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UNIVERSIDADE TUIUTi DO PARANA PRO-REITORIA DE PESQUISA POS-GRADUAC;AO E EXTENSAo FACULDADE DE CIENCIAS BIOLOGICAS E DE SAUDE CURSOS DE ESPECIALlZAC;AO Lata Sensu ESPECIALlZAC;AO EM VIGILANCIA SANITARIA DE ALiMENTOS ROTULAGEM DE ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS TATIANA CARSTENS Jose Mauricio Franya Curitiba, 2006.

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UNIVERSIDADE TUIUTi DO PARANA

PRO-REITORIA DE PESQUISA POS-GRADUAC;AO E EXTENSAo

FACULDADE DE CIENCIAS BIOLOGICAS E DE SAUDE

CURSOS DE ESPECIALlZAC;AO Lata Sensu

ESPECIALlZAC;AO EM VIGILANCIA SANITARIA DE ALiMENTOS

ROTULAGEM DE ORGANISMOS

GENETICAMENTE MODIFICADOS

TATIANA CARSTENS

Jose Mauricio Franya

Curitiba, 2006.

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ROTULAGEM DE ORGANISMOS

GENETICAMENTE MODIFICADOS

Curitiba, 2006.

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Tatiana Carstens

ROTULAGEM DE ORGANISMOS

GENETICAMENTE MODIFICADOS

Monografia apresentada como requisito

parcial para obtencao do Iftula de

Especialista em Vigilancia Sanitaria de Alimentos

pela Universidade Tuiuti do Parana.

Orientador: Prof.° Jose Mauricio Fran9a

Curitiba

2006

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AGRADECIMENTOS

Agradego a todas as pessoas que realmente colaboraram para a realizagao

deste trabalho, como meus pais, Gilberta e Terezinha; minhas amigas, em especial a

Tamy e a Patricia; ao Luis Carlos Pereira, peto apoio e oportunidade e aos meus tias

Severino, Sonia e Tereza pelo acolhimento.

AgradeC;D ao meu orientador, Jose Mauricio FranC;8, pel a dedicac;:ao, exemplo

de profissionalismo e a oportunidade.

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SUMARIO

INTRODUc;:Ao ..

1. ENQUADRAMENTO LEGAL..

1.1 Constitui91io Federal..

1.2 C6digo de Defesa do Consumidor..

1.3 Lei No. 11.105, de 24 de marI'o de 2005 ..

1.4 Decreto No. 4.680, de 24 de abril de 2003 ..

1.5 Portaria No. 2658, de 22 de dezembro de 2003 ..

1.5.1 Ambito de Aplica91io e Objetivos ..

1.5.2 Defini90es ..

1.5.3 Apresenta91io do Simbolo ..

1.6 Instru9<30 Normativa No. 01, de 10 de abrH de 2004 ..

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1.7 Regulamento Tecnico sobre Rotulagem de Alimentos e 14Ingredientes Alimentares que Contenham ou sejam Produzidos a partirde Organismos Geneticamente Modificados (OGM"s) ..

2. PROTOCOLO DE CARTAGENA..

3. Codex Alimentarius ..

4. POR QUE ROTULAR? ..

5. 0 QUE E NECEssARIO ALEM DE ROTULAR..

CONCLusAo ..

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ..

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RESUMO

Urn dos instrumentos para a controle da introduy8:o e comercializ898:o de

OGM"s (Organismos Geneticamente Modificados) no mercado consumidor e a

utilizag8a de ratulagem nas alimentas. A aferta e apresentag8a de produtas au

serviyos devem assegurar informac;;6es corretas, claras, precisas, ostensivas e em

lingua portuguesa sabre suas caracterfsticas, qualidades, quanti dade, composig8o,

pre90, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dadas, bern como sabre

os riseas que apresentam a saude e seguran!,;a dos consumidores. Nao basta que 0

simples cidadao seja informado que 0 prod uta adquirido passui OGM' 5 em sua

composic;;ao au nao, e preciso que haja conhecimento e capacidade de

discernimento sobre a materia. Este trabalho visa mostrar que 0 rotulo e apenas uma

forma de permitir 0 consumo consciente do cidadao, mas e fundamental 0

esclarecimento sobre a seguranc;a do produto consumido, que antecede a etapa da

rotulagem e comercializayao,

Palavras-chave: OGM's (Organismos Geneticamente Modificados), informac;oes,

r6tul0.

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ABSTRACT

One of the instruments for the control of the introduction and

commercialization of GMO's (Genetically Modified Organisms) into the market is the

use of food labeling. The offer and presentation of products or services must assure

the correct, clear, necessary and ostensive information in Portuguese language on its

characteristics, qualities, amount, composition, price, guarantee, period of validity

and origin, among others data, as well as on the risks that it may present to the

health and safety of consumers. It is not enough that the common citizen is informed

that the acquired product has the presence of GMO's in its composition or not.

Indeed, it is necessary that they have the knowledge and capacity of discemment on

the safety of the product at all. This work aims to show that the label is only one of

the ways to allow the conscientious consumption of the citizen, but it is also important

to give science-based information on the safety of the consumed product, that

precedes the stage of labeling and putting the product on the shelves.

Key words: GMO's (Genetically Modified Organisms), information, label.

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INTRODU<;:AO

Oependendo da re9;o30 do mundo, as pessoas tern diferentes formas de

enearar as alimentos. Alem da questao relativB aos valores nutricionais, 05 alimentos

muitas vezes tern conotac;ao cultural e hist6rica e, em alguns casas, podem ter

imporlancia religiosa. A modificac;iio de alimentos e da produc;iio de alimenlos por

meio da teenalogia pode causar reac;oes negativas entre as consumidores,

especial mente S8 naD houller informa90es suficientes sabre as 8sfon;os reaiizados

para avaliar os risCQs envolvidos e sua rela~o custo-beneficia (WHO, 2002).

A medlda que a discussao sobre as quest6es de comercio internacional

relacionadas a biotecnologia S8 intensifica, observa-s8 a crescente necessidade de

S8 distinguir alimentos geneticamente modificados daque/es que naD foram

geneticamente modificados pela lecnologia do DNA recombinante (8 imporlante

ressaltar a procedimento, pais outras tecnologias tambem desenvolvem OGM' s que

sao usados na alimenta9ao, tais como a indu<;ao de muta9ilo par irradia9aO). Em

varies paises, a leglslayao para a rotulagem de alimentos estabelece limites

permisslveis de OGM's, as chamados "threshold levels" Assim, alimentos que

contem ingredientes geneticamente modificados em nlveis acima do permitido

devem ser rOlulados como "geneticamente modificados" (ERICKSON, 2000).

A questao da rotulagem e urn direito a informa~o, uma vez que e dada ao

consumidor a interac;ao interpretativa atraves da livre iniciativa sobre 0 que consumir.

A rotulagem dos alimentos derivados da biotecnologia moderna vern sendo discutida

em feruns nacionais e internacionais (LlNS, 2003).

