rua da bahia: espaço de mutação. uma análise entre a história e o design

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RELATÓRIO DE PESQUISA LEITURAS CRUZADAS: INTERFACES ENTRE HISTÓRIA E DESIGN. RUA DA BAHIA: ESPAÇO DE MUTAÇÃO. UMA ANÁLISE ENTRE A HISTÓRIA E O DESIGN. Edital 07/2011 FAPEMIG/UEMG Pesquisadora CAROLINE ALMEIDA NOBRE, Bolsista FAPEMIG Professora coordenadora MARCELINA DAS GRAÇAS DE ALMEIDA Belo Horizonte 2013

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O projeto desenvolvido teve como finalidade investigar as relações entre História e Design tomando como parâmetro o contexto social e cultural da cidade de Belo Horizonte. Foi analisado o espaço urbano tomando a Rua da Bahia como foco de referência. Ao investigar este ambiente pretendeu-se identificar as transformações sofridas ao longo dos 115 (cento e quinze) anos da cidade de Belo Horizonte, naquilo que diz respeito à arquitetura, a ambientação, enfim, as ações humanas provocadas neste espaço. A metodologia utilizada foi pesquisa bibliográfica, empírica, documental, histórica, coleta de dados iconográficos, aplicação de questionários e entrevistas, com o intuito de reunir uma multiplicidade de fontes que permitam a compreensão do objeto de estudo.

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RELATÓRIO DE PESQUISA

LEITURAS CRUZADAS: INTERFACES ENTRE HISTÓRIA E DESIGN. RUA

DA BAHIA: ESPAÇO DE MUTAÇÃO. UMA ANÁLISE ENTRE A HISTÓRIA E O

DESIGN.

Edital 07/2011

FAPEMIG/UEMG

Pesquisadora

CAROLINE ALMEIDA NOBRE, Bolsista FAPEMIG

Professora coordenadora

MARCELINA DAS GRAÇAS DE ALMEIDA

Belo Horizonte 2013

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RUA DA BAHIA: ESPAÇO DE MUTAÇÃO. UMA ANÁLISE ENTRE A

HISTÓRIA E O DESIGN.

Caroline Almeida Nobre, Bolsista de Iniciação Científica FAPEMIG

Email: [email protected]

Marcelina das Graças de Almeida, Orientadora,

Email: [email protected]

INTRODUÇÃO

Em Belo Horizonte, a primeira cidade republicana planejada do país, a Rua da

Bahia tem destaque desde os primeiros anos da capital por interligar a estação

ferroviária (um dos principais acessos da cidade) ao centro cívico (situado na

Praça da Liberdade) passando pelo centro comercial que abrange a Praça da

Estação e a Avenida Afonso Pena.

De acordo com relatos de escritores e historiadores, a Rua da Bahia foi o

primeiro espaço de boemia e vida urbana da cidade, por situar os principais

espaços culturais nos primeiros anos de construção, tais como: Bar do Ponto,

Cine Metrópole e outros comércios de luxo – o logradouro atuava como o

coração da cidade, de onde saiam os ideais de intelectuais tais como: Carlos

Drummond de Andrade (1902 – 1987), Emilio Moura (1902 –1971), Abgar

Renault (1901 – 1995), Milton Campos (1900 – 1972) e Pedro Nava (1903 –

1984). Tudo acontecia e se fazia na Rua da Bahia.

[...] agora estamos a três quarteirões do Bar do Ponto, que é o centro. Eu me referia ao centro da cidade, mas logo veria que aquilo era o centro de Minas, do Brasil, do mundo. Mundo vasto mundo. (NAVA, 1985, 215)

Atualmente o logradouro possui aproximadamente 40 (quarenta) espaços de

uso cultural localizadas em seu perímetro, porém podem-se observar de

acordo com a miscelânea arquitetônica, exemplares Neo-Góticos, Art Deco, Art

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Nouveau, entre outros representando a evolução e desconstruções

urbanísticas.

As cidades sempre são diferentes, e isso fica claro nos tratos específicos que

cada uma exerce com a cultura e a história com quais foram consolidadas. O

caminhar pela rua, locais de encontro vão sendo escritos pelos habitantes ao

longo do tempo. Trabalhar com a memória é observar a cidade além das

construções, ruas, praças, pontos turísticos, estações, enfim, é perceber o que

está contido na memória dos usuários.

Porém, alguns dos locais citados anteriormente foram demolidos e em seus

locais foram construídos prédios de interesse privado, como sedes de banco.

Entramos assim em um questionamento de tom saudosista: as memórias

presentes nos prédios e antigos locais da cidade vão se perdendo e o homem

contemporâneo, com sua rotina agitada, muitas vezes entra e sai por edifícios

sem perceber o seu significado e assim, não constrói vínculos com o local que

passa e habita. Assim, em um questionamento de tom saudosista, as

memórias presentes nos prédios e antigos locais da cidade vão se perdendo e

o homem contemporâneo, com sua rotina agitada, muitas vezes entra e sai por

edifícios sem perceber o seu significado e assim, não constrói vínculos com o

local que passa e habita, assim, em um questionamento de tom saudosista: as

memórias presentes nos prédios e antigos locais da cidade vão se perdendo e

o homem contemporâneo, com sua rotina agitada, muitas vezes entra e sai por

edifícios sem perceber o seu significado e assim, não constrói vínculos com o

local que passa e habita.

Situando-se em uma Belo Horizonte em tempos de demolições constantes,

estamos inseridos em uma sociedade globalizada em que a necessidade de

auto-afirmação de nossas raízes, tradições e cultura em espaços públicos

urbanos passa despercebida.

A partir desse projeto de pesquisa, há o objetivo de perceber a Rua da Bahia

como um organismo vivo, em mutação constante, que está a interagir com o

usuário que passa pelo local, e utilizar o Design e a Arquitetura como

ferramentas de observação de edificações ao longo do tempo e o que as suas

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modificações causaram no cotidiano das pessoas que frequentam e

frequentaram a Rua da Bahia.

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1 – BELO HORIZONTE: CONTEXTO, HISTÓRIA E

URBANIZAÇÃO.

1.1 – CONTEXTO E TRANSFERÊNCIA DA CAPITAL DE MINAS

Há mais de 110 (cento e dez) anos Ouro Preto deixava de ser a capital de

Minas Gerais. No período de 1891 e 1898 houve a transferência da capital para

a região chamada Arraial do Belo Horizonte, com o objetivo de integrar várias

regiões do Estado e também gerar a modernidade para o mesmo.

Desde a primeira metade do século XIX alguns pequenos movimentos surgiram

para a transferência da capital para outros territórios, todos sem sucesso. Uma

das principais causas que prejudicaram a transferência da capital nessa época

era que a própria população de Ouro Preto que se mantinha contrária à

proposta.

Enquanto isso, na então capital, o clima era de hostilidade às ideias de mudança. Manifestações se realizavam periodicamente. Propunha-se até a construção de uma nova cidade ao lado da antiga, pois assim não perderiam o privilégio de ser a capital. Mas essa ideia não satisfazia os desejos do povo, uma vez que aquela região não oferecia as mínimas condições topográficas para abrigar uma cidade que pudesse representar a grandiosidade de Minas Gerais. (SILVA, 1991 p.34)

Em 1890, os membros do Clube dos Republicanos – um grupo de intelectuais

que reuniam entre eles o Capitão João Carlos Vaz de Melo e Luiz Daniel

Cornélio da Cerqueira –, que residiam no Curral D’el Rey, dirigiram-se ao

governador do Estado de Minas Gerais pedindo a mudança da Capital de

Minas para outra localidade. Na ocasião também foi mandado para o

governador um laudo com as estatísticas do Arraial – neste eram apontadas as

vantagens do local: o seu desenvolvimento econômico e vantagens

geográficas. Este pedido formal estimulou o governo a planejar a mudança.

(PENNA,1997)

Em 1891 foi promulgada a lei que determinava o estudo de cinco localidades

para a nova capital do Estado: Belo Horizonte, Paraúna, Barbacena, Várzea do

Marçal e Juiz de Fora. No ano seguinte foi designadoo engenheiro Dr. Aarão

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Leal de Carvalho Reis (1853-1936) para a tarefa de estudar as localidades e

decidir qual era mais adequada para receber a nova capital.

Após estudos completos da comissão liderada por Aarão Reis, nos quais se

privilegiaram os fatores naturais – presença de jazidas de barro, areia,

pedreiras, água potável e terras férteis com a condição de produção de

produtos alimentícios – e de topografia – privilegiando a fácil circulação de

veículos e de logística para a construção estradas intermunicipais e

interestaduais –, foi apontado que Arraial do Belo Horizonte apresentava as

melhores condições para a construção da nova capital.

1.2 – DE ARRAIAL DO CURRAL D’EL REY À BELO HORIZONTE

A história da cidade Belo Horizonte tem origens remotas. Inicialmente, Arraial

do Curral d’El Rey teve origem no ciclo do ouro, no século XVIII quando vários

bandeirantes se viram atraídos pela esperança de enriquecimento rápido. João

Leite da Silva Ortiz encontrou um território, próximo a Serra do Curral, com

terras férteis para a produção de alimentos e criação de gado, o que manteve

sua permanência. Algum tempo depois, o governador Antônio de Albuquerque

Coelho de Carvalho (1655 – 1725) cedeu a Silva Ortiz o território que se

estendia desde a Serra de Congonhas até a região da Lagoinha. São

observações apontadas por Penna (1997,p.27-28),

1711 – 19 de janeiro. É concedida a João Leite da Silva (Ortiz) a carta d sesmaria dos terrenos da fazenda do Cercado, em cujo âmbito nascera o Arraial do Curral D’El Rey.

1714 – 6 de abril. O Arraial do Curral D’El Rey passa a pertencer à comarca do Rio das Velhas, mais tarde, em 14 de novembro de 1866, denominada Sabará

Partiu da burguesia, após a Proclamação da República,em 15 de novembro de

1889, o desejo de mudança do nome “Curral D’El Rey”. Um grupo de

intelectuais, o “Clube dos Republicanos”, questionaram que o nome em

questão carregava em si muitas heranças do período monárquico brasileiro,

lembrando o retrocesso do mesmo. O nome não condizia com o contexto

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brasileiro naquele momento, que era de ruptura, progresso e modernidade.

