roteiros-601-c.contÁbeis-e6-v1

120
Uberaba - MG 2008 UNIVERSIDADE DE UBERABA CIÊNCIAS CONTÁBEIS ETAPA VI VOLUME 1 Organização Maria Aparecida Reis França dos Santos Série Ciências Contábeis

Upload: ijosie71

Post on 05-Aug-2015

117 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

Uberaba - MG2008

UNIVERSIDADE DE UBERABA

CIÊNCIAS CONTÁBEIS

ETAPA VI

VOLUME 1

OrganizaçãoMaria Aparecida Reis França dos Santos

Série Ciências Contábeis

Page 2: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

Série Ciências Contábeis© 2008 by Universidade de UberabaTodos os direitos de publicação e reprodução, em parte ou no todo, reservados para a Universidade de Uberaba.

ReitorMarcelo Palmério

Pró-Reitora de Ensino SuperiorInara Barbosa Pena Elias

Produção e SupervisãoEAD - Produção

CoordenaçãoJair Alves de Oliveira

OrganizaçãoMaria Aparecida Reis França dos Santos

Tratamento didático-pedagógicoAndré Luís Teixeira Fernandes Maria Aparecida Reis França dos SantosRenata de Oliveira

Revisão TextualNewton Gonçalves GarciaStela Maria Queiroz Dias

DiagramaçãoMarcello Alves da Silva José Roberto Rodrigues Júnior

Produção e impressão gráficaGráfica Universitária - Universidade de UberabaPubli Editora e Gráfica

IlustraçõesRodrigo de Melo Rodovalho

LayoutNey Braga

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Universidade de Uberaba U3c Ciências Contábeis / Universidade de Uberaba; organização Maria Aparecida Reis França dos Santos. -- Uberaba: Universidade de Uberaba, 2008 v. – (Série ciências contábeis; etapa VI, v. 1)

Produção e supervisão: Programa Educação a Distância - Universidade de Uberaba ISBN 978-85-7777-219-3

1. Ciências contábeis. 2. Educação a distância. I. Santos, Maria Aparecida Reis França dos. II. Universidade de Uberaba. Programa de Educação a Distância. III. Título. IV. Série. CDD 658

Page 3: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

AUTORES

Andréa Mara de Morais CarvalhoEspecialista em Controladoria e Finanças. Bacharel em Ciências Contábeis, pela Faculdade de Ciências Econômicas do Triângulo Mineiro. Sócia proprietária da empresa AMMEC – Assessoria Empresarial e Contábil. Professora dos cursos de Administração de Empre-sas da Faculdade de Ciências Econômicas do Triângulo Mineiro e do Curso de Ciências Contábeis da Universidade de Uberaba.

Carlos Roberto Souza CarmoMestre em Ciências Contábeis pela PUC-SP. MBA em Controladoria e Finanças pela FUNDACE-USP Ribeirão Preto-SP. Bacharel em Ciências Contábeis pela Faculdade de Ciências Econômicas do Triângulo Mineiro. Professor de diversas disciplinas do curso de Ciências Contábeis da Universidade da Uberaba – UNIUBE. Consultor de empresas na cidade de Uberaba-MG e Região.

Marco Antonio Oliveira CaetanoEspecialista em Relações Interpessoais e em Contabilidade e Controladoria. Graduado em Ciências Contábeis. Atua como professor nos cursos de Administração e Ciências Contábeis nas disciplinas Análise das Demonstrações Contábeis, Contabilidade Gerencial, Análise de Custos e Contabilidade Básica na Universidade de Uberaba e como consultor na área de Contabilidade, Treinamentos, Capacitação, Educação Corporativa e Gestão de Negócios.

Maria Elisabeth Moreira Carvalho AndradeEspecialista em Finanças e Controladoria. Atua como professora no curso de Ciências Contábeis da Universidade de Uberaba e servidora pública municipal.

Téssia Berber TeixeiraMestre em Controladoria e Contabilidade pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto/USP (2006). Bacharel em Ciências Contábeis pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto/USP (2004). Professora dos cursos de Administração e Ciências Contábeis da Universidade de Uberaba. Consultora na área de Contabilidade e Finanças Públicas.

Carlos Roberto Souza CarmoMestre em Ciências Contábeis pela PUC-SP. MBA em Controladoria e Finanças pela FUNDACE-USP Ribeirão Preto-SP. Bacharel em Ciências Contábeis pela Faculdade de Ciências Econômicas do Triângulo Mineiro. Professor de diversas disciplinas do curso de Ciências Contábeis da Universidade da Uberaba – UNIUBE. Consultor de empresas na cidade de Uberaba-MG e Região.

ADAPTADORES

Page 4: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1
Page 5: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

SUMÁRIO

Apresentação

Componente Currícular: Teoria da Contabilidade 09

Roteiro de Estudo 1Estrutura teórica fundamental da contabilidade 11

Componete Currícular: Contabilidade em Agronegócios 41

Roteiro de Estudo 1O agronegócio e o fluxo contábil na agricultura 43

Componete Currícular: Contabilidade Governamental 55

Roteiro de Estudo 1A contabilidade governamental no Brasil 57

Componente Currícular: Laboratório de Prática Contábil II 73

Roteiro de Estudo 1Procedimentos na admissão do empregado 75

Componente Currícular: Análise das DemosntraçõesContábeis 97

Roteiro de Estudo 1Tópicos introdutórios de análise econômico-financeira de demonstrativos contábeis 99

Referencial de respostas 117

Page 6: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1
Page 7: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

7Etapa VI - Volume 1

APRESENTAÇÃO

Caro(a) aluno(a)

Está em suas mãos o primeiro volume de uma série de roteiros de estudo elaborados especialmente para o curso de Ciências Contábeis, ofertado na modalidade de Educação a Distância, pela Universidade de Uberaba. Trata-se do volume da etapa VI, para o início etapa neste semestre.

Estamos no perfil final do curso de Ciências Contábeis EAD, que busca a formação profissional do graduando.

Os volumes são compostos de roteiros de estudo que têm por finalidade orientar seus estudos individuais durante o primeiro dos oito períodos do curso. Os roteiros foram organizados a partir dos componentes curriculares da sexta etapa, ou seja, Teoria da Contabilidade, Contabilidade em Agronegócios, Contabilidade Governamental, Laboratório de Prática Contábil II, Análise das Demonstrações Contábeis.

Este volume 1 é composto dos seguintes roteiros: Estrutura teórica fundamental da contabilidade, O Agronegócio e o fluxo contábil na agricultura, A contabilidade governamental no Brasil , Procedimentos na admissão do empregado e Tópicos introdutórios de análise econômico-financeiro de demonstrativos contábeis.

No componente curricular de Teoria da Contabilidade, você, aluno(a) terá o roteiro Estrutura teórica fundamental da contabilidade, visando dar início ao conhecimento da ciência contábil, tendo como primeiros estudos a sua evolução histórica, o objeto e a finalidade. No componente curricular, Contabilidade em Agronegócio, o roteiro de estudo é sobre O Agronegócio e o fluxo contábil na agricultura e o aluno aprimorará o conhecimento inicial da cadeia de agronegócio no Brasil, o fluxo contábil na agricultura as técnicas de cálculo, e utilização e aplicação da contabilidade no uso dos negócios, visando a análise e tomada de decisão.

No componente curricular, Laboratório de Prática Contábil II, o roteiro de estudo é Procedimentos na admissão do empregado; você aluno(a) neste momento, aprimorará seus conhecimentos jurídicos da legislação trabalhista aplicando-os no departamento pessoal. Em Tópicos introdutórios de análise econômico-financeiro de demonstrativos contábeis, o(a) aluno vai aprofundar seus conhecimentos, visualizando os objetivos e seus usuários.

Seja muito bem-vindo(a) ao nosso convívio.

Prof. Paulo Sérgio RêgoDiretor do curso de Ciências Contábeis da Universidade de Uberaba – campus Uberaba/MG -

Page 8: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1
Page 9: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

COMPONENTE CURRICULAR

Teoria da Contabilidade

Page 10: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1
Page 11: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

11Etapa VI - Volume 1

ROTEIRO DE ESTUDO 1

Estrutura teórica fundamental da Contabilidade

Téssia Berber Teixeira

Objetivos

Ao final deste roteiro de estudo e execução de todas as atividades propostas, você deverá:

− relacionar os avanços da Contabilidade aos progressos da sociedade;

− reconhecer a origem da contabilidade e sua importância para a sociedade;

− identificar os objetivos fundamentais da Contabilidade à luz das necessidades de seus usuários;

− explicar a importância da Contabilidade e do contador para a sociedade;

− identificar os campos de atuação profissional do contador na sociedade como um todo;

− apresentar, descrever e analisar os postulados, os princípios e as normas de Contabilidade, utilizados na construção da Teoria Contábil;

− distinguir os princípios, os postulados e as convenções contábeis no que tange à teoria Contábil;

− enumerar os princípios contábeis listados pelo Conselho Federal de Contabilidade, identificando as diferenças e semelhanças de acordo com a teoria contábil.

Texto introdutórioCaros alunos, até o momento, vocês aprenderam muito sobre Contabilidade e a prática dela nas operações, sejam elas fiscais ou gerenciais, realizadas nas empresas.

Esta disciplina que se inicia, Teoria da Contabilidade, é de extrema importância para auxiliar no estudo de qualquer uma das outras disciplinas, componentes do curso de Ciências Contábeis. A Teoria da Contabilidade é base de toda a estrutura contábil já estudada, e que será aprendida a partir deste momento.

Antes de escrever este roteiro, gostaria de citar um breve relato do Professor José Carlos Marion, no prefácio do livro Introdução à Teoria da Contabilidade. Diz esse professor que havia sido chamado para proferir uma palestra, na Universidade Estadual de Londrina (UEL), sobre Contabilidade Rural – tema este abordado em sua dissertação de mestrado, porém pouco estudado por ele, já que acabara de iniciar a pesquisa sobre o tema. No desenrolar da palestra, preparada para apenas uma hora, mas que se estendeu por quase oito horas, com um público de mil pessoas assistindo,

Page 12: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

12 Ciências Contábeis

o professor tomou a decisão de que, ao terminar de proferir a palestra, permitir que os participantes fizessem questionamentos sobre o assunto, mesmo ainda receoso de seu conhecimento em Contabilidade Rural. Assim que as perguntas iniciaram, ele percebeu que os ensinamentos recebidos na disciplina de Teoria da Contabilidade possibilitaram subsídios suficientes para responder aos questionamentos, proporcionando toda a base teórica suficiente para entender a área de Contabilidade Rural.

É necessário salientar a importância desta disciplina. Quanto mais se estuda Teoria Contábil, mais se aprende, e ainda é aplicável às diversas áreas da Contabilidade. É uma disciplina fascinante que nos faz questionar do que sabemos a respeito de Contabilidade.

A evolução da Contabilidade

A origem da ContabilidadeSobre a origem da contabilidade, Iudícibus (2004, p. 34) cita que:

“A Contabilidade seja, talvez, tão antiga quanto a origem do Homo sapiens. Alguns historiadores fazem remontar os primeiros sinais objetivos da existência de contas aproximadamente há 2.000 anos a.C. Entretanto, antes disso, o homem primitivo, ao inventariar o número de instrumentos de caça e pesca disponíveis, ao contar seus rebanhos, ao contar suas ânforas de bebidas, já estava praticando uma forma rudimentar de Contabilidade. Na invenção da escrita, a representação de quantidades normalmente tem sido importante. Logo, é possível localizar os primeiros exemplos de Contabilidade, seguramente no segundo milênio antes de Cristo, na civilização da Suméria e da Babilônia (hoje, Iraque), no Egito e na China. Mas é possível que algumas formas rudimentares de contagem de bens tenham sido realizadas bem antes disto, talvez por volta do quarto milênio a.C. É claro que a Contabilidade teve evolução relativamente lenta até o aparecimento da moeda. Na época da troca pura e simples de mercadorias, os negociantes anotavam as obrigações, os direitos e os bens, porém, obviamente, tratava-se de um mero elenco de inventário físico, sem avaliação monetária”.

Ainda que a contabilidade existisse há um bom tempo, somente em torno do século XV é que a contabilidade atingiu um desenvolvimento evidente e sustentável. Segundo Iudícibus e Marion (2002, p. 34), essa fase é chamada de “lógica-racional ou até mesmo a fase pré-científica da Contabilidade”.

Na idade Moderna (do século XIV ao século XVI), notoriamente, no Renascimento, diversos acontecimentos proporcionaram uma evolução muito significativa nas Ciências Contábeis, sobretudo na Itália.

Page 13: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

13Etapa VI - Volume 1

A escola européiaApós o surgimento inicial do método contábil, na Itália, provavelmente no século XVIII ou XIV, de sua divulgação no século XV pela obra de Frei Luca Pacioli, houve a disseminação da “escola italiana” por toda a Europa, surgindo no século XIX um período que se denomina de científico, e também denominado por alguns de “romântico”.

É nesse período que, pela primeira vez, a teoria avança com relação às necessidades e às reais complexidades das sociedades. Essa fase também teve seus expoentes máximos na Itália, que dominou o cenário contábil provavelmente até os primeiros vinte e cinco anos do século XX.

No fim do período, surgiram os vultos de Fábio Besta, Giuseppe Cerboni, e, no fim do século XIX e inícios do século XX, Gino Zappa; mais recentemente, Aldo Amaduzzi, Teodoro D‘Ippolito e vários outros.

Os europeus acabaram por contribuir positivamente para o desenvolvimento da contabilidade, principalmente alemães e italianos. Esses historiadores proporcionaram o conhecimento da contabilidade como uma ciência totalmente voltada para a gestão.

Todavia, devido à falta de pesquisas, a preocupação excessiva em demonstrar a contabilidade como ciência, esquecendo a sua função informativa, a excessiva ênfase no método das partidas dobradas prejudicando, de certa maneira, a contabilidade gerencial, a falta de aplicação de teorias desenvolvidas, a queda do nível de algumas faculdades por causa da má remuneração, e a falta de atenção à auditoria fizeram com que essa escola fosse demasiadamente “deixada de lado”, principalmente em meados de 1920, quando houve a ascensão econômica e cultural dos Estados Unidos.

A escola anglo-saxônicaSegundo Iudícibus (2004, p. 38):

“O surgimento das gigantescas corporations, principalmente em inícios do século, aliado ao formidável desenvolvimento do mercado de capitais e ao extraordinário ritmo de desenvolvimento que aquele país experimentou e ainda experimenta, constitui um campo fértil para o avanço das teorias e práticas contábeis norte-americanas. Não podemos esquecer-nos, também, de que os Estado Unidos herdaram da Inglaterra uma excelente tradição no campo da auditoria, criando, lá sólidas raízes”.

Ainda de acordo com Iudícibus (2004, p. 38), “A evolução da Contabilidade nos Estados Unidos apóia-se, portanto, em um sólido embasamento, a saber:

1. o grande avanço e o refinamento das instituições econômicas e sociais;

2. o investidor médio é um homem que deseja estar

Page 14: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

14 Ciências Contábeis

permanentemente bem informado, colocando pressões não percebidas no curtíssimo prazo, mas frutíferas no médio e longo prazos, sobre os elaboradores de demonstrativos financeiros, no sentido de que sejam evidenciadores de tendências;

3. o governo, as universidades e os institutos de contadores empregam grandes quantias para pesquisas sobre princípios contábeis; e

4. o Instituto dos Contadores Públicos Americanos é um órgão atuante em matéria de pesquisa contábil, ao contrário do que ocorre em outros países;

5. mais recentemente, a criação da Financial Accounting Standards Board (Fasb) e, há muitos anos, da SEC (a CVM deles), têm propiciado grandes avanços na pesquisa sobre procedimento contábeis”.

A pesquisa em contabilidade desenvolvida pelos norte-americanos é baseada no trabalho em equipe, segundo uma visão sistêmica (o todo para as partes em detalhe), além de se preocuparem com o usuário da informação contábil. Na visão anglo-saxônica, a contabilidade é sempre utilizada como ferramenta primordial para a tomada de decisão.

Porém, como todos, a escola norte-americana possui alguns defeitos. Para Iudícibus (2004, p.40) são os seguintes:

”(1) pouca importância atribuída à sistematização dos planos de contas, pelo menos nos livros-texto; (2) apresentação dos tópicos dos livros de forma não ordenada, dificultando distinguir, às vezes, os de maior importância; e (3) pouca consideração – por parte dos reguladores na edição de normas contábeis pelo menos até a década de 70 – para o tratamento do problema inflacionário (...)”.

Essa escola ainda é a que mais pesquisa e influencia com suas descobertas na área da contabilidade, mesmo com esses defeitos é uma das que mais acrescenta à teoria da contabilidade.

A evolução da Contabilidade no BrasilA Contabilidade, no Brasil, evoluiu sob a influência da escola italiana, mesmo assim apareceram vestígios de uma escola verdadeiramente brasileira.

Algumas firmas de auditoria, de origem anglo-saxônica, certos cursos de treinamento, em Contabilidade e Finanças, oferecidos por grandes empresas acabaram exercendo forte influência, revertendo a tendência da influência da escola italiana.Segundo Iudícibus (2004, p. 41-42):

“Por outro lado, a legislação comercial, que até a Lei das Sociedades por Ações era inspiração européia (com traços marcantes brasileiros na classificação dos balanços da S.A.), passa a adotar uma filosofia nitidamente norte-americana, a partir, principalmente, da Resolução nº. 220 que dispõe sobre a Correção Monetária Integral e da Circular nº. 179 do Banco Central”.

Page 15: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

15Etapa VI - Volume 1

Ainda de acordo com Iudícibus (2004, p. 42), as firmas de auditoria de origem anglo-saxônica foram,

“(...) a mais antiga influência no sentido da ‘americanização’ do entendimento das normas e dos procedimentos de Contabilidade. Obviamente, pelo menos de início, estas firmas levaram uma grande vantagem, em termos de auditoria, sobre as congêneres puramente nacionais, em virtude da sólida tradição e estrutura preexistentes, dos procedimentos e dos manuais adotados (poucas ou nenhuma firma de auditoria nacional possuía) e a mentalidade existente. Aos poucos, foram associando-se a firmas nacionais preexistentes, com exceção notável da Arthur Andersen & Co., que permaneceu nitidamente com as mesmas características originais”.

A Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP) influenciou sobremaneira na evolução da contabilidade no Brasil, a partir de 1964; adotando tendências norte-americanas, elaboraram e divulgaram um livro de Contabilidade Introdutória, desenvolvido por uma equipe de professores, que atualmente é o livro mais adotado pelos professores de contabilidade para o aprendizado introdutório.

Para Iudícibus (2004, p. 43) O Brasil ainda precisar mudar alguns pontos para que a evolução aconteça naturalmente:

“Um progresso constante, duradouro, equilibrado e que dependa de algo mais que meras adaptações de princípios norte-americanos de contabilidade somente será possível se ocorrerem as seguintes circunstâncias:

1- nossas entidades representativas de contadores necessitarão realmente continuar um trabalho de profundidade sobre pesquisa de princípios contábeis;

2- será necessário que nossos técnicos de Contabilidade se dirijam, em massa, para os bons cursos de Ciências Contábeis, a fim de obterem uma formação realmente completa;

3- nossas instituições de pesquisa, principalmente as universidades, precisam dedicar fundos e esforços à pesquisa contábil”.

Portanto, a evolução da pesquisa em contabilidade, no Brasil, possui tudo para se desenvolver, já que o país foi influenciado por duas escolas importantíssimas – a italiana e a norte-americana – e descobriu os pontos positivos e negativos de cada uma delas. Desde que as mudanças sejam feitas, o Brasil tem, sim, condições de difundir o conhecimento da Teoria Contábil Brasileira.

Contabilidade: objetivos, qualidade da informação contábil e campo de atuação do contador

A ContabilidadeContabilidade é ciência aplicada com metodologia especialmente concebida para captar, registrar, acumular, resumir e interpretar fenômenos que afetam situações patrimoniais, financeiras e econômicas.

O livro publicado já está em sua 10ª edição:

Iudícibus, Sérgio de et al. Contabilidade Introdutória.

10. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

Page 16: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

16 Ciências Contábeis

A Contabilidade é mantida para a entidade contábil que pode ser tanto a Pessoa Física, quanto a Pessoa Jurídica.

A pessoa física é toda pessoa natural, ser humano, e indivíduo, sem qualquer exceção. Já a pessoa jurídica é a união de indivíduos que, por meio de um contrato reconhecido por lei, formam uma nova pessoa, com personalidade distinta da de seus membros.

As pessoas jurídicas podem ter fins lucrativos (empresas industriais, comerciais) ou não (cooperativas, associações culturais, religiosas), e também podem ser de Direito Público como os estados, municípios, União, e autarquias. Normalmente, as pessoas jurídicas denominam-se empresas.

A Contabilidade é o instrumento que fornece o máximo de informações úteis para a tomada de decisões dentro e fora da empresa. Ela é muito antiga, como pôde ser observado no tópico anterior, e sempre existiu para auxiliar as pessoas a tomarem decisões.

Em nosso cotidiano, tomamos decisões, desde as mais simples, como o que comer no almoço ou o que vestir para ir ao trabalho, até as mais importantes, como qual profissão exercer ou qual pessoa escolher para se casar. Na empresa, não é diferente, a cada passo tomado dentro dela, os responsáveis pela administração devem analisar qual a melhor decisão a tomar, como qual equipamento comprar para determinada linha de produção, qual a melhor linha de crédito para essa aquisição e até se a melhor mesmo é adquiri-lo ou alugá-lo, caso seja possível.

Nesse contexto, a contabilidade se torna uma ferramenta totalmente eficiente e eficaz, no sentido de fornecer toda a informação necessária para qualquer decisão tomada pela empresa.

MARION (2004, p. 26) diz que: “Uma empresa sem boa contabilidade é como um barco, em alto-mar, sem bússola”.

Esse fato pode ser constatado claramente quando analisamos a administração das empresas, principalmente as de pequenas. O histórico mostra que muitas que abrem as portas têm sérios problemas de sobrevivência ou até mesmo acabam falidas. Logicamente, que os proprietários acabam por criticar a carga tributária alta, os juros altos ou até mesmo os encargos sociais pesados, porém o que se constata, na maioria delas, é uma má administração não respaldada por uma contabilidade gerencial eficiente, mas, sim, por uma contabilidade fictícia e apenas preocupada com a legislação tributária.

A Informação Contábil tem a finalidade de controle, que é o processo pelo qual a alta administração se certifica de que a organização está agindo em conformidade com seus planos e políticas. A informação contábil é útil como: meio de comunicação (fornece e prepara a informação), meio de motivação (analisa a situação real atual na empresa) e meio de verificação (controla as ações praticadas para se alcançar as metas planejadas).

Page 17: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

17Etapa VI - Volume 1

O objetivo da contabilidade é o de captar todos os fatos que estão ocorrendo na empresa, registrar tais fatos num sistema de informação, acumulá-los nesse sistema, resumir os acontecimentos num certo período de tempo, criar e emitir um resumo que servirá de suporte para interpretar todo o processo e os resultados.

Sendo assim, o objeto de ação da contabilidade é o patrimônio das entidades econômico-administrativas, tendo por finalidade fornecer informações de ordem econômica (apuração do resultado do exercício) e financeira (fluxo de caixa) sobre o patrimônio, para facilitar as tomadas de decisões por parte dos usuários.

A contabilidade deve estar em condições de fornecer informações a vários grupos de pessoas cujos interesses nem sempre são coincidentes.

Como uma empresa não é um corpo isolado, não se restringe apenas aos limites da empresa, ou seja, não se resume somente aos seus usuários internos (administradores, diretores, funcionários). Essa, por sua vez, recebe influência do ambiente externo por meio dos grupos de interesses externos como os investidores, fornecedores, bancos, governo e sindicatos.

EEMMPPRREESSAA

InvestidoresFornecedores

Bancos

Governos

SindicatosFuncionários

Órgãos deClasse

Concorrentes

Outros

Fonte: Marion, José Carlos. Contabilidade Básica: Material de Aula, cap. 1, 2004.

Sendo assim, é evidente que todos os interessados pela sociedade empresarial venham a compor o grupo de usuários da informação contábil. Esses são divididos em usuários internos e usuários externos. A seguir, são mostrados quais são os tipos de informação contábil, encontrada nos relatórios, de que os usuários externos necessitam:

− investidores: identifica-se a situação econômica e financeira da empresa, os investidores podem encontrar os elementos necessários para se analisar as melhores alternativas de se investir;

− fornecedores: conseguem identificar a situação financeira da empresa, a fim de verificar a condição de pagamento da mesma;

− bancos: obtêm as informações necessárias para aprovação de empréstimos e limites de crédito;

Page 18: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

18 Ciências Contábeis

− governo: utiliza a informação contábil tanto para a arrecadação de impostos, como também para a coleta de dados estatísticos;

− sindicatos: aproveita da informação contábil para conseguir determinar a produtividade do setor, verificando, assim, a tendência ou não de reajuste salarial;

− Comissão de Valores Mobiliários (CVM): órgão regulador de mercado, sendo uma das funções é regular as empresas com ações na bolsa de valores, portanto todas essas empresas devem seguir suas normas e a CVM por sua vez utiliza-se dessas informações para regulamentar as empresas sociedades anônimas de capital aberto.

Além desses usuários externos citados existem outros vários que necessitam das informações contábeis das empresas como os órgãos de classe (CRC, por exemplo), pessoas e diversos institutos.

A contabilidade é aplicada em diversos ramos, na verdade, em todos os ramos que compõem o rol das atividades econômicas praticadas, tanto por empresas, quanto por pessoas físicas. Pode-se perceber, com a figura a seguir, que a contabilidade realmente é necessária em qualquer tipo de atividade.

Fonte: Marion, José Carlos. Contabilidade Básica: Material de Aula, cap. 1, 2004.

O campo de atuação do contadorDiante de um enorme rol de atividades econômicas desenvolvidas, pode-se dizer, segundo Iudícibus e Marion (2002, p.43) que “a tarefa básica do contador é produzir e/ou gerenciar informações úteis aos usuários da Contabilidade para a tomada de decisões”. Dessa forma, o contador tem como campo de atuação todas aquelas entidades que necessitam informar e interpretar a informação contábil a todos os seus usuários.

O mercado de trabalho do contador é um dos melhores entre os de profissionais liberais, como pode ser visto na figura mostrada a seguir, principalmente no sentido financeiro, devido à necessidade contínua de as empresas aperfeiçoarem seu processo de controle e planejamento.

