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Aplicação de Práticas de Turismo Sustentável em Meios de Hospedagem de Foz do Iguaçu
Resumo: O presente estudo trata das práticas de turismo sustentável aplicadas em meios de hospedagem na cidade de Foz do Iguaçu; e tem como objetivo: identificar ações proporcionadas pela gestão integrada para a implementação do turismo sustentável em meios de hospedagem; expor dados obtidos por meio da pesquisa, sobre a existência ou não, de ações da gestão pública para a implementação do turismo sustentável, feito com os responsáveis dos hotéis; averiguar se existem iniciativas por parte da hotelaria para a prática do turismo sustentável. Esse trabalho foi desenvolvido por meio de pesquisa bibliográfica, documental e pesquisa de campo (questionário estruturado). O resultado do estudo foi parcialmente alcançado, visto que, a averiguação de iniciativas sustentáveis por parte da hotelaria foi realizada. Porém, não foi possível identificar a existência de ações por parte da gestão pública, uma vez que não houve participação do órgão público.
Palavras-chave: Turismo sustentável; Gestão Integrada; Meios de Hospedagem; Foz do Iguaçu.
Resumen: El presente estudio trata de las prácticas de turismo sostenible aplicadas en medios de hospedaje en la ciudad de Foz do Iguaçu; y tiene como objetivo: identificar acciones proporcionadas por la gestión integrada para la implementación del turismo sostenible en medios de hospedaje; exponer datos obtenidos por medio de la investigación, sobre la existencia o no, de acciones de la gestión pública para la implementación del turismo sostenible, hecho con los responsables de los hoteles; averiguar si existen iniciativas por parte de la hotelería para la práctica del turismo sostenible. Este trabajo fue desarrollado por medio de investigación bibliográfica, documental e investigación de campo (cuestionario estructurado). El resultado del estudio fue parcialmente alcanzado, ya que la investigación de iniciativas sostenibles por parte de la hotelería fue realizada. Sin embargo, no fue posible identificar la existencia de acciones por parte de la gestión pública, ya que no hubo participación del órgano público. Palabras claves: Turismo sostenibl; Gestión integrada; Medios de hospedaje; Foz do Iguassu.
1 Introdução
O município de Foz do Iguaçu, que se destaca como destino do mundo
inclusive título do qual ostenta, por ter como parte de sua atração uma das Sete
Maravilhas do Mundo, a Cataratas do Iguaçu, resultado da conquista em 11 de
novembro de 2011, por meio do concurso internacional promovido pela Fundação New
Seven Wonders, aderiu em 29 de agosto 2013 à gestão integrada por meio da
assinatura do acordo de cooperação. (FOZ DO IGUAÇU, 2014).
O acordo de cooperação define as responsabilidades dos participantes, que
estabelece o percentual de cada parceiro nos investimentos em projetos de
infraestrutura e na divulgação dos atrativos. Dessa forma, esse modelo de gestão visa à
integração com todos que compõem o destino turístico.
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A Gestão integrada pressupõe um planejamento integrado. Considerando que,
segundo Petrocchi (2000), este planejamento engloba todos do sistema turístico, com
um objetivo em comum e devem estar subordinados aos princípios do turismo
sustentável, subentende-se que esse modelo de gestão tem como base a
sustentabilidade. Considerando que, segundo Hall (2004, p.33) os princípios e valores
do turismo sustentável,
[...] estão divididos em metas sociais, metas econômicas e metas ambientais e de recursos. As metas sociais são os benefícios à comunidade, participação, planejamento, educação, saúde, emprego e satisfação do visitante; as metas econômicas são os benefícios econômicos para residentes e outros interessados, setor economicamente viável e negócios economicamente viáveis; as metas ambientais e de recursos são manter ou ampliar a biodiversidade, benefícios dos recursos, mínima degradação dos recursos, aceitação dos valores dos recursos, equilíbrio da oferta e da demanda, design adaptável e equidade intergeracional.
Assim, pretende-se identificar e analisar se a gestão integrada do Destino
Iguaçu possui dentre as suas atribuições, trabalhos que se remetem aos meios de
hospedagens baseados nos princípios sustentáveis desse modelo de gestão. A
pesquisa tem como intenção compreender, de que forma a gestão integrada atua para
melhorias da hotelaria, no quesito sustentável.
