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    Sobre ns:

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    Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento,e no lutando pordinheiro e poder, ento nossa sociedade enfim evoluira a um novo nvel.

  • Rua Henrique Schaumann, 270, Cerqueira Csar So Paulo SPCEP 05413-909 PABX: (11) 3613 3000 SACJUR: 0800 055 7688 De 2 a

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    Acesse www.saraivajur.com.br

    FILIAIS

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    3371-1567 Porto Alegre

    SO PAULOAv. Antrtica, 92 Barra Funda Fone: PABX (11) 3616-3666 So Paulo

    ISBN 978-85-02-17408-5

  • Simo Filho, AdalbertoDireito empresarial II(direito societriocontemporneo)./ Adalberto Simo Filho. So Paulo : Saraiva,2012. (Coleo saberes dodireito ; 28)1. Direito de empresa :Direito comercial. BrasilI. Ttulo. II. Srie

    ndice para catlogo sistemtico:

  • 1. Brasil : Direito constitucional 342

    Diretor editorial Luiz Roberto CuriaDiretor de produo editorial Lgia Alves

    Editor Roberto NavarroAssistente editorial Thiago Fraga

    Produtora editorial Clarissa Boraschi MariaPreparao de originais, arte, diagramao e reviso Know -how

    EditorialServios editoriais Kelli Priscila Pinto / Vinicius Asevedo Vieira

    Capa Aero ComunicaoProduo grfica Marli Rampim

    Produo eletrnica Ro Comunicao

    Data de fechamento daedio: 17-2-2012

    Dvidas?Acesse www.saraivajur.com.br

    Nenhuma parte desta publicao poder ser reproduzida por qualquermeio ou forma sem a prvia autorizao da Editora Saraiva.

    A violao dos direitos autorais crime estabelecido na Lei n. 9.610/98e punido pelo artigo 184 do Cdigo Penal.

  • ADALBERTO SIMO FILHO

    Mestre e Doutor em Direito das Relaes Sociais pelaPUCSP. Ps-Doutor em Direito pela Faculdade deDireito da Universidade de Coimbra.Professor titular dasUNIFMU-SP, nos programas de graduao, ps-graduao e mestrado em Direito da Sociedade daInformao. Professor do mestrado da Unaerp. Membroda Associao Ibero-Americana de Direito Internacionale Comparado. Advogado empresarialista. Professor dosprogramas de ps-graduao da PUC/COGEAE nasreas de Direito Empresarial e Direito Contratual.Professor da ESA/OAB/SP.

    Conhea o autor deste livro: Assista ao vdeo:http://atualidadesdodireito.com.br/conteudonet/?ISBN=16245-7

  • COORDENADORES

    ALICE BIANCHINI

    Doutora em Direito Penal pela PUCSP. Mestre emDireito pela UFSC. Presidente do InstitutoPanamericano de Poltica Criminal IPAN. Diretora doInstituto LivroeNet.

    LUIZ FLVIO GOMES

    Jurista e cientista criminal. Fundador da Rede de EnsinoLFG. Diretor-presidente do Instituto de Pesquisa eCultura Luiz Flvio Gomes. Diretor do InstitutoLivroeNet. Foi Promotor de Justia (1980 a 1983), Juizde Direito (1983 a 1998) e Advogado (1999 a 2001).

    Conhea a LivroeNet: http://atualidadesdodireito.com.br/?video=livroenet-15-03-2012

  • Apresentao

    O futuro chegou.

    A Editora Saraiva e a LivroeNet, em parceria pioneira, somaram foraspara lanar um projeto inovador: a Coleo Saberes do Direito, uma novamaneira de aprender ou revisar as principais disciplinas do curso. So mais de 60volumes, elaborados pelos principais especialistas de cada rea com base emmetodologia diferenciada. Contedo consistente, produzido a partir da vivncia dasala de aula e baseado na melhor doutrina. Texto 100% em dia com a realidadelegislativa e jurisprudencial.

    Dilogo entre o livro e o 1 A unio da tradio Saraiva com o novo conceito de livro vivo, trao

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    O contedo impresso que est em suas mos foi muito bem elaborado e completo em si. Porm, como organismo vivo, o Direito est em constantemudana. Novos julgados, smulas, leis, tratados internacionais, revogaes,interpretaes, lacunas modificam seguidamente nossos conceitos eentendimentos (a ttulo de informao, somente entre outubro de 1988 enovembro de 2011 foram editadas 4.353.665 normas jurdicas no Brasil fonte:IBPT).

    Voc, leitor, tem sua disposio duas diferentes plataformas deinformao: uma impressa, de responsabilidade da Editora Saraiva (livro), eoutra disponibilizada na internet, que ficar por conta da LivroeNet (o que

    chamamos de )1 .

    No 1 voc poder assistir a vdeos e participar deatividades como simulados e enquetes. Fruns de discusso e leiturascomplementares sugeridas pelos autores dos livros, bem como comentrios snovas leis e jurisprudncia dos tribunais superiores, ajudaro a enriquecer o seurepertrio, mantendo-o sintonizado com a dinmica do nosso meio.

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    Agradecemos Editora Saraiva, nas pessoas de Luiz Roberto Curia,Roberto Navarro e Lgia Alves, pela confiana depositada em nossa Coleo epelo apoio decisivo durante as etapas de edio dos livros.

    As mudanas mais importantes que atravessam a sociedade sorepresentadas por realizaes, no por ideais. O livro que voc tem nas mosretrata uma mudana de paradigma. Voc, caro leitor, passa a ser integrantedessa revoluo editorial, que constitui verdadeira inovao disruptiva.

    Alice Bianchini | Luiz Flvio Gomes

    Coordenadores da Coleo Saberes do Direito

    Diretores da LivroeNet

    Saiba mais sobre a LivroeNet

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    1 O deve ser adquirido separadamente. Para maisinformaes, acesse www.livroenet.com.br.

  • -Sumrio

    PARTE IDireito Societrio Viso HistricaEvolutiva

    Captulo 1 Noes Introdutrias1. Sociedade: conceito e natureza jurdica2. Sociedades: viso histrica evolutiva3. A importncia da ampla afeio entre scios: affectio societatis4. A personificao da sociedade: efeitos e classificao

    4.1 Sociedades no personificadas4.2 Sociedades personificadas4.3 Desconsiderao da personalidade jurdica

    Captulo 2 Classificao das Sociedades Quanto a Atividade1. A sociedade simples

    1.1 Antecedentes histricos1.2 O modelo de sociedade simples no Brasil1.2.1 O sistema de responsabilidade na sociedade

    simples1.3 A sujeio ao sistema de sociedade simples1.4 Regime de dissoluo1.5 A crise da sociedade simples

    2. A sociedade empresria2.1 Generalidades2.2 Excees legais ao gnero e elementos de empresa

    Captulo 3 Classificao das Sociedades com Relao Responsabilidadedos Scios

    1. Espcies de responsabilidade2. Responsabilidade limitada3. Responsabilidade ilimitada

  • 4. Responsabilidade mista

    Captulo 4 Classificao das Sociedades Quanto s Caractersticas dosScios

    1. Classificao2. Sociedade de pessoas3. Sociedade de capital4. Sociedade mista

    Captulo 5 Capital Social1. Conceito e funo econmica do capital social2. Composio do capital social3. Modificao do capital social

    3.1 Aumento do capital social3.2 Reduo do capital social

    Captulo 6 Dos Registros das Sociedades1. Local de registro e importncia2. Do pedido de inscrio do empresrio e da sociedade empresria3. Das alteraes registrrias4. Efeitos do registro

    Captulo 7 Da Escriturao Contbil e dos Livros1. Generalidades2. Os livros obrigatrios3. O balano patrimonial e de resultado econmico4. Valor probante dos livros contbeis5. Exibio dos livros contbeis

    Captulo 8 Estabelecimento Empresarial1. Conceito, regime jurdico e natureza2. Estabelecimento como uma universalidade organizada de bens3. Elementos do estabelecimento empresarial4. As contingncias empresariais e o estabelecimento

  • PARTE IITipos Sociais em Espcie

    Captulo 1 Sociedade em Nome Coletivo1. Conceito2. Natureza jurdica e regime legal3. Sistema de responsabilidade4. Administrao5. Generalidades

    Captulo 2 Sociedade em Comandita Simples1. Conceito2. Natureza jurdica e regime legal3. Sistema de responsabilidade4. Administrao5. Generalidades

    Captulo 3 Sociedade em Comandita por Aes1. Conceito2. Natureza jurdica e regime legal3. Sistema de responsabilidade4. Administrao5. Generalidades

    Captulo 4 Sociedade Limitada1. Conceito

    1.1 A sociedade limitada no Brasil e sua evoluolegislativa

    1.2 Principais caractersticas da sociedade limitada1.3 Classificao da sociedade limitada em razo da

    pessoa do scio1.4 Estruturao da sociedade limitada1.5 A estruturao da sociedade limitada simples

  • 1.6 Condies de existncia da sociedade limitada e apluralidade de scios

    2. O contrato social2.1 O contrato social e sua natureza jurdica

    2.1.1 O contratualismo e a funo social2.2 O contratualismo em contraposio ao

    institucionalismo organizativo2.3 O contrato-organizao2.4 O contrato social e seu contedo2.5 O contrato social com relao pessoa do scio

    2.5.1 O menor integrando o quadro social2.5.2 A sociedade entre cnjuges2.5.3 A sociedade limitada formada por

    outras sociedades2.5.4 A sociedade estrangeira como scia da

    sociedade limitada2.6 O contrato social com relao ao objeto2.7 O contrato social com relao a denominao social2.8 O sistema protetivo do nome da sociedade limitada2.9 O contrato social com relao ao prazo de durao

    da sociedade2.10 O contrato social com relao ao regime de quotas

    2.10.1 As quotas iguais e as desiguais2.10.2 Desigualdade em razo do valor2.10.3 Desigualdade em razo da forma de

    circulao da quota2.10.4 Desigualdade em face do exerccio do

    direito de voto2.10.5 Desigualdade em razo dos

    resultados3. rgos da sociedade limitada

  • 3.1 rgo deliberativo: assembleia ou reunio de scios3.1.1 Relevncia do conclave3.1.2 Matrias obrigatrias tratadas3.1.3 Legitimidade para a convocao3.1.4 Poder de controle na sociedade

    limitada3.1.5 Forma de deliberao e qurum3.1.6 A deliberao por reunio de scios3.1.7 Formalidades convocatrias para a

    reunio de scios3.1.8 Dispensa da convocao para reunio

    de scios3.1.9 Dispensa da prpria reunio de scio3.1.10 A deliberao por assembleia de

    scios3.1.11 Formalidades para a convocao da

    assembleia3.1.12 Assembleia anual e seus

    procedimentos prvios3.1.13 Lavratura da ata e registro

    3.2 rgo executivo diretoria administrao3.2.1 mbito de atuao3.2.2 Restries legais ao exerccio da

    funo3.2.3 Caractersticas da funo3.2.4 A irrevogabilidade dos poderes e a

    destituio do administrador3.2.5 Inaplicabilidade do princpio da

    irrevogabilidade dos poderes3.2.6 Administrao singular e coletiva e

    regime jurdico aplicvel aoadministrador

  • 3.2.7 A prestao de contas e a cessao dafuno

    3.3 rgo fiscalizador Conselho Fiscal3.3.1 Composio do Conselho Fiscal3.3.2 Atribuies do Conselho Fiscal3.3.3 Natureza das deliberaes3.3.4 Alcance da responsabilidade