APLICAÇÃO DA CONTABILIDADE

Contabilidade Geral Contabilidade Financeira

Diversos ramos de atividade:

Comercial Industrial PúblicaBancáriaHospitalarAgropecuáriade Seguros

Contabilidade Comercial Contabilidade Industrial Contabilidade PúblicaContabilidade BancáriaContabilidade HospitalarContabilidade AgropecuáriaContabilidade Securitária

etc.

Page 19: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

19Etapa VI - Volume 1

A seguir, veja o quadro copleto com a visão igual do profissional contábil, no qual se define todas as areas de atuação do profissional contábil.

Page 20: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

20 Ciências Contábeis

Visão geral da profissão contábil

Contador

Na Empresa No Ensino Órgão Público

Analista Financeiro

Contador Geral

Cargos Administrativos

Auditor Interno

Contador de Custo

Contador Gerencial

Planejador Tributário

Atuário

Independente

AAuuddiittoorr IInnddeeppeennddeennttee

CCoonnssuullttoorr

EEmmpprreessáárriioo CCoonnttáábbiill

PPeerriittoo CCoonnttáábbiill

IInnvveessttiiggaaddoorr ddee FFrraauuddeess

Professor

Pesquisador

Escritor

Parecerista

Conferencista

Contador Público

Agente Fiscal Rendas

Concursos Públicos

Tribunal de Contas

Oficial Contador

Fonte: Adaptado de Iudícibus e Marion (2002, p. 47), retoriado de Marion, Palestra: Contabilidade, uma profissão empolgante, AC-6.

A exigência do trabalho do contador se fundamenta na ética, na prudência, no zelo, na severidade de costumes e, principalmente, na integridade desempenhada pelo contador.

Existem dois tipos de profissionais contábeis: o técnico de Contabilidade, que é aquele que cursou Contabilidade no 2º grau, e o Bacharel em Ciências Contábeis, que é aquele que fez o curso superior de Contabilidade.

O primeiro grupo de profissionais é denominado de técnicos de contabilidade, e possuem algumas restrições de trabalho, já que não obtiveram uma visão mais aprofundada da contabilidade; já o segundo grupo é denominado de Contabilistas (ou Contadores), sendo responsáveis pela contabilidade das empresas, analistas de balanços, pesquisadores contábeis, auditores, controllers etc.

Neste tópico, iremos tratar apenas do profissional contábil com formação em Bacharel em Ciências Contábeis

Page 21: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

21Etapa VI - Volume 1

É importante salientar que o contador, além de ter um amplo mercado de trabalho, ele também exerce algumas atividades exclusivas, ou seja, só podem ser exercidas por aqueles que possuem título de contador, como é o caso da Auditoria, da Perícia Contábil, e do Professor de Contabilidade.

Os auditores verificam a exatidão dos procedimentos contábeis, sendo que existem dois tipos de profissionais: os independentes que fazem parte de empresas especializadas em auditorias e são contratados pelas empresas para realizarem o trabalho de auditoria a fim de analisar as práticas contábeis e emitir parecer contrário ou a favor da empresa no que tange à prática contábil, e os internos, que são funcionários da própria empresa, preocupados com o controle interno.

Os peritos contábeis são aqueles contadores especializados, e, a fim de esclarecer uma questão judicial, são solicitados pela justiça. Eles terão o papel de verificar e investigar a exatidão dos registros contábeis designados em cada questão judicial.

Já os professores de contabilidade são profissionais especializados que exercem o magistério, tanto em 2º grau como também em faculdades, nos cursos de graduação e pós-graduação, dependendo da formação de cada um. É importante dizer que esse tipo de profissional exerce sua profissão não só na área de contabilidade, mas também na Economia, Administração, Direito dentre vários outros.

Na figura exposta, a seguir, é mostrado como a função da contabilidade dentro de uma empresa, que é de fornecer informação para a tomada de decisão, como também uma das formas de atuação do contador na empresa, exercida pelo controller.

Função do contador nas empresas

A contabilidade nas empresas

Conselho de Administração

Presidente

Comercial Manufatura Adm/Finanças

Administração Tesoureiro Controller

Gerenc ia de Crédito e Cobrança

Orçamento de Capital

Contas a Pagar

C o n t a b . de custos

C o n t a b . Financeira

Depto. Fiscal

Fonte: Marion, José Carlos. Contabilidade Básica: Material de Aula, cap. 1, 2004

Page 22: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

22 Ciências Contábeis

O Método Contábil possui algumas limitações que precisam ser sanadas. Uma dessas limitações é que a contabilidade não tem um fim em si mesmo, pois ela trabalha apenas com eventos mensuráveis e não abordam elementos não quantitativos, além de princípios, procedimentos de avaliação e terminologia discutíveis.

Diante do contexto, a contabilidade irá construir horizontes mais amplos e promissores se a formação do contador for fortalecida a partir, por exemplo, da familiarização dos contadores com métodos quantitativos e computação, como também da preocupação dos órgãos representativos de classe desenvolverem melhorias nos princípios e padrões contábeis.

Qualidade e característica da informação contábilA informação contábil, para ser realmente útil, deve trazer sempre o benefício esperado pela informação, mesmo que para isso sempre exista um custo embutido nessa informação.

A relação custo/benefício da informação contábil é levada em consideração de acordo com cada perfil profissional, ou seja, muitas vezes um profissional com uma simples informação e um pequeno custo consegue trazer uma informação totalmente importante para uma determinada empresa (gerando um grande benefício), todavia existem profissionais que nem sabem como funcionam os sistemas complexos e caros implantados na empresa, gerando assim um custo alto, um benefício baixo, e logicamente uma informação inútil para a tomada de decisão.Para Iudícibus e Marion (2002, p. 64):

“Uma das formas de avaliar a qualidade da informação contábil e, portanto, sua utilidade (benefício), quando comparada ao custo, é analisar algumas qualidades e características que deve possuir, tais como: compreensibilidade, relevância, confiabilidade e comparabilidade”.

Para a informação contábil ser compreensiva, ela deve ser completa e deve conseguir mostrar todos os mecanismos utilizados no registro das operações. Todavia, ainda há questionamentos quanto à compreensão por parte dos usuários em relação aos relatórios contábeis, já que se o usuário não tiver pelo menos uma noção básica de contabilidade, ele não consegue entender o que está sendo passado de informação.

Outra característica da informação contábil é em relação à sua relevância, ou seja, ser uma informação útil que influencia as decisões dos usuários, auxiliando-os a tomar decisões baseadas nos eventos já ocorridos e que podem vir a ocorrer, de forma que possam corrigi-las, caso seja necessário. Sendo assim, essa característica é responsável pelo registro do valor preditivo nas informações contábeis, isto é, evidenciar os valores que afetam o patrimônio no momento do fato gerador nos relatórios contábeis.

Page 23: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

23Etapa VI - Volume 1

Outra característica, mesmo, que não incluída na citação de Iudícibus e Marion, e que os autores mesmo assim citam, é a Tempestividade. Essa qualidade da informação está ligada ao tempo em que ela foi passada para o usuário porque não adianta de nada ela possuir todas as características citadas anteriormente, mas não ser informada no momento certo de se tomar qualquer decisão que seja fundamental para a gestão da empresa.

Portanto, todas as características das informações são extremamente essenciais para a qualidade da informação contábil, desde que ela seja realizada no momento oportuno.

Postulados, Princípios e Convenções ContábeisPara entendermos como funcionam esses conceitos na contabilidade, vamos usar uma metodologia que se baseia em um edifício em construção, conforme a figura a seguir. O edifício é composto por três partes: alicerce (fundição, colunas), paredes (formando os compartimentos) e telhado. O alicerce será constituído pelos postulados contábeis, as paredes são os princípios contábeis propriamente ditos e o telhado significa as convenções contábeis.

Assim como todas as informações que precisamos para poder ter um posicionamento em relação a uma determinada decisão que, porventura, devemos tomar, a informação contábil deve ser confiável. Para que a informação contábil seja confiável, ela precisa estar livre de erros e vieses, sendo, dessa forma, aceita pelos usuários como representante fiel da realidade contabilizada.

Por fim, a informação contábil deve proporcionar comparabilidade. Para que isso aconteça, os relatórios contábeis devem seguir sempre uma uniformidade, isto é, quando da adoção de determinada política ou de determinado critério contábil, esse deve ser informado ao usuário como também deve permanecer como sendo uma política adotada pela empresa ao longo de todos os períodos. Essa característica está ligada a uma convenção contábil que preza pela uniformidade denominada Consistência, e será estudada ainda neste roteiro.

O fato mais importante da comparabilidade é que para se desenvolver pesquisas e estudos de tendências, em uma mesma ou em empresas do mesmo setor de atividade econômica, é necessário ter condições de comparar as demonstrações contábeis ao longo dos anos, de forma que possa ser medido o desempenho de uma ou de várias empresas.

Page 24: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

24 Ciências Contábeis

Fonte: MARION, José Carlos. Contabilidade Empresarial. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2003, p. 144

Os dois pilares, que são aprofundados no solo, correspondem ao alicerce, a base do edifício, representando na teoria da contabilidade, os postulados contábeis. Os postulados são, na contabilidade, verdades indiscutíveis, axiomas, que dão suporte aos princípios e convenções. Os dois postulados são: a Continuidade e a Entidade Contábil.

As paredes da construção, apoiadas nos alicerces, representam os princípios contábeis, que serão os preceitos básicos orientadores dos registros contábeis. Porém, esses princípios são limitados pelo telhado, no caso as convenções, e suportados pelo alicerce (postulados). Os princípios contábeis aqui tratados são: custo histórico, denominador comum monetário, realização da receita, confrontação da despesa e essência sobre a forma.

As convenções contábeis são as limitações (restrições) das paredes, ou seja, estabelecem limites no procedimento de atuação do profissional contábil, compondo, assim, o telhado do edifício. São elas:

− Objetividade.− Materialidade (ou Relevância).− Consistência (ou Uniformidade).− Conservadorismo (ou Prudência).

Diante disso, é necessário o entendimento, propriamente dito, de cada um desses conceitos, de acordo com a Teoria da Contabilidade.

Page 25: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

25Etapa VI - Volume 1

Postulados contábeisComeçamos pelos postulados. No campo contábil, partimos do pressuposto que sempre teremos uma pessoa (física ou jurídica) para fazer a contabilidade e a essa pessoa chamamos de entidade contábil.

Esse postulado é o início de todo o encadeamento do raciocínio contábil e do arcabouço estrutural da Teoria Contábil.

Segundo Iudícibus & Marion (2002, p. 92), “A contabilidade é sempre mantida para uma entidade, que exerce atividade econômica como meio ou fim. O Patrimônio desta entidade não se confunde com os patrimônios de seus proprietários”.

Portanto, a contabilidade é mantida para qualquer entidade que exerça atividade econômica e o patrimônio dessa entidade está desvinculado de qualquer outro, já que cada entidade possui seu patrimônio próprio.

Sendo assim, em uma empresa em que os proprietários do negócio (pessoa física) dividem os mesmos gastos da empresa (pessoa jurídica) deve haver uma separação entre as duas entidades. Por exemplo, a Sra. Beatriz possui uma quitanda na garagem de seu sobrado, todas as frutas e verduras são lavadas diariamente, a quitanda funciona das 7 às 19 horas, e todas as contas de água, luz e telefone vêm para o sobrado de forma total, sem segregação. O postulado da entidade cita que esses gastos devem ser separados entre a residência (pessoa física) e a quitanda (pessoa jurídica), já que cada uma delas representa uma entidade contábil distinta, ficando claro que a separação e a importância de cada entidade estão ligadas à atividade econômica exercida e ao patrimônio que cada uma delas possui.

Além do mais, é importante ressaltar, como já pôde ser percebido, que a contabilidade pode ser mantida para qualquer tipo de entidade, isto é, não há a necessidade de personalidade jurídica para formação de uma entidade contábil. Um fazendeiro, uma igreja, um clube, um empresário, um profissional liberal, qualquer um que seja, pode manter a Contabilidade para ele próprio.

Partimos ainda da hipótese que essa entidade tem uma vida por prazo indeterminado, que é um empreendimento em andamento, isto é, em continuidade, dando, assim, ensejo para o próximo postulado, que é o da Continuidade.

Para Iudícibus & Marion (2002, p. 96) o postulado da Continuidade pode ser enunciado da seguinte maneira: “Para a Contabilidade, a Entidade é um organismo vivo que irá operar por um longo período de tempo (indeterminado) até que surjam fortes evidências, econômicas ou jurídicas, em contrário”.

O entendimento desse postulado é muito complexo de ser entendido sem que se tenha uma grande prática contábil e, acima de tudo, em auditoria; entretanto, é de suma importância para aceitar e aplicar aos princípios e procedimentos contábeis.

Page 26: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

26 Ciências Contábeis

Para tanto, é importante entender que esse conceito surgiu devido à evolução das entidades como detentoras das atividades econômicas. Há muitos anos, na época em que as expedições comerciais eram uma das únicas formas que os países recém-descobertos tinham de adquirir especiarias, somente se apurava o resultado no fim de cada viagem, já que o fim da viagem coincidia com o fim da entidade contábil. Contudo, atualmente, diante do grande fluxo de operações que envolvem as entidades detentoras de atividade econômica, a contabilidade tornou-se essencial em todo o processo (continuidade), ou seja, em todos os períodos, não só no fim da entidade. A necessidade de se apurar os resultados a períodos cada vez menores surgiu a fim de não deixar que nenhuma informação seja deixada de lado.

A continuidade considera a empresa (entidade) em andamento até que alguma forte evidência mostre o contrário. Sendo assim, a continuidade tem algumas conseqüências como a avaliação dos elementos do patrimônio, exceto os produtos ou serviços, todos os demais devem ser avaliados pelo preço de aquisição já que foram integrados ao patrimônio da empresa, não visando a valorização para sua venda, mas sim como sendo parte integrante da organização que juntamente as demais forças produtivas gerem receitas no futuro.

Conseqüentemente, ao conceito de continuidade estabelece-se que os ativos devem ser preferencialmente avaliados pelo valor de entrada (de custo) e não de saída (venda), e os passivos também, analisando-se, assim, quanto custará pagar as obrigações adquiridas. Todavia, se a entidade encontra-se próxima da descontinuidade, todos os ativos e passivos devem ser avaliados pelos valores de realização (isto é, de saída) para se considerar os prazos de encerramento, para que o mercado não tenha uma informação errada do comportamento dessa empresa.

Portanto, conclui-se que a contabilidade existe para qualquer pessoa que exerça uma atividade econômica, denominada entidade, sendo que é necessária a distinção entre os patrimônios de cada uma dessas entidades, e essas, por sua vez, devem estar em constante andamento, isto é, operando por um período indeterminado (continuidade).

Princípios contábeisVamos partir agora para os princípios.

Os princípios são os conceitos básicos que constituem o núcleo essencial, que deve guiar a profissão na consecução dos objetivos da Contabilidade.

Segundo Iudícibus et al (2006, p. 266), são duas as condições básicas para que um princípio supere a fase de tentativa e se transforme em amplamente aceito e, portanto, incorporado à doutrina e prática contábeis: deve ser praticável e objetivo pelo consenso profissional e deve ser útil.

O primeiro deles e o mais discutido é o custo original como

Page 27: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

27Etapa VI - Volume 1

base de valor ou registro pelo valor original. Esse princípio diz que os registros contábeis devem ser realizados pelo seu respectivo custo de aquisição ou de fabricação (incluindo todos os gastos necessários para colocar o bem em condições de gerar benefícios para a empresa), isto é, por todos os gastos realizados para comprar ou fabricar determinado bem. Portanto, qualquer contador que seja, adotaria o mesmo critério e não haveria nenhuma divergência.

Iudícibus & Marion (2002, p. 101) citam que:“até alguns anos atrás, esse princípio foi entendido numa acepção por demais conservadora de custo original como valor (e não como base de valor), isto é, não apenas o valor de um ativo – seu custo original – não poderia ser alterado (...), como somente os ativos que custaram algo para a entidade (...) poderiam ser considerados ativos”.

Sendo assim, os bens recebidos como doações não seriam consideradas como ativos.

Essa proposta está ligada ao postulado da continuidade, já que a entidade está interessada no custo de aquisição, e não nos valores de realização, como já foi dito anteriormente. Portanto, esse princípio só é válido para a pessoa (entidade) que está em continuidade.

Um dos problemas desse princípio, motivo esse da discussão entre os vários estudiosos, é que quanto mais antigo for o registro, mais propenso ele está da desatualização, ainda mais em uma economia com inflação, perdendo, assim, a credibilidade informativa da contabilidade ao usuário. O próximo princípio é o Principio da Essência econômica sobre a forma jurídica. Esse princípio é o mais novo adotado pela teoria contábil, para que a contabilidade represente os fatos e registros contábeis fidedignamente, não somente na sua forma legal, mas também de acordo com a sua substância e realidade econômica.

Iudícibus & Marion (2002, p. 116) enunciam este princípio da seguinte maneira:

“Sempre que possível, a contabilidade, ao contemplar o registro de uma transação, deverá observar sua forma legal e essência econômica. Entretanto, se a forma, de alguma maneira, dissimular ou não representar claramente a essência econômica da transação, esta última deverá ser a base do registro para a Contabilidade”.

Atualmente, os bens doados são registrados como ativos pelo valor de aquisição do doador, ou também pelo valor pago no mercado pelo bem em mesmo estado de conservação.

Page 28: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

28 Ciências Contábeis

A estrutura conceitual mostra que a contabilidade possui um grande relacionamento com aspectos jurídicos que cercam o patrimônio de uma entidade, mas não raro, a forma jurídica pode deixar de retratar a essência econômica.

Nessas ocasiões, deve a contabilidade guiar-se pelos seus objetivos fundamentais de bem informar, seguindo, se necessário, a essência econômica ao invés da forma jurídica.

A melhor forma de entender esse princípio é por meio da utilização de exemplos. De acordo com um exemplo citado por Marion (2003, p. 140), suponha que uma empresa venda um ativo, mas assuma o compromisso de recomprá-lo por um valor já determinado em certa data. O registro dessa operação deve ser feito como uma operação de financiamento e não de compra e venda, prevalecendo a essência econômica (financiamento) sobre a forma jurídica (compra ou venda do ativo).

Um segundo exemplo, fornecido por Iudícibus e Marion (2002, p. 116), é o de um contrato poder, juridicamente, estar atribuindo a forma de arrendamento a uma transação, mas a análise da realidade evidencia, na prática, uma operação de compra e venda financiada. Diante do conflito essência e forma, a contabilidade registra pela essência, isto é, como uma operação de compra e venda financiada, já que a realidade econômica assim representa.

O terceiro princípio, não tão menos importante quanto os demais, é o Princípio do Denominador Comum Monetário.

Como a contabilidade preocupa-se em captar e registrar eventos e transações suscetíveis de avaliação monetária, o denominador comum representa a avaliação monetária desses registros. Sendo assim, seja qualquer item que for, como contas a pagar ou contas a receber ou veículos ou capital, todos esses itens, por mais diferentes que sejam, serão registrados na contabilidade em um mesmo denominador comum monetário, criando-se, assim, um padrão.

Por meio desse princípio, há a expressão financeira da Contabilidade; tem-se que a avaliação monetária homogeneíza e agrega diferentes itens em um denominador comum monetário num único relatório. Em outras palavras, o denominador comum monetário equivale a um único padrão de referência monetária.

Sendo assim, no caso do Brasil, a unidade monetária representada pela moeda corrente do país, o Real, fornece a melhor mensuração, no momento em que a agregação se faz necessária. Portanto, todos os itens serão captados e registrados em uma mesma unidade monetária.

Além disso, deve-se levar em consideração que esse princípio também se refere à estabilidade do padrão monetário, portanto, é necessária a escolha de uma data base para demonstrar todos os registros em moeda de poder aquisitivo na data base escolhida.

Page 29: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

29Etapa VI - Volume 1

Outro aspecto relevante, que é conseqüência desse princípio, é a utilização do conceito de valor presente, ou seja, existem algumas operações que são realizadas com prazos e valores prefixados; para tanto, é necessário calcular o valor a ser registrado pela contabilidade. Sendo assim, o método utilizado acaba sendo o valor presente dessas operações.

Iudícibus & Marion (2002, p. 104) dizem que,“As demonstrações contábeis, sem prejuízo dos registros detalhados de natureza qualitativa, serão expressas em termos de moeda nacional de poder aquisitivo da data do último Balanço Patrimonial”.

Os dois princípios enunciados, a seguir, estão intimamente ligados à apuração do resultado e juntos formam o Regime de Competência. Esse regime afirma que todas as transações devem ser registradas na contabilidade no momento de ocorrência do fato gerador e não do recebimento e pagamento das transações.

O primeiro deles é o da Realização da Receita, o qual cita que o momento de reconhecimento da receita é aquele em que os produtos ou serviços são transferidos ao cliente (fato gerador da transação) e nada têm a ver com o recebimento em dinheiro pela venda do produto ou prestação do serviço. Esse momento é quase sempre coincidente ao momento da venda, ou logo após o mesmo.

Segundo Iudícibus & Marion (2002, p. 106), o reconhecimento da receita é assim utilizado, já que obedece a quatro condições ou argumentos:

a) a transferência do bem ou serviço se concretiza quando todo o esforço para obter receita já foi desenvolvido;

b) nesse ponto, configura-se com mais objetividade e exatidão o valor de mercado para a transferência;

c) no ponto já se conhecem todos os custos de produção do produto ou serviço transferido e outras despesas e deduções da receita diretamente associáveis ao produto ou serviço (...);

d) mas, de qualquer forma, é necessário ainda verificar-se se está recebendo em troca dinheiro ou direitos com boa garantia de efetivo recebimento ou, em última instância, ativos com valor de mercado amplamente reconhecido e realizável.

Page 30: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

30 Ciências Contábeis

Entretanto, existem algumas exceções em que as condições podem ser satisfeitas antes do momento da venda, e até depois. São eles:

− receitas a serem reconhecidas proporcionalmente a certo período contábil decorrido: contratos de longo prazo como aluguel. O contrato pode ter sido feito para um ano, porém o reconhecimento desse aluguel pode ser feito em parcelas mensais. Um outro exemplo é o reconhecimento da receita para o cliente diante das horas de serviço trabalhadas; no caso de empresas de auditoria, o trabalho e o serviço podem não ter sido finalizados, porém uma parcela pode ser reconhecida, já que houve um tempo decorrido deste trabalho;

− Serviços ou Produtos de Longo Prazo de Execução: como as indústrias navais e aeronáuticas. Como a construção do produto pode ser superior a um exercício social fica obscuro decidir a melhor forma de reconhecimento da receita: esperar a transferência do produto final ao cliente ou reconhecer proporcionalmente às etapas físicas ou aos custos incorridos a cada exercício financeiro. Para tanto, a contabilidade acaba por achar melhor adotar o segundo critério de reconhecimento proporcional, porém não se deve deixar de lado a objetiva na adoção desses critérios;

− reconhecimento da receita antes da transferência: em empresas que necessitam de crescimento vegetativo ou acréscimo de valor natural como os produtores de vinho e uísque, exploradoras de reservas minerais, e também em empresas em que o risco da não-venda é nulo, como na lapidação de pedras preciosas;

− reconhecimento da receita após a transferência: em empresas que é impossível prever o recebimento de ganho da receita, em empresas que podem receber ativos sem valor monetário recebido em troca pela venda efetuada, e em negócios especulativos em que não se sabe quando irá receber o valor da venda, portanto só se registra o ganho (lucro) após reconhecer todos os custos a serem recuperados.

O que completa o princípio anterior é o da Confrontação das despesas com as receitas.

Esse princípio demonstra, em suma, que as despesas são atribuídas aos períodos de acordo com as receitas a que se referem, isto é, de acordo com a data do fato gerador e não quando são pagas em dinheiro.

Após a identificação exata da receita, faz-se um esforço de associar (ou confrontar) toda a despesa sacrificada para a obtenção daquela receita, fato esse que chamamos de princípio da confrontação da despesa. Desta comparação (receitas e despesas), obteremos o resultado de um período na empresa.

Page 31: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

31Etapa VI - Volume 1

O reconhecimento das despesas está ligado ao consumo de ativos, à ocorrência do fato gerador da despesa e a seu confronto com as receitas atribuídas ao período, ou ao período, quando não for possível o confronto direto com as receitas.

Sendo assim, pode acontecer de haver despesas em um exercício, porém o sacrifício financeiro só ocorrerá no próximo exercício, como no caso típico de pagamento de salários no fim do mês, ou começo do outro mês. Os salários são reconhecidos como despesa do mês, porém só serão pagos no mês subseqüente.

Entretanto, existem alguns casos especiais como os gastos de natureza pré-operacional que são ativados, e só serão reconhecidos a partir do momento em que a empresa começar a operar e gerar receita, e também a parcela adicional dos gastos com pesquisa e desenvolvimento que serão ativados e podem ser amortizados quando o projeto iniciar e gerar receitas.

Iudícibus & Marion (2002, p. 115) enunciam que os dois princípios podem ser enunciados segundo o regime de competência dessa forma:

“Receitas e Despesas devem ser reconhecidas e atribuídas aos períodos contábeis de acordo com a ocorrência de fatos geradores específicos e não pela entrada ou saída de caixa. As despesas deverão, sempre que possível, ser confrontadas diretamente com as receitas reconhecidas no período.”

Convenções contábeisSão as restrições aos princípios, representando também o complemento aos princípios e postulados, a fim de delimitar a direção a ser seguida pelos princípios. Portanto, diante de uma situação-problema, são as convenções que demarcam a decisão final a ser seguida. Elas acabam tendo, por sua vez, comparadas aos princípios, um peso menor de enunciação.

A Convenção da Objetividade pronuncia que para procedimentos igualmente relevantes, levando-se em consideração os critérios de objetividade e subjetividade, sempre deverão ser registrados os que puderem ser comprovados por documentos e critérios objetivos.

Essa convenção tem o propósito de eliminar o liberalismo nas escolhas de critérios, principalmente de valor, a fim de que não haja qualquer tipo de distorção nas informações contábeis.

Nessa convenção, o que impera é a impessoalidade do contador em relação aos usuários da contabilidade. Quanto mais objetivo o contador for, mais imparcial será a informação contábil.

Como exemplo, suponha-se que um contador precise fazer o registro da aquisição de um veículo. Ele dispõe de duas fontes de informações: a fatura relativa à compra do veículo e a cotação do mercado fornecida por uma empresa altamente especializada. Seguindo a convenção da objetividade, diante das duas situações, a que se caracteriza como mais objetiva é a fatura relativa à compra do veículo.

