, procuramos averiguar, por exemplo, se o diretor se candidataria novamente ao cargo que ocupa; além disso, podemos obter também informações que têm a escola como unidade de análise, como o fato de a escola contar ou não com parceiros externos, como ONGs, empresas, associações, etc.

10 REVISTA CONTEXTUAL: FATORES ASSOCIAdOS AO dESEMpENhO | SAERJ

O que buscamos analisar com a conjugação entre os resultados obtidos pelos alunos nos testes e as informações colhidas a partir dos questionários contextuais é a eficácia escolar, ou o efeito escola. Mas, o que é isso, afinal?

Um dos possíveis – e dos mais empregados – sentidos de eficácia escolar corresponde ao impacto que a escola, pelas suas próprias características, exerce sobre o desempenho de seus alunos. dessa forma, a eficácia escolar relaciona-se à capacidade que a escola tem de contrabalançar os efeitos negativos das características que o aluno possui, antes mesmo de entrar na escola, por meio de ações que envolvem uma série de elementos, tanto administrativos quanto pedagógicos. Em outras palavras, a eficácia escolar é fruto da redução dos impactos negativos, para o desempenho escolar, dos fatores extraescolares (portanto, não controlados pelas instituições escolares), a partir da incidência dos efeitos positivos gerados por fatores intraescolares (esses ao alcance da intervenção da escola).

Ao mensurarem a influência que a escola tem sobre o desempenho dos estudantes, os índices de eficácia escolar nos ajudam a rechaçar uma interpretação derrotista da realidade escolar, qual seja, a de que estudantes oriundos de classes sociais menos favorecidas têm um destino social traçado de antemão pela sua origem, fazendo com que a escola possa fazer muito pouco no que tange às possibilidades escolares e profissionais de seus discentes.

É preciso ressaltar que os fatores extra e intraescolares não têm, em absoluto, efeitos positivos ou negativos sobre o desempenho. Isso quer dizer que tais fatores, dependendo de uma série de circunstâncias, podem ter efeito no sentido de aumentar ou diminuir o desempenho, ou seja, os fatores extraescolares nem sempre exercem um efeito negativo sobre o desempenho, assim como não

é sempre que os fatores intraescolares exercem um efeito positivo. É nesse ponto que o entendimento da eficácia escolar se torna tão importante. Quando o efeito positivo dos fatores intraescolares supera o efeito negativo exercido pelos fatores extraescolares, estamos diante de um quadro de eficácia escolar.

Quais são, então, os fatores associados à eficácia escolar? podemos destacar cinco grandes categorias desses fatores associados: a organização e a gestão da escola, a infraestrutura, o clima acadêmico no interior da escola, a formação e a motivação do corpo docente e o enfoque pedagógico adotado pela escola.

Embora a mensuração da eficácia escolar seja um procedimento técnico-científico que exija um elevado nível de elaboração conceitual e metodológica, as complexidades a isso inerentes não podem obstaculizar sua pesquisa, seu estudo e seu entendimento. A eficácia escolar merece uma compreensão substantiva, pois reforça a ideia de que a escola pode fazer a diferença na trajetória de seus alunos, escapando a um trágico determinismo social.

A seguir, trataremos de cada um dos dois tipos de fatores aqui tematizados, apresentando e analisando os resultados da avaliação para cada um deles. Comecemos pelos resultados relacionados aos fatores extraescolares.

1.2. O que estamos medindo?

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O objetivo: que os profissionais tenham em mãos os resultados do SAERJ 2010 acompanhados da sua explicação. Assim, tais resultados podem sair da mera descrição para servirem de orientação para a efetivação de práticas pedagógicas e administrativas que possam aumentar a eficácia escolar.

2.1. Fatores associados ao desempenho escolar

exemplo, a atuação do diretor é uma característica da escola como um todo, que afeta o desempenho do aluno, mas não é uma característica do aluno e, portanto, deve estar no nível da escola, permitindo verificar seu efeito na proficiência da escola).

