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i SERVIÇO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE TECNOLOGIA DA UFPA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL ROSIELLE SOUZA PEGADO GEOTECNOLOGIA COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS: ESTUDO DA BACIA DO TUCUNDUBA BELÉM (PA) Orientadora: Profª. Drª. ANA ROSA BAGANHA BARP Co-Orientadora: Profª. Drª. ALINE MARIA MEIGUINS DE LIMA Belém 2010

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SERVIÇO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE TECNOLOGIA DA UFPA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

ROSIELLE SOUZA PEGADO

GEOTECNOLOGIA COMO INSTRUMENTO DE

GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS: ESTUDO DA

BACIA DO TUCUNDUBA – BELÉM (PA)

Orientadora: Profª. Drª. ANA ROSA BAGANHA BARP

Co-Orientadora: Profª. Drª. ALINE MARIA MEIGUINS DE LIMA

Belém

2010

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ROSIELLE SOUZA PEGADO

GEOTECNOLOGIA COMO INSTRUMENTO DE

GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS: ESTUDO DA

BACIA DO TUCUNDUBA – BELÉM (PA)

Dissertação apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em

Engenharia Civil, como requisito

para a obtenção do título de

Mestre em Engenharia Civil.

Orientadora: Profª. Drª. ANA ROSA BAGANHA BARP

Co-Orientadora: Profª. Drª. ALINE MARIA MEIGUINS DE LIMA

Belém

2010

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ROSIELLE SOUZA PEGADO

GEOTECNOLOGIA COMO INSTRUMENTO DE

GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS: ESTUDO DA

BACIA DO TUCUNDUBA – BELÉM (PA)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil,

como requisito para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil.

Aprovado em _______/_______/_______

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________ Prof°. Dra. Ana Rosa Baganha Barp (Orientadora)

UFPA – ITEC

_____________________________________________ Profª. Drª. Aline Maria Meiguins de Lima (Co-Orientadora)

UEPA / CESUPA

_____________________________________________ Profª. Drª. Rozely dos Santos Ferreira (membro externo)

UNICAMP- FEC

_____________________________________________ Prof°. Claudio José Cavalcante Blanco Phd (membro Interno)

UFPA – ITEC

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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) Biblioteca Central/UFPA, Belém-PA

Pegado, Rosielle Souza, 1980- Geotecnologia como instrumento de gestão de recursos hídricos : Estudo da bacia do Tucunduba Belém (PA) / Rosielle Souza Pegado ; orientadora, Ana Rosa Baganha Barp ; Co-Orientadora, Aline Maria Meiguins de Lima. — 2010

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Pará, Instituto de Tecnologia do Pará, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Belém, 2010.

1. Bacias hidrográficas (Tucunduba, Igarapé (PA). 2. Geotecnologia ambiental.

I. Título.

CDD - 22. ed. 551.48098115

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À Minha Filha

Brenda Rafaelle

x----x----x---x---x---x---x---x---x---x---x---x---x---x---x---x---x----x

Às minhas orientadoras Profª. Ana

Rosa Barp e a Profª. Aline Meiguins,

as quais não mediram esforços para

finalizar esse trabalho.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, que me concedeu a vida e a inspiração necessária para concluir este

trabalho.

Ao Laboratório de Análise de Imagem do trópico Úmido – LAIT, onde foi realizado o

processamento das imagens do trabalho, em especial ao Coordenador e Profº. Pedro

Walfir, Wilson, Paulo e Diogo.

Ao amigo Wilson Rocha por todo o acompanhamento do processamento e

companheirismo durante todas as fases do trabalho.

A FAPESPA/VALE DO RIO DOCE pelo financiamento da bolsa do mestrado.

A Profª. Ana Rosa Baganha Barp pela orientação, incentivo, apoio e carinho

durante todo o trabalho.

A Profª. Aline Maria Meiguins de Lima pelo valioso apoio, orientação e carinho na

construção desse trabalho.

Aos professores Rozely dos Santos Ferreira, Claudio José Cavalcante Blanco,

membros da banca examinadora de dissertação de mestrado, pela manifestação de

apreço e por me honrarem na aceitação do convite;

À amiga e engenheira Verônica Santos pela colaboração na pesquisa de campo,

pelas palavras de incentivo nos momentos certos;

Aos ex-coordenadores do Mestrado Profº. Dênio e Alcebiades por toda ajuda e

carinho para a liberação de documento em busca de dados no mestrado.

A minha família que entendeu a minha ausência em reuniões familiares

acreditando no resultado desse trabalho. Em especial aos meus pais Mario Pegado e

Iracema Pegado, minhas irmãs Mariele, Danielle e Lucielle Pegado e a minha Filha

Brenda Rafaelle.

Aos meus amigos Walenda Tostes, Priscila Fonseca, Tcheyenne Silva, Gyselle

Almeida, Danielle Ramos, Wanderlene Couvre e Mikhail Luczynski pelo apoio e carinho

durante do tempo que estive em dificuldade.

Ao Tenente e Profº. Celso Piquet pela valiosa ajuda na construção do Abstract.

Ao Profº. Paraguaçu Éleres pela excelente orientação e liberação de dados para a

construção do trabalho.

Aos meus professores do curso de mestrado e aos meus colegas do curso de

mestrado pelo conhecimento agregado através experiências e companheirismo.

Aos meus pais adotivos Beto e dona Socorro que me deram apoio e carinho

durante todo o curso de mestrado.

A Dona Cleide secretaria do mestrado que sempre me orientou na tramitação de

documento.

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―Todo o conhecimento humano começou com intuições, passou daí aos conceitos e terminou com idéias.‖

Immanuel Kant

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SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ___________________________________________________________________ x

LISTA DE QUADROS _____________________________________________________________________ xii

LISTA DE FOTOS _______________________________________________________________________ xiii

LISTA DE TABELAS ______________________________________________________________________ xv

SIGLAS ______________________________________________________________________________ xvi

RESUMO ____________________________________________________________________________ xvii

ABSTRACT __________________________________________________________________________ xviii

Capítulo 1 - INTRODUÇÃO _______________________________________________________________ 1

1.1 - APRESENTAÇÃO _________________________________________________________________ 1 1.2 - JUSTIFICATIVA E IMPORTÂNCIA DO TRABALHO _________________________________________ 3 1.3 - OBJETIVOS ______________________________________________________________________ 5

1.3.1 - Objetivo Geral ______________________________________________________________ 5 1.3.2 - Específicos __________________________________________________________________ 5

1.4 - CONCEITOS BÁSICOS E VARIÁVEIS ____________________________________________________ 5 1.5 - CATEGORIAS BÁSICAS _____________________________________________________________ 5 1.6 - A ÁREA DE ESTUDO: BACIA HIDROGRÁFICA DO IG. TUCUNDUBA ____________________________ 6 1.7 - ESTRUTURA DO TRABALHO _________________________________________________________ 6

Capítulo 2 - A BACIA HIDROGRÁFICA DO Ig. TUCUNDUBA ______________________________________ 7

2.1 - HISTÓRICO ______________________________________________________________________ 7 2.2 - LOCALIZAÇÃO E ACESSO ___________________________________________________________ 9 2.3 - ASPECTOS GERAIS DA ÁREA URBANA DA BACIA DO IGARAPÉ TUCUNDUBA ___________________ 12

Capítulo 3 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA __________________________________________________ 16

3.1 - GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS ___________________________________________________ 16 3.1.1 - Recursos Hídricos ___________________________________________________________ 16 3.1.2 - Bacias Hidrográficas _________________________________________________________ 19

3.2 - DESENVOLVIMENTO URBANO SUSTENTÁVEL __________________________________________ 21 3.2.1 - Sistema Urbano ____________________________________________________________ 23 3.2.2 - Desenvolvimento Ambiental Sustentável ________________________________________ 26 3.2.3 - Expansão da ocupação urbana em bacias hidrográficas ____________________________ 29

3.3 - ESCOAMENTO PLUVIAL ___________________________________________________________ 33 3.3.1 - Medidas de Controle ________________________________________________________ 35 3.3.2 - Usos Múltiplos da Água ______________________________________________________ 36

3.4 - SISTEMA DE INFORMAÇÕES DE RECURSOS HÍDRICOS ____________________________________ 41 3.4.1 - Geotecnologias _____________________________________________________________ 41 3.4.2 - Geoprocessamento __________________________________________________________ 43 3.4.3 - Sensoriamento Remoto ______________________________________________________ 45 3.4.4 - Sistema de Informação Geográfica (SIG) _________________________________________ 48 3.4.5 - Integração de geotecnologias e a gestão de recursos hídricos _______________________ 50

Capítulo 4 - MATERIAIS E MÉTODOS: AS CIÊNCIAS E AS TÉCNICAS DE INFORMAÇÕES E CONHECIMENTO DO ESPAÇO FÍSICO ____________________________________________________________________ 53

4.1 - MATERIAL, PROGRAMAS E PRODUTOS _______________________________________________ 53 4.2 - DESCRIÇÃO DO MATERIAL _________________________________________________________ 55 4.3 - FASES DE EXECUÇÃO DOS PROCEDIMENTOS ADOTADOS _________________________________ 55

4.3.1 - Fase 1: Levantamento de informação – base teórica e dados secundários. _____________ 56 4.3.2 - Fase 2: Aquisição da base de dados_____________________________________________ 56 4.3.3 - Fase 2.1: Georreferenciamento das bases ________________________________________ 56 4.3.4 - Fase 2.2: Análise das Imagens _________________________________________________ 57 4.3.5 - Fase 2.3: Ajuste das escalas e espacial __________________________________________ 57

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4.3.6 - Fase 3: Etapas de campo _____________________________________________________ 57 4.3.7 - Fase 4: Elaboração da base cadastral ___________________________________________ 58 4.3.8 - Fase 5: Elaboração da base cartográfica final ____________________________________ 59

4.4 - PRODUTOS ____________________________________________________________________ 60 4.5 - PROCESSAMENTO DAS INFORMAÇÕES _______________________________________________ 60

4.5.1 - Geração de mosaico _________________________________________________________ 60 4.5.2 - Correção geométrica ________________________________________________________ 61 4.5.3 - Delimitação da bacia, digitalização do lotes e classificação _________________________ 61 4.5.4 - Geração do mapa de usos múltiplos ____________________________________________ 63

Capítulo 5 - RESULTADOS E discuSsões ____________________________________________________ 64

5.1 - RESULTADOS ___________________________________________________________________ 64 5.1.1 - Cadastro das formas de ocupação e suas interfaces com o uso das águas ______________ 64 5.1.2 - Síntese dos usos múltiplos associados à bacia do ig. Tucunduba ______________________ 90 5.1.3 - Distribuição espacial dos usos da água ao longo do canal principal da bacia do Tucunduba 92

5.2 - DISCUSSÕES ___________________________________________________________________ 97 5.2.1 - Principais intervenções existentes na bacia ______________________________________ 97 5.2.2 - O uso de geotecnologias, o cadastro das formas de ocupação e suas interfaces com o uso das águas _________________________________________________________________________ 103 5.2.3 - Correlação topológica das variáveis de maior intervenção na bacia do Tucunduba ______ 110 5.2.4 - Correlação temporal entre o uso do território da bacia, no intervalo de 10 anos, empregando as geotecnologias e tendências futuras ______________________________________________ 115

Capítulo 6 - CONCLUSÕES ______________________________________________________________ 120

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _________________________________________________________ 122

ANEXOS ____________________________________________________________________________ 130

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. A imagem apresenta um dos setores da bacia representado por um ponto dentro da área de estudo. Fonte: ZULU (2000). ______________________________________________________________ 9

Figura 2. Posicionamento da bacia em relação ao estado e ao município. Fonte: Modificado de IBGE (2006). ______________________________________________________________________________ 11

Figura 3. Mapa de localização do igarapé Tucunduba com a delimitação do limite da Bacia do Tucunduba e a localização da nascente com um buffer de 50 m e mais um trecho de prolongamento do igarapé até na nascente, com a inserção da área metropolitana de Belém, em cima da Ikonos 2008. Fonte: Modificado de CODEM (1998). _____________________________________________________________________ 15

Figura 4. Sistema e Interações (TUCCI, 2001). _______________________________________________ 27

Figura 5. Relações de causa-efeito das águas pluviais urbanas (TUCCI, 2007). _____________________ 34

Figura 6. Os vários tipos de usos da água (ANA, 2008). ________________________________________ 37

Figura 7. Uso do geoprocessamento para análise regional dos recursos hídricos (MENDES, 1999). _____ 45

Figura 8. Fluxograma com o roteiro sintético das principais etapas adotadas. _____________________ 54

Figura 9. Imagem de localização dos canais da Bacia do Tucunduba. Fonte: Modificado de CODEM (1998). ____________________________________________________________________________________ 65

Figura 10. Mapa de divisão dos setores da Bacia Hidrográfica do Tucunduba. Fonte: Modificado de CODEM (2008). _______________________________________________________________________ 66

Figura 11. Mapa da Bacia do Tucunduba com o zoneamento de áreas da bacia – ano 1998. Fonte: Modificado de CODEM (1998). ___________________________________________________________ 68

Figura 12. Mapa da Bacia do Tucunduba com o zoneamento de áreas da bacia – ano 2008. Fonte: Modificado de CODEM (2008). ___________________________________________________________ 69

Figura 13. Mapa da Bacia do Tucunduba com o zoneamento em função de seus usos múltiplos – ano 1998. Fonte: Modificado de CODEM (1998). ________________________________________________ 70

Figura 14. Mapa da Bacia do Tucunduba com o zoneamento em função de seus usos múltiplos – ano 2008. Fonte: Modificado de CODEM (2008). ________________________________________________ 71

Figura 15. Mapa cadastral da nascente do Tucunduba, no ano de 1978. Fonte: Paraguaçú, 2009. _____ 75

Figura 16. Mapa Cadastral apresentando o desvio. Fonte: Paraguaçú, 2009. ______________________ 76

Figura 17. Mapa de Localização da área de Embarcação. Fonte: Modificado de CODEM (2008). _______ 83

Figura 18. Mapa da área de embarcação no Tucunduba ampliada. Fonte: Modificado de CODEM (2008). 84

Figura 19. Área desmatada para construção de habitação na bacia do Tucunduba. Fonte: Google (2009). 88

Figura 20. Distribuição: (a) do zoneamento por áreas; (b) por usos múltiplos na bacia no ano de 1998. _ 93

Figura 21. Distribuição: (a) do zoneamento por áreas; (b) por usos múltiplos na bacia no ano de 2008. _ 95

Foto 25. Moradores lançando lixo à margem do Tucunduba. Fonte: Arquivo Próprio, 2009. __________ 96

Figura 22. Mapa de localização do igarapé Tucunduba com a delimitação da bacia, empregando imagem Ikonos, 2008. ________________________________________________________________________ 104

Figura 23. Mapa de localização do igarapé Tucunduba com a delimitação da bacia e a localização da nascente com um buffer de 50 m e um de 30 m no entorno do igarapé segundo a faixa de domínio referente ao plano diretor e mais um trecho de prolongamento; empregando o levantamento aerofotogramétrico da CODEM (1998). ___________________________________________________ 105

Figura 24. Mapa de localização do igarapé Tucunduba com a delimitação da bacia e a localização da nascente com um buffer de 50 m e um de 30 m no entorno do igarapé segundo a faixa de domínio referente ao plano diretor e mais um trecho de prolongamento; empregando o levantamento imagem Ikonos, 2008. ________________________________________________________________________ 106

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Figura 25. Mapa da Bacia do Tucunduba com a classificação associada, realçando as variáveis analisadas – ano 1998. Fonte: Modificado de CODEM (1998). ___________________________________________ 113

Figura 26. Mapa da Bacia do Tucunduba com a classificação associada, realçando as variáveis analisadas – ano 2008. Fonte: Modificado de CODEM (2008). ___________________________________________ 114

Figura 27. Mapa da Bacia do Tucunduba com a sobreposição dos anos 1998 e o ano 2008. Fonte: Modificado de CODEM (2008). __________________________________________________________ 117

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Fases do desenvolvimento dos recursos hídricos no Brasil (adaptado de TUCCI, 2005b). ____ 21

Quadro 2. Comparação dos aspectos da água no meio urbano (TUCCI, 2007). _____________________ 26

Quadro 3. Estágios de desenvolvimento urbano e seus diversos impactos hidrológicos (SAVINI; KAMMENER, 1961). ___________________________________________________________________ 32

Quadro 4. Fases do desenvolvimento sustentável das águas urbanas (TUCCI, 2007). ________________ 38

Quadro 5. Usos Múltiplos da água (TUNDISI, 2003). __________________________________________ 39

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LISTA DE FOTOS

Foto 1. Foz do Igarapé Tucunduba pode-se observar ao fundo entre as árvores um dos prédios da UFPA (VADIÃO). Fonte: Arquivo próprio, 2009. __________________________________________________ 11

Foto 2. Construção de palafitas em cima do corpo d’água causando degradação ambiental. Fonte: Arquivo próprio, 2009. ________________________________________________________________________ 12

Foto 3. Forma da ocupação desordenada. Fonte: Arquivo próprio, 2009. _________________________ 13

Foto 4. Habitações sem saneamento básico. Fonte: Arquivo próprio, 2009. _______________________ 14

Foto 5. Foto da nascente do Tucunduba na década de 80, no fundo os prédios da Avenida Almirante Barroso. Fonte: Paraguaçú, 2009. ________________________________________________________ 72

Foto 6. Nascente do Tucunduba com a área paisagística para permeabilização do solo (ano 2009). Fonte: Paraguaçú, 2009. ______________________________________________________________________ 72

Foto 7. Canal da Angustura. Fonte: Arquivo próprio, 2009. ____________________________________ 77

Foto 8. Travessa Mauriti com a Leal Martins. Fonte: Arquivo próprio, 2009. ______________________ 78

Foto 9. Placa da obra da 2ª fase do Tucunduba, na passagem União. Fonte: Arquivo próprio, 2009. ___ 79

Foto 10. Passagem união com Vileta. Fonte: Arquivo próprio, 2009. _____________________________ 80

Foto 11. A ocupação na margem do rio com acesso por ponte de madeira e sem nenhum sistema de saneamento. Fonte: Arquivo próprio, 2009. ________________________________________________ 80

Foto 12. Ambiente de várzea com o mínimo de infraestrutura urbana. Aspecto da forma de ocupação nas várzeas e dos seus moradores: estivas e o padrão das construções sobre palafitas. Fonte: Arquivo Próprio, 2009. _______________________________________________________________________________ 81

Foto 13. Setor de contato terra firme/várzea; final da Avenida Tucunduba. Área caracterizada pela ocupação por famílias de baixa renda, com um mínimo de infraestrutura urbana. Ao fundo, os edifícios das avenidas Almirante Barroso e João Paulo II. Identificando a segregação espacial. Fonte: Arquivo próprio, 2009. ________________________________________________________________________ 81