Existem alguns estudos sobre a gestão integrada de Foz do Iguaçu com
objetivos diferentes, que não tratam do turismo sustentável correlacionado aos meios
de hospedagens. Desta forma a pesquisa possui um viés que se difere das demais,
podendo servir como base para futuras pesquisas com as outras partes interessadas da
gestão integrada do Destino Iguaçu.
Os objetivos específicos consistem na realização de levantamento de
informações com os responsáveis dos meios de hospedagens, sobre a existência ou
não, de ações da gestão publica para a implementação do turismo sustentável, por
meio de questionários. Bem como, a averiguação sobre a existência de iniciativas por
parte da hotelaria para o turismo sustentável.
A relevância do estudo justifica-se pela ênfase que ultimamente se tem dado a
conscientização da sustentabilidade no turismo, a partir da década de 90. Considerando
a administração integrada do órgão publico de turismo aderida em 2013, que se
diferencia de outras gestões sustentáveis aderidas no cenário internacional, como em
Costa Rica, Pais considerado modelo em desenvolvimento turístico sustentável.
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De modo mais amplo, o estudo poderá contribuir para a reflexão sobre os
plausíveis indicadores de sustentabilidade a ser adotado para a implementação do
turismo sustentável em meios de hospedagem, que possibilitem benefícios a todos os
envolvidos.
O tema elegido se sobressai por ser um dos temas centrais da missão da ONU
– Organização das Nações Unidas, que declarou 2017 o ano Internacional do turismo
sustentável e tem como objetivo promover a conscientização mundial. (ONUBR –
Nações Unidas no Brasil, 2017)
A metodologia utilizada para o desenvolvimento do estudo foi por meio de
pesquisa bibliografia, documental, e pesquisa de campo. Na pesquisa bibliográfica foi
desenvolvido um estudo minucioso em livros, revistas, artigos e consultas pela internet,
que abordam o tema, visando consistir o marco teórico.
A pesquisa documental realizada foi a verificação de documentos
disponibilizados junto aos órgãos públicos, para coleta de informações pertinentes ao
município, como o inventário turístico disponibilizado pela gestão da Secretaria
Municipal de Turismo.
A pesquisa de campo foi realizada por meio de questionário online e de
questionário impresso. A pesquisa aconteceu da seguinte maneira: primeiramente foi
criado um questionário eletrônico autoadministrável, considerando o universo de 113
meios de hospedagens, não obtendo o retorno esperado. Dessa forma, foi feita uma
revisão sobre o universo da pesquisa, sendo alterado para 45 meios de hospedagem,
porém apenas 11 questionários foram respondidos junto com o termo de consentimento
o qual foi assinado pelo responsável de cada Hotel.
Na escolha do universo de 113 meios de hospedagens foi considerado que,
para um melhor retorno seria interessante que todos participassem da pesquisa, visto
que, engloba todos os agentes do turismo. Já a segunda escolha do universo de 45 foi
baseada em que, hotéis de categoria de luxo e superior possuem uma estrutura maior,
os gastos de recursos são maiores, geram mais resíduos, etc; ou seja, essas categorias
tendem a causar mais impactos negativos ao local do que empreendimentos com
estruturas menores.
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2 Desenvolvimento
As práticas de turismo sustentável em meios de hospedagens são originadas
por inúmeras questões, de acordo com Ayuso (2005). Assim, levando em conta essas
possíveis questões, serão apresentados conceitos conforme a seguir: Primeiramente
será abordado o Desenvolvimento Sustentável no sentido mais amplo, a seguir o
Turismo Sustentável, e após a Gestão Integrada voltada para Foz do Iguaçu, bem como
os meios de hospedagens serão abordados no que tange a sustentabilidade, e por fim
a análise dos dados.
2.1 Desenvolvimento Sustentável
Muito se tem discutido recentemente, a cerca de desenvolvimento sustentável,
apesar da temática não ser tão recente assim. Segundo o relatório de Brundtland, o
desenvolvimento sustentável é “um processo que satisfaz as necessidades do presente
sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas próprias
necessidades”. O Relatório de Brundtland (1991) coloca os seguintes componentes sendo do
desenvolvimento sustentável: estabelecimento de limites ecológicos e padrões mais
igualitários, redistribuição de atividades econômicas e de recursos, controle
populacional, conservação de recursos básicos, maior igualdade de acesso aos
recursos, capacidade de carga e rendimento sustentáveis, retenção de recursos,
diversificação das espécies, minimização de impactos adversos, controle por parte da
comunidade, amplo suporte da política nacional e internacional, viabilidade econômica,
qualidade ambiental e auditoria ambiental.