Os resultados estão apresentados ao fim da descrição de cada fator considerado. Nos quadros abaixo, apresentamos quais os fatores, dentre os considerados na análise, impactam no desempenho dos alunos em Língua portuguesa e Matemática, e qual o tipo de impacto exercido, se positivo ou negativo. Além das disciplinas, os quadros trazem referências a cada um dos anos e séries avaliadas. para facilitar a compreensão sobre o impacto exercido, utilizamos setas e asteriscos. As setas em verde indicam que o fator em questão impacta positivamente no desempenho avaliado. Ao contrário, as setas em vermelho impactam negativamente. Os asteriscos, por sua vez, indicam que o fator em questão não afetou significativamente o desempenho, seja positiva ou negativamente, de modo que não se usam setas nesse caso.

2OS RESULTAdOS dO SAERJ 2010 – IMpACTO dOS FATORES EXTRA E INTRAESCOLARES

Como dissemos, existe uma série de fatores e situações que impactam o aprendizado do aluno. Muitos desses fatores não são possíveis de serem medidos diretamente e, para captá- los, procuramos, através de alguns indicadores, criar medidas que possam expressá-los. Esta seção é uma apresentação conceitual e metodológica dos fatores que são importantes para a compreensão do desempenho escolar dos alunos, através de uma descrição simples de como os índices que expressam alguns desses fatores foram construídos a partir das informações disponíveis.

Além disso, apresentaremos, da forma mais clara possível, os resultados da metodologia usada para compreender a relação entre os fatores intra e extraescolares e o desempenho dos alunos da rede estadual do Rio de Janeiro, metodologia essa comum na análise desse tipo de dados (sobre alunos alocados em escolas): a estimação de um modelo multinível, que permite considerar adequadamente a influência de diversos fatores sobre o desempenho, respeitando os níveis a que eles pertencem (por

12 REVISTA CONTEXTUAL: FATORES ASSOCIAdOS AO dESEMpENhO | SAERJ

Quadro 2 – Alguns fatores contextuais e desempenho em Língua Portuguesa

Língua Portuguesa

Intercepto38º ano EF 9º ano EF 2ª série EM

213,41 223,87 247,07

Nível do Aluno

Índice Socioeconômico

Sexo (referência: feminino)

Raça (referência: branco)

Índice de disciplina em sala de aula - alunos

Índice de dedicação do professor - alunos

Nível da Escola

Índice de problemas com o corpo docente - diretor

*

Formação do diretor * * *

Índice Socioeconômico médio da escola

Índice de atuação do diretor - professor * * *

Quadro 3 – Alguns fatores contextuais e desempenho em Matemática

Língua Portuguesa

Intercepto8º ano EF 9º ano EF 2ª série EM

229,18 241,77 258,88

Nível do Aluno

Índice Socioeconômico

Sexo (referência: feminino)

Raça (referência: branco)

Índice de disciplina em sala de aula - alunos*

Índice de dedicação do professor - alunos

Nível da Escola

Índice de problemas com o corpo docente - diretor

* *

Formação do diretor * *

Índice Socioeconômico médio da escola

Índice de atuação do diretor - professor * *

3 Intercepto é o valor médio esperado para a proficiência quando todas as variáveis envolvidas no modelo estimado forem zero. Como não existem valores reais iguais a zero para a maior parte das variáveis utilizadas nos modelos apresentados nos quadros 2 e 3, os valores do intercepto não têm interpretação substantiva, apenas estatística.

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para a construção dos quadros, optamos por não apresentar os valores específicos do impacto de cada um dos fatores levados em consideração. Essa decisão foi tomada em função de dois aspectos principais. O primeiro deles diz respeito ao modelo utilizado para a realização das análises estatísticas. Se outro modelo, que não aquele do qual nos valemos, fosse utilizado para gerar os resultados, pequenas variações poderiam ocorrer entre os valores. Além

disso, acreditamos que a indicação do efeito gerado pelo fator sobre o desempenho, se positivo ou negativo, atinge os objetivos que pretendemos com a construção desses quadros, ou seja, que eles sejam instrumentos didáticos capazes de apresentar quais os fatores que impactam sobre o desempenho, e quais o fazem positiva ou negativamente.

14 REVISTA CONTEXTUAL: FATORES ASSOCIAdOS AO dESEMpENhO | SAERJ

2.2. Fatores extraescolares

Quais são, então, os principais fatores externos à instituição escolar, mas que influenciam o desempenho dos alunos? Aqui trataremos de três fatores extraescolares em específico, não por serem os únicos, mas, sim, pelo grande impacto que exercem sobre o desempenho dos alunos: a condição socioeconômica das famílias, a raça e o sexo dos alunos.

