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SABERES, PRÁTICAS E EXPERIÊNCIAS DE AUTORIA NA FORMAÇÃO DE

PROFESSORES DE HISTÓRIA.

Mônica Martins da Silva (UFSC)

Neste texto apresentam-se alguns resultados do projeto de pesquisa “Saber Escolar e

Conhecimento Histórico: itinerários para uma nova configuração da história ensinada”

desenvolvido no Departamento de Metodologia de Ensino do Centro de Ciências da

Educação da UFSC entre os anos de 2009 e 2012. O objeto central foi a formação de

professores de história articulada à produção de materiais didáticos para a educação básica,

com novas abordagens acerca da história dos povos africanos, afrodescendentes e indígenas,

em diálogo com as leis 10639/03 e 11645/08. Tal articulação é construída por meio da inter-

relação teórica e metodológica entre conhecimento histórico escolar e produção

historiográfica. Dos diversos elementos que singularizam o trabalho, destaca-se a

mobilização de diferentes saberes no decorrer do processo formativo, orientada por uma

metodologia de trabalho que articulou os conhecimentos pedagógicos prévios, os

conhecimentos específicos do campo disciplinar da formação e elementos do currículo e da

cultura escolar do Colégio de Aplicação da UFSC, que participou da construção da proposta

e abrigou o projeto nas suas diferentes fases. A produção dos materiais didáticos foi um eixo

importante para a construção da proposta de docência e possibilitou a experiência da

pesquisa, bem como orientou a autoria dos (as) alunos (as) na construção de projetos de

ensino, planos de aula, materiais didáticos, assim como no desenvolvimento da própria

prática docente. Acredita-se que a pesquisa trouxe grandes contribuições ao estimular a

inserção da escrita no processo de construção dos saberes desses (as) novos (as) professores

(as), incentivando-os (as) a tornarem-se protagonistas das suas experiências na docência.

Além disso, a pesquisa colaborou com o Programa de Consolidação das Licenciaturas-

Prodocência ao fortalecer a universidade como espaço de formação inicial, ao mesmo tempo

em que aprimorou a relação com o Colégio de Aplicação da UFSC, que é parte da rede

pública de ensino de Florianópolis.

Palavras-Chave: Ensino de História, Saberes Docentes, Saber Histórico Escolar, Práticas

de Pesquisa, autoria.

XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012

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Introdução

Este texto tem como objetivo apresentar alguns resultados da pesquisa “Saber escolar

e conhecimento histórico: itinerários para novas configurações da história escolar”,

desenvolvida por professoras do Departamento de Metodologia do Ensino da UFSC que

atuam na formação disciplinar e pedagógica de alunos (as) do curso de História, por

professores (as) que atuam na educação básica do Colégio de Aplicação da UFSC e alunos

(as) do curso de História da instituição, que realizaram as disciplinas Estágio Supervisionado

em História, ministradas pelas professoras integrantes do projeto entre os anos de 2009 e

2012, período de vigência da pesquisa.

Um dos objetivos centrais do trabalho foi incorporar a dimensão da pesquisa na

formação inicial de professores (as) de história, articulada à produção de materiais didáticos

para a educação básica, com novas abordagens acerca da história dos povos africanos,

afrodescendentes e indígenas, em diálogo com as leis 10639/03 e 11645/08, construídos a

partir da inter-relação teórica e metodológica entre conhecimento histórico escolar e

produção historiográfica. Essa perspectiva de trabalho possibilitou o constante exercício da

autoria dos (as) alunos (as) /pesquisadores (as) que foram estimulados, em diferentes

momentos, a construir propostas de trabalho que mobilizassem os diferentes saberes

constituídos no decorrer do seu processo formativo, orientadas por uma metodologia de

trabalho que articulou os conhecimentos pedagógicos prévios, os conhecimentos específicos

do campo disciplinar da formação e os diversos elementos constitutivos do currículo e da

cultura escolar do Colégio de Aplicação da UFSC, instituição que participou da construção

da proposta e abrigou o projeto nas suas diferentes fases.

