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RRPP Atualidades Publicação semestral do Curso de Relações Públicas da Famecos PUCRS – Ano 13 n° 25 – Porto Alegre, RS, Brasil, julho de 2007 E MAIS: Dupla Grenal entra no campo da comunicação Os campeões montam assessorias de RRPP TEATRO EMPRESARIAL É UMA NOVA TENDÊNCIA Profissionais em cena FOTO ELSON SEMPÉ PEDROSO/FAMECOS JEFFERSON BERNARDES/VIPCOMM SOPHIA STOFFEL/RRPP DIVULGAÇÃO O aniversário de um curso pioneiro Uma entrevista com Margarida Kunsch ELSON SEMPÉ PEDROSO/FAMECOS

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RRPPAtualidadesPublicação semestral do Curso de Relações Públicas da FamecosPUCRS – Ano 13 n° 25 – Porto Alegre, RS, Brasil, julho de 2007

E mais:

Dupla Grenalentra nocampo dacomunicaçãoOs campeões montam assessorias de RRPP

TeaTroempresarialé uma novaTendência

Profissionais em cena

Foto Elson sEmpé pEdroso/FamEcos

JEFFErson BErnardEs/vipcommsophia stoFFEl/rrppdivulgação

O aniversáriode um curso

pioneiro

Uma entrevista comMargarida Kunsch

Elson sEmpé pEdroso/FamEcos

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2 RRPP Atualidades/Julho 2007

Publicação informativa e de reflexão do curso de Relações Pú-blicas da Faculdade de Comuni-cação Social (Famecos), da Ponti-fícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, avenida Ipiranga 6681, Jardim Botânico, Porto Ale-gre, RS, Brasil.

E-mails: [email protected]; [email protected]

Reitor: Ir. Dr. Joaquim Clotet

Vice-Reitor: Ir. Dr. Evilázio Teixeira

Diretora da Famecos: Drª. Mágda Cunha

Coordenadora do Curso: Drª. Souvenir Dornelles

Professores responsáveis: Tibério Vargas Ramos, Marisa Soares e Neka Machado

Revisão: professoras Neka Machado e Vera Regina Silva

Produção: disciplina Estudos da Mídia Impressa em Relações Públicas

Alunos – Manhã: Adriana Knevitz de Oliveira, Bruna Alves da Silva, Caroline Zamith Contieri, Daniela Lima Jacques Pinto, Da-niela Marsico dos Santos, Fabiana de Azevedo Fernandes, Fabiano Silveira, Fernanda Guimarães Ri-beiro, Fernanda Lopes de Freitas, Gabriela Reis, Gabriela Rodrigues, Ioná Plein Bolzan, Julia Carla Hagemann Backes, Juliana Barth Menegatti, Juliana Zimmer Sam-paio, Lisiane Lessa Santos, Luana Bublitz Martins, Luciane Fenner, Luisa Ferrazzi Magrin, Marcela Eltz Silva, Mariana Teixeira Ma-rimon, Natália Alves Pereira, Pa-tricia Lima da Silva, Sabrina Fiori Gabana, Saimon Leites Selau, So-fia Stoffel, Suellen Karine Stamm de Sá, Tanise Rizzon Portanova, Tiago Haas Reichert e Vanessa Viedo Moreira.

Noite: Alexandra Hohen-berger, André Dall’Agnol Schimitt, Andressa Lemes da Silva, Arthur Petersen Fontoura, Bruna Christo de Assumpção, Camila de Oliveira Pereira, Camila Lopes da Cunha Pizzato, Carolina Santos Fiorin, Cristiane Pacheco G. Santos, Da-fne Aroni Pezente, Diego Wander Santos da Silva, Donateli Tejada Linck, Fabiane Borges Klafke, Ga-briel da Silva Bessa, Gisele Vieira Sperk, Italo de Poli, Joselaine Venturini, Laís Marcolin Lucca, Leonardo Contreiras Rodrigues, Letícia da Silva Salmoria, Letícia de Castilhos, Manuela Berger da Silva, Marcela Martinez Pimentel, Mariana Carneiro Fraga, Mariana Fonseca Vargas, Mariana Martini Sardi, Natália Amaral Ambros, Na-tália Contiero, Natália Giavanaz, Natália Rangel, Paola Maria Cé, Renata de Bittencourt Brogni, Si-mone M. do Espírito Santo, Sônia Maria dos Santos Rosa, Sthefania Vilela de Ávila, Tatiele Zancheta, Úrsula Helena Mugnaini Araújo e Vanessa Silva da Rosa.

Edição final: Caroline Con-tieri, Fernanda Guimarães, Fer-nanda Lopes, Gabriela Reis, Ioná Bolzan, Luísa Magrin, Patrícia Lima e Sofia Stoffel.

EditorialExpEdiEntE

As realidades presentes no mundo dos negócios, quando instituições e organizações enfrentam, de um lado, uma crescente con-corrência e de outro, cidadãos e consumidores cada vez mais exigentes, podemos visualizar e dimensionar um forte terreno de trabalho para a profissão. Em meio a esses desafiadores ce-nários, se percebe um crescimento do espaço da Comunicação e, mais especificamente, das Relações Públicas, levando-se em conta tanto o seu papel estratégico quanto operacional. A função de relações públicas (ou relações externas, institucionais, as-suntos públicos, etc.) se valoriza na medida em que ela se faz cada vez mais necessária, pois pode e deve dar conta das questões ligadas à construção e manutenção de bons e harmônicos relacionamentos entre organizações e seus diferentes públicos. Isto faz parte de sua essência, de sua razão de ser. Para ilustrar, lembramos aqui o título utili-zado por Sidinéia Gomes Freitas em sua recente palestra em nossa faculdade: “Relações Públicas: os estrategistas que cuidam dos relacionamentos”.

Contudo, quando falamos em futuro, em ampliação de mercados, também devemos pensar em outros fatores decisivos e que devem ser valorizados. Tentaremos aqui discorrer sobre apenas alguns deles.

Em primeiro lugar, vivemos num ambiente social, po-lítico e econômico repleto de conflitos e crises, envolvendo inúmeras instâncias e públicos. Decorrentes da velocida-de na disseminação de informações globais proporciona-da pelas novas tecnologias, da exigência de transparên-cia das organizações por parte de seus públicos e, mais especificamente no Brasil, da retomada da democracia e da implantação do Código de Defesa do Consumidor, or-ganizações governamentais e não-governamentais vêm se deparando com a necessidade de construir uma comu-nicação eficaz, atendendo de forma rápida e criativa os anseios, dúvidas e expectativas de pessoas e grupos mais informados e cientes de seus direitos. Hoje, a imagem e a reputação das organizações estão diretamente atreladas ao seu estilo de tratamento e atenção para certas ques-tões. O público vem cobrando cada vez mais uma postura pró-ativa não só da iniciativa privada, mas também do poder público e de outras diferentes instituições.

Ainda, em meio às crises econômicas e aos ambien-

tes mais complexos enfrentados pelos gover-nos no mundo, se começa a dar atenção para investimentos sociais das empresas. Temas como “responsabilidade social” ou “empre-endedorismo social” se fortalecem, chegando a ocupar um espaço de destaque no trabalho de comunicação e valorização da marca de organizações preocupadas em se manterem próximas a seus públicos de interesse. Essa, sem dúvida, continuará sendo importante

área trabalhada pelas Relações Públicas.Outro fator a ser considerado é a crescente importân-

cia atribuída ao relacionamento com o público interno das empresas. Numa nova perspectiva, vem se valorizando esse campo de atuação das Relações Públicas, na medi-da em que os trabalhadores das organizações hoje devem ser vistos não só como empregados, mas também como consumidores e formadores de opinião em potencial, os quais ajudam a construir a reputação de suas empresas na sociedade.

Também não podemos deixar de citar que há muito tempo deixamos de representar somente o institucional das organizações, quando passamos a atuar de forma mais efetiva com o mercadológico. As empresas vêm exi-gindo isso e devemos nos preparar para essa interação.

Por meio desses exemplos, podemos perceber um fu-turo promissor e olhar com otimismo para esta carreira que escolhemos seguir.

Enfim, vale ressaltar que existe um amplo espaço e muito a se fazer na área das Relações Públicas. Nesses atuais cenários, repletos de novas exigências, também novos relacionamentos institucionais e mercadológicos devem ser pensados e construídos, pois deles surge o “consumidor-cidadão”, aquele que hoje passa a dar tan-to valor à reputação e à identidade de uma organização, ao seu perfil ético e responsável perante a sociedade e ao meio ambiente, quanto à qualidade de seus produtos e serviços.

O que cabe àqueles estudantes e profissionais inte-ressados em atuar como Relações Públicas, é visualizar oportunidades e espaços de trabalho hoje existentes, lan-çando-se a eles com competência, ética e paixão.

Os estrategistas da harmonia

Drª. Souvenir DornelleS, coorDenaDora Do curSo

A 28ª Mostra de Talentos

em Relações Públicas, evento

semestral realizado na Famecos,

tem mais uma edição em 18 de

junho, no espaço de exposições

no prédio 41 do campus da PUC,

das 18h às 22h, com entrada

franca. A organização está a car-

go dos alunos de Estudos dos

Meios e Ações Aproximativas

em RRPP (5°semestre/manhã),

sob a supervisão da professora

Marisa Soares.

A Mostra divulga, em es-

tandes, 30 projetos experimen-

tais nas áreas de Indústria, Co-

mércio e Serviços, Comunitário,

Livre e Pesquisa, sob a orienta-

ção das professoras Ana Base-

ggio, Iara Silva, Laury Job, Léa

Jacobus e Souvenir Dornelles.

Das 20h30min às 21h30min,

Vanessa Machado Fabian, Ges-

tora Ambiental da Gerdau, esta-

rá proferindo uma palestra.

A temática é “Surpreen-

da-se”, com campanha baseada

na preocupação com a preser-

vação da natureza. Por meio de

slogans, peças gráficas e ações

de divulgação, os alunos serão

incentivados a refletir sobre

assuntos e hábitos cotidianos,

como a superprodução de lixo e

a reciclagem de materiais. Toda

a divulgação foi com produtos

recicláveis. “O objetivo é dar

exemplo e estimular a consciên-

cia ambiental”, explicou a aluna

Letícia Marques. “Os futuros

comunicadores devem perce-

ber que e meio ambiente não é

apenas responsabilidade de bi-

ólogos ou geólogos”, concluiu a

estudante Cristiane Seewald .

Mostra quersurpreendê-lo

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3RRPP Atualidades/Julho 2007

Imagem ou reputação?Comumente aplicados como sinônimos,

“imagem” e “reputação” têm significados diver-gentes. Tais termos devem ser empregados com cuidado para não provocarem erros na constru-ção de um texto, no planejamento de ações ou na própria comunicação oral.

Imagem, segundo Paul Argenti, em “Comu-nicação Empresarial: A Construção da Iden-tidade, Imagem e Reputação” (2006, p. 95), a imagem é “uma função de como os diferentes públicos percebem uma organização com base em todas as mensagens que ela envia em no-mes e logomarcas e através de auto-apresenta-ções”. A imagem é algo moldável. Constrói-se, geralmente, a partir dos investimentos em pu-blicidade, propaganda e Relações Públicas das corporações, manipulada de acordo com o que elas desejam parecer. Kunsch (Planejamento de Relações Públicas na Comunicação Integrada, 2003, p. 164), acrescenta que trata-se da co-municação institucional – que tem por objetivo construir e formar uma imagem forte e positiva das empresas.

Reputação designa solidificação. Ela é cons-truída ao longo do tempo e não por uma im-pressão momentânea. É conquistada a partir do intercâmbio da empresa com seus púbicos de interesse (stakeholders), sendo de difícil mani-pulação, depende muito de Comunicação e Re-lações Públicas consolidadas.

– A imagem pode ser construída, forjada ou adquirida, afirma a Prof.ª Me. Lana Campa-nella, integrante do corpo docente da Famecos/PUCRS. Acredita que “a reputação refere-se a conduta pessoal ou o tipo de relação que a or-ganização estabelece com os seus públicos e a sociedade em que está inserida”.

Para a gerente de Marketing e Comunica-ção do Hospital Mãe de Deus, Carolina Leal, “a imagem é o que divulgamos, o que construímos e como nos vendemos para os nossos clientes e para a comunidade”. Alerta que “a reputação é como os públicos de interesse falam sobre a em-presa, como a vêem. Se passarmos uma imagem

positiva – e que tem por trás disso um produto ou serviço que já garantiu credibilidade – a re-putação tende a ser positiva também”.

Pode-se diferenciar os termos por suas di-mensões. por exemplo: tal empresa tem uma imagem excelente; sua reputação designa cre-dibilidade, confiabilidade e responsabilidade sócio-ambiental. Imagem é um termo limitado – reputação não. “A imagem pode ser construí-da com uma série de comerciais bem feitos, com

30 segundos de duração, enquanto que, muitas vezes, 30 anos não são suficientes para a cons-trução e consolidação de uma boa reputação”, afirma Rogéria Taragan, mestre em Administra-ção pela Carnegie Mellon University (Estado de São Paulo em 15/07/03).

Existem maneiras de mensu-rar a imagem e a reputação?

Vivemos em uma sociedade na qual a tangi-bilidade é um fator importante. Então, partindo do pressuposto que trabalhamos com o intangí-vel, de que maneira comprovar a legitimidade da Comunicação nas organizações? Como demons-trar a importância da imagem e da reputação?

A pesquisa é a única maneira de avaliar a imagem e a reputação das organizações. Méto-dos vêm sendo desenvolvidos, e, cada vez mais, torna-se visível o trabalho da Comunicação. No ramo de saúde, por exemplo, Carolina Leal, no Hospital Mãe de Deus, mensura a imagem e a reputação por meio de pesquisa de satisfação, de experiência, de grupo focal e de entrevista em profundidade.

Relevância:Empresas com suas reputações consolida-

das e imagens positivas têm vantagens no mer-cado: fidelizam seus públicos, atraem e mantêm mais talentos, por exemplo. Assim, os consumi-dores tendem a desfocar os aspectos negativos das corporações. Trata-se de uma fonte de van-tagem competitiva.

Ensaio

Imagem e Reputação Corporativa

Uma grande confusão entre osestudantes e profissionais deComunicação está na aplicação dos termos “imagem” e “reputação”.Por meio de pesquisa bibliográficae com profissionais da áreatentaremos atenuar essa charada.

No dia 31 de outubro de 1996, o avião Fokker-100 da TAM caiu 24 segundos após a decolagem, a 2km de Congonhas-SP. Entre tri-pulação, passageiros e moradores do local da queda, totalizaram-se 99 mortes.