A forma como as governos regulamentam as alimentos geneticamente

modificados (GM) varia. Em alguns paises os alimentos GM ainda nao estao

regulamentados. Os paises com uma legislayao neste sentido enfocam

principal mente a avalia980 de risco para a saude do consumidor. Os paises que tern

disposi¢es sobre alimenlos GM geralmenle regulamentam lamb8m os OGM· s em

geral, levando em considerayao os riscos ambientais, bern como assuntos

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relacionados ao controle e a comercializa9ao (como possiveis normas para analises

e rotular;ao). Em vista das dinamicas dos debates acerca de alimentos GM, eprovavel que a legislaryao continue progredindo (Organizaryao Mundial de Saude,

2002)

No Brasil a rotulagem de alimentos e regulamentada pelo Ministerio da

Saude, Ministerio da Agricultura e Ministerio da Justic;:ae Desenvolvimento (atraves

do INMETRO). Em ambito mundial as normas de rotulagem estao a cargo do Codex

Alimentarius.

A rotulagem dcs alirnentos esta prevista no C6digo de Oefesa do Consumidor

(lei n° 8.078, de 11/09/90 _ art. 6°, 111e art. 8°). Trata-se de uma norma para garantir

ao cidadao a informayao sabre urn produta, permitindo-Ihe a direita de escolha. AIE~rn

disso, ela possibilita a rastreabilidade, pais, em casas de efeitos na saude humana,

os produtos rotulados seriam facilmente identificados e recolhidos (NODARI E

GUERRA, 2001).

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1. ENQUADRAMENTO LEGAL

1.1 Constituil'iio Federal

Segundo a Constituigao Federal, de 1988, no capitulo I, dos direitos e deveres

individuals e coletivos:

Art. 5° Todos sao iguais perante a lei, sem distinr;80 de qualquer natureza,

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pais a inviolabilidade

do direito a vida, a liberdade, a igualdade, a seguranc;a e a propriedade, nos term as

seguintes:

XIV - e assegurado a todos 0 acessa a informag8o e resguardado 0 sigilo da

fonte, quando necessaria ao exercicio profissional;

XXXIII - todos tem direito a receber dos 6rgiios publicos informal'oes de seu

interesse particular, au de interesse ecletivo au geral, que serao prestados no prazo

da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo 5igllo seja

imprescindivel a seguram;a da sociedade e do Estado.

1.2 C6digo de defesa do consumidor

Art. 6° Sao direitos basicos do consumidor

III - a informac;:ao adequada e clara sabre as diferentes produtos e servic;:os,

com especificac;ao correta de quanti dade, caracteristicas, composic;:ao, qualidade e

prec;:o, bern como sobre os riscos que apresentem;

Art. 8° as produtos e servic;:os colocados no mercado de consumo nao

acarretarao riscos a saude au seguranc;:a dos consumidores, exceto os considerados

normais e previsiveis em decorrencia de sua natureza e fruic;:ao, obrigando-se os

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fornecedores, em qualquer hip6tese, a dar as informac;:6es necessarias e adequadas

a seu (espeito;

Art. 31. A oferta e apresenta9~iO de produtos au servic;:os devem assegurar

informac;:6es corretas, daras, precisas, ostensivas e em lingua portuguesa sabre

suas caracterlsticas, qualidades, quanti dade, composiyao, prec;:o, garantia, prazos de

validade e origem, entre Qutros dadas, bem como sabre as riscos que apresentam asaude e seguranc;:a dos consumidores.

1.3 Lei 11.105, de 24 de marI'o de 2005.

Art. 40. Os alimentos e ingredientes alimentares destinados ao consumo

humano au animal que contenham ou sejam produzidos a partir de OGM ouderivados deverao conter informayao nesse sentido em seus (otulos, con forme

regulamento.

1.4 Decreto 4.680, de 24 de abril de 2003.

Art. 10 Este Decreto regulamenta a direito a informa98o, assegurado pela Lei

nO 8.078, de 11 de setembro de 1990, quanto aos alimentos e ingredientes

allmentares destinados ao consumo humane au animal que contenham ou sejam

produzidos a partir de organismas geneticamente rnodificados, sem preju[zo do

cumprimento das demais norm as aplicaveis.

Art.2° Na comercializa~ao de alimentos e ingredientes alimentares destinados

ao consumo humano au animal que contenham au sejarn produzidos a partir de

organismos geneticamente modificados, com presen~ acima do limite de urn par

cento (1 %) do produto, a consumidor devera ser infarmado da natureza transgenica

desse produto.

S 1° Tanto nos produtos embalados como nos vendidos a granel au in natura,a r6tulo da embalagem ou do recipiente em que estao contidos devera constar, em

destaque, no painel principal e em conjunto com a simbolo a ser definido mediante

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ata do Ministerio da Justica, uma das seguintes express6es, dependendo do casa:

"(nome do produto) transgenico", "confem (nome do ingrediente ou ingredientes}

transgenico(s)" au ·produto produzido a partir de (nome do produto) transgenico".

S 2° 0 consumidor devera ser informado sabre a especie doadora do gene no

local reservado para a identificayao de ingredientes.

Art. 3° Os alimentos e ingredientes produzidos a partir de animals alimentados

com racyao contendo ingredientes transgenicos deverao trazer no painel principal, em

tamanho e destaque previstos no art. 2°, a seguinte expressao: "(nome do animal)

alimentado com racao contendo ingredientes transgenico" au "(nome do ingrediente)

produzido a partir de animal alimentado com rac;ao contendo ingrediente

transgenicoN•

Art. 4° Aos aljmentos e ingredjentes alimentares que nao contenham nem

seiam produzidos a partir de organismos geneticamente modificados sera facultada

a rotulagem "(nome do produto au ingrediente) livre de transgenicos", desde que

ten ham similares transgenicos no mercado brasileiro.

1.5 Porta ria N' 2.658, de 22 de dezembro de 2003.

1.5.1 Ambito de aplicac;iio e objetivos:

"( ... ) e tern 0 objetivo de definir a forma e as dimens6es minimas do sfmbolo

que campara a rotulagem tanto das aljmentos e ingredientes a/jmentares destinados

ao consuma humano ou animal embaladas como nos vendidos a granel OU in natura,que contenham ou sejam produzidos a partir de organismos geneticamente

modificados, ( ... )"

1.5.2. Defini~6es:

• Simbalo transgenico: e a denominatyaa abreviada do simbolo objeto do presente

regulamento tecnico.

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• Rotulagem: e toda inscric;Ao, legenda, imagem ou toda materia descritiva OU

grafica que seja eserita, impressa, estampada, gravada, gravada em rei eva ou

litografada ou colada sabre a embalagem.

• Painel principal: area visivel em condi~6es u5uais de exposigao, ande estao

escritas em sua forma mais relevante a denominayao de venda, a marca e/ou

logotipo, S8 houver.

