saberes e práticas de inclusão

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Page 1: Saberes e práticas de inclusão
Page 2: Saberes e práticas de inclusão

Presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da Silva

Ministro da EducaçãoFernando Haddad

Secretário ExecutivoJosé Henrique Paim Fernandes

Secretária de Educação EspecialClaudia Pereira Dutra

Page 3: Saberes e práticas de inclusão

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃOSecretaria de Educação Especial

Saberes e práticas da inclusão

Recomendações para a construçãode escolas inclusivas

Brasília – 2006

Page 4: Saberes e práticas de inclusão

Série: SABERES E PRÁTICAS DA INCLUSÃO

Caderno do Coordenador e Formador de Grupo

Recomendações para a construção de escolas inclusivas

Desenvolvendo Competências para o Atendimento às Necessidades Educacionais Especiais de Alunos Surdos

Desenvolvendo Competências para o Atendimento às Necessidades EducacionaisEspeciaisdeAlunoscomDeficiênciaFísica/neuro-motora

Desenvolvendo Competências para o Atendimento às Necessidades EducacionaisEspeciaisdeAlunoscomAltasHabilidades/Superdotação

Desenvolvendo Competências para o Atendimento às Necessidades Educacionais Especiais de Alunos Cegos e de Alunos com Baixa Visão

AvaliaçãoparaIdentificaçãodasNecessidadesEducacionaisEspeciais

FICHA TÉCNICA

Coordenação GeralSEESP/MEC

Revisão TécnicaFranciscaRoseneideF.doMonteDenise de Oliveira Alves

Revisão de textoMariadeFátimaCardosoTelles

ConsultoriaMariaSaleteFábioAranha

Saberesepráticasdainclusão:recomendaçõesparaaconstruçãodeescolasinclusivas.[2.ed.]/coordenaçãogeralSEESP/MEC.–Brasíla:MEC,SecretariadeEducaçãoEspecial,2006.

96p.(Série:Saberesepráticasdainclusão)

1.Educaçãoinclusiva.2.Direitoàeducação.3.Necessidadeseducacionais.4.Educaçãodepessoascomdeficiências.I.Brasil.SecretariadeEducaçãoEspecial.

CDU:376.014CDU376.3

DadosInternacionaisdeCatalogaçãonaPublicação(CIP)

Page 5: Saberes e práticas de inclusão

Apresentação

Prezado(a)Professor(a),

AEducaçãoEspecial,comoumamodalidadedeeducaçãoescolarqueperpassatodasasetapaseníveisdeensino,estádefinidanasDiretrizesNacionaisparaaEducaçãoEspecialnaEducaçãoBásicaqueregulamentaagarantiadodireitode acesso e permanência dos alunos com necessidade educacionais especiais e orienta para a inclusão em classes comuns do sistema regular de ensino.

Considerandoa importânciada formaçãodeprofessores e anecessidadedeorganização de sistemas educacionais inclusivos para a concretização dos direitos dos alunos com necessidade educacionais especiais a Secretaria de Educação EspecialdoMECestáentregandoacoleção “Saberes e Práticas da Inclusão”,queabordaasseguintestemáticas:

. Cadernodocoordenadoredoformadordegrupo.

. Recomendações para a construção de escolas inclusivas.

. Desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos surdos.

. Desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos com deficiência física/neuro-motora.

. Desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos com altas habilidades/superdotação.

. Desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos cegos e com baixa visão.

. Avaliaçãoparaidentificaçãodasnecessidadeseducacionaisespeciais.Desejamossucessoemseutrabalho.

Secretaria de Educação Especial

Page 6: Saberes e práticas de inclusão

“O quadro a seguir ilustra como se deve entender e ofertar os serviços deeducaçãoespecial,comoparteintegrantedosistemaeducacionalbrasileiro,emtodososníveisdeeducaçãoeensino”.(ParecerCNE/CEBNº17/2001)

Page 7: Saberes e práticas de inclusão

Familiarizando-se com a Declaração de Salamanca

Sumário

Introdução 7

Educação Especial e Necessidades Educacionais Especiais

Texto: Resolução nº 2, de 11 de setembro

de 2001

Currículo Escolar e Adequações Curriculares

91

Estudando a Relação entre o Desenvolvimento e

a Aprendizagem

• Textos: O Conceito de Zona de Desenvolvimento

Proximal

Pensando Sobre o Processo de Ensino e

Aprendizagem

A Diversidade no Contexto Educacional

• Texto: Refletindo sobre a Diversidade

que Constitui Nosso Alunado

9

13

39

57

83

1

Refletindo sobre as Consequências Práticas da Declaração de Salamanca

Texto: Declaração de Salamanca sobre princípios, política e prática em Educação Especial

2

3

4

5

6

Page 8: Saberes e práticas de inclusão
Page 9: Saberes e práticas de inclusão

�RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

FINALIDADEFamiliarizaroprofessorcomaDeclaraçãodeSalamanca,documentoproduzidopelaConferênciaMundialsobreNecessidadesEducacionaisEspeciais,realizadaem Salamanca, Espanha, sob o patrocínio da UNESCO e do Ministério daEducaçãoeCiência,daEspanha,noperíodode7-10dejunhode1994.Nestedocumentosãoanalisadasmudançasnecessáriasparafavoreceracapacitaçãodas escolas para atender a todas as crianças, sobretudo às que apresentamnecessidades educacionais especiais.

EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEMAofinaldestemódulo,oprofessordeverásercapazde:1. Discutir criticamente sobre os capítulos I, II e III da Declaração de

Salamanca:• “Novasidéiassobreasnecessidadeseducacionaisespeciais”• “Diretrizesdeaçãonoplanonacional”• “Diretrizesdeaçãonosplanosregionaleinternacional”

2. DiscutirsobreaspossíveisimplicaçõeseducacionaisdaimplementaçãodasaçõesrecomendadasnaDeclaraçãodeSalamanca(1994).

CONTEÚDO• Declaração de Salamanca.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAUNESCO & MEC-Espanha (1994).Declaração de Salamanca e Linha de

Ação.Brasília:CORDE.

Introdução

Page 10: Saberes e práticas de inclusão
Page 11: Saberes e práticas de inclusão

�RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

TEMPO PREVISTO08horas

FINALIDADE DO ENCONTROFavorecer,aoprofessor,oconhecimentoeacompreensãosobreoconteúdodaDeclaração de Salamanca.

EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEMAofinaldesteencontro,oprofessordeleparticipantedeverásercapazde:1. Dissertarsobreoprincípiofundamentalqueregeasescolasintegradoras.2. Dissertarsobreanaturezadeumaescolaintegradora.3. Dissertarsobrearelaçãoentreaeducaçãoespecialeoensinocomum.4. Dissertarsobreasdiretrizes,deaçãonoplanonacional:

• PolíticaeOrganização• Fatores Escolares• Contratação e Formação do Pessoal Docente• Serviços Externos de Apoio• ÁreasPrioritárias• Participação da Comunidade• RecursosNecessários

CONTEÚDOPolítica e Organização1. Educaçãoparatodos,2. Atendimentoàsnecessidadeseducacionaisespeciais,3. Legislaçãobásicaelegislaçãodeapoio,4. Políticaseducacionais(local,estadualenacional).

Iº ENCONTRO

1. FAMILIARIZANDO-SE COM A DECLARAÇÃO DE

SALAMANCA

Page 12: Saberes e práticas de inclusão

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RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

Fatores Escolares1. Flexibilidade do programa de estudos;2. Gestãoescolar;3. Informaçãoepesquisa.

Contratação e Formação do Pessoal Docente1. Programasdeformaçãoinicial;2. Autonomiapedagógica;3. Educaçãocontinuada;4. PapeldasUniversidades.

Serviços Externos de Apoio1. Fontes de apoio externo às escolas comuns;2. Coordenaçãolocal.

Áreas Prioritárias1. EducaçãoPré-Escolar;2. Preparaçãoparaavidaadulta;3. EducaçãodeMeninas;4. Educaçãocontinuadaedeadultos.

Participação da Comunidade1. Interação com os pais;2. Participaçãonacomunidade;3. Funçãodasorganizaçõesdevoluntários;4. Sensibilizaçãopública.

Recursos Necessários1. Políticadefinanciamento;2. Alocaçãoedistribuiçãoderecursosfinanceiros.

MATERIALUNESCO&MEC-Espanha(1994).DeclaraçãodeSalamancaeLinhadeAçãoSobreNecessidadesEducacionaisEspeciais.Brasília:CORDE.

Page 13: Saberes e práticas de inclusão

11RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

SEQÜÊNCIA DE ATIVIDADES

1. Estudo dirigido (2h) Oformadordeverásolicitaraogrupodeparticipantesquesedividaemsub-

gruposdeatéquatropessoas,para leituraediscussãosobreos itens1-25,70-73,dodocumentoDeclaraçãodeSalamancaeLinhadeAção.

Cadagrupodeveleratenciosamentecadaitem,sublinhandoa(s)palavra(s)chave(s)que,aseuver,representa(m)oconteúdorelevante.

Recomenda-seque,nodecorrerdaleitura,ogrupodiscutasobreoconteúdodecadaitem,relacionando-ocomsuarealidadedetrabalho.

Para facilitar o processo de estudo, recomenda-se, ainda, que cada grupoescolhaumdeseusparticipantesparaapresentaroprodutodeseutrabalhoemplenária,posteriormente.

2. Intervalo (20 min.)

3. Plenária (1h 1omin.) Cadagrupodeveráapresentar,emplenária,oconjuntodepalavraschaves

eoconteúdodiscutidoacercadecadapalavrachave.Recomenda-sequeocoordenadorescrevanoquadrooconteúdorelevantedecadaapresentação,buscandoidentificar,comosparticipantes,ospontosemcomumeospontosdedivergência,constantesdasidéiasapresentadas.

4. Fechamento (30 min.) Finalmente,oformadordeveráelaborar,juntamentecomosparticipantes,

umasíntesequeretrateoconjuntodeidéiasquerepresentaoconsenso,ouasidéiasdamaioriadosparticipantes.

5. Intervalo para o almoço (1h 30m.)

6. Estudo dirigido (2h) Os participantes deverão se agrupar novamente, desta vez para a leitura,

estudoediscussãosobreositens26-69,daDeclaraçãodeSalamanca. Recomenda-seomesmoprocedimentodesublinhara(s)palavra(s)chave(s)

queaseuverrepresenta(m)oconteúdorelevantedecadaitem,equeogrupodiscutasobreoconteúdo,relacionando-ocomsuarealidadedetrabalho.

7. Intervalo (20 min.)

Page 14: Saberes e práticas de inclusão

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RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

8. Plenária (1h 10 min.) Cadagrupodeveráapresentar,emplenária,oconjuntodepalavraschaves

eoconteúdodiscutidoacercadecadapalavrachave.Recomenda-sequeoformador escreva no quadro o conteúdo relevante de cada apresentação,buscandoidentificar,comosparticipantes,ospontosemcomumeospontosdedivergência,constantesdasidéiasapresentadas.

9. Fechamento (30 min.) Finalmente,oformadordeveráelaborar,juntamentecomosparticipantes,

umasíntesequeretrateoconjuntodeidéiasquerepresentaoconsensoouasidéiasdamaioriadosparticipantes.

Page 15: Saberes e práticas de inclusão

13RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

TEMPO PREVISTO04horas

FINALIDADE DO ENCONTROFavoreceraoprofessorareflexãosobresuarealidadeprofissionalesuapráticapedagógica,bemcomosobreosajustesqueparecemsernecessários,paraquese atenda às propostas contidas na Declaração de Salamanca.

EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEMAofinaldesteencontrooprofessordeleparticipantedeverásercapazde:1. Analisar a Instituição de ensino, em que trabalha, do ponto de vista da

propostadeeducaçãoparatodosedoprincípiodaescolainclusiva.2. Identificarnecessidadesdeajustes,especialmentenoquesereferea:

• Projetopedagógico;• Práticapedagógica;• Didática;• Relação entre a educação especial e o ensino comum;• Políticaeducacional(naunidadeescolar,nomunicípio,noestado);• Gestão escolar;• Flexibilidade do programa de estudos;• Informaçãoepesquisa;• Educaçãocontinuadadoprofessor;• PapeldasUniversidades,narelaçãodidático-pedagógica;• Fontes de apoio externo à escola;• Coordenaçãolocal:comoé,comofunciona;• EducaçãoPré-Escolar;• Preparação para a vida adulta;• EducaçãodeMeninas;• Educação continuada e de adultos;• Interação com os pais;• Participação na comunidade;

2º ENCONTRO

2. REFLETINDO SOBRE AS CONSEQÜÊNCIAS PRÁTICAS DA DECLARAÇÃO

DE SALAMANCA

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RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

• Organizaçõesdevoluntários;• Sensibilizaçãopública;• RecursosNecessários.

CONTEÚDOConseqüênciaspráticasdaspropostascontidasnaDeclaraçãodeSalamanca.

MATERIALUNESCO:&MEC-Espanha(1994).DeclaraçãodeSalamancaeLinhadeAção:sobrenecessidadeseducacionaisespeciais.Brasília:CORDE.

SEQÜÊNCIA DE ATIVIDADES

1. Estudo dirigido (1h 30m.) Oformadordeverásolicitaraogrupodeparticipantesquemantenhaadivisão

em subgrupos de até quatro pessoas, conforme organizado no encontroanterior.

Cadagrupodeverádiscutirsobreositensapresentadosabaixo,privilegiandoa realidade da prática profissional de seus participantes, como foco daanálise.

Recomenda-sequecadagrupofaçaumasíntesedasprovidênciasesugestõesproduzidasnogrupo,paraposteriorutilizaçãoprática.

2. Intervalo (20 min.)

3. Atividade em grupo (40 min.) Ogrupodeverácriaralgumtipoderepresentaçãoqueilustrecomoentende

ser,atualmente,suarealidadedeatuaçãoprofissional,ecomoentendequeela deva ser transformada, para corresponder às propostas contidas naDeclaração de Salamanca.

4. Apresentação da produção dos grupos (60 min.) Cada subgrupo deverá apresentar seu número de representação para a

plenária.

5. Fechamento (30min.) Oformadordeveráencerraroencontro,fazendoumasíntesedoconhecimento

discutido e produzido nesse encontro.

Page 17: Saberes e práticas de inclusão

15RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

A DECLARAÇÃO DE SALAMANCASOBRE PRINCÍPIOS, POLÍTICA E PRÁTICA EM

EDUCAÇÃO ESPECIAL

Reafirmando o direito de todas as pessoas à Educação, conforme aDeclaraçãoUniversaldeDireitosHumanos,de1948,erenovandooempenhodacomunidademundial,naConferênciaMundialsobreEducaçãoparaTodos,de1990,degarantiressedireitoatodos,independentementedesuasdiferençasparticulares;

Recordando as várias declarações das Nações Unidas que culminaramno documento das Nações Uniformes sobre a Igualdade de Oportunidadespara Pessoas com Deficiência, nas quais os Estados são instados a garantirque a educação de pessoas com deficiência seja parte integrante do sistemaeducacional;

Observando, com satisfação, a maior participação de governos, de gruposdeapoio,degruposcomunitáriosedepaise,especialmente,deorganizaçõesde pessoas com deficiências nos esforços para melhorar o acesso, aoensino, da maioria das pessoas com necessidades especiais que continuammarginalizadas;

Reconhecendo,comoprovadessecompromisso,aativaparticipação,nestaConferênciaMundial,derepresentantesdealtoníveldemuitosgovernos,deorganismosespecializadosedeorganizaçõesintergovernamentais,

1. Nós,osdelegadosdaConferênciaMundial sobreNecessidadesEducativasEspeciais, representando 92 governos e 25 organizações internacionais,reunidos nesta cidade de Salamanca, Espanha, entre 7 e 10 de junho de1994,reafirmamospelapresenteDeclaração,nossocompromissoparacomaEducaçãoparaTodos,reconhecendoanecessidadeeaurgênciadeseroensinoministrado,nosistemacomumdeeducação,atodasascrianças,jovenseadultoscomnecessidadeseducacionaisespeciais,eapoiamosalémdisso,aLinhadeAçãoparaasNecessidadesnaEducaçãoEspecial,cujoespírito,refletidoemsuasdisposiçõeserecomendações,deveorientarorganizaçõesegovernos.

2. CremoseProclamamosque:• Todasascrianças,deambosossexos,têmdireitofundamentalàeducação,

equea elasdeve serdadaaoportunidadedeobter emanterumnívelaceitáveldeconhecimentos;

Page 18: Saberes e práticas de inclusão

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RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

• Cadacriançatemcaracterísticas,interesses,capacidadesenecessidadesdeaprendizagemquelhesãopróprios;

• Os sistemas educacionais devem ser projetados e os programas aplicados demodoquetenhamemvistatodaagamadessasdiferentescaracterísticase necessidades;

• As pessoas com necessidades educacionais especiais devem ter acesso às escolascomunsquedeverãointegrá-lasnumapedagogiacentralizadanacriança,capazdeatenderaessasnecessidades;

• Asescolascomuns,comessaorientaçãointegradora,representamomeiomaiseficazdecombateratitudesdiscriminatórias,decriarcomunidadesacolhedoras,construirumasociedadeinclusivaedareducaçãoparatodos;alémdisso,proporcionamumaeducaçãoefetivaàmaioriadascriançasemelhoramaeficiênciae,certamente,arelaçãocusto-benefíciodetodoosistema educacional.

3. Apelamosatodososgovernoseosinstamosa:• Dar amais alta prioridade política e orçamentária àmelhoria de seus

sistemas educacionais, para que possam abranger todas as crianças,independentementedesuasdiferençasoudificuldadesindividuais;

• Adotar,comforçadeleioudepolítica,oprincípiodaeducaçãointegradaquepermitaamatrículadetodasascriançasemescolascomuns,amenosquehajarazõesconvincentesparaocontrário;

• Desenvolver projetos demonstrativos e incentivar intercâmbios com paísescomexperiênciaemescolasintegradoras;

• Criar mecanismos, descentralizados e participativos, de planejamento,supervisão e avaliação do ensino de crianças e adultos com necessidades educacionais especiais;

• Promoverefacilitaraparticipaçãodepais,comunidadeseorganizaçõesdepessoascomdeficiêncianoplanejamentoenoprocessodetomadadedecisões para atender a alunos e alunas com necessidades educacionais especiais;

• Despendermaioresesforçosnaprontaidentificaçãoenasestratégiasdeintervenção,assimcomonosaspectosprofissionais;

• Assegurarque,emumcontextodemudançasistemática,osprogramasdeformaçãodoprofessorado,tantoinicialcomocontínua,estejamvoltadospara atender às necessidades educacionais especiais dentro das escolas integradoras.

4. Apelamos, além disso, para a comunidade internacional; instamosparticularmente:• Os governos com programas de cooperação internacional e as organizações

internacionais de financiamento, especialmente os patrocinadores da

Page 19: Saberes e práticas de inclusão

1�RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

Conferência Mundial sobre Educação para Todos, UNESCO, UNICEF,PNUDeoBancoMundial:- Adefenderoenfoquedeescolarizaçãointegradoraeapoiarprogramas

deensinoquefacilitemaeducaçãodealunosealunascomnecessidadeseducacionais especiais;

• AsNaçõesUnidaseseusorganismosespecializados,emparticularaOIT,aOMS,aUNESCOeoUNICEF:- Aaumentarsuacontribuiçãoparaacooperaçãotécnica,eareforçar

suacooperaçãoesistemasdeintercâmbio,demodoaapoiar,deformamais eficaz, atendimentomais amplo e integrador de pessoas comnecessidades educacionais especiais;

• As organizações não-governamentais que participam da programaçãonacionaledaprestaçãodeserviços:- A fortalecer sua colaboração com os organismos oficiais nacionais

e a intensificar sua participação no planejamento, na aplicação eavaliação de uma educação integradora para alunos com necessidades educacionais especiais;

• AUNESCO,comoorganizaçãodasNaçõesUnidasparaaEducação,a;- Cuidarparaqueasnecessidadeseducacionaisespeciais façamparte

detododebatesobreaeducaçãoparatodos,nosdistintosforos;- Obter o apoio de organizações docentes, em questões relativas

ao aprimoramento da formação do professorado, com relação àsnecessidades educacionais especiais;

- Estimular a comunidade acadêmica a intensificar a pesquisa, ossistemasdeintercâmbioeacriaçãodecentrosregionaisdeinformaçãoededocumentação,eaatuartambémnadifusãodessasatividadesedosresultadoseobjetivosalcançados,noplanonacional,naaplicaçãoda presente Declaração;

- Arrecadarfundosatravésdacriação,dentrodeseupróximoPlano,emMédioPrazo(1996-2002),deumprogramamaisamploparaescolasintegradorasedeprogramasdeapoiodacomunidade,quepossibilitemodesenvolvimentodeprojetos-piloto,queofereçamnovosmeiosdedifusãoecriemindicadoresreferentesàsnecessidadeseducacionaisespeciais e ao seu atendimento.

5. Finalmente,expressamosnossomaissinceroagradecimentoaogovernodaEspanhaeàUNESCOpelaorganizaçãodestaConferência eos exortamosadesenvolver todosos esforçosnecessários,paradar conhecimentodestaDeclaraçãoedaLinhadeAçãoà comunidademundial, especialmente emforostão importantescomoaReuniãodeCúpulaparaoDesenvolvimentoSocial(emKopenhagen,em1995)eaConferênciaMundialsobreaMulher(emBeijing,em1995).

Page 20: Saberes e práticas de inclusão

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RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

Adotada por aclamação na cidade de Salamanca, Espanha,

neste décimo dia de junho de 1994.

LINHA DE AÇÃOSOBRE NECESSIDADES

EDUCACIONAIS ESPECIAIS

INTRODUÇÃO1. A presente Linha de Ação sobre Necessidades Educacionais Especiais foi

aprovada pela Conferência Mundial sobre Necessidades EducacionaisEspeciais, organizada pelo governo da Espanha em cooperação com aUNESCO, realizada em Salamanca, entre 7 e 10 de junho de 1994. Seuobjetivoédefinirapolíticaeinspiraraaçãodosgovernos,deorganizaçõesinternacionais e nacionais de ajuda, de organizações não-governamentaise outras instituições na implementação da Declaração de Salamanca sobre princípios, políticas e prática, em Educação Especial. A Linha de Açãobaseia-senaexperiênciadospaísesparticipantesetambémnasresoluções,recomendações e publicações do sistema das Nações Unidas e de outras organizações intergovernamentais, especialmente as Normas UniformessobreIgualdadedeOportunidadesparaPessoascomDeficiência1.

Considera também as propostas, diretrizes e recomendações formuladaspeloscincosemináriosregionaispreparatóriosdestaConferênciaMundial.

2.OdireitodetodacriançaàeducaçãofoiproclamadonaDeclaraçãodeDireitosHumanoseratificadonaDeclaraçãoMundialsobreEducaçãoparaTodos.

Todapessoacomdeficiênciatemodireitodemanifestarseusdesejosquantoasuaeducação,namedidadesuacapacidadedeestarcertadisso.Ospaistêmodireitoinerentedeseremconsultadossobreaformadeeducaçãoquemelhorseajusteàsnecessidades,circunstânciaseaspiraçõesdeseusfilhos.