Page 32: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

32 Ciências Contábeis

Levando em consideração a objetividade, na falta de qualquer documentação comprobatória de valor, cabe à contabilidade a contratação de peritos especializados que possam fazer uma avaliação, fornecendo, assim, ao contador um valor mais objetivo.

Iudícibus et al (2006, p. 273) citam sobre esta convenção que:“Em suma, nem só o que é material, palpável, tem a qualidade de ser objetivo. Mesmo porque a objetividade atribuída a tais elementos é uma imagem criada por nossa mente, que se utiliza, assim, do julgamento. Portanto, um julgamento pode ser objetivo, também, profissionalmente”.

Portanto, a objetividade significa, na contabilidade, o posicionamento mais neutro e impessoal na escolha de critérios, de forma que se possa comprovar e eliminar qualquer viés na evidenciação das informações.

A Convenção da Materialidade ou Relevância determina que devem ser registrados na Contabilidade apenas os eventos dignos de atenção e na ocasião oportuna.

Nesse aspecto, pode-se considerar a relação custo/benefício no momento em que o contador informa em seus relatórios se é relevante qualquer movimentação ou registro. Isso porque existem informações contábeis que o gasto com o registro acaba sendo muito maior do que propriamente a relevância da análise contida na informação, isto é, o custo gerado é muito maior que o benefício que a informação pode trazer.

De acordo com um exemplo citado por Iudícibus et al (2006, p. 272) fica mais claro o objetivo dessa convenção:

“(...) sempre que os empregados do escritório se utilizam de papéis e impressos da firma, registra-se uma diminuição do ativo da empresa, diminuição esta que poderia, teoricamente, ser lançada nos registros contábeis à medida de sua ocorrência. Entretanto, isto não é feito, pela irrelevância da operação, e a despesa só é apurada no fim do período por diferenças de estoques”.

Todavia, Iudícibus et al (2006, p. 272) complementam afirmando que:

“Normalmente, materialidade e relevância andam juntas. Entretanto, algo pode ser imaterial de per se, mas, ainda assim, relevante. Por exemplo, se todo mês descobrimos uma diferença de $ 1 no Balancete de Verificação do Razão, o fato em si pode ser imaterial, mas, pela repetição, pode ser relevante no sentido de apontar eventuais problemas no sistema contábil”.

Portanto, essa convenção desobriga o contador de um tratamento mais rigoroso para aqueles aspectos de valores irrelevantes, porém, não se esquecendo de que todos esses aspectos devem ser analisados, de modo que não prejudique a informação contábil.

Page 33: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

33Etapa VI - Volume 1

Já a Convenção da Consistência ou Uniformidade cita que quando adotado um determinado processo dentre vários possíveis, esse não deverá ser modificado freqüentemente (ano a ano) para não prejudicar a comparabilidade dos relatórios contábeis e dos estudos de preditivos.

Entretanto, isso não impede que se houver a necessidade de mudança de algum critério adotado pela contabilidade da empresa, a mesma não possa adotar esse novo critério. Nos relatórios contábeis, desde que evidenciado em nota explicativa (explicando o motivo da alteração e as implicações, caso haja, no lucro da empresa), a alteração pode ser concretizada.

Um exemplo que pode elucidar essa convenção é quando a empresa adota sempre o mesmo método de avaliação de estoque, a MPM, por exemplo. Depois de vários estudos, a empresa acredita que o melhor método a ser utilizado para a avaliação do estoque seria o PEPS, devido à perecibilidade dos produtos em estoque. Desde que ela permaneça com esse método nos demais períodos de apuração e informe em nota explicativa o motivo da alteração e o efeito no resultado, a empresa pode adotar este critério.

A finalidade dessa convenção é reduzir as inconsistências entre os relatórios dentro da empresa, como também, buscar pela padronização e unificação da informação contábil no mesmo setor de atividade.

Por fim, a Convenção do Conservadorismo ou Prudência define que sempre que o contador se confrontar com alternativas igualmente válidas para atribuir valores diferentes a um elemento do Ativo ou do Passivo, por motivos de precaução, deverá optar pelo mais baixo para o Ativo, e pelo mais alto para o Passivo. A intenção dessa convenção é no sentido de sempre antecipar o prejuízo e nunca antecipar o lucro, não influenciando os investidores, de um modo geral, a um otimismo que poderá, em um determinado momento, ser falso.

Iudícibus et al (2006, p. 272) dizem que: “A regra ‘Custo ou Mercado o Mais Baixo’ está intimamente ligada ao conservadorismo. Em outras palavras, o custo é a base de valor para a contabilidade, mas, se o valor de mercado for inferior ao de custo, adotaremos o valor de mercado”.

Esse aspecto pode ser percebido quando a empresa tem um estoque de mercadorias avaliado por R$ 100 mil ao preço de aquisição, e no momento de fechamento dos relatórios contábeis, percebe-se que o valor de mercado (que é o valor da reposição do produto na empresa) é de R$ 80 mil. O contador, com a visão conservadora, registraria os R$ 80 mil, já que para os investidores, em um determinado momento, este prejuízo seria repassado, talvez com proporções negativas muito maiores; sendo assim, com a adoção do conservadorismo, a empresa acaba por antecipar o prejuízo e evidenciar de forma mais clara possível a situação real da empresa.

Page 34: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

34 Ciências Contábeis

Portanto, essa convenção prima pela boa evidenciação da empresa para com seus investidores, porém, com a adoção desse conservadorismo, há o impedimento da evolução da teoria contábil, além de fazer com que as empresas percam o controle dos impactos nos resultados.

Princípios fundamentais da Contabilidade segundo o Conselho Federal de Contabilidade (CFC)De acordo com a Resolução do CFC, n.º 750, de 29 de dezembro de 1993, ficou estabelecido que os princípios fundamentais contábeis a serem praticados, no Brasil, seriam os: da Entidade, da Continuidade, da Oportunidade, do Registro pelo valor original, da Atualização monetária, da Competência e da Prudência.

O Conselho Federal não se preocupou com a hierarquização, não encontrando, assim, uma perfeita unicidade dos Princípios Contábeis.

É notória a não diferenciação dos princípios segundo o CFC em postulados, princípios e convenções contábeis, entretanto a maioria dos princípios são os mesmos desenvolvidos e estudados pela teoria da contabilidade, exceto os princípios da Oportunidade e da Atualização Monetária. Isso pode ser percebido de acordo com o gráfico-quadro comparativo, desenvolvido, a seguir.

COMPARATIVO DOS NOVOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE CONTABILIDADE COM OS POSTULADOS, PRINCÍPIOS E CONVENÇÕES DE CONTABILIDADE

Princípios Fundamentais de Contabilidade – NBC Postulados, Princípios e Convenções de Contabilidade

1. Da entidade Da entidade (Postulado) 2. Da continuidade Da continuidade (Postulado)3. Da oportunidade _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _4. Do registro pelo valor original Do Custo Histórico como base de valor (Princípio)5. Da atualização monetária _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _6. Da competência Da realização da receita (Princípio)7. Da prudência Da confrontação da despesa (Princípio) _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Do conservadorismo (Convenção) _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Da consistência (Convenção)

Do denominador comum monetário (Princípio) _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Da objetividade (Convenção) _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Da materialidade (Convenção)

Fonte: MARION, José Carlos. Contabilidade Empresarial. São Paulo: Atlas, 2003, p. 145.

O Princípio da Atualização Monetária foi vigente no Brasil até 1995; com a queda da inflação, devido à implantação do Plano Real, ela foi extinta. Entretanto, antes desse período, era obrigatória a geração de relatórios contábeis por parte das empresas com Correção Monetária, tanto do Ativo Permanente quanto do Patrimônio Líquido. Mesmo que não seja obrigatório, é

Page 35: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

35Etapa VI - Volume 1

aconselhável que, quando a inflação ultrapassar dois dígitos, seja aplicada a Correção Monetária.

Outro princípio estabelecido pelo CFC é o da Oportunidade, que estabelece que todos os fatos, mesmo que administrativos incertos, que no futuro possam vir a afetar o patrimônio, devem ser registrados pela Contabilidade oportunamente, como contratos antes de realização ou processos judiciais de ganhos ou perdas. Atualmente, a contabilidade se utiliza das notas explicativas ou relatórios próprios para essas eventuais informações, não mais no Balanço Patrimonial, como era feito antigamente. No passado, existia um grupo de contas denominado compensação, em que se faziam este registro.

Em suma, os conceitos adotados pelo CFC são apenas em parte correspondentes aos da Estrutura Conceitual Contábil. Acredita-se que o CFC tentou padronizar e adotar princípios que fossem adequados à realidade brasileira, porém aqueles dispostos pela teoria contábil acabam sendo mais completos e adequados à perfeita utilização e divulgação da informação contábil.

Leituras Obrigatórias

Texto 2

Texto 1IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARION, José Carlos. Introdução à Teoria da Contabilidade: para o Nível de Graduação. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002. Partes I a III.

Este livro proporciona uma leitura de fácil entendimento devido ao seu caráter didático. O primeiro capítulo se destaca contando a história da evolução da contabilidade de uma forma alternativa e com um teor totalmente real. Além disso, em todos os capítulos do livro, no fim de cada um deles, os autores se preocuparam em acrescentar leituras complementares aguçando a curiosidade dos leitores. Um dos destaques desses textos é a história de Frei Lucca Pacioli, também no primeiro capítulo do livro.

IUDÏCIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2004. Unidade I.

Este livro é mais completo que o anterior no que tange ao assunto deste roteiro. É interessante verificar o segundo capítulo, que trata da evolução da contabilidade, o autor informa completamente todos os fatos importantes que marcaram a Contabilidade. Além disso, para os Postulados, Princípios e Convenções (capítulos 3, 4 e 5), o autor apresenta exemplos que facilitam, sobremaneira, o entendimento dos conceitos de cada um deles.

A Contabilidade Pública ainda utiliza esse grupo de conta no Balanço Patrimonial com sistema específico para o controle desse grupo, mas a empresarial o aboliu.

Page 36: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

36 Ciências Contábeis

HENDRIKSEN, Eldon S.; VAN BREDA, Michael F. Teoria da Contabilidade. Tradução de Antonio Zoratto Sanvicente. São Paulo: Atlas, 1999. Cap. 2 e 4.

Nos dois capítulos recomendados, os autores tratam de maneira mais aprofundada sobre a evolução da contabilidade, como também trata da busca por parte dos teóricos pelos princípios da contabilidade. Este livro é muito importante dentro da Teoria Contábil, mesmo sendo uma obra traduzida, e muitas vezes criticada por muitos estudiosos contábeis, é de suma importância a leitura, porque possui idéias de autores que não pertencem à Escola Brasileira de Contabilidade.

SÁ, Antonio Lopes de. Teoria da Contabilidade. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002. Cap. 1 a 4.

Neste livro, o autor complementa honrosamente a leitura deste roteiro com uma abordagem diferente das demais, já que é um autor que tem uma linha de pesquisa diferente dos autores já apresentados. É interessante ler este livro porque é possível que alguns se identifiquem mais com o perfil deste autor no que tange ao estudo da Teoria Contábil.

LOPES, Alexsandro Broedel; MARTINS, Eliseu. Teoria da Contabilidade: Uma Nova Abordagem. São Paulo, Atlas, 2005. Cap. 1 e 8.

Este livro apresenta uma abordagem alternativa para a pesquisa e para o ensino da contabilidade. Sua leitura ajudará a entender, com maior profundidade, questões essenciais e a refletir sobre assuntos contábeis no Brasil e no mundo. É um destaque da Teoria Contábil Moderna, já que um dos autores do livro, Alexsandro Broedel Lopes, se destaca como um dos mais recentes e jovens pesquisadores da Teoria Contábil. Este livro contribui para uma nova perspectiva da Teoria Contábil estudada pelo autor.

Leituras Complementares

Texto 1

Texto 2

Texto 3

GERGULL, Alberto Weimann. Uma Reflexão Acerca do Núcleo Fundamental da Teoria Contábil. Caderno de Estudos – FIPECAFI, São Paulo, v. 9, n. 15, p. 35-40, jan./jun. 1997. Disponível em: <http://www.eac.fea.usp.br/eac/revista/revista_fip.asp?edicao=15>. Acesso em: 23 Abr. 2008.

Apresenta de forma clara e sucinta uma revisão da estrutura conceitual básica da Contabilidade, além de um embasamento teórico para a Teoria Contábil, totalmente relacionado com o assunto pertinente a este roteiro.

Texto 4

Page 37: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

37Etapa VI - Volume 1

Texto 5Szüster, Natan; Szüster, Fortunée Rechtman; Szüster, Flávia Rechtman. Contabilidade: Atuais Desafios e Alternativa para o seu melhor desempenho. Revista de Contabilidade e Finanças - USP, São Paulo, n. 38, p. 20-30, maio/ago. 2005. Disponível em: <http://www.eac.fea.usp.br/eac/revista/revista_eac.asp?edicao=38> Acesso em: 23 Abr. 2008.

Este artigo mostra uma reflexão sobre os desafios enfrentados pela Contabilidade no Brasil na evidenciação de uma Demonstração Contábil que retrate a realidade das empresas, além da apresentação de uma proposta para ampliar a capacidade informativa da Contabilidade.

AtividadesAtividade 1Exercício adaptado de MARION, José Carlos. Contabilidade Empresarial. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2003, p. 148-149.

O contador da Cia. Franca, em obediência aos conceitos da Teoria Contábil: Postulados, Princípios e Convenções da Contabilidade, fica bem à vontade para tomar as seguintes atitudes:

1) não aceita a sugestão de seu assessor, de que “o ideal, para o ramo da Cia. Franca, não é avaliar o estoque pelo preço médio das últimas aquisições, mas pelo preço de mercado de matéria-prima” (O contador não pretende mudar o critério);

2) do total de Contas a Receber que a empresa receberá no próximo ano, há um forte indício de que 10% não serão recebidos. Dessa forma, em vez de considerar R$ 5.000.000, considerará R$ 4.500.000;

3) recusa-se a atender ao pedido do Presidente da Cia., que prefere uma contabilidade em dólar (por ser esta uma moeda mais estável);

4) o principal produto da empresa consome três tipos de matérias-primas: o alumínio, que representa 90% do valor total pago pelas matérias-primas; o cobre, que representa 9,8%; e o ferro, que representa 0,2%. O contador resolve não mais fazer um relatório detalhado sobre o consumo de ferro, mas, sim, continuar a fazer um relatório sobre cobre e alumínio;

5) todas as retiradas extraordinárias do caixa, realizadas pelos diretores, serão consideradas como um empréstimo da Cia. Franca. Essa atitude foi motivada pelo fato de o dinheiro ser reembolsado depois de muito tempo (mais de seis meses);

6) quando não puder avaliar, por meio de documentos, certos bens que os proprietários fornecem à empresa, como já aconteceu em algumas oportunidades, convocará três peritos em avaliações ou uma empresa especializada em avaliação. “Eu, contador, não atribuirei valor.”;

7) propõe que os bens que não se destinam à venda não sejam considerados por seu valor de mercado (valor de venda);

8) evitará realizar reavaliações (novas avaliações) tão freqüentes,

Page 38: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

38 Ciências Contábeis

Atividade 2

Atividade 3

como vinha acontecendo. “Só em uma situação extrema, faremos reavaliação”, diz ele.

Qual postulado, princípio ou convenção o contador utilizou como base para tomar cada atitude citada anteriormente? Para cada atitude (1 a 8) responda o postulado, o princípio ou a convenção utilizado.

De acordo com cada uma das reflexões, em relação aos Postulados, Princípios e Convenções Contábeis, ajude a interpretar a atitude do contador da empresa Comida S.A., Sr. Eduardo, respondendo o que está sendo pedido:

a) O Sr. Eduardo estabeleceu que, quando se tratar de estoque ou valores a receber, havendo dúvidas entre dois valores (valor de custo ou valor de mercado), será utilizado o menor valor. Entretanto, quando se tratar de dívidas (valores a pagar), havendo dois valores igualmente válidos, será utilizado o maior.

Por que o Sr. Eduardo adotou esse tipo de atitude? Em qual princípio, postulado ou convenção ele se fundamentou? Explique.

b) Um dos sócios solicitou ao Sr. Eduardo a compra de um veículo para o seu filho, que completara 18 anos, com o dinheiro da empresa, já que, no ano passado, ele não havia retirado nenhuma parte do lucro apurado pela empresa. O Sr. Eduardo, em situação difícil, não sabia como falar ao sócio que essa atitude não estava correta, resolveu dizer que não poderia executar a transação: “Não pode se misturar as coisas: dinheiro da empresa é dinheiro da empresa e não dos sócios, como também o dinheiro dos sócios não pode ser gasto pela empresa”.

Em qual Princípio, Postulado ou Convenção Contábil ele se fundamentou? Explique.

Exercício retirado de IUDÏCIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2004, p. 132.

A empresa Alfa apresenta os valores, a seguir, (pelo custo) para as mercadorias específicas, em 31/12/2006:

Para uma unidadeMercadoria A R$ 30,00Mercadoria B R$ 20,00Mercadoria C R$ 14,00

O custo de reposição, para as mesmas mercadorias, na mesma data, era: A – R$ 26,00; B – R$ 24,00; e C – R$ 14,00. Os valores líquidos de realização (valor de venda menos despesas para vender) eram, respectivamente, A – R$ 32,00; B – R$ 26,00; e C – R$ 14,00. Os valores líquidos de realização, menos a taxa de lucro eram, ainda, A – R$ 26,00; B – R$ 20,00; e C – R$ 12,00. Discuta, pelo princípio do custo histórico como base de valor e pela restrição do conservadorismo, quais seriam os valores a ser apreciados para a avaliação em estoque em 31/12/2006, e por quê.

Page 39: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

39Etapa VI - Volume 1

ReferênciasGERGULL, Alberto Weimann. Uma Reflexão Acerca do Núcleo Fundamental da Teoria Contábil. Caderno de Estudos – FIPECAFI, São Paulo, v. 9, n. 15, p. 35-40, jan./jun. 1997. Disponível em: <http://www.eac.fea.usp.br/eac/revista/revista_fip.asp?edicao=15>. Acesso em: 23 Abr. 2008.

HENDRIKSEN, Eldon S.; VAN BREDA, Michael F. Teoria da Contabilidade. Tradução de Antonio Zoratto Sanvicente. São Paulo: Atlas, 1999. Cap. 2 e 4.

IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARION, José Carlos. Introdução à Teoria da Contabilidade: para o Nível de Graduação. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002. Partes I a III.

IUDÏCIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2004. Unidade I.

LOPES, Alexsandro Broedel; MARTINS, Eliseu. Teoria da Contabilidade: Uma Nova Abordagem. São Paulo, Atlas, 2005. Cap. 1 e 8.

SÁ, Antonio Lopes de. Teoria da Contabilidade. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002. Cap. 1 a 4.

SZÜSTER, Natan; SZÜSTER, Fortunée Rechtman; SZÜSTER, Flávia Rechtman. Contabilidade: Atuais Desafios e Alternativa para o seu melhor desempenho. Revista de Contabilidade e Finanças - USP, São Paulo, n. 38, p. 20-30, maio/ago. 2005. Disponível em: <http://www.eac.fea.usp.br/eac/revista/revista_eac.asp?edicao=38> Acesso em: 23 Abr. 2008.

Page 40: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1
Page 41: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

COMPONENTE CURRICULAR

Contabilidade em Agronegócios

Page 42: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1
Page 43: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

43Etapa VI - Volume 1

ROTEIRO DE ESTUDO 1

O agronegócio e o fluxo contábil na agricultura

Carlos Roberto Souza Carmo

Objetivos

Caro (a) aluno (a)

Ao final deste roteiro, esperamos que você seja capaz de:• compreender quais atividades econômicas podem ser

consideradas atividades rurais (Atividade agrícola, pecuária e agroindústria);

• compreender os conceitos de atividade agrícola que explora culturas temporárias e culturas permanentes;

• associar procedimentos contábeis gerais aplicados ao fluxo de atividades operacionais próprios da agricultura (culturas temporárias e permanentes);

• identificar e compreender procedimentos contábeis específicos aplicados ao registro das alterações patrimoniais provenientes da atividade agrícola (culturas temporárias e permanentes).

Dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (BRASIL, 2006, p. 5) destacam que, em 2005, o agronegócio foi responsável por 36,9% das exportações totais e 27,9% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Este mesmo trabalho ressalta que, além de um grande exportador de grãos, o Brasil é considerado, hoje, o maior exportador mundial de carne bovina e de frango e, ainda, o quarto maior fornecedor mundial de cortes de suínos.

O Brasil e o agronegócio

Por que o agronegócio brasileiro é tão desenvolvido?

Oriundos É mesmo que “nascido

do...”, ou ainda, proveniente, advindo, “originado de...”.

Clima privilegiado, água em abundância, tecnologia produtiva avançada e pessoal capacitado são alguns dos muitos fatores que tornam o Brasil um dos poucos competidores do setor com capacidade de acompanhar o aumento da demanda mundial por alimentos. Nesse contexto, pode-se observar que uma parcela significativa dos empreendedores do agronegócio brasileiro, visualizando o potencial de crescimento do setor, busca se estruturar operacionalmente de forma a atingir altos graus de produtividade. Entretanto, estes empreendedores, embora na maioria das vezes tendo capacidade técnica, operacional e desejo de realizar, apóiam-se, quase que exclusivamente, em conhecimentos oriundos da prática do seu dia-a-dia para a tomada das suas decisões gerenciais. Por este motivo, por meio deste e dos próximos três roteiros de

Page 44: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

44 Ciências Contábeis

estudo que compõem este componente curricular, você passará a compreender como a Contabilidade pode viabilizar a tomada de decisões mais acertada e devidamente embasada em fundamentos teóricos gerenciais voltados para o ramo do agronegócio.

Atividades econômicas que podem ser consideradas agronegócios - atividades rurais

De uma forma ampla, as atividades agrícolas (produção vegetal), zootécnicas (produção animal) e agroindustriais (beneficiamento primário da produção vegetal e animal) são consideradas agronegócios ou atividades econômicas rurais. Entretanto, algumas restrições devem ser feitas com relação à amplitude daqueles três termos genéricos, pois uma parcela significativa de operações com produtos oriundos do agronegócio não pode ser considerada atividade rural propriamente dita. Vejamos, a seguir, alguns exemplos de atividades econômicas consideradas atividades rurais ou agronegócios:

RestriçõesO mesmo que “limitações”, ou seja, diminuir a amplitude dos termos em questão e que são considerados abrangentes, amplos.

• produção e extração vegetal (produção de cereais, hortaliças, pomares, florestas, etc.);

• produção e exploração animal (apicultura, avicultura, suinocultura, sericicultura, pesca artesanal de captura do pescado in natura etc.);

• transformação de produtos agrícolas ou pecuários realizada pelo próprio agricultor ou criador, sem que sejam alteradas as características e a composição do produto in natura, e, ainda, com equipamentos e utensílios usualmente empregados nas atividades rurais, utilizando-se exclusivamente matéria-prima produzida na área explorada (descasque de arroz, conserva de frutas, moagem de trigo e milho, pasteurização e o acondicionamento do leite, assim como o mel e o suco de laranja, acondicionados em embalagem exclusivamente para sua apresentação etc.).

Exploração animal Produção e comercialização da produção animal. A produção de leite para venda, com o objetivo de lucro, é um exemplo de exploração da produção animal.

Vejamos, a seguir, alguns exemplos de atividades econômicas que não podem ser consideradas atividades rurais ou agronegócios:

• beneficiamento ou a industrialização de pescado in natura;• beneficiamento de arroz em máquinas industriais;• intermediação de negócios com animais e produtos agrícolas

(comercialização de produtos rurais de terceiros);• arrendamento ou aluguel de bens empregados na atividade

rural (máquinas, equipamentos agrícolas, pastagens);• prestação de serviços de transporte de produtos rurais de

terceiros etc.

Quando analisadas aquelas atividades econômicas que não podem ser consideradas atividades rurais, percebe-se que elas estão muito mais relacionadas com atividades comerciais (intermediação de negócios com animais e produtos agrícolas (comercialização de produtos rurais de terceiros), atividades industriais (beneficiamento ou a industrialização de pescado in natura, beneficiamento de arroz em máquinas industriais) e, ainda, com a prestação de serviços (arrendamento ou aluguel de bens empregados na atividade rural, prestação de serviços de transporte de produtos rurais de terceiros).

Page 45: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

45Etapa VI - Volume 1

O agronegócio tem como uma das suas características principais o desenvolvimento da atividade econômica no campo, com produtos oriundos deste, podendo, no caso da atividade agroindustrial, ocorrer o beneficiamento primário dos produtos provenientes das atividades agrícolas e pecuárias, sem contudo ocorrer a alteração das características primordiais do bem alvo deste beneficiamento. Incorrendo-se na alteração daquelas características consideradas essenciais do produto, deixa-se de ocorrer a agroindustrilização e passa-se para a industrialização propriamente dita.

Vale destacar que, normalmente, as atividades econômicas realizadas no campo não são exclusivas. Isto é, dificilmente veremos uma entidade rural de exploração, somente da pecuária, ou ainda, somente da agricultura. Assim, no caso de entidades que exploram atividades rurais e, também, desenvolvem outras atividades de natureza diversa, deverá prevalecer como atividade principal aquela que tenha maior representatividade no faturamento total da entidade. Além disso, caso a entidade deseje beneficiar-se dos incentivos fiscais próprios concedidos às atividades rurais, a mesma deverá manter escrituração em separado dos demais resultados, com o objetivo de segregar as receitas, os custos e as despesas referentes à atividade rural, de forma a permitir a determinação do resultado daquela atividade considerada agronegócio, bem como demonstrar, no LALUR, separadamente, o lucro ou prejuízo contábil e o lucro ou prejuízo fiscal dessa atividade.

LALUR “Livro de Apuração do Lucro Real”. Processo

através do qual a legislação do Imposto de Renda

determina a apuração do Lucro fiscal, base de cálculo

do I.R.P.J, a partir do lucro contábil, mediante adições

e exclusões de valores pré-definidos por aquela

legislação, como não-dedutíveis ou dedutíveis da

base de cálculo do Lucro Real.

