run my little bride

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Run my little Bride! O som da marcha nupcial cessou o vozerio dentro da nave da igreja e respirei fundo, ajeitei a saia longa do vestido e colocando o buquê na posição correta coloquei um sorriso no rosto e testei dar um passo à frente; uma mão enluvada se colocou embaixo da minha e sorri ao olhar para Kyu Hon Ji, que me exibia um sorriso confiante ao mesmo tempo em que olhava para frente. -Os noivos, por favor, entrem... – ouvimos o mestre de cerimônias falar e contando juntos até três começamos a andar, colocando os passos no mesmo ritmo que o outro, os aplausos começaram assim que fomos avistados e coloquei um sorriso maior no rosto ao ver todos ali presenciando aquele momento. “Você não deveria estar fazendo isso.” Uma voz me provocava com essas palavras a todo momento, franzi um pouco a sobrancelha tentando ignorar aquilo, mas a voz teimosa me acompanhou até o altar. Pouco antes de subirmos para o pequeno palco postado em frente ao pastor olhei para meus pais, eles sorriam emocionados ao me ver ali vestida de branco e pronta pra dizer sim.

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Page 1: Run my little bride

Run my little Bride!

O som da marcha nupcial cessou o vozerio dentro da nave da igreja e

respirei fundo, ajeitei a saia longa do vestido e colocando o buquê na

posição correta coloquei um sorriso no rosto e testei dar um passo à

frente; uma mão enluvada se colocou embaixo da minha e sorri ao olhar

para Kyu Hon Ji, que me exibia um sorriso confiante ao mesmo tempo em

que olhava para frente.

-Os noivos, por favor, entrem... – ouvimos o mestre de cerimônias falar e

contando juntos até três começamos a andar, colocando os passos no

mesmo ritmo que o outro, os aplausos começaram assim que fomos

avistados e coloquei um sorriso maior no rosto ao ver todos ali

presenciando aquele momento.

“Você não deveria estar fazendo isso.” Uma voz me provocava com essas

palavras a todo momento, franzi um pouco a sobrancelha tentando

ignorar aquilo, mas a voz teimosa me acompanhou até o altar. Pouco

antes de subirmos para o pequeno palco postado em frente ao pastor

olhei para meus pais, eles sorriam emocionados ao me ver ali vestida de

branco e pronta pra dizer sim.

Page 2: Run my little bride

“Ainda dá tempo de sair correndo sabe? Ou finge um desmaio... algo

assim. Seria épico e todos iriam entender depois” a voz continuava me

provocando e fiz mais uma careta com aquilo,respirei fundo e tentei me

concentrar na voz do pastor, que falava com entusiasmo sobre amor,

compromisso e educação dos futuros filhos.

Foi então que ele fez a pergunta cabal.

Você o aceita como seu marido, para amar, respeitar e cuidar até que a

morte os separe?

Abri a boca para responder, mas me senti incapaz de dizer a simples

palavra imediatamente, respirei fundo e olhei com firmeza para o pastor.

-Eu... – comecei, mas fui interrompida.

-Antes de ela responder, eu queria falar algo... – Hon Ji se mostrava

nervoso e parecia mais pálido que o normal. – eu.. eu sinto muito...

-Você está querendo dizer...? – perguntei com um tom de suspeita na voz.

-Sim, é isso... eu não posso me casar. Não ainda. Me desculpe... – ele olhou

pra mim com medo da minha reação, que geralmente não era boa, mas

agora podia estar pior do que em qualquer outro momento. – me

desculpe.

Olhando mais uma vez pra ele, me virei para a multidão e dei um sorriso

educado.

-Bem senhoras e senhores, é isso. Ele não pode se casar e eu não quero

também. – falei e pude ouvir os sons de surpresa e olhos arregalados,

com o canto dos olhos vi a mãe do noivo desmaiar e minha mãe seguir o

mesmo caminho. – agradeço por terem vindo e boa volta para casa. Pode

deixar que eu me viro com a bebida, o bolo e os doces.

Após desencorajar todos de ao menos sonhar com meus bolos e doces, me

virei para o noivo - Hon Ji – que me olhava com medo, mas ainda

permanecia corajosamente lá. Dei um passo à frente e ergui meu véu

para que ele visse minha expressão calma, me erguendo na ponta dos pés

Page 3: Run my little bride

deixei meus lábios tocarem a bochecha macia dele e depositei um beijo

delicado ali.

Quando me afastei ele sorriu pra mim e parecia menos pálido, sorri pra

ele e ergui a mão para acariciar seu rosto ao mesmo tempo em que meu

joelho esquerdo se erguia sob a saia longa e eu acertava o pequeno

companheiro de viagem dele. O salão se encheu novamente de sons

horrorizados assim que o noivo desabou ao meu lado e continuei com

minha expressão calma vendo os amigos dele correndo para ajudar o ser

que rolava no chão indo de um lado para o outro, suspirando segurei a

ponta do vestido e levantei um pouco, para que ficasse fácil para que eu

andasse.

Então calmamente fui andando ao longo da nave, com o vestido erguido

um pouco acima do chão, fui andando sentindo que tudo ao meu redor

andava mais devagar, as pessoas me olhando algumas com olhar de

pena, outras divertidas e outras ainda admiradas...

Assim que sai daquele lugar parei perto da calçada e respirei fundo

sentindo o ar mais leve penetrando em meus pulmões e me livrando dos

pedaços de angústia e tristeza que eu sentia. Olhei para a faixa de

pedestres mais a frente e comecei a andar até lá, notei que um taxi me

acompanhava durante toda a caminhada, virei um pouco a cabeça para

olhar mas continuei andando como se não fosse estranho eu estar

parecendo um bolo de casamento andando na calçada como se nada

estivesse acontecido de estranho.

-Com licença...? – ouvi uma voz hesitante falar comigo e me dignei a

apenas olhar brevemente a pessoa, um homem que falava comigo

enquanto estava sentado no banco de trás do carro. – posso te ajudar?

-Me deixando sozinha já é um grande bem que me faz... – respondi de má

vontade e continuei andando, mas o carro não parou de me seguir. –

escuta aqui, eu pareço estar precisando de ajuda ou algo assim?

