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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MODELAGEM EM CIÊNCIAS DA TERRA E DO AMBIENTE LUSANIRA NOGUEIRA ARAGÃO SANEAMENTO AMBIENTAL E QUALIDADE URBANA: CARACTERIZAÇÃO DE UM MODELO PARA O MUNICÍPIO DE SANTO ESTEVÃO/BA

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANAPRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MODELAGEM EM CIÊNCIAS DA TERRA E DO AMBIENTE

LUSANIRA NOGUEIRA ARAGÃO

SANEAMENTO AMBIENTAL E QUALIDADE URBANA: CARACTERIZAÇÃO DE UM MODELO PARA O MUNICÍPIO DE SANTO ESTEVÃO/BA

FEIRA DE SANTANA2014

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LUSANIRA NOGUEIRA ARAGÃO

SANEAMENTO AMBIENTAL E QUALIDADE URBANA: CARACTERIZAÇÃO DE UM MODELO PARA O MUNICÍPIO DE SANTO ESTEVÃO/BA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Modelagem em Ciências da Terra e do Ambiente, da Universidade Estadual de Feira de Santana, em cumprimento às exigências para obtenção do grau de Mestre em Ciências Ambientais.

Orientadora: Profª Drª Rosângela Leal Santos

FEIRA DE SANTANA2014

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ESPAÇO RESERVADO À FOLHA DE APROVAÇÃO

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À Minha Mãe, Meu Pai, Meus Irmãos e Amigos, pela colaboração, amor, amizade e paciência.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus, meu guia, meu fortalecedor, a luz do meu

viver!

Às pessoas que são meu sustentáculo, que amo profundamente e

contribuíram para o meu alicerce e estão comemorando comigo a realização de

mais um sonho, vocês são tudo em minha vida: Ana, minha adorada mãe; Luiz,

meu pai querido; meus irmãos Alcimar, Ariosmar e João Luiz; às minhas irmãs

Lusiane e Luciara e à minha querida avó Rita, peças fundamentais em toda

minha vida profissional e acadêmica.

A Alarcon Matos de Oliveira que me incentivou a fazer o mestrado, me

apoiando em todos os momentos: obrigada, amor, por tudo!

À minha querida orientadora, Rosângela Leal Santos, pela confiança,

apoio, compromisso, sugestões, incentivo na pesquisa e, principalmente, pela

amizade.

Agradecimento especial a Maria Goretti Cerqueira e Sandra Damasceno,

minhas queridas diretoras e amigas, que tanto me socorreram nos momentos

mais difíceis - com certeza, sem elas não conseguiria terminar, ou seja, iniciar

o meu trabalho, pois, quão difícil é conciliar estudo com trabalho,

principalmente 40 horas em sala de aula - serei eternamente grata, pois vocês

me ajudaram a concretizar um sonho.

Obrigada também, aos colegas e amigos Sandra Cristina, Adriana

Pedreira, Jeanne Shirley, Tatiara Esquivel, Renê Brito, Geruza Oliveira e aos

demais colegas das Escolas Municipais José Tavares Carneiro e Dr. Colbert

Martins da Silva, pela paciência e compreensão e, é claro, aos meus alunos!

A Joseane Moura, Marcos de Oliveira, Lusiane Nogueira que me

ajudaram a aplicar os formulários. Quero ainda reforçar meus agradecimentos

a Joseane Moura que me ajudou muito, não apenas nas aplicações de

formulários, mas nas visitas a campo, independentemente do dia da semana,

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na maioria das vezes nos sábados, domingos e feriados, obrigada amiga! Não

posso me esquecer da grande amiga e colaboradora Liamara Carelli.

Aos professores, coordenadores e funcionários do mestrado em

Modelagem em Ciências da Terra e do Ambiente, principalmente à professora

e coordenadora Joselisa Chaves pelo incentivo e suas importantes cobranças

das atividades para o bom andamento da pesquisa.

Aos colegas de mestrado, cujo companheirismo e amizade foram

essenciais em todas as etapas percorridas, especialmente à minha querida

amiga e irmã de coração Lívia Maria, grande guerreira, em quem me espelhei

muito para dar continuidade aos meus estudos. À amiga Tatiane Sátiro, uma

grande batalhadora! Não poderia me esquecer dos amigos e colegas do

Geotec, pelos momentos de descontração e companheirismo.

Quero agradecer, ainda, à Secretaria de Obras, Serviços Públicos e

Meio Ambiente (SEOBS) e à Secretaria de Saúde (SESAU) de Santo Estevão

e respectivos funcionários pelas preciosas informações para o desenvolvimento

da pesquisa. E, também, aos moradores das áreas estudadas, pois, sem eles a

pesquisa não seria destrinchada.

Enfim, obrigada a todos que de forma direta ou indireta torceram por

minha vitória!

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RESUMO

A importância do saneamento e a sua relevância à saúde humana remontam às

civilizações mais antigas. O saneamento básico envolve uma série de questões,

destacando-se o abastecimento de água, coleta e tratamento adequado do esgoto

e do lixo e o manejo adequado das águas pluviais. No ano de 2007, segundo

dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio (IBGE), cerca de 20% das

moradias brasileiras não possuíam abastecimento de água pela rede geral e

aproximadamente 30% dos domicílios não possuíam esgotamento sanitário

adequado, ou seja, ligado à rede coletora ou fossa séptica. Com relação ao

sistema de coleta de lixo, aproximadamente 12% dos domicílios não eram

atendidos. O estudo abordará o saneamento ambiental, pois não considera

apenas a infraestrutura dos serviços básicos (abastecimento de água, resíduos

sólidos, esgotamento sanitário), mas também as demais atividades que visam

sanear o meio ambiente, relacionando-as à qualidade de vida urbana na área

urbana de Santo Estevão. O trabalho de pesquisa consistiu em avaliar as

condições do saneamento (abastecimento de água, resíduos sólidos e

esgotamento sanitário) na área urbana de Santo Estevão (BA), se restringindo a

três áreas: Alto do Porrão, Mutirão e Pau de Vela, e seu impacto na qualidade de

vida da população. Como estratégia metodológica foi utilizada a aplicação de um

formulário (avaliado e autorizado pelo Comitê de Ética em Pesquisa [CEP] da

Universidade Estadual de Feira de Santana); divisão das áreas para aplicação

dos formulários com o intuito de diagnosticar os principais problemas ocasionados

pela ausência de um saneamento adequado; obtenção e tabulação de dados

utilizando o Sistema de Informações Geográficas (SIG) e software para a

confecção de mapas. No decorrer da pesquisa foi-se mapeando a área de estudo,

destacando os principais problemas encontrados.

Palavras chaves: Saneamento, Saneamento Ambiental, Qualidade de Vida

Urbana, Santo Estevão, SIG.

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ABSTRACT

The importance of sanitation and its relevance to human health dates back to the

earliest civilizations. Sanitation involves a number of issues, especially water

supply, collection and garbage sewage treatment, and proper water management

of stormwater. In 2007, according to data from the Pesquisa Nacional por

Amostras de Domicílios (IBGE), about 20 % of brazilian homes had no water

supply for general network and approximately 30% of households lacked adequate

sanitation, ie connected to the sewage system or septic tank. A respect to the

garbage collection system approximately 12 % have not in. The study will address

environmental sanitation, it not only considers the infrastructure of basic services

(water supply, solid waste , sewage ) , but also other activities aimed at cleaning

up the environment , relating to the quality of urban life in Santo Estevão urban

area. The research work was to evaluate the conditions of sanitation (water

supply, solid waste and sewage) in Santo Estevão (BA) urban area of and

restricted to three areas: the High Porrão , Effort and Pau Sail , and its impact on

quality of life . As a methodological strategy was applicated of a form ( evaluated

and approved by the Ethics in Research [CEP] , Universidade Estadual de Feira

de Santana ); division of areas for application forms in order to diagnose the major

problems caused by the lack of adequate sanitation ; obtaining and entering data

using Geographic Information System (GIS ) and software for making maps .

During the survey was was mapping the study area, highlighting the main

problems, solving them looking for the best possible way benefited the population

and the physical environment of the municipality.

Key words: Sanitation, Environmental Sanitation, Urban Quality of Life, St.

Stephen.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Localização do município de Santo Estevão no estado da Bahia.........19

Figura 2 - Tipos de fossas utilizadas em residências que não possuem rede

coletora de esgoto público: (I) e (II) fossas sépticas, (III) fossa negra e (IV)

fossa seca.............................................................................................................34

Figura 3 - Efeitos diretos e indiretos do abastecimento de água e do

esgotamento sanitário sobre a saúde: esquema conceitual..................................40

Figura 4 - Localização do município de Santo Estevão e seus limites..................49

Figura 5 - Mapa de Localização das Áreas de Estudo: Mutirão, Alto do Porrão e

Pau de Vela...........................................................................................................53

Figura 6- Formas de Abastecimento de Água nas Áreas Estudadas (I) Cisterna,

(II) Poços Escavados, (III) e (IV) Fornecimento de Água Pela EMBASA..............60

Figura 7 - Percentual das principais formas de abastecimento de água nas

áreas estudadas....................................................................................................61

Figura 8 - Abastecimento de Água da EMBASA Pela População da Área

Urbana de Santo Estevão e Incidência de Doenças nas Áreas Estudadas..........63

Figura 9 - Abastecimento de Água de Cisterna Pela População da Área Urbana

de Santo Estevão e Incidência de Doenças nas Áreas Estudadas.......................64

Figura 10 - Abastecimento de Água de Poço Pela População da Área Urbana

de Santo Estevão e Incidências de Doenças nas Áreas Estudadas.....................65

Figura 11 - Percentual individual das áreas estudadas em relação às formas de

abastecimento de água.........................................................................................66

Figura 12 - Percentual de Algumas Formas de Tratamento de Água Para

Consumo Humano nas Áreas Estudadas..............................................................69

Figura 13 - Percentual individual das formas de tratamento de água Alto do

Porrão (I), Mutirão (II) e Pau de Vela (III)..............................................................69

Figura 14 - Doenças Constatadas nas áreas do Alto do Porrão, Mutirão e Pau

de Vela – Ocasionadas Provavelmente Pela Contaminação da Água..................70

Figura 15 - Alguns Métodos de Armazenamento de Água nas Áreas Estudadas

(I) e (II) Tanque com Tampa, (III) Tanque Sem Tampa e (IV) Tonel.....................73

Figura 16 - Percentual das Diversas Formas de Estocagem de Água nas Áreas

Estudadas..............................................................................................................74

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Figura 17 - Percentual individual das diversas formas de abastecimento de

água no Alto do Porrão (I), Mutirão (II) e Pau de Vela (III)....................................74

Figura 18 - Percentual da Qualidade da Água da EMBASA Para Consumo

Segundo os Habitantes do Alto do Porrão, Mutirão e Pau de Vela.......................76

Figura 19 - Percentual Individual da Qualidade da Água da EMBASA Para

Consumo do Alto do Porrão (I), Mutirão (II) e Pau de Vela (III).............................77

Figura 20 - Domicílios da Área Urbana de Santo Estevão com Banheiros e

Incidências de Doenças nas Áreas Estudadas que Podem Estar Associada a

uma Infraestrutura Inadequada.............................................................................79

Figura 21 - Domicílios da Área Urbana de Santo Estevão Sem Banheiro de Uso

Exclusivo dos Moradores.......................................................................................80

Figura 22 - Percentual do Destino Final dos Dejetos Produzidos nos Domicílios

das Áreas Estudadas............................................................................................82

Figura 23 - Percentual Individual do Destino Final dos Dejetos Produzidos no

Mutirão (I), Alto do Porrão (II) e Pau de Vela (III)..................................................83

Figura 24- Percentual dos Problemas Apresentados nas Áreas de Estudo Com

o Uso das Fossas Negras e Sépticas....................................................................86

Figura 25 - Estação de Tratamento da EMBASA no Mutirão................................86

Figura 26 - Rota de coleta de lixo nas áreas estudadas........................................90

Figura 27 - Percentual do destino final atribuído ao lixo no Alto do Porrão,

Mutirão e Pau de Vela...........................................................................................91

Figura 28 - Resíduos Sólidos Descartados em Terrenos Baldios nas Áreas

Estudadas: (I) e (II) Mutirão, (III) Alto do Porrão e (IV) Pau de Vela.....................92

Figura 29 - Local de disposição final dos resíduos sólidos no município de

Santo Estevão.......................................................................................................93

Figura 30 - Percentual das Práticas de Separação dos Resíduos Sólidos nas

Áreas Estudadas...................................................................................................95

Figura 31 - Percentual do Destino Atribuído aos Resíduos Sólidos nas Áreas

Estudadas..............................................................................................................99

Figura 32 - Destino Atribuído aos Resíduos Sólidos Por Alguns Moradores do

Mutirão (I), Alto do Porrão (II) e Pau de Vela (III)................................................104

Figura 33 - Ocorrência de Animais e Insetos Vetores de Doenças Encontrados

nas Áreas de Estudo...........................................................................................105

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Figura 34 - Percentual de insetos e animais encontrados nas áreas estudadas:

Alto do Porrão, Mutirão e Pau de Vela................................................................106

Figura 35 - Ocorrência de Doenças em Relação ao Número de Entrevistas

Amostradas.........................................................................................................109

Figura 36 - Percentual das Doenças Identificadas nas Áreas de Estudo............110

Figura 37 - Criação de animais para ordenha e abate no Pau de Vela...............110

Figura 38 - Ambientes Propícios para a Proliferação de Mosquitos: (I) Mutirão e

(II) Alto do Porrão................................................................................................112

Figura 39 - Distribuição Espacial de Moléstias nas Áreas Estudadas.................114

Figura 40 - Distribuição da Intensidade de Pontos Pelo Método de Kernel Para

Incidência de Doenças na População.................................................................115

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuição do saneamento no Brasil e grandes regiões entre os

períodos de 2000 a 2008.......................................................................................27

Tabela 2 - População do Município de Santo Estevão - 2012...............................50

Tabela 3 - População alfabetizada (município de Santo Estevão) versus Renda

familiar (novembro 2011 - março 2012).................................................................51

Tabela 4 - Percentual de população alfabetizada nas áreas estudadas...............54

Tabela 5 - Número de amostras de formulários aplicados por domicílio...............56

Tabela 6 - Algumas Formas de Abastecimento de Água Utilizadas Pelos

Moradores das Áreas Estudadas..........................................................................61

Tabela 7 - Métodos de Tratamento de Água Para Consumo................................68

Tabela 8- Algumas Formas de Armazenamento de Água Encontradas nos

Domicílios das Áreas Estudadas...........................................................................71

Tabela 9 - Qualidade da Água da Embasa Para Consumo (beber) Segundo a

População das Áreas Estudadas...........................................................................75

Tabela 10 - Destino dos Dejetos Produzidos nas Áreas Estudadas.....................81

Tabela 11 - Percentagem da População das Áreas Estudadas que Pretende

Ligar ou não a Rede Coletora Pública...................................................................83

Tabela 12 - Principais Problemas Diagnosticados com o Uso das Fossas

Negras e Sépticas.................................................................................................85

Tabela 13 - Doenças Diagnosticadas nas Áreas Estudadas e Que Podem Estar

Relacionadas ao Esgotamento Inadequado..........................................................88

Tabela 14 - Frequência da Coleta do Lixo nas Áreas Estudadas..........................89

Tabela 15 - Destino Atribuído aos Resíduos Sólidos nas Áreas do Alto do

Porrão, Mutirão e Pau de Vela..............................................................................91

Tabela 16 - Seleção dos Resíduos Sólidos nas Áreas Estudadas........................94

Tabela 17 - Destino Atribuído aos Resíduos Sólidos Separado............................98

Tabela 18 - Presença de insetos e animais vetores de doenças no Alto do

Porrão, Mutirão e Pau de Vela............................................................................103

Tabela 19 - Doenças diagnosticadas nas áreas estudadas e que podem estar

associadas aos resíduos sólidos.........................................................................107

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Benefícios Ocasionados Pela Reciclagem, Reutilização e Redução

dos Resíduos Sólidos..........................................................................................100

Quadro 2 - Vetores e Doenças Relacionados aos Resíduos Sólidos..................102

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LISTA DE SIGLAS E ACRÔNIMOS

ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária

BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento

BNH – Banco Nacional de Habitação

CEP – Comitê de Ética em Pesquisa

CNM – Confederação Nacional dos Municípios

DD – Dificilmente Degradáveis

EMBASA – Empresa Baiana de Água e Saneamento

ETA – Estação de Tratamento de Água

FD – Facilmente Degradáveis

GEOTEC – Laboratório de Geotecnologias

GPS – Sistema de Posicionamento Global

FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

FUNASA _ Fundação Nacional de Saúde

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDH - Índice de Desenvolvimento Humano

LNSB – Lei Nacional de Saneamento Básico

MD – Moderadamente Degradáveis

M.S – Ministério da Saúde

ND – Não Degradáveis

OMS – Organização Mundial de Saneamento

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PIB - Produto Interno Bruto

PLANASA – Plano Nacional de Saneamento

PLC 199 – Projeto de Lei da Câmara Número 199

PNSB – Plano Nacional de Saneamento Básico

PPGM – Programa de Pós-Graduação em Modelagem em Ciências da Terra e

do Ambiente

PROSANEAR - Programa de Abastecimento de Água e Saneamento Para

População de Baixa Renda da Zona Urbana

SEI – Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia

SEOBS – Secretaria de Obras, Serviços Públicos e Meio Ambiente

SESAU – Secretaria de Saúde

SESP – Serviço Especial de Saúde Pública

SIAB - Sistema de Informação de Atenção Básica

SIG – Sistema de Informação Geográfica

SISNAMA - Sistema Nacional de Meio Ambiente

SNSA – Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental

SNVS - Sistema Nacional de Vigilância Sanitária

SUASA - Sistema Único de Alteração à Sanidade Agropecuária

TCLE – Termo de Consentimento de Livre Esclarecido

UEFS – Universidade Estadual de Feira de Santana

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................................18

1.1 Problema e Justificativa da Pesquisa.........................................................................20

1.2 Objetivos............................................................................................................................21

1.2.1 Objetivo geral............................................................................................................21

1.2.2 Objetivos específicos..............................................................................................22

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..............................................................................................23

2.1 Abordagem Histórica do Saneamento........................................................................23

2.2 Saneamento, Saneamento Básico, Saneamento Ambiental e Salubridade Ambiental: Definições...........................................................................................................27

2.3 Elementos Primordiais do Saneamento e Essenciais Para a Qualidade de Vida Urbana.............................................................................................................................30

2.3.1 Abastecimento de água...........................................................................................30

2.3.3 Resíduos sólidos......................................................................................................35

2.4 Relações Entre Saneamento e Saúde.........................................................................39

2.5 Geotecnologias e Saneamento.....................................................................................41

2.6 Políticas Públicas e a Lei nº 11.445/2007...................................................................42

3 METODOLOGIA.......................................................................................................................47

3.1 Tipo de Estudo.................................................................................................................47

3.2 Área de Estudo.................................................................................................................48

3.3 População Envolvida na Pesquisa..............................................................................52

3.4 Instrumento e Técnica de Coleta de Dados...............................................................55

3.5 Análise e Espacialização dos Dados..........................................................................56

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................................59

4.1 Algumas Considerações Sobre o Abastecimento de Água Para o Consumo Humano.....................................................................................................................................59

4.1.1 As diversas formas de abastecimento de água para consumo humano em Santo Estevão...............................................................................................................59

4.1.2 Tratamento da água para o consumo em Santo Estevão...............................66

4.1.3 Formas de armazenamento de água em Santo Estevão.................................71

4.1.4 Qualidade da água da EMBASA segundo a população de Santo Estevão.75

4.2 A Situação do Esgotamento Sanitário no Município de Santo Estevão.............78

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4.2.1 Destino atribuído aos dejetos produzidos nas residências de Santo Estevão – rede coletora de esgoto e fossas séptica e negra..................................78

4.2.2 Principais problemas diagnosticados nas áreas Alto do Porrão, Mutirão e Pau de Vela relacionados às fossas negras e sépticas.........................................84

4.3 Considerações Sobre os Resíduos Sólidos nas Áreas Estudadas.....................88

4.3.1 Destino dos resíduos sólidos domésticos.........................................................88

4.3.4 Principais animais e insetos vetores de doenças relacionados aos resíduos sólidos...............................................................................................................101

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................................117

REFERÊNCIAS..........................................................................................................................121

APÊNDICES................................................................................................................................126

Apêndice A (Formulário)........................................................................................................127

Apêndice B (Termo de Consentimento)..............................................................................130

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1 INTRODUÇÃO

Um dos principais sistemas da infraestrutura urbana é o saneamento, que

de acordo com o Atlas de Saneamento (2004, p.08) "constitui o conjunto de ações

visando à modificação das condições ambientais com a finalidade de prevenir a

difusão de vetores patogênicos e de promover a saúde pública e o bem-estar da

população". Assim, desse conceito, retiramos duas condições básicas: 1) o

saneamento altera necessariamente as características ambientais e; 2) essa

alteração tem como objetivo promover a saúde e prevenir doenças. Com isso,

pode-se inferir que a qualidade de vida dos habitantes está diretamente

relacionada à forma como se trata a água a ser utilizada, a água já descartada, o

lixo produzido e às condições de higiene.

O saneamento constitui um sério problema, principalmente nas áreas

urbanas de países mais pobres, que teve o processo de urbanização tardia e

acelerado atrelado às desigualdades sociais e regionais.

Segundo Roque (2004, p. 05), “se gasta milhões de dólares no custeio de

assistência médica que poderiam ser reduzidos à metade se tivéssemos uma

infraestrutura de saneamento, atuando como prevenção".

Ainda é coerente salientar que alguns estudos internacionais relatam que,

para cada dólar investido no setor de saneamento são economizados quatro

dólares no setor de saúde. Percebe-se então, que se houvesse um maior

investimento em infraestrutura de saneamento, haveria uma melhor qualidade de

vida para a população, sobretudo para os habitantes dos países em

desenvolvimento.

A infraestrutura sanitária deficiente manifesta uma nítida interface com as

condições de vida e de saúde das populações dos países subdesenvolvidos, nos

quais as doenças infecciosas continuam sendo uma importante causa de

morbidade e mortalidade.

De acordo com dados obtidos pelo IBGE em 2007, aproximadamente 20%

das moradias brasileiras não possuíam abastecimento de água pela rede geral e

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cerca 30% dos domicílios não possuíam esgotamento sanitário adequado, ou

seja, ligado à rede coletora ou fossa séptica. Em relação ao sistema de coleta e

disposição de lixo aproximadamente 12% dos domicílios não eram atendidos e,

segundo Gonçalves (2009), nas regiões Norte e Nordeste, especialmente, as

demandas pelos serviços básicos são maiores. Tal discrepância pode estar

associada à falta de investimentos, ausência ou ineficiência de projetos

relacionados ao saneamento, desperdício e até mesmo desvio de recursos.