Normalmente, as entidades que exploram atividades rurais gozam de alguns benefícios fiscais, como forma de incentivar o investimento privado no setor. Dentre estes benefícios, pode-se destacar o fato dos bens do ativo imobilizado (máquinas e implementos agrícolas, veículos de cargas e utilitários rurais, reprodutores e matrizes etc.), exceto a terra nua, quando destinados à produção, poderem ser depreciados, integralmente, no próprio ano-calendário de aquisição (BRASIL, 1990).

Imagine a relevância e o efeito deste benefício sobre o fluxo de caixa da entidade!

Diante dos dois exemplos dados anteriormente, percebe-se o quanto é importante sabermos identificar o que pode considerado um agronegócio propriamente dito. Além da questão dos incentivos fiscais, esta identificação é fundamental para o planejamento contábil dos registros e demonstrativos patrimoniais a serem desenvolvidos por você, futuro contador, como uma das ferramentas de apoio à tomada de decisões gerenciais.

A atividade agrícola e a exploração de culturas temporárias e culturas permanentes

A partir de agora, passaremos a analisar o fluxo contábil naquelas entidades que exploram somente a atividade agrícola. Nos próximos roteiros, analisaremos também o fluxo contábil pertinente a outras atividades do agronegócio.

Page 46: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

46 Ciências Contábeis

Conforme dito anteriormente, a atividade agrícola constitui-se basicamente na exploração da produção vegetal, em que podem ser explorados dois tipos de culturas vegetais: culturas temporárias e as culturas permanentes.

Culturas temporárias podem ser definidas como aquelas que, depois de realizada a colheita, estão sujeitas ao replantio. Ou seja, são aquelas culturas que produzem somente uma safra e, finda tal safra, esta cultura é retirada do solo para dar lugar a uma nova cultura.

As culturas permanentes, diferentemente das temporárias, não são arrancadas do solo após a colheita. Ao contrário, elas permanecem vinculadas ao solo por mais de uma safra anual.

Diante de características tão distintas, as culturas temporárias e permanentes têm tratamentos contábeis diferenciados. Por exemplo, a cultura temporária, enquanto em formação, e os respectivos produtos, após a colheita, serão sempre classificados no “ativo circulante”. Já, a cultura permanente, durante sua formação e depois de formada, será classificada no “ativo permanente”, no grupo do imobilizado. Já, os produtos oriundos deste tipo de cultura deverão ser classificados no “ativo circulante”. Mas, vejamos estas classificações e outras informações relativas ao fluxo contábil na atividade agrícola nos tópicos seguintes.

Vinculada(s) ao solo Fixada no solo, presa ao solo, plantada.

Fluxo contábil na atividade agrícola – culturas temporárias

Se fizéssemos uma analogia entre a atividade agrícola que explora culturas temporárias e a atividade industrial, teríamos a seguinte classificação contábil (Quadro 1): Quadro 1: Comparativo entre a classificação contábil dos estoques na indústria e na atividade agrícola – cultura temporária

Indústria Agricultura – Cultura TemporáriaAtivo Circulante Estoques Estoques de produtos em elaboração

Ativo Circulante Estoques Cultura temporária em formação

Perceba que, em ambos os casos, a comparação entre as classificações propostas refere-se aos estoques, ou seja, da mesma forma que na indústria o fluxo contábil para a formação dos estoques de produtos acabados passa pelo estoque de produtos em elaboração, na atividade agrícola isso também acontece. Entretanto, cabe destacar que, na atividade agrícola que explora culturas temporárias, o saldo da conta “cultura temporária em formação” é oriundo de um intervalo de tempo bem maior que na atividade industrial. Ou seja, o saldo desta conta inicia-se com a preparação do solo para o plantio e só termina após a colheita, quando todo o custo acumulado nesta conta é transferido para uma segunda conta, também de ativo circulante, ou seja, a conta “estoque de produtos agrícolas” destinados à venda. Vejamos a esquematização deste fluxo (Quadro 2):

Page 47: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

47Etapa VI - Volume 1

Assim, após apurados os custos dos “estoques de produtos agrícolas”, à medida que estes estoques são vendidos, eles deixam de fazer parte do “ativo circulante” para integrar o “custo da safra vendida”, a ser confrontado com a respectiva receita na apuração do resultado do exercício.

Fluxo contábil na atividade agrícola – culturas permanentesNo caso das culturas permanentes, o tempo necessário à sua formação é normalmente muito superior ao período de formação das culturas temporárias. Além disso, os gastos relativos à sua formação são bem mais expressivos que o custo de formação das culturas temporárias. Entretanto, pode-se afirmar que é um terceiro fator que faz com que o fluxo contábil relativo às culturas permanentes seja muito diferenciado do tratamento contábil dispensado às culturas temporárias: o vínculo ao solo após a colheita e, conseqüentemente, a produção de mais de uma safra.

O fluxo contábil na atividade agrícola que explora a produção de culturas permanentes deve ser dividido em duas etapas distintas.

1. São identificados primeiro os gastos com a formação da cultura propriamente dita, gastos estes registrados em uma conta de “ativo permanente imobilizado”, denominada “cultura permanente em formação”.

2. A seguir, por ocasião da primeira safra, quando a cultura permanente pode ser considerada formada, deixa-se de acumular gastos na conta “cultura permanente em

Page 48: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

48 Ciências Contábeis

formação” e transfere-se todo o seu saldo para uma conta denominada “cultura permanente formada”, também do ativo permanente imobilizado. A partir deste momento, além de deixar de acumular os chamados “custos de formação”, a cultura permanente passa a sofrer depreciação ou exaustão. Vejamos, a seguir, como se processa o fluxo contábil até a formação da cultura permanente (Quadro 3).

É evidente que o objetivo de se formar uma cultura permanente é explorar a sua produção como atividade econômica. Assim, nada mais justo do que considerá-la formada a partir da primeira safra. Afinal, é neste o ponto que se inicia o primeiro de vários ciclos produtivos da cultura permanente. E é exatamente neste ponto que se inicia a segunda etapa do fluxo contábil aplicado às culturas permanentes, ou seja, após a sua maturidade produtiva.

Quadro 3: Esquema básico do fluxo contábil na atividade agrícola até a formação da cultura permanente

Uma vez iniciada a vida útil produtiva da cultura permanente, ela permanecerá vinculada ao solo por alguns anos e proporcionará ao produtor mais de uma safra. E, como todo bem do ativo permanente imobilizado destinado à produção, por exemplo, as máquinas utilizadas na indústria, um dia a vida útil produtiva da cultura permanente se extinguirá. Logo, parece razoável aplicar-lhe um tratamento contábil semelhante ao tratamento dispensado

Vida útil produtivaÉ o período compreendido entre a primeira safra da cultura e a última, no caso das culturas permanentes. Ou seja, é o período em que a cultura produz e, portanto, permite a exploração econômica da atividade agrícola.

Page 49: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

49Etapa VI - Volume 1

àqueles bens do ativo permanente destinados à produção de outros bens destinados à venda ou à prestação de serviços. Se fizermos novamente uma analogia entre atividade industrial e atividade agrícola, perceberemos que a cultura permanente formada equivale às maquinas e equipamentos da atividade industrial (Quadro 4):

Quadro 4: Comparativo entre classificação contábil da cultura permanente formada e as máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo na atividade industrial

Indústria Agricultura – Cultura PermanenteAtivo Permanente Imobilizado Máquinas e equipamentos (-)Depreciação Acumulada

Ativo Permanente Imobilizado Cultura permanente formada (-)Depreciação ou exaustão Acumulada

Pode-se notar que a cultura permanente, em função da perda da sua capacidade produtiva, deverá sofrer depreciação ou exaustão. Os gastos relativos à depreciação ou exaustão da cultura permanente formada devem integrar o custo da safra de cada ano. Afinal, a perda da capacidade produtiva ocorre em função da produtividade de cada safra proporcionada pela cultura. Assim, no processo de colheita, caso seja extraído o fruto ou as folhas da cultura permanente (por exemplo, a extração da laranja, do café, da maçã, chá etc.) realizar-se-á a depreciação. Caso não seja extraído o fruto, na colheita da cultura permanente, faz-se o corte do caule da planta, normalmente, próximo ao solo (por exemplo, cana-de-açúcar, florestas, pastagens etc.), realizar-se-á, assim, a exaustão.

Independentemente do processo de colheita e da respectiva nomenclatura, em ambos os processos deve-se reconhecer a perda da capacidade produtiva através de um lançamento a débito da conta “colheita em andamento” ou mesmo “colheita em formação”, no ativo circulante e a crédito da conta “depreciação acumulada”, quando se extrair o fruto, ou “exaustão acumulada”, quando se extrair a planta mediante seu corte.

Em ambos os casos (depreciação ou exaustão acumuladas), a conta creditada é uma conta redutora do ativo permanente imobilizado.

Este assunto deve ser minuciosamente tratado em um dos próximos roteiros desta disciplina, mas vale destacar que a vida útil produtiva da cultura permanente deve ser determinada mediante análise e expedição de laudo de um engenheiro agrônomo e, através deste laudo, apurada a respectiva depreciação e exaustão.

Tal processo de apuração consiste, basicamente, em dividir todo o custo de formação da cultura permanente pela respectiva vida útil. Por exemplo, se fossem gastos $100.000,00 para formação de um canavial e, se fosse estimada uma vida útil produtiva de 4 safras

Page 50: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

50 Ciências Contábeis

anuais, a respectiva conta de exaustão a ser apropriada a cada safra anual seria $25.000,00 ( $100.000 / 4 anos).

Novamente, o processo de apuração dos custos dos produtos agrícolas destinados à venda, originados a cada safra, assemelha-se ao processo de apuração de custos na atividade industrial. Vejamos, a seguir, como se processa o fluxo contábil após a formação da cultura permanente, portanto, a cada safra (Quadro 5):

Quadro 5: Esquema básico do fluxo contábil na atividade agrícola após formação da cultura permanente, e iniciada a sua vida útil produtiva

Page 51: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

51Etapa VI - Volume 1

Percebe-se que, além do custo com depreciação ou exaustão da cultura permanente, todos os demais gastos incorridos para a manutenção da cultura entre uma safra e outra e, ainda, os gastos realizados para a colheita de cada safra, incorporam-se ao custo de formação dos estoques destinados à venda. Por exemplo, o desgaste do maquinário utilizado no processo de colheita, as horas de trabalhos dos empregados envolvidos na manutenção da cultura permanente entre uma safra e outra, o custo com mão-de-obra utilizada na colheita propriamente dita, os inseticidas e herbicidas utilizados para garantir a manutenção da cultura permanente, todos estes gastos são incorporados ao custo de cada safra colhida e destinada a formar os estoques de produtos agrícolas a serem vendidos.

De uma forma geral, concluímos a abordagem dos principais assuntos relativos aos tópicos 1 e 2 do conteúdo programático deste componente curricular. Cabe destacar que o assunto é muito amplo e, devido a isso, você deverá realizar todas as leituras, obrigatórias e complementares, para se informar das especificidades da atividade e os respectivos tratamentos contábeis. Além disso, você deverá resolver os exercícios sugeridos, para avaliar e complementar o seu aprendizado.

Bom estudo!

Leituras ObrigatóriasTexto 1MARION, José Carlos. Atividade Rural: Conceitos Básicos In: _____ . Contabilidade rural. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2005. Cap. 1, p. 23-32. (ISBN 85-224-4106-5)

No texto recomendado, você encontrará uma abordagem simples e direta sobre a definição do conceito de empresa rural, a definição do que é e como se processa a contabilidade rural. Você verá, também, como se estabelece o exercício social em uma empresa que explora a atividade rural. Aprenderá quais as diferenças entre a exploração da atividade rural na forma de pessoa física e pessoa jurídica e, ainda, os tipos de sociedade na agropecuária.

Texto 2MARION, José Carlos. Fluxo Contábil na Atividade Agrícola In: _____ . Contabilidade rural. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2005. Cap. 2, p. 37-48. (ISBN 85-224-4106-5)Neste segundo texto, você complementará seus conhecimentos sobre as definições e diferenças entre culturas temporárias e permanentes, sobre o processo de contabilização do plantio até a colheita e, ainda, quando se inicia a depreciação ou a exaustão das culturas permanentes. Aprenderá também qual é a diferença entre custos e despesas na atividade agrícola. Você aprenderá qual o tratamento contábil dos custos indiretos na agricultura e como podem ser classificadas as perdas nessa modalidade de agronegócio.

Page 52: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

52 Ciências Contábeis

Leituras Complementares

Texto 1

Texto 2CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC n. 909/01 que aprova o item NBC T 10.14 da NBC T 10 – Dos Aspectos Contábeis Específicos em Entidades Diversas, de 08/08/2001. Contador JOSÉ SERAFIM ABRANTES - Presidente. Brasília, DF, 2001. Disponível em: <http://cfcspw.cfc.org.br/resolucoes_cfc/RES_909.DOC> Acesso em 08 abr. 2008.

Nesta segunda indicação, você encontrará informações sobre os critérios e procedimentos específicos de avaliação, registro das variações patrimoniais e estruturação das demonstrações contábeis, e, também, as informações mínimas a serem divulgadas em notas explicativas para as entidades agropecuárias.

BRASIL. Lei n. 8.023, de 12/04/1990. Diário Oficial da União de 13/04/90. República Federativa do Brasil: Poder Executivo, Brasília, DF, 1990. Disponível em: <http://www81.dataprev.gov.br/sislex/paginas/42/1990/8023.htm>. Acesso em: 04 abr. 2008.

No texto recomendado, você encontrará informações sobre quais as atividades econômicas que podem ser consideradas atividades rurais (ou agronegócio), para fins de Imposto de Renda, e, ainda, sobre como o resultado da exploração da atividade rural é apurado, segundo a legislação fiscal.

IOB. Contabilidade Rural In: _____ . Temática contábil e balanços: a utilização gerencial da análise do ponto de equilíbrio e a alavancagem operacional; Análise de balanços: técnicas de análise. 4. ed. São Paulo: IOB, 2008. Coleção manual de procedimentos - Boletim IOB - Fascículo 12 - Mar/2008, p. 1-4. (ISBN 978-85-379-0126-7)

Nesta terceira obra, você encontrará, além de algumas das informações obtidas através das demais leituras indicadas, informações gerais extremamente relevantes sobre a definição do ciclo operacional na atividade rural, perdas e ganhos extraordinários decorrentes da atividade fim, e outras igualmente importantes.

Texto 3

Page 53: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

53Etapa VI - Volume 1

AtividadesAtividade 1

Atividade 2

Atividade 3

Para cada uma das atividades produtivas dadas, a seguir, assinale “A” para atividade agrícola ou “P” para atividade pecuária:

a. ( ) Hortaliçasb. ( ) Plantio e colheita de arrozc. ( ) Bovinoculturad. ( ) Plantio de cana-de-açúcare. ( ) Suinocultura

Para cada uma das atividades produtivas dadas, a seguir, assinale “AI” para agroindústria, “N” para atividade comercial, industrial propriamente dita ou prestação de serviços:

a. ( ) Venda de suco “in-natura” acondicionadob. ( ) Produção de adubos químicosc. ( ) Limpeza de arroz em casca na própria fazendad. ( ) Revenda de máquinas e implementose. ( ) Laticínios

Explique, com suas palavras, a diferença entre “Capital de Exercício Permanente” e “Capital de Exercício Circulante”.

Na empresa agrícola, a conta analítica “Insumos em Almoxarifado”, subgrupo da conta sintética “Estoques”, no ativo circulante, pode ser composta por:

a. ( ) Sementes, adubos, fertilizantes b. ( ) Soja, milho, arroz feijão c. ( ) Combustíveis, lubrificantes, ferramentasd. ( ) Peças para pequenos reparose. ( ) Nenhuma das opções anteriores

Atividade 4

Com relação à resposta que você marcou como certa para a questão anterior (Atividade 4), no caso da formação de uma “Cultura Permanente”, indique, a seguir, quais seriam as contas utilizadas para registrar (débito e crédito) o consumo daquele estoque (débito e crédito):

D. _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _.

C. _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _.

Atividade 5

Page 54: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

54 Ciências Contábeis

ReferênciasBRASIL. Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio do Ministério da Agricultura e Abastecimento. Agronegócio brasileiro: desempenho do comércio exterior. 2. ed. Brasília: MAPA/SRIA/DPIA/CGOE, 2006.

BRASIL. Lei n. 8.023, de 12/04/1990. Diário Oficial da União de 13/04/90. República Federativa do Brasil: Poder Executivo, Brasília, DF, 1990. Disponível em: <http://www81.dataprev.gov.br/sislex/paginas/42/1990/8023.htm>. Acesso em 04 abr. 2008.

Page 55: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

COMPONENTE CURRICULAR

Contabilidade Governamental

Page 56: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1
Page 57: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

57Etapa VI - Volume 1

ROTEIRO DE ESTUDO 1

A Contabilidade Governamental no Brasil

Maria Elisabeth Moreira Carvalho Andrade

ObjetivosAo término da unidade, você deverá estar apto a:

• conceituar administração pública no Brasil;• descrever a estrutura da administração pública brasileira;• definir contabilidade governamental;• conhecer a história do orçamento público, desde a sua

origem aos dias atuais;• conceituar orçamento público;• classificar os princípios orçamentários quanto à aplicabilidade

dos mesmos na elaboração das peças orçamentárias;• identificar os meios legais para a alteração de uma

Lei Orçamentária após sua aprovação e durante a sua execução;

• aplicar corretamente, na execução do orçamento, os créditos adicionais estabelecidos pela Lei 4.320/64.

1 Contabilidade governamentalCaros(as) alunos(as)

Nesta etapa VI, vocês darão início ao estudo da contabilidade go-vernamental. Serão necessários dedicação e comprometimento nos estudos a distância para atingirmos os objetivos propostos.

Antes de iniciarmos, porém, não poderia deixar de mencionar que a contabilidade governamental, a partir da Constituição de 1988, vem aumentando a sua importância, pois é um instrumento imprescin-dível para a consecução dos objetivos do Estado na aplicação dos recursos públicos, a fim de atender aos anseios da sociedade.

O profissional contábil passou a ser mais requisitado na área pública, não só como especialista na prestação de contas, mas, também, como profissional capacitado para o controle efetivo dos gastos pú-blicos, buscando a transparência das demonstrações contábeis.

A contabilidade pública, além de ser um bom ramo, carente de pro-fissionais especializados, também nos proporciona, como cidadãos brasileiros, acompanhar a gestão dos agentes públicos com uma visão crítica.

Em suas casas, vocês não gostam de saber em que é aplicado o seu dinheiro? Na área pública, também temos que ter este interesse, pois é o nosso dinheiro arrecadado com os impostos que pagamos, que os agentes públicos utilizarão para oferecer os serviços a que os contribuintes têm direito.

Page 58: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

58 Ciências Contábeis

Antes de entrarmos na contabilidade governamental propriamente dita, temos que conhecer como é estruturada a administração pú-blica no Brasil. Atualmente, a administração pública se divide em direta e indireta.

A administração pública direta se divide nos órgãos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, que são independentes e harmô-nicos entre si, nos âmbitos federal, estadual e municipal.

Para esclarecer, temos, em nível federal, o Poder Executivo, a Presidência da República e os Ministérios; no Poder Legislativo, temos o Congresso Nacional e o Tribunal de Contas da União; e, no Poder Judiciário, o Supremo Tribunal Federal de Justiça, Tribunais Regionais Federais, Tribunais Superiores do Trabalho e Eleitoral e Superior Tribunal de Justiça. O mesmo ocorre em nível estadual em que temos, no Executivo, a Governadoria e as Secretarias de Estado; no Legislativo, as Assembléias Legislativas e os Tribunais de Contas Estaduais e, no Judiciário, o Tribunal de Justiça. Em âmbito municipal: no Executivo, temos o Prefeito e as Secretarias Munici-pais e, no Legislativo, as Câmaras Municipais. Nos municípios, não temos órgãos municipais do Poder Judiciário, bem como Tribunais de Contas Municipais. Somente nos municípios de São Paulo e Rio de Janeiro existem Tribunais de Contas Municipais.

Pesquise, em sua cidade, os órgãos que compõem a administração direta, sua estrutura, o número de secretarias etc.

Em Uberaba, no site www.uberaba.mg.gov.br, vocês ficam conhecendo os órgãos da administração direta e indireta do município e suas funções.

Todos os órgãos da administração direta desenvolvem atividades que visam o interesse coletivo, por meio dos serviços públicos ofe-recidos.

São exemplos de serviços públicos: o de polícia, o de saúde públi-ca, o de ensino, o de transporte coletivo etc.. Há certas atividades do governo que são desenvolvidas de forma descentralizada e que denominamos de administração indireta.

Diante do exposto, a administração pública indireta é composta de entidades autônomas com personalidade jurídica própria para quem são delegados poderes a fim de auxiliar no exercício da atividade administrativa, possuem patrimônio próprio e personalidade jurídica própria e somente são criadas a partir de lei específica, conforme o inciso XIX, do art. 37, da Constituição Federal:

XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação.

São classificadas em autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista:

• autarquia - criada para exercer atividades típicas do Estado. Como autarquias federais, podemos citar o INSS – Instituto Nacional da Seguridade Social, a CVM – Comissão de Valores Mobiliários e o BACEN – Banco Central do Brasil.

Page 59: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

59Etapa VI - Volume 1

Podemos ter também autarquias estaduais e municipais. Pesquise, em seu estado e município, quais autarquias existem atualmente.

• fundação pública - desempenha atividades de caráter social (pesquisa, educação, assistência social etc.). Exemplo: ENAP – Escola Nacional de Administração Pública, FIOCRUZ – Fundação Oswaldo Cruz, FUNAI – Fundação Nacional do Índio.

• empresa pública – criada para exercer atividade econômica quando de relevante interesse coletivo e de segurança nacional, sendo seu capital 100% público, podendo ser constituída sob a forma de Sociedade Anônima, Ltda. etc. Podemos citar, como exemplo, a Caixa Econômica Federal – CEF e a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT.

• sociedades de economia mista – são constituídas somente sob a forma de sociedade anônima para exercer atividade econômica, sendo a maioria de seu capital votante do setor público, ou seja, pelo menos 50% + 1. O Banco do Brasil e a Petrobrás são exemplos de sociedades de economia mista.

2 Introdução à contabilidade governamental Várias são as definições para a contabilidade pública ou governa-mental como é chamada mais recentemente. Entre elas, destaca-mos:

Contabilidade governamental é uma especialização da contabilidade, ciência voltada para o estudo e a análise dos atos e fatos que ocorrem na administração pública. (LINO MARTINS, 2004, p.222)

Como a contabilidade, em geral, no Brasil, é altamente regulada, a contabilidade governamental não foge dessa regra. Existem várias regulamentações que temos de seguir, de forma complementar à Constituição Federal. As principais são: Lei Federal nº 4.320/64 que “[...] estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e Distrito Federal” e Lei Complementar nº 101/00 que “[...] estabelece normas de finanças públicas voltadas para a res-ponsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências”, a chamada Lei de Responsabilidade Fiscal.

Como não poderia deixar de ser, o objeto da contabilida-de governamental é o patrimônio público, assunto que será abordado em um capítulo nas próximas unidades de estudo.

Após esta breve explanação de como está estruturada atualmente a administração pública no Brasil, iremos definir a contabilidade go-vernamental, pois, é por meio dela que os órgãos da administração direta e indireta registram os fatos contábeis.

Page 60: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

60 Ciências Contábeis

A contabilidade pública tem por objetivos principais, dentre outros, apurar o resultado financeiro e patrimonial da administração, bem como fornecer relatórios para a tomada de decisão dos gestores, para o cumprimento da legislação e prestar contas aos órgãos de controle.

A contabilidade governamental possui algumas particularidades que a diferenciam um pouco da contabilidade geral. O regime contábil adotado é o misto, de competência para as despesas e de caixa para as receitas, atendendo ao art. 35 da Lei Federal nº 4.320/64:

Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro: I – as receitas nele arrecadadas; II – as despesas nele legalmente empenhadas.

O exercício financeiro deverá coincidir com o ano civil. O ano civil compreende 01 de janeiro a 31 de dezembro. Os bens de uso co-mum do povo não são registrados pela contabilidade pública o que veremos detalhadamente quando estudarmos patrimônio público.

3 Orçamento PúblicoOrçamento nada mais é que o planejamento do que pretendemos receber e o que temos que pagar. Fazemos isso, em nossos lares, mensalmente.

Com os órgãos públicos não poderia ser diferente; ao elaborar o orçamento público, estamos fazendo a previsão de quanto iremos arrecadar e determinando em que serão gastos os recursos públicos, procurando sempre prestar serviços de qualidade, com o menor custo possível atendendo ao princípio da economicidade.

Segundo Lino Martins (2004, p.43), o orçamento é um plano de tra-balho governamental expresso em termos monetários que evidencia a política econômico-financeira do governo.

Com a nossa moeda estabilizada, o orçamento passou a ser uma peça fundamental de planejamento das ações prioritárias da admi-nistração pública. Atualmente, o processo orçamentário está definido no Art. 165 da Constituição de 1988:

Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I - o plano plurianual; II - as diretrizes orçamentárias; III - os orçamentos anuais.

A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios são obri-gados a elaborarem as peças orçamentárias dentro dos prazos estabelecidos na Constituição Federal, Constituições Estaduais e Leis Orgânicas Municipais.

Antes de iniciarmos o estudo sobre orçamento público, vamos co-nhecer um pouco de sua história nas Constituições brasileiras.

3.1 Orçamento nas constituições brasileirasVamos fazer uma breve descrição de como o orçamento público foi tratado ao longo da história. Encontramos relatos do controle dos

Page 61: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

61Etapa VI - Volume 1

recursos públicos, desde 1300 antes de Cristo. No Brasil, desde o seu descobrimento, também já se discutia sobre orçamento, mas somente a partir da CF de 1824 é que se tornou matéria constitu-cional.

A Constituição de 1824 trazia apenas a atribuição ao Ministério da Fa-zenda para receber, dos outros ministérios, os orçamentos relativos às despesas de seus órgãos, para ser apresentado à Câmara dos Deputados, anualmente, um balanço das receitas e despesas.

Art. 172. O Ministro de Estado da Fazenda, havendo recebido dos outros Ministros os orçamentos relativos às despesas das suas Repartições, apresentará na Câmara dos Deputados anualmente, logo que esta estiver reunida, um Balanço geral da receita e despesa do Tesouro Nacional do ano antecedente, e igualmente o orçamento geral de todas as despesas públicas do ano futuro, e da importância de todas as contribuições, e rendas públicas. (CF de 1824)

Esse artigo nos mostra que o orçamento para o ano seguinte não era votado, somente apresentado à Câmara dos Deputados, e, concomitantemente, já prestavam contas do orçamento do ano que estava terminando.