3. Oprincípio fundamental desta Linha de Ação é de que as escolas devemacolher todas as crianças, independentemente de suas condições físicas,intelectuais, sociais, emocionais, lingüísticas ou outras. Devem acolhercrianças com deficiência e crianças com superdotação; crianças de rua eque trabalham; crianças de populações distantes ou nômades; criançaspertencentesaminoriaslingüísticas,étnicasouculturaisecriançasdeoutrosgruposou zonas,desfavorecidasoumarginalizadas.Tais condições geramuma variedade de diferentes desafios aos sistemas escolares.No contexto

NormasuniformesdasNaçõesUnidassobreIgualdadedeoportunidadesparapessoascomdeficiência.

Page 21: Saberes e práticas de inclusão

1�RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

Resolução48/96,aprovadapelaAssembléiaGeraldasNaçõesUnidas,emsua48°Reuniãode20.12.1993.

destaLinhadeAção,otermo“necessidadeseducacionaisespeciais”refere-sea todas as crianças ou jovens cujas necessidades decorrem de sua capacidade oudificuldadesdeaprendizagem.Muitascriançasexperimentamdificuldadesde aprendizagem e, portanto, apresentam necessidades educacionaisespeciais, em algum momento de sua escolarização. As escolas têm queencontraramaneiradeeducarcomêxitotodasascrianças,incluindoaquelasquepossuamdesvantagensseveras.Écadavezmaiorumconsensodequecriançasejovenscomnecessidadeseducacionaisespeciaissejamincluídosnos planos de educação elaborados para a maioria das crianças.

Isto levou ao conceito de escola integradora. O desafio que enfrentam asescolasintegradoraséodedesenvolverumapedagogiacentradanacriança,capaz de educar com sucesso todas as crianças, incluindo aquelas quesofremdedeficiênciasgraves.Oméritodetaisescolasnãoestásomentenacapacidadededispensareducaçãodequalidadeatodasascrianças;comsuacriação, dá-se umpassomuito importante para tentarmudar atitudes dediscriminação,criarcomunidadesqueacolhamatodosedesenvolverumasociedade inclusiva.

4.Asnecessidadeseducacionaisespeciaisincorporamosprincípiosjáprovadosde uma pedagogia equilibrada que beneficia todas as crianças. Parte doprincípiodequetodasasdiferençashumanassãonormaisedequeoensinodeve,portanto,ajustar-seàsnecessidadesdecadacriança,emvezdecadacriançaseadaptaraossupostosprincípiosquantoaoritmoeànaturezadoprocessoeducativo.Umapedagogiacentralizadanacriançaépositivaparatodososalunose,conseqüentemente,paratodaasociedade.Aexperiênciatemdemonstradoqueépossívelreduzirataxadedesistênciaerepetênciaescolar (que são tão características de tantos sistemas educacionais) e aomesmo tempo garantir ummaior índice de êxito escolar.Umapedagogiacentradana criançapode contribuirpara evitar odesperdíciode recursoseafrustraçãodeesperanças,conseqüênciasfreqüentesdamáqualidadedoensinoedamentalidadedeque“oqueébomparaumébomparatodos”.Asescolascentradasnacriançasão,alémdomais,abaseparaaconstruçãodeumasociedadecentradanaspessoas,querespeitetantoasdiferençasquantoadignidadedetodosossereshumanos.Umamudançadeperspectivasocialéimperativa.Durantemuitotempo,osproblemasdaspessoascomdeficiênciasforamagravadosporumasociedademutiladoraquesefixavamaisemsuaincapacidadedoqueemseupotencial.

Page 22: Saberes e práticas de inclusão

20

RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

5.EstaLinhadeAçãocompreendeasseguintespartes: NovasIdéiassobreasNecessidadesEducacionaisEspeciais; Diretrizes de Ação no Plano Nacional; PolíticaeOrganização; Fatores Escolares; Contratação e Formação do Pessoal Docente; Serviços Externos de Apoio; ÁreasPrioritárias; Participação da Comunidade; RecursosNecessários; Diretrizes de Ação nos Planos Regional e Internacional.

NOVAS IDÉIAS SOBRE AS NECESSIDADES

EDUCACIONAIS ESPECIAIS

6.Atendênciadapolíticasocialduranteasduasúltimasdécadasfoiadefomentaraintegraçãoeaparticipação,edelutarcontraaexclusão.Aintegraçãoeaparticipação são essenciais àdignidadehumanaedogozo e exercíciodosdireitoshumanos.Nocampodaeducação,istoserefletenodesenvolvimentodeestratégiasquepossibilitemumaautênticaigualdadedeoportunidades.Aexperiênciademuitospaísesdemonstraqueaintegraçãodecriançasejovenscomnecessidadeseducacionaisespeciais,éalcançada,deumaformamaiseficaz,emescolasintegradorasparatodasascriançasdeumacomunidade.É nesse ambiente que crianças com necessidades educacionais especiaispodem progredir no terreno educativo e no da integração social. As escolas integradoras constituemummeio favorável à consecuçãoda igualdadedeoportunidadesdacompletaparticipação;mas,paraterêxito,requeremumesforçocomum,nãosódosprofessoresedopessoalrestantedaescola,mastambémdoscolegas,pais,famíliasevoluntários.Areformadasinstituiçõessociais não constitui somente uma tarefa técnica,mas depende, acimadetudo,deconvicções,compromissoeboavontadedetodososindivíduosqueintegram a sociedade.

7. Oprincípiofundamentalqueregeasescolasintegradoraséodequetodasascriançasdevemaprender juntas,semprequepossível, independentementede quaisquer dificuldades ou diferenças que elas possam ter. As escolasintegradorasdevemreconhecerasdiferentesnecessidadesdeseusalunoseaelasatender;adaptar-seaosdiferentesestiloseritmosdeaprendizagemdascriançaseassegurarumensinodequalidadeatodos,atravésdeumadequadoprograma de estudos, de boa organização escolar, criteriosa utilizaçãodos recursos e entrosamento com suas comunidades. Deverá ser de fato,uma contínuaprestaçãode serviços e de ajudapara atender às contínuasnecessidadesespeciaisquesurgemnaescola.

Page 23: Saberes e práticas de inclusão

21RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

8. Nasescolasintegradoras,criançascomnecessidadeseducacionaisespeciaisdevemrecebertodoapoioadicionalnecessário,paraassegurarumaeducaçãoeficaz.Aescolarizaçãointegradoraéomodomaiseficazparaconstruçãodesolidariedade entre crianças com necessidades educacionais especiais e seus colegas.Aescolarizaçãodecriançasemescolasespeciais,ouclassesespeciais,naescola,decaráterpermanente,deveráserumaexceção,aserrecomendadasomente naqueles casos, pouco freqüentes, nos quais se demonstre que aeducação na classe regular não pode atender às necessidades educacionais ou sociais da criança, ouquandonecessáriopara obemestardela, oudeoutras crianças.

9. A situação com relação às necessidades educacionais especiais varia muitodepaísparapaís.Hápaíses, por exemplo, emqueháboas escolasespeciais para alunos comdeficiências específicas. Essas escolas especiaispodem representar um valioso recurso para o desenvolvimento de escolas integradoras. Os profissionais destas instituições especiais possuem nívelde conhecimento necessário para a pronta identificação de crianças comdeficiências.Escolasespeciaispodemservircomocentrodeformaçãoederecursoparaopessoaldasescolascomuns.Finalmente,escolasespeciais-ou departamentos nas escolas integradoras -podem continuar oferecendouma educação mais adequada aos poucos alunos que não podem seradequadamente atendidas em classes ou escolas comuns. A inversãonas atuais escolas especiais deverá ser’ orientada para facilitar seu novocompromissodeprestarapoioprofissionalàsescolascomuns,paraqueestaspossam atender às necessidades educacionais especiais. O pessoal das escolas especiais pode dar uma importante contribuição para as escolas comuns no quedizrespeitoàadaptaçãodoconteúdoedométodo,dosprogramasdeestudo,àsnecessidadesindividuaisdosalunos.

10.Países que têm poucas ou nenhuma escola especial fariam bem, de ummodogeral,emconcentrarseusesforçosnacriaçãodeescolasintegradorase de serviços especializados, sobretudo na formação do pessoal docenteem necessidades educacionais especiais e na criação de centros com bons recursos de pessoal e de equipamento, aos quais as escolas pudessemrecorrer para servir à maioria de crianças e jovens.

A experiência, principalmente nos países em vias de desenvolvimento,indicaqueoaltocustodeescolasespeciaissignificanaprática,queapenasumapequenaminoriadealunos,emgeralumaeliteurbana,sebeneficiadelas. A grande maioria de alunos com necessidades especiais residente particularmente nas áreas rurais, necessita, por conseqüência, dessetipo de serviço.De fato, emmuitos países em desenvolvimento, estima-seemmenosdeumporcentoonúmerodeatendimentosdealunoscom

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RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

necessidadeseducacionaisespeciais.Alémdisso,aexperiênciasugerequeescolas integradoras,destinadasa todasas criançasdacomunidade, têmmaisêxitonahoradeobteroapoiodacomunidadeedeencontrarformasinovadoresecriativasdeutilizaroslimitadosrecursosdisponíveis.

11. Oplanejamentooficialdaeducaçãodeverácentrar-senaeducaçãodetodasaspessoas,detodasasregiõesdopaís,edequalquercondiçãoeconômica,tantonasescolaspúblicas,comonasparticulares.

12.Umavezque,nopassado,umnúmerorelativamentepequenodecriançascomdeficiênciapôdeteracessoàeducação,especialmentenospaísesemdesenvolvimento,hámilhõesdeadultoscomdeficiênciaquenãopossuemsequerosrudimentosdeumaeducaçãobásica.Énecessário,portanto,quese realize um esforço comumpara que todas as pessoas comdeficiênciasejamdevidamentealfabetizadas,pormeiodeprogramasdeeducaçãodeJovens e Adultos.

13.É particularmente importante que se reconheça que mulheres têmfreqüentemente sido duplamente prejudicadas, como mulheres e comopessoascomdeficiência.Tantomulherescomohomensdeverãoparticipar,emigualdadedecondições,naelaboraçãodosprogramasdeeducaçãoeterasmesmasoportunidadesedesebeneficiardeles.Serianecessáriorealizaresforços, sobretudopara fomentaraparticipaçãodemeninasemulherescomdeficiênciaemprogramaseducacionais.

14.EstaLinhadeAçãofoiconcebidaparaservirdediretriznoplanejamentodeações responsivas a necessidades educacionais especiais.

Evidentemente,quenãosepodeenumerartodasassituaçõespossíveisdeocorrernasdiferentesregiõesepaísesdomundo;porisso,éprecisoadaptá-laparaajustar-seàscondiçõesecircunstânciaslocais.

Parasereficaz,devesercomplementadaporplanosnacionais,regionaiselocais,inspiradosnavontadepolíticaepopulardealcançaraeducaçãoparatodos.

DIRETRIZES DE AÇÃO NO PLANO NACIONAL

“POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO”.

15. A educação integrada e a reabilitação apoiada pela comunidade representam dois métodos complementares de ministrar o ensino a pessoas comnecessidades educacionais especiais. Ambas se baseiam no princípio deintegração e participação e representam modelos bem comprovados e

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23RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

muitoeficazes,emtermosdecusto,para fomentara igualdadedeacessodaspessoascomnecessidadeseducacionaisespeciais,quefazpartedeumaestratégianacionalcujoobjetivoéconseguireducaçãoparatodos.Ospaísessãoconvidadosaconsiderarasações, aseguirmencionadas,nahoradeorganizareelaborarapolíticadeseussistemaseducacionais.

16. Alegislaçãodevereconheceroprincípiodeigualdadedeoportunidades,decrianças,jovenseadultoscomdeficiências,noensinoprimárias,secundáriasesuperior,ensinoministrado,semprequepossível,emcentrosintegrados.

17. Deverãoseradotadasmedidaslegislativasparalelasecomplementares,emsaúde,nobem-estar social,na formaçãoprofissionalenoemprego,paraapoiaretornarefetivasalegislaçãoeducacional.

18.Aspolíticaseducacionaisemtodososníveis,donacional“aolocal,devemestipularquea criançacomdeficiência freqüenteaescolamaispróxima,ou seja, a escola que freqüentaria caso não tivesse uma deficiência. Asexceçõesaestanormadeverãoserconsideradasindividualmente,casoporcaso,somentenoscasosemquesejaimperativoqueserecorraainstituiçãoespecial”.

19. A integração de crianças com deficiência deverá fazer parte dos planosnacionais de educação para todos. Mesmo naqueles casos excepcionaisem que crianças sejam colocadas em escolas especiais, não é necessárioque sua educação seja completamente isolada. Dever-se-á procurar quefreqüente,emtempoparcial,escolascomuns.Deverãosertomadasmedidasnecessáriasparaconseguiramesmapolíticaintegradoradejovenseadultoscomnecessidadesespeciais,noensinosecundárioesuperior,assimcomonosprogramasde formação.Atençãoespecialdeveráserdadaàgarantiada igualdade de acesso e oportunidade para meninas e mulheres comdeficiências.

20. Atenção especial deverá ser dispensada às necessidades das crianças ejovens com deficiências múltiplas ou severas. Eles possuem os mesmosdireitosqueoutrosnacomunidade,deviraseradultoquedesfrutemdeummáximodeindependência,esuaeducaçãodeveráserorientadanessesentido,namedidadesuascapacidades.

21. As políticas educacionais deverão levar em consideração as diferençasindividuaiseasdiversassituações.Deveser levadaemconsideração,porexemplo,aimportânciadalinguagemdossinaiscomomeiodecomunicaçãoparaos surdos, e ser asseguradoa todosos surdos acessos ao ensinoda

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RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

línguadesinaisdeseupaís.Devidoàsnecessidadesespecíficasdossurdosedaspessoassurdas/cegas,seriamaisconvenientequeaeducaçãolhesfosseministradaemescolasespeciaisouemclassesouunidadesespeciais,emescolas comuns.

22.Areabilitaçãobaseadanacomunidadedevefazerpartedeumaestratégiageral destinada aministrar ensino e capacitação eficazes a pessoas comnecessidadeseducacionaisespeciais,emfunçãodoscustos.Areabilitaçãobaseada na comunidade deverá constituir um método específico dedesenvolvimentocomunitárioquetendaareabilitar,oferecerigualdadedeoportunidadesefacilitaraintegraçãosocialdepessoascomdeficiência.Suaaplicaçãodeveseroresultadodeesforçosconjuntosdasprópriaspessoascomdeficiências,desuasfamíliasecomunidadesedosserviçosapropriadosdeeducação,saúde,profissionaisedeassistênciasocial.

23.Tanto as políticas como os acordos de financiamento devem fomentare propiciar a criação de escolas integradoras. Deverão ser superados os obstáculosqueimpeçamatransferênciadeescolasespeciais,paraescolascomuns e a organização de uma estrutura administrativa comum. Os progressos em direção à integração deverão ser auferidos por meio deestatísticas e pesquisas capazes de comprovar o número de alunos comdeficiências que se beneficiam dos recursos, conhecimentos técnicos eequipamentosdestinadosaatenderapessoascomnecessidadeseducacionaisespeciais,assimcomoonúmerodealunoscomnecessidadeseducacionaisespeciais,matriculadosnasescolascomuns.

24.Devesermelhorada,emtodososníveis,acoordenaçãoentreosresponsáveispeloensinoeosresponsáveispelasaúdeeassistênciasocial,comoobjetivode se criar uma convergência e uma eficaz complementaridade. Nosprocessos de planejamento e de coordenação tambémé preciso tambémlevar em conta o papel real e o potencial que podem desempenhar asorganizaçõessemipúblicaseorganizaçõesnão-governamentais.Umesforçoespecial deverá ser feitono sentidode se obter apoioda comunidade aoatendimento das necessidades educacionais especiais.

25.Autoridadesnacionaistêmaresponsabilidadedemonitorarofinanciamentoexternoàatençãoàsnecessidadeseducacionaisespeciaise,emcooperaçãocom seus parceiros internacionais, assegurar que tal financiamentocorresponda às prioridades nacionais e políticas que objetivem atingireducaçãoparatodos.Porsuavez,asorganizaçõesbilateraisemultilateraisdeajudadeverãoestudar,atentamente,econsiderar,cuidadosamente,aspolíticasnacionais,noqueserefereàsnecessidadesdaeducaçãoespecialno planejamento e implementação de programas em educação e áreascorrelatas.

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25RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

FATORES ESCOLARES

26.A criaçãode escolas integradoras,queatendamaumgrandenúmerodealunosnaszonasruraiseurbanas,requeraformulaçãodepolíticasclarasedecisivasdeintegraçãoeumadequadofinanciamento;esforçoemníveldeinformaçãopúblicapara lutarcontraospreconceitose fomentaratitudespositivas;extensoprogramadeorientaçãoedeformaçãoprofissionaiseosnecessáriosserviçosdeapoio.Seránecessáriointroduzirasmudançasnaescolarizaçãoqueaseguirsedetalham,emuitasoutras,paraoêxitodasescolasintegradoras:oprogramadeestudos,construções,organizaçãodaescola,pedagogia,avaliação,dotaçãodepessoal,éticaescolareatividadesextra-escolares.

27.A maioria das mudanças necessárias não se limita à integração decriançascomdeficiência.Elasfazempartedeumareformamaisampladaeducação,necessáriaparaoaprimoramentodesuaqualidadeerelevância,e da promoção de um maior aproveitamento escolar por parte de todos os alunos.NaDeclaraçãoMundialsobreEducaçãoparaTodosfoiressaltadaanecessidadedeummodeloquegarantisseaescolarizaçãosatisfatóriadetodaapopulaçãoinfantil.Aadoçãodesistemasmaisflexíveiseadaptativos,capazesdelevaremconsideraçãoasdiferentesnecessidadesdascrianças,contribuirátantoparaosucessoeducacional,quantoparaaintegração.Asseguintesdiretrizescentralizam-senospontosquedevemserconsideradosnahoradeintegrarcriançascomnecessidadeseducacionaisespeciaisemescolas integradoras.

FLEXIBILIDADE DO PROGRAMA DE ESTUDOS

28. O currículo deve ser adaptado às necessidades das crianças, e não ocontrário.Asescolasdeverão,porconseguinte,ofereceropçõescurricularesqueseadaptemàscriançascomhabilidadeseinteressesdiferentes.

29. Crianças com necessidades educacionais especiais devem receber apoio instrucionaladicionalnoprogramaregulardeestudos,aoinvésdeseguirum programa de estudos diferente. O princípio norteador será o deprovidenciar, a todas as crianças, a mesma educação e também proverassistênciaadicionaleapoioàscriançasqueassimorequeiram.

30.Aaquisiçãodeconhecimentonãoéapenasumasimplesquestãodeinstruçãoformaleretórica.Oconteúdodoensinodeveatenderàsnecessidadesdosindivíduos,comoobjetivodetorná-losaptosaparticiparplenamentenodesenvolvimento.Oensinodeveser relacionadoàsprópriasexperiênciasdosalunosecomseusinteressesconcretos,paraqueassimsesintammaismotivados.

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RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

31.Paraqueoprogressodacriançasejaacompanhado,asformasdeavaliaçãodevemserrevistas.Avaliaçãoformativadeveráserincorporadanoprocessoeducacionalregular,nosentidodemanteralunoseprofessoresinformadosdograudeaprendizagemalcançada,bemcomoidentificarasdificuldadespresentes,paraauxiliarosalunosasuperá-las.

32.Aalunoscomnecessidadeseducacionaisespeciaisdeveráserdispensadoapoiocontínuo,desdeaajudamínima,nasclassescomuns,atéaaplicaçãodeprogramassuplementaresdeapoiopedagógico,naescola,ampliando-os,quandonecessário,parareceberaajudadeprofessoresespecializadosede pessoal de apoio externo.

33.Quando necessário, dever-se-á recorrer a ajudas técnicas apropriadas eexeqüíveis,paraseobterumaboaassimilaçãodoprogramadeestudosefacilitaracomunicação,amobilidadeeaaprendizagem.Asajudastécnicastornar-se-ão mais econômicas e eficazes, quando vindas de um centrocomumemcadalocalidade,noqualsedisponhadeconhecimentostécnicos,paraajustá-lasàsnecessidadesindividuaisemantê-lasatualizadas.

34.Pesquisasregionaisenacionaisdevemserdesenvolvidasparaaelaboraçãode tecnologia de apoio apropriado à educação especial. Os países queratificaramoAcordodeFlorençadeverãoserinstadosausartalinstrumento,parafacilitaralivrecirculaçãodemateriaiseequipamentosrelacionadosàsnecessidadesdaspessoascomdeficiências.Damesmaforma,Estados,queaindanãotenhamaderidoaoAcordo,ficamconvidadosaassimfazê-loparaquesefacilitealivrecirculaçãodeserviçosebensdenaturezaeducacionale cultural.

GESTÃO ESCOLAR

35. Os Administradores locais e os diretores de escolas podem dar uma grandecontribuiçãoparaqueasescolas respondammaisacriançascomnecessidades educacionais especiais, desde de que a eles seja dada aautoridade necessária e adequada capacitação. (Eles administradorese diretores) devem ser convidados a desenvolver uma administraçãocom procedimentos mais flexíveis, a remanejar recursos pedagógicos, adiversificarasopçõeseducativas,afacilitaramútuaajudaentrecrianças,a oferecer apoio a alunos que estejam experimentando dificuldades, eestabelecer relações com pais e a comunidade. Uma gestão escolar bem sucedidadependedeumenvolvimentoativo e criativodosprofessores edopessoal,bemcomodacolaboraçãoefetivaedetrabalhoemgrupo,paraatender às necessidades dos alunos.

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2�RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

36.Os diretores dos centros escolares deverão cuidar, especialmente, defomentar atitudes positivas na comunidade escolar e propiciar eficazcooperaçãoentreprofessoresepessoaldeapoio.Asmodalidadesadequadasdeapoioeaexatafunçãodosdiversosparticipantesnoprocessoeducacionaldeverão ser decididas por meio de consultas e negociações.

37.Toda escola deve ser uma comunidade coletivamente responsável peloêxito ou fracasso de cada aluno.O corpo docente, e não cada professor,individualmente, deverá partilhar a responsabilidade pela educaçãode crianças com necessidades especiais. Pais e voluntários deverão serconvidadosassumirparticipaçãoativanotrabalhodaescola.Professores,no entanto, possuem um papel fundamental enquanto administradoresdoprocessoeducacional,apoiandoascriançasatravésdousoderecursosdidáticosdisponíveis,tantodentrocomoforadasaladeaula.

INFORMAÇÃO E PESQUISA

38.A difusão de exemplos de práticas bem sucedidas pode contribuir parao aprimoramento do processo de ensino e de aprendizagem. São muito valiosas, também, informações resultantes de pesquisas pertinentes erelativasaoassuntoemquestão.Deveráserdadoapoio,noplanonacional,ao aproveitamento das experiências comuns e à criação de centros de documentação; além disso, deverá ser melhorado o acesso às fontes deinformação.

39. Serviços educativos especiais deverão ser integrados nos programas de pesquisa e desenvolvimento de instituições de pesquisa e de centros deelaboraçãodeprogramasdeestudos.Atençãoespecialdeveráserprestadanesta área, à pesquisa-ação centralizadas em estratégias pedagógicasinovadoras. Professores deverão participar ativamente tanto da ação,quanto da reflexão envolvidas nesses programas de pesquisa. Estudos-pilotoeestudosaprofundadosdeverãoserrealizadosparaorientartomadade decisão e ações futuras. Tais experimentos e estudos poderão ser oresultadodeesforçosconjuntosdecooperaçãoentreváriospaíses.