1.5.3. Apresentac;ao do simboio:

1.5.3.1 0 simbolo tera a seguinte apresentayao grafica, nos r6tulos a serem

impressos em policromia:

1.5.3.2 0 s[mbolo tera a seguinte apresentac;ao grafica, nos r6tulos a serem

impressos em preto e branco:

o simbolo devera canstar no painel principal, em destaque e em contraste de

cores que assegure a correta visibilidade. 0 triangulo sera eqOilatero. 0 padrao

cromatico do simbolo transgemico, na impressao em policromia, conforme

apresentado no item 1.3.5.1, deve obedecer as seguintes propon;oes:

• Bordas do fundo do triangulo e letra T: 100% preto.

• Fundo interno do triangulo: 100% amarelo.

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A tipologia utilizada para grafia da letra T devera ser baseada na familia de tipos

"Frutiger', bold (negrito), em caixa alta, conforme apresentada no item 1.3.5.1.

A area a ser ocupada pelo simbolo transgenico deve apresentar, no minima,

0.4% (zero virgula quatro par cento) da area do painel principal, nao podendo ser

inferior a 10,82531 mm' (ou triangulo com laterais equivalentes a cinco mm).

o simboio transgenico devera ser empregado mantendo-se, em toda a sua volta,

uma area livre equivalente a, no minima, a area da circunferfmcia que Gircunscreve a

tri~lngulo, passando pelos tres vertices e com centro no circuncentro.

1.6 Instru~ao Normativa N° 1, de 1° de abril de 2004.

Art. 10 Ficam definidos as procedimentos complementares para aplic8cyao do

Decreta nO 4.680, de 24 de abril de 2003, que disp6e sabre 0 direito it informa9ao,

assegurado pela Lei nO8.078, de 11 de setembro de 1990, quanto aos alimentos e

ingredientes alimentares, destinados ao consumo humane ou animal, que

contenham ou sejam produzidos a partir de Organismos Geneticamente

Modificados, na forma do Regulamento Tecnico.

Art. 2° A fiscalizacao do cumprimento do Regulamento Tecnico que trata 0 art.

1° sera exercida pel a Agencia Nacional de Vigilancia Sanitaria - ANVISA, pelo

Ministerio da Agricultura, Pecuaria e Abastecimento, pelo Ministerio da Justic;a e

demais autoridades estaduais e municipais, no ambito de suas respectivas

competencias.

Paragrafo unico. Os 6rga05 identificados no caput prestarao reciproca para a

consecw;ao dos objetivos definidos nesta Instrucao Normativa.

1.7 Regulamento Tecnico sobre Rotulagem de Alimentos e Ingredientes Alimentares

que Contenham ou sejam Produzidos a partir de Organismos Geneticamente

Modificados (OGM's).

1. Ambito de aplicac;ao:

1.1 Este regulamento se aplica a comercializaty8.o de ali mentes e ingredientes

alimentares destinados ao consumo humane au animal, embalados au a grane!

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au in natura, que contenham au sejam produzidos a partir de Organismos

Geneticamente Modificados - OGM, com presen98 aeirna do limite de urn por

cento do produto;

1.1.1 A verifical'ao do limite do OGM no prod uta sera efetuada com base na

quantifica,ao do Acido Desoxirribonucleico - ADN inserido au da proteina

resultante da modifica.yao genetica, por metodos de amostragem e de analise

reconhecidos pelos orgaos competentes.

2. Definil'oes:

2,1 Produto a granel: alimento au ingrediente alimentar exposto a venda diretamente

ao consumidor sem qualquer embalagem, limitado unicamente pelo compartimento

que 0 contem;

2.2 Embalagem: recipiente, pacele ou envolt6rio destinado a garantir a conserva~o

e faeilitar 0 transporte e manuseio dos alimentas au ingredientes alimentares,

quando expostos diretamente ao consumidor;

2.3 Ingrediente ali men tar: toda substancia, incluindo os aditivos alimentares, que se

emprega na fabricayao ou no prepare de alimentos e que esteja presente no preduto

final em sua forma original ou modificada;

2.4 R6tulo: toda inscric;ao, legend a, imagem, au outra materia descritiva au grafica

que esteja escrita, impressa estampada, gravada, gravada em relevo ou litografada,

ou ainda colada sabre a embalagem do alimenta ou ingrediente alimentar.

2.5 Expositor: cartaz, anuncio mantado para ser colocado em balc6es ou mostruario

que se destina a cumprir 0 dever de informacao do fornecedor, na oferta de produtos

para 0 consumidor;

2.6 Organismo geneticamente modificado: organismo cujo material genetico

(ADN/ARN) tenha sido modificado par qualquer tecnica de engenharia genetica.

3. Dos requisitos e das informa90es:

3.1 Das informa90es que devem constar no rotulo de alimentos ou ingredientes

alimentares pre-embalados:

3.1.2 Devera ser informado, no ratulo, 0 nome cientifico da especie doadora do gene

responsavel pel a modifica9ao expressa do OGM, sendo facultativo a acrescimo do

nome comum quando inequivoco. A informay<3o devera ser feita da seguinte forma:

a) apos 0(5) nome(s) dorsi ingrediente(s);

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b) no paine1 principal au nos demais paineis quando produto de ingrediente

unico;

3.2 Das informar;oes que devem canstar do expositor dos alimentos e ingredientes

alimentares a grane!:

3.2.1 Os alimentos e os ingredientes alimentares, destinados ao consumo humano

au animal, que contenham au sejam produzidos a partir de OGM com presenr;a

superior ao limite de urn par cento do produto ofertados a granel ao consumidor,

deverao indicar no expositor au no local imediatamente a ele contiguD, de forma

permanente e visivel, em caracteres de tamanho suficiente para ser facilmente

/egfvel e identificado, e em conjunto com 0 sfmbolo definido pela Porta ria nO 2.658,

de 2003, do Ministro de Estado da Justic;a, uma das seguintes express6es,

dependendo do caso: "(nome do produto) transgenico", "contsm (nome(s) do(s)

ingredientes(s) transgenico(s)", ou "produto produzido a partir de (nome do produto)

transgemico";

3.2.2 Devera ser informado no expositor ou no local imediatamente a ele contiguo,

de forma permanente e visivel, em caracteres de tamanho suficiente para ser

facilmente legiveJ e identificado, 0 nome cientifico da especie doadora do gene

responsavel pela modificayao expressa no OGM, sendo facultativo 0 acrescimo do

nome comum quando inequivoco;

3.3 As informa~6es de que tratam os subitens 3.1.1(citado no S 1° , art. 2°, do

Decreto n° 4.680, citado anteriormente), 3.2.1 e 6.1 devem constar do documento

fiscal que acompanha 0 produto ou 0 ingrediente aiimentar nas etapas da cadeia

produtiva.

4. Da Comprova~ao documental:

4.1 A comprovB98o documental da presenya ou ausencia de OGM, mediante

documentos fiscais que acompanham 0 alimento ou ingrediente alimentar em todas

as eta pas da cadeia produtiva, devera atender a requisitos e procedimentos

estabelecidos pelo Ministerio da Agricultura, Pecuaria e Abastecimento e pela

ANVISA, no ambito de suas competencias.