Foto 14. Área de Embarcação. Fonte: arquivo próprio, 2009.___________________________________ 85

Foto 15. Área comercial do igarapé Tucunduba: presença de estância e comercio próximo ao posto da policia. Fonte: Arquivo Próprio, 2009. _____________________________________________________ 85

Foto 16. Embarcação entrando pela foz do igarapé Tucunduba em direção a área de escoamento de mercadoria. Fonte: Adaptado do Jornal beira Rio, 2010. ______________________________________ 85

Foto 17. (a) e (b) Área comercial do igarapé Tucunduba: presença de estância e comercio próximo ao posto da policia. Fonte: Arquivo Próprio, 2009. _____________________________________________ 86

Foto 18. Resíduos sólidos depositados na rua, fora dos dias de coleta da prefeitura. Fonte: Arquivo próprio, 2009. ________________________________________________________________________ 87

Foto 19. Entulho de construção e lixo doméstico depositado próximo ao canal. Fonte: Arquivo próprio, 2009. _______________________________________________________________________________ 87

Foto 20. Canal completamente tomado pelo lançamento de resíduos sólidos, ocasionando poluição. Fonte: Arquivo Próprio, 2009. ___________________________________________________________ 87

Foto 21. Construção próxima ao canal gerando transporte de sedimentos em direção ao mesmo. Fonte: Arquivo Próprio, 2009. _________________________________________________________________ 89

Foto 22. Foz do Igarapé Tucunduba; no fundo a ponte que interliga os campus da UFPA. Fonte: Arquivo próprio, 2009. ________________________________________________________________________ 89

Foto 23. Vista da UFPA a partir do rio Guamá e da Foz do Tucunduba no detalhe. Fonte: Arquivo Próprio, 2009. _______________________________________________________________________________ 90

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Foto 26. Canal completamente tomado por residências e pelo lançamento de resíduos sólidos, ocasionando a obstrução do percurso do rio. Fonte: Arquivo Próprio, 2009. ______________________ 99

Foto 27. Ruas alagadas devido à falta de planejamento da bacia. Fonte: Arquivo Próprio, 2009. _____ 100

Foto 28. Moradores impossibilitados de deslocar devido à enchente. Fonte: Arquivo Próprio, 2009. __ 100

Foto 29. Rua impermeabilizada sem planejamento, impedindo o escoamento da água da chuva. Fonte: Arquivo Próprio, 2009. ________________________________________________________________ 101

Foto 30. Avenida João Paulo II esquina com a Mauriti, alagamento devido ao retorno da água dos canais. Fonte: Arquivo Próprio, 2009. __________________________________________________________ 101

Foto 31. Aglomerados de casas na Bacia. Fonte: PDL (2001). __________________________________ 109

Foto 32. A) Aglomerados de casas na Bacia b) beco de acesso as casas. Fonte: Arquivo Próprio, 2010. 110

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Distribuição de Água no Mundo. Fonte: DAE (2010). _________________________________ 16

Tabela 2. Distribuição de água no Brasil. Fonte: DAE (2010). ___________________________________ 17

Tabela 3. Crescimento da população brasileira e taxa de urbanização (Fonte: SANTOS, 2008). ________ 30

Tabela 4. Divisão por setores na Bacia. ____________________________________________________ 67

Tabela 5. Perfil por seção da bacia. _______________________________________________________ 91

Tabela 6: Inter-relação entre as figuras 11,12,13 e 14, com a figura 20 e 21. ______________________ 94

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SIGLAS

ANA – Agencia Nacional de Água

CODEM - Companhia do Desenvolvimento e Administração da Área Metropolitana

de Belém

CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente

DAE – Departamento de Água e Esgoto

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

FCAP- Faculdade Ciências Agrária do Pará

GPS - Sistema de Posicionamento Global

MMA – Ministério de Meio Ambiente

ONU – Organização Nações Unidas

PDL - Plano de Desenvolvimento Local

PMB – Prefeitura Municipal de Belém

SIG - Sistema de Informações Geográficas

UFPA – Universidade Federal do Pará

UFRA - Universidade Federal Rural da Amazônia

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RESUMO

Este trabalho estuda a dinâmica espacial dos usos múltiplos da água na Bacia do Tucunduba (Belém/PA), entre os anos 1998 a 2008, visando detectar os impactos ambientais que tal situação gerou devido à ocupação antrópica. A Bacia Hidrográfica do Tucunduba possui 1.200 km2 de área e, aproximadamente, 3.600 m de extensão do rio principal, da nascente (Travessa Angustura) à foz (Rio Guamá). Essa bacia é formada pelo igarapé do Tucunduba, Lago Verde, Caraparu, 2 de Junho, Mundurucus, Gentil Bittencourt, Nina Ribeiro, Santa Cruz, Cipriano Santos, Vileta, União, Leal Martins e Angustura. O objetivo deste trabalho foi determinar os principais usos múltiplos da água na bacia, os quais ocasionam problemas ambientais, decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais, em especial dos recursos hídricos. A metodologia aplicada fundamenta-se na utilização de sistema de informação geográfica aliado ao sensoriamento remoto. Para tanto, a metodologia foi dividida em cinco fases: 1: Levantamento de informação – base teórica e dados secundários; 2: Aquisição da base de dados; 3: Etapas de campo; 4: Elaboração da base cadastral; 5: Elaboração da base

cartográfica final. Foram geradas séries temporais de planos de informações (categoria de uso na bacia), os quais foram cruzados para acompanhar a evolução da ocupação no igarapé Tucunduba. Observações de campo e levantamentos bibliográficos foram necessários para apoio à compreensão dessa dinâmica. Durante a pesquisa foi constatado que os principais problemas ambientais, na bacia estudada, estão relacionados à falta de saneamento básico, ao crescimento desordenado, e à poluição hídrica, pois se detectou uma forte dinâmica espacial da ocupação antrópica no percurso do igarapé Tucunduba, bem como impactos ambientais negativos. Estes problemas, além de degradar o meio natural, acarretam prejuízos diretos à saúde da população alvo, através do consumo de água de baixa qualidade e da disseminação de doenças de veiculação hídrica. Políticas públicas são extremamente necessárias para mitigar os problemas existentes e melhorar as condições ambientais e qualidade de vida das populações afetadas. Palavras-Chave: Bacia Hidrográfica, Tucunduba, Geotecnologias.

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ABSTRACT

This work studies the spacial dynamic in multiples uses in Tucunduba waters bay (Belém/PA). Between 1998 and 2008, aiming detect environmental impacts that were developed by the human occupation situation. Tucunduba Hydrographic bay has 1200 km² in area and approximately 3600 km in extension since the main river, from source (Angustura Side Street) to mouth (Guamá River). This bay is composed by Tucunduba’s stream, Verde Lake, Caraparu, 2 de Junho, Mundurucus, Gentil Bittencourt, Nina Ribeiro, Santa Cruz, Cipriano Santos, Vileta, União, Leal Martins e Angustura. The purpose of this work was determine the main multiple uses in water from the bay that were causing environmental problems, coming from inappropriate use of natural resources, in special of hydro resources. The methodology applied is based on the geographical information system utilization joined to the remote sensor. That’s why, the methodology was divided in five stages. 1. Information raising – theory base and second data; 2. Collecting of data base; 3. Camp stage; 4. Cadastral base elaboration; 5. Elaboration of the final cartographical base. Temporal series information plan were created (bay using category), they were crossed to go with the evaluation of Tucunduba stream occupation. Camp observation and bibliographical raising were necessary to support this dynamic comprehension. During the search was detected that the principal environmental problems, in the studied bay, are related to basic saneament’s lack, disordered growth and to the hydro pollution, because was detected a great spacial dynamic of the human being in Tucunduba stream course, as negative environmental impacts. Theses problems, beyond degrading the natural environment, bring damage direct to health’s population studied, through the low quality water drunk and the diseases spreading by the hydro veiculation. Public politics are very necessary to avoid the existent problems and improve the environmental condition and life quality of the affected people. Keywords: Hydrographical bay, Tucunduba, Geotecnologies.

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Capítulo 1 - INTRODUÇÃO

Neste primeiro capítulo é feita uma apresentação do trabalho incluindo, uma

visão geral de como e por que o tema abordado foi escolhido para ser um objeto

de pesquisa, e como a pesquisa foi realizada.

1.1 - APRESENTAÇÃO

A água, componente integrado ao sistema global, vem sendo fortemente

alterada com as mudanças demográficas, velocidade e extensão da globalização

e com o desenvolvimento sócio-econômico impulsionado pelo avanço tecnológico.

Esses fatores têm sido observados como preponderantes para o aumento da

demanda sobre os recursos hídricos, refletindo na sua escassez e deterioração.

Assim, a água passou a ser uma preocupação crescente não apenas no que se

refere à quantidade disponível, mas principalmente, em relação à sua qualidade

acarretando prejuízos e restrições nos seus usos múltiplos (MAIA et al, 2008).

As bacias hidrográficas apresentam-se como unidades fundamentais para o

gerenciamento dos recursos hídricos e para o planejamento ambiental mostrando-

se extremamente vulneráveis às atividades antrópicas. De modo geral, as regiões

hidrográficas brasileiras têm sofrido grande perda da biodiversidade devido à

crescente necessidade da sociedade por água, alimentos, madeiras, fibras,

minérios e vários outros produtos advindos da exploração dos recursos naturais

(GORAYEB et al, 2009).

O espaço geográfico surge como produto social a partir do momento em que

o homem (sociedade) transforma a primeira natureza pelo trabalho, produzindo a

segunda natureza, estabelecendo-se uma relação dialética. A segunda natureza é

o espaço produzido, é o meio ambiente ou ambiente produzido (CORRÊA, 1993).

A produção da cidade como espaço geográfico heterogêneo, diferenciado,

pela participação diversificada dos homens, pressupõe uma sociedade de classes

realizando essa produção espacial nunca acabada, sempre em contínuo processo

de constituição (CARLOS, 1992).

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Entre os recursos naturais que o homem dispõe, a água aparece como um

dos mais importantes, sendo indispensável para a sobrevivência (MOTA, 1995).

Para que o homem desenvolva suas múltiplas atividades, é necessário o uso

da água, muito embora essa utilização cada vez maior dos recursos hídricos tem

ocasionado vários problemas, tendo como resultado, tanto a carência dos

mesmos como a degradação de sua qualidade.

Por tanto, a intensidade da necessidade da utilização dos recursos hídricos

tende a objetivar a preservação com medidas amplamente adotadas, com isso

pode-se se garantir aos usos múltiplos uma qualidade indispensável.

No presente trabalho, sob o tema ―Geotecnologia como Instrumento de

Gestão de Recursos Hídricos‖, propõe-se um estudo sobre o processo de

produção do espaço urbano com ênfase nos usos múltiplos da água, não na

totalidade do seu espaço urbano de Belém, mas particularmente sobre a bacia do

igarapé Tucunduba, dentro da cidade de Belém, no Estado do Pará, direcionado

para uma análise de sua problemática ambiental vista como resultado dos tipos

de usos atribuídos daquela área, das transformações e da valorização, enfim,

como resultado do processo de produção do espaço urbano na referida bacia.

O uso de geotecnologias pode potencializar a visualização de cenários e

tendências relacionadas aos usos múltiplos e os conflitos gerados pelo

desequilíbrio entre oferta e demanda deste recurso, assim, a heterogeneidade

espacial e temporal funcionam como ferramentas de análise auxiliares via estes

softwares (MAIA et al, 2008).

Assim, esta pesquisa mostra-se como meio de subsidiar o gerenciamento

integrado dos recursos naturais na bacia hidrográfica do igarapé Tucunduba,

contribuindo para o planejamento e gestão de recursos hídricos regional da bacia

e almejando atingir a conscientização ambiental pelo entendimento de que a

sociedade é parte integrante do meio em que vive.

Deste modo, o estudo pretende contribuir para o uso racional desta bacia,

através da determinação dos principais problemas ambientais identificados

decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais, em especial, os recursos

hídricos e a ocupação humana desordenada.

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1.2 - JUSTIFICATIVA E IMPORTÂNCIA DO TRABALHO

Para analisar uma bacia hidrográfica de uma determinada região, com os

parâmetros de usos múltiplos, há que se compreender que ela é resultante da

relação entre sociedade e ambiente, ou homem e natureza como preferem alguns

autores, sendo que ambos são considerados como um conjunto de elementos

que interagem entre si.

Conforme Colavite (2009), por ambiente entende-se o conjunto de

elementos do meio físico (relevo, solos, clima, hidrografia, dentre outros) e do

meio biótico (fauna e flora), já a sociedade é composta por elementos do meio

econômico/social (população, cultura, política, economia, dentre outros) que agem

diretamente sobre o ambiente, alterando-o em diferentes graus de intensidade, as

variadas combinações entre os elementos citados resultam em diferentes

paisagens.

As atividades desenvolvidas na bacia hidrográfica do igarapé Tucunduba

ocasionam influência sobre a qualidade da água.

Tendo em vista esse problema a área em consideração também tem sofrido,

devido ao crescimento populacional e acompanhado da intensificação de outras

atividades humanas, resultando numa maior utilização dos recursos hídricos. Pois

esses usos que o homem faz da água tem como resultado a produção de

resíduos, e esses são incorporados novamente aos recursos hídricos

ocasionando poluição.

Para os usos múltiplos dos recursos hídricos é necessário levar em

consideração às características relacionadas com a quantidade a ser utilizada e a

qualidade desejada dos mesmos.

É bom ressaltar que no passado os projetos de aproveitamento dos recursos

hídricos se preocupavam com um êxito maior ao aspecto quantitativo, objetivando

garantir as vazões aos vários usos planejados, e somente na atualidade começa-

se observar uma preocupação com a qualidade da água.

A urbanização, que hoje se constitui em um processo mundial, promove uma

produção espacial cada vez mais extensa e articulada, incorporando sempre mais

áreas ao uso urbano. Nesse processo, as intensidades das transformações

causaram variados graus de impacto à natureza (ou primeira natureza que já não

existe mais) produzindo, na maioria das vezes, um meio ambiente ou ambiente

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com elevados níveis de poluição e de degradação, particularmente no que se

refere à produção do meio ambiente urbano. O meio ambiente urbano é visto aqui

como sinônimo de espaço urbano produzido (FERREIRA, 1995).

A tendência atual de desenvolvimento de uma bacia urbana é de expansão

irregular em algumas áreas e planejada em outras. No primeiro estagio a bacia

não está totalmente urbanizada, e as inundações ocorrem no trecho urbanizado,

onde algumas áreas não estão ocupadas, porque inundam com freqüência

(devido às inundações naturais). Quando a bacia encontra-se num estágio

avançado de desenvolvimento, a tendência é que as medidas estruturais

predominam, com custos altos (TUCCI, 2007).

Compreender a relação sociedade/natureza, e suas inter-relações é

fundamental na análise dos usos múltiplos de uma bacia, tanto de sua dinâmica

atual quanto de seu processo histórico de modificações.

A introdução de novas ferramentas de análise espacial tem potencializado o

estudo de fenômenos naturais de dimensão espaço-temporal, tais como

escoamento de chuva, dispersão de sementes e crescimento populacional,

fenômenos urbanos, entre outros. Neste trabalho, apresentam-se as aplicações e

tendências no uso da tecnologia para os recursos hídricos para uma abordagem

da dinâmica espacial, com um particular enfoque aos usos múltiplos da bacia

hidrográfica da dinâmica urbana.

Os uso e ocupação que são conferidos a determinado espaço dependem de

suas características físicas (solo, relevo, clima, geologia), associados à

disponibilidade tecnológica no decorrer dos anos. Os fatores físicos ora podem

ser vistos como uma limitação para a sociedade e ora como impulsionante do

processo de ocupação e exploração de uma região.

Para isso esse trabalho tem a importância de identificar os usos múltiplos

nessa bacia hidrográfica identificando as áreas de comércios, navegação, lazer e

residencial, com auxilio das ferramentas de geoprocessamento e sensoriamento

remoto.

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1.3 - OBJETIVOS

1.3.1 - Objetivo Geral

Construir uma base cadastral em Sistema de Informação Geográfica (SIG ou

GIS) visando à identificação dos usos da água na bacia do igarapé Tucunduba e

a identificação de zonas homogêneas com relação aos usos cadastrados,

empregando informações gráficas, numéricas e literais integradas, para manuseio

rápido e simples por gestores de recursos hídricos.

1.3.2 - Específicos

Cadastrar as formas de ocupação (casas, comércios, imóveis indústriais, etc.)

e suas interfaces com o uso das águas.

Realizar a correlação topológica das variáveis de maior intervenção na bacia

do igarapé Tucunduba.

Realizar a correlação temporal entre o uso do território da bacia, no intervalo

de 10 anos, empregando as geotecnologias.

Avaliar tendências futuras considerando um quadro de ordenamento do

território da bacia do igarapé Tucunduba e outro de ausência de gestão, sobre

os recursos hídricos locais.

1.4 - CONCEITOS BÁSICOS E VARIÁVEIS

Os principais conceitos envolvidos neste estudo são:

(1) Gestão de Recursos Hídricos; (2) Geotecnologias; (3) Bacia hidrográfica; (4)

Geoprocessamento; (5) Usos múltiplos da água; (6) Ocupação Urbana; (7)

Sensoriamento remoto; (8) Sistema de Informação Geográfica (SIG); (9)

Cartografia Digital; (10) Ocupação uso do solo;

1.5 - CATEGORIAS BÁSICAS

a) Gestão em recursos hídricos;

b) Instrumentos de geotecnologias.

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1.6 - A ÁREA DE ESTUDO: BACIA HIDROGRÁFICA DO IG. TUCUNDUBA

A bacia hidrográfica do igarapé Tucunduba possui uma área de

aproximadamente 1200 Km2, localizada a sudeste do município de Belém, Estado

do Pará, sendo um afluente do rio Guamá.

1.7 - ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho apresenta 6 capítulos. O capítulo inicial aborda os usos

múltiplos dos recursos hídricos, juntamente com a sua importância e justificativa

do trabalho.

No capítulo 2 trata da área de estudo, com um breve histórico da bacia

estudada.

No capítulo 3 consta a bibliográfica sendo abordados tópicos pertinentes ao

trabalho.

No capítulo 4 são descritos os tópicos sobre os materiais e métodos

utilizados para a construção desse trabalho.

No capítulo 5 é abordado o resultado e a discussões

O capítulo 6 finaliza-se com a conclusão da dissertação.

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Capítulo 2 - A BACIA HIDROGRÁFICA DO IG. TUCUNDUBA

Neste capítulo é feita uma apresentação da área de estudo incluindo um

apanhado deste do histórico da bacia do Tucunduba, sua localização e seus

aspectos gerais.