Considerando estes componentes do desenvolvimento sustentável e
reconhecendo os potenciais impactos negativos do turismo nota-se a relevância da
gestão pública em trabalho conjunto com todos os envolvidos (setor privado,
comunidade local, setor público e turista). Nesse trabalho conjunto, se fazem relevantes
o econômico, o social, o ambiental e o cultural, de modo que haja mais qualidades aos
envolvidos.
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2.2 Turismo Sustentável
Por volta da década de 90 surgiram debates sobre o conceito de turismo
sustentável, no entanto, suas origens advêm do conceito mais amplo de
desenvolvimento sustentável que há muitos séculos está conosco.
Apesar do termo “sustentável” começar a ganhar atenção nos últimos 30 anos,
é possível dizer que as ideias que o sustentam, nasceram das cidades e metrópoles
planejadas e desenvolvidas pelos romanos. Neste modelo, muitos sistemas agrícolas
baseavam-se em princípios sustentáveis. Os trabalhos nas fazendas eram feitos de
modo que, a preservação da capacidade produtiva do solo prevalecia-se, suportando a
produção de alimentos por um longo período. (SWARBROOKE, 2002)
A palavra “sustentável” geralmente é compreendida como “desenvolvimento
que satisfaz nossas necessidades hoje, sem comprometer a capacidade das pessoas
satisfazerem as suas no futuro”, trata-se de uma tomada de decisões visando uma
perspectiva de longo prazo envolvendo intervenção e planejamento, englobando meio
ambiente, pessoas e sistemas econômicos. (SWARBROOKE, 2002)
Para o turismo não é muito diferente considerando que, segundo a OMT -
Código Mundial de Ética do Turismo (1999) “Turismo Sustentável é o que relaciona as
necessidades dos turistas e das regiões receptoras, protegendo e fortalecendo
oportunidades para o futuro. Contempla a gestão dos recursos econômicos, sociais e
necessidades estéticas, mantendo a integridade cultural, os processos ecológicos
essenciais, a diversidade biológica e os sistemas de suporte à vida.”.
Considerando que segundo a OMT - Panorama del turismo internacional (2016,
p. 2),
[...] durante las seis últimas décadas, el turismo ha experimentado una continua expansión y diversificación, convirtiéndose en uno de los sectores económicos de mayor envergadura y crecimiento del mundo. [...] El turismo internacional representa hoy el 7% de las exportaciones mundiales de bienes y servicios, frente al 6% de 2014, ya que el sector ha tenido, en los últimos cuatro años, un crecimiento superior al del comercio mundial. Como categoría mundial de exportación, el turismo ocupa el tercer puesto, tan solo por detrás de combustibles y de productos químicos [...]
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Desse modo compreende-se que o turismo vem crescendo rapidamente nas
ultimas décadas, se tornando uma das atividades comercial de categoria internacional
mais importante do planeta. Assim, considerando que o turismo é uma das atividades
mais importantes do planeta é conveniente que, seja uma atividade sustentável.
Dessa forma, se faz necessário levar em consideração o modelo “ciclo de vida
destinos turísticos”, desenvolvido por Butler, que analisa os estágios pelo quais passam
um determinado destino turístico, de forma que é percebível a necessidade da gestão
sustentável, de modo que os benefícios do turismo sejam mantidos a futuras gerações.
FIGURA 1 - Ciclo de Vida do destino Turístico FONTE: Butler (1980)
Ainda segundo Butler (1980), a exploração é caracterizada pelo descobrimento
do potencial destino turístico com fraco impacto econômico, social e ambiental. A fase
do envolvimento tem aumento da integração no local, início do desenvolvimento dos
equipamentos turísticos; o desenvolvimento é a fase de maior crescimento, a qual
consiste no fomento ao turismo, utilizando-se muito do serviço de marketing e
propaganda.