CONTRATAÇÃO E FORMAÇÃO DO PESSOAL DOCENTE

40.Preparaçãoapropriadadetodososeducadoresconstitui-seumfator-chavena promoção da mudança para escolas integradoras. Poderão ser adotadas asdisposiçõesaseguirindicadas.Cadavezmaissereconheceaimportânciada contratação de professores que sirvam demodelo para crianças comdeficiência.

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RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

41.Osprogramasdeformaçãoinicialdeverãofavoreceratodososestudantesdepedagogia,doensinoprimárioousecundário,umaorientaçãopositivasobreadeficiência,quepermitaentenderoquesepodeconseguirnasescolas,comosuportedosserviçosdeapoiodisponíveis.Oconhecimentoehabilidadesrequeridasdizemrespeitoprincipalmenteàboapráticadeensinoeincluema avaliaçãodenecessidades especiais, adaptaçãodo conteúdo curricular,utilizaçãodetecnologiadeassistência,individualizaçãodeprocedimentosdeensino,paraatenderaummaiornúmerodeaptidões,etc.Naformaçãodosprofessores,atençãoespecialdeveráserdadaàpreparaçãodetodososprofessores,paraqueexercitemsuaautonomiaeapliquemsuashabilidadesna adaptação do currículo, e da instrução, para atender às necessidadesespeciaisdosalunos,bemcomoparacolaborarcomosespecialistasecomos pais.

42.Umproblemarecorrenteemsistemaseducacionais,mesmonaquelesqueprovêemexcelentesserviçosparaalunoscomdeficiências,refere-seàfaltademodelos para esses alunos. Alunos com necessidades educacionais especiais precisamdeoportunidadesdeinteragircomadultoscomdeficiênciasquetenhamobtidosucesso,deformaqueelespossamterumpadrãoparaseusprópriosestilosdevidaeaspirações,combaseemexpectativasrealistas.Alémdisso,alunoscomdeficiênciasdeverãosercapacitadoseprovidosdeexemplosdeatribuiçãodepoderedeliderança,deformaqueelespossam,futuramente, contribuir para a definição de políticas que os afetarão.Sistemas educacionais deverão, portanto, procurar contratar professorescapacitadoseoutroseducadorescomdeficiênciaedeverãobuscar,também,oenvolvimentodeindivíduoscomdeficiências,quesejambemsucedidos,equeresidamnamesmaregião.

43.As habilidades requeridas para responder as necessidades educacionaisespeciais deverão ser levadas em consideração durante a avaliação dos estudosedagraduaçãodeprofessores.

44.Será prioritário preparar manuais e organizar seminários para gestoreslocais,supervisores,diretoreseprofessores,comoobjetivodedotá-losdacapacidadedeassumirfunçõesdiretivasnesseâmbito,deprestarapoio,ede capacitar pessoal docente com menor experiência.

45.Omenor desafio reside na provisão de formação em serviço a todos osprofessores, levando-se em consideração as variadas e freqüentementedifíceis condições sob as quais eles trabalham. A formação em serviçodeverá,semprequepossível,serdesenvolvidaaoníveldaescolaepormeiodeinteraçãocomformadores,apoiadaportécnicasdeeducaçãoàdistânciaeoutrastécnicasautodidáticas.

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2�RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

46.A capacitação pedagógica especializada em necessidades educacionaisespeciais, que permita adquirir competências adicionais, deverá serdispensada, normalmente, de forma paralela à formação ordinária, parafinsdecomplementaçãoedemobilidade.

47. Acapacitaçãodeprofessoresespecializadosdeveráserreexaminada,comvistaa lhespermitirotrabalhoemdiferentescontextos,eodesempenhode umpapel chave nos programas relativos a necessidades educacionaisespeciais.Seunúcleocomumdeveserummétodogeral,queabranjatodosostiposdedeficiência,antesdeseespecializaremumaouváriascategoriasparticularesdedeficiência.

48.Universidadespossuemumpapelmajoritárionosentidodeaconselhamentonoprocessodedesenvolvimentodaeducaçãoespecial,especialmentenoquedizrespeitoàpesquisa,avaliação,preparaçãodeformadoresdeprofessoresedesenvolvimentodeprogramasemateriaispedagógicos.

Deveráserfomentadaacriaçãodesistemasentreuniversidadesecentrosdeensinosuperiornospaísesdesenvolvidoseemdesenvolvimento.Aligaçãoentrepesquisaetreinamentonestesentidoédegrandesignificado.

Tambémémuitoimportanteoenvolvimentoativodepessoascomdeficiênciaempesquisaeemtreinamentoparaqueseassegurequesuasperspectivassejam completamente levadas em consideração.

SERVIÇOS EXTERNOS DE APOIO

49. A provisão de serviços de apoio é de fundamental importância para osucessodepolíticaseducacionaisinclusivas.Paraqueseassegureque,emtodososníveis,serviçosexternossejamcolocadosàdisposiçãodecriançascomnecessidadesespeciais,asautoridadesdeeducaçãodeverãolevaremcontaosseguintespontos:

50.Apoioàsescolascomunsdeveráserprovidenciadotantopelasinstituiçõesdetreinamentodeprofessoresquantopelotrabalhodecampodosprofissionaisdasescolasespeciais.Osúltimosdeverãoserutilizadoscadavezmaiscomocentrosderecursosparaasescolasregulares,oferecendoapoiodiretoàquelascriançascomnecessidadeseducacionaisespeciais.Tantoasinstituiçõesdetreinamento como as escolas especiais podem prover o acesso a materiais eequipamentos,bemcomootreinamentoemestratégiasdeinstruçãoquenãosejamoferecidasnasescolascomuns.

51.Oapoioexternoprestadoporpessoalespecializado,dedistintosorganismos,departamentoseinstituições,taiscomoprofessoresconsultores,psicólogos

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RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

escolares, fonoaudiólogos e reeducadores, etc., deverá ser coordenadoem nível local. Os agrupamentos de escolas têm comprovadamente seconstituídonumaestratégiaútilnamobilizaçãoderecursoseducacionais,bem como no envolvimento da comunidade. Grupos de escolas poderiam ser coletivamente responsáveis pela provisão de serviços a alunos comnecessidadeseducacionaisespeciais,dando-lhesaoportunidadedefazeraconseqüentealocaçãoderecursos.Taisarranjostambémdeverãoenvolverserviços não educacionais. De fato, a experiência sugere que serviçoseducacionais se beneficiariam significativamente caso maiores esforçosfossemfeitosparaasseguraroótimousodetodooconhecimentoerecursosdisponíveis.

ÁREAS PRIORITÁRIAS

52.A integração de crianças e jovens, com necessidades educacionaisespeciaisseriamaiseficazebemsucedidaseosseguintesserviçosfossem,especialmenteconsiderados,noplanejamentoeducativo:educaçãoinfantil,paragarantiraeducabilidadedetodasascrianças,transiçãodaeducaçãoparaavidaadultadotrabalhoeeducaçãodemeninas.

Educação Infantil53.Osucessodeescolasintegradorasdepende,emgrandeparte,daidentificação

precoce,avaliaçãoeestimulaçãodecriançaspré-escolarescomnecessidadeseducacionaisespeciais.Assistênciainfantileprogramaseducacionaisparacriançasatéaidadedeseisanosdeverãoserdesenvolvidose/oureorientados,parareorientá-las,comvistasaoseudesenvolvimentofísico,intelectualesocialeaprontidãoparaaescolarização.Taisprogramaspossuemumgrandevaloreconômicoparaoindivíduo,afamíliaeasociedade,naprevençãodoagravamentodecondiçõesqueinabilitamacriança.Programasnesteníveldeverão reconhecer o princípio da inclusão e ser desenvolvidos de umamaneiraabrangente,pormeiodacombinaçãodeatividadespré-escolaresesaúdeinfantil(cuidadossanitáriosdaprimeirainfância).

54. Vários países têm adotado políticas que favorecem a educação infantil,tantoporintermédiodoapoioparaodesenvolvimentodecrechesedepré-escolas,comopelaorganizaçãodeinformaçãoàsfamíliasedeatividadesdesensibilização,juntamentecomosserviçoscomunitários(saúde,cuidadosmaternoseinfantis),comescolasecomassociaçõeslocaisdefamílias,oudemulheres.

Preparação para a Vida Adulta55.Jovens, com necessidades educacionais especiais, deverão ser auxiliados

nosentidoderealizaremumatransiçãoefetivadaescolaparaotrabalho.

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31RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

Escolasdeverãoajudá-losase tornareconomicamenteativoseprovê-loscomashabilidadesnecessáriasaocotidianodavida,oferecendotreinamentoemhabilidadesquecorrespondamàsdemandassociaisedecomunicação,eàsexpectativasdavidaadulta.Istoimplicaemtecnologiasadequadasdetreinamento,incluindoexperiênciasdiretasemsituaçõesdavidareal,foradaescola.Ocurrículoparaestudantesmaismadurosecomnecessidadeseducacionais especiaisdeverá incluirprogramas específicosde transição,apoiodeentradaparaaeducaçãosuperior,semprequepossível,esubseqüentecapacitação profissional, que os prepare a funcionar independentementeenquantomembroscontribuintesemsuascomunidades,apósotérminodaescolarização.Taisatividadesdeverãoserexecutadascomoenvolvimentoativo de conselheiros vocacionais, oficinas de trabalho, associações deprofissionais,autoridadeslocaiseseusrespectivosserviçoseagencias.

Educação de Meninas56.Meninas com deficiências encontram-se em dupla desvantagem. Um

esforço especial é necessário para se educar meninas com necessidadeseducacionais especiais. Além de ganhar acesso à escola, meninas comdeficiênciadeverãoteracessoà informação,orientaçãoemodelosqueasauxiliema fazerescolhasrealistaseaspreparemparadesempenharseusfuturospapéisenquantomulheresadultas.

Educação Continuada e de Adultos57.Pessoas com deficiência deverão receber atenção especial quanto ao

desenvolvimento e implementação de programas de educação de jovens e adultos, bem como de estudos posteriores. Deverão ainda receberprioridadedeacessoataisprogramas.Cursosespeciais tambémpoderãoserdesenvolvidosparaatenderemàsnecessidadesecondiçõesdediferentesgruposdeadultoscomdeficiência.

PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE

58.A realização do objetivo de uma educação, bem-sucedida, de criançascomnecessidadeseducacionaisespeciaisnãoconstituitarefasomentedosMinistériosdeEducaçãoedasescolas.Elarequeracooperaçãodasfamíliaseamobilizaçãodascomunidadesedeorganizaçõesvoluntárias,assimcomooapoiodopúblicoemgeral.Aexperiênciaprovidaporpaísesouáreasquetêmtestemunhadoprogressonaequalizaçãodeoportunidadeseducacionaisparacriançascomdeficiênciasugereumasériedeliçõesúteis.

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RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

Interação com os pais59.Aeducaçãode crianças, comnecessidades educacionais especiais, éuma

tarefa a ser dividida entre pais e profissionais. Uma atitude positiva daparte dos pais favorece a integração escolar e social. Pais necessitamdeum apoio para que possam assumir seus papéis de pais de uma criançacom necessidades especiais. O papel das famílias e dos pais deverá seraprimoradopormeiodaprovisãodeinformaçãonecessária,emlinguagemclaraesimples,satisfazersuasnecessidadesdeinformaçãoedecapacitaçãono atendimento aos filhos, é uma tarefa de singular importância, emcontextosculturais,comescassatradiçãodeescolarização.

60.Paisconstituemparceirosprivilegiadosnoqueconcerneàsnecessidadesespeciaisdesuascrianças,edestamaneiraelesdeverão,omáximopossível,teraoportunidadedepoderescolhero tipodeprovisãoeducacionalqueeles desejam para suas crianças.

61.Uma parceria cooperativa e de apoio entre administradores escolares,professoresepaisdeveráserdesenvolvida,epaisdeverãoserconsideradosparceiros ativos nos processos de tomada de decisão. Pais deverão ser encorajados a participar de atividades educacionais em casa e na escola (onde eles podem observar técnicas efetivas e aprender como organizaratividadesextracurriculares),bemcomodasupervisãoedaofertadeapoioà aprendizagem de suas crianças.

62.Governosdeverãotomaraliderançanapromoçãodeparceriacomospais,pormeio tanto de declarações políticas, quanto legais, no que concerneaos direitos paternos. O desenvolvimento de associações de pais deveráser promovido e seus representantes envolvidos no delineamento e na implementação de programas que visem o aprimoramento da educaçãodeseusfilhos.Organizaçõesdepessoascomdeficiênciastambémdeverãoserconsultadas,noquedizrespeitoaodelineamentoeimplementaçãodeprogramas.

Participação da comunidade63.Adescentralizaçãoeoplanejamentolocalfavorecemummaiorenvolvimento

de comunidades na educação e na capacitação de pessoas com necessidades educacionais especiais. Administradores locais deverão encorajar a participação da comunidade por meio da garantia de apoio as associações representativas, convidando-as a tomarem parte no processo de tomadadedecisões.Para isto,deverão ser criadosmecanismosdemobilização edesupervisão,que incluamaadministraçãocivil local,asautoridadesdedesenvolvimentoeducacionaledesaúde,líderescomunitárioseorganizações

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33RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

voluntárias,emáreasgeográficassuficientementepequenasparaassegurarumaparticipaçãocomunitáriasignificativa.

64.Oenvolvimentocomunitáriodeveráserbuscado,nosentidodecomplementarasatividadesescolares,deprestarajudaparaaconcretizaçãodosdeveresdecasaedecompensarafaltadeapoiofamiliar.Nestesentido,opapeldasassociaçõesdebairrodeverásermencionado,parafacilitarajudas locais,bemcomoopapeldasassociaçõesdefamílias,declubesemovimentosdejovens,considerando,também,aparticipaçãoimportantedaspessoasidosase outros voluntários, incluindo pessoas com deficiências, em programastantodentrocomoforadaescola.

65.Semprequeumaaçãodereabilitaçãocomunitáriasejaprovidaporiniciativaexterna, cabe à comunidade decidir se o programa se tornará parte dasatividades de desenvolvimento da comunidade. Aos vários parceiros nacomunidade, incluindoorganizaçõesdepessoas comdeficiência e outrasorganizações não-governamentais, deverá ser dada a devida autonomiapara se tornarem responsáveis pelo programa. Quando for o caso, asorganizaçõesgovernamentaisnacionaiseregionaisdeverãoprestartambémapoiofinanceiroedeoutranatureza.

Função das Organizações de Voluntários66.Umavezqueorganizaçõesvoluntáriasenão-governamentaispossuemmaior

liberdade para agir e podem responder mais prontamente às necessidades identificadas, elas deverão ser apoiadas para formular novas idéias eproporserviçosinovadores.Taisorganizaçõespodemdesempenharopapelfundamental de inovadores e de catalisadores e expandir a variedadedeprogramasdisponíveisnaeparaacomunidade.

67.Organizaçõesdepessoas comdeficiências, ou seja, aquelasquepossuaminfluência decisiva deverão ser convidadas a tomar parte ativa naidentificação de necessidades, expressando sua opinião a respeito deprioridades,administrandoserviços,avaliandodesempenhoedefendendomudanças.

Sensibilização Pública68.Políticos em todos os níveis, incluindo o nível da escola, deverão

regularmentereafirmarseucompromissoparacomainclusãoepromoveratitudespositivasentreascrianças,professoreseopúblicoemgeral,noquedizrespeitoaosquepossuemnecessidadeseducacionaisespeciais.

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RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

69.Amídiapossuiumpapelfundamentalnapromoçãodeatitudespositivasfrente à integração de pessoas com deficiência na sociedade, superandopreconceitosemáinformação,edifundindoummaiorotimismoeimaginaçãosobreascapacidadesdaspessoascomdeficiência.Amídia tambémpodepromover atitudes positivas em empregadores com relação ao emprego de pessoas com deficiência. Amídia deverá acostumar-se a informar aopúblicoarespeitodenovasabordagensemeducação,particularmentenoque se refere à provisão de educação especial nas escolas regulares, pormeiodapopularizaçãodeexemplosdeboapráticaedeexperiênciasbemsucedidas.

RECURSOS NECESSÁRIOS

70. Acriaçãodeescolas integradorascomoomodomaisefetivodeatingiraeducaçãopara todos,deve ser reconhecida comoumapolítica-chavequedeverá ocupar lugar de destaque no programa de desenvolvimento deumpaís.Ésomentedestamaneiraqueosrecursosadequadospodemserobtidos.Mudanças nas políticas e prioridades não serão eficazes, se nãofor atendidoummínimode requisitos,noque se refere a recursos. Seránecessário chegar a um compromisso político, tanto em nível nacional,como em nível da comunidade, para a alocação de novos recursos ou oremanejamentodosjáexistentes.Aomesmotempoemqueascomunidadesdevemdesempenharopapel-chavededesenvolverescolasintegradoras,étambémprimordialoapoioeoencorajamentodosgovernos,embuscadesoluçõeseficazeseviáveis.

71. Adistribuiçãoderecursosàsescolasdeverálevaremconsideração,deumamaneirarealista,asdiferençasdegastosnecessários,paraseprovereducaçãoapropriadaparatodasascriançasquepossuemdiferentescapacidades.Omaisrealistaseriainiciarpeloapoioàsescolasquedesejampromoverumaeducação inclusiva,eo lançamentodeprojetos-pilotoemalgumasáreas,paraadquiriro conhecimentonecessárioparaumagradativaexpansãoegeneralização progressivas. No processo de generalização da educação integradora,oníveldesuporteedeespecializaçãodeverácorresponderànatureza da demanda.

72.Recursos também devem ser alocados para serviços de apoio, para aformaçãodeprofessores,acentrosderecursoseaprofessoresencarregadosdaEducaçãoEspecial.Tambémdeveráserproporcionadaumaassistênciatécnica apropriada para assegurar umabem sucedida implementação deum sistema educacional integrador. Abordagens integradoras deverão,portanto,estarligadasaodesenvolvimentodeserviçosdeapoio,emníveisnacional e local.

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35RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

73.Ummodoefetivodeobteromáximoproveitoéaintegraçãodosrecursoshumanos institucionais, logísticos, materiais e financeiros dos váriosdepartamentosministeriais(Educação,Saúde,Bem-EstarSocial,Trabalho,Juventude,etc.),dasautoridadeslocaiseterritoriaisedeoutrasinstituiçõesespecializadas.Umaabordagemconjunta,tantosocialquantoeducacional,noqueserefereàeducaçãoespecial,exigiráestruturaseficazesdegestão,quefavoreçamacooperaçãodosdiversosserviços,noplanonacionalelocal,e que permitam a colaboração entre autoridades públicas e organismosassociativos.

III - DIRETRIZES DE AÇÃO NOS PLANOS REGIONAL E

INTERNACIONAL

74. A cooperação internacional entre organizações governamentais e não-governamentais,regionaiseinter-regionais,podedesempenharumpapelmuitoimportantenoapoioaomovimentofrenteaescolasintegradoras.Combase em experiências anteriores nesta área, organizações internacionais,intergovernamentaisenão-governamentais,bemcomoagênciasdoadorasbilaterais,poderiamconsiderarauniãodeseusesforçosnaaplicaçãodosseguintesenfoquesestratégicos.

75.Assistênciatécnicadeveráserdirecionadaaáreasestratégicasdeintervençãocomumefeitomultiplicador,especialmenteempaísesemdesenvolvimento.Umadasprincipaistarefasdacooperaçãointernacionalseráapoiaroiníciodepequenosprojetos-pilotocujoobjetivosejaacomprovaçãodosenfoquese a criação de capacidades.

76.A organização de parcerias regionais ou de parcerias entre países comabordagenssemelhantesnotocanteàeducaçãoespecialpoderiaresultarnoplanejamentodeatividadesconjuntassobosauspíciosdemecanismosdecooperaçãoregionalousub-regional.Taisatividadespoderiamaproveitaraseconomiasdeescala,parasebasearnaexperiênciadospaísesparticipantes,efomentaracriaçãodecapacidadesnacionais.

77.Umamissãoprioritáriadasorganizações internacionaiséa facilitaçãodointercâmbio de dados e a informação e resultados de programas-piloto,em educação especial, entre países e regiões. O acervo de indicadores,internacionaiscomparáveissobreosavançosdaintegraçãonoensinoenoemprego,deveráfazerpartedeumbancomundialdedadossobreeducação.Centrosde ligaçãopoderiam ser criadosnas sub-regiões, para facilitar ointercâmbiode informações.Asestruturasexistentesemnível regionale

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RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

internacionaldeverãoserfortalecidasesuasatividadesestendidasacampostaiscomopolítica,programação,treinamentodepessoaleavaliação.

78.Uma alta percentagem de deficiência constitui resultado direto da faltadeinformação,dapobrezaedebaixospadrõesdesaúde.Tendoemvistao aumentodos casos de deficiêncianomundo, sobretudonos países emdesenvolvimento, uma ação conjunta deve ser desenvolvida no planointernacional,emestreitacolaboraçãocomesforçosnacionais,nosentidodeprevenirascausasdedeficiências,atravésdaeducação,aqual,porsuavez,reduziráaincidênciaeaprevalênciadedeficiências,reduzindotambémas demandas sobre os limitados recursos humanos e financeiros dessespaíses.

79.Assistênciainternacionaletécnica,àsnecessidadeseducacionaisespeciaisprocedem demuitas fontes. Portanto, torna-se essencial que se garantacoerência e complementaridade entre organizações do sistema das Nações Unidaseoutrasagênciasqueprestamassistêncianestaárea.

80. Cooperação internacional deverá apoiar a realização de seminários decapacitação avançada para administradores e outros especialistas em nívelregionalereforçaracooperaçãoentreuniversidadeseinstituiçõesdetreinamento,emdiversospaíses,paraaconduçãodeestudoscomparativos,bemcomoparaapublicaçãodereferênciasdocumentáriasedemateriaisdidáticos.

81. A Cooperação internacional deverá auxiliar no desenvolvimento deassociações, regionais e internacionais, de profissionais envolvidoscom o aperfeiçoamento da educação especial e deverá apoiar a criaçãoe disseminação de boletins e publicações, bem como a organização deconferênciaseencontrosregionais.

82. Encontros regionais e internacionais, referentes a questões relativas àeducaçãodeverãogarantirquenecessidadeseducacionaisespeciaissejamincluídascomoparteintegrantedodebate,enãosomentecomoumaquestãoem separado. Comomodo de exemplo concreto, a questão da educaçãoespecialdeveráfazerpartedapautadeconferênciasministeriaisregionais,organizadas pela UNESCO e por outras agências intergovernamentais.

83.Cooperaçãointernacionaltécnicaeagênciasdefinanciamento,envolvidaseminiciativasdeapoioedesenvolvimentodaEducaçãoparaTodos,deverãoassegurarqueaeducaçãoespecial sejaumaparte integrantede todososprojetos em desenvolvimento.

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3�RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

84.Deverásercriadaumacoordenação,noplanointernacional,parafavorecernas tecnologias da comunicação, os requisitos de acesso universal queconstituemofundamentodanovainfra-estruturadainformação.

85.EstaLinhadeAçãofoiaprovadaporaclamação,apósdiscussãoeemenda,na sessão Plenária da Conferência de 10 de junho de 1994. Ela tem oobjetivodeguiarosEstadosMembros,asorganizaçõesgovernamentaisenão-governamentaisnaimplementaçãodaDeclaraçãodeSalamancasobrePrincípios,PolíticaePráticaemEducaçãoEspecial.

