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UNIVERSIDADE DE SÃO P AULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS ENGENHARIA DE PRODUÇÃO MECÂNICA AFTERMARKET NA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA CHINA E ÍNDIA: AMEAÇA OU OPORTUNIDADE? AUTOR: CÁSSIO NAOTO Y AMAMOTO TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO MECÂNICA ORIENTADOR: WILSON KENDY T ACHIBANA SÃO CARLOS, 2008

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS

ENGENHARIA DE PRODUÇÃO MECÂNICA

AFTERMARKET NA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA – CHINA E

ÍNDIA: AMEAÇA OU OPORTUNIDADE?

AUTOR: CÁSSIO NAOTO YAMAMOTO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO MECÂNICA

ORIENTADOR: WILSON KENDY TACHIBANA

SÃO CARLOS, 2008

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AFTERMARKET NA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA –

CHINA E ÍNDIA: AMEAÇA OU OPORTUNIDA-

DE?

Trabalho de conclusão de curso apresentado como parte das atividades para obtenção do diploma de graduação do curso de Engenharia de Produção Mecânica, da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo.

Profº orientador: Wilson Kendy Tachibana

São Carlos, 2008

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“Dedico este trabalho aos meus pais,

Ernesto e Marcia Yamamoto, exemplos de

sabedoria, honestidade e ética, fundamentais

para as conquistas da minha vida e por eu ser

a pessoa que sou.”

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Professor Tachibana por

me ajudar na elaboração deste trabalho, me

orientando e me dando conselhos não só na

realização do trabalho, mas também conselhos

para minha vida, meu futuro profissional.

Agradeço a minha família: meus pais e minhas

irmãs por todo o suporte dado durante esse

tempo longe deles. Agradeço também aos

meus amigos companheiros de república –

André, Guilherme, Júlio, Matheus e Oscar -

por tantos momentos inesquecíveis, provas de

amizade e companheirismo, amigos pra levar

para o resto da vida.

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“Não deixe que a saudade sufoque, que

a rotina acomode, que o medo o impeça de

tentar. Desconfie do destino e acredite em

você. Gaste mais horas realizando que

sonhando, fazendo que planejando, vivendo

que esperando, porque, embora quem quase

morreu esteja vivo, quem quase vive já

morreu”

Luis Fernando Veríssimo.

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RESUMO

YAMAMOTO, C. N. (2008). Aftermarket na Indústria Automotiva - China e Índia: Ame-aça ou oportunidade? Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Produção Mecâ-nica – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos – SP, 2008.

A influência e a importância dos países emergentes no cenário mundial são evidentes nos dias atuais. Apoiando-se no crescimento econômico constante, a indústria automotiva de países como Brasil, China e Índia vêm crescendo a altas taxas e ganhando grande impor-tância na economia global. As grandes montadoras de veículos já estão instaladas nesses países, onde é possível se ver um grande crescimento de produção e frotas de automóveis. Este trabalho tem como objetivo analisar a interação entre empresas dos mercados auto-motivos de Brasil, China e Índia no setor de Aftermarket. Sabe-se que os asiáticos são ca-pazes de atingir uma alta produtividade com baixo custo em diversos setores da economia e em diversas fases das cadeias produtivas. O presente trabalho faz um estudo sobre pos-síveis estratégias de atuação de empresas brasileiras frente à concorrência da entrada de produtos asiáticos no país.

Palavras-chave: aftermarket, concorrência, estratégia, indústria automotiva.

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ABSTRACT

YAMAMOTO, C. N. (2008). Aftermarket na Indústria Automotiva - China e Índia: Ame-aça ou oportunidade? Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Produção Mecâ-nica – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos – SP, 2008.

The influence and importance of emerging countries in the worldwide scene are evident nowadays. Supported by a constant economic growth, the automotive industry in coun-tries like Brazil, China, and India is growing at high rates and is being considered of great importance in the global economy. The big OEM’s already have plants in these countries, where is possible to see a great development in the automobile production and fleet. The objective of this work is to analyze the interaction among automotive companies from Brazil, China, and India in the aftermarket sector. It is known that Asian countries are able to achieve high productivity at low cost in several economic sectors and in different stages of the productive chain. This work analyzes possible strategies on how Brazilian companies could face the competition caused by the entrance of Asian products in the country.

Keywords: aftermarket, competition, strategy, automotive industry.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Frota de Autoveículos dos Principais Países no Setor Automotivo.................28

Figura 2 – Distribuição da Produção Mundial de Autoveículos........................................32

Figura 3 – Faturamento da Indústria Automobilística Brasileira.......................................37

Figura 4 – Divisão da Indústria Brasileira de Autopeças..................................................39

Figura 5 – Crescimento da Produção Chinesa de Autoveículos........................................41

Figura 6 – Crescimento da Produção Indiana de Autoveículos........................................44

Figura 7 – Empresas Indianas Premiadas..........................................................................46

Figura 8 – As cinco Forças de Porter................................................................................50

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Frota Circulante dos Principais Países...........................................................29

Tabela 2 – Relação habitantes/autoveículos dos Principais Países..................................30

Tabela 3 – Produção Mundial de Autoveículos...............................................................31

Tabela 4 - Número de Certificações das Empresas Fabricantes de Autopeças...............35

Tabela 5 – Frota Circulante Brasileira.............................................................................36

Tabela 6 - Número de Empregos da Indústria Automotiva Brasileira............................36

Tabela 7 - Dados da Indústria Automotiva de Países da América Latina......................37

Tabela 8 – Distribuição da Produção Brasileira de Autoveículos por Tipo de Combustí-

vel...........................................................................................................................................38

Tabela 9 – Informações sobre o Estudo de Caso............................................................59

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABIPEÇAS – Associação Brasileira da Indústria de Autopeças

ANFAVEA – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores

JUSE – Union of Japanese Scientists and Engineers

OMC – Organização Mundial do Comércio

OEM – Original Equipment Manufacturer

SINDIPEÇAS – Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automo-

tores

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SUMÁRIO

Agradecimentos .........................................................................................................4

Resumo ......................................................................................................................6

Abstract ......................................................................................................................7

Lista de ilustrações ..................................................................................................8

Lista de tabelas ..........................................................................................................9

Lista de abreviaturas e siglas ................................................................................10

Sumário .................................................................................................................... 11

Introdução ................................................................................................................15

Capítulo 1 - “Elementos para discussão” .............................................................22

1.1 - “Mercado” .....................................................................................................................22

1.2 - “Aftermarket” ................................................................................................................23

1.3 - “Estratégia” ...................................................................................................................24

1.4 - “Qualidade” ..................................................................................................................26

Capítulo 2 - “Mercado automotivo” ........................................................................29

2.1 – “Mercado Brasileiro” ....................................................................................................33

2.2 – “Mercado Chinês” ........................................................................................................41

2.3 – “Mercado Indiano” .......................................................................................................44

Capítulo 3 - “Estratégia de atuação” .....................................................................48

3.1 – “Concorrência e Competitividade”................................................................................48

3.2 – “Alianças Estratégicas” ................................................................................................53

Capítulo 4 - “Estudo de caso” ................................................................................58

4.1 – “Apresentação das Empresas” ....................................................................................58

4.2 – “Estudo do Projeto” ......................................................................................................59

4.3 – “Impactos do projeto” ...................................................................................................60

Considerações finais ..............................................................................................62

Considerações finais ..............................................................................................62

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Referências bibliográficas ......................................................................................64

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INTRODUÇÃO

Esta pesquisa tem como objetivo realizar um estudo do mercado automotivo brasileiro

e elaborar uma análise do potencial de atuação de empresas do mercado automotivo asiático,

mais especificamente China e Índia, no Brasil. Dessa maneira, pretende-se relatar as possíveis

conseqüências da entrada dos asiáticos no mercado brasileiro.

Vale ressaltar que o estudo do trabalho está voltado para o Aftermarket Automotivo

que seria o mercado de reposição de peças automotivas. Peças não original, mas que possuem

a mesma aplicação e finalidade de uso das originais, fabricadas por empresas fornecedoras das

grandes montadoras ou não. O termo será mais bem detalhado ao longo do trabalho.

A – Formulação do Problema

Desde a invenção do automóvel e sua fabricação em massa nos tempos de Henry Ford,

o automóvel é visto como uma confirmação de status social pela sociedade. Com o passar dos

anos, devido ao avanço das pesquisas tecnológicas, ao crescimento da economia mundial e à

concorrência do mercado capitalista, os automóveis ficaram mais acessíveis à população.

A indústria automobilística brasileira é relativamente nova. Teve seu início durante a

década de 60, com a chegada das montadoras Ford, General Motors e Volkswagen. Nessa é-

poca possuía características totalmente diferentes de hoje em dia, devido ao pequeno porte,

em virtude do pequeno volume de produção de automóveis na época. Com a chegada da FI-

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AT, o volume de produção de automóveis foi aumentando gradualmente, assim como a fabri-

cação de peças nacionais que no início eram importadas. Desde o início da década de 90, com

a abertura comercial, o setor automotivo vem sofrendo profundas mudanças. Montadoras de

diferentes países se instalaram no país identificando um grande potencial de mercado.

Atualmente, encontram-se no Brasil, as principais montadoras de automóveis do mun-

do inteiro: Volkswagen, Ford, General Motors, Fiat, Mercedes Benz, Honda, Toyota, Hyun-

dai. Devido ao crescimento econômico do país, o mercado automotivo projeta crescimentos

consideráveis na produção e licenciamentos de automóveis.

É certo que o mercado automotivo é responsável com uma enorme fatia da economia e

uma das grandes alavancas para a aceleração e desenvolvimento do país. Também sabemos

que as linhas de créditos são excelentes oportunidades para viabilizar a aquisição de veículos

e o combustível essencial para rodar essa potente máquina econômica que é o mercado de au-

tomóveis.