    3.4 rgos de preposio na sociedade limitada3.4.1 Os prepostos como rgos auxiliares3.4.2 Regras gerais de preposio3.4.3 Do preposto genericamente

    considerado3.4.4 Dos gerentes3.4.5 Dos contabilistas e outros auxiliares

    4. O sistema de responsabilidade na sociedade limitada4.1 Padro esperado de conduta4.2 A no responsabilizao da sociedade (ato ultra

    vires societatis)4.2.1 A natureza do negcio jurdico ultra

    vires4.3 A responsabilidade dos administradores4.4 A responsabilidade do scio

    5. Extino da sociedade limitada5.1 Resoluo dissoluo e liquidao da sociedade5.2 Resoluo da sociedade com relao a scio

    minoritrio5.3 Resoluo da sociedade com relao a scio5.4 A liquidao das quotas sociais5.5 Dissoluo da sociedade

    5.5.1 As causas facultativas ou voluntrias dedissoluo

  • 5.5.2 As causas de dissoluo de plenodireito

    5.6 Procedimentos liquidatrios com fins extintivos5.6.1 O liquidante e as caractersticas da

    funo5.6.2 Fase final da liquidao e extino

    Captulo 5 Sociedades Annimas1. Regime jurdico2. Conceito, objeto e classificao3. Denominao social e espcies de sociedades annimas4. Capital social

    4.1 Aumento do capital social4.2 Reduo do capital social4.3 Capital autorizado4.4 Direito de preferncia

    5. Constituio da sociedade annima5.1 Formalidades preliminares (art. 80)5.2 Providncias de ordem constitutiva por subscrio

    particular (art. 88)5.3 Providncias constitutivas por subscrio pblica

    (art. 82)5.4 Formalidades complementares (art. 94)

    6. Valores mobilirios6.1 Aes

    6.1.1 Conceito e natureza jurdica6.1.2 Valor da ao (arts. 11 a 14)6.1.3 Classificao das aes

    6.2 Partes beneficirias (art. 46)6.2.1 Conceito6.2.2 Emisso e circulao

  • 6.2.3 Generalidades6.3 Debntures (art. 52)

    6.3.1 Conceito e regime jurdico6.3.2 Espcies e forma6.3.3 Criao e emisso circulao6.3.4 Direitos do debenturista6.3.5 Agente fiducirio dos debenturistas

    (art. 66)6.4 Bnus de subscrio (art. 75)

    6.4.1 Conceito e regime jurdico6.4.2 Forma propriedade e circulao

    6.5 Commercial paper (nota promissria especial)6.5.1 Conceito e regime jurdico6.5.2 Emisso, prazo de vencimento e

    resgate6.5.3 Generalidades

    6.6 American Depositary Receipts (ADR) e BrazilianDepositary Receipts (BDR)

    6.6.1 Conceito e regime jurdico7. Mercado de capitais

    7.1 Comisses de Valores Mobilirios CVM8. rgos societrios

    8.1 Assembleia geral (art. 121)8.1.1 Conceito, natureza, competncia e

    espcies8.1.2 Competncia para a convocao, modo

    e local8.1.3 Qurum de instalao8.1.4 Qurum de deliberao8.1.5 Procedimentos de assembleia (arts.

    127 a 130)

  • 8.2 Conselho de administrao (art. 138)8.2.1 Conceito, natureza e composio8.2.2 Princpio do voto mltiplo e do voto em

    separado8.2.3 Competncia e generalidades

    8.3 Diretoria (art. 143)8.3.1 Conceito, natureza composio8.3.2 Competncia e generalidades

    8.4 Conselho Fiscal (art. 161)8.4.1 Conceito, natureza, composio8.4.2 Competncia e generalidades

    9. Administrao da companhia9.1 Os administradores (art. 145)9.2 Deveres dos administradores9.3 Responsabilidade civil dos administradores (art. 158)

    9.3.1 Generalidades9.3.2 Ao de responsabilidade (art. 159)9.3.3 Poder de controle na sociedade

    annima10. Subsidiria integral (art. 251)11. Sociedade de economia mista (art. 235)12. Operaes societrias13. Sociedades coligadas, controladoras e controladas14. Resultados sociais (art. 175 e segs.)15. Governana corporativa

    15.1 Lineamento da governana corporativa15.2 Breves antecedentes histricos15.3 Viabilizao da governana corporativa15.4 Formatao jurdica do compromisso de

    governana corporativa

  • 16. Dissoluo, liquidao e extino da companhia (arts. 206 a 218)

    PARTE IIIOutras Formas de Desenvolvimento daAtividade Econmica

    Captulo 1 Empresa Individual de Responsabilidade Limitada1. Generalidades2. Regime jurdico e conceito3. Formao e personificao4. nome empresarial5. Objetivos econmicos6. O veto ao princpio da formao do patrimnio de afetao7. Aspectos finais

    Captulo 2 Sociedades de Propsito Especfico SPE1. Generalidades2. Formao3. Diviso de capital4. Natureza especfica5. Administrao6. SPE com previso legal

    Captulo 3 Microempresa, Empresa de Pe q u e n o Porte eMicroempreendedor Individual

    1. Conceitos e generalidades1.1 Da gesto do sistema

    2. Objetivos prximos da lei3. Da administrao das microempresas e as empresas de pequeno

    porte4. Do nome empresarial5. Da simplificao de registros

    5.1 Da baixa nos registros pblicos

  • 6. Das excluses legais do sistema6.1 Das vedaes ao ingresso no simples nacional

    7. Benefcios legais do estatuto7.1 Do acesso justia7.2 Quanto ao protesto de ttulos7.3 Tratamento tributrio diferenciado

    8. Do acesso aos mercados por meio de licitaes e certames8.1 Da simplificao das relaes de trabalho8.2 Do associativismo por meio de sociedade de

    propsito especfico formada pormicroempresas

    8.3 Das vedaes ao princpio do associativismo8.4 Do estmulo ao crdito e capitalizao8.5 Do estmulo inovao

    Captulo 4 Agrupamentos Empresariais1. Generalidades2. Conceito e constituio3. Conveno do grupo4. Nome do grupo5. Administrao6. Regime de contas e sistema de proteo

    Captulo 5 Consrcios1. Generalidades2. Efeitos na falncia3. Forma de constituio4. Elementos do contrato5. Registro

    Referncias

  • PARTE I

    Direito Societrio Viso Histrica Evolutiva

    Noes Introdutrias

    Classificao das Sociedades Quanto a Atividade

    Classificao das Sociedades com Relao Responsabilidade dos Scios

    Classificao das Sociedades Quanto s Caractersticas dosScios

    Capital Social

    Dos Registros das Sociedades

    Da Escriturao Contbil e Livros

    Estabelecimento Empresarial

    Captulo 1

    Noes Introdutrias

  • 1. Sociedade: conceito e natureza jurdica

    Sociedade, em sentido jurdico, a unio ou o agrupamento de pessoasque se obrigam contratualmente a combinar esforos e recursos para umafinalidade comum. Preconiza o art. 981 do Cdigo Civil que celebram contrato desociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ouservios, para o exerccio de atividade econmica e partilham entre si de seusresultados.

    Basicamente, os elementos nucleares e definidores do contrato desociedade so: obrigao de todos os partcipes entre si e destes para com asociedade e de contriburem com bens e servios para o exerccio da atividadeescolhida; a natureza econmica da atividade, no podendo, portanto, ser apenasde fruio; a deliberada inteno de repartio de resultados entre os scios.Note-se que a lei no menciona partilha de lucros, mas, sim, de resultados, o quese trata de um conceito mais amplo e subjetivo.

    As sociedades se classificam em institucionais, que so constitudas poratos de manifestao de vontade que no possuem natureza contratual, como associedades por aes e as sociedades em comandita por aes, e contratuais emque a manifestao de vontade dos scios exarada atravs de contrato quecontempla direitos, deveres e obrigaes.

    A funo instrumental do contrato plurilateral de sociedade inter-relaciona-se com a possibilidade da execuo das obrigaes de cada parte seprestar como premissa para uma atividade ulterior que ser a prpria finalidadedo contrato, ou seja, quando as partes se renem por intermdio de um contratoplurilateral de sociedade, o objetivo desta unio ser a busca do cumprimento doobjeto social que estipularam (SIMO FILHO, 2004).

    As sociedades se diferem das fundaes e das associaes por umsentido finalista de natureza econmica voltado para o lucro ou a busca deresultados, mas todas so pessoas jurdicas.

    O estudo societrio proposto efetuado em ambiente de sociedade dainformao, na qual prepondera, no trato das relaes empresariais e societrias,o uso da tecnologia e a fluidez da rapidez gerada pela convergncia das mdiaseletrnicas.

  • 2. Sociedades: viso histrica evolutiva

    A associao dos homens para um fim comum pode ser observadadesde os primrdios das civilizaes quando esforos das mais diversas naturezasforam feitos na busca dos desgnios e crescimento do povo. Tanto nas civilizaesque se aventuraram na explorao martima como os fencios e aqueles povosque se aprimoraram nas trocas mercantis a exemplo dos gregos e romanos, asassociaes de pessoas se faziam presentes como forma de viabilizar atividadesempreendidas.

    H cerca de dois mil anos antes da Era Crist, na Babilnia e sobre oimprio do Rei Hamurabi, j havia relato da previso de regras relativas ssociedades no Cdigo de Hamurabi.

    Num mundo essencialmente agrrio como era composto na IdadeAntiga, rudimentos associativos comeam a se organizar a partir de legislaeselaboradas na Roma antiga. As terras eram exploradas por agricultores ecomunheiros que geravam servios a terceiros e colhiam seus frutos,contribuindo para o desenvolvimento econmico quando das interposies detrocas realizadas. O chefe da famlia (pater familias) agrupava parentes e amigosnestas atividades, gerando uma primeira ideia associativa que prosseguia naexplorao de uma propriedade comum indivisa, aps a sua morte.

    Com o advento da Lei das XII Tbuas, foi permitido ao herdeiro solicitara partilha judicial da herana de forma que cada qual pudesse receber o seuquinho. Todavia, mesmo aps partilhados os bens, viram os herdeiros anecessidade econmica de se associarem de forma consensual e voluntria paramelhor explorarem o objeto da herana e as propriedades de forma comum,maximizando os resultados, nascendo a a sociedade (societas) comoconhecemos, atravs de associaes de todos os gneros e com os mais diversosobjetivos.