Procedimentos-Padrão das Nações Unidas para a Equalização de Oportunidades para Pessoas com deficiências, A/RES/48/96, Resolução das Nações Unidas adotada em Assembléia Geral.

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3�RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

TEMPO PREVISTO08HORAS

FINALIDADE DO ENCONTROFavorecer condições para que o professor discuta e reflita sobre educaçãoespecial e necessidades educacionais especiais na perspectiva da educação inclusiva,tendocomobaseasDiretrizesNacionaisparaaEducaçãoEspecialna EducaçãoBásica.

EXPECTATIVA DE APRENDIZAGEMAofinaldesteencontro,oprofessorparticipantedeverásercapazdediscutir,criticamente sobre as Diretrizes, a Educação Especial e as necessidadeseducacionaisespeciaiscomvistasaressignificarsuaprática.

CONTEÚDO1. ResoluçãoCNE/CEBnº2,deSetembrode20012. NovaConcepçãodeEducaçãoEspecial3. NecessidadesEducacionaisEspeciais

MATERIALDiretrizes NacionaisparaaEducaçãoEspecialnaEducaçãoBásica/SecretariadeEducaçãoEspecial–Brasília,MEC,SEESP,2001.AdaptaçõesCurriculares.Brasília:MEC/SEF/SEESP,1999.

3 º ENCONTRO

3. EDUCAÇÃO ESPECIAL E NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS

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RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

SEQÜÊNCIA DE ATIVIDADES

1. Estudo dirigido Oprofessorformadordeverásolicitaraosparticipantesquesedividamem

grupos de atéquatropessoas,paraleituraediscussãododocumento.

2. Intervalo (15 min.)

3. Estudo dirigido (60 min.) Comoroteiroparaadiscussãosugere-sequesejamabordadas,pelosgrupos,

asseguintesquestões:• Oquemudounaeducaçãoespecial?• Oquesãonecessidadeseducacionaisespeciais?• Qual a importância das diretrizes para a construção do sistema educacional

inclusivo?• Queaspectosdevemserconsideradosparaquesepromovaumaeducação

dequalidadeparatodasascrianças?• Quais são as propostas que envolvem a Educação Especial e qual a

populaçãoqueeladeveatender?

Sugere-se que o grupo seja incentivado a elaborar uma síntese das idéiasproduzidas pelas discussões.

4. Plenária e Fechamento (1h. e 30 min.) Apósotérminodotempodeestudodirigido,cadagrupodeveráapresentar,

aoplenário,assíntesesproduzidasnadiscussãodascincoquestões. Assíntesesapresentadasdeverãoserdiscutidascriticamente,destavezno

âmbitodoplenário.Deverádarsuporteàdiscussão,introduzindoquestõesqueampliemofocodeanálisedosprofessores,provocandooestabelecimentoderelaçõeslógicasentreostópicosabordados,prestandoinformaçõesquesejampertinentesàdiscussãoemediandoaelaboraçãodeumasíntesefinalquerepresenteposicionamento do grupo.

EDUCAÇÃO ESPECIAL

A Educação Especial tem sido atualmente definida no Brasil segundo umaperspectiva mais ampla, que ultrapassa a concepção de atendimentosespecializados,talcomovinhasendoasuamarcanosúltimostempos.

ConformedefineanovaLDB,trata-sedeumamodalidadedeeducaçãoescolar,voltadaparaaformaçãodoindivíduo,comvistasaoexercíciodacidadania.

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41RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

Como elemento integrante e indistinto do sistema educacional, realiza-setransversalmente, em todos os níveis de ensino, nas instituições escolares,cujoprojeto,organizaçãoepráticapedagógicadevemrespeitaradiversidadedos alunos, a exigir diferenciações nos atos pedagógicos que contemplem asnecessidadeseducacionaisdetodos.Osserviçoseducacionaisespeciais,emboradiferenciados,nãopodemdesenvolver-seisoladamente,masdevemfazerpartedeumaestratégiaglobaldeeducaçãoevisarsuasfinalidadesgerais.

A análise de diversas pesquisas brasileiras identifica tendências que evitamconsiderar a educação especial como um subsistema à parte e reforçam oseu caráter interativonaeducaçãogeral.Suaação transversalpermeia todosos níveis - educação infantil, ensino fundamental, ensinomédio e educaçãosuperior,bemcomoasdemaismodalidades-educaçãode jovenseadultoseeducaçãoprofissional.

NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS

Aatençãoàdiversidadedacomunidadeescolarbaseia-senopressupostodequearealizaçãodeadequaçõescurricularespodeatenderanecessidadesparticularesdeaprendizagemdosalunos.Consideramqueaatençãoàdiversidadedeveseconcretizaremmedidasquelevamemcontanãosóascapacidadesintelectuaiseosconhecimentosdosalunos,mas,também,seusinteressesemotivações.

Aatençãoàdiversidadeestá focalizadanodireitodeacessoàescolaevisaàmelhoriadaqualidadedeensinoeaprendizagemparatodos, irrestritamente,bemcomoasperspectivasdedesenvolvimentoesocialização.Aescola,nessecontexto, busca consolidar o respeito às diferenças, conquanto não elogie adesigualdade.Asdiferençasvistasnãocomoobstáculosparaocumprimentodaaçãoeducativa,mas,podendoedevendoserfatoresdeenriquecimento.

A diversidade existente na comunidade escolar contempla uma ampla dimensão de características. Necessidades educacionais podem ser identificadas emdiversas situações representativas de dificuldades de aprendizagem, comodecorrência de condições individuais, econômicas ou socioculturais dosalunos:

• crianças com condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais esensoriaisdiferenciadas;

• criançascomdeficiênciaebemdotadas;• criançastrabalhadorasouquevivemnasruas;• criançasdepopulaçõesdistantesounômades;• criançasdeminoriaslingüísticas,étnicasouculturais;• criançasdegruposdesfavorecidosoumarginalizados.

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RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

Aexpressãonecessidadeseducacionaisespeciaispodeserutilizadaparareferir-se a crianças e jovens cujas necessidades decorrem de sua elevada capacidade oudesuasdificuldadesparaaprender.Estáassociada,portanto,adificuldadesdeaprendizagem,nãonecessariamentevinculadaadeficiência(s).

O termo surgiu para evitar os efeitos negativos de expressões utilizadas nocontexto educacional - deficientes, excepcionais, subnormais, superdotados,infradotados, incapacitados etc. - para referir-se aos alunos com altashabilidades/superdotação,aosqueapresentamdeficiênciascognitivas,físicas,psíquicasesensoriais.Temopropósitodedeslocarofocodoalunoedirecioná-loparaasrespostaseducacionaisqueelesrequerem,evitandoenfatizarosseusatributosoucondiçõespessoaisquepodem interferirnasuaaprendizagemeescolarização.Éumaformadereconhecerquemuitosalunos,queapresentamounãodeficiênciasousuperdotação,possuemnecessidadeseducacionaisquepassamaserespeciaisquandoexigemrespostasespecíficasadequadas.

Oquesepretenderesgatarcomessaexpressãoéoseucaráterdefuncionalidade,ou seja, o que qualquer aluno pode requerer do sistema educativo quandofreqüentaaescola.Issorequerumaanálisequebusqueverificaroqueocorrequandosetransformaasnecessidadesespeciaisdeumacriançanumacriançacom necessidades especiais. Com freqüência, necessitar de atenção especialnaescolapoderepercutirnoriscodetornar-seumapessoacomnecessidadesespeciais. Não se trata de mero jogo de palavras ou de conceitos.

Falaremnecessidadeseducacionaisespeciais,portanto,deixadeserpensarnasdificuldadesespecíficasdosalunosepassaasignificaroqueaescolapodefazerparadarrespostasàssuasnecessidades,deummodogeral,bemcomoaosqueapresentamnecessidadesespecíficasmuitodiferentesdosdemais.

Consideraosalunos,deummodogeral, comopassíveisdenecessitar,mesmoque temporariamente, de atenção específica e poder requerer um tratamentodiversificadodentrodomesmocurrículo.Nãosenegaoriscodadiscriminação,dopreconceitoedosefeitosadversosquepodemdecorrerdessaatençãoespecial.

Em situação extrema, a diferença pode conduzir à exclusão. Por culpa dadiversidadeoudenossadificuldadeemlidarcomela?

Nesse contexto, a ajuda pedagógica e os serviços educacionais, mesmo osespecializados - quando necessários - não devem restringir ou prejudicar ostrabalhosqueosalunoscomnecessidadesespeciaiscompartilhamnasaladeaula com os demais colegas. Respeitar a atenção à diversidade e manter a ação pedagógica“normal”pareceserumdesafiopresentenaintegraçãodosalunoscommaioresoumenosacentuadasdificuldadesparaaprender.

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43RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

Embora asnecessidades especiais na escola sejamamplas e diversificadas, aatual Política Nacional de Educação Especial aponta para uma definição deprioridadesnoquese refereaoatendimentoespecializadoaseroferecidonaescolaparaquemdelenecessitar.Nessaperspectiva,definecomoalunocomnecessidadeseducacionaisespeciaisaqueleque“...porapresentarnecessidadespróprias e diferentes dos demais alunos no domínio das aprendizagenscurriculares correspondentes à sua idade, requer recursos pedagógicos emetodologiaseducacionaisespecíficas.“Aclassificaçãodessesalunos,paraefeitodeprioridadenoatendimentoeducacionalespecializado(preferencialmentenarederegulardeensino),constadareferidaPolíticaedáênfaseaalunoscom:

• deficiênciamental,visual,auditiva,físicaemúltipla;• condutastípicas;e• superdotação.

Objetivando a uniformização terminológica e conceitual, a Secretaria deEducaçãoEspecialdoMinistériodaEducaçãopropõeasseguintescaracterísticasreferentesàsnecessidadesespeciaisdosalunos,queserãodescritasaseguir:

Superdotação

Notável desempenho e elevada potencialidade em qualquer dos seguintesaspectosisoladosoucombinados:

• capacidade intelectual geral;• aptidãoacadêmicaespecífica;• pensamento criativo ou produtivo;• capacidade de liderança;• talento especial para artes;• capacidade psicomotora.

Condutas Tipícas

Manifestações de comportamento típicas de portadores de síndromes equadrospsicológicos,neurológicosoupsiquiátricosqueocasionamatrasosnodesenvolvimentoeprejuízosno relacionamentosocial, emgrauque requeiraatendimento educacional especializado.

Deficiência Auditiva

Perda total ouparcial,congênitaouadquirida,dacapacidadedecompreenderafalaporintermédiodoouvido.Manifesta-secomo:

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RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

• surdezleve/moderada:perdaauditivadeaté70decibéis,quedificulta,masnãoimpedeoindivíduodeseexpressaroralmente,bemcomodeperceberavozhumana,comousemautilizaçãodeumaparelhoauditivo;

• surdezsevera/profunda:perdaauditivaacimade70decibéis,queimpedeoindivíduodeentender,comousemaparelhoauditivo,avozhumana,bemcomodeadquirir,naturalmente,ocódigodalínguaoral.Talfatofazcomquea maioria dos surdos optepelalínguadesinais.

Deficiência Física

Variedadedecondiçõesnãosensoriaisqueafetamo indivíduoemtermosdemobilidade,decoordenaçãomotorageraloudafala,comodecorrênciadelesõesneurológicas, neuromusculares e ortopédicas, ou, ainda, de malformaçõescongênitasouadquiridas.

Deficiência Mental

AAssociaçãoAmericanadeRetardoMental–AAMRpropõeummodeloparaacompreensãodadeficiênciamental,denominadoSistema2002.

Deficiência caracterizada por limitações significativas no funcionamentoIntelectualdapessoaenoseucomportamentoadaptativo–habilidadespráticas,sociaiseconceituais–originando-seantesdosdezoitoanosdeidade.(AAMR,2002,p.8)

Omodeloteórico2002defineainteraçãodinâmicaentreofuncionamentodoindivíduo,osapoiosdequedispõeeasseguintescincodimensões:

• DimensãoI–Habilidadesintelectuais;• DimensãoII–Comportamentoadaptativo(habilidadesconceituais,sociais

epráticasdevidadiária);• DimensãoIII–Participação,interaçãoepapéissociais;• DimensãoIV–Saúde(físicaemental);• DimensãoV-Contexto(ambienteecultura)

Deficiência Visual

Éareduçãoouperdatotaldacapacidadedevercomomelhorolhoeapósamelhorcorreçãoótica.Manifesta-secomo:

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45RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

• cegueira:perdadavisão, emambososolhos,demenosde0,1nomelhorolhoapóscorreção,ouumcampovisualnãoexcedentea20graus,nomaiormeridianodomelhorolho,mesmocomousodelentesdecorreção.

Sobo enfoque educacional, a cegueira representa a perda total ou o resíduomínimodavisãoquelevaoindivíduoanecessitardoSistemaBraillecomomeiodeleituraeescrita,alémdeoutrosrecursosdidáticoseequipamentosespeciaispara a sua educação;

• visãoreduzida/baixavisão:acuidadevisualdentre6/20e6/60,nomelhorolho,apóscorreçãomáxima.Soboenfoqueeducacional,trata-sederesíduovisualquepermiteaoeducandolerimpressosàtinta,desdequeseempreguemrecursosdidáticoseequipamentosespeciais.

Deficiência Múltipla

Éaassociação,nomesmo indivíduo,deduasoumaisdeficiênciasprimárias(mental/visual/auditiva/física),comcomprometimentosqueacarretamatrasosno desenvolvimento global e na capacidade adaptativa.

As classificações costumam ser adotadas para dar dinamicidade aosprocedimentos e facilitar o trabalho educacional, conquanto isso não atenueos efeitos negativos do seu uso. É importante enfatizar, primeiramente, asnecessidades de aprendizagem e as respostas educacionais requeridas pelosalunos na interação dinâmica do processo de ensino e aprendizagem.

Identificar as necessidades educacionais de um aluno como sendo especiaisimplicaconsiderarqueessasdificuldadessãomaioresqueasdorestantedeseuscolegas,depoisdetodososesforçosempreendidosnosentidodesuperá-las,pormeio dos recursos e procedimentos usuais adotados na escola. A concepção de especialestávinculadaaocritériodediferençasignificativadoqueseoferecenormalmente para a maioria dos alunos da turma no cotidiano da escola.

Confundirnecessidadeseducacionaisespeciaiscomfracassoescolaré,também,outro aspecto que merece a atenção dos educadores. São inesgotáveis asdiscussõeseasproduçõescientíficassobreofracassoescolaresuasmúltiplasfaces. Paradoxalmente, o conhecimento obtido não tem levado a respostaseficientes para a sua solução enquanto fenômeno internacionalmarcadoporinfluênciassocioculturais,políticaseeconômicas,alémderazõespedagógicas.

Durantemuitosanos,eaindaemnossosdias,háumatendênciaaatribuirofracassoescolardoaluno,exclusivamenteaele.Dessemodo,aescolaficaisenta

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RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

daresponsabilidadepelasuaaprendizagem,cabendoaprofissionaisdiversosaidentificaçãodosproblemasinerentesaseremencaminhadosesolucionadosfora da escola. O fracasso da criança passa a ser explicado sob diversasdenominaçõesecausas,comodistúrbios,disfunções,problemas,dificuldades,carência, desnutrição, família desestruturada, dentre outras, situadas maispróximasdaspatologiasedecausalidadesocialdoquedesituaçõesescolarescontextuais.

Nãosepodenegaroscondicionantesorgânicos,socioculturaisepsíquicosqueestãoassociadosaváriostiposdedeficiênciasouainfluênciaqueessesfatorespodemexercernosucessoouinsucessoescolardoeducando,masnãosepodeadvogarsuahegemoniacomodeterminantenacausalidadedofracassoescolaroucomomododejustificarumaaçãoescolarpoucoeficaz.

Essa análise remonta à mesma prática com relação a certos procedimentosoriundosdomodeloclínico,aindaaplicadoemeducaçãoespecial,quandooalunoédiagnosticado,rotulado,classificadoeencaminhadoparaosatendimentos.

Oesforçoempreendidoparamudaressaconcepçãodeeducaçãoespecialbaseia-se empressupostos atualmente defendidos ao se focalizarem as dificuldadesparaaprendernaescola.Dentreeles:

• ocaráterdeinteratividade,queimplicaarelaçãodoalunocomoaprendentee da escola como ensinante e estabelece uma associação entre o ato de ensinar e o de aprender, tendo a considerar a mediação dos múltiplosfatoresinterligadosqueinterferemnessasdinâmicasequeapontamparaamulticausalidadedofracassoescolar;

• o caráter de relatividade, que focaliza a possível transitoriedade dasdificuldades de aprendizagem, ao considerar as particularidades do alunoemdadomomentoeasalteraçõesnoselementosquecompõemocontextoescolaresocial,quesãodinâmicosepassíveisdemudança.

Nessequadro,énecessárioumnovoolharsobreaidentificaçãodealunoscomnecessidadesespeciais,bemcomosobreasnecessidadesespeciaisquealgunsalunospossamapresentar.Igualmente,umnovoolharemconsideraro papel da escola na produção do fracasso escolar e no encaminhamento de alunos paraatendimentosespecializados,dentreoutrasmedidascomumenteadotadasnapráticapedagógica.Umexemplopreocupantedodesviodessaspráticas éoencaminhamento indevidoeapermanênciadealunosemclassesespeciaiscomoresultadodaineficiênciaescolar.

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4�RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

Outroaspectoaserconsideradoéopapeldesempenhadopeloprofessordasalade aula. Não se pode substituir a sua competência pela ação de apoio exercida pelo professor especializado ou pelo trabalho das equipes interdisciplinaresquandosetratadaeducaçãodosalunos.Reconhecerapossibilidadederecorrer,eventualmente,aoapoiodeprofessoresespecializadosedeoutrosprofissionais(psicólogo,fonoaudiólogo,fisioterapeutaetc.),nãosignificaabdicaretransferirpara eles a responsabilidade do professor regente como condutor da açãodocente.

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RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

RESOLUÇÃO Nº 2, DE 11 DE SETEMBRO DE 2001.(*)(*)InstituiDiretrizesNacionaisparaaEducaçãoEspecialnaEducaçãoBásica.

OPresidentedaCâmaradeEducaçãoBásicadoConselhoNacionaldeEducação,deconformidadecomodispostonoArt.9o,§1º,alínea“c”,daLei4.024,de20dedezembrode1961,comaredaçãodadapelaLei9.131,de25denovembrode1995,nosCapítulosI,IIeIIIdoTítuloVenosArtigos58a60daLei9.394,de20dedezembrode1996,ecomfundamentonoParecerCNE/CEB17/2001,homologadopeloSenhorMinistrodeEstadodaEducaçãoem15deagostode2001,resolve:

Art.1ºApresenteResolução instituiasDiretrizesNacionaisparaaeducaçãode alunosque apresentemnecessidades educacionais especiais, naEducaçãoBásica,emtodasassuasetapasemodalidades.

Parágrafoúnico.Oatendimentoescolardessesalunosteráinícionaeducaçãoinfantil, nas creches epré-escolas, assegurando-lhes os serviçosde educaçãoespecialsemprequeseevidencie,medianteavaliaçãoeinteraçãocomafamíliaeacomunidade,anecessidadedeatendimentoeducacionalespecializado.

Art.2ºOssistemasdeensinodevemmatricular todososalunos,cabendoàsescolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidadeseducacionais especiais, assegurando as condições necessárias para umaeducaçãodequalidadeparatodos.

Parágrafo único. Os sistemas de ensino devem conhecer a demanda real deatendimento a alunos com necessidades educacionais especiais, mediante acriaçãodesistemasdeinformaçãoeoestabelecimentodeinterfacecomosórgãosgovernamentais responsáveis pelo Censo Escolar e pelo CensoDemográfico,paraatenderatodasasvariáveisimplícitasàqualidadedoprocessoformativodesses alunos.

Art. 3º Por educação especial, modalidade da educação escolar, entende-seumprocessoeducacionaldefinidoporumapropostapedagógicaqueassegurerecursoseserviçoseducacionaisespeciais,organizadosinstitucionalmenteparaapoiar,complementar,suplementare,emalgunscasos,substituirosserviçoseducacionais comuns, de modo a garantir a educação escolar e promovero desenvolvimento das potencialidades dos educandos que apresentamnecessidades educacionais especiais, em todas as etapas e modalidades daeducaçãobásica.

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4�RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

Parágrafo único. Os sistemas de ensino devem constituir e fazer funcionarumsetor responsávelpelaeducaçãoespecial, dotadasderecursoshumanos,materiais e financeiros que viabilizem e dêem sustentação ao processo deconstrução da educação inclusiva.

Art.4ºComomodalidadedaEducaçãoBásica,aeducaçãoespecialconsideraráas situações singulares, os perfis dos estudantes, as características bio-psicossociaisdosalunosesuasfaixasetáriasesepautaráemprincípioséticos,políticoseestéticosdemodoaassegurar:

I-adignidadehumanaeaobservânciadodireitodecadaalunoderealizarseusprojetosdeestudo,detrabalhoedeinserçãonavidasocial;II - a busca da identidade própria de cada educando, o reconhecimento e avalorizaçãodassuasdiferençasepotencialidades,bemcomodesuasnecessidadeseducacionaisespeciaisnoprocessodeensinoeaprendizagem,comobaseparaaconstituiçãoeampliaçãodevalores,atitudes,conhecimentos,habilidadesecompetências;III - o desenvolvimento para o exercício da cidadania, da capacidade departicipação social, política e econômica e sua ampliação, mediante ocumprimentodeseusdevereseousufrutodeseusdireitos.

Art.5ºConsideram-seeducandoscomnecessidadeseducacionaisespeciaisosque,duranteoprocessoeducacional,apresentarem:

I - dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo dedesenvolvimentoquedificultemoacompanhamentodasatividadescurriculares,compreendidasemdoisgrupos:

a) aquelasnãovinculadasaumacausaorgânicaespecífica;b)aquelasrelacionadasacondições,disfunções,limitaçõesoudeficiências;

II–dificuldadesdecomunicaçãoesinalizaçãodiferenciadasdosdemaisalunos,demandandoautilizaçãodelinguagensecódigosaplicáveis;III-altashabilidades/superdotação,grandefacilidadedeaprendizagemqueosleveadominarrapidamenteconceitos,procedimentoseatitudes.

Art.6oParaaidentificaçãodasnecessidadeseducacionaisespeciaisdosalunose a tomada de decisões quanto ao atendimento necessário, a escola deverealizar,comassessoramentotécnico,avaliaçãodoalunonoprocessodeensinoeaprendizagem,contando,paratal,com:

I-aexperiênciadeseucorpodocente,seusdiretores,coordenadores,orientadorese supervisores educacionais;II-osetorresponsávelpelaeducaçãoespecialdorespectivosistema;

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RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

III–acolaboraçãodafamíliaeacooperaçãodosserviçosdeSaúde,AssistênciaSocial,Trabalho,JustiçaeEsporte,bemcomodoMinistérioPúblico,quandonecessário.

Art. 7º O atendimento aos alunos com necessidades educacionais especiaisdeveserrealizadoemclassescomunsdoensinoregular,emqualqueretapaoumodalidadedaEducaçãoBásica.