É evidente também o crescimento de países emergentes como o Brasil, China e Índia

no cenário mundial atual. Devido a vários fatores, mas principalmente à mão-de-obra barata,

os asiáticos são capazes de produzir a um preço muito baixo na maioria dos setores do merca-

do capitalista e isso não é diferente no ramo da indústria automotiva. A globalização tem um

grande impacto na indústria automotiva mundial. A demanda por carros tem mudado a estru-

tura internacional no setor. Grandes mercados como América do Norte, Europa e Japão estão

maduros e estabilizados com suas demandas de substituição. Nova demanda e crescimento de

mercado pode ser visto em mercados emergentes como Brasil, China e Índia.

Essa nova estrutura tem re-alocado as grandes montadoras de automóveis, as quais

possuem a estratégia de produzir onde vendem, abrindo assim novas plantas nesses mercados

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emergentes. Dentro desse cenário, a entrada de produtos chineses e/ou indianos no mercado

automotivo brasileiro poderá mudar de forma significativa a atuação das empresas nacionais.

O aquecimento atual do mercado automobilístico no Brasil fica evidente à medida que

projeções de quebras de recordes de produção e licenciamentos de veículos vêem à tona nas

diversas publicações da imprensa especializada do setor. É bem verdade que o aquecimento

do setor deve-se ao crescimento da economia do país como um todo. O Brasil vive um mo-

mento de crescimento intenso passando a ser visto com bons olhos por investidores estrangei-

ros, assim como a China e a Índia.

Esse mesmo aquecimento encontrado no Brasil pode ser observado na China e na Ín-

dia, guardadas as devidas proporções. Percebe-se também a nova geração de novidades do se-

tor vindas desses países, com lançamentos de carros populares a um custo muito baixo.

Pouco se estuda sobre o mercado de reposição da indústria automotiva, estudo esse

que é de grande importância já que, à medida que aumenta a frota de veículos, aumenta tam-

bém a importância do mercado de reposição. Atualmente, em termos de faturamento para uma

indústria automotiva, o mercado de reposição não fica tão aquém do mercado comum. Pen-

sando-se nisso, o estudo da interação entre esses mercados faz-se de grande valia como forma

de prever as possíveis conseqüências dessa interação.

B – Objetivo

O trabalho consiste em fazer um levantamento da atual situação do mercado automoti-

vo mundial. Analisar o cenário asiático, mais especificamente chinês e indiano, juntamente

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com o cenário brasileiro, identificando características desses mercados e projetando uma inte-

ração entre empresas desses países.

Realizar assim, uma pesquisa teórica sobre o assunto, além de uma pesquisa prática

envolvendo uma multinacional do setor automotivo. Com base nos dados e informações le-

vantados, chegar a uma conclusão sobre a atuação de empresas asiáticas no mercado brasilei-

ro.

Sendo assim, o trabalho tem como objetivo identificar os pontos positivos e negativos

da atuação das empresas asiáticas no mercado de reposição nacional e chegar a uma conclusão

se essa atuação é uma ameaça às empresas nacionais ou uma oportunidade de crescimento pa-

ra o setor automotivo brasileiro.

C – Metodologia

Um método de pesquisa é uma estratégia de investigação que se movimenta a partir de

pressupostos filosóficos para desenhas uma pesquisa e coletar dados (MYERS, 1997). Toda

estratégia de pesquisa possui vantagens e desvantagens. Dessa maneira, um dos momentos

decisivos na condução de qualquer esforço de pesquisa é a escolha do método mais adequado.

Nenhuma metodologia pode ser considerada mais apropriada que as outras em todos os casos.

Apenas uma análise cuidadosa dos objetivos e contexto ta pesquisa, fundamentada em crité-

rios pré-determinados sobre o rigor científico é que pode indicar o método mais adequado.

A escolha do método de pesquisa influencia a forma como o autor coletará seus dados,

portanto a qualidade de uma pesquisa depende da capacidade de coletar dados de alta qualida-

de. A capacidade de escolher o método mais adequado e de coletar dados de alta qualidade

está relacionada com um dos pré-requisitos para a condução de qualquer pesquisa qualitativa:

as habilidades e conhecimento do autor sobre o tema trabalhado (MYERS, 1997). Os resulta-

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dos de pesquisas que utilizam métodos qualitativos dependem fortemente do poder de integra-

ção do autor, de sua habilidade na seleção do local e dos métodos de coleta de dados, bem

como sua capacidade de fazer mudanças no desenho de pesquisa de forma oportuna (YIN,

1984).

As etapas desenvolvidas no trabalho foram a revisão bibliográfica e a análise e apre-

sentação dos resultados, a pesquisa descritiva, propriamente dita, ou seja, o método de pesqui-

sa desenvolvido neste trabalho é o teórico/conceitual, no qual se discute conceitos a partir da

literatura e revisão bibliográfica e se modela conceitos com fundamentos na percepção e expe-

riências do autor (BERTO e NAKANO, 1999).

O primeiro passo na realização do trabalho foi a revisão bibliográfica, fundamental pa-

ra o desenrolar do mesmo já que toda a argumentação desenvolvida na pesquisa foi baseada a

partir dos conceitos e conhecimentos presentes nos diversos dados e textos que compõem a

revisão. A primeira parte da revisão consiste na identificação de obras, artigos e dados que

serviram de base para a inferência sobre o assunto a ser trabalhado, a entrada de empresas asi-

áticas no mercado de reposição automotivo brasileiro. Buscou-se então um material com o

conteúdo de elementos para a discussão.

A segunda parte da revisão bibliográfica consiste em uma busca por elementos mais

específicos do assunto desenvolvido, portanto buscou-se obras a respeito do mercado automo-

tivo nos países em questão, assim como assuntos voltados à economia geral dos mesmos paí-

ses. Enfim, foram identificadas fontes de informações importantes para o levantamento das

considerações finais da pesquisa.

Vale dizer que essa revisão bibliográfica foi uma etapa específica do trabalho, mas

também foi sendo um processo contínuo, com atualizações constantes durante toda a pesquisa.

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D – Estrutura do Trabalho

O Capítulo I apresenta os elementos para discussão. Destaca os termos e conceitos uti-

lizados em todo o trabalho, fundamentais para a compreensão da pesquisa desenvolvida. A-

presenta idéias e conceitos que guiaram a interpretação das informações levantadas e serviram

de base para a maior parte das considerações a respeito do tema desenvolvido.

O Capítulo II destaca o mercado automotivo em si, suas características, história e evo-

lução nos três países em análise, Brasil, China e Índia. Esta parte do trabalho detalha o setor

automotivo, estudo base para a fundamentação da pesquisa e desenvolvimento do trabalho.

Procura evidenciar as diferenças e semelhanças entre os diferentes países. Informações fun-

damentais para o levantamento das considerações finais.

Com o foco em explicitar os possíveis resultados da pesquisa, o Capítulo III destaca a

interação entres os mercados automotivos em questão, as hipóteses e as possíveis conseqüên-

cias dessa interação. Neste capítulo fez-se o uso dos conceitos abordados no primeiro capítulo

do trabalho, abordagem essa que servira para analisar os efeitos dessa interação entre os mer-

cados detalhados no segundo capítulo.

O capítulo quatro aborda um estudo de caso sobre o tema envolvendo duas empresas

do setor automotivo, fornecedoras de autopeças. O estudo mostra uma possível forma de inte-

ração entre as empresas e analisa as possíveis conseqüências para ambos os lados. Todos os

capítulos do trabalho servem de base para as considerações finais.

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CAPÍTULO 1 - “ELEMENTOS PARA DISCUSSÃO”

1.1 - Mercado

Segundo KOTLER (1998), um mercado consiste de todos os consumidores potenciais

que compartilham de uma necessidade ou desejo específico, dispostos e habilitados para fazer

uma troca que satisfaça essa necessidade ou desejo.

Com a globalização da economia mundial, novas formas de corporações surgiram, en-

tre elas, redes organizacionais e parcerias estratégicas. Somando-se aí o acirramento da con-

corrência e a evolução da tecnologia, surge um novo ambiente de negócios. De acordo com

WIND (1998), o mercado globalizado, caracterizado pela ausência de fronteiras, enfoca novas

diretrizes para a atuação empresarial tais como: flexibilidade, criação de valor, tecnologia da

informação, multifuncionalidade e formação de redes organizacionais.

A orientação para o mercado vem sendo utilizada como estratégia para ampliar a capa-

cidade das organizações na obtenção de vantagens competitivas sustentáveis, pois cria uma

cultura empresarial que estimula comportamentos necessários à criação de valor superior ao

cliente (NARVER e SLATER, 1990), ou seja, a orientação para o mercado representa uma

habilidade superior no entendimento da satisfação dos clientes. O mercado cumpre então o

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papel de selecionar entre os agentes produtivos, os melhores arranjos organizacionais e as me-

lhores tecnologias.

Através das redes organizacionais e parcerias estratégicas essas organizações são ca-

pazes de acumular e trocar conhecimentos capacitando-as a se tornarem mais competitivas no

mercado, prometendo e entregando produtos e serviços de alta qualidade a preços justos.

DAY (2001) afirma que a organização orientada para o mercado tem uma capacidade elevada

em relacionamento com o mercado que consiste numa maior lealdade dos clientes e, conse-

qüentemente, em vantagens sustentáveis, baseadas na reciprocidade, compromissos mútuos,

confiança e elos de ligação, passando pelo compartilhamento de informações, parceria coope-

rativa e coordenação conjunta de processos para o desenvolvimento de tecnologia e produtos.

Assim, a economia de cada país e do mundo inteiro consiste de complexos conjuntos

de mercados inter-relacionados e unidos através de processos de troca (KOTLER, 1998).

1.2 - Aftermarket

Aftermarket, também conhecido como mercado secundário, consiste em mercado de

produtos complementares que são comprados subseqüentemente a outros produtos relativos.

Exemplos comuns de aftermarket podem ser encontrados em toda a economia incluindo tanto

mercados de bens duráveis (i.e., peças e serviços automotivos) quanto bens de consumo (i.e.,

cartuchos de tinta de impressoras, laminas de barbear).

