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  IV Congr. Bras. Gestão e Desenv. de Produtos - Gramado, RS, Brasil, 6 a 8 de out de 2003 4 o  CBGDP LOPP/PPGEP/ UFRGS 1 Integrando os conhecimentos em um PDP de três grupos de pesquisa: proposta de um modelo de referência e suas aplicações Henrique Rozenfeld (USP) [email protected]  Fernando Antonio For cellini (UFSC) [email protected]  José Carlos de Toled o (UFSCar) [email protected]  Daniel Cap aldo Amaral (USP) [email protected]  Dário Henrique Alliprandini (UFSCar) [email protected]  Elaine Paiva Mos coni (USP) [email protected]  Cristiano Vas concellos F erreira (UFSC/CIMATEC) [email protected]  Sanderson Barbalho (USP) [email protected]  Leonardo Nabaes Romano (UFSC/UFSM) [email protected]  Roberto Luc hini Per ez (UFSC) [email protected]  Régis Kovacs Scalice (UFSC) [email protected]  Cíntia Carla P enso (UFSC) [email protected]  Franco Antonio Menegatti (UFSC) [email protected]  Lucas Arend (UFSC) [email protected]  Resumo O desenvolvimento de novos produtos vem ganhando destaque como o ponto focal da competitividade industrial, implicando no impacto dos custos, qualidade, satisfação dos clientes e conseqüentemente na vantagem competitiva das organizações. Analisado sob a ótica de processo de negócio, pode ser representado por meio de um modelo de referência, o qual busca apresentar as atividades, recursos e informações. O processo de desenvolvimento de produtos pode ser segmentado em níveis de abstração, permitindo uma visão geral ou detalhada, conforme a utilização a ser dada ao modelo de referência. A complexidade e abrangência do processo de desenvolvimento de produtos resultam em dificuldades de entendimento e reconhecimento da sua importância na estratégia empresarial, devido  principalmente a visões parciais do mesmo. Tais visões, dif icultam a integração de atividades e de profissionais, podendo levar a resultados indesejados e ineficiências no processo. Para minimizar estas visões parciais, três grupos de pesquisa na área de desenvolvimento de  produtos, formaram uma comunidade de prática buscando compartilhar conhecimento de  forma sistemática, criando novos conteúdos, agregando suas experiências, visando aprendizado e geração de novas competências. Nesse contexto, o presente artigo tem como objetivo apresentar um modelo de referência para o processo de desenvolvimento de  produtos, criado colaborativamente pelos membros da comunid ade de prática.  Palavras chave: modelo de referência, processo de desenvolvimento de produtos, comunidade de prática. 1. Introdução A importância do processo de desenvolvimento de produtos (PDP) tem sido enfatizada por muitos autores, principalmente devido ao impacto significativo nos custos, na qualidade, na satisfação dos clientes e na vantagem competitiva das empresas (DECHAMPS & NAYA, 1997). No entanto, existem dificuldades em gerenciá-lo por se tratar de um processo essencialmente criativo e dependente das habilidades e conhecimentos de diferentes áreas e  por envolver um volume alto e complexo de informações relativas ao mercado, fornecedores,  possibilidades tecno lógicas e capac idades de produç ão (COOPER, 2003). Tais fatos resultam em visões parciais, originadas das dificuldades de entendimento da importância estratégica e de reconhecimento da abrangência do desenvolvimento de produtos

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CBGDP LOPP/PPGEP/UFRGS 1

Integrando os conhecimentos em um PDP de três grupos de pesquisa:

proposta de um modelo de referência e suas aplicações

Henrique Rozenfeld (USP) [email protected] 

Fernando Antonio Forcellini (UFSC) [email protected] José Carlos de Toledo (UFSCar) [email protected] 

Daniel Capaldo Amaral (USP) [email protected] Dário Henrique Alliprandini (UFSCar) [email protected] 

Elaine Paiva Mosconi (USP) [email protected] Cristiano Vasconcellos Ferreira (UFSC/CIMATEC) [email protected] 

Sanderson Barbalho (USP) [email protected] Leonardo Nabaes Romano (UFSC/UFSM) [email protected] 

Roberto Luchini Perez (UFSC) [email protected] Régis Kovacs Scalice (UFSC) [email protected] 

Cíntia Carla Penso (UFSC) [email protected] Franco Antonio Menegatti (UFSC) [email protected] 

Lucas Arend (UFSC) [email protected] 

Resumo

O desenvolvimento de novos produtos vem ganhando destaque como o ponto focal dacompetitividade industrial, implicando no impacto dos custos, qualidade, satisfação dos

clientes e conseqüentemente na vantagem competitiva das organizações. Analisado sob a

