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RUIZ SIMONATO ALONSO COMPARAÇÃO DA GONIOSCOPIA COM A MORFOMETRIA DO SEGMENTO ANTERIOR PELA FOTOGRAFIA DE SCHEIMPFLUG. Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Ciências Médicas da Universidade Federal Fluminense para obtenção do título de Mestre. Orientador: Prof. Dr. MARCELO PALIS VENTURA Co-orientador: Prof. Dr. RENATO AMBRÓSIO JR Niterói, RJ – Brasil 2008

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RUIZ SIMONATO ALONSO

COMPARAÇÃO DA GONIOSCOPIA COM A MORFOMETRIA DO SEGM ENTO

ANTERIOR PELA FOTOGRAFIA DE SCHEIMPFLUG.

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em

Ciências Médicas da Universidade Federal Fluminense

para obtenção do título de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. MARCELO PALIS VENTURA

Co-orientador: Prof. Dr. RENATO AMBRÓSIO JR

Niterói, RJ – Brasil

2008

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COMPARAÇÃO DA GONIOSCOPIA COM A MORFOMETRIA DO SEGM ENTO

ANTERIOR PELA FOTOGRAFIA DE SCHEIMPFLUG.

RUIZ SIMONATO ALONSO

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação

(Mestrado) em Ciências Médicas da Universidade Federal

Fluminense para obtenção do título de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. MARCELO PALIS VENTURA

Co-orientador: Prof. Dr. RENATO AMBRÓSIO JR

Niterói, RJ – Brasil

2008

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Alonso, Ruiz Simonato

Comparação da gonioscopia com a morfometria do segmento anterior pela

fotografia de Scheimpflug / Ruiz Simonato Alonso. – Niterói, RJ, UFF, 2008.

p.78

Dissertação (Mestrado em Ciências Médicas) – Universidade Federal Fluminense, 2008.

1. Morfometria. 2. Scheimpflug. 3. Pentacam. 4. Gonioscopia. 5. Shaffer. I-Universidade

Federal Fluminense- Teses II- Títulos

CDD 000

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RUIZ SIMONATO ALONSO

Comparação da Gonioscopia com a Morfometria do

Segmento Anterior pela Fotografia de Scheimpflug.

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em

Ciências Médicas da Universidade Federal Fluminense

para obtenção do título de Mestre.

Aprovada em 11 de Julho de 2008.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________________

Prof. Dr. Raul Nunes Galvarro Vianna – Presidente da Banca Examinadora

(UFF)

___________________________________________________________________

Prof. Dr. Sebastião Cronemberger Sobrinho– Universidade Federal de Minas Gerais

(UFMG)

Prof. Dr. Giovanni Colombini – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

(UNIRIO)

Niterói

2008

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DEDICATÓRIA:

À minha Virgínia,

Companheira em todos os momentos com sua coragem, apoio e amor, sem os quais

não teríamos vencido mais esta etapa.

À nossa Lara,

A nova razão da vida e de nossas realizações.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Ruiz e Angélica,

Exemplos que guardarei para toda vida.

A minha querida família: Luciana, Mariana, Matías, Vinícius e Marisol,

Sr. Ferreira, Sra. Edercy, Adriana, Luciano e Helin ho.

Ao Professor Dr. Marcelo Palis Ventura,

Pessoa admirável tanto profissional quanto pessoalmente, pelo seu apreço à esposa e filhos, além de um grande exemplo de competência, conhecimento e dedicação. Com ele aprendi não somente o Glaucoma, mas também o caminho dos verdadeiros clínicos e cientistas.

Ao Professor Dr. Renato Ambrósio Jr,

Por seu constante estímulo e valiosos ensinamentos.

Aos Drs. Guilherme Herzog, Dr. Raul Nunes Galvarro Vianna e todos os amigos e colegas da Universidade Federal Fluminense.

Ao casal Dr. Acácio Muralha Neto e Dra. Lilia Mural ha,

Por sua amizade, consideração e apoio à vida profissional de jovens oftalmologistas.

Aos instrutores, amigos e colegas de residência do Instituto Benjamin Constant e do Setor de Glaucoma do Serviço de Oftal mologia da Universidade Federal Fluminense (HUAP-UFF), Oftalmoclínica Méier e do Hospital de Olhos Santa Beatriz.

Aos pacientes,

Que, generosamente aceitaram participar deste estudo.

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SUMARIO: PÁGINA

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS 01

RESUMO 02

ABSTRACT 03

1.0 INTRODUÇÃO 04

2.0 OBJETIVO 06

3.0 REVISÃO DA LITERATURA 07

3.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O GLAUCOMA PRIMÁRIO

DE ÂNGULO ABERTO. 09

3.1.1 A fisiopatogenia do GPAA 09

3.1.2 Aspectos epidemiológicos do GPAA 09

3.1.3 O tratamento do GPAA 10

3.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE O GLAUCOMA PRIMÁRIO

DE ÂNGULO FECHADO. 13

3.2.1 A fisiopatogenia do GPAF 13

3.2.2 Aspectos epidemiológicos do GPAF 14

3.2.3 O tratamento do GPAF 16

3.3 ÍRIS EM PLATÔ 17

3.4 GLAUCOMAS SECUNDÁRIOS 18

3.5 GONIOSCOPIA 19

3.5.1 Gonioscopia com a utilização

de lente de contato 20

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3.5.2 Anatomia do seio camerular 21

3.5.3 Técnica de gonioscopia 22

3.6 FOTOGRAFIAS DE SCHEIMPFLUG E

O SISTEMA HR PENTACAM® 26

3.6.1 Sistema HR Pentacam e gonioscopia 30

4.0 MATERIAL E MÉTODO 32

4.1 TÉCNICA UTILIZADA PARA AVALIAÇÃO

GONIOSCÓPICA 33

4.2 ANÁLISE ESTATÍSTICA 35

5.0 RESULTADOS 37

6.0 DISCUSSÃO 39

7.0 CONCLUSÃO 45

8.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 46

9.0 APÊNDICES E ANEXOS 55

10.0 ARTIGO FINAL 66

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1

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

o Grau

% Porcentagem

= Igual a

ACA Ângulo da câmara anterior

AS - OCT Do inglês: Anterior Segment Optical Coherence Tomography

CA Câmara anterior

CV Campo visual

DP Desvio padrão

EUA Estados Unidos da América

Fem. Do sexo feminino

GPAA Glaucoma primário de ângulo aberto

GPAF Glaucoma primário de ângulo fechado

HA Humor Aquoso

HR Do inglês: High Resolution

LASIK Do inglês: Laser in situ keratomileusis

Masc. Do sexo masculino

mm Milímetro

mm 3 Milímetro cúbico

NO Nervo óptico

OD Olho direito

OE Olho esquerdo

PCA Profundidade da câmara anterior

PIO Pressão intra-ocular

seg Segundo

SPSS Do inglês: Statistical Package for the Social Science

UBM Biomicroscopia ultra-sônica

VCA Volume da câmara anterior

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2 – RESUMO

Objetivo: Avaliar a correlação da morfometria de não-contato obtida pela tomografia

de segmento anterior utilizando a técnica de fotografia de Scheimpflug rotacional

(HR Pentacam®), comparando com o método de gonioscopia tradicional com lente

de Goldmann na avaliação do ângulo de câmara anterior.

Método: Estudo observacional prospectivo incluiu 112 olhos de 60 pacientes, sendo

74 (66,07%) olhos de pacientes classificados como de ângulo aberto e 38 (33,93%)

olhos de pacientes classificados como de ângulo estreito pela classificação

gonioscópica de Shaffer. O ângulo de câmara anterior (ACA), o volume de câmara

anterior (VCA) e a profundidade de câmara anterior (PCA) foram calculados com o

aparelho HR Pentacam® e posteriormente comparados e correlacionados com os

parâmetros clínicos da gonioscopia.

Resultados: A morfometria com as imagens de Scheimpflug revelou ACA médio de

39,20 graus (0) ± 5,31 DP para o ângulo aberto e 21,18 graus (0) ± 7,98 DP para o

ângulo estreito. Observamos concordância moderada (Kappa teste de 0,513, p

<0.001) entre métodos que consideram parâmetros clínicos de ângulo aberto e

ângulo estreito. Os valores do VCA e PCA demonstraram uma diferença

estatisticamente significativa quando comparados os grupos. Os valores obtidos

foram de 193 ± 36 mm3 DP VCA para o ângulo aberto, 90 ± 25 mm3 DP VCA para o

ângulo estreito (p <0.0001), 3,09 ± 0,42 mm DP PCA para o ângulo aberto e 1,55 ±

0,64mm DP PCA para o ângulo estreito (p <0.0001).

Conclusões: Observamos uma forte correlação entre VCA e PCA com os ângulos

estreitos com potencial de fechamento angular. Uma correlação estatística

moderada foi observada ao se comparar a morfometria do HR Pentacam® e a

classificação Shaffer na distinção dos ângulos aberto e estreito. A provável

explicação para o resultado comparativo está relacionada a um erro sistemático no

programa de análise da máquina superestimando o ACA quando comparado ao

método da gonioscopia tradicional.

Palavras chave: morfometria da câmara anterior, Scheimpflug, Pentacam, Shaffer,

Gonioscopia.

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ABSTRACT

Purpose: To assess the correlation of noncontact morphometry with anterior

chamber tomography (HR Pentacam®) using optical Scheimpflug images compared

with current clinical parameters and traditional gonioscopic method with Goldmann

lens for evaluating the anterior chamber angle.

Method : The Prospective observational study included 112 eyes, 74 (66,07%) eyes

of patients classified as open-angle and 38 (33,93%) eyes of patients classified as

narrow-angle classified in Shaffer gonioscopic grade. Anterior chamber angle (ACA),

anterior chamber volume (ACV) and anterior chamber depth (ACD) were calculated

with HR Pentacam and were compared and correlated with clinical parameters of

gonioscopy to detect occludable angles.

Results: Noncontact morphometry with Scheimpflug images revealed ACA mean

39,20 degrees (0) ± 5,31 for open-angle and 21,18 degrees (0) ± 7,98 for narrow-

angle. There was a moderate agreement (Kappa test 0,513, p<0.001) between

methods considering clinical parameters of open-angle and narrow-angle. ACV and

ACD values demonstrated a statistically significant difference comparing open-angle

and narrow-angle groups classified in Shaffer Grade and Pentacam; 193 ± 36 mm3

ACV for open-angle and 90 ± 25 mm3 ACV for narrow-angle (p<0.0001) and 3,09 ±

0,42 mm ACD for open-angle and 1,55 ± 0,64 mm ACD for narrow-angle (p<0.0001).

Conclusions: There was a strong correlation between anterior chamber volume and

anterior chamber depth to detect narrow angles with occludable potential. Moderate

statistical correlation was observed for morphometry using HR Pentacam® and

Shaffer gonioscopy grade. The most likely explanation for these results is that

Pentacam software systematically superimposes ACA compared with traditional

gonioscopic method.

Key Words: Anterior chamber morphometry, optical Scheimpflug images, Pentacam,

Shaffer grade.

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1.0 INTRODUÇÃO:

O glaucoma é a mais freqüente causa de cegueira tratável do mundo, sendo

ainda a segunda causa mundial de cegueira irreversível bilateral. Aproximadamente

66.8 milhões de pessoas são portadoras de glaucoma primário de ângulo aberto

(GPAA) e aproximadamente 10% desta população irão se tornar cegos de ambos os

olhos devido a esta doença. (QUIGLEY, 1996; PHELAN, 2002).

A prevalência do glaucoma varia entre os países e aumenta com a idade

(COHEN 1999; SUSANNA JUNIOR, 1999). Nos Estados Unidos (EUA) cerca de 120

mil americanos estão cegos devido ao glaucoma, o que representa um custo de

cerca de US$1,5 bilhão por ano em benefícios, redução na receita de impostos e

aumento dos gastos com saúde (DISTELHORST, 2003; HUGHES, 2003).

No Brasil, estudos revelam que o glaucoma está listado entre as principais

causas de deficiência visual. Embora o verdadeiro custo do glaucoma seja

desconhecido, estimativas sugerem que acarrete uma sobrecarga econômica

significativa sobre os recursos de assistência médica. Além disto, resulta em perda

de produtividade devido à morbidade e também na redução da qualidade de vida

dos pacientes (GIAMPANI, 1999).

Muitas pessoas desconhecem que sofrem da doença. Assim, é fundamental a

detecção precoce e o tratamento eficaz. Os programas de prevenção da cegueira

devem ser estimulados através de ações educativas sistemáticas, por meio de

boletins informativos, cartilhas e vídeos. A utilização dos meios de comunicação

voltados para associações de bairro, indústrias, universidades, notadamente nas

áreas de educação e saúde, é de suma relevância para a sensibilização dos

cidadãos. Através deste esclarecimento maciço, a população terá acesso às

informações sobre a doença e reconhecerá a importância do diagnóstico precoce.

Além disto, será conscientizada para o fato de que o glaucoma pode levar à

cegueira total e irreversível e que esta só poderá ser evitada através de um

tratamento preventivo adequado (YAMANE 1999; SUSANNA JUNIOR, 1999).

Tecnicamente, a patologia pode ser descrita como um grupo heterogêneo de

doenças oculares, que tem como característica uma lesão progressiva do nervo

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óptico, com aumento da escavação do disco óptico e perda de fibras retinianas,

perda do campo visual e eventual cegueira (GIAMPANI, APUD SUSANNA JUNIOR,

1999). O aumento da pressão intra-ocular (PIO) é o maior fator de risco

(DISTELHORST 2003; HUGHES, 2003), estando correlacionado com a resistência

na drenagem do humor aquoso (HA).