-Calma moça... – o homem no banco de trás falou erguendo as mãos em

sinal de rendição. Em seguida ele saiu do carro e parou a minha frente –

Page 4: Run my little bride

só pensei que você parece um tanto calma demais... está indo para seu

casamento?

-Estou voltando dele – continuei andando enquanto falava, se o cara

estivesse tão interessado ele andaria ao meu lado e foi isso que ele

acabou fazendo. – meu noivo fugiu com a dama de honra.

-Sério? – olhei para os olhos escuros arregalados e o queixo dele quase

rolando pela rua e sorri.

-Não, brincadeira. – ri mais alto e maleficamente – no momento ele está

rolando pelo piso da igreja pensando se vai ter filhos um dia.

-Você quer dizer...? – ele fez cara de dor e diminuiu os passos.

-Sim, foi algo bem do tipo que você está pensando... – sorri meio sem

humor e olhei pra ele. – olha, foi até bom conversar com você mas agora

vou indo okay? Preciso chegar em casa e ficar um tempo sozinha.

-Quer carona? – ele apontou para o taxi que nos seguia, aparentemente o

homem tinha pedido para que o motorista o esperasse. – ele pode te levar

a qualquer lugar...

-Acho que vou aceitar, já basta de chamar a atenção parecendo um bolo

super confeitado no meio da rua... – dei de ombros e entrei no taxi, mal

registrando que o homem entrou também e sentou-se ao meu lado após

afastar grande parte da saia para o lado.

Dei o endereço da minha nova casa e fomos em silêncio até lá, em poucos

minutos chegávamos em frente a um prédio altíssimo e moderno, o

homem me ajudou a sair do carro e segurou minha mão até a entrada do

prédio, depois me surpreendendo ele roçou os lábios em meus dedos de

leve e sorriu pra mim.

-Obrigado... pela carona. – falei baixo e continuei olhando para ele.

-Imagina... você vai ficar bem? – o olhar dele mostrava preocupação e de

algum jeito em sentia dentro de mim que era sincera.

Page 5: Run my little bride

-Vou sim... – sorri de dei de ombros – é lógico que em algum momento

vou chorar, querer quebrar as coisas ou ligar para meu ex-noivo e xingá-

lo até a morte, mas no fim vou ficar melhor do que antes...

-Okay então.... – ele sorriu como que para me dar coragem e deu um

passo atrás. – foi um prazer poder te ajudar...?

-Claudia. – entendi a diretíssima e falei meu nome.

-JunSu. – ele disse o nome dele em resposta e depois sorriu – até qualquer

dia desses Claudia.

-Até JunSu... – falei e acenei brevemente para em seguida ir para dentro.

Não olhei sequer uma vez para trás.

9 meses depois...

-Claudia! Eu não acredito que você está terminando comigo por algo tão

banal quanto isso! E o nosso amor é o quê pra você? Lixo?

Bip.

Suspirei de olhos fechados e continuei deitada no sofá enquanto

balançava os pés de forma leve e ritmada, mais um namoro terminado. E

esse também acabou por um modo também simples.

Ele tinha pela primeira vez me deixado pra sair com os amigos no fim de

semana. É, eu podia ser intolerante as vezes...

18 meses depois...

-Hey gata... você ficou de me ligar pra gente marcar um terceiro

encontro mas já faz um mês que isso aconteceu... queria saber se eu não

te atraio mais? A gente parecia estar se dando bem não é? Me liga...

Page 6: Run my little bride

Bip.

23 meses depois...

-Hey Clau! Tenho um amigo novo pra te apresentar! Você vai adorá-lo

com certeza... ele é um pouco diferente do que você está acostumada,

mas certeza que vocês vão se dar bem okay? Te encontro na faculdade.

Bip.

Apertei o botão para deletar a mensagem e me joguei em seguida no sofá

ali perto, suspirei ao sentir a maciez do tecido e olhei para o teto da sala.

Eram exatas uma da manhã e eu havia acabado de chegar em casa, me

levantei do sofá com um tanto de dificuldade, andando devagar fui me

jogar na cama em meu quarto, o banho eu tomaria quando acordasse...

O barulho horrível e alto do despertador me acordou e me forcei a

levantar, hoje não poderia faltar nas atividades da faculdade, estava no

ultimo ano e qualquer assunto perdido poderia ser a peça que eu

precisaria para passar com louvor (todos morrem).

Apliquei bastante maquiagem para disfarçar meus olhos inchados de

sono, coloquei um vestido leve e calcei chinelos de dedo, amarrei o cabelo

em um coque desajeitado, peguei a bolsa e sai do apartamento. Pra não

me atrasar acabei pegando um taxi na grande avenida duas ruas acima

e minutos depois chegavam em frente ao grande campus da faculdade.

Com os ouvidos ocupados pelos fones foi preciso uma aproximação mais

violenta sobre mim e tudo graças aos meus dois lindos amigos com quem

eu estudava, uma garota mais branca que um papel – ela era

praticamente albina – de cabelos ruivos e olhos cor de mel, baixinha

estava acompanhada de um rapaz alto, de cabelos e olhos escuros

enquanto a pele cor de oliva e o queixo proeminente não negavam sua

origem árabe.

Page 7: Run my little bride

-E começou a operação “Vamos fazer do dia da Claudia uma droga”, bom

dia para vocês também... – falei fazendo um muxoxo assim que tive meu

cabelo arrumado por minha atenciosa amiga.

-E começou o drama isso sim, vamos lá que hoje temos palestra. – tive

meu braço segurado pelo moreno que ficou no meio enquanto nós duas

andávamos lado a lado com ele. – apressem esses passos minhas caras

damas...