    Na Idade Mdia, apesar de ainda o direito comercial estar fragmentadoem mltiplas legislaes particulares e adstrito aos sistemas de direito civil,perdendo maleabilidade em razo de sua impreciso e forma de interpretao,prosperava o trfico mercantil, principalmente nas cidades costeiras doMediterrneo e de Flandres, o que acabou por contribuir para a formao deoutro ramo do direito privado destinado a disciplinar as relaes profissionaisentre comerciantes, denominado direito comercial, com caractersticas prpriasde profissionalismo, corporativismo, autonomia, consuetudinarismo einternacionalismo.

  • As corporaes de ofcios passaram a ter estatutos escritos queconsagravam prticas mercantis tradicionais e possuam o privilgio dajurisdio prpria, consules mercatorum, que julgava os litgios dos membros dacorporao de acordo com o direito estatutrio e os usos do comrcio luz daequidade.

    As sociedades martimas tambm tiveram crescimento e eram voltadaspara as mais diversas finalidades exploratrias de novos mercados ou de terras,alm das usuais relacionadas s interposies de trocas entre regies cobertaspelas linhas navegveis.

    Desenvolvem-se as principais caractersticas da sociedade, como adistino patrimonial e a criao de sociedades de capital, afastando-se daprimazia do elemento intuitu personae para a pessoa dos scios que at ento eraescolhido com base nas suas aptides e caractersticas pessoais e/ou familiares ede amizade.

    As sociedades por aes surgiram por volta de 1409 em Genova com aCasa di San Giorgio, que deu origem ao Banco de So Jorge, o qual funcionoucomo sociedade por aes at 1826 quando se extinguiu. Do ano de 1553 hrelatos sobre a criao de uma sociedade por aes de origem inglesadenominada Moscovy Companie. A Companhia Holandesa das ndias Orientaisfoi criada por volta de 1602 e a Companhia Holandesa das ndias Ocidentais, porvolta de 1621, ambas a partir de seu capital dividido em aes e com objetivosexploratrios do Novo Mundo e mercantilistas. As Ordenaes Filipinas de 1603regulamentavam sociedades e tipos sociais.

    Este ambiente regulatrio que contribuiu para o fomento da atividadecomercial e sacramentao de seus elementos corporativistas acabou por sofrerimpacto de condicionantes polticos decorrentes do fortalecimento do poder reale do princpio de soberania, com a centralizao nos Estados, das fontes dodireito. Assim que surgem as ordonnances, ordenanas francesas na poca deLus XIV que compilavam os direitos: martimo (ano de 1681), mercantil eterrestre (ano de 1673).

    Com a Revoluo Francesa, foi proclamada a plena liberdade noexerccio do comrcio, com reflexos nas sociedades pela supresso do direitocomercial como um direito de classe, transpondo-se a viso de direito decomerciante para uma doutrina calcada em atos de comrcio objetivos em que anatureza da operao ou a matria relacionada ao negcio jurdico que dispese o regime jurdico aplicvel ser ou no comercial.

    Foi, alis, o Cdigo Comercial Francs (Cdigo Napolenico), do ano de

  • 1807, dotado desta concepo objetivista de atos de comrcio, o modelo adotadopor vrios pases da Europa (Espanha, Portugal, Itlia, Blgica) ao codificar odireito mercantil.

    Como contraponto ao princpio da responsabilidade solidria e ilimitadade scios em face das obrigaes contradas pela sociedade, como era comumnos tipos sociais at ento existentes, a sociedade de responsabilidade limitadasurgiu com dupla finalidade bsica:a) Fomentar a atividade mercantil por meio da atrao dos interessados para que

    estes operassem suas atividades sob um novo tipo social mais adequado emenos complexo do que as sociedades por aes no tocante suaestruturao orgnica e de gesto.

    b) Limitar, indistintamente da integralizao do capital social, a responsabilidadedos scios pelas obrigaes sociais contradas.Remontando s origens deste tipo social, no se pode deixar de

    apresentar, ainda que em breves notas, a contribuio do direito ingls para como lineamento bsico estrutural das sociedades por cotas de responsabilidadelimitada nos moldes como adotado em vrios pases do mundo. A privatecompany ou private partnership de origem inglesa teve grande influncia naidealizao da sociedade de responsabilidade limitada (PEIXOTO, 1958).

    No incio do sculo XIX vislumbrava-se na Inglaterra a privatepartnership, que, devido s suas caractersticas estruturais, entre estas o fato deno haver a livre cessibilidade das participaes societrias nem tampouco alimitao de responsabilidade ou distino entre pessoas dos scios e dasociedade, no era adequada para suportar grandes empreendimentos ouatividades que se desenvolveriam sobre outras premissas.

    Com a criao do tipo social denominado acts of incorporationviabilizado por fora de ato do Parlamento, tornou-se possvel a livrecessibilidade de participaes sociais, bem como a personificao e a limitaoda responsabilidade dos scios ao montante de suas aes. Posteriormente, aCoroa tomou para si o poder de outorgar estas caractersticas individualizadas sociedade, atravs de ato governamental. Esta situao perdurou at a reformalegislativa de 1844, quando se iniciou um novo sistema societrio denominadoincorporated by registration, atribuindo a este tipo social a possibilidade deaquisio de personalidade jurdica e a livre cessibilidade de suas aes, desdeque se efetivassem os registros da companhia no rgo registrrio prprio.

    Estas ideias estabelecidas na Inglaterra acerca da construo de um tiposocial em que preponderassem a limitao de responsabilidade ao capital

  • integralizado e a livre cessibilidade de quotas inspiraram o direito alemo, queestruturou e formalizou a primeira lei sobre sociedade de responsabilidadelimitada, promulgada em 20 de abril de 1892, baseada em certos princpios da leide sociedade por aes, mas mesclada com caractersticas prprias da sociedadede pessoas.

    As principais caractersticas deste novo tipo social, segundo a doutrina,conjugam a maleabilidade das sociedades de pessoas, sua administrao maispersonalizada, a maior nfase na autonomia da vontade, a restrio circulaodos quinhes societrios e consequentemente estabilidade do quadro societrio,com a limitao da responsabilidade prpria da sociedade annima (FRANCO,2001).

    Este modelo para a formao de um tipo social especfico foireproduzido em diversos pases. Assim que, entre outros pases, foi adotado pelalei portuguesa de 1901, lei austraca de 1906, lei inglesa de 1907, lei francesa de 7de maro de 1925, lei argentina de 1932, lei italiana de 1942 e lei espanhola de1956.

    No Brasil, o Cdigo Comercial de 1850 regulava as sociedades e tipossociais a partir da estrutura dos atos de comrcio como elemento definidor docomerciante, com clara influncia do Cdigo de Napoleo. Vigoravaanteriormente o Decreto n. 575, de 10-1-1849 que determinava que a criao desociedades e a aprovao de seus estatutos dependiam de autorizaogovernamental.

    A partir do ano de 2002, com a edio do Cdigo Civil, o Brasil ingressana era da modificao terica, com claros reflexos nas atividades societrias,que mudam a teoria de atos de comrcio para a teoria da empresa, a exemplo doque j ocorria na Itlia desde os anos 1940, a partir da conceituao deempresrio como aquele que exercita profissionalmente a atividade econmicaorganizada para a produo ou a circulao de bens ou de servios. Associedades, assim, no mais se classificariam em civis e comerciais, maspassariam por novos gneros como sociedades simples e sociedadesempresrias. E, ainda, dos tipos sociais at ento existentes, a sociedade decapital e indstria no foi recepcionada pelo Cdigo Civil.

    Hoje a atividade empresarial desenvolvida de forma individual ou pormeio de sociedades possui traos do que convencionamos denominar novaempresarialidade, pois a viso unidimensional da busca do lucro e damaximizao de riquezas, em razo de fatores sociais, econmicos e

  • relacionados sustentabilidade, est se aproximando de uma visopluridimensional pela qual, embora a busca do lucro seja o principal objetivo nombito do que se convencionou denominar resultados, no se pode olvidar daharmonizao dos interesses colaterais internos e externos da empresa, vistosaqui de forma am pla (TEORIA DOS STACKHOLDERS).

    3. A importncia da ampla afeio entre scios: affectio societatis

    A expresso latina affectio societatis foi utilizada por Ulpiano paradistinguir a inteno de se associar na sociedade. Este elemento caracterstico docontrato societrio til para distinguir a sociedade de outros tipos de contrato,que tendem a se confundir, mesmo que de forma aparente. Ex.: sociedade defato ou presumida (REQUIO, 1991).

    Segundo a doutrina, a affectio societatis considerada um dos elementosessenciais para a constituio da sociedade (MORAES, 1987). Partindo daidealizao desenvolvida pelo direito francs, a affectio societatis vista quasecom unanimidade como elemento essencial constituio do contrato econfunde-se com a ideia de vontade social ao traduzir-se na vontade decolaborao ativa e igualitria visando a realizao do fim comum.

    A contraposio efetivada pela doutrina italiana consiste na ideia de quea affectio nada mais seria do que a exteriorizao da vontade de colaboraointeressada, no sendo, portanto, um requisito do contrato, mas um elementoligado causa da contratao.

    Do ponto de vista legislativo, o Cdigo Civil brasileiro tambm deutratamento de preponderncia affectio societatis a ponto de esta prosseguircomo um dos pressupostos bsicos de constituio da sociedade limitada. O art.1.085 admite a possibilidade de excluso por justa causa em casos de ter o sciocolocado em risco a continuidade da empresa em virtude de ato de inegvelgravidade. Ao se conjugar esta regra com o art. 981 do Cdigo Civil, quedemonstra o esprito de reciprocidade da colaborao, pode-se ter a concluso deque no contrato de sociedade deve prosseguir como pressuposto do contrato.

    A affectio societatis deve assim ser entendida no Brasil como umelemento primordial do contrato de sociedade, pois, alm de se referir a umsentimento de que o trabalho de um, dentro da sociedade, reverte em proveito detodos, esta deciso de cooperao entre os scios para atingir o fim social com aconscincia e percepo da necessidade de ser a mesma real e efetiva acaba porse situar acima de fatalidades ou interesses particulares, resultando num

  • sentimento de coeso que leva os scios lealdade igualitria no conjugar deseus empenhos e sacrifcios, com reflexos patrimoniais e pessoais que devem seperenizar at a final liquidao da sociedade (MORAES, 1978).

    Caso os scios no mais tenham esta disponibilidade de naturezacooperativa e afetiva em sentido amplo, no trato dos negcios sociais, asociedade dever ser dissolvida (COELHO, 2011). A jurisprudncia ptriatambm caminha para a possibilidade de extino da sociedade com relao pessoa do scio dissonante dos demais de forma irremedivel, como seobservar em item prprio.