A qualidade urbana ambiental está diretamente ligada à qualidade de vida

urbana e refere-se à capacidade e às condições do meio urbano em atender às

necessidades de seus habitantes. As contaminações de cursos d’água, do lençol

freático e dos solos ocasionam a disseminação de doenças como diarreia e

cólera, sendo resultado da inadequação ou até mesmo da ausência de um

sistema de saneamento (abastecimento de água, esgotamento sanitário e

resíduos sólidos).

Assim como na maioria dos municípios brasileiros, Santo Estevão (figura 1)

enfrenta graves problemas em relação ao saneamento, com precariedades no

abastecimento de água, coleta de lixo e esgotamento sanitário.

Figura 1 - Localização do município de Santo Estevão no estado da Bahia

Fonte: BAHIA, 2003. Elaborado por CARELLI, L.,2014.

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O objetivo desta pesquisa é modelar as condições do saneamento em três

áreas do município de Santo Estevão, levando em consideração o abastecimento

de água, resíduos sólidos e esgotamento sanitário atrelando essas variáveis às

atividades que visam sanear o meio ambiente e relacionando à qualidade de vida

urbana.

Por esse viés, priorizou se trabalhar não apenas com saneamento básico,

mas enfocar também o saneamento ambiental que, segundo a FUNASA (2013, p.

13), "é o conjunto de ações socioeconômicas que têm o objetivo de obter a

Salubridade Ambiental, com a finalidade de assegurar a saúde da comunidade".

Assim, procurou-se: 1) enfatizar, investigar e diagnosticar a relação das

sociedades urbanas com a questão do saneamento e a qualidade de vida urbana;

2) mapear a distribuição e frequência de doenças na população, compreendendo

como tais comunidades têm destinado os dejetos produzidos por elas e; 3)

repensar estratégias para uma melhor gestão dos dejetos - principalmente os de

origem doméstica - sob a égide de um processo coerente e condizente com

moldes sustentáveis.

A utilização das geotecnologias como ferramentas de análise será

essencial para melhor reconhecer e identificar os problemas relacionados ao

saneamento. Os Sistemas de Informações Geográficas (SIG) “são usualmente

aceitos como sendo uma tecnologia que possui o ferramental necessário para

realizar análise com dados espaciais” (SILVA, 2003, p. 28). Portanto, o SIG

contribuirá na identificação e qualificação do sistema de saneamento, visando,

sobretudo a qualidade ambiental, possibilitando espacializar os elementos

estudados (distribuição de água, esgotamento sanitário, coleta de lixo e

distribuição das frequências das doenças encontradas nas áreas de estudo).

1.1 Problema e Justificativa da Pesquisa

O sistema de saneamento é de extrema importância para a qualidade de

vida urbana, já que uma sociedade desprovida de abastecimento de água de

qualidade, de coleta e disposição final adequada dos resíduos sólidos e de

esgotamento sanitário poderá sofrer graves consequências no que se refere a sua

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saúde. Doenças resultantes da falta ou inadequação de saneamento,

especialmente em áreas pobres, têm agravado o quadro epidemiológico e

disseminado males como cólera, dengue, disenteria, esquistossomose, entre

outros.

Como as comunidades de mais baixa renda, cuja população em geral

apresenta baixos níveis de escolaridade, comumente são as áreas mais afetadas

- seja pelo desconhecimento dos seus direitos, seja pela falta de articulação

comunitária, ou ainda pelo descaso do serviço público -, foram selecionadas três

áreas periféricas habitadas por população de baixa renda na área urbana de

Santo Estevão: Alto do Porrão, Mutirão e Pau de Vela. Assim, o problema da

pesquisa consiste em avaliar como os serviços de saneamento são ofertados

nestas áreas periféricas e de que forma podem interferir na qualidade de vida

urbana da população.

No que se refere à produção de estudos que tenham no cerne a temática

do saneamento ambiental e qualidade de vida urbana proposta no município de

Santo Estevão, constata-se que esta é escassa e pouco aprofundada, podendo-

se até mesmo afirmar que é praticamente inexistente. Desta forma, há a

necessidade de desenvolver pesquisas cujo escopo resida na análise proposta,

visando à compreensão dos efeitos de um saneamento inadequado que afetam a

população, principalmente as que são economicamente desprovidas.

Desta forma, este estudo se torna relevante a partir do momento que se

propõe a repensar a questão do saneamento ambiental em áreas urbanas e suas

relações com fatores incidindo em renda, segurança, saúde e qualidade de vida

para a sociedade em geral.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

Modelar as condições de distribuição espacial do saneamento ambiental e

a qualidade de vida urbana em três áreas da cidade de Santo Estevão.

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1.2.2 Objetivos específicos

Identificar áreas que apresentam maior deficiência na distribuição dos

serviços de saneamento relacionados à deposição espacial e final de

resíduos sólidos, à distribuição de água e ao esgotamento sanitário.

Analisar a correlação entre a disseminação de doenças e o saneamento

nas áreas do Alto do Porrão, Mutirão e Pau de Vela.

Mapear áreas de distribuição de frequência de doenças relacionadas com

o saneamento na população estudada no período de 2012 a 2013.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Abordagem Histórica do Saneamento

Povos antigos já desenvolviam métodos sofisticados de saneamento para a

época em que viviam, a exemplo de técnicas de captação, condução,

armazenamento e utilização da água. Os egípcios dominavam técnicas de

irrigação do solo na agricultura e métodos de armazenamento de água, pois

dependiam das cheias do Rio Nilo. Segundo Cavinatto (apud RIBEIRO & ROOKE,

2010, p. 13) no Egito costumava-se armazenar a água durante um ano para que a

sujeira se depositasse no fundo do recipiente. O mais interessante é que não se

tinha o conhecimento científico de que muitas doenças eram transmitidas por

microrganismos patogênicos, e que os processos de filtragem e armazenamento

removiam a maior parte desses patógenos.

Guimarães et al. (2007), afirmam que existem relatos do ano de 2000 a.C.,

sobre tradições médicas na Índia, recomendando que a água impura deveria ser

purificada pela fervura sobre um fogo, pelo aquecimento no sol, mergulhando um

ferro em brasa dentro dela ou podia ainda ser purificada por filtração em areia ou

cascalho, e então resfriada.

Em relação às práticas sanitárias coletivas na antiguidade, destacam-se a

construção de aquedutos, banhos públicos, termas e esgotos romanos, tendo

como símbolo histórico a conhecida Cloaca Máxima de Roma (GUIMARÃES et

al., 2007)

A falta de difusão dos conhecimentos relacionados ao saneamento levou

os povos a um retrocesso, ocasionando o pouco uso da água durante a Idade

Média, quando o consumo em algumas cidades europeias chegou a 1 litro por

habitante por dia. Com isso, em vez de haver um progresso sanitário, houve uma

propagação de sucessivas epidemias, característico pelo lançamento de dejetos

nas ruas.

No final do século XVIII, com a Primeira Revolução Industrial ocorrendo na

Europa, principalmente na Inglaterra, a urbanização e o crescimento fabril

contribuíram para o crescimento populacional, já que famílias inteiras estavam

abandonando o campo em busca de novas oportunidades na cidade. O número

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de pessoas que estavam deixando a área rural era muito grande e as fábricas não

ofereciam postos de trabalho suficientes para atender ao número de

desempregados que estavam se formando nas áreas urbanas. Até mesmo os

operários que tinham trabalho não estavam livres de viver na miséria, pois

recebiam baixos salários que mal dava para se alimentar e viviam em cortiços

totalmente isentos de saneamento, contribuindo para a proliferação de doenças.

Somente no século passado é que se começou a repensar a questão do

saneamento, principalmente a questão da qualidade da água, que vai desde sua

captação até sua entrega ao consumidor. Tal preocupação se baseou nas

descobertas que foram realizadas a partir de então, quando diversos cientistas

mostraram que havia uma relação entre a água e a transmissão de muitas

doenças causadas por agentes físicos, químicos e biológicos (GUIMARÃES et al.,

2007).

De acordo com a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) (2009), o

renascimento da relação entre saneamento e saúde pública é verificado nos

estudos de Edwin Chadwich que fornecem a base para o desenvolvimento das

relações entre saneamento e saúde, propondo ações de saneamento do meio

como a drenagem de áreas pantanosas.

A CNM divide a história do saneamento no Brasil em oito fases, que estão

listadas a seguir:

1) A primeira ocorre com Estácio de Sá, 61 anos após o domínio de

Portugal (1500), quando este manda escavar o primeiro poço para

abastecimento de água na cidade do Rio de Janeiro;

2) A segunda fase situa-se em meados do século XIX e início do século XX

quando foi realizada a organização dos serviços, e as províncias

entregaram as concessões às companhias estrangeiras. Nesse

contexto, podem ser citados o sistema de abastecimento de água

encanada em São Paulo e a Estação de Tratamento de Água (ETA) em

Porto Alegre.

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3) O início do século XX é o marco da terceira fase, que está diretamente

vinculado à insatisfação geral da população em função da péssima

qualidade dos serviços prestados pelas concessionárias estrangeiras,

ocorrendo, então, a estatização dos serviços.

4) A quarta fase tem início na década de 1940 com a comercialização dos

serviços. Nesse período, os orçamentos do saneamento são destacados

do orçamento geral das cidades. Surgem as de autarquias e

mecanismos financeiros para abastecimento de água com forte

influência do Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), que, após a 2ª

Guerra Mundial, passou a ser denominada Fundação SESP,

antecessora da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA).

5) A quinta fase está consubstanciada no período 1950 a 1960, quando

são criadas as empresas de economia mista, com destacada

participação dos empréstimos do Banco Interamericano de

Desenvolvimento (BID), que previa o reembolso dos recursos financeiros

via tarifas, exigindo autonomia cada vez maior das companhias.

6) A sexta fase surge no período do Regime Militar, precisamente em 1971,

quando é instituído o Plano Nacional de Saneamento (PLANASA). Neste

período, foram consolidados os valores que surgiram nos anos 1950, ou

seja, autonomia e autossustentação por meio das tarifas e

financiamentos baseados em recursos retornáveis. Houve extrema

concentração de decisões, com imposições das companhias estaduais

sobre os serviços municipais e uma separação radical das instituições

que cuidavam da saúde no Brasil e as que planejam o Saneamento.

7) A sétima fase é caracterizada pela extinção do Banco Nacional de

Habitação (BNH), em 1986, e falência do PLANASA; desde então,

vivenciou-se uma ausência institucional referente ao saneamento. Em

1991, a Câmara Federal iniciou alguns debates com a tramitação do

Projeto de Lei da Câmara 199 (PLC 199), o qual dispõe sobre a Política

Nacional de Saneamento, seus Instrumentos e dá outras Providências.

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8) Intensa luta dos Municípios pela titularidade dos serviços marca a oitava

fase da história do saneamento. Assim sendo, em 05 de janeiro de 2007

foi sancionada a Lei Federal nº 11.445, também conhecida como a Lei

Nacional do Saneamento Básico (LNSB), que passou a ter vigência a

partir de 22 de fevereiro do mesmo ano e é considerada como o

fundamento mais importante para a organização e desenvolvimento do

saneamento no Brasil.

A Confederação Nacional dos Municípios (2009, p. 16), ainda ressalta

que:

Não cabia intervir apenas sobre o corpo do indivíduo, haja vista que

as doenças vinham de fora, sendo necessário agir sobre o “corpo

social”. A medicina se faz coletiva para combater a doença de forma

mais eficaz. Não se tratava de combater a doença já instalada no

indivíduo, mas de evitá-la (o objeto da ação médica passa a ser a

prevenção).

Ainda nos dias atuais, com a grande difusão dos meios de comunicação

e dos avanços tecnológicos, percebe-se uma grande precariedade no que diz

respeito à questão do saneamento básico. No mundo, mais de 1 bilhão de

pessoas não têm acesso a água potável, cerca de 6 mil crianças morrem

diariamente devido a doenças ligadas à água insalubre e a um saneamento e

higiene deficientes. Cerca de 80% de todas as doenças no mundo ainda se

relacionam com o saneamento inadequado. No Brasil, por exemplo,

Guimarães, Carvalho e Silva (2007, p. 04), destacam que:

[...] pesquisas realizadas no início dos anos 90 pela Associação

Brasileira de Engenharia Sanitária (ABES) e pelo Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística (IBGE) possibilitam uma visualização do

quadro do país, evidenciando as condições precárias a que está

exposta grande parte da população brasileira.

O Atlas de Saneamento (2011), do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), mostra que a cobertura de abastecimento de água em 2008

atinge mais de 94% dos municípios brasileiros. Em relação ao esgotamento

sanitário, segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) (2008),

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houve um considerável aumento na proporção dos domicílios atendidos pela

rede coletora de esgoto, passando de 33,5% em 2000, para 45,7% em 2008.

Porém, há uma grande desigualdade no que se refere às regiões

brasileiras atendidas por tais serviços, pois, enquanto na Região Sudeste mais

da metade dos domicílios (69,8%) tinham acesso à rede geral, na Região Norte

apenas 3,5% dos domicílios eram atendidos por tal serviço. A segunda região

em cobertura do serviço foi a do Centro-Oeste (33,7%), com resultado próximo

ao da Região Sul (30,2%). Na Região Nordeste, apena 29,1% dos domicílios

são atendidos pelo serviço de rede de esgoto (tabela 1).

Tabela 1 - Distribuição do saneamento no Brasil e grandes regiões entre os períodos de 2000 a 2008

BrasilGrandesRegiões

Total deMunicípios

Tipo de Serviço

Rede geral de distribuição de água (%)

Rede coletora de esgoto (%)

Manejo de resíduos

sólidos (%)

Manejo de águas

pluviais (%)

2000 2008 2000 2008 2000 2008 2000 2008 2000 2008

Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº

Brasil 5507 5564 97,8% 99,4% 52,2% 55,1% 99,4% 99,9% 78,5% 94,4%

Norte 449 449 93,9% 98,4% 7,1% 13,3% 99,1% 100% 49,4% 89,7%

Nordeste 1787 1793 96,3% 98,8% 42,9% 45,6% 98,9% 99,9% 68,6% 90,0%

Sudeste 1666 1668 100% 100% 92,8% 95,0% 100% 99,9% 88,1% 98,5%

Sul 1159 1188 98,5% 99,7% 38,9% 39,7% 99,1% 100% 94,3% 98,6%

Centro-Oeste

446 466 98,4% 99,5% 17,9% 28,3% 100% 100% 70,8% 90,7%

Fonte: IBGE, 2011. Adaptado pela autora, 2013.

2.2 Saneamento, Saneamento Básico, Saneamento Ambiental e Salubridade Ambiental: Definições

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saneamento como o

controle de todos os fatores do meio físico do homem, que exercem ou podem

exercer efeitos nocivos sobre o bem-estar físico, mental e social. De outra

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forma, pode-se dizer que saneamento caracteriza o conjunto de ações

socioeconômicas que têm por objetivo alcançar a Salubridade Ambiental.

Menezes (1984 apud Martins, 2012) define saneamento como o conjunto

de medidas que visam a modificar as condições do meio ambiente, com a

finalidade de prevenir doenças e promover a saúde.

Guimarães et al. (2007, p. 01), ainda destaca que a oferta do saneamento

associa sistemas constituídos por uma infraestrutura física e uma estrutura

educacional, legal e institucional, que compreende os seguintes serviços:

Abastecimento de água às populações, com a qualidade

compatível com a proteção de sua saúde e em quantidade

suficiente para a garantia de condições básicas de conforto;

Coleta, tratamento e disposição ambientalmente adequada e

sanitariamente segura de águas residuárias (esgotos

sanitários, resíduos líquidos industriais e agrícolas;

Acondicionamento, coleta, transporte e/ou destino final dos

resíduos sólidos (incluindo os rejeitos provenientes das

atividades doméstica, comercial e de serviços, industrial e

pública);

Coleta de águas pluviais e controle de empoçamento e

inundações;

Controle de vetores de doenças transmissíveis (insetos,

roedores, moluscos, entre outros);

Saneamento dos alimentos;

Saneamento dos meios de transportes;

Saneamento e planejamento territorial;

Saneamento da habitação, dos locais de trabalho, de

educação e de recreação e dos hospitais; e,

Controle de poluição ambiental – água, ar e solo, acústica e

visual.

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O Saneamento Básico é definido por Moraes (1993 apud Borja 2004, p.

17), como:

O conjunto de ações, entendidas fundamentalmente como de saúde

pública, compreendendo o abastecimento de água em quantidade

suficiente para assegurar a higiene adequada e o conforto, com

qualidade compatível com os padrões de potabilidade; coleta,

tratamento e disposição adequada dos esgotos e dos resíduos

sólidos; drenagem urbana de águas pluviais e controle ambiental de

roedores, insetos, helmintos e outros vetores e reservatórios de

doenças.

Percebe-se então, que o Saneamento Básico se restringe ao

abastecimento de água, coleta e tratamento dos esgotos e dos resíduos sólidos

e drenagem urbana de águas pluviais e controle de empoçamentos e

inundações.

Por sua vez, Saneamento Ambiental é o conjunto de ações

socioeconômicas que têm por objetivo alcançar níveis de Salubridade

Ambiental, por meio de abastecimento de água potável, coleta e disposição

sanitária de resíduos sólidos, líquidos e gasosos, promoção da disciplina

sanitária de uso do solo, drenagem urbana, controle de doenças transmissíveis

e demais serviços e obras especializadas, com a finalidade de proteger e

melhorar as condições de vida urbana e rural (FUNASA, 1999, p.14).

De acordo com Borja e Moraes (2004), a Secretaria Nacional de

Saneamento Ambiental (SNSA), definiu Saneamento Ambiental como:

[...] o conjunto de ações técnicas e socioeconômicas, entendidas

fundamentalmente como de saúde pública, tendo por objetivo

alcançar níveis crescentes de salubridade ambiental, compreendendo

o abastecimento de água em quantidade e dentro dos padrões de

potabilidade vigentes, o manejo de esgotos sanitários, resíduos

sólidos e emissões atmosféricas, a drenagem de águas pluviais, o

controle ambiental do uso e ocupação do solo e prevenção e controle

do excesso de ruídos, tendo como finalidade promover e melhorar as

condições de vida urbana e rural.

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Outra definição que cabe ser ressaltada é o de Salubridade Ambiental,

pode-se entender como:

[...] o estado de higidez (estado de saúde normal) em que vive a

população urbana e rural, tanto no que se refere a sua capacidade de

inibir, prevenir a ocorrência de endemias veiculadas pelo meio

ambiente como no tocante ao seu potencial de promover o

aperfeiçoamento de condições mesológicas (que diz respeito ao clima

e/ ou ambiente) favoráveis ao pleno gozo de saúde e bem-estar

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1999, p.14).

Assim, um ambiente salubre é de extrema importância para garantir a

qualidade de vida da população prevenindo a saúde da mesma e evitando a

proliferação de vetores de doenças como ratos, moscas, baratas, entre outros

insetos.

2.3 Elementos Primordiais do Saneamento e Essenciais Para a Qualidade de Vida Urbana

2.3.1 Abastecimento de água

A água é um elemento indispensável para a sobrevivência humana e para

o desenvolvimento da sociedade. Heller (2006) destaca que a disponibilidade da

água na natureza tem sido insuficiente para atender à demanda requerida em

muitas regiões do Planeta, fenômeno que vem se agravando crescentemente. O

autor ainda destaca que:

As instalações para abastecimento de água devem ser capazes de

fornecer água com qualidade, com regularidade e de forma acessível

para as populações, além de respeitar os interesses dos outros usuários

dos mananciais utilizados, pensando na presente e nas futuras

gerações. Assim, os profissionais encarregados de planejar, proteger,

implantar, operar, manter e gerenciar as instalações de abastecimento

de água devem sempre ter presente essa realidade e devem ter a

capacidade de considerá-la nas suas atividades. (HELLER, 2006, p. 29)

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A FUNASA (2006, p. 36) destaca, no que se refere à relevância, as

principais condições sanitárias e econômicas do abastecimento de água, dentre

as quais se pode citar: controlar e prevenir de doenças; implantar hábitos de

higiene na população; promover a limpeza pública; ampliar dos índices de

expectativa de vida da população; aumentar a vida média pela redução da

mortalidade; aumentar a vida produtiva do indivíduo, seja pelo aumento da vida

média, seja pela redução do tempo perdido com doenças. Para a população

conseguir atingir tais benefícios é necessário que a oferta de tal recurso seja

realizada regularmente e com qualidade.

Por ser considerado um recurso abundante, a água é utilizada de formas

diversas pela sociedade. Porém, com o crescimento das aglomerações humanas

e o consequente aumento pelo consumo da água, o homem passou a executar

grandes obras destinadas ao abastecimento humano (doméstico e industrial),

irrigação, dessedentação de animais, geração de energia e transporte, entre

outros. Além disso, houve ainda aumento na produção de dejetos (esgotos)

domésticos e industriais que são despejados in natura poluindo e contaminando

os corpos d’água superficiais e subterrâneos.

Segundo o Manual de Saneamento (1999), um Sistema de Abastecimento

de Água pode ser concebido e projetado para atender a pequenos povoados ou a

grandes cidades, variando nas características e no porte de suas instalações.

Assim sendo, tal abastecimento caracteriza-se pela retirada da água da natureza,

adequação de sua qualidade, transporte até os aglomerados humanos e

fornecimento à população em quantidade compatível com suas necessidades.

De acordo com a Secretaria de Vigilância em Saúde (2006), a Portaria do

Ministério da Saúde (MS) nº 518/2004, classifica as instalações para

abastecimento de água em duas categorias:

O primeiro sistema de abastecimento de água é caracterizado através da

instalação - composta por conjunto de obras civis, materiais e

equipamentos - destinada à produção e à distribuição canalizada de água

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potável para populações, sob a responsabilidade do poder público, mesmo

que administrada em regime de concessão ou permissão.

A segunda forma de abastecimento caracteriza-se por uma alternativa

coletiva, ou seja, toda modalidade de abastecimento coletivo de água

distinta do sistema de abastecimento de água, incluindo, entre outras,

fonte, poço comunitário, distribuição por veículo transportador, entre outros.