Essa situação de crise alerta para a preocu-pação que as empresas devem ter com a opinião pública. Além das rápidas atitudes tomadas pela empresa, evitando maiores rumores e esclare-cendo o acidente, um fator decisivo foi a imagem e a reputação construída por Rolim Adolfo Ama-ro, fundador da TAM.

O comandante Rolim desenvolvia uma po-lítica de estima ao cliente, que ficava claro nas

ações desenvolvidas: ajudava as senhoras a carregar a bagagem, atendia telefonemas dos clientes, cuidava da limpeza das dependências da TAM, cumprimentava os passageiros no em-barque. Rolim deu sua cara à empresa. A TAM realmente colocava os clientes nas alturas.

Devido ao fato, a imagem certamente sofreu abalos, mas a reputação consolidada fez com que não aumentassem as proporções do aciden-te, principalmente na retomada das atividades.

O comandante marcou a história da em-presa e suas ações servem de modelo para um planejamento de comunicação rentável . Rolim dizia: “Em busca do ótimo não se faz o bom”.

Arquivo pessoAl

Carolina Leal: “Acreditoque a imagem e reputação andam

muito próximas, um termoinfluencia o outro.”

AlexAndrA HoHenberger, diego WAnder silvA, gAbriel bessA e letíciA de cAstilHos

Conceitos, mensuração e relevância

O caso TAM

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4 RRPP Atualidades/Julho 2007

da instituição, ganha espaços restritos, destina-dos exclusivamente a eles, recebendo um trata-mento especial e diferenciado.

Por serem organizações ligadas ao futebol, notícias que envolvem o time dia a dia, dentro e fora do campo, são priorizadas, assim como os treinamentos, contratações, entrevistas com jo-gadores e treinadores, podendo, às vezes, serem abordados outros assuntos. Há preocupação na atualização dos dados, em especial, dos sites. O clube tricolor enfatiza que, além da atualização, doze novas matérias são acrescentadas ao veícu-lo todos os dias.

O setor de ouvidoria se faz presente em am-bos os clubes, com a função de servir como um canal direto que passa as informações vindas do torcedor (críticas, elogios e etc.), para os de-mais setores. O Internacional ainda possui um e-mail próprio da assessoria de imprensa, com a finalidade de deixar o torcedor se manifestar. É reforçado pelas duas assessorias de comunica-ção, que todos os e-mails são respondidos, “com exceção daqueles puramente de xingamentos e agressões verbais a jogadores, técnicos e dire-toria”, comenta Alexandre Corrêa, responsável pelo setor colorado. No Grêmio, os e-mails são utilizados, também, para confirmar notícias e, se houver erro, as fontes serem buscadas.

O Grenal daA disputA sAi dos cAmpos e está presente

EspEcial/Rs

Grêmio comemora o bicampeonato gaúcho em 2007 com o apoio de sua fiel torcida

Elson sEmpé pEdroso/HipErtExto

Os laboratórios de Relações Públicas da Fa-mecos mudaram de nomenclatura. Antes, dois laboratórios separados; agora, uma Agência de Relações Públicas formada por dois núcleos: Núcleo de Eventos, antigo Laboratório de Even-tos (LabEventos) e Núcleo de Projetos Institu-cionais, ex-Laboratório de Relações Públicas (LaRP). “A mudança ocorreu para seguir uma tendência de mercado e para aprimorar a quali-dade acadêmica dos alunos que estão estagiando nos laboratórios”, explica a supervisora da nova agência, professora Glafira Bartz.

Aproveitando o aniversário de 40 anos do curso de Relações Públicas, a integração entre os laboratórios pretende marcar a data. Embora os espaços físicos dos dois núcleos continuem se-parados, os trabalhos estão integrados, assegura Glafira. A mudança decorre da vontade do curso de consolidar ainda mais a marca institucional da Famecos que, ao longo dos anos, sempre se adapta às novas tendências do mercado.

“O objetivo é uma mudança da cultura para termos uma agência integrada”, reforça a coor-denadora do curso de Relações Públicas, profes-sora Souvenir Dornelles. Ela destaca, também, que o ponto-chave da mudança será a integração entre os laboratórios, que possibilitará ao aluno enxergar um todo, viabilizando a continuidade dos projetos da agência, o que oportuniza, para o acadêmico, continuar participando dos projetos nos semestres seguintes.

Com a experiência de quem viu a agência nascer e muitos alunos se tornarem profissio-nais de renome após passarem pela agência, a professora Glafira deixa uma sugestão para os alunos: “Cada vez mais o mercado cobra expe-riência dos alunos e aqui, na agência de RP, é o local ideal para aprimorarmos nossas qualida-des profissionais. Por isso, aproveitem muito os laboratórios da Famecos, em especial, a Agência de Relações Públicas. A troca de experiências profissionais e o aprendizado junto aos colegas e professores são fundamentais para formação acadêmica”, considera.

patricia lima E suEllEn dE sá

Mudança paraagregar valores

tHiEgo xaviEr

Alunos da Famecos vivem na prática a rotina de uma agência Os clubes de futebol profissional, como o

Grêmio e o Internacional da capital gaúcha, estão acordando para a importância da comu-nicação direta com seus públicos. Veículos de comunicação são criados e aperfeiçoados, a fim de garantir uma troca de informações eficiente com os maiores interessados: a torcida.

Milhares de torcedores lotam os estádios Olímpico e Beira-Rio a cada jogo para incenti-var seus times. Pensando neles, os clubes têm inovado seus canais de comunicação, trans-formando-os em redes modernas de acesso à informação. Todos os dias, notícias são veicu-ladas pelos meios de comunicação de massa, buscando atingir o grande público. Só isso já não basta, o investimento em canais próprios é crescente, visando uma linguagem do clube para o torcedor, sem influência de outros. As-sim, foram criados um jornal, site e uma revis-ta, que estão entrando na cultura do clube gre-mista através de sua assessoria. O Inter conta com uma revista mensal, um jornal distribuído nos dias de jogos no estádio, site e duas rádios. Além disso, ambos os clubes procuram man-ter uma correspondência com seus associados. Toda essa tecnologia disponível serve como um portal de informações do clube, ao qual todos têm acesso. O associado, por ser um parceiro

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5RRPP Atualidades/Julho 2007

ComuniCaçãoGerenciamento de crisesA ocorrência de tumultos durante os jogos,

devido a grande rivalidade entre as torcidas, fez com que, há alguns anos, Grêmio e Inter pas-sassem a trabalhar com uma campanha junto à Brigada Militar e os órgãos de segurança, com a intenção de prevenir tais comportamentos. “In-felizmente, as campanhas não são eficazes àque-les mal-intencionados, que vão ao estádio com o intuito de bagunçar”, alega o colorado Alexandre Corrêa. Em casos graves, como o Gre-Nal ocor-rido em 2006, onde banheiros móveis foram incendiados no Beira-Rio, a crise foi tratada de maneira diferente entre os clubes.

No Grêmio, foi contornada a partir da va-lorização da imagem do torcedor que não par-ticipou da barbárie. Foi enfatizado que não foi um ato da torcida, e sim de um grupo restrito e pequeno, na tentativa de proteger os realmente preocupados com o jogo e o time. O clube co-lorado recebeu, após o incidente, uma série de reivindicações de seus torcedores, que enviaram e-mails, querendo participar do processo de apuração dos fatos e fornecendo informações. Os dados foram repassados para o departamen-to jurídico, que se encarregou do caso. O Inter procurou deixar claro que o fato ocorreu com a torcida adversária, isentando a sua. Outro caso comentado pela assessoria do atual campeão do mundo, aconteceu em 2005, no jogo contra o Fluminense no estádio Beira-Rio, onde houve um evidente exagero por parte da Brigada Mili-tar. Matérias foram publicadas a fim de denun-ciar o exagero e apaziguar os ânimos, garantindo a prestação de apoio aos feridos, uma vez que, entre eles, haviam também crianças e idosos, explica Corrêa.

EstratégiasQuestionados sobre como manter uma boa

imagem com o público, o responsável pela co-municação tricolor, Haroldo Santos, foi enfáti-co: “trabalhamos muito”. A assessoria colorada acredita que por serem muitos os que se interes-sam pelo clube, este tem o papel de valorizar as-pectos positivos do próprio time. Logo, quando o Inter vence, é dado o maior destaque possível a isso, e quando perde, procura-se remeter ao fu-turo, à reabilitação e a possibilidade de volta de um momento mais favorável.

Os dois clubes, ao possuírem uma assesso-ria de comunicação, mostram a preocupação em

interagir e se aproximar de seu torcedor, tal de-partamento também nasceu, em ambos os casos, para que veículos próprios de comunicação fos-sem criados e abastecidos com suas informações oficiais. Com humor, o assessor gremista brinca que seu departamento cresceu muito em dois anos, acrescentando que foi inaugurado dia 4 de abril de 2005, mes-mo dia do aniversário do rival. Este departa-mento é formado por um relações públicas, jornalistas, publicitá-rios, além de uma gran-de equipe de comunicação que faz o trabalho externo e interno. No lado do adversário, exis-te apenas um profissional de relações públicas, mas que se encontra fora do setor de comunica-ção, responsável pela visitação ao estádio e por receber as pessoas nas dependências do clube.

Novos ProjetosO processo de inovação não cessou, e mui-

tos novos projetos dentro da assessoria vão en-trar em prática esse ano, como a TV Grêmio, que será inaugurada dia 20 de maio, e a Rádio Grê- Luciane Fenner e Mariana MariMon

na busca pelo avanço da informação e relações públicas

mio Pra Valer, com programação 24 horas no site. No Inter, as mudanças também são promis-soras, com a implantação da TV e da Rádio Inter ao site, a criação de um prêmio de jornalismo so-bre o Internacional e um projeto destinado aos

funcionários e dirigen-tes. Está em processo de finalização o livro sobre o mundial e toda temporada colorada de 2006.

A importância dada à comunicação para o andamento dos clubes é cada vez mais tangível, já que retrata

e garante, segundo Haroldo Santos, “a lingua-gem do clube direto para seu associado, sem a interferência de terceiros”. O Internacional acre-dita que sua estrutura está na vanguarda, sendo uma das melhores, senão a melhor, do país. Os comandantes e dirigentes admitem e respeitam a relevância de uma boa comunicação, e atri-buem a ela a disputa cada vez mais acirrada fora dos gramados, em um jogo, onde o objetivo é se modernizar e levar a satisfação aos torcedores.

a Grêmio Tv contará com um site próprio e será um novo

braço de comunicação doclube. o acesso ao site

colorado chega a um milhão de pessoas todos os meses.

A excelente campanha colorada em 2006 será resgatada em um livro

JeFFerson Bernardes/VipcoMM

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6 RRPP Atualidades/Julho 2007

EspEcial/Rs

No intuito de preser-var e divulgar a história rio-grandense, o Movi-mento Tradicionalista Gaúcho (MTG) busca, através da criação de uma cultura comunicacional, se aproximar da socieda-de e mostrar a riqueza da tradição gaúcha.

O Movimento surgiu na década de 60, a fim de cultuar e difundir a História, promover uma retomada de consciência dos valores morais do gaúcho e preservar as coisas boas do passado sem conflitar com o progresso. Após 40 anos de trabalhos, espalhou-se pelo mundo e hoje, só no Rio Grande do Sul, conta com cerca de 1400 entidades filiadas, divididas em 30 Regiões Tra-dicionalistas. A filosofia e os objetivos do Movi-mento estão expressos nas teses: O Sentido e o Valor do Tradicionalismo, de Barbosa Lessa e a Carta de Princípios, de Glaucus Saraiva.

Na procura da integração entre a sociedade e a tradição gaúcha, o MTG encontrou na comu-nicação planejada a solução para a aproximação com seus públicos. “Sabemos que a comunicação é um produto e quando profissionais tratam dela, são reduzidas as possibilidades de erro”, afirma o ex-presidente do MTG, Manoelito Carlos Sa-varis. A assessoria foi implantada há três anos e o resultado foi surpreendente sendo que o MTG passou a ser mais conhecido e melhor interpre-tado pela mídia, onde seus eventos ganharam destaque nacional. Com essa atuação junto aos veículos de comunicação começa a desaparecer a imagem do “gaúcho grosso” para dar lugar ao cidadão que defende sua identidade. Através das matérias publicadas, os tradicionalistas se reco-nhecem e a sociedade também passa a entender a importância da preservação da cultura.

Diante desse estereótipo, mostrar a importância do tra-balho de comunicação na orga-nização foi o maior desafio para o assessor de imprensa, Felipe Basso, que está com o MTG des-de o início do processo. “Não houve resistência na implanta-ção da assessoria, mas sim, indiferença. Houve quem não acreditasse na importância do traba-lho, de que ele não traria resultado”. Como pro-va do sucesso contabilizou-se só em 2006, 677

AndressA Lemes dA siLvA, FAbiAne borges KLAFKe e nAtáLiA giovAnAz

ENART: um dos principais eventos de cultura regional da América Latina

divuLgAção/ mtg

páginas de divulgação referentes ao movimento. Com isso, foi possível atrair o interesse da Rede Globo na produção de material para o Jornal Nacional de sábado à noite sobre o ENART (En-contro de Arte e Tradição Gaúcha).

A assessoria se faz muito relevante nos mo-mentos de conflito em que o posicionamento do

MTG gera polêmica na mídia. Um recente exemplo foi na questão da “Tchê Music” (gru-pos que incorporaram novos ritmos à música tradiciona-lista), quando o movimento posicionou-se não contra esse estilo, mas a favor da preser-vação da música nativista. Nesse contexto, a existência de

uma comunicação personalizada com cada um dos veículos mostrou a essência do que estava acontecendo e se, naquele momento, não hou-vesse um trabalho sério, a imagem final do deba-

A tradição que se comunica MTG procura divulgar à sociedade suas idéias de preservação da cultura e história do gaúcho

te seria bem diferente, acredita Basso.Preocupado em estar em contato com seus

públicos, o MTG possui um site institucional e um informativo mensal, o Jornal Eco da Tradi-ção, que mantém a comunidade tradicionalista informada sobre o que acontece no movimento, além de trazer aspectos da história e da cultu-ra do povo gaúcho. Também há o Birô Gráfico, responsável pela produção dos materiais insti-tucionais.

O Movimento Tradicionalista Gaúcho de-senvolve um papel pioneiro na preservação da tradição sul-rio-grandense, onde a imagem do gaúcho está repleta de simbolismo e sentimen-tos de amor à terra, construída ao longo da for-mação desse povo. Assim, a comunicação auxilia no fortalecimento dessa ideologia e da integra-ção com a sociedade.