ótica de processo de negócio, pode ser representado por meio de um modelo de referência, oqual busca apresentar as atividades, recursos e informações. O processo de desenvolvimento

de produtos pode ser segmentado em níveis de abstração, permitindo uma visão geral oudetalhada, conforme a utilização a ser dada ao modelo de referência. A complexidade e

abrangência do processo de desenvolvimento de produtos resultam em dificuldades de

entendimento e reconhecimento da sua importância na estratégia empresarial, devido principalmente a visões parciais do mesmo. Tais visões, dificultam a integração de atividades

e de profissionais, podendo levar a resultados indesejados e ineficiências no processo. Paraminimizar estas visões parciais, três grupos de pesquisa na área de desenvolvimento de

  produtos, formaram uma comunidade de prática buscando compartilhar conhecimento de

  forma sistemática, criando novos conteúdos, agregando suas experiências, visandoaprendizado e geração de novas competências. Nesse contexto, o presente artigo tem como

objetivo apresentar um modelo de referência para o processo de desenvolvimento de produtos, criado colaborativamente pelos membros da comunidade de prática.

  Palavras chave: modelo de referência, processo de desenvolvimento de produtos,

comunidade de prática.

1. Introdução

A importância do processo de desenvolvimento de produtos (PDP) tem sido enfatizada por muitos autores, principalmente devido ao impacto significativo nos custos, na qualidade, nasatisfação dos clientes e na vantagem competitiva das empresas (DECHAMPS & NAYA,1997). No entanto, existem dificuldades em gerenciá-lo por se tratar de um processoessencialmente criativo e dependente das habilidades e conhecimentos de diferentes áreas e

 por envolver um volume alto e complexo de informações relativas ao mercado, fornecedores, possibilidades tecnológicas e capacidades de produção (COOPER, 2003).

Tais fatos resultam em visões parciais, originadas das dificuldades de entendimento daimportância estratégica e de reconhecimento da abrangência do desenvolvimento de produtos

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(DP) para as empresas. Essas visões parciais apresentam vocabulário e valores próprios,advindos das diversas áreas do conhecimento em que os métodos, ferramentas e conceitos sãocriados. Quando em prática, ou seja, nas atividades do dia-a-dia, acarretam problemas eineficiências no PDP, dificultando a integração entre os profissionais envolvidos nestaatividade. Tal fato, pode ser observado também no campo do ensino e da pesquisa, bem como

nas publicações e em diversos materiais disponíveis na literatura relativa a esse processo, queé tratado de maneira isolada pelas diferentes áreas de conhecimento especializado.

Para minimizar as limitações devido à existência dessas visões parciais, alguns pesquisadoresda área de DP, advindos de três instituições distintas no Brasil, iniciaram um esforço decooperação e juntos criaram uma comunidade de pesquisadores e profissionais de empresas

  preocupados com a gestão do PDP. A configuração dessa cooperação entre os grupos de pesquisa pode ser entendida, segundo Wenger et al. (2002), como uma comunidade de práticaem DP, representada por um grupo de pessoas que compartilham interesses comuns e que se

 juntam para criar novos conhecimentos, a partir da prática e em torno de um tema específico.Essa comunidade de prática em DP, formou-se a partir dos grupos (MOSCONI et al., 2002):

−  NeDIP – EMC/UFSC (Núcleo de Desenvolvimento Integrado de Produtos – Departamentode Engenharia Mecânica - Universidade Federal de Santa Catarina).

− GEPEQ – DEP/UFSCar (Grupo de Estudo e Pesquisa em Qualidade – Departamento deEngenharia de Produção - Universidade Federal de São Carlos) e

− Grupo EI – NUMA-EESC/USP (Grupo de Engenharia Integrada/Núcleo de ManufaturaAvançada - Escola de Engenharia de São Carlos - Universidade de São Paulo).

Para atingir esse objetivo, uma das principais metas estabelecidas foi a criação de modelos dereferência sobre o PDP. Tais modelos descrevem o PDP e servem de referência para empresase profissionais que desenvolvem produtos e auxiliam a implantação de melhorias, ferramentase metodologias. Os modelos de referência oferecem uma visão comum do PDP, nivelando osconhecimentos entre os atores que participam de um projeto de desenvolvimento específico.

Este artigo tem por objetivo mostrar a experiência da criação de um modelo de referênciadentro de um ambiente de uma comunidade de prática, no qual cada instituição temcontribuído com seus conhecimentos e competências específicas, complementando-se deforma a abranger todos os aspectos do PDP. Será apresentada ainda, uma visão abrangente decomo foi estruturado, a definição de sua representação, os resultados e as perspectivas futuras.

A abordagem metodológica deste trabalho consiste numa pesquisa-ação, que, segundoThiollent (1997), é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com umaresolução de um problema coletivo, no qual os pesquisadores e participantes representativosda situação ou problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo, realizandointervenções ao longo do desenvolvimento do trabalho. Sendo assim, no item 2, sãoapresentados conceitos que sustentam a base teórica do trabalho. Em seguida, no item 3,apresenta-se o processo de criação do modelo e uma descrição dos seus principais elementos.O item 4 traz as principais conclusões, comentários dos resultados obtidos e próximos passos.