(PENNA,1997 e SILVA,1991)

Nas reuniões do Clube dos Republicanos alguns nomes foram propostos como:

Terra Nova, Santa Cruz, Nova Floresta e Cruzeiro do Sul, porém o novo nome

escolhido foi Belo Horizonte – denominação que transmitia a contemplação que

a natureza oferecia a todos que passavam por esse local. Em 12 de abril de

1890 o presidente João Pinheiro da Silva (1860-1908) instituiu o Decreto nº 36

onde o Arraial do Curral D’El Rey mudou sua nomenclatura para Arraial do

Belo Horizonte.

Doutor Governador do Estado de Minas Gerais resolve determinar que a freguesia do Curral D’El Rei, município de Sabará, passe a denominar-se d’ora em diante Belo Horizonte, conforme foi requerido pelos próprios habitantes da mesma freguesia. Nesse sentido expeçam-se as necessárias comunicações. Palácio, em Ouro Preto, 12 de abril de 1890 (PENNA, 1997, p. 33).

Porém “Arraial do Belo Horizonte” não seria a nomenclatura definitiva da

Capital de Minas Gerais, como será visto nos próximos anos da cidade.

1.3 –CONSTRUÇÃO DA NOVA CAPITAL

No final do ano de 1893, houve a aprovação de Afonso Pena, Presidente do

Estado, do projeto de construção de Belo Horizonte como nova capital de

Minas Gerais. A futura comissão construtora, que se formou no ano seguinte,

teria apenas quatro anos como prazo para concretização do mesmo. Esta nova

cidade seria batizada como "Cidade de Minas Gerais".

O plano da Cidade de Minas foi desenvolvido pela Comissão Construtora da

Nova Capital em 1894,por uma equipe composta por engenheiros, arquitetos e

outros técnicos liderados por Aarão Reis. No plano se previa a cidade dividida

em três áreas: uma central (dentro do perímetro da Avenida do Contorno), ao

redor desta a região suburbana e uma terceiradenominada rural.

No planejamento urbano de Aarão Reis, há um traçado geométrico para a

cidade com a combinação em diagonal da malha ortogonal de avenidas com a

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malha também ortogonal de ruas. A cidade foi esquematizada no rigor do

Positivismo, com uma necessidade de ordem e de controle generalizado, nota-

se isso quando se vê austeridade nas regras da nomenclatura de ruas e

também ao situar Avenida Dezessete de Dezembro (hoje conhecida como A.

do Contorno) para delimitar a antiga zona urbana da cidade, separando-a da

zona suburbana. Há uma clara ordenação e controle do espaço com a

hierarquização da nomenclatura de ruas e praças e a setorização funcionais

dos espaços urbanos. O que se revela nos trechos abaixo extraídos do decreto

governamental do seu projeto urbanístico, escrito por Aarão Reis em 1895:

Art. 2º - A sua área será dividida em seções, quarteirões e lotes,com praças, avenidas e ruas necessárias para a rápida e fácil comunicação dos seus habitantes, boa ventilação e higiene [...].

Art. 3º - As praças e ruas receberão denominações que recordem as cidades, rios, montanhas e datas históricas mais importantes, quer do próprio Estado de Minas Gerais, quer da União, e bem assim, os cidadãos que, por serviços relevantes houverem merecido da Pátria Brasileira.

Art.4º - Na mesma planta serão designados os lugares destinados para os edifícios públicos, templos, hospitais, cemitérios, parques, jardins, matadouros, mercados, etc.; quarteirões que convenha deixar reservados; e, bem assim os lotes destinados a concessões aos funcionários (BAHIA, 2007,s/p)

Esta mesma impressão pode ser vista em:

Na direção leste-oeste temos os estados brasileiros e as cidades mineiras. As praças tinham sua denominação centrada nas datas históricas do Brasil, de Minas e da cidade. As avenidas vinham com nome dos grandes rios brasileiros e de personagens históricos. Quando uma rua, que seria batizada com o nome de um estado, duplicava esse nome com o de um rio, como Paraná e o Amazonas, ela recebia o nome da capital deste estado, no caso Curitiba e Manaus. (GOMES, 1992, p. 13).

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Fig. 1 – Planta Geral da Cidade de Minas

Fonte: Disponível em: <http://joaodiniz.files.wordpress.com/2011/12/planta-geral-de-belo-horizonte-1895.jpg>Acesso em: 28 ago. de 2012.

Na data de 12 de dezembro de 1897, foram realizados os festejos da

inauguração da então Cidade de Minas. A comemoração contou com a

presença de políticos importantes da época – que chegaram de trem na Praça

da Estação e fizeram o trajeto com destino à Praça da Liberdade, onde a

multidão aguardava junto com bandas de músicas no local – nascia assim a

capital de Minas.

Em 1901, a capital de Minas é oficialmente denominada Belo Horizonte."1901 –

1º de julho. Com o Decreto nº 302, o Governo do Estado muda para Belo

Horizonte a denominação da Capital do Estado.” (PENNA, 1997, p. 72)

Rapidamente Belo Horizonte cresceu. Em 1907 a população era de 23.511

habitantes e a receita arrecadada foi de 731:407$797. Em 1917 a população

era de 44.718 habitantes e a receita de 1.200:599$022. Já em 1927 a

população já ultrapassava os 94 mil habitantes e a receita era de

4:605:601$480. (PENNA,1997)

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Em uma breve análise dos dadosestatísticos nota-se que a população de Belo

Horizonte quadruplicou no período de 1907 a 1927 e a receita teve um

aumento de seis vezes – números altos para as principais metrópoles

brasileiras naquela época para um curto espaço de tempo.

O crescimento vertiginoso da capital mineira rapidamente ultrapassou os limites

de seu perímetro urbano inicial, sendo notícia nos principais jornais do Brasil e

do mundo. A expansão deve-se a sua posição estratégica, estando localizada

em uma região de troca de fluxo de riqueza entre diversas regiões do país,

consequentemente a cidade atraiu importantes estabelecimentos comerciais e

industriais,“[...] a cidade já começava na, década de 30, a romper os limites

horizontalmente estabelecidos, fugindo ao controle de sua administração tanto

quanto de seu historiador”. (CHACHAM, 1996, p.187)

Onde antes a arquitetura era homogênea e com prédios de, no máximo, três

pavimentos, viu-se o súbito crescimento vertical e horizontal da cidade. Com os

anos, Belo Horizonte, presenciou a desfiguração da Serra do Curral, um

famoso cartão postal por décadas e também a perda do título de “Cidade

Jardim” do país.

Atualmente, a capital mineira é a terceira maior cidade do país abrigando mais

de dois milhões de habitantes ao longo dos seus quase cento e quinze anos de

existência e o seu perímetro urbano aumentou, ultrapassando

significativamente a planta proposta por Aarão Reis.

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2 – RUA DA BAHIA: LOGRADOURO, ESPAÇO E CONTRADIÇÕES.

2.1 – LOGRADOURO

Em Belo Horizonte, a primeira cidade republicana planejada do país, a Rua da

Bahia tem destaque desde os primeiros anos da capital por constituir o menor

trajeto entre a Praça da Estação (porta de entrada da cidade, onde havia o

embarque e desembarque de pessoas e de mercadorias) e ao Centro Cívico na

Praça da Liberdade (onde se encontravam o Palácio Presidencial e as

Secretarias do Estado de Minas Gerais) também passando pelo centro

comercial que abrange a Praça da Estação e a Avenida Afonso Pena.

A rua está localizada no centro da cidade e nos bairros de Lourdes e Santo

Antônio. Começa e termina na Avenida do Contorno (nos números 854 –

oitocentos e cinquenta e quatro – e 6668 – seis mil seiscentos e sessenta e oito

–, respectivamente). A Rua da Bahia corta importantes logradouros de Belo

Horizonte como a Avenida Augusto de Lima, Avenida Afonso Pena e também

algumas praças como a Praça da Independência, Praça Professor Alberto

Deodato e a Praça José Mendes Júnior. Desde a formação da capital, o seu

trajeto de quase três quilômetros nunca sofreu alterações de curso.O nome da

rua é uma homenagem ao estado da Bahia, unidade da Federação situado na

região Nordeste.

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Fig. 2 – Planta Geral da Cidade de Minas

Fonte: Disponível em: <http://joaodiniz.files.wordpress.com/2011/12/planta-geral-de-belo-horizonte-1895.jpg>Acesso em: 28 ago. de 2012.

2.2 – ESPAÇO

Em 12 de dezembro de 1897, próximo aos festejos da inauguração que

aconteciam na Praça da Liberdade, nascia na Rua da Bahia a primeira cidadã

Belo Horizontina batizada de Minas Horizontina. Junto com a criança nascia a

nova capital de Minas e também um dos logradouros que, futuramente, iria

abrigar um misto de manifestações políticas e culturais.

A Rua da Bahia, desde o início da capital mineira se tornou uma artéria ou uma

espinha dorsal – sendo essencial para a mesma, encontra-se nela uma

miscelânea de propriedades comerciais: bares, shoppings, complexos

esportivos, cinemas, livrarias e museus.

De todas as ruas da capital, sem dúvida, a Bahia encarnava a síntese do Ambiente Cosmopolita. Para ali convergiam o comércio, o cinema, o burburinho da multidão, o café. Era a artéria por onde transitavam homens e mulheres elegantes, automóveis e bondes [...] (JULIÃO, 1996, p.67-68).

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Relatos sobre a rua não faltam, principalmente de Pedro Nava (1903 – 1985),

um grande memorialista mineiro:

Todos os caminhos iam à Rua da Bahia... Da Rua da Bahia partiam vias para os fundos do fim do mundo, para os tramontes dos acaba-minas... A simples reta urbana... Mas seria uma reta? Ou antes, a curva? Era a reta,, a reta sem tempo, a reta continente dos segredos dos infinitos paralelos. E era a curva. A imanescível curva, épura dos passos projetados, imanência das cicloides, círculo infinito. NAVA (2001, p. 368)

Figura 3 - Vista da Rua da Bahia em 1910.

Fonte: Disponível em: <http://www.duniverso.com.br/wp-content/uploads/2010/12/foto-antiga-belo-horizonte-rua-bahia.jpg>Data de Acesso: 16 de fev. de 2013.

Pela sua importância e pelo alto fluxo de pessoas, a rua teve prioridade na

primeira obra de na cidade de calçamento e também foi uma das primeiras a

ter uma linha de bonde, em 1902. No cruzamento de Bahia com a Avenida

Afonso Pena, existia um abrigo de bondes, onde era um ponto de encontro

chegada e partida de passageiros.