Art. 8o As escolas da rede regular de ensino devem prever e prover naorganizaçãodesuasclassescomuns:

I - professores das classes comuns e da educação especiais capacitadose especializados, respectivamente, para o atendimento às necessidadeseducacionais dos alunos;II-distribuiçãodosalunoscomnecessidadeseducacionaisespeciaispelasváriasclasses do ano escolar em que forem classificados, demodo que essas classescomunssebeneficiemdasdiferençaseampliempositivamenteasexperiênciasdetodososalunos,dentrodoprincípiodeeducarparaadiversidade;III–flexibilizaçõeseadaptaçõescurricularesqueconsideremosignificadopráticoeinstrumentaldosconteúdosbásicos,metodologiasdeensinoerecursosdidáticosdiferenciadoseprocessosdeavaliaçãoadequadosaodesenvolvimentodosalunosque apresentam necessidades educacionais especiais, em consonância com oprojetopedagógicodaescola,respeitadaafreqüênciaobrigatória;IV–serviçosdeapoiopedagógicoespecializado,realizado,nasclassescomuns,mediante:

a) atuaçãocolaborativadeprofessorespecializadoemeducaçãoespecial;b)atuaçãodeprofessores-intérpretedaslinguagensecódigosaplicáveis;c) atuação de professores e outros profissionais itinerantes intra e

interinstitucionalmente;d)disponibilizaçãodeoutrosapoiosnecessáriosàaprendizagem,àlocomoção

e à comunicação.V–serviçosdeapoiopedagógicoespecializadoemsalasderecursos,nasquaiso professor especializado em educação especial realize a complementaçãoou suplementações curriculares, utilizando procedimentos, equipamentos emateriaisespecíficos;VI–condiçõesparareflexãoeelaboraçãoteóricadaeducaçãoinclusiva,comprotagonismodosprofessores,articulandoexperiênciaeconhecimentocomasnecessidades/possibilidadessurgidasnarelaçãopedagógica,inclusivepormeiodecolaboraçãocominstituiçõesdeensinosuperioredepesquisa;VII – sustentabilidade do processo inclusivo, mediante aprendizagemcooperativaemsaladeaula,trabalhodeequipenaescolaeconstituiçãoderedesdeapoio,comaparticipaçãodafamílianoprocessoeducativo,bemcomodeoutros agentes e recursos da comunidade;

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51RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

VIII – temporalidade flexível do ano letivo, para atender às necessidadeseducacionais especiais de alunos com deficiência mental ou com gravesdeficiências múltiplas, de forma que possam concluir em tempo maior ocurrículoprevistoparaasérie/etapaescolar,principalmentenosanosfinaisdoensinofundamental,conformeestabelecidopornormasdossistemasdeensino,procurando-seevitargrandedefasagemidade/série;IX – atividades que favoreçam, ao aluno que apresente altas habilidades/superdotação, o aprofundamento e enriquecimento de aspectos curriculares,mediantedesafiossuplementaresnasclassescomuns,emsaladerecursosouemoutrosespaçosdefinidospelossistemasdeensino,inclusiveparaconclusão,emmenortempo,dasérieouetapaescolar,nostermosdoArtigo24,V,“c”,daLei9.394/96.

Art. 9o As escolas podem criar, extraordinariamente, classes especiais, cujaorganizaçãofundamente-senoCapítuloIIdaLDBEN,nasdiretrizescurricularesnacionais para a Educação Básica, bem como nos referenciais e parâmetroscurriculares nacionais, para atendimento, em caráter transitório, a alunosque apresentem dificuldades acentuadas de aprendizagem ou condições decomunicaçãoesinalizaçãodiferenciadasdosdemaisalunosedemandemajudaseapoiosintensosecontínuos.

§1oNasclassesespeciais,oprofessordevedesenvolverocurrículo,medianteadaptações,e,quandonecessário,atividadesdavidaautônomaesocialnoturnoinverso.§2oApartirdodesenvolvimentoapresentadopeloalunoedascondiçõesparaoatendimentoinclusivo,aequipepedagógicadaescolaeafamíliadevemdecidirconjuntamente, combase em avaliação pedagógica, quanto ao seu retorno àclasse comum.

Art. 10. Os alunos que apresentem necessidades educacionais especiais erequeiram atenção individualizada nas atividades da vida autônoma e social,recursos,ajudaseapoiosintensosecontínuos,bemcomoadaptaçõescurricularestãosignificativasqueaescolacomumnãoconsigaprover,podemseratendidos,emcaráterextraordinário,emescolasespeciais,públicasouprivadas,atendimentoessecomplementado,semprequenecessárioedemaneiraarticulada,porserviçosdasáreasdeSaúde,TrabalhoeAssistênciaSocial.

§1ºAsescolasespeciais,públicaseprivadas,devemcumprirasexigênciaslegaissimilaresàsdequalquerescolaquantoao seuprocessode credenciamentoeautorizaçãodefuncionamentodecursoseposteriorreconhecimento.§ 2º Nas escolas especiais, os currículos devem ajustar-se às condições doeducandoeaodispostonoCapítuloIIdaLDBEN.

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RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

§3oApartirdodesenvolvimentoapresentadopeloaluno,aequipepedagógicadaescolaespecialeafamíliadevemdecidirconjuntamentequantoàtransferênciadoalunoparaescoladarederegulardeensino,combaseemavaliaçãopedagógicaenaindicação,porpartedosetorresponsávelpelaeducaçãoespecialdosistemade ensino, de escolas regulares em condição de realizar seu atendimentoeducacional.

Art. 11. Recomenda-se às escolas e aos sistemas de ensino a constituição deparcerias com instituições de ensino superior para a realizaçãode pesquisase estudos de caso relativos ao processo de ensino e aprendizagem de alunos com necessidades educacionais especiais, visando ao aperfeiçoamento desseprocesso educativo.

Art.12. Os sistemas de ensino,nostermosdaLei10.098/2000edaLei10.172/2001, devem assegurar a acessibilidade aos alunos que apresentem necessidades educacionais especiais, mediante a eliminação de barreiras arquitetônicasurbanísticas,naedificação–incluindoinstalações,equipamentosemobiliárioe nostransportesescolares,bemcomodebarreirasnascomunicações,provendoasescolasdosrecursoshumanosemateriaisnecessários.

§ 1o Para atender aos padrões mínimos estabelecidos com respeito àacessibilidade, deve ser realizada a adaptação das escolas existentes econdicionadaaautorizaçãodeconstruçãoefuncionamentodenovasescolasaopreenchimentodosrequisitosdeinfra-estruturadefinidos.§ 2oDeve ser assegurada, no processo educativo de alunos que apresentamdificuldadesdecomunicaçãoesinalizaçãodiferenciadasdosdemaiseducandos,aacessibilidadeaosconteúdoscurriculares,medianteautilizaçãodelinguagensecódigosaplicáveis,comoosistemaBrailleealínguadesinais,semprejuízodoaprendizadodalínguaportuguesa,facultando-lheseàssuasfamíliasaopçãopelaabordagempedagógicaque julgaremadequada,ouvidososprofissionaisespecializados em cada caso.

Art. 13.Os sistemasde ensino,mediante ação integrada comos sistemasdesaúde, devem organizar o atendimento educacional especializado a alunosimpossibilitadosdefreqüentarasaulasemrazãodetratamentodesaúdequeimplique internação hospitalar, atendimento ambulatorial ou permanênciaprolongadaemdomicílio.

§1oAsclasseshospitalareseoatendimentoemambientedomiciliardevemdarcontinuidade ao processo de desenvolvimento e ao processo de aprendizagem de alunosmatriculadosemescolasdaEducaçãoBásica,contribuindoparaseuretornoereintegraçãoaogrupoescolar,edesenvolvercurrículoflexibilizadocomcrianças,jovens e adultos nãomatriculados no sistema educacional local, facilitando seuposterior acesso à escola regular.§2oNoscasosdeque trataesteArtigo,acertificaçãode freqüênciadeveser

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53RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

realizada com base no relatório elaborado pelo professor especializado queatende o aluno.

Art. 14.Os sistemas públicos de ensino serão responsáveis pela identificação,análise,avaliaçãodaqualidadeedaidoneidade,bemcomopelocredenciamentodeescolasouserviços,públicosouprivados,comosquaisestabelecerãoconvêniosou parcerias para garantir o atendimento às necessidades educacionais especiais deseusalunos,observadososprincípiosdaeducaçãoinclusiva.

Art. 15. A organização e a operacionalização dos currículos escolares são decompetênciaeresponsabilidadedosestabelecimentosdeensino,devendoconstardeseusprojetospedagógicosasdisposiçõesnecessáriasparaoatendimentoàsnecessidadeseducacionaisespeciaisdealunos,respeitadas,alémdasdiretrizescurricularesnacionaisdetodasasetapasemodalidadesdaEducaçãoBásica,asnormas dos respectivos sistemas de ensino.

Art. 16. É facultado às instituições de ensino, esgotadas as possibilidadespontuadas nos Artigos 24 e 26 da LDBEN, viabilizar ao aluno com gravedeficiênciamentaloumúltipla,quenãoapresentarresultadosdeescolarizaçãoprevistosnoIncisoIdoArtigo32damesmaLei, terminalidadeespecíficadoensino fundamental, pormeio da certificação de conclusão de escolaridade,com histórico escolar que apresente, de forma descritiva, as competênciasdesenvolvidas pelo educando, bem como o encaminhamento devido para aeducaçãodejovenseadultoseparaaeducaçãoprofissional.

Art.17.Emconsonânciacomosprincípiosdaeducaçãoinclusiva,asescolasdasredes regularesdeeducaçãoprofissional,públicaseprivadas,devematenderalunos que apresentem necessidades educacionais especiais, mediante a promoçãodascondiçõesdeacessibilidade,acapacitaçãoderecursoshumanos,aflexibilizaçãoeadaptaçãodocurrículoeoencaminhamentoparaotrabalho,contando, para tal, com a colaboração do setor responsável pela educaçãoespecial do respectivo sistema de ensino.

§1o Asescolasdeeducaçãoprofissionalpodemrealizarparceriascomescolasespeciais,públicasouprivadas,tantoparaconstruircompetênciasnecessáriasàinclusãodealunosemseuscursosquantoparaprestarassistênciatécnicaeconvalidarcursosprofissionalizantesrealizadosporessasescolasespeciais.§2oAsescolasdas redesdeeducaçãoprofissionalpodemavaliarecertificarcompetências laborais de pessoas com necessidades especiais não matriculadas emseuscursos,encaminhando-as,apartirdessesprocedimentos,paraomundodotrabalho.

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RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

Art.18.Cabeaossistemasdeensinoestabelecernormasparaofuncionamentode suas escolas, a fim de que essas tenham as suficientes condições paraelaborarseuprojetopedagógicoepossamcontarcomprofessorescapacitadose especializados, conformeprevisto noArtigo 59daLDBENe combasenasDiretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Docentes da Educação Infantil e dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, em nível médio, namodalidadeNormal,enasDiretrizesCurricularesNacionaisparaaFormaçãodeProfessoresdaEducaçãoBásica,emnívelsuperior,cursodelicenciaturadegraduação plena.

§1ºSãoconsideradosprofessorescapacitadosparaatuaremclassescomunscom alunos que apresentam necessidades educacionais especiais aquelesque comprovem que, em sua formação, de nível médio ou superior, foramincluídosconteúdossobreeducaçãoespecialadequadosaodesenvolvimentodecompetênciasevalorespara:I – perceber as necessidades educacionais especiais dos alunos e valorizar aeducação inclusiva;II-flexibilizaraaçãopedagógicanasdiferentesáreasdeconhecimentodemodoadequadoàsnecessidadesespeciaisdeaprendizagem;III-avaliarcontinuamenteaeficáciadoprocessoeducativoparaoatendimentode necessidades educacionais especiais;IV - atuar em equipe, inclusive comprofessores especializados em educaçãoespecial.

§2ºSãoconsideradosprofessoresespecializadosemeducaçãoespecialaquelesquedesenvolveramcompetênciasparaidentificarasnecessidadeseducacionaisespeciais para definir, implementar, liderar e apoiar a implementação deestratégias de flexibilização, adaptação curricular, procedimentos didáticospedagógicosepráticasalternativas,adequadasaoatendimentodasmesmas,bemcomotrabalharemequipe,assistindooprofessordeclassecomumnaspráticasque são necessárias para promover a inclusão dos alunos com necessidadeseducacionais especiais.

§3ºOsprofessoresespecializadosemeducaçãoespecialdeverãocomprovar:I-formaçãoemcursosdelicenciaturaemeducaçãoespecialouemumadesuasáreas,preferencialmentedemodoconcomitanteeassociadoàlicenciaturaparaeducaçãoinfantilouparaosanosiniciaisdoensinofundamental;II - complementação de estudos ou pós-graduação em áreas específicas da educação especial, posterior à licenciatura nas diferentes áreas de conhecimento, para atuação nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio;

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55RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

§4ºAosprofessoresquejáestãoexercendoomagistériodevemseroferecidasoportunidadesde formaçãocontinuada, inclusiveemníveldeespecialização,pelasinstânciaseducacionaisdaUnião,dosEstados,doDistritoFederaledosMunicípios.

Art. 19. As diretrizes curriculares nacionais de todas as etapas e modalidades daEducaçãoBásicaestendem-separaaeducaçãoespecial,assimcomoestasDiretrizesNacionaisparaaEducaçãoEspecialestendem-separatodasasetapasemodalidadesdaEducaçãoBásica.

Art.20.NoprocessodeimplantaçãodestasDiretrizespelossistemasdeensino,caberáàsinstânciaseducacionaisdaUnião,dosEstados,doDistritoFederaledosMunicípios,emregimedecolaboração,oestabelecimentodereferenciais,normascomplementaresepolíticaseducacionais.

Art.21.AimplementaçãodaspresentesDiretrizesNacionaisparaaEducaçãoEspecialnaEducaçãoBásicaseráobrigatóriaapartirde2002,sendofacultativanoperíododetransiçãocompreendidoentreapublicaçãodestaResoluçãoeodia31dedezembrode2001.

Art.22.EstaResoluçãoentraemvigornadatadesuapublicaçãoerevogaasdisposiçõesemcontrário.

FRANCISCO APARECIDO CORDÃOPresidentedaCâmaradeEducaçãoBásica

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5�RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

TEMPO PREVISTO08horas

FINALIDADE DO ENCONTROFavorecer condições para que o professor reflita sobre o currículo e asadequações(organizativas,deobjetivos,deconteúdo,demétodoeorganizaçãodidática, de avaliação e de temporalidade) necessárias para atender asnecessidades educacionais especiais presentes em seu grupo de alunos, bemcomodiferencieasquepodepromoverporcontaprópria(pequenosajustes),daquelas que requerem decisão de níveis hierárquicos superiores – equipetécnica,administraçãoescolar,administraçãosuperior–ajustessignificativos.

EXPECTATIVA DE APRENDIZAGEMAofinaldesteencontro,oprofessor,participante,deverácitarpelomenosumexemploparacadatipodeadequaçãodegrandeporte(significativa)eumexemploparacadatipodeadequaçãodepequenoporte(nãosignificativa)

CONTEÚDO1. Conceitodecurrículoescolar1. AdequaçãodeGrandePorte(significativa)2. AdequaçãodePequenoPorte(nãosignificativa)

MATERIALBrasil(1999).Adaptações Curriculares.Brasília:MEC/SEF/SEESP.(pp.44-66).

4º ENCONTRO

4. CURRÍCULO ESCOLAR E ADEQUAÇÕES CURRICULARES

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RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

SEQÜÊNCIA DE ATIVIDADES

Estudo dirigido (2 h) Oformadordeverásolicitaraosparticipantesquesedividamemgruposde

atéquatropessoas,paraleituraediscussãosobreotexto:“CurriculoEscolareAdequaçõesCurriculares”.

2. Elaboração das atividades propostas (2 h) Após a leitura, o formador deverá solicitar a cada grupo que procure

desenvolveroseguinteexercício:• Que cada professor do grupo compartilhe com seus colegas do grupo

adescriçãodepelomenosumproblema já enfrentado, em suapráticacotidiana de ensino, na administração do processo de ensino eaprendizagem.

• Ogrupodeveráauxiliaradescrição,propondoperguntasaoprofessoratéqueseesgotemasinformaçõesqueestepossaapresentarsobreocaso.

• Ogrupodeverá,então,levantarhipótesessobreospossíveisdeterminantesdoproblema,sugerindoprocedimentosdeadaptaçãoquepudessemseradotados,nabuscadeseatenderàsnecessidadeseducacionaisespeciaisidentificadasnadiscussão.

Asadaptaçõessugeridaspodemsereferiraquaisquerdositensabaixo:• Projetopedagógico;• Objetivos de ensino;• Conteúdo;• Métododeensino;• Sistema de avaliação;• Condiçõesdeacessoaocurrículo.

O professor formador deverá dar o suporte que semostrar necessário, aosmembrosdosdiferentesgrupos,duranteaexecuçãodessaatividade,favorecendo,assim,oentendimentosobrecomodesenvolveroprocessodeelaboraçãoedeplanejamentodasadaptaçõesconcluídascomonecessárias.

3. Almoço (1 h e 30 min.)

4. Plenária (2h) Após a elaboração das propostas, cada grupo deverá apresentá-las em

plenária, contexto em que serão criticamente discutidas e registradas (noquadro de giz e em documento), de forma a favorecer com que todos osparticipantes possam consigo guardar todas as sugestões produzidas.

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5�RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

CURRÍCULO ESCOLAR E ADEQUAÇÕES CURRICULARES

Aaprendizagemescolarestádiretamentevinculadaaocurrículo,organizadoparaorientar,dentreoutros,osdiversosníveisdeensinoeasaçõesdocentes.

Oconceitodecurrículoédifícildeestabelecer,em facedosdiversosângulosenvolvidos.Écentralparaaescolaeassocia-seàprópriaidentidadedainstituiçãoescolar,àsuaorganizaçãoefuncionamentoeaopapelqueexerce-oudeveriaexercer-apartirdasaspiraçõeseexpectativasdasociedadeedaculturaemquese insere.

Contém as experiências, bem como a sua planificação no âmbito da escola,colocada à disposição dos alunos visando a potencializar o seu desenvolvimento integral,asuaaprendizagemeacapacidadedeconviverdeformaprodutivaeconstrutiva na sociedade.

Essas experiências representam, em sentido mais amplo, o que o currículoexprime e buscam concretizar as intenções dos sistemas educacionais e o plano cultural que eles personalizam (no âmbito das instituições escolares) comomodeloidealdeescoladefendidopelasociedade.

Nessa concepção, o currículo é construído a partir doprojetopedagógicodaescolaeviabilizaasuaoperacionalização,orientandoasatividadeseducativas,as formas de executá-las e definindo suas finalidades. Assim, pode ser vistocomoumguia sugerido sobreoque,quandoe comoensinar; oque, comoequandoavaliar.

Aconcepçãodecurrículoinclui,portanto,desdeosaspectosbásicosqueenvolvemosfundamentosfilosóficosesociopolíticosdaeducaçãoatéosmarcosteóricosereferenciaistécnicosetecnológicosqueaconcretizamnasaladeaula.Relacionaprincípioseoperacionalização,teoriaeprática,planejamentoeação.

Essasnoçõesdeprojetopedagógicodaescolaedeconcepçãocurricularestãointimamente ligadas à educação para todos que se almeja conquistar. Emúltimainstância,viabilizamasuaconcretização.Oprojetopedagógicotemumcaráterpolíticoeculturalerefleteosinteresses,asaspirações,asdúvidaseasexpectativasdacomunidadeescolar.Devemencontrarreflexonaculturaescolarenaexpressãodessacultura,ouseja,nocurrículo.

Aescolaparatodosrequerumadinamicidadecurricularquepermitaajustarofazerpedagógicoàsnecessidadesdosalunos.

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RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

Ver as necessidades especiais dos alunos atendidas no âmbito da escola regular requerqueossistemaseducacionaismodifiquem,nãoapenasassuasatitudeseexpectativasemrelaçãoaessesalunos,mas,também,queseorganizemparaconstituirumarealescolaparatodos,quedêcontadessasespecificidades.

Oprojetopedagógicodaescola,comopontodereferênciaparadefinirapráticaescolar,deveorientaraoperacionalizaçãodocurrículo,comoumrecursoparapromoverodesenvolvimentoeaaprendizagemdosalunos,considerando-seosseguintesaspectos:

• aatitudefavoráveldaescolaparadiversificareflexibilizaroprocessodeensino-aprendizagem,demodoaatenderàsdiferençasindividuaisdosalunos;

• a identificação das necessidades educacionais especiais para justificar apriorizaçãoderecursosemeiosfavoráveisàsuaeducação;

• a adoção de currículos abertos e propostas curriculares diversificadas, emlugardeumaconcepçãouniformeehomogeneizadoradecurrículo;

• a flexibilidade quanto à organização, e ao funcionamento da escola, paraatenderàdemandadiversificadadosalunos;

• a possibilidade de incluir professores especializados, serviços de apoio eoutros,nãoconvencionais,parafavoreceroprocessoeducacional.

Essaconcepçãocolocaemdestaqueaadequaçãocurricularcomoumelementodinâmico da educação para todos e a sua viabilização para os alunos com necessidadeseducacionaisespeciais:nãosefixarnoquedeespecialpossatera educação dos alunos,mas flexibilizar a prática educacional para atender atodosepropiciarseuprogressoemfunçãodesuaspossibilidadesediferençasindividuais.

Pensar emadequação curricular significa considerar o cotidianodas escolas,levando-seemcontaasnecessidadesecapacidadesdosseusalunoseosvaloresqueorientamapráticapedagógica.Paraosalunosqueapresentamnecessidadeseducacionais especiais essas questões têm um significado particularmenteimportante.

ADEQUAÇÕES CURRICULARES

Asmanifestações de dificuldades de aprendizagem na escola apresentam-secomoumcontínuo,desdesituaçõeslevesetransitóriasquepodemseresolverespontaneamentenocursodo trabalhopedagógicoaté situaçõesmaisgravesepersistentesque requeiramousode recursosespeciaisparaa sua solução.Atenderaessecontínuodedificuldadesrequerrespostaseducacionaisadequadasenvolvendograduaiseprogressivasadequaçõesdocurrículo.

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61RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

As adequações curriculares constituem, pois, possibilidades educacionais deatuar frenteàsdificuldadesdeaprendizagemdosalunos.Pressupõemqueserealize a adequação do currículo regular, quando necessário, para torná-loapropriado às peculiaridades dos alunos com necessidades especiais. Não um novocurrículo,masumcurrículodinâmico,alterável,passíveldeampliação,para que atenda realmente a todos os educandos. Nessas circunstâncias, asadequaçõescurricularesimplicamaplanificaçãopedagógicaeaaçõesdocentesfundamentadasemcritériosquedefinem:

• oqueoalunodeveaprender;• comoequandoaprender;• queformasdeorganizaçãodoensinosãomaiseficientesparaoprocessode

aprendizagem;• comoequandoavaliaroaluno.

Para que alunos com necessidades educacionais especiais possam participarintegralmente em um ambiente rico de oportunidades educacionais com resultadosfavoráveis,algunsaspectosprecisamserconsiderados,destacando-seentreeles:

• apreparaçãoeadedicaçãodaequipeeducacionaledosprofessores;• oapoioadequadoerecursosespecializados,quandoforemnecessários;• asadequaçõescurricularesedeacessoaocurrículo.

Algumas características curriculares facilitamoatendimentoàsnecessidadeseducacionaisespeciaisdosalunos,dentreelas:

• Flexibilidade,istoé,anãoobrigatoriedadedequetodososalunosatinjamomesmograudeabstraçãooudeconhecimento,numtempodeterminado;

• Acomodação, ou seja, a consideração de que, ao planejar atividades paraumaturma,deve-selevaremcontaapresençadealunoscomnecessidadeseducacionaisespeciaisecontempla-losnaprogramação;

• Trabalho simultâneo, cooperativo e participativo, entendido como aparticipação dos alunos com necessidades educacionais especiais nas atividadesdesenvolvidaspelosdemaiscolegas,emboranãoofaçamcomamesma intensidade, emnecessariamentede igualmodoou comamesmaação e grau de abstração.