2. Fundamentação teórica

2.1 O Desenvolvimento de produtos como processo

Entender e definir o DP envolve a mesma dificuldade inerente a qualquer questão relacionadaao estudo das organizações, ou seja, entender a complexidade do sistema organizacional. Uma

organização pode ser entendida como um sistema composto por um conjunto de funções, pessoas e máquinas com intensas, variadas e complexas relações entre si (AMARAL, 1997).

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Hammer & Champy (1994) definem um processo de negócio como um conjunto deatividades, com uma ou mais entradas, e que cria uma saída de valor para o cliente. Vernadat(1996) define processo, como um conjunto de atividades parcialmente ordenadas numaseqüência lógica e executadas para atingir uma determinada finalidade, por meio de umresultado previsto. Um ponto comum a se destacar nestas definições é o caráter 

multifuncional do processo, isto é, um processo de negócio não se restringe a uma unidadefuncional da empresa, pelo contrário, ele cruza diversas áreas de uma empresa (ROZENFELD1996; DAVENPORT 1994; e, mais recentemente, CRUZ, 2003).

Seguindo esta abordagem, o PDP pode ser definido conforme proposto por Clark & Fujimoto(1991), como um processo pelo qual uma organização transforma dados sobre oportunidadesde mercado e possibilidades técnicas em um produto comercial. Mais recentemente, há umatendência forte de incorporar nesta definição atividades relacionadas com aatualização/aprimoramento do produto e toda a sua retirada do mercado e reciclagem, isto é,considerando todas as etapas do ciclo de vida do produto (ROZENFELD et al., 2000).

2.2 Fases do Processo de Desenvolvimento de Produto

O PDP é tipicamente estruturado em várias fases ou etapas, visando facilitar a compreensão eo controle do processo. Uma fase é marcada pela conclusão de um ou um conjunto deresultados importantes do projeto (PMBOK, 2000).

Vários autores apresentam diferentes estruturas de fases para processos de desenvolvimentode produtos. Para citar os mais clássicos, veja Pugh (1978), Clark & Fujimoto (1991),Wheelwright & Clark (1992), Clausing (1998), Baxter, Duchamp & Naya (1997). Há muitasdiferenças entre eles, as quais podem ser explicadas por diversos fatores. Um deles é o tipo de

 produto que está sendo tomado como base (sua tecnologia, complexidade etc.) e o conjunto decaracterísticas das empresas consideradas.

Há autores que expandem ainda mais o escopo do DP, incluindo atividades de planejamentoestratégico no início do processo e atividades de acompanhamento da produção e de retiradado produto do mercado no outro extremo (ROZENFELD et al., 2000).

2.3 Modelos de referência

Um modelo qualquer pode ser definido como "uma representação (com maior ou menor graude abstração) de uma realidade expressa em algum tipo específico de formalismo"(VERNADAT, 1996). Um modelo de empresa é um tipo específico de modelo, formado por um conjunto de modelos que procuram representar as diferentes visões da empresa. ConformeVernadat (1996), "um modelo de empresa é um conjunto consistente e complementar demodelos descrevendo vários aspectos de uma organização e que tem por objetivo auxiliar um

ou mais usuários de uma empresa em algum propósito".Um aspecto interessante a ser notado nesta definição é a idéia de “conjunto” de modelos. Arealidade que um modelo precisa lidar é extremamente complexa, portanto, difícil derepresentar em um único modelo todas os elementos. A solução passa pela construção demodelos que representem aspectos específicos da empresa, cada um comumente denominadode uma “visão” específica da empresa. Assim, tendo-se um conjunto de visões consistentes ecomplementares que representarão a complexa realidade da empresa (AMARAL, 2002).

Há uma distinção comum na área de estudo sobre modelagem de empresa relacionada entreum modelo de referência e um modelo específico, sendo, este último, também chamadosimplesmente de modelo ou modelo de empresa (ver KELLER & TEUFEL, 1998; e

SCHEER, 1998). Um modelo de empresa é denominado específico quando ele descreve o  processo de negócio de uma empresa específica, sendo aplicado apenas nesse contexto.

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Denomina-se modelo de referência aos modelos de aplicação mais ampla e geral. Eles sãoelaborados para serem utilizados por diferentes empresas e/ou diferentes contextos, servindocomo referência para o desenvolvimento de modelos específicos. 

3 O modelo de referência para o PDP

Descreve-se a seguir, a dinâmica para criação do modelo de referência sobre o PDP pelacomunidade de prática PDPNet e também uma descrição geral sobre a estruturação,organização, representação e aplicação do mesmo.