O aumento da PIO pode ocorrer também devido a uma obstrução parcial ou

total no ângulo da câmara anterior por bloqueio da rede trabecular pela periferia da

íris. À medida que continua a produção de HA, a PIO pode chegar a níveis muito

mais altos do que o normal, caracterizando uma emergência médica e exigindo

intervenção imediata nos casos de glaucoma primário de ângulo fechado (GPAF)

(SUSANNA JUNIOR, 1999).

Estima-se que, em 2010, o número de glaucomatosos em todo o mundo

atingirá a marca próxima dos 70 milhões e cerca de 25% deles terão glaucoma

primário de ângulo fechado (GPAF). As mulheres serão responsáveis por 70% dos

casos de GPAF e por 59% de todos os outros tipos de glaucomas. Nesta mesma

época, a cegueira bilateral terá ocorrido em 4,4 milhões de pessoas com glaucoma

crônico de ângulo aberto (GPAA) e em 3,9 milhões com GPAF. Desta forma, 25%

dos GPAF estarão cegos e esse número será duas vezes maior que a cegueira

provocada pelo GPAA. Em outras palavras: a forma de glaucoma responsável por

cerca de 25% de todos os glaucomas terá morbidade duas vezes maior que a forma

de glaucoma responsável por 75% de todos os glaucomas. Em 2010 a Ásia abrigará

47% de todos os glaucomatosos do mundo e 87% de todos os GPAF (QUIGLEY,

2006). Portanto, conhecendo seus índices populacionais, podemos afirmar que

estaremos diante de um problema de saúde pública mundial.

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2.0 OBJETIVO:

1- Avaliar a concordância da técnica tradicional de gonioscopia com a lente de

Goldmann e do HR Pentacam® na diferenciação dos ângulos aberto e estreito.

2- Avaliar a concordância da técnica tradicional de gonioscopia com a lente de

Goldmann e do HR Pentacam® na classificação da abertura do ângulo da câmara

anterior utilizando como parâmetro a escala de graduação proposta por Shaffer.

3- Correlacionar os resultados da gonioscopia tradicional com a lente de Goldmann e

as medidas do ângulo da câmara anterior, volume da câmara anterior e

profundidade da câmara anterior obtidas pela fotografia de Scheimpflug rotacional

analisadas pelo HR Pentacam®.

4- Demonstrar os resultados das comparações e correlações determinando a sua

utilidade para a avaliação da anatomia do seio camerular.

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3.0 REVISÃO DA LITERATURA:

A Academia Americana de Oftalmologia define o glaucoma de maneira

semelhante à definição utilizada pelos estudos epidemiológicos, visto que ambas

adotam o conceito de lesão no órgão-alvo (FOSTER, 2002). Assim, o glaucoma é

definido como uma neuropatia óptica progressiva, caracterizada por lesão do nervo

óptico associada a defeitos funcionais característicos no campo visual (CV).

A pressão intra-ocular (PIO) é reconhecida como o principal fator de risco

para o desenvolvimento do glaucoma. Sabe-se, contudo que a neuropatia óptica

glaucomatosa ocorre em pacientes que apresentam níveis de PIO dentro dos limites

da normalidade, assim como alguns pacientes que apresentam níveis elevados de

PIO não chegam a desenvolver a doença (SIGAL, 2005; BURGOYNE, 2005). Neste

contexto, acredita-se que o desenvolvimento da lesão glaucomatosa dependeria,

dentre outros fatores, dos níveis de PIO e da susceptibilidade individual de cada

paciente. Ou seja, o glaucoma ocorreria nos casos em que os níveis de PIO se

apresentassem suficientemente elevados para um determinado indivíduo.

Entretanto, as características anatômicas e fisiológicas individuais que predisporiam

a uma maior susceptibilidade ao dano glaucomatoso permanecem mal

compreendidas.

Recentes pesquisas vêm estudando a cabeça do nervo óptico como uma

estrutura biomecânica, caracterizada pelas propriedades do tecido conectivo das

várias estruturas anatômicas que a formam (lâmina cribrosa, esclera peri-papilar,

parede do canal neural) (SIGAL, 2005; BURGOYNE, 2005). Segundo estes estudos,

níveis suficientemente elevados de PIO podem provocar deformações temporárias

e/ou permanentes (deformação plástica) na estrutura biomecânica da cabeça do

nervo óptico, em particular num deslocamento posterior da lâmina cribrosa e da

esclera peri-papilar. As variações anatômicas das estruturas biomecânicas que

formam a cabeça do nervo nos diferentes indivíduos determinariam o grau de

susceptibilidade a estas deformações. Uma vez estabelecidas, estas lesões

permanentes predisporiam as fibras nervosas ao nível da cabeça do nervo óptico à

lesão glaucomatosa, seja pelo mecanismo mecânico e/ou vascular (BURGOYNE,

2005).

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Existem vários sistemas pelos quais os glaucomas podem ser classificados.

São eles baseados na idade do paciente (infantil, juvenil, adulto), no local da

obstrução à drenagem do humor aquoso (HA) (pré-trabecular, trabecular, pós-

trabecular), na estrutura primariamente envolvida e na etiologia (secundário). Porém,

de todas as classificações, a mais utilizada é aquela que separa os glaucomas de

ângulo aberto dos de ângulo fechado (SUSANNA JUNIOR, 1999).

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3.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O GLAUCOMA PRIMÁRIO DE ÂNGULO ABERTO.

3.1.1 A fisiopatogenia do GPAA

O glaucoma primário de ângulo aberto é uma neuropatia óptica crônica e

progressiva, responsável pela incapacidade visual grave de milhões de pessoas no

mundo (QUIGLEY, 1996). É a forma mais freqüente do glaucoma, na qual se

acredita que a resistência à drenagem do humor aquoso ocorreria principalmente no

nível ultra estrutural da malha trabecular e dos tecidos adjacentes (SHIELDS, 1996).

O GPAA pode ser subdividido em duas formas principais: o glaucoma de pressão

intra-ocular alta e o glaucoma de pressão normal (SHIELDS, 1996). Esta subdivisão

é baseada no nível da PIO, utilizando um valor limítrofe arbitrário de 21 mmHg.

No glaucoma primário de ângulo aberto (GPAA), a amplitude do seio

camerular possibilita uma passagem normal no fluxo do HÁ. Contudo a resistência

no escoamento poder ser resultado de uma disfunção lenta e gradual do sistema de

drenagem microscópica através da malha trabecular e do canal de Schlemm

(VAUGHAN; RIODAN-EVA, 1999; HUGHES, 2003).

3.1.2 Aspectos epidemiológicos do GPAA

Vários estudos epidemiológicos incluem a idade como fator de risco para o

GPAA. Assim, sua influência na prevalência e no surgimento crescente da doença

em indivíduos na faixa etária de 40 a 80 anos devem ser observados nos próximos

30 anos (HITZL, 2007).

Observamos que a prevalência do glaucoma varia entre as diversas raças. De

fato, um estudo realizado na região leste de Baltimore - Estados Unidos comparou a

prevalência de GPAA entre dois diferentes grupos étnicos dentro de uma mesma

amostra (2395 negros e 2395 brancos), (TIELSCH, 1991). Este estudo observou que

os pacientes de raça negra apresentavam taxas de prevalência de GPAA de três a

quatro vezes maiores do que os pacientes de raça branca.

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10

Devido à inexistência de estudos sobre a prevalência do glaucoma na

América Latina, as estimativas da prevalência do GPAA desta área são feitas a partir

das taxas de prevalência observadas em estudos conduzidos em populações

hispânicas residindo nos Estados Unidos da América (QUIGLEY, 2001; VARMA,

2004) Já as estimativas da prevalência do glaucoma primário de ângulo fechado

(GPAF) são feitas a partir das taxas de prevalência observadas em estudos

conduzidos em populações de origem européia (TIELSCH, 1991; BONOMI, 2000;

CEDRONE, 1997; KLEIN, 1992).

De acordo com estimativas da Organização das Nações Unidas, a população

total da América Latina era de 558,3 milhões de habitantes em 2005 (ONU, 2006). O

Brasil abrigaria cerca de 186,4 milhões de habitantes (em 2005), aproximadamente

um terço da população da América Latina (ONU, 2006). Segundo os dados do

Censo Nacional realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

em 2000 (IBGE, 2006), 53,7% da população brasileira se consideram de raça

branca, enquanto que 6,2% da população se consideram de raça negra e 38,4% se

consideram de raça mulata (miscigenação da raça branca com a negra). Desta

maneira, é provável que os diferentes grupos étnicos que compõem cada nação

latino-americana, em particular o Brasil, apresentem diferentes taxas de prevalência

do glaucoma. A tendência é também de incremento significante de portadores para

os anos vindouros devido ao aumento da longevidade (TIELSCH, 1991; QUIGLEY,

2001; BENGTSSON, 1981; KLEIN, 1992; LESKE, 1994; VIJAYAL, 2005; IWASE,

2004).

3.1.3 O tratamento do GPAA.

Atualmente não dispomos de drogas no mercado que sejam neuroprotetoras

e muito menos neurorregeneradoras, as quais seriam as indicadas para o

tratamento de uma neuropatia crônica progressiva. Por este motivo utilizamos

drogas hipotensoras oculares, embasados pelas fortes evidências de que a redução

da PIO é fator protetor na progressão do dano glaucomatoso estrutural e funcional.

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11

O tratamento clínico medicamentoso apresenta vantagens: produz, realmente,

a diminuição da PIO, impedindo a perda visual progressiva sem a necessidade de

uma terapia mais agressiva. Alguns obstáculos, porém, dificultam a eficácia do

tratamento clínico (COSTA, 2006) tais como:

• Não-conhecimento preciso da evolução da doença, esta poderia se dar de modo

contínuo ou intermitente. São desconhecidos, também, os níveis de flutuação de

cada indivíduo afetado, em 24 horas e ao longo do tempo;

• Número elevado de medicações: estima-se que 40% dos pacientes utilizem duas ou

mais medicações para o tratamento do glaucoma ou hipertensão ocular.

• Ocorrência de efeitos colaterais: locais e sistêmicos, discretos ou graves podem

desestimular o uso crônico de drogas para uma doença muitas vezes assintomática;

• A incapacidade de instilar corretamente a medicação prescrita: ocorre com

freqüência relatada em mais de 30% dos pacientes. No caso de indivíduos carentes,

seja por serem idosos, solitários, terem problemas de saúde geral, não possuírem

destreza para a instilação ou por serem de nível sociocultural baixo, esta

incapacidade é fator adicional considerável para abandono ou incorreção no

tratamento;

• A falta de conhecimento da população brasileira: em relação à gravidade da doença

e às conseqüências de um tratamento inadequado.

• O custo da medicação é fator determinante para a interrupção ou aplicação

inadequada do tratamento.

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12

O paradigma atual do tratamento do GPAA ainda é a instilação de colírios

associada, excepcionalmente, à administração de drogas por via oral.

Somente quando este esquema terapêutico falha no controle do glaucoma é

que se recorre ao tratamento cirúrgico. Em 2007 foi publicado um estudo

desenvolvido na Índia, envolvendo 60 pacientes submetidos a tratamento clínico

convencional ou a cirurgia precoce (ANAND, 2007). Nele, os autores apontam a

importância do papel da trabeculectomia primária para tratamento do GPAA nos

países em desenvolvimento.

Assim, podemos considerar uma possível solução para beneficiar pacientes

brasileiros de baixa condição socioeconômica: a dispensa do uso de medicamentos

e a prescrição de tratamento cirúrgico como primeira opção terapêutica, ou seja, a

trabeculectomia (JAY, 1988; KONSTAS, 2006). Ao contrário, o uso correto da

medicação deve ser incentivado, com a recomendação de fidelidade ao tratamento,

aos indivíduos que se mantêm estáveis quanto à evolução da doença, com efeitos

colaterais mínimos ou ausentes e que, além disto, podem arcar com o custo do

tratamento.

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3.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE O GLAUCOMA PRIMÁRIO DE ÂNGULO

FECHADO.

3.2.1 A fisiopatogenia do GPAF

O glaucoma primário de ângulo estreito/fechado (GPAF) é uma condição

patológica considerada como sendo resultado de condições predisponentes da

anatomia do segmento anterior do olho. Estudos biométricos demonstraram que o

GPAF pode vir acompanhado de algumas alterações tais como: câmara anterior

mais estreita, ângulo com amplitude reduzida, aumento do diâmetro cristaliniano,

alterações da curvatura anterior da íris, alterações da localização do cristalino,

redução do comprimento axial e do diâmetro corneano (WEINREB, 2006). Estas

alterações biométricas tornam-se, então, a causa mais importante do fechamento

angular predispondo à formação de sinéquias anteriores periféricas, devido a

condições aposicionais da periferia da íris levando a um aumento incontrolável da

pressão intra-ocular.

O bloqueio pupilar é o mecanismo responsável pela grande maioria dos casos

de fechamento angular primário. Nesta condição, o fluxo de humor aquoso através

da pupila para a câmara anterior é bloqueado, fazendo com que a pressão na

câmara posterior torne-se maior que na câmara anterior. Como resultado, a periferia

da íris é projetada anteriormente, com conseqüente fechamento do ângulo da

câmara anterior. O aumento da resistência ao fluxo do humor aquoso através da

pupila é causado pela aposição da superfície posterior da íris contra a superfície

anterior do cristalino. Já a resistência na drenagem do HA se deve a uma obstrução

parcial ou total do ângulo da câmara anterior que bloqueia a rede trabecular pela

periferia da íris. À medida que continua a produção de HA, a PIO pode chegar a

níveis muito mais altos do que o normal, caracterizando uma emergência médica

exigindo intervenção imediata (GIAMPANI, 1999; SUSANNA JUNIOR, 1999,

SHIELDS, 1996; SIHOTA, 2001; THOMAS, 2003).