As adequações curriculares apoiam-se nesses pressupostos para atender àsnecessidades educacionais especiaisdosalunos,objetivandoestabelecerumarelaçãoharmônicaentreessasnecessidadeseaprogramaçãocurricular.Estãofocalizadas, portanto, na interação entre as necessidades do educando e asrespostas educacionais a serem propiciadas.

Devemserdestinadasaosquenecessitamdeserviçose/oudesituaçõesespeciaisdeeducação,realizando-se,preferencialmente,emambientemenosrestritivoepelomenorperíododetempo,demodoafavorecerapromoçãodoalunoaformascadavezmaiscomunsdeensino.

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RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

Verasnecessidadesespeciaisrevelamquetiposdeajuda,diferentesdosusuais,sãorequeridos,demodoacumprirasfinalidadesdaeducação.Asrespostasaessasnecessidadesdevemestarprevistaserespaldadasnoprojetopedagógicodaescola,nãopormeiodeumcurrículonovo,mas,daadequaçãoprogressivado regular, buscando garantir que os alunos com necessidades especiaisparticipemdeumaprogramaçãotãonormalquantopossível,masconsidereasespecificidadesqueassuasnecessidadespossamrequerer.

O currículo, nessa visão, é um instrumento útil, uma ferramenta que podeser alterada para beneficiar o desenvolvimento pessoal e social dos alunos,resultandoemalteraçõesquepodemserdemaioroumenorexpressividade.

Amaiorpartedasadequaçõescurricularesrealizadasnaescolasãoconsideradasmenos significativas, porque constituem modificações menores no currículoregularesãofacilmenterealizadaspeloprofessornoplanejamentonormaldasatividadesdocenteseconstituempequenosajustesdentrodocontextonormalde sala de aula.

OQuadroIespecificaalgunsaspectosdessestiposdeadequação.Sãoimportantescomomedidaspreventivaslevandooalunoaconstruirconhecimentoscurricularesdemaneiramaisajustadaàssuascondiçõesindividuais,paraprosseguirnasuacarreiraacadêmica,evitandoseuafastamentodaescolaregular.

QUADRO I

AdequaçõesNãoSignificativasdoCurrículoOrganizativasOrganização de agrupamentosOrganizaçãodidáticaOrganização do espaçoRelativasaosobjetivoseconteúdosPriorizaçãodeáreasouunidadesdeconteúdosPriorizaçãodetiposdeconteúdosPriorização de objetivosSeqüenciaçãoEliminaçãodeconteúdossecundáriosAvaliativasAdequaçãodetécnicaseinstrumentosModificaçãodetécnicaseinstrumentos

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63RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

NosprocedimentosdidáticosenasatividadesModificaçãodeprocedimentosIntrodução de atividades alternativas às previstasIntrodução de atividades complementares às previstasModificaçãodoníveldecomplexidadedasatividadesEliminando componentesSeqüenciandoatarefaFacilitando planos de açãoAdaptação dos materiaisModificaçãodaseleçãodosmateriaisprevistosNa temporalidadeModificação da temporalidade para determinados objetivos e conteúdosprevistos

Fonte:Manjón,op.cit.,1995,p.89

As adequações organizativas têm um caráter facilitador do processoeducativoedizemrespeito:

• ao tipo de agrupamento de alunos para a realização das atividades de ensino e aprendizagem;

• àorganizaçãodidáticadaaula-propõeconteúdoseobjetivosde interessedoalunooudiversificados,paraatenderàssuasnecessidadesespeciais,bemcomo disposição física demobiliários, demateriais didáticos e de espaçodisponíveisparatrabalhosdiversos;

• àorganizaçãodosperíodosdefinidosparaodesenvolvimentodasatividadesprevistas -propõe previsão de tempo diversificada para desenvolver osdiferenteselementosdocurrículonasaladeaula.

As adequações relativasaosobjetivoseconteúdosdizemrespeito:

• àpriorizaçãodeáreasouunidadesdeconteúdosquegarantamfuncionalidadeequesejamessenciaise instrumentaisparaasaprendizagensposteriores.Ex:habilidadesdeleituraeescrita,cálculosetc.;

• àpriorizaçãodeobjetivosqueenfatizamcapacidadesehabilidadesbásicasdeatenção,participaçãoeadaptabilidadedoaluno.Ex:desenvolvimentodehabilidadessociais,detrabalhoemequipe,depersistêncianatarefaetc.;

• à seqüenciação pormenorizada de conteúdos que requeiram processosgradativosdemenoràmaiorcomplexidadedastarefas,atendendoàseqüênciadepassos,àordenaçãodaaprendizagemetc.;

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RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

• aoreforçodaaprendizagemeàretomadadedeterminadosconteúdosparagarantiroseudomínioeasuaconsolidação;

• àeliminaçãodeconteúdosmenosrelevantes,secundáriosparadarenfoquemaisintensivoeprolongadoaconteúdosconsideradosbásicoseessenciaisnocurrículo.

As adequações avaliativasdizemrespeito:

• àseleçãodastécnicaseinstrumentosutilizadosparaavaliaroaluno.

Propõemmodificaçõessensíveisnaformadeapresentaçãodastécnicasedosinstrumentosde avaliação,na linguagem,deummododiferentedosdemaisalunosdemodoqueatendaàspeculiaridadesdosqueapresentamnecessidadesespeciais.

As adequações nos procedimentos didáticos e nas atividades de ensino eaprendizagemreferem-seaocomoensinaroscomponentescurriculares.Dizemrespeito:

• àalteraçãonosmétodosdefinidosparaoensinodosconteúdoscurriculares;• àseleçãodeummétodomaisacessívelparaoaluno;• à introdução de atividades complementares que requeiram habilidades

diferentes ou a fixação e consolidação de conhecimentos já ministrados- utilizadas para reforçar ou apoiar o aluno, oferecer oportunidades deprática suplementar ou aprofundamento. São facilitadas pelos trabalhosdiversificados,queserealizamnomesmosegmentotemporal;

• à introdução de atividades prévias que preparam o aluno para novasaprendizagens;

• à introduçãodeatividadesalternativasalémdasplanejadasparaa turma,enquanto os demais colegas realizam outras atividades. É indicada nasatividadesmaiscomplexasqueexigemumasequenciaçãodetarefas;

• àalteraçãodoníveldeabstraçãodeumaatividadeoferecendorecursosdeapoio,sejamvisuais,auditivos,gráficos,materiaismanipulativosetc.;

• àalteraçãodonívelde complexidadedasatividadespormeiode recursosdo tipo: eliminar partes de seus componentes (simplificar um problemamatemático,excluindoanecessidadedealgunscálculos,éumexemplo);ouexplicitarospassosquedevemserseguidosparaorientarasoluçãodatarefa,ouseja,oferecerapoio,especificandopassoapassoasuarealização;

• àalteraçãonaseleçãodemateriaiseadaptaçãodemateriais-usodemáquinabraile para o aluno cego, calculadoras científicas para alunos com altashabilidades/superdotadosetc.

Page 67: Saberes e práticas de inclusão

65RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

As adequações na temporalidadedizemrespeito:

• àalteraçãonotempoprevistoparaarealizaçãodasatividadesouconteúdoseaoperíodoparaalcançardeterminadosobjetivos.

Muitasvezes,hánecessidadedeadotaradequaçõessignificativasdocurrículopara atender às necessidades especiais dos alunos, quando estas foremmais acentuadas e não se solucionarem com medidas curriculares menos significativas. De ummodo geral constituem estratégias necessárias quandoosalunosapresentamsériasdificuldadesparaaprender,comoresultado,entreoutrosfatores:

• da discrepância entre as suas necessidades e as demandas das atividades e expectativas escolares;

• dacrescentecomplexidadedasatividadesacadêmicasquevaiseampliando,na medida do avanço na escolarização.

Oquesealmejaéabuscadesoluçõesparaasnecessidadesespecíficasdoalunoenãoofracassonaviabilizaçãodoprocessodeensinoeaprendizagem.Asdemandasescolaresprecisamserajustadas,parafavorecerainclusãodoaluno.

Éimportanteobservarqueasadequaçõesfocalizamascapacidades,opotencial,a zona de desenvolvimento proximal (nos termos de Vygotsky) e não secentralizam nas deficiências e limitações do aluno, como tradicionalmenteocorria.

Embora muitos educadores possam interpretar essas medidas como “abrir mão”daqualidadedoensinoouempobrecerasexpectativaseducacionais,essasdecisõescurricularespodemserasúnicasalternativaspossíveisparaosalunosqueapresentamnecessidadesespeciaiscomoformadeevitarasuaexclusão.

Page 68: Saberes e práticas de inclusão

66

RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

O Quadro II especifica alguns aspectos das adequações curricularessignificativas.

QUADRO IIAdequaçõesCurricularesSignificativas

Elementos curriculares modalidades adaptativasObjetivosEliminaçãodeobjetivosbásicosIntroduçãodeobjetivosespecíficos,complementarese/oualternativosConteúdosIntroduçãodeconteúdosespecíficos,complementaresoualternativos;EliminaçãodeconteúdosbásicosdocurrículoMetodologiaeOrganizaçãoDidáticaIntroduçãodemétodoseprocedimentoscomplementarese/oualterna-tivos de ensino e aprendizagem.OrganizaçãoIntroduçãoderecursosespecíficosdeacessoaocurrículoAvaliaçãoIntroduçãodecritériosespecíficosdeavaliaçãoEliminaçãodecritériosgeraisdeavaliaçãoAdaptaçõesdecritériosregularesdeavaliaçãoModificaçãodoscritériosdepromoçãoTemporalidadeProlongamento de um ano ou mais de permanência do aluno na mesma sérieounociclo

Fonte:Manjón,op.cit.,1995,p.89

As adequações relativas aos objetivos sugerem decisões que modificamsignificativamente o planejamento quanto aos objetivos definidos, adotandoumaoumaisdasseguintesalternativas:

• eliminaçãodeobjetivosbásicos-quandoextrapolamascondiçõesdoalunoparaatingi-lo,temporáriaoupermanentemente;

• introdução de objetivos específicos alternativos - não previstos para osdemaisalunos,masquepodemserincluídosemsubstituiçãoaoutrosquenãopodemseralcançados,temporáriaoupermanentemente;

• introduçãodeobjetivosespecíficoscomplementares-nãoprevistosparaosdemaisalunos,masacrescidosnaprogramaçãopedagógicaparasuplementarnecessidadesespecíficas.

Page 69: Saberes e práticas de inclusão

6�RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

As adequações relativas aos conteúdos incidem sobre conteúdos básicos eessenciaisdocurrículoerequeremumaavaliaçãocriteriosaparaseremadotados.Dizemrespeito:

• àintroduçãodenovosconteúdosnão-previstosparaosdemaisalunos,masessenciaisparaalguns,emparticular;

• eliminaçãodeconteúdosque,emboraessenciaisnocurrículo,sejaminviáveisdeaquisiçãoporpartedoaluno.Geralmenteestãoassociadosaobjetivosquetambémtiveramdesereliminados.

As adequações relativas à metodologia são consideradas significativasquando implicamumamodificaçãoexpressivanoplanejamentoenaatuaçãodocente.Dizemrespeito:

• à introdução de métodos muito específicos para atender às necessidadesparticulares do aluno. De um modo geral, são orientados por professorespecializado;

• às alterações nos procedimentos didáticos usualmente adotados peloprofessor;

• àorganizaçãosignificativamentediferenciadadasaladeaulaparaatenderàsnecessidadesespecíficasdoaluno.

As adequações significativas na avaliação estão vinculadas às alterações nosobjetivos e conteúdosque foramacrescidosou eliminados.Dessemodo,influenciamosresultadosquelevam,ounão,àpromoçãodoalunoeevitama“cobrança”deconteúdosehabilidadesquepossamestaralémdesuasatuaispossibilidadesdeaprendizagemeaquisição.

As adequações significativasnatemporalidadereferem-seaoajustetemporalpossívelparaqueoalunoadquira conhecimentosehabilidadesqueestãoaoseualcance,masquedependemdoritmoprópriooudodesenvolvimentodeumrepertórioanteriorquesejaindispensávelparanovasaprendizagens.Dessemodo, requerem uma criteriosa avaliação do aluno e do contexto escolar efamiliar,porquepodemresultaremumprolongamentosignificativodotempode escolarização do aluno. Não caracteriza reprovação, mas parcelamento esequenciaçãodeobjetivoseconteúdos.

Níveis de Adequações Curriculares

As adaptações curriculares não devem ser entendidas como um processo exclusivamenteindividualouumadecisãoqueenvolveapenasoprofessoreoaluno.Realizam-seemtrêsníveis:

Page 70: Saberes e práticas de inclusão

68

RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

• noâmbitodoprojetopedagógico(currículoescolar);• nocurrículodesenvolvidonasaladeaula;• nonívelindividual.

Adequações no Nível do Projeto Pedagógico (Currículo

Escolar)

Asadequaçõesnessenívelreferem-seamedidasdeajustedocurrículoemgeral,quenemsempreprecisamresultaremadaptaçõesindividualizadas.

Essasaçõesvisamaflexibilizarocurrículoparaqueelepossaserdesenvolvidona sala de aula e atender às necessidades especiais de alguns alunos.

As adequações curriculares no nível do projeto pedagógico devem focalizar,principalmente, a organização escolar e os serviços de apoio. Elas devempropiciar condições estruturaisparaquepossamocorreremnívelde saladeaula e emnível individual, caso seja necessária uma programação específicapara o aluno.

Essasmedidaspodemseconcretizarnasseguintessituaçõesilustrativas:

• aescolaflexibilizaoscritérioseosprocedimentospedagógicoslevandoemconta a diversidade dos seus alunos;

• o contexto escolar permite discussões e propicia medidas diferenciadasmetodológicas e de avaliação e promoção que contemplam as diferençasindividuais dos alunos;

• a escola favorece e estimula a diversificaçãode técnicas, procedimentos eestratégiasdeensino,demodoqueajusteoprocessodeensinoeaprendizagemàscaracterísticas,potencialidadesecapacidadesdosalunos;

• a comunidade escolar realiza avaliações do contexto que interferem noprocessopedagógico;

• aescolaassumearesponsabilidadenaidentificaçãoeavaliaçãodiagnósticadosalunosqueapresentamnecessidadeseducacionaisespeciais,comoapoiodos setores do sistema e outras articulações;

• aescolaelaboradocumentosinformativosmaiscompletoseelucidativos;• aescoladefineobjetivosgeraislevandoemcontaadiversidadedosalunos;• ocurrículoescolarflexibilizaapriorização,aseqüenciaçãoeaeliminaçãode

objetivosespecíficos,paraatenderàsdiferençasindividuais.

Asdecisõescurricularesdevemenvolveraequipedaescolapararealizaraavaliação,a identificação das necessidades educacionais especiais e providenciar o apoio

Page 71: Saberes e práticas de inclusão

6�RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

correspondenteparaoprofessoreoaluno.Devemreduzir,aomínimo,transferirasresponsabilidadesdeatendimentoparaprofissionaisforadoâmbitoescolarou exigir recursos externos à escola.

Adequações Relativas ao Currículo da Classe

As medidas desse nível são realizadas pelo professor e destinam-se,principalmente, à programação das atividades da sala de aula. Focalizam aorganização e os procedimentos didático-pedagógicos e destacam o comofazer,aorganização temporaldoscomponentesedosconteúdoscurricularese a coordenação das atividades docentes, de modo que favoreça a efetivaparticipaçãoeintegraçãodoaluno,bemcomoasuaaprendizagem.

Osprocedimentosdeadequaçãocurriculardestinadoàclassedevemconstarnaprogramaçãodeauladoprofessorepodemserassimexemplificados:

• arelaçãoprofessor/alunoconsideraasdificuldadesdecomunicaçãodoaluno,inclusiveanecessidadequealgunstêmdeutilizarsistemasalternativosdelínguadesinais,sistemaBraille,sistemablissousimilaresetc.);

• arelaçãoentrecolegasémarcadaporatitudespositivas;• osalunossãoagrupadosdemodoquefavoreçaasrelaçõessociaiseoprocesso

de ensino e aprendizagem;• otrabalhodoprofessordasaladeaulaedosprofessoresdeapoioououtros

profissionaisenvolvidosérealizadodeformacooperativa,interativaebemdefinidadopontodevistadepapéis,competênciaecoordenação;

• aorganizaçãodoespaçoedosaspectos físicosdasaladeaulaconsideraafuncionalidade,aboautilizaçãoeaotimizaçãodessesrecursos;

• aseleção,aadequaçãoeautilizaçãodosrecursosmateriais,equipamentosemobiliáriosrealizam-sedemodoquefavoreçaaaprendizagemdetodososalunos;

• aorganizaçãodotempoéfeitaconsiderandoosserviçosdeapoioaoalunoeorespeitoaoritmoprópriodeaprendizagemedesempenhodecadaum;

• aavaliaçãoéflexíveldemodoqueconsidereadiversificaçãodecritérios,deinstrumentos,procedimentoseleveemcontadiferentessituaçõesdeensinoe aprendizagem e condições individuais dos alunos;

• asmetodologias,asatividadeseprocedimentosdeensinosãoorganizadoserealizadoslevando-seemcontaoníveldecompreensãoeamotivaçãodosalunos;ossistemasdecomunicaçãoqueutilizam,favorecendoaexperiência,aparticipaçãoeoestímuloàexpressão;

• oplanejamentoéorganizadodemodoquecontenhaatividadesamplascomdiferentesníveisdedificuldadesederealização;

Page 72: Saberes e práticas de inclusão

�0

RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

• as atividades são realizadas de várias formas, com diferentes tipos deexecução, envolvendo situações individuais e grupais, cooperativamente,favorecendocomportamentosdeajudamútua;

• os objetivos são acrescentados, eliminados ou adequados de modo queatendam às peculiaridades individuais e grupais na sala de aula.

Asadequaçõesnoníveldasaladeaulavisamatornarpossívelarealparticipaçãodoalunoeasuaaprendizagemeficientenoambientedaescolaregular.

Consideram,inclusive,aorganizaçãodotempodemodoaincluirasatividadesdestinadasaoatendimentoespecializadoforadohorárionormaldeaula,muitasvezesnecessárioseindispensáveisaoaluno.

Adequações Individualizadas do Currículo

Asmodalidadesnessenívelfocalizamaatuaçãodoprofessornaavaliaçãoenoatendimentodoaluno.Compete-lheopapelprincipalnadefiniçãodoníveldecompetência curricular do educando, bem comona identificação dos fatoresqueinterferemnoseuprocessodeaprendizagem.

Asadequaçõestêmocurrículoregularcomoreferênciabásica,adotamformasprogressivasdeajustá-lo,norteandoaorganizaçãodotrabalhoconsoantecomasnecessidadesdoaluno(adequaçãoprocessual).

Alguns aspectos devem ser previamente considerados para se identificar anecessidadedasadequaçõescurriculares,emqualquernível:

• arealnecessidadedessasadequações;• a avaliação do nível de competência curricular do aluno, tendo como

referênciaocurrículoregular;• o respeito ao seu caráter processual, de modo que permita alterações

constantes e graduais nas tomadas de decisão.

Éimportanteressaltarqueasadequaçõescurriculares,sejamparaatenderalunosnasclassescomunsouemclassesespeciais,nãoseaplicamexclusivamenteàescolaregular,devendoserutilizadastambémparaosqueestudamemescolasespecializadas.

Alémdaclassificação,porníveis,essasmedidaspodemsedistinguiremduascategorias:adequaçõesdeacessoaocurrículoenoselementoscurriculares.

Page 73: Saberes e práticas de inclusão

�1RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

1. Adequações de Acesso ao Currículo

Correspondemaoconjuntodemodificaçõesnoselementosfísicosemateriaisdoensino,bemcomoaosrecursospessoaisdoprofessorquantoaoseupreparopara trabalhar com os alunos. São definidas como alterações ou recursosespaciais,materiaisoudecomunicaçãoquevenhamafacilitarosalunoscomnecessidadeseducacionaisespeciaisadesenvolverocurrículoescolar.

Asseguintesmedidasconstituemadequaçõesdeacessoaocurrículo:

• criarcondiçõesfísicas,ambientaisemateriaisparaoalunonasuaunidadeescolar de atendimento;

• propiciarosmelhoresníveisdecomunicaçãoeinteraçãocomaspessoascomasquaisconvivenacomunidadeescolar;

• favoreceraparticipaçãonasatividadesescolares;• propiciaromobiliárioespecíficonecessário;• fornecerouatuarparaaaquisiçãodosequipamentose recursosmateriais

específicosnecessários;• adaptar materiais de uso comum em sala de aula;• adotar sistemas de comunicação alternativos para os alunos impedidos de

comunicaçãooral(noprocessodeaprendizagemenaavaliação).

Sugestõesquefavorecemoacessoaocurrículo:

• agruparosalunosdeumamaneiraquefacilitearealizaçãodeatividadesemgrupo e incentive a comunicação e as relações interpessoais;

• propiciar ambientes com adequada luminosidade, sonoridade emovimentação;

• encorajar,estimularereforçaracomunicação,aparticipação,osucesso,ainiciativaeodesempenhodoaluno;

• adaptar materiais escritos de uso comum: destacar alguns aspectos quenecessitamserapreendidoscomcores,desenhos,traços;cobrirpartesquepodemdesviaraatençãodoaluno;incluirdesenhos,gráficosqueajudemnacompreensão;destacarimagens;modificarconteúdosdematerialescritodemodoatorná-lomaisacessívelàcompreensãoetc.;

• providenciar adaptação de instrumentos de avaliação e de ensino e aprendizagem;

• favoreceroprocessocomunicativoentrealuno-professor,aluno-aluno,• alunos-adultos;• providenciarsoftwareseducativosespecíficos;• despertaramotivação,aatençãoeointeressedoaluno;• apoiar o uso dos materiais de ensino e aprendizagem de uso comum;• atuarparaeliminarsentimentosdeinferioridade,menosvaliaefracasso.

Page 74: Saberes e práticas de inclusão

�2

RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

Sugestões de recursos de acesso ao currículo para alunos com necessidadesespeciais,segundonecessidadesespecíficas:

Para alunos com deficiência visual• materiaisdesportivosadaptados:boladeguizoeoutros;• sistema alternativo de comunicação adaptado às possibilidades do aluno:

sistema Braille tipos escritos ampliados;• textos escritos com outros elementos (ilustrações táteis) paramelhorar a

compreensão;• posicionamento do aluno na sala de aula de modo que favoreça sua

possibilidadedeouviroprofessor;• deslocamentodoalunonasaladeaulaparaobtermateriaisouinformações,

facilitadopeladisposiçãodomobiliário;• explicaçõesverbaissobretodoomaterialapresentadoemaula,demaneira

visual;• adaptaçãodemateriaisescritosdeusocomum:tamanhodasletras,relevo,

softwareseducativosemtipoampliado,texturamodificadaetc.;• máquinabraile,reglete,sorobã,bengalalonga,livrofaladoetc.;• organizaçãoespacialparafacilitaramobilidadeeevitaracidentes:colocação

deextintoresdeincêndioemposiçãomaisalta,pistasolfativasparaorientarna localização de ambientes, espaço entre as carteiras para facilitar odeslocamento,corrimãonasescadasetc.;

• materialdidáticoedeavaliaçãoemtipoampliadoparaosalunoscombaixavisão e em braile e relevo para os cegos;

• sistemaBrailleparaalunoseprofessoresvidentesquedesejaremconheceroreferidosistema;

• materiaisdeensinoeaprendizagemdeusocomum:pranchasoupresilhasparanãodeslizar opapel, lupas, computador com sintetizadorde vozes eperiféricosadaptadosetc.;

• recursosópticos;• apoiofísico,verbaleinstrucionalparaviabilizaraorientaçãoemobilidade,

visando à locomoção independente do aluno.

