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Cynthia Maria Brasiel De Filippo Menicucci ROTATIVIDADE NA HOTELARIA ECONÔMICA UMA INVESTIGAÇÃO NOS HOTÉIS IBIS DE BELO HORIZONTE E BETIM Belo Horizonte Centro Universitário UNA Outubro/2007

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Cynthia Maria Brasiel De Filippo Menicucci

ROTATIVIDADE NA HOTELARIA ECONÔMICA UMA INVESTIGAÇÃO NOS HOTÉIS IBIS DE BELO HORIZONTE E BETIM

Belo Horizonte Centro Universitário UNA

Outubro/2007

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Cynthia Maria Brasiel De Filippo Menicucci

ROTATIVIDADE NA HOTELARIA ECONÔMICA

UMA INVESTIGAÇÃO NOS HOTÉIS IBIS DE BELO HORIZONTE E BETIM

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Turismo e Meio Ambiente do Centro Universitário UNA, como requisito parcial para obtenção do título de mestre em Turismo e Meio Ambiente. Orientadora: Profa. Marta Araújo Tavares Ferreira

Belo Horizonte Centro Universitário UNA

Outubro/2007

FICHA CATALOGRÁFICA

Menicucci, Cynthia Maria Brasiel de Filippo A rotatividade na hotelaria econômica: uma investigação nos

hotéis Ibis Belo Horizonte e Betim. / Cynthia Maria Brasiel de Filippo Menicucci. – Belo Horizonte: Centro Universitário UNA, 2007.

100 f. Orientador: Marta Araújo Tavares Ferreira Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário UNA / Programa

de Turismo e Meio Ambiente, 2007. 1. Hotéis - Administração. 2. Hotelaria –

Gerenciamento. 3. Administração de pessoal - Hotéis. 4. Turnover. 5. Mobilidade de mão-de-obra. I. Ferreira, Marta Araújo Tavares Ferreira. II. Centro Universitário UNA, Programa de Turismo e Meio Ambiente. III. Título

CDD: 658.314

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

PROGRAMA DE MESTRADO EM TURISMO E MEIO AMBIENTE

Dissertação intitulada “Rotatividade na hotelaria econômica: uma investigação nos hotéis

IBIS de Belo Horizonte e Betim”, de autoria da mestranda Cynthia Maria Brasiel De Filippo

Menicucci, aprovada pela banca examinadora constituída pelos seguintes membros:

Belo Horizonte Outubro/2007

DEDICATÓRIA

Dedico ao meu marido Eduardo que

instigou- me a trilhar o caminho da

leitura e do conhecimento.

Agradeço imensamente à minha professora orientadora Marta Araújo Tavares Ferreira que

com sua calma e alegria, foi peça fundamental na elaboração desse trabalho. Sou grata pelos

seus ensinamentos, sua orientação segura que me foram de grande valia.

Ao papai Nicola e mamãe Consuelo que enxergaram que para se vencer na vida era preciso

investir na educação dos cinco filhos.

Ao saudoso vovô Raphael, que eu não conheci, mas que deixou como ensinamento para seus

descendentes que na vida só não lhe roubam o conhecimento.

À D. Maria Lúcia pelo apoio, carinho e acolhida diária em sua casa.

Ao professor Reinaldo Dias e Isabel de Oliveira que teceram valiosas opiniões e sugestões

durante a banca qualificadora.

À gerente de RH do pólo econômico da rede Accor, Jacinta Maria Gomes Pereira, que me

incentivou a estudar sobre o tema e deu-me grande apoio.

Aos gestores Caetano Junqueira, Rafael Delgado, José Junior e Elisângela Lima que me

abriram as portas de suas unidades hoteleiras: Hotel IBIS Belo Horizonte e Betim.

À professora Ester Eliane Jeunon e sua estagiária Edna Reis com as contribuições de

referências bibliográficas e enriqueceram a pesquisa realizada.

A todas as pessoas que responderam aos questionários, meus sinceros agradecimentos pelo

tempo dedicado a este trabalho.

“Toda pessoa precisa saber e sentir que é necessária.

Todos gostam de ser tratados como indivíduos.

Dar a alguém a liberdade para assumir responsabilidades

libera recursos que de outra maneira permaneceriam ocultos.

Um indivíduo sem informação não pode assumir

responsabilidades; um indivíduo que recebeu informações

não pode deixar de assumir responsabilidades”.

Jan Carlzon.

RESUMO

A hotelaria econômica caracteriza-se por apresentar tarifas reduzidas, menos luxo, porém com

qualidade e conforto nas instalações, menos níveis hierárquicos e equipes treinadas para desempenhar

mais de uma função. Analisar as estratégias que podem ser adotadas para reduzir a rotatividade de

pessoal nos hotéis IBIS de Belo Horizonte e Betim é o principal objetivo desta dissertação. O setor

hoteleiro caracteriza-se por apresentar turnover acima da média de outros setores. No hotel, por se

tratar de uma empresa de prestação de serviço, a retenção do capital humano é de grande importância

para seu funcionamento, de modo que entender as causas e os motivos da rotatividade de pessoal é

importante para a sobrevivência da organização. A presente pesquisa aborda esta questão a partir de

uma investigação dos hotéis IBIS de Belo Horizonte e Betim. Os principais resultados apontam que há

necessidade de revisão das condições de trabalho na hotelaria econômica.

Palavras-chave: Capital Humano na Hotelaria, Setor Hoteleiro, Gestão de Pessoas, Turnover.

ABSTRACT

Budget hotelling is characterized by offering reduced rates, less luxury, without lacking, however, quality and comfort, fewer hierarchic levels and a staff able to perform more than one role. Analysing the strategies that may be adopted so as to reduce the personnel rotation at the IBIS hotels of Belo Horizonte and Betim is the primary objective of the present dissertation. Hotelling is characterized by presenting an above-average turnover, if compared to others sectors. A hotel is a corporation that delivers services; the retention of human capital is, thus, of major importance for its optimum operation. Understanding the causes and motives of such personnel rotation is relevant for the very survival of the organization. The present research work addresses this issue starting from an investigation carried out at the IBIS hotels of Belo Horizonte and Betim. The results point out that towards the growing necessity to reassess the working conditions within budget hotelling.

Keywords: Human Capital within Hotelling, Hotelling Sector, Human Resource Management, Turnover.

LISTA DE TABELA

Tabela 1 – Percentuais de turnover acumulado nos hotéis IBIS Brasil - 2006 .............................. 52

Tabela 2 – Composição da amostra de colaboradores que participaram da pesquisa, por gênero . 57

Tabela 3 – Composição da amostra de colaboradores, pó faixa etária ........................................... 58

Tabela 4 – Composição da amostra dos colaboradores por escolaridade....................................... 58

Tabela 5 – Tempo que os colaboradores trabalham no hotel ......................................................... 59

Tabela 6 - Satisfação e motivação dos colaboradores .................................................................... 59

Tabela 7 – Equilíbrio entre vida pessoal e a vida profissional dos colaboradores ......................... 60

Tabela 8 – Tarefas desempenhadas e chances de crescimento profissional dos colaboradores ..... 61

Tabela 9 – Benefícios oferecidos pelo hotel para os colaboradores ............................................... 62

Tabela 10 – Salário como motivador para manutenção dos colaboradores ................................... 63

Tabela 11 – Estabilidade no hotel IBIS .......................................................................................... 63

Tabela 12 – Realização de um bom trabalho como garantia do emprego ...................................... 64

Tabela 13 – Composição da amostra dos ex-colaboradores que participaram da pesquisa, por

gênero ...................................................................................................................................... 67

Tabela 14 – Composição da amostra dos ex-colaboradores, por faixa etária................................ 68

Tabela 15 – Composição da amostra dos ex-colaboradores, por escolaridade .............................. 68

Tabela 16 – Tempo que os ex-colaboradores trabalharam no hotel ............................................... 69

Tabela 17 – Satisfação e motivação dos ex-colaboradores ............................................................ 69

Tabela 18 – Equilíbrio entre vida pessoal e a vida profissional dos ex-colaboradores .................. 70

Tabela 19 – Tarefas desempenhadas e chances de crescimento profissional dos ex-colaboradores

................................................................................................................................................. 71

Tabela 20 – Benefícios oferecidos pelo hotel para os ex-colaboradores ........................................ 72

Tabela 21 – Salário como motivador para a manutenção dos ex-colaboradores ............................ 73

Tabela 22 – Estabilidade no hotel IBIS .......................................................................................... 74

Tabela 23 – Realização de um bom trabalho como garantia de emprego ...................................... 75

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Etapas do processo de recrutamento e seleção nos hotéis IBIS ............................. 51

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – A antiga e a nova realidade empresarial ............................................................. 28

Quadro 2 – Abordagens da gestão de pessoas no setor Hoteleiro .......................................... 31

Quadro 3 – Comparação entre a Percepção dos Gestores, da Gerente de Recursos Humanos,

dos Colaboradores e Ex-colaboradores.....................................................................................77

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 13

1.1 Contextualização ............................................................................................................................................. 16

1.2 Problemática .................................................................................................................................................... 17

1.3 Justificativa ...................................................................................................................................................... 19

1.4 Objetivos do trabalho ...................................................................................................................................... 19

1.4.1 Objetivo geral ............................................................................................................................................... 19

1.4.2 Objetivos específicos .................................................................................................................................... 19

2. REVISÃO DA LITERATURA .............................................................................................................. 20 2.1 Considerações acerca do setor Hoteleiro ......................................................................................................... 20

2.2 Gestão de pessoas e capital humano nas organizações .................................................................................... 22

2.3 A gestão de pessoas no setor Hoteleiro ........................................................................................................... 30

2. 4 Os conflitos nas relações de trabalho e sua influência na gestão de pessoas .................................................. 33

2.5 O turnover nas organizações ........................................................................................................................... 35

2.5.1 Motivação e satisfação ................................................................................................................................. 38

2.5.2 Equilíbrio entre vida profissional e a vida pessoal ....................................................................................... 40

2.5.3 Possibilidade de crescimento profissional .................................................................................................... 41

2.5.4 Salário e benefícios oferecidos pela empresa ............................................................................................... 42

2.5.5 Estabilidade .................................................................................................................................................. 43

3. METODOLOGIA ................................................................................................................................ 45 3.1 Classificação da pesquisa ................................................................................................................................ 45

3.2 Métodos da pesquisa........................................................................................................................................ 45

3.3 Escolha do caso e seleção dos participantes .................................................................................................... 46

3.4 Procedimentos para a coleta de dados ............................................................................................................. 47

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .......................................................................... 48 4.1 Caracterização da empresa .............................................................................................................................. 48

4.2 A gestão de pessoas e o turnover nos hotéis IBIS do Brasil ............................................................................ 49

4.3 O turnover nos hotéis IBIS de Belo Horizonte e Betim: a percepção da gerência .......................................... 53

4.3.1 Desafios do gerenciamento de um hotel econômico..................................................................................... 53

4.3.2 Turnover nos hotéis IBIS .............................................................................................................................. 53

4.3.3 Motivos que levam ao turnover .................................................................................................................... 54

4.3.4 Medidas para reduzir o turnover .................................................................................................................. 54

4.4 O turnover dos hotéis IBIS de Belo Horizonte e Betim - Percepção da área de Recursos Humanos da rede

IBIS............. .......................................................................................................................................................... 55

4.4.1 Desafios do gerenciamento de um hotel econômico na área de Recursos Humanos .................................... 55

4.4.2 Turnover nos hotéis IBIS .............................................................................................................................. 56

4.4.3 Motivos que levam ao turnover. .................................................................................................................. 56

4.4.4 Medidas tomadas para reduzir o turnover .................................................................................................... 57

4.5 A Percepção dos colaboradores ....................................................................................................................... 57

4.5.1 Características da amostra ............................................................................................................................ 57

4.5.2 Satisfação e motivação em trabalhar no hotel .............................................................................................. 59

4.5.3 Equilíbrio entre a vida pessoal e a vida profissional .................................................................................... 60

4.5.4 Tarefas desempenhadas e chances de crescimento profissional ................................................................... 61

4.5.5 Benefícios oferecidos pelo hotel ................................................................................................................... 61

4.5.6 Salário como motivador para se continuar na empresa ................................................................................ 62

4.5.7 Estabilidade .................................................................................................................................................. 63

4.5.8 A segurança relacionada à competência ....................................................................................................... 64

4.5.9 Motivos para trabalhar no hotel .................................................................................................................... 65

4.5.10 Motivos para deixar o hotel ........................................................................................................................ 65

4.5.11 Influência das oportunidades externas para deixar o hotel ......................................................................... 66

4.5.12 Motivos para os colegas de trabalho terem deixado o hotel ....................................................................... 66

4.6 Percepção dos ex-colaboradores ...................................................................................................................... 67

4.6.1 Características da amostra ............................................................................................................................ 67

4.6.2 Satisfação e motivação em trabalhar no hotel .............................................................................................. 69

4.6.3 Equilíbrio entre a vida pessoal e a vida profissional .................................................................................... 70

4.6.4 Tarefas desempenhadas e chances de crescimento profissional ................................................................... 71

4.6.5 Benefícios oferecidos pelo hotel ................................................................................................................... 71

4.6.6 Salário como motivador para se continuar na empresa ................................................................................ 72

4.6.7 Estabilidade .................................................................................................................................................. 73

4.6.8 A segurança relacionada à competência ....................................................................................................... 74

4.6.9 Motivos para trabalhar no hotel .................................................................................................................... 75

4.6.10 Motivos para deixar o hotel ........................................................................................................................ 76

4.6.11 Influência das oportunidades externas para deixar o hotel ......................................................................... 77

4.6.12 Motivos para os colegas de trabalho terem deixado o hotel ....................................................................... 77

4.7 Síntese dos resultados ...................................................................................................................................... 77

4.8 Análise dos resultados ..................................................................................................................................... 80

5. CONCLUSÃO ...................................................................................................................................... 85

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................................. .89

APÊNDICE .............................................................................................................................................. 95

Apêndice A- Questionário para Colaboradores do Hotel ...................................................................................... 95

Apêndice B- Questionário para Ex Colaborador ................................................................................................... 97

Apêndice C- Roteiro de Entrevista para os Gerentes dos Hotéis e a Gerente de Recursos Humanos da Marca

IBIS............. .......................................................................................................................................................... 99

13

1. INTRODUÇÃO

Um ano antes de terminar o curso de graduação em Turismo, tive a oportunidade de trabalhar

como recepcionista em um hotel da empresa multinacional Accor, na cidade de Belo

Horizonte.

Após quase dois anos como recepcionista nesse hotel, fui promovida a governanta e, a partir

daí, passei a conviver com o movimento de entradas e saídas e admissões e desligamentos de

profissionais sob minha responsabilidade.

No ano seguinte, atuei como trainee gerencial em duas grandes unidades hoteleiras de São

Paulo e o mesmo problema foi observado: profissionais, antes mesmo de completar um ano

na função, pediam ou eram desligados da empresa. Por maiores que fossem os esforços para o

desenvolvimento de treinamentos, a elaboração de manuais de recrutamento e seleção, e o

desenvolvimento de pesquisa de clima para verificar a satisfação dos funcionários, a

rotatividade nestes hotéis permanecia.

Seis meses depois, promovida a assistente de gerência, no último empreendimento hoteleiro

em que trabalhei na cidade de São Paulo, pude analisar os gráficos mensais com a taxa de

turnover do hotel de cuja gestão participava, bem como de toda a rede. A rotatividade de

pessoal era elevada.

Atuando como assistente de gerência no hotel de Betim da mesma empresa, pude observar as

entradas e saídas constantes de profissionais. Ao longo de minha trajetória profissional,

sempre questionei sobre quais seriam os fatores que levam à rotatividade dos colaboradores,

sem conseguir identificá-los precisamente.

A oportunidade de aprofundar o tema e de buscar explicações para um dos problemas mais

graves enfrentados pelos gestores hoteleiros atualmente, o turnover, deu-se a partir de 2005,

quando ingressei no Programa de Pós-graduação Strito Sensu em Turismo e Meio Ambiente,

do Centro Universitário UNA.

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Ao longo do mestrado, as disciplinas estimularam-me a desenvolver um tema que se

relacionasse com uma de minhas atribuições como profissional da hotelaria: a gestão de

pessoas.

A pesquisa aqui relatada teve seu foco no turnover dos hotéis econômicos, com foco no

fenômeno nos hotéis IBIS de Belo Horizonte e Betim.

A escolha por estudar um empreendimento econômico e de cadeia internacional no Setor

Hoteleiro foi motivada pelas características deste tipo de hotel, entre elas o serviço

padronizado, que implica a necessidade de profissionais altamente treinados e qualificados.

Além disso, este tipo de hotel apresenta tarifas reduzidas, em virtude de as instalações e os

serviços serem limitados ao que é essencial ao hóspede, sem perda de qualidade e eficiência,

características que tornam o empreendimento rentável e com taxa de ocupação elevada, em

torno de 80%. Outro fator é o crescimento do segmento no País, o que torna pertinente a

análise da rotatividade de pessoal. Já a opção pelos hotéis IBIS de Belo Horizonte e Betim

deve-se à facilidade de acesso aos dois locais.

O objetivo deste trabalho, portanto, consiste em analisar, sob a ótica da gestão de pessoas, as

estratégias que podem ser adotadas para reduzir a rotatividade de pessoal nos hotéis IBIS de

Belo Horizonte e Betim.

O estudo do tema “rotatividade de pessoal” está inserido no contexto da preocupação em

entender o fenômeno no ambiente de trabalho, levando a suas causas e variáveis que

favorecem o seu aumento.

O turnover na hotelaria ainda é pouco estudado no Brasil. Somado a este fator, os hotéis

escolhidos para estudo caracterizam-se por trabalhar com poucos níveis hierárquicos,

necessitando de profissionais que trabalhem em mais de uma função. Estas características

dificultam ainda mais a execução dos procedimentos quando há trocas constantes de

profissionais. Aliada a essas características, a hotelaria depende de profissionais qualificados

e treinados para realizar o atendimento ao hóspede, de modo que o controle e, mesmo, a

identificação dos impactos causados pelo turnover possam auxiliar os gestores na tomada de

decisão e no desempenho de suas atividades.

15

Apesar de os hotéis IBIS trabalharem com a padronização de seus procedimentos e com

políticas de recursos humanos bem definidas, a rotatividade de pessoal situa-se em um nível

acima do esperado, implicando: elevados custos, em decorrência da necessidade de encontrar

outros profissionais; desgaste da equipe responsável pela contratação, pela necessidade

constante de repor profissionais; e desmotivação da equipe que permanece no hotel, na

medida em que precisa dedicar grande parte do seu tempo já restrito para treinar os novos

colaboradores. As constantes modificações na equipe ainda ocasionam perda de engajamento

e dificultam a conclusão dos projetos.

Utilizou-se como metodologia a pesquisa qualitativa, que contou com a participação da

gerente de Recursos Humanos da rede IBIS, gerentes, assistentes, colaboradores e ex-

colaboradores dos hotéis.

Esta dissertação está dividida em cinco capítulos, incluindo-se esta Introdução que contém a

contextualização, o problema de pesquisa, a justificativa e os objetivos.

O capítulo 2 trata da revisão da literatura. São abordados temas de relevância para o estudo:

gestão de pessoas e capital humano nas empresas; gestão de pessoas na hotelaria; conflitos

nas relações de trabalho e sua influência na gestão de pessoas; e rotatividade de pessoal.