Já o Manual de Saneamento (1999, p. 80) define o Sistema de

Abastecimento Público de Água, considerando a perspectiva deste como um

sistema básico ao saneamento ambiental e de suma importância para a

sobrevivência e qualidade de vida humana, como:

Um conjunto de obras, instalações e serviços, destinados a produzir e

distribuir água a uma comunidade, em quantidade e qualidade

compatíveis com as necessidades da população, para fins de

consumo doméstico, serviços públicos, consumo industrial e outros

usos.

Tais serviços são fornecidos por empresas públicas, terceirizadas e/ou até

mesmo particulares através das Estações de Tratamento de Água (ETA’s) que

são constituídas de obras de captação, estação de tratamento, rede de

distribuição e conexões domiciliares que serve a maioria da população dos

núcleos urbanos com água potável (GUSMÃO, 2008).

Em Santo Estevão, assim como na maioria dos municípios baianos, este

sistema de abastecimento público é gerenciado pela Secretaria de Infraestrutura

através da Empresa Baiana de Água e Saneamento (EMBASA) que atende a

aproximadamente 85% dos habitantes da área urbana. A outra parcela da

população é abastecida por cisternas e poços escavados, poços tubulares ou

artesianos.

As cisternas são pequenos reservatórios que acondicionam água da chuva

e essa água, quando utilizada para uso doméstico, deve ser previamente fervida

ou clorada. Outra forma alternativa de abastecimento são os poços escavados,

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também conhecidos como poços rasos ou freáticos. A FUNASA define poços

escavados ou rasos como:

[...] poços com diâmetro mínimo de 90 centímetros, que são

destinados tanto ao abastecimento individual como coletivo. Esta

solução permite o aproveitamento da água do lençol freático, atuando

geralmente, entre 10 a 20 metros de profundidade, podendo obter de

dois a três mil litros de água por dia. (FUNASA, 2006, p. 64)

Outro tipo de poço conhecido é o denominado poço tubular profundo, que

capta a água dos aquíferos artesianos ou confinados, localizados abaixo do lençol

freático, entre duas camadas impermeáveis. O diâmetro é em torno de 150 a 200

mm, e a profundidade varia de 60 a 300 metros ou mais, dependendo da

localização do aquífero.

2.3.2 Esgotamento sanitário

Em 2007, dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio (IBGE)

apontou que aproximadamente 30% dos domicílios não possuíam esgotamento

sanitário adequado, ou seja, ligado à rede coletora ou fossa séptica. A produção

de esgoto e dejetos humanos podem ocasionar sérios problemas ao ambiente e à

saúde humana. Tais dejetos humanos podem ser veículos de germes patogênicos

de várias doenças, como diarreias infecciosas, teníase, esquistossomose, febre

tifoide, entre outros.

É coerente destacar que, devido à falta de medidas práticas de

saneamento e de educação sanitária, uma boa parcela da população lança os

dejetos diretamente sobre o solo e mananciais de abastecimento de água, criando

situações favoráveis à transmissão de doenças.

Para tentar reduzir a transmissão de doenças provenientes da ausência de

esgotamento adequado a FUNASA (2006, p.153) recomenda:

[...] a construção de privadas com veiculação hídrica, ligadas a um

sistema público de esgotos, com adequado destino final. Essa solução é,

contudo, impraticável no meio rural e às vezes difícil, por razões

principalmente econômicas, em muitas comunidades urbanas e

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suburbanas. Nesses casos são indicadas soluções individuais para cada

domicílio.

Para tentar sanear o ambiente, criou-se um serviço público de esgotamento

sanitário a fim de obter uma melhor qualidade de vida para a população. Gusmão

(2008) destaca que para a finalidade de uma melhor qualidade de vida foram

desenvolvidos sistemas que fossem viáveis e pudessem atender à demanda

urbana e rural.

O sistema público de esgotamento sanitário começou a ser instalado em

2012 no município de Santo Estevão, embora antes disso, uma área conhecida

como Mutirão, fosse atendida por tal serviço. Ainda hoje existem áreas do

município, cujos habitantes utilizam métodos alternativos de tratamento, sendo

que, geralmente, os habitantes da área urbana desprovidas do serviço público de

esgoto, utilizam as chamadas fossas. De acordo com Bonelli e Delpino (2010, p.

06) "as fossas podem ser construídas no local ou pré-fabricadas" e geralmente as

fossas pré-fabricadas são classificadas como sépticas e as construídas, pelo

baixo custo, são classificadas como fossas negras e fossas secas (figura 2).

Figura 2 - Tipos de fossas utilizadas em residências que não possuem rede coletora de esgoto público: (I) e (II) fossas sépticas, (III) fossa negra

e (IV) fossa seca

Fonte, Google, 2014.

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Uma parcela da população de Santo Estevão utiliza as chamadas fossas

sépticas, que são definidas como:

Câmaras fechadas com a finalidade deter os dejetos domésticos, por um

período de tempo estabelecido, de modo a permitir a decantação dos

sólidos e retenção do material graxo contido nos esgotos transformando-

os bioquimicamente em substâncias e compostos mais simples e

estáveis (FUNASA, 1999, p. 194).

Em geral, as fossas sépticas são utilizadas como alternativa para casas

desprovidas da assistência do sistema público de esgoto, sendo fundamentais no

combate a doenças, pois evitam o lançamento dos dejetos humanos diretamente

em rios, lagos ou mesmo na superfície do solo.

Outra parcela dos habitantes utilizam as chamadas fossas negras, que

consistem na escavação de um buraco que recebe excreta ou esgoto, desprovida

de revestimento interno impermeabilizante, cujo fundo atinge ou fica situado

menos de 1,5 m acima do lençol freático, o que pode, inclusive, poluir a água

oriunda de poços artesanais que é utilizada para consumo doméstico.

A fossa seca compreende uma casinha, escavada no solo, destinada a

receber somente os excretas (FUNASA, 2006). Esse tipo de fossa, geralmente, é

encontrado em áreas rurais.

Percebe-se, que tratamentos pouco apropriados são utilizados pela

população, seja por desconhecimento das técnicas, seja por ignorar as

consequências que estes métodos podem ocasionar e/ou, ainda, pelas condições

econômicas para aquisição de um método mais adequado.

2.3.3 Resíduos sólidos

Assim como a distribuição de água e esgotamento sanitário, os resíduos

sólidos são de extrema importância para a qualidade de vida e saúde da

população.

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A Lei Nacional de Resíduos Sólidos, Lei nº 12.305/2010, define resíduos

sólidos como:

Material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades

humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe

proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou

semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas

particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de

esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou

economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.

(BRASIL, 2012, p. 11)

Os resíduos sólidos são materiais heterogêneos, (inertes, minerais e

orgânicos), resultado das diversas atividades do ser humano e da natureza,

podendo possuir características positivas e negativas no que diz respeito à saúde

pública e economia, dependendo de como são dispostos no ambiente.

De acordo com o Ministério de Saúde (1999), os resíduos sólidos são

constituídos de substâncias, e tais substâncias podem ser:

Facilmente degradáveis (FD): restos de comida, sobras de cozinha, folhas,

animais mortos entre outros;

Moderadamente degradáveis (MD): papel, papelão e outros produtos

celulósicos;

Dificilmente degradáveis (DD): trapo, couro, pano madeira, borracha,

cabelo, plástico entre outros;

Não degradáveis (ND): metal não ferroso, vidro, pedras, cinzas, terra, areia

cerâmica.

Assim sendo, tais resíduos podem ser gerenciado de diversas formas,

como para saciar a fome de animais ou direcionados à reciclagem, o que

possibilita a geração de uma renda extra.

Quanto à periculosidade, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº

12.305/2010), subdivide resíduos sólidos em duas categorias: resíduos perigosos

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e resíduos não perigosos. Os perigosos são os que oferecem risco à saúde

pública ou à qualidade ambiental (inflamabilidade, corrosividade, toxicidade entre

outros), os não perigosos são os que não se enquadram nas características dos

resíduos perigosos.

Cada município deve adotar um sistema de gerenciamento de resíduos

sólidos de forma a não acarretar danos irreversíveis ao ambiente, uma vez que a

disposição final dos resíduos é um dos pontos mais críticos no contexto desse

gerenciamento. Ainda é coerente destacar que o sistema adotado pelos

municípios deve estar dentro da sua realidade, levando em consideração a

natureza e quantidade do resíduo sólido. O aterro sanitário é uma das formas

legais de disposição final para os resíduos sólidos.

De acordo com a FUNASA existem dois tipos de aterros: o controlado e o

sanitário, sendo que:

O aterro controlado é uma técnica de disposição de resíduos sólidos

no solo, visando à minimização dos impactos ambientais. Esse

método utiliza alguns princípios de engenharia para confinar os

resíduos sólidos, cobrindo-os com uma camada de material inerte na

conclusão de cada jornada de trabalho (FUNASA, 2006, p. 267)

O aterro controlado pode produzir poluição, porém de forma controlada.

Geralmente, nesse método não há a impermeabilização do solo, o que pode

causar o comprometimento das águas subterrâneas. Além disso, não há

tratamento do percolado, isto é, da mistura do chorume com a água da chuva que

percola no aterro.

O aterro controlado pode se uma opção para pequenas comunidades,

devido ao baixo custo de implantação e manutenção.

O aterro controlado apresenta-se como uma alternativa para

comunidades de menor porte porque os custos de implantação e

operação são menores, uma vez que podem ser utilizados

equipamentos simplificados para a operação, ou serem operados

manualmente. Para implantação do aterro controlado deve-se adotar

criteriosa análise da localização do aterro em relação ao solo e aos

recursos hídricos (DIAS, 2003, p. 51-52).

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Por sua vez, o aterro sanitário, pode ser definido como:

Uma técnica que dispõe os resíduos sólidos urbanos no solo sem causar danos à saúde pública e a sua segurança, minimizando os impactos ambientais, onde os resíduos são confinados na menor área possível, reduzindo-os ao menor volume possível cobrindo-os com uma camada de terra no final do processo. (GUSMÃO apud GUSMÃO, 2008, p. 34)

É obrigação dos municípios coletar, transportar, tratar e distribuir

ordenadamente os rejeitos em aterros sanitários, porém, o destino final na maioria

das vezes ocorre de maneira inadequada, pois são lançados a céu aberto

formando os chamados "lixões". As regiões brasileiras ainda são muito carentes

no que se refere à distribuição de aterros sanitários, principalmente nas regiões

Norte e Nordeste do país.

Embora a quantidade de aterros sanitários tenha crescido de forma expressiva desde o início do século 21,40% do volume total dos resíduos produzidos é despejado em lixões ou em sua versão apenas um pouco menos nociva, os aterros controlados, sendo essa proporção muito mais alta nas Regiões Nordeste e Norte. (ABRAMOVAY, 2013, p. 21)

De acordo com Gusmão (2010, p. 102), o modelo ideal de gerenciamento

de resíduos sólidos pode ser expresso como:

[...] sistema de gestão que incorpora princípios hierarquizados de não geração, minimização, reutilização, reciclagem, tratamento e disposição final. Neste sistema uma etapa fundamental é a coleta dos resíduos sólidos, que deve ser planejada levando em consideração as características do local para que se amplie a participação popular e eficácia do serviço prestado.

Infelizmente, uma grande parcela da população não possui o hábito de

reutilizar ou separar os materiais usados para a reciclagem, além disso, a

disposição final dos resíduos sólidos a céu aberto é alarmante, contribuindo

para a contaminação do solo e mananciais hídricos, tornando-os extremamente

impactantes ao ambiente e à saúde da população. Um exemplo disso é o

próprio município de Santo Estevão, lócus desta pesquisa, que não faz uso dos

aterros, utilizando o método dos lixões para a eliminação final dos resíduos

sólidos.

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2.4 Relações Entre Saneamento e SaúdeO saneamento é um dos principais elementos da infraestrutura do sistema

urbano, estando diretamente relacionado à preservação do meio físico e,

sobretudo, à saúde da população. Pode-se inferir, então, que a qualidade de vida

dos habitantes está diretamente relacionada à forma como se trata a água a ser

utilizada, a água já descartada, o lixo produzido e as condições de higiene.

A importância do saneamento e de sua relação com a saúde remonta às

mais antigas civilizações. Hábitos sanitários, mostrando a importância da água e

métodos adequados para consumo (fervura, filtração), utilização de banheiros e

de esgotos nas construções e drenagem nas ruas, já existem há mais de 4.000

anos.

Segundo Cavinatto (apud Ribeiro e Rooke, 2010), desde a antiguidade o

homem aprendeu intuitivamente que a água poluída por dejetos e resíduos podia

transmitir doenças. As civilizações grega e romana desenvolveram técnicas de

tratamento e distribuição de água avançadas para a época.

Ribeiro e Rooke (2010) ainda destacam que a descoberta de que seres

microscópios eram responsáveis por moléstias só ocorreram séculos mais tarde,

por volta de 1850, com as pesquisas realizadas por Pasteur e outros cientistas.

Sendo assim, solos e águas que pareciam limpos poderiam conter algum

organismo patogênico contaminado por fezes de pessoas enfermas.

A degradação dos mananciais de água potável, com o despejo de esgoto e

de lixo, e a possível escassez deste recurso é uma situação que afeta

significativamente a qualidade do ambiente e, consequentemente, a saúde

humana (GUSMÃO, 2008). Desta forma, a eliminação final dos resíduos urbanos

em pontos de lixo e lixões,bem como em mananciais hídricos (lagos, lagoas, rios,

entre outros), são comumente aplicados como sistema de gerenciamento na

maioria dos municípios brasileiros, processo que polui e contamina o ambiente,

trazendo perigos à saúde das pessoas.

Segundo Heller (1997) o nível socioeconômico da população também

influencia nas condições de saneamento e da saúde. Em populações com

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condições socioeconômicas baixas, o efeito de intervenções em saneamento

provocaria um impacto maior sobre a saúde do que em pessoas com condições

mais elevadas.

A figura 3 representa o modelo proposto por Cvjetanovic (apud Heller,

1997, p.77), enfatizando a importância do abastecimento de água e do

esgotamento sanitário que proporcionam benefícios para a saúde da população,

levando em consideração os efeitos diretos e indiretos resultantes primordiais, na

visão do autor, para o desenvolvimento da localidade atendida.

Figura 3 - Efeitos diretos e indiretos do abastecimento de água e do esgotamento sanitário sobre a saúde: esquema conceitual

Fonte: Cvjetanovic (1986) apud Heller, 1997.

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Soares et al. (2002) destaca que a relação entre ações de saneamento,

saúde e classificação ambiental das doenças, como diarreia, cólera, hepatite e

amebíase, entre outras, podem estar relacionadas, de alguma forma, com o

saneamento ou com a falta de infraestrutura adequada, podendo assim,

antecipar os efeitos das intervenções de saneamento na saúde pública e ainda

inferir sobre as possíveis relações com o meio ambiente. Ainda de acordo com

Soares et. al (2002, p. 1718):

Cabe ao planejamento indicar quais as medidas que estão relacionadas e quais são as ações independentes, de modo a direcionar a forma mais eficaz de implementação dos sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário, com vistas à melhoria tanto da saúde pública, quanto do meio ambiente. Para tanto, é necessário identificar os efeitos, positivos e negativos, quando da implementação desses sistemas de saneamento.

As doenças provenientes da ausência do saneamento são decorrentes

tanto da quantidade quanto da qualidade do abastecimento de água, do

afastamento e destinação adequada dos esgotos sanitários e resíduos sólidos, da

drenagem pluvial e principalmente da falta de uma educação sanitária.

O modelo proposto por Cvjetanovic (figura 03) se aplica ao município de

Santo Estevão, uma vez que os efeitos diretos e indiretos interferem na

qualidade de vida da população. Além dos elementos do saneamento citados

na figura, a educação ambiental da população e o investimento e cumprimento

em se tratando de políticas públicas contribuem para a drástica redução de

moléstias causadas à população e um ambiente mais saudável.

2.5 Geotecnologias e Saneamento

Para realizar e facilitar a espacialização de dados dos diversos aspectos

das dinâmicas existentes no espaço geográfico habitado pelos seres vivos,

técnicas modernas, a exemplo das geotecnologias, são utilizadas para o

tratamento das informações obtidas.

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Uma ferramenta que melhor se aplica para desenvolvimento da seguinte

pesquisa é o Sistema de Informações Geográficas (SIG), que é destacada por

Silva (2003, p. 27) como:

[...] tecnologia que possui ferramental necessário para realizar análises

com dados espaciais e, portanto, oferece, ao ser implementada,

alternativas para o entendimento da ocupação e utilização do meio físico,

compondo o chamado universo da Geotecnologia [...]

A partir dessas considerações é possível relacionar a utilização das

técnicas de Geotecnologias, em especial o Sistema de Informações Geográficas

(SIG), às atividades de planejamento.

Os SIGs podem ser utilizados nos diversos processos que envolvem o

planejamento, desde a obtenção de informações até a tomada de decisões,

contribuindo para a disponibilização de informações confiáveis, precisas e de

rápido acesso, com base na localização geográfica de objetos e fenômenos.

O SIG é uma ferramenta de suma importância para a análise espacial, pois

promove e permite a obtenção de relação espacial, dando suporte para a

produção de mapas conceituais da distribuição espacial dos elementos que

compõem o saneamento (abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta

de lixo), determinando áreas que são consideradas críticas e mais propícias a

impactos ambientais. Assim, a utilização do SIG no desenvolvimento do trabalho,

justifica-se pela aquisição de dados para elaboração dos mapas nos programas

ARCGIS 10 e SPRING 4.3.3.

2.6 Políticas Públicas e a Lei nº 11.445/2007

Até a década de 1970, os serviços de saneamento no Brasil eram

executados por diversos órgãos, sendo o município o principal responsável em

oferecer tais serviços.

De acordo com Fiorotti (2008), as entidades que articulavam as políticas

de saneamento antes de 1970 eram:

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[...] Fundação SESP – Fundação Serviços de Saúde Pública (órgão sob

a supervisão do Ministério da Saúde) e de Órgãos Federais, juntamente

com os estados e municípios e os de maior receita operavam os serviços

de abastecimento de água e coleta, tratamento e disposição final do

esgoto através de autarquias e órgãos públicos. (FIOROTTI, 2008, p. 06)

No ano de 1971 foi criado o Plano Nacional de Saneamento (PLANASA),

com o intuito de melhorar o saneamento do país. O PLANASA tinha como objetivo

o permanente equilíbrio entre a oferta e a demanda no campo do saneamento

básico (MONTEIRO, 1993, p. 04), porém, o recurso aplicado para o

funcionamento do PLANASA advinha do FGTS, dos orçamentos da União, dos

estados e municípios e de empréstimos internos e externos, sendo que, a fonte

financiadora mais importante era a do FGTS. Desta forma, o PLANASA defendia

que o sistema deveria gerar recursos, vias tarifa, para se autofinanciar e assim,

ressarcir os investimentos realizados.

A atuação do PLANASA no sistema de saneamento foi breve já que, na

década de 1980, o programa foi extinto. Muitos fatores contribuíram para tal

situação, podendo destacar que:

As empresas estaduais assumiram serviços municipais já existentes e implantaram novos serviços. O PLANASA, por meio de seu executor, o BNH – Banco Nacional de Habitação exigia a concessão dos serviços pelos municípios (reconhecimento da titularidade municipal) com aprovação das respectivas câmeras de vereadores, exigência que nem sempre foi cumprida, originando serviços prestados mediante instrumentos precários de concessão, como convênios entre prefeituras municipais e empresas estaduais e até mesmo sem instrumento algum. (PEREIRA, 2008, p. 05)

Assim, as dificuldades lucrativas e uma grande parcela da população

desprovida de condições para arcar com os serviços oferecidos, caros e

inadequados, fizeram com que o PLANASA chegasse ao fim.

Na década de 1980, outro projeto foi lançado, projeto experimental

chamado de Programa de Abastecimento de Água e Saneamento para População

de Baixa Renda da Zona Urbana (PROSANEAR).

O PROSANEAR foi criado para fomentar o saneamento de áreas urbanas periféricas que não possuíam estruturas sanitárias adequadas. Em resumo, pode-se dizer que o PROSANEAR

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buscou associar definições de saneamento, de saúde e de meio ambiente, com o objetivo de aperfeiçoar as condições de vida das camadas mais pobres. (LUCENA, 2005, p. 09)

O objetivo do PROSANEAR era acessível à população de baixa renda,

com apoio da Caixa Econômica Federal (CEF) e do Banco Mundial. De acordo

com o projeto, a população teria uma participação comunitária, onde, o

desenvolvimento do projeto deveria se adequar à realidade da comunidade, para

abarcar melhores resultados dos investimentos. Porém, os valores cobrados

pelas ligações dos serviços aos domicílios, pelo uso da água e da coleta do

esgoto tornaram o programa inviável, indo contra o principal objetivo, que era o de

atender às famílias carentes de baixa renda.

Atualmente, os serviços de saneamento oferecidos não condizem com a

realidade da maioria da população, as taxas cobradas são elevadas e a qualidade

e quantidade dos serviços são inapropriadas. Além disso, a ausência e

precariedade de investimentos em saneamento contribuem para impactar a saúde

da população, principalmente das pessoas de baixa renda, que são desprovidas

de condições essenciais para a qualidade de vida. Com isso, se faz necessário a

aplicação de políticas públicas mais precisas voltadas para o saneamento.

Para destacar a importância do saneamento na conservação da qualidade

de vida e do meio ambiente, no ano de 2007 foi criada a Lei nº 11.445/2007, que

estabelece a política federal e as diretrizes nacionais para o saneamento básico.

"Destaca-se que o texto desta lei discute o saneamento básico, não incluindo um

conceito mais abrangente quanto à situação ambiental vivenciada, que aborda o

conceito de saneamento ambiental". (GUSMÃO, 2008, p. 36)

Apesar de não existir uma lei específica para o saneamento ambiental, a

Lei nº 11.445/07 foi um grande progresso para os Municípios e Estados

brasileiros, uma vez que políticas públicas podem ser estabelecidas e

desenvolvidas para atender as necessidades locais do saneamento.