3.1 Atividades de criação do modelo de referência

O modelo do PDP foi uma das primeiras atividades desenvolvidas pela comunidade de práticaem DP. Ele foi iniciado na primeira reunião oficial do projeto, realizada em São Carlos, com a

 participação de 35 pessoas, entre professores e alunos de pós-graduação. A reunião foi abertacom uma apresentação oficial dos grupos, realizada pelos seus coordenadores. Seguida por diversas atividades nos 3 dias de encontro, nos quais os pesquisadores trabalharam 8 horas

 por dia. Foram discutidas as referências principais em DP utilizadas em cada grupo, definiu-se

uma lista inicial de palavras-chave e mecanismos para o compartilhamento de informações. No momento de início da discussão sobre a criação do modelo, portanto, os pesquisadores já possuíam um conhecimento melhor sobre os grupos e pesquisadores envolvidos no projeto ealguns conceitos e termos-chave já haviam se solidificado com o convívio intensivo nos diasanteriores. A discussão sobre o modelo foi iniciada com cada grupo apresentando seuconceito de modelo de referência e apresentando os que já possuíam. No entanto, taldiscussão sobre como seria e o que este modelo envolveria, teve um papel de destaque,tomando cerca de 12 horas e sendo o fechamento oficial dos trabalhos.

Toda esta preparação mostrou-se fundamental, pois, como se comprovou posteriormente, adiscussão sobre o modelo de referência foi a mais desafiadora. Desde o início ficou claro que

cada uma das instituições possuía visões distintas, desde o próprio conceito do que seria ummodelo de referência e qual nível de detalhe que ele deveria atingir, devido especialmente àssuas principais competências e linhas de atuação. Dado o escopo e a quantidade de

  participantes da primeira reunião, tornou-se impossível discutir os detalhes semânticos econceituais que suportavam as diferentes visões. Na ânsia de defini-los e estruturá-los, cadagrupo agiu a seu modo, emergiu um clima de grande discussão na assembléia, dificultando oandar dos trabalhos. Vários conceitos eram discutidos ao mesmo tempo, irrompendoconversas paralelas e discussões circulares. Logo o problema foi identificado e, aos poucos, oobjetivo da reunião foi alterado. Ganhou força a idéia de obtenção de um consenso mínimosobre o modelo, capaz de orientar os trabalhos futuros para o seu detalhamento. O modelo foiseparado em três grandes macro-fases, com início e fim claramente definidos em consenso, asaber: pré-desenvolvimento, desenvolvimento e pós-desenvolvimento.

A primeira descrição de cada macro-fase foi atribuída a grupos de pesquisa específicos, que seencarregaram de desenvolver uma proposta a ser discutida em reuniões presenciais com

 pesquisadores dos outros grupos. O Grupo de EI se encarregou de preparar a proposta inicialdo pré-desenvolvimento. O NeDIP o desenvolvimento e o GEPEQ o pós-desenvolvimento.Os grupos encarregados da revisão recebiam antecipadamente as propostas e realizavam umadiscussão interna entre seus pesquisadores para obter um consenso sobre possíveis alteraçõesna proposta. Representantes de cada grupo revisor, geralmente um time formado pelocoordenador e um ou dois alunos de pós-graduação, participava das reuniões presenciais entreos três grupos, nas quais tais alterações eram debatidas até a obtenção de um consenso. Esta

estratégia foi bastante interessante e benéfica para o projeto. Ela permitiu a discussão profunda de todas as fases do modelo, respeitou as competências naturais de cada grupo de

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 pesquisa e promoveu o compartilhamento de conhecimentos tanto entre os grupos como emcada grupo internamente, que foi a grande surpresa. Diferentemente do que se esperava, taisdiscussões trouxeram grande contribuição para aumentar a união e troca de informações entre

 pesquisadores, em especial professores, dos próprios grupos de pesquisa.

O lado negativo é que a construção do modelo foi árdua e de ritmo mais lento do que previsto.Em certos momentos isso pareceu ser um problema. No entanto, analisando-se após odecorrer do projeto, este aspecto foi considerado positivo, pois era reflexo de uma situação dereal aprendizado dos pesquisadores, que resultou em um modelo muito diferente dos queexistiam em cada um dos grupos, atestando a geração de novos conhecimentos e difusão demelhores práticas sistematizadas durante anos de pesquisas realizadas dentro de cada grupo.

Para a condução das reuniões e discussão foi adotado um formalismo de representação inicial,isto é, uma convenção de como descrever o processo. Partiu-se do princípio que o objetivo

 primeiro seria desenvolver o conteúdo e não a forma do modelo. Portanto, a representaçãoescolhida não seria a definitiva e precisava atender aos seguintes requisitos: facilidade decompreensão por todos os grupos, facilidade de troca e manipulação dos arquivos entre os