Chegamos na sala de aula antes do professor entrar e nos sentamos nas

cadeiras na parte superior da sala, abri meu livro assim que a palestra

começou e dediquei minha atenção em descobrir qual era o mistério que

o personagem principal escondia; estava concentrada quando vi um

bilhete passando pra mim, o peguei e li rapidamente olhando curiosa

para o casal ao meu lado. Sim eles eram um casal muito engraçado:

Luane, da África do Sul e Kaled de um pequeno principado no Oriente

Médio, quem olhasse de fora veriam aquele pequeno caldeirão

multicultural que os dois eram e achariam no mínimo curioso a sincronia

entre eles, curiosamente quem olhasse de perto como eu também veriam

a mesma coisa.

-Um almoço pra conhecer um cara? Estão malucos? – perguntei quase

sussurrando mas tentando colocar minha indignação mesmo assim.

-É só um almoço Clau, o cara não vai querer você como sobremesa

entende? Te falei que ele é diferente dos tipinhos com quem você está

acostumada... – Luane respondeu parecendo ofendida e fiz um som de

desdém.

-Escuta aqui... – comecei mas fui interrompida pelo professor.

-Senhorita Claudia, você se importa em partilhar com a turma qual o

tema da sua conversa? – olhei para o professor que sempre me pareceu

um tanto arrogante e sorri.

-Bom, eu estava discutindo aqui sobre a possibilidade de conhecer um

cara legal pra casar. Segundo esses dois – apontei para Kaled e Luane –

aparentemente marcaram um encontro pra mim hoje, só que na hora do

almoço. O que você acha?

Page 8: Run my little bride

A sala ficou em silêncio e o professor olhou pra mim incrédulo ao mesmo

tempo em que minha amiga gemia baixinho, fingi que não vi e continuei

olhando para o professor.

-Bom... – ele parecia realmente estar pensando na ideia um tanto

inusitada e na hora quase ouvi o barulho de queixos caindo ao chão, pelo

menos da metade de alunos que ouvia aquela palestra “tão’ interessante’

– talvez você deva se dar uma chance não é? – então ele olhou sério pra

mim – desde que aquele cara que você nem conhece não atrapalhe mais

minha aula...

-Prometo! – sorri pra ele e pisquei enquanto o senhor grisalho que dava a

aula sorriu e se virou para o quadro, passando a copiar alguns tópicos.

Olhei pro lado e vi o casal 20 me olhando incrédulos, mas sabia que o que

mais assustou eles foi a atitude do professor.

-Quando acho que nada de surpreendente pode acontecer você me

aparece com essa Clau! – Kaled comentou e apenas sorri em resposta,

pelo menos com a ‘sugestão’ do professor eles iam me deixar em paz até

o resto da aula.

Assim que acabou fui cercada pelos dois, que em poucos minutos me

passaram a ficha completa do pretendente que tinham intenção de me

fazer cair de amores pelo resto da vida, Luane tratou de se trancar no

banheiro comigo e meio que a força esfregou um algodão com

demaquilante em todo meu rosto, aplicando uma nova maquiagem em

seguida; com as pálpebras delicadamente delineadas por uma linha

verde clara, nos cílios máscara também verde mas de um tom mais

escuro, nos lábios um batom nude e então meu cabelo preso com um

pequeno topete que o deixava estiloso ao mesmo tempo em que

organizado. Também surgido de não sei onde Luane colocou um pedaço

de fita verde acinturando meu vestido branco gelo, combinando assim a

produção em branco e verde com minha sapatilha de veludo verde,

quando a transformação terminou fiquei me avaliando no espelho por

alguns momentos, sorrindo ao ver que realmente aqueles dois estavam

dispostos a voltar para os trilhos rapidamente, já que desde que minha

cerimônia de casamento não dera certo eu só saíra com os tipos errados

Page 9: Run my little bride

para mim, terminando com eles em momentos inconvenientes e claro,

prematuros.

-Pronto, agora sim... – Kaled falou assim que saímos do banheiro, ele

sorria enquanto retirava as mãos do bolso e retirava de lá uma pequena

caixa preta de veludo, o olhei desconfiada quando vi a caixinha que ele

me estendia e com minha falta de reação meu amigo simplesmente bufou

e segurando meu braço esquerdo abriu a caixa, em segundos uma

delicada pulseira de prata era fechada em meu pulso, pequenos

pingentes caiam dela e parei para admirar o presente, um sorriso

encantado em meu rosto.

-Oh meu Deus, que linda! – falei olhando com atenção para a pulseira até

que senti algo frio em meu colo e faltei dar um pulo, um colar com uma

fina corrente fazia par com a pulseira havia sido colocado em meu

pescoço, olhei no espelho arregalando os olhos ao ver uma esmeralda

esculpida como pingente, descansando pouco acima do decote do vestido.

-Gente, mas para quê tudo isso? Será só um almoço! – falei chocada e os

dois sorriram pra mim como se eu não tivesse dito nada.

-Queremos você linda para hoje, não parece claro? – Kaled respondeu

abraçando a namorada pelos ombros, ele sorria parecendo um pai

orgulhoso vendo a filha vestida para o baile de formatura.

-Vocês estão me assustando sabia? – falei tocando o pingente com a

ponta dos dedos. – um conjunto de semi-jóias para um almoço com um

desconhecido? Ora, vamos lá!

-Fique calada, não reclame de nada e vá já para seu almoço mocinha. –

minha amiga respondeu e fiz uma careta antes de balançar a cabeça

derrotada.

Me despedi deles e fui pegar um taxi para atravessar alguns quarteirões

até o restaurante onde o encontro estava marcado, como era perto eu

preferia ir andando mas como sempre a dupla do amor me proibiu. Você

deve parecer fresca e leve quando chegar lá e não esbaforida e

descabelada com o vento que vai pegar até chegar lá a pé, foi isso que

uma ultrajada Luane me respondeu quando sugeri a possibilidade de

Page 10: Run my little bride

poupar a grana do taxi. Quando o carro parou em frente ao restaurante

paguei a corrida e desci ajeitando disfarcadamente a saia do vestido não

querendo que estivesse amassada, ajustando a bolsa branca no ombro

entrei no recinto procurando a tal mesa de canto que haviam reservado

para o encontro, uma das atendentes me ajudou a chegar até a mesa e

anunciou com um sorriso que o outro ocupante da mesa já chegara, mas

que fora atender a um telefonema.