O Artigo 2º descreve os princípios fundamentais dos serviços públicos de

saneamento básico que são:

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I - Universalização do acesso;

II - Integralidade compreendida com o conjunto de todas as atividades e

componentes de cada um dos serviços de saneamento básico, propiciando

à população o acesso na conformidade de suas necessidades e

maximizando a eficácia das ações e resultados;

III - Abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e

manejo dos resíduos sólidos, realizados de forma adequadas à saúde

pública e à proteção do meio ambiente;

IV - Disponibilidade, em todas as áreas urbanas, de serviços de

drenagem e de manejo das águas pluviais adequados à saúde pública e à

segurança da vida e do patrimônio público e privado;

V - Adoção de métodos, técnicas e processos que considerem as

peculiaridades locais e regionais;

VI - Articulação com as políticas de desenvolvimento urbano e regional,

de habitação, de combate à pobreza e de sua erradicação, de proteção

ambiental, de promoção da saúde e outras de relevante interesse social

voltadas para a melhoria da qualidade de vida, para as quais o

saneamento básico seja fator determinante;

VII - Eficiência e sustentabilidade econômica;

VIII - Utilização de tecnologias apropriadas, considerando a capacidade

de pagamento dos usuários e a adoção de soluções graduais e

progressivas;

IX - Transparência das ações, baseada em sistemas de informações e

processos decisórios institucionalizados;

X - Controle social;

XI - Segurança, qualidade e regularidade;

XII - Integração das infraestruturas e serviços com a gestão eficiente dos

recursos hídricos;

XIII - Adoção de medidas de fomento à moderação do consumo de água.

Assim, tem-se uma visão equilibrada da função social do saneamento para

a saúde pública, para o meio ambiente, o bem-estar social, mas que, como um

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serviço público tem que ter sustentabilidade econômica para garantir sua

prestação, considerando a capacidade de pagamento dos usuário, com qualidade

e quantidade suficiente para atender a população. Sobretudo, cabe às

autoridades públicas priorizar políticas que sejam eficazes para garantir os

serviços de saneamento aos habitantes.

Em 2010 foi sancionada a Lei nº 12.305 que institui a Política Nacional de

Resíduos Sólidos. Os incisos I e II do Artigo 7º apresentam alguns dos objetivos

da presente lei, dentre as quais estão a proteção da saúde pública e da qualidade

ambiental, além da redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos

sólidos, bem como disposição final, ambientalmente adequada, dos rejeitos

respectivamente.

Como já discutido anteriormente, a saúde pública está diretamente

relacionada com a qualidade do ambiente, em se tratando do saneamento.

Porém, o volume produzido de resíduos sólidos e a disposição final dos mesmos

podem influenciar na salubridade do ambiente, refletindo na saúde da população.

O essencial seria a redução, reutilização e reciclagem dos resíduos sólidos

havendo uma distribuição ordenada dos rejeitos em aterros, procurando evitar

danos ou riscos à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos

ambientais.

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3 METODOLOGIA

Para o desenvolvimento do trabalho, inicialmente foram realizados

levantamento bibliográfico exaustivo sobre o fenômeno estudado, recolhimento de

dados e informações em instituições e órgãos públicos, entre eles a Prefeitura

Municipal de Santo Estevão, a Empresa Baiana de Água e Saneamento

(EMBASA), a Superintendência de Estatísticas e Informações (SEI) e o Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na sequência, iniciou-se a etapa de utilização do geoprocessamento

através de Sistema de Posicionamento Global (GPS), Cartografia e Sistema de

Informações Geográficas (SIG), para demarcação dos pontos no que se refere à

distribuição de água, coleta de lixo e esgotamento sanitário. Buscou-se, então

pontuar as áreas com maior frequência de doenças que podem ser ocasionadas

pelo saneamento inadequado e, para posterior confecção de mapas temáticos,

foram identificadas cada uma das variáveis em estudo com a utilização de dados

estatísticos, contendo as características de abastecimento de água, esgotamento

sanitário e coleta de lixo dos domicílios do município de Santo Estevão.

3.1 Tipo de Estudo

Segundo Santana (2010), método é o conjunto de procedimentos e

técnicas que são empregados, de modo ordenado e sistematizado, para obter

melhor resultado de uma tarefa. Assim, através de um método é possível

conhecer uma realidade, produzir determinado objeto, ou até mesmo, desenvolver

certos procedimentos. Seguindo esta compreensão entendemos que a pesquisa

apresenta-se como descritiva, pois que objetiva caracterizar a população ou

fenômeno estudado estabelecendo as relações entre suas variáveis.

O procedimento metodológico empregado constitui-se no chamado

estudo de caso, sendo o mais propício para a investigação do fenômeno

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estudado, uma vez que se trabalhou diretamente com a comunidade santo-

estevense, a seleção, a coleta, análise e interpretação dos dados.

3.2 Área de Estudo

A área de estudo desta pesquisa é o município de Santo Estevão, sendo o

recorte a área urbana. O atual município teve suas terras adentradas no ano de

1739 pelo padre português José da Costa Almeida, que possuía uma fazenda de

criação de gado e de lavoura, no povoado de Santo Estevão Velho, atual

município de Antonio Cardoso.

Em razão de grande período de seca vivido à época, o padre se aventurou

na busca de água para a lavoura e para saciar a sede do gado e a procura

finalizou-se quando este encontrou um manancial de água doce, existente ainda

hoje, nas margens do Riacho do Salgado, a uma distância de trezentos metros da

cidade de Santo Estevão.

A descoberta da água fez com que o padre se fixasse, construindo curral

para o gado, casa de moradia e uma capela com a imagem de Santo Estevão,

padroeiro do município. Somente, no ano de 1921, o município foi emancipado,

sendo desmembrado do município de Cachoeira.

Santo Estevão tem uma área total de 366,597 Km2 e localiza-se às

margens da BR 116, na microrregião de Feira de Santana, no Vale do Paraguaçu,

sendo limitado pelos municípios de Ipecaetá, Rafael Jambeiro, Antônio Cardoso,

Castro Alves e Cabaceiras do Paraguaçu (figura 4).

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Figura 4 - Localização do município de Santo Estevão e seus limites

Fonte: Bahia, 2003. Elaborado por CARELLI, L., 2014

O município de Santo Estevão tem como referência o ponto de latitude

12°25’49”S e longitude 39°15’05”W, estando a uma altitude de aproximadamente

242 metros acima do nível do mar.

Geograficamente este é formado por duas estruturas geológicas,

classificadas como Pediplano Sertanejo e Tabuleiro, sendo a primeira formação

considerada uma área típica do sertão nordestino, com uma estação seca

acentuada e um modelado de caráter côncavo-convexo. A segunda formação

encontra-se no centro do município, formado por coberturas cenozóicas, de

caráter residual, sendo esta área de predominância de povoação urbana, devido

ao caráter aplainado (Plano Municipal de Educação, 2012). O clima predominante

da área de estudo é o semiárido que se caracteriza pela baixa umidade e pouco

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volume pluviométrico, apresentando precipitação média entre 200 e 400 mm

anuais (IBGE, 2010).

Em relação aos aspectos demográficos, o município de Santo Estevão

conta com uma população de 47.880 habitantes, segundo censo de 2012, sendo

27.708 na área urbana e 20.172 na área rural. Em 2007, a população do

município estava estimada em 43.703 habitantes, sendo a população urbana de

23.558 e a população rural correspondia a 20.974 (tabela 2).

Tabela 2 - População do Município de Santo Estevão - 2012

População recenseada, por situação do domicílio e sexo

Total Urbana Rural

Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total Homens Mulhere

s Total

22.906 24.974 47.880 13.116 14.573 27.708 9.790 10.401 20.172

Fonte: IBGE, 2012. Adaptado pela autora, 2013.

Em relação ao aspecto educacional, assim, como em muitas cidades

brasileiras, Santo Estevão apresenta grave quadro de desigualdade social,

principalmente no que se refere aos processos desenvolvidos na escola. O

município conta com 40 instituições de ensino municipais, nas zonas urbana e

rural, (Educação Infantil, Ensino Fundamental I e II), 12 escolas particulares e 05

escolas estaduais.

O número de habitantes de 10 anos ou mais de idade, por nível de

instrução, que não teve acesso à escola ou que não concluiu o ensino

fundamental I no ano de 2010 é muito grande, aproximadamente 66,84%, de

acordo com o Plano Municipal de Educação (2012). Tal instrução educacional

pode estar relacionada à renda familiar, uma vez que, geralmente, quanto maior a

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renda, maior a instrução. Na tabela 3 está representada a porcentagem da

população santo-estevense alfabetizada, de acordo a renda familiar, entre os

meses de novembro de 2011 a março de 2012.

Tabela 3 - População alfabetizada (município de Santo Estevão) versus Renda familiar (novembro 2011 - março 2012)

Escolaridade Menos de 1 salário

De 1 a 3 salários

De 4 a 6 salários

De 7 a 10 salários

+ 10 salários

Alfabetizado 28,2% 68,4% 2,3% _ 0,1%

Não sabe ler 47,8% 50,2% 1,8% _ 0,2%

Superior 3,4% 62,9% 18% 12,4% 3,4%

Fundamental I Completo 69,3% 27,9% 2,5% 0,3% _

Fundamental II Completo 45,5% 26,6% 2,4% 0,4% _

Médio Completo 22,6% 70,1% 5,8% 1,1% 0,3%Fonte: Plano Municipal de Educação, Santo Estevão, 2012. Adaptado pela autora, 2014.

Infelizmente, a maior parcela da população que recebe menos de um

salário mínimo é desprovida do acesso ao ensino e, mesmo quando ingressam na

escola, não conseguem concluir o ensino médio ou frequentar o ensino superior

devido às dificuldades econômicas, que na maioria das vezes, impedem a

permanência nesses estabelecimentos, uma vez que necessitam trabalhar para

manter a família.

A economia do município está assentada sobre o setor terciário (comércio

e serviço), secundário (indústria de calçados) e primário (agricultura e pecuária).

Segundo informações obtidas da Superintendência de Estudos

Econômicos e Sociais da Bahia, o Produto Interno Bruto (PIB) do município de

Santo Estevão no ano de 2011 foi de R$ 338.584.968 e o PIB per capita chegou a

R$ 6.995,99, sendo que, a nível nacional o PIB per capita foi de R$ 21.535,65, o

que caracteriza uma disparidade considerável do indicador econômico em âmbito

municipal.

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Em relação ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do município de

Santo Estevão, o Atlas do Desenvolvimento Humano (2013), apresenta que a

longevidade da população é de 0,808; a renda de 0,611 e a educação é de 0,498.

Com isso, o resultado do IDH municipal é de 0,626 sendo considerado como

médio.

Muito ainda tem que ser pensado no município analisado, principalmente

no que se refere à renda e taxa de alfabetização, sendo importantes indicadores

que influenciam na qualidade de vida dos moradores.

3.3 População Envolvida na Pesquisa

Como se trata de um estudo de caso a população selecionada para análise

em toda sua dimensão foi a população urbana, de forma que o recorte espacial irá

considerar os limites territoriais da sua divisão em áreas, estando diretamente

vinculados à dinâmica do fenômeno estudado. Vale ressaltar que esse recorte

espacial reflete não apenas as condições socioeconômicas e ambientais da

população, mas também sua qualidade de vida.

Dentro da limitação para o desenvolvimento da pesquisa, e da

precariedade do oferecimento dos serviços básicos como abastecimento de água,

coleta de lixo e esgotamento sanitário, três áreas do perímetro urbano foram

escolhidas, reduzindo assim a escala de trabalho para melhor coleta dos dados.

As áreas selecionadas foram o Alto do Porrão, Mutirão e Pau de Vela (figura 5),

que são consideradas áreas periféricas e de baixa renda, mas, cada uma delas

com suas particularidades.

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Figura 5 - Mapa de Localização das Áreas de Estudo: Mutirão, Alto do Porrão e Pau de Vela

Fonte: Bahia, 2003. Adaptado por: CARELLI, L., 2014.

O Alto do Porrão teve a sua ocupação iniciada na década de 1990, sendo

que, os primeiros moradores invadiram a atual área e começaram a instalar suas

residências. Por ser uma área de encosta, propícia a deslizamentos – a exemplo

de um ocorrido no final da década de 1990 - o governo municipal a desapropriou,

mas a população, por falta de outra opção de moradia, voltou a ocupar o local.

Em relação à estrutura física do Alto do Porrão alguns serviços são oferecidos,

como a coleta diária dos resíduos sólidos e abastecimento de água pela

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EMBASA, as ruas são todas calçadas, as residências possuem energia elétrica,

há um posto de saúde que atende os moradores do Alto do Porrão e do Mutirão,

(Posto de Saúde Antonieta Copello de Cerqueira).

O Mutirão é uma área que foi planejada para ocupação pelo governo

municipal e é o único, entre as três áreas, a oferecer todos os serviços de

saneamento: abastecimento de água, coleta de resíduos sólidos, rede de esgoto,

drenagem pluvial, além da infraestrutura necessária para atender à população.

Porém, a qualidade e quantidade de tais serviços muitas vezes não condizem

com a necessidade dos moradores.

A outra área escolhida para o desenvolvimento do trabalho, Pau de Vela,

só foi incorporada à zona urbana no censo de 2000. Atualmente, algumas

características da área ainda se assemelham com práticas do campo, como a

criação de bovinos, por exemplo. Assim como no Alto do Porrão e no Mutirão, são

oferecidos serviços básicos à população, com exceção da rede de esgoto. O

posto de saúde presente no Pau de Vela (Posto de Saúde Antonieta Alves Araújo

Oliveira) atende à sua população e a da Conga, uma área próxima que ainda faz

parte da zona rural.

A renda dos moradores das áreas estudadas, por sua vez, está assentada

no comércio, na indústria (fábrica de calçados), serviço público, agricultura e na

economia informal (ambulantes, diaristas e no lixão do município). A população

das três áreas totaliza 4.731 habitantes (SESAU, 2013).

Na tabela 4 estão representadas algumas características em relação à

escolaridade da população das áreas estudadas. Foram levados em consideração

os dados cedidos pela Secretaria Municipal de Saúde de Santo Estevão.

Tabela 4 - Percentual de população alfabetizada nas áreas estudadas

Escolaridade Alto do Porrão(Até 3 salários)

Mutirão(Até 3 salários)

Pau de Vela(Até 3 salários)

Alfabetizado 51,2 50,4% 51%

Não sabe ler 48,8% 49,6% 49%

Fonte: SESAU, 2013. Adaptado pela autora, 2014.

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As informações referentes ao grau de escolaridade dos habitantes das

áreas estudadas, concedidas pela Secretaria Municipal de Saúde, já citado, são

referentes ao Sistema de Informação de Atenção Básica (SIAB). Além das

informações referentes à escolaridade, o SIAB contém dados sobre o

saneamento básico das áreas estudadas e referidas doenças. Infelizmente, a

Secretaria Municipal de Educação do município não contém informações

detalhadas da escolaridade da população das áreas estudadas, sendo

apresentadas de forma geral.

3.4 Instrumento e Técnica de Coleta de Dados

Em busca de identificar elementos e informações referentes à questão do

Saneamento Ambiental no Município foram utilizados formulários com perguntas

fechadas. O formulário é um instrumento que se caracteriza pelo contato direto

entre pesquisador e informante. A diferença entre o questionário e o formulário, é

que o questionário é preenchido pelo próprio pesquisado e o formulário, pelo

pesquisador. Uma das vantagens no uso do formulário é que o informante discute

com o pesquisador, podendo inclusive reformular a proposta, esclarecer algumas

perguntas, dar explicações, ou seja, ajustar o formulário à experiência e à

compreensão de cada informante. Por isso, pode englobar questões mais

complexas que o questionário (MARCONI; LAKATOS, 2003 apud SANTANA,

2010). O formulário apresenta ainda como vantagem o fato de o informante não

precisar saber ler e escrever, e, como desvantagem, não poder conferir o que foi

escrito pelo pesquisador (SANTANA, 2010).

Por se tratar de um trabalho que envolve a participação de seres humanos,

o projeto precisou ser cadastrado na Plataforma Brasil e em seguida foi

encaminhado para o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade

Estadual de Feira de Santana (UEFS). Após apreciação e aceitação do projeto

pelo Comitê foi gerado o número do protocolo, cujo número do Certificado de

Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) é 11346612.3.0000.0053. A

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aplicação dos formulários foi realizada após a população alvo assinar um termo

de consentimento livre e esclarecido, estando consciente do objetivo da pesquisa.

A aplicação do formulário (apêndice A) foi utilizado com o propósito de

requerer dados e compreender a percepção da população local sobre a

distribuição do saneamento (abastecimento de água, esgoto e lixo). O número de

amostras representa a quantidade total de formulários aplicados nas casas

habitadas da área de estudo (tabela 5).

Tabela 5 - Número de amostras de formulários aplicados por domicílio

Município Bairro Nº de Residências Nº de Amostras

Santo Estevão

Alto do Porrão 568 57Mutirão 400 40

Pau de Vela 469 47Fonte: Elaborada pela autora, 2013.

Para o desenvolvimento da pesquisa foi utilizada a amostragem do tipo

casual ou aleatória simples. Crespo, (2002, p. 23) define que:

Este tipo de amostragem é equivalente a um sorteio lotérico. Na prática, a amostragem casual ou aleatória simples pode ser realizada numerando-se a população de 1 a n e sorteando-se, a seguir, por meio de um dispositivo aleatório qualquer, k números dessa sequência, os quais corresponderão aos elementos pertencentes à amostra.

Sendo assim, na aplicação dos formulários, foram contempladas as

residências de forma alternada através de um sorteio dos números das casas. De

acordo com alguns autores, para uma amostra ser representativa, dependendo do

tamanho da amostra, ela deve abranger uma porcentagem fixa da população,

aproximadamente 10% a 20%. Portanto, foram aplicados 144 formulários nas três

áreas estudados, o que totaliza 10% dos domicílios sorteados para participar da

pesquisa.

3.5 Análise e Espacialização dos Dados

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Os dados obtidos através do formulário foram tabulados e organizados por

categorias (abastecimento de água, esgoto e lixo). Em seguida, foi realizada uma

análise estatística básica, para obter a média e a percentagem das residências

que são atendidas ou não pelo saneamento. Após análise estatística dos dados,

foram gerados gráficos e tabelas para melhor visualização das informações

tabuladas.

Por se tratar de um formulário com perguntas predominantemente objetivas

muitas questões apresentavam várias opções de respostas, sendo que, o

entrevistado, nesses casos, pôde assinalar mais de uma alternativa. Com isso, no

momento da tabulação dos dados algumas destas questões, a exemplo dos itens

01, 02, 03, 13, 14, 15 e 16 totalizaram mais de cem por cento no resultado final.

Para encontrar a percentagem dos dados, foi aplicada uma regra de três

simples, porém, existe meio para encontrar os resultados da percentagem, é

através da média aritmética simples. Segundo Crespo (2009, p. 187), a média

aritmética é o quociente da divisão da soma dos valores da variável pelo número

deles, conforme a equação:

Com os resultados adquiridos pela regra de três simples, foram gerados as

tabelas e gráficos do trabalho.

Para a confecção dos mapas foram realizadas visitas técnicas a campo

para georreferenciar espacialmente as coordenadas de localização das áreas

estudadas. Além disso, a Secretaria de Obras do município também disponibilizou

alguns mapas para melhor visualização da área; algumas fotografias foram

tiradas para conceber as condições do saneamento das residências das áreas,

juntamente com as informações recolhidas com a aplicação dos formulários. A

elaboração dos mapas foi realizada nos softwares ARC GIS 10 e SPRING 4.3.3.

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Neste trabalho foi feita a análise de padrões pontuais para estimar a

frequência de doenças nas áreas analisadas. Segundo Câmara e Carvalho (2002,

p. 03), a análise de padrões pontuais "são definidos como um conjunto de pontos

irregularmente distribuídos em um terreno, cuja localização foi gerada por um

mecanismo estocástico". Uma alternativa simples para analisar o comportamento

de padrões de pontos é estimar a intensidade pontual do processo em toda região

de estudo (CÂMARA e CARVALHO, 2004). As estimativas são calculadas através

de interpolações por vários métodos como krigagem, superfície de tendência,

modelos locais de regressão e estimador kernel. A aplicação dessas técnicas

quando aplicadas a um padrão de eventos pontuais, originam um mapa de

contorno de intensidade estimada em toda a área de estudo.

O método utilizado para o desenvolvimento da pesquisa consistiu no

estimador kernel, um interpolador, que possibilita a estimação da intensidade do

evento em toda área, a frequência de doenças no Alto do Porrão, Mutirão e Pau

de Vela, mesmo nas regiões onde o processo não gerou ocorrência real. Utilizou-

se o estimador kernel quártico, que é o modelo adotado pelo aplicativo SPRING,

para se obter uma estimativa da intensidade do padrão de pontos.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Algumas Considerações Sobre o Abastecimento de Água Para o Consumo Humano

4.1.1 As diversas formas de abastecimento de água para consumo humano em Santo Estevão

Segundo Gusmão (2008), a melhor forma de abastecimento de água em

condições de consumo sem possibilidades de danos à saúde se dá através de

uma rede pública de tratamento, visando à distribuição da mesma em qualidade e

quantidade suficiente para a população. Porém, na maioria das vezes, nem

sempre a melhor solução para resolver a questão do abastecimento de água é

necessariamente a mais segura, econômica ou até mesmo moderna, mas sim

adequada à da realidade social em que será aplicada e, infelizmente, na maioria

dos estados brasileiros a população ainda sofre com essa questão social.

A Empresa Baiana de Águas e Saneamento (EMBASA) atua em 361

municípios baianos, por meio de treze Unidades Regionais (URs), situadas no

interior, e seis URs na região metropolitana de Salvador e de seus respectivos

Escritórios Locais (ELs). A Barragem Pedra do Cavalo, no rio Paraguaçu, é

responsável por abastecer água para o município de Santo Estevão.

O município de Santo Estevão além de ser abastecido pela EMBASA,

também utiliza outros meios de abastecimento. Os meios alternativos de

abastecimento encontradas nas áreas de estudo foram cisternas e poços

escavados (figura 6).

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Figura 6- Formas de Abastecimento de Água nas Áreas Estudadas (I) Cisterna, (II) Poços Escavados, (III) e (IV) Fornecimento de Água Pela

EMBASA

Fonte: A autora, 2013.

Quando se avalia o abastecimento de água das áreas estudadas, percebe-

se que todas apresentam percentual de aprovisionamento de água pela EMBASA

superior a 80% (tabela 6 e Figuras 7 e 11). O Alto do Porrão recebe o

fornecimento de 100%, o Mutirão 97% e o Pau de Vela 85% da água da Empresa

Baiana de Águas e Saneamento. Ainda é perceptível na figura 10, a grande

diversidade de abastecimento de água pela população do Pau de Vela se

comparada com as outras áreas estudadas, não ficando os moradores apenas à

mercê dos serviços, muitas vezes precários, da EMBASA, e não necessitando,

assim, recorrer às cisternas e poços.

Segundo Heller e Casseb (1995 apud GUSMÃO 2008), as cisternas têm

uma importante aplicação em áreas de grande pluviosidade, ou em casos

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extremos, em áreas de seca onde se procura acumular a água da época de seca.