grupos, facilidade de leitura e conter somente as dimensões essenciais. Sendo elas, atividades,entradas e saídas, além de métodos e ferramentas. A solução adotada inicialmente representao modelo em planilhas, nas quais as atividades eram dispostas em linhas, na primeira coluna,seguidas pelas entradas, saídas, métodos e ferramentas necessárias para a realização de cadaatividade. Este formato atendeu aos vários requisitos, mas apresentou duas grandesdeficiências. A disposição das atividades em linhas impossibilitava a representação dadimensão tempo, induzindo um pensamento de ordem cronológica e serial entre as atividades.Esta limitação foi fonte de muitas discussões sobre a definição das atividades. O segundoinconveniente foi a dificuldade de representar as diversas ocorrências de uma mesmainformação ou ferramenta nas diversas atividades, gerando inconsistências nas dimensões:entradas, saídas e ferramentas. Embora tais limitações fossem significativas, para o propósitode obtenção de uma versão inicial, ela se mostrou suficiente pois, se trouxe problemas,também priorizou a discussão em torno das atividades e fases. Com isso, esta dimensão foiexaustivamente discutida e definida mais detalhadamente, em um segundo momento.

Paralelamente a este exaustivo trabalho de discussão do modelo de referência principal, osgrupos de pesquisa iniciaram projetos de pesquisa para adaptação do modelo que estava sendoconstruído para aplicações específicas, descritas no tópico 3.4. Em dezembro de 2002, depoisde várias versões de cada uma das macro-fases terem sido geradas, foi obtida uma versãoinicial do modelo contemplando as dimensões atividades e informações de entrada e saídarepresentadas em uma planilha Excel, conforme descrito na Figura 1.

Figura 1: Estrutura do Modelo de Referência

TarefasInformaçõesde Entrada

Métodos eFerramentas

Pré-desenvolvimento

Macro-fases

Desenvolvimento

Explicação do conteúdo

Pós-desenvolvimento

F ase s E ta pa s A tiv id ad esInformaçõesde SaídaTarefas

Informaçõesde Entrada

Métodos eFerramentas

Pré-desenvolvimento

Macro-fases

Desenvolvimento

Explicação do conteúdo

Pós-desenvolvimento

F ase s E ta pa s A tiv id ad esInformaçõesde Saída

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Enquanto discutiam-se alguns aspectos finais do conteúdo desse modelo, foi formado umgrupo de trabalho com representantes dos três grupos para o desenvolvimento de uma formade representação para o modelo. Este grupo partiu de uma proposta de representação criada

 por Romano (2003), um pesquisador do NeDIP para um dos modelos parciais, mostrando aimportância do trabalho paralelo entre modelo geral e as suas aplicações. Atualmente este

grupo trabalha para finalizar a representação do modelo segundo este novo formato, que  permite representar aspectos atualmente negligenciados pela representação em planilhas,como a dimensão tempo, a dimensão revisão de fase e outras que são necessárias para que omodelo de referência auxilie profissionais e pesquisadores interessados na área de DP.

 Nos próximos itens faz-se, respectivamente, uma descrição geral do conteúdo do modelo dereferência e da forma de representação desenvolvidos.

3.2. Descrição do conteúdo e do modelo de referência

 Na visão principal de atividades a Figura 2 representa esquematicamente os níveis de macro-fase, no topo da figura, e fase, no centro e abaixo. Para cada uma das fases descritas no centroda figura foram definidas etapas e atividades.

Figura 2: Visão Geral do Modelo

 Na macro-fase "pré-desenvolvimento" acontece a definição do produto a ser desenvolvido,isto é, a definição do escopo do projeto de desenvolvimento (equipe, resultados, restrições,etc..), avaliação econômica do projeto, avaliações de capacidade e risco do projeto, definiçãode indicadores para monitoramento do projeto e definição de planos de negócio. É o que sedenomina no modelo de fase de Planejamento do Produto. Como se trata de um processo

integrado com a missão e direcionamento estratégico da empresa, esta macro-fase considera a  possibilidade da criação de uma família de produtos. Assim, há uma fase anterior aoPlanejamento do Produto denominada Planejamento Estratégico do Produto. Ela consiste narevisão do Planejamento Estratégico da empresa e seu desdobramento gerando um portifóliode produtos capaz de atingir as metas definidas neste plano. Neste portifólio constarão os

  produtos que precisarão ser desenvolvidos, incluindo uma descrição inicial de suascaracterísticas e a definição acerca do tipo de projeto, por exemplo, é um projeto totalmentenovo, uma atualização ou se é parte de uma família de produtos. No portifólio consta tambéma data na qual se dará início a fase de planejamento de cada um dos produtos.