Começa a desaparecer a imagem do “gaúcho

grosso” para dar lugar ao cidadão que

defende sua identidade

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7RRPP Atualidades/Julho 2007

O presidente do Sindicato Na-cional dos Aeroportuários, José de Alencar Sobrinho, em 30 de mar-ço, garantia que não haveria greve no aeroporto Salgado Filho, uma vez que os trabalhadores gaúchos não aderiram ao movimento. No entanto, Sobrinho alertava que os passageiros poderiam sofrer com atrasos e falta de segurança nos vôos vindos de outros locais, já que as fiscalizações feitas pelos aero-portuários estariam paralisadas.

A engenheira civil de 29 anos, Caroline Trindade de Angelis, rece-beu R$ 4 mil da TAM por ter de-sembarcado com 30 horas de atra-so no aeroporto Salgado Filho, de Porto Alegre, na véspera do Natal do ano passado. A empresa aceitou pagar a indenização em audiência de conciliação no 4º Juizado Espe-cial Cível do Rio Grande do Sul, no dia 23 de março de 2007. O acordo evitou que a ação de reparação de danos movida pela passageira fos-se a julgamento.

Apesar das 30 horas de dife-rença entre o horário previsto e a chegada, a engenheira não chegou

Camila Pereira, Natalia CoNtiero,

SimoNe marqueS e SthefaNia Vilela

Greve nacionalde controladoresfecha aeroportos

Passageiros mantiveram-se calmos diante da crise

Noite de sexta-feira, 30 de março, todos os 49 aeroportos comerciais do país foram fechados

a perder compromissos profissio-nais, mas reclama do estresse a que foi submetida e relata que outras pessoas desistiram de ver suas fa-mílias porque, se saíssem do local em que estavam com atraso, perde-riam as conexões de ônibus para o interior do Rio Grande do Sul.

No dia da greve dos controla-dores houve um atraso de aproxi-madamente quatro horas, sendo que já estavam ocorrendo atrasos antes de 30 minutos. A explicação das companhias aéreas foi de que dependiam apenas dos controla-dores. Sem a autorização da deco-lagem, não há o que fazer. A única solução seria manter a calma e es-perar.

Embora a greve tenha parali-sado todo o país, não houve muito tumulto em Porto Alegre. Por mais frustrante que tenha sido, os passa-geiros mantiveram-se compreensi-vos diante da crise. Os funcionários alegaram que não há previsão para uma nova greve.

Varig: passado de glamoure um futuro mais popular

No dia 7 de maio de 1927, nas-ce a S.A. Empresa de Viação Aérea Rio-Grandense, conhecida como Varig, com sede em Porto Ale-gre e tendo como criador o oficial da Força Aérea alemã Otto Ernst Meyer. Sua história está entrelaça-da com o nascimento da aviação no Brasil por ser a mais antiga compa-nhia em atividade.

A Varig torna-se hegemôni-ca depois de absorver a Cruzeiro do Sul e adquirir outras empresas regionais, transformando-se na maior transportadora da América Latina.

O ex-presidente Fernando Collor de Mello, em 1990, abre o ramo da aviação nas rotas inter-nacionais. Passaram a concorrer com a Varig, nestes trajetos, a Transbrasil e a Vasp. O governo permitiu, ainda, a entrada de no-vas companhias estrangeiras para disputar este segmento, que obti-veram vantagens para operar com preços e custos mais baixos, a par-tir da isenção de alguns tributos.

A Varig começa a apresentar prejuízo em seu balanço financeiro, agravando-se com a crise cambial no governo Fernando Henrique Cardoso, que impactam negativa-mente nos resultados da empresa. A TAM cresce e torna-se concor-rente da Varig em vôos domésticos e ao longo da década de 90, inicia suas operações para o exterior. mariaNa foNSeCa de VargaS

Camila Pereira

Cristiano Monteiro, da Univer-sidade Federal Fluminense (UFF), que estudou a trajetória da Varig em seu mestrado, e o setor de avia-ção comercial em seu doutorado, relata que o principal erro adminis-trativo foi continuar a atuar como se ainda estivesse nas décadas de 60 e 70. Com uma estrutura pesada no exterior, maior que a diplomacia brasileira, a falta de visão estratégi-ca e a ausência de prestação de con-tas por parte de diretores, ajudou na queda da empresa.

A compraNo dia 28 de março de 2007, a

Gol Transportes Aéreos compra a Varig. Em entrevista, o presidente da Gol, Constantino de Oliveira Jr., afirma que a Varig não irá suprimir a primeira classe e nem trabalhar com requinte excessivo e, sim, fazer com que a Nova Varig ofereça pla-nos internacionais de baixo custo.

Para ele, a Gol pretende utili-zar a marca Varig primordialmente em vôos internacionais, pois ela tem muito respeito no mercado mundial como antiga associada à Star Alliance, conhecida no mundo inteiro.

Seu futuro parece ter um rumo, e se for no mesmo caminho de sua nova dona, a Gol, é promissor.

mariaNa foNSeCa de VargaSAviAção

Atendimento ao usuário no Aeroporto Salgado Filho

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8 RRPP Atualidades/Julho 2007

A nova vitrinedas Organizações

A formanda Joice Trindade, que neste se-mestre está concluindo Relações Públicas na Famecos, vai enfrentar a banca examinadora de final de curso com uma monografia sobre os blogs corporativos, nova tedência do merca-do. Sua monografia, intitulada A influência dos blogs no processo de comunicação organizacio-nal, defende que, para a atividade de Relações Públicas, “as vantagens de utilizar os blogs são inúmeras (...), podem ser considerados uma fon-te de informação, capaz de direcionar e apontar caminhos nas tomadas de decisões estratégicas, tão importantes no planejamento das organiza-ções”.

Hoje os blogs começam a chegar ao mundo corporativo e esta é uma realidade que nenhuma empresa pode se dar ao luxo de ignorar. Para as organizações que percebem os blogs e o consi-deram como uma ameaça, Joice observou em

Canais virtuais que proporcionam interação entre instituiçõese o mercado são considerados aliados na comunicação juntoaos públicos. A mais nova realidade do cenário corporativo.

sua pesquisa acadêmica que a decisão de utilizar ou não blogs, como instrumento de comunica-ção, faz parte da cultura organizacional de cada empresa. Mas ela adverte: as que valorizam ter um espaço aberto para o diálogo, não irão sentir problemas em implantar um blog.

Os blogs corporativos estão se tornando uma ferramenta fundamental para qualquer or-ganização. Mas entrar neste universo desconhe-cido pode ser difícil sem a assessoria adequada e o comprometimento por parte da empresa. “É importante contar com um profissional prepa-rado, não só para definir as metas e estratégias, mas também na implementação, manutenção e mensuração dos resultados”, destaca a colega.

Este instrumento permite que a empresa tenha uma relação menos formal com seu mer-cado consumidor, porque os blogs trabalham com uma linguagem informal, permitindo uma

maior interação. Além disso, eles dão personali-dade à comunicação organizacional, diminuindo o abismo entre a empresa e o cliente.

A formanda de RRPP alerta, contudo, que da mesma forma que os blogs podem disseminar informações positivas sobre as organizações, também têm o poder de comprometer a reputa-ção das empresas que não agirem corretamente. “Se boatos e fofocas espalham-se facilmente en-tre pessoas, imagina quando essas pessoas têm como recurso computadores ligados em redes”, compara. “A velocidade com que esses comen-tários proliferam-se é algo surpreendente, ainda mais com a utilização dos blogs”.

As opiniões e idéias expostas nos blogs se espalham rapidamente, o consumidor deixa de ser passivo e passa a ser ativo tendo um espa-ço livre para interagir tanto com outras pessoas quanto com a organização. “O fluxo de informa-ções recebidas pela empresa com certeza será maior e afetará a comunicação, desta forma, há necessidade de ter conhecimento para gerenciar esse fluxo de informações. Acredito que se bem administradas, essas informações podem gerar ações que permitam à organização maior agili-dade e rapidez, no que diz respeito a atender às necessidades dos seus públicos”, sentencia.

O blog corporativo é o mais novo espaço de atuação para o profissional de Relações Públi-cas, que pode gerir com muita competência este canal de comunicação entre a organização e seus públicos.

Arthur FontourA, LAís LuccAe LetíciA sALmóriA

TendênciaArquivo pessoALreprodução

Junior Achievement na web: um exemplo de blog corporativo

Joice Trindade, formanda de RRPP

Blog Tecnisa (http://www.blogtecnisa.com.br/), um dos primeiros blogs corporativo brasileiro; Blog do Estúdio Coca-Cola (http://mtv.uol.com.br/blogosfera/?b=blog_do_estudio); Blog Edelman (www.edelman.com.br), cujo presidente da filial brasileira, que possui seu pró-prio blog, foi um dos entrevistados por Joice Trindade em sua monografia.

exemplos

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9RRPP Atualidades/Julho 2007

Um conceito atual em comunicaçãoA inovação no relacionamento entre empresa e seus públicos sem a utilização da mídia tradicional

O relações-públicas Gabriel Carneiro Costa em seu ambiente de trabalho

Cristiane PaCheCo G. santos

O relações-públicas Gabriel Carneiro Costa, formado pela Faculdade de Comunicação Social da PUCRS, revela um conceito próprio de atua-ção em comunicação: o marketing focado. Cons-titui-se de um trabalho diferenciado de relacio-namento entre empresa e seus mais diferentes públicos, através de estratégias de marketing e comunicação, dirigidas ao público-alvo, su-primindo a necessidade de altos investimentos em mídias convencionais como a televisão, por exemplo.

No conceito de marketing focado, explica Gabriel, é possível planejar e implementar ações de relacionamento nas organizações com ferra-mentas de última tecnologia e meios de comuni-cação poucos usuais, porém de alto impacto:

Marketing Interno – comunica, integra e motiva a equipe interna;

Marketing de Relacionamento – reco-nhece, segmenta e qualifica a base de clientes;

Marketing Promocional – promove a marca, aproxima clientes;

Marketing Viral – uma informação que a empresa precisa comunicar sem o uso de ações comerciais, que se espalha de forma invisível e incontrolável; e

Marketing de Guerrilha – ações inova-doras, criativas, que geram mídia espontânea e dão credibilidade ao público-alvo.

Para colocar em prática algumas das diver-sas estratégias é indispensável o uso da internet, como meio para alcançar o público desejado, seja através de e-mail marketing ou até mesmo via orkut, uma eficaz ferramenta que a própria agência teve a oportunidade de comprovar, utili-zando layout semelhante, para seu site. Exemplo de marketing viral, pois, no momento em que foi lançado, sem o uso de divulga-ção, a repercussão foi imediata e surpreen-dente. “Nós o criamos porque passamos a fazer algumas ações de marketing de relacionamento via orkut”, comentou Gabriel a respeito da idéia para a criação do site.

Gabriel trabalhou na área comercial desde cedo. Após algumas experiências profissionais começou a conhecer melhor o marketing e se interessar. O resultado foi a idéia de abrir uma agência em sociedade com o colega de faculdade

“Marketing externopode ser conseqüênciade marketing interno”

Marketing Focado

Mateus Correa Lampert, experiente em marke-ting interno. “Quando começamos a trabalhar (...) entendemos que marketing externo pode ser conseqüência de marketing interno, então começou a nascer essa nossa idéia de marke-ting focado”, enfatizou Gabriel. Com bastante esforço, abriram a agência, na época chamada apenas Inside, e foram em busca de clientes. A tarefa não foi nada fácil, pois a empresa não era conhecida, dificultando a entrada no mercado.

“Os primeiros seis me-ses foram horríveis, vá-rias vezes pensamos em desistir. Eu e o Mateus estávamos em uma situ-ação financeira aperta-

díssima”. Entretanto, tendo em mãos uma boa agenda de contatos e muita persistência, conse-guiram conquistar clientes, “em cinco meses de agência tivemos a oportunidade de pegar o Gal-pão Crioulo, foi a primeira marca conhecida que a gente atendeu”, lembra Gabriel. A partir daí, conseguiram credibilidade da empresa, na épo-ca chamada Adubos Trevo, e não pararam mais. “O mais difícil é conseguir o primeiro grande

cliente”, afirma Gabriel. Hoje, o portifólio da agência conta com grandes marcas como: Coca-Cola, Dado Bier, Lojas Colombo, Unimed Porto Alegre, entre outras. “Somos parceiros da Pop Rock. Tudo o que não envolve mídia é a gente quem faz”, assim como a parceria com a Nova Schin em sua participação no Planeta Atlântida 2007.

Com uma equipe formada por profissionais e estagiários de RRPP e Publicidade, Gabriel é responsável pelo atendimento de marketing externo e seu sócio Mateus pelo interno. Atra-vés do trabalho de marketing focado, eles pro-porcionaram a alguns clientes a conquista dos prêmios Top Ser Humano e Top ADVB de Mar-keting. Suas experiências na gestão de marcas fizeram da Inside Direct um diferencial no mer-cado, sendo a primeira agência “below the line”* do Rio Grande do Sul.

BrUna C. assUMPÇÃo eCristiane PaCheCo G. santos

* Below the line: expressão criada por publi-citários norte-americanos, quando se referiam a todo e qualquer trabalho de marketing que não uti-lizasse a mídia tradicional.

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10 RRPP Atualidades/Julho 2007

Luciano Nunes Suminski, em entrevista concedida aos alunos da disciplina de Estudos da Mídia Impressa em RRPP, relatou um pouco de sua experiência acadêmi-ca e mercadológica na atividade de relações públicas. Graduado pela Famecos em 2003, atua como as-sessor e consultor de comunicação, além de ser proprietário da VM Co-municação e Marketing, empresa de mídia exterior.

O comunicador de 26 anos se interessou pelas Relações Públicas ao visitar uma feira de profissões. Ingressou no mercado de trabalho logo nos primeiros semestres, em escritório de contabilidade, para custear a faculdade. “Não podemos esperar a conclusão da faculdade para ser e acontecer”, disse referin-do-se à importância do estágio.

Além de prestar assessoria, consultoria e dirigir empresa pró-pria, participa do GERP – Grupo de Estudos em Relações Públicas e, no Conrepp/4ª Região – Conselho Re-gional de Relações Públicas, onde atua como tesoureiro. A função

do Conrepp é legislar e fiscalizar a profissão. Suminski garante que os bens mais importantes que os rela-ções-públicas têm são suas leis.

“Quero viajar para aprender línguas”. Ele destaca a necessidade de dominar outros idiomas, devido ao processo de globalização. Quan-to ao futuro, Suminski estuda a possibilidade de especializar-se em alguma área da Comunicação ou graduar-se em outro curso, como História.

O jovem empresário nota gran-de perspectiva na profissão. Defen-de que o profissional de RRPP tem uma visão global da comunicação e isso denota sua relevância no contexto organizacional. Acrescen-ta que os gestores estão, cada vez mais, percebendo o papel de inter-mediário que um RP executa entre a organização e seus stakeholders.