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3.2.2 Aspectos epidemiológicos do GPAF

A prevalência do GPAF também varia conforme o grupo étnico avaliado.

Estudos populacionais sugerem que a prevalência desta doença é bem maior em

esquimós e asiáticos, quando comparada com populações da Europa e dos Estados

Unidos (FOSTER, 2002. RITCH, 1996). Já as populações da África apresentariam

uma taxa de prevalência intermediária quando comparadas aos asiáticos europeus

(FOSTER, 2002; SALMON, 1999; QUIQLEY, 1996; ALSBIRK, 1975). Entretanto, um

estudo conduzido na Itália obteve taxas de prevalência de GPAF mais elevadas do

que as observadas em outras populações européias, e sugeriu que talvez, a

prevalência deste tipo de glaucoma, em indivíduos não-asiáticos, seja mais elevada

do se imaginava anteriormente (BONOMI, 2000).

Observamos uma maior incidência do GPAF em indivíduos do sexo feminino

(FOSTER, 2002), com idade em torno de 60-65 anos, hipermétropes, com olhos com

diâmetro axial reduzido, câmara anterior (CA) com perfil côncavo-convexo e raso na

periferia podendo apresentar cristalino espessado e anteriorizado (OH YG, 1994;

WISHART, 1992; CONGDON 1992). Esta maior predisposição pode estar

relacionada com diferenças nos parâmetros ecobiométricos entre homens e

mulheres (FOSTER, 2002; SAMON, 1999; RITCH, 1996). Alguns estudos

observaram que, dentre os indivíduos sem sinais de fechamento angular, as

mulheres apresentaram um comprimento axial e uma profundidade da câmara

anterior significativamente menor em relação aos homens (RITCH, 1996; OH, 1994).

Ao contrário do diagnóstico do GPAA que por definição é uma neuropatia

característica associada a alteração funcional, o GPAF é muitas vezes diagnosticado

na ausência da neuropatia. Um exemplo corriqueiro é o glaucoma agudo que é

diagnosticado baseado no aumento acentuado da pressão intra-ocular (PIO)

associado a sintomas característicos em que, muitas vezes, não se considera o

aspecto do nervo óptico (NO). Com o intuito de uniformizar todas as pesquisas

científicas em relação ao GPAF, introduziu-se uma nova classificação de

fechamento angular (FOSTER, 2002):

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1. Suspeito de fechamento angular primário: contato da íris na porção pigmentada do

trabeculado córneo escleral em três ou mais quadrantes associado a PIO, NO e

campo visual (CV) normais na ausência de evidência de goniosinéquias.

2. Fechamento angular primário: contato da íris na porção pigmentada do trabeculado

córneo escleral em três ou mais quadrantes com goniosinéquias e/ou PIO elevada

na presença ou não de sinais de crise isquêmica associado a CV e NO normal.

3. Glaucoma primário de ângulo fechado: fechamento angular primário associado a

defeito de CV e NO.

Apesar disto, a definição de ângulo oclusível permanece bastante

controversa. Em 1965 Becker e Shaffer sugeriam que um ângulo em torno de 20°

poderia ser considerado oclusível. Atualmente, como já citado, o seio camerular é

dito oclusível quando a porção pigmentada do trabeculado córneo escleral está

obstruída pela periferia da íris na extensão de 180 a 270°.

Outro aspecto fundamental para a definição de ângulo oclusível é a presença

ou não de goniosinéquias com o “imprint” da parede escleral do seio camerular.

Assim, independente da extensão do contato do trabeculado com a íris, a presença

de goniosinéquia ou de “imprint” faz o diagnóstico de ângulo oclusível com a

conseqüente indicação do tratamento (BRUNO, 2002; KIM, 1997).

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3.2.3 O tratamento do GPAF.

Do ponto de vista terapêutico a iridotomia representa o tratamento de escolha

para os pacientes que apresentam ângulos oclusíveis. A iridotomia rompe o bloqueio

pupilar, iguala a pressão da CA com a câmara posterior e diminui o fechamento

angular (NONAKA, 2005; GAZZARD, 2003).

Muitas vezes, observamos que mesmo os olhos com iridotomia, quando

submetidos a provas provocativas, apresentam um número significante de

resultados positivos, demonstrando que outros fatores, além do bloqueio pupilar,

podem estar envolvidos no fechamento angular (MALTA, 1990). Deste modo, a

presença do mecanismo de não bloqueio pupilar pós-iridotomia vem sendo

sistematicamente relatado como um achado bem mais comum do que se imaginava

anteriormente (CAMPBELL, 1979).

O uso da paracentese da CA como primeira conduta no tratamento da crise

aguda já foi relatado. Ele é fundamentado na redução quase imediata do tempo de

isquemia conseguida com o procedimento, principalmente quando realizado na

hipertensão aguda pós facoemulsificação. Os autores deste estudo compararam 10

olhos (8 pacientes) submetidos ao tratamento medicamentoso clássico com 10 olhos

(7 pacientes) submetidos a paracentese da CA. Apesar da redução da PIO

praticamente instantânea no segundo grupo, as pressões eram idênticas nos dois

grupos estudados após 24 horas (LAM, 2002).

Outra proposta para o tratamento da crise aguda do GPAF é a

facoemulsificação do cristalino transparente. Os fundamentos para tal procedimento

se baseiam na persistência de ângulo estreito pós-iridotomia, sugerindo uma

participação maior do cristalino na gênese destas doenças (ZHI, 2003).

Metodologicamente, foi realizado um estudo prospectivo, sem grupo controle,

em que 18 pacientes com crise aguda foram tratados clinicamente com beta-

bloqueadores, mióticos, prostaglandinas, inibidores da anidrase carbônicos locais e

sistêmicos, mais hiperosmóticos. Em seguida,, os pacientes foram imediatamente

submetidos à facoemulsificação com anestesia tópica (ZHI, 2003). Segundo os

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autores, independente da dificuldade técnica (PIO elevada, CA rasa, presença de

pressão vítrea positiva e eventual hérnia de íris), a cirurgia precoce preveniu

goniosinéquias e eliminou o estreitamento angular induzido pelo cristalino, sendo

útil, sobretudo, para pacientes de origem chinesa.

Seguramente, a persistência de ângulo estreito pode ocorrer pós-iridotomia,

se bem que ainda não existam justificativas sólidas para a retirada de cristalino

transparente nestes pacientes. Em um momento em que se enfatiza a prática da

medicina baseada em evidências, é bastante discutível a validade de um trabalho

cirúrgico sem grupo controle, com pequeno número de pacientes estudados e que

forneça evidências científicas duvidosas.

Reforçando esta argumentação, o Consenso sobre GPAF da Associação das

Sociedades Internacionais de Glaucoma, realizado em 2006, estabeleceu que não

existiria evidência suficiente para a utilização da facoemulsificação de cristalinos

transparentes no tratamento da crise aguda de fechamento angular Desta forma,

seria indicado, para estes olhos, o tratamento tradicional com iridotomia e,

possivelmente, a alternativa cirúrgica da trabeculectomia.

3.3 ÍRIS EM PLATÔ

Na síndrome da íris em platô, o ACA é fechado pela periferia da íris quando

ocorre dilatação pupilar, seja por maior espessura da periferia da íris, sua inserção

mais anterior e/ ou posicionamento mais anterior dos processos ciliares.

Tipicamente, esses olhos apresentam câmara anterior média ou profunda na região

central, em contraposição à câmara rasa na periferia e ângulo estreito, podendo

estar associada a bloqueio pupilar. A síndrome de íris em platô pura é extremamente

rara, já que o seu diagnóstico definitivo só é feito quando ocorre aumento da PIO,

em um olho com iridectomia patente.

O componente da íris em platô, baseado na interpretação subjetiva da

presença de processo ciliar anteriorizado nas imagens de UBM, seria o mecanismo

fisiopatogênico mais freqüente neste tipo de glaucoma (PAVLIN, 1991). Por esse

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motivo alguns pesquisadores questionam a eficácia da iridotomia como tratamento

de primeira escolha nos pacientes com fechamento angular e propondo a realização

da iridoplastia periférica ou a remoção cirúrgica do cristalino transparente como

primeira terapia para estes olhos, tendo como suporte parcial os resultados da UBM

(NONAKA, 2005. LIM, 2005).

Entretanto, desde a primeira descrição da íris em platô (PAVLIN, 1992), todos

os estudos envolvendo este tipo de glaucoma definiram a presença de processos

ciliares anteriorizados e ausência de sulco ciliar baseado em interpretações

subjetivas e sem critérios definidos. Da mesma forma, todos os trabalhos que

avaliaram a presença de fechamento angular aposicional na UBM tiveram como

suporte interpretações subjetivas dos examinadores (SPAETH, 1997).

3.4 GLAUCOMA SECUNDÁRIO

O glaucoma secundário é representado por casos onde uma anormalidade

ocular e/ou sistêmica primária seria responsável pelo aumento da PIO acima dos

limites da normalidade, levando à neuropatia óptica glaucomatosa (SHIELDS, 1996;

FOSTER, 2002). Estas anormalidades primárias podem incluir: processos de

neovascularização, uveítes, trauma, tumores e anormalidades relacionadas ao

cristalino. O glaucoma pseudoexfoliativo e o glaucoma pigmentar podem ser

considerados casos de GPAA ou casos de glaucoma secundário (FOSTER, 2002).

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3.5 GONIOSCOPIA

O uso de diferentes técnicas de gonioscopia ajuda oftalmologistas a entender

o ângulo do seio camerular e suas características, diagnosticando diferentes

anormalidades e determinando o seu tratamento correto. A gonioscopia é parte

crucial do exame para classificação dos pacientes com glaucoma permitindo a

visualização do ângulo iridocorneano e acessando a área de drenagem do humor

aquoso através da malha trabecular.

A avaliação dos achados gonioscópicos é realizada de forma subjetiva, semi-

quantitativa, dependente, sobretudo da experiência do examinador, não podendo

no entanto, ser registrada de forma objetiva como um exame de imagem.

Sistemas de graduação exatos e gonioscopia biométrica com registro de

imagem ainda não foram implantados, Assim, novas técnicas como a biomicroscopia

ultra-sônica (UBM) (TELLO, 1994. RILEY, 1994) ou a tomografia de coerência óptica

(OCT) (HOERAUF, 2000) tentam demonstrar a abertura do ângulo da câmara

anterior (ACA) de forma objetiva e quantitativa. Entretanto, são exames que exigem

tempo de treinamento do profissional executante e durante sua realização

propriamente dita, além de serem operadores dependentes na determinação final do

ACA (SHAFFER, 1957. SPAETH, 1997.). Outro aspecto importante é a carência da

literatura de dados a respeito das medidas de volume e profundidade da câmara

anterior.

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3.5.1 Gonioscopia com a utilização de lente de contato.

O seio camerular compreende a região da câmara anterior interposta entre a

extremidade proximal da face posterior da córnea e da face anterior da íris. Os dois

planos não formam ângulo diedro, mas são entrecortados por um segmento curvo,

pertencente à face anterior do corpo ciliar. Forma-se, assim, um verdadeiro seio,

como descreveu Busacca (ORÉFICE, 1989).

A gonioscopia é definida como o estudo biomicroscópico do seio camerular e

suas estruturas com lentes especiais. Sua principal indicação é na avaliação inicial

dos pacientes glaucomatosos, visto que o tratamento varia de acordo com a

conformação do seio. A gonioscopia requer treinamento para que se atinja uma

imagem estável e focalizada, se evite artefatos e para que o examinador se

familiarize com a grande variedade de achados normais e patológicos. O estudo

gonioscópico possibilita o diagnóstico de diversas doenças, como por exemplo, o

glaucoma associado à isquemia retiniana, os tumores intra-oculares, a sub-luxação

do cristalino, a síndrome de dispersão pigmentar, a pseudo-esfoliação, as doenças

inflamatórias, as doenças endoteliais da córnea e o aumento da pressão venosa

epiescleral.

Tantras (1907) foi pioneiro na observação das estruturas do ângulo da

câmara anterior em um olho com ceratoglobo. Salsmann (1914) introduziu as

primeiras lentes e melhorou o estudo gonioscópico. Goldmann lançou em 1938 sua

lente e Barkan estabeleceu sua importância no estudo do glaucoma (ORÉFICE,

2001. YAMANE, 2003).

Quando estudamos o seio camerular logo nos deparamos com um problema

óptico: a luz refletida da região do seio atinge a interface córnea/ar em um ângulo

oblíquo e é totalmente refletida internamente. É necessário, pois utilizar uma lente

de contato que neutralize o poder refracional da córnea o que ocorre com a Lente de

Goldmann e a Lente de Zeiss (ORÉFICE, 2001. YAMANE, 2003).

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3.5.2 Anatomia do seio camerular

Partindo da córnea em direção à íris, identificam-se as seguintes estruturas

no ângulo da câmara anterior (GORIN, 1986; SHAFFER, 1960; SPAETH, 1995):

- Linha de Schwalbe: A linha de Schwalbe é uma condensação de colágeno da

membrana de Descemet e marca o limite anterior da malha trabecular. Apresenta-se

como uma delicada saliência e, freqüentemente, é demarcada por finos depósitos de

pigmento, principalmente nos quadrantes inferiores. Sua identificação é, às vezes,

difícil, sendo o corte óptico fundamental para a sua localização. A linha de Schwalbe

situa-se exatamente no ponto em que se unem as linhas de perfil posterior

(endotelial) e anterior (epitelial) da córnea.