    4. A personificao da sociedade: efeitos e classificao

    A aquisio da personalidade jurdica da sociedade decorre de lei quelhe confere capacitaes e atributos especiais de maneira tal que esta possaequiparar-se, para certos assuntos e direitos, s pessoas naturais.

    A teoria da fico que at ento regia a ideia da assuno de direitos eobrigaes da pessoa jurdica a partir de seu nascimento passa a ser vista deforma mais abrangente e realista, pois no se pode deixar de compreender que,se uma sociedade passa a agir e interagir com terceiros de forma real e eficaz detal maneira que influi no prprio destino de uma nao, esta e suas condutassejam apenas vistas como fico jurdica. Trata-se assim de uma viso que podelevar a uma teoria/realidade, no mais ficcional, para a inteleco dapersonificao e de seus efeitos.

    A personificao decorre do registro dos atos constitutivos da sociedadenos rgos registrrios prprios a depender de seu gnero e natureza (art. 985).Basicamente, os efeitos decorrentes do registro do contrato social e da criao dapersonalidade jurdica podem ser sintetizados da seguinte forma: capacidadepara a aquisio de direitos e obrigaes; distino patrimonial, no mais seconfundindo o patrimnio social com o patrimnio dos scios; distino entre aexistncia da sociedade e a pessoa dos scios, que no mais se confundem;direito de modificao de sua estrutura orgnica e societria por meio dealterao contratual, inclusive relativa ao tipo social, capital, objeto etc.

    No Brasil o sistema legislativo prev a existncia de dois grandes gruposde sociedades compostos das sociedades no personificadas e das sociedadespersonificadas.

    4.1 Sociedades no personificadas

  • No campo das sociedades no personificadas foram previstas duasespcies no Cdigo Civil. A primeira refere-se a contratos firmados e o momentoanterior personificao e denominada sociedade em comum, e a segundarefere-se a um tipo social sem personalidade jurdica, denominada sociedade emconta de participao.

    a) Sociedade em comumA sociedade em comum prevista nos arts. 986 e seguintes para casos

    em que os atos constitutivos das sociedades, sejam elas de que tipo social forem,no estiverem inscritos no rgo registrrio prprio.

    Nestes casos a sociedade operar sem personalidade jurdica e os bensque lhes foram destinados pelos scios ou aqueles adquiridos por ela, juntamentecom as dvidas sociais, formaro um patrimnio especial cuja titularidadecomum pertence aos scios.

    Os bens sociais respondero pelos atos de gesto praticados porquaisquer dos scios com uma particularidade: se o scio tinha limitao depoderes firmada por pacto expresso com os demais scios e o terceiro que seinter-relacionou com a sociedade conhecia a limitao e mesmo assim efetivouo negcio, o pacto limitatrio ter eficcia em face deste terceiro, desobrigandoos demais scios e a prpria sociedade.

    Na sociedade em comum a responsabilidade dos scios, muito embora ocontrato social possa prever expressamente alguma limitao deresponsabilidade em razo de tipo social escolhido, solidria e ilimitada emface das obrigaes sociais, e aquele scio que efetivamente contratou pelasociedade no ter direito ao benefcio de ordem.

    Aplicam-se subsidiariamente e no que forem compatveis as regras dasociedade simples sociedade em comum. Por este prisma, uma sociedadeempresria com atos no inscritos na junta comercial seria abrangida peladisciplina geral da sociedade em comum.

    b) Sociedade em conta de participaoPrevista nos arts. 991 e seguintes, do Cdigo Civil. Trata-se de sociedade

    cuja caracterstica insurgente era exatamente o carter acidental e momentneo,alm da ausncia de personalidade jurdica.

    Todavia, o Cdigo Civil suprimiu da descrio deste tipo social ascaractersticas temporais e de acidentalidade que a acompanhavam desde o

  • Cdigo Comercial na parte revogada, para transformar a sociedade em conta departicipao numa possibilidade real de se perenizar uma determinada atividadeeconmica no contexto de suas limitaes prprias ao tipo.

    Esta sociedade administrada por scio ostensivo que possuirresponsabilidade ilimitada pelas obrigaes sociais assumidas.

    Nos moldes como concebida pelo cdigo comercial, somente ocomerciante poderia ser scio ostensivo. No Cdigo Civil no se expressou se oscio ostensivo deve necessariamente ser um empresrio, uma sociedadeempresria ou se haveria a possibilidade de ser uma sociedade simplespersonificada.

    Contudo o art. 994 do Cdigo Civil, no seu 2, menciona que a falnciado scio ostensivo acarretar a dissoluo da sociedade e a liquidao darespectiva conta, cujo saldo constituir em crdito quirografrio. Observa-se dodisposto no art. 2.037 do Cdigo Civil que somente sujeita-se falncia asociedade empresria. Portanto, poder-se- entender que os scios ostensivossempre sero empresrios ou sociedades empresrias.

    Entretanto, os scios participantes (antigamente denominados por sciosocultos) tanto podem ser pessoas fsicas como pessoas jurdicas ou sociedadesempresrias. E isto porque o 3 do art. 994 possui previso expressa para o casode falncia do scio participante no sentido de que o contrato social sujeitar-se-s regras que regulam os efeitos da falncia nos contratos bilaterais. J que noh excepcionamento legal, nada impedir que tambm uma sociedade simplespossa integrar uma sociedade em conta de participao como scia participante.

    Os scios participantes, por sua vez, respondero apenas na forma econdies estabelecidas no contrato e no podem tomar parte nos negciosjurdicos efetivados entre o scio ostensivo e terceiros, sob pena de responderemsolidariamente com aquele pelas obrigaes em que intervierem.

    A constituio deste tipo social independe de formalidades e pode-seprovar a sua existncia por qualquer meio admitido em direito.

    Da anlise do art. 993 do Cdigo Civil, o efeito do contrato social socorre entre os scios e, mesmo inscrito o instrumento em qualquer registro, dofato no resultar a personificao. Mas depreende-se que, mesmo no sendopossvel a personificao, poder ser o contrato inscrito nos registros pblicoscom a finalidade especfica de gerar publicidade ao ato e segurana jurdica daspartes.

    As contribuies dos scios formaro um patrimnio especial que ser

  • objeto da conta de participao relativa aos negcios sociais. Subsidiariamentesero aplicadas a este tipo social as regras da sociedade simples.

    4.2 Sociedades personificadas

    No campo das sociedades personificadas o Cdigo Civil apresentou emcaptulos as seguintes espcies e tipos sociais:

    a) Sociedade simples (captulo I, arts. 997 e seguintes).

    b) Sociedade em nome coletivo (captulo II, arts. 1.039 e seguintes).

    c) Sociedade em comandita simples (captulo III, arts. 1.045 e seguintes).

    d) Sociedade limitada (captulo IV, arts. 1.052 e seguintes).

    e) Sociedade annima (captulo V, art. 1.088 e Lei n. 6.404/76).

    f) Sociedade em comandita por aes (captulo VI, art. 1.090 e seguintes e Lei n.6.404/76, arts. 280 e seguintes).

    Apesar de estar inserida como um captulo das sociedadespersonificadas, no nos parece que a sociedade simples seja um novo tipo social,pois muitos dos artigos que disciplinam a espcie so regras gerais de naturezasocietria e de princpios, que podem se adaptar aos tipos sociais especficos.

    Estes tipos sociais foram criados observando-se basicamente a existnciaou no da responsabilidade dos scios em face das obrigaes sociais e aadministrao da sociedade.

    Foi extinta a sociedade de capital e indstria, e a sociedade por quotas deresponsabilidade limitada passou a sofrer a sua maior modificao estruturaldesde a sua regulao pelo Decreto n. 3.708, de 10 de janeiro de 1919, como seobservar em captulo prprio.

    4.3 Desconsiderao da personalidade jurdica

    A teoria da superao da personalidade jurdica foi construdabasicamente sobre a ideia da relatividade da pessoa jurdica e da necessidade deesta se adequar s normas previstas no ordenamento jurdico no que tange a suaexteriorizao e funcionamento. Na viso terica doutrinria a personalidadejurdica da sociedade pode ser desconsiderada quando h abuso de gesto,infrao do contrato, violao da lei, fraude, dolo, confuso patrimonial entreoutras situaes que sero consideradas.

  • A existncia da personificao est adstrita aos limites traados pela leipara o seu funcionamento regular, que no admitem em especial as ocorrnciasde fraude, abuso do direito de personificao ou outras das condutas reprovveisdescritas.

    No se deve confundir o abuso do direito de personificao com atoilcito, pois no so expresses sinnimas. Considera-se ato fraudulento, o negciojurdico tramado para levar prejuzos aos credores, em benefcio daquele queefetivou. Na figura do abuso de direito no existe, propriamente uma tramacontra o direito de credor, mas sim o inadequado uso de um direito, mesmo queseja estranho ao agente o propsito de prejudicar o direito de outrem(REQUIO, 1988).

    A aplicao da citada teoria de carter desconsideratrio no se presta,em uma primeira anlise, para anular ou invalidar atos praticados pela pessoajurdica, mas sim para tornar ineficaz a personificao, ao contrrio do queocorre nas questes que envolvem a revogabilidade e a fraude execuo ondese pretende a ineficcia do prprio ato. Todavia, como consequncia daaplicao da desconsiderao se envolver o questionamento da eficcia dapersonalidade jurdica atribuda a uma sociedade, ignorando-se dita eficciarelativamente a um ato especfico, a uma srie de atos ou a um determinadoespao de tempo (JUSTEN FILHO, 1987).

    Trata-se de uma regra inspirada na teoria maior de desconsiderao dapersonalidade jurdica, com formulao objetiva que permite ampliar a suaaplicao a partir de seus pressupostos quais sejam: abuso da personalidade,desvio de finalidade e confuso patrimonial.

    A formulao corrente da teoria encontra pressuposto na fraude e noabuso de direito, e a concepo subjetivista foi calcada na fraude. Ospressupostos de aplicao da teoria de carter objetivo so a confusopatrimonial e o desaparecimento do objeto social como partes de umaconcepo objetivista (COELHO, 2011).

    H duas formulaes tericas distintas, no mbito de seu alcance e decondies de aplicabilidade, para se analisar a superao da personalidadejurdica. A teoria maior, pela qual o juiz autorizado a ignorar a autonomiapatrimonial das pessoas jurdicas, como forma de coibir fraudes e abusospraticados por meio dela; e a teoria menor, em que o simples prejuzo do credorj possibilita afastar a autonomia patrimonial (COELHO, 2011).

    A caracterizao do desvio de finalidade deve ser provada e estar

  • intimamente ligada ao objeto social e confuso patrimonial que possa ensejar adesconsiderao da personalidade.