Para alunos com deficiência auditiva• materiaiseequipamentosespecíficos:próteseauditiva,treinadoresdefala,

tablado,softwareseducativosespecíficosetc.;• textos escritos complementados com elementos que favoreçam a sua

compreensão:linguagemgestual,línguadesinaiseoutros;

Page 75: Saberes e práticas de inclusão

�3RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

• sistema alternativo de comunicação adaptado às possibilidades do aluno:leitura orofacial, linguagem gestual e de sinais; salas-ambientes paratreinamento auditivo, de fala, rítmico etc.; posicionamento do aluno nasaladetalmodoquepossaverosmovimentosorofaciaisdoprofessoredoscolegas;

• materialvisualeoutrosdeapoio,parafavoreceraapreensãodasinformaçõesexpostas verbalmente;

Para alunos com deficiência mental• ambientes de aula que favoreçam a aprendizagem, tais como: atelier,

cantinhos,oficinasetc.;• desenvolvimento de habilidades adaptativas: sociais, de comunicação,

cuidado pessoal e autonomia.

Para alunos com deficiência física• sistemas aumentativos ou alternativos de comunicação adaptado às

possibilidadesdoalunoimpedidodefalar:sistemasdesímbolos(baseadosem elementos representativos, em desenhos lineares, sistemas quecombinam símbolos pictográficos, ideográficos e arbitrários, sistemasbaseadosnaortografiatradicional,linguagemcodificada),auxíliosfísicosoutécnicos(tabuleirosdecomunicaçãoousinalizadoresmecânicos,tecnologiamicroeletrônica),comunicaçãototaleoutros;

• adaptação dos elementos materiais: edifício escolar (rampa deslizante,elevador,banheiro,pátioderecreio,barrasdeapoio,alargamentodeportasetc.);mobiliário(cadeiras,mesasecarteiras);materiaisdeapoio(andador,coletes, abdutordepernas, faixas restringidoras etc.);materiaisde apoiopedagógico(tesoura,ponteiras,computadoresquefuncionamporcontato,porpressãoououtrostiposdeadaptaçãoetc.);

• deslocamentodealunosqueusamcadeiraderodasououtrosequipamentos,facilitadopelaremoçãodebarreirasarquitetônicas;

• utilizaçãodepranchasoupresilhasparanãodeslizaropapel,suporteparalápis,presilhadebraço,coberturadetecladoetc.;

• textos escritos complementados com elementos de outras linguagens e sistemas de comunicação.

Para alunos com superdotação• evitarsentimentosdesuperioridade,rejeiçãodosdemaiscolegas,sentimentos

de isolamento etc.;• pesquisa,estimularapersistêncianatarefaeoengajamentoematividades

cooperativas;• materiais,equipamentosemobiliáriosquefacilitemostrabalhoseducativos; ambientesfavoráveisdeaprendizagemcomo:ateliê,laboratórios,bibliotecas

etc.;

Page 76: Saberes e práticas de inclusão

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RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

• materiaisescritosdemodoqueestimuleacriatividade: lâminas,pôsteres,murais, inclusão de figuras, gráficos, imagens etc. e de elementos quedespertam novas possibilidades.

Para alunos com deficiências múltiplasAsadaptaçõesdeacessoparaessesalunosdevemconsiderarasdeficiênciasquese apresentamdistintamenteeaassociaçãodedeficiênciasagrupadas:surdez-cegueira,deficiênciavisual-mental,deficiênciafísica-auditivaetc.

As adaptações de acesso devem contemplar a funcionalidade e as condiçõesindividuaisdoaluno:

• ambientes de aula que favoreça a aprendizagem, como: ateliê, cantinhos,oficinas;

• materiais de aula: mostrar os objetos, entregá-los, brincar com eles,estimulandoosalunosautilizá-los;

• apoioparaqueoalunopercebaosobjetos,demonstreminteresseetenhamacesso a eles.

Para alunos com condutas típicas de síndromes e quadros clínicosOcomportamentodessesalunosnãosemanifestaporigualnempareceteromesmo significado e expressão nas diferentes etapas de suas vidas. Existemimportantesdiferençasentreassíndromesequadrosclínicosquecaracterizamas condições individuais e apresentam efeitosmais oumenos limitantes. Asseguintessugestõesfavorecemoacessoaocurrículo:

• encorajaroestabelecimentoderelaçõescomoambientefísicoesocial;• oportunizar e exercitar o desenvolvimento de suas competências;• estimular a atenção do aluno para as atividades escolares;• utilizarinstruçõesesinaisclaros,simplesecontingentescomasatividades

realizadas;• oferecercondições favoráveisdeaprendizagem(evitaralternativasdo tipo

“aprendizagemporensaioeerro”);• favorecerobem-estaremocional.

2. Adequações nos Elementos Curriculares

Focalizam as formas de ensinar e avaliar, bem como os conteúdos a seremministrados, considerando a temporalidade. São definidas como alteraçõesrealizadas nos objetivos, conteúdos, critérios e procedimentos de avaliação,atividadesemetodologiasparaatenderàsdiferençasindividuaisdosalunos.

Page 77: Saberes e práticas de inclusão

�5RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

Medidasadotadasparaasadaptaçõesnoselementoscurriculares:

2.1. Adequações metodológicas e didáticas

Realizam-sepormeiodeprocedimentostécnicosemetodológicos,estratégiasdeensinoeaprendizagem,procedimentosavaliativoseatividadesprogramadaspara os alunos.

Sãoexemplosdeadequaçõesmetodológicasedidáticas:

• situaroalunonosgruposcomosquaismelhorpossatrabalhar;• adotar métodos e técnicas de ensino e aprendizagem específicas para o

aluno,naoperacionalizaçãodosconteúdoscurriculares,semprejuízoparaas atividades docentes;

• utilizar técnicas, procedimentos e instrumentos de avaliação distintosda classe, quando necessário, sem alterar os objetivos da avaliação e seuconteúdo;

• propiciar apoio físico, visual, verbal e outros ao aluno impedido em suascapacidades, temporária ou permanentemente, de modo que permita arealização das atividades escolares e do processo avaliativo. O apoio pode ser oferecido pelo professor regente, professor especializado ou pelos próprioscolegas;

• introduzir atividades individuais complementares para o aluno alcançar os objetivoscomunsaosdemaiscolegas.Essasatividadespodemrealizar-senaprópriasaladeaulaouematendimentosdeapoio;

• introduzir atividades complementares específicas para o aluno,individualmente ou em grupo;

• eliminar atividades que não beneficiem o aluno ou lhe restrinja umaparticipaçãoativaerealou,ainda,queestejaimpossibilitadodeexecutar;

• suprimirobjetivoseconteúdoscurricularesquenãopossamseralcançadospelo aluno em razão de sua(s) deficiência(s); substituí-los por objetivos econteúdosacessíveis,significativosebásicos,paraoaluno.

2.2. Adequações dos conteúdos curriculares e no processo avaliativo

Consistem em adequações individuais dentro da programação regularconsiderando-se os objetivos, os conteúdos e os critérios de avaliação pararesponder às necessidades de cada aluno.

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RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

Sãoexemplosdessasestratégias:

• adequar os objetivos, conteúdos e critérios de avaliação, o que implicamodificarosobjetivos,considerandoascondiçõesdoalunoemrelaçãoaosdemais colegas da turma;

• priorizardeterminadosobjetivos,conteúdosecritériosdeavaliação,paradarênfaseaosobjetivosquecontemplemasnecessidadeseducacionaisespeciaisdosalunos,suascondutastípicasoualtashabilidades.Essapriorizaçãonãoimplicaabandonarosobjetivosdefinidosparaoseugrupo,masacrescentaroutros,concernentescomsuasnecessidadeseducacionaisespeciais;

• mudar a temporalidade dos objetivos, conteúdos e critérios de avaliação,istoé,considerarqueoalunocomnecessidadesespeciaispodealcançarosobjetivos comuns ao grupo,mesmo que possa requerer um períodomaislongo de tempo. De igual modo, poderá necessitar de período variávelpara o processo de ensino e aprendizagem e o desenvolvimento de suas habilidades;

• mudaratemporalidadedasdisciplinasdocurso,sérieouciclo,ouseja,cursarmenosdisciplinasduranteoanoletivoe,dessemodo,estenderoperíododeduraçãodocurso,sérieoucicloquefreqüenta;

• introduzir conteúdos, objetivos e critérios de avaliação, o que implicaconsiderarapossibilidadedeacréscimodesseselementosnaaçãoeducativacasonecessárioàeducaçãodoalunocomnecessidadesespeciais.Éocasoda ampliação dos componentes curriculares específicos destinados aosalunoscomdeficiências,condutastípicas,eprogramasdeaprofundamento/enriquecimento curricular propostos para os alunos com superdotação.Oacréscimo de objetivos, conteúdos e critérios de avaliação não pressupõea eliminação ou redução dos elementos constantes do currículo regulardesenvolvido pelo aluno;

• eliminarconteúdos,objetivosecritériosdeavaliação,definidosparaogrupodereferênciadoaluno,emrazãodesuasdeficiênciasoulimitaçõespessoais.Asupressãodessesconteúdoseobjetivosdaprogramaçãoeducacionalregularnãodeve causarprejuízoparaa suaescolarizaçãoepromoçãoacadêmica.Deveconsiderar,rigorosamente,osignificadodosconteúdos,ouseja,sesãobásicos,fundamentaisepré-requisitosparaaprendizagensposteriores.

Asmedidasdeadequaçõescurricularesdevemconsiderarosseguintesaspectos,dentreoutros:

• ser precedida de uma criteriosa avaliação do aluno, considerando, a suacompetência acadêmica;

• fundamentar-se na análise do contexto escolar e familiar, que favoreça aidentificação dos elementos adaptativos necessários que possibilitem asalterações indicadas;

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��RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

• contarcomaparticipaçãodaequipedocenteetécnicadaescolaecomoapoiode uma equipe psicopedagógica (integrada por psicólogo, fonoaudiólogo,médicoeoutros)quandopossívelenecessário;

• promover o registro documental das medidas adaptativas adotadas, paraintegrar o acervo documental do aluno;

• evitar que as programações individuais sejam definidas, organizadas erealizadas com prejuízo para o aluno, ou seja, para o seu desempenho,promoção escolar e socialização;

• adotar critérios para evitar adequações curriculares muito significativas,que impliquem supressões de conteúdos expressivos (quantitativa equalitativamente),bemcomoaeliminaçãodedisciplinasoudeáreascurricularescompletas.

DIVERSIFICAÇÃO CURRICULAR

Alguns alunos com necessidades especiais revelam não conseguir atingir os objetivos,conteúdosecomponentespropostosnocurrículoregularoualcançaros níveismais elementares de escolarização. Essa situação pode decorrer dedificuldades orgânicas associadas a déficits permanentes e, muitas vezes,degenerativos que comprometem o funcionamento cognitivo, psíquico esensorial,vindoaconstituirdeficiênciasmúltiplasgraves.

Nessas circunstâncias, verifica-se a necessidade de realizar adequaçõessignificativasnocurrículoparaoatendimentodosalunoseindicarconteúdoscurriculares de carátermais funcional e prático, levando em conta as suascaracterísticasindividuais.

Alguns programas, devido à expressividade das adequações curricularesefetuadas, podem ser encarados como currículos especiais. Comumenteenvolvematividadesrelacionadasaodesenvolvimentodehabilidadesbásicas;à consciência de si; aos cuidados pessoais e de vida diária; ao treinamentomultissensorial;aoexercíciodaindependênciaeaorelacionamentointerpessoal,dentreoutrashabilidades.Essescurrículossãoconhecidoscomofuncionaiseecológicosesuaorganizaçãonãolevaemcontaasaprendizagensacadêmicasque o aluno revelar impossibilidade de alcançar,mesmodiante dos esforçospersistentes empreendidos pela escola.

Currículosadequadosouelaboradosdemodotãodistintodosregularesimplicamadequaçõessignificativasextremas,adotadasemsituaçõesderealimpedimentodoalunoparaintegrar-seaosprocedimentoseexpectativascomunsdeensino,emfacedesuascondiçõespessoaisidentificadas.

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RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

A elaboração e a execução de um programa dessa natureza devem contar com aparticipaçãoda família e ser acompanhadasdeumcriteriosoe sistemáticoprocesso de avaliação pedagógica e psicopedagógica do aluno, bem comodaeficiênciadosprocedimentospedagógicosempregadosnasuaeducação.

Sistemas de Apoio

Asdecisõessobreadequaçõescurricularespodemincluirasmodalidadesdeapoioquefavorecemouviabilizamasuaeficácianaeducaçãodosalunoscomnecessidades especiais.

Pode-sedefinirapoiocomorecursoseestratégiasquepromovemointeresseeascapacidadesdapessoa,bemcomooportunidadesdeacessoabenseserviços,informações e relações no ambiente emque vive.O apoio tende a favorecera autonomia, a produtividade, a integração e a funcionalidade no ambienteescolarecomunitário.

Sãoelementosdeapoio,dentreoutros:

• aspessoas:familiares,amigos,profissionais,colegas,monitores,orientadores,professores(itinerantes,desaladerecursos,deapoio);

• osrecursosfísicos,materiaiseambientais;• asatitudes,osvalores,ascrenças,osprincípios;• asdeliberaçõesedecisõespolíticas,legais,administrativas;• osrecursostécnicosetecnológicos;• osprogramaseserviçosdeatendimentogenéricoseespecializados.

Asdecisõessobreapoiodevemconsiderar:

• asáreasprioritáriasaseremapoiadas;• a identificação dos tipos mais eficientes de apoio em função das áreas e

aspectosdefinidos;• as situações emque o apoiodeve ser prestado: dentro ou forada sala de

aula,emgrupoouindividualmente,préviaouposteriormenteàsatividadesdeensino-aprendizagemregulares;

• asfunçõesetarefasdosdiferentesprofissionaisenvolvidosnaprestaçãodoapoio,bemcomoospapéisdecadaumnassituaçõesdeaprendizagemdoaluno.

Issoposto,osseguintespressupostosdevemserconsiderados:

• hádiversasmodalidadesdeapoio,sendoalgumasmaisválidaseadequadaspara certos alunos e determinados contextos de ensino e aprendizagem

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��RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

(dependemdotipodenecessidadesespeciaisdoaluno,dasáreascurricularesfocalizadas,dasmetodologiasadotadas,daorganizaçãodoprocessodeensinoeaprendizagem,dasatitudesprevalecentescomrelaçãoaoalunoetc.);

• as decisões sobre modalidades de apoio devem ser compartilhadas pelaspessoasenvolvidasnoprocessodeensinoeaprendizagem(consensoentreos educadores e profissionais que atendem ao aluno, adoção de critérioscomunsparaotrabalhopedagógicoeaçãoconjunta);

• asmodalidades de apoio devem estar circunscritas ao projeto pedagógicoda escola (atender aos critérios gerais adotados pela comunidade escolar,definiçãodas funçõesdoapoio,númerodealunosa seremcontemplados,tomadasdeprovidênciasetc.);

• asmodalidadesdeapoiodevemestarassociadasaonúmeroeàscaracterísticasdosalunos,aolocaleaomomentoondeseráministrado,bemcomoàsuaduraçãoefreqüência(individualougrupal,gruposhomogêneosoumistos,dentroouforadasaladeaula,temporáriooupermanenteetc.).

Pode-seconsiderar,ainda,aintensidadedoapoioaseroferecido:

• intermitente: episódico, nem sempre necessário, transitório e de poucaduração(exemplo:apoioemmomentosdecrise,emsituaçõesespecíficasdeaprendizagem);

• limitado: por tempo determinado e com fim definido (exemplo: reforçopedagógicoparaalgumconteúdoduranteumsemestre,desenvolvimentodeumprogramadepsicomotricidadeetc.);

• extensivo:regular,emambientesdefinidos,semtempolimitado(exemplo:atendimentonasaladerecursosoudeapoiopsicopedagógico,atendimentoitinerante);

• pervasivo:constante,comaltaintensidadeelongaduração(ouaolongodetodaavida),envolvendoequipesemuitosambientesdeatendimento.

Indicado para alunos com deficiências mais acentuadas ou múltiplasdeficiências.

AVALIAÇÃO E PROMOÇÃO Oprocessoavaliativoédesumaimportânciaemtodososâmbitosdoprocessoeducacionalparanortearasdecisõespedagógicaseretroalimentá-las,exercendoumpapelessencialnasadequaçõescurriculares.

Quandorelacionadoaoaluno,emfacedesuasnecessidadesespeciais,oprocessoavaliativodevefocalizar:

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80

RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

• os aspectos do desenvolvimento (biológico, intelectual,motor, emocional,social,comunicaçãoelinguagem);

• o nível de competência curricular (capacidades do aluno em relação aosconteúdoscurricularesanterioreseosaseremdesenvolvidos);

• o estilo de aprendizagem (motivação, capacidade de atenção, interessesacadêmicos, estratégias próprias de aprendizagem, tipos preferenciais deagrupamentosque facilitamaaprendizagemecondições físico-ambientaismaisfavoráveisparaaprender).

Quando direcionado ao contexto educacional, o processo avaliativo devefocalizar:

• o contexto da aula (metodologias, organização, procedimentos didáticos,atuação do professor, relações interpessoais, individualização do ensino,condiçõesfísico-ambientais,flexibilidadecurricularetc.);

• ocontextoescolar(projetopedagógico,funcionamentodaequipedocenteetécnica,currículo,climaorganizacional,gestãoetc.).

Quandodirecionadoaocontextofamiliar,oprocessoavaliativodevefocalizar,dentreoutrosaspectos:

• as atitudes e expectativas com relação ao aluno;• a participação na escola;• oapoiopropiciadoaoalunoeàsuafamília;• ascondiçõessocioeconômicas;• as possibilidades e pautas educacionais;• adinâmicafamiliar.

Quanto à promoção dos alunos que apresentam necessidades educacionaisespeciais,oprocessoavaliativodeveseguiroscritériosadotadosparatodososdemaisouadotaradequações,quandonecessário.

Alguns aspectos precisam ser considerados para orientar a promoção ou a retençãodoalunonasérie,etapa,ciclo(ououtrosníveis):

• a possibilidade do aluno ter acesso às situações escolares regulares e com menor necessidade de apoio especial;

• avalorizaçãodesuapermanênciacomoscolegasegruposquefavoreçamoseudesenvolvimento,comunicação,autonomiaeaprendizagem;

• acompetênciacurricular,noqueserefereàpossibilidadedeatingirosobjetivoseatenderaoscritériosdeavaliaçãoprevistosnocurrículoadaptado;

Page 83: Saberes e práticas de inclusão

81RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

• oefeitoemocionaldapromoçãooudaretençãoparaoalunoesuafamília.

Adecisão sobre a promoçãodeve envolver omesmo grupo responsável pelaelaboraçãodasadequaçõescurriculares.

Para não Concluir

As adequações curriculares são medidas pedagógicas adotadas em diversosâmbitos: no nível do projeto pedagógico da escola, da sala de aula, dasatividadese,somentequandoabsolutamentenecessário,aplicam-seaoalunoindividualmente. Visam ao atendimento das dificuldades de aprendizagemedasnecessidadeseducacionais especiaisdoseducandoseao favorecimentode suaescolarização.Consideramos critériosde competênciaacadêmicadosalunos,tendocomoreferênciaocurrículoregularebuscammaximizarassuaspotencialidades,semignorarousublevaraslimitaçõesqueapresentamesuasnecessidades educacionais especiais.

Essas medidas adaptativas focalizam a diversidade da população escolar epressupõemqueotratamentodiferenciadopodesignificar,paraosalunosquenecessitam, igualdade de oportunidades educacionais. Desse modo, buscampromovermaioreficáciaeducativa,naperspectivadaescolaparatodos.

A atual situação em que se encontram os sistemas educacionais reveladificuldadesparaatenderàsnecessidadeseducacionaisespeciaisdosalunosnaescolaregular,principalmentedosqueapresentamsuperdotação,deficiênciasoucondutastípicasdesíndromes,quepodemviranecessitardeapoioparaasua educação.Aflexibilidadeeadinamicidadedocurrículoregularpodemnãosersuficientepara superar as restrições do sistema educacional ou compensar as limitações reaisdessesalunos.Dessemodo,enasatuaiscircunstâncias,entende-sequeasadequaçõescurricularesfazem-se,ainda,necessárias.

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83RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

TEMPO PREVISTO04horas

FINALIDADE DO ENCONTROFavorecercondiçõesparaquecadaprofessorreflitasobrearelaçãoexistenteentreodesenvolvimento,aaprendizagemeoensino.

EXPECTATIVA DE APRENDIZAGEMAo final deste encontro, o professor dele participante deverá ser capaz dediscutirsobreasrelaçõesexistentesentreosprocessosdedesenvolvimento,deaprendizagem e de ensino.Discutirsobresuatarefadeensinarapartirdoreferencialdaspeculiaridadesdodesenvolvimentoeaprendizagemdosdiferentesalunos.

CONTEÚDODesenvolvimento e AprendizagemDesenvolvimento real.Desenvolvimento proximal.Desenvolvimento potencial.Espaço de atuação do professor e implicação da diversidade para a práticapedagógica

MATERIALDe Oliveira, M.K. (1995). Vygotsky. Aprendizado e desenvolvimento. Um

processosociohistórico.SãoPaulo:EditoraScipione,pp.58-62.Laranjeira, M.I.(1995).DaArtedeAprenderaoOficiodeEnsinar-Relato,

emreflexão,deumatrajetória.Bauru:EDUSC,pp.89-90.

5º ENCONTRO

5. ESTUDANDO A RELAÇÃO ENTRE O DESENVOLVIMENTO E A APRENDIZAGEM

Page 86: Saberes e práticas de inclusão

SEQÜÊNCIA DE ATIVIDADES

1. Estudo dirigido (30 min.) Oprofessorformadordeverásolicitaraosparticipantesquesedividamem

gruposdeatéquatropessoas,paradiscutireredigirumtexto-síntesesobrecomoogrupoconceituadesenvolvimentoeaprendizagem,equaisasrelaçõesquevêentreessesdoisprocessos.

2. Plenária (30 min.) Após esse trabalho, cada grupo deverá apresentar sua síntese à plenária,

recomendando-sequeo formadorregistre,noquadro,asprincipais idéiasproduzidas em cada síntese, para favorecer sua visualização a todos osparticipantes.

3. Estudo dirigido (1 h) Oformadordeverá,então,solicitarquecadagrupoleiaostextos,inseridos

a seguir, sugerindo que os grupos enfatizem, na discussão, as seguintesquestões:

Aquesereferemostermosdesenvolvimentoreal,zonadedesenvolvimentoproximal e desenvolvimento potencial?. Em que instância dedesenvolvimentooprofessordeveatuar?