2.1 - HISTÓRICO

A história da ocupação e transformação sócio-espacial da Bacia do

Tucunduba começou no final do século XIX e início do século XX (1887 e 1971),

ainda durante a administração de Intendente Antonio Lemos. Neste período, ele

proibiu a construção de estábulos e pastoreio de gado nas áreas centrais da

cidade que compunham as terras altas, que já eram bastante povoados. Aqueles

que exerciam atividades agropecuárias passam a se dirigir para as áreas mais

afastadas do centro da cidade – áreas de baixada (ANJOS et al, 2005).

De acordo com Secundino Portella apud Ferreira (1995), advogado e

consultor jurídico da Misericórdia, nos anos 60, a mencionada extensão de terras

era dividida em quatro porções distintas, cujas documentações registravam que a

quarta e última porção foi adquirida pela Santa Casa, no ano de 1854, por doação

feita pelos padres mercedários que, por sua vez, a adquiriram através de compra

realizada em arrematação pública no Senado Municipal, no ano de 1746 com

termos assinados às folhas 28 v do Livro 2o de Índices de Foreiros da Câmara

Municipal e Livro 1o, folhas 29v e folhas 21 e 21v do Livro 5 do Patrimônio da

Prefeitura Municipal de Belém. Esta porção, que media 632 braças

(aproximadamente a 1200 Km2) de frente e 47,5 braças de fundos, estendia-se

pela margem direita do igarapé Tucunduba até o rio Guamá, chamava-se Posse

ou Fazenda Tucunduba, onde funcionou por muitas décadas o Hospício dos

Lázaros.

Sem opção de expansão urbana devido ao grande cinturão institucional que

até hoje delimitam a primeira Légua Patrimonial de Belém, as terras alagáveis

consideradas impróprias para a urbanização, que eram, até meados do século

XX, ocupadas por vacarias passam a sofrer pressões de ocupações humanas,

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embora fosse considerada área ilegal, tais ocupações geraram áreas

desordenadas e bastantes adensadas. Nas décadas de 60 a 80, do século XX, o

numero de ocupações desordenadas cresceu, este fenômeno ocorreu em função

de elevado numero de desemprego. Muitas famílias foram levadas a habitar áreas

de periferia, construindo o núcleo urbano da área do Tucunduba cujo

adensamento populacional foi acelerado devido ao processo de valorização, cada

vez maior, dos espaços urbanos centrais (ANJOS et al, 2005).

A partir dos anos 70, as transformações ocorridas em Belém, no que diz

respeito ao contexto político, econômico e social, e o papel que esta cidade

representava, gerou uma intensa ocupação das planícies de inundação pela

pressão populacional, ou seja, pelo contingente populacional que migrava para

Belém ou que era expulso dos setores valorizados da cidade. Na várzea do

Tucunduba, essa pressão populacional, muitas vezes coordenada e

articulada, e também sob a influência de políticos com interesses eleitorais,

rompeu a resistência oferecida por os fatores que faziam a repulsão dessa

localidade, constituindo-se em área atrativa à ocupação por famílias de baixa

renda, pelo fato de haver extensos terrenos não construídos e próximos ao centro

urbano (FERREIRA, 1995).

A partir da década de 80, este processo de ocupação foi intensificado às

margens do Igarapé Tucunduba provocando o desmatamento de suas margens,

erosão e, conseqüentemente, o assoreamento, o lançamento indiscriminado de

detritos que contribuíram para a diminuição da profundidade do mesmo, além de

receber também material de esgoto. Nesta área, o baixo poder aquisitivo, os altos

índices de desemprego colocam a Bacia do Tucunduba entre aquelas de maiores

problemas de infraestrutura e socioeconômico. A renda familiar dos moradores

fica em torno de ½ a 2 salários mínimos, onde a media de rendimento dos

domicílios dos bairros do Guamá, Universitário e Montese (Terra-Firme) é menos

que a média do Município que fica em torno de 3 a 3 ½ salários mínimo. (ANJOS,

et al, 2005).

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2.2 - LOCALIZAÇÃO E ACESSO

A área de estudo abrange a Bacia Hidrográfica do Tucunduba, localizada

entre as coordenadas 785.914,707 E/W e 9.842.398,864 N/S; 781.376,090 E/W e

9.836.315,187 N/S, ocupando parte ou totalmente de 5 bairros do município de

Belém, no estado Paraense (Figura 1).

Figura 1. A imagem apresenta um dos setores da bacia representado por um ponto dentro da área de estudo. Fonte: ZULU (2000).

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A bacia hidrográfica do Tucunduba está localizada na região sudeste da

cidade de Belém, no Distrito Administrativo do Guamá, sendo afluente da margem

direita do Rio Guamá, possuindo aproximadamente 1200 Km2 de área total, da

qual cerca de 37% são constituídos por terrenos de cota inferior ao da maré

máxima, de 3,70 m. Essa bacia é formada pelos igarapés do Tucunduba, Lago

Verde, Caraparu, 2 de Junho, Mundurucus, Gentil Bittencourt, Nina Ribeiro, Santa

Cruz, Cipriano Santos, Vileta, União, Leal Martins e Angustura. Fisiograficamente,

a bacia assemelha-se a um arco de terrenos altos, de um lado ocupados por

casas de alvenaria e, de outro, por terrenos de instituições, com vegetação

características. Esses terrenos altos margeiam um imenso charco, repleto de

casas do tipo palafitas, acessíveis por meio de estivas e passagens de aterro.

Estima-se um total de 150.000 pessoas habitando na bacia, das quais, cerca de

125.000 moram em palafitas, nas áreas alagadas, e o restante, em casas

predominantemente de alvenaria, nas áreas mais elevadas (BELÉM, 2000).

Essa bacia engloba cinco bairros de Belém, que são: Universitário,

Montese (Terra-Firme), Guamá, Canudos e Marco que pertencem a três Distritos

Administrativos (DAGUA-Guamá, DABEL-Belém, DAENT-Entrocamento)

(BELÉM, 2001) (Figura 2).

A baixada (várzea) do Tucunduba é uma das áreas periféricas de Belém que

apresenta posicionamento logístico significativo por estar muito próxima ao centro

da cidade, a algumas das principais vias de circulação da cidade e ao rio Guamá.

Às suas proximidades, congregam-se importantes instituições de ensino e

pesquisa, como a Faculdade de Ciências Agrárias do Pará (Hoje Universidade

Federal Rural da Amazônia), o Núcleo Pedagógico Integrado, EMBRAPA,

ELETRONORTE e o Museu Emílio Goeldi. A Universidade Federal do Pará

instalou-se na própria várzea do Tucunduba e na área da desembocadura do

igarapé (Foto 1).

A baixada do Tucunduba apresenta extensas áreas caracterizadas pelo forte

adensamento populacional, provocado pela ocupação de famílias de baixa renda,

onde são constantes os conflitos, os riscos à saúde e à segurança dos

moradores, a especulação, a valorização e onde se manifestam formas de

poluição. Isso desperta inúmeras indagações sobre essa área de Belém,

sobretudo quando percebemos contradições como a presença de um dos

principais centros de ensino e pesquisa do estado do Pará coexistindo

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espacialmente com a miséria, o conflito e a degradação ambiental

(FERREIRA,1995) (Foto 2).

Figura 2. Posicionamento da bacia em relação ao estado e ao município. Fonte: Modificado de IBGE (2006).

Foto 1. Foz do Igarapé Tucunduba pode-se observar ao fundo entre as árvores um dos prédios da UFPA (VADIÃO). Fonte: Arquivo próprio, 2009.

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Foto 2. Construção de palafitas em cima do corpo d’água causando degradação ambiental. Fonte: Arquivo próprio, 2009.

2.3 - ASPECTOS GERAIS DA ÁREA URBANA DA BACIA DO IGARAPÉ

TUCUNDUBA

Trata-se de uma área marcada pelas concentrações de moradias

inadequadas, que são casas palafitas construídas sobre os cursos d'água

(igarapés e igapós) onde inexistem, ou são insuficientes, os serviços básicos

como: saneamento (drenagem e tratamento dos esgotos domiciliares, indústriais

e comerciais), fornecimento de água, coleta e tratamento de lixo, que afetam de

forma direta a saúde desta população. A situação de pobreza é caracterizada pelo

desemprego, subemprego, altos índices de violência e criminalidade, e assim,

sendo responsável pela criação de um ambiente urbano com baixa

sustentabilidade, comprometedor das condições de vida que inviabiliza a inclusão

sócio-econômica.

Nestas áreas as primeiras ações foram realizadas pelos próprios

moradores, abrindo ruas, aterrando-as com serragens de madeira e caroços de

açaí, mas isto era insuficiente para resolver os problemas de alagamentos e

inundações. Diante dessas dificuldades, foram se consolidando movimentos

populares de bairros, que passaram a denunciar as precárias condições de vida

nesses espaços urbanos, e a exigir investimentos s para a implantação de

serviços infraestruturais e sócio-culturais (rede de esgoto, saneamento,

arruamento, educação e saúde), esse crescimento desordenado é observado na

foto 3.

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Vale ressaltar que é preciso entender o Tucunduba e o processo de

constituição do seu espaço urbano associados à sua função hidrográfica e de

várzea, pois todo o processo se relaciona com uma topografia e uma drenagem

dada. Em outras palavras, não podemos prescindir do cenário físico, ou seja, de

algumas características da natureza local na análise desse processo de produção

do espaço urbano, uma vez que a produção social se materializa espacialmente

através da natureza transformada, da segunda natureza, que é produto da

relação da sociedade com a primeira natureza ao longo do tempo

(FERREIRA,1995).

Foto 3. Forma da ocupação desordenada. Fonte: Arquivo próprio, 2009.

Um rápido trajeto pela baixada (ou várzea) até as margens do igarapé do

Tucunduba (Foto 4, Figura 3) já causa forte impressão ao observador que, ao

presenciar o desmatamento, o intenso processo de favelização, o acúmulo de lixo

em decomposição, a ausência de condições sanitárias mínimas, questiona sobre

a racionalidade de um sistema que, ao mesmo tempo em que preconiza o bem

estar da sociedade, promove relações que deterioram o ambiente,

comprometendo a qualidade de vida de boa parte da população belenense. Isso

nada mais representa do que o reflexo do próprio movimento contraditório do

modo de produção de nossa sociedade (FERREIRA, 1995).

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Foto 4. Habitações sem saneamento básico. Fonte: Arquivo próprio, 2009.

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Figura 3. Mapa de localização do igarapé Tucunduba com a delimitação do limite da Bacia do Tucunduba e a localização da nascente com um buffer de 50 m e mais um trecho de prolongamento do igarapé até na nascente, com a inserção da área metropolitana de Belém, em cima da Ikonos 2008. Fonte: Modificado de CODEM (1998).

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Capítulo 3 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Conforme indicado o foco da pesquisa está na integração entre

geotecnologias e recursos hídricos; logo na construção do referencial teórico

buscar-se-á associar os dois elementos de forma a estabelecer os principais

mecanismos de relação.

3.1 - GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS

3.1.1 - Recursos Hídricos

O uso e a escassez das águas em todo o planeta são temas que

ultimamente estão sendo amplamente discutidos no que tange o contexto

ambiental. Comenta-se que o próximo problema mundial de ordem social,

ambiental e econômica será o das águas, pois pelas estimativas da ONU, apenas

2,4% de toda a água doce do planeta está disponível para o consumo. Destes

2,4%, calcula-se que 8% do estoque mundial de água doce estão no Brasil. E

justamente por estar no território nacional grande parte destas reservas, gera-se

uma especulação enorme e se espera também um melhor desempenho dos

órgãos responsáveis pelo gerenciamento dos recursos hídricos (SOLA, 2007).

Na tabela 1 mostra a distribuição de água mundialmente, observa-se que os

maiores índices de população mundial e reservas hídricos encontram-se na Ásia

com 50% e 36%, respectivamente, assim como a Austrália e Oceania apresentam

os menores índices daqueles de 1% e 5%, concomitantemente.

Tabela 1. Distribuição de Água no Mundo. Fonte: DAE (2010).

Continente Reservas Hídricas População Mundial

América do Norte e Central 15 % 8 %

América do Sul 26 % 6 %

África 11 % 13 %

Europa 8 % 13 %

Ásia 36 % 59 %

Austrália e Oceania 5 % 1 %

Sobre a tabela 1, a crescente expansão demográfica e industrial nas últimas

décadas comprometeu as águas dos rios, lagos e reservatórios. Esse

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agravamento se justifica pela impossibilidade de aplicar medidas corretivas para

reverter à situação. Enfatizando a América do Sul, a qual possui 26% de reservas

hídricas, possuindo 6% da população mundial, em relação à Ásia que possui 36%

de recursos naturais, mas em compensação apresenta uma população mundial

de 59%.

A disponibilidade de água em todos os continentes tende a diminuir cada vez

mais. Por isso é preciso rever nosso consumo de água. Torna-se necessário

preservar os recursos hídricos e controlar o crescimento populacional. A

população cresce, aumentando o consumo de água. Mas não é possível

aumentar a quantidade de água no planeta. Portanto, uma coisa importante a

fazer é evitar o desperdício (DAE, 2010).

No Brasil, a Lei Federal n° 9.433 de 8 de janeiro de 1997, que institui a

Política Nacional de Recursos Hídricos, considera a água como um recurso

natural de domínio, limitado e dotado de valor econômico, sendo a unidade

territorial básica para estudo a bacia hidrográfico (MENDES; CIRILO, 2001).

Na tabela 2, se observa que as reservas hídricas e área territorial do Norte

do Brasil, apresentam os maiores valores com 68,5% e 45,3%, apesar de não

apresentar índices populacionais significativos em relação à população do país,

sendo a região sudeste com 42,65% a possuir o maior número populacional no

Brasil.

Tabela 2. Distribuição de água no Brasil. Fonte: DAE (2010).

Região Reservas Hídricas Área Territorial População

Norte 68,5 % 45,3 % 6,98 %

Centro Oeste 15,7 % 18,8 % 6,41 % Sul 6,5 % 6,8 % 15,5 %

Sudeste 6 % 10,8 % 42,65 %

Nordeste 3,3 % 18,3 % 28,91 %

Também de acordo com a tabela 2, o Brasil detém 77% do manancial de

água doce da América do Sul e 11,6% da reserva mundial. Esses números

mostram que o Brasil é um país privilegiado no que diz respeito à quantidade de

água, porém sua distribuição não é uniforme em todo o território nacional, pois

quase 70% desse total estão localizadas na Região Amazônica, onde a

população é de aproximadamente 7% apenas. Os 30% restantes distribuem-se

desigualmente pelo País, para atender 93% da população brasileira (DAE, 2010).

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18

Tendo em vista, essa preocupação o panorama mundial de tendências no

campo da geotecnologia, compreendendo em especial as múltiplas aplicações

das geociências para a solução de problemas de engenharia e o aproveitamento

de recursos naturais, particularmente os recursos hídricos, encontra-se hoje

fortemente influênciado pelo debate globalmente difundido em torno da crescente

degradação ambiental do planeta e do desafio de alcançar um desenvolvimento

verdadeiramente sustentável para a sociedade humana. Surge, então, talvez até

como esboço de um novo paradigma para a humanidade, a busca da qualidade

de vida como existencial, em um contexto no quais os investimentos e as

proposições de projetos de engenharia e uso de recursos naturais começam a

deixar de ser analisados apenas pelo seu caráter tradicionalmente

desenvolvimentista, passando a ser concebidos e avaliados sob a perspectiva de

sua efetiva contribuição à sustentabilidade ambiental, social e econômica, tanto

sob o ponto de vista local quanto regional e global.

As soluções adotadas para auxiliar operações complexas e

multidisciplinares, similares a esta, na qual a tomada de decisão é baseada

primordialmente em informações geográficas, utilizam com grande êxito a

geotecnologia.

Historicamente a observação e a representação da superfície terrestre têm

se apresentado como relevante na organização e desenvolvimento das

sociedades. Desde os remotos tempos até a atualidade, as informações e dados

espaciais foram descritos de forma gráfica pelos antigos cartógrafos e utilizados

por navegadores e demais profissionais.

A obtenção de informações sobre a distribuição geográfica dos recursos

naturais subsidiou o desenvolvimento de inúmeros países, permitindo a ocupação

territorial e a geração de postos de trabalho e renda. Neste contexto, até meados

dos anos 60, os documentos, cartas e mapas eram gerados apenas na forma

analógica, impossibilitando análises mais precisas e detalhadas, resultantes de

combinação entre diferentes mapas e dados. Já a partir da década de 70, com a

grande evolução da aerofotogrametria, do sensoriamento remoto e da tecnologia

da informática, tornou-se possível obter, armazenar e representar informações

geoespaciais em ambiente computacional, abrindo espaço para o surgimento do

Geoprocessamento.

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19

Paralelo a esse desenvolvimento surgiu métodos matemáticos e estatísticos

para o tratamento de informações geográficas, possibilitando mapeamentos de

vastas áreas com elevado grau de precisão, assim como mapeamentos

específicos, em especial de recursos hídricos.

Atualmente, o somatório dos esforços de inúmeros setores tem possibilitado

a aproximação entre disciplinas relacionadas com a aquisição, o registro, a

análise e a representação dos fenômenos geográficos através de informações

espaciais, estabelecendo um novo conceito, o da ―Geotecnologias‖.

Assim, esta alternativa tem se consolidado com enorme potencial, pois

apresenta custo relativamente baixo e os conhecimentos são gerados e

adquiridos localmente, tornando-se indispensáveis para o planejamento urbano e

regional, permitindo ainda o uso e monitoramento eficiente dos recursos naturais

e a conservação do meio ambiente.

No âmbito dos recursos hídricos, o impacto decorrente da alteração do uso

do solo reflete-se em todos os componentes do ciclo hidrológico, como

escoamento superficial, na recarga dos aqüíferos, na qualidade da água e nos

transporte de sedimento.

A necessidade de conhecer os modelos atuais de uso do solo e as

modificações ocorridas ao longo dos anos e a dinâmica de bacias hidrográficas

constituem-se em pré-requisitos para a gestão sustentável dos recursos naturais.

Nos últimos vinte anos, as áreas de conhecimento envolvendo as geotecnologias

experimentaram significativo crescimento técnico-científico sendo amplamente

divulgados e aceitos pelos órgãos governamentais e pelas empresas como fonte

para tomada de decisão e planejamento estratégico.

3.1.2 - Bacias Hidrográficas

A bacia hidrográfica segundo Mazzini (2006) é a área geográfica delimitada

por divisores de água, normalmente constituídos por divisores topográficos e

drenada por um rio e seus afluentes. Na Gestão de Recursos Hídricos, a bacia

hidrográfica é a unidade de planejamento ambiental.