A primeira etapa do trabalho consistiu na inserção dos alunos/pesquisadores no

cotidiano do Colégio de Aplicação por meio de um conjunto de procedimentos de

investigação que deveriam apontar os diversos elementos constitutivos da cultura escolar

como: as características gerais do trabalho pedagógico; as especificidades do currículo da

disciplina História e a prática pedagógica dos professores na sala de aula; as diversas

interações dos alunos com o espaço físico da escola e a construção de seus projetos culturais

e políticos; as características do trabalho de inclusão de alunos com necessidades especiais,

entre outros temas. Já nessa etapa inicial de identificação dos múltiplos sujeitos e diversas

práticas da instituição escolar, os (as) alunos(as)/pesquisadores(as) eram orientados a definir

os procedimentos de pesquisa que iriam estruturar a investigação e, nesse sentido,

produziram um planejamento do qual fazia parte: a seleção de documentos considerados

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importantes para o trabalho; a definição de sujeitos para a realização de entrevistas; a

produção de fotografias ou vídeos como forma de registros das práticas observadas, entre

outros. Como parte do trabalho, os alunos deveriam analisar os dados e construir uma

sistematização que incorporasse o conjunto das reflexões construídas em sala de aula acerca

das investigações realizadas, em diálogo com a bibliografia previamente apresentada e que

possibilitava a inserção de categorias de análise como cultura escolar, cultura da escola,

saberes docentes e saber/conhecimento escolar (CANDAU, 2000; TARDIF, 2002a e 2002b;

GAUTHIER,1998; LOPES,1997a e 1997b; MONTEIRO, 2007).

O exercício da autoria foi estimulado no decorrer do processo de elaboração da escrita

dos textos, ao longo do qual os estagiários deveriam analisar os dados levantados dialogando

com a bibliografia estudada, ao mesmo tempo em que eram instigados a construir

interpretações próprias mediante o conjunto das discussões realizadas em sala de aula. Além

disso, em vários momentos, esses alunos foram incentivados a produzir escritas

autobiográficas que introduziam a sua subjetividade como componente fundamental para a

reflexão construída, dada a compreensão de que no processo de investigação as percepções,

impressões, inquietações e expectativas dos (as) alunos (as)/pesquisadores(as) constituíam

elementos problematizadores da prática observada e orientavam a construção de um

conjunto de referências prévias que poderiam ser acionadas em momentos posteriores.

No decorrer do projeto, mais especificamente durante a disciplina Estágio

Supervisionado de História II, que ocorre no semestre seguinte, procurou-se delinear uma

metodologia de ensino de história que fundamentasse a mediação didática realizada no

processo de elaboração dos materiais didáticos e nas experiências de uso construídas em

salas de aula da educação básica. Numa primeira etapa, envolvemos os alunos pesquisadores

em investigações bibliográficas que contemplaram os seguintes temas: a produção

historiográfica sobre a história da África e da escravidão e pós-emancipação; a história

indígena no Brasil; a produção acerca do ensino-aprendizagem do conhecimento histórico

escolar, a produção que problematiza o currículo. A intenção foi, a partir dos objetivos dessa

pesquisa, promover a inter-relação entre as discussões teóricas e metodológicas específicas

de cada um desses campos. Em outro momento, procurou-se analisar como essas diferentes

abordagens foram incorporadas por livros didáticos de história produzidos para o ensino

fundamental e médio nos últimos anos, com base na contribuição de alguns autores como

FONSECA (2003) e OLIVA (2003). Esses pressupostos auxiliaram na compreensão de que,

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mais do que adição de conteúdos no currículo formal, precisamos intervir no currículo em

ação e nas práticas pedagógicas de ensino da História escolar.