A macro-fase "Desenvolvimento" comporta um número maior de atividades relacionadascomo projeto de um produto, está dividido em 4 fases, descritas a seguir. Na fase de ProjetoInformacional é feita a aquisição de toda uma gama de informações sobre o tema de projetoem questão e sua posterior interpretação. Os procedimentos de projeto recaem,

Pré-Desenvolvimento Desenvolvimento Pós-Desenvolvimento

XXXXXX

Planejamento

estratégico de

produtos

Planejamento

do produto

Projeto

Informacional

Projeto

Preliminar 

Projeto

Detalhado

Preparação

da Produção

do Produto

Lançamento

do Produto

Planejamento do

Pós-desenvolvimento

Acompanhamento e

melhoria do produto

Retirada do produto

do mercado

Projeto

Conceitual

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  principalmente, no levantamento junto aos clientes, das necessidades e desejos a serematendidos pelo projeto. Estas necessidades são analisadas e então transformadas emespecificações técnicas a serem seguidas pelo projeto. Na fase de Projeto Conceitual com basenas informações obtidas na fase anterior de projeto, é proposto o conceito a ser adotado pelo

 produto. É realizada, uma síntese da estrutura de funções a ser desempenhada pelo produto, a

 busca de princípios de solução para cada uma destas funções, a subseqüente proposição dealternativas de projeto e, finalizando, a seleção daquelas que possuam uma maior concordância com as necessidades do consumidor, levantada na fase anterior. Na fase deProjeto Preliminar, conhecendo-se o conceito e a estrutura funcional do produto pode-sedimensioná-lo, selecionando-se materiais, formas, componentes, processos de fabricação emontagem, etc. Esta fase possui um caráter mais interativo, uma vez que uma única alteração,em um componente, pode levar a diversas outras alterações em outras partes do produto. Aofinal desta fase, os produtos estão totalmente estruturados. No Projeto Detalhado, fase final de

 projeto, a disposição, a forma, as dimensões e as tolerâncias dos componentes são finalmentefixadas, juntamente com a definição e planejamento dos processos de produção. Com todos osrecursos em mãos, realiza-se então o lançamento oficial do produto. Embora a descrição das

fases tenha sido feita de forma seqüencial, elas podem se sobrepor permitindo a realização deatividades de fases distintas em paralelo, tal como na engenharia simultânea.

 Na fase de pós-desenvolvimento ocorre inicialmente um planejamento de como o produtoserá acompanhado e retirado do mercado. Devem-se definir as equipes e recursos necessários

  para as alterações de engenharia, visando correções de potenciais falhas e/ou adição demelhorias requisitadas pelos clientes. Definem-se também metas e índices que indicamquando o produto deverá ser retirado do mercado. Ao final deste planejamento, inicia-se afase de acompanhamento e melhoria do produto, onde estas equipes realizam a manutenção eaprimoramento do produto, com especial atenção para a sistematização de conhecimentos emelhores práticas de projeto que deverão alimentar todos os profissionais envolvidos com o

desenvolvimento. Esta fase dura até o momento que o produto atinge suas metas e a equipeque gerencia o portifólio de produtos decide descontinuá-lo. Inicia-se então a fase de Retiradado Produto do Mercado, onde será realizado o encerramento oficial do projeto e serãotomadas todas as providências relativas ao descarte ambientalmente correto, destinação dosestoques de peças e produtos, auditoria para balanço geral dos conhecimentos adquiridos como produto e arquivamento correto das informações do produto.

Para cada atividade das fases acima relatadas foram descritas informações (de entrada esaída), ferramentas e métodos. No total, o modelo possui 276 atividades, 171 informações deentrada e saída, além de 110 métodos e técnicas utilizados por 12 diferentes unidadesorganizacionais, que não podem ser apresentadas neste artigo por falta de espaço.

3.3 Representação do modelo

A representação do modelo completo será na forma de um livro, contendo um conjunto demodelos, cada um representando uma visão específica do PDP. As visões escolhidas sãorepresentadas na Figura 3 e estão descritas abaixo:

− visão geral: representada no topo da Figura 3, deverá funcionar como um grande sumáriodo modelo, facilitando o usuário na localização dos diferentes aspectos. Ela apresenta umasíntese dos diversos elementos do modelo: macro-fases, fases, atividades, revisões, etc.

− visão por planilha: lista as fases, etapas e atividades na forma de planilhas, sendo umcheck list  bastante útil para comparação do modelo de referências com outros modelosespecíficos e para a utilização do modelo em atividades como planejamento de projetos.

− visão de revisão: apresenta uma lista do que precisa estar pronto ao final de cada fase. Estavisão deverá ser muito útil para quem utiliza o modelo de referência em atividades de

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Figura 4: Visão geral do modelo de referência Fonte: adaptado de Romano (2003).

Devido ao seu caráter referencial, a concepção do modelo privilegiou seu detalhamento

independentemente de condicionantes específicos. Vários modelos específicos deverão estar sendo desenvolvidos deste modelo inicial.

3.4 Aplicação do modelo

Dentro da mesma comunidade de prática que originou este modelo, estão em curso umconjunto significativo de projetos de pesquisa sobre a gestão do DP. Cada um delesrelacionados com atividades e fases específicas desse modelo. Portanto, o modelo está sendoutilizado e, ao mesmo tempo, vem gerando conhecimentos que deverão garantir sua evoluçãocontínua.