No capítulo 3, apresenta-se a metodologia adotada na elaboração do trabalho: tipo de

pesquisa; instrumentos e técnicas para a coleta de dados; e tratamento e análise dos resultados.

No capítulo 4, os resultados são apresentados e analisados.

O capítulo 5 contém as considerações finais, abordando as limitações do trabalho e sugerindo

temas para futuras pesquisas.

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1.1 Contextualização

O Brasil é um país de pouca tradição hoteleira, segundo dados do BNDES (2000). Os

primeiros hotéis brasileiros pertenciam a portugueses que utilizavam suas próprias casas para

acolher seus hóspedes. Somente em 1816 é que instalou-se no Rio de Janeiro o primeiro hotel

de classe internacional. Aos poucos, hotéis familiares e de pequeno porte foram surgindo,

com características de serviços e instalações semelhantes às dos hotéis europeus.

Na década de 1920, a hotelaria nacional passou a criar conceitos próprios, em termos de

normas e regras. Hotéis de luxo foram inaugurados, ainda com inspiração no padrão europeu,

como o Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, inaugurado em 1923 (BNDES, 2000). A

Segunda Guerra Mundial trouxe inovações tecnológicas e desenvolvimento industrial

crescente.

A administração hoteleira no Brasil manteve-se fundamentalmente familiar até a década de

1960, de acordo com Andrade; Brito e Jorge (2005). Porém, segundo os autores, a crescente

internacionalização da economia e a acirrada concorrência internacional levaram a hotelaria

brasileira a mudar suas características. Com a chegada de redes internacionais no País nas

décadas de 1960 e 1970, o emprego de mão-de-obra qualificada passou a ser uma exigência e

um diferencial no mercado.

Atualmente, o turismo e o setor hoteleiro estão em expansão no País. Segundo a Embratur

(2005, apud Gorini e Mendes, 2005), o turismo é uma atividade que gera anualmente US$4

trilhões e, aproximadamente, 280 milhões de empregos em todo o mundo. Gorini e Mendes

(2005) destacam que no período compreendido entre meados da década de 1990 e 2001 a

indústria hoteleira ficou entre as que apresentavam maior expansão de oferta de empregos.

No contexto da expansão hoteleira, a hotelaria econômica destaca-se no cenário brasileiro por

apresentar demanda crescente, em decorrência da adoção de tarifas reduzidas, à medida que

seus serviços e instalações não têm a sofisticação dos hotéis de luxo, porém sem comprometer

a qualidade dos serviços. Apresenta, ainda, a multifuncionalidade da equipe; ou seja, os

colaboradores são treinados para executar mais de uma tarefa. Por conseguinte, são hotéis que

operam com redução dos níveis hierárquicos. Os procedimentos operacionais são

padronizados e simplificados. Geralmente, os hotéis econômicos localizam-se próximo a

17

rodovias e entradas de cidades, e disponibilizam acesso a estações de metrô ou ônibus

(ANDRADE; BRITO; JORGE, 2005).

No segmento da hotelaria econômica, destacam-se as redes internacionais (AMAZONAS,

2007):

• Accor ( IBIS);

• Astron hotéis (Horward Johnson Inn);

• Atlantica Hotels International (Sleep Inn, comfort, park Inn e go Inn);

• Chambertin-Golden Tulip (Tulip Inn);

• Intercontinental Hotels Group (Holiday Inn Express); e

• Sol Meliá (Tryp).

Com relação às redes nacionais destacam-se:

• Bourbon (Bourbon Express);

• Hotelaria Brasil (Sol Inn e Superhotel);

• Intercity (Intercity Express);

• Le Canard (Le Canard);

• Othon (Othon Travel);

• Plaza Inn ( Plaza Inn e Economic Inn); e

• Slaviero (Slaviero Inn).

1.2 Problemática

O Turnover significa saída de colaboradores das organizações. O fenômeno pode ocorrer por

iniciativa do profissional em pedir demissão ou ser fruto de um desligamento feito pela

empresa.

Os empreendimentos hoteleiros, prestadores de serviço, vivenciam o turnover em suas

equipes. Quanto aos hotéis econômicos, empreendimentos hoteleiros que operam com equipes

polivalentes e cuja estratégia privilegia a qualidade e a busca constante por inovação e

modernização, este fenômeno organizacional tem uma ocorrência considerável.

Quando a organização começa a apresentar alta rotatividade em seu quadro de pessoal, faz-se

necessário identificar as causas, pois é sinal de grave entrave, capaz de acarretar a perda de

18

conhecimento, de capital intelectual e de inteligência, domínio e entendimento dos

procedimentos, podendo provocar uma desconexão com os clientes e o mercado.

No momento em que o profissional deixa a empresa, seus colegas de trabalho precisam

realizar a sua função. O trabalho aumenta para os colaboradores que permanecem na empresa,

gerando sobrecarga. Além disso, o espírito de equipe, o entrosamento entre os profissionais e

a convivência se desfazem, até que um novo profissional esteja apto a executar as tarefas e a

entrosar-se com os demais membros do grupo.

O próprio hóspede fica prejudicado quando o colaborador que lhe servia de referência, que o

auxiliava, que lhe dava dicas e as boas-vindas sai da empresa. Por se tratar de prestação de

serviço, há perda de ligação entre o cliente e o colaborador.

Os hotéis econômicos enfrentam, na atualidade, o fenômeno conhecido como rotatividade de

pessoal. Porém, se o Brasil é hoje um país com altos índices de desemprego, é paradoxal que

exista um número grande de colaboradores deixando as empresas. Se há desemprego, a

tendência seria a procura intensa por emprego na hotelaria, bem como a busca pela

conservação do emprego conquistado.

Esse fato revela-se instigante para a investigação, pois algo grave deve estar ocorrendo no

setor Hoteleiro para que um número elevado de profissionais esteja deixando seus postos de

trabalho. Nesse sentido, a identificação das causas que levam ao turnover é de grande

relevância.

Outro problema enfrentado pelos hoteleiros é que, apesar de o número de empregos em cargos

operacionais e gerenciais no setor Hoteleiro estar crescendo, muitos dos profissionais que têm

preenchido as vagas não permanecem em suas funções por longo período.

Nesse contexto, a questão que norteou este trabalho foi: Quais são as estratégias que podem

ser adotadas para reduzir a rotatividade de pessoal nos hotéis IBIS de Belo Horizonte e

Betim?

19

1.3 Justificativa

Constatada a rotatividade de pessoal nas organizações como uma das realidades vivenciadas

na atualidade, esta pesquisa justifica-se, em termos teóricos, por buscar ampliar o

conhecimento em torno do turnover e da gestão de pessoas no setor Hoteleiro, cujo estudo é

incipiente.

Em termos práticos, a pesquisa pretende contribuir para o melhor entendimento das causas do

turnover, como forma de encontrar alternativas para reduzir o fenômeno nos hotéis. Julga-se

que o produto deste estudo possa contribuir para o enriquecimento da reflexão acerca da

rotatividade de pessoal na hotelaria econômica.

Esta reflexão deve permear o questionamento, por parte dos gestores hoteleiros, a respeito das

implicações para os colaboradores e para a organização, sobre as altas taxas de rotatividade de

pessoal. Acredita-se que tal questionamento possa conduzir os hotéis econômicos a

repensarem suas políticas internas de recursos humanos, contribuindo para a retenção dos

profissionais.

1.4 Objetivos do trabalho

1.4.1 Objetivo geral

Analisar as estratégias que podem ser adotadas para reduzir a rotatividade de pessoal na

hotelaria econômica, a partir do estudo de caso dos hotéis IBIS da região metropolitana de

Belo Horizonte.

1.4.2 Objetivos específicos

• Verificar o índice de turnover dos hotéis IBIS no Brasil e especialmente no hotel IBIS

de Belo Horizonte e de Betim;

• Apurar a percepção da gerência nos hotéis IBIS sobre o fenômeno do turnover;

• Apurar a percepção dos colaboradores e ex-colaboradores, através de questionário,

sobre a rotatividade de pessoal;

• Analisar o fenômeno do turnover na hotelaria econômica, à luz do referencial teórico.

20

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Considerações acerca do setor Hoteleiro

“A idéia de hotel está ligada ao castelo e palácio que hospedavam famílias reais e suas

escoltas, cortes, sábios, músicos e artistas. Evidentemente com características bem marcantes

em cada momento histórico” (CASTELLI, 1994, p. 21).

O hotel é um estabelecimento que oferece a hospedagem: acomodações para os viajantes e

residentes temporários. A maioria dos hotéis dispõe também serviços de alimentação e

bebidas, eventos e outros para uma maior satisfação e permanência de seus hóspedes

(MEDLIK; INGRAM, 2002).

Conforme Campos e Gonçalves (1998), surge na Grécia a primeira notícia sobre a atividade

de hospedagem. Para abrigar os visitantes dos jogos olímpicos, construíram-se balneários e

hospedarias, cujas termas dispunham de água quente e instalações de repouso, com atividades

de lazer direcionadas conforme o status do cliente, havendo acomodações tanto para os

clientes mais ricos quanto para pessoas comuns.

O autor relata ainda que a hospedagem é um sistema que exige habilidades e conhecimento

em seu processo de gestão. Dada a sua complexidade e diversidade de funções, esta tem sido

considerada a espinha dorsal do turismo.

Davies (2002) relata que o sistema de funcionamento de um hotel é muito simples e de fácil

entendimento, sendo necessário compreender regras mínimas, que regem as cinco principais

áreas de um hotel convencional: administração, hospedagem, alimentos e bebidas, marketing

e manutenção. A partir desse raciocínio, torna-se mais fácil compreender o processo correto

de administrar um estabelecimento hoteleiro.

Outro fator fundamental diz respeito à forma de administrar, uma vez que “para um bom

administrador, a recomendação é a integração das suas áreas afins e o bom relacionamento

com os segmentos externos. O resto fica por conta da qualidade dos serviços, da presteza e da

eficiência no atendimento aos hóspedes. Afinal de contas, o cliente é a razão de ser de

qualquer negócio e, em hotelaria, não poderia ser diferente” (DAVIES, 2002, p. 19).

21

Mullins (2004) considera que a administração do setor de hotelaria avançou pouco em relação

à indústria de manufatura, principalmente pela falta de dedicação dos estudos da Teoria Geral

da Administração a esse assunto, sendo ainda escassos e embrionários os estudos específicos

da indústria da hospitalidade.

O mesmo autor ressalta que o setor Hoteleiro possui diferenças em termos de características

organizacionais e de funcionários. O mesmo ocorre quanto ao tipo de classificação:

a) Localização em grandes centros urbanos, interior, beira-mar e centro da cidade;

b) Meios de transporte: próximo às rodoviárias, ferroviárias ou aeroportos;

c) Propósito da estada: negócios, eventos e férias;

d) Duração da estada: curta duração, longa duração;

e) Variedade de instalações e serviços: permite-se ou não hóspede residente, oferece ou não

café da manhã;

f) Tamanho: variedade na quantidade de apartamentos ou camas disponíveis;

g) Categoria: de luxo, básico, cinco estrelas, três estrelas...;

h) Propriedades e administração: pertence a grupo ou cadeia de hotéis ou é de propriedade

individual.

Marques (2004) confirma esse entendimento em seu livro Manual de Hotelaria, no qual

revela que os hotéis podem ser de vários tipos, incluindo:

a) Hotéis turísticos (são aqueles que recebem exclusivamente o mercado turístico

nacional e internacional);

b) Hotéis executivos, principalmente para hospedar homens e mulheres que se hospedam

a negócios;

c) Hotéis híbridos: podem atender tanto ao mercado corporativo quanto ao mercado

turístico;

d) Hotéis-fazenda, atendem tanto a serviços de lazer quanto ao mercado corporativo;

e) Hotéis resorts, voltados para o público de turismo;

f) Hotéis históricos, que hospedam tanto turistas quanto executivos;

g) Hotéis spas, que atendem a um público que busca tratamento de saúde.

22

2.2 Gestão de pessoas e capital humano nas organizações

Segundo Dutra (2002), a estruturação da administração dos recursos humanos deve muito à

Escola de Administração Científica. A Escola Clássica, como é também conhecido o

movimento de Administração Científica, surgiu com a publicação dos livros do engenheiro

Taylor, entre eles Os princípios da administração científica (1906), e com Hanry Fayol, na

França, com a publicação do livro Administração geral e industrial (1916).

Mas somente na segunda metade do século XX é que foi dada a devida importância ao tema, a

partir do interesse em sistematizar os conhecimentos acumulados até então (DUTRA, 2002).

As primeiras preocupações com a administração dos recursos humanos datam da Revolução

Industrial, na Inglaterra, em virtude da ação de sindicatos e do Parlamento. Nos Estados

Unidos, na segunda metade do século XIX, foi criada a Secretaria do Bem Estar, para atender

às necessidades dos trabalhadores e impedir que formassem sindicatos. Na França, começou-

se a falar da administração de recursos humanos no século XIX, com discussões sobre as

relações de trabalho e sobre a regulamentação social do trabalho (DUTRA, 2002).

Para caracterizar o processo evolutivo da gestão de pessoas, Fombrum (1984) e Rothwell

(1988), apud Dutra (2002), distinguiram três fases diferentes nessa evolução:

• Operacional: até a década de 1960, a gestão de pessoas preocupou-se com a

operacionalização da captação, treinamento e remuneração dos recursos humanos;

• Gerencial: dos anos 1960 ao início dos anos 1980, a gestão de pessoas passou a

interferir em diferentes processos da organização, sendo requisitada como parceira nos

processos de desenvolvimento organizacional;

• Estratégica: a partir dos anos 1980, a gestão de pessoas começou a tornar-se

estratégica e seu administrador passou a participar ativamente das decisões junto à

diretoria.

A história da gestão de Recursos Humanos, profissionalizada no Brasil remonta ao século

XX, tendo sido marcada pelo referencial taylorista, conforme Dutra (2002). Sammartino

(2002) ressalta que a evolução da área de Recursos Humanos no Brasil tem como marco o

23

surgimento do trabalhismo na década de 1930, durante o primeiro governo de Getúlio Vargas,

em que foi promulgada, pelo Ministério do Trabalho, uma série de leis que regulamentaram as

relações sindicais e de trabalho.

Albuquerque (1988), apud Marras (2005), divide a evolução da área de Gestão de Pessoas no

Brasil em quatro fases: pré-histórica, de 1900 a 1930; jurídico-trabalhista, de 1930 a 1950;

tecnicista, de 1950 a 1965; e administrativa, de 1965 a 1985.

A fase pré-histórica foi caracterizada por não haver uma legislação trabalhista em vigor no

Brasil. As atividades operacionais da gerência eram exercidas por um departamento que

também era responsável por executar as tarefas de apoio, como suprimento de material,

contabilidade e expediente.

Dutra (2002) complementa lembrando que as atividades industriais eram incipientes no

Brasil, resultado do modelo exportador cafeeiro, de maneira que o trabalho era mais

organizado nos setores Ferroviário, Portuário e Têxtil. Não havia uma preocupação com a

gestão de pessoas estruturada, tampouco uma legislação que disciplinasse as relações entre o

capital e o trabalho.

A fase jurídico-trabalhista foi marcada pela criação do Ministério do Trabalho e do

Departamento Nacional do Trabalho. O Estado passou a intervir e regular as relações entre

empregados e empregadores. Neste período, foram criadas bases para o sindicalismo

brasileiro, vinculado ao Ministério do Trabalho, e promoveu-se a consolidação das Leis do

Trabalho (CLT), em 1943. Surgia o cargo de chefe de pessoal.

De acordo com Marras (2000, p. 21), “o chefe de pessoal era um profissional inflexível,

seguidor das leis e dono de uma frieza incalculável na hora de demitir alguém”. É um período

marcado pelo início da gestão burocrática e legalista de pessoas (DUTRA, 2002).

Durante a fase tecnicista, ocorreu a substituição do chefe de pessoal pelo administrador de

pessoal, segundo Marras (2005). Esse profissional precisava ter conhecimentos psicológicos,

estatísticos e administrativos. Além dessas habilidades, o administrador de pessoal passou a

ter o apoio de um advogado na execução de suas tarefas. Ainda de acordo com Marras

(2005), houve o surgimento da descrição de cargos, da avaliação de desempenho e da

24

pesquisa salarial. Para Dutra (2002), é um período marcado pelo início da gestão

profissionalizada de pessoas com referências ao taylorismo.

A fase administrativa foi marcada pelo advento da abordagem participativa em recursos

humanos. O gestor de recursos humanos assume a função de administrador de empresas,

necessitando saber negociar com sindicatos, conhecer os aspectos trabalhistas legais e ter

visão holística da organização. Sammartino (2002) afirma que a área de Recursos Humanos

passou por modificações significativas, pois da responsabilidade pela folha de pagamento,

atividades administrativas e gestão de benefícios, o gestor de pessoas passou a envolver-se na

mudança organizacional.

A partir de 1985, a gestão de pessoas assume papel estratégico em algumas organizações.

Segundo Fleury (2004), o modelo de gestão japonês, em que a responsabilidade pela execução

do trabalho é do grupo como um todo, e não apenas de um indivíduo, levou os países

ocidentais a reverem suas concepções sobre a organização do trabalho e a modificarem seus

modelos de gestão de pessoas.

Surge o conceito de Human Resource Management, ou gestão estratégica dos recursos humanos, preconizando que as políticas de gestão de pessoal não devem ser passivamente integradas às estratégias de negócio, mas devem ser parte integrante dessa estratégia (FLEURY, 2004, p. 76).

Na atualidade, as empresas com visão estratégica investem no potencial humano. Vieira e

Garcia (2004) expõem que a motivação dos funcionários, seu treinamento e o

desenvolvimento de competências fazem parte das estratégias. Também o corte de níveis

hierárquicos, a diminuição de chefes e o aumento da autonomia dos funcionários são

inovações trazidas para dentro das empresas.

Na gestão estratégica de pessoas, “os indivíduos devem não somente adquirir novas

habilidades específicas à função, mas ser capazes de fazer análise crítica sobre como aplicar e

modificar seus novos conhecimentos e integrá-los ao seu trabalho” (BRANCO, 2005, p. 11).

Vasconcelos e Mascarenhas (2004) apontam que a gestão estratégica proposta pelas

organizações busca a politização dos indivíduos nas empresas. Nesse contexto, o

conhecimento que cada indivíduo adquire torna-se importante como diferencial competitivo e

por meio da criação do conhecimento e da gestão por competências é que as empresas

25

procurarão manter e gerir suas atividades. Entende-se por atividade geradora de conhecimento

aquelas que acrescentam valor e proporcionam a busca de soluções criativas pelos

colaboradores, a integração de novas técnicas e metodologias (VIEIRA; GARCIA, 2004).

Para Friedman (2000), as organizações em nossos tempos não podem conseguir resultados

positivos ou duradouros se não aprenderem a aumentar o valor de seus funcionários como

força de trabalho. Cada vez mais as empresas investem nas pessoas, porque somente elas

podem colocar seu talento, habilidades, emoções, histórias de vida, saberes e valores a favor

das organizações que as respeitam, oferecem oportunidades de crescimento e valorizam-nas.