2.2.1. Condição socioeconômica

A condição socioeconômica é composta por uma série de elementos que influenciam na vida social e escolar do aluno. Ela é indicada através do índice socioeconômico (ISE), que é construído a partir da escolaridade dos pais dos estudantes e da posse de bens materiais específicos. O ISE fornece informações fundamentais para a compreensão do desempenho do aluno e também da escola (vale notar que o índice socioeconômico foi calculado no nível dos alunos e seus efeitos investigados no nível do aluno e da escola).

A escolaridade dos pais é um fator muito influente na medida do desempenho, relacionando-se com as atitudes que os pais tomam e influenciam o desenvolvimento de comportamentos e atitudes dos filhos. A escolaridade dos pais se vincula ao consumo cultural que os filhos podem desenvolver, ao hábito de leitura, à disciplina e ao comportamento dentro e fora de sala de aula, ao contato recente com tecnologias e recursos educacionais diferenciados, entre outros fatores. Além disso, tal escolaridade vincula-se também ao comportamento dos pais diante da escolaridade dos filhos, como a exigência de dedicação e o comprometimento com a escola, o incentivo à leitura, o acompanhamento dos deveres de casa, a ajuda com as dúvidas que o filho tem com as lições, entre outros elementos. Assim, em teoria, o aumento da escolaridade dos pais tende a se refletir na melhoria do desempenho de seus filhos.

Outro elemento componente do ISE é a posse de determinados bens materiais. Esses são tratados como indicativos de situações e condições sociais específicas que, por sua vez, impactam no desempenho dos estudantes. A posse de bens, como aparelhos de televisão, geladeira, automóvel, e a presença, em casa, de banheiro, indicativo de acesso a uma forma mínina de saneamento, são elementos que podem se associar, e de modo geral se associam, ao desempenho dos alunos. A presença desses bens, como se pode imaginar, não interfere diretamente no desempenho do aluno em sala de aula, ou seja, o fato de o aluno ter geladeira em casa não significa que ele, por conta disso, terá um desempenho melhor em matemática, por exemplo, ou que aprenda melhor do que aqueles que não têm. No entanto, a presença desses fatores é indicativa da condição social e econômica do aluno e de sua família. E a condição social, indicada pela posse de tais bens, cria uma série de situações, como a estabilidade familiar, o desenvolvimento de um ambiente em casa que favoreça a aprendizagem, a dedicação de tempo para estudo e para lazer, além de outros elementos que, esses sim, estão relacionados ao desempenho do aluno.

para a interpretação dos resultados relativos ao índice socioeconômico nos dados do SAERJ 2010, foi construída uma escala, cujos valores variam de 1 a 10, sendo que a média foi de 5,38. Observamos que o impacto que a condição socioeconômica pode ter sobre o desempenho médio das escolas varia de acordo com o ano de escolaridade e com a disciplina avaliada. Sendo assim, no que tange à Língua portuguesa, o aluno que, hipoteticamente, ocupa a posição máxima da escala, representada pelo valor 10, teria até 10 pontos a mais na escala de proficiência, para as séries avaliadas do Ensino Fundamental, e até 20 pontos a mais, para as séries do Ensino Médio avaliadas. Em relação à Matemática, nas séries do Ensino Fundamental aqui consideradas, esse valor pode chegar a 14 pontos a

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mais na escala de proficiência, ao passo que, nas séries do Ensino Médio, o valor pode atingir até 18 pontos a mais.

O índice socioeconômico, como uma medida indicadora das condições de origem familiar dos alunos, é, portanto, uma variável fora do controle da escola e possui uma associação positiva com o aprendizado. por sua vez, isso significa que alunos em piores condições sociais e econômicas têm um desempenho esperado menor que os alunos em melhores condições. O mesmo se aplica ao índice socioeconômico médio da escola: as escolas

que concentram alunos em melhores condições tendem a ter melhores desempenhos médios do que aquelas onde se concentram alunos em piores condições. As condições de origem social do público que a escola recebe não é algo que ela, em geral, possa escolher, sendo, por isso, fundamental que a escola se preocupe em mobilizar suas capacidades de fazer com que essas condições não sejam prejudiciais aos alunos.