O dia 19 de março marcou um acontecimento especial na cidade: inaugurava-se a primeira linha de bondes. A comemoração se deu com uma grande festa na Avenida Afonso Pena com Rua da Bahia. Os bondes percorriam os principais pontos da cidade, como: Rua da

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Bahia, Praça da Liberdade, Avenida Cristóvão Colombo, Rua Pernambuco e Avenida Afonso Pena. Para embarcar, os passageiros tinham que estar bem vestidos, não podiam viajar em pé, nem tampouco carregar pacotes. Só mais tarde o bonde serviu para toda a população. (SILVA, 1991, p. 46)

Figura 4 - Inauguração dos bondes em Belo Horizonte. Fonte: Disponível em: <http://www.museudantu.org.br/MinasGerais/bondebh-inaug.jpg> Data de Acesso:: 26 de fev. de 2013

Em homenagem aos bondes, Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

escreveu em 1979 um poema, o “Hino ao Bonde” – este que está citado na

obra Belo Horizonte: A Cidade Escrita, de Miranda (1996, p 157-159):

[...] os admiráveis bondes, botas de sete léguas de estudantes, funcionários, operários, desembargadores, poetas, caixeiras. O Bonde, sede da democracia em movimento, esperando com pachorra no Bar do Ponto[...] [...] Bonde onde se conversa a lenta conversa mineira de Ouro Preto, Pirapora, Guanhães, Itapecerica. Onde se namora debaixo do maior respeito [...].

Porém, com a modernização dos meios de transporte, em 1958, os bondes

foram retirados por completo do logradouro.

Dando continuidade á melhoria dos transportes [...] a solução foi a escolha dos trólebus como principal modalidade de transporte na capital [...]. Iniciaram-se as obras necessárias com a retirada dos

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trilhos de bonde da Rua da Bahia, que foram desviados para a Rua Pernambuco, quebrando-se, assim, a tradição da capital, em nome de progresso e da melhoria dos transportes públicos. (SILVEIRA e HORTA, 2002, p. 42).

A Rua da Bahia, mesmo sem ter tido modificações em seu trajeto, sofreu ao

longo do tempo alterações urbanas inumeráveis, em um ciclo constante de

construções, demolições e reconstruções. É perceptível no corredor urbano

através da pesquisa documental e visual observar a evolução do logradouro, a

ocupação urbana e a transformação da arquitetura e também de hábitos

culturais de Belo Horizonte.

E a rua que antes era uma parada obrigatória em roteiros culturais da cidade

hoje se encontra apenas um espaço de passagem para apressados pedestres

e veículos – também é encontrado o descaso e a negligência em relaçãoao

tombamento de alguns imóveis históricos e consequentemente alguns foram

demolidos, espaços que tinham a identidade da capital mineira e que

habitavam a memória e histórias de vários indivíduos.

A Rua da Bahia, do ponto de vista histórico-arquitetônico, é a rua mais importante de Belo Horizonte. Essa importância se deve ao acúmulo de edificações consideradas patrimônio histórico que vinculam valores de identidade local, referência histórica, inovação estética ou tecnológica, símbolos da vida urbana, dentre outros. Por outro lado, associada à importância histórica dos edifícios, tem-se, desde as primeiras décadas, um processo contínuo de demolição e substituição de edificações, relacionado à ação do mercado imobiliário e à reinvenção contínua do modelo arquitetônico e urbano do Hipercentro de Belo Horizonte. (RODRIGUES, sd, p.22)

A Rua da Bahia abriga em sua extensão importantes espaços a serem

compreendidos e analisados, entretanto, nesta pesquisa será contemplado

com maior atenção o perímetro que se estende da esquina da Av. Afonso Pena

até a Praça da Liberdade. 1

2.1 – Espaços de sociabilidade e integração:

2.1.1 – Espaços Religiosos

1Através de visitas em acervos, notou-se a maior efervescência de acontecimentos culturais

neste perímetro, os outros locais ao longo do logradouro serão citados ao longo da Pesquisa.

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O primeiro espaço de cunho religioso no logradouro foi a Arquidiocese Igreja de

Lourdes – que teve sua construção iniciada em 1900 e foi inaugurada em 1902

– seguindo o estilo arquitetônico Gótico. Anteriormente, situava-se um colégio

no local, o que se pode comprovar no trecho de SILVA: “No dia 3 de maio foi

lançada a primeira pedra para a construção da Igreja de Lourdes, no terreno

onde estava o Colégio Santa Maria.” (SILVA, 1991, p. 69). A igreja foi

inaugurada no dia 25 de dezembro de 1922.

Figura 6 – Ao fundo da imagem a Igreja de Lourdes. Fonte:Diponível em: <http://i189.photobucket.com/albums/z18/astronautabh/liberdade/photo20040514232122.jpg >Data de Acesso:: 16 de fev. de 2013.

Em 1929, Joaquim Gonçalves Pereira de Almeida o proprietário de uma

chácara situada próximo ao Palácio da Liberdade, vendeu para a Junta

Administrativa do Colégio Izabela Hendrix o lote em questão (que se estendia

até às proximidades do Minas Tênis Clube). No documento de Compra e

Venda segue-se a descrição do imóvel, que pela descrição seguia uma

arquitetura mais clássica:

Um grande jardim dando frente para a Rua da Bahia com gradil de ferro e um largo portão também de ferro... casa com uma sala de

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espera, sala de visita, sala de jantar, copa, escritório, quatro dormitórios grandes, banheiro, despensa e cozinha, campainha e instalações elétricas. (Revista Izabela Hendrix 100 anos, 1994, p.20)

O imóvel anterior foi demolido e em 1938, se estabelecia ali o Auditório Mary

Sue Brown – onde se celebravam atividades religiosas. O prédio foi construído

aos moldes do estilo Art Decó. Atualmente no espaço está localizado o Colégio

e Faculdade Izabela Hendrix, no interior existe uma pequena capela.

Figura 7 - Fachada do Izabela Hendrix atualmente.

Fonte: Disponível em: <http://i873.photobucket.com/albums/ab300/JaguarMkV50/Art%20Deco/IzabelaHendrix-EntradaRuadaBahia.jpg>Data de Acesso: 16 de fev. de 2013

2.1.2. – Lazer e diversão

2.1.2.1 – Bares e Cafés

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Os principais locais onde se fazia a História e se contavam histórias eram os

cafés – os mais importantes que podem ser citados foram o Café Estrela e o

Café Paris – ambos no mesmo perímetro entre a Avenida Afonso Pena e a

Avenida Augusto de Lima.

Apesar de se denominarem “Cafés” (em alguns a presença feminina era

proibida no começo do século XX) os ambientes serviam principalmente

bebidas alcoólicas – os chopps gelados eram o principal atrativo para os

clientes homens.

O bar mais marcante da Rua da Bahia foi o Bar do Ponto. O bar era situado na

esquina com a Avenida Afonso Pena, onde hoje atualmente é o Belo Horizonte

Othon Palace.

PONTO – porque era o local da Estação de Bondes. Vejo-a ainda, construção no meio de tijolo, meio de madeira, com três entradas sem portas, pintada a óleo e dotada dum torreão para o relógio. Seu verde era semelhante ao dos pistaches e contrastava, qual outra cor, com os verdes dos seis renques de árvores da Avenida Afonso Pena e com os mais numerosos do parque. (...) Eu conheci esse espaço do belo beloBelorizonte, nele padeci, esperei, amei.(NAVA, 1985, p. 35)

O Bar do Ponto era um local de grande fluxo de pessoas porque ele se situava

em frente da Estação de Bondes de Belo Horizonte – por isso o seu nome: Bar

do Ponto.

Ficava no cruzamento da Afonso Pena com Bahia, parada obrigatória de partida e chegada de todos os bondes da capital. Para aproveitar o movimento, o comerciante Felipe Longo instalou em um sobrado de esquina o Café e Bar do Ponto. (Os Primeiros 100 Anos – Rádio Itatiaia, sd, p175)

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Figura 8 – Estação de Bondes de Belo Horizonte, que ficava na esquina entre Bahia e Afonso Pena.

Fonte: Disponível em: <pt-br.facebook.com/FotosAntigasDeBeloHorizonte>Data de Acesso:: 16 de fev. de 2012.

Ponto de encontro de intelectuais, o Bar do Ponto teve como Pedro Nava, o

seu principal relator de memórias no espaço.

O café chamado Bar do Ponto estava para Belo Horizonte como a Brahma para o Rio. Servia de referência. No Bar do Ponto. Em frente ao Bar do Ponto. Na esquina do Bar do Ponto. Encontros de amigos, encontros de obrigação. O nome acabou extrapolando, se estendendo, ultrapassando o estabelecimento, passando a designar o polígono formado pelo cruzamento de Afonso Pena com Bahia — local onde termina também a ladeira da rua dos Tupis. Enraizou-se tanto na toponímia da cidade que fez desaparecer, imaginem! o nome do alferes — praça Tiradentes — que figurava nos antigos mapas de Belo Horizonte. Além de usurpar a do herói, a designação Bar do Ponto excedeu-se psicologicamente e passou a compreender todo um pequeno bairro não oficial mas oficioso: o que se pode colocar dentro do círculo cujo centro seria o da praça e cujo raio cortasse a esquina de Goiás, um pouco de Goitacases, o cruzamento de Tupis com Espírito Santo, que tornasse a Afonso Pena, descesse Tamoios, entrasse no Parque defronte ao início do viaduto Santa Teresa e voltasse à origem depois de reincursionar na espinha dorsal de Afonso Pena. Dentro deste círculo, tudo é Bar do Ponto. Moro no Bar do Ponto — poderia dizer o seu Artur Haas. Minha farmácia é praticamente no Bar do Ponto, informaria licitamente o seu Ismael Libânio. Fora destes limites, logo fora, seria absurdo falar em Bar do

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Ponto porque as referências já seriam o Poni, o Colosso, o Estrela, São José e, no lado oposto, o Palácio da Justiça.(NAVA, 1985, p. 36)

A partir dos relatos do médico e escritor Pedro Nava (1903 – 1984) foi possível

fazer um mapa com os principais pontos comerciais e de diversão do

Logradouro no início do século. Neste ponto da Rua da Bahia com Afonso

Pena destaca-se a quantidade de pontos comerciais no local.

Figura 9 - Mapa da Rua da Bahia.

Fonte: Disponível em: PANICHI, s.d.,p.1.