A expressão capital humano apareceu pela primeira vez em 1961. Davenport (2001) expõe

que no artigo da American Economic Review intitulado “Investimento em Capital Humano”,

escrito pelo vencedor do prêmio Nobel de 1979, o economista Theodore W. Shultz. Desde

que começou a ser utilizada, muitos concordam que a expressão mesma engloba o

conhecimento, a capacidade e a experiência das pessoas. Dessa maneira, todas as habilidades,

inatas ou adquiridas, podem ser aperfeiçoadas por meio de investimentos específicos,

constituindo-se em capital humano. Fatores como características de personalidade que um

trabalhador leva para a empresa, habilidade em aprender e motivação para buscar novos

conhecimentos e compartilhar informações representam o capital humano das organizações.

Para Edvinsson e Malone (1998), capital humano é a união de vários elementos como

criatividade, trabalho em equipe, relacionamento interpessoal e pró-atividade, bem como

valores, cultura e filosofia da empresa.

Para Stewart (1998 p. 68), capital humano é a “a fonte de inovação e renovação da empresa”.

Nagano, Matheus e Merlo (2005) ressaltam que o capital humano vai além da simples

somatória de seus componentes, pois todos os dias as pessoas adquirem novos conhecimentos

e aperfeiçoam suas habilidades e capacidades. Corroboram, com essa opinião Edvinsson e

Malone (1998 p. 10) afirmando que o “capital humano pertence aos funcionários e não pode

ser propriedade da empresa”.

Para Castelli (1994, p. 24), mesmo com os avanços e progressos tecnológicos geradores de

inovações e aperfeiçoamentos no meio turístico, o ser humano continua sendo a ator

26

fundamental desse progresso. Ou seja, depende dele o processo de acolhida do cliente, bem

como sua imagem positiva, ou negativa, da cidade, região ou país.

Segundo Carvalho Neto (2001), empresas hoteleiras têm terceirizado atividades como

lavanderia, segurança, limpeza, jardinagem, estacionamento, recreação e alimentação com a

finalidade de oferecer melhores estruturas e maior qualidade aos clientes, investindo em infra-

estrutura, marketing e estruturas organizacionais dinâmicas.

Wahab (1991, p. 230), relata que o setor Hoteleiro tem dedicado pouco investimento ao

capital humano da empresa, oferecendo-lhe poucos treinamentos e desconsiderando sua

opinião como executores finais do processo de trabalho. Ou seja, não considera sua

capacidade de oferecer sugestões de melhorias, seja como parceiros do sucesso ou do fracasso

da organização.

Guerrier (2000) ressalta a importância das pessoas nesse ramo de serviço destacando que

investimentos na qualidade de vida de seu capital humano é ponto central para o alcance de

resultados, haja vista que no ramo Hoteleiro a ação empresarial ocorre somente com a ação de

pessoas.

Assim, a complexidade de um ser humano (humor, motivação, satisfação) não é fácil de ser

mensurada. No entanto, as pessoas são o principal componente de uma empresa, na

atualidade. Diferentemente de lidar com máquinas, que são previsíveis em suas funções, lidar

com um profissional requer aptidões que não são encontradas em manuais. Fitz-enz (2001)

defende que um ser humano agrega valor, seja um operário da linha de frente com baixa

qualificação ou um renomado executivo, quando passa a usar o potencial de que dispõe na

operação, e na execução em prol da solução dos problemas. Nesse contexto, pessoas que

trabalham com alto grau de satisfação tendem a ser mais produtivas.

O envolvimento no trabalho torna os profissionais mais preocupados com o que fazem,

levando-os a atingir um desempenho superior. Davenport (2001) revela que pesquisadores

que estudaram os conceitos de comprometimento organizacional e de envolvimento no

trabalho concluíram que profissionais pouco comprometidos costumam elevar a rotatividade

da empresa e os níveis de absenteísmo. Ao contrário, empregados muito envolvidos assumem

27

grande número de atividades e estão sempre ocupados em seu horário de serviço. Identificam-

se com o que fazem.

Davenport (2001) observou também que muitos funcionários valorizam os salários elevados e

a estabilidade na empresa. No entanto, segundo suas próprias pesquisas, para o profissional é

mais importante trabalhar em uma função de interesse e ser valorizado pelo que faz.

Partindo desse pressuposto, o que seria necessário então para gerir e reter os talentos?

O gerenciamento do capital humano pode conduzir a essa resposta, uma vez que auxilia na

sustentação da excelência do serviço de atendimento ao cliente, segundo Fitz-enz (2001).

Bispo (2007) entende que o estabelecimento de uma cultura organizacional voltada aos

colaboradores representa a primeira ação para gerir talentos de forma eficaz e sustentável.

Incentivar o funcionário em sua principal responsabilidade, ou seja, a prestação de um serviço

de qualidade, é um importante modo de valorizá-lo, de retê-lo na empresa e,

conseqüentemente, de atingir positivamente os clientes.

Friedman, Hatch e Walker (2000) apresentam uma interessante analogia com a parábola

bíblica dos talentos, segundo a qual o servo que enterrou seu “talento” e por isso deixou de

multiplicá-lo foi castigado, enquanto aqueles que investiram seus talentos, multiplicando-os,

foram elogiados e recompensados. Da mesma forma, para os autores, a empresa que tem

muitos talentos e investe neles será recompensada com o aumento do conhecimento de seus

profissionais e sua lealdade.

A capacidade de empregar, motivar e reter os melhores profissionais é o desafio dos gerentes

na atualidade, pois ter na organização pessoas talentosas resulta em melhor desempenho para

a empresa. De acordo com Friedmam et al (2000), os gestores começam a identificar a

diferença entre recursos humanos, representados pela mão-de-obra disponível, e capital

humano, que implica a transformação das pessoas em virtude da necessidade do mercado

globalizado. A busca constante por talentos está possibilitando uma nova realidade

empresarial (Quadro 1).

28

Quadro 1 – A antiga e a nova realidade empresarial

A antiga realidade A nova realidade As pessoas precisam das empresas. As empresas precisam das pessoas.

Máquinas, capital e geografia representam a

vantagem competitiva.

Pessoas talentosas representam a vantagem

competitiva.

Mais talento faz alguma diferença. Empregos

são raros.

Mais talento faz uma enorme diferença.

Talentos são raros.

Empregados são leais e empregos são seguros. Pessoas são móveis e seu comprometimento

tem curta duração.

As pessoas aceitam o pacote-padrão que lhes é

oferecido.

As pessoas exigem mais.

Fonte: Michaels; Handfield-Jones; Axelrod (2002, p. 31).

Os dirigentes necessitam investir de modo agressivo em ações formadoras de talentos. O

investimento em novas contratações, maiores salários, pacotes de indenizações e remuneração

flexível pode ajudar a formar uma sólida equipe. Para Michaels et al (2002), quando se trata

de atrair e reter pessoas, é necessário mudar as regras de remuneração. Também , torna-se

indispensável que os líderes preocupem-se em dar feedback franco aos seus subordinados e

orientação sobre como agir de maneira mais eficaz para o aperfeiçoamento de habilidades e

de conhecimento.

Quanto ao desenvolvimento de profissionais, Michaels et al (2002) apontam uma nova

abordagem, na qual passam a ser parte integrante do gerenciamento, a orientação, o feedback

e o aconselhamento de cada membro da equipe. Os funcionários precisam crescer e receber

orientações para elevarem seu potencial nas empresas.

Corroborando com as idéias de Michael et al (2002), Fitz-enz (2001) propõe um modelo que

abrange cinco dimensões para o gerenciamento do capital humano, a saber: planejamento,

incorporação, manutenção, desenvolvimento e retenção.

• Planejamento. O Planejamento da força de trabalho em uma organização parte da

integração dos gerentes com os recursos humanos, para a avaliação do capital humano

existente. A partir deste planejamento, pode-se, de maneira organizada e sustentada,

29

desenvolver uma política de promoção interna. Fitz-enz (2001) sugere que seja feito

um programa de desenvolvimento preparando as pessoas para assumir novos cargos.

Assim, planejamento e desenvolvimento estão lado a lado.

Hayes e Ninemaier (2005), estudiosos do setor Hoteleiro, concordam com Fitz-enz (2001) e

expõem que o planejamento dos recursos humanos é importante para reduzir o tempo para

selecionar e recrutar profissionais, além de possibilitar a promoção interna em caso de

turnover.

• Incorporação. Deve vir após a projeção da força de trabalho e consiste em buscar no

mercado os profissionais para integrar a equipe da organização. O importante é

encontrar profissionais, de forma regular, para cumprir o plano estratégico da empresa

que resolvam o problema da escassez de talentos. Um recrutamento eficiente reduz as

taxas de desligamento e favorece a implantação de programas de desenvolvimento e o

crescimento da empresa.

• Manutenção. Significa que os profissionais devem ficar na empresa. Uma maneira de

manter o colaborador é por meio da remuneração e dos benefícios. Fitz-enz (2001)

descobriu em suas pesquisas que o pagamento de um salário justo e a estabilidade para

o profissional por meio de benefícios constituem uma maneira de manter o funcionário

na empresa.

• Desenvolvimento. Depois de incorporar e de manter a força de trabalho, busca-se

desenvolvê-la no seu potencial máximo. Fitz-enz (2001) expõe que o capital humano

nas organizações é o único ativo que pode ser desenvolvido, quer por meio de

treinamento (cursos em sala de aula, intercâmbio entre hotéis, mudança de função,

cursos externos), quer pela experiência no próprio trabalho. Os treinamentos permitem

obter as mudanças no desempenho de trabalho do funcionário em matéria de qualidade

e produtividade.

Bispo (2007, p. 46) concorda com Fitz-enz (2001) e ressalta que:

[...] o potencial humano e o investimento no desenvolvimento de talentos será o que vai determinar o quanto e até onde uma organização poderá avançar. Para isso é imprescindível que as pessoas estejam imbuídas em um processo e aprendizagem e desenvolvimento contínuo.

30

• Retenção. Visa, antes de se perder o funcionário, verificar o que pode ser feito para

mantê-lo. Segundo Fitz-enz (2001), a retenção pode ser planejada por meio de

programas de relacionamento com funcionários e em pesquisas de atitudes. A

preocupação em manter o profissional na empresa está diretamente relacionada à

necessidade de reduzir custos em recrutamento e treinamento. Exigirá menor tempo da

supervisão no acompanhamento de um novo profissional e permitirá manter o

atendimento ao cliente, no caso de empresas prestadoras de serviço.

A medida principal do resultado dos esforços voltados para a retenção do colaborador na

empresa é a taxa de desligamento. Fitz-enz (2001) aborda a importância de os gestores

fazerem as seguintes perguntas: Quem está deixando a empresa? Por quê? Em que etapa de

sua carreira? O que levou a pessoa a procurar emprego em outro lugar? Qual fator na oferta

do concorrente motivou o funcionário a deixar a empresa?

2.3 A gestão de pessoas no setor Hoteleiro

Os empreendimentos do setor Hoteleiro caracterizam-se por serem prestadores de serviço. A

excelência dos serviços prestados possibilita a sua sobrevivência. Nos hotéis, o cliente está em

contato direto com profissionais que lhe darão atendimento. Então se o serviço for bem feito,

o hóspede levará com ele uma imagem boa do local.

31

Quadro 2 – Abordagens da gestão de pessoas no setor Hoteleiro

Tradicional Contemporânea Unidade de trabalho voltada para o gerente.

Unidade de trabalho voltada para a equipe.

O gerente é líder. O gerente é motivador.

Ênfase em habilidades técnicas. Ênfase na facilitação das habilidades do funcionário.

O gerente busca a estabilidade. O gerente encoraja as mudanças. O gerente comunica seus pontos de vista, persuadindo seus funcionários.

O gerente ouve.

O gerente é diretamente responsável pelos resultados.

O gerente divide a responsabilidade pelos resultados.

O gerente resolve os problemas pessoalmente.

Adota-se soluções dos problemas em equipe.

Utilizam-se medo e pressão para motivar os funcionários.

O orgulho, o reconhecimento e o crescimento são utilizados para motivar os funcionários.

O estilo decisório é autocrático (ditatorial). Estilo decisório participativo. Comportamento individual. Comportamento de equipe. O gerente impõe a obediência. O gerente conquista a equipe. O que uma pessoa diz não condiz com o que ela faz.

O que uma pessoa diz condiz com o que ela faz.

Avaliações de hospedagem inconscientes. Avaliações de hospedagem consistentes. Estilo de supervisão/ gestão reativo. Estilo de gestão/ supervisão proativo. "Rituais" burocráticos. Rotinas flexíveis. De cima para baixo, uma só via de comunicação.

Comunicação multidirecional.

Hierarquia de controle. Capacitação. Poder. Consenso. Estratégias de recursos humanos de curto prazo.

Estratégias de recursos humanos de longo prazo.

Fonte: Hayes; Ninemeier (2005, P. 1)

Com a expansão dos hotéis, passou-se a exigir dos profissionais altamente qualificados nas

mais diversas áreas. Para Castelli (2001), é necessário que o profissional hoteleiro tenha

domínio técnico-científico e qualidades humanas bem desenvolvidas, pois lida diretamente

com pessoas, o que exige muito dinamismo, iniciativa, flexibilidade, tomada de decisão e

criatividade.

O trabalho na empresa hoteleira chama a atenção em virtude do glamour, que, mesmo na

atualidade, ainda encanta, e de seu dinamismo, uma vez que, por mais que o profissional

32

tenha um procedimento a cumprir, os acontecimentos em seus dias de trabalho nunca serão

iguais. Não há rotina em um emprego em que pessoas cuidam de pessoas.

No entanto, não é só de momentos prazerosos que vive o setor Hoteleiro. O gostar de servir, e

a constante tentativa de satisfazer as necessidades e os desejos do cliente vão exigir

profissionais engajados pessoalmente, com aptidões físicas e intelectuais.

Se, de um lado, o trabalho do hoteleiro não tem monotonia, de outro, a escala de trabalho é

rígida, normalmente com uma folga semanal em um dos dias da semana, com horários nem

sempre convencionais. Isto é,

[...] o setor de hospitalidade possui várias características exclusivas. As pessoas trabalham nos finais de semana e em horários anormais. Hóspedes e colegas de trabalho esperam que sejamos gentis e agradáveis. Ademais, esperam que cuidemos do que acontece com o hóspede (POWERS; BARROW, 2004, p. 26).

O negócio da indústria hoteleira é oferecer serviços, seja de lavagem da roupa dos hóspedes,

alojamento, comida, bebida ou arrumação de quarto, todos executados por pessoas, conforme

aborda Castelli (2001). A qualidade do serviço prestado torna-se uma questão de

sobrevivência para a empresa. São as pessoas que fazem acontecer as mudanças na qualidade

dos serviços na hotelaria. Não há outro meio de desenvolvê-las, senão pela qualificação de

pessoal.

A falta de qualificação das pessoas que trabalham na hotelaria é uma dura realidade, sentida não só pelos dirigentes hoteleiros, mas também e principalmente pelos hóspedes, através da falta de qualidade dos serviços. Por isso a importância do desenvolvimento de habilidades nos profissionais, através do treinamento e do aporte de conhecimento (CASTELLI, 2001, p.503).

Aliado à qualificação, o ato de servir de uma maneira especial cada vez melhor traduz o que

Castelli (2001) chama de “espírito de serviço”. Por isso, as pessoas contratadas para trabalhar

em um hotel, sejam em funções operacionais ou de nível gerencial, devem gostar de trabalhar

com pessoas.

Petrocchi (2002) complementa que o trabalho na hotelaria requer pessoas com habilidades

técnicas, ou seja, dotadas de conhecimento específico para realizar as atividades operacionais

nos diversos setores; de habilidades humanas, traduzidas pelos desafios da coordenação, da

33

comunicação e do relacionamento entre as pessoas; e de habilidades conceituais, mediante

competências para diagnosticar e determinar os rumos para o empreendimento hoteleiro.

Cavassa (2001) compartilha da opinião de que o elemento humano no setor Hoteleiro deve ter

um perfil bem definido, em quaisquer cargos, dotada de espírito empreendedor e extrovertido,

especializadas, possuir grande habilidade administrativa e de tomada de decisão e apesentar

ótimo potencial de relações humanas.

Rodriguez (2002) defende que motivar o profissional que trabalha em hotéis é um fator

gerencial importante.

Medlik e Ingram (2002) advertem que desenvolver e manter o funcionário não são algo fácil.

Um dos maiores desafios da era atual é a administração efetiva da força de trabalho dos hotéis, pois muitos hotéis perceberam que seus funcionários são seus maiores bens. Com uma força de trabalho efetiva, os hotéis podem oferecer o nível requerido de qualidade de serviço e obter o nível requerido de lucro, mas o desafio é desenvolver e manter os funcionários ( MEDLIK; INGRAM, 2002, p 193).

Além disso, como o trabalho hoteleiro é executado em equipe, exige espírito de equipe, capaz

de fazer os profissionais executarem suas tarefas na mesma direção.

2. 4 Os conflitos nas relações de trabalho e sua influência na gestão de pessoas

A palavra trabalho tem origem no latim tripalium, que era um “instrumento formado por três

estacas para manter presos bois ou cavalos difíceis de ferrar, [...] pena ou servidão do homem

à natureza” (CARMO, 1997 p. 16).

Para Baztán,

Desde as primeiras manifestações de vida comunitária do ser humano, quando a própria incapacidade do indivíduo isolado o obrigou a se agrupar com outros seres que tinham suas mesmas limitações, para obter os benefícios da colaboração e a ajuda dos demais, se iniciaram as relações básicas que engendrariam, através do tempo, as de caráter laboral, que foram a base do desenvolvimento da sociedade humana. (BAZTÁN, 1986, p.1).

34

Codo (1993, p. 86) descreve a palavra trabalho como: “Um esforço humano que implica

sacrifício e dor, moléstia e sofrimento, e que determina a produção ou conservação de um

bem ou de uma utilidade”. É considerada ainda como um sinônimo de atividade, ocupação,

ofício, profissão, tarefa, que resulta de uma determinada ação, distinguindo-se de lazer.

Segundo Berger (1983, p. 13) “trabalho significa modificar o mundo tal qual ele é

encontrado”, O trabalho vem sendo personagem central em tempos e cenários diversos, sendo

ainda, ao longo dos anos, limitado às condições socialmente estabelecidas. Tal concepção

vem se modificando e evoluindo conforme as variações ocorridas no cenário político e

econômico, alterando também a concepção da sociedade em relação a este conceito.

Nesse contexto, o mercado de trabalho passou por modificações significativas nos últimos

anos. Os conceitos de mercado de trabalho e sua dinâmica vão gerar discussões importantes e

influenciar a gestão de pessoas nas organizações. Cavalcanti; Albuquerque e Jesus (2005)

apontam que novos procedimentos foram implantados nas empresas brasileiras a partir da

década de 1990:

[...] novos estilos de gestão recaem no enxugamento da estrutura organizacional, na ênfase das competências (daí a valorização da educação) e do conhecimento, na prevalência discursiva de um trabalhador multifuncional, no trabalho de equipe, na terceirização, na maior flexibilidade das empresas (CAVALCANTI; ALBUQUERQUE; JESUS, 2005, p. 89).

Associado aos novos procedimentos implantados nas organizações, economicamente, o

número de empregos gerados é inferior à demanda por trabalho, favorecendo o desemprego e

a precarização do trabalho, entendida como subemprego, trabalho parcial, trabalho informal e

trabalho temporário, levando o trabalhador a níveis elevados de exploração.