Com uma visão crítica do mer-cado de trabalho, garante que o fato de muitos profissionais aderirem às funções da atividade ocorre porque os relações-públicas não estão as-sumindo seus reais papéis na socie-

Lições de um jovemrelações-públicas

EntrEvistas

“É preciso ser empreendedor: fomentar novos negócios”

AlexAndrA HoHenberger,diego WAnder SilvA, gAbriel beSSA e letíciA de cAStilHoS

MAriAnA FrAgA cArneiro

Em visita à Famecos, para uma entrevista concedida aos alunos do curso de Relações Públicas, Karen García de Farias, conseguiu, atra-vés de sua experiência, esclarecer muitas dúvidas. Bastante simpática e comunicativa, contou um pouco de sua trajetória profissional.

Casada há 18 anos, mãe de duas meninas, Karen adora dormir, ler e ir ao cinema. Formada desde 1988, pela PUCRS, e pós-graduada em Marketing pela ESPM, construiu uma carreira linear, atribuindo à experiência adquirida aos estágios que fez durante o curso em orga-nizações como: Brigada Militar, Grupo Capão Novo e Clube Far-rapos — “posso dizer que fui uma privilegiada”. Segundo ela, esse foi um período essencial para sua vida profissional e acredita que todo aluno deve passar por esta fase. Hoje, como contratante, dá a se-guinte dica: “Estagiários devem ir em busca, serem curiosos, não te-rem medo de errar. Mas devem ter a humildade de querer aprender e não terem receio de se expor”.

Quando se formou, Karen já estava no mercado de trabalho, no Grupo RBS, no jornal Zero Hora, onde permaneceu até 1993, atuan-do nas áreas de Marketing Interno e de Incentivo. No mesmo ano, por motivos pessoais, mudou-se para Campinas, São Paulo. Trabalhou para o Grupo Vulcabraz na Grende-ne Unidade Jundiaí, coordenando a área de comunicação institucio-nal. “Nosso mercado não deve nada para o mercado paulista, os profis-sionais gaúchos são muito valoriza-dos”, relata.

Em 1997, voltou para o Rio Grande e trabalhou para a Ciacorp (Hotelaria e Incorporação) na área de marketing. Em seguida montou sua empresa de consultoria, a KGF

De RRPPpara RRPPHistórias e experiências divididas com alunos em entrevista descontraída

Entrevista da Karen pela mahã

Luciano fala na turma da noite

FAbiAnA FernAndeS

MAriAnA FrAgA cArneiro

dade. “É a lei do mercado”, explica. “Nos Estados Unidos existem agên-cias que trabalham exclusivamente com relações-públicas, aqui não”.

“No Estado, o campo de batalha da atividade é mais acirrado. Todos os gestores buscam o trabalho das relações públicas, embora desco-nheçam a atividade”, observa. Para ele, comunicar bem, fidelizar os clientes e tê-los próximos são prin-cípios básicos das organizações.

Um dos obstáculos para a ati-vidade é a dificuldade de mensurar resultados, por tratar-se de uma profissão muito subjetiva. “RRPP não é igual a Administração, por exemplo. Não é possível quantificar nosso trabalho em planilhas de Ex-cel”. Entretanto, vêm sendo desen-volvidos métodos de pesquisas que possam legitimar a atividade nas corporações, comprovando que o trabalho desenvolvido pela Comu-nicação é rentável.

Na opinião do entrevistado, uma sólida rede de relacionamen-tos é o diferencial para um bom (ou mau) profissional. Ele aconselha que esta postura deve iniciar ain-da nos tempos da faculdade. “Par-cerias para executar as funções de Relações Públicas são fundamen-tais”, complementa. “Nunca feche uma porta, ela poderá ser útil no futuro”.

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11RRPP Atualidades/Julho 2007

Relações Públicas e Recursos Humanos são atividades conside-radas antigas, e ambas começaram a ganhar notoriedade no final do século XX, recebendo influência dos modelos norte-americanos.

A expressão Recursos Hu-manos começou a ser utilizada no início dos anos 70. Já as atividades de Relações Públicas se profissio-nalizaram durante os anos 50, mas as primeiras faculdades de Comu-nicação Social com habilitação em Relações Públicas surgiram apenas no final dos anos 60.

Autores como Chiavenato (2002) afirmam que “a Adminis-tração de Recursos Humanos ce-deu lugar a uma nova abordagem: a Gestão de Pessoas”. Com esta nova abordagem, tem-se a visão das pes-soas como parceiras da organização e não como meros “recursos huma-nos”.

O profissional de Relações Públicas exerce função estratégi-ca importante nas organizações modernas ao planejar e executar a comunicação. No cenário atual, a atividade vem conquistando seu espaço no mercado de trabalho, po-rém, ainda não é dada sua devida importância.

Ambas as profissões lidam com gestão de pessoas e visam, entre ou-tras coisas, a produtividade, efici-ência e eficácia organizacional, pre-cisando ocupar cargos hierárquicos elevados e ter contato com todos os integrantes da instituição; além de trabalharem para que haja um bom clima organizacional. Apesar das muitas semelhanças, é visível a diferença do trabalho desempenha-do por profissionais específicos de cada área, daí a importância de se ter o apoio de ambos para o sucesso organizacional.

Mônica Riffel, 41 anos, gradua-da em Relações Públicas pela Fame-cos e pós-graduada em Marketing e RH também pela PUCRS, concorda que as áreas de Relações Públicas e Recursos Humanos podem tra-balhar juntas. Diretora da Casa

de Assessoria, ela presta serviços para empresas como: Bhio Suply; Jomhedica; Grupo Maxim; Grupo IESA; Concepa; Laboratório Merck Sharp, E1 Estacionamentos; Excel-sior Pneus; Duplo M Comunicação. Mônica vê as duas áreas como com-plementares, construindo planos em conjunto. “A habilidade de se comunicar é fundamental em qual-quer processo de RH”, enfatiza.

Ela diz ser fundamental a parceria entre Relações Públi-cas e Recursos Humanos para um excelente re-sultado nas Organizações. Acredi-ta ainda que o profissional de RP possa executar perfeitamente um papel de RH, principalmente no que se refere a programas de en-domarketing e coachings. Em sua opinião, o RP é suporte em vários treinamentos comportamentais e motivacionais para os diversos pro-gramas de capacitação que o RH venha a desenvolver.

Perguntada sobre a possibilida-de de ver um campo de atuação dos RP na área de gestão de pessoas, Mônica respondeu positivamente: “Sim e muito! Porque existe uma carência enorme de utilizar uma forma adequada de se comunicar e relacionar nas diversas organi-zações. As empresas vêm sentindo

Daniela Marsico, JulianasaMpaio e lisiane lessa

Relações Públicas x Recursos HumanosEM DEBATE:

Mônica Riffel reconhecea importância da parceriaentre as duas áreas

a necessidade de aprender a dar e receber feedback, o que é, sem dú-vida, uma grande habilidade de RP. A atuação é ampla, extensa, pois existem inúmeros subsistemas de RH que podem ser administrados por um RP”.

Liderança emotivaçãoSob o enfoque de RH, Mônica

afirma que a liderança de pessoas é vista como o principal foco de tra-balho, pois é a partir dela que uma organização cresce, amadurece e se perpetua. Acerca da motivação, diz que deve ser trabalhada através de programas de coaching, capacita-ção e treinamento, eventos inter-nos, planos de carreira e meritocra-cia, entre outros.

Segundo Roberto Porto Simões, a informação é matéria-prima do RP. Então, como o RH gera infor-mação? Mônica fala: “Escutando principalmente as pessoas envolvi-das no processo, entendendo suas

responsabilidades, atribuições, rotinas, bem como acompa-nhando seus resul-tados”.

É notório que cada vez mais as

pessoas procuram trabalho e não emprego. É importante compre-ender como o RH se adapta a esse cenário. Riffel será “trabalhando sobre projetos”.

Neste contexto, questionamos: como o RH deverá gerir o fim do vínculo empregatício no futuro? Como lidar com funcionários ter-ceirizados e funcionários que tra-balham com competência? Mônica assegura que o papel principal do RH é fazer com que as pessoas des-cubram seus potenciais, se apro-priem dele e busquem encontrar o seu melhor. Para isso, “não é pre-ciso estar constantemente aprimo-rando as competências”.

Uma visão contemporânea de um diálogo sem fim

“A habilidade de secomunicar é fundamental

em qualquer processo de RH”

de marketing interno e relaciona-mento. A partir de 2004, uniu-se a Inside, formando a KGF Inside, onde permaneceu até 2005, encer-rando a sociedade.

Em 2006, é contratada pela Escala Comunicação e Marketing, como diretora de marketing. Ela destaca a marca desta agência de publicidade no mercado para subli-nhar: “O maior patrimônio de uma empresa é a marca”.

Questionada sobre como prevê RRPP daqui a dez anos, respondeu com veemência: “Não sei, é muito complexo. É preciso estar sempre atento às mudanças de comporta-mento. Relacionamento é a pala-vra-chave. O consumidor está cada vez menos permeável”.

Sobre em que campo a ativida-de mais cresce, respondeu aos alu-nos: “O espaço é nas empresas. No futuro, as portas do mercado ten-dem a aumentar. É o profissional que deve fazer acontecer, pois ele é quem estabelece vínculos entre pessoas e marcas”.

Ao encerrar a entrevista, Ka-ren deixa uma impressão de boas expectativas aos futuros profissio-nais, falando com otimismo sobre os diversos campos da atividade e os anseios dos alunos. “O futuro das Relações Públicas é promis-sor”, sintetiza.

FernanDa lopes De Freitase patricia liMa

Fabiana FernanDes

Karen, trajetória de sucesso

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12 RRPP Atualidades/Julho 2007

EspEcial

O Curso de Relações Públicas da Faculdade de Comunicação Social (Famecos), da PUCRS, um dos pioneiros do Brasil, completa este ano 40 anos. Desde as edições de 2006, RRPP Atualida-des vem destacando todos aqueles que foram e são atores desta trajetória. Em novas pesquisas, apresentamos outras pessoas que empenharam-se, ano após ano, com esforço e dedicação, para o fortalecimento do Curso, aprovado pelo alto nível de seu corpo docente, profissionais reco-nhecidos nacional e internacionalmente.

O ensino de Relações Públicas na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul co-meçou em março de 1967, com a transformação do antigo curso de Jornalismo, de 1952, na Fa-culdade dos Meios de Comunicação Social, poli-valente, criada em 1º de dezembro de 1966, e a

primeira a utilizar esta nomenclatura no Brasil. Apesar de nascer em um período de repressão política, em plena ditadura, trouxe ao ensino uma tendência de vanguarda que se firmava nos Estados Unidos. Foi tão pioneiro que iniciou suas atividades no ano da homologação da lei que regulamentou a profissão.

A recém criada Famecos recebia em 67 as primeiras turmas do Curso Polivalente de quatro anos, com opções no quarto ano para as especia-lizações em Jornalismo, Publicidade/Propagan-da e Relações Públicas . O diretor da faculdade era o professor Cláudio Candiota, vice-diretor ir-mão Elvo Clemente e o primeiro coordenador do Departamento de RRPP foi o professor Roberto Porto Simões.

Os alunos assistiam às aulas em vários pré-dios do campus, dificultando o ensino acadêmico e impedindo a criação de espaços para o treina-

A Coordenação do Departamento do Curso de Relações Públicas teve a sua frente profissio-nais capacitados, que desde a sua implantação preocuparam-se em formar pessoas, em uma área totalmente nova, verdadeiros desbravado-res, que tiveram como sucessores profissionais também empenhados em planejar um Curso que fosse satisfatório aos alunos e ao mercado de trabalho. Todos que passaram pela adminis-tração tiveram uma participação importante, seja na elaboração do Currículo, em constante mutação, para acompanhar tendências, ou na

sistematização do departamento, aproximando coordenação dos professores, alunos, mercado, entidades de classes e empresários.

Simões iniciou na coordenação permane-cendo até 1974. Depois vieram Lea Senger (de 1974-1981), Jerônimo Braga (1982-1984), Helai-ne Abreu Rosa (1985-1996), Glafira Bartz (1997-2001) e Neka Machado (2001-2005). Souvenir Dornelles, atual coordenadora do Departamen-to, assumiu no final de 2005. Ao longo dos anos, o currículo teve algumas alterações para que fos-se se adequando às necessidades do mercado. O

Relações Públicas da PUCcomeçou com a profissão Curso

pioneiro

As iniciativas avançadas da PUC do Rio Grande do Sul na educação superiorconfirmam-se mais uma vez este ano. O Curso de Relações Públicas,

um dos primeiros do Brasil, está completando 40 anos

anterior permaneceu por 20 anos, dando lugar à nova grade curricular que tem vigência a partir de 2004.

Em comemoração aos 40 anos do Curso de Relações Públicas, está sendo organizado um livro pela coordenação do Curso, com a partici-pação de vários professores, escrevendo sobre temas pontuais e de interesse da área. “Outros volumes serão elaborados pelos docentes, am-pliando os debates a respeito da atividade”, in-formou Cláudia Moura, professora da Famecos e responsável pela edição.

mento prático e estágios, já reivindicados pelas empresas de comunicação social. Diante desse quadro, ao assumir a direção da faculdade em 1969, o professor Alberto André sugeriu à Rei-toria da Universidade a construção do prédio da Famecos, que, em 1970, diplomou 20 acadêmi-cos – a primeira turma de Comunicação Poliva-lente, com especialização em Relações Públicas, Jornalismo e Publicidade.

Em 1971, era lançada a pedra fundamental e, no dia 8 de dezembro de 1972, foi inaugurado o primeiro prédio acadêmico no País com desti-no específico de servir à Comunicação. Os ma-triculados em março de 1973 estrearam o novo prédio 7 do campus, em estilo moderno, com quadriláteros de cimento na fachada, pintado de branco e virado para a avenida Ipiranga, visível e solitário, sem outras construções próximas e as árvores atuais que o encobrem.

Curso desbravador, voltado à formação e mercado

Prédio 7 recebeu a primeira turma em 1973. Nos espaços atuais, os alunos de hoje, no ano do quadragésimo aniversário

Fotos AdriAnA Knevitz e FAbiAno silveirAdivulgAção

AdriAnA Knevitz e FAbiAno silveirA

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13RRPP Atualidades/Julho 2007

EspEcial

Em 1974, o Curso de Relações Públicas ga-nha mais visibilidade a partir do I Ciclo de Inte-gração de Relações Públicas (CIRP), evento anu-al de grande porte que ocupava as dependências do Salão de Atos da PUCRS, para suas palestras e conferências, sob a a responsabilidade dos alu-nos do VIII semestre. “O CIRP cumpre a tarefa de informar e integrar grupos para a compreen-são mútua e o desenvolvimento comum, opor-tunizando aos acadêmicos prática profissional, com o elevado objetivo de conceituar e divulgar sua profissão”, conforme texto do projeto.