JOHANSSON e KJELLER (2001) citam Fortuin e Martin que descrevem os produtos

paralelos da seguinte maneira: Instalações técnicas podem falhar e o reparo é necessário e na

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maioria dos casos o reparo e a manutenção requer peças de substituição. Portanto, atuar nesse

setor pode ser um negócio muito rentável.

TOFFEL (2004) define aftermarket como sendo o mercado de componentes e acessó-

rios voltado para manter ou melhorar uma compra anterior. Além de ser um mercado lucrativo

para OEMs, é uma maneira de manter a concorrência independente afastada do mercado.

No Brasil, o Aftermarket automotivo não é um assunto muito estudado e nem muito

difundido. No entanto, a cada ano que passa esse seguimento de mercado vêm ganhando força

devido ao aumento da frota de veículos automotores e conseqüentemente ao aumento da de-

manda de peças paralelas, os chamados produtos complementares.

O mercado automotivo é dividido em duas bases: equipamentos originais (OE) e o Af-

termarket, ou seja, existem fabricantes de equipamentos originais (OEM) e fabricantes de e-

quipamentos paralelos. Os fabricantes de equipamentos originais têm o foco voltado para as

grandes montadoras de veículos, já o aftermarket tem o foco em serviços e produtos secundá-

rios, voltados para os grandes distribuidores de autopeças, ao varejo e aos aplicadores finais.

O intuito do aftermarket é ter as peças paralelas disponíveis em um grande alcance de negó-

cios e territórios.

1.3 - Estratégia

No dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2001), o termo estratégia significa: “...1-

a arte de coordenar a ação de forças militares, políticas, econômicas e morais implicadas na

condução de um conflito ou na preparação da defesa de uma nação ou comunidade de nações.

2 – parte da arte militar que trata das operações e movimentos de um exército, até chegar, em

condições vantajosas, à presença do inimigo. 3 – a arte de aplicar com eficácia os recursos de

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que se dispõe ou de explorar as condições favoráveis de que por ventura se desfrute, visando

ao alcance de determinados objetivos...”

Assim como muitos outros conceitos das ciências humanas e exatas, a estratégia tam-

bém tem seu fundamento na guerra, e é frequentemente utilizada no sentido militar. Mas e no

mundo empresarial, como esse conceito se aplica? No sentido militar do conceito de estraté-

gia, exclui-se a escolha dos fins pertencente ao domínio político ao mais alto nível e dos pla-

nos detalhados para atingi-los. De acordo com esses sentido, em gestão empresarial, alguns

autores separam a definição dos objetivos e a formulação da estratégia.

Estratégia é então a principal ligação entre fins e objetivos e políticas funcionais de vá-

rios setores da empresa e planos operacionais que guiam as atividades diárias, ou seja, com-

preende a escolha dos meios e articulação de recursos para atingir os objetivos (HOFER e

SCHENDEL, 1978), podendo tomar a forma de um plano unificado, compreensivo e integra-

do relacionando as vantagens estratégicas com os desafios do meio envolvente (JAUCH e

GLUECK, 1980).

A estratégia é vista também como a escolha de segmentos de mercado que a empresa

pretende servir prioritariamente, identificando os processos internos críticos nos quais a uni-

dade atingir excelência para concretizar suas propostas de valor aos clientes e segmentos-alvo,

e selecionando as capacidades individuais e organizacionais necessárias para atingir os objeti-

vos internos, dos clientes e financeiros (KAPLAN e NORTON, 1996).

LEARNED, CHRISTIENSEN, ANDREWS e GUTH (1965) definem estratégia como

sendo o padrão de objetivos, fins ou metas e principais políticas e planos para atingir esses

objetivos, estabelecidos de forma a definir qual o negócio em que a empresa está e o tipo de

empresa que é ou vai ser.

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Para PORTER (1980), estratégia competitiva são ações ofensivas ou defensivas para

criar uma posição defensável numa indústria, para enfrentar com sucesso as forças competiti-

vas e assim obter um retorno maior sobre o investimento.

Segundo MARTINET (1984), a estratégia designa o conjunto de critérios de decisão

escolhido pelo núcleo estratégico para orientar, de forma determinante e durável, as atividades

e a configuração da empresa.

Já de acordo com MINTZBERG (1988), estratégia é uma força mediadora entre a or-

ganização e o seu meio envolvente: um padrão no processo de tomada de decisões organiza-

cionais para fazer face ao meio envolvente.

Podem-se citar aqui diversos outros autores que definem o conceito de estratégia, mas

o que se sabe é que nenhum conceito é inteiramente perfeito ou aceitável. Esta diversidade de

definições levanta a questão de decidir qual perspectiva mais pertinente para o estudo destas

matérias. Dois aspectos são relevantes para essa decisão: o primeiro é que a estratégia diz res-

peito ao futuro da empresa; o segundo é que na gestão das organizações, os processos de defi-

nição dos objetivos, dos meios e das formas dos atingir, bem como a sua concretização na prá-

tica, não poder ser desvinculados, mas sim encarados como um conjunto de processos inte-

grados e coerentes.

Dessa maneira, pode-se perceber que a perspectiva militar acaba sendo muito limitada

e a vantagem de partir de uma definição mais abrangente como a de LEARNED, CHRISTI-

ENSEN, ANDREWS e GUTH (1965) parece ser mais apropriada quando a perspectiva é de

abordagem interligada entre formulação e implantação da estratégia.

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1.4 - Qualidade

TOLEDO (1997) adota o conceito de qualidade de produto como sendo “uma proprie-

dade síntese de múltiplos atributos do produto que determinam o grau de satisfação do clien-

te”. A qualidade de um produto pode ser avaliada por meio de um conjunto de características

e parâmetros específicos a cada caso, que são intrínsecos ou estão associados ao produto. Pro-

duto neste caso, consiste no produto físico propriamente dito e o produto ampliado que envol-

ve embalagem, instruções, imagem, serviços pós-venda e outras características associadas ao

produto.

A gestão da qualidade é entendida como a abordagem adotada e o conjunto de práticas

utilizadas para obter-se, de forma eficiente e eficaz, a qualidade pretendida para o produto. A

gestão da qualidade de uma empresa envolve seus processos e se estende aos fornecedores e

clientes, segundo TOLEDO (1997).

A preocupação com a qualidade de bens e serviços não é recente. Os consumidores

sempre tiveram o cuidado de inspecionar os bens e serviços que recebiam em uma relação de

troca. Essa preocupação caracterizou a chamada era da inspeção, que se voltava para o produ-

to acabado, não produzindo assim qualidade, apenas encontrando produtos defeituosos na ra-

zão direta da intensidade da inspeção.

A era do controle estatístico surgiu com o aparecimento da produção em massa, tradu-

zindo-se na introdução de técnicas de amostragem e de outros procedimentos de base estatísti-

ca, bem como, em termos organizacionais, no aparecimento do setor de controle da qualidade.

Sistemas da qualidade foram pensados, esquematizados, melhorados e implantados desde a

década de 30 nos Estados Unidos e, um pouco mais tarde (anos 40), no Japão e em vários ou-

tros países do mundo.

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A partir da década de 50, surgiu a preocupação com a gestão da qualidade, que trouxe

uma nova filosofia gerencial com base no desenvolvimento e na aplicação de conceitos, mé-

todos e técnicas adequados a uma nova realidade. A gestão da qualidade total, como ficou co-

nhecida essa nova filosofia gerencial, marcou o deslocamento da análise do produto ou servi-

ço para a concepção de um sistema da qualidade. A qualidade deixou de ser um aspecto do

produto e responsabilidade apenas de departamento específico, e passou a ser um problema da

empresa, abrangendo, como tal, todos os aspectos de sua operação.

O conceito de qualidade tem sido continuamente ampliado ao longo do tempo. Garvin

(1992) apresenta uma visão histórica que registra quatro etapas que denomina de “Movimento

da Qualidade”: 1- Surgimento da inspeção formal; 2- Controle Estatístico da Qualidade

(CEQ); 3- Garantia da Qualidade, composto por Custos da Qualidade, Controle Total da Qua-

lidade (TQC ocidental), Engenharia de Confiabilidade e Zero Defeito; e 4- Gerenciamento

Estratégico da Qualidade.

A introdução desses conceitos de qualidade tem seus fundamentos implantados no pe-

ríodo pós-guerra, principalmente no Japão, utilizados como meios de alavancar ganhos de

competitividade de produtos, o que acabou resultando no surgimento do Controle da Qualida-

de Total ou Total Quality Control (TQC).

Quando problemas relacionados à garantia de produtos começaram a ocorrer, os japo-

neses passaram a analisar as causas desses problemas e incorporar as soluções aos novos pro-

dutos. Assim, ficou evidente que as causas fundamentais dos problemas de qualidade encon-

trados nas empresas poderiam ter suas origens em diferentes estágios da cadeia produtiva.

Dessa maneira, percebe-se que é necessária a adoção de mecanismos de controle em

toda a cadeia produtiva, como meio indispensável ao crescimento, não apenas pela garantia da

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adequada margem de lucro, mas principalmente como forma de assegurar a qualidade dos

produtos finais.

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CAPÍTULO 2 - “MERCADO AUTOMOTIVO”

O mercado automotivo mundial é caracterizado como um oligopólio, no qual grandes

empresas multinacionais dominam o setor, competindo intensamente e tornando a situação

das empresas menores cada vez mais complicada. Por se tratar de um setor complexo e pela

importância na economia, o mercado da indústria automobilística possui um vasto campo para

ser estudado e discutido.

Desde o surgimento da produção em massa do veículo automotor nos tempos de Henry

Ford, o automóvel provoca grande fascínio no ser humano. Começa então o consumo em

massa desse produto que é tido como indicador de status da sociedade.