2.2.2. Raça e sexo

O gráfico, abaixo, revela que a maioria (69,1%) dos alunos respondentes se declarou pardo ou negro (não brancos), ao passo que os demais 30,9% se declararam brancos.

Gráfico 1 – Distribuição dos estudantes por raça no SAERJ 2010

30,9%

44,5%

24,6%Branco

Pardo

Negro

16 REVISTA CONTEXTUAL: FATORES ASSOCIAdOS AO dESEMpENhO | SAERJ

O gráfico 2 apresenta a distribuição dos estudantes por raça, em cada ano de escolaridade avaliado, na rede estadual. Como podemos observar, o número de estudantes que se declaram brancos apresenta um aumento, na medida em que se avança nos anos de escolaridade, ao passo que, nessas mesmas

circunstâncias, o número de estudantes que se declaram não brancos diminui sensivelmente. Análise semelhante a essa pode ser feita no que diz respeito às redes municipais, como mostra o gráfico 3.

Gráfico 2 – Distribuição dos estudantes por raça em cada série/ano analisado no SAERJ 2010

31,0%

42,0%

27,0% 29,2%

46,0%

24,8%Branco

Pardo

Negro

30,1%

44,8%

25,1%32,5%

43,7%

23,8%

Branco

Pardo

Negro

4º ano EF

9º ano EF 2ª série EM

8º ano EF

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Vale notar que, na análise, utilizamos tão somente uma distinção entre brancos e não brancos. Apesar dessa distinção não estar expressamente representada pelo gráfico, sua leitura pode ser inferida a partir dele. A razão de ser do estabelecimento dessa distinção entre brancos e não brancos leva em consideração sua relevância sociológica. do ponto de vista sociológico, as diferenças entre brancos e não brancos (incluindo aqui pardos e negros) são mais acentuadas do que as distinções entre, por exemplo, índios e brancos. Isso não significa também que não existam distinções entre pardos e negros. Elas existem, de fato, mas são menores do que as distinções que existem entre os brancos e esses dois grupos tomados em conjunto. Segundo vasta e consagrada teoria sociológica, o

fosso social entre brancos e não brancos é maior do que qualquer outra distinção de cunho racial. A presente avaliação comprova essa concepção teórica, o que justifica nosso posicionamento em desenvolver a análise baseada na referida distinção. Além disso, indígenas e amarelos constituem uma parcela muito pequena dos alunos considerados, cuja relação com os demais fatores envolvidos na análise não está estabelecida, o que nos levou a excluí-los dos resultados.

O gráfico, a seguir, que informa sobre a distribuição por sexo dos estudantes envolvidos com o SAERJ 2010, mostra que a maioria deles é formada por integrantes do sexo feminino (53,9%).

Gráfico 3 - Distribuição dos estudantes por sexo – SAERJ 2010

50,8% 49,2%48,0%52,0%

46,8%53,2%

44,9%

55,1%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Masculino Feminino

4º ano EF 8º ano EF 9º ano EF 2ª série EM

A mesma distribuição ocorre quando consideramos cada ano avaliado, exceto para o 4º ano, no qual os alunos do sexo masculino são uma pequena maioria.

18 REVISTA CONTEXTUAL: FATORES ASSOCIAdOS AO dESEMpENhO | SAERJ

Gráfico 4 - Distribuição dos estudantes por sexo em cada ano avaliado – SAERJ 2010

45,8%

54,2%

40%42%44%46%48%50%52%54%56%58%60%

Masculino Feminino

As análises que realizamos detectaram associações significativas entre o desempenho escolar e estas variáveis: a raça (neste caso, autodeclarada) e o sexo do aluno. Nesse caso específico, constatou-se que os alunos que se declaram não brancos têm, em média, um desempenho menor do que os alunos que se declaram brancos, ainda que se controle a análise pelas demais variáveis de interesse, como o ISE e o sexo. de maneira análoga, o sexo apresenta também uma associação significativa com o desempenho do aluno, que varia de acordo com a disciplina considerada. Sendo assim, há diferença de desempenho entre integrantes do sexo feminino e do masculino em Língua portuguesa e em Matemática, de formas diferentes. Em Língua portuguesa, o desempenho médio obtido pelas alunas é significativamente mais alto do que o obtido pelos alunos. Quanto ao desempenho experimentado pelos estudantes nos testes de Matemática, o que se observa é um fenômeno contrário ao observado em Língua portuguesa. Naquela disciplina, o desempenho médio apresentado pelas alunas é significativamente mais baixo do que aquele apresentado pelos alunos.