Os alunos contavam com o apoio de diver-sos professores como Roberto Porto Simões, o idealizador do evento, Eurico Saldanha, Jerôni-mo Braga e Lea Senger, entre outros. O evento mobilizou entidades de classe, órgãos públicos e empresas privadas. Eram convidados para as palestras, personalidades de várias áreas.

Os participantes vinham de diversos esta-dos, além do Rio Grande do Sul, como Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e até mesmo da Ar-gentina. Devido ao empenho do grupo de alu-

nos que participavam dos eventos, foi possível registrar e transcrever as palestras que eram no início datilografadas e depois impressas. Alguns exemplares podem ser encontrados na Bibliote-ca Central da PUCRS.

Os anais iniciavam com a definição para Relações Públicas. “Relações Públicas é ativida-de e o esforço deliberado, planejado e contínuo para estabelecer e manter a compreensão mú-tua entre uma instituição pública ou privada e os grupos de pessoas a que esteja, direta e in-diretamente, ligada”. Seguido pelos objetivos do evento:“De acordo com os objetivos univer-sitários inseridos no currículo de todos os for-

mandos do VIII semestre de Relações Públicas, buscamos a integração de alunos, professores, profissionais e empresas públicas e privadas através do CIRP, a fim de conceituar e divulgar o real sentido e importância de nossa profissão”.

Neles aparecem algumas colocações que ainda se enquadram nos dias de hoje, 32 anos depois, como no IIº CIRP com a seguinte co-locação: “O Curso de Relações Públicas abre perspectivas, mostra caminhos. Os grandes profissionais se formam por si. É preciso maior conhecimento para ascender na carreira profis-sional”, disse a palestrante Marta Geralda Alves de Azevedo.

Assuntos abordados no III CIRP foram: Re-lações Públicas na Área Governamental, no Pro-cesso de Marketing, como Função Administrati-va, Comunicação, Criatividade e Propaganda.

O esforço conjunto de várias pessoas possi-bilitava o acontecimento de eventos marcantes para a comunidade acadêmica, reunindo perso-nalidades importantes para o fortalecimento da teoria, profissão e afirmação da importância do Curso. Docentes e discentes estavam engajados também em ações solidárias para arrecadar re-cursos financeiros, contribuindo com Institui-ções como o Lar Santo Antônio dos Excepcionais e Associação Beneficente Santa Zita de Lucca.

A ampliação do Departamento de Rela-ções Públicas possibilitou a realização de outros eventos que premiavam, não apenas o Departa-mento, mas alunos. O curso teve o reconheci-mento em pesquisa da Editora Abril como cinco estrelas. Estudantes conquistaram prêmios com monografia, conferidos pela Associação Brasilei-ra de Relações Públicas. .

Com o objetivo de diversificar e aumentar as oportunidades de trabalho, para estudantes e bacharéis da área, foram firmados convênios com órgãos públicos e privados. Acadêmicos participavam de diversos cursos e palestras, possibilitando um trabalho experimental, que incentivava a criação de um espaço para suprir a falta de bibliografia. Assim iniciou-se o projeto experimental de Relações Públicas.

Estabeleceu-se a aproximação de alunos com as experiências profissionais relatadas em painéis, seminários e congressos apresentados por diversas personalidades. Também partici-

Cursopioneiro

Ciclo de Integraçãoentrou para a história

Alunos e professores se mobilizavamem um evento anual para divulgarema nova profissão emergente no Brasil

param de eventos promovidos por entidades de classe e outras Universidades. Assim como em 1983, quando houve a integração da Famecos com os Cursos de Comunicação Social da Uni-versidade de Caxias do Sul, UFRGS, Unisinos, Universidade de Pelotas e Feevale, em virtude do 1º Encontro de Relações Públicas da Região Sul e Seminário de “Relações Públicas, Planeja-mento e Execução”. O evento semestral Mostra de Talentos, lançado em 93, segue um sucesso.

Outras ações merecem destaque. Em 1987 os alunos movimentaram a faculdade com a “I Mostra de Instrumentos de Relações Públicas”, com o Painel sobre: “Relações Públicas Alterna-tivas” e “RRPP em Ação”, nome que recebeu o programa de divulgação e promoção profissio-nal produzido durante todo o ano por alunos da área. Ainda naquele ano foi lançado, em de-zembro, o famoso livro de Roberto José Porto Simões, em edição revisada e atualizada, RP – Uma Função Política.

Docentes da Famecos participaram nestas quatro décadas de congressos, seminários e cur-sos, no país e exterior. Também vieram à facul-dade personalidades como o professor Cândido Teobaldo de Souza Andrade, da USP, falando sobre Relações Públicas – Uma nova visão, em 1989. Melvin Sharpe, da Ball State University, EUA, esteve em 1988 e retornou em 93 com a palestra As Relações Públicas no Mundo”

Intercâmbio cultural

Em 1999 foi criado o LARP – Laboratório de Relações Públicas, para realizar pesquisas, pro-jetos, oferecer estágios e assessorias. Em 2002, o LARP, hoje Núcleo de Projetos Instituicionais, conquistou o prêmio Expocom na categoria de Agência Experimental Júnior, concorrendo com laboratórios de todo o país. Também passou a ser oferecida a oportunidade de produzir even-tos de média e grande escala no Laboratório de Eventos, hoje Núcleo de Eventos.

Laboratórios integrados

Sucessos de um curso cinco estrelas

Alunos do primeiro semestre 2007, em aula, acompanhados pela professora Laury Job

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14 RRPP Atualidades/Julho 2007

EspEcial

A professora Cláudia Moura, formada nas três áreas da comunicação na Famecos, mestre e douto-ra pela USP, e que lecio-na Relações Públicas na PUCRS na graduação e no pós, vê perspectivas positi-vas na formação acadêmi-ca, atuação profissional e mercado. “O mercado de trabalho está aberto para profissionais competentes

e com conhecimento para atuar nos processos de comunicação das organizações”. Para ela, a tecnologia está a favor de RRPP, na medida em que a interação está ocorrendo através de sites e portais coorporativos, determinando relaciona-mentos de interesse institucional.

A também ex-aluna e hoje professora da Famecos, Lana Campanella, ressalta que aliou sua experiência do Curso de Administração, ao perfil desejado para o profissional de Relações Públicas. Mesmo trabalhando, não dispensou oportunidades de trabalho voluntário ou remu-nerado na academia. Foi monitora da professo-ra Dirce Rabello, de Língua Portuguesa, considerando que esta prática seria im-prescindível para o domí-nio do idioma. Atuou como coordenadora da 10ª edição da Mostra Competitiva do Set Universitário. Excelen-te aluna, recebeu destaque em sua formatura, em 1998, por ter tirado a nota mais

alta daquele grupo de formandos. “Isto foi mui-to gratificante”, diz a ex-aluna, que admite ser seguidora dos passos de seu mestre Simões. Ela aplica seu conhecimento, além da vida acadêmi-ca, como voluntária junto à Associação Cultural Italiana do RS, onde é diretora de Comunicação e Eventos, mesma função que exerce no Comita-to degli italiani all’estero.

Marta Bussnelo, presidente do Conselho Regional de Relações Públicas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, aborda vários aspectos re-lacionando mercado de trabalho, credibilidade e a trajetória dos 40 anos do Curso de Relações Públicas na Famecos. Fala sobre pessoas ilus-tres, nas quais podemos nos espelhar, da cre-dibilidade e do reconhecimento do profissional no mercado de trabalho. Cita o professor Jerô-nimo Braga, fundador do Conrep há 35 anos e presidente em duas ocasiões. “Profissional res-peitado, conceituado e marcado como PUCRS”, enfatiza. Outras referências, segundo ela, são os professores Roberto José Porto Simões, Cláudia Peixoto, Ana Baseggio, Cleusa Scroferneker e Lana Campanella. “É uma equipe de professores muito bons, que estão na academia e no merca-do, é o time todo de profissionais da PUCRS que são referências para nós todos na área de comu-nicação”, indica a presidente.

CredibilidadeUma das funções do relações-públicas é in-

dicar a credibilidade de pessoas e organizações. “A credibilidade do profissional de RP é muito pessoal, existem profissionais excelentes, são aqueles que buscam o conhecimento diário e não somente na academia. E este, terá um lugar

Apesar da dificuldade do mercado em com-preender o exato papel do relações-públicas, pela forma equivocada como a profissão ainda se apresenta para muitos empregadores, provocan-do desvios de função, é possível realizar um bom trabalho. “Mais cedo ou mais tarde, as institui-ções acabam percebendo que a comunicação é a chave para um bom desempenho no mercado ao qual a empresa está inserida”, destaca a profis-sional Letícia Mottin. “Cabem aos colegas saber selecionar, delegar e orientar o empregador para que haja excelência nas ações para as quais foi contratado”, afirma.

Letícia Mottin, bacharel em Relações Públi-cas, graduada pela PUCRS em 1999, ao sair da Universidade foi convidada a ministrar Cursos de Capitação no Senac e se manteve por cinco

Cursopioneiro

Mercado está aberto a profissionais competentesno mercado” . E para isso deve “estudar, estu-dar, estudar, fazer cursos de línguas, saber de outras áreas fora da comunicação”, aconselha a dirigente. “Nossa profissão é de retaguarda, colocamos em evidência a organização e não a nós mesmos”. Marta completa que devemos se-guir os passos de nossos professores que estão sempre envolvidos, trabalhando com a área de Relações Públicas, defendendo esta profissão. “Teremos profissionais bem reconhecidos, até porque o mercado está exigindo o perfil deste profissional”, enfatiza.

DefiniçãoExistem profissionais de outras áreas utili-

zando o termo de relações-públicas para mos-trar status, enquanto uns se escondem atrás de outras denominações para dizer o que fazem, quando na verdade são relações-públicas. Ana-lisando o mercado de trabalho, Marta destaca como os campos mais promissores para traba-lhar os órgãos governamentais, o terceiro setor, as empresa de médio, pequeno e grande porte nas áreas de tecnologia da comunicação, além do magistério.

“É muito fácil para o publicitário e para o jornalista definir sua profissão com uma palavra. Tentamos algumas coisas como: RRPP faz rela-cionamentos com os públicos das organizações. São conceitos amplos, não tem como reduzir o que faz um relações-públicas. Fazemos geren-ciamento da comunicação e o relacionamentos com públicos. Somos profissionais muito capa-zes para atuar nesta questão da comunicação com os públicos, para isso não tem outro pro-fissional que tenha uma formação tão adequada quanto a nossa”, conclui a presidente .

anos na Instituição. Sua função era relacionada aos cursos de eventos, marketing, cerimonial e protocolo e comportamento social. Durante esse período, teve a oportunidade de apresentar aos leigos e interessados na área de eventos uma gama de possibilidades de atuação, bem como a troca de experiências de mercado. Em uma em-presa no Rio de Janeiro, onde trabalhou, teve a a possibilidade de pôr em prática todas as ferra-mentas do Marketing, Comunicação e Relações Públicas.

Paralelo ao Senac, trabalhou em empresas cujo principal enfoque era a comunicação inter-na (endomarketing). Exerceu funções de coor-denação em eventos, logística e comunicação. Cada um aproveitando o espaço que surge nesta profissão regulamentada há 40 anos, no mesmo

ano em que surgiu o curso de Relações Públicas na PUCRS, na então recém criada Famecos, hoje uma marca de reconhecimento internacional em comunicação.

Instituições acabam entendendo a importância do relações-públicas

Análise de pesquisas no 7° semestre

Lana

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15RRPP Atualidades/Julho 2007

O Sono da Bela

Camila Pizzato, CarolinaFiorin, DaFne Pezente

e Ítalo De Poli

arte Ítalo De Poli

Graduada desde 2003, pela Fa-culdade de Comunicação Social da PUCRS, a profissional de Relações Públicas Sheila Vasques coordena um dos núcleos de produção do setor de eventos da RBS. Ela relata como foi sua trajetória desde sua vida acadêmica até os dias de hoje.

Sheila chegou a prestar dois vestibulares para enfermagem, mas não passou. Concluiu que passar o dia todo dentro de um hospital não se encaixava no seu perfil. Optando por cursar Relações Públicas desde então, passou no vestibular sem sa-ber exatamente o que fazia um pro-fissional desta área.

Ela ingressou na PUC no ano de 1999 e, desde cedo, começou a fazer estágios na área de Relações Públi-cas. Estagiou na PRAC (Pró-Reito-ria de Assuntos Comunitários), na Opus e na Atmosfera, onde passou por todos os departamentos. “Meu objetivo era entrar no Marketing, como esse setor fechou, saí desta empresa”, diz Sheila.

Há dois anos, começou a traba-lhar na RBS como free, depois foi assistente de produção e agora tra-balha como produtora da área. “O setor de eventos da RBS constitui-se em: corporação, eventos e mídia, se o jornal tem um evento nós aten-demos, se a TV tem, também reali-zamos”, explica Sheila. Alguns dos eventos de maiores destaque do es-tado como: Donna Fashion, Garo-ta Verão, Gastronomia e Histórias Curtas, são atendidos pelo setor de eventos. Prestando serviços tam-

bém à direção da RBS que realiza encontro de executivos e festa de final de ano.

Em maio, Sheila participou da produção da Maratona Internacio-nal de Porto Alegre, junto com a Rádio Gaúcha, e está produzindo o evento que irá comemorar o cin-qüentenário da RBS. Sheila relata que a grande demanda de eventos faz com que ela tenha que abrir mão de algumas atividades pesso-ais. “Você não tem final de semana, não tem feriado, não tem horário. Em dia de evento, às vezes, você vira a noite, como agora que teve um evento na praia de Atlântida e eu ia todos os finais de semana. No final é gratificante ver o evento pronto, e para mim, como profis-sional, trabalhar na RBS é muito bom, porque estou construindo o meu nome, já conheço muita gente e tenho muitos contatos.”

Sheila acredita que o bom pro-fissional é aquele que corre atrás, que está sempre atualizado, lendo revistas que abordem fatos do mun-do e que tenham o conhecimento de diversas línguas, construindo uma rede de contatos. “Pelo o que eu es-tou acompanhando no mercado, o contato é fundamental. Infelizmen-te o mercado tem essas coisas, mas tendo competência, conhecimento e uma visão bem ampla do mundo, somos capazes de conseguir muitas coisas boas na vida”, finaliza.

nanDa Guimarães, Bruna silva, luana martins e tiaGo Haas

Desafios vencidos poruma jovem profissional

Sheila Vasques trabalha há dois anos na RBS

luana martins

As novas tecnologias estão fa-cilitando cada vez mais a manipu-lação das imagens, fazendo com que as pessoas procurem utilizar com freqüência estes serviços para alterações digitais e cirúrgicas. Este serviço, hoje em dia, muitas vezes ,é feito com ferramentas computa-dorizadas, propondo uma melhor estética visual de pessoas, produtos e serviços.