Depois de 110 anos, a CF de 1934 estabelecia que o Poder Execu-tivo enviaria a proposta orçamentária para ser votada e aprovada pelo Poder Legislativo. Veja que, agora, o orçamento precisa ser aprovado e não apenas apresentado. Assim, a competência em re-lação à matéria de receita e despesa pública fica a cargo do Poder Legislativo.

Art. 39 - Compete privativamente ao Poder Legislativo, com a sanção do Presidente da República: 2) votar anualmente o orçamento da receita e da despesa, e no início de cada Legislatura, a lei de fixação das forças armadas da União, a qual nesse período, somente poderá ser modificada por iniciativa do Presidente da República; Art. 50 - O orçamento será uno, incorporando-se obrigatoriamente à receita todos os tributos, rendas e suprimentos dos fundos e incluindo-se discriminadamente na despesa todas as dotações necessárias ao custeio dos serviços públicos. § 1º - O Presidente da República enviará à Câmara dos Deputados, dentro do primeiro mês da sessão legislativa ordinária, a proposta de orçamento. (CF de 1934)

Logo após, com a constituição de 1937, determinou-se que fosse planejada a despesa de forma mais sistematizada, exigindo-se que fosse mais detalhada para cada órgão, possibilitando uma flexibili-dade quando estiver sendo executado.

Art. 69 - A discriminação ou especialização da despesa far-se-á por serviço, departamento, estabelecimento ou repartição.§ 1º - Por ocasião de formular a proposta orçamentária, o Departamento Administrativo organizará, para cada serviço, departamento, estabelecimento ou repartição, o quadro da discriminação ou especialização, por itens, da despesa que cada um deles é autorizado a realizar. Os quadros em questão devem ser enviados à Câmara dos Deputados juntamente com a proposta orçamentária, a título meramente informativo ou como subsídio

Page 62: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

62 Ciências Contábeis

ao esclarecimento da Câmara na votação das verbas globais. (CF de 1937)

Observe que o detalhamento da despesa encaminhado ao Poder Legislativo era meramente informativo, o que era votado eram so-mente as verbas globais.

A partir da constituição de 1967, iniciou-se a preocupação com o aumento das despesas com pessoal, por isso, foram estabelecidos limites, retirando do Poder Legislativo a competência para fixar ven-cimentos dos servidores públicos, conceder auxílios e subvenções e qualquer outra ação que aumente a despesa pública.

Art. 60 - É da competência exclusiva do Presidente da República a iniciativa das leis que: I - disponham sobre matéria financeira; II - criem cargos, funções ou empregos públicos ou aumentem vencimentos ou a despesa pública; III - fixem ou modifiquem os efetivos das forças armadas; IV - disponham sobre a Administração do Distrito Federal e dos Territórios. Parágrafo único - Não serão admitidas emendas que aumentem a despesa prevista. (CF de 1967)

Então, a partir de 1967, o poder Legislativo não tinha mais compe-tência para fixar vencimentos dos servidores públicos, bem como qualquer matéria financeira que aumentasse os gastos públicos. Nota-se, a partir daí, uma grande preocupação com as despesas públicas transferindo para o Presidente da República a competência para elaborar leis de matéria financeira.

E, por fim, a nossa constituição atual, promulgada em 1988, que, con-forme citado anteriormente, em seu Art. 165, trata especificamente do sistema orçamentário, definindo os instrumentos de planejamento governamental que são: a Lei do Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei do Orçamento Anual. Como vimos, sempre houve uma certa preocupação com o plane-jamento dos gastos públicos. Quanto à iniciativa destes projetos, aos poucos foram tirando atribuições do Poder Legislativo quanto a elaboração, pois, quem sabe o quanto se espera arrecadar e onde deve ser gasto é o Poder Executivo, mas nada impede que o Legislativo proponha emendas orçamentárias.

Atualmente, o Poder Legislativo elabora previamente o seu orçamen-to e encaminha ao Poder Executivo para ser anexado ao Projeto de Orçamento, o mesmo ocorrendo com o Poder Judiciário. Antes de estudarmos as três leis orçamentárias: Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA), devemos conhecer os princípios orçamentários que temos que observar na elaboração das peças orçamentárias.

4 Princípios orçamentários Estes princípios estabelecem procedimentos na elaboração do orçamento, bem como facilitam o seu acompanhamento e contro-le. Antes de conhecermos quais são esses princípios, vejamos a Lei nº 4.320/64 que estabelece os fundamentos da transparência orçamentária (art. 2o):

Page 63: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

63Etapa VI - Volume 1

Exemplificando

A Constituição Federal estabelece a repartição das recei-tas tributárias. Dentre elas, podemos citar a arrecadação do IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Auto-motores), que é um imposto estadual, mas em que 50%

(cinqüenta por cento) do valor arrecadado vai para os municípios onde o veículo está emplacado. Cumprindo este princípio, quando da elaboração do orçamento do Estado, constará:

Receita Tributária Arrecadação de IPVA - R$ 1.000.000,00

No lado da despesaTransferência aos Municípios - R$ 500.000,00

Não podemos lançar no orçamento somente o valor que efetivamente cabe ao Estado, ou seja, R$ 500.000,00, que será gasto conforme o gestor dispuser no orçamento.

Então, atendendo ao princípio da universalidade, todas as receitas e despesas têm que vir com valores globais, mesmo se uma porcen-tagem tiver que ser transferida ao longo da execução do orçamento para os estados e municípios.

A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa, de forma a evidenciar a política econômico-financeira e o programa de trabalho do governo, obedecidos os princípios da unidade, universalidade e anualidade.

Há inúmeros princípios que regem o orçamento público, porém, veja-mos, agora, apenas os três princípios fundamentais que o regem.

O princípio da unidade estabelece que as receitas e despesas devem estar contidas em uma só lei, ou seja, o orçamento envolve os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, bem como todos os órgãos da administração direta e indireta, inclusive as fundações. Este princípio vem evitar os orçamentos paralelos, que dificultam a fiscalização. Lembram-se quando estudamos a divisão da admi-nistração pública em direta e indireta? Pois bem, a lei orçamentária não pode esquecer nenhum deles. A Lei nº 4.320/64 consagra este princípio fazendo com que cada órgão elabore o seu orçamento, mas, ao final, têm que encaminhar ao Poder Executivo para constar do projeto de lei único, antes de ser votado pelo Poder Legislativo. Por exemplo, as Câmaras Municipais elaboram seu orçamento e encaminham ao setor de orçamento das Prefeituras Municipais.

Se estes órgãos da administração indireta recebem dinheiro públi-co, eles têm que fazê-lo constar do orçamento. Esta exigência foi reforçada com a Lei de Responsabilidade Fiscal que determina que os órgãos da administração indireta, para receber recursos para pagamento de pessoal, por exemplo, essa despesa tem que constar da lei orçamentária.

O segundo princípio, o princípio da universalidade ou princípio do orçamento bruto, está previsto nos artigos 3º, 4º e 6º da Lei 4.320/64 que diz que o orçamento deverá conter todas as receitas e despesas pelos seus totais, proibindo quaisquer deduções.

Page 64: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

64 Ciências Contábeis

E chegamos ao terceiro princípio, ou seja, o princípio da anualidade ou princípio da periodicidade. Este estabelece que o orçamento deve compreender um período limitado de tempo que, no Brasil, coincide com o ano civil, ou seja, de 01 de janeiro a 31 de dezembro (Art. 34 da Lei 4.320/64).

É importante salientar que há outros princípios que podem estar relacionados ao orçamento público:

• princípio do equilíbrio: a receita estimada deverá ser igual à despesa fixada, ou seja, realizada a previsão da receita, o gestor público deverá fixar como elas serão gastas. Este princípio visa o controle dos gastos públicos na tentativa de evitar que a despesa seja maior que a receita, ou seja, gastar mais do que se tem. É como em nosso orçamento doméstico, se gastarmos mais que recebemos, iremos nos endividar.

• princípio da exclusividade: está previsto no §8º do art. 165 da Constituição Federal. A lei orçamentária não poderá conter dispositivos estranhos à fixação da despesa e previsão das receitas. Ela tem que ser exclusiva à matéria orçamentária. Exemplificando: não podemos autorizar a doação de uma área a partir da Lei Orçamentária, isso tem que ser feito com base em lei específica para o assunto. Este princípio comporta algumas exceções que veremos aos estudarmos a Lei Orçamentária Anual – LOA.

• princípio da especificação: visa evitar dotações orçamentárias globais, ou seja, as despesas no orçamento têm que vir mais detalhadas possibilitando a fiscalização. Uma exceção a este princípio é o da reserva de contingência (ver art. 5º e 15 da lei 4.320 e art. 5º III da LRF). Veja, a seguir:

Art. 5º A Lei de Orçamento não consignará dotações globais destinadas a atender indiferentemente a despesas de pessoal, material, serviços de terceiros, transferências ou quaisquer outras, ressalvado o disposto no artigo 20 e seu parágrafo único. (Lei 4.320/64)

Por exemplo, as despesas com a folha de pagamento têm que vir detalhadas como salário base, INSS, horas extras, gratificações, vale alimentação, adicionais noturno e de insalubridade, ou seja, toda despesa com pessoal tem que ser especificada, detalhada, para facilitar a fiscalização dos órgãos de controle externo, que são os tribunais de contas e o Poder Legislativo.

• princípio da publicidade: não é apenas um princípio orçamentário, mas constitucional para toda a administração pública (Art. 37 da CF). O orçamento tem que ser publicado em jornais para ter eficácia, ou seja, se não for publicado, não poderá ser executado. Em municípios pequenos, a divulgação pode ocorrer em locais de grande circulação. Toda lei só entra em vigor, terá eficácia, poderá ser aplicada, terá que ser cumprida, após a sua publicação; se isso não

Page 65: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

65Etapa VI - Volume 1

ocorrer, a lei será nula. Trata-se de um princípio muito importante para toda a administração pública.

• princípio da clareza: visa a transparência dos gastos públicos. O orçamento deve ter uma linguagem clara e compreensível a todos que, de maneira ou outra, precisem manipulá-lo, ele deve primar pela simplicidade. Esse princípio pretende evitar os termos técnicos ou pouco conhecidos a fim de proporcionar uma leitura e acompanhamento de fato pelo cidadão.

• princípio da uniformidade: preconiza que o orçamento deve ser padronizado ao longo dos anos a fim de que possa ser comparado ao longo do tempo. A Secretaria de Tesouro Nacional (STN) tem editado portarias com modelos para serem seguidos não só pela União, mas, também, pelos Estados e Municípios, ou seja, todos os orçamentos terão o mesmo modelo, serão uniformes.

• princípio da não vinculação ou não afetação da receita: está previsto no art. 167, IV, da CF. Esse princípio proíbe a vinculação da arrecadação dos impostos a órgãos específicos, fundos ou despesas. A CF determina algumas exceções. A não vinculação visa dar mais flexibilidade ao orçamento, salientando que este princípio proíbe a vinculação somente aos “impostos”, não atingindo as taxas e contribuições, em geral, que já têm destinações específicas.

Exemplificando

Não podemos colocar no orçamento que 10% da arrecadação do IPTU, obrigatoriamente, tem que ser gasto para a construção de ca-sas populares, por exemplo, porque, conforme citado anteriormente, este princípio visa flexionar o orçamento. Se vincularmos a aplicação da arrecadação dos impostos, o agente público não poderá aplicar em um setor que esteja precisando com mais urgência como, por exemplo, em programas sociais. Cada município tem suas priorida-des e nada melhor que o chefe do Poder Executivo para planejar a sua melhor aplicação.

Só vinculamos as determinações constitucionais para aplicação na saúde, educação e assistência social, conforme comentado em nossos estudos anteriores. Como vimos, são vários os princípios que precisam ser observados durante o planejamento e execução das peças orçamentárias.

Finalmente, vamos aprender as três peças orçamentárias:

• Plano Plurianual de Ações (PPA): trata-se de um planejamento de médio prazo com vigência de quatro anos, que define as diretrizes, objetivos e metas da administração pública. É sempre iniciado no segundo ano do mandato do chefe do Poder Executivo, com término no primeiro ano do mandato subseqüente.

Page 66: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

66 Ciências Contábeis

• Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO): é um elo entre o PPA e a LOA, prioriza as metas estabelecidas no PPA e orienta a elaboração da LOA, é elaborada anualmente. De acordo com o parágrafo 2º do art. 165 da CF, a LDO:

- compreenderá as metas e prioridades da administração pública, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subseqüente;

- orientará a elaboração da LOA; - disporá sobre as alterações na legislação tributária; - estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras

oficiais de fomento.

• Lei Orçamentária Anual (LOA): compreende concretizar os objetivos e metas propostas no PPA, seguindo as diretrizes da LDO, também com vigência anual. A LOA estima a receita e fixa a despesa para o exercício subseqüente, compreendendo os orçamentos fiscal, da seguridade social e de investimento das empresas. O orçamento fiscal compreenderá todos os poderes, fundos, autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista em que possui maioria do capital votante. O orçamento da seguridade social se refere aos órgãos da administração direta ou indireta que executam ações nas áreas de saúde, previdência e assistência social e ao orçamento de investimento das empresas em que a União detenha maioria do capital social com direito a voto.

Visite a Prefeitura do seu município ou acesse o seu site, e veja a disposição das Leis Orçamentárias para a sua cidade.

5 Orçamento base zero ou por estratégiaA técnica utilizada pelo orçamento base zero é mais moderna, segundo o qual não existe direito adquirido sobre as verbas ante-riormente outorgadas. O modelo tradicional tem como base o exer-cício anterior e acrescenta um índice em seus totais a fim de cobrir os efeitos da inflação. Não ocorre revisão detalhada dos gastos e recursos.

A implantação do orçamento base zero está sendo incentivada, pois aperfeiçoa a técnica tradicional elaborando um orçamento mais compatível com a realidade, identificando as prioridades.

Vejamos, agora, outro tema muito relevante: os créditos adicio-nais.

Lino Martins (2004, p.73 e 74) descreve algumas vantagens e desvantagens do orçamento base zero.

6 Créditos adicionaisSeria muito difícil, ou até impossível, se a Lei Orçamentária Anual não pudesse sofrer alterações. Um orçamento, tanto da área públi-ca, quanto privada, não pode ser inflexível. A Legislação autorizou realizar mudanças, se necessárias, no orçamento em vigor, por meio dos chamados créditos adicionais que estão previstos na Lei nº 4.320/64, em seus artigos 40 a 46. A Lei Orçamentária Anual,

Page 67: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

67Etapa VI - Volume 1

após votada, só pode ser alterada mediante autorização legislativa. Sempre que houver aprovação do orçamento para o ano seguinte, nesse intervalo, entre a aprovação e a efetiva realização, podem surgir fatos novos ou que foram mal planejados e que precisam ser alterados.

Como dissemos no parágrafo anterior, o crédito adicional é o ins-trumento para alterar o orçamento, conforme a necessidade do administrador público e podem ser de três espécies: suplementares, especiais e extraordinários.

O crédito adicional suplementar é utilizado quando já existe a dotação orçamentária, mas, quando da execução do orçamento, tornou-se insuficiente.

Exemplificando

O valor aprovado para aquisição de materiais permanentes durante o ano, no mês de maio, já foi utilizado quase totalmente, impos-sibilitando a compra carteiras escolares, conforme solicitação da Secretaria de Educação.

Suponhamos que, no orçamento, estava previsto a aquisição de 500 carteiras escolares, no valor de R$ 80,00 cada, totalizando R$ 40.000,00. Quando o setor de compras foi efetivar a aquisição do recurso, cada carteira estava a R$ 90,00, perfazendo um total de R$ 45.000,00, tornando a dotação insuficiente. Então, terá que ser solicitada uma alteração legislativa para a abertura de um crédito adicional suplementar no valor de R$5.000,00, por força de um projeto de lei, expondo os motivos.

O crédito adicional especial é utilizado quando não existir dotação orçamentária específica para realização de determinada despesa que não foi prevista no orçamento. É autorizado pelo Poder Legis-lativo por lei específica e aberto por decreto executivo.

Exemplificando

O Governo Federal lança um novo programa social, para ser realizado após convênio com os municípios. Então, esta dotação não existe no orçamento municipal para viabilizar o convênio e obter a verba federal para execução do programa, temos que abrir um crédito adicional especial, por meio de um projeto de lei solicitando autorização ao Poder Legislativo para o acréscimo do programa e o valor solicitado. Somente após a apreciação, a votação e a publi-cação da lei é que poderemos realizar o convênio.

O crédito adicional extraordinário é utilizado em casos urgentes, como os decorrentes de guerra e calamidade pública.

Page 68: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

68 Ciências Contábeis

ExemplificandoUm município foi atingido por uma enchente, que causou inúmeros estragos e interrompeu o fornecimento de água à população. Como essa necessidade é urgente, pode-se

alugar caminhões pipa para o fornecimento de água a partir da abertura de crédito extraordinário, depois de ser decretado pelo poder Executivo, o estado de calamidade pública.

O crédito adicional extraordinário, pelo seu caráter de urgência, não necessita de autorização legislativa prévia, pode ser aberto por decreto pelo chefe do Poder Executivo e, logo após, deve ser enca-minhado para o Poder Legislativo para conhecimento. No caso do Governo Federal, será aberto pelo Presidente da República, por me-dida provisória, e, em seguida, enviado ao Congresso Nacional. Toda abertura de Crédito Suplementar e Especial tem que indicar a proveniência dos recursos, ou seja, de qual fonte vamos obter o dinheiro. Essas fontes podem ser de:

• superávit financeiro: diferença positiva entre o Ativo Financeiro e Passivo Financeiro do Balanço Patrimonial do exercício anterior, conforme define a Lei 4.320/64:

Art. 43 . §2º Entende-se por superávit financeiro a diferença positiva entre o ativo financeiro e o passivo financeiro conjugando-se ainda, os saldos dos créditos adicionais transferidos e as operações de crédito a eles vinculadas. (Lei 4.320/64)

• excesso de arrecadação: diferença positiva acumulada mês a mês entre a arrecadação prevista e realizada, definido também pela Lei 4.320/64:

Art. 43. §3º Entende-se por excesso de arrecadação, para os fins deste artigo, o saldo positivo das diferenças acumuladas mês a mês, entre a arrecadação prevista e a realizada, considerando-se ainda, a tendência do exercício. (Lei 4.320/64)

Importante: não se apura superávit financeiro durante o exercício, somente após o fechamento do balanço pa-trimonial, durante o exercício pode ocorrer excesso de arrecadação.

• Anulação parcial ou total de dotações orçamentárias existentes no orçamento em curso, ou seja, tirar de um lugar e transferir para outro.

• Produto de operações de crédito autorizadas.

Operação de crédito, que veremos mais adiante, segundo o art. 29, III da LRF:

Art. 29. III - operação de crédito: compromisso financeiro assumido em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite de título, aquisição financiada de bens, recebimento antecipado de valores provenientes da venda a termo de bens e serviços, arrendamento mercantil e outras operações assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos financeiros. (LC nº 101/00)

Enfim, operação de crédito vem a ser empréstimos contraídos pela

Page 69: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

69Etapa VI - Volume 1

Administração Pública para realizar investimentos, cobrir eventuais déficits de caixa, entre outros.

Essas aberturas de créditos adicionais têm prazo para serem exe-cutados? A resposta é sim; vejamos, agora, a sua vigência:

• vigência dos créditos adicionais: após a autorização da abertura dos créditos adicionais, eles têm prazo estabelecido para serem gastos. Vencido o prazo de vigência, se não for utilizado, se tornará nulo. O crédito adicional suplementar tem vigência até 31 de dezembro do ano em que foi aberto, não podendo ser prorrogado em hipótese alguma. Já os créditos adicionais especiais e extraordinários têm vigência até 31 de dezembro do ano em que foi aberto, se a autorização ocorreu nos primeiros oito meses, ou seja, até 31 de agosto e se ocorrer após esta data, ou seja, nos últimos quatro meses, a partir de 01 de setembro poderá ser reaberto no ano seguinte, vigorando até 31 de dezembro do próximo ano.

Chegamos ao fim de nosso roteiro de estudo. Não se esqueçam da importância das leituras obrigatórias e complementares para o enriquecimento de nosso aprendizado.

Bons estudos a todos!

Leituras Obrigatórias

Texto 1SILVA, Lino Martins da. Contabilidade Governamental: um enfoque administrativo. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2004.

Leiam os seguintes capítulos:capítulo 2: Orçamento público (itens 2.2, 2.5.2), entre as páginas 28 a 56;capítulo 7: Estrutura da Administração Pública, entre as páginas 187 a 190.

A leitura desses capítulos irá contribuir com o nosso aprendizado, sendo imprescindível para atingir os nossos objetivos. O autor do livro, Prof. Lino Martins da Silva, é graduado em Ciências Contábeis e Direito, leciona Contabilidade Pública na Faculdade de Administra-ção e Finanças da UERJ e também foi inspetor geral de finanças da Secretaria da Fazenda do Estado do Rio de Janeiro e Controlador Geral do Município do Rio de Janeiro. O seu livro tornou-se referência para a nossa disciplina. Trata-se de um livro técnico de alto nível, estando já em sua sétima edição.

Page 70: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

70 Ciências Contábeis

Texto 2ARRUDA, Daniel; ARAÚJO, Inaldo. Contabilidade Pública: da teoria à prática. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.

Leiam os seguintes capítulos:capítulo 3: Orçamento (itens 3.3, 3.4), entre as páginas 67 a 70.capítulo 7: Créditos adicionais, entre as páginas 161 a 167.

A leitura destes capítulos é de fundamental importância para o aprofundamento das unidades de estudo, a fim de desenvolver as habilidades e competências necessárias ao aprendizado. Daniel Arruda é ex-professor dos cursos de Auditoria e Contabilidade da Universidade do Estado da Bahia (Uneb). É pós-graduado em Ges-tão Organizacional Pública pela Uneb, mestrando em Auditoria pela Fundação Visconde de Cairu e instrutor da Fundação Luis Eduardo Magalhães, onde ministra cursos e palestras sobre Gestão de Contas Públicas e Contabilidade Governamental. É gerente de auditoria no Tribunal de Contas do Estado da Bahia. Inaldo Araújo é Professor dos cursos de Contabilidade e Auditoria na Universidade Católica de Salvador, de Auditoria na Universidade do Estado da Bahia, de pós-graduação em Auditoria Interna na Universidade Federal do Ceará e na Fundação Visconde de Cairu. Ex-professor da Universidade Federal da Bahia e da Faculdades Salvador. É auditor do Tribunal de Contas do Estado da Bahia, substituto de conselheiro, mestrando em Contabilidade na Fundação Visconde de Cairu.

Leituras Complementares

Texto 1

Texto 2

A Legislação utilizada pela Contabilidade Pública está disponível nos endereços a seguir, que são sites oficiais do governo.

Texto 3BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federa-tiva do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm> . Acesso em: 09 de mar. 2008.

BRASIL. Lei Complementar nº 101 de 04 de maio de 2000. Estabe-lece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 05 maio. 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp101.htm>. Acesso em: 09 de mar. 2008.

BRASIL. Lei nº 4.320 de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L4320.htm>. Acesso em: 09 de mar. 2008

Page 71: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

71Etapa VI - Volume 1

AtividadesAtividade 1

Atividade 2

Atividade 3

A administração pública brasileira se divide em direta e indireta. A administração pública direta é formada pelos órgãos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Já a administração pública indireta admite quatro tipos de entidades. Cite-as e explique cada uma com suas palavras.

Coloque V (verdadeiro) e F (falso): ( ) O Plano Plurianual (PPA) é elaborado de dois em dois anos pelo Poder Legislativo.( ) A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) é elaborada anu-almente e orienta a elaboração da LOA, em consonância com o PPA. ( ) A Lei Orçamentária Anual (LOA) é elaborada anualmente, compreendendo os orçamentos da saúde, educação e assistência social. ( ) O orçamento da seguridade social constante da LOA, com-preende a saúde, previdência e educação. ( ) O orçamento base zero é o orçamento em que não existe direito adquirido das verbas anteriormente outorgadas.

Imagine a seguinte situação hipotética. O Governador do Estado “X” pretende construir um hospital no presente exercício, conforme já previsto na LOA. Após o início das obras, percebeu-se que a despesa fixada no orçamento seria insuficiente, sendo necessária a abertura de crédito adicional, mas o governador foi informado pelo setor de Contabilidade que não há excesso de arrecadação e, no ano anterior, não houve superávit para cobrir a despesa, além disso, o Estado não pode mais solicitar empréstimos devido ao seu alto índice de endividamento. Diante do exposto, diga qual tipo de crédito adicional deverá ser aberto, e de onde deverá vir o recurso. Explique.

Explique a vigência dos créditos adicionais suplementar, especial e extraordinário.

Atividade 4

Atividade 5Enumere a 2ª coluna de acordo com a 1ª, tendo em vista a definição dos princípios orçamentários:

(1)Exclusividade ( ) visa evitar que as dotações orçamentárias sejam globais.

(2)Especificação ( ) o orçamento tem que ser publicado para ter eficácia.(3)Universalidade ( ) a receita estimada deverá ser igual a despesa fixada.

(4)Publicidade ( ) não poderá conter dispositivos estranhos à fixação da despesa e previsão das receitas.

(5)Equilíbrio ( ) orçamento deverá conter todas as receitas e despesas pelos seus totais, proibindo

Page 72: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

72 Ciências Contábeis

ReferênciasANGÉLICO, João. Contabilidade pública. 8. ed. São Paulo: Atlas, 1994.

LIMA, Diana Vaz de. Contabilidade pública: integrando União, Estados e Municípios (Siafi e Siafem). São Paulo: Atlas, 2004.

MACHADO JR., José Ferreira. A Lei 4.320 comentada: com a introdução de comentários à lei de responsabilidade fiscal. Rio de Janeiro: IBAM, 2001. KOHAMA, Hélio. Contabilidade pública. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2000.

Page 73: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

COMPONENTE CURRICULARLaboratório de Prática Contábil II

Page 74: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1
Page 75: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

75Etapa VI - Volume 1

ROTEIRO DE ESTUDO 1

Procedimentos na admissão do empregado

Andréa Mara de Morais Carvalho

ObjetivosAo concluir o estudo dos conteúdos trabalhados neste roteiro, você será capaz de:

− aplicar as normas que regem o Direito do Trabalho em uma situação prática;

− conhecer os diversos procedimentos aplicados em um contrato de trabalho;

− acompanhar e descrever, exemplificando em sua empresa, os passos do processo de admissão de um empregado;

− conhecer e preencher os diversos formulários utilizados no processo de admissão de um empregado.