5. Dos requisites e informar;6es para retulagem de alimentos e ingredientes

alimentares que nao contenham nem sejam produz;dos a partir de OGM:

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5.1 Aos alimentos e ingredientes alimentares que nao contenham nem sejam

produzidos a partir de OGM e facultada a declara,iio no r61ulo da expressiio "livre de

transgenicosn, desde que atendam aos seguintes requisitos:

a) existarn similares transgenicos no mercado brasileiro;

b) seja comprovada a ausencia de transgenicos no produto au ingrediente

alimentar, mediante documento de certifica9c3o reconhecido pelos 6rga05

oficiais competentes;

5.2 Alem do cumprimento dos requisitos do item anterior, 0 fornecedor do produto ou

ingrediente alimentar, devera, em casa de fiscaliza9ao, comprovar a ausencia de

ADN, proteina, au Qutras substancias resultantes da modificat;ao genetica, conforme

metodos de amostragem e analise laboratorial reconhecidos pelos orgaos

competentes.

6. Disposi,6es relacionadas a Lei 10.688, 13 de junho de 2003:

6.1 Os r6tulos dos alimentos e ingredientes alimentares que contenham ou tenham

sido produzidos a partir da soja comercializada nos termos da Lei nO10.688, deverao

apresentar a seguinte expressao: "pode conter soja transgEmica" ou "pode canter

ingrediente produzido a partir de soja transgenica"

6.1.1 A informagao de que frata 0 subitem 6.1 podera ser inserida por meio de

etiqueta complementar ou qualquer outra forma de impressao, em local de facil

visualizagao, sem prejuizo das demais informayoes exigidas pela legislagao;

6.1.2 Ficam dispensados da exigencia do subitem 6.1 os alimentos ou ingredientes

alimentares produzidos a partir de soja originaria de area ou regiao nas quais

comprovadamente nao se verificou a presenga de soja geneticamente modificada,

assim declarado em porta ria do Ministerio da Agricultura, Pecuaria e Abastecimento.

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2. PROTOCOLO DE CARTAGENA

Art. 18° ManipuJa~o, Transporte, EmbaJagem e Identifica~iio:

1. A fim de evitar as efeitos adversos na conserv89ao e no usa sustentavel da

diversidade biologica, levando tambem em conta as fi5COS para a saude

humana, cada Parte tomara as medidas necessarias para exigir que todos as

organismos vivos modificados objetos de urn movimento transfronteirigo

intencional no ambito do presente Protocolo sejam manipulados, embalados e

transportados sob condi<;6es de seguranc;a, levando em considerag8o as

regras e normas intencionais relevantes.

2. Cada Parte tamara medidas para exigir que a documentag8o que acompanhe:

a) as organismos vivos modificados destinados ao usa direto com 0

alimentos humano ou animal ou ao beneficiamento identifique

claramente que esses upodem canter" organismos vivos modificados e

que nao estao destinados a introdw;:,ao intencional no meio ambiente,

bern como urn ponto de cantato para maiores informayoes. A

conferencia das Partes atuando na qualidade de reuniao das Partes do

presente Protocolo tamara uma decisao sabre as exigencias

detalhadas para essa finalidade, inclusive especificayaa sabre sua

identidade e qualquer identificador unico, no mais tardar dais anas

ap6s a entrada em vigor do Presente Protocolo;

b) as organismos vivos modificados (OVM's) destinados ao usa em

contenC;80, as identifique clara mente como organismos vivos

modificados; e especifique todas as regras de seguranc;a para a

manipulayao, armazenamento, transporte e uso desses organismos, e

o ponto de contato para maiores informagoes, incluindo 0 nome e

endere90 do individuo e da instituigao para os quais os organismos

vivos modificados estao consign ados; e

c) as organismos vivos modificados que sejarn destinados it introdu9ao

intencionaJ no meio ambiente da Parte importadora e quaisquer outros

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organismos vivos modificados no ambito do Protocol0, as identifique

c!aramente como organismos vivos modlficados; especifique sua

identidade e seus trayos e/au caracteristicas relevantes, todas as

regras de seguranC;8 para sua manipulac;:ao, armazenamento,

transporte e usa; e indique 0 ponto de contato para maiores

informa90es e, conforme 0 caso, 0 nome e endereyo do importador e

do exportador; e que contenha uma deciarac;:ao de que a movimento

esteja em conformidade com as exig€mciasdo presente Protocolo

aplicc3veis ao exportador.

3. A Conferencia das Partes atuando na qualidade de reuniao das Partes do

presente Protocol0 considerara a necessidade de elaborar norm as para as

praticas de identific8C;8IO, manipulayao, embalagem e transporte, e as

modalidades dessa elaboragao, em consulta com outros orgaos internacionais

relevantes.

Segundo ODA (2005), a identifica<;:ao de urn produto e 0 mecanisme que permite

a sua nomina9c3.o comercial e eleiyao pelo consumidor do produto, que devera ter

side previamente avaliado quanto a sua efetiva seguranya. Portanto, a avaliayc3.o de

seguranya antecede 0 processo de comercializa9ao. Por outro lado, os criterios de

rotulagem de urn produto contendo OVM a ser comercializado como alimento ou

ra9Bo no comardo interno de urn pais, a prerrogativa soberana de cada pais, bern

como os eriterios de aeeitabilidade e niveis de taleraneia da presenc;a do OVM no

produto eonveneional a ser utilizado como alimento ou raC;80 animal. Tratando-se,

portanto, de atendimento ao escapa do Protoeolo de Cartagena, que se resume a

oferecer garantias de seguranc;a do OVM em movimento transfronteiric;o, 0

consumidor primario na relayc30 de eonsumo entre paises sera 0 agente importador.

Para ele, por exemplo, uma soja que upode conter" um DVM, signifiea que se ela

tiver mesmo aquele OVM, com a caracteristica genetica especffica ela deve ser

igualmente segura aquela que comprovadamente tern 0 OVM em questao quando

indicado em seu rotulo, partanto, a seguranga a ser demonstrada e a mesma, tanto

no identificado como "pode canter" como no identificado como "eontsm" Sob a ponto

de vista da seguran98, que a escopo do protocolo ambos os produtos, tanto 0

identificado como "pode conter" como 0 identificado com a rctul0 "contem" 0 OVM

devem ter os mesmos niveis de segurany8. Entretanto, sob 0 ponto de vista do

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comercio, aquele identificado como Ucontem" devera ser produzido obrigatoriamente

fora do sistema de "commodities" jff que devera contemplar lodos as requisitos de

produtos diferenciado, sob 0 aspecto da identificacyao precisa e certificada da

presenr;:8 au ausencia do OVM em questao.

o Protocol a de Cartagena prey§: mecanismos de identificayao do prod uta que

contenha DVM alraves de oulros disposilivQs, alem do rotulo, lais como Q "Clearing

House Mechanism" e as informayoes que devem ser oferecidas pelo ponto focal

daquele pais sabre a seguranr;:a dos produtos que contenham OVM ja aprovados

pela autoridade responsavel pela Biossegurang8, bern como as especificagoes das

construgoes geneticas aprovadas e as criterios de seguranc;a utilizados.

o Protocol0 de BiosseguranQa preve ainda 0 Acordo Previo Informado (Advanced

Informed Agreement), como instrumento necessario para 0 primeiro movimento

transfronteiric;o de um OVM espedfico, onde devem canslar lodas as informagoes

relativas aquela constrw;;ao genetica e os procedimentos e resultados da avaliac;.ao

de seguranca daquele produto. Portanlo, esle mecanisma se conslilui no principal

veiculo de informagao sobre 0 produto para 0 importador no movimento

transfronteiri~odo OVM em questao e nao apenas a rotulagem do produto

importado.