-Tudo bem, eu espero aqui. – respondi com um sorriso e bebi um pouco

da água, dispensando assim de modo educado a mulher. Quando fiquei

sozinha olhei para o ambiente do lado de fora que a grande janela de

vidro ao meu lado exibia, desejava muito não estar ali mas sim em casa

vendo TV ou dormindo.

-Desculpe a demora... – me virei lentamente ao ouvir a voz que falava

comigo, o coração batia forte a lembrança daquela mesma voz que eu

ouvira a vários meses atrás. Meus olhos passeavam observando cada

detalhe daquele rosto que era meu companheiro de sonhos desde o dia

do meu não-casamento. – olá Claudia.

-JunSu... – falei em tom baixo olhando nos olhos dele, observei com

atenção enquanto ele sorria pra mim e se sentava na cadeira a minha

frente, o jeito despreocupado dele me deixava alerta, meus olhos não

deixavam sequer uma expressão escapar.

-Você parece realmente surpresa. – JunSu comentou me avaliando

também e balancei a cabeça, ainda controlando a vontade de deixar meu

queixo cair com a surpresa.

-Ah... – me recuperei um bocado e tentei com todas as forças recuperar

meu jeito descontraído de sempre. – digamos que meus padrinhos não

me contaram absolutamente nada sobre esse almoço, apenas disseram

que eu tinha que vir. Como pode ver, se não houvesse sol hoje eu estaria

cega mesmo sabe?

Rimos juntos e em seguida apareceram com o cardápio, acabamos por

decidir juntos e pedi frango grelhado enquanto JunSu escolheu um filé

Page 11: Run my little bride

mignon ao molho madeira, quando o garçom se afastou ele sorriu pra

mim, um sorriso suspeito e muito curioso.

-Então Claudia... – observei JunSu por cima da borda do copo de cristal

que eu tinha nas mãos. – eu só sei isso sobre você, seu primeiro nome.

-Então estamos quites. – comentei piscando brincalhona. – Choi Claudia,

encantada em te conhecer formalmente.

-Kim JunSu – ele piscou pra mim e sorriu. – finalmente sei mais que o seu

primeiro nome.

-Como se esse tempo todo você tivesse ficado curioso... – comentei

fazendo uma careta e JunSu ficou calado, apenas um pequeno sorriso

estava nos lábios dele, endireitei a coluna o olhando curiosa. – ou será

que...?

-Sim, eu fiquei curioso... – ele respondeu, os olhos revelando a verdade. –

mas considerando toda a situação eu preferi não insistir.

-Hm... – não respondi, mas por dentro o coração palpitava com a

informação.

Nossos pedidos chegaram e comemos em meio a um silêncio confortável,

fazendo um comentário aqui e ali, o clima estava confortável e eu me via

a cada momento querendo que aquele almoço durasse mais e mais; a

sobremesa, petit gateau com sorvete de menta e cobertura de caramelo,

chegou e comi sentindo um gosto de tristeza por saber que mais alguns

minutos e já estaríamos cada um seguindo seu caminho. Eu sabia disso

porque tinha uma única certeza em toda minha vida sobre aquele

momento: JunSu era encantadoramente perigoso, a qualquer momento

eu poderia me apaixonar por ele e então eu realmente estaria perdida

para sempre.

-Tem algo da faculdade pra fazer hoje a tarde? – virei a cabeça para

olhar JunSu, atrás dele estava a rua que aparecia naquele momento em

que havíamos saído do restaurante, pensei com cuidado sem deixar que

minha expressão revelasse absolutamente nada.

Page 12: Run my little bride

-Um trabalho para essa semana, desculpe. – falei erguendo os ombros em

um pedido de desculpas, olhando curiosa quando ele sorriu brevemente

antes de acenar com a cabeça.

-Tudo bem então, posso pegar seu telefone pra ligar e marcar algo pro

final de semana? – não pude resistir a esse pedido e pegando um cartão

da carteira entreguei a ele, que observou o cartão por breves momentos

e então o colocou no bolso me dando mais um daqueles sorrisos. – entro

em contato, prometo não te atrapalhar nas suas atividades da faculdade

ou do trabalho.

-Agradecida. – respondi com um sorriso involuntário, olhei brevemente

no visor do celular, conferindo as horas. – bom, agora tenho que ir

terminar aquele trabalho.

-Tudo bem. – JunSu se aproximou e fez um carinho leve em meu rosto, se

afastando em seguida. – foi um prazer rever você Claudia, é bom pensar

que agora seu sobrenome.

-Bobo... – respondi corando um pouco e dando graças a Deus por minha

pele ser morena e não aparentar meu rubor. – foi bom te ver também.

Nos despedimos e peguei um taxi em frente ao restaurante, cheguei em

casa desligando o celular imediatamente já sabendo que seria

bombardeada de perguntas tão logo alguém entrasse em contato com

JunSu e ele contasse que cada um já havia ido para um lado, com um

gemido me joguei na cama e levei as mãos aos cabelos para bagunça-los

com força, a cabeça me lançando vários pensamentos ao mesmo tempo.

Ergui a cabeça assustada olhando o relógio, constatando que já eram

cinco da tarde e que eu havia dormido antes que me desse conta daquilo,

minha roupa estava completamente amassada mas a maquiagem estava

intacta graças aos produtos caros que haviam sido passados em toda a

extensão de meu rosto.

Troquei de roupa, colocando um short preto não muito comprido, uma

blusa folgada e larga que cobria praticamente todo o short, amarrei o

cabelo em um coque frouxo e fui ao mercado mais próximo comprar

bobagens para comer durante o jantar, tinha deixado o celular em casa

Page 13: Run my little bride

ainda desligado já que tentava com todo o afinco não falar com Luane ou

Kaled; foi somente quando passei pelo hall do prédio onde morava que

me dei conta da atitude de JunSu, corei ao meu dar conta de que ele

apenas lançara a desculpa e a agarrei sem sequer perceber, por isso ele

sorrira. Chateada comigo mesma sai para a rua, andando de modo

automático até o mercado na rua próxima, assim que entrei peguei um

dos pequenos carrinhos e comecei preparar os ingredientes da gordice

em massa que eu iria patrocinar na hora do jantar, estava totalmente

concentrada em escolher apenas um sabor de sorvete quando senti um

toque em meu ombro, olhei curiosa para trás sentindo o pote de sorvete

praticamente congelar minhas mãos.