Para Tucci (2001) a bacia hidrográfica pode ser considerada um sistema

físico onde a entrada é o volume de água precipitado e a saída é o volume que

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20

escoa pelo exutório, considerando-se como perdas intermediárias os volumes

evaporados e transpirados e também os infiltrados profundamente.

Coelho Netto (2001) define bacia hidrográfica como sendo ―uma área da

superfície terrestre que drena água, sedimentos e materiais dissolvidos para uma

saída comum, num determinado ponto de um canal fluvial‖, não apresentando um

limite de tamanho, podendo apresentar milhares de quilômetros quadrados ou

alguns metros quadrados.

O papel hidrológico da bacia hidrográfica consiste em transformar uma

entrada de volume concentrada no tempo (precipitação pluviométria) em uma

saída de água (escoamento), de forma mais distribuída no tempo (SANTOS,

2008).

O rio é o destino final da trajetória da água na bacia hidrográfica. Segundo

esta ótica, é também o reflexo de qualquer ação que ocorra, e que altere de forma

significativa o equilíbrio natural do território, uma vez que os efeitos destas

atividades se farão sentir de alguma forma naquele elemento. Neste sentido o rio

pode ser considerado um indicador do estado de equilíbrio da área drenada,

caracterizando ou não o nível de sustentabilidade da região. Esta relação de

causa e efeito entre o que ocorre na superfície da bacia e o que posteriormente é

transferido para o canal (e para as águas subterrâneas) tem sido muitas vezes

negligenciada em projetos de planejamento de recursos hídricos, pois em geral,

as fontes causadoras de problemas ambientais estão distribuídas ao longo do

espaço da bacia. O curso d’água se insere então neste contexto como um

elemento que age como um integrador, acumulando de montante para jusante os

efeitos de qualquer atividade que se desenvolva na bacia (MENDES; CIRILO,

2001).

No quadro 1 Tucci (2005b) descreve sucintamente as fases do

desenvolvimento dos recursos hídricos, particularmente para o Brasil, com suas

respectivas características.

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21

Quadro 1. Fases do desenvolvimento dos recursos hídricos no Brasil (adaptado de TUCCI, 2005b).

Fase Características Brasil

Setorial

Desenvolvimento setorial dos

recursos hídricos, sem um marco

legal integrador

Período em que o setor se

baseava somente no código de

águas

Instituição do Marco legal integrador nacional

Lei Nacional de Recursos Hídricos

em 1997, Instituição do Conselho

Nacional de recursos Hídricos e

da Agencia Nacional de Águas.

Lei das Águas em 1997;

Instituição do Conselho Nacional,

Agencia Nacional de Águas e sua

relação com Ministério de Meio

Ambiente e Secretaria de

Recursos Hídricos

Descentralização e

regulamentação setorial

Desenvolvimento institucional dos

Estados, Criação do comitê de

bacias, federais e estaduais, e

regulamentação de setores

relacionados com recursos

hídricos, Por exemplo, Energia

Saneamento; início pela cobrança

pelo uso da água; Elaboração dos

Planos de Recursos Hídricos

Esta fase está em

desenvolvimento no Brasil; onde

foram criados os comitês de

algumas bacias nacionais e

muitas estaduais e os marcos

regulatórios setoriais estão em

desenvolvimento.

Sustentabilidade institucional e

econômica

Sustentabilidade econômica e

desenvolvimento de medidas

sustentáveis em recursos hídricos

com resultados medidos por

metas quantitativas perceptiva

para a sociedade como a redução

da poluição dos rios.

Esta fase somente se realizará

quanto houver recursos

arrecadados para a gestão e a

efetiva implementação dos

instrumentos com metas definidas.

O Estado do Pará, após a implantação da Política Estadual de Recursos

Hídricos e a instituição do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos

Hídricos, em 25 de julho de 2001 (Lei nº 6.381) encontra-se, segundo o quadro 1,

na fase de Descentralização e Regulamentação Setorial (SEMA, 2010).

3.2 - DESENVOLVIMENTO URBANO SUSTENTÁVEL

Para Tucci (2007), o desenvolvimento urbano se acelerou na segunda

metade do século vinte com a concentração da população em espaço reduzido,

produzindo grande competição pelos mesmos recursos naturais (solo e água),

destruindo parte da biodiversidade natural. As exigências atuais individuais do

homem para seu conforto e segurança produzem alterações no ambiente natural

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22

e a população (sócio econômico urbano) é um ser vivo e dinâmico que gera um

conjunto de efeitos interligados, que sem controle, pode levar a cidade ao caos.

O homem enquanto indivíduo sensível apropria-se dos objetos naturais,

como por exemplo, o solo ou a terra, com objetivos determinados. Os modos

desta apropriação são decorrentes das relações estabelecidas entre os homens

e, dependendo de como elas se dão e das suas características, produzir-se-ão os

fenômenos de degradação ambiental. Toda ação humana socialmente

significativa, aplicada sobre os componentes naturais, produz um impacto, uma

transformação que podemos chamar de impacto ambiental. São alterações

promovidas na natureza no que diz respeito às suas propriedades físicas,

químicas e biológicas. O processo de produção do espaço urbano implementa

vários graus de transformação e, para aqueles que se apresentam deletérios, ou

seja, que alteram substancialmente a qualidade dos recursos naturais e as

condições sanitárias, produzindo a insalubridade, bem como afetando a saúde e a

segurança das pessoas, podemos chamar de degradação ambiental (FERREIRA,

1995).

De acordo Tucci (2007), os principais componentes da estrutura da gestão

da cidade envolvem os seguintes elementos:

Planejamento e gestão do uso do solo: trata da definição, através do Plano

Diretor Urbano, de como a cidade é prevista para ser ocupada e suas

correções com relação ao cenário do passado e do presente.

Infraestrutura viária, água, energia, comunicação e transporte:

Planejamento e gestão destes componentes da infraestrutura que podem ser

de atribuição de implantação pública ou privada, mas podem ser de atribuição

de implantação pública ou privada.

Gestão Sócio-ambiental: A gestão do meio ambiente urbano é realizada por

entidades municipais, estaduais ou federais de acordo com a estrutura

institucional. A gestão envolve a avaliação e aprovação de projetos,

monitoramento, fiscalização e pesquisa para o desenvolvimento urbano seja

sócio-ambiental sustentável.

Para a Companhia do Desenvolvimento e Administração da Área

Metropolitana de Belém – CODEM (1986), o crescimento demográfico, que ocorre

em Belém desde a década de 50, deu origem a quatro tipos de ocupação do

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espaço: a verticalização; a ocupação dos centros de quadras através da

propagação de vilas e passagens, aumentando a densidade populacional das

terras firmes ou terraços e fazendo desaparecer boa parte das áreas verdes da

cidade, ou seja, substituindo a vegetação pelas construções urbanas; a ocupação

das áreas além do cinturão institucional através de conjuntos habitacionais, de

indústrias e de habitações periféricas de baixo padrão construtivo; e a ocupação

das planícies de inundação da cidade. Com a valorização, a ocupação por

conjuntos habitacionais e por indústrias passaram a acontecer em algumas áreas

das várzeas. Com o tempo, a pressão populacional fomentou também a ocupação

de setores do próprio cinturão institucional, rompendo o bloqueio da expansão

urbana, como os terrenos da Universidade Federal do Pará na várzea do igarapé

Tucunduba.

3.2.1 - Sistema Urbano

Os sistemas urbanos são áreas delimitadas, caracterizadas por alta

densidade populacional sustentadas por processos biofísicos com origem e

abrangência maior que a área urbana (REES, 2003).

Os sistemas urbanos são primordialmente áreas de consumo e moradia.

Possuem diferentes dimensões ou integração de várias áreas como regiões

metropolitanas. Em 1900, 13% da população mundial eram urbanas e atualmente

chega a 50%, ocupando apenas 2,8% do território do globo. A população urbana

no Brasil chega a 83%. Em 2010 está prevista que 50,8% da população urbana

do mundo estarão na Ásia e 13,4% na America Latina e Caribe. O mundo está se

tornando cada vez mais urbano devido ao desenvolvimento econômico, gerando

pressão sobre o ambiente ocupado pela urbanização (TUCCI, 2007).

O crescimento urbano nos países em desenvolvimento tem sido realizado

de forma insustentável com deterioração da qualidade de vida e meio ambiente.

Este processo é ainda mais significativo na America Latina onde a população

urbana é 77% do total. Existem 44 cidades na America Latina com população

superior a 1 milhão de habitantes (de um total de 388 cidades do mundo superior

a este valor (MCGRANAHAN; MACOTULIO, 2005).

Desde o século passado o desenvolvimento urbano passou a criar padrões

de concentração urbana. Nas grandes cidades houve um processo de

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desconcentração urbana em direção a periferia, deixando o centro das cidades

despovoado e degradado. As dificuldades de vias de transporte aumentam de

trafego, deteriorização do transporte tem levado a mudanças de atitude neste

processo (TUCCI, 2007).

A urbanização de bacias hidrográficas coloca desafios especiais para o

profissional da área de degradação ambiental. Pesquisas recentes mostraram que

os rios formadores de bacias hidrográficas urbanas têm um caráter fundamental

de diferenciação, quando comparados com os pertencentes às bacias

hidrográficas florestais, rural ou mesmo agrícolas. A quantidade de superfície

impermeável pode ser utilizada como um indicador para se prever o quão graves

podem ser essas diferenças. Em muitas regiões urbanas, havendo um valor tão

baixo quanto 10% de cobertura impermeável da bacia hidrográfica já é suficiente

para ocorrer a degradação, sendo que se torna mais severa quanto maior se

torna a cobertura impermeável (SCHUELER, 1995).

Para o Ministério de Meio Ambiente - MMA (2000), no Brasil, em algumas

cidades a população em área irregular ou informal chega a 50%.

O crescimento populacional ocorre principalmente na população de baixa

renda e a população favelada (no caso do Estado do Pará denominada de

periféricas ou baixadas) deve dobrar nos próximos dez anos, chegando a 13,5

milhões de pessoas (Revista Veja, 2004).

Esse crescimento ocorre de forma desordenada, pois nas regiões mais

pobres toda infraestrutura urbana (transporte, água, saneamento, coleta de lixo e

drenagem) é mais deficiente, ocasionando conseqüências evidentes para os

próximos moradores.

Em outros termos, a relação sociedade-natureza não pode ser dissociada do

modo pelo qual se dá o conjunto das relações entre os homens. Nas sociedades

capitalistas, tais relações se dão essencialmente mediante a divisão social do

trabalho e a propriedade privada. A divisão social do trabalho e a propriedade

privada dividem a sociedade em trabalhadores e não trabalhadores, em

proprietários e não proprietários, em donos do capital e dos meios de produção

(por exemplo, a terra) e dos donos somente da força de trabalho. Isso gera as

classes sociais e as diferenças de acesso delas em relação aos quadros naturais

(a terra, a floresta ou o igarapé, por exemplo), assim como o destino dado a esses

quadros ou forma de relação com esses quadros naturais. Dessa forma, as

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diferenças e contradições da própria sociedade refletem-se na produção do

espaço (CARLOS, 1992).

Tucci (2007) afirma que o planejamento urbano é realizado para a cidade

formal e para a cidade informal são analisadas tendências desta ocupação. Os

principais problemas relacionados com a infra-esturura de água no ambiente

urbano são os seguintes:

A falta de tratamento de esgoto: grande parte das cidades da região não

possui tratamento de esgoto e lançam os efluentes na rede de esgotamento

pluvial, que escoa pelos rios urbanos (maioria das cidades brasileiras);

Outras cidades optaram por implantar as redes de esgotamento sanitário

(muitas vezes sem tratamento), mas não implementam a rede de drenagem

urbana, sofrendo freqüentes inundações com o aumento da

impermeabilização;

Ocupação do leito de inundação ribeirinha, sofrendo freqüentes inundações;

Impermeabilização e canalização dos rios urbanos com aumento da vazão de

cheia (sete vezes) e sua freqüência; aumento da carga de resíduos sólidos e

da qualidade da água pluvial sobre os rios próximos das áreas urbanas;

Deteriorização da qualidade da água devido à falta de tratamento dos

efluentes tem criado potenciais riscos ao abastecimento da população em

vários cenários, onde o mais critico tem sido a ocupação das áreas de

contribuição de reservatórios de abastecimentos urbano, que eutrofizados

podem produzir riscos a saúde da população.

Em resumo os principais problemas relacionados com a ocupação do

espaço são:

A expansão irregular mencionada acima ocorre sobre as áreas de mananciais

de abastecimento humano, comprometendo a sustentabilidade hídrica das

cidades;

A população de baixa renda tende a ocupar áreas de risco de encostas e

áreas de inundações ribeirinhas devido à falta de planejamento e fiscalização;

Aumento da densidade habitacional, com conseqüente aumento da demanda

de água e da carga de poluentes sem tratamentos lançados nos rios próximos

as cidades.

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26

Impermeabilização das superfícies, condutos e rios urbanos canalizados

desaparecem debaixo das avenidas de fundo de vale e outras, produzindo

inundações em diferentes locais da drenagem.

O quadro 2 apresenta uma comparação dos cenários de infraestrutura urbana

relacionada com a água em países desenvolvidos e países em desenvolvimento.

Quadro 2. Comparação dos aspectos da água no meio urbano (TUCCI, 2007).

Infraestrutura urbana Países desenvolvidos Países em desenvolvimento

Abastecimento de água Cobertura total

Grande cobertura; tendência de redução da disponibilidade devido à contaminação das fontes; grande quantidade de perdas na rede

Saneamento Grande cobertura na coleta e tratamento dos efluentes

Falta de rede e estações de tratamento; as que existem não conseguem coletar esgoto como projetado;

Drenagem Urbana Os aspectos quantitativos estão controlados; Gestão da qualidade da água

Impactos quantitativos sem solução; Impactos devido à qualidade da água não foram identificados.

Inundações Ribeirinhas Medidas de controle não-estruturais como seguro e zoneamento de inundação

Grandes prejuízos por falta de política de controle.

Tudo o que existe ou que se pode criar ou perceber faz parte de um todo.

Por isso, tudo está relacionado com o todo. Desse modo, ao analisar os

processos no igarapé Tucunduba não se pode deixar de considerar a relação

desses processos com o todo de nossa análise (a realidade concreta de Belém ou

o espaço produzido de Belém) para não fracionar o conhecimento que se pode

produzir desses processos. Ou seja, precisa-se compreender a produção do

espaço urbano belenense para entender o que ocorre no igarapé Tucunduba e o

que representa sua baixada no contexto desta cidade, como outras do país, que é

condição e meio da reprodução ampliada do capital (FERREIRA, 1995).

3.2.2 - Desenvolvimento Ambiental Sustentável

O desenvolvimento sustentável tem como objetivo buscar o equilíbrio entre o

desenvolvimento sócio-econômico e a sustentabilidade do ambiente no qual a

população se desenvolve (TUCCI, 2007).

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A bacia hidrográfica e os recursos hídricos formado pelos rios, lagos e

oceanos, são caracterizados pelo sistema natural e esse é formado pelo conjunto

de elementos físicos, químicos e biológicos.

A forma de se produzir o espaço urbano, condicionada pelas relações

sociais e, conseqüentemente, pelas relações sociedade-natureza, e pelo

movimento ou dinâmica do todo de Belém, que produz um ambiente caracterizado

pela degradação e pelas rápidas transformações na várzea do igarapé do

Tucunduba (FERREIRA, 1995).

Na figura 4 são apresentados dois caminhos para a interação entre o sócio-

econômico e o sistema natural.

Figura 4. Sistema e Interações (TUCCI, 2001).

Sistema sócio-econômico:

Desenvolvimento urbano, rural,

energia, navegação, ocupação de

áreas de risco, recreação, etc.

Ações ambientalmente

adequadas

Sistema natural

Geologia, solo, cobertura vegetal

rios, lagos, meteorologia, etc.

Desenvolvimento

sustentável

Fortes Impactos

ambientais

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O primeiro caminho pressiona o sistema buscando somente atingir os

interesses de curto prazo da sociedade sem preocupações ambientais,

representados pelo traçado pontinhado e o segundo caminho trabalham com o

uso de medidas sustentáveis representadas pela cor cinza, que resultam num

desenvolvimento sustentável. Por mais simples que sejam estas caracterizações,

o entendimento da sustentabilidade está no aprimoramento de ações que

permitam utilizar o espaço da bacia e do sistema aquático sem que a mesmas

atuem sobre a própria sociedade ou comprometam o ecossistema existente

(TUCCI, 2007).

Para Falkenmarker (2003), o desafio da gestão ambiental sustentável é

encontrar o equilíbrio entre os objetivos humanos e os impactos sobre o meio

ambiente.

A educação ambiental é fundamental na obtenção dos objetivos e metas

estabelecidos para uma adequada gestão ambiental, em qualquer localidade. A

eficiência da gestão de uma área urbana ou rural é determinada pelo grau de

educação da população local. Com a descentralização política gerada pela

constituição brasileira de 1988, a autonomia das cidades foi fortalecida, dando

início à organização dos sistemas locais de planejamento, de licenciamento,

controle e educação ambiental na busca de mecanismos de sustentabilidade para

a construção democrática da sociedade, iniciando no plano municipal

(PELICIONI, 2004).

A conseqüência da expansão sem uma visão ambiental é a deterioração dos

mananciais e a redução da cobertura de água segura para a população, ou seja,

a escassez qualitativa. Este processo necessita de diferentes ações preventivas

de planejamento urbano e ambiental, visando a minimizar os impactos e buscar o

desenvolvimento sustentável (TUCCI, 2007).

Os sistemas de gestão ambiental do espaço urbano devem ser concebidos

segundo cada realidade e necessidades locais, buscando cada vez mais, a

melhoria da qualidade de vida da coletividade e a construção plena da cidadania

(PELICIONI, 2004).

A maioria destes problemas é a conseqüência de uma visão distorcida do

controle das águas pluviais por parte da comunidade e profissionais, que ainda

priorizam projetos localizados, sem uma visão da bacia e dos aspectos sociais e

institucionais das cidades. O paradoxo é que os países em desenvolvimento e

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29

mais pobres priorizam ações economicamente insustentáveis, como as medidas

estruturais, enquanto os países desenvolvimento buscam prevenir com medidas

não-estruturais, mais econômicas e com desenvolvimento sustentável. Este

cenário é de decorrência de deficiente estrutura institucional dos países em

desenvolvimento que gerencia de forma inadequada uma complexa área

intersetorial da sociedade moderna (TUCCI, 2007).

3.2.3 - Expansão da ocupação urbana em bacias hidrográficas

Ocupação do solo é conceituada pela posse física do solo para desenvolver

uma determinada atividade produtiva, ou fixar residência (MAZZINI, 2006).