Propôs-se, assim, o diálogo efetivo entre dois campos de pesquisa - aquele de

produção do conhecimento histórico e o campo do ensino de história - mediado pela História

ensinada na instituição escolar, passou a ser responsabilidade dos estagiários. Por meio desse

movimento de reorganização e mediação didática dos temas e conteúdos, os (as) alunos (as)

/pesquisadores (as) tornavam-se autores(as) de seus projetos de ensino e planos de aula, nos

quais deveriam estabelecer conexões coerentes entre o saber do campo disciplinar da história

e os objetivos definidos como fundamentais para a faixa etária destinada, buscando também

articular os conhecimentos prévios dos alunos e inter-relacioná-los com determinadas

problematizações sobre o passado.

A concepção central que fundamentou a pesquisa “Saber escolar e conhecimento

histórico: itinerários para novas configurações da história escolar” compreende que a

história ensinada opera com um conhecimento que é específico e não é mera simplificação

ou adaptação do conhecimento histórico produzido pelos historiadores nas instituições

acadêmicas, pois tem um estatuto epistemológico próprio e resulta tanto do processo de

construção da história como disciplina escolar (currículos, políticas públicas, metodologias,

etc) quanto da dinâmica cotidiana da sala de aula, visto que, em última instância, o saber

ensinado resulta da interação entre professores (as) a alunos (as) (MONTEIRO, 2007).

A construção do conhecimento histórico escolar é o pressuposto que orientou a

proposta de investigar a produção recente sobre História da África, dos afrodescendentes e

indígenas a fim de produzir materiais didáticos para a educação básica, constituindo, assim,

uma estratégia de incorporação da renovação historiográfica no ensino escolar de história. A

intenção não era simplesmente propor ingenuamente a inserção de novos conteúdos no

currículo escolar. Em consonância com a produção no campo dos estudos da sociologia da

educação acerca do currículo, o primeiro movimento foi evidenciar as relações de saber-

poder presentes na seleção e tratamentos dos conteúdos curriculares e a posição estratégica

que ocupam na produção dos processos de discriminação e desigualdades culturais e sociais

(SILVA, 1995). No tocante ao objeto da pesquisa, procuramos problematizar as

conseqüências do silêncio e do ocultamento das experiências sociais de homens e mulheres

africanos, afro-descendentes e indígenas na história ensinada nas escolas brasileiras e

discutimos objetivos, conteúdos e metodologias para a construção da abordagem de

temáticas que correspondam às diretrizes da legislação.

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Ao enfatizar a relação entre materiais didáticos e conteúdos escolares nos

posicionamos na discussão sobre a utilização desses recursos em sala de aula. Diferente

daqueles que atribuem ao simples uso de materiais didáticos a função de promover

inovações nas práticas educativas, nos preocupou a concepção teórica e metodológica de

ensino-aprendizagem do conhecimento histórico escolar que orienta a elaboração desses

materiais e o agenciamento na prática pedagógica.

Compreende-se que na atuação em sala de aula, os professores estão mobilizando os

saberes disciplinares, os saberes da formação pedagógica, os saberes curriculares e os

saberes experienciais que, amalgamados, constituem os saberes docentes. Na proposta

desenvolvida, os (as) alunos (as)/pesquisadores(as) também mobilizaram seus saberes

docentes ao produzirem os materiais didáticos que utilizaram, transformando-se em autores

da mediação didática (Lopes, 1997a; 1997b), ao converter o conhecimento histórico em

conhecimento histórico escolar.

Vale ressaltar que a proposta de incorporar a renovação na produção de materiais

didáticos não se pauta pela compreensão que a História escolar deve reproduzir o mais

fielmente possível o conhecimento histórico acadêmico. Fundamentados na dimensão

educativa que, de acordo com nossa concepção, orienta a discussão dos currículos e da

prática pedagógica escolar, nos interessa incorporar as experiências sociais de homens e

mulheres africanos e afro-descendentes na história ensinada nas escolas brasileiras.