Propostas para 0 Tratamento do Artigo 18, 2 (a) do Protocolo de Cartagena.

Considerando que:

1 - 0 OVM a ser rotulado sera usado como alimento ou ragao e nao para a

introdugao intencional no meio ambiente;

2 - Os OVM' s em movimento transfronteirigo atualmente em sua maiaria usados

como alimento ou rayao sao as qualro principais "commodities~ soja, milho, algodao

e canola;

3 - 0 sistema de ucommoddies" e urn sistema continuo, com pre90s fixados pelo

mercado internacional e que nao permite custos adicionais de segregagaa e

identidade preservada;

4 - A maioria dessas "commodities" vern sendo comercializadas em todo mundo

ha dez anos, nas suas varias canstruc;oes geneticas avaliadas casa a casa pelos

sistemas de Biosseguranca de cada pais;

5 - A identificac;ao do produto em movimento transfronteiriyo nao se restringe

apenas a identifica980 atraves do ratulo, mas, sobretudo, ao testemunho documental

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disponivel no ponto focal de cada pais, no acordo previa informado e no aClearing

House Mechanism':·

6 - A analise de seguran9a do produto antecede a etapa de comercializa9ao e

rotulagem;

7 - Um pais produtor de uma ·commodity" que jil tenho introduzido um OVM

neste sistema de "commodity' poden~ sempre canter 0 OVM presente nas diferentes

partidas exportadas;

8 - Os niveis de seguranc;a exigidos para uma "commodity" que possa canter urn

OVM sao os mesmas de urn produto identificado positivamente como contendo 0

mesmoOVM;

9 - 0 objetivo precfpuo do Protocolo de Cartagena e 0 de garantir 0 usa segura

do OVM para 0 meio ambiente e para a saude humana, portanto a avalia9810 de

risco tanto de um produto que tenha a probabilidade de conter um OVM como a de

urn produto que sabidamente tern aquele OVM deve ter 0 mesma vigor.

Propoe-se:

1 - Que com rela9fjo ao artigo 182 (a) do Protocolo de Cartagena seja adotado

urn modelo simplificado de rotulagem para as ucommodities" produzidas em paises

que sabidamente ja introduziram aquele cultivo na forma modificada.

2 - Consideramos que a rotulagem "may contain" (pode conter) 0 OVM e 0

modelo mais racional e exeqi.Jlvel para os produtos produzidos em regime de

commodities.

3 - A rotulagem "May Contain" nao exime ou diminui 0 rigor do procedimento de

avaliacao de seguran~a a ser praticado para aquele OVM, na medida em que a

analise de seguranga anteeede a etapa de rotulagem e comercializa~ao.

4 - Devem ser adotados os meeanismos adicionais alem do ratulo, previstos no

Protoc% de Cartagena, para a identifica~ao e inrormac;ao sobre 0 produto, lais

como as informa~6es disponiveis no ponto focal sobre as eonstru<;6es geneticas

aprovadas e as analises de risco realizadas. Ainda a documenta9ao a ser

encaminhada junta mente com 0 "Advanced Informed Agreement', quando do

primeiro movimento transfronteiri.yo do OVM e a documenta9ao disponivel no

"Clearing House Mechanism': constituem os principais instrumentos de identificac;ao

dos OVM' s em movimento transfronteiric;o.

5 - Os OVM's que estejam fora do sistema de "commodities", tais como produtos

diferenciados, com a/terayao de componente nutricional ou de qualidade que

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permitam um sistema de rastreabilidade e de identidade preservada devem conter

no r6tulo a caracteristica da modifica9.30 genetica, por exemplo, soja modificada com

elevado conteudo de acido oh§ico. Alem disso, os mesmos requisitos de seguran~

deverao ser obedecidos para esses produtos assim como para os OVM's em regime

de "commodities".

Considera-se que essas medidas permitirao ao Brasil atender ao compromisso

firmado no Protocolo de Cartagena de garantir 0 usa seguro para 0 meio ambiente e

para a saude humana da biotecnologia modema, bern como permitira a sua

competitividade no mercado intemacional como pais exportador de "commodities"

que possam conter OVM's aprovados no pais pelo sistema de Biosseguranga

brasileiro.

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3. CODEX ALIMENTARIUS

Denlro do Comile de Rolulagem de Alimenlos do Codex Alimenlarius, uma

proposta de norma de rotulagem vern sendo discutida sem consenso par parte dos

paises signatarios. Diversos paises possuem diferentes normas, que adotam a

rolulagem volunlaria ou obrigal6ria, baseada em crilerios lecnicos (LlNS, 2005).

Na Uniao Europeia, alimentos que contem uma porcentagem superior a 1%

de soja au milho geneticamente modificados devem ser rotu/ados (ERICKSON,

2000). 0 61eo de soja deve ser rotulado e as enzimas provenientes de OGM's naa.

No entanto, 0 61eo e obtido da semente de soja, no caso, geneticamente modificada.

As carnes e subprodutos obtidos de animais alimentados com produtos

geneticamenle modificados nao sao rotulados. Reconhece que nao e passivel

excluir a possibilidade de presenca acidental de OGM's, ocorrida durante cultivo,

colheita, armazenamento e transporte. Considera obrigatorio informar aos

consumidores e empresas de refeiC;ao coletiva quando os aditivos e aromas contidos

nos alimentos forem diferentes quanto a: composic;ao, valor nutritivo e efeitos

nutricionais.

Na Russia 0 limite e de 5% para presenc;a de DNAlprotefna obtida por

modificayao genetica nos ingredientes a partir da qual a rotulagem e obrigatoria

(NUTTI,2005).

No Japao foi estabelecido 0 nivel de 5% para a soja e, no caso do milho,

devido a potencial polinizac;ao cruzada, nenhuma porcentagem for estabelecida

(ERICKSON, 2000). Relaciona-se Ires calegorias com exemplos de alimenlos,

ingredientes e quando os mesmos deverao au naa ser passiveis de rotulagem. Sao

elas: nao equivalente na composic;ao(soja geneticamente modifrcada com alto teor

de acido oleico); equivalente na composiC;ao e intenc;ao de usa com presenc;a de

DNAlproteina, usa-se as expressoes: Usoja geneticamente modificada" ou "soja

geneticamente modificada nao segregada"; quando tiver sido segregada ou se 0

DNAlproteina nao estiverem presentes: a informac;ao sobre ausemcia e voluntaria

(NUTTI, 2005).