Na área das Relações Públicas, onde a imagem e a aparência são o cartão de visitas, a professora e doutoranda Ana Bassegio acredita que a imagem tem que ser coerente com a identidade de cada um. “Se for distorcida, a mensagem não é aceita, podendo voltar negativa-mente, ou seja, se a transforma-ção for muito visível, modificada demais, a pessoa pode receber um retorno negativo”, alerta.

Em contraponto, o publicitá-rio Marcelo Corrêa acredita que o retorno depende somente da visão do público-alvo a quem se destina a publicidade. “Para vender pro-dutos de beleza jamais usaria a imagem de uma modelo com acne

(espinha), a não ser que sirva para fazer um comparativo entre antes e depois (mostrar o efeito do produto naquele tipo de pele)”, explica.

Sendo já comprovado que o photoshop é a ferramenta digital mais usada, tanto no meio impresso quanto no meio clínico, para cirur-gias de correção (cirurgia plástica), acredita-se que muitas das pessoas recorrem a esta ferramenta por ela possibilitar a correção de detalhes que fazem com que se sintam de bem consigo mesmas se aceitando melhor. Já no meio publicitário, a ferramenta pode fazer a diferença no resultado de uma peça.

Enfim, parece que estamos acordando em uma era digital, a bela adormecida, aquela a qual sua beleza era original, hoje, torna-se irreal. Enquanto os padrões de be-leza se modificam, e a beleza origi-nal é deixada de lado, dando passa-gem a beleza artificial. Como diria Bassegio, “Imagem é tudo”.

AdormecidA

Em discussão a manipulação da imagem em todos os sentidos

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OpOrtunidades na amazônia

Marcela Martínez PiMentel

Comunicóloga, Analaura Corradi possiu formação nas três habilitações de Comunicação Social: Publicidade e Propaganda, Relações Públicas e Jornalismo pela Univer-sidade Católica de Pelotas – UCPEL em 1980. Atualmente, trabalha no Sebrae no cargo de Gerente de Comunicação e Marketing. Ministra aulas nos cursos de Comunicação So-cial e Turismo em diversas faculdades na cidade de Belém.

Em entrevista, Analaura discute sobre a realidade da profissão de Relações Públicas no estado do Pará e afirma que grande parte das vagas para Relações Públicas estão no interior.

– Vejo não só no Pará, mas em todo o Brasil uma profissão que tem mercado de trabalho. Porém, o profissional precisa ter a capacida-de de perceber que estamos numa época de desenvolvimento no inte-rior do País. Temos cidades como Parauapebas(1) que tem previsão de crescimento anual de 25% o que significa muito mercado de traba-lho para Relações Públicas, Para-gominas(2), Marabá(3) e Santarém também com um crescimento con-siderável.

– Quais as atribuições que são específicas do RP e que continuam sendo ocupadas por outros profis-sionais na região?

–Acho que as atribuições não são específicas de Relações Públi-cas, mas por falta de visão ampla temos uma concorrência direta nas Assessorias de Comunicação, pois temos que pensar e agir de maneira ampla na comunicação e não ape-nas como instrumental, porém de

profissional mais atuante, mas para tal respeito temos que ser profissio-nais estratégicos e que possamos atender as expectativas de sucesso da referida empresa.

– No Pará, existem duas fa-culdades que oferecem o curso de Relações Públicas. Em sua opi-nião, há mercado para absorver esse número de profissionais que se formam todos os anos?

– Sim. Acho que temos es-paço. Depende do aluno ir atrás das oportunidades existentes nas grandes empresas que estão se es-palhando pelo interior do Estado. Temos muito mercado no estado como um todo.

– Atualmente, o assunto da moda é a preservação da nature-za e, em especial, a da Amazônia. Em sua opinião, o profissional de RP pode contribuir nesse processo de conservação da biodiversidade brasileira? De que forma?

– A moda de preservação já esta na “onda” desde de 1980, mas o profissional de RP deve sim apro-veitar e contribuir, e muito, para o processo de conservação, já que as empresas para estarem inseridas nos interesses de seus públicos pre-cisam estar comprometidas com ações sociais, culturais e ambien-tais, inclusive atendendo as expec-tativas dos ISOs de qualidade em-presarial.

1 Parauapebas: Localizada no Sudeste Paraense a 700 km da capital.2 Paragominas: Sudeste Paraense a 300 km da capital.3 Marabá: Sudeste Paraense a 530 km da capital.

Analaura Corradi, de Belém

– Em sua concepção, o que mudou nas últimas décadas na profissão de RP?

– O curso deixou de ser tecni-cista para ser estrategista.

– O que falta para que a pro-fissão e os relações-públicas se-jam mais reconhecidos no país?

– Os profissionais de RP pre-cisam ser mesmo mais estrategis-tas, com noções fundamentadas na economia e na administração, para poderem usar a comunicação como um instrumento de trabalho eficaz, com o objetivo de prover a competitividade e a produtividade das empresas. Não podemos pen-sar em apenas comunicar, temos que promover o sucesso da empre-sa, que está extremamente ligado a sua finalidade de ser, isto é, venda do produto, da idéia ou do serviço. Desta forma, teremos profissionais de sucesso e profissão reconhecida.

– Como está a profissão hoje no seu estado?

arquivo Pessoal

Com a globalização, as grandes organizações do mundo concorrem

entre si. Não existe mais a idéia de que, por exemplo, uma empresa bra-

sileira não pode ser comparada a uma americana. Ambas lidam de igual

para igual em termos tecnológicos e estratégicos. Certamente ainda fi-

camos a desejar em quesitos como planejamento, já que a maioria das

empresas do País não tem um projeto a longo prazo, seja por nossa eco-

nomia instável, ou por falta de hábito. Diante do fluxo rápido da comu-

nicação, os públicos cada vez mais informados e infiéis a uma marca ou

empresa, as instituições que não tomarem certas medidas estratégicas

tendem ao fracasso.

A competitividade é grande. O consumidor quer mais da organiza-

ção: além dos produtos e serviços, verifica a questão institucional, como

está inserida na sociedade, quais seus valores, como lida com seu público.

O profissional de Relações Públicas é responsável por manter a institui-

ção bem vista e aceita pelo público, tanto externo como interno. Surgem,

hoje, RPs valorizados, com oportunidade de migrarem de uma organi-

forma estrategista de ação de mo-bilização dos públicos.

– Quais as diferenças básicas entre o sul e o norte no que se refe-re a compreensão da profissão?

– Não vejo diferença na com-preensão da profissão. O Sul tal-vez, por ser maior o número de profissionais e de empresas, tem uma maior utilização dos servi-ços. O Norte, ainda em termos de desenvolvimento econômico, está saindo de uma situação em que as empresas predominantes eram fa-miliares para agora se profissiona-lizar. Portanto, o Norte está tendo a oportunidade de ocupar um espaço

Globalização e Relações Públicas

Gisele vieira sPerk

Artigo

zação para outra.

Os consumidores estão muito criteriosos, opinativos e unidos. Mar-

cas viram sinônimo de discussão em comunidades na internet. Tenho

como exemplo uma empresa em que trabalhei, a Dimato’s, uma pequena

rede de lojas de confecção feminina, porém, bem conhecida em Porto Ale-

gre por utilizar um tecido de suplex firme, que fica bem aderente ao cor-

po. Ao entrar no Departamento de Marketing da empresa, soube que a

intenção do proprietário era direcionar a marca ao público adolescente

classe A. Acessei o Orkut, site de relacionamento na internet, e encontrei

diversas comunidades relacionadas à marca, como: “Adoro mina que

usa Dimato’s”; “Dimato’s é que nem caldo Knorr, qualquer galinha fica

boa” e “Por que gordinha insiste em usar Dimato’s?”. Isto me fez ver que

de uma forma ou de outra as pessoas expressam suas opiniões sobre as

empresas, e não estão sozinhas, pelo contrário. É preciso estar atento.

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17RRPP Atualidades/Julho 2007

– Sobre Produção Científica em RRPP no Brasil...

– Olha, a questão da Produção Científica no Brasil, poderíamos dizer que é bastante signifi-cativa, sobretudo, se nós compararmos com ou-tros países da América Latina, mesmo os grandes como o México, Argentina, Venezuela e até com países da Europa. Ou seja, a produção científica no país é bem razoável. Tanto vem sendo gerada nos programas de pós-graduação, como, tam-bém, da iniciativa de professores e profissionais, que, eventualmente, publicam livros. Agora, o que a gente precisa, no meu entender, para mo-tivar e ampliar isso, é trabalhar mais esse tema, como vocês colocaram, já desde a graduação. Quer dizer: mostrar que a produção do conheci-mento inovador tem um papel importantíssimo para consolidação do campo acadêmico do país.

– A senhora acha que tem alguma promes-sa teórica, algum novo teórico surgindo?

– Eu vejo que há necessidade de mais estu-dos teóricos. Nós temos teorias contemporâneas internacionais, nós sabemos do esforço do Pro-fessor Roberto P. Simões, daqui (Famecos); e o que precisa é de mais pessoas, mais pesquisado-res que se debrucem para estudar novos objetos. Precisamos é de mais pesquisa empírica. De pes-

quisas sistematizadas, com recurso científico para se-rem testadas e, a partir daí, se ter mais condições de construir teorias. Ou seja, nós precisamos ir a campo verificar como as organiza-ções estão atuando. Como a área de relações públicas está presente. Com esses dados trazer reflexões e sistematizar novas teorias. Então, o que a gente espe-ra é que os programas de Pós-graduação, sobretudo, no caso da ECA (USP), aqui a PUCRS, a Univer-sidade Metodista de São Paulo, que são centros que têm linhas de pesquisa nessa área, liderem esse trabalho.

– A teoria das relações sinérgicas está sem-pre atual, você acredita que haja alguma teoria que complete-a?

– Na questão da sinergia entre as áreas, por exemplo, o meu posicionamento é mostrar que a área de relações públicas possa exercer uma função estratégica nas organizações; ela preci-sa ter uma visão ampla, não só da comunicação

em si, mas da sociedade, do mun-do contemporâneo etc. Então eu vejo que esse é um caminho. Essa nova dimensão das RRPP em uma visão estratégica é uma pro-posição antiga, porém, revitaliza-da, vamos dizer assim. Pode ser relacionada com o trabalho das RRPPs comunitárias no mundo contemporâneo, com o avanço do terceiro setor e as possibilidades de trabalhos mais orgânicos junto à comunidade e segmentos asso-ciados.

– Qual seria então o papel da área de RRPP.

– Eu vejo como um papel im-portantíssimo, porque você tem

condições de desenvolver um trabalho de articu-lação. Por exemplo, como mediar para que uma ONG consiga espaços na mídia para defender uma causa, principalmente, aquelas com fina-lidades políticas, as de movimentações sociais. Elas terão de usar estratégias adequadas, não podem só fazer assessoria de imprensa, então, eu penso que é um campo que tende a ser mais

estudado e mais trabalhado.– A área da comunicação tem

muitos teóricos provenientes de outras áreas. A senhora acha que o incentivo à produção científica pode mudar essa questão?

– Eu acredito que sim, esta per-gunta é bastante interessante, porque quanto mais nós estudarmos e evoluir-mos quanto ao objeto da comunicação nas organizações, ou seja, o objeto das RRPP, menos vamos ficar dependentes das outras áreas. O que acontece é que, por exemplo, a comunicação organiza-cional teve como raízes a administra-ção, a lingüística, a retórica, a psicolo-

gia organizacional, até mesmo a sociologia, que ajudaram a construir sua sistematização. No momento que o campo vai evoluindo, ele passa a ser mais autônomo. Eu vejo nesse início de sécu-lo XXI que há boas perspectivas, mas vai depen-der do esforço de professores, dos profissionais, dos alunos, todos na figura de agentes.

– Quanto ao termo, existem várias concep-ções de relações públicas. Isso influencia a pro-dução científica em diferentes âmbitos?

– Sim, é um termo polissêmico, ele tem vá-rias comunicações. Mas isso já está superado. Para muitos ainda não é muito claro, o que falta realmente é o reconhecimento social. Por outro lado, é um termo usado no mundo inteiro, é uma profissão antiga. Eu vejo que não importa mui-to a questão da terminologia. O que importa é o que é feito. A área por si só é dinâmica e ao mesmo tempo complexa, pois você lida com o intangível, que é mais abstrato.

– Há alguma tendência para as Relações Públicas no momento ?

– Eu sou sempre muito otimista, eu vejo com grandes perspectivas a questão da atuação comunitária ( 3º setor), também com relação às novas tecnologias e as Relações Internacionais. As tendências são de ampliar as frentes de atua-ção, tanto no mercado quanto nos estudos.

Margarida Kunsch defende o crescimento da produção científica em RRPP no Brasil

Exclusivo

A defensora das teorias sinérgicas na Comunicação Organizacional, Margarida Kunsch, esteve na Famecos em 11 de maio, para participar de uma banca de doutorado e proferir palestra no auditório da faculdade, reservada aos alunos da Pós-Graduação. Livre-docente da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, referên-cia obrigatória em assuntos de Relações Públicas e pioneira nos estudos de Comunicação Organizacional no Brasil, ela concedeu uma entrevista exclusiva ao RRPP Atualidades sobre a produção científica da área no País. Confira a seguir:

Fernanda Lopes de Freitas e sophia stoFFeLEncontro: Simões, Cleusa, Kunsch, Cláudia e Souvenir

Fotos sophia stoFFeL

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18 RRPP Atualidades/Julho 2007

“O bom relações-públicas de 2020 terá de ser especial. Não será um profissional, será uma pessoa RRPP por inteira”, prevê Fábio Eltz, con-sultor de empresas que atua, há vários anos, no mercado corporativo. Ele não está sozinho ao afirmar tamanho salto. Publicações atuais sobre o tema apontam para um horizonte de maior di-mensão das competências do relações-públicas nas corporações, ou seja, não haverá mais bre-cha para uma comunicação meramente promo-cional. A tendência é a organização seja cada vez mais cobrada por suas atitudes.

Esta mudança, porém, já vem acontecendo há algum tempo. Tradicionalmente, os trabalhos na área estavam mais centrados no âmbito em-presarial e governamental. Com o fortalecimen-to da sociedade civil, a valorização do terceiro setor e o grande número de entidades com ou sem fins lucrativos, as possibilidades de atuação neste mercado aumentaram muito.