- Malha trabecular: A malha trabecular córneo-escleral estende-se do esporão

escleral à linha de Schwalbe. A facilidade com que pode ser identificada depende,

em boa parte, da quantidade da malha trabecular uveal que recobre e obscurece o

esporão escleral. Sua aparência varia bastante: tem uma coloração acinzentada e

delicada textura granular na infância e, dependendo da dispersão pigmentar ao

longo dos anos, apresenta-se de cor castanha ou marrom escuro. Os dois terços

posteriores são a porção filtrante do trabeculado (por estar em correspondência com

o canal de Schlemm) e tendem a acumular mais pigmento ao longo dos anos. O

trabeculado uveal merece especial atenção porque pode ser confundido com

sinéquias anteriores periféricas. Varia enormemente em espessura, pigmentação,

textura e extensão. Mais comumente apresenta-se como uma malha trabecular mais

ou menos pigmentada que se estende da periferia da íris até a linha de Schwalbe.

- Esporão escleral : O esporão escleral é a representação de uma projeção interna

da esclera, que corresponde à porção posterior do chamado sulco escleral, onde se

aloja o canal de Schlemm. O esporão corresponde ao limite posterior da malha

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trabecular e nele se inserem as trabéculas córneo-esclerais .Quase a totalidade das

fibras longitudinais do músculo ciliar também se insere no esporão escleral. É

observado como uma linha ou cordão proeminente e esbranquiçado. Pode estar

recoberto por restos pectíneos (trabéculas uveais), que tendem a ser mais

abundantes no quadrante nasal. Eventualmente, pode estar quase todo obscurecido

pelo tecido uveal mas, quase sempre, é possível identificá-lo em algum ponto, a

partir do qual extrapolamos sua posição nos outros setores. Se a periferia da íris

impede a visualização do esporão escleral, deve-se fazer o diagnóstico diferencial

entre um ângulo excessivamente estreito e um ângulo fechado por aposição ou por

sinéquias. Quando o esporão escleral apresentar-se inusitadamente visível, protruso

e branco pode ser indicativo de retrocesso traumático do seio camerular ou

ciclodiálise.

- Faixa ciliar: A Faixa Ciliar corresponde à porção mais anterior do músculo ciliar e

estende-se da raiz da íris até o esporão escleral. É recoberta por uma quantidade

variável de trabeculado uveal que lhe confere um grau variado de pigmentação e

textura. O músculo ciliar apresenta-se despigmentado em olhos claros e acinzentado

em olhos escuros. A largura da faixa ciliar depende da altura da inserção da íris:

tende a ser larga nos olhos míopes e estreita ou ausente nos hipermétropes.

3.5.3 Técnica de gonioscopia.

Quando a luz passa de um meio menos refringente para outro mais

refringente pode ocorrer reflexão total se o ângulo de incidência for muito inclinado.

Essa é a razão pela qual a imagem do ângulo camerular não é observada em

condições normais: ela sofre reflexão total na interface lágrima-ar. Somente com a

modificação da curvatura corneana (gonioscopia direta) ou utilização de espelhos

(gonioscopia indireta) é possível estudar as estruturas do seio camerular. A

gonioscopia direta é usualmente realizada com a lente de Koeppe e praticamente

não é utilizada, salvo em casos específicos como no glaucoma congênito. Já

gonioscopia indireta é realizada através de imagem refletida em espelho incorporado

à lente de contato e tem como característica a imagem invertida do ângulo da

câmara anterior (ORÉFICE, 2001; YAMANE, 2003).

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Dispomos de dois modelos básicos de lentes para gonioscopia: a lente de

Goldmann, que tem uma superfície de contato de maior diâmetro e mais curva,

necessitando interface líquida ou viscoelástica e a lente de Zeiss.

A posição do globo é fundamental: se o paciente desvia o olhar na direção do

espelho, o ângulo parece mais amplo e, se em direção oposta, mais estreito. A lente

de Goldmann, apoiando-se no limbo, pode transmitir pressão sobre a periferia da

córnea, estreitando o ângulo camerular. Já a lente de Zeiss, apoiando-se somente

sobre a córnea, tende a deslocar posteriormente o diafragma irido-cristaliniano,

abrindo o ângulo. Isso propicia a realização da gonioscopia de indentação,

especialmente útil em olhos com câmara anterior rasa e íris abaulada, em que não

se tem visão do seio camerular. Com ela, é possível diferenciar um bloqueio angular

aposicional de um bloqueio por sinéquias anteriores periféricas. Esta manobra é

prejudicada se a pressão intra-ocular estiver acima de 40 mmHg. A indentação da

córnea causa dobras na face posterior (Descemet) o que, eventualmente,

compromete a visão dos detalhes do ângulo.

Sendo o exame gonioscópico um estudo da topografia do ângulo da câmara

anterior, o conhecimento e a identificação de todos os detalhes anatômicos

permitem que se analisem vários aspectos de fundamental importância no

diagnóstico diferencial dos vários tipos de glaucoma. No exame gonioscópico é

importante que se estude:

1- A inserção da íris.

2- A amplitude do ângulo camerular

3- A configuração da periferia da íris

4- O grau de pigmentação

Inserção da íris: A íris se insere, normalmente, no músculo ciliar, posteriormente ao esporão escleral. Mais raramente, implanta-se no nível do esporão. Somente em

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condições patológicas apresenta-se inserida no nível da malha trabecular ou anterior a ela, como em anomalias congênitas ou sinéquias anteriores.

Amplitude do ângulo da câmara anterior: Tanto os glaucomas primários como os

secundários podem ser divididos em duas grandes categorias: de ângulo aberto e de

ângulo fechado. Somente por meio de um exame gonioscópico cuidadoso é possível

estabelecer com segurança se um determinado ângulo está aberto ou fechado e, se

aberto, é amplo, intermediário ou estreito.

Configuração da íris: A configuração da periferia da íris é importante na avaliação

da amplitude do seio camerular. Os olhos míopes tendem a apresentar a íris plana

ou côncava, enquanto que os hipermétropes geralmente apresentam a íris convexa .

Um tipo relativamente raro de configuração iriana é a íris em platô. Estes olhos

exibem uma câmara anterior de profundidade normal, apresentando, no entanto, um

ângulo estreito devido à projeção anterior da periferia da íris.

Grau de pigmentação: É importante que se quantifique o pigmento depositado no

seio camerular. Os pigmentos liberados na câmara anterior se depositam,

predominantemente, na malha trabecular e se acumulam, em grande maioria, na

sua porção mais posterior, próximo ao esporão escleral. A malha trabecular pode

mostrar-se sem depósitos pigmentares (0) ou ser obscurecida completamente por

densa pigmentação negra (4+), como ocorre na síndrome de dispersão pigmentar.

A classificação de Shaffer-Etienne foi utilizada neste estudo, pois parece ser

mais adequada e reprodutível, além de ser a mais utilizada. Consiste na avaliação

das estruturas do ângulo da câmara anterior que são visíveis ao exame

gonioscópico, enquanto se mantém a direção do olhar do paciente em frente,

perpendicular à superfície plana da lente (SHAFFER, 1957-1960). (QUADRO 1)

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GRAU

ACA

(graus)

ESTRUTURAS VISÍVEIS / PROBABILIDADE DE FECHAMENTO

GRAU 4

35° - 45°

Ângulo aberto com todas da estruturas visíveis até parte da faixa ciliar.

Fechamento angular impossível.

GRAU 3

20°- 35°

Angulo aberto com estruturas visíveis até o esporão escleral.

Fechamento angular impossível.

GRAU 2

20°

Angulo estreito com estruturas visíveis até o trabeculado.

Fechamento angular possível.

GRAU 1

10°

Ocorre com o ângulo extremamente fechado. Estruturas visíveis o trabeculado anterior

a linha de Schwalbe.

Fechamento angular provável.

GRAU 0

Angulo fechado, com contato iridocorneano onde as estruturas do seio camerular não

se encontram visíveis.

ACA – Ângulo da Câmara Anterior.

QUADRO 1. A classificação de Shaffer consiste na av aliação das estruturas do

ângulo da câmara anterior que são visíveis ao exame gonioscópico, e

correlaciona seus achados com a probabilidade de fe chamento angular.

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Atualmente, dispomos de poucas possibilidades tecnológicas para avaliação

do seio camerular. Deste modo, o estudo gonioscópico pela lente de Goldmann

ainda é a melhor forma de analisar seus aspectos morfológicos e sua abertura. A

precisão dos aparelhos constitui fator primordial na confiabilidade de novas

tecnologias para realização do exame, sendo o objetivo deste trabalho determinar a

correlação da medida do ângulo da câmara anterior, através da gonioscopia

tradicional com lente de Goldmann de três espelhos, com a medida obtida pelo

tomógrafo de segmento anterior HR Pentacam®.

3.6 FOTOGRAFIAS DE SCHEIMPFLUG E O SISTEMA HR PENTACAM®

O Sistema HR Pentacam® utiliza a técnica da fotografia de Scheimpflug,

criada por Theodor Scheimpflug, engenheiro e fotógrafo austríaco que a patenteou

em 1904. Seu princípio se fundamenta na óptica paraxial da fotografia. Em 1970,

baseando-se nesta técnica, um grupo de investigadores criou um sistema óptico

capaz de analisar o segmento anterior do olho desde a superfície anterior da córnea

até a superfície posterior do cristalino num plano sagital. Pelo princípio de

Scheimpflug, as imagens da câmara anterior são obtidas por uma máquina que

capta imagens de forma perpendicular à iluminação da fenda, criando uma secção

óptica da córnea ao cristalino. Assim como na obtenção de imagens por técnicas

acústicas, a correção das distâncias das imagens é realizada com a utilização do

índice refracional e da curvatura das superfícies estudadas (DUBBELMAN, 2002).

Desta forma, na fotografia digital de Scheimpflug, a imagem é processada

progressivamente em cortes perpendiculares seguindo em direção ao centro do

óptico, reduzindo a curvatura do raio e incrementando a profundidade e a espessura

ao longo deste, diferindo da fotografia tradicional.

Em 2003, a Oculus Inc. da Alemanha iniciou a comercialização do aparelho

que emprega os princípios da fotografia de Scheimpflug, capaz de gerar

rapidamente imagens em diferentes planos longitudinais do segmento anterior. Um

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sistema de câmeras percorre uma cúpula redonda para capturar cortes sagitais do

segmento anterior do olho em 360º. As curvaturas corneanas, anterior e posterior,

podem ser continuamente avaliadas pelo examinador e seu reconhecimento

modificado manualmente, caso se faça necessário. O sistema utiliza intensidades

padronizadas de luminosidade e pode determinar o índice de transmissão da luz na

córnea. São realizados 50 scan por segundo com aproximadamente 500 pontos de

elevação por análise de superfície, sendo medidos, aproximadamente, 25.000

pontos de elevação através da máquina fotográfica giratória. As imagens são, então,

processadas digitalmente (DUBBELMAN, 2002). (DUBBELMAN, 2002). (FIGURA 1)

FIGURA 1. Tomógrafo de segmento anterior HR Pentaca m®.

O Sistema HR Pentacam® auxilia na análise da córnea e do segmento

anterior do olho, formando imagens em terceira dimensão, em tomadas de dois

segundos, sem tocar o olho. São obtidos desta maneira, mapas tridimensionais de:

paquimetria, densitometria cristaliniana, topografia corneana e análise em terceira

dimensão da câmara anterior (AMANO, 2006). Estes dados podem ser empregados

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nas diferentes subespecialidades como cirurgia refrativa e de cristalino, de

glaucoma, de córnea e de alterações que envolvam o segmento anterior do olho

(LACKNER, 2005).

A análise topográfica anterior e posterior da córnea (que mede as faces tanto

do ponto de vista de elevação, como de curvatura) fornece diversos mapas como o

de elevação com múltiplas referências nos bordos, os que consideram a influência

da face posterior da córnea, os de desvios da potência ceratométrica além de

diversos programas com mapas padrões e comparativos com diferenciais

(BARKANA, 2006). (FIGURA 2)

FIGURA 2. Fotografia de Scheimpflug obtida pelo Sis tema HR Pentacam ®, a

medida do ângulo (ACA – Ângulo da Câmara Anterior ) é realizada com a

medida da distância do ponto de captação óptico com de mais alta

refletividade do tecido iriano e a superfície poste rior da córnea (planos de

referência).

A espessura da córnea é avaliada na sua totalidade, de limbo a limbo sendo

apresentada na forma de mapa colorido mostrando valores de espessura no centro

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da pupila, no ápice da córnea, ponto mais afinado, entre outros sendo comparável à

paquimetria ultrassônica (ALONSO, 2005).

O sistema permite, também, a análise das dimensões da câmara anterior do

olho, incluindo profundidade central, periférica e do ângulo, que se constituem em

medidas importantes, por exemplo, na avaliação de implante de lentes intra-

oculares. A análise do cristalino, quantificando sua densidade, identifica as

opacidades de cápsula anterior e posterior, auxiliando no pré e pós-operatório.

Possui, além disto, a capacidade de quantificar a opacidade corneana (“haze”), de

analisar as dobras de disco de LASIK e de avaliar casos de ectasia corneana

(AMBRÓSIO, 2006).

As condições dos implantes de lentes intra-oculares, a relação do implante

com a cápsula, a análise de implantes “piggy-back”, os casos de luxação de lente

intra-ocular, entre outros, podem também ser obtidos através do HR Pentacam®.

Este exame também auxilia num cálculo mais preciso do poder da lente intra-ocular

em casos de variações de curvatura corneana, como, por exemplo, nos casos de

cirurgia refrativa.

Este aparelho tem demonstrado boa reprodutibilidade em medidas como a

espessura corneana, profundidade da câmara anterior, quando comparado ao

Orbscan, à topografia tradicional, à UBM e às imagens da ressonância magnética.

Constitui-se na técnica mais freqüentemente utilizada para analisar descentrações

de LIO, bem como na contração da cápsula anterior e na opacificação da cápsula

posterior (LACKNER, 2005).