O “novo trabalho” provoca contradições em nível do discurso, e claro, pode-se imaginar no dia a dia, o aumento do estresse pessoal e pertubações emocionais (CAVALCANTI; ALBUQUERQUE; JESUS, 2005, p. 99)

O absenteísmo no trabalho é uma das formas de o trabalhador externar as transformações nas

relações de trabalho. Nascimento (2003) define absenteísmo como a ausência do trabalhador

ao serviço, quando se esperava que ele estivesse presente. Segundo a mesma autora:

35

O estilo de liderança e controle, a repetitividade das tarefas e a falta de integração entre os funcionários, podem levar à desmotivação e ao desestímulo dos trabalhadores, e desse modo provocam impacto na assiduidade ao trabalho (NASCIMENTO, 2003, p. 35).

De acordo com Silva e Marziale, (2003) apud Alves (1995), o número insuficiente de recursos

humanos pode contribuir para elevar o absenteísmo e, conseqüentemente, gerar sobrecarga de

trabalho e insatisfação dos trabalhadores.

A sobrecarga de trabalho e a insatisfação gerada pelo absenteísmo de um profissional podem

contribuir com a rotatividade de pessoal e, nesse sentido, elevar o turnover da organização.

2.5 O turnover nas organizações

A ocorrência da rotatividade em uma empresa relaciona-se aos valores, expectativas,

satisfação e percepção do funcionário quanto às oportunidades internas de desenvolvimento,

conforme aborda Silva (2001). O autor entende que, se o profissional não concordar com os

valores da empresa, dificilmente permanecerá por muito tempo. Também, se tiver grandes

expectativas, mas sentir que a empresa não atende a seus desejos, as chances de deixar a

empresa serão maiores. Assim, o profissional que não enxerga perspectivas de

desenvolvimento ou sente-se pouco satisfeito na empresa contribuirá para elevar o turnover

na organização.

Identificar as reais causas que levam o profissional a deixar uma organização possibilita

resolver o problema antecipadamente e, se for o caso, procurar soluções alternativas.

O turnover está relacionado a dois tipos de desligamento (CHIAVENATO, 2004):

• O desligamento por iniciativa do funcionário ocorre quando o profissional, por razões

pessoais ou profissionais, resolve encerrar a relação de trabalho com o empregador.

Pode ocorrer em virtude de sua a insatisfação com o trabalho executado ou, com o

ambiente, bem como da possibilidade de novas perspectivas no mercado de trabalho.

• O desligamento por iniciativa da organização é conhecido como “demissão”. Acontece

quando a empresa decide desligar o funcionário, visando substituí-lo por outro mais

36

adequado às suas necessidades, seja para corrigir problemas de seleção inadequada,

seja para reduzir sua força de trabalho.

Quando a demissão é necessária, conforme explica Chiavenato (2004), as organizações devem

utilizar critérios discutidos e negociados com seus funcionários ou sindicatos, para evitar

problemas de diminuição do moral e da fidelidade, que afetam a produtividade, minimizando

assim possíveis ações judiciais. Devem também buscar acompanhar o ex-funcionário em sua

procura de emprego, por meio de outplacement (recolocação profissional).

Para Chiavenato (2004), o turnover deve ser considerado o efeito de algumas variáveis

externas e internas. Podem-se exemplificar como variáveis externas: a situação de oferta e

procura do mercado de recursos humanos, a conjuntura econômica e as oportunidades de

emprego no mercado de trabalho. Dentre as variáveis internas, citam-se: a política salarial e

de benefícios que a organização oferece, o estilo gerencial, as oportunidades de crescimento

interno, o relacionamento humano, as condições físicas e psicológicas de trabalho e a

estrutura organizacional.

Ferreira e Freire (2001) também identificaram múltiplas causas para o turnover em um estudo

sobre rotatividade de pessoal, entre elas: a política salarial adotada pela empresa, a política de

benefícios, as oportunidades de progresso profissional oferecidas pela organização, o tipo de

supervisão, a política disciplinar, as condições físicas ambientais de trabalho e a motivação do

pessoal.

Assim, a rotatividade pode ocorrer em função de: pouca sinergia entre o funcionário e a

cultura organizacional, treinamentos inadequados e falta política de incentivos ou de políticas

organizacionais.

Os estudos de Taioli (2005) revelaram que profissionais mais jovens tendem a ser mais

comprometidos em seus empregos que os colaboradores de mais idade, levando-se em

consideração a flexibilidade, a oportunidade de adquirir conhecimentos e a motivação pelo

início da carreira. Porém, quando são levados em conta a família, o tempo de casa, a perda de

competitividade no mercado de trabalho e os benefícios adquiridos, os de mais idade tendem a

ser mais comprometidos com a empresa que os mais jovens.

37

Se analisada a produtividade de um colaborador com mais tempo de casa, esta tende a ser

maior do que a de um colaborador novato na empresa (TAIOLI, 2005). Para Davenport

(2001), os trabalhadores se mostram cada vez menos propensos a ficar por longo tempo com o

mesmo empregador. O autor sugere que sejam desenvolvidos treinamentos que melhorem o

retorno do investimento das pessoas no trabalho que elas sejam motivadas permanecer por

mais tempo na organização.

De acordo com Marvin (1994), o turnover tende a aumentar a propaganda boca a boca contra

a empresa que desligou o profissional. Segundo o autor, o aumento do turnover tende a

significar mais profissionais com menos treinamento, menos produtivos e perda da coesão da

equipe.

Em organizações Hoteleiras, quando um colaborador é demitido ou pede demissão, passam a

ocorrer desequilíbrio em suas operações, geração de custos financeiros e perda de tempo e de

recursos, ocasionando novas admissões e desligamentos.

O processo de seleção de novos trabalhadores pode ser demorado e dispendioso. No período inicial de trabalho, o novo colaborador em geral apresenta níveis baixos de produtividade. Os investimentos feitos no capital humano dos trabalhadores que saem da empresa perdem-se e, em alguns casos, podem até a vir a beneficiar empresas concorrentes (MARTINS, 2007).

A gestão do turnover pode mapear os motivos que levam um profissional a procurar outra

empresa e os fatores determinantes para esta tomada de decisão. Seriam aspectos relacionados

à busca por melhores salários a liderança ou a colegas de trabalho?

Nesse contexto, gerir o turnover significa identificar os motivos que atraíram o candidato à

empresa, a imagem que a organização transmite ao profissional, a possibilidade de

crescimento e a própria maneira como a empresa conduz os processos seletivos: a

transparência nas informações, a organização no processo de seleção e recrutamento, o

feedback dado ao candidato.

A rotatividade de pessoal nas empresas tem diferentes conseqüências, negativas e positivas.

Dentre as negativas, Taioli (2005) cita o aumento da necessidade de supervisão e de

38

treinamento dos novos funcionários, a maior carga horária para os demais membros da equipe

e o aumento do número de profissionais que não tem domínio dos procedimentos internos.

O turnover nas organizações é um importante tema de pesquisa, pois o estudo aprofundado

das causas do fenômeno direciona as organizações para seu controle, aprendendo como

minimizá-lo.

A literatura, de acordo com alguns autores (PEREIRA, 2003; RUGUÊ, 2001; SANTOS,

2004; BOSE, 2004), aponta algumas dimensões importantes para a compreensão do fenômeno

do turnover, aprofundadas a seguir:

2.5.1 A motivação e satisfação

A motivação humana inspira estudos de cientistas e estudiosos desde o início do século XX .

A partir de seu estudo, surgiram modelos de abordagem da motivação humana no trabalho.

O modelo tradicional foi fundamentado dentro na Administração Científica, fundada por

Frederick Taylor. Os trabalhadores eram vistos como mercenários preguiçosos, sem ambição

de crescimento profissional. O desempenho, bom ou ruim, era de responsabilidade do

supervisor.

No final dos anos de 1920, com a Escola de Relações Humanas, o homem passa a ser visto

como um todo, e nesse sentido o trabalhador deveria se sentir importante, precisava ser

ouvido e podia dar opinião sobre a melhor forma de realizar seu trabalho. Neste modelo,

diferentes fatores da natureza humana se relacionam no processo motivacional: dinheiro,

aspectos sociais, possibilidade de crescimento e o trabalho em si (SEHN, 2005).

A origem da palavra motivação vem do latim movere, que significa mover. Para Bergamini

(2006), ter motivação é algo intrínseco às pessoas, de maneira que somente o indivíduo pode

utilizar sua força interior para vencer desafios e atingir os objetivos propostos.

Como as necessidades humanas advêm de carências ou falta de alguma coisa que serve para

completar o indivíduo, pessoas motivadas são mais fáceis de se satisfazerem no trabalho.

39

Marras (2000) exemplifica com o desejo de um trabalhador de fazer seu serviço bem feito, de

ter o sentimento do dever cumprido de, sentir seu próprio crescimento pessoal e profissional.

Sehn (2005, p. 17) afirma que:

[...] um profissional motivado é acima de tudo um entusiasta com aquilo que faz. Desenvolve e aplica com mais facilidade as habilidades de relacionamento, negociação e criatividade dentre outras. Enfim, é um profissional muito mais produtivo e feliz dentro da empresa, não somente fora dela. Além disso, pode influenciar outros, pois é um disseminador de energias positivas, mas a qualidade da influência que provocará a outra pessoa é uma escolha (processo interna) da pessoa influenciada.

Bergamini (2006, p. 35) lembra que:

[...] em muitas organizações é mais comum encontrar um grande contingente de pessoas que não nutre a menor motivação por aquilo que fazem. Esses trabalhadores não experimentam, portanto, nenhuma satisfação ou realização pessoal gerada por aquilo que fazem em seu trabalho.

As questões da satisfação no trabalho e da motivação dos indivíduos são importantes no

contexto empresarial. Segundo Marras (2005), ações que levem o empregado a se sentir mais

satisfeito contribuem significativamente para torná-lo também mais motivado. Fitz-enz (2001)

afirma que a satisfação no trabalho é a própria recompensa para o indivíduo e para a empresa.

A necessidade de ter profissionais hoteleiros trabalhando em equipe e servindo pessoas de

maneira excepcional exigirá que os mesmos tenham motivos e razões para contribuírem com

a organização. Nesse sentido, Castro (2002) traduz a motivação como ação ou efeito de gerar

causas, motivos, sentidos ou razões, intrínseco ao ser humano, que o faça ter estímulos e se

interesse pelo trabalho.

A motivação e a satisfação pelo trabalho seriam determinadas por alguns aspectos: grau de

importância, significado e valor que o profissional dá a seu trabalho; grau de responsabilidade

percebida pelo trabalhador pelos resultados do trabalho executado; e grau de entendimento e

conhecimento da tarefa realizada. Além desses fatores, a comunicação e a maneira como as

informações circulam na empresa, a maneira de resolver os problemas na organização e a

forma de implementar as mudanças e as inovações interferem na satisfação e motivação do

funcionário (SANT’ANNA; MORAES; KILIMNIK, 2005).

40

Segundo Taioli (2005), existe atualmente uma teoria sobre turnover que defende que pessoas

satisfeitas com seu trabalho não procuram outro antes de deixar aquele em que atuam. A troca

de trabalho seria por algo, muitas vezes, imprevisível (um colega de trabalho deixou a

empresa), e não necessariamente por uma insatisfação interna com a empresa.

Se assim o for, as pesquisas de clima realizadas pelas organizações não são um bom meio de

prevenir a rotatividade de pessoal (TAIOLI, 2005).

Pestana et al (2003) concluem que a maior influência sobre a motivação é causada pelas

próprias pessoas e pelo relacionamento entre elas. Se as equipes são motivadas pelas pessoas

que têm em volta de si, o importante é conseguir que trabalhem em conjunto, buscando a

satisfação nas tarefas que executam.

2.5.2 Equilíbrio entre vida profissional e a vida pessoal

Equilibrar a vida pessoal e a vida profissional de seus empregados é um desafio enfrentado

pelas organizações. Se elas dependem das pessoas para funcionar, então há um conflito em

questão: conciliar os interesses dos funcionários com os interesses da organização.

Oliveira (2002) aborda que as pessoas nas organizações deixam de ser somente recursos,

devendo ser consideradas como dotadas de habilidades, capacidade, destreza e conhecimentos

importantes para a execução de tarefas para atingir objetivos organizacionais. Passam a ser

vistas como pessoas detentores de personalidade própria, interesses, valores, aspirações e

objetivos individuais.

Um problema que pode ser atribuído às empresas está no desequilíbrio entre a vida pessoal e a

vida profissional. A redução do tempo para a entrega de tarefas, a pressão por resultados, o

volume de atividades que levam à sobrecarga no dia a dia corporativo e a exigência de maior

dedicação dos profissionais à empresa, inclusive em horas e dias de folga, prejudica a vida

pessoal.

41

Chinchilla; Torres (2007, p. 1) afirmam que:

[...] a escassez de tempo pessoal e para a família nos torna, além de estressados e insatisfeitos, escravos do tempo e também sovinas em relação ao seu uso. Essa concepção generalizou-se a tal ponto que, nas entrevistas de seleção, o candidato pergunta sobre a duração da jornada, critério de decisão que identifica com a aprendizagem do serviço na empresa.

Masi (2001, p. 25) ressalta que, na atualidade, trabalha-se cada vez mais e que dos trinta aos

sessenta anos os profissionais “trabalham da manhã até a noite, celulares tocam o tempo todo

e em todo o canto, ritmos frenéticos, falta de férias, falta de finais de semana livres e uma vida

privada reduzida a um tedioso pano de fundo”.

Chinchilla; Torres (2007) entendem que o excesso de horas de trabalho leva ao absenteísmo,

ou seja, a um maior número de faltas no trabalho, e prejudica a capacidade de concentração

do trabalhador.

Partindo desta premissa, Castelli (2001) mostra que é importante verificar como está a

qualidade de vida no trabalho hoteleiro, julgando atributos que sejam importantes para o

colaborador, como: condições do trabalho, divisão adequada das tarefas entre colaboradores,

segurança no trabalho, oportunidade de crescimento, supervisão correta e chance de progredir

com base no mérito.

2.5.3 Possibilidade de crescimento profissional

As empresas modernas visam ao máximo desempenho e crescimento de seu capital humano.

Segundo Stochi (2000), as empresas, na atualidade, reduziram os níveis hierárquicos. Dessa

maneira, não há outra forma senão capacitar o profissional, visando ampliar suas habilidades e

chances de progredir na empresa.

A partir da descentralização das decisões para os diferentes níveis organizacionais, as pessoas

têm liberdade de atuação e possibilidade de escolha de como irão trabalhar, desde que atinjam

os resultados. Em contrapartida, atingir os resultados é condição para ampliar as chances de

crescimento na organização.

42

Para Leonardo (2002), o profissional ingressa na organização quando espera que a sua

satisfação pessoal seja maior que seus esforços pessoais. No entanto, quando acredita que seus

esforços pessoais ultrapassam a satisfação, torna-se propenso a abandonar a organização.

Davenport (2001) expõe que as pessoas acreditam que a aquisição de novas habilidades as

ajudará a encontrar e manter um emprego satisfatório e a progredir no mesmo.

Garcia (2007) aponta que crescimento profissional e estabilidade no trabalho estão

relacionados à carreira na empresa. Dessa maneira, cabe à organização incentivar o

profissional a buscar o aprimoramento e a atualização que lhe permitam concorrer a posições

superiores à sua na empresa e a manter-se empregado.

2.5.4 Salário e benefícios oferecidos pela empresa

Ao longo da história das organizações, as pessoas são tradicionalmente pagas conforme o

cargo que ocupam. Desse modo, quando são promovidas, sua remuneração aumenta até o

salário definido para a função. Na atualidade, muitas organizações apostam na remuneração

variável, de acordo com as contribuições conseguidas pelo profissional em prol de melhor

desempenho da empresa (MICHAELS, 2002).

A política salarial implantada nas empresas determina os parâmetros das faixas salariais dos

cargos na organização. O departamento de Recursos Humanos é responsável por realizar

pesquisas salariais de mercado e embasar os salários de seus colaboradores conforme os

resultados obtidos.

Michaels (2002) esclarece que o dinheiro é visto pelo profissional como um cartão de registro

de seu desempenho e espelha o modo como a empresa valoriza seu talento. Também na visão

de Chiavenato (2004, p. 241), os funcionários investem com seu trabalho, esforço pessoal,

dedicação, habilidades e conhecimentos, desde que recebam contribuições ao alcance de seus

objetivos. A remuneração afeta as pessoas sob o ponto de vista econômico, social lógico e

psicológico.

43

No entanto, Bergamini (2006) aponta que aumento de salário não é sinônimo de motivação e

que, muitas vezes, o grau de satisfação atingido após o aumento de salário é intenso, porém de

curta duração.

Além do salário, os benefícios também são importantes para os funcionários nas empresas.

Chiavenato (2004) conceitua benefícios como regalias e vantagens concedidas pela empresa

como parte integrante da remuneração pessoal.

O autor divide os benefícios em: legais, compreendendo 13º salário, aposentadoria, seguro de

acidente no trabalho, auxílio à doença, salário família e salário maternidade, todos

obrigatoriamente pagos pela empresa; e espontâneos são aqueles deliberados pelas empresas,

não exigidos por lei, compreendendo gratificações, refeições e transportes subsidiados, seguro

de vida, empréstimos aos colaboradores, convênio médico e planos de seguridade social.

2.5.5 Estabilidade

As pessoas buscam a estabilidade no emprego. No trabalho, as maneiras já conhecidas de

executar uma função são privilegiadas. Stochi (2000) afirma que toda mudança gera ônus,

porque requer do indivíduo rever sua maneira de agir, pensar, comunicar e interrelacionar-se.

A mudança significa algo incerto, arriscado por isso, muitas vezes, ameaçador.

Na atualidade, as empresas preocupam-se não somente com os problemas ou a rapidez da

mudança, e sim com a possibilidade de o ser humano controlar o processo de mudança

(STOCHI, 2000).

Nas últimas décadas, a média do tempo do serviço diminuiu, de maneira que as pessoas

mudam de emprego com mais freqüência do que décadas atrás. Os trabalhadores, muitas

vezes, prestam serviço para mais de um empregador, em serviços menos diversificados. A

mobilidade entre empregadores e a estabilidade na profissão significam que deter o

conhecimento e possuir habilidades são fatores importantes para manter-se empregado

(STEWART, 2002).

Apesar das tendências atuais, a empresa deve ter uma política formal e explícita de não

promover demissões em massa. Organizações que utilizam de transparência e de

44

procedimentos justos e coerentes contam com a confiança das pessoas e são tidas como

lugares seguro para se trabalhar (CHIAVENATO, 2004).

Porém, conforme explica Masi (2001, p. 113) “os trabalhadores vivem sob o risco permanente

do desemprego, os funcionários sabem que suas firmas podem falir ou precisar reduzir seu

pessoal, os homens de negócio, mesmo aqueles tidos como muito ricos, sabem que não é

completamente improvável perderem tudo que possuem”.

Bergamini (2006) alerta que empresas que têm a estabilidade como princípio não contam com

pessoas mais motivadas, felizes ou eficazes para o trabalho. Nesse sentido, estabilidade não

seria determinante para reduzir a rotatividade de pessoal.