O automóvel chega ao início do século XXI como símbolo de modernidade e do con-

sumo em massa. Dados atuais concluem que a frota mundial chega ao número de um bilhão

de veículos. O gráfico abaixo pode dar uma idéia do crescimento de consumo de veículos au-

tomotores, nos principais mercados:

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Figura 1 – Frota de Autoveículos dos Principais Países do Setor Automotivo

Fonte: ANFAVEA (2008)

Em termos de unidades absolutas, a frota mundial é assim distribuída entres os principais

países do setor:

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Tabela 1 – Frota Circulante dos Principais Países (em milhões de unidades)

Fonte: SINDIPEÇAS e ABIPEÇAS (2008)

Para esses principais países do setor, possui-se também o levantamento da relação ha-

bitantes/autoveículos, o que fornece uma idéia de quanto o mercado do país tem a crescer no

setor.

Ranking 2006 País 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 20061 EUA 214,3 221,5 223,4 225,5 229,6 231,4 237,2 246,2

2 Japão 71,7 72,6 73,4 74 72,5 74,7 75,7 75,9

3 China 14,5 16,1 18 20,5 24,2 27,5 26,9 71

4 Alemanha 45,8 47,3 48 48,2 48,6 48,9 49,2 49,7

5 Itália 35,5 36,2 37 37,7 38,5 38,2 38,9 39,9

6 França 33,1 33,8 34,6 35,1 35,6 36 36,3 36,7

7 Reino Unido 30,9 31,4 32,1 32,9 33,6 34,1 34,6 35,1

8 Rússia 25,6 25,6 16,2 24,4 28,8 29,7 31,2 31,2

9 Espanha 20,6 21,4 22,3 23 23,1 24,2 25,2 26,1

10 Brasil 19,6 20,1 20,8 21,3 21,8 22,5 23,3 24,3

11 México 14,9 14,8 17,8 18,9 18,9 21,2 21,5 23,2

12 Canadá 18 17,6 17,8 18,3 18,5 18,7 18,9 19,6

13 India 8,7 9,4 10,3 11 11,9 12,8 16,9 16,9

14 Coréia do Sul 11,2 12,1 12,9 13,9 14,6 11,8 15,4 15,9

15 Polônia 9 12 12,6 13,3 13,6 14,5 14,6 15,1

16 Indonésia 5,2 5,3 5,9 5,3 6,3 6,1 14,5 14,5

17 Austrália 11,9 12 12,1 12,5 12,8 13,1 13,5 13,9

18 Tailândia 6,6 7 7,5 8 8,7 5,7 9,8 9,8

19 Turquia 5,5 6 6,1 6,3 6,4 7,8 8,6 9,1

20 Holanda 6,9 7,2 7,4 7,7 7,9 8,2 8,4 8,3

Subtotal 609,5 629,6 636,3 657,8 675,9 687,3 720,6 782,1

Outros 106,4 119,1 139,1 150,4 161,3 109,7 168,3 171,8

TOTAL 715,9 748,7 775,4 808,2 837,2 849,7 888,9 953,9

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Tabela 2 – Relação Habitantes/Autoveículo dos Principais Países

Fonte: SINDIPEÇAS e ABIPEÇAS (2008)

A partir da tabela, percebe-se a grande evolução tanto de China quanto Índia. Isso sig-

nifica que investimentos no setor foram realizados e que o consumo de autoveículos está cres-

cendo, porém percebe-se também que a relação, em comparação com países mais desenvolvi-

dos, é bem maior, o que fornece a idéia de que o mercado desses países ainda possui grande

potencial de vendas.

Os principais produtos desse setor são veículos de passeios, chamados também de veí-

culos leves, veículos mistos (utilitários e vans) e veículos de uso comercial (linha pesada: ca-

minhões e ônibus).

Pode-se ter uma base também da produção mundial de veículos automotores através

da tabela abaixo que lista a produção dos principais países do setor:

Ranking 2006 PaísHabitantes por Autoveículo

1996 20061 EUA 1,3 1,22 Japão 1,8 1,73 China 163,9 18,64 Alemanha 1,8 1,75 Itália 1,7 1,56 França 1,9 1,77 Reino Unido 2 1,78 Rússia 10,5 4,59 Espanha 2,2 1,610 Brasil 9,1 7,711 México 7,4 4,712 Canadá 1,7 1,713 India 124,4 6714 Coréia do Sul 4,7 3,115 Polônia 4,3 2,616 Indonésia 52,2 16,217 Austrália 1,7 1,518 Tailândia 13,9 6,619 Turquia 14 7,820 Holanda 2,4 2

Total Mundial 8,1 6,9

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Tabela 3 – Produção Mundial de Autoveículos (em milhares de unidades)

Fonte: SINDIPEÇAS e ABIPEÇAS (2008)

Os principais países produtores de veículos automotores são Estados Unidos, Japão,

mas a tendência atual é a mudança do eixo, as grandes montadoras estão buscando novas fon-

tes de produção e países em desenvolvimento vêm recebendo grandes investimentos, inclui-se

aí Brasil, China, Índia, México entre outros. Como pode ser visto na tabela 3, os países em

estudo no presente trabalho já ocupam lugar de destaque no cenário mundial do setor. As mul-

tinacionais fabricantes de veículos automotores tendem a instalar suas plantas em países com

mão de obra mais barata e perto dos consumidores finais, ou seja, países onde há um grande

potencial de vendas, diminuindo assim os gastos com logística na cadeia produtiva. A produ-

ção mundial de veículos é assim distribuída entre os continentes:

País 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 20071 Japão 9.895 10.141 9.777 10.257 10.286 10.512 10.800 11.484 11.596 0,98

2 EUA 13.025 12.800 11.425 12.280 12.115 11.989 11.947 11.264 10.781 -4,29

3 China 1.830 2.069 2.334 3.287 4.444 5.234 5.708 7.189 8.882 23,56

4 Alemanha 5.688 5.527 5.692 5.469 5.507 5.570 5.758 5.820 6.213 6,77

5 Coréia do Sul 2.843 3.115 2.946 3.148 3.178 3.469 3.699 3.840 4.086 6,41

6 França 3.180 3.348 3.628 3.702 3.620 3.666 3.549 3.169 3.019 -4,74

7 Brasil 1.357 1.691 1.817 1.792 1.828 2.317 2.531 2.611 2.971 13,78

8 Espanha 2.852 3.033 2.850 2.855 3.030 3.012 2.753 2.777 2.890 4,04

9 Canadá 3.059 2.963 2.533 2.633 2.553 2.712 2.688 2.572 2.578 0,23

10 Índia 818 801 815 895 1.162 1.511 1.639 2.020 2.307 14,21

11 México 1.550 1.936 1.841 1.805 1.575 1.577 1.684 2.046 2.095 2,43

12 Reino Unido 1.974 1.814 1.685 1.823 1.846 1.857 1.803 1.648 1.750 6,18

13 Rússia 1.170 1.206 1.251 1.220 1.279 1.386 1.355 1.508 1.660 10,06

14 Itália 1.701 1.738 1.580 1.427 1.322 1.142 1.038 1.212 1.284 6

15 Tailândia 323 412 459 585 742 928 1.123 1.194 1.238 3,69

16 Turquia 298 431 271 347 533 823 879 988 1.099 11,3

17 Irã 119 278 323 452 582 789 817 905 997 10,25

18 República Tcheca 376 455 465 447 442 448 602 855 939 9,78

19 Bélgica 1.017 1.033 1.187 1.057 909 900 927 918 844 -8,06

20 Polônia 575 505 348 311 322 601 613 715 785 9,81

Subtotal 53.650 55.295 53.228 55.791 57.275 60.445 61.912 64.735 68.016 5,07

Outros 2.609 3.079 3.077 3.203 3.389 4.051 4.570 4.523 5.086 12,43

TOTAL 56.25 58.374 56.305 58.994 60.664 64.496 66.482 69.258 73.102 5,55

Ranking 2007

Variação (%) 2006 – 2007

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Figura 2 - Distribuição da Produção Mundial de Autoveículos

Fonte: ANFAVEA (2008)

A indústria automobilística sempre foi símbolo de grande prestigio no mundo desen-

volvido. Brasil, China, Índia, Malásia entre outros, são exemplos de países emergentes que

promoveram o desenvolvimento da indústria automotiva nacional. Na seqüência são descritos

os mercados de alguns desses países, mais especificamente Brasil, China e Índia, países em

estudo proposto no trabalho.

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2.1 - Mercado Brasileiro

A indústria automotiva brasileira foi criada na década de 50 através de um plano do

Governo que tinha como objetivo desenvolver a indústria nacional como um todo e atualizar o

estilo de vida da sociedade. Foi nessa década que algumas montadoras internacionais construí-

ram suas plantas e as que já estavam instaladas desde o começo do século, cresceram suas ati-

vidades. Vale lembrar que tudo isso foi “patrocinado” pelo Governo através de incentivos (fi-

nanceiros, protecionismo, instalação de infra-estruturas de rodagem e reformas administrati-

vas entre outros).

O segundo grande passo da indústria automotiva brasileira foi entre 1958 e 1962, perí-

odo em que houve um grande crescimento na produção e vendas de automóveis, a partir daí o

mercado veio oscilando altos e baixos até o final da década de 80.

Mas o grande divisor de águas na história do mercado automotivo brasileiro aconteceu

na década de 90, especialmente por dois fatores: a criação do conceito de carro popular e a

abertura do mercado por parte do Governo, aos estrangeiros. Isso acabou gerando uma grande

competitividade interna, o que fez com que as montadoras buscassem cada vez mais as mu-

danças tecnológicas, organizacionais e de qualidade.

No complexo automotivo brasileiro, a produção de autopeças fora anterior ao início da

produção de autoveículos, surgindo no começo do século XX com mecânicos e funileiros que

produziam artesanalmente peças de reposição para veículos importados. Só a partir da instala-

ção das primeiras montadoras é que foi estimulada a produção de componentes nacionais e

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conseqüentemente houve também o crescimento das empresas de autopeças fornecedoras das

montadoras e do mercado de reposição.