O volume da câmara anterior (VCA) é calculado a partir da distância da

superfície posterior da córnea, da íris e do cristalino integrados num diâmetro de 12

mm em torno do ápice corneano. A profundidade da câmara anterior a partir do

ápice corneano até a superfície anterior do cristalino é calculada num modelo

tridimensional, sendo o ponto de referência considerado neste estudo o endotélio,

sendo possível também o cálculo também pelo epitélio (VARGAS, 1973; BUEHL,

2006; Pentacam® - Instruction Manual). (FIGURA 3)

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30

FIGURA 3. Interface gráfica para o usuário do HR Pe ntacam ®. Em destaque

medida do volume da câmara anterior (VCA) e profund idade da câmara anterior

(PCA) (Ângulo estreito).

3.6.1 SISTEMA HR PENTACAM® E A GONIOSCOPIA

No sistema HR Pentacam® as imagens são capturadas automaticamente com um

programa específico. Nele a medida do ângulo é obtida com a medida da distância

do ponto de captação óptico de mais alta refletividade do tecido iriano e a superfície

posterior da córnea (planos de referência). (FIGURA 4)

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31

FIGURA 4. Interface gráfica para o usuário do HR Pe ntacam ®. Em destaque

medida do ângulo da câmara anterior (ACA) (Ângulo A berto).

O software analisa as imagens de Scheimpflug determinando as estruturas

citadas e calculando a abertura do ângulo da câmara anterior (ACA) em graus (0).

Após este cálculo é estipulada a medida do ACA baseado na menor medida

capturada nos quadrantes nasal ou temporal. Neste estudo, avaliamos esta medida

devido à facilidade de acesso no meridiano horizontal do aparelho e por esta ser

representativa do setor de menor amplitude do ângulo, sendo portanto sua porção

mais fechada. Além disto, assim para diminuir a influência de estruturas periféricas

na íris, todas as medições foram realizadas com as mesmas condições de

iluminação utilizadas para gonioscopia. A imagem com a melhor qualidade e melhor

incidência foi então analisada.

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32

4.0 MATERIAL E MÉTODO:

Foi realizado um estudo prospectivo observacional em pacientes

encaminhados para avaliação no setor de Glaucoma do Hospital Universitário

Antônio Pedro (HUAP), da Universidade Federal Fluminense, em Niterói, RJ, Brasil.

Os dados foram coletados em fichas protocoladas com informações sobre o

número do prontuário, nome do paciente, sexo, idade, classificação do glaucoma e

descrição de exames. Estes continham informações sobre a data de sua realização,

acuidade visual, pressão intra-ocular, exame biomicroscópico, procedimentos

realizados e tratamento em curso. Como parâmetros, utilizamos os dados dos

doentes avaliados no setor de Glaucoma do Hospital Universitário Antônio Pedro,

não constando como critérios de inclusão a faixa etária, a etnia, o sexo, a cor e a

classe social. Os pacientes foram selecionados pelo exame oftalmológico na

avaliação do Setor de glaucoma do HUAP, enquadrando-se, portanto, na indicação

da realização de avaliação gonioscópica. Definimos como critérios de exclusão as

doenças morfológicas do segmento anterior como cicatrizes, distrofias, processos

degenerativos e alterações infecciosas ou inflamatórias em atividade, além de

cirurgia ocular prévia. Desta forma, foram analisados, apenas, os olhos de aspecto

normal e encaminhados para avaliação de doença glaucomatosa.

Um examinador treinado (RSA) realizou exame oftalmológico completo em

cada paciente, incluindo a melhor acuidade visual corrigida aferida pela tabela de

Snellen e a refração manifesta e objetiva (refração automatizada e ceratometria,

biomicroscopia na lâmpada de fenda, pressão intra-ocular mediada pelo tonômetro

de aplanação de Goldmann e oftalmoscopia indireta realizada com a lente de fundo

de olho Volk).

O termo de consentimento informado foi obtido de cada paciente e todos

foram avaliados de acordo com os princípios da Declaração de Helsinki e da

Associação Médica Mundial, observados os critérios de respeito em pesquisa com

seres humanos. O estudo clínico também foi avaliado e aprovado pelo Comitê de

Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Antônio Pedro, da Universidade Federal

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Fluminense e pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Projeto

0010.0.258.000-07).

O exame gonioscópico foi realizado utilizando-se uma lâmpada de fenda

(magnificação 25x) com o auxílio de uma lente de Goldmann de contato com 03

espelhos (utilizando o espelho de 59o) - (Haag-Streit, Berna, Suíça) - que provê uma

imagem indireta reversa do ângulo.

O exame foi precedido pela instilação de colírio anestésico (Anestalcon® /

Cloridrato de Proximetacaína – Alcon, Brasil) e a lente preenchida com uma gota de

metilcelulose a 1% na superfície curva, com o objetivo de atuar como meio de

contato óptico.

Todos os pacientes foram examinados em ambiente escurecido com análise

de fenda de luz (1mm) angulada em 45o, avaliados os quatro quadrantes do seio

camerular (inferior, superior, nasal e temporal), sendo os resultados tabulados de

acordo com a classificação de Shaffer.

4.1 TÉCNICA UTILIZADA PARA AVALIAÇÃO GONIOSCÓPICA

(FIGURA 5)

- Após a anestesia, a lente foi posicionada sobre a córnea (o que é facilitado pela

solicitação ao paciente para que olhe para cima).

- Foi utilizada baixa iluminação ambiente semelhante à utilizada nas medidas do HR

Pentacam®.

- Utilizou-se o maior aumento (25x) para melhor observação dos detalhes.

- Iniciado o exame, com iluminação difusa, ampliou-se a fenda para uma visão

panorâmica.

- O exame foi realizado em seqüência rotineira: inferior, nasal, superior e temporal.

- Para avaliação da amplitude do ângulo, com o corte óptico, utilizou-se,

inicialmente, uma fenda curta que não atingiu a pupila (a miose pode ampliar a

abertura do seio).

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- Com a inclinação da fenda em 40-45º em relação ao eixo de observação foi

possível identificar a linha de Schwalbe.

- Quando as estruturas não foram observadas, realizou-se a gonioscopia dinâmica:

foi solicitado ao paciente que dirigisse o olhar em direção ao espelho: assim o eixo

de observação corre mais paralelo à córnea, possibilitando exame do recesso do

seio camerular.

• O exame foi precedido pela instilação de colírio anestésico e a lente preenchida com

uma gota de metilcelulose a 1% na superfície curva para atuar como meio de

contato óptico.

• Ao iniciarmos o exame com iluminação difusa, ampliamos a fenda para uma visão

panorâmica.

FIGURA 5. Seqüência do exame da gonioscopia tradici onal com a lente de

Goldmann.

Todos os pacientes foram posteriormente avaliados pelo sistema de

tomografia de segmento anterior de não contato (HR Pentacam®), aparelho que tem

certificação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. A tomada das fotografias é

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automatizada, sendo a graduação do seio camerular nos ângulos nasal e temporal

interpretada pelo software do aparelho e o resultado fornecido em graus.

4.2 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados obtidos foram transferidos para o Statistical Package for the Social

Science (SPSS 12.0) e a análise estatística para a comparação entre os parâmetros

clínicos do HR Pentacam® foi realizada com o teste Kappa (LANDIS, 1977) e com a

análise de regressão linear (BLAND, 1986).

Para a comparação dos valores do ACA classificados pelos dois métodos foi

utilizada a medida Kappa, que é baseada no número de respostas concordantes, ou

seja, no número de casos cujo resultado é o mesmo entre os juízes. O Kappa é um

teste de concordância inter-observador e mede o grau de concordância além do que

seria esperado tão-somente pelo acaso. Esta medida de concordância tem como

valor máximo o número 1, em que este valor representa total concordância. Já os

valores próximos e até abaixo de 0 indicam que não houve nenhuma concordância,

ou, ainda, que a concordância foi exatamente a esperada pelo acaso. (QUADRO 2)

(LANDIS, 1977)

Valor de Kappa Interpr etação

< 0 Nenhuma concordância

0-0.19 Concordância pobre

0.20-0.39 Concordância fraca

0.40-0.59 Concordância moderada

0.60-0.79 Concordância substancial

0.80-1.00 Concordância perfeita

(QUADRO 2)

Para a avaliação dos parâmetros VCA e PCA, a distribuição da amostra foi

certificada como distribuição normal pelo teste Kolmogorov-Smirnov. Este teste é

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usado para determinar se duas distribuições de probabilidade subjacentes diferem

uma da outra ou, ainda, se uma das distribuições de probabilidade subjacentes

difere da distribuição em hipótese, em qualquer dos casos com base em amostras

finitas. Em seguida, são então correlacionadas pela análise de regressão linear

simples que avalia se a diferença entre as duas amostras apresenta significância

estatística.

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37

5.0 RESULTADOS

Foram avaliados 112 olhos de 60 pacientes incluídos de forma prospectiva. A

média de idade dos pacientes era de 51 ± 12 anos (variação de 21-72 anos). A

proporção mulher - homem era de 32:28. A pressão intra-ocular média foi de 20 ± 09

mmHg (variação de 10-34mm Hg) utilizando-se a técnica da tonometria de

aplanação de Goldmann. (APÊNDICE / TABELA 1)

Foram avaliados 74 (66,07%) olhos classificados como pacientes com ângulo

aberto e 38 (33,93%) olhos de pacientes classificados como ângulo estreito pela

classificação gonioscópica de Shaffer. O ângulo de câmara anterior (ACA), o volume

de câmara anterior (VCA) e a profundidade de câmara anterior (PCA) foram

calculados com o aparelho HR Pentacam®. (APÊNDICE / TABELA 2 e 3)

Os resultados demonstraram que existe uma concordância moderada

observando-se o teste Kappa, que obteve valor de 0,513 (P<0.001) quando os

parâmetros clínicos avaliados foram para determinação dos ângulos classificados

como abertos (Shaffer 3 e 4) ou estreitos (Shaffer 1 e 2). Nesta etapa não foram

analisados de forma individualizada os segmentos da classificação de Shaffer.

(APÊNDICE / GRÁFICO 1 e TABELA 4)

A sensibilidade e especificidade do HR Pentacam® para o detecção de

ângulos oclusíveis (Shaffer 1 e 2) foi baseada no valor estipulado para ângulo com

potencial de fechamento no HR Pentacam® àqueles que apresentassem o ACA

abaixo de 22°. A sensibilidade foi de 60,52% (23/38 ) e a especificidade de 100%

(74/74) comparadas à técnica da gonioscopia com a lente de Goldmann classificado

pela escala de Shaffer. Observamos que nove pacientes apresentaram quadro

compatível com crise de glaucoma agudo na sua história patológica pregressa e o

grau do ângulo foi corretamente categorizado como ângulo estreito em ambos os

sistemas (Na gonioscopia tradicional com a lente de Goldmann, e na análise

morfométrica do HR Pentacam®).

Na avaliação dos valores morfométricos do HR Pentacam® o valor médio para

o ACA foi de 35°±90° (variação de 3,1°- 51,9°) para todos os olhos examinados. A

média da abertura do ACA foi de 39,200 ± 5,31 DP para o ângulo aberto e 21,18

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graus (0) ± 7,98 DP para os estreitos. O teste Kappa também foi utilizado para

analisar a correlação individual de cada grau da classificação de Shaffer. Nesta

avaliação, o ângulo da câmara anterior calculado pelo HR Pentacam® apresentou

correlação de moderada concordância com o resultado do examinador no método

tradicional nos ângulos classificados com graduação de Shaffer 1 e 4. Contudo nos

ângulos intermediários Shaffer 2 e 3 foi observada uma correlação de concordância

fraca. (APÊNDICE / TABELA 5 6 7)

A avaliação dos valores da profundidade da câmara anterior (PCA) e do

volume da câmara anterior (VCA) demonstrou diferenças estatísticas significativas

entre os grupos de ângulo aberto e ângulo estreito nas duas classificações (HR

Pentacam® e Shaffer). Os valores encontrados foram de 193 ± 36 mm3 DP do VCA

obtido para os ângulos abertos e 90 ± 25 mm3 DP do VCA obtido para os ângulos

estreitos (p<0.0001). A PCA foi de 3,09 ± 0,42 mm DP nos ângulos abertos e 1,55

mm ± 0,64 DP nos ângulos estreitos (p<0.0001). (APÊNDICE / GRÁFICOS 2 e 3)

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6.0 DISCUSSÃO:

Há décadas foi desenvolvida a gonioscopia clínica permitindo a diferenciação

dos ângulos abertos e estreitos, caracterizando assim diferentes tipos de glaucoma.

Scheie e Shaffer desenvolveram métodos simples para quantificar a abertura do seio

camerular, sendo posteriormente aperfeiçoados por Spaeth que incrementou a

descrição do exame com a forma e a localização da inserção da íris (SPAETH,

1971). Hoje, os caminhos nos levam a uma nova era, novas tecnologias surgem

para diagnosticar, quantificando aspectos do segmento anterior utilizando

tecnologias com princípios da ultra-sonografia, da interferometria e da fotografia de

Scheimpflug entre outros. Assim, os sistemas de imagem vêm alterando

significativamente o diagnóstico e a avaliação do glaucoma ao descrever de forma

objetiva as informações das relações anatômicas do segmento anterior.

Considera-se o objetivo principal da gonioscopia a visualização da abertura

do seio camerular, sendo então estipulado o padrão ouro para a possível

determinação do ângulo aberto, ou estreito e com possibilidade de oclusão. Neste

estudo, foram avaliados olhos com diferentes aberturas do seio camerular a fim de

correlacionar medidas clínicas da morfometria do segmento anterior do HR

Pentacam® com a gonioscopia tradicional.