Um outro fator de extrema importância a ser considerado no universo das Relações Pú-blicas é a globalização. Ela é o divisor de águas que possibilitou uma maior extensão e definição da atividade do profissional. Segundo Eltz, tudo ficou mais cristalino. “Tudo é sabido por todos. Não existe mais segredo. As pessoas e as organi-zações estão expostas”, argumenta.

Tempos modernosAs organizações têm obrigações e compro-

missos que ultrapassam os limites dos objetivos econômicos e com relação aos quais tem de se posicionar institucionalmente, assumindo sua missão e dela prestando contas à sociedade. É neste novo mercado que o profissional terá de transitar nas próximas décadas. A velocidade da comunicação impõe o cumprimento dos objeti-vos globais (empresa e mercado) e da responsa-bilidade social (empresa e sociedade) em uma

Como será o profissional deRelações Públicas em 2020?Em discussão, perspectivas e paradigmas para a próxima década

escala progressiva. Fábio Eltz vê essa tendência com bons olhos,

mas alerta para certas dificuldades. “Acredito que será uma atividade extremamente valori-zada e difícil de exercer”. Para o consultor, será complexa a relação da organização com seus consumidores e com a sociedade, porque esta cobrará cada vez mais resultados.

Embora o papel do RP seja, muitas vezes, o de meio de campo, a boa notícia é que o pro-fissional dos próximos anos terá muito trabalho pela frente. “Será um papel delicado e que vai requerer bastante firmeza”, diz Eltz. Contentar a todos ao mesmo tempo nem sempre é possível,

Você já ouviu falar em teatro empresarial? A arte de William Schakespeare como ferramenta de comunicação dentro de uma empresa, para incentivar e mobilizar seus colaboradores, ain-da pode parecer uma brincadeira lúdica, mas é uma nova tendência, e muito séria. Para muitos o assunto é desconhecido e vago, talvez até sem consistência, mas empresários mais antenados têm noção do que realmente se trata e alguns já comprovaram eficiência.

O tema surge trazendo em sua gênese uma polêmica. Afinal, compete à área de Relações Públicas (mais especificamente à Gestão de Pes-soas), de Marketing ou até mesmo de Recursos Humanos (RH)? Independente da resposta, mostra-se imprescindível para um bom enten-dimento entre cúpula e funcionários. No Rio Grande do Sul, contudo, ainda é uma atividade incipiente.

O teatro empresarial é um exercício não só representar idéias, mas compô-las de forma cria-tiva e clara para quebrar a monotonia do cotidia-no da empresa. Para motivar a reflexão, de uma forma ao mesmo tempo atraente e descontraída, requer um intenso trabalho dos grupos teatrais, que hoje já se encontram especializados, focan-do este mercado. Estes profissionais constroem os trabalhos tratando de temas de interesse ge-ral, tanto para públicos internos (colaborado-res, representantes, gerência), quanto externos (consumidores, clientes, fornecedores, socieda-de em geral). Tudo de acordo com a encomenda do cliente, ou seja, as organizações. Sejam elas privada ou pública, a pesquisa e a dedicação são as mesmas, o que variam em cada proposta são o foco e orçamento.

Para o público internoEm 2001, Porto Alegre ganhou uma das

grandes promessas do gênero, a Ato Variado So-luções Cênicas. Atua como empresa produtora artística com a proposta de atender a diversi-dade que o mercado proporciona. “Cada cliente quer um tipo de espetáculo”, revela Silvana da Costa Alves, proprietária da Ato Variado. Um evento Transpolul, exemplifica, queria substi-tuir a costumeira palestra motivacional do final. AJURIS, por sua vez, desejava apresentar algo sobre a morosidade da justiça na abertura do Fórum Estadual de Juízes. O grupo também teve de enfrentar desafios na área do endomarketing e qualidade total. Segundo ela, a equipe atente às carências diagnosticadas pela organização con-tratante e suas necessidades de comunicação.

Tendências

Fabiana Fernandes, Marcela eltz,saiMon selau e tanise Portanova

Na visão do consultor de empresas Fábio Eltz, o RP deverá ter, em 2020, além de muitas outras, as seguintes competências:lMuito conhecimento sobre o negócio de seu cliente em todos os aspectos (impac-

to social, ecológico, financeiro, etc.);lVisão de tendências em todos os tipos de comunidades;lFirmeza para se posicionar perante a sociedade e o seu cliente.

RP do futuRo

teatro

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19RRPP Atualidades/Julho 2007

A montagem do teatro empresarial conta, em geral, com uma variedade de profissionais, dependendo da proposta e da verba disponível. São mobilizados, entre outros, roteiristas, ato-res, figurinistas, cenógrafos e músicos. Muitos deles unem suas várias habilidades para enri-quecer o processo, barateando o trabalho. “Unir minha formação de teatro e publicidade foi um caminho natural e rentável. Trabalhei vários anos com eventos culturais, agências e teatro. Foi ótimo! Um dia, lendo a revista Amanhã, jun-tei amigos e destacamos nomes de empresas e suas necessidades de abordagem... daí surgiu a Ato Variado”, conclui a atriz e produtora.

Empresas apostamSem dúvida, esta é uma das maiores tendên-

cias a serem adotadas pelas empresas que estão mais atentas e interessadas em manter um bom relacionamento com seus públicos estratégicos, visando inovação e criatividade. É o caso do Gru-po Herval, situado em Dois Irmãos, que faz jus a sua significativa expansão no Estado e no País a fora, e vem utilizando essa ferramenta na qua-lificação de sua comunicação interna. “Utilizar o teatro-empresa ou o teatro-treinamento é uma excelente ferramenta de fortalecimento de mar-ca interna e formatação de identidade de grupo/corporação, além de transmitir novos conceitos e modificações da cultura organizacional. Tam-bém funciona como treinamento de produtos e técnicas de vendas, especialmente quando exige a inteiração do público. A dramatização de situ-ações atua com todos os sentidos: ver (visão) e ouvir (audição) pela dramatização dos atores; cheirar (olfato), pelo cenário; degustar (paladar) e sentir (tato), por inteirações com o público”, enumera Doris Hess, responsável pelo Depar-tamento Marketing da empresa, confirmando a eficácia do processo.

Doris registra um dos grandes destaques

nas ações culturais da empresa: a criação do Grupo Teatral Herval, onde os astros são os pró-prios colaboradores. Nasceu em março de 2003, a partir da empresa e da Associação de funcio-nários da Herval. Participam apenas funcioná-rios voluntários, mas foi contratado um diretor de arte que ministra oficinas de teatro aos inte-ressados. Uma de suas peças, refere-se ao tema Segurança do Trabalho. O que era para ser um projeto apenas interno, que trabalhasse com as-suntos que envolvesse o dia-dia do público in-terno da empresa, ganhou dimensões maiores, indo atuar em outras organizações através de uma parceria entre estas e a Herval. O grupo já participou, inclusive, de vários festivais amado-res do ramo na região.

Públicos diversosO teatro empresarial também pode voltar-se

para o público externo. A Curto Arte Produções Artísticas, sediada no Vale dos Sinos, possui uma larga experiência no assunto. Uma das pe-ças desenvolvidas pelo grupo é Educando com o Teatro, apresentado em entidades educacionais. Outro sucesso é o espetáculo Retrato , contra-tado por secretarias municipais de Agricultura,

empresarialArte e

ComuniCAção

Organizações estão investindo em dramaturgia para mandar seus recados ao colaboradores

Fernanda Lopes de Freitas e sophia stoFFeL

no interior do Estado. A peçca tem grande acei-tação por abordar o êxodo rural de uma forma tanto informativa quanto poética, relata o ator e produtor Betinho Klein. Suas produções já ga-nharam 35 prêmios, oito de melhor espetáculo. Também se apresentaram na Capítal, em 2006, com produção independente na exposição para-lela de Flavio Sholles, no Teatro Cia das Artes.

O grupo Curto Arte também encena peças para o público infantil. O espetáculo Em busca das águas perdidas foi contratado pela Corsan para percorrer o Rio Grande do Sul, conscienti-zando sobre a importância da água e prevenindo o desperdício. Para Betinho Klein, a maior im-portância do teatro empresarial é que une arte, cultura e informação. “Muitas vezes, como no nosso caso, atingindo platéias que não têm fá-cil acesso ao teatro. As prefeituras, por exemplo, já nos conhecem por isso: vamos onde educar é preciso, não importa o caminho”, enfatiza. Ele conta que o trabalho não é fácil, pois exige a defi-nição do interesse público, planejamento, rotei-ro, pesquisa de textos, espaços para o cenário e a direção de atores em cena.

Funcionários voluntários formam o grupo teatral das lojas Herval, criado em 2003

Fotos divuLgação

O premiado espetáculo Retrato

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20 RRPP Atualidades/Julho 2007

O Projeto Pescar, que deu ori-gem à Fundação, foi idealiza-do em 1976 pelo empresário gaúcho Geraldo Tollens Linck, fundador e então presidente da Linck S.A, revenda de máquinas e equipamentos rodoviários e industriais. O Projeto iniciou quando o empresário assitiu um

assalto a um idoso. Testemunha da disparidade de forças e vigor físico entre aqueles dois “ad-versários” ocasionais, ele direcionou seu traba-lho a um objetivo tão realista quanto metafísico. Passou a procurar adolescentes nas periferias próximas a sua empresa, e entre os mais neces-sitados escolheu aqueles que formariam o grupo pioneiro da Escola Técnica Linck.

O início, em Porto Alegre, foi com apenas 15 jovens, reunidos numa pequena sala de aula onde funcionava a Escola Técnica Linck, hoje denominada Unidade Projeto Pescar Geraldo Tollens Linck, em homenagem ao seu fundador. Hoje a experiência consolidou-se e expandiu para todo o país: há uma rede com 97 Unidades e mais de 10.940 jovens formados.

Por que pescar?

Segundo Ézio Rezende, gerente de expan-são, o nome da Fundação e do Projeto do qual se originou, foi inspirado no conhecido provérbio chinês: “Se quiseres matar a fome de alguém, dá-lhe peixe. Mas se quiseres que ele nunca mais passe fome, ensina-o a pescar.”

A Fundação Projeto Pescar acredita que as empresas têm uma importante contribuição a dar na busca de soluções para os grandes pro-blemas nacionais, tais como o desemprego, a pobreza e o insucesso escolar, com todas as suas conseqüências negativas sobre a vida da população. Para tanto, propõe que a tradicional postura assistencialista de “dar o peixe” – que não enfrenta o problema em sua raiz, gerando dependência doador/beneficiário – seja substi-tuída por iniciativas de investimento social que promovam, em longo prazo, o desenvolvimento comunitário sustentado, ou seja, “que ensinem a pescar”.

Os princípios pedagógicos norteadores do Projeto são baseados no aprender a aprender, utilizar situações problemas, trabalhar e produ-zir em equipe; aprender fazendo, fazer apren-dendo, comunicar-se e comunicar descobertas com clareza e atuar no entorno social.

Franquia social

Ao longo dos anos, a proposta de Geraldo Tollens Linck foi testada e aprovada. Dela nas-ceu o projeto pioneiro de franquia social, insti-tucionalizado em 1988 e dirigido a empresários que não podem perder tempo e desejam investir, de forma responsável, em uma ação de cunho so-cial que tenha forte impacto na sociedade. Pro-porcionando à empresa interessada em criar sua própria escola todo o suporte técnico e o acom-panhamento necessários, de acordo com os pre-ceitos do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Face a expansão do Pescar e dos resultados positivos, o Projeto evoluiu para uma Rede de Unidades, cujo fortalecimento e expansão são atribuições da Fundação Projeto Pescar, criada em 1995. A Fundação nasceu com a missão de articular as escolas já existentes e desenvolver ações para incentivar a participação de novas empresas.

Qualquer empresa, não importa o tamanho ou área de atuação, pode ter a sua escola do Pro-jeto Pescar e a chance de ser uma empresa com responsabilidade social, conforme afirma Ézio. Pertencer à rede Pescar é uma bela oportuni-dade para empresas e pessoas que se colocam à frente de seu tempo. Abrir uma escola é fácil, simples, com baixo custo e conta com o apoio e a orientação da Fundação Projeto Pescar.

Unidade Pescar Renner

Um exemplo de sucesso engajado ao Projeto é as lojas Renner - segunda maior rede de de-partamentos do país. A Renner aderiu ao Proje-to Pescar no ano de 2004, com a implantação da Unidade Pescar Renner, em Porto Alegre.

O Projeto Pescar Renner abre espaço para a formação pessoal e profissional de adolescentes de 16 a 19 anos de baixa renda em sua depen-dência, encaminhando-os, depois, ao mercado de trabalho. Além de promover a aprendizagem básica para o exercício de uma profissão, esti-mula os jovens a adotarem novos hábitos e atitu-des de convivência e cidadania. O curso é focado em atendimento ao cliente, com duração de oito meses, iniciando suas atividades em março. No total, isso significa mais de 740 horas/aula.

No primeiro ano da escola, foram 238 ins-crições para 15 vagas. A partir de 2006, as opor-tunidades passaram para 18 vagas. Dos alunos da rede, uma parte é absorvida pela empresa e os demais são contratados com o apoio da rede de relacionamentos da Renner.

Donateli tejaDa linckSonia Maria DoS SantoS roSa

PROJETO PESCARA responsabilidade social sem fronteiras

Participantes do VII Encontro de Jovens da Rede Projeto Pescar

Foto arquivo FunDação Projeto PeScar

1976 – Iníco das atividades do Projeto Pescar1988 – Começam a funcionar as primeiras franquias.1995 – É criada a Fundação Projeto Pescar

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A professora e doutora Cláudia Peixoto Moura vem desenvolvendo uma pesquisa sobre mídias digitais, seu impacto nos indivíduos e sua contribuição para as Relações Públicas. Nos le-vantamentos preliminares, já está definido que as novas Tecnologias de Informação e Comuni-cação (TICs) possibilitam uma maior interação entre seus usuários.

Com o passar do tempo, a pesquisadora notou uma modificação no relacionamento in-terpessoal e no sistema organização-públicos em função da tecnologia. Esta modificação está ocorrendo com as pessoas que têm acesso à tec-nologia. “Mídia digital é um meio no qual ocorre um processo de comunicação em um ambiente virtual, que contém conteúdos constantemente atualizados, e formatos adequados à tecnologia disponível”, diz Cláudia. No âmbito das empre-sas, elas podem aproximar as pessoas, melhorar alguns fluxos de informação e transformar com-petências individuais em conhecimento organi-zacional.