A partir da década de 90, depois de muito tempo sem investimentos significativos, as

montadoras que já estavam estabelecidas aqui começaram a abrir novas plantas produtivas e

modernizar as já existentes. Além disso, diversas novas montadoras se instalaram no país, as-

sim como multinacionais fabricantes de autopeças, transformando a indústria automotiva do

país. Paralelamente à entrada de novas montadoras e de fabricantes de autopeças, houve um

movimento de associações e aquisições, parciais ou totais, de capitais, de cooperações, no

segmento fornecedor de partes e componentes que ocasionaram a desnacionalização do par-

que de autopeças do país.

Nesse momento também começava uma mudança na forma de relacionamento entre a

cadeia produtiva dos veículos automotores, houve uma reorganização da estrutura produtiva

da indústria automobilística nacional. Antigamente, pelo fato das montadoras serem responsá-

veis por quase todos os processos de fabricação de um automóvel, podia-se dizer que não e-

xistia uma hierarquia definida no sistema produtivo já que as grandes montadoras se relacio-

navam com diferentes fornecedores de diferentes níveis, interferindo ativamente nessa cadeia.

Nos dias atuais, o leque de fornecedores ficou mais enxuto, no entanto esses passaram a for-

necer produtos (módulos, subconjuntos, sistemas) mais complexos e maior valor agregado.

Atualmente, o setor é composto basicamente por empresas de maior porte e multina-

cionais com capital suficiente para acompanhar o ritmo de inovações tecnológicas. Muitas

empresas menores acabaram sendo absorvidas pelas multinacionais ou acabaram formando

joint ventures dispostas a entrar no potencial mercado brasileiro e ficar mais próximas as

grandes montadoras, facilitando todo o processo na cadeia de suprimentos. O país então atin-

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giu níveis internacionais de custo e qualidade, se tornando um mercado bastante competitivo

mundialmente. Um grande número de empresas fornecedoras de autopeças se enquadra no

padrão mundial de qualidade, possuindo as mais variadas certificações do setor, como pode

ser observado na tabela abaixo, que leva em consideração as 485 associadas ao Sindipeças.

Tabela 4 – Número de Certificações das Empresas Fabricantes de Autopeças

Norma Certificações % AVSQ 0 0,0 BS 8800 / OHSAS 18001 29 3,6 EAQF 4 0,5 ISO 14001:2004 180 22,5 ISO 9001:2000 257 32,1 ISO TS 16949:2002 294 36,8 QS 9000 21 2,6 SA 8000 3 0,4 VDA 6.1/6.3 12 0,5

Total 800 100

Fonte: SINDIPEÇAS e ABIPEÇAS (2008)

Hoje em dia, o setor automobilístico é constantemente pressionado a fazer uma cons-

tante reestruturação dos sistemas de comunicações cada vez mais ágeis, flexíveis e seguros.

Dessa maneira, a competitividade das montadoras passou a depender, cada vez mais, da capa-

cidade de liderar com agilidade e eficiência a rede de fornecedores e distribuidores, o que as

levam a atuar em diversos países comercializando milhares de veículos com diversificados

modelos.

O Brasil possui grande destaque mundial no mercado automotivo, tanto é que as gran-

des montadoras fazem grandes investimentos no país e cada vez mais atrai o olhar mundial.

Essa importância fica evidente também na participação que o setor tem na economia brasileira

como um todo, não só como fonte de geração de empregos, mas também como grande fonte

de faturamento.

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As indústrias do setor são atraídas pelo potencial de vendas que o país proporciona,

posicionam-se assim mais perto do consumidor final. E o país possui realmente um grande

potencial, devido à facilidade de obtenção de créditos e ao momento econômico favorável dos

últimos anos, a compra de um automóvel se tornou mais acessível à população e assim a frota

de veículos automotores vem crescendo constantemente ao longo dos anos, crescimento esse

que fica evidente a seguir:

Tabela 5 – Frota Circulante Brasileira

Fonte: SINDIPEÇAS e ABIPEÇAS (2008)

A evolução da participação do setor automotivo brasileiro pode ser observada a seguir

na tabela 6, número de empregos (em milhares) somando os empregos da indústria de autope-

ças e as montadoras e também na figura 3 que mostra o crescimento do faturamento do setor.

Tabela 6 – Número de Empregos da Indústria Automotiva Brasileira

Ano Autopeças OEM Total 1999 167,0 94,4 261,4 2000 170,0 98,6 268,6 2001 170,0 94,0 264,0 2002 168,0 91,5 259,5 2003 170,7 90,7 261,4 2004 187,0 102,0 289,0 2005 196,5 107,4 303,9 2006 199,0 106,3 305,3 2007 217,0 120,3 337,3

Fonte: ANFAVEA (2008) e SINDIPEÇAS e ABIPEÇAS (2008)

Ano Automóveis Comerciais Leves Caminhões Ônibus Total1999 15.587.503 2.645.686 1.164.540 227.501 19.625.2302000 15.961.778 2.784.614 1.152.937 232.502 20.131.8312001 16.509.717 2.891.056 1.148.456 238.263 20.787.4922002 17.004.200 2.955.259 1.143.396 244.285 21.347.1402003 17.397.581 2.997.299 1.146.854 251.299 21.793.0332004 17.979.685 3.093.459 1.170.074 257.869 22.501.0872005 18.627.576 3.205.013 1.188.042 263.199 23.283.8302006 19.446.027 3.347.291 1.202.653 273.263 24.269.2342007 20.721.665 3.557.436 1.239.999 287.713 25.806.813

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Figura 3 – Faturamento da Indústria Automobilística Brasileira

Fonte: ANFAVEA (2008)

Dentro da América Latina, esse destaque pode ser facilmente visualizado, é o maior

produtor e possui o maior mercado consumidor, como pode ser observado na seguinte tabela:

Tabela 7 - Dados da Indústria Automotiva de Países da América Latina

País Produção (Unida-

des) Vendas Internas

(Unidades)

Frota (Mil Unida-

des) Habitantes /

Autoveículos 2005 2006 2005 2006 2005 2005

Argentina 319.755 432.101 402.690 460.478 7.005 5,7 Bolívia - - 3.065 3.000 34 262,4 Brasil 2.530.840 2.611.034 1.714.644 1.927.738 23.023 8,0 Chile 6.201 5.943 193.393 203.436 2.401 6,7 Colômbia 109.333 138.690 146.582 201.637 2.561 17,0 Equador 43.393 51.762 80.410 84.505 1.127 12,0 Guiana - - ND ND 37 21,0 Guiana France-sa - - ND ND 41 4,8 Paraguai - - 6.848 8.172 532 12,2 Peru - - 22.524 25.491 1.481 19,1 Suriname - - ND ND 109 4,0 Uruguai - - 16.469 16.302 598 5,7 Venezuela 154.961 171.715 228.378 343.351 2.455 10,5 México 1.676.830 2.041.491 1.160.880 1.199.130 21.451 5,0 Total 4.841.313 5.452.736 3.975.883 4.473.240 62.855 7,7

Fonte: ANFAVEA (2008)

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Nos dias atuais, a preocupação com o desenvolvimento sustentável e o meio ambiente,

faz com que as grandes empresas busquem novas tecnologias em seus produtos. No setor au-

tomotivo não é diferente, a busca por novas fontes de combustíveis fez surgir o sucesso do

etanol, combustível extraído da cana de açúcar, tecnologia brasileira. A produção de automó-

veis com tecnologia flex fuel vem crescendo a largos passos. Atualmente o consumidor brasi-

leiro opta pelo motor híbrido, pois o etanol tem um custo muito menor. Esse crescimento na

produção desse tipo de veículo fica evidente na tabela abaixo que mostra a porcentagem de

cada tipo de combustível da produção total dos veículos:

Tabela 8 – Distribuição da Produção Brasileira de Autoveículos por Tipo de Com-

bustível

Ano Total de Veículos

Gasolina Etanol Flex Fuel Diesel 1999 86,7 0,8 - 12,4 2000 87,0 0,6 - 12,4 2001 88,9 1,0 - 10,0 2002 88,0 3,2 - 8,8 2003 85,4 1,9 2,7 10,0 2004 72,6 2,2 14,3 10,9 2005 52,7 2,0 33,9 11,4 2006 37,4 - 53,3 9,2 2007 25,8 - 65,1 9,2

FONTE: ANFAVEA – Anuário da Indústria Automobilística Brasileira 2008

O estopim da produção de veículos híbridos e a consolidação desse tipo de automóvel

no mercado ajudam no crescimento dos números obtidos pela indústria automobilística já que

a tecnologia Flex Fuel serve como argumento de vendas aos consumidores pelo fato do etanol

possuir um preço muito mais acessível em relação à gasolina.

Em relação ao mercado de reposição, esse segmento representou cerca de 12,0% do fa-

turamento dos fabricantes de autopeças no Brasil, em 2007, o que equivale a 4,5 bilhões de

dólares. (SINDIPEÇAS, 2008).

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39

Figura 4 – Divisão da Indústria Brasileira de Autopeças

Fonte: SINDIPEÇAS (2008)

À medida que a produção de automóveis cresce, a frota e a demanda do mercado de

reposição crescem proporcionalmente e o papel das indústrias fabricantes de autopeças é jus-

tamente garantir a manutenção dessa frota circulante, fornecendo peças de reposição originais,

peças de reposição ou pós-venda e peças remanufaturadas.

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2.2 - MERCADO CHINÊS

A China começou sua história no mercado automotivo, na década de 50 focando a

produção na família de linha pesada. Nos últimos 20 anos ela passou a voltar os olhos para o

potencial mercado da linha leve e no possível crescimento desse nicho de mercado. Devido ao

grande protecionismo imposto pelo governo, esse crescimento se deu de forma muito lenta se

comparada a outros países como os EUA e Japão, por exemplo, já que a entrada de capital es-

trangeiro era limitada.

A situação da indústria automotiva chinesa é resultado direto da política de atuação do

governo do país. Nos primeiros anos de vida do setor, o protecionismo do governo era tanto

que limitava e às vezes até proibia qualquer tipo de negócio, chegava a definir preços e limi-

tava a competição através de restrições de importações e altas taxas. Essa limitação desencora-

jou a grande produção em massa das empresas e segmentou o mercado. (BHATTASALI, LI e

MARTIN, 2004)

Importância da atuação do governo se faz presente no controle direto e indireto do for-

necimento, da demanda e da distribuição dos veículos automotores, se faz presente também

no desenvolvimento de novas estradas e rodovias, na política de fornecimento de combustí-

veis, no desenvolvimento de transporte público, enfim, em toda infra-estrutura do setor.