A avaliação do ângulo pela gonioscopia tradicional com a lente de Goldmann

classifica de forma subjetiva a amplitude do seio camerular. Uma das desvantagens

no uso de lente de Goldmann é o contato direto com a córnea que pode conduzir a

mudanças de curvatura corneana com alteração no aspecto da estrutura analisada.

Tal fato pode causar distorção que poderia influenciar na classificação final do

ângulo reduzindo a precisão da avaliação gonioscópica. Além disto, trata-se de um

exame de contato, necessitando colaboração do paciente e exigindo treinamento de

profissional capacitado para correta identificação das estruturas.

A fim de desenvolver novas tecnologias para a determinação de forma

mecanizada do grau de abertura do seio camerular, estudos compararam

equipamentos como a ultra-sonografia e a gonioscopia revelando uma variabilidade

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alta e uma correlação fraca na avaliação da abertura do ângulo. Este achado foi

observado principalmente em pacientes com ângulos estreitos (RILEY, 1991).

Posteriormente, surgiu o desenvolvimento da biomicroscopia ultra-sônica

(UBM), método de imagem atual mais reconhecido para documentação do segmento

anterior, que utiliza ultra-som com transdutores de alta freqüência (50 a 80 MHz),

conseguindo imagens com resolução de 50 e 25 micra respectivamente. Além disso

proporcionou o reconhecimento do esporão escleral (estrutura altamente refletiva

comparada com tecidos como o corpo ciliar a e córnea) (PAVLIN, 1992). A partir

deste ponto de referência, a configuração da ACA foi proposta revelando uma

correlação alta entre a gonioscopia e a UBM (KUNIMATSU, 2005). Hoje sabemos

que a UBM pode ser utilizada para demonstrar uma larga variedade de patologias do

segmento anterior, sendo útil na avaliação pré e pós-operatória dos pacientes com

glaucoma.

Trabalhos compararam a UBM e a fotografia de Scheimpflug com o objetivo

de determinar da amplitude do ângulo estabelecendo uma correlação relativamente

baixa. Embora os métodos de Scheimpflug sejam não-invasivos, sua baixa

resolução nos primeiros equipamentos impedia uma visualização exata do ângulo da

câmara anterior tornando o exame pouco utilizado (BÖKER, 2005; FRIEDMAN,

2003).

A UBM demonstrou boa reprodutibilidade intra-observadores em diversas

medidas do segmento anterior. A determinação do ACA, contudo, não obteve o

mesmo resultado (TELLO, 1994). A reprodutibilidade inter-observador também

variou consideravelmente, afetada que foi pela interpretação subjetiva do marco

anatômico visualizado (SPAETH, 1997), sendo reprodutível apenas na medida da

espessura corneana. Assim, concluiu-se que a UBM não poderia se tornar o método

padrão ouro para caracterizar o ACA (RILEY, 1994).

Está relatado que a técnica da UBM apresenta custo elevado e é demorada

sua aplicação. Para sua correta avaliação, é necessário que o paciente seja

examinado deitado em posição supina, o que poderia causar a posteriorização do

cristalino e de outras estruturas alterando desta forma os achados do exame. Sob

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este ponto de vista a grande vantagem do HR Pentacam® seria a sua característica

de ser operador independente, já que não necessita da sinalização dos marcos

anatômicos pelo realizador do exame, sendo totalmente automatizado exigindo

breve treinamento do operador. Além disto, o paciente é examinado sentado e não

existe qualquer contato com o olho.

Correlações das estruturas do segmento anterior também foram testadas com

imagens obtidas por tomógrafos: pela interferometria de coerência parcial (AC-

Master®), pela reflectometria de baixa coerência (Haag-Streit), pelo topógrafo de

escaneamento em fenda (Orbscan®) e pela tomografia de coerência óptica do

segmento anterior (AS-OCT) (AMANO, 2006; BARKANA, 2005; BUEHL, 2006).

A análise do ACA pelo Orbscan®, sistema que utiliza o princípio de

escaneamento em fenda, demonstrou limitações semelhantes às encontradas neste

estudo com a fotografia de Scheimpflug (LLORENS, 2005). A mais significativa

limitação, em ambas as técnicas, é a incapacidade de detectar e medir de forma

confiável os ângulos estreitos e intermediários (Shaffer 2 e 3), justamente aqueles

com probabilidade de fechamento angular com susceptibilidade ao glaucoma. Este

erro sistemático está relacionado com a luz projetada sobre o segmento anterior que

não atinge o ponto de intersecção da superfície posterior da córnea e a íris, pois a

luz proveniente da região do seio, ao atingir a interface córnea/ar em um ângulo

oblíquo e acaba sendo refletida internamente.

A tomografia de coerência óptica do segmento anterior (AS-OCT) utiliza o

aparelho OCT adaptado a uma lâmpada de fenda. É um método de não contato,

possuindo uma resolução óptica de 18 a 60 micra (HOERAUF, 2000). A técnica foi

utilizada para demonstrar a abertura do ângulo da câmara anterior (ACA) de forma

objetiva e quantitativa utilizando um software específico para facilitar a marcação do

ângulo, demonstrando boa correlação com a gonioscopia (0.80, P=.001) ao

diferenciar ângulos com risco de fechamento (WIRBELAUER, 2005).

Comparada à UBM, o AS-OCT mostra-se mais simples, exigindo menos do

operador, fornecendo um exame de não contato com ausência de distorção

mecânica do segmento anterior.

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A fotografia de Scheimpflug rotacional utiliza uma seqüência de imagens

fotográficas com reconstrução computadorizada gerando uma análise tridimensional.

Desta forma possibilita dados importantes da córnea, câmara anterior e cristalino.

Foi demonstrada correlação estatística moderada comparando-se a morfometria do

HR Pentacam® e a classificação Shaffer na distinção dos ângulos aberto e fechado.

Os resultados obtidos demonstraram que a determinação da ACA foi superestimada

nos pacientes com ângulos intermediários na análise do software do aparelho

Pentacam, entretanto constatamos que todos os olhos que apresentaram

fechamento angular prévio foram corretamente classificados como ângulos estreitos

pelo Pentacam e também apresentaram valores reduzidos de VCA e de PCA. A

importância da avaliação da PCA e do VCA foi demonstrada pela diferença

estatística significativa nos pacientes de ângulo fechado em relação aos pacientes

de ângulo aberto.

A PCA pode ser avaliada pela característica limbal (VAN HERICK, 1969),

requerendo um oftalmologista ou técnico experiente e lâmpada de fenda, sendo

assim limitada pela necessidade de equipamento e pessoal altamente treinado. Já a

medida obtida pelo ultra-som B da PCA com uma sonda produz medidas pouco

reprodutíveis.

A utilização da ecobiometria A mostrou-se eficaz na determinação da PCA em

estudos clínicos, sendo observada diferença estatisticamente significativa na

profundidade da câmara anterior, no diâmetro axial da cavidade vítrea e no diâmetro

axial de olhos glaucomatosos. Demonstrou-se deste modo a grande diferença

anatômica que existe entre os olhos portadores de glaucoma simples e os

portadores de glaucoma agudo (CALIXTO, 1986). No glaucoma agudo unilateral,

estudando-se comparativamente os dois olhos de doze pacientes não houve

diferença significativa nos parâmetros estudados, exceto na profundidade da câmara

anterior onde foi encontrada uma diferença com valor limiar (CALIXTO, 1986).

O fato da profundidade da câmara anterior diminuir e a espessura do

cristalino aumentar com a idade, estabelecendo uma correlação negativa entre estas

variáveis (GRANDBERG, 2001), parece não ter influenciado nosso estudo, pois não

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houve diferença estatisticamente significativa quanto à faixa etária entre os grupos

estudados.

O volume da câmara anterior demonstrou diferença estatística significativa

nos pacientes de ângulo fechado em relação aos pacientes de ângulo aberto.

Existem poucos dados na literatura a respeito de medidas como o VCA no segmento

anterior. Os valores de câmara anterior são importantes no planejamento cirúrgico

para cálculo de lente intra-ocular ou para implantação de lentes fácicas (OLSEN,

1995; HOLLADAY, 1996; ALLEMANN, 2000.). Em estudo prospectivo, que avaliou

medidas do segmento anterior em indivíduos saudáveis com o aparelho Pentacam®,

o volume de câmara anterior médio foi de 160,4 ± 36,81 mm3 e da profundidade de

câmara anterior de 2,93 ± 0,36 mm. Além disto, observou-se uma excelente

correlação entre o volume e a profundidade de câmara anterior (r=0,92)

(RABSILBER, 2006).

Trabalho realizado em olhos saudáveis (com equivalente esférico médio de -

2,15 D) comparou as medidas de câmara anterior realizadas pelo Pentacam®,

Orbscan® e AC-Master® (interferometria de coerência parcial) e mostrou médias de

profundidade de 3,15 ± 0,28 mm; 3,12 ± 0,27 mm; 3,32 ± 0,24 mm respectivamente.

Observou-se uma correlação melhor entre as medidas do Pentacam® e do Orbscan®

(r=0,96). Os três aparelhos se mostraram excelentes métodos de não-contato para

medida de profundidade de câmara anterior (BUEHL, 2006). Esta demonstrou ser

muito semelhante ao trabalho onde foram avaliados pacientes com olhos saudáveis

candidatos à cirurgia refrativa em que, para um equivalente esférico de 0 a -3 D a

média da profundidade foi de 3,15 ± 0,28 mm com o Pentacam® (MURATA, 2007).

Assim, a morfometria do segmento anterior obtida pelo HR Pentacam® pode

ser considerada um método acessório a ser utilizado em estudos epidemiológicos

para detectar ângulos oclusíveis, principalmente quando avaliamos a PCA e o VCA.

A facilidade de realização do exame, o nível de conforto que apresenta e a ausência

de contato médico-paciente favorecem sua aplicação em crianças e naqueles

pacientes que apresentam pouca cooperação, em crianças, e em pacientes que

foram submetidos a procedimentos cirúrgicos recentes.

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7.0 CONCLUSÃO

1. Os resultados revelaram uma correlação moderada da concordância em

diferenciar ângulos abertos e ângulos estreitos na técnica tradicional de gonioscopia

e no HR Pentacam®.

2. A avaliação do ângulo da câmara anterior calculado pelo HR Pentacam®

apresentou correlação de moderada concordância com o resultado do examinador

no método tradicional da gonioscopia nos ângulos classificados como Shaffer 1 e 4.

No entanto nos ângulos classificados como Shaffer 2 e 3 houve correlação de

concordância fraca.

3. A análise pelo HR Pentacam®, nos olhos com ângulo aberto apresentou

diferença estatística significativa apresentando maior média de volume da câmara

anterior e maior profundidade da câmara anterior em relação aos olhos com ângulo

estreito, demonstrando auxiliar na diferenciação dos ângulos abertos e dos ângulos

estreitos.

4. Deste modo, a tecnologia do HR Pentacam® não pode substituir a

avaliação gonioscópica de um examinador treinado analisando a anatomia do

ângulo da câmara anterior, permanecendo esta o exame padrão ouro para a

avaliação do seio camerular.

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8.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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Ophthalmology. 1996; 80:389-393.

2. QUIGLEY HA, BROMAN AT. The number of people with glaucoma worldwide in

2010 and 2020. British Journal of Ophthalmology 2006; 90:262-267

2.

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epidemiologic study in Greenland Eskimos. Acta Ophthalmologica, 53(1):89-104.

4. SALMON JF. Predisposing factors for chronic angle-closure glaucoma. Progressive

Retinal Eye Research 1999 18(1): 121-32.

5. RITCH R, LOWE RF. Angle Closure Glaucoma - Clinical Types. The Glaucomas. St.

Louis, Mosby. 1996 2: 820-840. 78

6. RITCH R, LOWE RF. Angle Closure Glaucoma - Mechanisms and Epidemiology.

The Glaucomas. St. Louis, Mosby. 1996 2: 801-819.

7. RITCH R, LOWE RF. Angle Closure Glaucoma – Therapeutic Overview. 1996

8. FOSTER PJ, BUHRMANN, RR, QUIGLEY HA, JOHNSON GJ. The definition and

classification of glaucoma in prevalence surveys. British Journal of Ophthalmology

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9. PHELAN P. Reappraising first-line treatment in glaucoma management. Hospital

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9.0 APÊNDICES E ANEXOS

PÓS GRADUANDO: Ruiz Simonato Alonso.

Mestrado em Ciências Médicas (Linha de Pesquisa: Of talmologia Glaucoma)

1 – IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO:

1.1 – Título : Comparação da Gonioscopia com a Morfometria do segmento anterior

pela Fotografia de Scheimpflug.

1.2 – Área de Concentração (CNPq): Mestrado em Ciências Médicas

(Linha de Pesquisa: Glaucoma)

1.3 – Palavras – Chave: Pentacam, Gonioscopia, Scheimpflug, Shaffer.

1.4 – Local de Realização do Projeto:

Hospital Universitário Antônio Pedro da Universidade Federal Fluminense.

Departamento de Oftalmologia - Setor de Glaucoma.

Instituto de Olhos Renato Ambrósio – RJ – Clinica Particular.

Projeto avaliado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa / SISNEP

Sistema Nacional sobre Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos:

Aprovação CEP/CONEP em Fevereiro 2007

Projeto 0010.0.258.000-07

Área Temática: Medicina Diagnóstica

Grupo I Novos Procedimentos

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IDENTIFICAÇÃO DOS RESPONSÁVEIS / EQUIPE ENVOLVIDA

Dr. Ruiz Simonato Alonso

Pós-Graduando Nível Mestrado em Ciências Médicas (Linha de Pesquisa: Glaucoma)

Médico Assistente do Setor de Glaucoma do Hospital Universitário Antônio Pedro da Universidade Federal Fluminense; Médico Assistente do Setor de Glaucoma do Instituto de Olhos Renato Ambrósio.