4. Intervalo (15 min.)

5. Estudo dirigido (30 min.) Apósadiscussão,ogrupodeverácriareprepararumaformaderepresentação

(daescolhadosparticipantes:teatral,musical,gráfica,etc...)sobrecomo estão vendoosprocessosdedesenvolvimentoedeaprendizagem,bemcomosuaspossíveisrelações,aproveitando-sedeexemplosdesituaçõesvivenciadasnocotidiano de suas salas de aula.

6. Plenária (45 min.) Asíntesedoconteúdodiscutidopelogruposobreasduasprimeirasquestões,

bemcomoarepresentaçãoplanejada,deveráserapresentadaemplenária.

7. Fechamento (30 min.) O professor formador deverá favorecer o processo de construção de

conhecimento, coordenando a discussão da plenária sobre o conteúdoapresentado.Paratanto,recomenda-sequeelecontraponha,criticamente,asidéiasapresentadaspelosdiferentesgruposantesdoestudosobreotexto,comaquelasapresentadasnarepresentaçãofinal.

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RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

1 De Oliveira, MK (1995). O conceito na zona de desenvolvimento proximal. Vygotsky - Aprendizado edesenvolvimento,umprocessosocio-histórico.SãoPaulo:EditoraScipione,P.58a65.

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85RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

O CONCEITO DE ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL1

Normalmente, quando nos referimos ao desenvolvimento de uma criança, oque buscamos compreender é “até onde a criança já chegou”, em termos deum percurso que, supomos, será percorrido por ela. Assim, observamos seudesempenhoemdiferentestarefaseatividades,comoporexemplo:elajásabeandar? Já sabe amarrar sapatos? Já sabe construir uma torre com cubos dediversostamanhos?Quandodizemosqueacriançajásaberealizardeterminadatarefa, referimo-nos à sua capacidade de realizá-la sozinha. Por exemplo, seobservamosqueacriança“jásabeamarrarsapatos”,estáimplícitaaidéiadequeelasabeamarrarsapatos,sozinha,semnecessitardeajudadeoutraspessoas.

Essemodo de avaliar o desenvolvimento de um indivíduo está presente nassituaçõesda vidadiária, quandoobservamos as criançasquenos rodeiam, etambémcorrespondeàmaneiramaiscomumenteutilizadaempesquisassobreo desenvolvimento infantil. O pesquisador seleciona tarefas que consideraimportantes para o estudo do desempenho da criança e observa que coisaselajáécapazdefazer.Geralmente,naspesquisasexisteumcuidadoespecialparaqueseconsidereapenasaconquistaquejáestãoconsolidadasnacriançaaquelas capacidades ou funções que a criança já domina completamente eexercede forma independente, semajudadeoutraspessoas.Numapesquisasobre amontagemde torres comcubosdediversos tamanhos,por exemplo,opesquisadornãovaiconsiderarqueumacriançajásabeconstruiratorreseelaconseguirconstruí-laapenasporqueumcolegadeclasseaajudou.Paraserconsideradacomopossuidoradecertacapacidade,acriançatemquedemonstrarquepodecumpriratarefasemnenhumtipodeajuda.

Vygotskydenominaessacapacidadederealizartarefasdeformaindependente,deníveldedesenvolvimentoreal.Paraele,oníveldedesenvolvimentorealdacriançacaracterizaodesenvolvimentodeformaretrospectiva,ouseja,refere-seaetapasjáalcançadas,jáconquistadaspelacriança.Asfunçõespsicológicasquefazempartedoníveldedesenvolvimentorealdacriançaemdeterminadomomentodesuavidasãoaquelasjábemestabelecidasnaquelemomento.Sãoresultadosdeprocessosdedesenvolvimentojácompletados,jáconsolidados.

Vygotskychamaaatençãoparaofatodeque,paracompreenderadequadamenteodesenvolvimento,devemosconsiderarnãoapenasoníveldedesenvolvimentorealdacriança,mastambémseuníveldedesenvolvimentopotencial,issoé,suacapacidadededesempenhartarefascomaajudadeadultos,oudecompanheirosmaiscapazes.Hátarefasqueumacriançanãoécapazderealizarsozinha,masquesetornacapazderealizarsealguémlhederinstruções,fizerumademonstração,

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86

RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

fornecerpistas,ouderassistênciaduranteoprocesso.Nocasodaconstruçãodatorredecubos,porexemplo,seumadultoderinstruçõesparaacriança(“Vocêtemqueirpondoprimeiroocubomaiordetodos,depoisosmenores”ou“Temquefazerdeumjeitoqueatorrenãocaia”)ouseelaobservarumacriançamaisvelhaconstruindoumatorreaseu lado,épossívelqueconsigaumresultadomaisavançadodoqueaquelequeconseguiriaserealizasseatarefasozinha.

Essapossibilidadedealteraçãonodesempenhodeumapessoapelainterferênciade outra é fundamental na teoria de Vygotsky. Em primeiro lugar, porquerepresenta,defato,ummomentododesenvolvimento:nãoéqualquerindivíduoquepode,apartirdaajudadeoutro,realizarqualquertarefa.Istoé,acapacidadedesebeneficiardeumacolaboraçãodeoutrapessoavaiocorrernumcertoníveldedesenvolvimento,masnãoantes.Umacriançadecincoanos,porexemplo,pode ser capazde construir a torre de cubos sozinha; umade três anosnãoconsegueconstruí-lasozinha.,maspodeconseguircomaassistênciadealguém.Umacriançadeumanonãoconseguiriarealizaressatarefa,nemmesmocomajuda.Umacriançaqueaindanãosabeandarsozinhasóvaiconseguirandarcomaajudadeumadultoqueasegurepelasmãosapartirdeumdeterminadonível de desenvolvimento. Aos três meses de idade, por exemplo, ela não écapazdeandarnemcomajuda.Aidéiadeníveldedesenvolvimentopotencialcapta,assim,ummomentododesenvolvimentoquecaracterizanãoasetapasjáalcançadas,jáconsolidadas,masetapasposteriores,nasquaisainterferênciadeoutraspessoasafeta,significativamente,oresultadodaaçãoindividual.

Em segundo lugar, essa idéia é fundamental na teoria de Vygotsky porqueele atribui importância extrema à interação social no processo de construção das funções psicológicas humanas.Odesenvolvimento individual se dá numambiente social determinado e a relação comooutro,nasdiversas esferas eníveisdaatividadehumana,éessencialparaoprocessodeconstruçãodoserpsicológicoindividual.Éapartirdapostulaçãodaexistênciadessesdoisníveisdedesenvolvimento-realepotencial-queVygotskydefineazonadedesenvolvimentoproximalcomo“adistânciaentreoníveldedesenvolvimentoreal,quesecostumadeterminaratravésdasoluçãoindependentedeproblemas,eoníveldedesenvolvimentopotencial,determinadoatravésdasoluçãodeproblemassobaorientaçãodeumadultoouemcolaboraçãocomcompanheirosmaiscapazes”.

A zona de desenvolvimento proximal refere-se, assim, ao caminho que oindivíduo vai percorrer para desenvolver funções que estão em processo deamadurecimentoequesetornarãofunçõesconsolidadas,estabelecidasnoseuníveldedesenvolvimentoreal.Azonadedesenvolvimentoproximalé,pois,umdomínio psicológico em constante transformação: aquilo que uma criança é

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8�RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

capazdefazercomaajudadealguémhoje,elaconseguiráfazersozinhaamanhã.Écomoseoprocessodedesenvolvimentoprogredissemaislentamentequeoprocesso de aprendizado; o aprendizado desperta processos de desenvolvimento que, aos poucos, vão tornar-se parte das funções psicológicas consolidadasdo indivíduo. Interferindo constantemente na zona de desenvolvimentoproximaldas crianças, os adultos e as criançasmais experientes contribuempara movimentar os processos de desenvolvimento dos membros imaturos da cultura.

O Papel da Intervenção Pedagógica

AconcepçãodeVygotskysobreasrelaçõesentredesenvolvimentoeaprendizado,eparticularmentesobreazonadedesenvolvimentoproximal,estabeleceforteligaçãoentreoprocessodedesenvolvimentoearelaçãodoindivíduocomseuambientesocioculturalecomsuasituaçãodeorganismoquenãosedesenvolveplenamentesemosuportedeoutros indivíduosdesuaespécie.Énazonadedesenvolvimento proximal que a interferência de outros indivíduos é amaistransformadora. Processos já consolidados, por um lado, não necessitam daação externapara seremdesencadeados; processos aindanem iniciados, poroutrolado,nãosebeneficiamdessaaçãoexterna.Paraumacriançaquejásabeamarrarsapatos,porexemplo,oensinodessahabilidadeseriacompletamentesemefeito;paraumbebê,poroutrolado,aaçãodeumadultoquetentaensiná-loaamarrarsapatosétambémsemefeito,pelofatodequeessahabilidadeestámuitodistantedohorizontededesenvolvimentodesuasfunçõespsicológicas.Sósebeneficiariadoauxílio“natarefadeamarrarsapatos,acriançaqueaindanãoaprendeubemafazê-lo,masjádesencadeouoprocessodedesenvolvimentodessahabilidade.

AimplicaçãodessaconcepçãodeVygotskyparaoensinoescolaréimediata.Se o aprendizado impulsiona o desenvolvimento, então a escola tem umpapel essencial na construção do ser psicológico adulto dos indivíduos quevivememsociedadesescolarizadas.Masodesempenhodessepapelsósedaráadequadamentequando,conhecendooníveldedesenvolvimentodosalunos,aescoladirigiroensinonãoparaetapasintelectuaisjáalcançadas,massimparaestágiosdedesenvolvimentoaindanãoincorporadospelosalunos,funcionandorealmentecomoummotordenovasconquistaspsicológicas.

Paraacriançaquefreqüentaaescola,oaprendizadoescolaréelementocentralno seu desenvolvimento.

O processo de ensino-aprendizado na escola deve ser construído, então,tomandocomopontodepartidaoníveldedesenvolvimentorealdacriançanumdadomomentoecomrelaçãoaumdeterminadoconteúdoaserdesenvolvidoecomopontodechegadaosobjetivosestabelecidospelaescola,supostamenteadequadosàfaixaetáriaeaoníveldeconhecimentosehabilidadesdecadagrupodecrianças.Opercursoaserseguidonesseprocessoestarábalizadotambémpelas possibilidades das crianças, isto é, pelo seu nível de desenvolvimento

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RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

potencial.Serámuitodiferenteensinar,porexemplo,adistinçãoentreavesemamíferosparacriançasquevivemnazonarural,emcontatodiretoeconstantecomanimais,eparacriançasquevivememcidadeseconhecemanimaisporviasmuitomaisindiretas.Masnosdoiscasosaescolatemopapeldefazeracriança avançar em sua compreensão do mundo a partir de seu desenvolvimento jáconsolidadoetendocomometaetapasposteriores,aindanãoalcançadas.

Comonaescolaoaprendizadoéumresultadodesejável,éopróprioobjetivodoprocesso escolar, a intervençãoéumprocessopedagógicoprivilegiado.Oprofessortemopapelexplícitodeinterferirnazonadedesenvolvimentoproximaldosalunos,provocandoavançosquenãoocorreriamespontaneamente.Oúnicobomensino,afirmaVygotsky,éaquelequeseadiantaaodesenvolvimento.Osprocedimentos regulares que ocorremna escola - demonstração, assistência,fornecimentodepistas,instruções–sãofundamentaisnapromoçãodo“bomensino”.Istoé,acriançanãotemcondiçõesdepercorrer,sozinha,ocaminhodoaprendizado.A intervençãodeoutraspessoas-que,nocasoespecíficodaescola,sãooprofessoreasdemaiscrianças-éfundamentalparaapromoçãododesenvolvimentodoindivíduo.

Page 91: Saberes e práticas de inclusão

8�RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

PENSANDO SOBRE O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM2

Aleiturasocioconstrutivistasobreodesenvolvimentohumanopropõequetodoindivíduoapresenta,emcadamomentodesuahistóriadedesenvolvimento,umdesenvolvimentoreal(representadopeloconhecimentoporelejáconstruídoe pelas operações que pode desempenhar com autonomia, sem ajuda), umdesenvolvimentoproximal(representadopelasoperaçõesquesomenteconseguedesempenharcomajuda)eumdesenvolvimentopotencial(representadopelasoperaçõesqueaindanãoconseguedesempenhar,mesmocomaapresentaçãodediferentesníveisdeajuda).

“A posição que Vygotsky assume sobre a relação entre o desenvolvimento ea aprendizagemestádeclarada emseu conceitode zonadedesenvolvimentoproximal, através do qual nos oferece com magistral clareza, o que temoschamado“desenhodaaula”,umavezquenosapontaoslimitesepossibilidadesnosquaisdevemosapoiarnossatarefadearticulaçãoedêmediação.Comisso,permitequenós,professores,apreendamostambémoquenãoéaula,,ousejanãoestaremoscumprindonossopapelcomrelaçãoaoaluno,nemseestivermostrabalhandono interiordaprimeiraesfera(porexemplo,quandoutilizarmosa aula para fazê-lo retomar ao concretopalpável, em realidades quenão lhesãoconhecidas),nemsequerseofizermosnoexteriordasegundaesfera(porexemplo,quandopropusermosqueapliquemtesesgeraisacasosespecíficos,emsituaçõesnasquaisaconstruçãodeconceitosaindanãoestágarantida).

2Laranjeiras,M.I(1995).DaArtedeAprenderdoOfíciodeEnsinar-Relato,emreflexão,deumatrajetória.Bauru:EDUSC,pp.89-90.

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RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

Contudo,aaulaestarábempostaquandoaalocarmosentreambas,ouseja,senãoestivermosasubestimar,nemsuperestimaracapacidaderealdosujeito.Temos,então,quenossubsidiardeumapropostadedesenvolvimentocognitivopara,assim,termosumreferencialclaroparaatuar,noqueserefereàpráticadocente,noespaçocompreendidopelazonadedesenvolvimentoproximal.Precisamospoderhipotetizarsobreoqueosujeitojápodefazersozinho,oquepodefazercomnossaajudaeoquenãopodefazerainda,sequercomanossaajuda”(Laranjeira,1995,pp.76-77).

Cabe ao professor, assim, planejar e reajustar suas ações pedagógicas emfunção de parâmetros estabelecidos pelo ponto de partida do aluno e pelaspeculiaridadesqueapresenta emseuprocessodeapreensãoe construçãodoconhecimento.

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�1RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

TEMPO PREVISTO04horas

FINALIDADE DESTE ENCONTROFavorecer condições para que cada professor reflita sobre a diversidade queconstitui o alunado.

MATERIALTextoAranha, M.S.F. (2002). Refletindo sobre a diversidade que constitui nossoalunado.Bauru:UNESP-Bauru.

SEQÜÊNCIA DE ATIVIDADES

1. Estudo dirigido (45 min.) Oformadordeverásolicitaraosparticipantesquesedividamemgruposde

atéquatropessoas,paraleituraediscussãosobreotextoabaixo.

Como roteiropara adiscussão e aproduçãode sínteses sobre asdiscussões,sugere-sequesejamabordadas,pelosgrupos,asseguintesquestões:

•Aqueseestáreferindoquandosefalaemdiversidade?•Noqueadiversidadeafetaapráticapedagógicadoprofessor?

2. Plenária (45 min.) Asíntesedoconteúdodiscutidopelogruposobreasduasprimeirasquestões

deveráserapresentadaemplenária,commediaçãodoformador.

6º ENCONTRO

6. A DIVERSIDADE NO CONTEXTO EDUCACIONAL

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RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

3. Intervalo (15 min.)

4. Estudo dirigido (50 min.) Sugere-se que nesta etapa, o coordenador solicite que os participantes se

dividamemgrupodeatécincopessoas.Cadagrupodeverá:a. escolher um caso, da realidade de algum dos membros, e descrevê-

lo, nas variáveis que o caracterizam: caracterização pessoal do aluno,caracterizaçãosociocultural,especificidadesdoaluno,caracterizaçãodeseuprocessodeaprendizagem,necessidadeseducacionaisespeciaisquepossa ter, dificuldades que o professor tem enfrentado no processo deensinar,providênciasjáadotadas.

b. ogrupodeverádiscutirsobreocaso,procurandoressaltaraspeculiaridadesdessealuno,ebuscandoviasalternativasdesolucionaro(s)problema(s)do processo de ensino e aprendizagem.

c.o grupo deverá produzir uma representação teatral do caso escolhido,bemcomoda análise feitasobreeleedasalternativaspensadaspelogrupo.

5. Plenária (45 min.) Asrepresentaçõesdosgruposdeverãoserapresentadas,emplenária.

6. Fechamento (40 min.) O formador deverá auxiliar os participantes, em sua discussão geral,

introduzindo questões que ampliem o foco de análise dos professores,provocando o estabelecimento de relações lógicas entre as noções aquitratadassobreoprocessodedesenvolvimentoedeaprendizagem,focalizandoa diversidade que constitui o alunado de uma sala de aula e a forma deprocurarresponder,pedagogicamente,àspeculiaridadesdecadaaluno.

REFLETINDO SOBRE A DIVERSIDADE QUE CONSTITUI NOSSO ALUNADO

Quando assumimos uma classe, aparentemente ela se constitui de um grupodealunosque,emboraapresentediferençasnaaparênciaenocomportamento,mesclam-seemumgrandegrupo,aoqualnosreferimoscomo“meusalunos”.

Semqueopercebamos,ograndegrupovaigradativamenteconstituindo,emnossopensar,umaunidade.Cabe-nos fazercomqueestegrupoaprendaumconjuntodeinformaçõesconstantesdenossoprogramadeensino.

Háqueseatentar,entretanto,paraofatodeemboraaelesnosreferimoscomoumaunidade(“minhaclasse”,“minhaturma”),narealidadeessegruponãoéumaunidade,jáqueexisteumsemnúmerodevariáveisalipresentes,quefazde cada alunoumapessoa singular.Cadaum tem, certamente, umahistória

Page 95: Saberes e práticas de inclusão

�3RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

de vida peculiar, com características culturais diferenciadas, com realidadesdevidafamiliar,social,econômicabastantediferenciadas,comcaracterísticasfuncionaisdeaprendizagemtambémdiversificada,alémdediferirememumsemnúmerodevariáveis(qualidadedevida,etnia,religião,saúde,repertóriodeconvivênciagrupal,habilidadedegerenciamentoderelaçõesinterpessoais,instrumentalizaçãoparaaconvivênciacompareseautoridades,etc..)quefazdecadaalunoumsujeitodeaprendizagemúnico,quenecessitaserprofundamenteconhecidoereconhecido,sequisermosserbemsucedidosemnossoprocessodeensino.

Há também que se lembrar que, geralmente, o programa de ensino com oqualiniciamosnossoanodetrabalhoéelaboradoantessequerdetermossidoapresentadosaessesalunos,oquedesvelaapressuposiçãodequeépossívelensinaratodos,comosetodosfossemumsó.

Ignorar a individualidade e argumentar que o grande número de alunos emcadasaladeaulanãopermiteaatençãoindividualizadaacadaaluno,temsidoumadasprincipaiscausasdofracassoescolar,quandoolhadodoladodaaçãodoprofessor.

Nossaexperiênciadocentenostemmostradoqueseencontramnamesmasaladeaulaalunosquevivemnamiséria,alunosqueenfrentamviolênciafamiliar,alunos que cheiram cola, alunos que crescerambrincando com computador,alunosdeclassemédia,alunosdeclassealta,alunosdepopulaçõesdistantes,os nômades, alunos que trabalham para sustentar família, alunos que sãomoradores de rua, alunos que pertencem aminorias lingüísticas, étnicas ouculturais, enfim, individualidades totalmente diferenciadas umas das outras,queconstituemumaampladimensãodecaracterísticas.

Cadaumadessasindividualidades,porsuavez,temumahistóriaeumpadrãodiferenciadode relação coma realidade e comoprocesso de aprendizagem.Todostêmumconhecimentodarealidade,quefoiconstruídoemsuahistóriadevidaequenãopodeserignoradonoprocessodoensinar.

Háosqueaprendemmelhoratravésdaexperiênciaconcreta.Háosqueaprendemmelhoratravésdaviaauditiva.Háosqueaprendemmelhor,seutilizarmosaviaescrita.Háosqueaprendemmelhor,sepuderemescreversobreoassuntoqueestásendoabordado.

Cadaumtemnecessidadeseducacionaisespecíficas,àsquaisoprofessortemqueresponderpedagogicamente,casoqueiracumprircomseupapelprimordialde garantir o acesso, a todos, ao conhecimento historicamente produzidopelahumanidade,eaoseuusonarelaçãocomarealidadesocialnaqualnosencontramosinseridos,equenoscabetransformar.

Considerando essa diversidade toda, não podemos ainda nos esquecer dosalunosqueapresentamumadeficiênciafísica,mental,visual,auditiva,múltipla,comportamentostípicosemesmoaosqueapresentamaltashabilidades.

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RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

Entretanto,todoequalqueralunopodeapresentarnecessidadeseducacionaisespeciais,ocasionaloupermanentemente.

Aosefalaremnecessidadeseducacionaisespeciais,tratamosdasdificuldadesespecíficas dos alunos, no sentido de focalizar primordialmente não o alunoemsi,masquerespostasaescolapodeofereceracadaum,parapromoveraaprendizagem pretendida.

Tradicionalmente,eaindaemnossosdias,háumatendênciadeseatribuirofracassoescolardoaluno,exclusivamenteaele.Dessemodo,aescolaficaisentadaresponsabilidadepelasuaaprendizagemounãoaprendizagem,cabendoaprofissionaisdiversos, a identificaçãodeproblemasa seremencaminhadosesolucionados fora da escola.O fracassoda criançapassa a ser explicadopordiversas denominações e causas, como distúrbios, disfunções, problemas,dificuldades, carência, desnutrição, família desestruturada, dentre outras,situadasmaispróximasdaspatologiasedecausalidadesocialdoquedesituaçõesescolares contextuais.

Nãosepodenegaroscondicionantesorgânicos,socioculturaisepsíquicos,queestãoassociadosaváriostiposdedeficiênciasouainfluênciaqueessesfatorespodemexercernosucessoouinsucessoescolardoeducando,masnãosepodeadvogarsuahegemoniacomodeterminantesnacausalidadedofracassoescolar,oucomomododejustificarumaaçãoescolarpoucoeficaz.

Nestequadro, énecessárioumnovoolhar sobrea identificaçãodealunoscom necessidades especiais, bem como sobre as necessidades especiais quealgunsalunospossamapresentar. Igualmente,umnovoolharemconsideraropapeldaescolanaproduçãodo fracassoescolar, enoencaminhamentodealunosparaatendimentos especializados,dentreoutrasmedidas comumenteadotadas na prática pedagógica. Um exemplo preocupante do desvio dessaspráticaséoencaminhamentoindevidoeapermanênciadealunosemclassesespeciais,comoresultadodaineficiênciaescolar.

Outroaspectoaserconsideradoéopapeldesempenhadopeloprofessornasala de aula. Não se pode substituir a sua competência pela ação de apoio exercida pelo professor especializado, ou pelo trabalho de equipes interdisciplinares,quandosetratadaeducaçãodosalunos.Reconhecerapossibilidadederecorrer,eventualmente,equandonecessário,aoapoiodeprofessoresespecializadosede outros profissionais (psicólogo, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, etc..) nãosignificaabdicaretransferirparaelesaresponsabilidadedoprofessorregente,debuscaraçõeseducativasalternativas,calcadasemumprocessodeavaliaçãoamplaecompreensiva,comocondutordaaçãodocente.

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�5RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA

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