Texto introdutórioDando continuidade às nossas atividades práticas, proporcionadas por este componente curricular, vamos, agora, proceder ao registro dos funcionários de nossas empresas.

Nosso primeiro desafio vencido foi constituirmos uma empresa. Agora, para colocarmos em plena atividade mercantil, precisamos de mão-de-obra qualificada, para desenvolver as atividades inerentes ao objeto social. Tornando, desta forma, a necessidade de recrutamento e seleção de candidatos às vagas postas ao mercado.

Concluído o processo de recrutamento e seleção de candidatos, que geralmente é realizado por empresa especializada em recrutamento, seleção e treinamento; iniciam-se os procedimentos para a CONTRATAÇÃO.

Nosso próximo desafio é proceder ao registro de nosso quadro funcional, de nossa empresa, composto por, no mínimo, 10 funcionários.

Você deverá observar a Legislação do Direito de Trabalho, tão estudada na etapa V, e que regulamenta a relação de Emprego, entre Empregador versus Empregado.

Para facilitar o seu aprendizado, elaboramos uma história ilustrativa que visa mostrar os procedimentos para efetivação de uma contratação.

Você irá estudar leis, regras e conceitos regulando a relação contratual entre empregado e empregador. Para ilustrar, foram apresentados vários modelos de formulários que serão preenchidos por vocês, no desenvolvimento do seu trabalho prático.

Bom aprendizado!

Page 76: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

76 Ciências Contábeis

1. Processo de admissãoImaginemos o seguinte:

Uma empresa fabricante de camisas masculinas, na região sudeste de Minas Gerais, conhecida como “Empresa Modelo de Camisas S/A”, acaba de iniciar suas atividades. A Sra. Cláudia é uma das sócias, e também Diretora de Recursos Humanos, e está com a incumbência de admitir uma costureira.

Para que se processe o registro, o empregado deverá apresentar os seguintes documentos à empresa:

a. Carteira de Trabalho e Previdência Social;b. CPF;c. Carteira de Identidade;d. Título de eleitor;e. Certificado de reservista ou prova de alistamento militar em

caso de candidato masculino, dependendo da idade; f. Comprovante de escolaridade (se o cargo exigir);g. Cadastramento no PIS;h. Carteira de Habilitação profissional: quando a contratação

exigir;i. 01 Foto 3x4;j. Certidão de nascimento dos filhos de até 14 anos ou

inválidos de qualquer idade;k. Caderneta de vacinação para os filhos de até 07 anos.

(Hipótese em que deverá ser apresentada na admissão e em todo o mês de setembro);

l. Comprovante escolar para os filhos com idade entre 7 a 14 anos. (Hipótese em que deverá ser apresentada na admissão, e, após, sempre nos meses de maio e novembro);

m. Comprovante de residência;n. Declaração escolar, quando menor estudante;o. Exame Médico Admissional.

1.1. Carteira de Trabalho – art 13 e 29 da CLTDe acordo com o artigo 13, da CLT, a Carteira de Trabalho e Previdência Social é obrigatória para o exercício de qualquer emprego, inclusive o de natureza rural, ainda que em caráter temporário, e para o exercício por conta própria de atividade profissional remunerada.

Ela deverá ser obrigatoriamente apresentada contra recibo, no ato da admissão, o qual terá o prazo de 48(quarenta e oito) horas para nela anotar os seguintes dados:

I. data da admissão;II. a remuneração e as condições especiais, se houver.

Page 77: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

77Etapa VI - Volume 1

1.1.1. Principais anotações na CTPSa) As principais anotações a serem realizadas na Carteira

de Trabalho referem-se à página do Contrato de Trabalho, conforme demonstrado no exemplo, a seguir:

CONTRATO DE TRABALHO Empregador: Empresa Modelo de Camisas S/A.Rua José da Silva nº 50Município Uberlândia - Minas GeraisEsp. do estabelecimento Indústria do VestuárioCargo Costureira em geralC.B.O. nº 7632-10Data admissão 1 de março de 200xRegistro nº 01 Fls./Ficha 002Remuneração específica R$ 720,00 (setecentos e vinte reais) p/mês.

Claudia Aparecida de SouzaAss. do empregador ou a rogo c/ test.

1º2º Data saída de de 200x

Ass. do empregador ou a rogo c/ test. 1º 2ªCom. Dispensa CD nº

b) Na página – Contribuição Sindical deverá preencher: Valor da Contribuição. Nome do Sindicato. Ano de contribuição. Assinatura e carimbo do empregador.

c) Na página – FGTS, preencher: Banco depositário (será sempre a Caixa Econômica

Federal). Empresa. Assinatura e carimbo do empregador.

d) Na página – Reajuste de salário, deverá preencher: Data do reajuste. Valor do reajuste. Função e CBO. Motivo do reajuste.Assinatura e carimbo do empregador.

Page 78: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

78 Ciências Contábeis

Quando não houver mais espaço, poderá ser utilizado o da página “anotações gerais”, para alterações de salário.

e) Na página – Anotações de Férias, deverá preencher: Período aquisitivo das férias. Período de gozo. Assinatura e carimbo do empregador.

f) Na página – Anotações, preencher: Anotações sobre afastamento, alteração de contrato,

contrato de experiência, número do PIS/PASEP, retificações, contribuição sindical, alterações salariais, anotações de férias etc. Essas anotações poderão ser realizadas, quando da falta de espaço, nas páginas específicas.

g) Na página – Uso do INSS: Será preenchido pelo INSS quando do afastamento do

empregado por auxílio doença, acidente do trabalho, superiores a 15 dias.

A empresa não poderá fazer uso deste espaço destinado ao INSS.

É vedada qualquer anotação na Carteira de Trabalho que desabone o empregado ou que causa dano à sua conduta profissional. Art. 29 § 4º da CLT.

1.1.2. MultasA empresa que infringir as disposições da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) concernentes às anotações da CTPS infringirá em multa de R$ 402,53. O extravio ou a inutilização da CTPS, por culpa da empresa, acarretará multa de R$ 201,27.

1.1. Cadastramento no PIS/PASEPOs trabalhadores deverão ser cadastrados no PIS/PASEP, no ato de seu primeiro emprego, para efeito de identificação junto ao FGTS.

Por ocasião da admissão, a empresa verifica, antes de proceder a admissão, se o empregado é inscrito no PIS, mediante solicitação do “Comprovante do Cadastramento”, conforme o caso, ou da anotação na CTPS.

Se o empregado não for cadastrado no PIS, o empregador deverá preencher o formulário Documento de Cadastro do Trabalhador (DCT), disponível no site da Caixa Econômica Federal, a qual terá um prazo máximo de cinco dias úteis para efetuar o cadastramento do empregado.

O novo modelo da Carteira de Trabalho já vem com o número do PIS/PASEP do trabalhador cadastrado.

PIS/PASEPPrograma de Integração Social, instituído pela Lei Complementar nº 07 de 07/09/1970, com objetivo de integrar o empregado na vida e no desenvolvimento das empresas. Unificado ao PASEP através do Decreto nº 78276 de 17/08/1976, passando a ser denominado PIS/PASEP.

Page 79: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

79Etapa VI - Volume 1

Modelo do Formulário DCT – Documento de Cadastramento do Trabalhador no PIS

CAIXAECONOMICA. Disponível em: <http://downloads.caixa.gov.br/_arquivos/desenvolvimento_urbano/farmacia_popular/DCT.pdf>. Acesso em: 25 Abr.2008.

1.1. Exame Médico AdmissionalA Norma Regulamentadora - NR 7, alterada pela Portaria nº 8/96, determina que o exame médico admissional deverá ser realizado antes que o trabalhador assuma as suas atividades.

O exame compreende de avaliação clínica, abrangendo análise ocupacional e exame físico e mental, bem como exames complementares, realizados de acordo com os termos especificados na citada NR 7. Que estabelece ainda a obrigatoriedade de elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), com o objetivo de promoção e preservação da saúde do conjunto dos seus trabalhadores.

Para cada exame médico realizado, o médico emitirá o Atestado de Saúde Ocupacional ( ASO ), em duas vias. A 1ª via do Atestado fica arquivada no local de trabalho do trabalhador, inclusive frente de trabalho ou canteiro de obras, à disposição da fiscalização do trabalho e a 2ª via deverá ser obrigatoriamente entregue ao trabalhador, mediante recibo na 1ª via.

Cabe salientar que as despesas com o exame médico admissional, inclusive os complementares, são de responsabilidade do empregador. Em caso de visita, o fiscal do trabalho poderá exigir comprovação dos gastos mediante apresentação de recibos ou notas fiscais.

Para maiores esclarecimentos, é recomendável a leitura da Norma Regulamentadora nº 7, em Manuais de Legislação Atlas: Segurança e Medicina do Trabalho: Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977. 56ª edição. São Paulo: Atlas, 2005. p. 88-100

Page 80: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

80 Ciências Contábeis

1.1. Livro ou Ficha de RegistroConforme artigo 41 da C.L.T

Art. 41 - Em todas as atividades será obrigatório para o empregador o registro dos respectivos trabalhadores, podendo ser adotados livros, fichas ou sistema eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho.

Parágrafo único: Além da qualificação civil ou profissional de cada trabalhador, deverão ser anotados todos os dados relativos à sua admissão no emprego, duração e efetividade do trabalho, a férias, acidentes e demais circunstâncias que interessem à proteção do trabalhador.

A Lei nº 10.243, de 19/06/2001, revogou o art 42, da CLT, que estabelecia a obrigatoriedade da autenticação do livro e ficha de registro nas Delegacias Regionais do Trabalho ou quando da visita do fiscal do trabalho.

O empregador poderá adotar controle único e centralizado do registro de empregados, desde que os empregados portem cartão de identificação contendo seu nome completo, número de inscrição no PIS/PASEP, horário de trabalho e cargo ou função.

O livro ou ficha de registro deve estar sempre atualizado e numerado seqüencialmente por estabelecimento.

Para as Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, enquadradas no Simples Nacional, através da Lei Complementar nº 123, de 14/12/2006, em seu artigo 51, inciso II, dispensou tais empresas das anotações das férias dos empregados no livro ou ficha de registro.

A empresa que não registrar o seu empregado, ficará sujeita à multa de R$ 402,53, por empregado. E em caso de reincidência, a multa será acrescida de igual valor.

A seguir, segue modelo da Ficha de Registro de Funcionário:

Page 81: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

81Etapa VI - Volume 1

1.1. Documentos impressos na Admissão:

1.1.1. Contrato de experiênciaO Contrato de experiência é uma espécie de contrato por prazo determinado, que objetiva dar condições de mútuo conhecimento.

O empregador, durante o período, observa o desempenho funcional do empregado na execução das respectivas atribuições, disciplina, subordinação etc. O empregado, por outro lado, verifica sua adaptação, integração, relacionamento com superiores hierárquicos, condições de trabalho etc.

O contrato de experiência não poderá exceder a 90 dias, ou seja, podendo acordá-lo por qualquer prazo, desde que não exceda aos 90 dias estipulados legalmente, já incluída neste prazo uma eventual prorrogação (CLT, art. 445, parágrafo único).

O contrato de experiência somente poderá ser prorrogado uma única vez, sendo que uma segunda prorrogação implicará a sua transformação em contrato a prazo indeterminado, sujeitando-se às normas que regem estes contratos.

Observe o exemplo:

O empregado com contrato de experiência de 15 dias pode ter seu contrato prorrogado por mais 75 dias. Um contrato de 30 dias pode ser prorrogado por mais 60 dias, ou por um prazo menor. O essencial é que o período prorrogado, somado ao transcorrido, não ultrapasse 90 dias corridos.

Observe que a prorrogação do contrato deve, obrigatoriamente, ser assinada por ambas as partes, não bastando, simplesmente, a sua previsão no contrato.

Page 82: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

82 Ciências Contábeis

Acordado entre as partes, além das anotações normais efetuadas na parte do “Contrato de Trabalho”, o contrato de experiência também deve ser mencionado nas folhas de “Anotações Gerais”; da Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), no molde seguinte: “Conforme documento em poder da empresa, o portador assinou contrato experimental de ___ (______) dias, com vigência no período de ___/___/___ a ___/___/___.”

Atingido o prazo fixado, o contrato de experiência se extingue, ou seja, termina automaticamente, pelo decurso do respectivo prazo. Na ocasião, em que nenhuma das partes se manifeste em sentido contrário, no dia imediato ao dia previsto, o contrato passa a vigorar por prazo indeterminado.

Portanto, se o empregador não desejar dar continuidade à contratação, deverá comunicar sua decisão ao empregado até o último dia útil de trabalho dentro da experiência, evitando o comparecimento do mesmo ao serviço, no dia seguinte ao término do prazo; e, também, impedir a compensação de horas de trabalho relativa a dia(s) que recaia(m) após o término da experiência.

Exemplificando...

Término de experiência em sexta-feira. O empregado não deve trabalhar além do horário normal durante a semana, evitando compensar as horas relativas à jornada de trabalho do sábado.

Cabe salientar ainda que, se qualquer uma das partes, empregador ou empregado, rescindir sem justa causa o contrato, antes de seu término, não caberá aviso prévio, mas sim indenização prevista nos artigos 479 e 480 da CLT; que prevê, em caso de rescisão promovida pelo empregador este pagará ao empregador, a título de indenização, metade daquilo que ele ganharia se estive trabalhando até o final do contrato. E se for iniciativa do empregado, poderá, a critério da empresa, serem cobrados os prejuízos advindos da demissão, não podendo a indenização ser maior do que aquela que o empregado receberia se estivesse sendo dispensado.

Page 83: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

83Etapa VI - Volume 1

Modelo do Contrato de Experiência:

Testemunha Empregado ou Responsável quando menor

Testemunha Empregador

CONTRATO DE TRABALHO A TÍTULO DE EXPERIÊNCIA

Entre a empresa ....................................................................., com sede em .................................. à Rua ............................................,nº........., doravante designada EMPREGADORA e .............................................., portador da CTPS nº ........... série ....., a seguir chamado apenas EMPREGADO, e celebrado o presente CONTRATO DE EXPERIÊNCIA, que terá vigência a partir da data de início da prestação de serviços, de acordo com as condições a seguir especificadas:

1 - Fica o EMPREGADO admitido no quadro de funcionários da EMPREGADORA para exercer as funções de ..................................., mediante a remuneração de R$ ............... (...............................................) por mês. A circunstância, porém, de ser a função especificada não importa na intransferibilidade do EMPREGADO para outro serviço, no qual demonstre melhor capacidade de adaptação desde que compatível com sua condição pessoal.

2 - O horário de trabalho será anotado na sua ficha de registro e a eventual redução da jornada, por determinação da EMPREGADORA, não inovará este ajuste, permanecendo sempre íntegra a obrigação do EMPREGADO de cumprir o horário que lhe for determinado, observando o limite legal.

3 - Obriga-se também o EMPREGADO a prestar serviços em horas extraordinárias, sempre que lhe for determinado pela EMPREGADORA, na forma prevista em lei. Na hipótese desta faculdade pela EMPREGADORA, o EMPREGADO receberá as horas extraordinárias com o acréscimo legal, salvo a ocorrência de compensação, com a conseqüente redução da jornada de trabalho em outro dia.

4 - Aceita o EMPREGADO, expressamente, a condição de prestar serviços em qualquer dos turnos de trabalho isto é, tanto durante o dia como a noite, desde que sem simultaneidade, observadas as prescrições legais reguladoras do assunto, quanto à remuneração.

5 - Fica ajustado nos termos do que dispõe o § 1º do art. 469, da Consolidação das Leis do Trabalho, que o EMPREGADO aceitará ordem emanada da EMPREGADORA para a prestação de serviços tanto na localidade de celebração do Contrato de Trabalho, como em qualquer bairro ou cidade, capital ou território nacional, quer essa transferência seja transitória, quer seja definitiva.

6 - No ato da assinatura deste contrato, o EMPREGADO recebe o Regulamento Interno da Empresa cujas cláusulas fazem parte do Contrato de Trabalho, e a violação de qualquer delas implicará em sanção, cuja graduação dependerá da gravidade da mesma, cominando com a rescisão do contrato por justa causa.

7 - Em caso de dano causado pelo EMPREGADO, fica a EMPREGADORA, autorizada a efetivar o desconto da importância correspondente ao prejuízo, o qual fará, com fundamento no parágrafo único do art. 482 da CLT, já que essa possibilidade fica expressamente prevista em contrato.

8 - O presente contrato, tem início a partir de __/__/__ e término no dia __/__/__, sendo celebrado para as partes verificarem reciprocamente, a conveniência ou não de vincularem em caráter definitivo a um contrato de trabalho. A empresa passando a conhecer as aptidões do EMPREGADO e suas qualidades pessoais e morais; o EMPREGADO verificando se o ambiente e os métodos de trabalhos atendem à sua conveniência.

9 - Na hipótese deste ajuste transformar-se em contrato de prazo indeterminado, pelo decurso do tempo, continuarão em plena vigência as cláusulas de 01 a 07, enquanto durarem as relações do EMPREGADO com a EMPREGADORA.

E por estarem de pleno acordo, as partes contratantes, assinam o presente Contrato de Experiência em 2 vias, ficando a primeira em poder da EMPREGADORA, e a segunda com o EMPREGADO, que dela dará o competente recibo.

_________________________________________________, _________ de ________________________________ de ___________

Page 84: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

84 Ciências Contábeis

TERMO DE PRORROGAÇÃO

Por mútuo acordo entre as partes, fica o presente contrato de experiência, que deveria vencer nesta data, prorrogado até __/__/__. _____________________________________, _________ de ______________ de __________

Testemunha Empregado ou Responsável quando menor

1.1.1. Termo de Responsabilidade (Salário-família)Para a concessão e manutenção do salário-família, o segurado firma, por ocasião da admissão no emprego ou da solicitação de pagamento de salário-família, o Termo de Responsabilidade, ficando sujeito a comunicar à empresa ou ao INSS, em qualquer fato ou circunstância que determine a perda do direito ao benefício, sob as sanções penais e trabalhistas (ato de improbidade – artigo 482, alínea “c”, da CLT).

O Salário-família é um benefício pago aos empregados com salário mensal de até R$ R$ 710,08, para auxiliar no sustento dos filhos de até 14 anos incompletos ou inválidos. Os empregados domésticos, contribuintes individuais, segurados especiais e facultativos não recebem salário-família. O Salário-família é pago mensalmente. Quando o salário do empregado não for pago na forma mensal, o salário-família será pago com o último pagamento relativo ao mês. Quando o pai e a mãe são segurados, ambos têm direito ao Salário-família. As quotas do salário-família, pagas pela empresa, deverão ser deduzidas quando do recolhimento das contribuições do INSS sobre a folha de salários.

São equiparados aos filhos, os enteados e os tutelados que não possuem bens suficientes para o próprio sustento.

De acordo com a Portaria nº 77, de 12 de março de 2008, o valor da cota do salário-família por filho ou equiparado de qualquer condição, de até 14(quatorze) anos de idade ou inválido é de:

Remuneração (R$) Valor da Cota de salário família

Remuneração até 472,43 R$ 24,23De 472,44 até 710,08 R$ 17,07

Exemplo:

Empregado com salário de R$ 600,00, tem 3 filhos na faixa etária de 4, 6 e 8 anos de idade. Qual o valor que deverá receber a título de salário-família?

- Valor da cota em relação ao salário de R$ 600,00 = R$ 17,07- 3 filhos a R$ 17,07 ( R$ 17,07 x 3 cotas SF) = R$ 51,21

Page 85: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

85Etapa VI - Volume 1

Modelo do Termo de Responsabilidade a ser celebrado

Termo de Responsabilidade (Concessão de Salário-Família - Portaria nº MPAS 3.040/82)

Empresa:___________________________________Matrícula:________________________________ Nome do segurado:___________________________________________________________________

CTPS ou doc. Identidade:______________________________________________________________

BeneficiáriosNome do filhoData de nascimento

Pelo presente TERMO DE RESPONSABILIDADE declaro estar ciente de que deverei comunicar de imediato a ocorrência dos seguintes fatos ou ocorrência que determinam a perda do direito ao salário-família: - ÓBITO DE FILHO; - CESSAÇÃO DA INVALIDEZ DE FILHO INVÁLIDO; - SENTENÇA JUDICIAL QUE DETERMINE O PAGAMENTO A OUTREM (casos de divórcio, desquite ou separação, abandono de filho ou perda do pátrio poder).

Estou ciente, ainda, de que a falta de cumprimento do compromisso ora assumido, além de obrigar à devolução das importâncias recebidas indevidamente, sujeitar-me- á às penalidades previstas no art. 171 do Código Penal e à rescisão do contrato de trabalho, por justa causa, nos termos do art. 482 da

Consolidação das Leis do Trabalho.

1ª via: empresa 2ª via: segurado

Beneficiários

Nome do filho Data de nascimento

Local e data: Impressão Digital

Assinatura:

Page 86: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

86 Ciências Contábeis

1.1.1. Ficha de Salário-famíliaDeverá ser preenchida para os empregados com filho (s) na idade entre 0 a 14 anos de idade e que recebam salário-família.

O pagamento do salário-família só será devido a partir do mês da efetiva apresentação da certidão de nascimento do filho ou equiparado, estando condicionado à apresentação anual de atestado de vacinação obrigatória até seis anos de idade, e de comprovação semestral de freqüência escolar do filho, a partir de sete anos de idade.

Por exemplo:Empregado admitido em 12/06/2007. A certidão de nascimento de seu filho, com idade de 4 anos, só foi entregue em 05/12/2007. A empresa efetuará o pagamento da cota do salário-família a partir do mês de dezembro, data da entrega da certidão de nascimento, não retroagindo a 12/06/2007, data da admissão.

Modelo da Ficha de Salário-família - Frente

Page 87: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

87Etapa VI - Volume 1

Modelo da Ficha de Salário-família - Verso

O pagamento do salário-família fica condicionado à apresentação, anualmente, no mês de novembro, para o filho de até sete anos de idade, do cartão de vacinação. O empregador suspenderá o pagamento do salário-família se o empregado não apresentar o atestado de vacinação obrigatória, que deverá ser anotado no verso da ficha de salário-família.

Comprovação da Freqüência escolarPara as crianças com idades superiores a sete anos, o pagamento do salário-família fica condicionado à comprovação semestral da freqüência escolar, nos meses de maio e novembro. O empregado deve procurar a escola onde o filho esteja estudando e solicitar declaração de que ele está matriculado e freqüentando as aulas com regularidade. A não apresentação nos meses citados acarretará a suspensão do pagamento do Salário-família, até que tais declarações sejam entregues. Não é devido Salário-família no período entre a suspensão do benefício pela falta de comprovação da freqüência escolar, salvo se provada a freqüência escolar regular no período.

1.1.1. Declaração de Encargos de Família para Fins de Imposto de RendaEste formulário é preenchido pelos empregados, no ato de sua admissão, declarando seus respectivos dependentes, para fins de incidência do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF).

Podem ser considerados dependentes:a) cônjuge;b) o companheiro ou companheira, desde que haja vida em

comum por mais de 5 anos, ou por período menor, se da união resultou filho;

Page 88: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

88 Ciências Contábeis

c) a filha, o filho, a enteada, o enteado:− até 21 anos; ou− de qualquer idade, quando incapacitado física ou

mentalmente para o trabalho; ou− maior, até 24 anos, se ainda estiver cursando

estabelecimento de ensino superior ou escola técnica de 2º grau;

d) o menor pobre, até 21 anos, que o contribuinte crie e eduque e do qual detenha a guarda judicial;

e) o irmão, o neto ou o bisneto, sem arrimo dos pais:− até 21 anos, desde que o contribuinte detenha a guarda

judicial; ou− de qualquer idade, quando incapacitado física ou

mentalmente para o trabalho; ou− maior, até 24 anos, se ainda estiver cursando

estabelecimento de ensino superior ou escola técnica de 2º grau;

f) os pais, os avós ou bisavós, desde que não aufiram rendimentos, tributáveis ou não, superiores ao limite de isenção mensal ( R$ 1.372,81 a partir de 01.01.2008 );

g) pessoa absolutamente incapaz do qual o contribuinte seja tutor ou curador.

Está sujeito à retenção do Imposto de Renda na Fonte, todo pagamento proveniente do trabalho assalariado, como remunerações de serviço prestado no exercício de empregos, cargos e funções e quaisquer proventos ou vantagens recebidas, inclusive como estagiários. Cabendo a retenção e recolhimento ao empregador, seja pessoa física ou pessoa jurídica.

São rendimentos tributáveis na fonte (RIR, art. 77)

Salários, ordenados, vantagens, honorários, diárias, bolsa de estudos e de pesquisa, remuneração de estagiários, férias, inclusive as pagas em dobro, transformadas em pecúnia ou indenizadas, acrescidas do respectivo abono; licença especial ou licença-prêmio, inclusive quando convertida em pecúnia; gratificação e participações; comissões e corretagens; aluguel de imóvel ocupado pelo empregado e pago pelo empregador a terceiros; pagamento ou reembolso do imposto ou contribuições que a lei prevê como encargo do assalariado; prêmios de seguro individual de vida do empregado pelo empregador, quando o empregado é o beneficiário do seguro ou indica o beneficiário; verbas, dotações ou auxílios, para representação de despesas necessárias para o exercício de cargo, função ou emprego.

Nota...

Page 89: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

89Etapa VI - Volume 1

Declaração de Dependentes para Fins de Desconto do Imposto de Renda na Fonte

Ciente da proibição da dedução de um mesmo dependente por ambos os cônjuges, declaro, sob as penas da Lei, que as informações aqui prestadas são verdadeiras e da minha inteira responsabilidade. ____________________, _____de _______________ de _____________.

______________________________________

Assinatura do Declarante

Fonte Pagadora:

Nome do Declarante:

CTPS Nº SÉRIE: CPF Nº Estado Civil:

Endereço: CEP:

Bairro: Cidade: Estado:

DEPENDENTES DECLARADOSNr. de ordem Nome completo Relação de

dependência Data de Nascimento

1.1.1. Solicitação do Vale TransporteO Vale-Transporte constitui um benefício que o empregador antecipará ao trabalhador para utilização efetiva em despesas de deslocamento residência-trabalho e vice-versa.