Entre 1940 e 1980, deu-se uma verdadeira inversão quanto ao lugar de

residência da população brasileira; há meio século (1940), a taxa de urbanização

era de 26,35%, em 1980 alcança 68,86%. Nesses quarenta anos, triplica a

população do Brasil, ao passo que a população urbana se multiplica por sete vezes

e meia (SANTOS, 2008).

Nas últimas décadas o crescimento da população urbana no Brasil teve um

aumento significativo e foi responsável pela geração de grandes metrópoles

formadas por cidades satélites e núcleos urbanos, resultado da expansão e o do

crescimento descontrolado.

O crescimento urbano também é responsável pela expansão irregular da

periferia, não levando em consideração as regulamentações urbanas definida em

seu Plano Diretor Urbano, ocasionando a ocupação irregular das áreas públicas

pela população de baixa renda. O processo de urbanização observado nos países

em desenvolvimento encontra-se concentrado em pequenos espaços territoriais,

apresentando sérios problemas relacionados a transporte, abastecimento e

saneamento, problemas de poluição do ar da água e inundações. Segundo estas

condições ambientais inadequadas reduzem as condições de saúde e, afetam a

qualidade de vida da população (SANTOS, 2008). (Tabela 3)

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30

Tabela 3. Crescimento da população brasileira e taxa de urbanização (Fonte: SANTOS, 2008).

Ano População (milhões por habitantes) População Urbana (%) 1970 93,1 55,9 1980 118,0 68,2 1991 146,8 75,6 1996 157,1 78,4 2005 175,1 79,0 2015 192,7 80,0

A expansão da ocupação humana sobre as bacias hidrográficas afeta

diretamente a água como elemento essencial as atividades humanas, e

notadamente o sua importância para o crescimento e o desenvolvimento de

regiões.

Para USEPA (1977), o desenvolvimento urbano também causa o aumento

na quantidade de poluentes. Esses poluentes que ocorrem em áreas urbanas

variam enormemente, desde matéria orgânica comum até metais altamente

tóxicos. Alguns poluentes, tais como inseticidas e fertilizantes, são utilizados

intencionalmente no ambiente urbano. Outros tipos de poluentes, inclusive os

gases provenientes das descargas dos automóveis e os pingos de óleo

provenientes de carros e caminhões, são resultado indireto das atividades

urbanas.

A relação homem-natureza na produção do espaço urbano implica que a

natureza seja sempre transformada e recriada pelo homem numa proporção

crescente e adequada ao estágio da relação que os homens mantêm entre si. A

relação com a natureza é histórica (DUARTE, 1986).

Mota (2003) afirma que o aumento da população e a conseqüente ampliação

das cidades deveriam ser sempre acompanhados do crescimento de toda

infraestrutura urbana que proporcionasse aos habitantes uma mínima condição de

vida. A ordenação deste crescimento se faz necessária, de modo que as

influências que o mesmo possa ter sobre o meio ambiente não se tornem

prejudiciais aos habitantes.

Desta forma, o planejamento do uso das águas deve estar sempre presente

em projetos de desenvolvimento do espaço urbano e em esquemas de

ordenamento territorial. Evidentemente a compreensão dos processos físicos é

vital para o entendimento do comportamento da bacia. No entanto, o

conhecimento, localização e distribuição das atividades antrópicas no espaço

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31

geográfico e sua variação ao longo do tempo configuram-se como importante

elemento da questão, posto que, desta forma, é possível a proposição de

estratégias e ações objetivando uma melhor distribuição das atividades produtivas

e de proteção dos recursos naturais (MENDES; CIRILO, 2001).

Para Ferreira (1995) a produção do espaço urbano ou da segunda natureza,

em Belém do Pará, resultou em uma configuração ambiental que inevitavelmente

reduziu de modo significativo os 40 % de várzea do seu sítio primitivo, igualou a

cota topográfica da maior parte das várzeas às cotas dos terraços mais baixos

pela quantidade de aterros, transformou os igarapés em canais de escoamento

dos dejetos da cidade, alterou as cabeceiras e os leitos dos cursos d`água

através da densidade das construções urbanas, das retificações, da alteração da

cobertura vegetal, da impermeabilização do solo, do lançamento de lixo e de

esgotos. Enfim, a cidade não se instalou simplesmente sobre uma dada

morfologia, mas sim produziu o seu espaço, o seu ambiente, construindo uma

nova morfologia e uma nova drenagem, atribuindo-lhes características e

finalidades diferentes.

De acordo com Schueler (1987), as alterações hidrológicas na bacia

hidrográfica são ampliadas após a construção de a cidade estar completa. As

superfícies impermeáveis, tais como telhados, ruas, estradas, estacionamentos e

calçadas, diminuem a capacidade de infiltração do solo e resultam em um grande

aumento no volume do escoamento superficial. O fluxo elevado também necessita

da construção de uma rede de águas pluviais ou a modificação dos sistemas de

drenagem existentes, para se evitar a erosão das margens de rios e das

encostas. As mudanças na hidrologia dos cursos d’água resultantes da

urbanização incluem o seguinte:

Elevação do pico de descargas quando comparado aos níveis de pré-

desenvolvimento (LEOPOLD, 1968).

Aumento no volume do escoamento superficial urbano produzido em cada

tempestade, em comparação com as condições de pré-desenvolvimento.

Diminuição do tempo necessário para que o escoamento superficial alcance o

curso d’água (LEOPOLD, 1968), especialmente se foram realizados

melhoramentos na rede de drenagem.

Aumento da freqüência e magnitude dos alongamentos.

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Redução no fluxo dos cursos d’água, durante períodos prolongados de seca,

devido ao nível reduzido da infiltração na bacia hidrográfica.

Maior velocidade do escoamento superficial durante as tempestades, devido

aos efeitos combinados de maiores picos de descarga, rápido tempo de

concentração e superfícies hidráulicas mais lisas, que ocorrem como resultado

do desenvolvimento urbano.

Savini e Kammerer (1961) apresentaram um resumo desses impactos

utilizando um modelo histórico de urbanização no quadro 3.

Quadro 3. Estágios de desenvolvimento urbano e seus diversos impactos hidrológicos (SAVINI; KAMMENER, 1961).

Estágio Impacto

1. Transição do estagio pré-urbano para urbano inicial

(a) Remoção de árvores ou vegetação (b) Perfuração de poços (c) Construção de fossas sépticas etc.

Redução na transpiração e aumento no fluxo de chuvas Rebaixamento do lençol freático Aumento na umidade do solo e possível contaminação

2. Transição do urbano inicial para o urbano médio

(a) Retirada total da vegetação (b) Construção maciça de casas etc. (c) Uso descontínuo e abandono de alguns

poços rasos (d) Desvio de rios próximos para o

fornecimento ao publico (e) Esgoto sanitário não tratado ou tratado

inadequadamente em rios e poços

Erosão acelerada do solo Redução na infiltração Elevação do lençol freático Redução no runoff entre os pontos de desvio Poluição de rios e poços

3. Transição do urbano médio para completamente urbano

(a) Urbanização da área completada pela adição de mais prédios

(b) Quantidades maiores de resíduos não tratados em cursos d’água locais

(c) Abandono dos poços rasos remanescentes

(d) Aumento da população necessitando do estabelecimento de novos sistemas de distribuição de água

(e) Canais de rios restritos, pelo menos em parte, por canais e túneis artificiais

(f) Construção de sistema de drenagem sanitária e estação de tratamento de esgoto

(g) Melhoramento do sistema de drenagem pluvial

(h) Perfuração de poços indústriais mais profundos e com maior capacidade.

Redução na infiltração e rebaixamento do lençol freático; picos mais altos de alongamento e fluxos d’água mais baixos Aumento da poluição Elevação do lençol freático Aumento no fluxo dos cursos d’água locais se o suprimento é proveniente de uma bacia externa Estágio mais alto para um dado fluxo d’água (portanto, um aumento dos danos por alongamento) Retirada de mais água do local Impacto positivo Pressão d’água mais baixa, subsidência, salinização da água

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Desse modo as transformações decorrentes da urbanização ou da ocupação

e do uso do solo para fins urbanos, que se estendem e se articulam

espacialmente atingem os terraços pleistocênicos e as planícies holocênicas, bem

como a rede de drenagem, ou em outras palavras, a totalidade da cidade,

incluindo, é claro, a várzea do igarapé do Tucunduba. Essas transformações que,

como já dissemos, fazem parte do processo de produção do meio ambiente

urbano ou do espaço urbano acarretam problemas ambientais de sérias

conseqüências para Belém (FERREIRA, 1995).

Para Silveira (2004) no manejo de recursos naturais, a gestão de bacias

hidrográficas tem sido constante na literatura, como uma área de extenso

potencial para aplicações de geoprocessamento. É importante salientar que a

metodologia aplicada ao estudo de bacias hidrográficas pode ser adaptada tanto

nas bacias de grandes áreas como nas do espaço urbano.

3.3 - ESCOAMENTO PLUVIAL

Quando determinada área é desenvolvida para uso humano, muitos

sistemas que retêm a água do ciclo hidrológico são removidos. Há aumento

rápido do escoamento urbano devido à pavimentação e também pela remoção da

vegetação que é fundamental na recarga dos aqüíferos (TUNDISI, 2003).

O aumento da área superficial impermeável e a presença de sistemas de

drenagem de águas pluviais geralmente resultam em picos elevados do fluxo nos

cursos d’água, durante e após as precipitações. Esses pulsos rápidos de água na

bacia hidrográfica podem ser duas a dez vezes maiores que o normal (ABAG,

1991).

Para Tucci (2007), o escoamento pluvial pode produzir inundações e

impactos nas áreas urbanas devido a dois processos, que ocorrem isoladamente

ou combinados:

Inundações de áreas ribeirinhas: são inundações naturais que ocorrem no

leito maior dos rios devido à variabilidade temporal e espacial da precipitação

e do escoamento na bacia hidrográfica;

Inundações devido à urbanização: são as inundações que ocorrem na

drenagem urbana devido ao efeito da impermeabilização do solo, canalização

do escoamento ou obstrução ao escoamento.

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A figura 5 caracteriza a fonte de todos os impactos que é o processo de

desenvolvimento urbano, tendo duas vertentes, a da ocupação das áreas de risco

e a impermeabilização do solo, resultando na aceleração do escoamento e nas

inundações que produzem danos materiais e humanos.

Figura 5. Relações de causa-efeito das águas pluviais urbanas (TUCCI, 2007).

As enchentes aumentam a sua freqüência e magnitude devido à

impermeabilização do solo e à construção da rede de condutos pluviais. O

desenvolvimento pode também produzir obstruções ao escoamento, como

aterros, pontes, drenagens inadequadas, obstruções ao escoamento junto a

condutos e assoreamento. Geralmente estas inundações são vistas como locais

Sociedade meio

ambiente uso do

solo

Impermeabilização e

canalização

Redução da

qualidade de vida

Inundação, perda de

biodiversidade,

comprometimento de

mananciais

Aumento de volume e

vazão máxima das

cheias, erosão e

contaminação da água

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porque envolvem bacias pequenas (< 100 km², mas freqüentemente em bacias <

10 km²) (TUCCI, 2007).

Outros impactos não relacionados a um poluente específico também podem

ocorrer como resultado da urbanização, como mudanças de temperatura

resultantes de maiores vazões, da remoção da cobertura vegetal e dos aumentos

nas superfícies impermeáveis. Dados recentes indicam que a urbanização

intensiva pode aumentar a temperatura do curso d’água em até 5º a 10ºC durante

pancadas de chuva (GALLI; DUBOSE, 1990).

3.3.1 - Medidas de Controle

As medidas para o controle de inundação podem ser do tipo estrutural e não

estrutural.

a) Medidas Estruturais

As medidas estruturais são aquelas que modificam o sistema pluvial (ou

meio ambiente) através de obras na bacia (medidas extensivas) ou no rio

(medidas intensivas) para evitar o extravasamento do escoamento para o leito

maior decorrentes da enchentes.

Para Tucci (2007) as medidas estruturais são obras de engenharia que

alteram os rios e são implementadas para reduzir o risco de enchentes. Essas

medidas podem ser extensivas ou intensivas. As medidas extensivas são aquelas

que agem na bacia, procurando modificar as relações entre precipitação e vazão,

como o reflorestamento, mudanças de plantio e conservação do solo.

Essas medidas tendem a reduzir e retardar os picos de enchente e controlar

a erosão da bacia.

b) Medidas Não- Estruturais

As medidas não-estruturais são aquelas que conservam o meio ambiente e

os prejuízos são reduzidos pela melhor convivência da população com as

inundações através de medidas preventivas como o alerta de inundação,

zoneamento das áreas de risco, seguro contra inundações, e medidas de

proteção individual (―flood proofing‖).

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Para Tucci (2007) as medidas estruturais não são projetadas para dar uma

proteção completa. Isto exigiria a proteção contra a maior inundação possível.

Esta proteção é fisicamente e economicamente inviável na maioria das situações.

A medida estrutural pode criar uma falsa sensação de segurança, permitindo a

ampliação da ocupação das áreas inundáveis, que futuramente podem resultar

em danos significativos.

As medidas não estruturais, em conjunto com as anteriores ou sem essas,

podem minimizar significativamente os prejuízos com o custo menor.

Muito embora, nem sempre ocorre o que seria desejado, pois o processo de

ocupação é realizado sem a devida implantação da infraestrutura necessária,

ocasionando um crescimento desordenado, sem considerar as características dos

recursos naturais do meio.

3.3.2 - Usos Múltiplos da Água

Diz-se dos diversos usos da água, de acordo com o Sistema de classes

previsto pela Resolução CONAMA n° 357, de 17/03/2005, e pela Deliberação

Normativa COPAM n° 010, de 16/12/1986. Os usos múltiplos das águas são

previstos pela Política Nacional de Recursos Hídricos e pela Política de Recursos

Hídricos do Estado de Minas Gerais (MANZZINI, 2006).

Para Mota (1995), a qualidade da água de um manancial, além dos seus

usos, depende das atividades que se desenvolvem em suas margens. Pode-se

dizer que a mesma esta intimamente relacionada com o uso que se faz do solo

em seu redor.

A água poder ser utilizada de várias maneiras pelo o homem entre elas:

Abastecimento humano

Abastecimento industrial

Irrigação

Recreação

Estético

Pastoril

Preservação da flora e fauna

Geração de energia elétrica

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Transporte

Diluição e afastamentos de despejos.

Estes usos múltiplos aumentam à medida que as atividades econômicas se

diversificam e as necessidades de água aumentam para atingir níveis de

sustentação compatíveis com as pressões da sociedade de consumo, a produção

industrial e agrícola (Figura 6).

Figura 6. Os vários tipos de usos da água (ANA, 2008).

A multiplicidade de usos da água, com interesses, muitas vezes, conflitantes

pode conduzir a problemas, tanto em termos de quantidade como de qualidade.

Esses conflitos de usos acentuam-se, principalmente, quando são intensificados

os processos de industrialização, de urbanização e de agricultura intensiva.

(MOTA,1995).

A população ao ocupar o espaço necessita de água para sobrevivência e dar

fim aos seus resíduos: esgoto e sólidos, evitar as inundações e doenças,

conservando as funções ambientais para as futuras gerações. Estes objetivos

básicos devem estar sempre presentes quando a sociedade urbanizada (TUCCI,

2007).

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Tem-se como base para o desenvolvimento do uso do solo a implementação

da urbanização visando à preservação dos caminhos naturais do escoamento e

priorizando a infiltração.

A água pode gerar impactos positivos ou negativos sobre a saúde humana,

sendo que a natureza de tais impactos depende de aspectos relacionados à

quantidade, qualidade e da relação dos grupos populacionais com a água, que

envolve, inclusive, os aspectos culturais (MMA, 2006).

De acordo com Tucci (2007), caracteriza esta como uma fase a qual foi

denominada de desenvolvimento sustentável (Quadro 4).

Quadro 4. Fases do desenvolvimento sustentável das águas urbanas (TUCCI, 2007). Fase Características Conseqüências

Pré-higienista: até início do século vinte

Esgoto em fossas ou na drenagem, sem coleta ou tratamento e água da fonte mais próxima, poço ou rio.

Doenças e epidemias, grande mortalidade e inundações

Higienista: antes de 70 Transporte de esgoto distante das pessoas e canalização do escoamento

Redução das doenças, mas rios contaminados, impactos nas fontes de água e inundações

Corretiva: entre 70 a 90 Tratamento de esgoto domestico e industrial, amortecimento do escoamento

Recuperação dos rios, restando a poluição difusa, obras hidráulicas e impacto ambiental

Desenvolvimento sustentável: depois de 90

Tratamento terciário e do escoamento pluvial, novos desenvolvimentos que preservam o sistema natural

Conservação ambiental, redução das inundações e melhoria da qualidade de vida.

Para TUNDISI (2003), o consumo de água nas atividades humanas varia

muito entre diversas regiões e países. Os vários usos múltiplos de água e as

permanentes necessidades de água para fazer frente ao crescimento

populacional e às demandas industriais e agrícolas têm gerado permanente

pressão sobre os recursos hídricos superfícies e subterrâneas.

Os usos múltiplos da água incluem, além da irrigação e da utilização

doméstica, a navegação, a recreação e o turismo. As duas últimas atividades são

extremamente importantes em regiões do interior dos continentes, em que o

acesso à recreação em água doce é mais fácil e barato, conseqüentemente, com

pressão considerável sobre rios, lagos e represas op cit.

Para Tucci (2007) os diferentes usos do recurso hídricos são:

Desenvolvimento urbano: envolve a alteração da superfície da bacia

hidrográfica pela urbanização e modificação dos sistemas de escoamento; uso

de água superficial concentrada em pequeno espaço, contaminação da água

devido ao esgotamento sanitário, drenagem urbana e resíduo sólido. Este

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conjunto de interferência no sistema natural gera impactos na própria

sociedade através das doenças de veiculação hídrica, inundações, prejuízos

materiais, entre outros. Neste contexto estão todos os aspectos de ocupação

do solo urbano, diferenças sociais e econômicas relacionadas com a

sociedade.

Desenvolvimento rural: trata do abastecimento humano e animal, uso da

água para o plantio como a irrigação e a drenagem desta água de volta ao

sistema natural, alteração da cobertura e do solo em função da agricultura,

dos tipos de cultura e da utilização de agrotóxicos, modificando a bacia e os

condicionantes do ciclo hidrológico, impactando os rios e os sistemas de

jusante quanto à quantidade e qualidade.

Energia: uma das alternativas energéticas é a geração hidrelétrica renovável.

Esta alternativa energética apresenta vantagens tecnológicas, mas

desvantagens ambientais que devem ser balanceadas em cada região.