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Na Australia e Nova Zelandia 0 prod uta e rotulado quando prote[nas e/ou

DNA "novas" (originados de OGM's) estiverem presentes no produto final; cada

ingrediente do alimento pode conter ate 1% de material genetico modificado nao

intencionalmente. E obrigatorio quando houver diferenc;as significativas na

composic;ao nutricional, fa lares anti-nutricionais, implic8c;oes na sauder

preocupayoes eticas, religiosas e culturais. Estao exduidos as aditivos e

coadjuvantes desde que a proteinaJDNA "novas" nao estejam presentes, aromas,

quando este estiver em quantidade inferior a 0,1% no prod uta final e alimentos

preparados nos pontos de venda (NUnl, 2005).

as Estados Unidos, Canada e Argentina trabalham com 0 conceito de

Equivalemcia Substancial (ES). Nos Estados Unidos, apas a aprova~o para

consum~ human~ do produto geneticamente modificado, nao e requerida rotulagem

para informar 0 metoda de desenvolvimenta de uma nova variante de planta. Requer

rotulagem do alimento para indicar alterac;ao quanta a identidade, composi9ao

nutricional, aspectos relacionados a saude, metod as de utilizayaa/preparo, ou seja,

quando nao forem substancialmente equivalentes. Nos Estados Unidos a tecnica de

DNA recombinante e considerada uma ext en sao dos metodos tradicionais para

desenvolvimento de uma nova variedade (NUnl, 2005).

Ja no Brasil, rotula-se alimentos que contenham acima de 1% de transgenico

na sua composiyao. Exige rotulagem para todos os alimentos (embalados, a granel,

in natura), e para alimentos e ingredientes produzidos a partir de animais

alimentados com ra9ao contendo ingredientes transgenicos. Exige a identifica9ao da

especie doadora do gene. Existe uma Comissao Interministerial que propoe os

Regulamentas Tecnicos (RT) sobre temas como: alimentos embalados; alimentos a

granel e nao embalados; aditivos e caadjuvantes de tecnologia; alimentos em

reslauranle, etc (NUnl, 2005).

Participantes na reuniao do comite de etiquetagem do Codex (CCFL),

ocorrida entre 09 e 13 de maio de 2005 em Kota Kinabalu (Malasia), dividiram-se

sabre a questao da rotulagem de alimentos transgeniccs par metoda de produ,ao

e/ou par aspectos sanitarios. Alguns paises, incluindo os principais produtores de

biotecnologia, defenderam a rotulagem somente em alimentos que tivessem

modificayoes geneticas que alterassem seu conteudo substancial, excluindo as

alimentos compostos ou derivados de organismos geneticamente modificados

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(OGM"s). A maiaria do Codex, entretanto, posicionou-se favoravel a rotulagem

ampla, baseando-se no criteria de escolha do consumidor (IDEC, 2005).

Estados Unidos, Mexico, Argentina, Paraguai, Australia, Tailandia e as

Filipinas se op6em a forma utilizada hoje, que preve a rotulagem de alimentos (1)

substancialmente diferentes em termos de composi9ao, valor nutritivo au indiee

alergemicos, (2) compostos contendo OGM's, au (3) produzidos a partir de, mas com

baixo indiee de OGM"s. Esses paises goslariam de ver a cobertura dessas linhas

restritas a primeira categoria (IDEC, 2005).

Os Estados Unidos ja defenderam no passado que rotular por metodo de

prodUy:80 poderia ser enganador para as consumidores, gerando possive;s

implica¢es sabre 0 alimento ser inseguro. Mexico e Argentina argumentaram que,

se 0 produto final nao sofre mudanc;:a, nao ha porque rotula-Io. Grupos de

consumidores questionaram a posic;:ao da Australia e da Tailfmdia, ja que ambos

rotu\aram todos os a\imentos em que organismos geneticamente modificados podem

ser detectados (IDEC, 2005).

Entretanto, aproximadamente 30 paises defenderam a inclusao do metodo de

produc;:ao como parametro para rotulagem, incluindo a Uniao Europeia, Japao,

Brasil, Ma/asia, india, Quenia, Indonesia, Sui9B, Noruega, Nova Ze/andia, Panama,

Turquia e Gana. (IDEC, 2005)

o Ministro-Conselheiro da Comunidade Europeia, Patrick Deboyser, destacou

que 0 rotulo, a principio, nao levantaria 0 interesse do consumidor, dando como

exemplo a rotulagem de alimentos irradiados. Argumentou ainda que a rotulagem

aumentaria 0 cuslo do ali mento, ciiando a China, onde 0 oleo de soja com OGM e 0

mais barato. Suazilfmdia, Gana, Quenia e outros paises africanos sustentaram a

rotulagem de todos os alimentos geneticamente modificados, alegando que era

essencial para a informa<;ao e escolha do consumidor (lDEC, 2005).

A rotulagem ainda facilitaria 0 acompanhamento dos OGM do campo ao seu

produto final, urn processo que os ecologos defenderam como sendo essencial para

reconhecer os danos causados par esses organismos ao meio ambiente (IDEC,

2005).

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4. POR QUE ROTULAR?

Os argumentos contra a rotulagem sao, principalmente: a impraticabilidade de

distin<;ao de plantas transgenicas quando do cult;vo em campos pr6ximos a

beneficiamento em conjunto com as de cultivo tradicional e a elev89ao dos custos

com a identifica<;ao. 0 primeiro argumento vern perdencto fon;a entre as defensores

da nao-rotulagem em decorrencia da evolu<;80 dos equipamentos e tecnicas

laboratorjais no campo da biologia molecular. A prime ira vista, no seu estado natural

no campo au no comercio, e impassivel a detec<;ao de qualquer diferen<;8 entre as

plantas, jEt que as caracteristicas agronomicas sao as mesmas. A diferen<;8 invisivel,

antes 56 detectada em laboratorios especializados, ja pode ser identificada atraves

de "kits" portateis (MOMMA, 1999).

Em relagao a eleva gao dos custos, a identificagao de plantas transgemicas

implica em separar comercialmente os produtos, de tal modo que a qualquer

momenta e em qualquer fase da cadeia de produc;ao seja possivel a determinac;80.

Com isso, seriam necessarias opera<;6es de co/heita, armazenamento, trans porte,

processamento e ernbarque realizadas separadarnente, que vao necessariarnente

implicar em maiores custos. Trata-se de urn argumento logico, mas que e falivel, se

aplicado diante das situac;oes concretas da produC;ao agricola brasileira: urn

agricultar nao cultiva, narrnalmente, urn unico produto, praticando a rotaC;;3o de

culturas. /sto significa que ja existe uma infra-estrutura para que se fagam colheitas,

armazenamento, transporte e processamento separados (MOMMA, 1999).

Ainda, a rotulagem adequada, em cumprimento a legislac;ao, pode acarretar

urn aumento de pelo menos 5% do custo da produyao, segundo Denis Ribeiro,

diretor econ6mico da Associa,ao Brasileira das Industrias de Alimenta,ao (ABIA). A

diferenc;a no aumento dos custos dependera do tipo de embalagem que ja possuem

urn custo varia vel de 15 a 40% do total. Segundo estima Ribeiro as micro e

pequenas empresas serao as mais afetadas par possuirern capital de giro menor,

uma vez que as embalagens antigas deverao ser substituidas para trazerem

express6es e 0 simbolo transgenico no painel principal (DCI, 2004).