    No que tange forma de se buscar a aplicao da superao dapersonalidade jurdica no caso concreto, se por meio de ao cognitiva prpria eespecfica, observando-se o princpio due process of law, ou incidentalmente nocurso de uma demanda em que se investigou presentes os pressupostosautorizatrios do ato, parece-nos que a previso legal estatuda no art. 50 doCdigo Civil, ao conduzir interpretao de que os fatos esto ocorrendo no cursode uma lide especfica, leva inteleco de que pode o pleito ser manifestadoem uma ao ou processo j em andamento, sempre que presentesincontestavelmente os requisitos ensejadores da superao da personalidade.

    A par do disposto no art. 50 do Cdigo Civil, tambm existem outrosdiplomas legais e situaes que podem gerar a responsabilidade ilimitada doscio, quer em face da desconsiderao da personalidade jurdica, quer emrazo da natureza da relao praticada e suas caractersticas, como se verifica:

    a) Responsabilidade tributria: art. 135, III, do Cdigo Tributrio Nacional.Dispe sobre a responsabilidade do administrador em face dasobrigaes tributrias quando decorrentes de atos praticados comexcesso de poderes ou infrao da lei, contrato social ou estatutos.

    b) Responsabilidade decorrente de relao de consumo: art. 28 da Lei n. 8.078/90.O juiz poder desconsiderar a personalidade jurdica da sociedadequando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excessode poder, infrao da lei, fato ou ato ilcito ou violao dos estatutos oucontrato social. A desconsiderao tambm ser efetivada quandohouver falncia, estado de insolvncia, encerramento ou inatividade dapessoa jurdica, provocados por m administrao.

    c) Responsabilidade por infrao da ordem econmica: art. 18 da Lei n. 8.884/94.A personalidade jurdica do responsvel por infrao da ordemeconmica poder ser desconsiderada quando houver da parte desteabuso de direito, excesso de poder, infrao da lei, fato ou ato ilcito,violao dos estatutos ou do contrato social. A desconsiderao tambmser efetivada quando houver falncia, estado de insolvncia,encerramento ou inatividade da pessoa jurdica provocados por madministrao.

    d) Responsabilidade por violao do meio ambiente: o art. 4 da Lei n. 9.605/98.Poder ser desconsiderada a pessoa jurdica sempre que sua

  • personalidade for obstculo ao ressarcimento de prejuzos causados qualidade do meio ambiente.

    e) Responsabilidade decorrente de passivos trabalhistas: no tem sido incomumque em reclamatrias trabalhistas em curso na justia do trabalho,sempre que no se localize bens da empresa para a satisfao do crdito,voltem-se os atos constritivos sob o patrimnio do scio, sem seconsiderar o fato do volume de participao destes no capital social ou osaspectos relacionados com a gesto. Este caminho seguido ou por meioda aplicao da teoria da desconsiderao da personalidade jurdica oupor meio da inteleco de que tambm devem se responsabilizar pelopassivo em aberto do trabalhador os scios que indiretamente seapropriaram da mais-valia gerada pelo trabalho.

    Enfim, h que se depreender do exposto que a regra da limitao deresponsabilidade dos scios em face das obrigaes sociais assumidas pelassociedades limitadas encontra traos muito claros que levam a restries a suaampla aplicao, quer em razo da evoluo legislativa, que positivou a teoria dasuperao da personalidade jurdica, quer das aes e omisses dos scios eadministradores, que podem resvalar em dispositivos legais que atribuemresponsabilidade ilimitada a estes, sem que se utilize dos procedimentos prpriosestatudos pela teoria da desconsiderao da personalidade jurdica a demonstrara necessidade de cautela procedimental e adequao aos padres de condutapropostos pelo legislador.

    Captulo 2

    Classificao das Sociedades Quanto a Atividade

    O Cdigo Civil apresenta dois grupos classificatrios como espcies dognero sociedade, a sociedade simples e a sociedade empresria.

    1. A sociedade simples

  • 1.1 Antecedentes histricos

    A sociedade simples espcie do gnero sociedade. Muito emboradesconhecida at ento no direito brasileiro, h tempos prevista em algumaslegislaes.

    A sociedade simples j era observada no Cdigo das Obrigaes suodesde o sculo XIV, e a reviso de 1911 aproximou a estrutura da sociedadesimples sua sociedade civil germnica, ou seja, a sociedade simples erasucednea da sociedade civil de origem romana.

    Esta sociedade formava-se independente de qualquer formalidade,possua fins econmicos e era despida de personalidade jurdica, gerando aresponsabilidade ilimitada de seus membros e no se sujeitando falncia.Contudo, quando inscrita no rgo prprio, adquiria a personalidade jurdica edeixava de ser tida como sociedade simples (ABRO, 1975).

    O Cdigo das Obrigaes suo, ao contrrio do Cdigo Civil brasileiro edo Cdigo italiano, definiu no art. 530 da seguinte forma: A sociedade umasociedade simples, no sentido do presente ttulo, quando ela no oferececaractersticas distintivas de uma das outras sociedades reguladas pela lei.

    O Cdigo Civil italiano de 16 de maro de 1942 j possua captuloespecial sobre a sociedade simples, que se encontra disciplinada nos arts. 2.251 eseguintes. Quando o Cdigo Civil italiano tratou genericamente dos tipos desociedade no art. 2.249, apresentou como distino o seguinte: as sociedades quetem por objeto o exerccio de uma atividade comercial devem constituir-sesegundo um dos tipos regulados; as sociedades que tem por objeto o exerccio deuma atividade diversa se regulam pelas disposies sobre a sociedade simples, amenos que os scios tenham optado por se utilizar de um dos tipos sociaisregulados.

    A sociedade simples o primeiro e mais elementar tipo de sociedade.Muito embora persiga a sua finalidade atravs de atividade econmica, essaatividade no se relaciona com atividades empresariais ou intermedirias nacirculao de bens (MESSINEO, 1979). O elemento empresa e o elementoatividade podem contribuir para a distino entre sociedade simples e empresria luz de casos concretos.

    1.2 O modelo de sociedade simples no Brasil

    O modelo de sociedade simples no Brasil no se assemelha com o

  • modelo suo nem tampouco com o italiano em vrios aspectos. Explicamo-nos:na origem h a possibilidade de constituio da sociedade simples de formaverbal, fato que no permitido pelo art. 997 do Cdigo Civil brasileiro, queexpressa ser o contrato escrito. Entretanto, no h necessidade de registro nasociedade simples na Itlia, ao passo que o art. 998 do Cdigo Civil brasileiromenciona que a inscrio do contrato social no registro deve ser feita em 30(trinta) dias.

    A qualificao da sociedade simples, inclusive no Brasil, se d atravs deum carter negativo e de excluso (art. 982), e no explicativo. Exercita-se pormeio da sociedade simples atividades diversas daquelas que, por natureza, socomerciais.

    A inspirao para a incluso da sociedade simples no Cdigo Civil pelodireito brasileiro foi efetivamente buscada no Cdigo das Obrigaes suo e noCdigo Civil italiano, e a partir destas leis se efetivaram as adequaes sistmicasdo instituto realidade brasileira.

    No definiu o Cdigo ptrio o que seja uma sociedade simples. Contudo,a sua natureza precisa ser mais bem definida. O art. 997 do Cdigo Civilmenciona que a sociedade simples se constitui por contrato escrito particular oupblico, feito entre pessoas naturais e jurdicas que, entre outras disposies, deveprever a participao dos scios nos lucros e nas perdas; o capital e a quota decada scio; a possibilidade de a prestao consistir em servios; aresponsabilidade dos scios pelas obrigaes sociais.

    As sociedades simples tambm visam atividades econmicas eresultados como as sociedades empresrias, no sendo estes os elementos que anosso ver efetivamente autorizam a distinguir um gnero do outro.

    A sociedade simples sujeito de direito assim como tambm o asociedade empresria, sendo a empresa o objeto de direito. Enquanto a leidetermina no art. 983 que as sociedades empresrias se constituam segundo umdos tipos sociais regulados na lei, a sociedade simples pode se constituir emconformidade com apenas alguns destes tipos e, no o fazendo, subordinam-se snormas que lhe so prprias.

    1.2.1 O sistema de responsabilidade na sociedade simplesPoder-se-ia a rigor entender que o legislador, ao facultar sociedade

    simples a adoo de um dos tipos sociais existentes (exceo feita sociedadepor aes e sociedade em comandita por aes, que por fora de lei sosociedades registrveis em rgos registrrios comerciais), teria criado um novo

  • tipo social alm dos seis existentes, denominado sociedade simples quando no setivesse efetuado opo alguma no contrato constitutivo.

    Mas no nos parece que este raciocnio seja apropriado. Os tipos sociaisexistem e foram criados em razo da responsabilidade dos scios pelasobrigaes sociais e em razo de caractersticas de gesto.

    Parte das normas jurdicas que se encontram no captulo da SociedadeSimples, na realidade devem ser vistas como regras de princpios aplicveis paratodos os tipos sociais personificados, exceo feita ao que colidir com a previsoexpressa relativa ao tipo social especfico.

    Se obrigatoriamente o contrato de uma sociedade simples dever possuirclusulas que disciplinem sobre a questo da responsabilidade pelas obrigaessociais (art. 997, VIII) e a respeito da forma de administrao (art. 997, VI, c.c.art. 1.010), mesmo que no haja a opo clara dos scios, esta sociedade nopoder ser vista como um tipo social especfico e dever ter a natureza jurdicaestabelecida na forma que mais se afeioe ao tipo social correspondente,considerando-se o que dispe o contrato a respeito de responsabilidade de sciospor obrigaes sociais e de gesto.

    Se nada dispuser o contrato, h de se pressupor que a responsabilidadedestes no foi limitada e, portanto, a sociedade simples dever ser vista notocante sua natureza jurdica, observando-se as regras da sociedade em nomecoletivo no que tange a questo da responsabilidade.

    Mesmo se considerando que a sociedade simples possa ter scioscom postos de pessoas jurdicas ou fsicas, se ela adotar certos tipos sociais, no seadmitir que a pessoa jurdica figure como scia, como o caso da sociedadeem nome coletivo e do scio comanditado da sociedade em comandita simples.

    1.3 A sujeio ao sistema de sociedade simples

    Partindo-se do texto legal, sujeitam -se ao regime de sociedades simples:

    a) As cooperativas (por previso legal do pargrafo nico do art. 982 do CdigoCivil) ou qualquer outra sociedade que a lei submete a este tipo deregime.

    b) A sociedade rural quando no faa opo por funcionar como sociedadeempresria luz da faculdade que lhe concedida pelo disposto no art.971 do Cdigo Civil.

  • c) As sociedades fundadas para o exerccio de profisso intelectual de naturezacientifica, literria ou artstica (conforme art. 966, pargrafo nico, doCdigo Civil).

    d) As sociedades fundadas com determinados objetos sociais para o exerccio deatividade econmica que no se enquadrem nas caractersticas desociedades empresrias, quer seja pela falta do carter organizativo paraa produo de bens ou servios, quer pela profissionalidade, quer, ainda,pela falta do elemento de empresa cujo contexto ser mais bemaprofundado oportunamente.