No município de Santo Estevão, inserido geograficamente na área do Polígono

das Secas, propensa a períodos críticos de prolongadas estiagens, a população

local também faz uso das cisternas para sanar o problema do abastecimento de

água e da ausência num determinado período do ano (tabela 6).

Tabela 6 - Algumas Formas de Abastecimento de Água Utilizadas Pelos Moradores das Áreas Estudadas

Áreas EMBASA (%) Cisterna (%)

Poço (%) Outro (%)

Alto do Porrão 100 0 0 0

Mutirão 97 0 3 0

Pau de Vela 85 5 19 2

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados na pesquisa, 2013.

O Mutirão e Pau de Vela usam meios alternativos de abastecimento de

água. Na figura 7 verifica-se que o Pau de Vela é a área que utiliza das diversas

fontes de abastecimento: além da EMBASA que já foi citada acima, também

utiliza água provinda de cisternas, poços artesianos e água da chuva. No Mutirão,

uma pequena porcentagem das residências recorre ao fornecimento advindo de

poços.

Figura 7 - Percentual das principais formas de abastecimento de água nas áreas estudadas

Embasa Cisterna Poço Outro (chuva)0

20

40

60

80

100

120

Tipo de Abastecimento de Água

Alto do PorrãoMutirãoPau de Vela

%

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Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados na pesquisa, 2013.

As residências das áreas estudadas que fazem uso de abastecimento

alternativo de água deveriam adotar algumas medidas para minimizar os riscos à

saúde. No que se refere à construção de um poço, por exemplo, geralmente a

área de captação deve ser devidamente cercada, limpa e com distância mínima

de 15 m de alguma fonte de contaminação, como fossas negras, fossas sépticas

e redes coletoras de esgoto. Porém, no ato das entrevistas, percebeu-se, que a

maior parcela das residências não estava de acordo com as exigências descritas

acima, muitos moradores disseram não conhecer as medidas básicas para a

construção de um poço, muitas vezes escavando a cacimba muito próxima das

fossas negras e/ou sépticas.

Quanto ao abastecimento de água da chuva, os telhados e calhas devem

estar sempre limpos, os reservatórios cuidadosamente higienizados, evitando

condições propícias de criadouros de vetores que se reproduzam na água, a

exemplo do mosquito Aedes Aegypti.

Nas figuras 8, 9 e 10 estão representadas a distribuição espacial das

diversas formas de abastecimento de água no município de Santo Estevão e a

incidência de doenças relacionadas ao fornecimento de tal serviço nas áreas

estudadas.

De acordo com a figura 10, a maior parcela das residências da área urbana

de Santo Estevão ainda faz uso da água proveniente de poços escavados.

Segundo muitos moradores, pela falta constante do abastecimento de água da

EMBASA, os poços freáticos são alternativas para saciar a sede humana e de

animais domésticos e utilizar no uso diário para limpeza da casa. A incidência de

doenças nas áreas que fazem uso dos poços escavados é muito elevada e tais

valores podem estar associados ao manuseio inadequado pelos moradores,

assim como o consumo sem um tratamento prévio, como filtragem e fervura da

mesma, podendo conter vetores causadores de doenças.

Verifica-se, portanto, que as áreas analisadas, apesar da maior parte, ser

abastecida pela Empresa Baiana de Águas e Saneamento, muitos habitantes

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reclamam deste órgão alegando falta de continuidade na oferta do serviço por

muitos dias consecutivos, de forma que, em algumas residências prefere-se

utilizar água de poços, cisternas entre outros para o provimento de suas

necessidades.

Figura 8 - Abastecimento de Água da EMBASA Pela População da Área Urbana de Santo Estevão e Incidência de Doenças nas Áreas Estudadas

Fonte: IBGE, 2010; Bahia, 2003. Elaborado por: CARELLI, L., 2014.

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Figura 9 - Abastecimento de Água de Cisterna Pela População da Área Urbana de Santo Estevão e Incidência de Doenças nas Áreas Estudadas

Fonte: IBGE, 2010; Bahia 2003. Elaborado por CARELLI, L., 2014.

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Figura 10 - Abastecimento de Água de Poço Pela População da Área Urbana de Santo Estevão e Incidências de Doenças nas Áreas Estudadas

Fonte: IBGE, 2010; Bahia 2003. Elaborado por CARELLI, L.; 2014.

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Figura 11 - Percentual individual das áreas estudadas em relação às formas de abastecimento de água

100%

Formas de Abastecimento de Água

Embasa

Alto do Porrão

97%

3%

Formas de Abastecimento de Água

EmbasaCisterna

Mutirão

77%

5%

17% 2%

Formas de Abastecimento de Água

EmbasaCisternaPoçoOutro (chuva)

Pau de Vela

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados na pesquisa, 2013.

4.1.2 Tratamento da água para o consumo em Santo Estevão

O padrão de potabilidade da água para consumo humano é obtido por

diversas formas de tratamento, sendo que o maior desafio é escolher o sistema

adequado para cada situação específica.

A EMBASA utiliza Estações de Tratamento de Água (ETA) que opera

através de tratamento clássico ou convencional, ou seja, primeiro é realizada a

captação no manancial; em seguida, em estado bruto, a água segue por uma

adutora até a Estação de Tratamento de Água (ETA), onde passa por várias

etapas de remoção de impurezas (coagulação, floculação hidráulica,

sedimentação, filtração, desinfecção e correção de p.H.).

Quando da aplicação dos formulários, na etapa de campo, moradores que

geralmente utilizam a água provinda dos meios alternativos de abastecimento

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(poços, cisterna, água da chuva) e até mesmo da EMBASA, listaram alguns dos

meios de tratamento da água para consumo adotados por eles, tais como:

cloração, filtração e fervura.

A cloração consiste no processo de desinfecção, ou seja, destruição dos

micro-organismos patogênicos, utilizando o cloro como principal composto. A

cloração impede a proliferação das principais doenças infeccionais, como

disenteria, cólera, febre tifoide entre outros, porém, determinados microrganismos

como amebas e giárdia (causadoras de diarreias) resistem ao cloro por isso, se

faz necessário filtrar a água antes de beber.

O processo de filtração, método bastante acessível e bastante utilizado

pela população, consiste em fazer a água passar por substâncias porosas

capazes de reter e remover algumas de suas impurezas.

O método mais seguro de tratamento de água para beber, de áreas

desprovidas de outros recursos, é a fervura (CAVALCANTE, 2012, p. 03). Por ser

um processo mais demorado, grande parcela da população ainda não possui o

hábito de ferver a água para consumir. Além disso, os gastos que muitas famílias

de baixa renda têm com o gás de cozinha para fazer a fervura da água limita a

utilização deste método.

A partir da análise da tabela 7, pode-se observar que a população ainda

possui hábito de consumir água sem nenhum tratamento, o que pode ocasionar

muitas advindas do não tratamento adequado da água. No Alto do Porrão 49%

das pessoas entrevistadas bebem a água natural, ou seja, consomem a água

direto da torneira, 10% utilizam o cloro, 26% filtro de barro, apenas 2% ferve e

13% utilizam outros meios (geralmente bebem água mineral).

Como se pode observar, no Mutirão, a maior percentagem dos habitantes

(42%) usam o filtro de barro e 38% ingerem a água sem nenhum tratamento. Não

obstante, o Pau de Vela, uma boa parcela das residências (30%) ingerem a água

sem tratamento e 57% filtram para consumir (tabela 7).

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Tabela 7 - Métodos de Tratamento de Água Para Consumo

Áreas Ferve (%) Filtra (%) Cloração (%) Natural (%) Outro

(%)Alto do Porrão

02 26 10 49 13

Mutirão 0 42 03 38 18Pau de Vela 10 57 05 30 0Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados na pesquisa, 2013

Pela análise das figuras 12 e 13 percebe-se como se dá a distribuição das

diversas formas de tratamento de água para o consumo humano. A população do

Alto do Porrão, em sua maioria, não utiliza nenhum meio para realizar o

tratamento da água, consumindo o recurso in natura; uma parte dos habitantes

consome água mineral; uma porção limitada ferve a água; sendo que uma parcela

considerável utiliza filtro de barro.

Mais de 50% dos moradores do Pau de Vela utilizam o filtro, porém 30%

dos moradores ingerem o líquido sem tratamento. O consumo de água mineral no

Mutirão é maior do que as outras áreas analisadas, contudo, uma porcentagem

considerável dos moradores bebe água sem tratamento (figura 13).

Em relação à fervura da água para consumo, os habitantes das áreas

estudadas fazem pouco uso desta técnica, ainda é possível observar na figura 12

que os moradores do Mutirão não fervem a água para beber. Todas as áreas de

estudo utilizam o cloro, porém de forma insignificante.

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Figura 12 - Percentual de Algumas Formas de Tratamento de Água Para Consumo Humano nas Áreas Estudadas

Ferve Filtra Cloração Natural Outro (Água Mineral)

0

10

20

30

40

50

60

Tratamento de Água Para Consumo

Alto do PorrãoMutirãoPau de Vela%

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados na pesquisa, 2013.

Figura 13 - Percentual individual das formas de tratamento de água Alto do Porrão (I), Mutirão (II) e Pau de Vela (III)

2%26%

10%

49%

13%

Formas de Tratamento de Água Para Consumo (I)

Ferve Filtra

Cloração Natural

Outro (Água Mineral)Alto do Porrão

42%

3%38%

18%

Formas de Tratamento da Água Para Consumo (II)

FiltraCloraçãoNaturalOutro (Água Mineral)

Mutirão

10%

57%

3%

30%

Formas de Tratamento de Água Para Consumo (III)

FiltraCloraçãoNaturalOutro (Água Mineral)

Pau de Vela

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados na pesquisa, 2013.

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70

As principais moléstias encontradas nas áreas estudadas, que podem

estar relacionadas à água, estão apresentadas na figura 13. A principal doença

observada com percentual mais elevado foi à disenteria, sendo que no Mutirão

70% dos moradores já tiveram a moléstia. No Pau de Vela esse valor se reduz

para 40% da população infectada e no Alto do Porrão abrange aproximadamente

35% dos habitantes com os sintomas da doença. Vale ressaltar que, na maioria

das vezes, o mau acondicionamento da água é um dos principais fatores para o

elevado índice de disfunção na população.

Algumas outras doenças ligadas ao saneamento tem ocorrência isolada

e/ou de percentual baixo como a cólera, só diagnosticada no Pau de Vela; a

hepatite A com ocorrência no Pau de Vela e Alto do Porrão e a febre tifoide

somente constatada no Mutirão. A amebíase é a doença de segunda maior

frequência encontrada nas três áreas, sendo a maior incidência no Mutirão (figura

14).

Figura 14 - Doenças Constatadas nas áreas do Alto do Porrão, Mutirão e Pau de Vela – Ocasionadas Provavelmente Pela Contaminação da Água

Cólera Disenteria Hepatite A Febre Tifoide Amebíase0

10

20

30

40

50

60

70

80

Doenças Ocasionadas Provavelmente Pela Contaminação da Água

Alto do PorrãoMutirãoPau de Vela%

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados na pesquisa, 2013.

O melhor método para evitar a ocorrência de doenças ligadas à vinculação

hídrica, principalmente ao consumo da água, é através do seu abastecimento por

uma rede pública, que disponibilize o tratamento do líquido, visando sua

distribuição em qualidade e quantidade. Porém, a precariedade desse serviço

Page 71: s3.amazonaws.com§ão_Lus…  · Web viewDe acordo com Bonelli e Delpino (2010, p. 06) "as fossas podem ser construídas no local ou pré-fabricadas" e geralmente as fossas pré-fabricadas

71

oferecido à população a coloca a mercê de doenças e vetores disseminadores de

moléstias ligadas ao meio hídrico.

4.1.3 Formas de armazenamento de água em Santo Estevão

A água destinada para consumo humano deve ser adequada para a

manutenção da saúde e para isso não só o tratamento, mas também o

armazenamento da água deve ser realizado de forma adequada (CAMPOS et al.,

2003). Além do armazenamento, a população também deve inspecionar e

higienizar os reservatórios para combater os agentes patogênicos prejudiciais à

saúde.

Geralmente os reservatórios servem para guardar e preservar a água para

uma provável necessidade do ser humano. De acordo com Heller e Casseb (1995

apud Gusmão, 2008, p. 74) “os reservatórios de distribuição permitem armazenar

a água para atender as seguintes finalidades: atender as variações de consumo;

atender as demandas de consumo; manter pressão mínima ou constante da

rede”.

Existem várias formas para se efetivar o armazenamento da água, sendo a

mais utilizada os tanques, porém o mau acondicionamento deste sistema pode

gerar doenças aos habitantes. Normalmente as moradias desprovidas de um

saneamento adequado, armazenam de forma irregular a água para o consumo

interno (tabela 8).

Tabela 8- Algumas Formas de Armazenamento de Água Encontradas nos Domicílios das Áreas Estudadas

Áreas Tanque com tampa (%)

Tanque sem tampa(%)

Tonel (%)

Não guarda (%)

Outro (%)

Alto do Porrão 62 0 6 28 4Mutirão 85 5 3 7 3Pau de Vela 89 9 2 0 0

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados na pesquisa, 2013.

Page 72: s3.amazonaws.com§ão_Lus…  · Web viewDe acordo com Bonelli e Delpino (2010, p. 06) "as fossas podem ser construídas no local ou pré-fabricadas" e geralmente as fossas pré-fabricadas

72

O bairro que mais acondiciona água é o Pau de Vela, reservando 89% do

líquido em tanques com tampa; o Alto do Porrão utiliza o reservatório coberto em

62% das residências; e o Mutirão acondiciona em 85% dos domicílios.

Ainda de acordo com a tabela, outros meios de armazenamento de água

utilizada se dão através dos tanques sem tampa, tonel e outros (garrafa pet). No

Pau de Vela e no Mutirão, alguns residentes fazem uso do tanque sem tampa,

respectivamente 9% e 5%, porém este tipo de reservatório não é seguro podendo

se tornar um veículo propulsor de doenças, uma vez que alguns insetos e animais

tem fácil acesso à água reservada. Assim como o tanque sem tampa, o tonel

também é utilizado por algumas pessoas das áreas, muitas vezes usados de

forma incorreta sem a higienização do material.

É constatado na tabela 8, que uma percentagem considerável da

população do Alto do Porrão (28%) não possui o hábito de armazenar a água e,

por esse motivo, muitas vezes sofrem devido à falta constante de um

fornecimento regular o qual pode ser distribuído com um intervalo de frequência

de dias e até mesmo semanas sem água da EMBASA.

É necessário que os tanques com ou sem tampa, tonéis, garrafas pets,

entre outros sejam higienizados constantemente para o armazenamento da água,

evitando a proliferação de vetores causadores de doenças. Ressaltando, que a

forma mais adequada para estocagem da água é o tanque com tampa, evitando

assim, o mosquito causador da dengue, Aeds aegypti.

É importante salientar, ainda, que das formas de armazenamento de água,

os tanques com tampa são os mais apropriados, pois diminui o acesso de

animais, insetos e contato com resíduos, claro que é importante fazer a limpeza

constante de tais reservatórios (figura 15).

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73

Figura 15 - Alguns Métodos de Armazenamento de Água nas Áreas Estudadas (I) e (II) Tanque com Tampa, (III) Tanque Sem Tampa e (IV)

Tonel

(I) (II)

(III) (IV)

Fonte: A autora, 2013.

As figuras 16 e 17 representam a porcentagem das três áreas analisadas

em relação a algumas formas de estocagem de água pela população. Houve a

unanimidade de armazenamento da água em tanques com tampas nas três áreas

estudadas, ultrapassando 50% das moradias visitadas. Apenas no Mutirão é

possível encontrar as diversas formas de armazenamento, assim, quando os

serviços prestados pela EMBASA não estão disponíveis, deixando os habitantes

desprovidos do líquido, alguns moradores, por utilizarem diversas formas de

estocagem de água, conseguem ter acesso à mesma.

Page 74: s3.amazonaws.com§ão_Lus…  · Web viewDe acordo com Bonelli e Delpino (2010, p. 06) "as fossas podem ser construídas no local ou pré-fabricadas" e geralmente as fossas pré-fabricadas

74

Figura 16 - Percentual das Diversas Formas de Estocagem de Água nas Áreas Estudadas

Tanque com tampa

Tanque sem tampa

Tonel Não guarda Balde0

102030405060708090

100

Armazenamento de Água

Alto do PorrãoMutirãoPau de Vela

%

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados na pesquisa, 2013.

Figura 17 - Percentual individual das diversas formas de abastecimento de água no Alto do Porrão (I), Mutirão (II) e Pau de Vela (III)

(I) (II)

62%

6%

28%

4%

Formas de Estocagem de Água

Tanque com tampa Tonel

Não guarda Balde

Alto do Porrão83%

5%3% 8%

2%

Formas de Estocagem de Água

Tanque com tampa

Tanque sem tampa

Tonel

Não guarda

BaldeMutirão

(III)

89%

9%2%

Formas de Estocagem de Água

Tanque com tampaTanque sem tampaTonel

Pau de Vela

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados na pesquisa, 2013.

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75

4.1.4 Qualidade da água da EMBASA segundo a população de Santo Estevão

Como ressaltado anteriormente, uma parcela considerável da população de

Santo Estevão é atendida pelo abastecimento de água da EMBASA e uma

pequena percentagem que utiliza água de poço, cisterna e de chuva.

No formulário aplicado em campo, foram levantadas algumas questões em

relação à qualidade da água da Embasa para consumo. Na tabela 9 e na figura

18, estão representadas as áreas estudadas e a avaliação da população quanto à

qualidade da água proveniente do abastecimento da Empresa Baiana de Água e

Saneamento S.A.

No Alto do Porrão (tabela 9), 55% dos entrevistados consideraram a água

da Embasa boa para consumo, estando satisfeitos com o serviço prestado. Em

torno de 28% dos habitantes consideram a água regular, reclamando da elevada

concentração de cloro e da falta constante da água, segundo os entrevistados, às

vezes levam mais de uma semana sem acesso ao líquido. Dos entrevistados, 9%

consideram a água ruim e, apenas 4% consideram a qualidade da água ótima

para beber.

Tabela 9 - Qualidade da Água da Embasa Para Consumo (beber) Segundo a População das Áreas Estudadas

Áreas Ótima (%) Boa (%) Regular (%) Ruim (%) Péssima (%)Alto do Porrão 4 55 28 9 0Mutirão 17 72 0 8 3Pau de Vela 4 28 47 9 12

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados na pesquisa, 2013.

No Mutirão, a população encontra-se mais satisfeita com a qualidade da

água prestada pela EMBASA, pois 72% dos moradores consideraram o recurso

bom para o consumo. Aproximadamente 17% dos habitantes consideram a água

ótima para beber, segundo eles, nunca tiveram problemas com a qualidade e

quantidade do líquido, 8% dos moradores considera ruim e 3% disseram ser de

péssima qualidade, segundo estes, alguns problemas de saúde já foram

ocasionados devido à qualidade, nomeando a disenteria como um agravante,

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76

porém, a ausência de higienização (limpeza) dos reservatórios e até mesmo das

torneiras das pias das residências podem contribuir para a disseminação de

doenças.

Figura 18 - Percentual da Qualidade da Água da EMBASA Para Consumo Segundo os Habitantes do Alto do Porrão, Mutirão e Pau de Vela

Ótima Boa Regular Ruim Péssima0

10

20

30

40

50

60

70

80Qualidade da Água da Embasa

Alto do PorrãoMutirãoPau de Vela

%

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados na pesquisa, 2013.

No Pau de Vela foi constatada a maior porcentagem de insatisfação da

população em relação à qualidade de água da EMBASA para consumo. Em torno

de 47% das residências visitadas (Figura 19; III), os moradores consideram a

qualidade do líquido como regular. Aproximadamente 28% dos moradores

consideram de boa qualidade, não tendo problemas com o recurso utilizado.

Dentre as áreas estudadas, o Pau de Vela foi que obteve percentagem

mais elevada em relação à péssima qualidade do recurso disponibilizado pela

EMBASA, segundo os moradores, na maioria das vezes é melhor utilizar água de

poço e/ou cisterna.

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77

Figura 19 - Percentual Individual da Qualidade da Água da EMBASA Para Consumo do Alto do Porrão (I), Mutirão (II) e Pau de Vela (III)

(I) (II)

4%

57%

29%

9%

Qualidade da Água da EMBASA Segundo a População

ÓtimaBoaRegularRuim

Alto do Porrão

17%

72%

8% 3%Qualidade de Água da EMBASA Segundo a População

ÓtimaBoaRuimPéssima

Mutirão

(III)

4%28%

47%

9%12%

Qualidade de Água da EMBASA Segundo a População

ÓtimaBoaRegularRuimPéssima

Pau de Vela

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados na pesquisa, 2013.

Ainda de acordo com 9% dos moradores do Pau de Vela a água da

Embasa é considerada ruim e apenas 4% consideram como ótima (figura 19; III).

Destaca-se que os conceitos adotados para a qualidade de água (ótima, boa,

regular, ruim e péssima), para os moradores, estão ligados principalmente à cor e

o sabor da mesma, que de acordo Santo (1995, p. 69) se referem à "qualidade

físico-química e organoléptica da água".

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78

4.2 A Situação do Esgotamento Sanitário no Município de Santo Estevão

4.2.1 Destino atribuído aos dejetos produzidos nas residências de Santo Estevão – rede coletora de esgoto e fossas séptica e negra

Os dejetos humanos podem ser veículos de germes patogênicos de várias

doenças (diarreia, febre tifoide, amebíase, esquistossomose, teníase entre

outras). Em virtude de um saneamento inadequado e uma falta de educação

sanitária, uma grande parcela da população lança os dejetos produzidos

diretamente no solo, originando situações favoráveis para a transmissão de

doenças.

O Manual de Esgotamento Sanitário (2006) destaca que para evitar a

transmissão de doenças pelo esgotamento sanitário, é recomendada a

construção de privadas com veiculação hídrica, ligadas a um sistema público de

esgoto, com adequado destino final. Porém, tal recomendação, na maioria das

vezes é difícil, principalmente por razões econômicas e, geralmente, as áreas

periféricas são as que mais sofrem com essa situação e com o descaso das

autoridades públicas.

As residências, geralmente, possuem uma estrutura sanitária, que são os

banheiros, de suma importância para a manutenção da salubridade do ambiente

e, consequentemente, para a preservação da saúde do ser humano, uma vez

que, tal estrutura irá transportar os dejetos para um sistema de esgotamento

adequado que pode ser coletivo ou individual.