Um dos grandes motivos de o Bar do Ponto ser um grande ponto de

intelectuais é que se situavam próximas ali grandes editoras de jornais

belorizontinos, como o Jornal Minas Gerais que situava-se na Avenida Augusto

de Lima, próximo à Rua da Bahia. No antigo prédio do jornalencontra-se,

atualmente, a Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais.

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A história que aqui se vai contar começa no ano de 1921, no instante em que a mais famosa de suas personagens, um adolescente magrinho, de óculos, entra numa redação de jornal, na rua da Bahia, em Belo Horizonte. E termina, meio século depois, com alguns rapazes abandonando outra redação, não longe dali, na avenida Augusto de Lima. [...]Mas estamos ainda no começo, no moço de óculos em quem já é possível reconhecer Carlos Drummond de Andrade. (WERNECK, 2012, p.12)

Outra redação de jornal que existia próxima ao Bar do Ponto era a do Jornal

Diário de Minas, onde Carlos Drummond de Andrade iniciou sua carreira

jornalística.

Mas o que nos interessa, aqui, é aquela sua primeira incursão no Diário de Minas, jornal que ele até então namorava à distância. Por essa altura os Drummond de Andrade já não viviam na sua Itabira — o coronel se instalara com a família no Hotel Internacional (depois rebatizado, com mais modéstia, Hotel Itatiaia), na esquina da rua dos Caetés com a praça da Estação, em Belo Horizonte.No térreo desse prédio, além de um bar e uma barbearia, funcionava a redação de um vespertino inexpressivo, o Jornal de Minas. Havia sido fundado em julho de 1918 como órgão oficial de uma ainda menos relevante Associação Mineira de Imprensa, e, façanha rara naquele tempo, sobreviverá por quatro anos, até julho de 1922. (WERNECK, 2012, p.14)

Fig 10- “Praça da Agência” no térreo situava-se o Bar do Ponto e outros pequenos comércios.

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Fonte: Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/-IuJRnL1-Wx8/T2KencCOenI/AAAAAAAACvk/MbqKczGGdo8/s320/palacio+hotel+atual+othon+1.jpg>Data de Acesso: 16 de fev. de 2013.

Figura 11 - Interior do Bar do Ponto, na década de 30. Ambiente frequentado por mulheres e homens.

Fonte: Disponível em: <http://www.minasdehistoria.blog.br/wp-content/arquivos/2009/04/o-

interior-do-bar-do-ponto-1935-em-belo-horizonte.jpg> .Data de Acesso: 16 de fev. de 2013.

O Bar do Ponto teve seu fim ainda na primeira metade do século XX.

Atualmente no endereço encontra-se o Othon Palace Belo Horizonte.

Além do Bar do Ponto, existiam outros famosos pontos de encontro no mesmo

perímetro: entre Avenida Afonso Pena e Avenida Augusto de Lima.

Estabelecimentos que podem ser conferidos na figura XXX.

Tempos depois surgiu na Rua da Bahia o Café Paris, que servia bebida, música e poesia, mas somentepara homens. Durante as décadas de 10 e 20, na mesma Rua da Bahia, faziam grande sucesso o Bar Trianon e o Café Estrela – Uma das mais famosas confeitarias da cidade. (Os Primeiros 100 Anos – Rádio Itatiaia, sd, p142)

Mais acima do Bar do Ponto, foi inaugurada na primeira metade da década de

50 a Gruta Metrópole – considerada como o último reduto da tradição boêmia

da capital mineira.

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O público do bar era remanescente dos Bar do Ponto e da Trianon – o público

era diversificado, encontrava-se desde açougueiros até intelectuais. Por ser um

bar tradicional para os frequentadores, nas paredes do mesmo existia o

Regulamento Interno da Gruta, com dez itens, como se pode ver abaixo:

A- Considerando a tradição boêmia da Rua da Bahia; B- Considerando que a Gruta Metrópole é o último remanescente desta tradição; C- Considerando que ultimamente este sentido boêmio vem sendo descaracterizado; DELIBERAMOS: 1 – Fica proibida a entrada de

mulheres feias e velhas; 2 – Fica proibido o hábito de contar

anedotas de mau gosto; 3 – Fica proibida a repetição de frases

e casos; 4 –Fica proibida a interrupção ou

interferência em conversas já iniciadas;

5 – Ficam proibidos os trejeitos e os cacoetes agressivos, bem como

cutucadas de ponta de dedos; 6 –Fica proibido o acesso de bêbados,

bilheteiros e rifistas; 7 – Fica proibido elevar a voz além de

50 decibéis do barulho do congelador;

8 – Fica proibida a entrada de mulheres feias e velhas;

9 – Fica obrigatória a gorjeta de 20 %; 10 – Aceitam-se os estranhos desde

que subordinados a estes princípios. Ressalvem-se os direitos adquiridos. (SALLES, 2005, p. 59-60)

O bar era um ponto de encontro e era referência na vida noturna da capital,

atualmente, por estar com outra administração, o Gruta Metrópole não tem

mais o mesmo espírito do século passado.

Page 24: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

Figura 12 - Interior da Gruta Metrópole.

Fonte: Disponível em: < http://4.bp.blogspot.com/-4keq7y7gLuI/ThEDgZ7v6NI/AAAAAAAAADE/ABlInGsJaQU/s1600/DSC06555.JPG > Data de Acesso: 19 de fev. de 2013

Outro ponto de encontro atualmente na Rua da Bahia é um antigo casarão na

esquina com a Rua Timbiras:

Page 25: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

Figura 13 - Casarão na Rua da Bahia com Timbiras.

Fonte: Disponível em: < http://3.bp.blogspot.com/_tuEAC5OxCg4/TT1dv0675JI/AAAAAAAAC_c/fuqkKD77xJU/s640/1911+BANCO+REAL+NUMA+DAS+ESQUINAS+DO+CRUZAMENTO+DA+RUA+TIMBIRAS+COM+RUA+DA+BAHIA.jpg >Data de Acesso: 16 de fev. de 2013.

No antigo casarão, entre as ruas Bahia e Timbiras encontra-se o Café Cultura

Bar. O estabelecimento, que funciona no período da noite, se apropria da

calçada para o atendimento dos clientes, algo que não era visto na primeira

metade do século passado.

Page 26: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

Figura 14 - Café Cultura Bar.

Fonte: Disponível em: Google Maps, 2013.

Vendo a quantidade de bares e espaços de integração na Rua da Bahia nota-

se que o logradouro sempre teve uma forte característica: a sua boemia. O

espaço foia artéria principal da capital na primeira metade do século passado e,

atualmente, é um antro de pessoas alternativas – pela quantidade de espaços

culturais, pela quantidade de sebos no Ed. Maletta e é claro, pelos seus bares.

2.1.2.2 Teatros e cinemas

O mesmo perímetro, no triângulo delimitado pela Avenida Afonso Pena, Rua da

Bahia e Rua Goiás de 1899 até 1985 permaneceu como um espaço cultural –

nele existiram entre demolições e construções o Teatro Soucassoux, Teatro

Municipal, Cinema Odeon e, por último, o Cine Metrópole.

O primeiro, o Teatro Soucassoux foi de curta duração, apenas durante os anos

de 1899 e 1905 – quando este foi demolido para dar espaço ao Teatro

Municipal.

Page 27: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

1899 – A cidade ainda estava muito carente de lazer, quando Francisco Soucassoux construiu um teatro provisório na cidade – a Rua da Bahia esquina com Afonso Pena, com o mínimo de conforto possível. Seu teto era de folhas de zinco. Quando chovia, o barulho atrapalhava os atores, que se esforçavam para serem ouvidos. (SILVA, 1991, p 44 – 45).

De 1906 a 1939, o lote abrigou o Teatro Municipal.

Com o crescimento da nova capital, a cidade necessitava de um local definitivo para os espetáculos teatrais. Em 1905 foi lançada a pedra fundamental para a construção do Grande Teatro Munipal. A obra ficaria localizada na Rua da Bahia com Goiás, onde foi enterrada uma urna com jornais e moedas da época. (Os Primeiros 100 Anos – Rádio Itatiaia, sd, p142)

A reforma para a construção do Teatro Municipal durou até 1909, quando

houve a sua inauguração.

Figura 15 - Teatro Municipal.

Fonte: Disponível em: < http://4.bp.blogspot.com/-0S_HsG01Cxw/UG3n7jcWLwI/AAAAAAAAALw/332WJ81pTJ8/s1600/Teatro+Municipal+de+BH.jpg >. Data de Acesso:16 de fev. de 2013.

Page 28: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

Em 1940, Juscelino Kubitshek (1902 -1976), na época Prefeito de Belo

Horizonte, aprovou a venda do Teatro para vendido para a companhia Cine

Teatral Ltda.– cujo dono era o empresário Antônio Luciano Pereira que tinha

em seu domínio quase todos os cinemas da capital mineira –. A companhia

deu ao Arquiteto Raffaelo Berti (1900-1972) a oportunidade de reformar o

antigo cinema. Depois de reconstruído foi reaberto em 1942, com um novo

nome que homenageava a capital: Cine Metrópole

Figura 16 - Cine Metrópole.

Fonte: Disponível em: <https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTMqdsobkFE18Zg4jtlayi0yMVr8cwuohw_w8h548ACwQdiLUMs >. Data de Acesso:16 de fev. de 2013.

Porém em 1983, após uma promessa falha de Tancredo Neves (1910 – 1985),

na época Governador do Estado de Minas Gerais, sobre o tombamento da

edificação,o prédio foi vendido para uma instituição financeira e foi demolido

para a construção de um prédio empresarial, ato tal que se comprova na

reportagem do jornal Estado de Minas:

Page 29: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

Em 1983, no primeiro ano do governo Tancredo Neves, centenas de manifestantes foram reprimidos pela Polícia Militar na Rua da Bahia, quando se exigia o tombamento do prédio onde funcionava o Cine Metrópole, na esquina com Rua Goiás. Batalha em vão, pois o prédio foi vendido para um banco, que demoliu a belíssima construção art déco para erguer no local um arranha-céu. Ficou na lembrança um grito de guerra dos manifestantes reprimidos pela PM: “A polícia do Tancredo é igual à do Figueiredo”, numa referência ao general João Figueiredo, último representante da ditadura militar que ainda governava o Brasil. (FRAGA, Álvaro. Estado de Minas 11 de Agosto de 2011)

Figura 17 - Demolição do Cine Metróopole.