É muito importante ressaltar, quando se trata de avaliar os impactos que fatores como raça e sexo exercem sobre o desempenho escolar, que essa análise precisa, na verdade, ser vista em termos de associação, e não necessariamente de causalidade. por exemplo, um aluno não tem o desempenho maior por ser branco, em virtude desse fato tomado em si. A questão gira em torno dos efeitos sociológicos que a raça, historicamente, exerce sobre uma ampla gama de outros aspectos sociais, como o desempenho, a empregabilidade e as relações sociais de maneira geral. O mesmo pode ser aplicado ao sexo. As mulheres não têm menor capacidade de compreensão das habilidades exigidas pela matemática do que os homens, só pelo fato de serem mulheres. A explicação para essa diferença, mais uma vez, está em outros fatores sociológicos, que não o sexo em si.

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2.3. Fatores intraescolares

Quais são os fatores que podem fazer com que uma escola seja avaliada como eficaz? Em outras palavras, em quais fatores a escola deve se concentrar a fim de produzir efeitos que sejam capazes de fazer frente às influências oriundas da

situação socioeconômica dos alunos? Considerando a eficácia escolar, trataremos aqui, respectivamente, de cinco grandes conjuntos de fatores intraescolares mencionados anteriormente.

2.3.1. A organização e a gestão da escola

fatores, é importante destacar o papel do diretor. A eficácia escolar se vincula ao comportamento do diretor no exercício de sua função. Um diretor reconhecido como líder, por parte dos professores que compõem o quadro docente da escola, assim como pelos funcionários da escola, exerce uma influência positiva e mais acentuada no desempenho de seus estudantes.

da mesma maneira, quanto ao tipo de liderança administrativa exercida, escolas que apresentam diretores que exercem uma gestão mais democrática, aberta à participação de outros atores envolvidos no processo educacional e escolar, como os próprios professores e funcionários, os estudantes e a comunidade em que se insere a escola, são capazes de reduzir o impacto que a condição socioeconômica do estudante exerce sobre o seu desempenho.

No que tange à atuação do diretor, o índice que a mede em diversas áreas da vida escolar, na opinião dos professores, reúne as seguintes variáveis:

O diretor desta escola:

9 mostra-se comprometido com a melhoria da escola;

9 estimula o desenvolvimento de atividades inovadoras;

9 respeita os professores;

9 motiva os professores para o trabalho em sala de aula;

9 destina mais atenção a questões relacionadas à aprendizagem dos alunos;

9 tem confiança na qualificação dos professores;

dos diretores envolvidos com o SAERJ 2010, 67,6% dos entrevistados possuem nível superior de escolaridade em Educação, ao passo que os outros 31,3% declararam possuir outro tipo de formação.

Em geral, as pesquisas encontram que a formação superior do gestor impacta positiva e significativamente no desempenho médio da escola, o que não acontece no caso desses dados para o estado do Rio de Janeiro, o que indica que outras investigações devem ser feitas. Uma hipótese é relacionar a formação do diretor à sua experiência, pois pode haver diretores mais experientes, com menor formação, que conseguem melhores resultados nas avaliações.

A organização e a gestão da escola exercem uma influência considerável no poder da escola de afetar o desempenho de seus estudantes. A dedicação que os profissionais da escola têm no efetivo cumprimento de suas funções é um fator preponderante para o bom desempenho educacional. Nessa categoria de

20 REVISTA CONTEXTUAL: FATORES ASSOCIAdOS AO dESEMpENhO | SAERJ

9 estabelece altos padrões de ensino;

9 motiva os professores a implementarem o que eles aprenderam em cursos de desenvolvimento profissional;

9 monitora ativamente a qualidade do ensino nesta escola.

para cada item do questionário, as variáveis foram categorizadas em:

9 discordo.