Orientador: Prof. Marcelo Palis Ventura

Universidade Federal Fluminense

Hospital Universitário Antônio Pedro da Universidade Federal Fluminense

Departamento de Oftalmologia - Setor de Glaucoma

Professor Orientador do Mestrado em Ciências Médicas (Linha de Pesquisa: Glaucoma) Universidade Federal Fluminense; Responsável pelo Setor de Glaucoma do Hospital Universitário Antônio Pedro; Doutor e Mestre pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Pós-Doutorado em Glaucoma e Patologia Ocular pela McGill University, Montreal, Canadá.

Co-Orientator: Prof. Renato Ambrósio Jr.

Universidade Federal Fluminense

Hospital Universitário Antônio Pedro da Universidade Federal Fluminense

Departamento de Oftalmologia - Setor de Catarata

Doutor em Ciências (Concentração: Medicina - Oftalmologia) pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP; Professor Assistente-Doutor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense

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INFRA-ESTRUTURA DISPONÍVEL PARA REALIZAÇÃO DO ESTUD O:

Estrutura do Departamento de Glaucoma – Setor de Of talmologia

Hospital Universitário Antônio Pedro – Universidade Federal Fluminense.

Foram colocados à disposição dos pesquisadores equipamentos e um grupo de

médicos capacitado para a realização de exames oftalmológicos, atendendo à

demanda do município de Niterói e região adjacente através de referência terciária.

O Setor de Glaucoma ofereceu infra-estrutura focada no atendimento clínico

cirúrgico especializado para pacientes portadores de doenças oculares.

Estrutura do Instituto de Olhos Renato Ambrósio – C línica Particular.

O Instituto de Olhos Renato Ambrósio possui equipamentos de última geração para

avaliação de pacientes com doenças oculares, entre eles o HR Pentacam®, objeto

do presente estudo. O Corpo Clínico do Instituto disponibilizou toda a infra-estrutura

da Clínica, localizada no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, para a avaliação dos

pacientes selecionados para a pesquisa, sem qualquer ônus.

CONSIDERAÇÕES GERAIS:

Não existiram fontes geradoras de recursos Os pesquisadores realizaram os exames

por meio de subsídios próprios, responsabilizando-se pela conclusão do estudo.

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Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TITULO DO ESTUDO:

COMPARAÇÃO DA GONIOSCOPIA COM A MORFOMETRIA DO SEGMENTO ANTERIOR PELA

FOTOGRAFIA DE SCHEIMPFLUG.

Você está sendo convidado (a) a participar de um estudo que tem a finalidade de avaliar as características do olho humano por meio de fotografias (chamadas de fotografias de Scheimpflug) e pela gonioscopia. Este exame é realizado no Setor de Glaucoma do Hospital Universitário Antônio Pedro, com lente e gel apropriados. Não há qualquer risco físico para o paciente, apenas um desconforto mínimo durante o procedimento.

Você terá seu exame oftalmológico de rotina feito da mesma forma que a habitual, acrescido da realização de 2 (dois) exames complementares específicos para o glaucoma.

Tudo acontecerá da seguinte maneira:

Perguntaremos a você como está sua visão, se existe alguma queixa oftalmológica, no presente ou no passado, quais são os remédios que você está usando e se há algum caso de doença ocular em sua família. Esta entrevista dura, em média, dez minutos e não causa nenhum tipo de desconforto.

Exame Oftalmológico de rotina: Você lerá algumas letras em uma tabela e terá seu exame da parte externa e interna dos olhos feito através de aparelhos especiais. Este procedimento dura, em média, vinte minutos. Há um desconforto mínimo causado pela luz emitida pelos aparelhos e pelo uso de colírio anestésico para medir a pressão do olho e examiná-lo com uma lente especial.

Exames Complementares: você será posicionado, em seqüência, em dois aparelhos:

1. O APARELHO PENTACAM®

– PARA FOTOGRAFIAS ESPECIAIS DO OLHO.

2. Gonioscopia tradicional pela lente de Goldman – Com o uso da lente de contato e com o gel lubrificante.

Cada exame dura em torno de 5 minutos e há somente um desconforto mínimo, relacionado à exposição luminosa emitida pelos aparelhos e pela utilização de lente de contato com gel lubrificante para avaliação da gonioscopia.

Você será informado sobre todos os procedimentos e exames realizados e tem o direito de perguntar o que quiser e, até, se recusar a se submeter a eles.

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Você terá seu exame Oftalmológico completo realizado, não resultando em nenhum prejuízo em favor da coleta dos dados.

Não há nenhum risco de contaminação ou transmissão de doenças com a realização dos exames acima citados, nem necessidade de cuidados especiais ou uso de medicamentos após os mesmos, uma vez que não há indução de danos ou ferimentos.

Garantia de acesso às informações: em qualquer etapa do estudo, você terá acesso aos profissionais/médicos responsáveis pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas. O principal investigador é o Dr. Ruiz Simonato Alonso, que pode ser encontrado no endereço:

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal Fluminense – Niterói.

É garantida a liberdade de cancelamento do consentimento a qualquer momento, assim como a desistência de participação no estudo, sem qualquer prejuízo à continuidade de seu tratamento na Instituição.

Direito de confidencialidade / segurança – As informações obtidas serão analisadas em conjunto com outros pacientes, não sendo divulgada a identificação de nenhum deles .

É seu direito ser mantido atualizado sobre os resultados parciais das pesquisas, quando em estudos abertos ou de resultados que sejam do conhecimento dos pesquisadores.

Despesas e compensações: não há despesas (custos) pessoais para o participante em qualquer fase do estudo, incluindo exames e consultas. Também não há compensação financeira relacionada à sua participação. Se existir qualquer despesa adicional, ela será absorvida pelo orçamento da pesquisa.

Em caso de dano pessoal, diretamente causado pelos procedimentos ou tratamentos propostos neste estudo (nexo causal comprovado), o participante tem direito a tratamento médico na Instituição, bem como às indenizações legalmente estabelecidas.

O pesquisador se compromete a utilizar os dados e o material coletado somente para esta pesquisa.

Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li ou que foram lidas para mim, descrevendo o estudo.

COMPARAÇÃO DA GONIOSCOPIA COM A MORFOMETRIA DO SEGMENTO ANTERIOR PELA

FOTOGRAFIA DE SCHEIMPFLUG.

Eu discuti com o Dr Ruiz Simonato Alonso, ou com um dos outros investigadores, a minha decisão em participar deste estudo. Ficaram claros para mim os propósitos,

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60

os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos e as garantias de confidencialidade e de esclarecimento permanentes. Ficou claro, também, que minha participação é isenta de despesas e que tenho garantia de acesso ao tratamento hospitalar quando necessário. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e podendo cancelar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades, prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido ou no meu atendimento neste Serviço.

--------------------------- Identidade / CPF: --------------------------------Idade: ------------ anos

_________________________________________________

Assinatura do paciente

_________________________________________________

Assinatura da testemunha

(Somente para o responsável do projeto)

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido deste paciente ou de seu representante legal para a participação neste estudo.

Assinatura do responsável pelo estudo

_________________________________________________

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61

TABELA 1. Distribuição dos indivíduos avaliados con forme sexo:

SEXO

INDIVÍDUOS AVALIADOS Masculino 28 (46,66%)

Feminino 32 (53,34%) Total 60 (100%)

TABELA 2. Distribuição dos olhos avaliados conforme sexo e ângulo da

câmara anterior (Goldmann):

Ângulo Aberto Ângulo Estreito

Masculino 35 (47,3%) 16 (42,1%)

Feminino 39 (52,7%) 22 (57,9%)

Total 74 (100%) 38 (100%)

TABELA 3. Média do ângulo da câmara anterior medido pelo HR Pentacam ®/ No de indivíduos avaliados:

ABERTO ESTREITO

ÂNGULO (0) 39,200 ± 5,31 21,180 ± 7,98 DP

Numero olhos de avaliados

91 21

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62

GRÁFICO 1. Freqüências do ângulo do seio camerular pela classificação de

Shaffer avaliados pela gonioscopia com lente de Gol dmann e medida do HR

Pentacam ®.

TABELA 4. Valor Kappa para diferenciação dos ângulo s abertos e ângulos estreitos comparando os resultados da gonioscopia e do HR Pentacam ®.

Kappa geral 0.513

p-valor geral < 0.001

Intervalo de 95% de confiança do Kappa

SUPERIOR:0.679 INFERIOR:0.347

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63

TABELA 5. O ângulo da câmara anterior calculado pel o HR Pentacam ®

apresentou correlação de moderada concordância com o resultado da

gonioscopia nos ângulos classificados com graduação de Shaffer 1 e 4.

Contudo nos ângulos intermediários Shaffer 2 e 3 ho uve uma correlação de

concordância fraca.

GONIOSCOPIA - GOLDMANN SHAFFER

1 SHAFFER 2

SHAFFER 3

SHAFFER 4

Total

HR Pentacam ®

SHAFFER1 4 0 0 0 4

SHAFFER2 10 7 0 0 17

SHAFFER3

SHAFFER4

0

0

17

0

9

22

4

39

30

61

Total 14 24 31 43 112

TABELA 6. Valores individuais de Kappa para classi ficação da abertura do

ângulo da câmara anterior (Shaffer) correlacionando a gonioscopia com o HR

Pentacam ®:

SHAFFER 1 SHAFFER 2 SHAFFER 3 SHAFFER 4 Kappa da categoria

0.412 0.199 0.031 0.545

p-valor do Kappa da categoria

< 0.001 0.031 0.74 < 0.001

Intervalo de 95% de confiança do Kappa da categoria

SUP: 0.562 INF: 0.262

SUP: 0.38 INF: 0.018

SUP: 0.217 INF: -0.154

SUP: 0.721 INF: 0.369

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64

TABELA 7. O ângulo da câmara anterior calculado pel o HR Pentacam ®

apresentou correlação de fraca concordância com a g onioscopia em avaliação

geral (Shaffer 1 a 4):

Kappa geral 0.304

p-valor geral < 0.001

Intervalo de 95% de confiança do Kappa

SUP: 0.418 INF: 0.19

GRAFICO 2. O valor da profundidade da câmara anteri or foi de 3,09 ± 0,42 mm

DP nos ângulos abertos e 1,90 mm ± 0,67 DP nos ângulos estreitos

demonstrando uma diferença estatisticamente signifi cativa quando avaliada

pelo HR Pentacam ® (p<0.0001).

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65

GRAFICO 3. O valor do volume da câmara anterior foi 193 ± 36 mm 3

obtido para os ângulos abertos e 92 ± 31 mm 3 DP para os ângulos estreitos

demonstrando uma diferença estatisticamente signifi cativa estatisticamente

significativa quando avaliada pelo HR Pentacam ® (p<0.0001).

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66

10.0 ARTIGO FINAL

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67

Anterior chamber morphometry based on optical Schei mpflug images.

Ruiz Simonato Alonso1, 2, Bruno Machado Fontes3, Renato Ambrósio Jr.1,2, Marcelo Palis Ventura1

1. Fluminense Federal University - Rio de Janeiro, Brazil

2. Instituto de Olhos Ambrósio - Rio de Janeiro, Brazil

3. Federal University of São Paulo – São Paulo, Brazil

Purpose: To assess the correlation of noncontact morphometry with anterior chamber tomography

(HR Pentacam) using optical Scheimpflug images compared with current clinical parameters and

traditional gonioscopic method with Goldmann lens for evaluating the anterior chamber angle.

Design: Prospective observational study.

Method: The study included 112 eyes, 74 (60,07%) eyes of patients classified as open-angle and 38

(33,93%) eyes of patients classified as narrow-angle classified in Shaffer gonioscopic grade . Anterior

chamber angle (ACA), anterior chamber volume (ACV) and anterior chamber depth (ACD) were

calculated with HR Pentacam and were compared and correlated with clinical parameters of

gonioscopy to detect occludable angles.

Results: Noncontact morphometry with Scheimpflug images revealed ACA mean 39,20 degrees (0) ±

5,31 for open-angle and 21,18 degrees (0) ± 7,98 for narrow-angle. There was a moderate agreement

(Kappa test 0,513, p<0.001) between methods considering clinical parameters of open-angle and

narrow-angle. ACV and ACD values demonstrated a statistically significant difference comparing

open-angle and narrow-angle groups classified in Shaffer Grade and Pentacam; 193 ± 36 mm3SD

ACV for open-angle and 90 ± 25 mm3 ACV for narrow-angle (p<0.0001) and 3,09 ± 0,42 mm ACD for

open-angle and 1,55 ± 0,64 mm ACD for narrow-angle (p<0.0001).

Conclusions: There was a strong correlation between anterior chamber volume and anterior chamber

depth to detect narrow angles with occludable potential. Moderate statistical correlation was observed

for morphometry using HR Pentacam and Shaffer gonioscopy grade. The most likely explanation for

these results is that HR Pentacam software systematically superimposes ACA compared with

traditional gonioscopic method.

Key Words: Anterior chamber morphometry, optical Scheimpflug images, HR Pentacam, Shaffer

grade.