A elaboração dos materiais didáticos propriamente ditos orientou-se, preliminarmente,

por meio de eixos metodológicos, que foram problematizados no decorrer da pesquisa, no

diálogo com a produção acadêmica acerca da história ensinada: São eles: a) a construção de

problemáticas para abordagem dos conteúdos, a partir da relação presente-passado-presente,

elaboradas no diálogo com a experiência social dos alunos; b) a indissociabilidade entre

textos didáticos, fontes históricas e atividades no processo de ensino-aprendizagem do

conhecimento histórico escolar; c) a incorporação da construção do conhecimento histórico

como objeto do ensino de história, discutindo diferentes abordagens historiográficas dos

temas em discussão; d) a utilização de fontes históricas no ensino de história, como

instrumento privilegiado para problematizar procedimentos próprios do ofício do

historiador; e) uso de diferentes linguagens na produção dos materiais didáticos, respeitando

as especificidades de cada uma e discutindo suas potencialidades para o ensino de história

(DELGADO, 2009, p. 26)

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A orientação desses alunos (as)/pesquisadores(as) obedeceu a diferentes dinâmicas:

num primeiro momento, cada docente acompanhou seus orientandos(as) na produção das

primeiras versões do material, posteriormente discutidas e analisadas em reuniões

individuais e coletivas. Com isso, procurou-se respeitar ritmos e especificidades de trabalho

de cada docente e de seus orientandos, ao mesmo tempo em que se preservou o espaço para

compartilhar experiências, nosso objetivo principal ao propor um grupo de pesquisa, assim

como o incentivo à experiências de autoria constituídas no decorrer do processo.

Nos múltiplos itinerários de pesquisa dos alunos emergiram temas específicos e

problemáticas que orientaram a elaboração dos projetos de ensino e dos planos de aula

produzidos como parte das atividades da disciplina Estágio Supervisionado em História II, a

partir de um conjunto de aulas previamente definidos com os professores co-orientadores do

Colégio de Aplicação.

Durante a prática pedagógica, com a participação dos professores (as) do Colégio de

Aplicação, avaliamos constantemente a problematização construída para cada tema e os usos

dos materiais didáticos produzidos: os textos, o trabalho com as fontes, a incorporação de

outras linguagens e o conjunto de atividades.

No decorrer do processo de preparação, regência das aulas e da constante avaliação e

redefinição das estratégias didáticas ocorridas durante as reuniões realizadas com as

professoras orientadoras e co-orientadores do estágio, os alunos foram estimulados a

produzir escritas autobiográficas em “diários de aula”, que, na acepção de Miguel Zabalza

(2004, p. 13): “são os documentos em que professores e professoras anotam suas impressões

sobre o que vai acontecendo em suas aulas”. Ou seja, os (as) alunos (as) /pesquisadores (as)

produziram Diários de Aula, trabalhando a experiência da prática de ensino por meio de uma

escrita descritiva, analítica, reflexiva e marcada pela subjetividade, responsável pela

construção de sentidos e significações da prática pedagógica vivenciada. Essas produções

foram fundamentais para a reflexão do trabalho desenvolvido e ofereceram elementos

significativos para a análise das experiências.

Posteriormente, durante o Estágio III, os alunos/pesquisadores se envolveram

amplamente na reflexão das etapas percorridas e desenvolveram diversos outros textos

decorrentes dessa reflexão. Nessa etapa, recorreram aos outros textos produzidos em

momentos anteriores como os relatórios de investigação do cotidiano escolar do Colégio de

Aplicação, o relatório de observação das aulas, os projetos de ensino, os planos de aula e os

materiais didáticos decorrentes e os diários de aula. Sendo assim, atuaram na construção de