Na consolidação o crescimento do número de visitante para de aumentar, e na
fase de estagnação consiste em consequências econômicas, sociais e ambientais
devido ao grande numero de visitantes conquistados durante a fase de consolidação; a
imagem do destino já esta defasada e assim ele deixa de ser novidade de certa forma
que o turista já não procura visitá-lo. (BUTLER, 1980)
O pós-estagnação consiste em três fases possíveis, sendo declínio,
rejuvenescimento e estabilização: Na fase declínio o destino tem dificuldade de
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competir com novos destinos, o número de visitantes começa a cair, equipamentos
turísticos perdem necessidade no local passando a serem utilizados para outros fins ou
deixarem de existir; a população passa a questionar a presença do turista e procura se
envolver nas questões da sustentabilidade do destino. (BUTLER, 1980)
A fase do rejuvenescimento consiste na manutenção do número de turistas,
verificando a necessidade de serem introduzidas novas atrações ou explorados
recursos anteriormente inexplorados, podendo vir a ser o inicio de um novo ciclo. Já a
fase de estabilização visa manutenção do número de turistas sem grandes alterações
no destino, buscando um turismo mais sustentável. (BUTLER, 1980)
2.3 Gestão Integrada
No planejamento integrador proposto por Petrocchi (2000), são considerados
seis sistemas, sendo eles: sistema de formação profissional, sistema de proteção ao
meio ambiente, sistema viário e de comunicações, sistema de promoção e informação,
sistema, sistema de equipamentos e lazer, e sistema de hospedagem.
Ainda, Petrocchi complementa que este planejamento deve estar subordinado
aos princípios do turismo sustentável. Os princípios sustentáveis propostos por diversos
teóricos englobam os três eixos da sustentabilidade: econômico, social e ambiental. Os
princípios estão interligados entre todas as partes interessadas: comunidade, setor
privado, setor público, atuando de forma integradora. Desta forma todos os envolvidos
participam da tomada de decisões, considerando os princípios sustentáveis.
Segundo Valls (2006, p.148), pontua obstáculos para a gestão integral de
destinos turísticos, sendo
[...] a falta de vontade de todos os agentes em trabalhar conjuntamente em prol do destino sustentável; a falta de liderança no processo; a indefinição geográfica do território; determinados critérios ideológicos liberais, que pretendem aplicar o laissez-faire mais absoluto no setor turístico, encarando-o todo como privado; a fragmentação dos interesses do setor privado, tanto no âmbito empresarial quanto no associativo; a dispersão ou divergência existente no setor público, tanto entre âmbitos administrativos territoriais, sejam estes nacionais, regionais, municipais, ou mistos, quanto na gestão, em cada um dos níveis, das competências turísticas [...]; a difícil relação entre o setor público e o privado para chegar ao consenso em temas vitais como os objetivos de planejamento, a liderança do processo e a divisão dos investimentos financeiros de cada um deles com vistas à sustentabilidade.
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Com essas dificuldades para tomada de decisões holísticas de um destino, Valls
(2006) aponta a necessidade de envolver todos os agentes na estratégia e fazer com
que participem dela, informando-os dos benefícios da sustentabilidade; e se preciso em
um momento oportuno o agente mais bem posicionado toma iniciativa e assume a
liderança buscando apoio do coletivo, buscando reafirmar o valor social e seus
benefícios gerados pela parceria da administração pública e privada, fomentando o
associativismo e a cooperação, envolvendo todas as administrações e órgãos que
afetam o turismo, e ainda estabelecer pontos de acordo entre o publico e o privado de
forma que se possa chegar a um consenso.
Valls (2006) propõe uma estrutura de perspectivas para destinos turísticos com
gestão integrada.
FIGURA 2 - Estrutura de perspectivas para destinos turísticos
Fonte: VALLS (2006)
O autor mostra que, as relações criam valores e medidas em termos sociais,
ambientais e econômicos desenvolvendo infraestrutura e recursos que facilitam
atividades e processos de forma que possa atingir os resultados. Dessa forma, é
possível notar tal semelhança à gestão sustentável que também compõe em termos
sociais, ambientais, econômicos e culturais.
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Atualmente o modelo de planejamento integrador e o modelo do planejamento
sustentável vêm sendo tratado como os mais importantes modelos de gestão. Tendo
em conta a necessidade de inovação, Foz do Iguaçu adotou o modelo de planejamento
integrador, em 2013, se tornando conhecida pelo Slogan: “Gestão integrada do Destino
Iguaçu”.
2.4 Foz do Iguaçu
O Município de Foz do Iguaçu que está localizado no oeste do Paraná e faz
parte da tríplice fronteira om Puerto Iguazu e Ciudad Del Este, criado em 14 de marco
de 1914 pela lei 1383, primeiramente como Vila Iguassu sendo distrito de Guarapuava.