Fonte: Disponível em: <https://encrypted-tbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcT3J_t50O4sqfbimKi1xocSmypxiSFazdCDBnW2k5uxyiAtAN1n >. Data de Acesso:16 de fev. de 2013.

Após a demolição, Belo Horizonte perdeu mais um cinema de rua, algo que é

cada vez mais raro de se ver na capital.

Por fim, outro cinema memorável em Belo Horizonte foi oCinema Odeon – que

foi inaugurado em 1912, com uma Arquitetura Art Decó. O estabelecimento era

um dos pontos mais luxuosos de Belo Horizonte, era frequentado por pessoas

da Alta Sociedade, como observa-se abaixo:

Lá pelos anos 20, o Cinema Odeon era considerado o cinema da granfinada. A casa estava instalada na Rua da Bahia, sendo o local

Page 30: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

de diversões preferidos pela Elite Social. O Cinema Odeon guarda ainda como triunfo, o fato de ser a única casa localizada em um ponto estratégico da capital –com os bondes. A vizinhança era formada pelos cafés – Bar do Ponto, Café Íris ou Bar Acadêmico. (Os primeiros 100 anos – Editora Itatiaia)

Figura 18– Vista do Cine Odeon

Fonte: Disponível em: <http://fernandolopes.com.br/fernandolopes.com.br/wp-content/gallery/2010-02-09_fotos-bh-antigas/1928%20-%20Rua%20da%20Bahia%20-%20Cinema%20Odeon.jpg>Data de Acesso: 16 de fev. de 2013

Page 31: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

Figura 19 – Fachada do Cine Odeon

Fonte: Disponível em: <http://i113.photobucket.com/albums/n211/edumelo/Mogi%20Antigas/CineOdeon.jpg> Data de Acesso:: 16 de fev. de 2013.

Porém, durou pouco a estadia do Cinema Odeon no local, mais de uma década

depois o mesmo foi fechado e houve uma comoção popular contra o

fechamento do estabelecimento, como se pode perceber no poema O Fim das

Coisas de Carlos Drummond de Andrade:

Fechado o Cinema Odeon, na Rua ada Bahia. Fechado para sempre. Não é possível, minha mocidade Fecha com ele mais um pouco. Não amadureci ainda o bastante. Para aceitar a morte das coisas Que minhas coisas são, sendo de outrem, E até aplaudi-la, quando for o caso, (Amadureci um dia?) Não aceito, por enquanto, o Cinema Glória, Maior, mais americano, mais isso-e-aquilo. Quero é o derrotado Cinema Odeon, A espera na sala de espera. A matinê Com Buck Jones, tombos, tiros, tramas. A primeira sessão e a segunda sessão da noite. A divina orquestra, mesmo não divina, Costumeira. O jornal da Fox. William S. Hart As meninas-de-família na plateia. A impossível (sonhada) bolinação, Pobre sátiro em potencial Exijo em nome da lei ou fora da lei Que se reabram as portas e volte ao passado Musical, waldemarpissilândico, sublime agora Que para sempre submerge em funeral de sombras Neste primeiro lutulento de janeiro De 1928.

2

O Cinema foi fechado em janeiro de 1928.E em 1978 o prédio foi demolido

para a construção de uma sede do Banco Itau.

2.1.2.3 Espaços Culturais e Instituições de Ensino

No início da Rua da Bahia, entre Avenida do Contorno e Guaicurus, foi

inaugurado em 1908 o edifício para a fábrica de tecidos da Companhia

2Disponível em: <http://www.fca.pucminas.br/coreu/producao/jn-

cultural/1_2008/reportagens/reportagem03b4.htm> Acesso em 29 de fev. de 2013

Page 32: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

Industrial de Belo Horizonte – a primeira indústria a se estabelecer dentro do

perímetro da então Avenida Dezessete de Dezembro.

Nos anos 40 o prédio abrigou a União Brasileira de Tecidos, conhecida

popularmente como 104 tecidos. O prédio sofreu ao longo dos anos

modificações no seu interior e na sua fachada, causando sua

descaracterização. Porém, na década 80 o imóvel é tombado pelo Governo

Municipal e Estadual, fazendo parte do Conjunto Arquitetônico e Urbanístico da

Praça da Estação. Do projeto original o elemento mais marcante que ainda

permanece no espaço é uma grande chaminé.

Figura 20 - Foto do prédio do antigo 104 tecidos – do prédio original restou a chaminé.

Fonte: Disponível em: < http://4.bp.blogspot.com/_Duc2LEGxo_A/S_GYsbsj1ZI/AAAAAAAAAGE/hUuPU9OYnQ0/s1600/IMG_0214.jpg>Data de Acesso: 16 de fev. de 2013.

Atualmente, no espaço está situado o Centro Cultural CentoeQuatro, que

passou por uma reforma e restauração antes de ser inaugurado em 2009. A

antiga fábrica deu espaço de ocupação artística, onde há exposições de arte,

bazares, cinemas populares, apresentações teatrais e musicais.

Page 33: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

Figura 21 - Centoequatro, com intervenções artísticas efêmeras em sua fachada.

Fonte: Disponível em: < http://farm5.static.flickr.com/4050/5124277164_06fc143779.jpg >.

Acesso: 16 de fev. de 2013.

No mesmo quarteirão encontram-se duas instituições de caráter educacional: o

antigo prédio de engenharia da UFMG, um prédio modernista (com paredes de

vidro e um pilotis direcionado para a Rua Espírito Santo) construído em

meados da década de 60. Nos dias de hoje o prédio se encontra vazio, já que a

Escola de Engenharia foi transferida para o campus na UFMG situado na

região da Pampulha, em Belo Horizonte.

Page 34: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

Figura 22 - Escola de Engenharia da UFMG.

Fonte: Disponível em: < http://www.eng.ufmg.br/centenario/images/segunda-sede.png >. Acesso em: 16 de fev. de 2013.

O outro prédio é o Instituto de Química da Escola de Engenharia da UFMG, um

prédio em caráter neoclássico, que aparenta estar vazio e também apresenta

deteriorações.

Page 35: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

Figura 23 - Instituto de Química da Escola de Engenharia da UFMG.

Fonte: Disponível em:<http://www.siaapm.cultura.mg.gov.br/modules/fotografico_docs/photo.php?lid=29221> . Data de Acesso:16 de fev. de 2013.

Page 36: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

Fig24 - Instituto de Química da Escola de Engenharia da UFMG.

Fonte: Google Maps, 2013.

De arquitetura Neo Clássica, há outro prédioque foi anexo do prédio da Escola

de Engenharia da UFMG na próxima esquina – também em estado deteriorado

– a antiga Biblioteca da Escola de Engenharia da UFMG.

Figura 25 - Prédio da Biblioteca da Escola de Engenharia da UFMG.

Fonte: Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_ROZRVn55eT0/S2uqBjL697I/AAAAAAAAAns/YHvCLHs1qJY/s1600/Esc.Engenharia.jpg>. Data de Acesso:16 de fev. de 2013.

Page 37: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

Figura 26 - Fachada da antiga Biblioteca da Escola de Engenharia da UFMG.

Fonte: Google Maps, 2013.

Outro prédio de cunho cultural próximo à Praça da Estação é o atual Centro

Cultural da UFMG, que se encontra um pouco deteriorado e com as evidentes

marcas do tempo. O prédio teve outros usos ao longo do tempo, como pode

ser visto no trecho.

O prédio foi originalmente concebido para sediar o Hotel Antunes. Entretanto, concluídas suas obras, em 1906, destinou-se ao Quartel do Segundo Batalhão da Brigada Policial, que permaneceu nesse endereço por cinco anos. A partir de 1911, a Escola Livre de Engenharia passou a funcionar no local. Nos anos 80, a edificação foi restaura da e passou a sediar o Centro Cultural da UFMG. O prédio foi construído em estilo eclético com predominância de elementos neoclássicos, é exemplar das construções de médio porte do início do século. (TEIXEIRA, sd. p. 24)

Page 38: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

Fig26- Centro Cultural da UFMG.

Fonte: Google Maps, 2013.

No quarteirão entre Rua da Bahia e Avenida Augusto de Lima encontra-se o

Centro de Cultura de Belo Horizonte ou popularmente conhecido como

“Castelinho da Rua da Bahia”. Pela sua arquitetura é confundido, às vezes com

uma igreja por transeuntes – contudo, o espaço nunca foi de cunho religioso.

O prédio em estilo Neo-Gótico Manuelino (o único exemplar deste estilo

arquitetônico na cidade) foi projetado por Francisco Izidro Monteiro para sediar

o Conselho Deliberativo de Belo Horizonte (futura Câmara Municipal) e também

a primeira Biblioteca Municipal da cidade. Posteriormente o prédio teve outros

usos: foi sede da Rádio Mineira, sediou aulas da Escola de Arquitetura da

Universidade Federal de Minas Gerais, sessões solenes da Academia Mineira

de Letras e foi sede também do Museu de Mineralogia.

Atualmente é a sede do Centro de Culturade Belo Horizonte, e, no fim do ano

de 2012, passou a abrigar, também o Centro de Referência em Moda. O prédio

que foi inaugurado em 7 de setembro de 1914 é tombado em nível municipal e

estadual.

Page 39: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

Figura 27 - Centro de Referência em Moda.

Fonte: Acervo pessoal.

Em fotos de momentos distintos de Belo Horizonte na primeira metade do

século XX, o edifício se mostra imponente pela sua arquitetura, porém, com o

aumento de arranha-céus na cidade, o prédio perdeu um pouco da sua

visibilidade. Apesar disso, não perde sua magnitude pela sua singular

arquitetura e também pelo seu posicionamento em uma esquina de grande

fluxo diário de pessoas.

Page 40: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

Figura 28 - Centro de Referência em Moda no século passado.

Disponível em: < http://3.bp.blogspot.com/-ZC7KLgOVGfY/T9dMBoGLiWI/AAAAAAAAFVI/jbkbocpp1CY/s640/a.jpg> Data de Acesso: 16 de fev. de 2013.

O Colégio Minas Gerais foi fundado em 23 de abril de 1918. Está localizado na

esquina da Rua da Bahia e Augusto de Lima. Ao longo dos quase 95 anos de

história, o colégio passou por várias transformações, como a mudança do

nome para Colégio de Minas Gerais. O prédio é tombado pelo Patrimônio

Histórico e teve sua restauração em 2009. No térreo, atualmente funciona uma

filial da Drogaria Araújo.