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Um estudo detathado, leito pelo International Food & Agricultural Trade Policy

Council prey€! que a identific8yao dos DVM's criara custos significativos na medida

em que as testes forem mais detalhados. Assim, deve-s8 trabalhar com a

possibilidade de S8 testarem as carregamentos levando-se em conta: a presenC;8 de

OVM's (Organismos Vivos Modificados), a identificagao de cada evento (por

exemplo, soja resistente a pragas e to\erante a herbicidas) e a quantific8g<30 de cada

evento OVM presente no carregamento. 0 estudo estima que os custos para testar

as exportagoes de milho dos Estados Unidos e da Argentina poderiam alcangar US$

87 milhoes por ano, dependendo do grau de exigencia dos testes (JANK, 2005).

Outra pesquisa (eita pe/a FAD, em cooperac;.3o com a governo argentino,

trabalhou com a possibilldade de os paises aceitarem limites de DVM"s. Nesse casa,

os custos que recairiam sabre a cadeia produtiva para segregar um milhao de

toneladas de soja au milho com 0,9% de limite de OVM's seriam de

aproximadamente US$ 40 milh5es. Adotando-se um limite de 5% de conteudo

OVM's, esses custos cairiam para US$ 10,2 milh6es para a soja e US$ 7,4 milh6es

para a milho.

Ainda quanta a identificayao, deve-se considerar a possibilidade de se

requererem testes tambem no porto de entrada, 0 que implicaria custos de atraso

dos navios nos portos, "demurrage costs", na linguagem comercial. Nesse sentido, einevitavel nao ficar em panico quando se sa be que um dia de atraso de urn navio em

um porto custa cerca de US$ 40 mil (JANK, 2005).

Em contrapartida, aqueles que defendem a rotulagem dos OGM"s

argumentam que a identificac;ao do fornecedor do produto geneticamente modificado

serve para fins de responsabilizac;ao, em caso de danos, uma vez que permite 0

rastreamento da causa daquele prejuizo. Como urn segundo motiv~, ressaltam que a

propria forma de comercia/izayao do OGM propicia a rotulagem, tendo em vista que

o produto sempre e oferecido de modo que seus potenciais de produtividade e

nutricionais sobressaiam, 0 que nao contra ria 0 direito de informa9ao ao qual a

rotulagem se baseia (MOMMA, 1999),

Vimos destacar 0 terceiro argumento pr6-rotulagem que e 0 direito de

informaC;ao e escolha do consumidor, anteriormente abordado. Trata-se aqui de uma

questao objetiva: a presenga ou nao de OGM's. Este dado e que propiciara 0 direito

a livre escolha do cidadao ao consumo ou nao de um produto geneticamente

modificado. Sem a de vida rotulagem de todos as alimentos que contenham OGM' s,

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independentemente de percentuais, nao sera possivel,conforme ja mencionado, que

as consumidores que nao ingerem carne de porco ou de vaca par motivD religioso

saibam que determinado alimento eontsm urn gene suino au bovina. Tambem, a

popula9ao vegetarian a que, par motivQ cultural au habito alimentar, nao aceita

qualquer especie de carne, seja devidamente informada da modificac;:ao genelica

sofrida par urn alimento que recebeu gene de alguma especie animal (MANTOVANI,

2001).

Nota-s8 que a obrigatoriedade da rotulagem nao dispensa a necessidade

avaliac;ao de biosseguran~a do produto pel a CTNBio. Independentemente do

percentual de transgenese presente no alimento ou ingrediente alimentar, que 56

sera introduzido no mercado para consumo ap6s a garantia minima de que nao

serao prejudiciais a saude humana ou animal (KUNISAWA & VIANNA, 2005).

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5. 0 QUE E NECESsARIO ALEM DE ROTULAR

Segundo 0 Ministro do ST J, "( ... ), a rotulagem e imprescindivel para que 0

consumidor tenha acesso a todas as informa<;oes necessarias para realizar a seu

direito de escolha. E sob esta perspectiva que Menezes Direito analisa a prote~ao

do consumidor e 0 direito de cada cidadao de escolher e ser informado corretamente

sobre a que consome"

Ainda, de acordo com 0 mesma Ministro:

uO que interfere com vigor na liberdade de escolher eo a capacidade de

escolher e a capacidade de discernimento, ou seja, a capacidade de dominar a sua

vontade, apesar de seu meio. 0 homem capaz de exercer a sua vontade e capaz de

livrar-se da influemcia do seu meio e, portanto, de gerenciar 0 seu proprio destine"

Mas, e claro, para que i550 acorra, ainda que exista a disponibilidade do

conhecimento e do dominio da vontade, e imperativo uma vigilancia permanente e,

ainda, a vida em uma sociedade que nao multiplique 0 desejo de adquirir sempre

mais bens e servi90s, tantos quanta a sociedade possa ofertar (DIRE/TO, 1999).

E nesse contexto Que devemos analisar a rotulagem para os alimentos

transg€micos. Nao basta Que a simples cidadao seja informado que 0 produto

adquirido possui OGM's em sua composic;ao ou nao. Para que efetivamente, seja

exercido a direito de escolha entre urn alimento transgemico ou urn tradicional, epreciso que ele conheya os potenciais beneficios e perigos destes produtos. Os

OGM's devem ser analisados imparcialmente, sem que sejam exaltados somente

seus benefleios, sem preoeupac;ao com as possiveis danos. No entanto, igualmente

nao podem ser tratados como monstros, ou chamados de Frankfood (em analogia

monstro de ficc;ao Frankenstein) numa propaganda alarmista (KUNISAWA &

VtANNA, 2005).

Para tanto, a midia exerce urn papel fundamental. Ela deve, com 0 suporte de

especialistas que trabalham com engenharia genetica, comeC;ar a desmistificar essa

tecnologie. Os eonsumidores precisam saber como e de que forma a engenharia

genefica pode ajuda-Ios. Da mesma fcram, devem saber que essa tecnologia, como

fodas as autras, apresenta riscas. Estes riseas, por sua vez, precisam ser

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rigorosamente avaliados do ponto de vista ambienta! e da seguranS:8 alimentar

(SOUZA, 2005). A questao da biosseguranrya, contudo, esbarra na desconfianc;a

quanto a eficacia das autoridades fiscalizadoras pela populagiio (KUNISAWA &

VIANNA, 2005).

No combate a essa desconfian<;a e a propaganda alarmista, as corporac;oes

mundiais a frente do setor de biotecnologia agricola decidiram enfrentar a reagao

aos alimentos geneticamente modificados. De acordo com executivQs dessas

empresas, 8c;oes radicais das autoridades europeias de saude publica e 0 tom

emocional da discussao sobre as transgenicos disseminaram informac;6es sem

embasamento cientifico et com isso, distorceram a percepyao publica a (espeito dos

beneficios reais e potenciais da nova biotecnologia, resultando no aumento da

rejeigiio dos consumidores aos transgimicos em todo 0 mundo (A VIRADA, 2002).