9 Concordo.

9 Concordo totalmente.

diante disso, quanto maior a concordância com as afirmações a respeito da atuação do diretor em determinado aspecto, maior o valor do índice. para facilitar a interpretação do índice de avaliação da atuação do gestor por parte do corpo docente, criou-se, como se disse, uma escala com valores de 1 a 10. para o SAERJ 2010, a média foi 8,07, ou seja,

os professores, em geral, avaliam positivamente a atuação dos gestores no estado. Esse fator, em geral, tem impacto positivo e significativo sobre o desempenho dos alunos. No caso do modelo de análise considerado para os dados do estado do Rio de Janeiro, no entanto, não observamos esse resultado.

2.3.2. A infraestrutura da escola

A infraestrutura é outro elemento fundamental para que a escola seja eficaz no cumprimento de suas funções. A conservação da estrutura física da escola, o saneamento, a limpeza dos espaços escolares, a disponibilidade de equipamentos, todos são fatores importantes para a manutenção de um ambiente escolar propício à aprendizagem, como veremos a seguir. Além disso, a disponibilidade de equipamentos e serviços, como computadores, televisores, aparelhos de dVd, acesso à internet, acesso a uma biblioteca, acesso à filmes educativos, acesso à material didático e escolar, favorece as possibilidades de diversificação do

ensino e contribui para o desenvolvimento de um processo educativo mais completo. A infraestrutura escolar, portanto, tem um efeito positivo sobre o desempenho dos estudantes. Contudo, é preciso ressaltar que a mera existência de uma estrutura predial adequada, assim como a mera disponibilidade de recursos e equipamentos não têm, por si só, nenhum efeito sobre o desempenho estudantil. É preciso, pois, que tais recursos sejam, de fato, utilizados para que suas possibilidades sejam efetivadas. Caso contrário, serão apenas objetos destituídos de qualquer efeito pedagógico.

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2.3.3. O clima acadêmico

O clima acadêmico na escola envolve uma série de fatores, atitudes, ações e comportamentos, por parte dos professores, gestores e dos próprios estudantes, que estão associados ao desempenho escolar: o comportamento do professor em sala de aula, sua forma de conduzir a aula, de dar espaço à participação dos alunos, a maneira como exige disciplina, sua presença, a exigência com os deveres de casa e sua correção em sala de aula.

Nesse sentido, analisamos a percepção sobre a dedicação do professor e o nível de disciplina exigido por ele, na concepção de seus alunos, e consideramos também os problemas com o corpo docente, no nível da escola. O índice de problemas com o corpo docente diz respeito ao clima vivido na escola, e as variáveis consideradas na sua construção foram:

Neste ano, ocorreu nesta escola:

9 inexistência de professores para algumas disciplinas ou séries?

9 frequente falta dos professores?

9 falta de empenho dos professores?

9 alta rotatividade do corpo docente?

As categorias de respostas eram:

9 Ocorreu e foi um problema grave.

9 Ocorreu, mas não foi um problema grave.

9 Não ocorreu.

As categorias foram codificadas de forma que quanto maior o valor do índice, menor o nível de problema com o corpo docente. Esse índice teve uma associação significativamente negativa com o desempenho médio da escola, ou seja, quanto menos problemas identificados pelo diretor com o corpo docente, maior o desempenho médio da escola, embora os resultados só tenham se mostrado significativos a partir do 9º ano.

Uma escala com valores de 1 a 10 foi criada para

fins interpretativos no que tange ao índice de percepção de problemas com o corpo docente, por parte dos gestores. A média obtida foi 7,0, o que quer dizer que, de modo geral, para o estado do Rio de Janeiro, os gestores não enfrentam constantemente problemas que consideram graves, em relação ao professorado.

O índice que mensura como os alunos percebem a disciplina na sala de aula foi composto pela associação entre as seguintes variáveis:

22 REVISTA CONTEXTUAL: FATORES ASSOCIAdOS AO dESEMpENhO | SAERJ

Com que frequência:

9 o(a) seu(sua) professor(a) precisa esperar muito tempo até que os alunos façam silêncio?

9 há barulho e desordem na aula?

9 os alunos saem da aula antes do término?

As variáveis foram categorizadas pela escala:

9 Frequentemente.

9 Às vezes.