Sua população para o ano de 2017 esta estimada em 264.044 habitantes (IBGE, 2017).
Conforme o último censo do IBGE (2017), Foz do Iguaçu possui 75.3% de
domicílios com esgotamento sanitário adequado, 86.9% de domicílios urbanos em vias
públicas com arborização e 30% de domicílios urbanos em vias públicas com
urbanização adequada (presença de bueiro, calçada, pavimentação e meio-fio).
Cidade turística também conhecida como integrante do “Destino Iguassu”,
passou por 4 ciclos econômicos durante seu desenvolvimento, sendo eles: 1° Ciclo da
Extração da Madeira e Cultivo de Erva-mate, 2° Ciclo de Itaipu, 3° Ciclo de Exportação
e Turismo de Compras e o 4° Ciclo do desenvolvimento sustentável do Comércio e
Eventos. O último ciclo teve inicio com a consolidação do MERCOSUL, rompendo com
o ciclo anterior de modo que reduziu significativamente o turismo de compras,
ampliando de atividades comercias e atraindo novos investimentos resultando o
crescimento do setor de eventos os números de visitantes aumentaram. (Inventário,
2014)
Com a adesão a Gestão Integrada em 2013, pelo órgão publico de
administração turística, os objetivos passaram a serem os seguintes: Elevações dos
padrões de eficiência no Setor de Turismo; divulgação e promoção institucional do
destino turístico; disciplinarização e normatização do setor; organização geográfica
territorial das áreas locais e bens de interesse turístico; articulação interinstitucional;
fomentos aos investimentos diretos e geração de novos negócios turísticos; incentivo a
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qualificação da prestação de serviços turísticos; atuação junto aos mercados emissores
consolidados e/ou potenciais; conscientização da população, especialmente dos
educandos e programas de desenvolvimento integrado; assessorar o prefeito nos
assuntos de sua competência e que nesta condição lhe forem cometidos e fornecer
dados e informações a fim de subsidiar o processo decisório. Esses objetivos que
competem a Secretaria Municipal de Turismo são de acordo com Lei n° 4.069, de 14 de
fevereiro de 2013.
Esses objetivos abrangem as ações para os meios de hospedagens, visto que,
o modelo de gestão integrada do órgão público abrange a todos do município, sendo o
setor público, o setor privado e a comunidade local.
2.5 Meios de Hospedagem
É relevante que haja trabalho conjunto entre a gestão integrada do destino e o
setor hoteleiro, para melhor resultado das ações implementadoras do turismo
sustentável, visto que, segundo a ABIH – Associação Brasileira da Indústria de Hotéis,
Foz do Iguaçu está entre os seis maiores parques hoteleiros do Brasil.
De acordo com o Inventário de Foz do Iguaçu (SETUR, 2014), a cidade conta
com 113 hotéis, divididos em 04 categorias, conforme apresenta a tabela abaixo.
Estabelecimentos - Hoteis
Categoria Diárias a partir Quantidade
Luxo 371 9
Superior 161 36
Turístico 81 56
Econômico 80 12
Total 113
TABELA 1 – Hotéis em Foz do Iguaçu FONTE: Adaptado pela autora. Inventário turístico de Foz do Iguaçu, 2014.
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Existem alguns impactos de responsabilidade sustentável dos meios de
hospedagens, que podem ser estimados durante o ciclo de vida de cada Hotel.
Considerando que, de acordo com Ayuso (2005, p. 84)
“Los principales impactos ambientales del alojamiento turístico son los siguientes: Uso de recursos naturales, sobre todo materiales de construcción en la fase anterior a la prestación de servicios y agua en la fase operacional. Uso de energía durante la prestación de servicios para calefacción y aire acondicionado. Emisiones al aire (gases, aerosoles, partículas, etc.), al agua (productos de limpieza, desinfectantes, detergentes), al suelo (pesticidas, herbicidas y fertilizantes). Residuos durante todas las fases del ciclo de vida (envases, residuos orgánicos de cocina y jardín, muebles y equipos obsoletos). Ruido durante todas las fases del ciclo de vida [...]”
Segundo a Fundación Entorno (2001) os fatores que levam aos meios de
hospedagens a terem como objetivo de desenvolvimento sustentável são em sua
maioria pela melhora de imagem, a competitividade (querer oferecer o melhor no
mercado), seguir a legislação, exigências de mercado.