Navegação: o uso do sistema hídrico para o transporte apresenta boa

economia de escala, no entanto pode apresentar impactos ambientais à

medida que altere o sistema fluvial ou apresente acidentes de transporte de

material de poluente.

Recreação: o uso dos sistemas naturais para divertimento e entretenimento

da população é um dos usos dos recursos naturais que apresenta o menor

impacto ambiental e cria condições sustentáveis econômicos e ambientais.

Gestão de eventos críticos: os eventos críticos de estiagem ou de

inundações são situações geradas pela flutuação das condições naturais dos

sistemas hídricos no qual a sociedade deve procurar conviver visando a sua

própria sustentabilidade de longo prazo.

No quadro 5 abaixo verificam-se os usos múltiplos da água.

Quadro 5. Usos Múltiplos da água (TUNDISI, 2003). Agricultura Irrigação e outras atividades relacionadas

Abastecimento Usos domésticos

Hidroeletricidade

Usos indústriais diversificados

Recreação

Turismo

Pesca Produção pesqueira comercial ou esportiva

Aquacultura Cultivo de peixes, moluscos, crustáceos de agua doce. Reserva de água doce para futuros empreendimentos e conseqüente uso múltiplo

Transporte e navegação

Mineração

Usos estéticos Recreação, turismo, paisagem

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Os principais sistemas relacionados com a água no meio ambiente urbano

são:

Manancial de águas;

Abastecimento de água;

Saneamento de efluentes sanitários;

Drenagem urbana;

Áreas ribeirinhas: rios, lagos, e estuários.

Para Tucci (2007) os riscos de inundação e a deteriozação da qualidade da

água nos rios, próximos às cidades de países em desenvolvimento e, mesmo em

países desenvolvidos, é um processo dominante no final do século vinte e início

do século vinte e um. Isto se deve a:

Contaminação dos mananciais superficiais e subterrâneos com os efluentes

urbanos como o esgoto cloacal, pluvial e os resíduos sólidos;

Disposição inadequada dos esgotos sanitários, pluviais e resíduos sólidos nas

cidades;

Inundações nas áreas urbanas devido à urbanização;

Erosão e sedimentação gerando áreas degradadas;

Ocupação de áreas ribeirinhas, com risco de inundações e de áreas de

grandes inclinações, como morros urbanos, sujeitos a deslizamento após

período chuvoso.

Ao longo de toda a história da humanidade, o desenvolvimento econômico e

a diversificação da sociedade resultaram em usos múltiplos e variados dos

recursos hídricos superficiais e subterrâneos. Não só o aumento populacional e a

aceleração da economia ampliam os usos múltiplos; o desenvolvimento cultural

faz com que necessidades sejam incorporadas, resultando em impactos

diversificados e de maior amplitude (TUNDISI, 2003).

Atualmente um dos principais problemas de recursos hídricos no país é o

impacto resultante do desenvolvimento urbano, tanto a nível interno dos

municípios como a nível externo, pela exportação de poluição e inundações para

os trechos dos rios a jusante das cidades (TUCCI, 2007).

O aumento e a diversificação dos usos múltiplos da água resultaram em uma

multiplicidade de impactos, de diversas magnitudes, que exigem, evidentemente

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diferentes tipos de avaliação quali e quantitativa e monitoramento adequado e de

longo prazo (TUNDISI, 2003).

A diversificação dos usos múltiplos com o desenvolvimento econômico e

social produziu inúmeras pressões sobre o ciclo hidrológico e sobre as reservas

de águas superficiais e subterrâneas. Os usos da água para a agricultura

intensificaram-se a partir da segunda metade do século XX, tornando-se uma das

principais utilizações. A diversificação dos usos múltiplos tornou os impactos mais

severos e complexos. Os benefícios dos usos dos ecossistemas aquáticos ao

homem são múltiplos e variados e além de apresentarem repercussão

econômica, tem valores estéticos e culturais op cit.

O processo de evolução desses sistemas é fruto de mudanças de atitude,

que fomentam a elaboração de novas políticas para essa área de conhecimento,

possibilitando uma nova visão cultural (SILVEIRA, 2004).

3.4 - SISTEMA DE INFORMAÇÕES DE RECURSOS HÍDRICOS

Na abordagem de como as geotecnologias podem apoiar a gestão de

recursos hídricos, buscar-se-á explorar os conceitos básicos associados e sua

aplicação como instrumento de gestão.

3.4.1 - Geotecnologias

O conceito de geotecnologia, em parte, tem muito haver com esta nova

maneira de captar, manipular, disponibilizar e analisar as informações, pois tem

como princípios todas estas atribuições e mais a necessidade de espacialização

referenciada destas (CALIJURI; RÖHM, 1995).

Geotecnologia é conceituada como um conjunto de tecnologias baseadas

em ambiente computacional com finalidade de promover o tratamento da

informação espacial, baseada em cartografia digital, sensoriamento remoto,

sistemas de informações geográficas e sistemas de posicionamento global por

satélite (MATIAS, 2006).

Convencionalmente, as informações de levantamento dos recursos naturais

eram coletadas através de técnicas de aerofotogrametria, apoiadas por

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levantamentos de campo, originando mapas analógicos, que invariavelmente

levavam anos para serem atualizados.

Com a utilização das Geotecnologias o tempo médio para a obtenção das

informações necessárias foi reduzido para semanas, somente essa característica

ampara a ampla aceitação e a demanda por essas tecnologias.

A cartografia digital, sem duvida, é uma das áreas que mais tem se

beneficiado com os avanços dessa tecnologia. Para transformar os dados e

informações contidas nas imagens em mapas e cartas, há um intenso trabalho de

interpretação. É ela que possibilita, por meio da identificação de padrões de

cores, tonalidades, texturas, sombreamentos, tamanhos e formas, diferenciar uma

mata de uma plantação, um rio de uma estrada e assim por diante (VITIELLO,

2008).

Dessa forma, torna-se possível criar desde mapas sistemáticos, com a

representação de diversos objetos e fenômenos no espaço, até cartas temáticas,

relativas a um dado específico como solo, vegetação, uso da terra, etc. A escala

da cartografia influência a precisão com que se podem delimitar as bacias

hidrográficas e respectiva rede de drenagem. Deverá assim escolher-se uma

escala adequada aos objetivos da modelação.

Dentre as ferramentas de ―análise à distância‖ o sensoriamento remoto tem

sido o mais explorado e com um número crescente de aplicações na área de

recursos hídricos; e neste processo, como apoio, há o emprego das técnicas de

geoprocessamento.

Dentro desse conceito evolucionário na administração, um instrumento vem

se destacando cada vez mais, criando novas possibilidades de análise ambiental,

antes totalmente impensáveis. A área de conhecimento denominada

genericamente de geoprocessamento apresenta-se como uma possibilidade de

exploração e estabelecimento de novos conhecimentos científicos na área

ambiental (SILVEIRA, 2004).

Atualmente a cartografia ganhou novo escopo com a inserção das novas

tecnologias na coleta e armazenamento de dados geográficos, bem como no

processamento e análise desses, até a produção de sua aplicação,

conseqüentemente a associação de dados também está sendo facilitada pelas

geotecnologias - geoprocessamento.

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3.4.2 - Geoprocessamento

Mazzini (2006) conceitua o geoprocessamento como um processamento

informatizado de dados georeferenciados. Utiliza programas de computador que

permitem o uso de informações cartográficas (mapas e plantas) e informações às

quais se possam associar coordenadas geográficas. O geoprocessamento é útil

para monitorar áreas com maior necessidade de proteção ambiental; para

acompanhar a evolução da poluição da água, do ar e dos níveis de erosão do

solo; para acompanhar a disposição irregular de resíduos; para gerenciar os

serviços de limpeza pública (acompanhamento por área da cidade, do volume de

resíduos coletados e análise de roteiros de coleta), etc.

Mendes e Cirilo (2001) pesquisaram e descreveram vários conceitos sobre

geoprocessamento tais:

Um sistema de informação criado para trabalhar com dados referenciados

através de coordenadas geográficas. Em outras palavras, geoprocessamento é

um sistema de banco de dados com capacidades bem especificadas para dados

referenciados geograficamente e bem como um conjunto de operadores para

trabalhar com estes dados.

Um sistema para capturar, armazenar, integrar, manipular analisar e apresentar

dados que são referenciados na Terra.

Um sistema automatizado para capturar, armazenar a apresentar dados

espaciais.

Geoprocessamento é simultaneamente o telescópio, o microscópio, o

computador e a máquina de xérox da análise regional e síntese de dados

geográficos.

Uma enorme distinção do geoprocessamento é a capacidade de sobreposição

de mapas. Não simplesmente um mapa sobre outro, mas a capacidade de

operações de análise dos dados dos mapas.

O geoprocessamento significa muito mais do que as definições anteriores e

se estende além das capacidades técnicas de codificar, armazenar e recuperar

dados espaciais e/ou geográficos. Em outro sentido mais amplo, os dados em um

ambiente de geoprocessamento (aspectos da superfície terrestre) representam o

mundo real, físico onde cada aspecto, variável, característica e/ou propriedade

deste mundo real é representado por um único mapa (plano ou camada de

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informação) formando um conjunto. Cada mapa é um desenho plano indicando a

natureza, posição relativa e o tamanho da característica selecionada dentro de

uma área geográfica (MENDES; CIRILO, 2001).

Berry (1993) afirma que o geoprocessamento é uma forma de raciocínio

espacial.

Goodchild (2002) argumenta que os estágios de solução de problemas em

geoprocessamento têm um encadeamento causal, podendo ser descritos como: a

formulação da questão, delimitando ao máximo o problema a ser resolvido; a

observação dos fenômenos e a aquisição dos dados; a expressão dos dados por

meio análise e busca de soluções; a intervenção e a mudança na realidade. Esse

espaço de formulação e delimitação, observação, aquisição e expressão dos

dados têm necessariamente uma escala espacial e outra temporal.

A figura 7 ilustra a relação dos aplicativos das geotecnologias aos recursos

hídricos.

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Figura 7. Uso do geoprocessamento para análise regional dos recursos hídricos (MENDES, 1999).

Na gestão de bacias hidrográficas, tanto urbanas quanto rurais, as

aplicações podem ser elaborados como um auxílio ao manejo da qualidade e

quantidade da água, na identificação das fontes de poluição pontuais e difusas e

na avaliação do estado geral da bacia (SILVEIRA, 2004).

Duas outras áreas do geoprocessamento, como o Sistema de

Posicionamento Global (Global Positioning System – GPS) e o Sensoriamento

Remoto (SR), também têm passado por uma evolução conceitual e tecnológica

(SILVEIRA, 2004).

3.4.3 - Sensoriamento Remoto

Por definição, sensoriamento remoto refere-se à captação ou registro de

imagens e dados da superfície terrestre, dos oceanos e da atmosfera, por meio

de sensores, tais como câmeras fotográficas, câmeras de vídeo radares,

colocados a bordo de aeronaves ou satélites artificiais. Com a obtenção desses

dados é feita a certa distância da superfície que varia de alguns metros a dezenas

Balanço

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de quilômetros de altitude, ela é classificada de remota. Quanto maior a distância

maior poderá ser a área de abrangência, por outro lado, quanto mais próximo o

sensor estiver da superfície terrestre, maior poderá ser a resolução e o

detalhamento de uma imagem (VITIELLO, 2008).

Os primeiros registros de sensoriamento remoto ocorreram em meados do

século XIX com fotografias tiradas de balões. Em 1862, em plena Guerra Civil

Americana, balonistas do exercito já se utilizavam de fotografias aéreas para fazer

o reconhecimento das tropas. Esse uso se intensificou na Primeira Guerra

Mundial com as fotos feitas de aviões, e atingiu um grande desenvolvimento na

segunda Guerra mundial com o uso de filmes infravermelhos, que permitiam

identificar objetos camuflados, e de radares, cuja captação conseguiria romper

algumas barreiras físicas op cit.

As imagens obtidas através do sensoriamento remoto proporcionam uma

visão multitemporal (de dinâmica) de extensas áreas da superfície terrestre. Esta

visão sinóptica (de conjunto) do meio ambiente ou da paisagem possibilita

estudos regionais e integrados, envolvendo vários campos do conhecimento. Elas

mostram os ambientes e a sua transformação, destacam os impactos causados

por fenômenos naturais, como às inundações e a erosão do solo (freqüentemente

agravados pela intervenção do homem) e antrópicos, como os desmatamentos,

as queimadas, a expansão urbana, ou outras alterações do uso e da ocupação da

terra (FLORENZANO, 2002).

Para Silveira (2004), as imagens de satélite, uma das formas de

Sensoriamento Remoto, vêm permitindo o monitoramento cada vez mais

diversificado da superfície terrestre, tornando-se uma ferramenta indispensável

em grande parte das abordagens ambientais. Sua periodicidade é uma grande

vantagem que tem sido citada na literatura pelo fato de proporcionar as mais

diversas avaliações ambientais envolvendo mudanças temporais. Por ser uma

imagem multiespectral (composta dos vários comprimentos de onda da luz),

permite várias combinações entre as bandas, gerando imagens compostas que

podem ter finalidades para análises diversas.

Novo (1992) enumerava as inúmeras aplicações do sensoriamento remoto

na avaliação dos recursos naturais. Em recursos hídricos, destacava a análise

qualitativa de imagens e fotografias aéreas, permitindo a identificação de

alterações locais da superfície líquida, padrão de drenagem, migração de canais

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fluviais, avaliação do impacto regional de enchentes, qualidade de água,

monitoramento de reservatórios, cadastro de áreas irrigadas e inventário de

fontes de sedimentos.

Outra exemplificação é o monitoramento do uso da terra, o sensoriamento

remoto e o geoprocessamento constituem-se em técnicas fundamentais para a

manutenção de registros do uso da terra ao longo do tempo. As imagens de

satélite, em forma digital ou papel, são muito importantes e úteis, pois permitem

avaliar as mudanças ocorridas na paisagem de uma região e num dado período,

registrando a cobertura vegetal em cada momento. (CAMPOS et al., 2004)

O instrumento que melhor expressa essa espécie de matemática espacial é

o Sistema de Informações Geográficas (SIG). Qualquer dado que possua um

componente espacial, uma localização determinável, pode ser manuseado,

armazenado e analisado por um SIG (SILVEIRA, 2004).

A capacidade de rapidamente se poder atualizar uma base de dados

geográfica, a par da rapidez e baixo custo da produção de cartas isoladas, tem

tido como significado o fato de uma carta material poder ser usada como um

instantâneo de uma base de dados geográficos em contínua evolução. Uma vez

que a reanálise dos dados é relativamente pouco dispendiosa e pode ser feita

rapidamente, têm sido progressivamente melhorados cenários de planejamento

complexo através da reanálise de uma dada planificação, de modo a definir as

modificações propostas. Os responsáveis podem propor um grande número de

planos alternativos e avaliar cada um pela passagem de cada cenário,

comparando os resultados. Esta abordagem iterativa e interativa seria

francamente proibitiva, em termos de custos e temporais, se usasse os métodos

manuais, pondo desse modo em realce a importância atual e as capacidades por

ora ainda não inteiramente exploradas dos atuais e futuros Sistemas de

Informação Geográfica (CORDEIRO, 2009).

Pode-se, por exemplo, modelar através da temporalidade das imagens de

satélite a ação antrópica sobre os recursos naturais, possibilitando o

desenvolvimento de planos de manejo e conservação, evitando assim a

degradação do solo e problemas relativos à qualidade da água e garantindo a

sustentabilidade dos recursos naturais. Outra relevante face das geotecnologias é

o crescente desenvolvimento dos SIG´s, pois através de sua utilização pode-se

planejar e executar ações de cunho técnico-científico de grande espectro de

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aplicações na gestão dos recursos naturais. Burrough (1989), conceitua os SIG´s

como aplicativos constituídos de cinco módulos, onde cada módulo é um

subsistema que permite as operações de entrada e verificação de dados,

armazenamento e gerenciamento de banco de dados, apresentação e saída de

dados, transformação de dados e interação com o usuário.

De acordo Silveira (2004), é importante salientar que um SIG é utilizado

mais corretamente como extensão do pensamento analítico. O sistema em si não

possui respostas prontas. Assim como o campo do conhecimento da estatística,

esse sistema é somente uma ferramenta auxiliar para descrever e inferir; ele deve

ser usado após o problema ambiental ter sido cuidadosamente delimitado, para

daí se verificar as possibilidades de solução. De outra maneira, corre-se o risco

de utilizar a tecnologia por se, sem um objetivo definido.

3.4.4 - Sistema de Informação Geográfica (SIG)

O Sistema de Informação Geográficas (SIG) é um sistema de computação,

onde o dado que se trabalha tem, como um dos atributos básicos, a sua posição

geográfica. É normalmente apoiado em banco de dados, que associado ao

terreno, possibilita a produção de diversificada informações sobre o mesmo

(DESTRI,1995).

Segundo Smaniotto (2000), os dados necessários são obtidos de fontes

diversas, apresentando-se de formas diferentes (analógica e digital) e com

formatos diferentes (espacial, descritivo, tabular, georreferenciado); desta

maneira, existe a necessidade de criação de meios para conversão destes para

uso no SIG. Deve ser um sistema na medida do possível, fácil de manipular, para

atingir a sua finalidade principal no fornecimento de informações. É dessa

maneira que deve-se manipular todas as informações a serem inseridas em um

SIG, utilizando-se ainda das informações levantadas a campo para compor o

banco de dados.

Para Smaniotto (2000), um SIG é um conjunto organizado de hardware,

dados geográficos e pessoal, destinados a obter, armazenar, manipular, analisar

e exibir todas as informações geograficamente referenciadas utilizando recursos

de computação gráfica e processamento digital de imagens. Associando

informações geográficas a bancos de dados convencionais, é possível recuperar

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informações não apenas com base em suas características alfanuméricas, mas

também através de sua localização espacial.

Em análise feita por PUEBLA (2000), SIG seria um sistema de hardware,

software e procedimentos desenhados ou criados para realizar a captura

armazenamento, manipulação, análises, modernização e apresentação de dados

referenciados especialmente, para a resolução de problemas complexos de

planificação e gestão.

Com relação à funcionalidades é importante destacar que o SIG, de acordo

com as considerações feitas por PUEBLA (2000), varia suas funcionalidades

desde formas simples, como desenhar mapas até complexas, tais como análise

de rede. De forma geral, o trabalho com o SIG exige, como ferramenta de

modelização, a utilização de numerosas funcionalidades de forma seqüencial.

Tecnologicamente um SIG pode ser considerado como uma caixa de

ferramentas digital (toolbox) para coleta, armazenamento, busca, análise,

transformação e exposição de dados espaciais (dados com uma posição x, y, z)

(SILVEIRA, 2004).