A figura 20 representa os domicílios do perímetro urbano do município de

Santo Estevão que possuem banheiros de uso exclusivo dos moradores. As

moradias que mais possuem banheiros para uso dos moradores são as mais

próximas da área central do município, sendo representadas pelas cores mais

escuras no mapa.

No Alto do Porrão, uma quantidade considerável dos domicílios possuem

banheiros. Já o Mutirão, por ser uma das áreas mais recentes do município,

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79

também possui uma quantidade razoável de banheiros de uso dos moradores,

sendo que, acima de 200 domicílios possuem a estrutura sanitária (banheiro).

Na área do Pau de Vela, praticamente todas as moradias possuem

estrutura sanitária, considerada um importante elemento para a não proliferação

de doenças. Ainda é constatado na figura 20, que as áreas menos servidas com

banheiros, apresentam maior concentração e/ou presença de moléstias. No

Mutirão e no Alto do Porrão foi constatada uma maior porcentagem de pessoas

infectadas por doenças que podem estar relacionadas com esgoto inadequado,

ou seja, ausência de uma estrutura sanitária correta.

Figura 20 - Domicílios da Área Urbana de Santo Estevão com Banheiros e Incidências de Doenças nas Áreas Estudadas que Podem Estar

Associada a uma Infraestrutura Inadequada

Fonte: IBGE, 2010; Bahia, 2003. Elaborado por CARELLI, L., 2014.

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80

A figura 21 representa as áreas do perímetro urbano de Santo Estevão

sem banheiro para uso dos moradores e incidências de doenças que podem estar

relacionadas à infraestrutura inadequada.

É perceptível na figura 21, que as áreas sem banheiro são as áreas mais

afastadas da área central do município, sendo assim, essa população utiliza de

outros meios para a deposição dos dejetos, muitas vezes os despejam a céu

aberto, sendo áreas propícias para a transmissão de doenças para as pessoas e

contaminando o solo e recursos hídricos.

Figura 21 - Domicílios da Área Urbana de Santo Estevão Sem Banheiro de Uso Exclusivo dos Moradores

Fonte: IBGE, 2010; Bahia, 2003. Elaborado por CARELLI, L., 2014.

Page 81: s3.amazonaws.com§ão_Lus…  · Web viewDe acordo com Bonelli e Delpino (2010, p. 06) "as fossas podem ser construídas no local ou pré-fabricadas" e geralmente as fossas pré-fabricadas

81

Nas áreas do Alto do Porrão e do Pau de Vela poucos domicílios não

possuem banheiro. Já a área do Mutirão, a quantidade de moradias sem banheiro

para uso dos moradores é maior, acima de onze residências não possuem uma

estrutura sanitária, e de acordo com os dados adquiridos, é a área que possui

menor quantidade de casas, sendo um fator preocupante, pois a população utiliza

muitas vezes áreas abandonadas ou até mesmo terrenos baldios, e, de acordo

com GUSMÃO (2008) essas práticas acabam gerando um ciclo de contaminação

entre o ambiente, vetores epidemiológicos e os seres humanos.

Infelizmente, muitos municípios ainda não dispõem de um sistema de

esgotamento sanitário público para atender às necessidades da sua população,

por isso, muitas pessoas tem que recorrer a várias alternativas, muitas vezes não

sendo a mais segura. No município de Santo Estevão, apenas o Mutirão, por ser

um dos mais recentes, possui rede coletora pública, na tabela 10 estão

representados o destino dos dejetos produzidos nos domicílios das áreas

estudadas.

Tabela 10 - Destino dos Dejetos Produzidos nas Áreas Estudadas

Áreas Fossa Séptica (%)

Fossa Negra(%)

Fossa Seca (%)

Rede Coletora (%)

Outro (%)

Alto do Porrão

0 67 0 0 33

Mutirão 0 0 0 98 2

Pau de Vela 49 51 0 0 0

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados na pesquisa, 2013.

No Mutirão, aproximadamente 98 % dos moradores fazem uso do sistema

de esgotamento público, porém, reclamam da precariedade do serviço e das altas

taxas que tem que pagar para ter acesso. Apenas 2% da população, por não

possuir banheiro, não faz uso do serviço prestado pela EMBASA, geralmente

eliminam os dejetos produzidos em terreno baldio. A falta de investimento público

e as condições econômicas propiciam muitas vezes, para que a população faça

uso de alternativas incorretas para tentar sanar um serviço, no caso aqui discutido

é o esgotamento. Tal característica reflete nas áreas que não possuem rede

coletora pública e fazem uso das fossas sépticas e negras.

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82

Das residências visitadas no Alto do Porrão, verificou-se que 67% fazem

uso das fossas negras, ocasionando sérios problemas, principalmente no que

tange à saúde da população, estando mais vulneráveis à aquisição de doenças

além de trazer sérios problemas para o meio ambiente, pois a construção

inadequada de fossas pode contaminar o solo e o os recursos hídricos.

Aproximadamente 33% dos domicílios utilizam uma rede clandestina de rede de

esgoto público, segundo os moradores, tal canalização é originária de uma rede

pública proveniente do Centro de Abastecimento do Município, responsável por

transportar os dejetos produzidos na feira livre, uma rede pluvial.

Outra área com elevada quantidade de fossas é o Pau de Vela, sendo que,

quanto aos meios de destinação final do esgoto existentes nesse local, as fossas

negras correspondem há aproximadamente 51% presentes nas residências e as

fossas sépticas totalizam 49% (tabela 10)

É perceptível nas figuras 22 e 23 o destino final dos dejetos produzidos nas

residências visitadas, o mais grave é que, uma boa percentagem da população já

está habituada a ter a presença das fossas e outras pelas condições econômicas

dizem não ter interesse em fazer a ligação da rede coletora pública quando este

for oferecido.

Figura 22 - Percentual do Destino Final dos Dejetos Produzidos nos Domicílios das Áreas Estudadas

Foss

a sé

ptica

Foss

a neg

ra

Foss

a se

ca

Rede

cole

tora

de

esgo

to

Enca

nação

clan

destina

Não p

ossui b

anhei

ro0

20

40

60

80

100

120

Destino dos Dejetos Produzidos em Casa

Alto do PorrãoMutirãoPau de Vela%

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados na pesquisa, 2013.

Page 83: s3.amazonaws.com§ão_Lus…  · Web viewDe acordo com Bonelli e Delpino (2010, p. 06) "as fossas podem ser construídas no local ou pré-fabricadas" e geralmente as fossas pré-fabricadas

83

Figura 23 - Percentual Individual do Destino Final dos Dejetos Produzidos no Mutirão (I), Alto do Porrão (II) e Pau de Vela (III)

(I) (II)

98%

Destino dos Dejetos Produzidos em Casa

Rede coletora de esgotoNão possui banheiro

Mutirão

67%

33%

Destino dos Dejetos Produzidos em Casa

Fossa negraEncanação clandestina

Alto do Porrão

(III)

51%49%

Destino dos Dejetos Produzidos em Casa

Fossa sépticaFossa negra

Pau de Vela

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados na pesquisa, 2013.

Na tabela 11 está representada a percentagem da população por bairro

que são a favor e contra a ligação da rede coletora de esgoto pública.

Tabela 11 - Percentagem da População das Áreas Estudadas que Pretende Ligar ou não a Rede Coletora Pública

Áreas Sim (%) Não (%)

Alto do Porrão 88 12

Mutirão - -

Pau de Vela 55 45

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados na pesquisa, 2013.

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84

A única área em que não foram registrados valores foi o Mutirão por já

possuir o esgotamento público (tabela 07), não sendo, portanto, necessária a

aplicação das perguntas aos moradores que participaram da pesquisa. A área

que possui a maior resistência em fazer a ligação da rede coletora quando

implantada é o Pau de Vela, em 45% das residências visitadas, a resposta foi

não.

De acordo com Martins (2012), para que se tenha um ambiente mais

agradável e saudável, prevenindo e controlando doenças, é necessário evitar a

poluição do solo e mananciais de abastecimento de água; impedir o contato de

vetores com as fezes; propiciar a instituição de hábitos higiênicos na população;

promover o conforto e atender ao senso crítico.

Assim, para evitar o contato humano com as excretas é necessário

aplicação de soluções sanitárias corretas para estabelecer o seu destino, sendo a

mais adequada à rede coletora pública, porém, quando não há tal oferecimento

do serviço, encontrar meios alternativos que diminuam os impactos ao meio

ambiente e à saúde da população, evitando o lançamento dos dejetos produzidos

no solo, em valas, diretamente na água ou em fossas mal construídas.

4.2.2 Principais problemas diagnosticados nas áreas Alto do Porrão, Mutirão e Pau de Vela relacionados às fossas negras e sépticas

Vários problemas são ocasionados em virtude da má veiculação dos

dejetos humanos produzidos, acarretando principalmente o favorecimento de

doenças. Para minimizar tais problemas sanitários, se faz necessário a

construção de privadas com veiculação hídrica, ligadas a um sistema público de

esgoto (FUNASA, 2006, p. 153).

Porém, na maioria dos municípios brasileiros, as residências ainda não

possuem privadas ligadas ao sistema público de esgoto, possuindo as fossas

sépticas e, em alguns casos, as fossas negras que são veículos de contaminação

ao solo e às águas subterrâneas e em outros casos mais agravantes, não

possuem formas alternativas de esgotamento, sendo os dejetos lançados

diretamente no solo ou em corpos d’água.

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85

O fato de uma residência possuir privadas ligadas ao setor público de

esgoto ou a outro meio alternativo de esgotamento, não significa que o destino

final dos dejetos produzidos tenha uma condução adequada. A manutenção dos

sistemas de esgotamento sanitário, seja o público ou as fossas, deve ocorrer com

certa frequência, para manter um bom funcionamento, evitando assim, alguns

transtornos à saúde da população e ao meio ambiente.

De acordo com a análise realizada dos formulários aplicados nas áreas

estudadas, alguns problemas foram diagnosticados em relação à utilização e

manutenção ou não manutenção ou limpeza das fossas negras e sépticas. Foram

listados alguns contratempos como mau cheiro, entupimento, vazamento entre

outros.

No caso do Alto do Porrão 65% dos entrevistados disseram não ter

problemas com suas fossas, aproximadamente 11% disseram sentir mau cheiro

proveniente das fossas e 4% afirmaram que as fossas apresentam constante

vazamento.

No Pau de Vela os problemas que foram diagnosticados quanto ao uso da

fossa foram o mau cheiro (19%) e casos de entupimento (11%), a maior parcela

da população afirma não ter problemas (70%) (tabela 12; figura 24).

Tabela 12 - Principais Problemas Diagnosticados com o Uso das Fossas Negras e Sépticas

ÁreasNão tem

problemas (%)

Mau cheiro

(%)Entupimento

(%)Vazamento

(%)Outro

(%)Não se Aplica

(%)Alto do Porrão 65 11 0 4 0 20

Mutirão 0 0 0 0 0 0

Pau de Vela 70 19 11 0 0 0

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados na pesquisa, 2013.

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86

Figura 24- Percentual dos Problemas Apresentados nas Áreas de Estudo Com o Uso das Fossas Negras e Sépticas

Não te

m p

roblem

as

Mau

cheir

o

Entu

pimen

to

Vazam

ento

Outro

Não se

aplic

a0

10

20

30

40

50

60

70

80

Problemas Apresentados nas Fossas

Alto do PorrãoMutirãoPau de Vela

%

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados na pesquisa, 2013.

O Mutirão não apresentou problemas relacionados às fossas, por ser o

único a possuir o sistema público de esgoto, porém, a população reclama pelo

descaso da EMBASA, pois, o serviço é oferecido, mas não há a manutenção do

mesmo. De acordo com os moradores (figura 25), quando há um entupimento,

vazamento do esgoto, geralmente levam dias ou até mesmo semanas para tentar

resolver a situação, deixando a população à mercê do serviço.

Figura 25 - Estação de Tratamento da EMBASA no Mutirão

(I) (II)

Fonte: A autora, 2013

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Além do descaso da Empresa Baiana de Água e Saneamento em relação à

manutenção do esgotamento público, facilitando o acesso de crianças ao local e o

risco de acidente das mesmas, podendo cair nas caixas de esgoto abertas (Figura

25; II), a população contribui com o lançamento de objetos de grande porte no

esgoto, facilitando o entupimento do mesmo.

A quantidade de doenças ocasionadas pelo destino inadequado dos

dejetos humanos é grande, as principais são: ancilostomíase, ascaridíase,

amebíase, cólera, diarreia, disenteria, esquistossomose, estrongiloidíase, febre

tifoide, febre paratifoide, salmonelose, teníase e cisticercose.

A transmissão de tais doenças podem ocorrer pelo contato direto da pele

com o solo contaminado por larvas de helmintos, sendo provenientes de fezes de

portadores de parasitas. A FUNASA define que:

[...] as fezes do homem doente, portador de ancilostomose e estrongiloidose contém ovos de parasitas, que uma vez no solo, eclodem, libertando as larvas; estas aguardam a oportunidade de penetrar na pele de outra pessoa, vindo localizar-se no seu intestino depois de longo trajeto por vários órgãos. (FUNASA, 2006, p. 163)

Algumas medidas podem ser tomadas para evitar doenças ocasionadas

pela utilização de esgotamento precário, dentre as quais se destacam: o uso de

privadas para evitar a contaminação do solo e das águas superficiais, lavar

alimentos como frutas e verduras com água potável, lavar bem as mãos antes de

manusear algum tipo de alimento, proteger os alimentos e eliminar os focos de

proliferação de doenças.

Nas áreas estudadas, as doenças encontradas que podem estar

relacionadas ao esgotamento inadequado foram amebíase, cólera, disenteria e

esquistossomose (tabela 13).

Dentre as doenças encontradas, a que obteve índices mais elevados foi a

disenteria estando presente em todas as áreas estudadas. No Alto do Porrão e no

Pau de Vela os valores não ultrapassaram 50% dos moradores infectados pela

doença, porém, no Mutirão, 75% dos habitantes disseram já ter tido disenteria. O

que chama atenção é que o Mutirão é a única área do município a possuir

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esgotamento sanitário público, porém as condições são insatisfatórias, não

havendo a devida manutenção, gerando transtorno para a população e

favorecendo para a proliferação de doenças.

Tabela 13 - Doenças Diagnosticadas nas Áreas Estudadas e Que Podem Estar Relacionadas ao Esgotamento Inadequado

Áreas Amebíase (%) Cólera(%)

Disenteria(%)

Esquistossomose(%)

Alto do Porrão 2 - 39 -

Mutirão 17 - 75 3

Pau de Vela 2 2 45 2

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados na pesquisa, 2013.

Em virtude da ausência de medidas práticas de saneamento e de

educação sanitária, grande parcela da população acaba jogando os dejetos

produzidos diretamente no solo e em mananciais hídricos, gerando condições

favoráveis para a transmissão de doenças. Cabe às autoridades formalizar

políticas pública mais eficazes para garantir a qualidade de vida da população,

priorizando o sistema público de esgoto, porém, não adianta apenas instalar o

sistema, mas, dar a devida assistência.

4.3 Considerações Sobre os Resíduos Sólidos nas Áreas Estudadas

4.3.1 Destino dos resíduos sólidos domésticos

A geração de lixo pela sociedade, individual e coletivamente, aumenta a

cada ano se tornando um grave problema para o meio ambiente. De acordo com

a FUNASA (2006), os resíduos sólidos podem constituir problema sanitário de

importância, quando não recebe os cuidados convenientes e problemas

econômicos quando os resíduos são dispostos de forma inadequada, favorecendo

a proliferação de roedores, causando assim, danos às instalações elétricas.

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A coleta dos resíduos sólidos para reutilização, reciclagem, tratamento e

disposição final, no caso uma coleta seletiva, pode e deve ser implantadas nos

municípios, áreas, ruas, escolas, entre outros para facilitar o reaproveitamento

dos materiais, reduzir a quantidade de resíduos lançados no ambiente. Além

disso, várias vantagens são ocasionadas à coleta seletiva, entre elas a economia

de matéria-prima, energia, combate ao desperdício, redução da poluição

ambiental, comercialização dos materiais reciclados.

A coleta e o transporte dos resíduos sólidos devem garantir os seguintes

requisitos:

1. A universalidade do serviço prestado;

2. Regularidade da coleta (periodicidade, frequência e horário).

No município de Santo Estevão a administração dos resíduos sólidos é

realizada pela Secretaria de Obras, Serviços Públicos e Meio Ambiente (SEOBS).

De acordo a SEOBS, a coleta na área urbana do município ocorre diariamente

com exceção dos domingos e feriados; já na área rural, ocorre geralmente duas

vezes por semana, sendo que aos domingos e feriados também não acontece a

coleta. Na tabela 14 está representada a frequência de coleta dos resíduos

sólidos nas áreas estudadas, segundo os moradores. No Pau de Vela, alguns

moradores disseram que a coleta não é realizada diariamente, havendo algumas

divergências entre uma percentagem dos moradores e a SEOBS. Na figura 26

está representado o trajeto realizado pelas caçambas coletoras dos resíduos

sólidos no Alto do Porrão, Mutirão e Pau de Vela.

Tabela 14 - Frequência da Coleta do Lixo nas Áreas Estudadas

Áreas Diariamente (%)

2 em 2 dias(%)

3 em 3 dias (%)

Semanalmente (%) Outro (%)

Alto do Porrão 100 0 0 0 0Mutirão 100 0 0 0 0

Pau de Vela 42 21 15 7 15Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados na pesquisa, 2013.

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Figura 26 - Rota de coleta de lixo nas áreas estudadas

Fonte: SEOBS, 2013. Elaborado por CARELLI, L., 2014.

Na tabela 15 e na figura 27 estão representadas as diversas formas do

destino final dos resíduos sólidos nas áreas estudadas e seus percentuais. É

perceptível que a maior porcentagem da população faz uso da coleta pública, no

Alto do Porrão e no Mutirão 100% dos resíduos sólidos são coletados

diariamente.

No Pau de Vela, mais de 80% dos resíduos são coletados, sendo que 10%

da população ainda possui o hábito de queimá-los, 2% enterram e

aproximadamente 3% jogam o lixo em terreno baldio, alguns, afirmaram ter esse

hábito, pois, o carro da coleta não passa todos os dias, outros disseram que a

coleta não tem um horário fixo dificultando o recolhimento do material.

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Tabela 15 - Destino Atribuído aos Resíduos Sólidos nas Áreas do Alto do Porrão, Mutirão e Pau de Vela

Áreas Coletado (%)

Queimado (%)

Enterrado (%)

Terreno Baldio (%)

Outro (%)

Alto do Porrão 100 0 0 0 0Mutirão 100 0 0 0 0

Pau de Vela 85 10 2 3 0Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados na pesquisa, 2013.

Figura 27 - Percentual do destino final atribuído ao lixo no Alto do Porrão, Mutirão e Pau de Vela

Coletado Queimado Enterrado Jogado em terreno baldio

Outro0

20406080

100120

Destino Dado ao Resíduo Sólido

Alto do porrãoMutirãoPau de Vela

%

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados na pesquisa, 2013.

Apesar de poucas pessoas, nas áreas estudadas, utilizarem formas

inadequadas para descartar os resíduos sólidos, as consequências podem ser

negativas. A queima de resíduos sólidos implica na poluição do ar e problemas

respiratórios na população próxima à queimada. No que tange o enterro dos

resíduos, pode ocasionar a contaminação do solo e da água do subsolo. E o

descarte dos resíduos sólidos em terrenos baldios atraem animais e insetos

nocivos à saúde da população.

Nas visitas realizadas às áreas estudadas, percebeu-se uma grande

quantidade de lixo jogado em terrenos baldios, contrapondo o que os moradores

disseram nas entrevistas (figura 28). No Mutirão, em algumas ruas foram

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instalados alguns suportes de madeira para o depósito dos sacos de lixo (figura

28; II), facilitando a coleta do material, além de evitar a atração de animais e

insetos causadores de doenças. Porém, alguns moradores ainda possuem o

hábito de dispor o lixo fora dos suportes.

Figura 28 - Resíduos Sólidos Descartados em Terrenos Baldios nas Áreas Estudadas: (I) e (II) Mutirão, (III) Alto do Porrão e (IV) Pau de Vela

(I) (II)

(III) (IV)

Fonte: A autora, 2013

Situações semelhantes ao Mutirão, em relação à disposição do lixo nas

ruas e em terrenos baldios, foram encontradas no Pau de Vela e no Alto do

Porrão (figuras 28; III e IV).

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A disposição final dos resíduos sólidos no município de Santo Estevão

ocorre a céu aberto, propício à contaminação dos recursos hídricos, do solo e do

ar. Segundo Santana (2010, p. 88), o terreno onde ocorre a disposição final é

locado pela prefeitura a três quilômetros da Zona Urbana, em área rural desde

2003, sendo feito controle da área com trator esteira (figura 29).

[...] o município não dispõe de recursos para construir um aterro sanitário, entretanto, tem participado de reuniões em nível estadual para se organizar junto com outros municípios vizinhos um Consórcio Público, com o objetivo de buscarem financiamento para um aterro intermunicipal. (SANTANA, 2010, p. 89).

Contudo, nada ainda foi consolidado, e o lixão é a principal área de

vazadouro do município. Durante as entrevistas, uma boa parcela da população

que vive no Mutirão declarou trabalhar no Lixão, onde tiram a renda para

sustentar as pessoas que compõem a família.

Muitos reclamam da precariedade e insalubridade do ambiente de trabalho,

o forte odor, queimadas dos resíduos que geram dores de cabeça e falta de ar,

além do contato direto com animais vetores de doenças, mas, que infelizmente é

o único meio para garantir a sobrevivência (relato dos entrevistados).

Figura 29 - Local de disposição final dos resíduos sólidos no município de Santo Estevão

Fonte: A autora, 2013

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4.3.2 O Hábito de separar resíduos sólidos nas áreas estudadas

A prática de separar os resíduos sólidos tem como finalidade o retorno dos

materiais ao meio produtivo. Quanto mais limpo, maior é o seu reaproveitamento

(GUSMÃO, 2010, p. 109). Ainda nesta perspectiva, o autor afirma:

A coleta seletiva é um sistema de recolhimento dos resíduos sólidos recicláveis inertes (papéis, plásticos, vidros e metais) e orgânicos (sobras de alimentos, frutas e verduras), previamente separados nas próprias fontes geradoras, com a finalidade de reaproveitamento e reintrodução no ciclo produtivo. (FUNASA, 2006, p. 256).

Vários benefícios ocorrem com a separação dos resíduos sólidos, dentre

os quais podem ser citados: a prevenção da poluição e contaminação dos

mananciais hídricos e do ar; o controle da proliferação de animais e insetos

provedores de doenças; e, no âmbito econômico, pode-se pontuar, ainda, a

geração de renda para famílias mais carentes.