-Oi Claudia. – JunSu estava a minha frente, ele mesmo com o carrinho

cheio de praticamente tudo que eu também havia comprado, um sorriso

leve sempre parecia brincar em seus lábios. – que coincidência!

-Ah, oi... – falei dividida entre estar surpresa e sem graça – não é? Que

lugar estranho para que a gente se encontre...

-Verdade, mas moro aqui perto então... – JunSu não falou nada, ficando a

me esperar falar, nos olhos dele brilhavam alguma coisa e por isso

mesmo evitei olhar naquelas íris.

-Vim andar um pouco pelo bairro – expliquei soltando devagar o pote de

sorvete e movimentando os dedos quase criogenizados. – moro por esses

lados também e aproveitei que o mercado era perto pra comprar

besteiras.

-Conseguiu terminar seu trabalho da faculdade? – ele perguntou e olhei

para o além antes de responder com um aceno de cabeça – isso é bom

então.

-Sim, menos um na lista. – comentei com um sorriso amarelo e voltei a

olhar para o sorvete.

-Já está terminando suas compras? – JunSu me olhava com curiosidade

enquanto perguntava, assenti devagar. – ah, então posso te

acompanhar?

Page 14: Run my little bride

-Claro! – sorri e me voltei para pegar o pote de sorvete de flocos e outro

de frutas. – só mais isso e já vamos indo para o caixa.

-Okay, sem pressa... – foi a resposta que recebi.

Em alguns minutos chegamos a entrada do mercado, cada um com suas

sacolas – JunSu com algumas minhas, depois de muito insistir – fomos

andando até a faixa de pedestres onde era o local mais seguro para

atravessar naquela avenida tão movimentada, quando atravessamos

olhamos cada um para um lado.

-Eu moro para a esquerda. – apontei e JunSu balançou a cabeça

enquanto concordava e em silêncio fomos naquela direção – você

também mora pra esse lado?

-Te acompanho até sua casa... – a resposta dele não foi bem uma

resposta mas acabei aceitando mesmo assim, em minutos já estávamos

entrando na rua de minha casa, os postes iluminavam bastante a rua e

algumas crianças corriam enquanto brincavam no meio da rua. – olha,

uma rua sem saída... a tempos que não vejo nenhuma nessa cidade tão

grande.

-É realmente rara. – falei sorrindo olhando ao redor – eu gostei daqui

desde a primeira vez que vim olhar alguma casa por aqui.

-E aquele apartamento? – JunSu perguntei e não precisei pedir

esclarecimentos sobre o que ele falava.

-Vendi, meu noivo acabou não querendo nenhuma parte do dinheiro e

nem da venda dos moveis... – um sorriso nada feliz permeou em meus

lábios por alguns momentos ao lembrar que Hon Gi nunca mais quisera

entrar em contato comigo senão através de advogados e depois de todo o

papelão ele mesmo não quisera pegar nada de volta, deixando as coisas e

sua parte no apartamento como uma espécie de consolo pelo casamento

não realizado. – com o valor comprei essa casa e a mobiliei inteira, além

de investir um pouco em algumas outras coisas.

Page 15: Run my little bride

-Pelo menos não saiu por baixo não é? – observei JunSu que claramente

sabia que eu não queria ouvir um ‘sinto muito’ ou algo do tipo sobre

aquele assunto.

-Verdade, eu diria que sai rica. – sorri de verdade e apontei para a casa

no fim da rua. – eu moro ali, bem na casa que fecha a rua.

-Bem a sua cara mesmo. – ele desdenhou de brincadeira e sorri achando-

o um bobo.

Como estava cedo ainda, acabei convidando JunSu pra entrar, depois de

conversar sobre bobagens e após mostrar a casa para ele fomos pra

cozinha preparar algo para o jantar, eram poucos minutos depois das

sete da noite quando estávamos sentados a mesa da cozinha comendo

macarrão com molho a bolonhesa e um copo de refrigerante cada um.

Quando terminamos deixei as louças dentro da pia e fomos pra sala

descobrir o que estava passando na TV, apesar do temor inicial acabei

descobrindo o quanto era agradável e fácil conversar com JunSu,

finalmente achamos um filme que os dois não haviam assistido e fui fazer

pipoca no intervalo enquanto JunSu pegava as latas de refrigerante.

-Okay, que bosta de final foi esse? – perguntei novamente em menos de

cinco minutos, estávamos sentados em um sofá de palha colocado na

varanda de minha casa, observávamos as crianças brincando de futebol

na rua enquanto as meninas pulavam corda mais adiante. – não acredito

que perdi pelo menos uma hora e meia da minha vida vendo aquilo pra

terminar daquele jeito!

-Acontece... – JunSu se recostou no sofá e fechou os olhos – se formos

pensar na pipoca ficaremos mais tristes, então só vamos deixar pra lá.

-Boa decisão - falei dando risada.

Voltamos a conversar sobre outras coisas, parando em alguns momentos

apenas para observar as crianças que corriam ou só para ouvir os

barulhos da noite mesmo, já eram quase dez da noite quando JunSu se

levantou anunciando que precisava ir para casa. Tentei não me mostrar

decepcionada e no fim ele só saiu de lá com o número do meu telefone

marcado na agenda do celular e com todas as sacolas dele, o acompanhei

Page 16: Run my little bride

até o fim da rua e voltei sob os olhares atentos dele; assim que entrei em

casa corri para ligar o celular encontrando como o esperado varias

mensagens e ligações perdidas.