Entende-se por deslocamento a soma dos segmentos componentes da viagem do beneficiário, por um ou mais meios de transporte, entre sua residência e o local de trabalho.

São beneficiários do Vale-Transporte os trabalhadores em geral, tais como:

− os empregados definidos pela CLT;− os empregados domésticos;− os trabalhadores de empresas de trabalho temporário;− os empregados a domicílio, para os deslocamentos

indispensáveis à prestação do trabalho, percepção de salários e os necessários ao desenvolvimento das relações com o empregador;

Page 90: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

90 Ciências Contábeis

− os empregados do sub-empreiteiro, em relação a este e ao empreiteiro principal, conforme determina o artigo 455 da CLT;

− os atletas profissionais;− os servidores da União, do Distrito Federal, dos Territórios

e suas autarquias, qualquer que seja o regime jurídico, a forma de remuneração e da prestação de serviços.

Por ocasião da admissão do empregado, este deve informar, por escrito, ao empregador:

− endereço residencial;− serviços e meios de transporte mais adequados ao

deslocamento residência-trabalho e vice-versa. O Vale Transporte é custeado pelo empregado, na parcela equivalente a 6% do seu salário básico ou vencimento, excluídos quaisquer adicionais ou vantagens, ou o total de vales entregues, aplicando o que for menor; e pelo empregador, no que exceder a 6%, mencionado anteriormente.

Veja o modelo da Declaração de Solicitação do Vale Transporte

Page 91: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

91Etapa VI - Volume 1

1.1.1. Acordo de Compensação de HorasO acréscimo de horas à jornada normal de trabalho, com o fim de compensar a supressão ou redução do expediente aos sábados, bem como dos dias úteis que recaem em feriados, somente se efetiva mediante “Acordo de Compensação de Horas” entre empregador e empregado.

O acordo pode ser firmado livremente com empregados maiores de 18 anos, por escrito, ou mediante acordo de convenção coletiva de trabalho.

Para a compensação do trabalho de menores e idade (14 a 18 anos), é necessária a celebração de convenção ou acordo coletivo específico com o respectivo sindicato da categoria profissional. Para esse fim, observam-se as disposições contidas nos arts. 611 e seguintes da C.L.T.

É obrigatória a concessão de descanso de 15 minutos, no mínimo, antes de iniciar o período suplementar de trabalho.

A inexistência do instrumento escrito descaracteriza a compensação e, conseqüentemente, será devido o adicional de horas extras.

Lembra-se que o acordo de compensação deve ser anotado no livro ou ficha de registro dos empregados (CLT, art. 74, § 1º).

Art. 74 - O horário de trabalho constará de quadro, organizado conforme modelo expedido pelo Ministério do Trabalho, e afixado em lugar bem visível. Esse quadro será discriminativo no caso de não ser o horário único para todos os empregados de uma mesma seção ou turma.§ 1º - O horário de trabalho será anotado em registro de empregados com a indicação de acordos ou contratos coletivos porventura celebrados.§ 2º - Para os estabelecimentos de mais de dez trabalhadores será obrigatória a anotação da hora de entrada e de saída, em registro manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho, devendo haver pré assinalação do período de repouso.§ 3º - Se o trabalho for executado fora do estabelecimento, o horário dos empregados constará, explicitamente, de ficha ou papeleta em seu poder, sem prejuízo do que dispõe o § 1º deste artigo.

Page 92: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

92 Ciências Contábeis

Modelo do Acordo de Compensação de Horas de Trabalho

ACORDO PARA COMPENSAÇÃO DE HORAS DE TRABALHO

Entre ________________________________________________ estabelecida em ______________________________________ com o ramo de ___________________________________________________ e o seu empregado abaixo assinado, portador da carteira profissional, número _______ série ______.

Fica convencionado de acordo com o disposto do art. 59 e seu parágrafo 2o do Decreto-lei 5.452 de 1o de Maio de 1943 - Consolidação das Leis do Trabalho, que o horário normal do Trabalho será o seguinte:

Às segundas-feiras das ______ às ______ horas, com ______ horas para refeição e descanso.das 3ª às 6ª feiras das _______ às______ horas, com ______ horas para refeição e descanso.aos sábados das _______ às______ horas, com ______ horas para refeição e descanso.

Perfazendo total de 44 horas semanais.

E, por estarem de pleno acordo, as partes contratantes assinam o presente acordo em duas vias, o qual vigorará por prazo indeterminado.

Local e data: ________________________, ______de ______________ de __________

______________________________________EMPREGADO

______________________________________EMPREGADOR

Agora, é só passar toda a documentação para o funcionário assinar, promover uma apresentação das dependências da empresa e dos demais empregados e, também, é claro, das normas internas da mesma. E, então, desejarmos um bom trabalho ao nosso funcionário mais novo contratado!!!

Antes de encerrar, gostaria de informar a você, no fascículo de atividades encontram-se como anexos, os modelos de documentações citadas neste roteiro. São eles:

− DCT – documento de cadastramento do trabalhados no PIS.− Ficha de salário-família – frente− Ficha de salário-família – verso − Modelo - Contrato de Experiência− Modelo de Declaração de encargo de família para fins de IR− Modelo de Termo de Responsabilidade - salário-família− Registro de empregado – frente− Registro de empregado – verso− Solicitação de vale-transporte

Bom estudo, e até o próximo roteiro!

Page 93: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

93Etapa VI - Volume 1

Leituras Obrigatórias

Leituras ComplementaresTexto 1

Texto 2

Texto 1BRONDI, Benjamin. BERMÚDEZ, René Raúl Zambrana. Departamento Pessoal Modelo. 2. ed. São Paulo: IOB Thomson, 2004.

Leitura do Capítulo 04.Neste capítulo, os autores descrevem os procedimentos da empresa no ato da admissão de seus empregados, de forma bem detalhada, com exemplos, e com apoio da legislação aplicável, além de fornecer também o modelo dos formulários a serem preenchidos pela empresa e assinados pelos empregados.

Texto 2GOMES, Elizeu Domingues. Rotinas Trabalhistas e Previdenciárias. 7. ed. Belo Horizonte: Líder, 2007.

Leitura do capítulo 01Gomes nos relata, passo-a-passo o que o departamento pessoal de uma empresa, ou o encarregado pela admissão, deverá realizar para admitir um funcionário. Quais documentos deverão solicitar, quais formulários deverá preencher, quais penalidades poderá incorrer em caso de infringir algum dispositivo legal concernente à admissão do funcionário etc. Você não poderá deixar de ler este capítulo. Ele enriquecer seus conhecimentos e apoiá-lo em suas atividades.

MANUAIS DE LEGISLAÇÃO ATLAS: Segurança e Medicina do Trabalho. 56. ed. São Paulo: Atlas, 2005. p. 88-100.

A Atlas coloca, a todos nós, leitores, o manual de Segurança e Medicina do Trabalho, através das Normas Regulamentadoras (NR), aprovadas pela Portaria nº 3.214, de 08 de Junho de 1978. Em especial, a Norma Regulamentadora – NR 7, estabelece a obrigatoriedade de elaboração do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO, com objetivo de promoção e preservação da saúde dos seus empregados. E um dos itens principais que o PCMSO deve incluir é a elaboração de exames médicos ocupacionais, principalmente, no ato da admissão. Para saber mais sobre o assunto, consulte a página citada, e esclareça suas dúvidas.

Regulamento do Imposto de Renda – DECRETO 3.000, de 26 de março de 1999 – Tributação das Pessoas Físicas. Disponível em: http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/RIR/Livro1.htm. Acesso em: 25 Abr. 2008.

Page 94: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

94 Ciências Contábeis

Leitura do art. 77 – DependentesNeste artigo, é definido em lei que são os dependentes permitidos para dedução da base de cálculo do imposto de renda a ser retido na fonte.

Caro(a) aluno(a).Como nosso Componente Curricular é de “PRÁTICA”, vamos retomar a minha proposta no início deste roteiro de estudo, onde eu propunha a você(s) que admitisse(m) em seu(s) quadro funcional de trabalho, no mínimo, 10(dez) funcionários, de acordo com a atividade desempenhada pela empresa constituída por você(s), em nosso Componente Curricular anterior “Laboratório de Prática Contábil I”.

Não deixe(m) de levar em consideração a legislação aplicável a sua atividade, convenção coletiva, salários da classe, horários permitidos etc.

Os dados poderão ser fictícios e deverão constar em formulários preenchidos, manualmente, ou em arquivos do tipo “doc” ou “xls”.

Para entrega, o(a) aluno(a) deverá realizar um Resumo Descritivo de sua empresa, sua atividade a ser desenvolvida e da necessidade da contratação de seu quadro de funcionários, descrevendo, principalmente, cargo e função de cada um.

A atividade deverá ser entregue em Pasta Catálogo, contendo plásticos, para evitar possíveis amassos e borrões. Data para entrega: Primeira Oficina de apoio à Aprendizagem.

Atividade

ReferênciasBRASIL. Lei Complementar nº 123, de 14 de Dezembro de 2006. Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp123.htm>. Acesso em: 25 Abr. 2008.

BRASIL. Lei Ordinária nº 10.243, de 19 de Junho de 2001. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LEIS_2001/L10243.htm>. Acesso em: 25 Abr. 2008.

BRASIL. Portaria Interministerial MPS/MF nº 77, de 11 de Março de 2008. Disponível em: <http://www81.dataprev.gov.br/sislex/paginas/65/mf-mps/2008/77.htm>. Acesso em 25 Abr. 2008.

BRONDI, Benjamin. BERMÚDEZ, René Raúl Zambrana. Departamento Pessoal Modelo. 2.ed. São Paulo: IOB Thomson, 2004.

Page 95: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

95Etapa VI - Volume 1

CARRION, Valentin. Comentários à Consolidação das Leis do trabalho. São Paulo: Saraiva, 2006.

Documento de Cadastramento do Trabalhador - CEF. Disponível em: <http://downloads.caixa.gov.br/_arquivos/desenvolvimento_urbano/farmacia_popular/DCT.pdf>. Acesso em: 25 Abr. 2008.

GOMES, Elizeu Domingues. Rotinas Trabalhistas e Previdenciárias. 7. ed. Belo Horizonte: Líder, 2007.

MANUAIS DE LEGISLAÇÃO ATLAS: Segurança e Medicina do Trabalho. 56. ed. São Paulo: Atlas, 2005. p. 88-100.

Regulamento do Imposto de Renda – DECRETO 3.000, de 26 de março de 1999 – Tributação das Pessoas Físicas. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/RIR/Livro1.htm>. Acesso em: 25 Abr. 2008.

Page 96: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1
Page 97: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

COMPONENTE CURRICULARAnálise das Demonstrações Contábeis

Page 98: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1
Page 99: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

99Etapa VI - Volume 1

ROTEIRO DE ESTUDO 1

Tópicos introdutórios de análise econômico-financeira de demonstrativos contábeis

Autoria: Marco Antônio de Oliveira CaetanoAdaptação: Carlos Roberto Souza Carmo

Objetivos• Conhecer e compreender quais os passos essenciais

para preparação e ajuste dos demonstrativos contábeis, elaborados e apresentados segundo a legislação societária, para o início do processo de análise.

• Identificar e compreender a utilização das ferramentas de análise capazes de indicar a evolução econômica e financeira das entidades ao longo do tempo (Análise horizontal), e, ainda, a sua composição a cada período contábil (Análise vertical).

• Identificar e compreender os índices, ou indicadores básicos para diagnóstico da situação econômica (índices de margem e rentabilidade) e financeira (estrutura de capital, imobilização, liquidez e prazos médios) das entidades em geral.

RentabilidadeResultado da produção do

capital aplicado.

Liquidez Estado de composição

patrimonial relativo a dinheiro; capacidade de

solvência ou de pagamento de dívidas.

1. IntroduçãoAté este ponto do curso, além de aprender como registrar as operações que alteram o patrimônio das entidades como um todo, você também foi preparado para elaborar os demonstrativos contábeis que podem ser considerados como básicos para a maioria das entidades, ou seja, o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício. É claro, que além destes demonstrativos básicos, você também teve acesso aos componentes curriculares do curso de Ciências Contábeis que lhe permitiram conhecer e aprender a elaborar outros demonstrativos (Dentre eles, podem ser destacadas: a Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados-DLPA e a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos-DOAR) requeridos pela legislação pertinente, como forma de evidenciar a situação e a evolução patrimonial daquelas entidades que estão obrigadas a publicar tais demonstrativos.

Diante disso, passaremos agora a estudar algumas técnicas que lhe permitirão transformar os dados disponíveis nos demonstrativos contábeis, essencialmente o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício, em informações econômicas e financeiras, úteis para algum tipo tomada de decisão sobre investimentos, gestão, arrecadação de impostos etc., de acordo com as necessidades dos vários usuários destas informações.

Page 100: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

100 Ciências Contábeis

2. Dados, informações e usuários da análise das demonstrações contábeis, ou ainda, análise de balanços

Análise de Balanço Estudo da situação de uma parte, sistema de partes ou do todo patrimonial de uma empresa ou entidade, por meio da decomposição de elementos e levantamentos de dados que consistem em relações diversas que entre si possam ter tais elementos.

De uma forma bem ampla, pode-se afirmar que as demonstrações contábeis, ou financeiras, ou ainda, os balanços de uma empresa, fornecem uma série de dados. Por exemplo, qual o numerário disponível nos caixas e bancos da empresa (Ativo Circulante-Disponível); quanto a empresa tem investido em bens e direitos permanentes, ou não-circulantes, destinados ao suporte das suas atividades operacionais (Ativo Permanente-Imobilizado); ou, ainda, quanto de suas obrigações são exigíveis a curto e a longo prazo (Passivos).

Perceba que estes dados, isoladamente, têm um poder informativo muito reduzido, permitindo-nos até afirmar que, praticamente, inexiste informação para dar o devido suporte a algum tipo de decisão. Para que os dados contidos nos demonstrativos possam traduzir-se em algum tipo de informação, eles precisam ser “tratados”, ou melhor, precisam ser desenvolvidas algumas técnicas e procedimentos de combinação entre os valores que compõem os vários demonstrativos contábeis disponíveis para que se obtenha informação útil para alguma finalidade.

Esta técnica, ou ainda, este conjunto de procedimentos que permite extrair informação dos demonstrativos contábeis denomina-se “Análise dos Demonstrativos Contábeis” ou, mais comumente falando, “Análise de Balanços”. Logo, DADO é diferente de INFORMAÇÃO. A informação é a combinação de dados de um ou mais demonstrativos contábeis objetivando subsidiar a tomada de decisões. Logo, seria no mínimo razoável admitir que usuários diferentes demandem informações diferentes. Por exemplo: (i) O investidor em ações estaria interessado em que tipo de informação? (ii) A Fazenda Federal, por exemplo, estaria interessada em informações de que natureza? (iii) E os Bancos e fornecedores, qual seria o tipo de informação demanda por este tipo de usuário?

Em primeiro lugar, pode-se resumir os tipos de informações fornecidas pela análise de balanços em dois grandes grupos. São eles:

• informações econômicas: que dizem respeito a resultados, ou ainda, à lucratividade das empresas e as variáveis que podem afetá-la de alguma forma; e

• informações financeiras: que dizem respeito ao fluxo de caixa e aos investimentos das empresas em diversos tipos de ativos. Em, é lógico, não se pode falar em fluxo de caixa e investimentos sem se falar nas formas de financiamentos que as empresas procuram para suportar tais investimentos, portanto, o passivo em geral.

Dessa forma, podemos definir, forma bem ampla, quais as naturezas das informações demandas pelos vários usuários da análise de balanços. Dentro daqueles três exemplos dados anteriormente, teríamos: (i) O investidor em ações esta interessado

Page 101: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

101Etapa VI - Volume 1

em informações tanto de natureza econômica quanto financeira, pois, em primeiro lugar, para suas ações se valorizarem a empresa tem que ter bons resultados (lucros) e, além disso, a empresa também tem que ter disponibilidades o bastante para pagar dividendos. (ii) A Fazenda Federal, por exemplo, estaria interessada em informações de natureza econômica, afinal, não se tributa resultados negativos (prejuízos). (iii) E, finalmente, os Bancos e fornecedores, normalmente, desejam conhecer a capacidade de geração de caixa dos seus devedores, pois, somente com capacidade de gerar caixas é que estes devedores poderão pagar o crédito que lhes foi concedido.

Enfim, pode-se afirmar que os vários usuários do processo de análise de balanços combinam os vários dados disponíveis nos demonstrativos contábeis como forma de obter informações, econômicas ou financeiras, que sejam capazes de satisfazer suas necessidades voltadas para a tomada de algum tipo de decisão.

3. Preparação dos demonstrativos contábeis para o processo de análise Conforme dito anteriormente, o processo de análise consiste na combinação dos vários dados disponíveis nos demonstrativos contábeis como forma de obter a informação. Assim, antes de se iniciar o processo de análise propriamente dito, os demonstrativos contábeis, apresentados segundo a legislação, precisam ser ajustados como forma de permitir a elaboração e extração de informações mediante a combinação de valores dos seus vários componentes. A seguir, são descritos os principais ajustes a serem realizados nos demonstrativos contábeis para fins de análise e, também, os motivos pelos quais estes ajustes precisam ser feitos.

3.1 Duplicadas descontadas, no ativo circulante (balanço patrimonial)A conta “duplicatas descontadas”, apresentada normalmente como conta redutora (com saldo credor) dos direitos a receber de clientes, na sua essência, representa uma obrigação. Pois, por ocasião da entrega dos títulos descontados ao banco, a empresa se compromete a quitá-los caso o seu cliente não o faça. Dessa forma, apesar de figurar no ativo circulante com saldo credor, este tipo de título (endossado para desconto) é muito mais uma obrigação do que um ativo. Por esse motivo, este grupo de contas deve ser re-classificado para fins de análise. Ou seja, o saldo desta conta deve figurar no passivo.

3.2 Ativo permanente diferido (balanço patrimonial)

Uma vez que o ativo diferido representa gastos que permitem a obtenção de receitas por vários períodos contábeis, eles são contabilizados no ativo permanente e, periodicamente, lançados para o resultado do exercício sob a forma despesa (amortização

Page 102: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

102 Ciências Contábeis

do ativo diferido). Percebe-se claramente que o fato que faz com que tais ativos sejam reconhecidos como despesas dos períodos em que ocorrem sua amortização é muito mais o tempo do que a sua contribuição para obtenção das receitas com que são confrontados periodicamente. Logo, nada mais justo do que re-classificar os valores constantes neste grupo (ativo permanente diferido) para o patrimônio líquido. Pois, mais cedo ou mais tarde, o seu destino é exatamente a redução do patrimônio líquido, em função do reconhecimento periódico das despesas com a sua amortização.

3.3 Resultado de exercícios futuros (balanço patrimonial)Semelhante ao que acontece com o ativo diferido, porém, ao invés de um gasto, os “resultados de exercícios futuros” representam recebimentos de ativos, normalmente financeiros, que estão vinculados à receita de períodos futuros em função do regime de competência de exercícios. Assim, ao se debitar o respectivo ativo, credita-se o grupo “resultado de exercícios futuros” para que, em momento futuro, no período em aquela receita recebida antecipadamente está vinculada sem obrigatoriedade de devolução, seja reconhecida economicamente, mediante crédito no resultado do exercício. Percebe-se que o fato que faz com que estes itens do passivo sejam reconhecidos como receitas é muito mais o decurso de tempo do que aumento do ativo ou a redução do passivo característicos quando da ocorrência de uma receita. Por estes motivos, o grupo “resultados de exercícios futuros” deve ser re-classificado para o patrimônio líquido.

3.4 Despesas financeiras (DRE)Apesar da legislação em vigor tratar as despesas financeiras como itens operacionais, semelhante ao tratamento dado às despesas com vendas e administrativas, percebe-se que as despesas financeiras ocorrem muito mais em função da forma pela qual a empresa capta recursos para financiar suas operações, do que em função das suas atividades operacionais. Logo, o mais correto seria re-classificar as despesas financeiras como “itens não operacionais”. Assim, o resultado operacional apurado refletiria o resultado proveniente efetivamente das operações da entidade.

3.5 Participação de empregados nos lucros e resultados (DRE)Ao contrário da re-classificação proposta para as despesas financeiras, a participação de diretores e empregados nos resultados do exercício deveria ser re-classificada para o grupo das despesas operacionais. Afinal, o seu pagamento decorre, pelo menos teoricamente, do conjunto das atividades desenvolvidas pelo quadro funcional da entidade objetivando a obtenção de resultados operacionais positivos (lucros), compondo a remuneração destes empregados no período em que os resultados obtidos atenderam às metas operacionais estabelecidas pela alta administração das empresas.

Page 103: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

103Etapa VI - Volume 1

3.6 Estabelecimento de uma base comparativa para julgamento da situação econômica e/ou financeira da empresa analisada

Não se pode formular qualquer juízo de valor (bom ou ruim, melhor ou pior) acerca da situação econômica e financeira de uma empresa, dentro do processo de análise de balanços, sem que se estabeleçam parâmetros para esta finalidade. Para tanto, em primeiro lugar, faz-se necessário que sejam analisados, pelo menos, três exercícios sociais seqüenciais de uma mesma empresa. Sendo que, para escolha destes períodos, deve-se partir daquele exercício social encerrado mais recentemente. Tomando tal cuidado, evitam-se erros de julgamento. Ou seja, suponha que se adotasse um único exercício social para realização da análise destes balanços. Suponha, também, que este fosse o pior ano da empresa em termos de resultados econômicos e posicionamento financeiro. Logo, as conclusões levantadas com base neste único exercício social, com certeza, refletiriam a situação econômica e financeira deste único exercício, e esta poderia ser uma situação momentânea.

A realização da análise dos demonstrativos contábeis com base em, pelo menos, três exercícios sociais é um procedimento importante e necessário, porém, um segundo procedimento de comparação, igualmente importante, consiste em comparar os índices econômicos e financeiros da empresa, alvo do processo de análise, com algum tipo de parâmetro que possibilite o julgamento da sua situação econômica e financeira. Alguns autores sugerem a adoção de índices padrões criados com base em bancos de dados acumulados ao longo de vários anos. Entretanto, esta medida nem sempre é possível. Pois, estes bancos de dados costumam ter um custo de aquisição muito elevado.

Um procedimento mais simples e bem eficaz consiste na escolha de duas empresas (empresas parâmetros) de tamanho e/ou volume de atividades diferentes daquela empresa que está sendo analisada (empresa alvo) e, a comparação dos índices levantados com base nos dados daquelas “empresas parâmetros” com os índices da “empresa alvo” do processo de análise. Sugere-se a adoção de duas empresas de tamanho e volume de atividade diferentes da “empresa alvo” do processo de análise. Isto, para estabelecimento de um posicionamento desta última em relação às primeiras. O ideal é que se escolha uma empresa maior e/ou com um volume de atividade maior, e outra menor ou com um volume de atividade inferior àquela “empresa alvo” da análise. Este procedimento tem por finalidade permitir saber se a “empresa alvo” da análise está mais próxima daquela considerada maior ou mais próxima daquela considerada menor.

Recomenda-se como critério para julgamento acerca do tamanho da empresa (maior ou menor) o total do seu ativo. Para estabelecimento do volume de atividade (maior ou menor), recomenda-se a análise comparativa entre faturamentos (receitas brutas). É necessário salientar que tais empresas (parâmetros) devem pertencer ao mesmo ramo de atividade daquela “empresa alvo” da análise. Pois, jamais poderíamos comparar uma indústria siderúrgica com um atacadista, ou, ainda, aquela mesma siderúrgica com uma indústria do ramo de alimentos.

Page 104: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

104 Ciências Contábeis

3.7 Atualização dos demonstrativos para moeda de poder aquisitivo de mesma dataUma vez ajustados os demonstrativos contábeis, e escolhidos os parâmetros para comparação das informações obtidas com base nos dados disponíveis nos demonstrativos contábeis, faz-se necessário realizar um último procedimento de ajuste nos demonstrativos financeiros, tanto da “empresa alvo” quanto das “empresas parâmetros”. Trata-se do estabelecimento da base comparativa em moeda de poder aquisitivo de uma mesma data.

É notório que R$ 1,00 não tem o mesmo poder de compra que R$ 1,00 de dois ou três anos atrás. Logo, não estaria correto comparar os demonstrativos contábeis de dois e três anos atrás com os demonstrativos deste ano. Assim, devem-se ajustar os montantes constantes dos demonstrativos contábeis de anos anteriores para a moeda do exercício social mais recente. Suponha três exercícios sociais, 19X1, 19X2 e 19X3. Suponha, também, que o período mais recente seja 19X3. Logo, após escolher algum índice monetário (IPC, IPCA, INPC etc.) disponível, normalmente, em sites de pesquisas geográficas e econômicas, por exemplo o IBGE, basta realizar a atualização dos valores constantes nas demonstrações financeiras dos anos anteriores (19X1 e 19X2) para moeda de poder aquisitivo de 19X3, conforme sugerido a seguir:

• Para ajuste dos valores constantes no Balanço Patrimonial:

-De 19X1 para 19X3

(*) Observação: uma vez que os totais apresentados na DRE contêm receitas e despesas incorridas ao longo de todo o ano, sua atualização não deve ser feita como a do Balanço Patrimonial, que apresenta saldos em moeda de 31 de dezembro. Para atualização dos valores da DRE, recomenda-se a média dos índices do ano a que se refere a respectiva DRE. Perceba que deve-se adotar a média e não o índice de junho.

=

-De 19X2 para 19X3 =

• Para ajuste dos valores constantes na DRE*:-De 19X1 para 19X3:

=

-De 19X2 para 19X3:

=

-De 19X3 para 19X3**:

=

Page 105: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

105Etapa VI - Volume 1

(**) Observação: exatamente por acumular receitas e despesas incorridas ao longo de todo o ano, a DRE do período mais recente, no exemplo dado, o exercício de 19X3, também deve ser atualizada para moeda de poder aquisitivo de 31 de dezembro de 19X3.

4. Procedimentos de análise propriamente ditosUma vez abordados os procedimentos preliminares, ou melhor, preparatórios dos demonstrativos contábeis, serão abordados, a seguir, os procedimentos de análise propriamente ditos, em nível introdutório conforme proposto para este roteiro.

4.1 Análise por meio de índicesA técnica de análise por meio de índices consiste em relacionar contas e grupos de contas de um mesmo demonstrativo, ou ainda, de dois demonstrativos distintos, para extrair conclusões sobre tendências e situação econômico-financeira da empresa.