3 Análise e Apresentação dos Dados
O projeto de pesquisa foi desenvolvido entre os meses de março e setembro de
2017, bem como a pesquisa de campo que, foi aplicada por meio de dois diferentes
processos sendo por meio de questionário eletrônico e por meio de questionário
impresso.
Primeiramente a pesquisa de campo foi por meio de questionário eletrônico,
ficando disponível de 18 de julho a 28 de agosto de 2017. Os links para responder ao
questionário eletrônico foram enviados via correio eletrônico a todos os meios de
hospedagem que constavam no inventário de Foz do Iguaçu, sendo o universo de 113
hotéis, de acordo com o documento mais atual que é do ano de 2014. A escolha desse
universo se deve pelo fato de que a gestão sustentável de destino abrange a todos que
compõem o destino, nesse caso, envolve especificamente a todas as categorias de
hotéis.
Logo que, identificado à falta de sucesso da pesquisa por meio eletrônico, os
critérios da escolha do universo foram alterados para um melhor resultado. As
mudanças abarcaram os hotéis de categorias superiores e luxo, visto que, eles
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compreendem uma estrutura maior que ocupa mais espaço, e automaticamente geram
mais lixos e mais gastos.
3.1 Dados dos Questionários
O questionário estava intitulado conforme o projeto de pesquisa, sendo
composto por 12 questões. A primeira questão aborda o entendimento de gestão
integrada, sendo que dos 11 meios de hospedagens 07 responderam que é “uma
gestão que integra o setor público e privado com o objetivo de fomentar o turismo local”;
02 responderam que é “uma gestão que integra as partes interessadas, e esta
subordinada aos princípios da sustentabilidade”, os demais responderam que seria
outra reposta, na qual houve uma especificação, sendo “É uma integração de diversos
sistemas de gestão dentro de uma empresa ou de uma unidade federativa (estados,
municípios, cidades, etc), visando um trabalho conjunto com objetivos e metas a serem
atingidas.” e uma sem especificar.
GRÁFICO 3 – O que é gestão integrada?
Fonte: A autora
A segunda questão trata-se da concepção sobre o que é gestão sustentável.
Nessa questão, 07 dos participantes responderam de que se trata de “uma gestão
integradora, que abrange todas as partes interessadas, bem como o setor público, o
setor privado, a comunidade local e o visitante, considerando o sociocultural, o
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ambiental, o econômico”, os demais responderam que se trata de “uma gestão que se
preocupa com o Meio Ambiente”.
GRÁFICO 4 – O que é gestão sustentável?
Fonte: A autora
Em seguida foi perguntado se a gestão integrada se difere da gestão
sustentável, 08 dos participantes responderam que sim e 03 responderam que não,
sendo que nenhum desejou explicar os motivos de similaridade, ou, de diferença.
Após foi perguntado se o meio de hospedagem tem conhecimento sobre a
Gestão Integrada Destino Iguaçu, 04 dos participantes responderam que sim e os
demais responderam que não. Considerando as respostas dos participantes da
pesquisa, pode-se entender que, a gestão integradora que engloba setor público, setor
privado e local, não pode ser identificada pelos próprios agentes.
Porém, a quinta questão indagava se o meio de hospedagem fazia parte da
Gestão Integrada Destino Iguaçu e se sim, de que forma, teve 05 respostas afirmando
fazer parte e 06 que não faziam parte. Assim, nota-se que a contradição em relação à
questão anterior, pois, anteriormente 04 participantes responderam que não conhecem,
e após 05 responderam fazer parte.
A seguir foi perguntado se o participante conhecia alguma ação de incentivo a
gestão sustentável, sendo que 03 responderam que sim e 07 responderam que não, e
01 optou por não responder. Após, foi questionado se conheciam alguma lei aprovada
em Foz do Iguaçu com o objetivo de incentivar a Gestão Sustentável nos meios de
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hospedagens, 01 dos participantes responderam que sim especificando a Lei de Coleta
Seletiva, os demais participantes responderam que não.
A lei n° 2356, de 22 de dezembro de 2000, que dispõe sobre a separação e
coleta seletiva dos resíduos sólidos no município de Foz do Iguaçu, com finalidade de
atender aos objetivos de: melhoria de qualidade de vida, combater disseminações de
pragas, preservação de mananciais, ampliação da vida útil dos aterros sanitários,
preservação do ambiente natural e urbano, dentre outras.