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uma escrita que buscava, de forma reflexiva, reelaborar as concepções da experiência

docente. No decorrer desse trabalho, os alunos incorporaram a análise de temas suscitados

durante a prática pedagógica e que se relacionavam com o currículo em ação. Desse

conjunto, destacam-se as discussões acerca das interações estabelecidas com os alunos e que

estavam relacionadas às formas de recepção do trabalho desenvolvido (com os textos, as

atividades, a análise de fontes históricas e as diferentes linguagens e as problematizações

acerca do passado-presente-passado); as interações verbais e não verbais decorrentes da

própria dinâmica cotidiana da sala de aula e do desenvolvimento de um saber da experiência

dos (as) alunos (as) /pesquisadores (as); a construção das regras e a disciplina no cotidiano

da sala de aula; as interações com os alunos com necessidades especiais; as diversas formas

de gestão do tempo da sala de aula e da escola; a avaliação como componente do processo

de ensino aprendizagem, entre outros temas.

Paralelamente, produziram novas versões dos materiais didáticos que incorporaram as

questões apresentadas no decorrer da docência e que compõem um Cd-Room com o objetivo

de divulgar o produto final do trabalho junto ao Colégio de Aplicação da UFSC e outras

instituições de ensino da rede pública de Florianópolis.

Para compartilhar as experiências desenvolvidas com um público ampliado, também

foram produzidos trabalhos para apresentação em congressos e artigos, que compõem duas

publicações. A primeira intitulada Experiências de Ensino de História no Estágio

Supervisionado publicado em 2011 (SILVA, et. al. 2011), da qual faz parte um texto da

professora Andréa Ferreira Delgado que sistematiza parte do trabalho desenvolvido no

primeiro ano do projeto de pesquisa, assim como artigos dos alunos que concluíram o

Estágio Supervisionado em História III no segundo semestre de 2010 sob a sua orientação,

além de outros textos de reflexões sobre o ensino de história e experiências de Estágio

Supervisionado de alunos da UDESC. Neste ano de 2012 foi publicado o segundo volume

deste livro, que recebeu o mesmo título do primeiro (ROSSATO, et. al. 2012) e dele fazem

parte um artigo da professora Mônica Martins da Silva que apresenta as linhas gerais que

estruturou o seu trabalho, além de três artigos que correspondem às reflexões de três grupos

de alunos que, sob a sua orientação, concluíram a disciplina Estágio Supervisionado de

História III no segundo semestre de 2011, além de textos de experiências de Estágio

Supervisionado de outros projetos. Essas publicações consolidam a experiência de autoria

desses alunos, estimulada no decorrer do projeto.

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Conclusão

No desenvolvimento da pesquisa “Saber Escolar e conhecimento histórico: itinerários

para novas configurações da história ensinada” procuramos contribuir com a formação

inicial de professores de história introduzindo a autoria como componente fundamental do

seu processo formativo. Compreendemos que o desenvolvimento da escrita no decorrer da

formação dos alunos, associada a práticas de pesquisa, colaborou para que esses alunos

desenvolvessem habilidades importantes para a sua prática profissional, pois tais atividades

inserem o professor como sujeito da sua prática pedagógica, ao capacitá-lo a refletir e

construir os caminhos teóricos e metodológicos do seu trabalho. Ao mesmo tempo,

compreendemos que as escritas produzidas no decorrer do estágio supervisionado

possibilitaram aos alunos a construção de uma “consciência de si”, dos limites e

possibilidades do ofício da docência, refletindo e reconstruindo valores, concepções e

representações de si e da prática profissional.

Por fim, destaca-se que essa pesquisa procurou colaborar no desenvolvimento dos

objetivos do Programa de Consolidação das Licenciaturas-Prodocência, ao fortalecer a

UFSC como instituição que atua com compromisso e seriedade na formação inicial de

professores, além de consolidar a relação do estágio com a rede pública de ensino de

Florianópolis, por meio da parceria estabelecida com o Colégio de Aplicação/UFSC.

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