9 Raramente.

9 Nunca.

2.3.4. Qualificação e motivação do corpo docente

A disposição da escala foi orientada de modo que quanto maior o valor do índice, maior a percepção de um clima disciplinado em sala de aula por parte do aluno. Esse índice também é um fator intraescolar que exerce um efeito positivo sobre o desempenho: quanto maior a percepção de disciplina, melhor tende a ser, em média, o desempenho dos alunos.

para fins didáticos e interpretativos, a partir do índice para a percepção da disciplina existente em sala de aula por parte dos alunos, foi elaborada uma escala, tendo seus valores variando entre 1 e 10. A média referente a esse fator, no SAERJ 2010, foi 4,02, ou seja, de um modo geral e com alguma frequência, os alunos percebem problemas com disciplina em sala de aula.

A disciplina em sala de aula teve efeito significativo sobre o desempenho em todas as séries consideradas em Língua portuguesa e para o 9º ano do Ensino Fundamental e 2ª série do Ensino Médio em Matemática, mas, ao contrário do esperado, o efeito é negativo, ou seja, quanto maior a disciplina percebida na sala de aula pelos alunos, menor tende a ser o desempenho. Isso pode significar que um ambiente considerado muito disciplinado tende a ser percebido como autoritário e, eventualmente, penoso para os alunos, contribuindo para um pior rendimento escolar. No entanto, essa é apenas uma hipótese que carece de maiores explorações, o que não necessariamente será possível através dos dados disponíveis.

fator é significativo quanto à eficácia. A qualificação profissional sugere um maior preparo do professor para o exercício de suas funções.

Um corpo docente qualificado e motivado também exerce influência sobre o desempenho dos alunos, constituindo-se como um fator a ser considerado para a eficácia escolar. Em teoria, o efeito desse

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2.3.5. Ênfase pedagógica e defasagem idade-série

Além disso, aspectos como a política que a escola adota, e também o professor, no que tange a seus critérios de reprovação, é um fator que pode influenciar no desempenho dos alunos. Nesse ponto, merece destaque a questão da defasagem idade-série por parte do aluno. Em tese, quanto mais defasado o aluno se encontra em relação à série que condiz com a sua idade, menor será o seu desempenho escolar. Outras análises com os dados disponíveis para o estado do Rio de Janeiro deverão ser conduzidas tendo conta informações sobre a defasagem dos alunos.

O índice do envolvimento do professor nas atividades em sala de aula e no dia a dia escolar, na visão dos alunos, foi criado a partir das respostas dos alunos às seguintes questões:

Com que frequência o(a) professor(a):

9 exige que os alunos estudem e prestem atenção nas aulas?

9 mostra interesse no aprendizado de todos os alunos?

9 está disponível para esclarecer as dúvidas dos outros alunos?

As alternativas de resposta a esses itens compunham uma escala de quatro pontos:

9 Frequentemente.

9 Às vezes.

9 Raramente ou nunca.

A ênfase pedagógica é outro fator que exerce influência sobre a eficácia escolar. O tipo de metodologia utilizada pelo professor, sua abordagem em sala de aula, a forma como encara o estudante, a maneira de conduzir o processo de ensino e aprendizagem, as concepções de ensino que ele sustenta e aplica, entre outros, são todos fatores que estão vinculados à variação no desempenho dos estudantes. Entretanto, é importante enfatizar que, ao se investigar a influência da ênfase pedagógica na eficácia escolar, não se quer julgar como mais ou menos eficiente qualquer concepção pedagógica de ensino e aprendizagem que o professor adote. A escolha de qual concepção aplicar varia de acordo com uma série de aspectos, tais como o perfil dos estudantes reunidos em uma mesma sala de aula, a proposta e os objetivos da escola, bem como as próprias concepções educacionais do professor. Assim, tal escolha pode ser mais ou menos adequada, levando-se em consideração esses dados circunstanciais.

24 REVISTA CONTEXTUAL: FATORES ASSOCIAdOS AO dESEMpENhO | SAERJ

Quanto maior o valor do índice, mais os alunos percebem o professor como estando positivamente envolvido e dedicado à boa prática das atividades escolares.

Esse índice de dedicação do professor é um importante fator intraescolar que tem uma associação positiva com o desempenho: quanto mais o aluno percebe o envolvimento e a preocupação do professor com o seu aprendizado, melhor o desempenho esperado.