Os analistas podem trabalhar com índices ou percentual. Por exemplo: 0,42 equivale a 42% (quarenta e dois por cento). Pode-se classificar os índices da empresa como ótimo, bom, satisfatório ou deficiente mediante comparação com os índices de outras empresas do mesmo ramo e porte (empresas parâmetros), conforme procedimentos preparatórios sugeridos anteriormente.

Pode-se utilizar, nas fórmulas, o prazo médio simples baseado no ano comercial de 360 dias, ou mês comercial de 30 dias, ou então o prazo efetivo de 365 dias para se referir ao ano civil.

4.1.1 Índices de estrutura de capitalOs índices são calculados relacionando as fontes de capitais entre si e com o Ativo Permanente. Indicam o grau de dependência da empresa com relação ao capital de terceiros e o nível de imobilização do capital.São quatro os índices desta família:

GE - Grau de endividamento

Indica o quanto a empresa tomou de Capitais de Terceiros (Passivo Circulante mais Passivo Exigível a Longo Prazo), em relação ao Capital Próprio (Patrimônio Líquido), ou seja, o quanto tomou de Capitais de Terceiros para cada R$ 1,00 de Capital Próprio.

PCT – Participação do capital de terceiros

Page 106: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

106 Ciências Contábeis

Relaciona o Capital de Terceiros ou Exigível Total (Passivo Circulante + Passivo Exigível à Longo Prazo) com os recursos totais obtidos para o financiamento do Ativo. O índice encontrado significa que, para cada R$ 1,00 de recursos totais, o Capital de Terceiros participa com R$ (índice calculado). Em outras palavras, o Capital de Terceiros financia (índice calculado)% do Ativo.

CE – Composição do endividamento

Indica quanto da dívida total, para com terceiros, vence no curto prazo (circulante).

ICP – Imobilização do capital próprio

Indica qual o percentual (%) dos recursos próprios estão investidos no Ativo Permanente.

4.1.2 Índices de liquidezDemonstram a situação financeira da empresa, ou seja, a sua capacidade de pagamento dos compromissos assumidos a curto e longo prazos.Os Índices de liquidez são:

LG – Liquidez geral

Indica a capacidade de pagamento das dívidas a longo prazo. O índice calculado significa que para cada R$ 1,00 de dívida, a empresa possui R$ (índice calculado) de bens e direitos para pagá-los. Mas, se a empresa apresentar problema financeiro no curto prazo, o índice bom a longo prazo não será válido. O principal problema desse índice é que diversos valores correntes de diferentes datas se misturam.

LC – Liquidez corrente

Page 107: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

107Etapa VI - Volume 1

Na maioria dos casos, este índice é considerado como o melhor indicador da capacidade de pagamento da empresa. O resultado do cálculo indica que a empresa tem R$ (índice calculado) de ativos conversíveis em dinheiro no curto prazo para liquidar cada R$ 1,00 de dívida de curto prazo. Mas, esse índice também é resultante de diversos valores correntes de diferentes datas.

LS – Liquidez seca

Este índice mostra quanto a empresa tem (índice calculado) para liquidar cada R$ 1,00, no curto prazo, desprezando-se as contas de estoques, que demoram um pouco mais para se transformar em dinheiro imediatamente.

Liquidez seca Relação entre a soma dos valores disponíveis mais os

realizáveis, diminuindo-se valor dos estoques.

LI – Liquidez imediata

Este índice indica quanto a empresa possui de recursos imediatamente disponíveis para liquidar compromissos de curto prazo. As disponibilidades são recursos imediatamente disponíveis, mas as obrigações de curto prazo podem estar compostas por dívidas que vencem até o final do próximo exercício contábil. A empresa possui R$ (índice calculado) de disponibilidade imediata para cada R$ 1,00 de dívidas no curto prazo.

4.1.3 Índices de rotaçãoPor meio da análise das demonstrações financeiras é possível calcular, por exemplo, quantos dias, em média, a empresa terá de esperar para receber suas duplicatas, ou o tempo médio para pagamento das compras ou, ainda, o prazo médio em dias de renovação dos seus estoques.

Os índices de prazos médios (ipm) visam medir a duração do Ciclo Operacional, que envolve todas as fases operacionais típicas de uma empresa, que vão desde a aquisição de insumos básicos ou mercadorias até os recebimentos das vendas realizadas.

Estes índices são calculados relacionando-se os elementos do balanço patrimonial com os itens da demonstração de resultado do exercício e evidenciam o prazo de renovação dos elementos patrimoniais dentro de determinado período. A análise do giro dos ativos fornece informações sobre aspectos de gestão da empresa, tais como as políticas de estocagem, financiamento de compras e financiamento de clientes.

Ciclo operacional Período de tempo em que

o fenômeno patrimonial se completa, ou seja, o tempo demandado para

que a empresa realize sua atividade fim, ou ainda, sua

atividade operacional.

São três os principais índices de prazos médios:

PMRE – Prazo médio de renovação de estoques

Page 108: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

108 Ciências Contábeis

Indica quantos dias, em média, os produtos ou mercadorias ficam armazenados na empresa antes de serem vendidos. Ao Custo das Mercadorias Vendidas não deve ser adicionado o valor referente ao Custo dos Serviços Prestados, caso este último esteja disponível no demonstrativo de resultado.

Interpretação: quanto menor o índice, melhor.

PMRV – Prazo médio de recebimento de vendas

Indica quantos dias, em média, a empresa leva para receber suas vendas. O valor das Vendas Anuais deve ser o total do grupo Receita Operacional Bruta menos o valor das Vendas Canceladas, Devoluções e Abatimentos, ou seja, a receita líquida ou venda operacional líquida.Interpretação: quanto menor o índice, melhor

PMPC – Prazo médio de pagamento de compras

Indica quantos dias, em média, a empresa leva para pagar suas compras. O valor das Compras Anuais deve ser o valor bruto, ou seja, com todos os impostos da aquisição embutidos. Deve-se ter o cuidado de utilizar somente aos valores, tanto de Fornecedores como para as Compras, referentes à manutenção do objetivo social da empresa, não misturando outras transações.

Uma vez que o analista, na maioria das vezes, se encontra fora da empresa e, portanto, não possui informação detalhada suficiente. O mesmo terá que recorrer a ajustes, perfeitamente aceitáveis, para efeito de simplificação da análise. Por exemplo: como apurar o valor das compras médias? Para isso, basta o analista se valer da forma do CMV no sistema de inventário periódico. Ou seja:

CMV = EI + C – EF >>> CMV – EI = C – EF >>> C= CMV – EI + EFOs valores que compõem o numerador das fórmulas dadas anteriormente (Estoques, Duplicatas a Receber e Fornecedores, devem ser calculados através de médias. Ou seja, de forma simplificada, soma-se o saldo final do exercício social anterior com saldo final do exercício mais recente e, em seguida, divide-se tal somatória por dois, para cada um dos grupos trabalhados. Ou seja:

Page 109: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

109Etapa VI - Volume 1

Interpretação: quanto maior o índice, melhor.

A análise conjunta dos prazos médios fornecidos pelas fórmulas anteriores permite conhecer o ciclo operacional e o ciclo financeiro da empresa, conforme diagrama proposto, a seguir.

4.1.4 Índices de rentabilidade

Os índices de rentabilidade medem quanto está rendendo os capitais investidos. São indicadores importantes, pois evidenciam o sucesso ou o insucesso empresarial. Os índices de rentabilidade são calculados, geralmente, sobre as Receitas Líquidas.

Interpretação dos índices desta natureza: quanto maior o índice, melhor.

São três índices desta família, dentre vários, que serão submetidos à avaliação:

MB - Margem bruta

Indica o quanto a empresa obtém de Lucro Bruto para cada R$ 1,00 de Receita Líquida.

ML – Margem líquida

CompraPMRE

PMPC

Venda

PagamentoPMRV

Ciclo Financeiro

Recebimento

Ciclo Operacional

DiagramaExposição gráfica que tem porobjetivo demonstrar pontosimportantes de uma empresa.

As análises dos prazos médios somente são úteis quando analisadas em conjunto, tendo em vista que dessa análise surgem dois conceitos também importantes, são eles:

a) ciclo operacional: o prazo que se da entre a compra e a venda dos itens estocados e o seu recebimento;

b) ciclo financeiro: o prazo que se dá entre a compra e o seu pagamento e a respectiva venda e seu recebimento.

Atente-se para o diagrama representativo do grupo de rotação para análise

Ciclo Operacional = PMRE + PMRV ouCiclo Operacional = PMPC + Ciclo FinanceiroCiclo Financeiro = Ciclo Operacional - PMPC

Page 110: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

110 Ciências Contábeis

Indica qual foi o Lucro Líquido em relação à Receita Operacional Líquida. O índice calculado mostra que, após descontado todos os custos, despesas e tributos (impostos e taxas), sobrará a ML% (índice calculado) das vendas líquidas da empresa.

RCP – Rentabilidade do capital próprio

Este índice informa quanto rendeu o capital aplicado na empresa pelos proprietários. Calcula-se também este índice pelo saldo médio do Patrimônio Líquido que é calculado somando o valor do PL no início do período com o valor do PL no final do período, e o resultado, divide-se por dois.

Percebe-se até aqui que as duas principais características de análise das demonstrações financeiras de uma determinada empresa são a comparação entre períodos atuais e anteriores e o relacionamento com outros valores afins.

E qual é o critério norteador da análise e balanços?

É claro, o critério norteador percebido até aqui é o comparativo. A seguir, são apresentadas mais duas técnicas de comparação.

4.2 Análise vertical e horizontal

a) Análise verticalObserve, com atenção, a fórmula, a seguir:

O percentual calculado (IV) representa a participação da conta, em questão, em relação à base estabelecida.

Percebe-se que a análise vertical facilita a avaliação da estrutura do Ativo e do Passivo + Patrimônio Líquido, bem como a participação de cada conta da demonstração do resultado do exercício na formação do lucro ou prejuízo.

O cálculo do percentual de participação relativa das contas do Ativo e do Passivo e Patrimônio Líquido é feito dividindo o valor de cada conta pelo valor total do Ativo ou do Passivo + Patrimônio Líquido.

O cálculo do percentual de participação relativa das contas da demonstração do resultado do exercício é feito dividindo cada conta pelo valor da receita líquida ou receita operacional líquida, que é considerada como base.

b) Análise horizontal

A análise horizontal tem a finalidade de evidenciar a evolução das contas das demonstrações contábeis, a cada período. Calcula-se os números-índices estabelecendo o exercício mais antigo como índice-base 100.

Page 111: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

111Etapa VI - Volume 1

As técnicas utilizadas em análise horizontal apresentam algumas limitações:

a) quando o valor da conta correspondente no exercício-base é nulo, o número-índice não pode ser calculado pela forma proposta, pois os números não são divisíveis pelo número zero. Nesses casos, podem ser analisadas as variações em valores absolutos;

b) quando o exercício-base apresenta um número negativo e no exercício seguinte o número fica positivo, e vice-versa, matematicamente, é calculável. Mas, o resultado deve ser tratado com cuidado, para não ocorrerem interpretações equivocadas da evolução.

Agora, sugiro que faça as leituras obrigatórias e complementares, e realize as atividades propostas no volume e no fascículo de atividades.

Bons estudos!

Leituras Obrigatórias

Texto 1IUDÍCIBUS, Sérgio de. Estrutura das Demonstrações Contábeis. In:____. Análise de balanços. 7. ed. São Paulo: Atlas, 1998. Cap. 3, p. 39-83.

No texto indicado, você irá relembrar e aprimorar as definições e os conceitos sobre os elementos contábeis do Balanço Patrimonial (BP), Demonstração do Resultado do Exercício(DRE), Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) e a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR). Sendo todos estes demonstrativos de fundamental importância no estudo da análise econômico-financeira das empresas.

Texto 2MATARAZZO, Dante Carmine. Objetivos da Análise de Balanços. In: ____. Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003. Parte 1, Cap. 1, p. 15-19.Neste segundo texto, você compreenderá um pouco mais sobre os objetivos do processo de análise como um todo.

MATARAZZO, Dante Carmine. Usos e Usuários da Análise de Balanços. In: ____. Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003. Parte 1, Apêndice do Cap. 1, p. 27-38.

Texto 3

Page 112: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

112 Ciências Contábeis

No texto recomendado anteriormente, você conhecerá um pouco mais sobre os usuários e os usos do processo de análise de uma forma bem ampla.

ASSAF NETO, Alexandre. Alguns Ajustes dos Balanços para Análise. In: ____. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro. 4.ed. São Paulo: Atlas, 1998. Parte 3, Cap. 7, item 7.3 p. 115-118.

Texto 4

Nesta quarta leitura, você relembrará e aprimorará os seus conhecimentos sobre os principais ajustes a serem realizados nos demonstrativos contábeis, como forma de preparação para o processo de análise financeira e econômica.

MATARAZZO, Dante Carmine. Análise Através de Índices. In: ____. Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003. Parte 2, Cap. 6, p. 145-183.

Texto 5

Por meio da leitura indicada, você completará seu aprendizado acerca dos principais índices utilizados no processo de análise.

Texto 6IUDÍCIBUS, Sérgio de. Introdução à Análise de Balanços – análise horizontal e análise vertical. In: ____. Análise de balanços. 7. ed. São Paulo: Atlas, 1998. Cap. 4, p. 84-95.

Finalmente, nesta última leitura obrigatória você compreenderá um pouco mais sobre como a utilização da análise vertical e horizontal podem direciona-lo para áreas que necessitam de uma maior atenção no processo de analise dos demonstrativos contábeis.

Leituras Complementares

Texto 1

Texto 2

ASSAF NETO, Alexandre. Análise Horizontal e Vertical. In: ____. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1998. Parte 3, Cap. 7, itens 7.1 e 7.2, p. 101-113.

No texto anterior, você encontrará algumas sugestões sobre a compreensão e interpretação básica das técnicas de análise horizontal e vertical.

ASSAF NETO, Alexandre. Estudo dos Ativos e Passivos Permanentes. In: _____. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1998. Parte 3, Cap. 9, p. 132-150.

Neste texto, você terá acesso a novos índices, além daqueles já vistos, que visam permitir a análise de ativos e passivos considerados permanentes para fins de análise econômica e financeira de empresas.

Page 113: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

113Etapa VI - Volume 1

ASSAF NETO, Alexandre. Estudo do Ativo Circulante e dos Fluxos de fundos. In: _____. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1998. Parte 3, Cap. 10, p. 151-167.

Texto 3

Neste último texto, você passará a compreender melhor o fluxo de fundo da empresa e sua influência sobre o capital de giro e a geração de caixa desta.

AtividadesAtividade 1

Atividade 2

A empresa Bibi S.A. apresentou em seu Balanço Patrimonial, projetado antes do final do ano, os seguintes valores no Circulante.

Ativo Circulante: $ 1.200.000Passivo Circulante: $ 1.000.000Todavia, o seu presidente não está contente com a Liquidez Corrente de $ 1,20. Ele determina ao seu contador que a liquidez corrente deverá ser igual a $ 2.0.

Considerando esses dados, marque a alternativa correta:

a) ( ) É impossível modificar esta situação, considerando-se que estamos próximos ao final do ano.

b) ( ) A única alternativa é o contador ‘embelezar’ o Balanço Patrimonial.

c) ( ) A solução seria pagar $ 800.000 da dívida a curto prazo da empresa.

d) ( ) Não é possível, porque o Ativo Circulante é maior que o Passivo Circulante.

e) ( ) A solução seria negociar com fornecedores o alongamento dos prazos de vencimento das dívidas, de forma que $400.000 de dívidas a curto prazo tivessem seu vencimento alterado para após o final do próximo exercício social.

O Banco Enjoadinho S.A dispõe, em seu manual de normas, que o limite de crédito para seus clientes será estipulado com base no “Capital de Terceiros”, antes da concessão do empréstimo. Sendo que o dito limite é concedido à base de 60% do dito capital de terceiros, independentemente do seu vencimento (curto ou longo prazo). Seu cliente, Máquinas Silvestres S.A, apresenta o seguinte Balanço Patrimonial resumido.

Page 114: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

114 Ciências Contábeis

Atividade 3

Com base nestas informações, marque a alternativa que indica o limite do crédito a ser concedido a esta empresa.

a) ( ) 720b) ( ) 360c) ( ) 120d) ( ) 60e) ( ) 600

Se você fosse obrigado a escolher apenas três índices para avaliar a situação econômica de uma empresa (estrutura de resultados), qual das opções julgaria mais conveniente?

a) ( ) Liquidez seca, liquidez absoluta e participação de capitais de terceiros.

b) ( ) Rentabilidade, rotação de contas a pagar e liquidez absoluta.

c) ( ) Liquidez corrente, liquidez absoluta e imobilização do patrimônio líquido.

d) ( ) Margem Bruta, margem operacional e retorno sobre o capital próprio.

e) ( ) Liquidez corrente, liquidez absoluta e rentabilidade.

Se você estivesse interessado em conhecer a capacidade de pagamento das obrigações de uma empresa em um prazo muito curto (nos próximos dez dias, por exemplo), qual das opções, a seguir, você julgaria mais conveniente?

Atividade 4

a) ( ) Liquidez seca.b) ( ) Liquidez inevitável.c) ( ) Liquidez imediata. d) ( ) Liquidez corrente.e) ( ) Grau de imobilização do patrimônio líquido.

Atividade 5Com base na formulação proposta nas alternativas “a”, “b” e “c”, faça a correspondência com os respectivos índices demonstrativos de prazos médios e, com base nestes últimos, apresente a formulação para o “Ciclo Operacional” e o “Ciclo Financeiro” das empresas.

(A)

(B)

(C)

Fornecedores a Pagar x 360 Compras Anuais

=

Duplicatas a Receber x 360 Vendas Anuais

=

Estoques x 360 Custos das Mercadorias Vendidas

=

Page 115: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

115Etapa VI - Volume 1

( ) PMPC – Prazo Médio de Pagamento das Compras( ) PMRV – Prazo Médio de Recebimento das Vendas( ) PMRE – Prazo Médio de Renovação dos Estoques

Formulação do Ciclo Operacional: ...................... +.......................

Formulação do Ciclo Financeiro: ....................... -.......................

ReferênciasASSAF NETO, Alexandre. Alguns Ajustes dos Balanços para Análise. In: ____. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro. 4.ed. São Paulo: Atlas, 1998. Parte 3, Cap. 7, item 7.3 p. 115-118.

IUDÍCIBUS, Sérgio de. Estrutura das Demonstrações Contábeis. In:____. Análise de balanços. 7. ed. São Paulo: Atlas, 1998. Cap. 3, p. 39-83.

IUDÍCIBUS, Sérgio de. Introdução à Análise de Balanços – análise horizontal e análise vertical. In: ____. Análise de balanços. 7. ed. São Paulo: Atlas, 1998. Cap. 4, p. 84-95.

MATARAZZO, Dante Carmine. Objetivos da Análise de Balanços. In: ____. Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003. Parte 1, Cap. 1, p. 15-19.

MATARAZZO, Dante Carmine. Usos e Usuários da Análise de Balanços. In: ____. Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003. Parte 1, Apêndice do Cap. 1, p. 27-38.

MATARAZZO, Dante Carmine. Análise Através de Índices. In: ____. Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003. Parte 2, Cap. 6, p. 145-183.

Page 116: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1
Page 117: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

117Etapa VI - Volume 1

REFERENCIAL DE RESPOSTAS

Atividade 1 - p. 37

COMPONENTE CURRICULARTeoria da Contabilidade

Roteiro de Estudo 1Estrutura teórica fundamental da contabilidade

1) Convenção da Consistência ou Uniformidade2) Convenção do Conservadorismo ou Prudência3) Princípio do Denominador Comum Monetário4) Convenção da Materialidade ou Relevância5) Postulado da Entidade Contábil6) Convenção da Objetividade7) Postulado da Continuidade8) Princípio do Custo como Base de Valor

a)Convenção do Conservadorismo ou Prudência.Porque esta tenta sempre antecipar o prejuízo e nunca antecipar o lucro, não influenciando os investidores; de um modo geral, há um otimismo que poderá, em um determinado momento, ser falso.b)Postulado da Entidade Contábil, porque a contabilidade é mantida para qualquer entidade que exerça atividade econômica, e o patrimônio dessa entidade está desvinculado de qualquer um outro, já que cada entidade possui seu patrimônio próprio.

Atividade 2 - p. 38

Abrir um quadro com as 3 mercadorias e, nas colunas, com os 4 critérios de avaliação, custo, reposição, valor realizável líquido e valor realizável líquido menos margem de lucro.

Custo Reposição Valor Realizável Líquido

Valor Realizável Líquido menos a Margem de lucro

Mercadoria A 30,00 26,00 32,00 26,00Mercadoria B 20,00 24,00 26,00 20,00Mercadoria C 14,00 14,00 14,00 12,00

A avaliação deve estar situada entre um mínimo do valor realizável líquido menos margem normal de lucro, e um máximo do valor realizável líquido.

Atividade 3 - p. 38

Page 118: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

118 Ciências Contábeis

Atividade 1 - p. 53

COMPONENTE CURRICULARContabilidade em Agronegócios

Roteiro de Estudo 1O agronegócio e o fluxo contábil na agricultura

Para cada uma das atividades produtivas dadas a seguir, assinale “A” para atividade agrícola ou “P” para atividade pecuária:

a. ( A ) Hortaliçasb. ( A ) Plantio e colheita de arrozc. ( P ) Bovinoculturad. ( A ) Plantio de cana-de-açúcare. ( P ) Suinocultura

Para cada uma das atividades produtivas dadas a seguir, assinale “AI” para agroindústria “N” para atividade comercial, industrial propriamente dita ou prestação de serviços:a. ( AI ) Venda de suco “in-natura” acondicionadob. ( N ) Produção de adubos químicosc. ( AI ) Limpeza de arroz em casca na própria fazendad. ( N ) Revenda de máquinas e implementose. ( N ) Laticínios

Atividade 2 - p. 53

Explique, com suas palavras, a diferença entre “Capital de Exercício Permanente” e “Capital de Exercício Circulante”.R.: Capital de exercício permanente é aquele necessário ao funcionamento do empreendimento agropecuário, sem destinação à venda, de vida útil longa. Enquanto capital de exercício circulante ou de giro, é aquele que se destina à transformação em dinheiro, através da sua comercialização ou, ainda, consumível a curto prazo, e, ainda, o dinheiro propriamente dito. Sendo que, em ambos os casos, por se tratar de capital de exercício, não existe o vínculo do bem ao solo.

Na empresa agrícola, a conta analítica “Insumos em Almoxarifado”, subgrupo da conta sintética “Estoques”, no ativo circulante, pode ser composta por: a. ( X ) Sementes, adubos, fertilizantes b. ( ) Soja, milho, arroz feijão c. ( ) Combustíveis, lubrificantes, ferramentasd. ( ) Peças para pequenos reparose. ( ) Nenhuma das opções anteriores.

Com relação à resposta que você marcou como certa para a questão anterior (Atividade 4), no caso da formação de uma “Cultura Permanente”, indique, a seguir, quais seriam as contas utilizadas para registrar (débito e crédito) o consumo daquele estoque (débito e crédito): D. Cultura permanente em formaçãoC. Estoques – Insumos em Almoxarifado

Atividade 3 - p. 53

Atividade 4 - p. 53

Atividade 5 - p. 53

Page 119: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

119Etapa VI - Volume 1

Atividade 1 - p. 71

COMPONENTE CURRICULARContabilidade Governamental

Roteiro de Estudo 1A contabilidade governamental no Brasil

Autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista. Autarquias: exercem atividades típicas do Estado, são criadas por lei, temos como exemplo o INSS, BACEN etc.. Fundações: exercem atividades ligadas a educação, saúde, assistência social, por exemplo, FUNAI, FIOCRUZ etc.. Empresas públicas: exercem atividade econômica e seu capital é 100% do Estado, como a CEF e ECT. Sociedades de economia mista: exercem atividade econômica, só podem ser constituídas sob a forma de Sociedade Anônima, e a maioria do capital votante é pertencente ao Estado. Ex.: Banco do Brasil e Petrobrás.

Atividade 2 - p. 71• Falso. O PPA é elaborado de quatro em quatro anos, e como as outras peças

orçamentárias, é de iniciativa do Poder Executivo.

• Verdadeiro.

• Falso. A LOA – Lei Orçamentária Anual é elaborada anualmente, mas compreende os orçamentos: fiscal, da seguridade social e de investimento das empresas.

• Falso. O orçamento da seguridade social constante da LOA, compreende ações nas áreas de saúde, previdência e assistência social.

• Verdadeiro.

Atividade 3 - p. 71Deverá ser aberto um crédito adicional suplementar, pois a dotação já existe no orçamento e deverá ser feita uma anulação parcial ou total de dotações existentes no orçamento existente, ou seja, deverá ser cancelada ou diminuída uma despesa que estava fixada, tendo em vista não ter outra fonte de recursos disponível.

Atividade 4 - p. 71O crédito adicional suplementar tem vigência somente no ano em que for aberto, ou seja, somente até 31 de dezembro.

O especial e extraordinário se forem abertos nos oito primeiros meses, ou seja, até 31 de agosto, a validade será até o final do exercício, também 31 de dezembro, mas se forem após esse período, ou seja, entre setembro e dezembro, terá validade até o final do ano seguinte.

Atividade 5 - p. 712-4-5-1-3

Page 120: ROTEIROS-601-C.CONTÁBEIS-E6-V1

120 Ciências Contábeis

REFERENCIAL DE RESPOSTAS

Atividade 1 - p. 113

COMPONENTE CURRICULARAnálise das Demosntrações Contábeis

Roteiro de Estudo 1Tópicos introdutórios de análise econômico-financeira de demonstrativos contábeis

e)(X) A solução seria negociar com fornecedores o alongamento dos prazos de vencimento das dívidas, de forma que $400.000 de dívidas a curto prazo tivessem seu vencimento alterado para após o final do próximo exercício social.

Atividade 2 - p. 113

b)(X) 360

d)(X) Margem Bruta, margem operacional e retorno sobre o capital próprio.

Atividade 3 - p. 114

c)(X) Liquidez imediata.

Atividade 4 - p. 114

Atividade 5 - p. 114

( b ) PMPC – Prazo Médio de Pagamento das Compras( c ) PMRV – Prazo Médio de Recebimento das Vendas( a ) PMRE – Prazo Médio de Renovação do Estoques

Formulação do Ciclo Operacional: PMRE + PMRVFormulação do Ciclo Financeiro: CICLO OPERACIONAL - PMPC