Page 41: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

Figura 29 - Colégio Minas Gerais.

Fonte: Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/-Frf8Mmr6nJA/TuLGMiQy24I/AAAAAAAAEWY/A08QbXZd1uY/s1600/110.jpg>. Data de Acesso:16 de fev. de 2013.

Page 42: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

Figura 30 - Colégio de Minas Gerais, no térreo, a Drogaria Araújo.

Fonte: Disponível

em:<http://ruadabahia.hotglue.me/Col%C3%A9gio+Minas+Gerais.head.133772164742>.

Data de Acesso: 16 de fev. de 2013.

Ainda na mesma quadra encontra-se outro prédio de status cultural: o Museu

Inimá de Paula. No prédio Art Decó projetado por Luiz Signorelli (1896-1964) e

foi construído em 1927 com cinco pavimentos para a nova sede do Clube Belo

Horizonte. Dois anos depois, denominou-se “Jockey Club de Belo Horizonte”.

Page 43: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

Figura 31 - Museu Inimá de Paula.

Fonte: Disponível em: < http://www.museuinimadepaula.org.br/wp-content/uploads/2011/07/museu-fachada.jpg >. Data de Acesso: 16 de fev. de 2013.

Para o funcionamento do Museu, que foi inaugurado em 2009, o prédio teve

seus 3000 m² restaurados e recebem exposições temporárias e o acervo do

pintor fauvista Inimá de Paula (1918-1999).

Mais acima do logradouro encontra-se o prédio da Academia Mineira de Letras

antes era o Consultório e Residência de Eduardo Borges Ribeiro da Costa

(1880 – 1950), a arquitetura do espaço é um clássico Art Nouveau.

Page 44: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

Figura 32 - Consultório e Residência de Eduardo Borges Ribeiro da Costa, futura Academia Mineira de Letras.

Fonte: Disponível em: <http://www.siaapm.cultura.mg.gov.br/acervo/fotografico/M-12.21/29255.jpg >. Data de Acesso: 16 de fev. de 2013.

O anexo da academia, projetado por Gustavo Penna na década de 90, vai de

encontro ao estilo do prédio ao lado. O anexo possui linhas sinuosas, que faz

um diálogo entre a arquitetura contemporânea e o classicismo do Art Nouveau.

Page 45: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

Figura 33 - Anexo da Academia Mineira de Letras, em estilo Modernista.

Fonte: Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/-Eju6BOncHHI/TfU2wr97FZI/AAAAAAAAKko/66Yya2vGjGo/s1600/C%25C3%25B3pia+%25282%2529+de+ARQBH-2007-06-07+%2528381A%2529.JPG >. Data de Acesso: 16 de fev. de 2013.

No encontro da Rua da Bahia com Bias Fortes encontra-se o Anexo da

Biblioteca Estatual Luís de Bessa. No espaço, anteriormente funcionava uma

Filial do Instituto Oswaldo Cruz.

Em 1957 foi construída a Biblioteca Pública. Seu projeto original, de autoria de Oscar Niemeyer e datado de 1955, foi modificado pelo arquiteto Hélio Ferreira Pinto, a pedido de Juscelino Kubitschek. Sua construção foi concluída em 1962, após sucessivas paralisações em sua obra. (RODRIGUES, sd, p. 31)

Page 46: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

Figura 34 - Anexo da Biblioteca Estadual Luís de Bessa.

Fonte: Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/34/Anexo.JPG/250px-Anexo.JPG>. Data de Acesso: 16 de fev. de 2013.

2.1.2.4 – Praças

No começo da Rua encontra-se a Praça Rui Barbosa, mais conhecida como

Praça da Estação – teve este nome por estar localizado em frente ao prédio da

antiga Estação de Ferro Central do Brasil, que hoje está situado o Museu de

Artes e Ofícios. Atualmente a Estação Central do Metrô de Belo Horizonte está

situada também na praça – o fluxo de pessoas neste espaço do “hipercentro” é

intenso em todos os períodos do dia.

Figura 35 - Praça da Estação e ao fundo o Museu de Artes e Ofícios.

Fonte: Disponível em: < http://4.bp.blogspot.com/_QL5mItQEEaw/S8cfw4GHtLI/AAAAAAAAAmE/1RHauCQSB9Y/s1600/Belo_Horizonte_pra%C3%A7a+da+esta%C3%A7%C3%A3o.jpg > Data de Acesso: 18 de fev. de 2013.

Page 47: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

A praça está tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico

de Minas Gerais, fazem parte do acervo arquitetônico da Praça da Estação o

Viaduto Santa Teresa, a Serraria Souza Pinto e o Museu de Artes e Ofícios.

A outra praça do logradouro é a Praça Afonso Arinos, situada entre as

Avenidas Alvares Cabral e Avenida João Pinheiro e é próxima também do

Museu Inimá de Paula.

Figura 36 - Praça Afonso Arinos.

Fonte: Disponível em: <https://encrypted-tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTWNRnAulBHrVz7_VcQcSiw_XaloZxgFSEoNppbgFb3B9u-mSA_UQ >. Data de Acesso: 18 de fev. de 2013.

Na praça está posto o monumento em homenagem ao compositor Rômulo

Paes (1918-), que consiste em uma placa de metal com a célbre frase: “Minha

vida agora é esta, subir Bahia e descer Floresta”.

Page 48: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

Figura 37 - Placa com a célebre frase de Rômulo Paes.

Fonte: Disponível em: < http://farm4.staticflickr.com/3260/2747751327_b6914ba53c_z.jpg > Acesso em 18 de fev. de 2013.

2.1.2.5 – Carnaval

Pela existência de muitos bares e cafés, o corredor urbano possuiu várias

manifestações culturais ao longo do tempo, entre elas o Carnaval.

Na primeira metade do século XX, os blocos de rua se concentravam

principalmente no perímetro que se estendia da Avenida Afonso Pena até a

Avenida Augusto de Lima – carnaval que era restrito apenas para os mais

ricos.

A movimentação principal dos festejos momescos, naqueles primeiros anos, passeava-se na Rua da Bahia, que no trecho entre as Avenidas Afonso Pena e Paraoapeba, hoje Augusto de Lima, era reduto de ricaços e grã finos que impunham restrições aos menos favorecidos pela fortuna, caso não estivessem convenientemente trajados. (RIBEIRO, 200, p. 193).

Page 49: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

Ao passar da primeira metade do século XX, com o fechamento de alguns

bares, a tradição se esvaiu.

A Rua da Bahia registrou o apogeu e a decadência do Carnaval belorizontino. Nas décadas de 30 e 40, além do movimento na Afonso Pena, a folia se concentrava no quarteirão da Rua da Bahia, entre a avenida e a da Rua Goitacazes, em torno do Trianon da Elite. [...] Mais tarde, o fechamento do Trianon e da Elite coincidiria com a decadência do Carnaval de rua. Ainda assim, a Gruta Metrópole acolheu os últimos remanescentes da boêmia carnavalesca. (SALLES, 2005, p. 50-51)

Porém, desde 1975, a Banda Mole agita os foliões no período carnavalesco – o

bloco, que se concentrava na Rua da Bahia, teve em sua origem o desejo de

resgatar os antigos carnavais em vias públicas. No primeiro desfile conta-se

que existiam apenas 100 foliões, ao longo dos anos o número cresceu

vertiginosamente, como se comprova no trecho da reportagem:

100 pessoas animadas por uma banda de chão e instrumentos de sopro de dez elementos. Com o passar dos anos, tendo caído definitivamente no gosto popular, o desfile foi crescendo, chegando a levar às ruas, em 1995, 400.000 pessoas animadas por 14 trios-elétricos, entre os quais a banda baiana Araketu, maior atração nacional da época.

3

3 Informação retirada de: http://www.overmundo.com.br/agenda/banda-mole-leva-folioes-para-

a-av-afonso-pena Acesso em 25 de jan. de 2013.

Page 50: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

Figura 38 - Manifestação da Banda Mole na Rua da Bahia.

Fonte: Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/-1LG9ke__blY/Tx26tEupb1I/AAAAAAAABPo/99lvamP4L4E/s1600/BANDA+MOLE+2012.jpg>. Data de Acesso:18 de fev. de 2013.

Atualmente, o trajeto do bloco foi transferido, por motivos de segurança, para a

Avenida Afonso Pena entre a Rua da Bahia e Guajajaras. No período de

Carnaval nota-se um envolvimento dos indivíduos com o espaço urbano, com o

objetivo de celebração da data.

2.1.2.6 – Clubes

Nos planejamentos de Aarão Reis (vide figura 1), onde se encontra atualmente

a sede do Minas Tênis Clue, era para estar Zoológico da capital. Porém, na

década de 30, o clube, construído pela construtora RomeodiPaoli tem os

moldes arquitetônicos do estilo Art Deco.

1937 – No dia 28 de novembro era inaugurado o Minas Tênis Clube. Seria construído no Bairro da Serra mas foi transferido para o local inicialmente destinado para o Zoológico. Este acabou sendo construído no Parque Municipal, devido a inconveniência de ter um Zoológico no local. (SILVA, 1991, p. 97)

Page 51: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

Figura 39 - Sede do Minas Tênis Clube.

Fonte: Disponível em:<http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/5/5b/Minastenisclube1.JPG/320px-Minastenisclube1.JPG >Data de Acesso:16 de fev. de 2013.

Atualmente, o Zoológico de Belo Horizonte está situado na região Pampulha.

2.1.3 – Comerciais e Administrativos

2.1.3.1 – Comerciais

2.1.3.1.2 – Hotéis

Devido ser próxima à Praça da Estação, a porta de entrada da cidade, a Rua

da Bahia teve, ao longo do tempo, muitos edifícios hoteleiros em sua extensão.

Alguns que merecem destaque são: Hotel Internacional/Hotel Itatiaia, Hotel

Othon, Hotel Metrópole e o Grande Hotel.

O Hotel Itatiaia ou Internacional, foi projetado no estilo Art Decó no início da

década de 50 pelos arquitetos Raffaello Berti (que projetou anteriormente o

Minas Tênis Clube) e Shakespeare Gomes e está situado entre a Avenida

Santos Dumont e Caetés. Além de ser um hotel o prédio também abriga

Page 52: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

estabelecimentos comerciais e de serviços: como cafeterias, farmácias e

escritórios.

Figura 40 - Hotel Itatiaia.