Os SIG’s necessitam usar o meio digital, portanto o uso intensivo da

informática é imprescindível; deve existir uma base de dados integrada, estes

dados precisam estar georreferenciados e com controle de erros; devem conter

funções de análises destes dados que variem de álgebra cumulativa (operações

tipo: soma, subtração, multiplicação e divisão, etc.) até álgebra não cumulativa

(operações lógicas) (SILVA, 2003).

Uma característica importante do SIG é a possibilidade de adquirir dados

das mais variadas fontes, homogeneizá-los segundo um padrão definido e exibi-

los, ao final, também em vários formatos (DESTRI,1995).

Sistemas de Informações Geográficas (SIG) tem papel fundamental no

mercado das geotecnologias, pois é muito mais do que conjugar hardware e

software como ferramenta de suporte a decisão e conhecimento, mostrando

considerações sobre tendências e desafios no campo das aplicações da

geotecnologia no monitoramento de processos geológicos naturais e induzidos,

prevenção de riscos, recuperação de áreas degradadas, construção de obras

civis, aproveitamento de recursos hídricos.

Os SIG’s são realmente uma convergência de campos tecnológicos e

disciplinas tradicionais. Em cada simulação ou modelamento, aparecem alguma

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das técnicas que servem de base para a implementação de base para o SIG. Os

SIG’s, para atenderem às expectativas dos usuários e à demanda da sociedade,

necessitam do apoio de vários campos de conhecimento humano. São estes:

ciência da computação, gerenciamento das informações, cartografia,

geodésia, fototrigonometria, topografia, processamento digital de imagens e

geografia (SILVA, 2003).

Os procedimentos metodológicos destacados para a modelagem de

sistemas ambientais ganharam realce com as tecnologias envolvidas nos SIG´s,

apresentado ligações em Geociências, Hidrologia e Ecologia das paisagens e de

forma complementar, para a análise espacial das informações, tornou-se

essencial a inclusão da Geoestatística (CHRISTOFOLETTI ,1999).

A capacidade do SIG de integrar dados e direcioná-los para outras funções

são praticamente inesgotável. Em duas décadas, ele migrou de sistemas

operacionais pesados e corporativos para o computador pessoal, principalmente

pelo rápido desenvolvimento deste último. As tecnologias de armazenamento de

dados, fator altamente limitante para o desenvolvimento tecnológico, estão cada

vez mais eficientes e com menores custos (SILVEIRA, 2004).

3.4.5 - Integração de geotecnologias e a gestão de recursos hídricos

Os procedimentos metodológicos destacados para a modelagem de

sistemas ambientais ganharam realce com as tecnologias envolvidas nos SIG´s,

apresentado ligações em Geociências, Hidrologia e Ecologia das paisagens e de

forma complementar, para a análise espacial das informações, tornou-se

essencial a inclusão da Geoestatística (CHRISTOFOLETTI, 1999).

Para Silveira (2004) numa ótica cientificista cartesiana, a gestão ambiental

tem como objetivo manter o fluxo dinâmico evolutivo dos sistemas naturais,

procurando utilizar os efeitos benéficos dessa evolução para o desenvolvimento

sustentável da espécie humana.

Nesse contexto, o uso desses conhecimentos para gestão dos recursos

hídricos transcende o simples fato de utilizar tecnologias computacionais para

subsidiar um processo que anteriormente era manual. Entende-se que a

capacidade analítica dessas ferramentas propicia armazenar e analisar a

informação ambiental de diferentes maneiras e enfoques.

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A gama de sistemas sensores disponíveis comercialmente possibilita

inúmeras aplicações nas diversas escalas de trabalhos e objetivos propostos

pelas ações envolvendo as geotecnologias.

Essa multiplicidade de aplicações das Geotecnologias em projetos

relacionados à gestão de recursos hídricos, se reflete na elevada qualidade das

informações geradas. Porém, controversamente, é crescente a preocupação

quanto às bases de dados usadas nesses projetos, principalmente no que tange a

fatores como escala temporalidade, fonte, metodologias de processamento e

procedimentos de análises adotados.

Em cada estágio de um projeto, a verificação apropriada dos dados e dos

procedimentos de checagem é imprescindível, a fim de assegurar que a base de

dados esteja isenta de quaisquer erros, uma vez que a criação de uma base de

dados digitais é a tarefa mais importante e mais complexa de um SIG e sobre a

qual reside a utilidade do sistema (BURROUGH; MCDONNEL, 1998).

Um grande desafio atual reside na necessidade de se formatar bases de

dados geográficos que contribuam para organizar e disponibilizar as informações

geradas pelas Geotecnologias. Uma nova e crescente comunidade técnica-

científica e de usuários começa a nascer desse processo de evolução.

O aprimoramento tecnológico das ferramentas de geoprocessamento

permitiu a integração de dados espaciais de diversas fontes, possibilitando

realizar análises cada vez mais complexas. Atualmente, é possível espacializar

diversas informações e testar estaticamente as relações entre as variáveis

espaciais, desde que exista um identificador único (como municípios, setores

censitários, endereços, etc). No Brasil, a menor unidade de análise de dados

sócio-demográficos que possuam abrangência nacional, confiabilidade e

periodicidade são os setores censitários do IBGE. Desta maneira, a integração

destas informações pode elucidar o comportamento espacial variável

demográficas nas metrópoles brasileiras (MACEDO E UMBELINO, 2009)

Essas informações são valorizadas pela sua expansão em termos históricos

e temporais de dados de sensoriamento remoto e pela premissa das

geotecnologias na necessidade da interdisciplinaridade visando à gestão

sustentável dos recursos naturais.

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A utilização de metodologias, procedimentos e tecnologias que envolvam o

sensoriamento remoto, SIG´s, GPS e banco de dados geográficos possibilita a

obtenção de diversas informações sobre os recursos hídricos.

Para Mendes e Cirilo (2001) os fenômenos ou processos ambientais

constituem um sistema espaço-temporal. Os dados (atributos) resultantes da

observação destes fenômenos podem ser classificados de acordo com as

variáveis geográficas que comandam o processo observado. Dessa forma, os

fenômenos podem ser classificados em: fenômeno espacial (mapas topográficos,

mapas cadastrais); fenômeno temporal (inventários, registros históricos); e

fenômeno espaço-temporal (modelos de simulação hidrológica, modelos de

dispersão, gerenciamento de áreas urbanas).

Considerando-se a urgência e a necessidade, o assunto já deixou de ser

exclusividade dos meios acadêmicos e passou a compor a agenda das decisões

políticas. Apesar das deficiências, ineficácias e antagonismos, as políticas

ambientais tem de ser obrigatoriamente implementadas para evitar, ou melhor,

minimizar as possíveis irreversibilidades (SILVEIRA, 2004).

A utilização de sistemas Informativos Geográficos (SIG’s) integrando dados

sócio-demográficos a informação advindas de sensores remotos causaram um

impacto significativo nos estudos da dinâmica urbana nos últimos anos. Suas

ferramentas têm propiciado aos pesquisadores um ganho expressivo de

informações, permitindo uma melhor compreensão da ocupação populacional em

diversas utilidades, deste trabalho na escala nacional, até a escala intra-urbana, a

começar pelo georreferenciamento de informações cadastrais de equipamentos s

(educação e saúde) e de mortalidade, passando pela elaboração de surveys e

índices, até estudos relacionados à dinâmica evolutiva de áreas urbanas (Davis e

Fonseca, 2001; Souza e Torres, 2003).

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Capítulo 4 - MATERIAIS E MÉTODOS: AS CIÊNCIAS E AS

TÉCNICAS DE INFORMAÇÕES E CONHECIMENTO DO ESPAÇO

FÍSICO

Neste capítulo é feita uma apresentação em relação aos materiais utilizados

e também apresentado o passo a passo da metodologia aplicada para a

realização da pesquisa.

4.1 - MATERIAL, PROGRAMAS E PRODUTOS

Um dos maiores problemas enfrentados pelas regiões metropolitanas

atualmente é a redução na qualidade de vida devido à degradação ambiental.

Uma das ações mais importantes para a recuperação do meio-ambiente nessas

regiões compreende a implementação de programas de gerenciamento das

bacias hidrográficas que as abrangem. A bacia hidrográfica pode ser definida

como a área total de drenagem que alimenta uma determinada rede hidrográfica,

ou ainda como um espaço geográfico de sustentação dos fluxos d’água de um

sistema fluvial hierarquizado. É cada vez mais utilizada como unidade de

planejamento e gestão territorial. No gerenciamento ambiental, sobretudo, tem-se

adotado a bacia hidrográfica como unidade do espaço geográfico para o

desenvolvimento de projetos e ações relativos aos recursos naturais (WEBER et

al, 1998).

O foco do presente trabalho é uma área urbana localizada na bacia do

igarapé Tucunduba, onde se manifestam todos os efeitos da ocupação urbana;

sendo esse um processo que apresenta uma dimensão têmporo-espacial e

possibilita uma avaliação de tendências futuras.

Busca-se colher subsídios para o reconhecimento dos principais atores

intervenientes na bacia, identificar os conflitos de uso da água e do solo;

empregando um sistema de informação geográfica (SIG) para a integração dos

dados.

Esta pesquisa aborda o perímetro urbano da bacia do Tucunduba numa

perspectiva, tomando como premissa que o crescimento urbano é um processo

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que se manifesta em termos espaciais com dimensão temporal, cuja

compreensão passada e atual desse crescimento conduz a estimar suas

tendências futuras. Para tal, adotou-se a metodologia aplicada a estudos que

utilizam dos sistemas de informação geográfica (SIG), aliado ao sensoriamento

remoto, visto que constituem técnicas imprescindíveis nos estudos ambientais,

que levem em consideração à dinâmica têmporo-espaciais.

De forma sintética o fluxograma da figura 8 apresenta o escopo do projeto.

Figura 8. Fluxograma com o roteiro sintético das principais etapas adotadas.

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4.2 - DESCRIÇÃO DO MATERIAL

A seguir é apresentada a descrição dos materiais utilizados no

desenvolvimento da pesquisa:

Conjunto de ortofotos, escala 1:2.000, originárias do levantamento

aerofotogramétrico realizado pela CODEM em 1998, para o município de

Belém; folhas: 348821; 348822; 348824, 348825; 348841; 348842; 348844;

348845; 358821; 358822; 358824, 358825; 358826; 358911; 348934; 348846;

348843; 348826.

Base vetorial, com a identificação dos principais componentes logísticos (ruas,

avenidas, lotes) digitalizadas em formato DXF; oriundos da Companhia de

Desenvolvimento e Administração da Área Metropolitana de Belém – CODEM

(1998), ajustados a base do Plano Diretor Urbano do Município de Belém

(2007).

Carta imagem Ikonos de 2008.

No suporte a geração da base de informação, empregou-se:

Para o georreferenciamento: GPS da marca Garmim Mapa 196.

Na vetorização das informações: programa AutoCAD 2007.

Na análise espacial: programa Global Mapper 10.1.

Para o processamento das imagens: programa ArcGis 9.3.

Como suporte tecnológico: computador com Sistema Operacional Windows 7

Utimate (64 bits); processador Intel(R) Core(TM)2 Duo CPU E7400 @

2.80GHz 2.80GHz; memória 2.00 GB; monitor Samsung 17’.

4.3 - FASES DE EXECUÇÃO DOS PROCEDIMENTOS ADOTADOS

Os procedimentos compreendem as etapas de trabalho adotadas no

decorrer da pesquisa; que foi dividida em fases para melhor compreensão da

metodologia.

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4.3.1 - Fase 1: Levantamento de informação – base teórica e dados

secundários.

Nesta fase foi realizado o levantamento dos subsídios teóricos para a

construção metodológica e dos dados secundários necessários a formulação do

problema.

Na formulação teórica buscou-se a apropriação de conhecimento em torno

das temáticas: geotecnologias, sistemas de informações geográficas, análise

espacial, gestão de bacias hidrográficas urbanas e avaliação de usos múltiplos

das águas.

Em termos dos dados secundários destacam-se: relativos aos recursos

naturais (hidrografia); logística (vias de acesso); e socioeconômicos (atores locais

e uso das águas).

Esta etapa subsidiará os levantamentos de campo.

4.3.2 - Fase 2: Aquisição da base de dados

Esta fase compreende a geração de um diagnóstico base envolvendo as

informações de logística, hidrográfica, vias de acesso e usuários potenciais das

águas da bacia; todos estes elementos comporão uma base estruturada em SIG.

Essa etapa consistiu na seleção do material utilizado para a construção da

base cartográfica, dentre os quais tem-se:

Ortofoto da Região Metropolitana de Belém - PA, a Bacia do Tucunduba

refere-se às folhas 348821; 348822; 348824, 348825; 348841; 348842;

348844; 348845; 358821; 358822; 358824, 358825; 358826; 358911; 348934;

348846; 348843; 348826. CODEM, escala de 1:2000, projeção Universal

Transversa de Mercator, horizontal SAD-69, 1998.

Imagem de satélite Ikonos, com resolução espacial de 1 m, 2008; imagens

orbitais de alta resolução.

4.3.3 - Fase 2.1: Georreferenciamento das bases

Em função das diversas origens do material que compõe a base de dados

vetoriais, faz-se necessário seu ajuste, em termos de georreferenciamento de

modo a torná-los compatível.

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Toda a base vetorial corresponde aos arquivos fornecidos pela Companhia

de Desenvolvimento e Administração da Área Metropolitana de Belém – CODEM

(1998), ajustados a base do Plano Diretor Urbano do Município de Belém (2007).

Quanto ao SIG, são digitalizados os dados cartográficos básicos, criando-se

planos de informação com o limite da bacia, a rede hidrográfica e a rede viária,

obtidos das cartas 1:2.000.

4.3.4 - Fase 2.2: Análise das Imagens

O processo de análises das imagens foi realizado através de identificação

das entidades espaciais na ortofoto em 1998, com resolução espacial de 3 m e na

Ikonos em 2008, com resolução de 1 metro, ambas no sistema SAD 69.

Foi realizado um georreferenciamento na imagem Ikonos (4 m espectrais e 1

m pancromática = fusão 1 m) sobre a ortofoto, tendo em vista que a ortofoto é

uma imagem mais precisa, pois esse levantamento aéreo é realizado levando em

consideração parâmetro de relevo do terreno. Após a finalização dos ajustes, foi

feito o recorte da imagem para isolar a bacia do Tucunduba.

Em todo processo foi considerado o sistema de projeção cartográfica UTM

(Projeção Universal Transversal de Mercator) referente à Zona 22 Sul, SAD-69.

4.3.5 - Fase 2.3: Ajuste das escalas e espacial

Nesta, foram adequados a base vetorial, as ortofotos e a imagem Ikonos de

modo a coincidirem as informações espaciais e tornar possível o ajuste a partir

das informações de campo.

4.3.6 - Fase 3: Etapas de campo

É composta pelo levantamento de dados primários (referentes aos usos

múltiplos das águas) e ajustes da base elaborada; objetivando a cartografia final e

a geração da base cadastral.

O trabalho de campo consiste na verificação dos locais de ocorrência dos

usos e foi precedido de uma análise da área a ser visitada, com a montagem de

um cronograma e a programação dos trajetos a serem percorridos. As prioridades

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foram estabelecidas baseando-se nos dados secundários obtidos e na base

cartográfica prévia gerada.

Para a coleta e sistematização dos dados foi criada uma ficha de campo,

contendo campos específicos para as informações mais importantes a levantar

em cada ponto. Cada local visitado é descrito e caracterizado, fotografado, tendo

sua localização determinada com auxílio de GPS; buscando-se identificar e

detalhar zonas de conflito de uso da água e do solo em torno do curso d’água.

4.3.7 - Fase 4: Elaboração da base cadastral

Anteriormente a análise dos dados geográficos em um Sistema de

Informação Georreferenciada (SIG) é necessária a construção de um Banco de

Dados (BD) que irá conter a base cartográfica do trabalho a partir da qual são

realizadas análises espaciais e confeccionados mapas temáticos.

A construção de um BD é uma das etapas mais complexas e trabalhosas da

pesquisa.

O ponto de partida para executar as funções de SIG é a organização de um

banco de dados robusto e bem planejado, que é uma tarefa desafiadora e

consome, muitas vezes, mais de 70% dos esforços físicos, financeiros e

intelectuais de um projeto, (SILVA, 2003)

É fundamental que um BD seja construído com base no planejamento da

pesquisa, pois como é gasto muito tempo em sua construção não é interessante

incluir dados que decorrer do trabalho é percebido como desnecessário

(COLAVITE, 2009).

O banco de dados e o projeto, que contem as informações cartográficas,

foram criados no software ArcGis, versão 9.3.

Isso representa o registro das informações referentes aos usos múltiplos das

águas, com sua descrição, localização geográfica e demais observações

necessárias a posterior análise.

Paralelamente à realização desses levantamentos de campo foram

desenvolvidas outras tarefas, como a tabulação em planilhas eletrônicas de dados

descritivos obtidos no levantamento bibliográfico e de dados coletados em campo

e a estruturação de dados cartográficos no SIG.

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A tabulação procurou reunir os dados de natureza semelhante na mesma

área de trabalho, criando tabelas distintas para cada tipo e abrangência de

informação descritiva.

4.3.8 - Fase 5: Elaboração da base cartográfica final

O processo de classificação foi realizado através do método de

interpretação visual, onde foram identificados conjuntos de áreas referentes à

classe urbanização e sua interface com os usos múltiplos das águas da bacia

hidrográfica.

O critério utilizado para essa identificação baseia-se na presença de

agrupamentos urbanos, referentes às classes:

Delimitação da bacia

Traçado da drenagem

Identificação de nascentes

Área edificada

Área de vegetação

Área de canais

Área do canal do rio Tucunduba

Desmatamento e aterros para a

expansão urbana

Área de pavimentação

Área densamente ocupada

pavimentada

Área densamente ocupada não

pavimentada

Usos múltiplos da bacia

A partir da delimitação da bacia hidrográfica e digitalização da área,

calculou-se a área e o perímetro desta, além das áreas classificadas com usos

múltiplos e corresponde ao total da área dividido pela área com cada tipo de usos

da bacia. Por fim confeccionou-se mapa de usos.

Com base na integração e análise das informações de uso da água e do

solo levantadas foi elaborada uma proposta de segmentação do curso principal da

bacia; onde foram considerados, em primeiro plano, os usos preponderantes, que

traduzem um grau de importância maior frente a outros usos observados ao longo

de um determinado segmento.

Um determinado uso é considerado preponderante a partir da intensidade de

sua ocorrência (navegação, por exemplo) ou de sua importância para a população

(abastecimento), num segmento específico. Também serão considerados outros

usos, representados pela diluição de despejos domésticos e/ou indústriais, bem

como o abastecimento doméstico de água e as atividades de contato primário.