Através da associação do país junto à OMC, essas restrições impostas pelo governo

começaram a cair, surgindo assim um crescimento no investimento estrangeiro no setor, no

entanto ainda não é um mercado sólido uma vez que grande parte da população local não pos-

sui condições financeiras de adquirir um automóvel.

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Figura 5 – Crescimento da Produção Chinesa de Autoveículos

Fonte: SINDIPEÇAS e ABIPEÇAS (2008)

Tradicionalmente as empresas automotivas escolhem a localização de suas fábricas de

acordo com a localização pela proximidade do mercado consumidor, da mão de obra barata e,

principalmente pelos incentivos fiscais oferecidos pelo governo. A China abrange os três fato-

res citados, chamando a atenção de diversos fabricantes, de uns tempos pra cá o país vem mo-

dernizando o setor através da consolidação de joint ventures com empresas estrangeiras.

Para se ter uma idéia do crescimento do setor no país, de 1995 a 1999 a indústria au-

tomobilística chinesa cresceu, em média, 13% ao ano, de 1999 a 2002 atingiu um crescimento

de 26% e no ano 2003 chegou a um impressionante número de 52% de crescimento. O ano de

2005 foi o grande salto para a China no mercado automotivo mundial registrando crescimento

de mais de 100% na exportação em relação ao ano de 2004. Desde então a indústria local vem

crescendo continuamente.

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

10000

1580 16281830

20692334

3287

4444

5234

5708

7189

8882

Ano

Aut

ove

ícul

os

(em

milh

are

s)

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A grande maioria das indústrias automotivas da China encontra-se na região leste do

país, onde se localizam os grandes centros urbanos. O grande centro automotivo situa-se na

província de Guandong, sudeste da China. Mas também há grande concentração de empresas

automotivas na região que compreende as províncias de Shadong, Beijing e Sichuan. Estima-

se que a China possua cerca de 120 fabricantes de automóveis e mais de 500 fábricas do setor

em funcionamento.

Alguns fatores essenciais que influem diretamente no crescimento da economia da in-

dústria automotiva como um todo que envolve surgimento de novas montadoras, fabricantes

de autopeças, aumento no consumo de veículos automotores são: o crescimento da população,

o crescimento urbano e o crescimento da economia em geral. Isso explica o desenvolvimento

da indústria automotiva chinesa nos grandes centros urbanos.

O país possui uma imensa população com mais de um bilhão de pessoas, grande po-

tencial de vendas para a indústria automotiva. Como se vê na tabela 2, a relação habitan-

tes/autoveículos ainda é muito grande, ou seja, pode-se concluir que a demanda por autoveícu-

los ainda crescerá, desde que as reais condições sejam proporcionadas pelo governo e pela

economia geral.

Calcula-se que aproximadamente 90% das 500 maiores multinacionais do mundo pos-

suem filiais na China. A principal razão desse fato é o baixo custo de mão de obra em diferen-

tes fases da cadeia produtiva o que acaba gerando vantagens comerciais melhorando suas per-

formances como exportadoras mundiais. Percebe-se que, no mundo, não é apenas os produtos

ou empresas chinesas que se utilizam desse fator e sim empresas de todos os cantos do globo

terrestre.

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Essa produtividade a baixo custo, no entanto, não é acompanhada de grande padrão de

qualidade. Os produtos chineses não são visto com bons olhos pelos consumidores ao redor

do mundo quando o quesito é a qualidade. E realmente é fato que a alta qualidade ainda não é

a marca da China, mas os produtores do país têm voltado seus olhos para essa questão e dire-

cionado seus esforços para acabar com essa fama de que seus produtos são sem qualidade. E

assim os produtos têm melhorado continuamente, não se pode generalizar o caso também, e-

xistem muitos produtos de boa qualidade fabricados no país.

2.3 - MERCADO INDIANO

Assim como no Brasil e China, o setor automobilístico da Índia tem um papel funda-

mental na economia do país. A produção de aproximadamente 7.9 milhões de veículos repre-

senta cerca de 7% da produção global de veículos automotores. Além da produção de veícu-

los, a produção de autopeças é também muito importante no país e, além de abastecer o mer-

cado interno, a Índia exporta para vários países contribuindo com aproximadamente 1% na

participação do setor de autopeças da OMC. A indústria automotiva gera cerca de 500 mil

empregos e contribui com aproximadamente 4,7% do PIB do país.

Assim como no caso chinês, até o começo dos anos 80, a indústria indiana não possuía

muita força e, a partir da abertura comercial do setor para investimentos estrangeiros em 1993,

passou a receber a entrada de várias multinacionais e o setor começou a crescer rapidamente.

Apesar de ainda possuir uma grande parcela da população em um nível de condições

de vida muito baixo, há um rápido crescimento da classe média, além disso, o crescimento da

renda per capta e a relativa facilidade em obter financiamento são fatores que tem feito a de-

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manda por veículos automotores crescer rapidamente no país e o governo investir em obras de

infra-estrutura rodoviária.

Com esse investimento do governo, todo o setor automotivo tende a crescer. Em ter-

mos mundiais a Índia se posiciona entre os dez principais países, e sua produção de autoveícu-

los tem crescido acentuadamente nos últimos anos:

Figura 6 – Crescimento da Produção Indiana de Autoveículos

Fonte: SINDIPEÇAS e ABIPEÇAS (2008)

O segmento dos fabricantes de autopeças do país é composto por cerca de 500 empre-

sas que fornecem componentes para as montadoras, para empresas de transporte publico e pa-

ra o mercado de reposição além de exportarem para as grandes montadoras de veículos auto-

motores ao redor do mundo.

O setor automobilístico indiano é composto principalmente por veículos de duas ro-

das, tanto é que entre 2005 e 2006 foram produzidos cerca de 7,6 milhões de exemplares con-

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

0

500

1000

1500

2000

2500

596513

818 801 815895

1162

1511

1639

2020

2307

Ano

Au

tove

ícu

los

(e

m m

ilha

res

)

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45

tra 1,3 milhões de veículos leves e utilitários. Mas além das motocicletas, o país produz tam-

bém todos os outros tipos de veículos: leves, comerciais, utilitários, caminhões e ônibus.

O país é o segundo maior produtor de veículos de duas rodas e o 13º maior produtor de

veículos automotores em geral. A indústria de duas rodas cresce a uma taxa pouco maior de

10% ao ano, nos últimos cinco anos. Além disso, o segmento de veículos de passageiros tam-

bém possui altas taxas de crescimento de 2001 para 2005 saltou de 650.000 para 1 milhão de

autoveículos vendidos, o que equivale a uma taxa de 17,6% de aumento.

Essas estatísticas comprovam que o mercado automotivo indiano está crescendo muito

e tem um grande potencial não só para as indústrias locais como também para as multinacio-

nais, sejam elas fabricantes de componente ou montadoras de veículos.

Além de estar em pleno crescimento, a indústria automotiva indiana está crescendo

com qualidade, prova disso é a premiação Deming, estabelecida pela JUSE e que premia em-

presas no quesito qualidade. Nos últimos anos empresas indianas do setor automotivo vêm

ganhando destaque na premiação como pode ser observado no quadro abaixo:

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Figura 7 – Empresas Indianas Premiadas

Fonte: JUSE (2008)

Assim como a China, a Índia possui uma grande população com grande potencial de

mercado. No entanto, as condições econômicas do país ainda não proporcionam um grande

poder de consumo aos habitantes embora a frota venha crescendo constantemente. Pode-se

dizer que a indústria automobilística do país ainda tem muito a crescer.

The Deming Prize Winners

Deming Aplication Prize Sundaram-Clayton Limited, Brakes Division (India) 1998Sundaram Brake Linings Ltd. (India) 2001TVS Motor Company Ltd. (India) 2002Brakes India Ltd., Foundry Division (India) 2003Mahindra and Mahindra Ltd., Farm Equipment Sector (India) 2003Rane Brake Linings Ltd. (India) 2003Sona Koyo Steering Systems Ltd. (India) 2003SRF Limited, Industrial Synthetics Business 2004Lucas-TVS Limited 2004Indo Gulf Fertilisers Limited 2004Krishna Maruti Limited, Seat Division (India) 2005Rane Engine Valves Limited (India) 2005Rane TRW Steering Systems Limited, Steering Gear Division (India) 2005Asahi India Glass Limited, Auto Glass Division (India) 2007Rane (Madras) Limited (India) 2007

Quality Control Award for Operations Business Units Hi-Tech Carbon GMPD (India) 2002Birla Cellousic, Kharach-A Unit of Grasim Industries Ltd. (India) 2003Reliance Industries Limited, Hazira Manufacturing Division (India) 2007 Japan Quality Medal Sundaram-Clayton Ltd., Brakes Division (India) 2002Mahindra & Mahindra Limited, Farm Equipment Sector (India) 2007

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CAPÍTULO 3 - “ESTRATÉGIA DE ATUAÇÃO”

3.1 - Concorrência e Competitividade

A livre concorrência caracteriza-se por possuir um ambiente equilibrado, porém com-

petitivo, sem condutas anticompetitivas advindas do poder de mercado, e que visa sempre

preservar a maior eficiência econômica nesse mesmo mercado, ou seja, é a seleção natural do

mundo capitalista, todos concorrem contra todos, mas só os melhores sobrevivem.

De acordo com Marx, a concorrência é a ação e reação que as organizações exercem

entre si ao defrontarem-se nos vários planos em que o mercado se faz presente (POSSAS,

1989).

A concorrência é um dos pilares da economia de mercado e também o melhor caminho

para a proteção dos agentes econômicos e da coletividade. Mas vale ressaltar que a concorrên-

cia deve ser tratada não só nos limites de cada Estado, mas também na esfera da internaciona-

lização dos mercados, inserida no processo de globalização econômica (SENHORAS, 2003).