“Segunda vez que converso com ele e JunSu me pareceu ser realmente um

cara daqueles”. Escrevi e mandei a mensagem para os celulares do casal

vinte, desligando o celular em seguida e claro, desconectando o telefone

residencial antes de ir para a cama descansar um pouco; mal percebi

quando dormi novamente, apenas acordei assustada com o toque do

despertador me entristecendo ao marcar um novo dia. Me empurrei para

fora da cama e me arrumei pra ir na faculdade, não sabia bem o porque

de estar indo já que só teria uma aula e depois o casal vinte iria me

encher o saco até não terem mais tempo para fazer isso, colocando os

fones de ouvido fechei a porta da entrada e sai andando em direção a

garagem pegar o carro.

-E então, me conta tudo! Como você tem coragem de me mandar uma

mensagem daquelas e desligar o telefone? – Luane quase me encostou

na parede ao me ver andando pelo corredor do prédio onde

estudávamos.

-Bom dia pra você também... – respondi me livrando do aperto dos

braços dela com um sorriso, andei alguns passos e trombei em um peito

alto, largo e musculoso, suspirei já conformada com a situação - bom dia

pra você também Kaled.

-E ai, que história foi aquele de conversar com ele pela segunda vez? –

Kaled foi tão direto quanto a namorada e revirei os olhos.

-Vamos primeiro para a aula e depois nos falamos okay? – falei e fui

andando em direção a sala. mas tive meu braço segurado com suavidade.

-Aula cancelada hoje, professor está no hospital com a esposa, pediu

desculpas e nem teve tempo de preparar nada para preencher nosso

tempo. Agora conte tudo. – Kaled me cercou ao lado de Luane e

suspirando conformada sai andando com eles em direção ao refeitório.

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-O caso é que eu já havia conversado com JunSu a alguns meses atrás... –

comecei a contar e depois mordi um pedaço de bolo de laranja com

abacaxi que havia comprado a poucos minutos.

-Quando? – minha amiga perguntou curiosa e evitei olhar para cima

quando respondi.

-No dia do casamento. – os dois ficaram calados e aproveitei a

oportunidade para comer mais um pedaço de bolo e tomar um gole de

suco de pera. – okay gente, vocês não precisam fazer esse silêncio

sepulcral tá? Isso tudo já passou com toda certeza e não sou uma

bonequinha frágil.

-É que... estamos surpresos só. – Luane comentou e olhei para os dois,

sem conseguir conter o riso que veio aos meus lábios ao ver o modo como

que eles olhavam ao redor tentando escapar de meus olhares acurados.

-Aham... – respondi mastigando mais um pedaço do bolo e então me

ajeitei na cadeira. – pois é, lembram de quando contei que conheci um

cara que me deu uma carona depois que sair da igreja? Pois então, foi

ele.

-Nossa... eu com toda certeza nunca ia imaginar que era o JunSu. – Kaled

comentou se ajeitando também na cadeira – claro que ele é um dos caras

mais bacanas que conheço e também o fato de ele ser perfeito para

você... nunca ia imaginar que era ele.

-Ah legal, vocês me colocaram para sair com um cara assim? – perguntei

querendo arrumar briga, sendo interrompida na hora pelo toque do

celular anunciando uma nova mensagem.

“Oi Claudia, é repentino e talvez cedo, mas você gostaria de almoçar

comigo hoje? Beijos, JunSu”

Li a mensagem mais duas vezes e só então abaixei o celular, olhei para

cima e vi os dois me olhando curiosos, limpei a garganta com um pigarro

e senti o rosto esquentar antes de tornar a pegar o aparelho e responder

a mensagem com um singelo ‘já te ligo’, me levantei da mesa pedindo

uma licença básica e tão logo me vi longe das vistas dos dois sai correndo

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em direção a um lugar afastado; por precaução esperei minha

respiração voltar ao normal para só então ligar para o número marcado

na lista.

-Oi JunSu. – falei assim que ele atendeu. – desculpe a demora.

-Estou atrapalhando? Você estava na aula? – JunSu respondeu e sorri

observando a preocupação dele.

-Na verdade o professor nem veio, é que estava no meio de uma

inquisição, se é que você me entende... – falei e ouvi a risada rouca de

JunSu. – mas então, almoço onde?

-Tem algum restaurante bom ai perto? – ele sugeriu e pensei um pouco.

-Bom, tem um que fica perto da minha casa, é um pouco longe daqui mas

a comida é maravilhosa, tem de todos os tipos... acho que você vai gostar.

– dei minha sugestão e esperei pela resposta.

-Okay, nos encontramos a que horas? Posso passar ai pra te buscar? –

senti meu rosto esquentar novamente e mordi meu lábio inferior sem

saber o que responder. – vou interpretar seu silêncio como um sim, tudo

bem?

-Na verdade, se você quiser passar agora eu tenho tempo. – ofereci ainda

corada.

-Me espera no portão? Já estou chegando... – JunSu de alguma forma

parecia ansioso e sorri animada.

-Já estou indo! – encerrei a ligação e sai correndo novamente até o

banheiro mais próximo, refiz a maquiagem com rapidez tentando não

fazer a pele suar e estragar tudo, ajeitei a roupa xingando baixo por não

ter me vestido melhor e só então sai andando um tanto rápido até o

portão.

Me sentei em um banco ali perto pra esperar e apenas afastei um dos

fones para que pudesse ouvir se JunSu chegasse e me chamasse, estava

distraída olhando a rua quando meu celular apitou o sinal de mensagem;

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peguei e olhei para a tela curiosa, arregalando os olhos em seguida ao

ler o conteúdo da mensagem.

“Você está linda” era o que dizia a mensagem, olhei ao redor tentando

achar aquela figura alta e só após uma pesquisa detalhada acabei

vendo-o sentado no banco do outro lado da rua, suspirei confirmando

que eu realmente não tinha capacidade para enxergar nada que

estivesse muito a minha frente, tipo... qualquer coisa estando na minha

frente estava melhor escondida do que se estivesse em um cofre no

subterrâneo.

Me levantei do banco no exato momento em que o sinal para pedestres se

abriu e JunSu veio andando em minha direção, observei com curiosidade

a expressão determinada que ele tinha no rosto enquanto se aproximava

de mim, sentia as mãos suarem de nervoso e forcei um sorriso enquanto

tentava esconder um sorriso nervoso, ergui a mão para acenar quando

ele chegou mais perto mas a tive cativa com a mão dele ao mesmo tempo

em que a mão livre passava por minha cintura fazendo com que meu

corpo se chocasse com o dele em um movimento súbito.