    Nas sociedades voltadas para as profisses intelectuais de naturezacientfica artstica ou literria, em razo da possibilidade de tambm seremconsideradas empresrias se possurem elementos de empresa na atividade,poder-se-ia no contrato esclarecer a respeito de sua real vocao,confeccionando-se clusula contratual especfica acerca de sua opo deenquadramento como sociedade simples.

    1.4 Regime de dissoluo

    Quando a lei menciona no art. 1.044 que a sociedade se dissolve de plenodireito por qualquer das causas enumeradas no art. 1.033 e, se empresria, peladeclarao da falncia, deixa clara a questo do regime aplicvel sociedadesimples.

    1.5 A crise da sociedade simples

    A sociedade simples em qualquer de seus tipos sociais escolhidos pelosscios para o exerccio da atividade e em especial a sociedade limitada, quandoem crise econmica financeira, no se sujeita falncia nem tampouco podegozar dos benefcios de recuperao judicial, pois as disposies legais referentesa atividades mercantis, comerciantes e sociedades comerciais somente seaplicam aos empresrios e s sociedades empresrias, como previsto no art.2.037 do Cdigo Civil.

    A Lei n. 11.101/2005, que regula a recuperao judicial, a extrajudiciale a falncia do empresrio e da sociedade empresria, dispe no art. 1 o seumbito de atuao e, por consequncia, afasta a sociedade simples que, em casosde crise, poderia se socorrer do instituto da insolvncia civil.

    Contudo, se se caracterizar que, na realidade, a sociedade simples est

  • apenas revestida deste gnero societrio para encobrir uma atividade nitidamenteempresarial que desenvolvida nos termos do art. 966 do Cdigo Civil, poderocorrer que na avaliao da sua natureza jurdica ela seja classificada comosociedade empresria e, portanto, sujeitar-se- falncia.

    2. A sociedade empresria

    2.1 Generalidades

    A sociedade empresria espcie do gnero sociedade. O art. 966 doCdigo Civil, ao contrrio do que pregava a teoria dos atos de comrcio, na qualse considerava comerciante aquele que praticava atos de comrcio comhabitualidade, que era um tanto imprecisa no que tange classificao dacomposio dos atos de comrcio, enfatiza traos prprios da teoria da empresa,no mais fazendo a distino entre atividade de natureza civil ou comercial.

    Exercitando-se uma atividade econmica organizada que vise aproduo ou a circulao de bens ou servios, a pessoa fsica ou jurdica(sociedade empresria vide art. 982) considerada como tal.

    A empresarialidade no est ligada conceitualmente busca do lucro,mas sim ao exerccio de uma atividade econmica organizada e a busca decertos resultados para partilhar entre os scios. O fato de a atividade ter naturezaeconmica deve contribuir para a eficincia de seus meios de produo e deorganizao para que estes resultados, dentre os quais se encontra, certo, olucro esperado, sejam os mais abrangentes.

    2.2 Excees legais ao gnero e elementos de empresa

    O pargrafo nico do art. 966, do Cdigo Civil, apresenta excees atribuio de empresrio, afirmando que no se considera empresrio quemexerce profisso intelectual, de natureza cientfica, literria ou artstica, aindacom o concurso de auxiliares ou colaboradores.

    Todavia, esse pargrafo acaba por mencionar que, se o exerccio dasprofisses definidas constituir elemento de empresa, ser considerada comoempresria. Assim, para o efetivo enquadramento, quando se trate de questesque envolvam o exerccio de certas profisses, haver que se investigar anatureza jurdica especfica da atividade, nos moldes como ela se exerce e paraque se tenha em mente se no h presente o elemento de empresa.

    Do conceito de empresrio estabelecido pelo Cdigo Civil as principais

  • caractersticas da sociedade empresria e de seus elementos de empresa so:organizao; profissionalidade; exerccio de atividade econmica organizada;produo ou circulao de bens ou servios; possuir elementos de empresa emespcie representado pelo estabelecimento empresarial e seus atributo.

    Captulo 3

    Classificao das Sociedades com Relao Responsabilidadedos Scios

    1. Espcies de responsabilidade

    A responsabilidade dos scios pelas obrigaes decorrentes dasatividades empreendidas pela sociedade podem ser limitadas, ilimitadas oumistas a depender das caractersticas decorrentes do tipo social escolhido.

    A limitao de responsabilidade do scio em razo de obrigaes sociaisno absoluta no direito brasileiro e foi relativizada em razo das vrias leis queautorizam a superao da personalidade jurdica para que os atos constritivosjudiciais possam atingir o patrimnio dos scios quando caracterizadas assituaes abusivas ou permissivas previstas na lei.

    2. Responsabilidade limitada

    O limite de responsabilidade do scio tambm dependente do tiposocial. Assim que, em sociedade limitada, este limite de responsabilidade seencerra com o capital social devidamente integralizado. Isso quer dizer que,mesmo que algum scio no tenha efetuado o seu aporte integralizador, osdemais respondem pela parte faltante at o final.

    J nas sociedades por aes o limite de responsabilidade do acionista estcircunscrito s aes adquiridas e integralizadas, no respondendo os acionistaspela no integralizao do capital social por parte de alguns deles.

  • 3. Responsabilidade ilimitada

    Quando se menciona que em tipos sociais h aqueles que comportamresponsabilidade solidria e ilimitada dos scios, deve-se atentar para o carterde subsidiariedade desta responsabilidade. Para se chegar a esta afirmao,pode-se partir do art. 1.023 do Cdigo Civil, que uma regra principiolgica queexpressa que, se os bens da sociedade no lhe cobrirem as dvidas, respondem osscios pelo saldo, na proporo em que participam das perdas sociais, salvoclusula de responsabilidade solidria. O art. 592, II, do Cdigo de Processo Civilmenciona que ficam sujeitos execuo os bens do scio, nos termos da lei. E,ainda, preconiza o art. 596 que os bens particulares dos scios no respondempelas dvidas da sociedade seno nos casos previstos em lei e adiciona que o sciodemandado pelo pagamento da dvida tem o direito de exigir que antes sejamexcutidos os bens da sociedade a demonstrar o carter subsidirio da obrigao.

    A responsabilidade ilimitada e solidria pelas obrigaes sociais, datotalidade dos scios que formam o quadro social, reservada para a sociedadeem nome coletivo. Observa-se tambm que, caso a sociedade de qualquer tiposocial seja tida por irregular, poder haver acrscimo de responsabilidade aosscios a depender do nvel de irregularidade.

    4. Responsabilidade mista

    Responsabilidade mista ocorre nos tipos sociais que possuem scios comdois nveis de responsabilidade. Nas sociedades em comandita simples oucomandita por aes, os acionistas diretores que se encontram no comando(comanditados), respondem subsidiria e ilimitadamente pelas obrigaessociais, e os demais scios (comanditrios) respondem to s pelo valor de suaquota devidamente integralizado. Nas sociedades em conta de participao, osscios participantes possuem responsabilidade limitada to s pelo que seobrigaram no contrato social, e os scios ostensivos possuem responsabilidadeilimitada com relao aos negcios sociais objeto da conta de participao.

    Captulo 4

  • Classificao das Sociedades Quanto s Caractersticas dosScios

    1. Classificao

    As sociedades podem se classificar, com relao s caractersticasinstrumentais da pessoa do scio, em sociedades de pessoas e sociedades decapital e, ainda, sociedade mista. Essa forma de classificao possui relevo comrelao liberdade na cesso e transferncia de quotas sociais e o ingresso noquadro societrio, bem como para avaliar a questo da preponderncia doelemento affectio societatis nas relaes sociais.

    2. Sociedade de pessoas

    Na sociedade de pessoas, prepondera na relao societria a figuraindividualizada do scio com todas as suas caractersticas e circunstncias que ofaz nico e essencial ao exerccio da atividade econmica pretendida, paraaquele agrupamento de pessoas. Estas caractersticas e atributos esperados comrelao pessoa do scio podem ser resultantes de laos familiares ou deamizade que formam o substrato da sustentao do quadro social ou, ainda, emrazo das aptides prprias da pessoa, decorrentes de suas habilidadesprofissionais, formao, nvel de informao, relacionamentos ou qualquer outrofator correlato.

    Na sociedade de pessoas tpica, h restrio circulao das quotassociais, proibio do ingresso de estranhos ao quadro e disposies contratuaissobre o direito de preferncia.

    So classificadas como sociedades de pessoas as sociedades em nomecoletivo, sociedades em comandita simples, sociedades em conta de participaoe sociedades limitadas, salvo quando o contrato social destas elaborado de talforma que as coloque nitidamente em uma classificao de sociedade de capital,com a adoo das caractersticas desta.

    3. Sociedade de capital

    Na sociedade de capital, h outros valores a serem buscados na sua

  • formao, decorrentes to s da qualidade do aporte financeiro que efetuadopelos scios na formao do capital social e na sua integralizao. No h nasociedade de capital qualquer tipo de preocupao especial com relao pessoados scios, salvo quelas regulares ao bom andamento da atividade empresarial,diretamente ligadas probidade e idoneidade e outras relacionadas formaodo quadro social de tal forma que os scios possam contribuir para o bomcumprimento do objeto social. Observa-se que a preponderncia nesta formaclassificatria a do capital, independente das caractersticas ou atributos doscio.

    Nas sociedades de capital, livre a circulao das quotas sociais ou dasaes e permitido o ingresso de terceiros estranhos ao quadro social. Contudo,deste fato no resulta a crena de que os scios no podem tomar determinadascautelas para restringir a circulao destas participaes societrias de modo queno tenham no quadro pessoas que possam ser hostis ao negcio social. Assim que no incomum a clusula de direito de preferncia em sociedade depessoas, como forma de se preservar a integridade do quadro de scios.

    Como em qualquer outra sociedade, mesmo que a circulao de quotasou aes seja livre, nas sociedades de capital tambm deve haver affectiosocietatis entre os scios, para que todos possam caminhar para um fim comumna busca dos resultados esperados, por meio da conjugao de seus esforos erecursos.

    So sociedades de capital as sociedades por aes abertas (com valoresmobilirios e aes colocados em mercado ou bolsa) ou fechadas (semcolocao de valores mobilirios em mercado ou bolsa) e as sociedades emcomandita por aes.

    4. Sociedade mista

    O contrato social pode estabelecer que uma sociedade limitada possaoperar como se sociedade de capital fosse ou como se tivesse um tipo misto e,ainda, as caractersticas estruturais de certas sociedades annimas fechadas, emque prepondera uma estrita relao entre os acionistas, decorrente de laos deamizade ou de famlia ou de certos conhecimentos empregados na atividadeempresarial comum, alm de restries estatutrias livre circulao de aes,pode fazer com que, de forma excepcional, esta sociedade possa ser vista eclassificada como uma sociedade de pessoas ou sociedade mista, em que tantoprepondera a pessoa dos scios como tambm o capital na consecuo de seu

  • objeto social.