Após a apresentação da revisão da literatura sobre a evolução e o momento atual da gestão de

pessoas e, em particular, sobre o fenômeno da rotatividade de pessoal e suas prováveis causas,

um dos seus maiores desafios, apresentar-se-ão, a seguir, o procedimento metodológico e os

resultados da pesquisa de campo realizada.

45

3. METODOLOGIA

3.1 Classificação da pesquisa

Esta investigação foi desenvolvida com o apoio na abordagem qualitativa, por meio da

realização de um estudo de caso.

O método qualitativo é utilizado para a obtenção de dados descritivos mediante contato direto

e interativo do pesquisador com a situação objeto de estudo. O pesquisador procura entender o

fenômeno segundo a perspectiva dos participantes da situação estudada (NEVES, 1996).

O caráter descritivo, segundo Gil (2006), tem como propósito levantar as opiniões, atitudes e

crenças de uma população. Busca descrever, interpretar e classificar um dado fenômeno.

3.2 Métodos da pesquisa

De acordo com Fachin (2003, p. 27),

[...] o método é um instrumento de conhecimento que proporciona aos pesquisadores, em qualquer área de sua formação, orientação geral que facilita planejar uma pesquisa, formular hipóteses, coordenar investigações, realizar experiências e interpretar resultados”. O método possibilita ao pesquisador desenvolver um estudo adequadamente.

Para Lakatos e Marconi (2003), o método representa o conjunto das atividades racionais e

sistêmicas que possibilita alcançar com segurança os conhecimentos verdadeiros e válidos.

Permite seguir um procedimento envolvendo passos e rotinas específicas.

Neste trabalho, utilizou-se o método de estudo de caso nos hotéis IBIS de Belo Horizonte e

Betim. Fez parte do método de estudo a pesquisa documental. Foram desenvolvidas pesquisas

nos manuais de treinamento da Hotelaria Accor e nas planilhas com números da rotatividade

de pessoal. Também foram consultados artigos escritos sobre os hotéis IBIS, em revistas e

jornais.

Realizaram-se entrevistas com gestores dos hotéis e da rede no Brasil, bem como o

levantamento, por questionário, envolvendo colaboradores e ex-colaboradores dos hotéis IBIS

Belo Horizonte e Betim.

46

3.3 Escolha do caso e seleção dos participantes

A escolha pelas unidades de Betim e Belo Horizonte deveu-se ao fácil acesso da

pesquisadora. A opção pó centrar a pesquisa na rede IBIS deveu-se ao crescimento da marca

no País. Segundo Roland de Bonadona, presidente da Accor hotels Brasil, em entrevista ao

jornal Gazeta Mercantil (2006, c.3), a rede IBIS fechou o ano de 2005 com 76% de ocupação

e tinha a pretensão audaciosa de terminar o ano de 2006 com mais 13 unidades.

Foram entrevistados os dois gerentes gerais e os dois assistentes de gerência das duas

unidades e a gerente de Recursos Humanos da rede IBIS.

O questionário foi respondido por 39 colaboradores e 37 ex-colaboradores contemplando um

universo de 56 colaboradores e 70 ex-colaboradores.

Todas as pessoas que participaram da pesquisa prontamente se interessaram em contribuir

para o trabalho. A maior dificuldade foi estabelecer contato com alguns ex-colaboradores dos

hotéis IBIS Belo Horizonte e Betim. Alguns mudaram de cidade ou de residência, de modo

que os endereços e telefones já não eram os mesmos, impossibilitando a participação de todos

os ex-colaboradores. Alguns colaboradores também não participaram da pesquisa por estarem

de férias. A intenção inicial era aplicar o questionário a todos os colaboradores e ex-

colaboradores dos hotéis IBIS Betim e Belo Horizonte.

Os colaboradores e ex-colaboradores que responderam ao questionário são de todos os setores

operacionais, a saber: Recepção, Governança, Manutenção, Alimentos e Bebidas,

Administração, Cozinha. É importante ressaltar que nos hotéis IBIS pesquisados, não há

chefes de setores.

47

3.4 Procedimentos para a coleta de dados

A aplicação dos questionários a colaboradores e ex-colaboradores foi realizada de várias

formas: contatos pessoais, telefônicos e via e-mail. Com os gerentes e assistentes de gerência,

as entrevistas foram realizadas pessoalmente. Com a gerente de recursos humanos foi

enviado, por e-mail, o roteiro da entrevista e, na data combinada, foi realizada uma entrevista

por telefone.

Neste trabalho, utilizam-se fontes de dados primária e secundária. Como fontes de dados

primários, destacam-se o questionário aplicado aos colaboradores e ex-colaboradores dos

hotéis IBIS Belo Horizonte e Betim, e as entrevistas realizadas com os gestores dos hotéis e

com a gerente de recursos humanos dos hotéis IBIS no Brasil.

As fontes de dados secundários utilizadas foram relatórios da Accor, publicações internas dos

hotéis IBIS e o site da Accor.

O questionário buscou identificar a opinião dos colaboradores sobre motivação, benefícios,

estabilidade, salários e rotatividade do profissional. As entrevistas com os gestores (gerentes

gerais e assistentes de gerência) tiveram por objetivo captar suas percepções sobre turnover,

estratégias para redução do fenômeno e desafios em gerenciar um hotel econômico. A mesma

entrevista foi realizada com a gerente de recursos humanos do pólo econômico da rede Accor.

O questionário compreendeu, além dos dados de identificação, quatro perguntas abertas e sete

fechadas, utilizando a escala de Likert. Esta escala foi desenvolvida por Rensis Likert, no

início dos anos de 1930. Segundo Martins (2006, p.41):

[...] consiste em um conjunto de itens apresentados em forma de afirmações, ante os quais se pede ao sujeito que externe sua reação, escolhendo um dos cinco ou sete pontos de uma escala. A cada ponto associa-se um valor numérico. O sujeito obtém uma pontuação para cada item, e o somatório desses valores (pontos) indicará sua atitude favorável ou desfavorável, em relação ao objeto ou representação simbólica que está sendo medida.

O questionário aplicado aos colaboradores dos hotéis IBIS de Belo Horizonte e Betim está

apresentado no apêndice A. O apêndice B contém o questionário aplicado aos ex-

colaboradores dos hotéis IBIS. O apêndice C apresenta o guia de entrevista trabalhado com os

gestores dos hotéis e com a gerente de Recursos Humanos.

48

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 Caracterização da empresa

As atividades da Accor Hotels no Brasil iniciaram-se em 1977, quando o primeiro hotel foi

aberto, em São Paulo. Este empreendimento marcou a introdução da primeira rede

internacional de categoria superior no País. Antes do final da década, a empresa já havia

inaugurado outros três hotéis da marca Novotel.

Porém, foi na década de 1990, a partir da estabilização da economia, que a Accor acelerou seu

desenvolvimento no País. Nesta época, foram introduzidas as marcas IBIS, de categoria

econômica, e Mercure, de padrão superior (Diretoria de RH, documento interno, 2005).

A rede IBIS está presente em endereços próximos a aeroportos ou centros comerciais das

principais cidades brasileiras. Sua marca é encontrada em 36 países, identificando mais de

650 hotéis pelo mundo. Seus hotéis fazem parte da Accor Hotels, empresa francesa com sede

no Brasil na cidade de São Paulo. Em 2007, a Accor tornou-se a maior empresa hoteleira do

mundo, com aproximadamente 4 mil hotéis (ACCOR HOTELS, 2007).

O hotel IBIS caracteriza-se, em todo o mundo, por apresentar padronização em todos os

serviços. A qualidade homogênea dos serviços para todos os clientes é garantida por meio da

certificação ISO 9002. Para tanto, os colaboradores são constantemente treinados para

desempenhar as tarefas seguindo o padrão de qualidade estabelecido pela marca e para serem

capazes de desenvolver uma das características do profissional IBIS: a capacidade de realizar

tarefas diversas, possibilitando que o atendimento ao cliente seja realizado pelo atendente de

hospedagem ou pelo próprio gerente do empreendimento. Todos os membros da equipe são

treinados para auxiliar os outros setores em caso de necessidade.

Nos hotéis IBIS de todo o Brasil, o funcionário recebe, além dos benefícios legais, os

seguintes benefícios espontâneos: seguro de vida, vale-transporte, refeição no hotel (para

hotéis IBIS com restaurante) ou vale-refeição (para hotéis IBIS sem restaurante), convênio

médico, assistência odontológica, reembolso farmácia (todos os colaboradores e dependentes

são reembolsados em 50% dos medicamentos, mediante receita médica) e uniforme. A

empresa também oferece programas de reconhecimento, como participação nos resultados,

49

plano de previdência privada, em que a empresa contribui com um valor e prêmio para o

melhor funcionário do quadrimestre e, entre os escolhidos, o melhor do ano. Dentre os

eventos sociais oferecidos, destacam-se a festa dos aniversariantes do mês, a festa junina e a

festa de final de ano.

Na rede Accor, o salário é alinhado com o mercado no qual o hotel está situado e com base

nos hotéis da cidade de mesma categoria. O profissional recebe de acordo com o setor em que

trabalha, não havendo diferenciação de salário entre um atendente de hospedagem que

trabalha há um ano e o que foi admitido no hotel há quatro meses. Atualmente, o

departamento de Recursos Humanos está desenvolvendo uma tabela com três faixas salariais,

que serão concedidas ao colaborador de acordo com sua experiência e contribuições

diferenciadas para a empresa (Diretoria de Recursos Humanos, documento interno, 2007).

Em qualquer hotel IBIS, o hóspede irá encontrar o acolhimento personalizado durante 24

horas por dia, alimentação, por meio do bar “Menu Express” e/ou do restaurante, café da

manhã, hospedagem padrão e estacionamento. Nas unidades de Belo Horizonte e Betim, todas

estas características estão presentes.

Os hotéis IBIS de Belo Horizonte e Betim são de categoria econômica, inaugurados em

fevereiro de 2003 e outubro de 2003, respectivamente.

O hotel IBIS de Belo Horizonte está localizado na Avenida João Pinheiro, 602, perto da praça

da Liberdade. O de Betim situa-se na Rodovia Br 381, KM 424,3. Possuem 30 e 32

colaboradores, somando gestores, trainees e estagiários (dados de abril de 2007) para atender

130 e 168 apartamentos, respectivamente. Ambos os empreendimentos possuem recepção e

bar 24 horas, salas de eventos, equipe polivalente, ou seja, treinada para desempenhar várias

funções. Os serviços de lavanderia, estacionamento e segurança são terceirizados a cargo de

empresas especializadas.

4.2 A gestão de pessoas e o turnover nos hotéis IBIS do Brasil

A preocupação com o recrutamento, a seleção e o desenvolvimento de treinamentos é

observada em todo o grupo Accor.

50

De acordo com Ferreira e Brasil (2002), todos os colaboradores precisam estar atentos a tudo

e disponíveis. Existe uma cultura na Accor em que todos sabem tudo, sem perderem o foco no

serviço para o qual foram contratados.

Há investimento permanente na formação, educação e aperfeiçoamento dos colaboradores.

Pode-se exemplificar por meio da Academie Accor, que desenvolve programas destinados à

formação das equipes, os treinamentos podem ser aplicados por multiplicadores internos ou

externos. O multiplicador recebe um kit completo, com dinâmica, materiais para apresentação

e registros de aplicação. A Academie desenvolve ainda cursos on-line.

A Academie Accor é uma ferramenta de eficiência empresarial, possibilitando desenvolver homens e mulheres no que tange não somente a natureza profissional, mas também, o crescimento pessoal com o alargamento das visões e das fronteiras. Atuando para obter uma maior capacidade em resolver problemas complexos, tomar decisões rápidas e precisas e impulsionar o desenvolvimento e progresso das empresas do grupo, a Academie Accor interfere positivamente na excelência, no crescimento, na cultura interna e na imagem da Accor no Brasil (SEHN, 2005, p..55).

Além da Academie Accor, que apóia todo o grupo Accor no Brasil, nos hotéis IBIS existe um

departamento de Recursos Humanos, responsável pelo desenvolvimento de treinamentos,

processos de seleção e recrutamento. Os manuais, disponibilizados para todos os gestores,

contêm as orientações gerais, de modo a facilitar e orientar o profissional que for indicado

para passar o treinamento ao novo colaborador.

O processo de recrutamento e seleção é bem definido, com regras claras e padronizado para

todos os hotéis IBIS no Brasil (Fig 1).

51

Figura 1 - Etapas do processo de recrutamento e seleção nos hotéis IBIS Fonte: Departamento de Recursos Humanos dos Hotéis IBIS (2006)

No momento em que é contratado o colaborador deve participar de um treinamento: O

Programa de Integração Continuada (PIC), citado na Figura 1. Define-se um colaborador do

hotel para acompanhar, integrar e apoiar o novo colaborador em seu primeiro momento na

empresa. Ele aprende sobre todo o grupo Accor, a organização administrativa e funcional da

empresa, seu futuro na organização, seus direitos e deveres enquanto colaborador e os planos

de benefícios. Além do Programa de Integração Continuada, existem treinamentos definidos

com prazos que o colaborador precisa fazer para aprender os procedimentos e processos para

o cargo que foi contratado.

No ano de 2006, o hotel IBIS de Belo Horizonte apresentou rotatividade de pessoal de 26,8%

e o de Betim de 36,4%, considerando-se os colaboradores fixos. A meta para a marca IBIS no

Brasil era de 25% de turnover no mesmo ano.

Divulgaçãopara

recrutamento

Banco deDados

Currículo seleciona-

do?

Sim

Realização da

Entrevista

AdmissãoGestão de clima organizacional

Não

Candidatoaprovado

?

Sim

Não

Programa de integração

Surgimento de vagas

Identificação doperfil exigidopara o cargo.

Triagem inicial

Realização da dinâmica de

grupo

Candidato seleciona-

do?

Sim

Aplicação de prova situacional

e redação

Cargo requer

conhecimento técnico?

Sim

Aplicação de teste de conhecimentos

técnicos

Não

Divulgaçãopara

recrutamento

Banco deDados

Currículo seleciona-

do?

Sim

Realização da

Entrevista

AdmissãoGestão de clima organizacional

Não

Candidatoaprovado

?

Sim

Não

Programa de integração

Surgimento de vagas

Identificação doperfil exigidopara o cargo.

Triagem inicial

Realização da dinâmica de

grupo

Candidato seleciona-

do?

Sim

Aplicação de prova situacional

e redação

Cargo requer

conhecimento técnico?

Sim

Aplicação de teste de conhecimentos

técnicos

Não

52

Atualmente, os hotéis IBIS enfrentam considerável rotatividade de profissionais, conforme

mostra Tabela 1.

Tabela 1 – Percentuais de turnover acumulado nos hotéis IBIS Brasil - 2006

ROTATIVIDADE Regionais %

Curitiba C. Cívico 36,10 Congonhas 27,20 Florianópolis 126,60 Fortaleza 19,10 Guarulhos 47,10 Indaiatuba 33,60 Maceió 22,20 Manaus 28,50 Paulínia 16,90 Piracicaba 59,90 P. Dunas 0,00 Ribeirão Preto 51,20 São Carlos 21,40 S.J. Campos Dutra 23,40 Curitiba Aeroporto 23,40 S.J.R. Preto 29,20 Sorocaba 30,30 SP. Expo 31,50 Vitória 42,70 Belo Horizonte 26,80 Teresina 52,00 Blumenau 0,00 Caxias do Sul 67,90 Betim 36,40 Curitiba Batel 40,90 Salvador 43,90 Paulista 23,30 Campinas 33,10 Santo André 56,10 Maringá 15,50 Aracajú 21,30 Interlagos 50,30 Macaé 45,50 Taubaté 84,80 SJ Campos Colinas 21,90 Tambore 51,20 Campo Grande 13,20 Média IBIS 39,80

Fonte: departamento de recursos humanos da hotelaria Accor (2006).

53

4.3 O turnover nos hotéis IBIS de Belo Horizonte e Betim: a percepção da gerência

Esta seção baseia-se nas entrevistas com os gerentes e assistentes dos hotéis IBIS de Belo

Horizonte e Betim.

Cabe ressaltar que o tempo de empresa dos gerentes gerais dos hotéis IBIS de Belo Horizonte

e Betim é de 11anos e 6 anos, respectivamente, contra 5 anos e 1 ano dos assistentes.

4.3.1 Desafios do gerenciamento de um hotel econômico

Os principais desafios para gerenciar um hotel econômico são: atingir os objetivos financeiros

(reduzir custos e manter a taxa de ocupação média mensal em 75%); manter os índices

qualitativos (investir no treinamento dos funcionários, seguir o padrão de atendimento e

qualidade dos hotéis); e manter a equipe motivada em meio ao grande volume de trabalho,

sem perder a qualidade do serviço prestado ao hóspede.

4.3.2 Turnover nos hotéis IBIS

Os gestores dos hotéis estudados consideram que a taxa de turnover se deve, sobretudo, a

pedidos de transferência para outras unidades ou a pedidos de demissão pelos próprios

colaboradores. É o caso do colaborador que não consegue crescer na empresa, ou seja,

assumir um melhor cargo em geral, com três anos de casa. É o caso também do profissional

que não se adapta ao hotel, à maneira de trabalhar, à polivalência, vindo em poucos meses a

desligar-se da empresa.

Para os gestores, “a Accor, para demitir, é um sacrifício. O colaborador precisa estar fora do

perfil, fazendo as tarefas erradas. A gente dá sempre oportunidade de reabilitação”. A

demissão só ocorre se o colaborador faltar com comprometimento e motivação. Por exemplo,

um colaborador que não respeita o gerente e folga quando deseja ou outro colaborador que foi

pego bebendo na hora do trabalho, demonstrando má postura profissional.

A rotatividade de pessoal não é estratégia da Accor. Só pode ser considerada positivo quando

se pretende renovar a equipe, pois são investidos muito tempo e dinheiro na formação dos

54

profissionais: “O atendimento compõe o serviço. Imagina todo mês ter um funcionário da

recepção novo. Isso não cria a familiaridade com o hóspede e um vínculo forte”.

4.3.3 Motivos que levam ao turnover

Para os gestores, o turnover é, em grande parte, motivado pela carga de trabalho imposta ao

colaborador IBIS, que é muito pesada, além do fato de serem selecionadas pessoas jovens

para trabalhar no hotel, ou seja, profissionais que têm grande disposição, mas pouca

maturidade. Estas saem do hotel facilmente se o mercado oferece outro emprego.

Os gestores foram unânimes em responder que não existe um motivo único para as altas taxas

de turnover na hotelaria econômica. Por exemplo, durante o período de experiência o

colaborador deveria ser mais bem treinado, o que, muitas vezes, não acontece em decorrência

das outras muitas atribuições dos gestores. E, ainda, a rápida ascensão prometida na empresa,

para se conseguir melhor comprometimento da equipe, não é conquistada por todos os

membros. Então aqueles que não são promovidos ficam desmotivados e saem. Também, pelo

fato de haver poucos níveis hierárquicos, as tarefas são compartilhadas entre a equipe, e há

colaboradores que acumulam outras funções (responsável pelo projeto Ecologia, responsável

pelo Programa do Cartão de Fidelidade da Empresa), mas não recebem um salário

diferenciado. Somado a estes fatores, o salário, apesar de estar na faixa de mercado, não é

considerado justo, de modo que o profissional sente-se pouco valorizado e tende a deixar a

empresa. As oportunidades melhores no mercado de trabalho, muitas vezes, em outros setores

da economia, também levam aos desligamentos. Pode ainda ser citada a não identificação com

a marca IBIS (filosofia, ritmo de trabalho).