De acordo com a visão neoclássica, a concorrência é um conjunto de condições – ato-

mismo de mercado, racionalidade otimizadora dos agentes, informação completa, ausência de

barreiras à entrada, homogeneidade dos produtos - que garante a ausência de cooperação entre

as firmas, o equilíbrio competitivo no mercado. Segundo SENHORAS (2003), concorrência,

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nesse sentido, é sinônimo de ausência de rivalidade, visto que as empresas não esperam que

suas ações influenciem as decisões das demais.

SENHORAS (2003) afirma que, na visão marxista, o que distribui a riqueza no capita-

lismo é a concorrência, processo por meio do qual cada agente busca as melhores condições

de atuação no mercado. Além disso, esses mesmos agentes interagindo em concorrência nos

mercados, acabam coordenando essa concorrência, no entanto, outras instituições como o Es-

tado acabam também desempenhando papéis nessa coordenação.

Passando à visão Neo-Schumpteriana, a essência da concorrência é a busca de lucros

superiores aos respectivos custos mediante geração contínua de inovações nos produtos e nos

processos produtivos. Essa constante inovação é fruto da concorrência e evolução do sistema

econômico, resultado da busca pelo aumento da eficiência. Para os neo-schumpterianos, a

grande empresa é necessária à promoção do progresso e a concorrência perfeita é impossível

(SENHORAS, 2003).

Surge então a questão da competitividade fruto dessa concorrência de mercado onde as

organizações disputam entre si, buscando maior eficiência em seus processos visando à obten-

ção de maior lucro e conseqüentemente à sobrevivência no mercado.

KUPFER (1992) cita HAGUENAUER (1989) que trabalha com duas vertentes quando

o assunto é competitividade:

Competitividade como desempenho: de alguma forma a competitividade é expressa

no market share alcançado por uma organização em um mercado em certo momento.

Competitividade como eficiência: nessa vertente, busca-se traduzir a competitividade

através da relação insumo-produto praticada pela organização, i.e., capacidade da empresa de

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converter insumos em produtos com o máximo de rendimento. A competitividade é então as-

sociada à capacidade de uma organização produzir com maior eficácia que a concorrência em

relação a certos aspectos como: preço, qualidade, tecnologia, produtividade.

Pode-se dizer que, onde há concorrência há competição. O resultado da concorrência

depende de vários fatores que cercam as empresas, fatores esses que se interagem em três di-

ferentes âmbitos: fatores sistêmicos que são aqueles não controlados pela firma, estruturais

que podem ou não ser controlados pela firma e fatores internos que são controláveis pela fir-

ma (SILVA, 2001).

Nesse contexto de concorrência e competitividade, as organizações que se destacam

em relação às outras, são aquelas que conseguem se adequar e as vezes até antever esses dife-

rentes fatores que incidem sobre elas. Dessa forma, conseguem utilizar seus recursos de ma-

neira mais eficiente, visando sempre obter o máximo de lucro.

Alguns fatores são essenciais para que as organizações garantam a sobrevivência no

mercado. PORTER (1980) divide alguns desses fatores em cinco vertentes: poder de negocia-

ção dos fornecedores, poder de negociação dos compradores, entrada de novos concorrentes,

rivalidade entre os concorrentes e ameaça de produtos substitutos. Afirma ainda que o enten-

dimento dessas vertentes possibilita, à organização, não só uma melhor defesa em relação aos

concorrentes como também a resposta às mudanças do ambiente de mercado de uma forma

mais eficiente.

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50

O modelo das cinco forças de Porter é assim ilustrado:

Figura 8 – As cinco forças de Porter

Fonte: PORTER (1980)

Esse esquema proposto por Porter relaciona a interação das cinco forças propostas por

ele no mercado de concorrência. Percebe-se que a interação dos diferentes fatores incide na

disputa do mercado, obrigando as organizações a se adequarem a ela.

No âmbito dos fornecedores, os que conseguirem insumos com preços competitivos e

com qualidade ou diferenciados num preço acessível tendem a ter vantagens. Já os comprado-

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51

res empurram o preço para baixo, o que provoca a diminuição da rentabilidade das empresas.

Há ainda a ameaça dos produtos substitutos, que acabam forçando as empresas ou a reduzirem

os preços, diminuindo os lucros, ou a buscarem novos produtos. A ameaça dos novos entran-

tes é inversamente proporcional à força das barreiras de entrada. E a rivalidade é a força mais

óbvia que pode ser compreendida de acordo com a política das organizações, seja ela no âmbi-

to de buscas por inovações, reduções de preços ou por novas ações de marketing. Enfim, essa

rivalidade é resultado da interação de todas as forças competitivas propostas (PORTER,

1980).

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52

3.2 - Alianças Estratégicas

Atualmente a alta competitividade do mundo empresarial faz com que empresas bus-

quem novas maneiras de expandirem seus negócios, visando sempre se manterem vivas e ati-

vas no mercado global. Muitas empresas acabam se voltando para as alianças estratégicas que

podem ter diferentes tipos de interação.

EIRIZ (2001) define assim os diferentes tipos de alianças estratégicas:

No Domínio Comercial

- Grupo de exportadores: Conjunto de empresas do mesmo sector que cooperam en-

tre si para desenvolvimento dos mercados externos. A cooperação dá-se em diferentes ativi-

dades: realização de estudos nos mercados externos, participação conjunta em feiras, publici-

dade, entre outras. Além das economias de escala desenvolvidas, uma das suas principais van-

tagens é a possibilidade do grupo poder oferecer uma gama de produtos mais larga.

- Acordo de distribuição: Estabelece-se geralmente entre uma empresa produtora de

bens finais e outra empresa que possui domínio ou presença nas redes de distribuição do pro-

duto ao consumidor final. Neste caso, o distribuidor acede ao produto do produtor e este acede

a um ou vários canais de distribuição.

- Acordo de representação: Verifica-se quando uma empresa se torna a representante

dos produtos e marcas da outra empresa para determinado mercado. O acordo de representa-

ção distingue-se da franquia porque envolve um menor nível de integração entre os aliados.

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53

Ou seja, ao contrário da franquia, o acordo de representação nem sempre obriga à exclusivi-

dade da marca e, por outro lado, pode incluir ou não a distribuição do produto.

- Central de compras: A aliança estratégica estabelece-se por forma a facilitar o aces-

so das empresas participantes aos seus inputs fundamentais. Por norma, as empresas são do

mesmo sector e possuem as mesmas necessidades de matéria-prima ou outras. Através da co-

operação na compra, elas podem desenvolver economias de escala e adquirir maior poder de

negociação junto dos fornecedores com repercussões não só em termos de preços, mas tam-

bém qualidade, condições de pagamento e condições de entrega.

- Franquia: Ocorre quando uma empresa (franqueador) concede a outra (franqueado)

o direito de explorar uma marca, produto ou técnica de sua propriedade num determinado

mercado mediante determinadas condições contratuais. Estas condições envolvem contrapar-

tidas financeiras e o cumprimento de procedimentos de gestão e políticas de marketing.

- Assistência comercial: Ocorre quando uma empresa estabelece um acordo no senti-

do de poder externalizar a definição e, sobretudo, a implementação das suas políticas de mar-

keting. Deste modo, a empresa concentra as suas competências noutras atividades, como, por

exemplo, a inovação tecnológica dos processos de produção e desenvolvimento de novos pro-

dutos, deixando ao parceiro a tomada de algumas decisões comerciais.

No Domínio Técnico/Produtivo

- Consórcio: Esta modalidade estabelece-se entre duas ou mais empresas que possuem

capacidades e competências susceptíveis de poderem ser complementadas no desenvolvimen-

to de um projeto técnico de grande envergadura e duração no tempo (por exemplo, construção

de uma auto-estrada ou ponte). O consórcio pode ou não manter-se para além da realização de

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54

um projeto. Muitas vezes, o sucesso de um projeto motiva os parceiros para novos projetos e

aprofundamento da relação.

- Formação e/ou assistência técnica: Ocorrem com maior freqüência em sectores em

que a base tecnológica é importante. Neste caso, estabelece-se um acordo entre duas ou mais

empresas através do qual poderão ser ultrapassadas determinadas lacunas tecnológicas. Essas

lacunas podem resultar da formação da mão-de-obra que não apresenta as qualificações e

competências desejáveis ou de dificuldades de desempenho no equipamento de produção ou

nos produtos.

- Subcontratação: É um tipo de aliança estratégica através do qual uma empresa (con-

tratante) subcontrata a outra (subcontratada) uma parte do seu processo de produção. Deste

modo, as operações desenvolvidas por cada um dos parceiros são diferentes.

- Acordo de produção conjunta: Verifica-se quando duas ou mais empresas produ-

zem conjuntamente os mesmos produtos para satisfazer necessidades de mercado às quais não

conseguiriam responder individualmente por falta de capacidade. Este tipo de aliança estraté-

gica distingue-se da subcontratação pelo fato das empresas desenvolverem as mesmas ativida-

des e, por isso, estarem presente na mesma fase do sistema de negócios. Ou seja, as operações

desenvolvidas pelos parceiros são iguais.

- Acordo de investigação e desenvolvimento: Verifica-se particularmente em secto-

res onde a atividade de investigação e desenvolvimento de novos produtos e processos assume

um peso muito importante. Essa importância é visível na elevada percentagem de custos totais

que são alocados à atividade de investigação e desenvolvimento. Esses custos são, sobretudo

custos fixos e, por isso, as empresas desenvolvem este tipo de alianças para poderem repartir

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os custos fixos. Por outro lado, podem desenvolver competências técnicas mais facilmente e

responder ao mercado mais adequada ou rapidamente com novos produtos.

- Licenciamento de patentes: Aliança estratégica através da qual uma empresa (con-

cessionária) concede a outra (licenciada) os direitos de exploração de uma patente, produto ou

processo de fabrico mediante uma compensação geralmente de caráter financeiro.