    Captulo 5

    Capital Social

    1. Conceito e funo econmica do capital social

    O capital social a somatria das contribuies de responsabilidade dosscios para que a sociedade possa bem cumprir o seu objetivo social.

    Como o capital social tambm visto como um elemento de seguranapara os credores da sociedade, na medida em que no permitido aos scios adistribuio de quantias ou valores necessrios para a mantena da integridadedesse, diz-se que o capital social intangvel.

    A intangibilidade do capital social refletida na norma do art. 1.059 doCdigo Civil, que expressa no sentido de obrigar aos scios a reposio dos lucrose das quantias retiradas a qualquer ttulo, ainda que autorizados pelo contrato,quando tais lucros ou quantias se distriburem com prejuzo do capital social.

    A funo econmica do capital relaciona-se com a prpria capacidadeda sociedade para operar e funcionar com vistas realizao do objeto social, eo capital possui duas funes bsicas a saber (PEIXOTO, 1958):

    Funo interna: fixa a relao patrimonial entre os scios eregula a participao social nos lucros e nos riscos, na conformidade dacontribuio social.

    Funo externa: representa o capital social a segurana dosterceiros que com a sociedade entabulem negcios jurdicos, na medidaem que no permitido pela lei a distribuio do capital entre os scios,haja vista a intangibilidade do capital social.

    Muito embora o capital social possa formar o patrimnio inicial da

  • sociedade, no deve ele ser confundido com o fundo social, que formado pelopatrimnio social. E isto porque o capital permanecer esttico no curso dasatividades sociais at o momento de sua correo, atualizao ou aumento, aopasso que o fundo social poder aumentar na razo do crescimento do patrimniosocial e do prprio estabelecimento.

    Sobre o sentido da expresso patrimnio social como elemento dedistino entre capital social pode-se observar que o primeiro representa umfator ideal constante e o segundo, um fundo real varivel, no qual somente seconcretiza uma cifra aps o levantamento do balano efetuado em dadomomento. O patrimnio pode apresentar a seguinte diviso (CORREIA, 1994):

    Patrimnio bruto: o conjunto dos direitos avaliveis emdinheiro, de que a sociedade titular num dado momento, mais asomatria de suas dvidas.

    Patrimnio ilquido: engloba o conjunto dos elementos ativos dasociedade, sem considerar o passivo.

    Patrimnio lquido: determina o valor do ativo aps o descontodas contas passivas.

    O capital social poder ser formado em sua expresso numrica poraporte financeiro apresentado pelos scios ou por transferncia de bens. O direitodo scio em face da sua contribuio para o capital social no que tange natureza jurdica da contribuio se desdobra num direito patrimonial e numdireito pessoal (REQUIO, 1991).

    O direito patrimonial consistente de um direito de crdito sobre asociedade que pode ser traduzido na possibilidade de percebimento dos lucrosdurante a existncia da sociedade e na partilha da massa no caso de liquidaodos bens, ao passo que o direito pessoal decorre diretamente do status de scio econsiste no direito de participar da vida social na forma da lei.

    H ainda, no campo da sociedade limitada, a estrita relao do capital ea sua integralizao ao conceito de limitao de responsabilidade, a julgar pelaregra estabelecida no art. 1.052 do Cdigo Civil no sentido de que aresponsabilidade do scio restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondemsolidariamente pela integralizao do capital social.

    2. Composio do capital social

  • A integralizao da quota social adquirida pelo scio como forma decontribuio para a formao do capital da sociedade ou para o seu aumentopode ser feita com moeda corrente ou com bens.

    A integralizao do capital social de sociedades contratuais com bens,qualquer que seja a espcie destes, pode ser efetivada, desde que os mesmossejam suscetveis de avaliao como preconiza o art. 997, III, do Cdigo Civil.

    A formao do capital social da sociedade contratual por integralizaodo scio poder ser feita tanto com os bens corpreos como com os bensincorpreos tais como marcas, patentes, bens decorrentes dos direitos dapersonalidade, ou qualquer outro suscetvel de avaliao, inclusive o know-how,que pode consistir na deteno de certos conhecimentos ou tcnicas que possamvir a melhor integrar o processo produtivo ou de indstria, bem como aorganizao ou as formas de se efetivar os servios a serem ofertados pelasociedade.

    No caso especfico da conferncia de know-how para fins de formaodo capital social, alerta-se para o fato de que no admissvel na sociedadelimitada a contribuio que consista em prestao de servios, como menciona o 2 do art. 1.055 do Cdigo Civil. Portanto, h que se verificar a natureza desteknow-how a ser fornecido para a formao do capital social para que dele no sevislumbre a ideia de que o scio est a ingressar no quadro social meramentecom servios.

    Quando os bens corpreos ou incorpreos so conferidos sociedade,transfere-se a propriedade desses, caso seja esta a sua caracterstica, a exemplodo que ocorre na sociedade por aes (Lei n. 6.404/76, art. 9). Na falta dedeclarao expressa em contrrio, os bens transferem-se companhia a ttulo depropriedade.

    Os bens so apresentados para compor o capital social, com valoresestimados pelo scio que dele se beneficia. Contudo, em razo daresponsabilidade solidria estatuda no 1 do art. 1.055 do Cdigo Civil, que seratribuda aos scios em face da estimativa dos bens conferidos ao capital,responsabilidade esta que perdurar por 5 (cinco) anos da data do registro dasociedade ou da alterao contratual de aumento de capital social comconferncia de bens, h que se tomar cautelas com estas operaes, inclusivepara que se possa limitar bem o alcance da responsabilidade.

    A regra de procedimental preconizada pelos arts. 7 e 8 da Lei deSociedade por Aes para a formao do capital em bens onde a avaliao do

  • bem poder ser feita por trs peritos ou por empresa especializada que elaborarum laudo criterioso cujo valor final ser aprovado por assembleia onde no votao interessado direto pode tambm ser observada para gerar segurana operao nas sociedades contratuais. Observa-se to s que os bens no seroincorporados por valor maior do que foi atribudo pelo interessado, em setratando de sociedade por aes.

    Em se tratando de conferncia de bens imveis ao capital social dasociedade limitada, as escrituras pblicas ou contratos particulares deconferncia de bens devidamente registrados na Junta comercial para os casosde sociedade empresria, ou no Cartrio de Registro de Pessoa Jurdica Civil parao caso de sociedade simples, sero suficientes para possibilitar a averbao juntoaos cartrios de registro de imveis, desde que de seu teor no se depreendanenhuma outra condio excepcional ou irregularidade que impossibilite oregistro.

    3. Modificao do capital social

    Na seo VI do captulo IV o Cdigo Civil disciplina as condies pelasquais se poder dar a modificao do capital social nas sociedades contratuaisatravs do seu aumento ou da sua reduo, observando-se as seguintes condies:

    3.1 Aumento do capital social

    Para o aumento do capital social h necessariamente que se observar asseguintes condies:

    a ) Dar preferncia para os scios participarem do aumento proposto, naproporo das quotas que sejam titulares.

    b) Efetivao da modificao do contrato social na clusula respectiva, para finsde contemplar o aumento do capital.

    c) As quotas sociais representativas da totalidade do capital de at ento devemestar totalmente integralizadas.Para as sociedades limitadas que deliberam por meio de reunio de

    scios e em que os scios esto concordes com o aumento e vo participar delena proporcionalidade ou na forma como avenarem, inclusive com aconcordncia dos demais para com a eventual cesso do direito de preferncia aterceiros, todos os atos podero ser feitos por meio de uma nica alteraocontratual, desde que se registre que foi dada preferncia aos scios para a

  • participao no aumento proposto na proporo das suas quotas, que os scios outerceiros assumiram o aumento na forma descrita e, finalmente, que os sciosaprovam a modificao do contrato.

    Para as sociedades limitadas que deliberam por assembleias h que seseguir o regramento do art. 1.081 do Cdigo Civil, salvo se em uma nicaassembleia os scios tomarem todas as medidas sugeridas no pargrafo anterior.

    O contrato pode estipular a forma e o prazo de integralizao relativa aoaumento. Contudo, um novo aumento de capital s poder ser deliberado caso oanterior tenha sido totalmente integralizado.

    Entretanto, para que se proceda a um aumento de capital com reservasdecorrentes do final do exerccio contbil, h que haver a aprovao destacondio, por parte dos scios, e, neste caso, a participao no aumento decapital ser proporcional s quotas detidas pelos scios e no se observar apossibilidade do exerccio do direito de preferncia nem tampouco da cesso dodireito de preferncia, salvo se conjuntamente se delibere por um aumento decapital misto, ou seja, com reservas e com aporte efetivo.

    3.2 Reduo do capital social

    A reduo do capital social se dar nos casos explicitados em lei. Aoperao de modificao do capital social para fins de reduo tambm enseja amodificao do contrato e pode ser realizada na forma do art. 1.082 c.c. art.1.086 e art. 1.031 do Cdigo Civil nas seguintes situaes:

    se houve perdas irreparveis aps a integralizao do capitalsocial.

    se o capital social se mostrar excessivo em relao ao objeto dasociedade.

    quando, nos casos em que a sociedade se resolver em relao pessoa de um ou mais scios, esta efetuar o pagamento das quotasliquidadas.No que tange resoluo da sociedade com relao a um ou mais

    scios, o fato somente gerar a reduo do capital social se a sociedade efetivara liquidao das quotas pertencentes a esses. Caso os demais scios efetuemaportes financeiros na sociedade que possam suprir o valor destas quotasliquidadas, no haver a reduo do capital social. Outra hiptese que no gerara reduo do capital social reside na possibilidade de, ao invs de os scios

  • efetivarem este aporte financeiro, eles adquirirem estas quotas sociaisdiretamente dos ex-scios.

    Analisando-se agora a hiptese de reduo do capital social em face daocorrncia de perdas irreparveis que comprometam sensivelmente o capitalsocial, neste caso a reduo se faz de forma proporcional ao valor nominal dasquotas, de maneira que cada scio continue sendo detentor do mesmo direito emface da sociedade e represente tambm proporcionalmente o mesmo grau departicipao no que tange ao capital social (art. 1.083).

    A efetividade da reduo do capital social s se d aps o registro da atade assembleia que a aprovou no rgo registrrio prprio. Posteriormente ou atocontnuo, h que se efetivar a modificao do contrato social com a incorporaodas disposies decorrentes da reduo do capital e da nova diviso de quotassociais em face do capital social reduzido.

    Quando a reduo do capital se der em razo de ser excessivo o capitalem relao ao objeto da sociedade, restituir-se- parte do valor das quotas aosscios ou atravs da dispensa de eventuais prestaes devidas, diminuindo-seproporcionalmente o valor nominal das quotas (art. 1.084).