4.3.4 Medidas para reduzir o turnover

Os gestores apontam que, dentre as medidas tomadas para reduzir o turnover, estão: o

desenvolvimento de treinamentos sobre como recrutar e selecionar, o programa de integração

que é desenvolvido com o novo colaborador, de modo que o mesmo possa familiarizar-se com

o hotel. Também os benefícios oferecidos pela empresa, como plano de saúde, participação

nos resultados e cesta básica, são maneiras de reter o profissional.

55

Responderam ainda que dar atenção especial aos novos colaboradores em seus primeiros

meses de empresa reduz o turnover e explicaram que, atualmente, nas entrevistas de seleção é

apresentado o serviço, a pressão: “Às vezes, a gente até aterroriza, para que o profissional não

encontre surpresas”. Há ainda, a preocupação em proporcionar um bom ambiente de trabalho

ao colaborador. Pode-se pensar em melhores salários e menor acúmulo de funções. Investir

mais na possibilidade de crescimento do colaborador em outra marca da rede também

contribui para que o colaborador que não for promovido no IBIS possa ser promovido em

outra marca da Accor. Os gestores entendem ainda que é muito difícil prevenir o turnover e

completam “A gente pode tentar 1001 alternativas e não satisfazer o profissional”.

4.4 O turnover dos hotéis IBIS de Belo Horizonte e Betim: a percepção da área de Recursos

Humanos da rede IBIS

Este item foi elaborado a partir da entrevista com a gerente de Recursos Humanos da rede

IBIS, já há sete anos no cargo.

4.4.1 Desafios do gerenciamento de um hotel econômico na área de Recursos Humanos

Os principais desafios da gerência de Recursos Humanos da rede são:

• Zelar para que os valores da marca sejam seguidos e vivenciados pelos gestores e

colaboradores nas ações diárias e nos programas implantados pelos recursos humanos;

• Assegurar que os gestores selecionem os colaboradores de acordo com as orientações

da rede, para evitar o turnover por um problema na contratação;

• Implantar o projeto Atores na rede IBIS, que visa ao desenvolvimento da

multicompetência da equipe;

• Assegurar que o plano de formação da Accor Hotels seja realizado (currículo básico de

cursos para gestores e colaboradores);

• Apoiar os gestores na manutenção do bom clima de trabalho e acompanhar as

unidades, cujo resultado da pesquisa de clima tenha sido inferior a 78%;

• Acompanhar o turnover das unidades e analisar os resultados;

• Manter um banco de talentos para as posições de gerente e assistente em face do

crescimento da rede;

56

• Zelar para que as ações do departamento de Recursos Humanos sejam cumpridas

(política de benefícios, avaliação de desempenho, comunicação interna); e

• Dar assistência ao recrutamento e formação nos hotéis em fase de pré- abertura.

4.4.2 Turnover nos hotéis IBIS

A empresa realiza o desligamento se for por falta de desempenho ou comprometimento, pois

todo o processo de contratação e formação é custoso e não é desejo da empresa que o

investimento feito seja perdido pelo desligamento. O turnover é encarado como negativo e

somente quando se trata de renovar a equipe pode ser pensado como algo positivo.

A meta definida em 2006 foi de 25% de turnover acumulado para cada unidade, considerada

difícil para alguns gestores. Para 2007, a meta é de reduzir o resultado de 2006 de cada

unidade em 5%. Um turnover em torno de 30 a 35% não é considerado tão elevado,

analisando-se a atividade e o perfil dos colaboradores. Mas, em virtude do investimento em

formação das equipes, o ideal seria entre no máximo entre 25 e 30%.

O resultado do turnover médio da rede em 2006 de 39% foi considerado elevado, explicado,

sobretudo, pela mudança de gestores e por unidades estabelecidas em cidades com dificuldade

de recrutamento e seleção de profissionais, o que contribui para agravar o turnover.

4.4.3 Motivos que levam ao turnover

A gestora aponta que o turnover é um fenômeno importante de ser acompanhado, pois, se

evolui, consome muita energia dos gestores e colaboradores, além de prejudicar o futuro da

organização. Segundo ela, existem alguns fatores que justificam as altas taxas de turnover,

entre eles: a não identificação com a hotelaria, com trabalho nos finais de semana, e a busca

de melhores salários em outras áreas (mudança para hotéis de outra categoria, em busca de

melhores salários e oportunidade de crescimento). Os colaboradores não deixam a rede IBIS

para trabalhar em outra rede de hotel econômico, pois têm a melhor relação salário versus

benefícios versus ambiente interno e oportunidade de crescimento do setor.

57

4.4.4 Medidas tomadas para reduzir o turnover

Para reduzir a rotatividade de pessoal, estão sendo tomadas várias medidas como: atualização

dos treinamentos para a formação de equipes; disponibilização do Programa de Integração

Continuada para novos colaboradores on-line, via intranet, facilitando o treinamento de todos;

investimento em treinamento para melhorar o desempenho dos gestores ao selecionarem as

equipes; investimento nas ações de comunicação interna e no reconhecimento das melhores

equipes; e elaboração pelo departamento de Recursos Humanos de uma nova política salarial,

em que os colaboradores receberão salários diferentes em virtude das habilidades e

competências já desenvolvidas nas unidades hoteleiras que trabalham.

O recrutamento de equipes diversificadas, com profissionais universitários e pessoas mais

maduras, com vida familiar estável, e a não exigência de disponibilidade (o colaborador pode

trabalhar apenas em sua cidade) são alternativas para a redução do turnover.

4.5 A percepção dos colaboradores

A seguir, serão apresentados os resultados dos questionários respondidos pelos colaboradores.

Foi utilizada a escala de Likert com sete pontos, em que as alternativas de resposta indicam o

quanto se está de acordo com a afirmação correspondente.

4.5.1 Características da amostra

A Tabela 2 apresenta os resultados do percentual de homens e mulheres que participaram da

pesquisa.

Tabela 2 – Composição da amostra de colaboradores que participaram da pesquisa, por

gênero

Descrição Frequência

Abs %

Masculino 12 30,80

Feminino 27 69,20

Total de colaboradores 39 100

Fonte: Dados da pesquisa

58

A Tabela 3 apresenta a distribuição etária dos participantes, apontando uma grande

concentração na faixa de 21 a 30 anos.

Tabela 3 – Composição da amostra de colaboradores, por faixa etária

Descrição Freqüência

Abs %

18 a 20 anos 3 7,70

21 a 25 anos 14 35,90

26 a 30 anos 17 43,60

31 a 35 anos 1 2,60

36 a 40 anos 3 7,70

41 e mais anos 1 2,60

Total de colaboradores 39 100

Fonte: Dados da pesquisa

Observa-se que somente um colaborador tem mais de 40 anos.

A Tabela 4 apresenta o nível de escolaridade dos colaboradores.

Tabela 4 – Composição da amostra dos colaboradores por escolaridade

Descrição Freqüência

Abs %

Ensino fundamental 2 5,30

Ensino médio 22 57,90

Ensino superior 12 31,60

Outros 2 5,30

Total de colaboradores 38 100

Fonte: Dados da pesquisa

Dos colaboradores que participaram da pesquisa 94,8% estudaram pelo menos até o fim do

ensino médio.

A Tabela 5 apresenta o tempo de trabalho nos hotéis IBIS dos participantes da pesquisa.

59

Tabela 5 – Tempo que os colaboradores trabalham no hotel

Descrição Freqüência

Abs %

Menos de seis meses 6 25,60

1 a 3 anos 23 59,00

4 a 6 anos 10 15,40

Total de Colaboradores 39 100

Fonte: Dados da pesquisa

Os resultados revelam que somente 10 colaboradores (15,4%) trabalham nos hotéis desde sua

abertura (ano de 2003). A grande maioria dos participantes tem entre 1 e 3 anos de casa.

4.5.2 Satisfação e motivação em trabalhar no hotel

Os participantes avaliaram a seguinte afirmação: “Estou satisfeito e motivado em trabalhar no

IBIS”. A Tabela 6 apresenta os resultados.

Tabela 6 - Satisfação e motivação dos colaboradores

Descrição Freqüência

Abs %

Discordo totalmente 1 2,60

Discordo muito 1 2,60

Discordo moderadamente 1 2,60

Nem concordo nem discordo 3 7,70

Concordo moderadamente 12 30,80

Concordo muito 10 25,60

Concordo totalmente 11 28,20

Total de colaboradores 39 100

Fonte: Dados da pesquisa

Esta questão foi respondida em 100% por cento dos questionários sendo que 84,6% dos

colaboradores declararam-se satisfeitos em trabalhar no hotel.

60

4.5.3 Equilíbrio entre a vida pessoal e a vida profissional

Buscou-se investigar o equilíbrio entre vida pessoal e vida profissional dos colaboradores do

IBIS.

Foi afirmado: “A empresa permite que eu tenha equilíbrio entre minha vida pessoal e a minha

vida profissional”. Os resultados estão apresentados na Tabela 7.

Tabela 7 – Equilíbrio entre vida pessoal e a vida profissional dos colaboradores

Descrição Freqüência

Abs %

Discordo totalmente 2 5,10

Discordo muito 3 7,70

Discordo moderadamente 4 10,30

Nem concordo nem discordo 3 7,70

Concordo moderadamente 10 25,60

Concordo muito 7 17,90

Concordo totalmente 10 25,60

Total de colaboradores 39 100

Fonte: Dados da pesquisa

Dos colaboradores, 69,1% concordam, em grau maior ou menor, que conseguem equilíbrio

entre vida pessoal e a vida profissional.

A análise das respostas mostrou que 12,8% dos colaboradores dos hotéis discordam muito ou

totalmente com relação ao fato de a empresa possibilitar equilíbrio entre vida pessoal e

profissional.

61

4.5.4 Tarefas desempenhadas e chances de crescimento profissional

Os colaboradores avaliaram a afirmação: “As tarefas que desempenho me permitem

desenvolver minhas habilidades e me dão chances de crescer profissionalmente”.

Tabela 8 – Tarefas desempenhadas e chances de crescimento profissional dos

colaboradores

Descrição Freqüência

Abs. %

Discordo totalmente 0 0,00

Discordo muito 0 0,00

Discordo moderadamente 0 0,00

Nem concordo nem discordo 5 12,80

Concordo moderadamente 6 15,40

Concordo muito 13 33,30

Concordo totalmente 15 38,50

Total de colaboradores 39 100

Fonte: Dados da pesquisa

71,8% dos colaboradores participantes concordam em grau “muito” e “totalmente” que nos

hotéis é possível desenvolver habilidades que serão importantes para o crescimento

profissional.

Nesse sentido, pode-se afirmar que os colaboradores que trabalham atualmente nos hotéis

pesquisados acreditam que a empresa oferece condições para o profissional desenvolver

habilidades e, conseqüentemente, crescer profissionalmente. Nenhum dos colaboradores

participantes discorda dessa afirmação.

4.5.5 Benefícios oferecidos pelo hotel

Foi feita a afirmativa aos colaboradores: “Os benefícios que o hotel me oferece são

fundamentais para eu continuar trabalhando na empresa”. Os resultados de sua avaliação são

apresentados na Tabela 9.

62

Tabela 9 – Benefícios oferecidos pelo hotel para os colaboradores

Descrição Freqüência

Abs %

Discordo totalmente 1 2,60

Discordo Muito 1 2,60

Discordo Moderadamente 1 2,60

Nem concordo Nem discordo 1 2,60

Concordo Moderadamente 8 20,50

Concordo Muito 9 23,10

Concordo totalmente 18 46,20

Total de colaboradores 39 100

Fonte: Dados da pesquisa

Dos profissionais participantes da pesquisa que trabalham nos hotéis, 69,3% concordam em

grau “muito” e “totalmente” que a empresa oferece benefícios capazes de mantê-los.

4.5.6 Salário como motivador para se continuar na empresa

Nesta questão, procurou-se identificar a importância do salário para a motivação do

colaborador.

Os colaboradores avaliaram a afirmação: “Meu salário me motiva a continuar na empresa”.

63

Tabela 10 – Salário como motivador para manutenção dos colaboradores

Descrição Freqüência

Abs %

Discordo totalmente 2 5,3

Discordo Muito 2 5,3

Discordo Moderadamente 4 10,5

Nem concordo Nem discordo 4 10,5

Concordo Moderadamente 11 28,9

Concordo Muito 9 23,7

Concordo totalmente 6 15,8

Total de colaboradores 38 100

Fonte: Dados da pesquisa

Apenas 39,5% dos participantes concordam muito ou totalmente com essa afirmação,

enquanto 21,1% discordam dela.

Assim, os benefícios, mais que os salários, foram apontados como motivadores para a

permanência na empresa.

4.5.7 Estabilidade

A afirmação seguinte apresentada aos colaboradores foi: “no IBIS eu tenho estabilidade”.

Tabela 11 – Estabilidade no hotel IBIS

Descrição Freqüência

Abs %

Discordo totalmente 0 0,00

Discordo Muito 0 0,00

Discordo Moderadamente 2 5,10

Nem concordo Nem discordo 3 7,70

Concordo Moderadamente 8 20,50

Concordo Muito 13 33,30

Concordo totalmente 13 33,30

Total de colaboradores 39 100

Fonte: Dados da pesquisa

64

66,6% dos colaboradores concordam em grau “muito” e “totalmente” que o hotel IBIS dá

estabilidade a seus profissionais. Este item foi respondido por 100% dos indivíduos.

Nenhum colaborador discorda em grau “muito” ou “totalmente” que o hotel proporcione

estabilidade.

4.5.8 A segurança relacionada à competência

A Tabela 12 apresenta a percepção dos colaboradores com relação à segurança de

permanência no emprego caso trabalhem com competência.

Os colaboradores avaliaram a seguinte afirmação: “Sei que não serei demitido desenvolvendo

um bom trabalho”.

Tabela 12 – Realização de um bom trabalho como garantia do emprego

Descrição Freqüência

Abs %

Discordo totalmente 0 0,00

Discordo Muito 0 0,00

Discordo Moderadamente 0 0,00

Nem concordo Nem discordo 3 7,70

Concordo Moderadamente 5 12,80

Concordo Muito 7 17,90

Concordo totalmente 24 61,50

Total de colaboradores 39 100

Fonte: Dados da pesquisa

Concordam em grau “muito” e “totalmente” com a afirmação 79,4% dos colaboradores.

Ninguém discorda da afirmação. Os índices mostram o elevado grau de confiança dos

colaboradores na empresa.

65

4.5.9 Motivos para trabalhar no hotel

Optou-se por formular esta questão aberta, de forma que os respondentes colocassem

livremente os motivos que consideram ser principais para trabalhar no hotel.

As respostas foram agrupadas nas seguintes categorias:

• Oportunidade de enriquecimento do trabalho: 15 citações;

• Imagem da empresa: 14 citações;

• Salário e benefícios: 10 citações;

• Adquirir conhecimento na área: 9 citações;

• Possibilidade de crescimento profissional: 9 citações;

• Estabilidade: 5 citações;

• Autonomia na função exercida: 3 citações; e

• Proximidade do hotel: 2 citações.

A oportunidade de enriquecimento do trabalho é o principal motivo que leva os profissionais

a trabalharem no hotel IBIS; em seguida, vem a imagem da empresa, ou seja, a marca Accor,

com um lugar seguro, inspira os candidatos a buscar uma oportunidade de emprego. Salário e

os benefícios oferecidos pela empresa vêm em terceiros lugar.

4.5.10 Motivos para deixar o hotel

A questão foi desenvolvida de forma aberta, para que colaboradores pudessem expressar suas

opiniões sobre os motivos que os levariam a deixar o hotel.

As respostas foram distribuídas nas categorias, a seguir:

• Salário e benefícios: 10 citações;

• Clima de trabalho: 10 citações;

• Perda de motivação e satisfação: 7 citações;

• Falta de perspectiva de crescimento profissional: 6 citações;

• Sobrecarga de trabalho: 5 citações;

• Falta de reconhecimento pelo esforço e dedicação: 4 citações;

66

• Troca constante de profissionais (turnover): 2 citações; e

• Incompatibilidade vida profissional/pessoal: 2 citações.

Salário e benefícios insuficientes e clima de trabalho ruim seriam os principais responsáveis

pela decisão dos colaboradores de saírem do hotel.

4.5.11 Influência das oportunidades externas para deixar o hotel

A questão sobre as oportunidades externas que fariam os colaboradores deixarem o hotel foi

formulada de forma aberta.

As respostas recebidas foram agrupadas nas seguintes categorias:

• Proposta de emprego com salário e benefícios melhores: 18 citações;

• Oportunidade de crescimento profissional: 13 citações;

• Proposta com carga horária menor de trabalho: 5 citações;

• Proposta com melhor compatibilidade pessoal/profissional: 4 citações; e

• Não se aplica (não deixou/deixaria a empresa por oportunidade externa): 4 citações.

Também nesta questão, “melhores salários e benefícios” atraem o colaborador, e seria este o

principal fator que o levaria a aceitar outras oportunidades de emprego. Em segundo lugar,

deixaria o hotel se conseguisse um emprego com maiores chances de crescimento

profissional.

4.5.12 Motivos para os colegas de trabalho terem deixado o hotel

A questão abordou, na opinião dos colaboradores, por que os colegas de trabalho deixam o

hotel. O motivo de envolver colegas de trabalho decorre da maior facilidade do ser humano

em falar clara e abertamente sobre outra pessoa, de maneira a explicitar as reais causas de um

comportamento.

Muitos colaboradores poderiam ter respondido de forma superficial, com medo de represálias,

quando falando de si mesmos.

67

As respostas foram classificadas nas seguintes categorias:

• Sobrecarga de trabalho: 23 citações;

• Salário e benefícios: 12 citações;

• Perda de motivação e satisfação: 8 citações;

• Incompatibilidade pessoal/profissional: 5 citações;

• Mudança de área (hotelaria): 2 citações;

• Clima de trabalho: 1 citação; e

• Falta de oportunidade de crescimento profissional: 1 citação.

Sobrecarga de trabalho é o principal motivo citado para que os colegas de trabalho tenham

deixado a empresa, revelando que as funções e tarefas no hotel IBIS precisam ser revistas. Em

seguida, foi citado o item “salário e benefícios” e em terceiro lugar, “perda de motivação e

satisfação”. Como previsto, a forma como foi colocada esta questão permitiu que os

colaboradores se expressassem com mais franqueza, o que deixou aflorar a importância da

sobrecarga de trabalho.

4.6 Percepção dos ex-colaboradores

Os resultados dos questionários respondidos pelos ex-colaboradores são apresentados a

seguir. Foi utilizada a escala de Likert com sete pontos.

4.6.1 Características da amostra

A Tabela 13 apresenta os resultados do percentual de homens e mulheres que participaram da

pesquisa, apontando a maioria de ex-colaboradora.

Tabela 13 – Composição da amostra dos ex-colaboradores que participaram da

pesquisa, por gênero

Descrição Freqüência

Abs %

Masculino 14 37,80

Feminino 23 62,20

Total de Ex Colaboradores 37 100

Fonte: Dados da pesquisa

68

A Tabela 14 apresenta a distribuição etária dos participantes, apontando uma grande

concentração na faixa etária de 21 a 30 anos.