  No GEPEQ estão sendo desenvolvidos projetos de pesquisa bem como dissertações de

mestrado, teses de doutorado e trabalhos de conclusão de curso de graduação, que têm como base o modelo de referência aqui apresentado, seja o modelo como um todo ou partes domesmo. Os trabalhos em andamento se agrupam em três categorias:

−  proposição de modelos de referência de apoio à gestão do PDP, envolvendo questões quevão da formulação de estratégias de DP à aprendizagem organizacional pós-projeto. Essestrabalhos consistem essencialmente de pesquisas de campo, levantamento de literaturasobre modelos de DP, e formulação e teste de modelos de referência de suporte ao PDP emempresas particularmente dos setores de autopeças, alimentos, cerâmica de revestimento e

 pequenas empresas de base tecnológica.− desenvolvimento de abordagens e ferramentas focadas em tópicos específicos da gestão

do PDP tais como: - modelos para aplicações de simulação de dinâmica de sistemas comoapoio à tomada de decisões para alocação de recursos em equipes de projetos; - modelo

 para gerenciamento e medição do desempenho do PDP; - modelo para gerenciamento dos

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custos do ciclo de vida do produto durante o PDP; - modelo para integração entre asatividades de P&D e o PDP em ambientes de desenvolvimento em redes de empresas; -modelo contingencial de orientação para definição da estrutura mais adequada para asequipes de projetos de desenvolvimento.

− diagnóstico, análise e proposições para a gestão do PDP em empresas de setores

industriais tais como: autopeças, alimentos, caminhões, cerâmica de revestimento e  pequenas empresas de base tecnológica. Esses trabalhos consistem essencialmente de pesquisas de campo do tipo survey e de estudos de caso onde se busca conhecer e analisar as práticas de PDP das empresas, propor soluções de melhorias e aprender com as mesmas.

 No NeDIP estão sendo desenvolvidos vários trabalhos baseados nos conceitos do modelo dereferência aqui apresentado. Estes trabalhos podem ser divididos em dois grupos, um detrabalhos visando a proposição e implementação de modelos e outro de trabalhos que usam omodelo para o projeto de novos produtos. No primeiro grupo têm-se cinco trabalhos, umtratando do desenvolvimento de um modelo de referência para o DP na área de máquinas

agrícolas (doutorado de Leonardo N. Romano), outro da sistematização das fases de projetono PDP alimentícios (mestrado de Cíntia C. Penso); outro do desenvolvimento de um modelo para o projeto do sistema de manufatura (mestrado de Andréa C. dos Santos); outro tratandoda medição do desempenho do processo de projeto (mestrado de Roberto L. Perez) e(doutorado de Fabiane V. Romano) que visa a elaboração de um modelo de referência para o

 processo de projeto de edificações e utiliza a mesma estrutura de representação e descrição domodelo acima citado. Tais trabalhos têm por objetivos, cada um dentro de seu escopo,apresentar uma visão de todo o processo e de seus subprocessos (descritiva e gráfica - geral edetalhada), definir e descrever cada fase do processo e suas atividades, suas finalidades,características principais; apresentar as áreas envolvidas em cada fase do processo; definir oseventos que marcam o início e o fim das fases e das atividades; definir as informações de

entrada e saída de cada fase e de suas atividades, os seus fornecedores e usuários; e descrever as atividades executadas em cada fase, os principais procedimentos (métodos), ferramentas edocumentos a serem utilizados. No outro grupo de trabalhos que utilizam o modelo, tem-se o

 projeto de dois diferentes dispositivos para a agricultura de precisão, um equipamento para o  beneficiamento e classificação de bulbos de alho e o desenvolvimento de um sistema paralavação e classificação de ostras.

  No Grupo de Engenharia Integrada esse modelo de referência vem sendo empregado principalmente em três grandes projetos de pesquisa. O primeiro trata do desenvolvimento deum modelo de referência específico para pequenas empresas do setor de produtosmecatrônicos. Eles estão sendo construídos com base no modelo geral aqui apresentado e

estudos de casos profundos que estão sendo realizados com várias pequenas empresas da áreade automação e alta tecnologia. Os modelos de referência gerados pelo grupo e pelacomunidade servem de base para o desenvolvimento de uma nova proposta de ensino de DP,denominada cenários de integração. Nela, o PDP é ensinado por meio de uma estória querelata o desenvolvimento de um produto fictício, em uma fábrica modelo também fictícia. Osalunos assumem o papel de personagens dessa fábrica e podem “vivenciar” a aplicação dasdiversas ferramentas e metodologias para DP. Esta proposta vem sendo desenvolvida há anos

 pelo grupo e atualmente está em curso um projeto para a criação de um cenário multimídia,isto é, um curso de PDP multimídia que emprega conceitos de cenário de integração e deraciocínio baseado em casos, que é o segundo projeto. Os modelos de referência sãoelementos essenciais para a criação destes cenários e a realização de tais cursos. Por fim, o

grupo vem desenvolvendo um conjunto de trabalhos que visam a criação de uma metodologia para diagnóstico e implantação de sistemas computacionais para a gestão do DP, no qual, o

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modelo de referência geral tem um papel fundamental nas áreas de diagnóstico e desenho desoluções e arquiteturas de software.