Disponível em <http://farm4.staticflickr.com/3018/2441401943_0fa2c71c7b.jpg> Data de Acesso: 28 de fev. de 2013.

O Belo HorizonteOthon Palace ou o Hotel Othon é um hotel de alto padrão e

está situado na esquina da Rua da Bahia com Afonso Pena, onde

anteriormente estava construído o Bar do Ponto – que foi demolido no fim da

década de 60, para a construção do imponente hotel.

Page 53: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

Figura 41 - Belo Horizonte Othon Palace.

Disponível em: < http://farm3.staticflickr.com/2101/2269731253_1baf12eaea_z.jpg?zz=1 >. Data de Acesso: 28 de fev. de 2013.

Subindo a rua, temos o Hotel Metrópole, que se encontra, desde 1994,

tombado pelo Patrimônio Histórico Municipal. O prédio tem a arquitetura nos

moldes do estilo Art Déco, foi projetado por Romeo de Paoli e foi construído na

década de 30. Segundo o site do hotel“A instalação do hotel na Rua da Bahia,

área nobre e turbilhão cultural de Belo Horizonte, desde sua fundação, no

século XIX, até os dias atuais, foi parte do processo de renovação urbana

ocorrido na década de 1930.” 4

4Citação disponível em: http://www.hotelmetropolebh.com.br/hist.asp acesso em 25 de fev. de

2013).

Page 54: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

Figura 42 - Hotel Metrópole.

Fonte: Disponível em:<http://3.bp.blogspot.com/-iEzGMjCyT2w/T_l3ucXLbhI/AAAAAAAABe4/TbHfJ65E1Fw/s1600/100_0879.JPG> . Data de Acesso: 28 de fev. de 2013.

Porém, o hotel mais memorável da história da capital mineira foi o Grande

Hotel, o primeiro hotel da cidade, sendo inaugurado em 1897 no mesmo ano da

inauguração de Belo Horizonte. Era situado em uma das mais importantes

esquinas: Rua da Bahia com Augusto de Lima.

Page 55: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

Figira 43 - Grande Hotel.

Fonte: Disponível em: < http://img23.imageshack.us/img23/8351/img222d.jpg > Data de Acesso: 28 de fev. de 2013.

A arquitetura do hotel era em um estilo predominantemente clássico, rodeado

por varandas, fato que foi mencionado por SILVA “Ficou pronto também o

Grande Hotel, um magnífico prédio com 52 quartos, localizado na Rua da

Bahia, esquina com Avenida Paraoapeba (hoje Augusto de Lima), considerado

um estabelecimento ‘Classe A’”. (SILVA, 1991, p.33)

Em novembro de 1908, o hotel é atingido por um grande incêndio. No ano

seguinte passa por uma grande reforma para os reparos do incêndio. Conforme

RIBEIRO (2000), o prédio passou por uma reforma na década de 30, “Possuido

dois pavimentos até 1932, o prédio receberia um novo andar depois da

revolução de 30”.

O hotel teve comohóspedes grandes nomes da política e literatura que

visitaram Belo Horizonte na primeira metade do século XX, nomes como: Rui

Barbosa (1849 – 1923), Santos Dumont (1873 – 1932) e Olavo Bilac (1865 –

1918).

Em 20 de setembro de 1903, numa segunda-feira, caberia ao Grande Hote e consequentemente à Rua da Bahia, engalanar-se para receber Santos Dumont. [...] Manifestações de regozijo e

Page 56: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

demonstrações de orgulho pátrio, como as que tiveram lugar durante a visita do nosso heoi da aviação – ainda que envoltos de ingenuidade –, foram vividos nos seus primeiros anos, especialmente, naquele trecho da Rua da Bahia (RIBEIRO, 200, p. 198).

Os mesmos aproveitaram das belas sacadas do hotel para fazer discursos e

declamar poesias sobre as belezas da cidade. Em 1924, o hotel recebeu os

artistas modernistas Tarsila do Amaral (1886 – 1973), Oswald de Andrade

(1890-1954) e Mário Quintana (1906-1994) – este último recitou um poema em

homenagem à capital mineira:

Maravilha de milhares de brilhos e vidrilhos, Calma do noturno de Belo Horizonte... O silêncio fresco desfolha das árvores E orvalha o jardim só. Larguezas. Enormes coágulos de sombra. A polícia entre rosas... Onde não é preciso, como sempre... Há uma ausência de crimes Na jovialidade infantil do friozinho. (...)

Um grande Ah! ... aberto e pesado de espanto. Varre Minas Gerais por toda a parte... Um silêncio repleto de silêncio Nas invernadas, nos araxás No marasmo das cidades paradas... Passado a fuxicar as almas, Fantasmas de altares, de naves douradas E dos palácios de Mariana e Vila Rica... Isto é Ouro Preto E o nome lindo de São José d'El Rei mudado num odontológico Tiradentes...

Respeitemos os mártires (...)5

Posteriormente, o hotel também recebeu Oscar Niemeyer (1907-2012), que à

pedido de Juscelino Kubitschek (1902-1976) projetou o Complexo Arquitetônico

da Pampulha.

Porém, o grandioso hotel teve seu fim em 1957, quando foi demolidopara dar

espaço ao Edifício Arcângelo Maletta.

5Disponível em: < http://www.faap.br/hotsites/oliviapent/mario_andrade.htm>

Acesso em: 28 de fev. de 2013.

Page 57: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

Em 1957, decadente e demolido – então a Rua da Bahia já perdera parte de seu brilho –, cedeu lugar à um arranha-céu, o Edifício Arcângelo Maletta, que com seus bares, lojas e apartamentos também viveu tempos de glória e agitação, registrados na história da cidade. (RIBEIRO, 200, p. 1999).

2.1.3.1.2 – Shoppings

O Edifício Arcangelo Malettaestá localizado na esquinas entre a Rua da Bahia

e Avenida Augusto de Lima. Foi construído sobre o Grande Hotel, e o seu

nome tem o mesmo nome do seu primeiro proprietário.

1961 – Foi inaugurado um dos maiores prédios da cidade: O Edifício Arcângelo Maletta. Em suas dependências instalaram-se 642 salas, 129 lojas, 349 apartamentos, além da primeira escada rolante da cidade. Essa escada passou a ser a atração na cidade. Organizavam-se caravanas de ônibus especiais para vê-la, formando, para isso, enormes filas. (SILVA, 1991, p. 136)

O seu uso é comercial e residencial – seu público é basicamente estudantes

que moram em repúblicas. Em seu hall e pilotis funcionam bares, livrarias,

sebos, restaurantes e salões de beleza.

Figura 44 - Edifício Arcângelo Maletta. Fonte: Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/_3ytN0CLlg_0/TFSspNl6SdI/AAAAAAAAAS0/-M9zEmMQimM/s1600/maletta.jpg>Data de Acesso: 25 de fev. de 2013.

Page 58: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

O edifício teve em seu pátio comercial, desde o começo, muitos bares – os

mais famosos e tradicionais são: Cantina do Lucas, Lua Nova e um que tem

apenas 3 anos mas já é famoso no cenário alternativo belorizontino é o

Arcângelo – todos os bares são famosos por ser ponto de encontro de

intelectuais e jornalistas, como se comprova no trecho de SALLES (2005):

Mais ao fundo, ficava e ainda fica o Lua Nova, onde se reuniam diariamente escritores artistas e jornalistas como Murilo Rubião, Chamina, Isaias Gilgher, José Nava, Gastão Guimarães, Geraldo Álvares, Wilson Leão, José Ronaldo Procópio, todo um brilhante grupo de intelectuais. (SALLES, 2005, p. 41)

Figura 45 -Cantina do Lucas.

Fonte: Disponível em: http://www.revistaviverbrasil.com.br/img/materias/gostodehistoria-113529.jpg. Data de Acesso:: 11 nov. 2012

Page 59: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

Figura 46 - Arcângelo Café.

Fonte: Disponível em: http://www.revistaencontro.com.br/app/webroot/files/uploads/images/ABRE%20-%20Arc%C3%A2ngelo_ed_maleta_090312_Samuel%20G%C3%AA--0016.jpg. Data de Acesso: 11 nov. 2012

2.3– CONTRADIÇÕES:

Para obter dados que permitissem avaliar e responder aos objetivos dessa

análiseforam preparados questionários para serem aplicados em duas esferas:

a real e a virtual. A primeira conta de visitas de campo em dois locais extremos

da Rua da Bahia: A Praça da Estação – onde caracteriza-se o “hipercentro” há

um enorme fluxo de transeuntes pelo motivo de lojas e também por ser um

ponto de chegada e partida de passageiros que vem de outras cidades – e a

Igreja de Lourdes, que está situada no bairro de Lourdes, onde se espera

encontrar um público de poder aquisitivo diferente daquele comparado ao do

trecho anterior.

O questionário de caráter quantitativovisou entender as características culturais

e a rotina dos indivíduos no logradouro. Abaixo seguem os quadros que

apresentam os resultados verificados nos dados coletados. Os mesmos serão

explicados em seguida.

Page 60: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

Quadro 1 – Estatística dos questionários virtuais:

Fonte: Autoria Própria

Quadro 2 – Estatística dos questionários presenciais na Praça da

Estação:

Fonte: Autoria Própria

Page 61: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

Quadro 3 – Estatística dos questionários presenciais na Igreja de

Lourdes:

Fonte: Autoria Própria

Análise do primeiro quadro:

O que mais se destaca no quadro um é a idade dos entrevistados, mais de

70% tem entre 18 e 25 anos – fato que pode ser explicado pelo acesso de

pessoas desta idade à Internet, onde o questionário foi aplicado.Por conta da

faixa etária, consequentemente, outro dado é marcante: a graduação em

andamento.

Algumas respostas para a pergunta “O que você está fazendo na Rua da

Bahia?” foram “visitando bares”, “visitando museus” e também “passeando”,

logo, para esta parcela dos entrevistados, o logradouro é um espaço cultural e

também boêmio. Mas a resposta da maioria foi para a opção “Cortar caminho”.

Sobre a pergunta “Onde começa e termina a Rua da Bahia?” a maioria dos

entrevistados não a respondeu de forma correta e utilizaram algumas das

frases errôneas: “termina na Avenida João Pinheiro”, “começa no Viaduto

Santa Tereza”, “começa na Avenida Afonso Pena”, “começa na Zona Boêmia”,

“termina na Praça da Liberdade” “termina na Avenida Brasil” e também

algumas rebuscadas respostas como: “começa nas bordas do coração

belorizontino (na Contorno) e termina na outra borda, cruzando o espírito

boêmio da cidade (na Contorno).