Tabela 14 – Composição da amostra dos ex-colaboradores, por faixa etária

Descrição Freqüência

Abs %

18 a 20 anos 0 0,00

21 a 25 anos 13 35,10

26 a 30 anos 18 48,60

31 a 35 anos 5 13,50

36 a 40 anos 0 0,00

41 e mais anos 1 2,70

Total de Ex Colaboradores 37 100

Fonte: Dados da pesquisa

Somente 1 ex-colaborador tinha mais de 40 anos.

A Tabela 15 apresenta o nível de escolaridade dos ex-colaboradores.

Tabela 15 – Composição da amostra dos ex-colaboradores, por escolaridade

Descrição Freqüência

Abs %

Ensino fundamental 1 2,70

Ensino médio 14 37,80

Ensino superior 15 40,50

Outros 7 18,90

Total de ex colaboradores 37 100

Fonte: Dados da pesquisa

Dos ex-colaboradores que participaram da pesquisa 40,5% estudaram até o ensino superior e

18,9% tinham estudo acima do ensino superior.

A Tabela 16 apresenta o tempo de trabalho nos hotéis IBIS dos ex-colaboradores que

participaram da pesquisa.

69

Tabela 16 – Tempo que os ex-colaboradores trabalharam no hotel

Descrição Freqüência

Abs %

Menos de seis meses 10 27,00

De 1 a 3 anos 27 73,00

4 a 6 anos 0 0,00

Total de ex colaboradores 37 100

Fonte: Dados da pesquisa

Os resultados apontam que 27% dos profissionais saíram do hotel antes de estarem seis meses

na empresa, enquanto 73% deixaram o hotel antes de 3 anos.

4.6.2 Satisfação e motivação em trabalhar no hotel

Os ex-colaboradores avaliaram a seguinte afirmação: “Durante o tempo em que trabalhei no

hotel, eu era satisfeito e motivado”. Os resultados são apresentados na Tabela 17.

Tabela 17 – Satisfação e motivação dos ex-colaboradores

Descrição Freqüência

Abs %

Discordo totalmente 0 0,0

Discordo muito 1 2,70

Discordo moderadamente 7 18,90

Nem concordo nem discordo 4 10,80

Concordo moderadamente 11 29,70

Concordo muito 8 21,60

Concordo totalmente 6 16,20

Total de ex colaboradores 37 100

Fonte: Dados da pesquisa

Esta questão foi respondida em 100% dos questionários, sendo que 67,5% dos ex-

colaboradores declaram-se, ao menos moderadamente, satisfeitos em trabalhar no hotel.

70

Os atuais colaboradores são mais satisfeitos e motivados, conforme tabela 6.

4.6.3 Equilíbrio entre a vida pessoal e a vida profissional

Foi afirmado para os ex-colaboradores: “A empresa permitia que eu tivesse equilíbrio entre

minha vida pessoal e minha vida profissional”. Os resultados estão apresentados na tabela 18.

Tabela 18 – Equilíbrio entre vida pessoal e a vida profissional dos ex-colaboradores

Descrição Freqüência

Abs %

Discordo totalmente 5 13,50

Discordo muito 4 10,80

Discordo moderadamente 5 13,50

Nem concordo nem discordo 3 8,10

Concordo moderadamente 10 27,00

Concordo muito 3 8,10

Concordo totalmente 7 18,90

Total de ex colaboradores 37 100

Fonte: Dados da pesquisa

Dos ex-colaboradores, 54% concordam, em maior ou menor grau, que conseguiam equilíbrio

entre vida pessoal e vida profissional.

No entanto, a análise das respostas mostra que 24,3% dos ex-colaboradores discordam

“muito” e “totalmente” com relação ao fato de a empresa possibilitar equilíbrio entre vida

pessoal e a vida profissional.

Os dados obtidos nesta questão, conforme tabela 7, revelam que os atuais colaboradores

conseguem equilibrar em maior grau a vida pessoal e profissional.

71

4.6.4 Tarefas desempenhadas e chances de crescimento profissional

Os ex-colaboradores avaliaram a afirmação: “As tarefas que desempenhava me permitiam

desenvolver minhas habilidades e me davam chances de crescer profissionalmente”.

Tabela 19 – Tarefas desempenhadas e chances de crescimento profissional dos ex-

colaboradores

Descrição Freqüência

Abs %

Discordo totalmente 2 5,40

Discordo muito 3 8,10

Discordo moderadamente 4 10,80

Nem concordo nem discordo 4 10,80

Concordo moderadamente 9 24,30

Concordo muito 4 10,80

Concordo totalmente 11 29,70

Total de ex colaboradores 37 100

Fonte: Dados da pesquisa

Dos ex-colaboradores participantes, 40,5% concordam em graus “muito” ou “totalmente” que

durante o tempo em que trabalharam no hotel desenvolveram habilidades e puderam crescer

profissionalmente, enquanto 24.3% discordam em algum grau.

No entanto, os atuais colaboradores, de acordo com a tabela 8, acreditam em maior grau que

têm chances de crescer profissionalmente na empresa.

4.6.5 Benefícios oferecidos pelo hotel

Foi feita a seguinte afirmativa para os ex-colaboradores: “Os benefícios que o hotel me

oferecia eram fundamentais para eu continuar trabalhando na empresa”.

72

Tabela 20 – Benefícios oferecidos pelo hotel para os ex-colaboradores

Descrição Freqüência

Abs %

Discordo totalmente 2 5,40

Discordo muito 1 2,70

Discordo moderadamente 9 24,30

Nem concordo nem discordo 3 8,10

Concordo moderadamente 8 21,60

Concordo muito 6 16,20

Concordo totalmente 8 21,60

Total de ex colaboradores 37 100

Fonte: Dados da pesquisa

37,8% dos ex-colaboradores participantes da pesquisa concordam em grau “muito” e

“totalmente” que a empresa oferecia benefícios fundamentais para mantê-los, enquanto

apenas 8,1% dos ex-colaboradores participantes discordam em grau “totalmente” e “muito”

que os benefícios oferecidos pelos hotéis eram fundamentais para mantê-los no emprego.

Os atuais colaboradores, de acordo com a tabela 9, acreditam em grau superior ao dos ex-

colaboradores que a empresa oferece benefícios capazes de mantê-los.

4.6.6 Salário como motivador para se continuar na empresa

Nesta questão, procurou-se identificar a importância do salário para a motivação do ex-

colaborador. Os ex-colaboradores avaliaram a afirmação: “Meu salário me motivava a

continuar na empresa”.

73

Tabela 21 – Salário como motivador para a manutenção dos ex-colaboradores

Descrição Freqüência

Abs %

Discordo totalmente 7 18,90

Discordo muito 5 13,50

Discordo moderadamente 10 27,00

Nem concordo nem discordo 2 5,40

Concordo moderadamente 7 18,90

Concordo muito 4 10,80

Concordo totalmente 2 5,40

Total de ex colaboradores 37 100

Fonte: Dados da pesquisa

Apenas 16,2% dos ex-colaboradores participantes concordam “muito” ou “totalmente” com

essa afirmação enquanto 59,4% discordam dela em algum grau.

Os atuais colaboradores, de acordo com a tabela 10, entendem que o salário é um motivador

para mantê-los na empresa em grau superior aos resultados obtidos, na mesma questão, para

os ex-colaboradores.

4.6.7 Estabilidade

A afirmação seguinte apresentada aos ex-colaboradores foi: “no IBIS eu tinha estabilidade”.

74

Tabela 22 – Estabilidade no hotel IBIS

Descrição Freqüência

Abs %

Discordo totalmente 2 5,40

Discordo muito 3 8,10

Discordo moderadamente 4 10,80

Nem concordo nem discordo 3 8,10

Concordo moderadamente 7 18,90

Concordo muito 10 27,00

Concordo totalmente 8 21,60

Total de ex colaboradores 37 100

Fonte: Dados da pesquisa

48,6% dos ex-colaboradores concordam em grau “muito” e “totalmente” que o hotel IBIS dá

estabilidade a seus profissionais. Este item foi respondido por 100% dos indivíduos, enquanto

apenas 13,5% dos ex-colaboradores discordam em grau “muito” e “totalmente” dessa

afirmativa.

Conforme tabela 11, os atuais colaboradores percebem que têm maior estabilidade no hotel

que os ex-colaboradores.

4.6.8 A segurança relacionada à competência

A Tabela 23 apresenta a percepção dos ex-colaboradores com relação à segurança de

permanência no emprego caso trabalhassem com competência.

Os ex-colaboradores avaliaram a seguinte afirmação: “Sabia que não seria demitido

desenvolvendo um bom trabalho”.

75

Tabela 23 – Realização de um bom trabalho como garantia de emprego

Descrição Freqüência

Abs %

Discordo totalmente 1 2,70

Discordo muito 3 8,10

Discordo moderadamente 5 13,50

Nem concordo nem discordo 1 2,70

Concordo moderadamente 6 16,20

Concordo muito 6 16,20

Concordo totalmente 15 40,50

Total de ex colaboradores 37 100

Fonte: Dados da pesquisa

Dos ex-colaboradores, 56,7% concordam em grau “muito” e “totalmente” com a afirmação.

Os índices mostram alto grau de confiança dos ex-colaboradores na empresa.

A tabela 12 demonstra que os atuais colaboradores concordam em maior grau que a realização

de um bom trabalho garante o emprego no hotel.

4.6.9 Motivos para trabalhar no hotel

Optou-se por formular esta questão de forma aberta para que os respondentes pudessem

colocar o que consideravam importantes acerca dos motivos que os levaram a trabalhar no

hotel.

As respostas foram agrupadas nas seguintes categorias:

• Imagem da empresa: 20 citações;

• Adquirir conhecimento na área: 17 citações;

• Possibilidade de crescimento profissional: 8 citações;

• Oportunidade de enriquecimento do trabalho: 8 citações;

• Salário e benefícios: 4 citações;

• Autonomia na função exercida: 2 citações;

• Estabilidade: 1 citação.

Foram recebidas ao todo, 60 indicações.

76

O motivo principal para os ex-colaboradores terem procurado o hotel IBIS foi a confiança na

marca Accor, seguida de perto pela oportunidade de adquirir conhecimento em hotelaria. É

interessante notar que o salário e benefícios foram muito pouco citados.

Os atuais colaboradores têm percepções semelhantes às dos ex-colaboradores.

4.6.10 Motivos para deixar o hotel

Esta questão foi desenvolvida de forma aberta para que os ex-colaboradores pudessem

expressar os motivos que os fizeram deixar o hotel, as causas dos desligamentos.

Foram recebidas 45 respostas, agrupadas em categorias, como mostrado a seguir:

• Sobrecarga de trabalho: 9 citações;

• Incompatibilidade vida profissional/pessoal: 9 citações;

• Clima de trabalho: 6 citações;

• Salário e benefícios: 6 citações;

• Falta de perspectiva de crescimento profissional: 5 citações;

• Perda de motivação e satisfação: 4 citações;

• Falta de reconhecimento pelo esforço e dedicação: 4 citações; e

• Troca constante de profissionais (turnover): 2 citações.

Chama atenção a dispersão das respostas.

“Sobrecarga de trabalho” e “incompatibilidade vida profissional/ pessoal” foram os principais

motivos apontados. Os atuais colaboradores divergem dos ex-colaboradores no principal

motivo que os fariam deixar o hotel, apontando salário, benefícios e clima de trabalho como

os principais motivos.

77

4.6.11 Influência das oportunidades externas para deixar o hotel

A questão foi formulada de forma aberta. Indagou-se sobre até que ponto as oportunidades

externas levaram os profissionais a deixar o hotel.

As 38 respostas recebidas foram agrupadas nas seguintes categorias:

• Não deixou a empresa por oportunidade externa: 30 indicações;

• Proposta de emprego com salário e benefícios melhores: 3 indicações;

• Proposta com carga horária menor de trabalho: 3 indicações;

• Proposta com melhor compatibilidade pessoal/profissional: 2 indicações.

Fica claro por essas respostas que o principal motivo para os profissionais terem deixado o

hotel não se relaciona com outro emprego, ou seja, a maior parte dos ex-colaboradores

quando saiu do IBIS não tinha outro trabalho em vista.

4.6.12 Motivos para os colegas de trabalho terem deixado o hotel

Nesta questão, os ex-colaboradores avaliaram a afirmativa sobre os motivos que, na opinião

deles, teriam feito os colegas de trabalho sairem do hotel.

As respostas foram classificadas nas seguintes categorias:

• Sobrecarga de trabalho: 16 citações;

• Salário e benefícios: 12 citações;

• Incompatibilidade vida pessoal/profissional: 8 citações;

• Clima de trabalho: 8 citações;

• Falta de oportunidade de crescimento profissional: 6 citações;

• Perda de motivação e satisfação: 3 citações;

Entre os motivos para os colegas deixarem o IBIS, a sobrecarga de trabalho foi apontada

em primeiro lugar.

78

4.7 Síntese dos resultados

A partir da percepção de gerentes e colaboradores, construiu-se o quadro.

Quadro 3 – Comparação entre a percepção dos gestores, da Gerente de Recursos Humanos, dos Colaboradores e Ex-colaboradores

Variáveis Gestores Gerente de RH Colaboradores Ex-colaboradores

Satisfação e motivação - É um desafio manter a

equipe satisfeita e

motivada

- Há preocupação em se

ter colaboradores

motivados e satisfeitos.

- Há grande investimento

em treinamentos, visando

o desenvolvimento e

motivação da equipe.

- Há preocupação em

conseguir motivar os

profissionais.

- São motivados e

satisfeitos em trabalhar no

hotel IBIS.

- Eram motivados e

satisfeitos em trabalhar no

hotel IBIS.

Equilíbrio entre vida

profissional e pessoal

- Não relacionaram o

trabalho no IBIS com o

equilíbrio entre vida

pessoal e profissional.

- Não relacionou o

trabalho no IBIS com o

equilíbrio entre vida

pessoal e profissional.

- O equilíbrio entre vida

pessoal e profissional

contribuiu para possíveis

pedidos de demissão.

- É fator importante nos

pedidos de demissão dos

profissionais.

Chances de crescimento

profissional

- Entendem que a empresa

investe no crescimento

profissional de seus

- Exemplifica com os

vários treinamentos e com

os processos de

- Acreditam que a empresa

oferece condições para o

profissional desenvolver

-Puderam crescer

profissionalmente e

desenvolver habilidades

79

colaboradores. recrutamento e seleção,

que a empresa investe no

crescimento dos

profissionais.

habilidades e crescer

profissionalmente.

enquanto estiveram no

hotel.

Benefícios oferecidos

pelo hotel

- Entendem que a empresa

oferece benefícios para

todos os profissionais que

nela trabalham.

- Acredita ser muito

importante esta questão na

empresa.

- Concordam que a

empresa oferece benefícios

atraentes.

- Concordam que a

empresa oferece benefícios

atraentes.

Salário na empresa - Enxergam que o salário

está dentro da média de

mercado.

- Entende que o salário

está dentro da média de

mercado.

- O salário, quando

analisado em relação ao

número de atividades que

os colaboradores precisam

desempenhar, não é justo.

- O salário, quando

analisado com o número

de atividades que os

colaboradores precisam

desempenhar, não é justo.

Estabilidade - A empresa é tida como

estável e não tem como

estratégia manter o

turnover alto.

- A empresa é tida como

estável e não tem como

estratégia manter o

turnover alto.

- Concordam que a

empresa é estável e não

promoveria uma demissão

em massa.

- Concordam que tinham

estabilidade enquanto

trabalharam no hotel.

Segurança relacionada à

competência

- É uma empresa segura

para se trabalhar e há

grande investimento nos

- É uma empresa segura

para se trabalhar e há

grande investimento nos

- Sabem que o profissional

competente não é

demitido.

- Sabem que o profissional

competente não seria

demitido.

80

profissionais. profissionais.

Motivos para trabalhar

no hotel

- Não acordaram esta

questão.

- Não acordou esta

questão.

- O principal motivo

apontado é a oportunidade

de crescimento na

empresa.

- O principal motivo foi a

imagem da empresa, a

marca Accor.

Motivos para deixar o

hotel

- Entendem que os

colaboradores deixam o

hotel por não serem

promovidos, pelo salário e

por oportunidades no

mercado de trabalho.

- Entendem que os

colaboradores deixaram o

hotel por não se adaptarem

à marca, por precisar

trabalhar nos finais de

semana, pela busca por

melhores salários.

- O principal motivo para

deixar o hotel seria a busca

por melhores salários e

benefícios.

- O principal motivo de

terem deixado o hotel foi a

sobrecarga de trabalho.

Influência das

oportunidades externas

para deixar o hotel

- Entendem que os

colaboradores deixaram o

hotel pela oferta de

emprego na concorrência

- Entendem que os

colaboradores deixaram o

hotel pela oferta de

emprego na concorrência

- O principal motivo seria

uma proposta de emprego

com salário e benefícios

melhores.

- A grande maioria não

deixou o hotel por outra

oferta de emprego e

quando saíram não tinham

emprego em vista.

Motivos para os colegas

terem deixado o hotel

- Não abordaram esta

questão.

- Não abordou esta

questão.

- O principal motivo

atribuído foi a sobrecarga

de trabalho.

- O principal motivo

atribuído foi a sobrecarga

de trabalho.

81

4.8 Análise dos resultados

Os colaboradores e ex-colaboradores estavam satisfeitos em trabalhar no IBIS.

A maioria conseguia equilíbrio entre vida pessoal e profissional. No entanto, a necessidade de

trabalhar nos finais de semana e feriados também ocasionou desligamentos entre os

profissionais. Alguns profissionais preocupam-se em conciliar o estudo e o trabalho, acabando

por deixarem o hotel em função da falta de negociação de folgas que permitam equilibrar as

duas atividades.

A análise dos resultados revelou que a busca por qualidade de vida e pela redução da carga de

trabalho é fator considerado na troca de emprego. Propor alternativas para equilibrar a vida

pessoal com a vida profissional pode reduzir a rotatividade de pessoal, pois um grande

número de respostas atribuiu a este fator os pedidos de demissão da empresa. Chinchilla

(2007) aponta que a redução do tempo para a família e para as questões pessoais torna o

profissional insatisfeito e estressado.

Os benefícios são fundamentais no IBIS para a permanência de seus colaboradores.

As prioridades estabelecidas pela rede são objeto de atenção de todos. No caso dos gestores

das unidades, a preocupação maior está em controlar os custos e em atingir a taxa de

ocupação estipulada. Para a gerente de RH, a ênfase está em zelar para que os valores da

marca sejam preservados: “São valores da marca IBIS: espírito de serviço, criatividade,

prazer, partilha, simplicidade e respeito pelo outro” (Departamento de Recursos Humanos da

Accor, documento interno, 2000).

A hotelaria Accor investe em treinamento e preocupa-se com a formação das equipes, o que

vai ao encontro de Bispo (2007) e Fitz-enz (2001), que defendem a importância de se manter

os talentos da organização em constante processo de aprendizagem e desenvolvimento.

Além dos vários treinamentos existentes na empresa para o novo colaborador e para reciclar

os funcionários, há uma preocupação dos hotéis em conseguir desenvolver os colaboradores

de maneira eficaz nas equipes. Colaboradores maltreinados somam para elevar as taxas de

82

turnover dos hotéis. Os programas de treinamento de equipe são utilizados para reter os

profissionais e estão em constante aprimoramento. Este comportamento está em conformidade

com o estudo do capital humano realizado por Friedman, Hatch e Walker (2000), que aponta a

importância de as empresas investirem nos profissionais, e com Stochi (2000), que defende a

importância de os gerentes capacitarem seus colaboradores no intuito de ampliar suas chances

de progredir na empresa.