Na tabela 16 e figura 30, estão representados os principais resíduos

separados pela população do Alto do Porrão, Mutirão e Pau de Vela. Dentre os

materiais separados pelos moradores estão plástico, vidro, metal, papel e

orgânico (restos de alimento).

Tabela 16 - Seleção dos Resíduos Sólidos nas Áreas Estudadas

Áreas Orgânico (%)

Plástico (%)

Vidro (%)

Metal (%)

Papel (%)

Não separa

(%)Alto do Porrão 5 15 8 4 5 79

Mutirão 52 8 10 8 0 42Pau de

Vela 55 5 5 6 0 40

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados na pesquisa, 2013.

Os moradores das áreas estudadas afirmaram que separam o material

orgânico (restos de alimento) para alimentar criações como galinha, porco,

cachorro e gato. A criação de animais - como galinha e porco - ocorre tanto para

compor a alimentação dos criadores e seus familiares, como para, em alguns

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casos, serem negociados na feira livre. No bairro Pau de Vela, aproximadamente

55% dos moradores aproveitam o material orgânico, sendo que alguns relataram

que usavam esse expediente para alimentar a criação de galinhas e porcos, cujo

hábito foi herdado de quando o bairro ainda fazia parte do meio rural. Outros

disseram criar esses animais devido à dificuldade financeira e os que criam gatos

e cachorros reaproveitam o resto da comida para saciar a fome dos animais.

No Mutirão uma parcela considerável da população (52%) possui hábito de

aproveitar restos de comida, sendo considerada uma iniciativa de reciclagem,

principalmente, para a criação de galinhas, que segundo eles, são criadas para

alimentação da família. É interessante ressaltar que a maior parcela dos

moradores que vivem no Mutirão executam algumas atividades no lixão do

município, como por exemplo, recolhem materiais como plásticos, vidros e metais

para vender. Além disso, devido às dificuldades econômicas, os habitantes dessa

área também criam animais de pequeno porte para ajudar na alimentação familiar

e na aquisição de renda através da comercialização.

O Alto do Porrão é a área onde menos se constatou o aproveitamento de

material orgânico, sendo constatado apenas 5% da população executando essa

prática que, segundo os moradores, serve para alimentar gatos e cachorros.

Figura 30 - Percentual das Práticas de Separação dos Resíduos Sólidos nas Áreas Estudadas

Plastico Vidro Metal Não separa Orgânico0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Coleta Seletiva

Alto do PorrãoMutirãoPau de Vela

%

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados na pesquisa, 2013.

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Em relação ao plástico, os benefícios com a reciclagem residem na

redução do volume do lixo coletado, na economia de energia e petróleo, na

geração de empregos, no menor preço para o consumidor de artefatos produzidos

com plástico reciclado e na sensível melhoria no processo de decomposição da

matéria orgânica nos aterros sanitários (IPT, 2000 apud GUSMÃO 2008, p. 113).

Nas áreas estudadas, os habitantes têm a prática de separar plástico,

porém a porcentagem é muito baixa, inferior a 20% (tabela 16 e figura 30). De

acordo com os próprios moradores, o problema de separar os resíduos reside no

fato de que o município não possui empresas que comprem o material e quando

há um mercado comprador, geralmente fica muito distante de suas residências,

estando situados em outros municípios. Assim, os plásticos separados são as

garrafas pets, utilizadas pelos moradores para armazenamento de água para o

consumo dos mesmos.

Outros materiais inorgânicos como o vidro, metal e papel são separados

com índices abaixo de 15%. Dos materiais listados, o único, segundo os

moradores, que vale a pena ser vendido é o metal, pelo seu alto valor comercial e

por ter pessoas no município interessadas em comprá-lo.

A porcentagem da população que não faz a separação dos resíduos

sólidos é descomunal: mais de 70% dos moradores do Alto do Porrão não possui

o hábito de separar o lixo e, nos áreas Mutirão e Pau de Vela esse valor

ultrapassa os 40%. Dessa forma, os resíduos são descartados sem os devidos

cuidados e nos incita os seguintes questionamentos: será que esses moradores

têm consciência sobre a importância da conservação do meio ambiente? E, por

que não converter os resíduos em renda familiar, já que uma parcela significante

da população não possui um emprego fixo?

Apesar da falta de estímulo, em razão do desinteresse do município e

mesmo de pequenos empresários em negociar itens dos resíduos sólidos que

poderiam ser reciclados, essas questões têm que ser aprofundadas.

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4.3.3 - Destino atribuído aos resíduos sólidos

Os materiais que são separados nos domicílios das áreas de estudo têm

como destino final a alimentação de animais (materiais orgânicos), a reutilização

para fins domésticos (garrafas pets) e em alguns casos a comercialização.

De acordo com a Lei nº 12.305 de 2010, entende-se como destinação final

ambientalmente adequada o seguinte:

Destinação de resíduos que inclui a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações admitidas pelos órgãos competentes do SISNAMA, do SNVS e do SUASA, entre elas a disposição final, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos. (Política Nacional de Resíduos Sólidos, 2012, p. 10).

A prática de reutilizar, reciclar, aproveitar e recuperar os resíduos sólidos

reduz drasticamente a possibilidade de contaminação e poluição dos recursos

naturais. Todo cidadão, quando possível, deve aprender a reduzir a quantidade

dos resíduos sólidos que gera e deve entender que redução não implica padrão

de vida menos agradável (FUNASA, 2006, p. 247).

De acordo com a tabela 17, nas três áreas foi diagnosticada a prática de

vender os resíduos separados, porém, poucos moradores possuem o costume de

separar tais materiais para comercializar. A comercialização dos resíduos sólidos

inorgânicos tem como característica principal beneficiar financeiramente os

praticantes da separação para subsistência de suas famílias (GUSMÃO, 2008,

p.115). No Alto do Porrão, aproximadamente 15% dos moradores possuem o

hábito de selecionar o lixo para vender; nas demais áreas, Pau de Vela e Mutirão,

menos de 10% dos moradores vendem o material reservado.

Em relação à compostagem, a FUNASA (2006, p.263) define como um

processo biológico, aeróbico e controlado, no qual a matéria orgânica é convertida

pela ação de microorganismos já existentes ou inoculados na massa de resíduo

sólido, em composto orgânico. Além do processo de decomposição a

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compostagem ainda recicla a matéria orgânica contida em restos de alimento,

podendo ser aplicado no solo para melhorar suas características sem

comprometer o meio ambiente. Porém, a prática da compostagem não foi

diagnosticada em nenhuma das áreas estudadas (Tabela 17 e Figura 31).

A não utilização desta tecnologia pode estar associado à falta de

informação sobre o assunto entre os moradores das áreas estudadas e os

benefícios que tal tecnologia pode ocasionar ao meio ambiente, podendo

reaproveitar o adubo de tais materiais para praticar o plantio de hortaliças para o

consumo dos próprios moradores, gerando alimentos mais saudáveis isentos de

produtos tóxicos.

Tabela 17 - Destino Atribuído aos Resíduos Sólidos Separado

Áreas Vende (%)

Compostagem (%)

Criação (%)

Recicla (%)

Reaproveita (%)

Não separa

(%)Alto do Porrão 15 0 5 0 2 79

Mutirão 8 0 35 0 2 57Pau de

Vela 6 0 51 0 0 44

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados na pesquisa, 2013.

Outro destino dado aos resíduos sólidos e, que já foi aqui discutido, é a

separação de restos de alimento para criação de animais. Isto, geralmente ocorre

pelo hábito e como um meio de dar um destino final ao material orgânico.

Contudo, a utilização de alimentos não apropriados para os animais domésticos,

principalmente para os que são consumidos pelos seres humanos, pode contribuir

para danos à saúde, sendo um importante transmissor de doenças ao ser

humano.

Nas áreas estudadas, também não foi constatada a prática da reciclagem,

sendo um grande agravante para o meio ambiente, pois, na maioria das vezes, os

resíduos são descartados, sem os devidos cuidados. A FUNASA (2006, p. 246)

diz que "reciclar é uma série de atividades e processos, industriais ou não, que

permitem separar, recuperar e transformar os materiais recicláveis componentes

dos resíduos sólidos urbanos". Na maioria das vezes, esses materiais reciclados

retornam para o ciclo produtivo, reduzindo assim, a inserção de novos resíduos

sólidos ao meio ambiente.

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Uma alternativa para redução dos materiais inorgânicos é a prática de

separar o que produzimos e pesquisar as alternativas de destinação,

ecologicamente corretas, porém, em áreas onde não há fácil acesso para

reciclagem, poderia ser pensada a formação de uma cooperativa de catadores ou

até mesmo uma entidade sem fins lucrativos (instituição filantrópica) com o

propósito de destinar corretamente tais materiais.

O ato de reaproveitar ou reutilizar é dar nova utilidade a materiais que na

maioria das vezes consideramos inúteis e são jogados no lixo (FUNASA, 2006,

p.18). Nas áreas estudadas (Figura 31) poucos moradores possuem o hábito de

reaproveitar os materiais inorgânicos, sendo que, existem diversas formas de

reutilizar esses materiais.

Figura 31 - Percentual do Destino Atribuído aos Resíduos Sólidos nas Áreas Estudadas

Vende Compostagem Criação Recicla Reaproveita Não separa0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Destino Dado aos Resíduos Sólidos

Alto do PorrãoMutirãoPau de Vela

%

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados na pesquisa, 2013.

Ainda de acordo com a FUNASA:

Existem inúmeras formas de reutilizar os materiais, como, por exemplo: o caso das embalagens de PET (embalagens de refrigerantes, água mineral), que após uso passam a servir de recipientes para fins diversos. Outro exemplo é dado por uma parcela do comércio formal que já contribui para essa prática como os "sebos" que comercializam livros usados, ou "brechós" que comercializam desde roupas até móveis usados. Outro tipo de ação que pode ser realizado é

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a doação para instituições carentes e programas de mobilização. (FUNASA, 2006, p. 18)

Para reduzir os impactos causados pelos resíduos sólidos, é necessário

envolver os cidadãos por meio de programas educativos enfatizando a

importância da conservação do meio ambiente e, consequentemente, a

preservação de nossa saúde. A FUNASA (2006, p.16) relata que os resíduos

sólidos necessariamente não devem ser vistos como um problema para o meio

ambiente e para a saúde da população, mas pode ser visto como uma solução,

pois, além de reutilizar e fazer a reciclagem do lixo, também devemos reduzir o

necessário possível. No quadro 1, estão representados os principais benefícios

gerados pela reciclagem, reutilização e redução dos resíduos sólidos produzidos

pela sociedade.

Quadro 1 - Benefícios Ocasionados Pela Reciclagem, Reutilização e Redução dos Resíduos Sólidos

Benefícios Características

Diminuição da Quantidade de Lixo

A redução da geração de lixo aumenta a vida útil dos aterros sanitários, pois diminui a quantidade de lixo disposto para aterramento. Reduz também o custo da coleta para a prefeitura municipal, pois haverá menos lixo para ser coletado.

Diminuição da Exploração dos Recursos Naturais

Com a exigência por produtos com maior durabilidade, mantendo um consumo mais racional e repartindo com outras pessoas o uso de materiais (equipamento, jornais, livros etc.), os recursos naturais renováveis e não renováveis são menos explorados. Estas práticas não implicam em diminuição de qualidade de vida, ao contrário, a tendência é aumentá-la.

Redução do Consumo de EnergiaPode-se gastar menos com a reciclagem do que fazendo o produto com matéria-prima não reciclada.

Redução da Poluição do Ar, das Águas e do Solo

Diminuindo a proliferação de Doenças e a Contaminação de Alimentos.

Geração de Empregos

Oportunidades de fortalecer organizações comunitárias, gerando renda pela comercialização dos recicláveis, como também, emprego gerados pela implantação de indústrias recicladoras.

Fonte: FUNASA, 2006. Adaptado pela autora, 2014.

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Infelizmente, a maior percentagem dos moradores das áreas estudadas

não possui a prática de separar os resíduos sólidos. No Mutirão e no Alto do

Porrão mais de 50% dos moradores descartam o lixo sem fazer a discriminação

do mesmo. De acordo com os moradores, todo o lixo produzido é ensacado

(vidro, resto de alimento, papel, garrafas pet) e depois disposto para o carro fazer

a coleta.

Na área do Pau de Vela, a percentagem de moradores que não faz a

segregação dos resíduos sólidos é menor, se compararmos com as demais áreas

estudadas (Figura 31), porém, ao mesmo tempo elevado, aproximadamente 44%.

Como já foi citado anteriormente, é de suma importância envolver os

cidadãos em programas educativos, orientando-os a separar os materiais que

podem ser reciclados e/ou reutilizados, independentemente da classe social, para

tanto, o poder público deve oferecer cursos, palestras e outros meios para

envolver a população e oferecer uma qualidade de vida à população.

4.3.4 Principais animais e insetos vetores de doenças relacionados aos resíduos sólidos

Apesar de não ser em si um agente causador de doenças, o resíduo

urbano inadequadamente armazenado ou descartado cria condições ideais para a

proliferação de doenças (SILVA, 2011, p.24). Por ser constituído de resto de

alimento, plástico, vidro, metal, madeira entre outros, os resíduos sólidos podem

ocasionar problemas sanitários, sendo propícios para o acomodamento de

animais e insetos vetores de doenças. No quadro 2 estão representados alguns

vetores epidemiológicos relacionados aos resíduos sólidos e suas principais

moléstias.

De acordo com Gusmão (2008, p.120) “o indivíduo ou a população interfere

no ambiente através do acúmulo de sujeira, contaminando os recursos naturais”.

Sendo assim, a ausência de uma estrutura sanitária pertinente, ou até mesmo a

inexistência de hábitos de higiene por parte da população, faz com que os

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102

resíduos sólidos constituam sérios problemas para o ambiente e para a saúde do

ser humano.

Quadro 2 - Vetores e Doenças Relacionados aos Resíduos Sólidos

Vetores Moléstias Transmissão Sintomas

Moscas

Febre tifoide, cólera, amebíase, disenteria,

giardíase, lepra, tracoma, conjuntivite,

difteria cutânea, intoxicações alimentares

ascaridíase.

Patas, asas, fezes, salivas.

Febre contínua, manchas no tórax e abdome, cefaleia, diarreia, vômitos, perturbações no

sono.

Baratas

Febre tifoide, cólera e giardíase, conjuntivite,

alergia, dermatite, pneumonia, intoxicação

alimentar, hepatite, gastroenterite,

poliomielite e verminose.

Asas, patas, corpo e fezes.

Febre, náuseas, cefaleia, vômito,

paralisia, diarreia.

MosquitosLeishmaniose, febre

amarela, dengue, malária.

Picada

Febre, calafrios, náusea, vômito,

pulso lento, cefaleia, icterícia.

RatosLeptospirose, peste

bubônica, salmonelose e hantavírus.

Mordida, fezes, urina.

Febre alta, coriza, cefaleia, hemorragia, icterícia, inflamações

hemorrágicas.

CaramujoMeningite, goencefalite, eosinofilicia, zoonose

endêmica.

Consumo do molusco infectado

Dor de cabeça forte e constante, rigidez na nuca, distúrbios do sistema nervoso,

febre, vômitos, dor abdominal.

Cão e gato Toxoplasmose Urina e fezes

Linfonodos aumentados na

cabeça e no pescoço, dor de

cabeça, febre, dor muscular,

convulsões, inflamação na retina.

Fonte: FUNASA, 2006. Adaptado pela autora, 2014.

Os resíduos sólidos devem ser acondicionados em lugares apropriados

permitindo a salubridade do ambiente, assim, evitando a presença de artrópodes

(constituído por animais invertebrados, de corpo segmentado, membros

articulados e toda superfície externa revestida por um exoesqueleto contendo

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quitina) ou até mesmo animais vertebrados como cães, gatos e porcos que são

importantes vetores de doenças.

Na tabela 18 estão representados os principais vetores de doenças

encontrados nas áreas estudadas. Apenas gatos e cães estão diferindo do quadro

02, pois os entrevistados não citaram os mesmos, por outro lado, no decorrer da

pesquisa, os moradores mencionaram o escorpião e a cobra.

Tabela 18 - Presença de insetos e animais vetores de doenças no Alto do Porrão, Mutirão e Pau de Vela

Áreas Escorpião(%)

Rato(%)

Cobra(%)

Caramujo(%)

Mosca(%)

Mosquito(%)

Barata(%)

Alto do Porrão 21 49 23 39 75 77 68

Mutirão 47 67 25 50 97 92 82

Pau de Vela 15 76 70 30 94 94 81

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados na pesquisa, 2013.

Apesar do escorpião e da cobra não serem vetores de doenças, na

discussão eles ganharam destaque, pois inoculam veneno que de acordo com a

espécie pode ser fatal. Todavia a abordagem do escorpião pelo saneamento se

dá por serem encontrados em entulhos de obras e outros objeto de forma

desorganizada no peridomicílio e domicílio (FUNASA, 2006, p. 314). Apesar das

cobras viverem em lugares de matas, quando as mesmas têm seus habitas

naturais destruídos, se acomoda em lugares com presença de entulhos.

Existem espécies de escorpião que o veneno é menos tóxico, porém,

existem outras espécies que são consideradas venenosas, a exemplo dos Tityus

senulates "escorpião amarelo", de hábito domiciliar e o Tityus stigmurus

"escorpião marrom" que vive mais em campos, cerrados e matas pouco densas.

Para o controle desses artrópodes e animais cuidados devem ser tomados quanto

à limpeza dos peridomicílios e domicílios, com o acondicionamento adequado dos

resíduos sólidos.

A presença de escorpiões e cobras se fez presente nas três áreas

estudadas (tabela 18), com destaque para o Mutirão, em relação ao artrópode,

sendo o mesmo presente em 47% dos domicílios, e a cobra com relevância no

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Pau de Vela, em que, 70% dos moradores disseram já ter visto o animal no

quintal ou na casa.

Apesar da coleta diária dos resíduos sólidos, segundo a SEOBS, a

presença de escorpião e cobra pode está associada à maneira de como a

população dispõem seu lixo, jogando em terrenos baldios e acondicionando em

recipientes não adequados, ou até mesmo, por não possuir um horário regular

para coleta, animais maiores como cachorro, porco e gato podem remexer

facilitando o acúmulo por um período, permitindo a presença desses insetos e

animais. A figura 32 representa algumas formas de como a população das áreas

estudadas dispõem o lixo, facilitando para o aparecimento de artrópodes e

animais.

Figura 32 - Destino Atribuído aos Resíduos Sólidos Por Alguns Moradores do Mutirão (I), Alto do Porrão (II) e Pau de Vela (III)

Fonte: A autora, 2013

Nas figuras 33 e 34 estão representados os principais vetores de doenças

encontrados nas áreas estudadas, de acordo com a pesquisa feita na área de

estudo.

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Figura 33 - Ocorrência de Animais e Insetos Vetores de Doenças Encontrados nas Áreas de Estudo

Fonte: SEOBS, 2013. Elaborado por CARELLI, L., 2014.

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Figura 34 - Percentual de insetos e animais encontrados nas áreas estudadas: Alto do Porrão, Mutirão e Pau de Vela

Escorpião Caramujo Rato Cobra Mosca Mosquito Barata0

20

40

60

80

100

120

Alto do Porrão Mutirão Pau de Vela

%

Presença de Insetos na Parte Interna e/ou Externa das Residências

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados na pesquisa, 2013.

Os ratos constituem importantes vetores para a proliferação de doenças.

Esses roedores funcionam como “vetores de vírus, bactérias, protozoários e

vermes além de causar prejuízos econômicos” (FUNASA, 2013, p.31).

As “espécies sinantrópicas comensais, a ratazana (Rattus novergicus), o

rato de telhado (Rattus rattus) e o camundongo (Mus musculus), são

particularmente importantes do ponto de vista sanitário” (FUNASA, 2006, p.320).

Esses roedores foram encontrados em todas as áreas de estudo (tabela 18),

sendo que o Pau de Vela constituiu a área com a maior presença de ratos (76%),

o que constitui um sério problema local, além de demonstrar ser área endêmica

para caramujo. No Alto do Porrão e Mutirão foram encontrados 49% e 67%

respectivamente dos roedores.

O índice elevado de ratos nas áreas estudadas, provavelmente, se deve ao

saneamento inadequado e à educação da população, uma vez que, a presença

de água, lixo e diversos tipos de abrigos favorecem para a proliferação desses

roedores. Se houvesse uma maior atenção das autoridades para com a

população de baixa renda, provavelmente as condições sanitárias seriam

melhores e evitariam tanto a propagação dos ratos, como de outros insetos e

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animais, e haveria uma menor exposição do homem e do meio aos danos

causados por estes roedores.

Apesar dos malefícios dos roedores, não foram diagnosticadas doenças

nas áreas estudadas que poderiam ser ocasionadas pelos ratos (tabela 19).

Tabela 19 - Doenças diagnosticadas nas áreas estudadas e que podem estar associadas aos resíduos sólidos

Áreas Amebíase(%)

Cólera(%)

Disenteria(%)

Esquistossomose(%)

Hepatite A (%) Poliomielite

(%)Infecção na pele e nos olhos (%)

Alto doPorrão 2 - 39 - 2 - 7

Mutirão 17 - 75 3 - 10 15

Pau de Vela 2 2 45 2 4 - 3

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados na pesquisa, 2013.

Outro vetor de grande importância sanitária e econômica é o caramujo. O

caramujo de água doce é o hospedeiro intermediário para o parasita trenatódeo

degenítico (Schistosoma mansoni) causador da esquistossomose mansônica.

(GUSMÃO, 2008, p. 123)

O caramujo africano (Achatina fulica Bowdich) foi introduzido no Brasil de

forma ilegal (FICHER, 2008, p. 92), com o intuito de ser utilizado na culinária

brasileira, porém, não foi bem aceito. Muitos são os problemas ocasionados pela

espécie enfatizando o impacto à saúde humana, impactos ambientais e impactos

econômicos.

Dentre os problemas causados pela espécie destaca-se o impacto na saúde (por ser potencialmente hospedeiro de nematoides de interesse médico como Angiostrongylus cantonensis e Angiostrongylus costarincensis e de interesse veterinário tais como Angiostrongylus vasorum e Angiostrongylus abstrusus), impactos ambientais (por competir com espécies nativas por substratos de repouso e alimento) e impacto econômico (através do consumo de hortaliças e plantas ornamentais) (FICHER, 2008, p. 92).