Ressalve-se, todavia, que estas campanhas educativas nao padem servir de

propaganda ao livre consumo dos OGM's, sob pena de serem ocultados as danos asaude humana e ao meio ambiente que possam vir a ser revel ados em estudos

cientificos. Devem ser serias e sem compromissos com qualquer das posi<;6es. E

devido a esta questao em especial, e que as propagandas deveriam ser veiculadas

par 6r980s governamentais, sendo apenas esclarecedoras pra a populaC;ao e nao

tendenciosas.

A informa<;ao adequada, mUlto rna is que apenas divulgar a formula dos

produtos, se refere a protec;ao do consumidar quanta ao direito a opc;ao pelo produto

nao-transgemica. Pois muito mais que saber S8 este ou aquele prod uta etransgenico, 0 consumidor tern 0 direito de ter acesso as pesquisas e seus

resultados, para poder escolher de fato 0 produto saudavel para seu consumo

(SOARES, 2001).

Cantudo, a rotulagem permaneee fundamental para livre escolha do

eonsumidor, tendo em vista 0 seu carater de identifica<;ao de um prod uta elaborado

com OGM' s. Com efeito, ela vai ser 0 principal instrumento para a concretizac;ao do

direito de eseolha, pais e a partir dos dados contidos no rotulo que 0 consumidor

optara par comprar ou nao urn alimento transgemico. Inclusive, como instrumento de

implementac;ao da biosseguranc;a, a informa98o adequada e clara, atraves da

rotulagem, permitira 0 rastreamento da responsabilidade par eventuais danos

causados a saede e ao meio ambiente (KUNISAWA & VIANNA, 2005)

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CONCLUSOES

Finalizando, e pertinente lembrar a relata rio da British Medical Association

(1999) sabre as impactos e riscos dos OGM. Nele cansta: "nada na vida e livre de

riseas" Ao S8 julgar alga segura, estao sendo considerados apenas as limites

aceitaveis de risco. A melhor estrategia para lidar com possibilidades de danos

ambientais, quando S8 e confrontado com profundas incertezas, e agir

caute\osamente e desencadear program as sistematicos de pesquisa para aumentar

a compreensao sobre 0 ass unto. Esta abordagem e conhecida como principia da

precauc;ao, 0 qual deve ser aplicado para preyer e preparar a liberat;ao de OGM e

seus produtos na cadeia alimentar, ate que seus impactos na saude e no meio

ambiente sejam devidamente avaliados no dominio publico. Entretanto, e importante

ressaltar que todos os alimentos que contem OGMs, disponiveis no mercado

passaram por rigorosos testes de avaliayao de sua seguranya tanto para a saude

humana, animal como para 0 meio ambiente.

E importante esclarecer que a rotulagem e urn meio de comunicac;:ao entre 0

fabricante e 0 consumidor, e nao uma garantia de segurantya alimentar.

"( ... ), a efetivac;ao deste direito de informac;ao, que se pretende implementar

com a rotulagem, sera inocua, caso nao seja dada oportunidade ao consumidor de

compreender a informac;ao aposta sobre 0 alimento. A mera identificac;ao de que se

trata de urn alimento transgenico nao torna 0 dado uti I para um opcyao consciente do

consumo de um alimento geneticamente modificado. E principalmente em um pais

carente como 0 Brasil, e preciso que sejam reaHzadas campanhas educativas que

esclareyam, sem qualquer alarde, os beneficios deste tipo de alimento, bern como

potenciais riscos que possam causar (ainda que alualmente nada seja comprovado),

apos a realizac;ao de avaliac;6es de segurantya necessarias a inlroduc;ao do produto

no mercado consumidor.

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Contudo, a rotulagem nao pode ser requerida para alimentos que nao contem

quantidades mensuraveis da nova proteina ou DNA (BEEVER e KEMP, 2000), como

a 0 caso de alguns ingredientes alimentares alta mente refrnados (por exemplo,

sacarose e 61eos vegetais), uma vez que qualquer material genetico e proteina que

possam estar presentes sao destruidos e removidos durante 0 processo de refino;

assim, 0 produto final que entra na composi9Eio do alimento nao a, em si, modificado

e, portanto, nao pode ser distinguido daquele produzido atravas de meios

convencionais (DONALDSON & MAY, 1999).

o grande problema com as regras de rotulagem atuais sao com a rotulagem

extensiva a produtos onde nao sao deteclaveis a proteina au a DNA recombinante.

Aqui entra urn problema. Carnes, leites e ovos de anima is que se alimentarn com

transgenicos sao impossiveis de verificac;;ao, disse a pesquisadora da Embrapa,

Marilia Nutti. Para isto, necessitaria de rastreabilidade, dificultada pelo tamanho do

Pais e pelas caracteristicas de produyao em cada regiao.

Como 0 art. 3° do Decreto n° 4.680103 estabelece que os alimentos e

ingredientes produzidos a partir de animas alimentados com rayao animal contendo

ingredientes transgenicos deverao trazer no painel principal, em destaque, as

seguintes expressoes: ~(nome do animal) alimentado com rac;;ao contendo

ingrediente transgenico" ou "(nome do ingrediente) produzido a partir de animal

alimentado com rayao contendo ingrediente transgimico"

Cama e passivel verificar, a Decreta 4.680103, que na hierarquia das narmas

esta abaixo das Leis, amplia significativamente e de forma ilegal a que a exigido pelo

art. 40 da Lei 11.105/05, pais urn animal que foi alimentado com OGM ou com 0

derivado de OGM nao se tornou um OGM ou um derivado de OGM.

ConseqOentemente as alimentos e ingredientes produzidos a partir de animais

alimentados com rac;;ao animal e contendo ingredientes geneticamente modificados,

estao fora do ambito de abrang€mcia do art. 40 da Lei 11.105/05 e, portanto, deverao

ser ratulados seguin do a mesmo criteria estabelecido pelo C6digo de Defesa do

Consumidor CDC para as demais alimentas e ingredientes alimentares praduzidas

par outros animais. Como e do conhecimento de tados, nao encontramos nos

supermercados carnes, presuntos e salsichas com r6tulos indicando que 0 porco, boi

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JJ

ou frango, que deu origem aquele produto, foi alimentado com milho hibrido ou com

ra<;ao conlendo derivado de milho hibrido (MINARE, 2005).

Certamente, em um futuro proximo quando prevaleceram os cultivos

transgemicos aos cultivos convencionais, muito provavelmente sera adotada a

rotulagem negativa, ou seia, os produtos diferenciados serao os que nao contiverem

OGM"s, assim como ocorre atualmente com os alimentos orgimicos. Portanto, 0 que

e mais importante e permitir a sociedade a escolha do produto com seguranga e sem

tern ores, oferecendo inforrnagoes corretas, transparentes, nao-alarmistas e

honestas.

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