A nona questão indagava quais seriam os motivos que levariam os meios de
hospedagens a aderir a Gestão Sustentável, dentre as 09 opções de respostas a mais
escolhida foi à melhora de imagem, sendo que poderia ser selecionada mais de uma
opção. A última opção e com 01 escolha foi outros, que foi especificado da seguinte
maneira “A formação de uma cultura turística e identidade do destino, aliada qual a
melhor qualificação, satisfação, sustentabilidade e rentabilidade do setor”.
GRÁFICO 5 – Quais motivos levariam a adesão da gestão sustentável? Fonte: A autora
Já a décima questão pede que o participante indique em que medida o hotel
está de acordo e desacordo com determinadas práticas sustentáveis, sendo utilizada
para esta a escala de Likert, conforme pode ser observado no gráfico a seguir.
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GRÁFICO 6 – Pequenas Práticas sustentáveis FONTE: A autora
O enunciado que teve a maior porcentagem em acordo é o que refere a
reciclagem dos lixos, sendo 06 respostas totalmente em acordo. Já a questão com uma
maior resposta negativa foi sobre os produtos de limpezas ecológicos, onde houve 01
resposta em totalmente desacordo.
A penúltima pergunta era se o meio de hospedagem desenvolvia alguma
atividade sustentável com a comunidade local, 05 dos participantes responderam que
sim, e os demais responderam que não.
Já a última pergunta era se o Hotel incentivava o turista a contribuir com o
Turismo Sustentável, 08 respostas foram sim e as demais foram não.
4 Considerações Finais
Pressupõe-se que o modelo de gestão de uma determinada cidade deve ser
conhecido e participado por todos os envolvidos. Esses são desde os residentes até
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aos visitantes. A gestão de uma cidade turística se faz conhecida a todos a partir de
suas ações que deverão ser visíveis em todo o trade e aos moradores.
Considerando que, o trade turístico é um dos principais agentes da economia
da cidade de Foz do Iguaçu, compreende-se a relevância da participação do mesmo na
gestão pública por meio de um trabalho conjunto, bem como estar ciente do
funcionamento da mesma.
Por meio dos dados obtidos com a pesquisa realizada aos meios de
hospedagem pôde ser verificado que, os envolvidos com a hotelaria da cidade
participantes da pesquisa não tem conhecimento do modelo de gestão, ou sabem que a
Gestão Integrada existe, mas não a enxergam funcionando.
Para um melhor entendimento da Gestão Integrada Destino Iguassu foi
realizado um convite a Secretaria Municipal de Turismo para participar de uma
entrevista, com o intuito de obter informações da gestão, pois, sendo o órgão
responsável esperava-se que houvesse retorno com maior clareza sobre o modelo. O
convite foi realizado via e-mail e telefone, sendo via e-mail primeiramente e diretamente
ao secretario do turismo e posteriormente via telefone com a secretária dele, porém,
não foi obtido sucesso, pois, não houve retorno, tendo a impossibilidade de ser
verificado o modelo de gestão pelo órgão publico em teoria e em práxis.
A partir das informações obtidas com a pesquisa realizada aos meios de
hospedagens, ainda foi possível concluir que os hotéis que participaram têm interesse
em participar da gestão integrada e que se adaptariam bem a ações baseadas nos
princípios da sustentabilidade.
Porém, para o funcionamento da Gestão Integrada se faz necessária à
participação do trade turístico e da comunidade local. Essa gestão será possível se o
órgão responsável buscar representantes da comunidade e do trade turístico e envolve-
los no planejamento da cidade.
Apesar da pesquisa de campo não haver sido conforme o esperado, ela serviu
para o levantamento de algumas informações que poderão impulsionar novas
pesquisas com o tema do turismo sustentável.
Dessa forma, considerando a gestão integrada e para que seja identificada, se
faz necessário que todos os envolvidos sejam estudados (privado, público, comunidade
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local e turista), assim, essa pesquisa contribui com futuras pesquisas que visem
abordar os demais equipamentos turísticos, bem como os residentes e os turistas.
Desse modo, pretende-se dar continuidade com futuras pesquisas no tocante
ao turismo sustentável, porém, sem limitar-se aos meios de hospedagens, ou seja, as
futuras pesquisas poderão com qualquer equipamento turístico.
Referências
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