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68

INTRODUCTION

Primary angle-closure glaucoma (PACG) is a pathologic condition considered to be the

result of some variations in anatomy of the anterior segment of the eye.1,2 Studies of biometric eye

characteristics have shown primary PACG to be accompanied by narrow anterior chamber angle,

shallow anterior chamber, lens abnormal thicker with steeper curvature of the anterior surface, anterior

lens position, reduced corneal diameter, and a shorter axial length.2–5 Among these biometric features,

the narrow anterior chamber angle is thought to be the most important because a long-standing

narrow angle or appositional closure may predispose to peripheral anterior synechiae formation

causing uncontrollable rise in intraocular pressure (IOP). 7,8

The understanding of the normal angle using gonioscopy methods helps physicians to

diagnose ocular diseases. In routine clinical use, different classification systems are used to evaluate

and quantify the anterior chamber angle. The gold standard is the Goldmann contact lens examination

and the classifications introduced by Shaffer.3,4 Gonioscopy is crucial for the classification of patients

with glaucoma,3 estimating iridocorneal angle and assessing the aqueous outflow through trabecular

meshwork. Patients considered at risk are those with occludable or narrow angles with a shallow

anterior chamber.4-7,10 The value of gonioscopic angle grading systems has been shown; however,

based on anatomic landmarks, the numerical estimation of the anterior chamber angle remains

subjective and highly dependent on the examiner’s judgment and experience. Reproducible

quantification by different examiners is often difficult to assess. Thus, an imaging technique that is

largely independent of the operators’ judgment is desirable.9

The evaluation of gonioscopic findings is subjective, semi quantitative. 9,14 Although

gonioscopic grading systems 3,6,9,14,17,27 and biometric gonioscopy 6 allow semi quantitative

measurements of the anterior chamber angle (ACA) width, a precise and objective assessment is not

possible with gonioscopy. Other methods to evaluate the ACA like ultrasound biomicroscopy (UBM)

and Optical coherence tomography (OCT) have been shown to represent the ACA width objectively

and quantitatively, but it is time-consuming and relatively operator dependent to determinate ACA

values.17,18,33,35

In this prospective clinical study, non-contact morphometry measures obtained with HR

Pentacam (Oculus, Germany) was compared with the traditional gonioscopic method, the Shaffer

grade system.

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69

METHODS

An experienced examiner (RSA) performed complete ophthalmologic examination, including

best-corrected visual acuity measurement in Snellen chart, refraction, keratometry, slit lamp

biomicroscopy, intraocular pressure with Goldmann applanation tonometry, and direct

ophthalmoscopy using Volk fundus lens. The study was performed in accordance with the ethical

standards laid down in the 1964 Declaration of Helsinki and was approved by the Fluminense Federal

University, Niteroi RJ Institutional Review Board. Informed consent for participation was obtained from

each patient before the study.

Gonioscopy was performed using a slit lamp angled at 45°(magnification 20) performed in a

darkened room with a Goldmann 3-mirror contact lens (Haag-Streit, Bern, Switzerland), with topical

anesthesia (Anestalcon® / Proximetacaíne Cloridrate – Alcon, Brazil). Before placement, a drop of 1%

methylcellulose was placed on the corneal curve of the lens for optical continuity. All patients had both

eyes examined at 360°, and the inferior, superior, nasal and temporal measurements were tabulated.

Gonioscopy was performed after all other testing so as not to adversely influence any measures, and

the angle was assessed without compression. To determinate the ACA determination, we used grade

system according to Shaffer (TABLE 1 ): 3,15,13

TABLE 1 . Grade system according to Shaffer gonioscopic classification.

Shaffer

Grade 4

35°-45°

Wide open angle in which all structures were visible up to the iris root and

its attachment o the anterior ciliary body.

Shaffer

Grade 3

20°-35°

Wide open angle up to the scleral spur.

In grades 3 and 4, no risk of angle closure existed.

Shaffer

Grade 2

20°

Angle was narrow with visible trabecular meshwork.

In this angle width, a possible risk of closure existed.

Shaffer

Grade 1

10°

Occurs when the angle was extremely narrow up to the anterior

trabecular meshwork and the Schwalbe line, with a high risk of probable

closure.

Shaffer

Grade 0

The angle was closed with iridocorneal contact and

no visibility of the ACA structures.

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70

All patients were examined with a slit lamp-adapted HR Pentacam system (Oculus,

Germany). This clinical medical device was in conformity with the essential requirements based on

certification of Brazilian Sanitary Agency.

In Scheimpflug principle, the images of the anterior eye are obtained with a camera

perpendicular to a slit beam, creating an optic section of the cornea and lens. As with all optical and

acoustic techniques, correction of the image distances needs to be made for the refractive index and

the curvature of intervening surfaces.29,34,36 The digital Scheimpflug photograph, therefore, decreases

in size perpendicular to the direction of the optical axis, reducing the curvature radius and increasing

depths and thicknesses along this axis compared with the original photograph. The more recent

instrumentation, HR Pentacam, has been designed to rotate around the visual axis, capturing multiple

images to create a three-dimensional image of the anterior chamber.34,36

Nasal and temporal angles were studied owing to ease of access in the horizontal meridian.

Furthermore, to reduce the influence of the peripheral iris structures, all measurements are performed

with the same lighting conditions used for gonioscopy. The best incidence image with high quality was

further analyzed. The determination of the ACA, ACV and ACD were calculated using machine

software, designed to describe each image. All measurements were performed automatically with a

specific program that enabled the creation of an angle and measured the distance between the optical

signals with the highest reflectivity at the tissue using iris and posterior cornea surface as the

reference plans. Then HR Pentacam morphometry was compared with the clinical parameters of

gonioscopic grading using Shaffer system. 3-5,34-36

RESULTS

A hundred and twelve eyes of sixty patients were prospectively included. The study included

74 (66,07%) eyes of patients classified as open-angle and 38 (33,93%) eyes of patients classified as

narrow-angle classified in Shaffer gonioscopic grade. The mean age of the patients was 51±12 years

(range, 21-72 years old). The female-male ratio was 32:28. Intraocular pressure mean was 20±09 mm

Hg (range, 10-34 mm Hg) using Goldmann applanation tonometry.

Anterior chamber angle average using noncontact morphometry with Scheimpflug images

using Pentacam HR was 35°±90 (range, 3,1°- 51,9°). For individual groups ACA mean was 39,20⁰ ±

5,31 for open-angle and 21,18⁰ ± 7,98 for narrow-angle.

The statistical comparison to evaluate the association between the individual clinical

parameters and HR Pentacam goniometry was performed with Kappa test and linear regression

analysis. 25,26 Results show there was a moderate agreement (Kappa Test 0,513, p<0.001) comparing

the traditional parameters and Pentacam considering open-angle and narrow-angle. Kappa test was

also used to correlate individually Shaffer classification compared with Pentacam results and the

anterior chamber angle calculated by Pentacam HR has moderate relationship with examiner

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71

performing in narrow angle (Grade 1) and open angle (Grade 4). Intermediate angles (Shaffer Grade 2

and 3) have poor agreements comparing the two methods. (TABLE 2)

TABLE 2. Kappa test was also used to correlate individually Shaffer classification compared

with Pentacam results and the anterior chamber angle calculated by Pentacam HR has moderate

relationship with examiner performing in narrow angle (Grade 1) and open angle (Grade 4).

Intermediate angles (Shaffer Grade 2 and 3) have poor agreements comparing the two methods.

SHAFFER 1 SHAFFER 2 SHAFFER 3 SHAFFER 4

Kappa value 0.412 0.199 0.031 0.545

p-value /Kappa < 0.001 0.031 0.74 < 0.001

IC 95%

/ Kappa

SUP: 0.562

INF: 0.262

SUP: 0.38

INF: 0.018

SUP: 0.217

INF: -0.154

SUP: 0.721

INF: 0.369

Sensitivity and specificity were calculated for the detection of occludable angles

(Gonioscopy Shaffer grade of 2 and 1). The discriminated numbers for HR Pentacam goniometry were

an ACA lower than 22°. For the ACA, the detection o f occludable angles revealed a sensitivity of

60,52% (23/38) and a specificity of 100,00% (74/74) using morphometry based on Scheimpflug

images. (TABLE 3 ) Although HR Pentacam classified correctly all eyes with previously angle closure

episodes, nine eyes had acute angle-closure glaucoma in their medical history and angle grade had

been correctly classified on narrow angle in both systems.

TABLE 3. The frequencies of angle classification based on Shaffer grade using Pentacam HR and traditional gonioscopic method with Goldmann lens exam.

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72

Anterior Chamber volume and anterior chamber depth values demonstrates difference

statistically significant comparing open-angle and narrow-angle groups classified in Shaffer Grade and

Pentacam values; 193 ± 36 mm3 ACV for open-angle and 90 ± 25 mm3 ACV for narrow-angle

(p<0.0001) and 3,09 ± 0,42 mm ACD for open-angle and 1,55 mm ± 0,64 ACD for narrow-angle

(p<0.0001). (TABLE 4 AND TABLE 5).

TABLE 4. Correlation between anterior chamber volume value and anterior chamber angle

demonstrates difference statistically significant using linear regression analysis comparing groups.

(p<0.0001).

TABLE 5. Correlation between anterior chamber depth values and anterior chamber angle

demonstrates difference statistically significant using linear regression analysis comparing groups.

(p<0.0001).

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73

DISCUSSION

Principal objective of gonioscopy is the visualization of the anterior chamber angle,

parameter is determined whether the angle is open, and the most important closed and occludable. In

PACG, gradual asymptomatic angle closure results in diminished aqueous outflow through the

drainage angle of the eye and a subsequent rise of the intraocular pressure (IOP). 7-10,31,33

Gonioscopic angle grading systems has been demonstrated 17,23,27 to be consistent, but the

subjective nature of grading of ACA and the lack of clearly defined cutoffs between normal and

abnormal angles make comparisons difficult. Furthermore, gonioscopy grades provide only rough

estimates, and the various angle grades can merge into one another, with a great variability in the

normal appearance of the angle recess.13 One of the other disadvantages in the use of a Goldmann

lens is the direct contact with the cornea, which can lead to changes in corneal curvature and shifts in

aqueous humor in the anterior chamber. This can cause a certain amount of distortion, which might

influence the final grading of the angle and reduce the accuracy of the gonioscopic evaluation. 3,15,12

Pentacam is an imaging technology that provides quantitative data regarding of anterior chamber

characteristics and may serve as a useful adjunct for glaucoma diagnosis and monitoring reducing

chances of this error bias. Scheimpflug methods are noninvasive; the low resolution in the first

technical methods precluded an exact visualization of the angle structures and the scleral spur with

possible optical distortions.33,34

Early studies15,20 that compared ultrasonography and gonioscopy revealed a high variability

and a weak correlation in the assessment of the angle width using ultrasonography, a high variability

was found, particularly in patients with narrow angles, which was partly related to plateau iris

configurations.32 Pavlin20,21 et al introduced high resolution UBM, which enabled the recognition of the

scleral spur as a highly reflective structure compared with the tissues of the ciliary body and cornea.

This reference point of the human ACA configuration was proposed for more reproducible

determinations and revealed a high correlation between gonioscopy and UBM in the determination of

the angle width and peripheral iris curvature.32 However, the interobserver reproducibility varied

considerably in UBM and was also affected by subjective interpretation of the visualized anatomic

landmarks. Therefore, previous authors 21,22,32 have concluded that contact UBM may not become the

standard method for characterizing the ACA, since it is too costly and time-consuming.

The ACA represents the area of the trabecular meshwork and is important to classify assess

aqueous outflow facility. Acute angle-closure glaucoma is considered to result from an abnormal

biometric configuration of the anterior eye segment directly linked to ACA. Ocular biometric traits

involve a shallow anterior chamber, a thick lens, an anterior lens position, a short axial length, a small

corneal diameter, and a small radius of corneal curvature, all resulting in small and crowded anterior

eye segments.10-13, Current guidelines recommend that in angles with less than 20° an occlusion is

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74

possible, whereas in angles with less than 10° occl usion is probable.3,4 Thus, angle closure is an

anatomic disorder, and HR Pentacam imaging of the anterior eye segment might improve detection of

angle close vulnerable eyes noninvasively crossing morphometric parameters like ACV and ACD. The

evolution in HR Pentacam will increase the sensitivity to detect relevant changes and will be

particularly important in narrow or closed angles with low ACA and ACV.

Considering other methods like the limbal chamber depth (Van Herick) grading, that requires

a slit-lamp, and probably an ophthalmologist or experienced technician, Pentacam HR in a population-

based screening program would result in a quickly and significant test performance comparing

parameters like ACV and ACD.19

Our results revealed a moderate correlation in occludable and narrow or closed angles,

which further improved the diagnostic accuracy in these conditions. The results suggest that the

determination of the ACA with traditional clinic parameters was more effective in detecting open

angles when compared with the HR Pentacam morphometry. Therefore, HR Pentacam goniometry

with its noncontact format and improved handling could be used as an objective screening method on

a population basis and could be implemented in epidemiologic studies of the ACV and ACD. Further

refinements with reduced costs and adaptation in a portable system will make HR Pentacam

goniometry more affordable for these purposes. Noncontact HR Pentacam goniometry was helpful in

evaluating the anterior chamber structures and could improve the noninvasive clinical assessment and

treatment of patients with glaucoma. Although like other technologies, Scheimpflug non contact

images cannot completely replace microscopic evaluation of the ACA anatomy and pigmentation with

a gonioscopic lens, it has the potential to supplement quantification with current gonioscopic grading

systems and as a screening modality for the presence of an occludable drainage angle, developments

will enable a combined rapid measurement of the central corneal thickness,33,34 assessment, anterior

chamber volume and anterior deep measures with improved imaging in the evaluation of patients with

glaucoma.

In summary, significant differences was founded in clinical classification in Pentacam

results. Our findings suggest that the determination whether the angle is open, closed and occludable

is directly and more closely related to anterior chamber volume and anterior chamber depth. The most

likely explanation for the results comparing ACA with the two methods is that Pentacam HR software

systematically superimposes ACA compared with traditional gonioscopic method, although additional

image processing factors could partially explain these results as well. The implications of our results

are that improved and novel morphometric information of anterior segment may be available from

Scheimpflug images that could enhance glaucoma decision-making and possibly improve outcomes.

In addition, our findings support the hypothesis that anterior chamber characteristics other than ACA

are important to prognosis an acute glaucoma attack.

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75

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