Porém, entende-se que o problema está na manutenção dos treinamentos, pois, apesar do

colaborador receber vários treinamentos e, na abertura de um hotel, passar praticamente um

mês aprendendo suas funções, quando começa a haver a rotatividade de pessoal, o novo

colaborador não é treinado da mesma forma e com a mesma intensidade exigida nos hotéis

IBIS. É, muitas vezes, o colega de trabalho quem fica responsável por treiná-lo. Nesse

sentido, há perda do conhecimento, e os profissionais passam a desenvolver as tarefas, porém

com menor domínio. Uma das preocupações dos gestores é encontrar uma maneira de

acompanhar mais efetivamente o novo colaborador durante os primeiros meses, pois

colaboradores maltreinados contribuem significativamente para o turnover nos hotéis IBIS.

O salário é considerado, por muitos, um atrativo quando se trata de ingressar no setor

hoteleiro. Porém, os resultados revelaram que, quando associado ao número de atividades que

o profissional da hotelaria econômica precisa realizar, ele é tido como insatisfatório.

Com relação aos colaboradores se sentirem seguros e estáveis quanto à valorização de sua

competência, a empresa é considerada um local com estabilidade e inspira segurança para o

colaborador que segue os procedimentos e executa corretamente suas tarefas. Porém, estudos

desenvolvidos por Bergamini (2006) concluíram que estabilidade não é sinônimo de pessoas

mais motivadas e felizes no trabalho.

A imagem da empresa e a oportunidade de aprenderem e enriquecer o trabalho foram os

grandes motivadores para os participantes entrarem no IBIS. Nesse sentido, as respostas dos

colaboradores e dos ex-colaboradores dos hotéis estudados apontam como um dos principais

motivos para trabalhar nesses hotéis a marca Accor, por ser uma empresa bem conceituada no

mercado e por ser uma multinacional que investe em plano de carreira e que inspira

confiança.

83

Já os motivos para sair são diversos, sobressaindo-se a sobrecarga de trabalho e a

incompatibilidade entre vida pessoal e profissional. Também o clima de trabalho e a questão

de insuficiência de salário e benefícios mereceram destaque.

Na percepção dos gerentes dos hotéis e da gerente de Recursos Humanos, principalmente o

trabalho sob pressão e o excesso de tarefas levam à rotatividade de pessoal, pois desmotivam

os colaboradores. Os gerentes são unânimes em apontar sua preocupação com a motivação

das equipes no dia-a-dia. Avaliam que o turnover pode ser minimizado se as equipes tiverem

apoio durante o aprendizado dos procedimentos operacionais e se forem treinadas

constantemente para o desenvolvimento de habilidades.

A percepção dos gestores encontra ressonância nos estudos de Rodriguez (2002), que defende

a importância de se motivar o profissional que trabalha no setor hoteleiro. Também vai ao

encontro dos estudos de Powers e Barrow (2004), que apontam as dificuldades apresentadas

pelos horários pouco convencionais.

Os gerentes reconhecem a importância do acompanhamento do novo colaborador e de

treinamentos contínuos, associados a um ambiente de trabalho bom. Porém, admitem que

satisfazer o funcionário é, muitas vezes, difícil. Medlik e Ingram (2002) ressaltam que um dos

maiores desafios da era atual é administrar efetivamente a força de trabalho dos hotéis, por

isso a dificuldade expressa na fala dos gestores em encontrar soluções eficazes para satisfazer

os funcionários.

Por maiores que sejam os esforços nos treinamento das equipes, as exigências do trabalho na

hotelaria econômica (equipes multifuncionais, desempenhando diferentes tarefas) e os

desligamentos constantes são fatores de desmotivação para os profissionais que permanecem

trabalhando nos hotéis e acarretam a rotatividade de pessoal na organização. Trabalhar a

motivação dos profissionais é um ponto a ser observado para reduzir os desligamentos por

iniciativa dos funcionários. No caso dos hotéis IBIS, seus colaboradores e ex-colaboradores se

declararam satisfeitos e motivados no trabalho.

Os colaboradores acreditam que podem crescer no hotel. Porém muitas vezes, a chance de

crescimento não ocorre para todos, gerando insatisfação e perda de capital humano da

empresa: “éramos constantemente incentivados a aprender mais, a assumir novas

84

responsabilidades. Porém, a promoção não acontecia. Aumentava o desgaste físico e mental, e

aos poucos fui desanimando”.

Apesar de os gestores dos hotéis não considerarem suas taxas de turnover elevadas, ambas as

unidades hoteleiras estudadas estão acima da meta da rede (25%) em 2006. Conforme

sinalizado pela gerente de RH, a média da rede também ficou acima da meta pretendida.

Conclui-se que o turnover é alto e que é uma preocupação para os gestores.

A rotatividade de pessoal se deve, principalmente, aos pedidos de demissão. A empresa não é

a responsável direta pelas demissões na maioria das ocorrências.

De acordo com os gerentes, o turnover não faz parte da estratégia da marca IBIS para a

renovação das equipes. Há preocupação em controlá-lo, pois ele envolve custos com a

formação e contratação, entre outros fatores.

As equipes dos hotéis IBIS estudados são jovens, concentrando-se na faixa etária entre 21 e

30 anos. As pessoas mais jovens tendem a ter um custo de vida mais baixo e têm interesse em

vivenciar novas experiências. Por isso, tendem a mudar mais de emprego no início da carreira

(TAIOLI, 2005). Fato que pode contribuir para o turnover nos hotéis em estudo.

A prática sugerida pela gerente de Recursos Humanos, de recrutar profissionais de diferentes

idades, não foi identificada nos hotéis estudados, pois a maioria de seus colaboradores situa-se

na faixa dos 21 aos 30 anos.

Um número acentuado de respostas atribui a saída do hotel à sobrecarga de trabalho no IBIS e

ao conseqüente desgaste físico e mental. Assim, repensar as escalas de trabalho e a quantidade

de trabalho torna-se importante para minimizar o turnover.

Tanto os colaboradores quanto os ex-colaboradores alertam que a troca constante de

profissionais desgasta a operação e gera desmotivação nas equipes. Os estudos de Taioli

(2005) revelaram que quando o turnover acontece, gera uma sobrecarga de trabalho para os

demais membros da equipe até que se consiga treinar o novo colaborador.

85

A troca de gestores também favorece o turnover, principalmente quando há mudança de

estratégia que afete o colaborador.

Percebe-se que o turnover é um indicador controlado pela empresa, seja pelas planilhas

mensais preenchidas pelos gerentes das unidades, seja pela análise realizada pelo

departamento de Recursos Humanos da empresa, e seu controle é sinônimo de preocupação.

O entendimento dos gestores de que os desligamentos acontecem principalmente devido ao

fato de os colaboradores irem trabalhar na concorrência não está de acordo com a maioria das

repostas dos colaboradores e ex-colaboradores.

Já a resposta dos gestores que relaciona o turnover ao excesso de trabalho vai ao encontro da

maioria das respostas dos colaboradores e ex-colaboradores.

86

5. CONCLUSÃO

Este estudo teve por objetivo analisar as estratégias para reduzir o turnover na hotelaria

econômica. O interesse em relação à rotatividade de pessoal se justifica, uma que vez que as

mudanças constantes de colaboradores geram perda de conhecimento para a empresa e

desgaste para gerentes e profissionais que permanecem na organização.

Apesar dos aspectos negativos do turnover, em algumas situações específicas a rotatividade

de pessoal tem conseqüências positivas: quando colaboradores com baixo desempenho são

substituídos por profissionais de melhor desempenho; no momento em que a empresa

necessita reduzir seu quadro de pessoal em função de novas tecnologias; e quando há

colaboradores que se abstêm ou são apáticos no trabalho.

Empresas com alta rotatividade de pessoal precisam estar atentas aos motivos que determinam

os desligamentos, à opinião dos funcionários a respeito da empresa, dos gestores e dos

colegas, à questão do salário e benefícios, e à opinião a respeito das oportunidades existentes

no mercado de trabalho.

Na pesquisa realizada nos hotéis IBIS de Belo Horizonte e Betim, em que se buscou

identificar as razões do turnover na hotelaria econômica, pôde-se chegar às seguintes

conclusões:

1.a A empresa não tem a característica de demitir seus colaboradores, o que só é feito

em último caso. As demissões ocorrem geralmente por iniciativa do próprio

funcionário da organização.

2.a As respostas aos questionários e entrevistas revelaram que uma das causas

importantes do turnover é o excesso de trabalho, que não é considerado

condizente com o salário recebido. Também a necessidade de trabalhar nos finais

de semana e feriados foi citada como um fator importante para as demissões.

3.a O nome Accor inspira confiança e motiva os profissionais a ingressarem nos

hotéis, somado à chance de crescimento que esperam conseguir. Porém, quando

87

não há promoção, muito colaboradores ficam desmotivados e pouco

comprometidos, contribuindo para o aumento do turnover.

4.a A pesquisa revelou que nos dois hotéis estudados a grande maioria dos

desligamentos não pode ser atribuída a uma oferta melhor do mercado de

trabalho. Nesse sentido, o alto índice de turnover deve-se, na maioria das

ocorrências, a fatores internos à empresa. O salário, o excesso de trabalho e a

exigência do cumprimento da escala de folgas foram revelados por gestores e

profissionais que trabalham ou já trabalharam no hotel, como fatores que elevam a

rotatividade de pessoal.

5.a Não é uma estratégia da marca IBIS manter alto índice de turnover. A direção da

empresa se preocupa em controlar a rotatividade e em encontrar soluções para o

fenômeno.

6.a Os profissionais estudados revelaram que quando há o turnover a equipe que

permanece no hotel sente-se desmotivada, sobrecarregada, podendo contribuir

para outros desligamentos.

7.a A troca de gerentes também contribui para aumentar os desligamentos.

Aprofundar o conhecimento sobre o turnover na hotelaria econômica é a recomendação mais

importante que se pode fazer aos futuros pesquisadores. Por ser um tema ainda pouco

estudado no Brasil, conhecê-lo profundamente é importante.

Nessa pesquisa ficou evidenciado que a ocorrência do turnover interfere na motivação das

equipes dos hotéis e gera desgaste nos gerentes. Assim sendo, recomenda-se:

• Refletir sobre o salário pago aos colaboradores e pensar em alternativas de

diferenciação, de acordo com suas habilidades; e

• Pensar em alternativas para manter a motivação dos colaboradores que já trabalham

nos hotéis há mais de dois anos e promover treinamentos e acompanhamento intensivo

dos profissionais que acabam de ser contratados.

Estudos a serem desenvolvidos em todos os hotéis IBIS do Brasil podem ser úteis para

ratificar os resultados da presente pesquisa, tais como:

• Ouvir todos os colaboradores, ex-colaboradores e gerentes dos hotéis IBIS no Brasil;

• Comparar o fenômeno do turnover em regiões geográficas distintas;

88

• Analisar o custo dos desligamentos e das contratações para repor os profissionais e

comparar com o custo de medidas para reter os colaboradores.

Essas e outras questões são importantes para se aprofundar o conhecimento sobre os desafios

enfrentados pela hotelaria econômica no Brasil.

89

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NAGANO, M.S.; MATHEUS, L.F. MERLO, E. M. Análise da identificação e da gestão do Capital Intelectual nas usinas sucroalcooleiras. Revista Eletrônica de Administração – READ, 46. ed. v.11, n. 4, jul-ago, 2005.

NASCIMENTO, Gilza Marques do. Estudo do absenteísmo dos trabalhadores de enfermagem em uma unidade básica e distrital de saúde do município de Ribeirão Preto-SP. 2003. 118 f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem)- Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2003.

NEVES, José Luis. Pesquisa qualitativa, características, usos e possibilidades. Caderno de pesquisa em administração, São Paulo, V.1, no3, 2º SEM./1996.

OLIVEIRA, Cezar Augusto de. A contribuição dos fatores motivacionais para a qualidade. 2002. 96 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção)- Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002.

PEREIRA, Mauro Luiz Campos. Qualidade de vida na terceirização: um estudo de caso no setor da manutenção de telecomunicações. 2003. 139 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção)- Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003.

93

PESTANA, Maria Cláudia; et al. Desafios da sociedade do conhecimento e gestão de pessoas em sistemas de informação. Ci. Inf., Brasília v. 32, n.2, p. 77-84, maio/ago. 2003.

PETROCCHI, Mario. Hotelaria: planejamento e gestão. 3. ed. São Paulo: Futura, 2002.

POWERS, Tom; BARROWS, Clayton W. Administração no setor de hospitalidade: turismo, hotelaria, restaurante. São Paulo: Atlas, 2004.

RODRIGUEZ, Rodriguez Martius V. R. Gestão empresarial: organizações que aprendem. Rio de Janeiro: Qualitymark/ Petrobrás, 2002.

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WAHAB, Salah-Eldin A. Introdução à administração do turismo. 3 Ed. São Paulo: Biblioteca Pioneira de Administração e Negócios, 1991.

95

APÊNDICE

Apêndice A- Questionário para Colaboradores do Hotel IBIS

Caro Colaborador, O questionário que segue faz parte de pesquisa acadêmica que analisa a rotatividade de profissionais nos hotéis IBIS. Esta pesquisa está sendo desenvolvida no âmbito do Curso de Mestrado em Turismo e Meio Ambiente do Centro Universitário UNA. As informações fornecidas não serão divulgadas isoladamente. As questões são simples e não demandam muito de seu tempo. Suas respostas são primordiais para a conclusão deste trabalho. Desde já, agradeço imensamente sua contribuição.

Cynthia De Filippo Menicucci.

Você deverá responder de acordo com a tabela abaixo e marcar um X no número que

identifica sua resposta nas questões de 1 a 7. As questões 8, 9, 10, 11 são abertas e devem ser

respondidas com suas palavras. Nas questões 12 a 15 basta marcar um X.

ques

tões

1. d

isco

rdo

tota

lmen

te

2. d

isco

rdo

mui

to

3. d

isco

rdo

mod

erad

amen

te

4.

nem

con

cord

o ne

m

disc

ordo

5. c

onco

rdo

mod

erad

amen

te

6. c

onco

rdo

mui

to

7. c

onco

rdo

tota

lmen

te

1 Estou satisfeito e motivado em trabalhar no IBIS.

2 A empresa permite que eu tenha equilíbrio entre minha vida

pessoal e profissional

3 As tarefas que desempenho me permitem desenvolver

minhas habilidades e me dão chances de crescer

profissionalmente.

4 Os benefícios que o hotel me oferece são fundamentais para

eu continuar trabalhando na empresa.

5 Meu salário me motiva a continuar na empresa.

6 No IBIS eu tenho estabilidade.

7 Sei que não serei demitido desenvolvendo um bom trabalho

96

8. Quais os motivos fazem você trabalhar no hotel?

9. Quais os motivos fariam você sair do hotel?

10. Até que ponto as oportunidades externas lhe fariam deixar o hotel?

11. Na sua opinião, porque seus colegas de trabalho saem da empresa?

12. Sexo

Masculino

Feminino

13. Idade

18 a 20 anos

21 a 25 anos

26 a 30 anos

31 a 35 anos

36 a 40 anos

41 e mais anos

14. Escolaridade

Ensino Fundamental

Ensino Médio

Ensino Superior

Outros:_____________ 15. Tempo que trabalha no hotel menos de 6 meses

1 a 3 anos

4 a 6 anos.

Respondente da coleta de dados

Nome: As s ina tu ra :

Endereço

Te le fo ne :

97

Apêndice B- Questionário para Ex Colaborador do hotel IBIS

Caro Ex colaborador do hotel IBIS, O questionário que segue faz parte de pesquisa acadêmica que analisa a rotatividade de profissionais nos hotéis IBIS. Esta pesquisa está sendo desenvolvida no âmbito do Curso de Mestrado em Turismo e Meio Ambiente do Centro Universitário UNA. As informações fornecidas não serão divulgadas isoladamente. As questões são simples de serem respondidas e não demandam muito de seu tempo. Suas respostas são primordiais para a conclusão deste trabalho. Desde já, agradeço imensamente sua contribuição. Cynthia De Filippo Menicucci.

Você deverá responder de acordo com tabela abaixo e marcar um X no número que identifica

sua resposta nas questões de 1 a 7. As questões 8, 9, 10, 11 são abertas e devem ser

respondidas com suas palavras. Nas questões 12 a 15 basta marcar um X.

ques

tões

1. d

isco

rdo

tota

lmen

te

2. d

isco

rdo

mui

to

3. d

isco

rdo

mod

erad

amen

te

4.

nem

con

cord

o ne

m

disc

ordo

5. c

onco

rdo

mod

erad

amen

te

6. c

onco

rdo

mui

to

7. c

onco

rdo

tota

lmen

te

1 Durante o tempo em que trabalhei no IBIS, eu era satisfeito

com o trabalho e motivado.

2 A empresa permitia que eu tivesse equilíbrio entre minha

vida pessoal e profissional

3 As tarefas que desempenhava me permitiam desenvolver

minhas habilidades e me davam chances de crescer

profissionalmente.

4 Os benefícios que o hotel me oferecia eram fundamentais

para eu continuar trabalhando na empresa.

5 Meu salário me motivava a continuar na empresa.

6 No IBIS eu tinha estabilidade.

7 Sei que não seria demitido desenvolvendo um bom trabalho

98

8.Quais os motivos fizeram você trabalhar no hotel?

9.Quais os motivos fizeram você sair no hotel?

10. Até que ponto as oportunidades externas lhe fizeram deixar o hotel?

11. Na sua opinião, por que seus colegas de trabalho saíram da empresa?

12. Sexo Masculino

Feminino

13. Idade 18 a 20 anos

21 a 25 anos

26 a 30 anos

31 a 35 anos

36 a 40 anos

41 e mais anos

14. Escolaridade Ensino Fundamental

Ensino Médio

Ensino Superior

Outros:_____________

15. Tempo que trabalhou no hotel Menos de 6 meses

1 a 3 anos

4 a 6 anos.

Respondente da coleta de dados

Nome: As s ina tu ra :

Endereço

Te le fo ne :

99

Apêndice C- Roteiro de Entrevista para os Gerentes dos Hotéis e a Gerente de Recursos

Humanos da Marca IBIS no Brasil

ENTREVISTADO(S)

1. Nome do entrevistado:

2. Data da entrevista: _______/_____/______

3. Nível de escolaridade:

4. Tempo de empresa:

QUESTÕES

5. Quais os seus desafios ao gerenciar um hotel econômico?

6. Como o senhor analisa hoje os índices de turnover na marca IBIS?

7. No seu entendimento o turnover é um problema na rede IBIS?

8. Na sua opinião, qual o motivo das altas taxas de turnover na hotelaria econômica?

9. Que medidas são tomadas para diminuir este turnover?

100

10. Na sua opinião, o que reduziria o turnover?

11. Seria o turnover uma estratégia da empresa? Por que?

12. Na sua opinião, quais são as principais causas de funcionários pedirem demissão?

13. E no caso da empresa ter sido a responsável pelo desligamento, quais os principais motivos?

Responsável pela entrevista de coleta de dados

Nome:

As s ina tu ra :

Endereço

Te le fo ne :

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