4. Conclusões, comentários finais e próximos passos

A experiência de construir um modelo de referência, dentro de um ambiente de uma

comunidade de prática, tem sido extremamente valiosa para os vários grupos de pesquisa participantes desse trabalho. Além da melhoria na dinâmica de aprendizado e interação inter eintra grupo, a qual ficou evidente no decorrer do texto, há implicações, em diferentes esferas.

O primeiro conjunto de implicações está ligado ao aspecto do potencial do uso dos modelosde processo como instrumentos para a obtenção de uma abordagem multidisciplinar do PDP.A criação do modelo tem permitido que pesquisadores especializados em fases e atividadesdistintas do processo possam trabalhar de maneira conjunta para criação de uma abordagemintegrada, mais completa e interdisciplinar do DP. O modelo final e o próprio processo dediscussão e negociação necessárias para a construção, auxiliaram no estabelecimento de umalinguagem comum, que tem facilitado a interação entre os pesquisadores de diferentes áreas.Além disso, o modelo gerado, ao ser empregado em diferentes pesquisas, facilita a integraçãodos resultados e a avaliação da importância e papel desses resultados no contexto do PDP. A

  participação de profissionais de empresa na comunidade sugere, como hipótese a ser verificada, que esta mesma contribuição seria reprodutível em um ambiente empresarial oudentro de um contexto de interação universidade-empresa. Nesse sentido o modelo poderiaservir de elo integrador entre pesquisadores e profissionais, orientando-os respectivamente nodesenvolvimento de pesquisas e na aplicação de seus resultados.

A segunda esfera de contribuição desse trabalho é a demonstração do papel potencial que osmodelos de processo podem assumir quanto à construção de comunidades de prática. Sendo oPDP um processo altamente criativo e que utiliza conhecimentos de maneira intensiva, muitasempresas hoje estão preocupadas em fomentar comunidades de prática que suportem o DP.

Esta experiência mostra claramente que os modelos de processo são uma forma importante defomentar uma comunidade de prática na área de DP. Primeiro pelo simples fato do modelo ser um importante objetivo comum, incentivando os membros da comunidade a estabeleceremum mínimo de contatos e compartilhamento de conhecimentos, imprescindíveis para gerar orelacionamento e a colaboração futuros. Porém, destaca-se que o modelo do processo tornou-se um objetivo comum especialmente apropriado. Além do contato, ele foi capaz de fazer comque os pesquisadores discutissem os diversos aspectos do PDP de maneira disciplinada e comum resultado final de síntese: o próprio modelo. Atualmente, o ele tem sido o maior agregador de conteúdo e conhecimentos na comunidade de prática, pois está agregando conhecimentosde membros em várias atividades do PDP, desde as atividades de definições estratégicas daempresa e seguindo até o planejamento de aspectos relacionados à descontinuidade da

 produção do produto desenvolvido e sua retirada do mercado.

A terceira esfera de contribuições se dá no potencial do modelo de referência em termos desua aplicação para a solução de problemas práticos e de pesquisa. Somente no ambiente dessacomunidade, o artigo apresentou projetos que fazem diferentes usos do modelo de referência.Desde a aplicação mais clássica, como referência para o DP, até como meio de ensino,diagnóstico na área de DP, desenvolvimento de metodologias de implantação de sistemas etc.

Futuramente, deverá ser criada uma comissão extra-grupos, a qual se encarregará damanutenção e controle de alterações do modelo. Espera-se obter um modelo de referênciasobre o PDP que possa ser independente de instituições/empresas e que reúna a experiência

dos maiores especialistas, pesquisadores e profissionais das diversas áreas relacionadas noBrasil. Esta seria a base para a criação de um corpo de conhecimentos e vocabulário comumna área de DP, livre de visões parciais ou abordagens específicas de grupos de pesquisa ou

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empresa, a espelho do que algumas instituições vêm fazendo, por exemplo, o  Project 

Management Institute na área de gestão de projetos. Espera-se também dar continuidade naaplicação do modelo nas diferentes esferas do DP: ensino, pesquisa e atuação profissional.

5. Agradecimentos

Este trabalho só foi possível graças ao financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento dePessoal de Nível Superior (CAPES), ao apoio Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado deSão Paulo (FAPESP) na forma de bolsas de pesquisa, ao Instituto Fábrica do Milênio (IFM) ea todos os pesquisadores e profissionais de empresa que participam da comunidade ecompartilham seus conhecimentos no portal PDPNet.

Destaca-se um agradecimento especial às equipes dos grupos de pesquisa envolvidosdiretamente com a criação do modelo (NeDIP/UFSC, GEPEQ/UFSCar e EI-NUMA/USP),cujas contribuições foram imprescindíveis para a criação do modelo e seu conteúdo.

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