No Domínio Financeiro

- Aquisição de empresa: Ocorre quando uma empresa adquire uma posição majoritá-

ria no capital de outra empresa.

- Participação minoritária em empresa: Verifica-se quando uma empresa adquire

uma posição inferior a 50% do capital de outra empresa.

- Joint venture: Verifica-se quando duas ou mais empresas constituem uma nova en-

tidade. As joint ventures são alianças estratégicas do domínio financeiro porque, tratando-se

da constituição de uma nova entidade, envolvem, entre outros recursos, a alocação de capital

para a sua estrutura acionista. Contudo, o desenvolvimento deste tipo de aliança é bastante

comum para prosseguir objetivos comerciais ou de produção/técnicos.

- Fusão: Representa o grau máximo de integração de duas ou mais empresas que deci-

dem fundir as suas estruturas de capitais numa única entidade.

As alianças estratégicas constituem-se de um meio agressivo das empresas manterem

suas estratégias individuais, apesar dos recursos limitados em algumas áreas. Numa aliança

estratégica, as empresas cooperam em nome de suas necessidades mútuas e compartilham dos

riscos para alcançar um objetivo comum. Cabe ressaltar que não havendo objetivo mútuo, a

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aliança se torna debalde. Sem uma necessidade mútua as empresas podem ter o mesmo objeti-

vo, contudo cada uma pode atingi-lo sozinha. Se as empresas envolvidas no processo de ali-

ança não compartilharem de riscos significantes, não poderão esperar compromissos mútuos.

De acordo com LEWIS (1992), a necessidade mútua cria o compromisso, ou seja, as empresas

somente dividem riscos se necessitam uma da outra para atingir o mesmo objetivo (SANTOS,

1998).

Segundo HARBISON & PEKAR (1999):

“Por meio de uma aliança estratégica, as empresas podem selecionar, desenvolver e empregar capacidades essenciais que permitirão a cada uma obter vantagem competitiva, aumentar o valor ao cliente e direcionar mercados”.

Percebe-se assim uma vantagem competitiva que as empresas podem atingir através de

uma aliança estratégica, uma vez que adquirem mais informações e recursos. Conseguem as-

sim mais força no mercado já que aumentam a capacidade de investir em pesquisa e desen-

volvimento, novas tecnologias, antecipando-se à concorrência e reduzindo os custos. É neces-

sário que ocorra uma troca intensa de experiências, objetivos e necessidades para criar-se um

ambiente mútuo de aprendizado e resultados.

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CAPÍTULO 4 - “ESTUDO DE CASO”

4.1 - Apresentação das Empresas

Esse estudo de caso tem o objetivo de mostrar uma possível forma de interação entre

empresas do Brasil e China. Como a confidência dos dados foi solicitada, as duas empresas

em estudo serão chamadas neste trabalho de Empresa X e Empresa Y.

A Empresa X estudada possui sede brasileira em Limeira e a matriz da corporação tem

sede nos EUA, possui ao todo mais de 66000 funcionários ao redor do mundo e mais de 200

plantas espalhadas em 27 países. É uma das líderes no mercado atuando no segmento de segu-

rança automotiva e fabrica diversos produtos de sistemas de freios, direção e suspensão, além

de airbags, volantes de direção, cintos de segurança, válvulas de motores, componentes ele-

trônicos entre outros, atuando também no mercado de reposição.

No Brasil a empresa possui cerca de 5200 funcionários espalhados por seis plantas e

duas joint ventures. O estudo foi realizado com base na atuação da planta de Limeira – SP,

fornecedora de autopeças presente na maioria dos veículos das grandes montadoras de como

Fiat, Volkswagen, PSA, Honda, General Motors, Toyota entre outras. Atua no mercado inter-

no e externo e também na reposição.

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A Empresa Y é fornecedora de autopeças de sistemas de freio, fabricante de cilindros

de roda, cilindros mestre de freio, cilindros mestre de embreagens entre outros. Possui sede no

Taiwan e fornece para montadoras regionais e também para o mercado de reposição.

4.2 - Estudo do Projeto

O estudo foi realizado com base em cinco produtos da família de cilindros hidráulicos,

três cilindros de roda e dois cilindros mestres de embreagem. A pedido das empresas envolvi-

das, os part numbers dos produtos não serão revelados e, portanto, as peças serão chamadas

no estudo de peças A, B, C, D e E. Além disso, os custos e preços aqui revelados são fictícios

para que não se revele a política comercial das empresas envolvidas.

Segue abaixo uma tabela que representa um pequeno resumo do estudo do projeto, a

versão completa do estudo pode ser vista no anexo do trabalho.

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Tabela 9 – Informações Sobre o Estudo de Caso

# Produto Linha Família Aplicação Custo Atual

(1) Fonte

Custo Novo (2)

Dif. Custo

(3)

Margem Lucro

Atual (4)

Novo Preço Empresa X

(5)

Preço Con-corrente (6)

EmpresaX x

Concorren-te (7)

1 A Brakes Cilindro Embrea-gem

Ford Cargo R$ 3,70 China R$ 1,86 -49,8% 28,5% R$ 2,59 R$ 3,60 -28%

2 B Brakes Cilindro Embrea-gem

MB 1625 LS R$ 2,39 China R$ 1,80 -24,8% 34,0% R$ 2,73 R$ 3,31 -18%

3 C Brakes Cilindro de Roda VW Kombi R$ 1,33 China R$ 0,74 -44,4% 19,5% R$ 0,92 R$ 1,25 -26% 4 D Brakes Cilindro de Roda Ford Escort GL R$ 1,04 China R$ 0,71 -31,7% 28,4% R$ 0,99 R$ 1,24 -20% 5 E Brakes Cilindro de Roda GM Celta R$ 1,00 China R$ 0,62 -38,1% 56,7% R$ 1,43 R$ 1,97 -27% Média -38% 33% Média -24%

Fonte: Elaboração própria do autor com base nas informações adquiridas junto às empresas envolvidas.

Legenda: (1) – custo atual da Empresa X;

(2) - custo da Empresa X junto a Empresa Y;

(3) – diferença entre o custo atual com o custo novo;

(4) – margem de lucro atual da Empresa X;

(5) – novo preço de venda da Empresa X;

(6) – preço de venda do principal concorrente da Empresa X;

(7) – diferença entre o novo preço de venda da Empresa X com o preço do prin-cipal concorrente.

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4.3 - Impactos do projeto

Através da análise do estudo, percebe-se que realmente os produtos fornecidos pela

Empresa Y chegam ao mercado brasileiro com um preço bastante competitivo, visto que, em

comparação aos principais concorrentes da Empresa X o preço de mercado chega a ser em

média 24% mais barato. Além disso, o estudo feito em cima desses cinco produtos mostra que

a Empresa X atinge uma redução de custo, em média, de aproximadamente 38%, o que possi-

bilita a ela uma grande vantagem estratégica, podendo trabalhar com uma política comercial

mais agressiva, obtendo assim um maior lucro.

Em relação à Empresa Y, ela por si só não conseguiria entrar no mercado brasileiro

sozinha por não ter informações suficientes nem contatos que a possibilitassem tal estratégia

de atuação. Além disso, mesmo que tivesse condições, não teria o alcance de mercado que a

marca da Empresa X possui.

Vale ressaltar que problemas de intercambiabilidade dos produtos importados em rela-

ção aos produtos nacionais, problemas técnicos de características dimensionais ou funcionais,

enfim, problemas de qualidade em geral são analisados previamente e todos os testes necessá-

rios são realizados para garantir não só a imagem das empresas como também a segurança do

usuário final dos produtos.

Analisando dessa forma, percebe-se que a parceria de produção conjunta realizada en-

tre as empresas acaba sendo vantajosa para ambas as partes.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nos três países analisados no trabalho, em relação ao Aftermarket automotivo, perce-

be-se um grande crescimento da economia deste setor. Com a melhora da economia dos paí-

ses, cresce cada vez mais o consumo de veículos automotores e a produção tanto de automó-

veis quanto de autopeças está crescendo acentuadamente. Um veículo automotor necessita de

manutenção de reposição após dois ou três anos de uso. Nos últimos anos a frota circulante

dos três países têm cresceu rapidamente o que fornece a idéia de que o setor ainda tem muito

potencial de mercado em todos os países em questão.

Levando-se em consideração todo o levantamento de informações tanto teóricas quan-

to as extraídas do estudo de caso realizado, percebe-se que realmente, os produtos automoti-

vos asiáticos, principalmente os chineses, conseguem entrar no Brasil com um preço muito

competitivo.

Esse baixo custo de produção é resultado principalmente da abundância de mão-de-

obra nos países estudados, principalmente na China, onde os produtos são produzidos a um

custo muito inferior do que a média global, não só no setor automotivo, mas em todas as áreas

da economia. Mas tudo tem seu preço e esses produtos com baixo custo, salvo algumas exce-

ções, muitas vezes deixam a desejar na questão da qualidade.

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Apesar de alguns empecilhos na questão da qualidade dos produtos, muitos deles já es-

tão sendo comercializados no Brasil. Muitos consumidores finais, aplicadores e mecânicos

ainda duvidam da qualidade das autopeças chinesas, apesar das mesmas estarem começando a

ter grande saída no mercado. Percebe-se assim que os produtos asiáticos oferecem uma amea-

ça às autopeças nacionais, principalmente em relação a diferença de preços de venda ao con-

sumidor final.

Portanto, tendo como base o estudo dos mercados e indústrias automotivas de Brasil,

China e Índia, percebe-se que, uma boa saída para as empresas brasileiras do ramo é a aliança

estratégica com empresas de Índia ou China, na busca de manter e/ou aumentar a fatia de mer-

cado já conquistada e também tentar potencializar as vendas através de parcerias, atuando no

mercado nacional com produtos mais competitivos, mas sempre assegurando a qualidade dos

produtos uma vez que peças automotivas sempre estão, de maneira direta ou indireta, ligados

à segurança e à vida dos consumidores finais.

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