-O quê.. – ia falar quando tive meus lábios capturados de modo rápido

mas delicado pelos dele, nossos lábios se encaixavam bem, sem agredir

ou sobrepujar o outro; foi um toque delicado, duradouro mas ainda

assim leve e em seguida ele se afastou. – o quê...

-Desculpe, eu não pude me controlar... – JunSu falou em tom baixo, o

rosto ainda próximo ao meu e sem querer sorri olhando nos olhos dele.

-Tudo bem... que bom que você não pode se controlar. – respondi e ele

sorriu também, encaixando meu braço no dele e andando em direção a

faixa de pedestres novamente.

-Vamos comer alguma coisa... – seguimos andando pela calçada até

atravessarmos a rua e entrar no carro de JunSu, que sorriu pra mim e

ligou o som do carro antes de dar a partida.

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-Claudia! Claudia, volta aqui! Não foge de mim! – escondi meu riso

enquanto andava mais depressa me aproveitando que minha amiga era,

ao contrário de mim, um desastre andando de salto alto por isso tinha

que andar devagar. – Clau!

-Desiste Luane, eu não vou te contar nada. – respondi e não aguentei

segurar a risada ao ouvi-la se segurando na parede do corredor. – eu não

tenho nada pra falar e você sabe disso... apenas sai com ele, conversamos

e estamos combinando de ir ao cinema ou ao parque. Viu, não tem mais

nada...

-Não acredito em você... – ela gritou e vi as pessoas a minha frente

olharem para trás, aproveitei que estava perto da porta de saída e

coloquei os óculos escuros já prevendo a forte luz do sol.

-Cadê a sua sombra? Não veio hoje? – perguntei e antes que eu

alcançasse a porta meu braço foi segurado por um aperto conhecido,

suspirei aceitando a derrota e parei ao mesmo tempo em que minha

amiga me alcançava. – eu devia saber....

-É, você devia. – Kaled riu e seguimos os três para o restaurante mais

próximo, como estávamos perto da hora do almoço já escolhemos os

pratos e nos sentamos a uma mesa no centro do salão. – então,

desembucha...

-Aigoo! Como vocês são curiosos por nada! – falei exasperada enquanto

ajeitava minha bolsa no encosto da cadeira. – a gente foi almoçar ontem,

depois conversamos mais um pouco e ele me deixou em casa. Foi só isso,

eu gostei da conversa e estamos vendo de nos ver outras vezes,

satisfeitos?

-Só isso? – o casal perguntou junto e assenti com a cabeça pegando o

copo de água em seguida, enquanto bebia deixei de comentar que

havíamos passado o dia conversando e eu só chegara em casa por volta

das sete da noite. – achei que tinha mais...

-Por exemplo, eu dormir com ele ou algo assim? Um beijo? – perguntei e

os dois me olharam suspirando em seguida.

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-Não, isso seria demais até pra você... – ergui uma sobrancelha ao

identificar aquele tom de certeza na voz dos dois.

-Ah, valeu... – respondi e Luane segurou minha mão enquanto o

namorado ria.

-Quero dizer que... sabe, você não anda tão bem desde o... – ela parou e

olhou para Kaled que suspirou.

-Desde o seu quase casamento. – ele finalizou e ergui mais a sobrancelha,

agora falar daquilo não significava mais nada pra mim, sequer o velho

sentimento de raiva. De algum jeito também aquela frase não me

ofendeu, JunSu tivera no dia anterior, feito algumas referencias ao

casamento e eu não me irritara com ele, então com meus amigos estava

tudo bem.

-O que vocês querem realmente dizer? – perguntei olhando para os dois

bem séria e estreitando os olhos quando ambos ficaram quietos. – ah

qual é gente! Falem logo!

-Você não está apenas brincando com ele não é? – Kaled perguntou em

tom sério olhando em meus olhos, fiquei muda sem saber bem o que

responder. – me responde Claudia.

-Eu não... – respirei fundo e dei de ombros – não é como se eu fosse me

casar com ele gente! Estamos nos conhecendo e nos tornando amigos,

não tem essa de ninguém estar brincando com ninguém... estou apenas

conhecendo JunSu melhor sabe? Nada demais.

-Hmm... – minha amiga me olhou desconfiada e depois olhou para o

próprio namorado – ela está brincando com ele.

-Claro que não! – falei com raiva da acusação – eu não estou brincando

com ninguém!

-Claro que você está Claudia... – Luane olhou pra mim, o olhar como se

conhecesse minha alma. – você ainda está ferida com Hon Ji e não admite

cair nessa novamente, então o que você está fazendo com JunSu?

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-Acreditei que vocês entendessem o meu medo de me machucar, de

passar por vexame novamente, mas pelo que vejo só estão preocupados

em como fazer Kaled escapar da família da noiva de Kaled e também em

não perder um ao outro quando essa droga de faculdade acabar. – virei

as costas e sai andando já sabendo que nenhum deles viria atrás de mim,

eles tinham os próprios problemas para resolver e não ligavam pra mim,

me colocando no meio do pacote geral em que todas as pessoas me

colocavam ao saber sobre o meu casamento.

Eu andava rápido como se estivesse descalça, alcancei os fones de ouvido

na bolsa e coloquei-os no ouvido ao mesmo tempo em que ligava a

música no ultimo volume e desaparecia portão afora do terreno da

universidade; ao meu redor o mundo passava rápido mas era como se eu

não o visse enquanto pensava em meus próprios problemas. Caminhei

até que senti meu joelho doer como sempre fazia nesses momentos em

que eu andava muito, parei um pouco e olhei ao redor, tentando me

encontrar no meio daquela cidade tão grande, soltei o ar pela boca e

passei a mão pela testa tirando a leve linha de suor que havia ali; peguei

o celular ligando o GPS e vendo que eu estava em um dos lugares

alternativos para chegar até a ponte famosa de Seoul.