A professora contou que a idéia da pesquisa surgiu a partir do desenvolvimento de um proje-to conjunto entre a Famecos e uma empresa do Parque Tecnológico da PUCRS. Como partici-pava da equipe que desenvolveu algumas ações para o êxito desta parceria, pensou em elaborar uma investigação que abordasse a questão dos Portais Corporativos como instrumentos de re-lacionamento entre as organizações e os seus públicos. No caso do estudo, as organizações são os veículos de Comunicação (rádio, jornal, televisão e revista), localizadas no estado do Rio Grande do Sul.

A pesquisa está sendo executada por uma bolsista da PIBIC/PUCRS (Programa Institu-cional de Bolsas de Iniciação Científica - CNPq). Ela desenvolve atividades de levantamento bi-bliográfico, coleta de informações de veículos de comunicação em Portais e sites destas organiza-ções jornalísticas. Após a coleta, os dados destes Portais e sites contêm são analisados.

O estudo aborda aspectos vinculados às ati-vidades de Jornalismo e de RRPP, que são áreas ainda mais convergentes com o advento da tec-nologia. Os portais corporativos de empresas de comunicação estabelecidas no Rio Grande do Sul possibilitam vários estudos de seus proces-sos comunicativos, que ultrapassam o interesse público das informações veiculadas e enfocam o interesse institucional com ações promotoras de relacionamentos. “É importante destacar que poucas empresas de comunicação no estado possuem portais corporativos, ou mesmo sites.

O impacto das mídias digitaisCom a orientação da professora Dra. Cláudia Peixoto Moura, bolsista realiza pesquisa na área

Gabriela reis, Juliana barth e luísa MaGrin

Este já é um resultado relevante, pois os veículos de comunicação poderiam utilizar a tecnologia para estabelecer relacionamentos com os leito-res e ouvintes de seus jornais e rádios, ao invés de meios de comunicação tradicionais”, revela Cláudia.

A mídia digital pode ser considerada como uma grande oportunidade para RRPP, na medi-

A estudante de Relações Públicas da Fame-cos, Luísa Ferrazzi Magrin, bolsista da pesqui-sa, fala sobre o processo:

Como ficou sabendo da bolsa e qual foi o critério de seleção?

Estava à procura de estágio, então solicitei a ajuda dos professores e para alguns entreguei meu currículo. Através da indicação da profes-sora Glafira Bartz, fui convidada pela professora Cláudia para ser sua bolsista. Sem pensar, aceitei o convite, pois sabia que teria muito a aprender com isso. Sem contar que pesquisas de inicia-ção científica têm grande valor para o currículo e para um possível ingresso na pós-graduação, mestrado e doutorado.

Como está sendo para você trabalhar nesta pesquisa?

Uma ótima experiência. Posso dizer que,

neste ano, aprendi muito com a pesquisa e a convivência com a Cláudia. A princípio, fiquei receosa de trabalhar na pesquisa, por ser um campo teórico e, na verdade buscava estágios práticos para ter uma noção maior da profissão de Relações Públicas. Mas, por estar no início da faculdade, achei que seria um ótimo começo para mim. Agradeço a professora Cláudia por ter acreditado em mim e no meu potencial.

O que, de fato, você aprendeu com a pesquisa durante este ano?

Muitas coisas. Através da pesquisa acabei tendo contato com livros de diversos autores da área da comunicação e conhecendo a maioria dos veículos do Estado (rádios, tv, jornais e re-vistas). Trabalhei com conceitos como interação e interatividade e, ao analisar os sites, percebi a maneira que cada uma dessas mídias digitais se relaciona e interage com os públicos.

da em que o processo de comunicação em um ambiente virtual pressupõe a interação dos usu-ários. A interação pode ocorrer nos espaços da mídia digital com objetivos de RRPP. Os portais corporativos são exemplos disso, defende a en-trevistada.

Ao lado de sua orientadora, Luísa já não teme a teoria

A experiência de uma bolsista

Gabriela reis

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O empresário Guilherme Ran-gel Paradeda, 33 anos, casado e proprietário do Choice Dining Club, desabafa sobre alguns problemas de humor em sua empresa e afirma “o humor do funcionário é primor-dial!”. Bacharel em Relações Públi-cas, fez intensivo de Marketing na ESPM. Trabalhou no Dado Bier na área do marketing e na Claro Digi-tal. “Já pensei em ser comerciante. Quase fui representante da Mor-maii”, confessa.

O Dining Club é um estabeleci-mento que nasceu nos points mo-dernos de Nova Iorque e Londres, sendo rapidamente, copiado em to-das as grandes capitais do mundo. Tem como proposta três ambientes diferenciados (lounge, restaurante e pista de dança), deixando o clien-te com a impressão de estar em três lugares ao mesmo tempo e livre para escolher qual se encaixa me-lhor com o seu momento. Encaixe perfeito também, com o nome da casa: “Choice”, uma vez que signi-fica “escolha” em inglês. Além dos ambientes, a música e a iluminação são os pontos fortes.

Paradeda conta que montou a empresa a partir de um business plan com o sócio e amigo Sérgio Tu-tikian, formado em Administração. Juntos, conseguiram o capital e ini-ciaram o processo de planejamento da casa que, em apenas seis meses, tornou-se um dos maiores sucessos da noite de Porto Alegre.

O relações-públicas destaca a relevância do bom-humor nas organizações. “Quando tenho um funcionário muito bem qualificado, mas que com o tempo se mostra constantemente de mau-humor e não sabendo lidar com outras pes-soas, demito”. Para ele, o relaciona-mento com pessoas é essencial em qualquer empresa. Confessa que já foi obrigado a demitir um empre-gado devido às constantes reclama-ções, tanto de colegas de trabalho, quanto de clientes. Já o funcionário da Choice, Kenji Itakura, discorda e argumenta que nem sempre o bom humor de funcionários é essencial em uma organização. “Em algumas situações, o contato não precisa ser direto com o cliente, como no meu caso, que sou cozinheiro da casa”, esclarece.

Apesar de Paradeda defender o bom-humor, reconhece que muitas vezes é inevitável perdê-lo, já que em todas as organizações haverá crises, desavenças e eventuais pro-blemas. “Entretanto, o funcionário que conseguir tirar de letra essas situações, chamará minha atenção para subir na empresa”, conclui. E para aqueles que ainda não têm emprego e estão à procura fica uma dica de jovem empresário: “Este-ja sempre sorrindo, mostre garra, sempre com vontade de crescer e nunca perca a humildade”.

Contratam-sebem-humorados!

Daniela lima, Júlia Carla BaCkes

e natália Pereira

Com quase dois anos de casa, “escondidinha” na re-cepção do Centro de Produção Multimídia da Famecos, em uma conversa olho no olho e muita presença de espírito, Ta-tiana revelou-se.Nome completo: Tatiana da SilvaIdade: 33 anosEstado civil: solteiraFilhos: nãoFormação: secretariado exe-cutivo pela UnisinosO que gosta de fazer: ler, ou-vir música, estar com amigos e famíliaSeu time: GrêmioUma frase: Não corra atrás das borboletas, cuide do seu jar-dim... (Mário Quintana)Perfume: não vou revelar os meus segredosMarca: não gosto de marcas, gosto de confortoCor: verde Animal de estimação: ca-chorroQualidade: comprometimen-to Uma loucura: trabalhar três turnos e fazer faculdadeDefeito: perfeccionismoComida preferida: italianas

Tempero que não gosta: ainda não descobriEsporte: caminhada e dançaMúsica: Alma Nova de Zeca BaleiroCantor: Atualmente ando numa fase Nando ReisFilme favorito: Brilho eterno de uma mente sem lembrançasLivro: todos que caem em mi-nhas mãosMulher/homem bonito: Brad Pitt e Angelina JolieSonho de consumo: uma viagem a Paris Uma palavra: amor O que a deixa feliz: simplici-dade Sou louca por... ChocolatesUm pedido: autenticidade O que mais te incomoda no mundo: falta de caráter Um sonho profissional: no momento uma pós-graduação Um sonho pessoal: a espera do meu afilhado que está por nascerHá quanto tempo trabalha na PUC: um ano e oito mesesComo é tua convivência com alunos, professores e colegas de trabalho: muito tranqüila

Espirituosa

Perfil

Escondida, mas

PatriCia lima e suellen De sá

thiego Xavier

“O humor do funcionário é primordial!”

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O significado literal da festa denominada “rave” aproxima-se de de-lirar e entusiasmar. Talvez, a partir daí, seja possível entender o sentido desta festa, que ano a ano vem conquistando diferentes públicos.

Hoje, muito na moda entre os jovens, a rave é uma festa que dura toda noite e continua no dia seguinte. Surgiu na ilha de Goa, situada na Índia. Esse lugar era muito procurado por turistas, principalmente hippies alter-nativos. Isso gerou uma grande mistura de perfis com o mesmo objetivo, a música.

No começo, o som escutado era basicamente reggae e rock. Porém, no início da década de 90, turistas europeus trouxeram em sua bagagem a música eletrônica que foi rapidamente absorvida nas festas. Ela estimula-va uma integração com o meio, com os ambientes ao ar livre.

Contudo, a maioria dos participantes desses eventos em Goa era tu-rista. Ao irem embora, essas pessoas levavam toda experiência e novos co-nhecimentos adquiridos na ilha. Desta forma, a cultura rave foi difundida para vários países.

Pacifismo e harmoniaO que se busca nestas festas é um pacifismo, uma harmonia com a

natureza. O objetivo é que os participantes sintam uma atmosfera de li-berdade, de união, de uma dança sem regras, sem limites. “Não tem como explicar a sensação. É completamente diferente das festas normais, em bares ou casas noturnas. A rave acontece em lugares enormes, como fa-zendas, parques, entre outros. É uma sensação incrível de liberdade, de paz. Todo mundo está ali na mesma energia. Não tem briga, nem azaração, não tem preconceito, todos se respeitam. É maravilhoso!”, diz o estudante e freqüentador Arthur Fontoura.

Para organizar um evento destes, a primeira atitude, é a escolha dos DJ´S. O estilo de música que toca é invariavelmente a eletrônica, sendo a função principal dos DJ´S a interação completa com o público. Para isso, eles fazem uso das tecnologias mais recentes, mesclando todo tipo de sons

A festa rave ocorre em sítios, lugares abertos e isolados

Som e liberdadeno embalo rave

Manuela Berger

arthur Fontoura

Manuela Berger, joselaine venturini, renata Brogni,e Mariana F. Fraga

eletrônicos. Num palco, ao vivo – denominado Live P.A– o artista usa teclados, samplers (equipamento para copiar e reproduzir trechos de dis-cos), bateria, instrumentos de percussão e até computadores.

A divulgação é feita através de flyers, onde o lugar não se especifica, pois deve ser clandestino. O folheto contém ilustrações psicodélicas, in-dianas ou ecológicas. Traz atrações, preço e local de venda dos ingressos. Posteriormente é divulgado o lugar do evento (quase sempre sítios, luga-res abertos e isolados) através de páginas da Internet ou mensagem para celulares.

Com duração, normalmente, acima de 12 horas, a festa conta com performances de artistas plásticos, visuais e performáticos. Possui sempre uma a decoração cênica fluorescente que causa bastante impacto visual. Além disso, as roupas e acessórios dos integrantes, cobertas com flúor – pigmento acrescentado a tintas de tons cítricos – brilham na presença de luz negra.

Os organizadores desses eventos enfatizam que os fatores de maior importância para o sucesso da festa são os DJ’s e a escolha do local. Um DJ conhecido atrairá um grande público. O local também é fundamental. Um lugar pequeno ou muito fechado pode significar o fracasso da festa. Além disso, quando o lugar é totalmente aberto, deve-se contar com outros fato-res. Uma chuva, por exemplo, pode ser a sua ruína

Quando questionados sobre o motivo de se reunirem em torno de cai-xas de som, para curtir muitas e muitas horas um som bastante repetitivo, os jovens são quase unânimes em admitir que, na verdade, o que querem é algumas horas de um clima de amor, amizade, tolerância e boas intenções. Em sua maioria, afirmam que durante esse tempo, esquecem dos proble-mas e de todo contexto social em que vivem.

Música e o exercício da liberdade durante horas

Festas iniciaram na ilha de Goa, na Índia,e os turistas as espalharam pelo mundo

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A atividade de Relações Públicas está em movimento de expansão pelo mundo, e o futuro da profissão é cada vez mais promissor. A área foi analisada em três países com realidades di-ferentes. Os Estados Unidos, que criaram a pro-fissão; o Brasil, onde ela está em fase de cresci-mento; e a Espanha, que vem se adaptando aos novos paradigmas.

No fim do século XIX, surge nos Estados Unidos as Relações Públicas, sendo, assim, os grandes exportadores da profissão. “Nas univer-sidades americanas, estuda-se a aplicação das funções e a atuação nas organizações. No currí-culo existe uma parte prática que é realizada em conjunto com a teoria”, explica a professora Ana Steffen, atual coordenadora do programa Inter Institucionais e Internacionais da Famecos. “O profissional vive no seu dia-a-dia as teorias estu-dadas na universidade. A sociedade de um modo geral confia no discurso dos relações-públicas ligando-os à assessoria de imprensa”, diz.

Na Espanha, a história das RRPP está re-lacionada com a monarquia, segundo Souvenir

Diferentes realidades de Relações PúblicasUm paralelo entre a difusão das Relações Públicas nos Estados Unidos, Espanha e Brasil

Dornelles, coordenadora do curso de Relações Públicas da PUCRS. “A história da profissão é parecida com a história deles, do seu sistema de governo”, fortalecendo-se nas áreas culturais, de eventos e principalmente protocolo. “Há uma grande preocupação com a imagem da realeza, aumentando o campo de trabalho para os pro-fissionais”, observa a professora. Paralelamente, está se expandindo na Espanha a comunicação

empresarial, com a busca de novos horizon-tes para os profissionais.

No Brasil, a grande alavanca para o cres-cimento da área foi no período da ditadura militar, onde o termo Relações Públicas foi usado para que legitimassem o regime au-toritário, e contribuiu para que a sociedade criasse equívocos sobre o seu papel. “O nos-so país está adiantado em relação à Espanha, porém atrasado se comparado aos Estados Unidos”, compara Souvenir, que em março participou do 3º Congreso Internacional de Investigaciones y Relaciones Publicas, na Espanha. “Os profissionais devem cada vez

mais valorizar a profissão e difundir seus co-nhecimentos para ser melhor entendida pela so-ciedade”, prega a professora. Para que as RRPP atuem com eficácia no contexto das organizações modernas, terão de sair da fragmentação para a globalização da comunicação.

Leonardo Contreiras, nataLia rangeL, PaoLa Cé e tatieLe ZanCheta

arte Leonardo Contreiras