Page 62: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

Análise do segundo quadro:

Os resultados da Praça da Estação, o “hipercentro” da capital, são bem

diferentes do anterior em alguns aspectos: a maioria dos entrevistados

frequenta o logradouro diariamente e estão, principalmente, trabalhando – fato

que se justifica pela quantidade de pontos comerciais no local. Outra resposta

diferente para a pergunta foi “viajando” justamente pela Praça da Estação ser

ponto de vários ônibus intermunicipais.

A taxa de escolaridade está em maior número no gênero “Ensino Fundamental

Incompleto”. Outro fato curioso é que as pessoas consideram a Rua da Bahia

como um local relevante para Belo Horizonte, mas não sabem onde que ela

começa e termina. E também a maioria das pessoas entrevistadas tem a idade

entre 35 e 45 anos, dado que destoa também do quadro anterior.

Análise do terceiro quadro:

Na Igreja de Lourdes, no bairro de Lourdes, a maioria dos entrevistados está

cortando caminho ou apenas passeando, fato que pode ser justificado pelo

dado da idade dos entrevistados: todos têm mais de 45 anos, logo, estão na

idade de se aposentar e buscam uma vida mais tranquila.

A maioria das pessoas entrevistadas na Igreja de Lourdes tem uma vantagem

intelectual sobre os entrevistados no quadro dois, pois já tem a Graduação

Completa (50%). Fato também que pode ser visto no comparativo entre os dois

mesmos quadros na pergunta “Onde começa e onde termina a Rua da Bahia?”

os entrevistados no quadro três, cerca de 75%, responderam de forma correta

a pergunta enquanto apenas 33,3% do entrevistados do quadro dois.

Porém, dois resultados que se repetem neste quadro e no anterior são sobre

as perguntas “Você costuma participar de atividades da Rua da Bahia?” e

“Para você, qual a importância da Rua da Bahia para Belo Horizonte?” – as

repostas foram Sim (25%) e Alta (75%). Em ambos os distintos cenários as

pessoas tem conhecimento da importância da rua porém não frequentam seus

museus, teatros e cinemas – fato que acontece também no quadro um.

Page 63: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

Análise Geral:

Conforme é visto em todos os quadros, em todos os três locais de consulta é

comprovado que a Rua da Bahia tem uma relevância para Belo Horizonte. Os

entrevistados tem a consciência que o corredor da Rua da Bahia é saliente

para a cidade, porém, a maioria das pessoas não tem acesso ou não tem

conhecimento da história da capital – no caso, as pessoas não sabem o

“porque” que a Rua é importante para a capital, apenas acham que é.

Desinformação também está presente no fato em que é muito baixo o número

de pessoas que sabem onde começa e onde termina a rua – que se inicia e

termina na Avenida do Contorno, como todas as avenidas com nomes de

Estados.

Apesar do resultado massivo nesse ponto, um dado se contradiz: em também

todos os quadros, mais de 75% das pessoas não frequentam atividades

culturais no logradouro. Isto é, a maioria das pessoas não tem conhecimento

de todos os cinemas (Centoequatro), museus (Inimá de Paula e Centro Cultural

de Belo Horizonte) e da Biblioteca Pública Luis de Bessa – conforme foi feita a

pesquisa, foi comunicado aos entrevistados das atividades gratuitas na Rua da

Bahia e a maioria não tinha conhecimento deste fato,

Sobre este aspecto é possível supor que há um erro de comunicação entre os

estabelecimentos culturais e as camadas de população que podem ser

atingidas – principalmente as com menor nível de escolaridade –. Também é

possível supor que pode haver desinteresse das pessoas pelos espaços

culturais, os mesmos podem aparecer não atrativos ou inibem (pela sua

arquitetura imponente, em alguns casos) a aproximação das mesmas.

Com o questionário é possível notar, principalmente que as pessoas não têm

muito conhecimento sobre a cidade em que vivem – no que se diz respeito em

aspectos geográficos, históricos e culturais.

Page 64: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

CONCLUSÃO

O Design foi uma ferramenta de observação do ser humano, principalmente

como usuário. Seria desafiador projetar um ambiente que atraísse as pessoas

para o universo da Rua da Bahia – para vivenciar a sua cultura e a sua história.

O Design de Ambientes foi essencial para o entendimento do contexto urbano

do logradouro, todas as modificações na arquitetura e nos hábitos sociais e

culturais das pessoas ao longo do tempo ficam marcadas no espaço em que

elas habitam. Um belo exemplo para essa dinâmica são os bares. No começo

do século não era permitida a entrada de mulheres em estabelecimentos deste

tipo, já no final da primeira metade do século XX, já é permitida a entrada de

mulheres em quase todos os bares da cidade. Já hoje, é impossível fazer

algum tipo de discriminação de quem pode ou não entrar em um local como um

bar. Atualmente, os bares se apropriam, em alguns momentos, do espaço

público: as calçadas – algo que seria completamente transgressor no início do

século passado. Outro objeto que era comum em bares no início do século:

porta-chapéus – objeto que foi extinto nos dias de hoje pela questão de hábitos

culturais.

A Rua da Bahia é um assunto muito complexo de ser abordado, quanto mais

se procura, mais se acha. O assunto abordado aqui é apenas uma ponta de um

enorme iceberg – iceberg que pode ser tema para uma tese de mestrado ou de

doutorado: A Rua da Bahia e as suas transformações arquitetônicas e sociais e

como elas repercutiram na vida de seus transeuntes.

A partir das pesquisas nota-se que as pessoas vivem em uma cidade, mas não

tem conhecimento histórico da mesma, a cidade vai ficando sem memória com

o passar dos tempos. Iniciativas de resgate à memória da cidade seriam

significativas para reverter esta situação. Iniciativas como: fazer exposições

com a linha do tempo e a evolução não só da Rua da Bahia, mas como a de

Belo Horizonte; abrir centros culturais que atualmente estão fechados; divulgar

que a maioria das atividades do corredor da Rua da Bahia (e também de outros

locais de Belo Horizonte, como o imponente Palácio das Artes) são gratuitas;

Page 65: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

uma melhor política de tombamento e restauração de prédios históricos, entre

outras iniciativas que podem ser tomadas para que as pessoas tenham

conhecimento da rica cultura belorizontina e também a consciência de que é

somente se conhecendo a história que temos o entendimento do nosso tempo

atual.

O incontrolável crescimento das cidades tende a engolir as pessoas, que perdem a identidade para se transformar apenas em um número a mais nas estatísticas demográficas. Massifica-se o homem, quando se devia humanizar a massa, no dizer do saudoso Milton Campos. (SALLES, 2005, p. 52)

Com esta pesquisa, foi possível também ver as interfaces claras do Design

com a História (História da Arte e História de Minas Gerais), Arquitetura e em

alguns momentos até com o Jornalismo – quando há a investigação de dados e

também o uso de técnicas de entrevista. Além de conexões com a Fotografia,

Política e Sociologia.

Page 66: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

REFERÊNCIAS

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Page 69: Rua da Bahia: Espaço de Mutação. Uma Análise Entre a História e o Design

Anexo A – Questionário quantitativo sobre a Rua da Bahia

QUESTIONÁRIO QUANTITATIVO SOBRE A RUA DA BAHIA:

1 – Idade:

⃞ Entre 13 – 18 anos ⃞Entre 18 – 25 anos ⃞Entre 25 – 35 anos ⃞Entre 35 – 45 anos

⃞ Entre 45 – 60 anos ⃞Mais de 65 anos

2 – Sexo

⃞Feminino⃞Masculino

3 – Escolaridade

⃞ Ensino Fundamental Incompleto ⃞ Ensino Fundamental Completo

⃞Ensino Médio Incompleto ⃞Ensino Médio Completo.

⃞Graduação em Andamento⃞ Graduação Completa ⃞ Pós-Graduado ou mais

4 – Você passa pela Rua da Bahia com qual frequência?

⃞Diariamente ⃞Semanalmente ⃞Quinzenalmente ⃞Quase nunca

5 – O que você está fazendo na rua?

⃞Comprando ⃞Trabalhando⃞ Estudando⃞ “Cortando caminho”

Outro: _________________________________

6 – Você frequenta atividades culturais na Rua da Bahia?

⃞ Sim ⃞ Não

7 – Onde começa a Rua da Bahia?Onde termina a Rua da Bahia?

8 – Para você, qual a importância da Rua da Bahia para Belo Horizonte?

⃞ Baixa ⃞Alta ⃞Indiferente

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Anexo B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado(a) para participar, como voluntário, em uma pesquisa.

Após ser esclarecido(a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte

do estudo, assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua

e a outra é do pesquisador responsável. Em caso de recusa você não será

penalizado(a) de forma alguma.

INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA:

Título do Projeto: “Rua da Bahia: um espaço de mutação. Uma análise entre a História

e o Design”

Professor Responsável: Marcelina das Graças de Almeida

Telefone para contato (inclusive ligações a cobrar): 031 - 89241250

Pesquisadora Bolsista: Caroline Almeida Nobre

Telefones para contato: 031 - 92273135

O objetivo da entrevista é saber sobre a relação do indivíduo com a Rua da Bahia e,

através dos relatos, será possível identificar os impactos das transformações para o

cotidiano das pessoas ao longo do tempo. Não há nenhum risco, prejuízo, desconforto

ou lesões que podem ser provocados pela pesquisa. A pesquisa e a entrevista são

realizadas para fins acadêmicos.

Nome e Assinatura da Pesquisadora:

CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO SUJEITO

Eu, _____________________________________________________________,

abaixo assinado, concordo em participar do estudo

_____________________________________________, como sujeito. Fui

devidamente informado e esclarecido pelo pesquisador

______________________________ sobre a pesquisa, os procedimentos nela

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envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha

participação.

Local e data _______________/_______/_______/__________/

Nome: ____________________________________

Assinatura do sujeito ou responsável: ____________________________________

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Anexo c – Inventário das Edificações da Rua da Bahia6

6

In. SILVA, Bárbara Maria de Souza.MEMÓRIA URBANA EM BELO HORIZONTE: UM

PASSEIO PELA RUA DA BAHIA. O Turismo como ferramenta de valorização e (re)definição do uso do espaço urbano.Belo Horizonte. UFMG: 2009. 87 p.

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