Caminhei até lá pensando em pegar um taxi até em casa e depois

mergulhar embaixo dos lençóis, mas quando cheguei até perto do rio

fiquei observando a água calma enquanto tentava colocar a cabeça para

pensar e só então sair do modo de espera em que eu deixava minha

cabeça naqueles momentos. Me sentei o mais perto possível da água e

retirando os sapatos coloquei os pés através da superfície fria, senti o

corpo se arrepiar mas me mantive firme, mexendo os pés delicadamente

fui sentindo o peso das minhas palavras sobre meus amigos, o fato de que

nenhum dos dois havia me ligado era um forte indicador de como estava

a relação deles comigo.

As horas foram se passando e meu estômago roncou de fome, mas mesmo

assim eu não queria sair dali... não ainda... ergui o rosto observando o

céu que naquela hora se tornara nublado de uma forma que indicava

fortemente chuva no fim do dia; respirei fundo e devagar enquanto via as

nuvens passarem e quando me ergui vi uma barraca de comida ali perto,

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segurando a bolsa de qualquer jeito caminhei até lá e me sentei a uma

mesa.

-Ajumah! Um toppoki, por favor. – pedi assim que a mulher chegou perto

de mim, ela sorriu e acenou, trazendo meu pedido em alguns minutos.

Comi quieta, quase não sentindo o gosto da comida e apenas registrando

um sabor aqui e ali, acabei pedindo outro prato e deixei apenas o molho

no prato; paguei a conta e quando sai olhei pro céu novamente, apenas

confirmando que agora a chuva não demoraria tanto a cair, continuei

andando e estava perto do metrô quando as primeiras fortes gotas

começaram a cair.

Andei mais devagar desistindo de pegar o metrô, as ruas aos poucos iam

se esvaziando a medida que a chuva se intensificava; verifiquei se minha

bolsa era segura para proteger meus documentos e aparelhos eletrônicos

e então, relaxei. Andando devagar para não deslizar nos saltos fui

observando a ação da água em vários lugares, o frio aumentou mas eu

me sentia bem, era boa aquela sensação de estar no meio do nada, com

apenas um único som ao seu redor... apenas parei quando meu braço foi

segurado, olhei para trás e pisquei devagar. Uma vez, então duas...

pisquei mais uma vez e só então entendi que JunSu estava parado a

minha frente, segurava meu braço e falava comigo.

-O quê? – me senti na obrigação de perguntar e ele me olhou confuso.

-Perguntei o que você faz aqui... você está bem? Vamos sair dessa chuva!

– ele segurou minha mão e começou a me levar até o toldo mais próximo,

resisti e ele me olhou confuso. – Claudia?

-Eu não posso continuar te vendo JunSu. – falei e ele parou por um longo

momento, apenas me olhando; de repente minha respiração acelerou e

eu precisava falar. – eu não acredito que eu seja garota pra casar, ter

família, essas coisas sabe? E eu acho que você é esse tipo de cara que

aprecia isso entende? Eu não posso continuar te vendo.

-E se eu disser que quero ser apenas seu amigo? – meu coração falhou

uma batida quando JunSu olhou em meus olhos e perguntou aquilo, mas

eu já tinha uma resposta.

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-Iríamos continuar a nos ver.

-Que bom, então problema resolvido. – ele entrelaçou os dedos com os

meus e deu um passo em direção ao toldo novamente.

-Mas mesmo assim não daria certo. – falei e ele parou de novo, me

olhando. – porque eu nunca vou conseguir conviver com você somente

nesses termos e ia começar a imaginar coisas e... bom, eu ia acabar

usando um vestido de noiva.

-E... – agora JunSu já havia desistido de andar e me olhava curioso, acho

que nada mais naquele mundo chamaria a atenção dele naquele

momento.

-E daí que eu iria surtar no dia do casamento e acabar fugindo.! – falei

como se fosse o obvio e o vi erguer a sobrancelha. – digo... eu não consigo

mais entrar em uma igreja pra me casar sabe? Não sei se sequer aguento

ver alguém se casando!

JunSu riu baixo e o olhei incrédula, o som da risada aos poucos foi

aumentando de tamanho enquanto a chuva forte continuava caindo

sobre nós, me afastei um passo assim que a risada se transformou em

uma gargalhada, fazendo com que a pessoa a minha frente praticamente

se dobrasse de tanto rir; por fim, cansada daquilo dei mais um passo

atrás, virei as costas e sai andando.

-Hey, desculpe por isso! – JunSu segurou minha mão e entrelaçou os

dedos nos meus antes de limpar a garganta e se colocar novamente a

minha frente. – sabe... se você quiser apenas continuar a me ver já será

um grande passo não acha?

-Como...

-Não digo que a gente vá se casar agora, mas quem sabe né? – ele deu de

ombros e se aproximou mais de mim, o outro braço enlaçando minha

cintura e me levando para muito mais perto dele, em meio a todo aquele

frio ao nosso redor, o halito morno dele tocou meu rosto com delicadeza.

– por enquanto...

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E então os lábios dele capturaram os meus, os dedos entrelaçados se

apertaram ao mesmo tempo em que nossos corpos se colaram, as

caricias das línguas eram feitas devagar e eu me senti derreter; na

verdade, parecia que eu era um pequeno cubo de açúcar lançado

naquela chuva, tudo graças a aquele momento... ergui a mão para apoiá-

las na nuca de JunSu e o trazer para mais perto, as pontas dos dedos

mexendo nos cabelos encharcados, fazendo uma caricia suave enquanto

eu me perdia no beijo.

-Por enquanto...? – perguntei ofegante enquanto descansava o rosto no

peito dele ao mesmo tempo em que tentava recuperar o fôlego.

-Run my little Bride... – JunSu sussurrou em meu ouvido e ergui a cabeça

para observá-lo, vendo o sorriso leve brincar nos lábios carnudos. –

apenas corra...

Sorri e me ergui na ponta dos pés, ao mesmo tempo em que ele abaixava

o rosto, nossos lábios se encontraram novamente... em minha cabeça, um

pedaço de uma música soava.

“You better run far from me...”

And after we’ll be happy, itsn’t an end