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Geralmente esses caramujos são provenientes de áreas urbanas, sendo

encontrados em terrenos baldios e em cercas vivas. De acordo com a tabela 18,

nas três áreas estudadas foi diagnosticada a presença do caramujo, com

destaque para o Mutirão, onde 50% dos moradores disseram já ter visto o

caramujo em seu quintal e tais indicadores podem estar associados à questão da

concentração de resíduos sólidos nas áreas estudadas. Felizmente, não foram

registradas doenças ocasionadas pela presença dos caramujos nestas áreas.

Outro artrópode de extrema correlação com a questão do saneamento é a

mosca, vetor potencial de micro-organismos variados. As moscas “transportam os

agentes etiológicos pelas patas ou de outras partes do corpo, ou no trato

digestivo” (FUNASA, 2013, p. 29). Assim, as moscas contaminam alimentos,

utensílios e a própria pele do ser humano por meio do contato direto.

A espécie de maior importância “é a Musca doméstica (Díptera:

Muscidae)” (GUSMÃO, 2008, p. 225). As doenças mais ocasionadas por esse tipo

de artrópode são a febre tifoide, cólera, amebíase, disenteria, gardíase,

ascaridíase, entre outras que estão representadas no quadro 04.

Estes insetos foram os que apresentaram índices mais elevados nas

áreas analisadas (figura 34), ultrapassando 75% das residências no Alto do

Porrão e se aproximando dos 100% no Pau de Vela e Mutirão. Geralmente, as

moscas percorrem uma distância de até 10 km num período de 24 horas,

alcançando um bom poder de dispersão; tal característica é propícia devido a

extensos depósitos de lixo nas áreas analisadas, e, muitas vezes, às más

instalações do saneamento existente, favorecendo numerosos focos de criação

nos domicílios.

As principais moléstias que podem estar relacionadas aos resíduos sólidos

estão representadas nas figuras 35 e 36.

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Figura 35 - Ocorrência de Doenças em Relação ao Número de Entrevistas Amostradas

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Fonte: SEOBS, 2013; Bahia, 2003. Elaborado por CARELLI, L., 2014

Figura 36 - Percentual das Doenças Identificadas nas Áreas de Estudo

Amebias

e

Cólera

Dengu

e

Disinter

ia

Esquist

ossomose

Hepati

te A

Febre

tifóide

Poliomielite

Infecção

na pele

e nos o

lhos01020304050607080

Doenças Diagnosticadas nas Áreas de Estudo

Alto do PorrãoMutirãoPau de Vela%

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados na pesquisa, 2013.

De acordo com a FUNASA (2006, p. 298), outros pontos de preferência

para proliferação das moscas são os estábulos, locais de ordenha, matadouros,

mercados e feiras. Tais pontos de epidemia no Mutirão podem ser explicados pela

proximidade da área com o lixão do município, distante aproximadamente 04 km

da área. Com relação ao Pau de Vela, esses índices podem ser explicados, além

do que já foi citado no parágrafo anterior, pela criação de animais como vacas,

que segundo moradores servem para ordenha e abatimento (figura 37).

Figura 37 - Criação de animais para ordenha e abate no Pau de Vela

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Fonte: A autora, 2013.As doenças encontradas nas áreas analisadas que podem estar

relacionadas à presença das moscas foram amebíase, cólera e disenteria (tabela

19). Essas doenças são motivadas quando as moscas depositam uma espécie de

vômito, que pode estar contaminado, em alimentos que serão ingeridos pelo

homem.

Outro artrópode bastante encontrado nas áreas analisadas é o mosquito.

Segundo a FUNASA (2006, p. 300) “os mosquitos são insetos dípteros,

pertencentes à família Culicidae, conhecidos também como pernilongos,

muriçocas ou carapanãs”. Geralmente a epidemia de mosquitos acontece quanto

há um ambiente com água acumulada em recipientes jogados no lixo (latas,

pneus velhos, garrafas entre outro).

Os mosquitos mais importantes do ponto de vista sanitário são o Culex

quinquefasciatus participa da transmissão da filariose e tem hábitos

proeminentemente doméstico. Outra espécie com destaque é o Aeds aegypti

importante na transmissão da dengue e febre amarela. O gênero Anopheles são

transmissores da malária e pertencem à família Culicidae. O Lutzomyia e

Psychodopigus transmitem a leishmaniose, são artrópodes pequenos, pilosos e

castanho-claro. Simullium, é um gênero que se assemelham a pequenas moscas

conhecidos como "borrachudos" e "piuns", são responsáveis pela transmissão da

oncocervose. Todos esses artrópodes transmitem doenças através da picada,

ressaltando que, quando estão contaminados.

O índice de mosquitos nas áreas estudadas é muito elevado (tabela 18;

figuras 33 e 34), ultrapassando 75% e se aproximando de 100%, desta forma, se

assemelha a outro inseto aqui discutido, a mosca. Tal situação é favorecida pelas

condições sanitárias das áreas estudadas, acúmulo de lixo, reservatórios de

água, muitas vezes utilizadas de forma inadequada, sem tampa, áreas que

possuem o esgotamento público, porém não existe a manutenção do mesmo,

ficando a população a mercê de insetos geradores de doenças e áreas que não

possuem uma rede de esgoto adequada, em que, os moradores jogam a água no

quintal e/ou em frente dos domicílios favorecendo a proliferação dos mosquitos

(Figura 38).

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Não foram constatadas doenças que poderiam estar relacionadas aos

mosquitos nas áreas estudadas, apesar do alto índice desses artrópodes no Alto

do Porrão, Pau de Vela e Mutirão.

Figura 38 - Ambientes Propícios para a Proliferação de Mosquitos: (I) Mutirão e (II) Alto do Porrão

(I) (II)

Fonte: A autora, 2013.

As baratas “pertencem à ordem Blattaria e representam o grupo de insetos

mais antigos e de maior capacidade de adaptação encontrado na face da Terra,

com mais de 3.500 espécies conhecidas” (FUNASA, 2006, p.311).

O aparecimento das baratas geralmente ocorre pela falta de higiene nos

domicílios e em seu entorno, assim, causando prejuízos econômicos, sociais e de

saúde.

As baratas tem importância sanitária na transmissão de doenças gastrintestinais, quer pelo transporte mecânico de bactérias e parasitas da matéria contaminada para os alimentos, quer pela eliminação de suas fezes infectadas. Podem, ainda, transmitir doenças do trato respiratório e outras de contágio direto, pelo mesmo processo. (FUNASA, 2006, p. 311)

Desta forma, assim como as moscas, as barata se alimentam de qualquer

tipo de alimento do ser humano e restos mortais de animais, ou até mesmo de

fezes, depois expelem, podendo contaminar utensílios, com isso, transmitindo

doenças (quadro 02). Do ponto de vista econômico, esses insetos, além de

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provocar estragos em alimentos, como já foi citado, também destroem roupas,

livros, bebidas, fermentáveis entre outros.

Foi constatada uma grande presença de baratas nas áreas estudadas, em

mais de 65% dos domicílios e peridomicílios. Os maiores registros foram no

Mutirão e Pau de Vela com 82% e 81% respectivamente.

Tal situação é propensa devido ao saneamento precário nessas

localidades, facilitando a proliferação desses artrópodes. A FUNASA prevê

algumas condições para evitar a propagação desses insetos que são: a

construção de prédios apropriados sem frestas e facilidades de abrigos; todas as

partes acessíveis à limpeza, ralos de esgoto, caixa de gordura e inspeção,

convenientemente sifonadas e bem vedada.

As doenças encontradas e que provavelmente estão relacionas com os

insetos foram hepatite, poliomielite e infecção na pele e nos olhos (quadro 02;

tabela 19).

Na figura 39 está representada a distribuição dos pontos localizados no

espaço identificando a ocorrência do fenômeno estudado, incidência das

doenças, no Alto do Porrão, Mutirão e Pau de Vela. No Mutirão e no Alto do

Porrão, os pontos estão mais próximos, estabelecendo uma relação de

vizinhança, isso ocorre devido a proximidade da ocorrência do fenômeno

estudado.

A precariedade do saneamento nas áreas de estudo, com o descarte do

lixo em lugares inadequados, o desprezo da água usada em frente dos domicílios

e/ou quintal, formando poças d’água contribui para a proliferação de doenças. No

Pau de Vela, os pontos estão distribuídos de forma irregular, apesar dos

domicílios estarem mais afastados, os problemas diagnosticados no Mutirão e no

Alto do Porrão também foram encontrados nessa área.

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Figura 39 - Distribuição Espacial de Moléstias nas Áreas Estudadas

Fonte: IBGE, 2013; Bahia, 2003. Elaborado por CARELLI, L., 2014.

A partir dos pontos coletados em campo foi gerado o mapa com a

distribuição da intensidade de pontos pelo método de Kernel para a incidência de

doenças na população (figura 40). Para melhor representatividade da frequência

do fenômeno, levou-se em consideração um intervalo de 5 em 5 metros de área

em um raio de cem metros, gerando assim, a área de risco, ou seja, maior

frequência de doenças. No Alto do Porrão, a cada 5 metros de distância,

registrou-se a ocorrência de nove pessoas com algum tipo de moléstia, já no

Mutirão a frequência foi maior, quatorze pessoas infectadas.

O Pau de Vela, devido à irregularidade da distribuição dos pontos e para

obter uma representatividade mais significativa, levou-se em consideração um

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raio de área de mil metros, sendo o intervalo de cinco em cinco metros.

Constatou-se uma frequência de dezesseis doenças a cada intervalo.

Figura 40 - Distribuição da Intensidade de Pontos Pelo Método de Kernel Para Incidência de Doenças na População

Fonte: IBGE, 2013; Bahia, 2003. Elaborado por CARELLI, L., 2014.

As áreas no mapa (figura 40) representadas pela cor vermelha indicam os

locais com alta incidência de doenças. Os pontos próximos possuem peso maior

do que os distantes, elucidando a concentração das moléstias no centro de cada

área estudada. As áreas representadas pelas cores amarela e verde constituem

os lugares com média e baixa densidade de doenças respectivamente, esses

locais apresentam baixa densidade demográfica, com poucas residências.

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Em suma, a higiene é um elemento que independe da camada social,

cabendo a cada um priorizar a limpeza dos domicílios e peridomicílios, evitando a

proliferação de insetos e animais causadores de doenças. Porém, também é

dever das autoridades públicas, gerar condições propícias para facilitar e manter

tal higiene, proporcionando um saneamento adequado e de qualidade para a

população, com coleta regular e com horário estabelecido, esgotamento sanitário

público e com a devida manutenção e abastecimento de água de qualidade e em

quantidade.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Vários foram os problemas diagnosticados em relação ao saneamento

nas áreas estudadas (Alto do Porrão, Mutirão e Pau de Vela) sendo este

considerado inadequado e/ou ineficiente, causando efeitos negativos à

qualidade de vida da população. Foram encontradas inconstâncias nas três

categorias analisadas: abastecimento de água, esgotamento sanitário e

resíduos sólidos.

Em relação ao abastecimento de água, apesar das três áreas serem

atendidas pelos serviços da EMBASA, os moradores reclamam do descaso da

empresa, uma vez que, a intermitência do líquido é constante. Devido à

precariedade dos serviços da Empresa Baiana de Água e Saneamento alguns

moradores recorrem a meios alternativos para saciar a sede e realizar as

atividades domésticas, utilizando água de poços e cisternas.

Outro problema encontrado diz respeito ao armazenamento da água,

tanto advinda da EMBASA, quanto por meios alternativos. Muitas vezes, os

moradores do Alto do Porrão, Mutirão e Pau de Vela, acondicionam o líquido

em lugares impróprios e em precárias condições de higiene, como tanques,

tonéis, garrafas pets favorecendo para a proliferação de moléstias e vetores

causadores de doenças. Tal situação poderia ser menos agravante, se a

população lavasse frequentemente os tanques, e cobrissem os mesmos,

garrafas e tonéis; além disso, os serviços prestados pela empresa responsável

de abastecimento de água deveriam ser frequentes, não havendo interrupções

do fornecimento.

Além da estocagem inadequada, a forma predominante de tratamento

da água para consumo nas áreas estudadas foi à filtragem, por ser

considerado um método mais econômico. Poucos moradores possuem o hábito

de usar cloro ou ferver o líquido, de forma que os habitantes das áreas

estudadas ficam mais vulneráveis à aquisição de agentes patogênicos,

responsáveis por casos de diarreia, disenteria, cólera entre outras

enfermidades. O mais agravante em relação ao tratamento da água, é que uma

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porcentagem considerável dos moradores das áreas analisadas não faz

nenhum tipo de tratamento estando mais propensos às doenças.

Contudo, em relação ao abastecimento de água, os moradores das

áreas estudadas, são pouco atendidos, sofrendo com a precariedade dos

serviços prestados pela empresa responsável pelo provimento do líquido,

ficando expostos a danos na saúde quanto ao próprio ambiente.

Em relação às condições sanitárias nas áreas estudadas, a maior

parcela da população faz uso dos banheiros, sendo que, o Alto do Porrão

apresenta moradias com quantidade mais elevada, com uso exclusivo de

estrutura sanitária em relação às duas outras áreas. As casas com banheiros

do Alto do Porrão e Pau de Vela destinam seus dejetos, a maior parte, para as

fossas (negras e sépticas), sendo elementos agravantes para a contaminação

do solo, da água subterrânea, dos animais e dos próprios moradores

consolidando a transmissão de doenças.

Além dos transtornos ocasionados pelas fossas que já foram citados,

problemas com mau cheiro e vazamento são bastante peculiares nas

residências visitadas. O Mutirão, apesar de ser atendido pelo esgotamento

sanitário público, também passa por transtornos em relação à qualidade dos

serviços prestados, havendo um grave descaso com a população, pois, o

serviço é oferecido, mas não há manutenção do mesmo.

Para reduzir tais impactos referentes ao esgotamento sanitário, o

essencial é oferecer o serviço público a toda população, mas além de oferecer

é necessário fazer a manutenção regular, e orientar os moradores da

importância de se ter acesso a tal recurso. Porém, cabe as autoridades

públicas priorizar o acesso da população ao serviço oferecido, buscando meios

que contribuam e reduzam os valores cobrados, não esquecendo da realidade

econômica dos moradores.

Sobre os resíduos sólidos, verificou-se que todas as áreas são atendidas

pela coleta pública do lixo que, de acordo com a Secretaria de Obras, Serviços

Públicos e Meio Ambiente, ocorre diariamente no Alto do Porrão, Mutirão e Pau

de Vela. Porém, a realidade encontrada nas áreas estudadas em relação ao

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119

destino do lixo não foi positiva, tendo sido observadas ruas e terrenos baldios

com bastante material concentrado, contribuindo para a concentração de

vetores de doenças. Outro fator agravante em relação aos resíduos sólidos é o

destino final do mesmo, não havendo um local adequado para receber o

material (aterro sanitário ou aterro controlado), sendo disposto a céu aberto

sem nenhuma forma de tratamento.

Com o saneamento precário, o armazenamento dos resíduos sólidos

acaba favorecendo a presença e proliferação de animais que são nocivos à

saúde humana, comprometendo a qualidade de vida dos moradores.

A utilização do SIG foi importante para aquisição de dados, permitindo a

visualização dos problemas relacionados ao saneamento, contribuindo para a

confecção dos mapas, possibilitando na geração de diversas informações e

análises do saneamento nas áreas estudadas.

Para amenizar a situação do saneamento e melhorar a qualidade de

vida dos moradores, algumas medidas poderiam ser tomadas:

Fornecimento de água pela EMBASA em quantidade e qualidade;

Higienização constante dos locais para armazenamento da água

(tanques, tonéis, garrafas pets);

Limpeza periódica dos tanques, bem como criar o hábito de cobri-los,

evitando a proliferação de insetos causadores de doenças;

Implantação do sistema de esgoto público para toda população, com

taxa acessível.

Manutenção frequente do sistema de esgotamento sanitário público;

Construção de fossas, preferencialmente, sépticas em áreas adequadas,

distantes de cisternas e poços;

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Realização efetiva de coleta pública do lixo, diariamente e com horário

especificado;

Separação seletiva, pela população, dos resíduos sólidos recicláveis;

Oferta, pelas autoridades públicas ou mesmo por empresas privadas, de

meios para a comercialização dos resíduos sólidos, combatendo o

desperdício e sendo um potencial econômico para a população de baixa

renda;

Realização de oficinas pelas autoridades públicas à população,

conscientizando-as dos riscos ao meio ambiente e à saúde pública pelo

mau uso e disposição dos resíduos sólidos;

Implantação de um aterro sanitário ou controlado para receber os

resíduos dispostos, priorizando reduzir os impactos ao ambiente e à

saúde da população.

Políticas públicas mais eficazes para atender as necessidades da

população em relação ao saneamento;

Organização da área urbana em bairros para melhor planejamento e

administração, além de facilitar a aquisição de dados em futuras

pesquisas.

Cabe as autoridades públicas investir em políticas públicas mais

consistentes que contribuam para o bom funcionamento do saneamento,

visando, sobretudo, à qualidade de vida da população de forma a

garantir um ambiente mais saudável, conforme a lei nº 11.445 em seu

capítulo VI, artigo 29, parágrafo 1, inciso II, que trata do acesso da

população ao sistema público de saneamento principalmente as

localidades de baixa renda.

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APÊNDICES

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Apêndice A (Formulário)

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Município__________________________Bairro_______________________

Nome do Informante_____________________________________________

Idade:__________________ Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino

Data:_______/_______/________

Formulário

Sobre o abastecimento de água:

1- Qual é a principal fonte de abastecimento de água na sua residência?( ) Embasa( ) Cisterna( ) Poço( ) OutroEspecificar:____________

2- Como é tratada a água para consumo?( ) Ferve( ) Filtra( ) Cloração( ) Natural/Sem tratamento( ) OutroEspecificar:____________

3- Onde a água é armazenada?( )Tanque com Tampa( ) Tanque sem tampa( ) Tonel( ) Não guarda

4- É constante a falta de água na sua casa?( ) Sim( ) Não( ) Não se aplica/Não utiliza água da Embasa.

5- Como você classifica a qualidade de água da Embasa?( ) Ótima ( ) Boa ( ) Ruim

( ) Não se aplica

Sobre o esgotamento sanitário

6- Qual é o destino dos dejetos produzidos em sua casa?( ) Fossa séptica( ) Fossa negra( ) Fossa seca( ) Rede coletora de esgoto( ) OutroEspecificar:____________

7- Qual tipo de problema você tem com sua fossa?( ) Não tem problema( ) Mau cheiro( ) Entupimento( ) Vazamento( ) OutroEspecificar:____________( ) Não se aplica/Não utiliza fossa

8- Quando sua fossa enche, você costuma:( ) Limpar( ) Isolar e construir outra( ) Não se aplica

9- Se for implantada a rede de esgoto na sua rua/bairro, você tem interesse de ligar?( ) Sim ( ) Não( ) Não se aplica

10- Para onde vai a água usada na limpeza e no banho, da sua casa?

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( ) Quintal, nos fundos da casa( ) Rua, em frente da sua casa( ) Córrego ou vala mais próxima( ) Canal de água de chuva (drenagem pluvial)( ) OutroEspecificar:____________

Sobre o lixo

11- Qual o destino dado o lixo?( ) Coletado( ) Queimado( ) Enterrado( ) Jogado em terreno baldio.( ) OutroEspecificar:____________

12- A coleta de lixo é realizada com qual freqüência?( ) Diariamente( ) De dois em dois dias( ) De três em três dias( ) Semanalmente( ) OutroEspecificar:____________

13- Você separa algum material do lixo?( ) Orgânico/resto de alimentos( ) Plástico( ) Vidro( ) Metal( ) Papel( ) Outro

Especificar:____________

14- Que destino tem esse material separado?( ) Vende( ) Compostagem( ) Alimentação da criação de animais.( ) Recicla( ) Reaproveita( ) Não se aplica

15- Quais desses bichos você já viu em seu quintal ou em casa?( ) Escorpião( ) Caramujo( ) Rato( ) Cobra( ) Mosca( ) Mosquito( ) Sapo( ) Barata( ) Sariguê

16- Quais dessas doenças ocorrem com mais frequência nas pessoas da sua família?( ) Amebíase( ) Cólera( ) Dengue( ) Disenterias( ) Elefantíase( ) Esquistossomose( ) Hepatite( ) Teníase( ) Febre Tifoide( ) Poliomielite( ) Infecção na pele e nos olhos

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Apêndice B (Termo de Consentimento)

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Convidamos o (a) Sr (a) para participar da Pesquisa sobre SANEAMENTO

AMBIENTAL E QUALIDADE URBANA: CARACTERIZAÇÃO DE UM MODELO

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PARA O MUNICÍPIO DE SANTO ESTEVÃO/BA, sob a responsabilidade da

pesquisadora Lusanira Nogueira Aragão. Com essa pesquisa, serão avaliadas as

condições do saneamento do município (distribuição de água, esgotamento sanitário

e resíduos sólidos) e as consequências dos mesmos sobre o meio ambiente e a

qualidade de vida urbana. Para isso, sua participação é voluntária e se dará por

meio de responder a um formulário para verificar os principais problemas

relacionados ao saneamento do município. Todos os cuidados serão tomados no

sentido de não invadir a sua privacidade, bem como não constrangê-lo. Se você

aceitar participar, estará contribuindo na elaboração de um modelo para servir de

base para o planejamento de possíveis intervenções do poder público no sentido de

gerenciar o problema do saneamento ambiental na cidade de Santo Estevão, além

de acrescentar à literatura dados referentes ao tema abordado. Se depois de

consentir em sua participação o Sr (a) desistir de continuar participando, tem o

direito e a liberdade de retirar seu consentimento em qualquer fase da pesquisa,

seja antes ou depois da coleta de dados, independente do motivo e sem nenhum

prejuízo a sua pessoa. O (a) Sr (a) não terá nenhuma despesa e também não

receberá nenhuma remuneração. Os resultados da pesquisa serão analisados e

publicados, mas sua identidade não será divulgada, sendo guardada em sigilo. Os

formulários aplicados ficarão guardados no Laboratório de Geotecnologias (Geotec)

na UEFS, por um período de cinco anos. Quando esse prazo terminar eles serão

destruídos. Para qualquer outra informação, o (a) Sr (a) poderá entrar em contato

com o pesquisador dirigindo-se à Universidade Estadual de Feira de Santana –

UEFS, que fica situada na Avenida Transnordestina, S/N, Novo Horizonte, CEP:

44036-900, Feira de Santana-Ba, no Geotec, Módulo 3, ou pelo telefone (75)3161-

8240.

_____________________________

Assinatura do Participante

________________________________

Assinatura do Pesquisador Responsável Assinatura com polegar.