Nas análises levadas a cabo para esse conjunto de dados, o envolvimento do professor se mostrou uma condição importante para o melhor desempenho dos alunos. Em todas as séries avaliadas e nos dois

conteúdos considerados, quanto mais os alunos percebem o envolvimento do professor, melhor é o seu desempenho médio.

para facilitar a interpretação dos dados, esses foram transpostos para uma escala, que varia de 1 a 10, representativa da opinião que os alunos têm sobre a dedicação e o envolvimento do professor. A média para o SAERJ 2010 foi 8,4, o que indica que, em geral, os professores têm sido bem avaliados, no que tange à sua dedicação, por parte dos alunos.

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Até aqui, discutimos os fatores extraescolares e intraescolares que influenciam no desempenho dos estudantes. Além disso, fornecemos definições desses fatores, e esclarecimentos sobre o que estamos procurando mensurar com o SAERJ 2010. Contudo, por se tratar de uma revista dedicada a cada escola em específico, é necessário apresentar os resultados de sua escola, no que diz respeito aos fatores anteriormente considerados.

para realizar essa importante função, qual seja, a divulgação dos resultados de cada escola, organizamos a presente seção apresentando os resultados para cada fator considerado e sua comparação com a média obtida pelo programa SAERJ em todo o estado. Com isso, reforçamos, nosso objetivo não é o de criar um ranqueamento das escolas envolvidas com o projeto, mas tão somente o de tratar os dados de forma comparativa, no intuito de fornecer uma leitura ampla sobre cada escola, de acordo com o desempenho nas disciplinas avaliadas e também com suas características escolares e socioeconômicas.

ANEXOS: OS RESULTAdOS dESUA ESCOLA

Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora

Coordenação GeralLina Kátia Mesquita Oliveira

Coordenação TécnicaManuel Fernando Palácios da Cunha e Melo

Coordenação de PesquisaTufi Machado Soares

Coordenação de Análise e Divulgação de ResultadosAnderson Córdova Pena

Coordenação de Instrumentos de AvaliaçãoVerônica Mendes Vieira

Coordenação de Medidas EstatísticasWellington Silva

Coordenação de Produção VisualHamilton Ferreira

Equipe de Medidas EstatísticasAilton Fonseca GalvãoClayton VallePriscila Gregório BernardoRoberta de Oliveira FáveroRoberta Fernandes Vieira

Equipe de Análise e Divulgação de ResultadosAndreza Cristina Moreira da Silva BassoAstrid Sarmento CosacCamila Fonseca de OliveiraCarolina de Lima GouvêaCarolina Ferreira RodriguesDaniel Aguiar de Leighton BrookeDaniel Araújo VignoliJoão Paulo Costa VasconcelosJuliana Frizzoni CandianLeonardo Augusto CamposLuís Antônio Fajardo PontesMichelle Sobreiro PiresRodrigo Coutinho CorrêaRogério Amorim GomesTatiana Casali RibeiroWagner Silveira Rezende

Equipe de Instrumentos de AvaliaçãoCristiano Lopes da silvaJanine Reis FerreiraMayra da Silva Moreira

Equipe de Língua PortuguesaHilda Aparecida Linhares da Silva Micarello (Coord.)Josiane Toledo Ferreira Silva (Coord.)Adriana de Lourdes Ferreira de AndradeAna Letícia Duin TavaresDéa Lucia Campos PernambucoEdmon Neto de OliveiraMaika Som MachadoRachel Garcia Finamore

Equipe de MatemáticaBruno Rinco Dutra PereiraDenise Mansoldo SalazarMariângela de Assumpção de CastroPablo Rafael de Oliveira CarlosTatiane Gonçalves de Moraes (Coord.)

Equipe de EditoraçãoBruno CarnaúbaClarissa AguiarEduardo CastroHenrique BedettiMarcela ZaguettoRaul Furiatti MoreiraVinícius Peixoto

Equipe de Avaliação SEEDUC - RJ

Alasir Bispo da CostaAlessandra Silveira Vasconcelos de OliveiraEdilene Noronha RodriguesJaqueline Antunes FariasMessias Fernandes SantosSaladino Correa LeiteVânia Maria Machado de Oliverira

ColaboradoraMônica Maria de Barros Xavier Santos

FotografiaCris Torres / SEEDUC - RJ