    Em uma operao de reduo de capital com integralizao efetivadapor meio de conferncia de bens sociedade, nada impede queproporcionalmente ao capital reduzido, observando-se o valor da quota reduzir,receba o scio bens ou parte dos bens que antes havia destinado a compor ocapital social, desde que os demais estejam concordes com este critrio dereduo e esta forma de pagamento de parte do valor das quotas a ser restitudoao scio e do fato no resulte prejuzos a terceiros credores.

    Para as sociedades que deliberam por meio de assembleia de scios, asolenidade para se efetuar a reduo de capital quando este se demonstrarexcessivo com relao ao objeto da sociedade maior.

    de se observar que a eficcia da reduo de capital social s serplena se no houve impugnao neste prazo de 90 (noventa) dias, ou se se provaro pagamento ou o depsito judicial do valor reclamado pelo credor.

    Mas certo que, mesmo com o exerccio da opo impugnatria porparte de algum credor, cabe ao rgo registrrio efetivar os registros deste ato.

    Neste caso, com relao aos demais credores que no impugnaram ouse opuseram ao ato, a eficcia ser plena. Em outras palavras, o rgo registrriono dever se abster deste importante registro que, inclusive, poder serprimordial para aqueles que a partir de ento entabularo negcios jurdicos com

  • relao a esta sociedade, desta feita com o capital reduzido.Caso as sociedades deliberem por meio de reunio de scios, parece-nos

    que esta exigncia de publicao de ata de assembleia no se aplica, haja vistaque o 1 do art. 1.084 claro no sentido de que se deve efetivar publicao deata de assembleia, no de deliberaes tomadas por outras vias previstas nocontrato.

    Desta forma, a reduo do capital social dever se operar mediantesimples alterao contratual em que se faa constar que os scios deliberaramneste sentido. Neste caso o contrato deve ser levado a registro junto ao rgoprprio.

    Como o registro do ato gera publicidade e condio de validade junto aterceiros, certo que um credor quirografrio detentor de ttulo lquido anterior aesta data poder, por analogia, opor-se ao deliberado no prazo de trinta diascontados da data do registro, pois para ele a operao no se apresentou eficaz. Asociedade pode argumentar que pagou a dvida ou que depositou o valor desta emjuzo.

    Captulo 6

    Dos Registros das Sociedades

    1. Local de registro e importncia

    Toda sociedade limitada, assim como qualquer sociedade que sepretenda regular sob a tica do novo direito civil, exceo feita sociedade emconta de participao, deve estar registrada no seu rgo competente, sendo asSociedades empresrias no Registro Pblico de empresas e as Sociedadessimples no Registro Civil de pessoas jurdicas.

    A norma preconizada no art. 967 do Cdigo Civil no sentido de que obrigatria a inscrio do empresrio no Registro das Empresas da respectiva

  • sede, antes do incio de sua atividade, refere-se necessidade deste registroespecfico para fins de se caracterizar a regularidade da atividade empreendida.

    O registro dever ser formalizado na repartio pblica registrriaespecfica do local onde se situa a sede da sociedade nos trinta dias subsequentes sua constituio.

    2. Do pedido de inscrio do empresrio e da sociedade empresria

    Caso se trate de uma sociedade simples limitada, o pedido de inscrioser acompanhado do instrumento autenticado do contrato e das procuraes,caso algum scio tenha sido representado por procurador, bem como da prova deautorizao da autoridade competente, caso a sociedade seja dependente deautorizao para funcionar (art. 988 do Cdigo Civil).

    Caso se trate de uma sociedade empresria contratual ou institucional,esta se vincular ao Registro das Empresas que estar a cargo das JuntasComerciais e o contedo do requerimento de inscrio o estabelecido no art.968.

    Os dados sero averbados no livro de Registro das Empresas por termoprprio que seguir uma ordem numrica cronolgica. Em cada localidadeespecfica este livro dever conter a totalidade dos empresrios registrados.

    3. Das alteraes registrrias

    Toda e qualquer alterao na estrutura da sociedade ser averbada smargens da inscrio. Vale dizer que tambm podero ser averbadas nasmargens desta inscrio quaisquer determinaes judiciais, para fins deconhecimento de terceiros.

    O art. 979 do Cdigo Civil estabelece que, alm de no Registro Civil,sero arquivados e averbados, no Registro das Empresas, os pactos e declaraesantenupciais do empresrio, bem como o ttulo de doao, herana ou legado, debens clausulados de incomunicabilidade ou inalienabilidade e demonstra oalcance do registro de empresas ao prever a necessidade de que a pessoa queexera a atividade empresarial d conhecimento a terceiros acerca destesaspectos assinalados.

    Este registro deve ser feito de forma acessria e complementar aoregistro civil regular. A sua no elaborao no gera qualquer perda dos direitosinerentes ao ato no registrado mas, pode colocar a empresa em estado de

  • irregularidade. Contudo, esta regra deve ser entendida para o empresrioindividual e no para os scios de sociedades.

    No que tange sociedade simples, h regramento assemelhado no art.1.000 do Cdigo Civil, gerando a obrigatoriedade de inscrio nos rgosregistrrios prprios, quando esta institua filiais, agncias ou sucursais, devendo,ato contnuo, averbar o fato no Registro Civil da sede.

    Deve-se observar que os empresrios rurais tero tratamento favorecidoe diferenciado consoante previso do art. 971 quanto inscrio e aos efeitos dadecorrentes, podendo optar pela inscrio tanto na Junta Comercialtransformando-se em empresrio rural, como no Registro Civil, transformando-se em sociedade simples rural.

    O registro dos atos empresariais passa a ter relevncia no s para finsde regularidade da atividade, como tambm em razo das consequncias decertos atos, inclusive em face de terceiros.

    H tambm que se observar a importncia do registro em situaes deretirada, excluso ou morte do scio como previsto no art. 1.032 do Cdigo Civil,no qual a responsabilidade pelas obrigaes sociais anteriores ao fato do scioretirante e/ou de seus herdeiros pelo prazo de 2 (dois) anos aps a averbao norgo registrrio ou, se esta no for feita pelo mesmo prazo, contados da data emque se efetivar esta averbao.

    Esta possibilidade delimitatria do campo de responsabilidade elemento que contribui para gerar a segurana nas relaes jurdicas. Com estaregra torna-se claro que o registro no preponderante para o exerccio daatividade empresarial, mas sim um dos elementos de regularidade desta edefinidor de gnero.

    Finalmente, cabe observar a regra do art. 1.154 do Cdigo Civil queressalta que o ato sujeito a registro, ressalvadas disposies especiais da lei, nopode, antes do cumprimento das respectivas formalidades, ser oposto a terceiro,salvo prova de que este o conhecia. E, ainda, o terceiro no poder alegarignorncia quando cumpridas as formalidades registrrias.

    4. Efeitos do registro

    As sociedades do gnero empresrias vinculam-se ao Registro Pblicode Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais e as sociedades do gnerosimples vinculam-se ao Registro Civil de Pessoas Jurdicas Civis e ambasobedecem ao regramento registrrio prprio das sociedades empresrias, como

  • previsto no art. 1.150 do Cdigo Civil.

    Os registros dos atos sujeitos a esta formalidade providncia que cabeao administrador e, na omisso deste ou demora, qualquer dos scios ouinteressados poder efetivar o registro.

    A exceo das atas de assembleia e reunio de scios, que devem sersubmetidos a registro no prazo de 20 (vinte) dias contados da data do ato deconstituio ou do conclave (vide art. 1.075, 2, do Cdigo Civil), os demaisdocumentos necessrios ao registro, inclusive o contrato constitutivo, devem serapresentados em 30 (trinta) dias contados da lavratura do ato.

    Se apresentados aps esta data, somente produziro efeitos a partir dadata de sua concesso, respondendo o responsvel pelas perdas e danos geradasem face da omisso ou da demora.

    O rgo registrrio verificar a regularidade das publicaesdeterminadas em lei e, antes de efetivar o registro, verificar a autenticidade e alegitimidade do signatrio do requerimento, fiscalizando a observncia dasprescries legais concernentes ao ato ou aos documentos apresentados.

    Caso se tenha verificado qualquer irregularidade, o rgo registrrionotificar o requerente para que este possa san-las se for o caso, observando-seas formalidades da lei.

    Captulo 7

    Da Escriturao Contbil e dos Livros

    1. Generalidades

    A sociedade deve adotar um sistema de contabilidade que se baseie naescriturao uniforme de seus livros em correspondncia com a obrigaorespectiva. Esta escriturao poder ser ou no mecanizada e ser feitaobservando-se as formalidades intrnsecas e extrnsecas em idioma e moeda

  • corrente nacionais, por ordem cronolgica de dia, ms e ano, sem intervalos embranco, nem entrelinhas, borres, rasuras, emendas ou transportes para amargem, permitindo-se a utilizao de cdigo de nmeros ou abreviaturas, desdeque estes se encontrem apresentados em livro prprio devidamente autenticadopelo Registro Pblico de Empresa ou pelo rgo registrrio prprio.

    A escriturao contbil ficar a cargo de contabilista legalmentehabilitado, salvo se nenhum outro houver na localidade. Atualmente, ocontabilista pode ser preposto da sociedade limitada e a funo prevista nosarts. 1.177 e 1.178 do Cdigo Civil. Todavia, para subscrever o balanopatrimonial e de resultado econmico no livro dirio, segundo o art. 1.184, 2,do Cdigo Civil, poder faz-lo um tcnico em cincias contbeis legalmentehabilitado, acompanhado da assinatura do administrador da sociedade.

    Cabe aos administradores a conservao em boa guarda de todo ouniverso de livros contbeis, bem como dos documentos correspondentes aoslanamentos e demais papis concernentes a sua atividade, enquanto no ocorrera prescrio ou decadncia no tocante aos atos neles consignados, comomenciona o art. 1.194 do Cdigo Civil.

    2. Os livros obrigatrios

    A sociedade dever possuir e escriturar todos os livros exigidos por lei nombito de sua atividade, quer sejam de natureza fiscal, previdenciria outrabalhista e, ainda, se emitir duplicatas de servios ou mercantis, dever ter olivro de registro de duplicatas. Todavia, o art. 1.180 do Cdigo Civil apresentacomo indispensvel o livro dirio em que sero lanados com individuao eclareza e caracterizao do documento respectivo, dia a dia, por escrita direta oureproduo, todas as operaes relativas ao exerccio da empresa.

    O livro dirio deve refletir fielmente as atividades desenvolvidas pelasociedade, independente de sua natureza. Poder o livro dirio ser substitudo pelosistema de fichas de lanamento no caso de escriturao mecnica ou eletrnica,porm, no se dispensar o uso de livro apropriado (livro de Balancetes Dirios eBalanos, vide art. 1185 do Cdigo Civil) para que se lance o balan