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4.4 - PRODUTOS

Destacam-se como principais produtos:

Base de dados cadastrais de uso múltiplo das águas.

Formulação no SIG da Bacia do Igarapé Tucunduba.

Caracterização geométrica (área e hidrografia) e espacial (principais

componentes da paisagem urbana) da Bacia do Igarapé Tucunduba.

Elaboração das cartas avaliando as principais zonas da bacia e seus usos

múltiplos associados.

4.5 - PROCESSAMENTO DAS INFORMAÇÕES

4.5.1 - Geração de mosaico

Nesta etapa foi realizado um mosaico para a junção dos quadrantes das

ortofotos de 1998, objetivando formar uma única imagem; estas foram

processadas no programa ArcGis 9.3:

A carta imagem Ikonos foi formada por uma única imagem com o uso das

bandas 1, 2 e 3 com resolução espacial de 1 m, resultando da fusão pancromática

de 2008; também processada programa ArcGis 9.3.

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4.5.2 - Correção geométrica

A correção se dá devido ao ajuste da imagem ao ponto real coletado em

campo.

4.5.3 - Delimitação da bacia, digitalização do lotes e classificação

Foi inserido o limite da bacia para a delimitação da área de estudo:

Após, foi realizada a digitalização de forma visual, tendo em vista que a área

de estudo é uma área urbana e os alvos se confundem com a resposta espectral

dos mesmos, por isso é importante fazer as visitas de campo para confirmar a

situação na atual realidade.

Na classificação visual definiram-se todas as classes e os diferentes tipos de

usos - área desmatada, área de navegação, área vegetada, área comercial,

instituição UFPA/COHAB/POLÍCIA, lago, lazer e residencial, área mista -

residencial e comercial, nascente - residencial e área residencial:

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A classificação visual contemplou os bairros do Guamá, Marco, Terra-firme,

Canudos, Universitário; os quais fazem parte da bacia hidrográfica do Tucunduba:

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4.5.4 - Geração do mapa de usos múltiplos

Por meio dos dados de GPS, foi criada uma planilha em Excel para compor

o banco de dados no ArcGis, e posteriormente feita a ligação (link) com a figura.

A partir da classificação visual e edição das imagens dos dados referentes

à 1998 e a 2008, respectivamente, foram obtidas as cartas que indicam as

principais formas de uso do território que implica diretamente no uso das águas:

Estas foram a seguir analisadas e quantificadas, para a avaliação temporal

da bacia no intervalo de 10 anos (1998-2008).

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64

Capítulo 5 - RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo é feita uma abordagem sobre o resultado juntamente com a

discussão da pesquisa visto que a partir desses questionamentos pode-se tomar

por base uma melhoria na área de estuda.

5.1 - RESULTADOS

5.1.1 - Cadastro das formas de ocupação e suas interfaces com o uso das

águas

A bacia hidrográfica em estudo apresenta área de aproximadamente 1200

Km2 e perímetro de 3600 m do rio Tucunduba, embora não seja de grande porte,

se comparada as sub-bacias de outras regiões, apresenta grande importância

regional, por sua localização na área urbana, conforme as figuras 9, 10, 11 e 12.

A análise da bacia apresenta como base o estudo dos elementos que a

compõem e como estes se encontram interligados, interferindo diretamente em

sua dinâmica, ou seja, mudanças no que tange o espaço e no decorrer do tempo.

Entre os elementos que a compõem e devem ser estudados encontram-se os

físicos (ambientais), humanos (sociais) e os bióticos (fauna e flora).

Na figura 9 são demonstrados todos os canais que contribuem para o

igarapé Tucunduba, os quais alteram tanto na paisagem como de forma

ambiental, pois esta bacia está ocupada completamente por residências sem

nenhuma condição de ocupação.

A tabela 4 apresenta a divisão por setores adotada, para o canal principal da

bacia, para o melhor entendimento dos vários tipos de uso. Cada setor foi

atribuído um ponto com numeração seqüencial, e suas respectivas coordenadas

geográficas.

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Figura 9. Imagem de localização dos canais da Bacia do Tucunduba. Fonte: Modificado de CODEM (1998).

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Figura 10. Mapa de divisão dos setores da Bacia Hidrográfica do Tucunduba. Fonte: Modificado de CODEM (2008).

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Tabela 4. Divisão por setores na Bacia.

Divisão dos setores da bacia hidrográfica do Tucunduba

Setor Local Latitude (E) Longitude (N) Descrição

1 Nascente do Tucunduba 783080,5557 9841231,048 Residencial

2 Angustura com João Paulo II 783256,6972 9841083,330 Residencial

3 Leal Martins com Mauriti 783339,7233 9840646,820 Comercial

4 Vileta com pass. União 783419,4238 9840004,398 Residencial

5 São Domingos até a foz da UFPA 783231,7449 9838148,298 Embarcação

6 Saída para a São Domingos 783138,9465 9838142,256 Comercial

7 Institucional (COHAB, POLICIAL E UFPA) 783286,2720 9837140,173 Instituição

8 Foz do Tucunduba 783319,7011 9836620,736 Instituição

Na figura 10, apresenta-se o mapa de localização dos pontos no percurso do

canal Tucunduba.

Na figura 11 e 12, mostram-se os mapas com o zoneamento de áreas da

bacia para os anos de 1998 e 2008, respectivamente.

Na figura 13 e 14, identifica a classificação segundo os usos múltiplos da

bacia – lazer, vegetação, residencial, comercial, navegação e lago - para os anos

de 1998 e 2008, respectivamente.

A seguir são descritos os setores definidos ao longo da bacia e os principais

usos percebidos.

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Figura 11. Mapa da Bacia do Tucunduba com o zoneamento de áreas da bacia – ano 1998. Fonte: Modificado de CODEM (1998).

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Figura 12. Mapa da Bacia do Tucunduba com o zoneamento de áreas da bacia – ano 2008. Fonte: Modificado de CODEM (2008).

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Figura 13. Mapa da Bacia do Tucunduba com o zoneamento em função de seus usos múltiplos – ano 1998. Fonte: Modificado de CODEM (1998).

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Figura 14. Mapa da Bacia do Tucunduba com o zoneamento em função de seus usos múltiplos – ano 2008. Fonte: Modificado de CODEM (2008).

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a) Setor 1:

As fotos 5 e 6 representam a nascente da bacia hidrográfica do rio

Tucunduba, localizada na Trav. Angustura, entre a Av. João Paulo II e a Almirante

Barroso na porção superior desta (Tabela 4).

Foto 5. Foto da nascente do Tucunduba na década de 80, no fundo os prédios da Avenida Almirante Barroso. Fonte: Paraguaçú, 2009.

Foto 6. Nascente do Tucunduba com a área paisagística para permeabilização do solo (ano 2009). Fonte: Paraguaçú, 2009.

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A foto 5 representa a construção da casa na área da nascente no período

da década de 80. Apresentando no seu entorno construções (edifícios) o que a

caracteriza como uma área urbana. A foto 06 mostra como está à área da

nascente no ano de 2009; onde percebe-se que é uma área paisagística,

possuindo área de infiltração, pois não foi impermeabilizado todo o terreno para a

construção do imóvel e também possuindo em seu ambiente animais aquáticos

licenciado pelo IBAMA.

No mapa de usos do ano 1998 a mesma localiza-se no ponto 1, para sua

delimitação foi aplicado um buffer de 50 m, no entorno, visando atender a lei

federal de proteção permanente ambiental, porém o que se observa desde 1998 é

que esta bacia foi alterada perdendo seu estado natural devido as construções

habitacionais em seu entorno.

Na figura 9 identificou-se o percurso natural do igarapé Tucunduba desde a

nascente; e na figura 10, pode-se perceber o desvio realizado pelos moradores no

percurso do igarapé Tucunduba a partir da nascente, sendo assim os mapas

demonstram que houve um desvio no percurso natural do rio (Figuras 15 e 16).

Tendo em vista, que foram instaladas novas residências nesse percurso, o

percurso original foi alterado; e deslocado para a Trav. Angustura, onde foi

interligado na drenagem subterrânea ou galeria; isso ocasiona impactos negativos

para essa bacia pela alteração do escoamento natural da bacia e na vazão.

Como considerações gerais sobre os aspectos de uso e ocupação da bacia

no Setor 1, tem-se que:

Os diferentes tipos de ocupação de uma bacia influênciam de maneira

significativa no fluxo de matéria e energia. Enquanto em áreas rurais têm-se

os impactos gerados pela falta de vegetação ciliar e a má adequação das

estradas rurais, que acarretam no intenso transporte de sedimentos para os

rios especialmente em períodos de chuvas intensas, já na área urbana o

conjunto de impactos gerados é ainda mais complexo e diversificado.

A bacia hidrográfica é considerada um complexo sistema de fluxo de matéria e

energia, valendo ressaltar que não envolvem apenas canais fluviais e planícies

de inundação, mas incluem as vertentes, nas quais os processos internos são

de fundamental importância (RODRIGUES; ADAMI, 2005).

As galerias pluviais carregam para os rios não apenas água de chuva, mas

também sedimentos e resíduos sólidos, tais como sacolas plásticas, garrafas

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PET, vidro, dentre outros, que se acumulam nas margens do rio e no fundo

deste. Tem-se ainda que o alto grau de impermeabilização encontrado

interfere de forma negativa no ciclo hidrológico de uma bacia, uma vez que

impede a infiltração da água de chuva e conseqüentemente o reabastecimento

do lençol freático.

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Figura 15. Mapa cadastral da nascente do Tucunduba, no ano de 1978. Fonte: Paraguaçú, 2009.

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Figura 16. Mapa Cadastral apresentando o desvio. Fonte: Paraguaçú, 2009.

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b) Setor 2:

A foto 7 representa o Ponto 02, no mapa, localizado Trav. Angustura, sob as

coordenadas 783256,6972 E e 9841083,330 N.

Com base no mapa de 1998, refere-se a uma área mista parte residencial e

outra comercial; já em 2008 foi classificada como predominantemente residencial.

A foto 07 representa o canal da Angustura, com a construção da canalização

do canal impermeabilizando a infiltração do leito do rio, como conseqüência do

mesmo observa-se a impermeabilização das vias, fazendo com que haja um

aumento no escoamento superficial, já que o asfalto dificulta a percolação da

água no solo.

Foto 7. Canal da Angustura. Fonte: Arquivo próprio, 2009.

Este trecho corresponde ao ano de 2008 no perímetro da Avenida João

Paulo II perfazendo o percurso do canal Tucunduba até a Trav. Leal Martins, no

qual predomina um setor residencial marcado por construções de alvenaria sem

planejamento; essa mudança construtiva deve-se ao asfaltamento das vias,

levando o morador dessa área a melhorar o seu padrão de construção. Com isto,

houve a impermeabilização e a diminuição brusca na percolação e infiltração da

água no solo, fazendo com que haja um aumento no escoamento e na vazão do

rio.

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c) Setor 3:

A foto 8 representa o Ponto 03, localizado no cruzamento na Trav. Leal

Martins com Trav. Mauriti, sob as coordenadas 783339,7233 E e 9840646,820 N.

No ano de 1998, o Setor 3 de acordo com o mapa, ainda não possuía uma

grande representatividade de área comercial. Em 2008 observa-se a presença de

vários comércios, sendo muitos de materiais de construção e de serviços

(comércios gerais, academias, restaurantes, panificadoras); por ser uma área de

fácil acesso, os comércios ali instalados, dão sustentabilidade para áreas ao

entorno.

Foto 8. Travessa Mauriti com a Leal Martins. Fonte: Arquivo próprio, 2009.

d) Setor 4:

As fotos 9 e 10 representam o Ponto 04, localizado pela área a qual

corresponde a 2ª fase do projeto Tucunduba, este que segundo Baganha Junior

(2005) apud PMB (2001), visa potencializar a organização espacial já

estabelecida, integrando-a às áreas de expansão e qualificando-as através da

implantação de infraestrutura, equipamentos urbanos e novas unidades

habitacionais ... A garantia e organização da navegabilidade no igarapé estão

asseguradas pelas obras físicas previstas pelo projeto, principalmente através da

construção de dois portos, um em cada uma das margens do igarapé, assim

como a execução de novas pontes e passarelas com alturas compatíveis com as

dimensões das embarcações, permitindo aos moradores a melhoria do transporte

de carga, passageiros e de lazer. Perfazendo o percurso que vai desde a

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passagem união até o início da Avenida Tucunduba, sob as coordenadas

783419,4238 E e 9840004,398 N.

O Setor 4, de acordo com o mapa de 1998, está representado por um uso

residencial, tendo em suas proximidades a presença de uso misto

(residencial/comercial).

No mapa de 2008 são observadas construções em cima da bacia do

Tucunduba, sendo quase todas as residências são de madeira, mais conhecida

como palafita. Por ser uma área excluída de serviços de saneamento,

principalmente de tratamento de esgoto, observou-se o lançamento in natura do

esgoto doméstico direto no rio (Fotos 11 e 12).

Foto 9. Placa da obra da 2ª fase do Tucunduba, na passagem União. Fonte: Arquivo próprio, 2009.

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Foto 10. Passagem união com Vileta. Fonte: Arquivo próprio, 2009.

Como esse trecho espera pelo projeto, ainda não foram implementadas vias

de acesso no entorno do canal, dificultando o trânsito ao longo percurso do curso

d’água, muito embora tenha-se a presença de casas sobre este. Fazendo com

que aumente o nível do rio no período chuvoso e a poluição, pela ausência de um

sistema de saneamento e de drenagem adequados.

Foto 11. A ocupação na margem do rio com acesso por ponte de madeira e sem nenhum sistema de saneamento. Fonte: Arquivo próprio, 2009.

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Foto 12. Ambiente de várzea com o mínimo de infraestrutura urbana. Aspecto da forma de ocupação nas várzeas e dos seus moradores: estivas e o padrão das construções sobre palafitas. Fonte: Arquivo Próprio, 2009.

Como aspectos gerais observados destacam-se:

Esgotos a céu aberto; lixo e detritos jogados nos pequenos cursos d’água que

cortam o canal principal, entulhando-os e provocando assoreamento; fossas

proximais; casas construídas de forma a impedir a drenagem natural do curso

d’água, implicando, na época das chuvas na invasão das mesmas (Foto 13).

A urbanização acelerada implicou em alterações no sistema de drenagem da

bacia, que repercutem na deterioração da qualidade de vida da comunidade.

Foto 13. Setor de contato terra firme/várzea; final da Avenida Tucunduba. Área caracterizada pela ocupação por famílias de baixa renda, com um mínimo de infraestrutura urbana. Ao fundo, os edifícios das avenidas Almirante Barroso e João Paulo II. Identificando a segregação espacial. Fonte: Arquivo próprio, 2009.

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e) Setor 5:

As fotos 14 e 15 representam o Ponto 05, localizado entre a Avenida São

Domingos e a foz do Tucunduba, sob as coordenadas 783231,7449 E e

9838148,298 N.

O cenário de 1998 demonstrou que essa área era marcada pela presença de

portos e embarcações, muito embora não apareça devido à escala do mapa;

demonstrando que esse rio serve de escoamento de mercadorias sendo assim,

uma forma de atividade da população local.

As figuras 17 e 18 apresentam o mesmo setor em 2008, destacando o local

mais freqüentado por navegações, em área próxima a um setor comercial, onde o

escoamento e a entrada e saída de mercadorias são de fácil acesso. E as fotos

14 a 16 ilustram, em detalhes, o uso para a navegação.

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Figura 17. Mapa de Localização da área de Embarcação. Fonte: Modificado de CODEM (2008).

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Figura 18. Mapa da área de embarcação no Tucunduba ampliada. Fonte: Modificado de CODEM (2008).

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Foto 14. Área de Embarcação. Fonte: arquivo próprio, 2009.

Foto 15. Área comercial do igarapé Tucunduba: presença de estância e comercio próximo ao posto da policia. Fonte: Arquivo Próprio, 2009.

Foto 16. Embarcação entrando pela foz do igarapé Tucunduba em direção a área de escoamento de mercadoria. Fonte: Adaptado do Jornal beira Rio, 2010.

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f) Setor 6:

As fotos 17a e 17b representam o Setor 6, localizado na Avenida Tucunduba em

direção a Trav. São Domingos, sob as coordenadas 783138,9465 E e

9838142,256 N.

O Setor 6 representado pelo Ponto 06 possui uma pequena área comercial,

mas em sua totalidade tem-se a maior presença de residências. A porção

comercial é composta por feiras, estâncias e comércios de roupas.

(a)

(b)

Foto 17. (a) e (b) Área comercial do igarapé Tucunduba: presença de estância e comercio próximo ao posto da policia. Fonte: Arquivo Próprio, 2009.

Um dos principais problemas detectados neste setor é o acúmulo de

resíduos sólidos próximo ao canal; este é ilustrado pelas fotos 18 a 20.

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Foto 18. Resíduos sólidos depositados na rua, fora dos dias de coleta da prefeitura. Fonte: Arquivo próprio, 2009.

Foto 19. Entulho de construção e lixo doméstico depositado próximo ao canal. Fonte: Arquivo próprio, 2009.

Foto 20. Canal completamente tomado pelo lançamento de resíduos sólidos, ocasionando poluição. Fonte: Arquivo Próprio, 2009.

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g) Setor 7:

A foto 21 representa o Setor 7, localizado na Avenida Tucunduba próximo a

Avenida Perimetral, sob as coordenadas 783286,2720 E e 9837140,173 N.

O Setor 07 corresponde também á área da Universidade, sendo que ainda

em 1998, não havia a presença nem da polícia quanto da COHAB, pois o projeto

de macrodrenagem do Tucunduba teve início a partir de 2000.

No cenário de 2008 observa-se a área institucional referente à COHAB

(responsável pela execução da segunda parte do projeto Tucunduba), o posto

polícial, uma área esportiva, e ainda uma grande área de vegetação; atualmente

(ano 2009-2010), boa parte dessa área se encontra demolida tendo em vista a

construção de um conjunto habitacional para a remoção de moradores que se

encontram dentro da 2ª fase do projeto (Figura 19, Foto 21).

Figura 19. Área desmatada para construção de habitação na bacia do Tucunduba. Fonte: Google (2009).

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Foto 21. Construção próxima ao canal gerando transporte de sedimentos em direção ao mesmo. Fonte: Arquivo Próprio, 2009.

h) Setor 8:

As fotos 22 e 23 representam o Setor 08, localizado na Avenida Tucunduba

próximo a Avenida Perimetral, sob as coordenadas 783319,7011 E e

9836620,736 N.

Corresponde a foz do Tucunduba a qual está envolvida pela UFPA. O rio

Guamá é o destino final da trajetória da água na bacia do Tucunduba (Foto 24),

nesse local há o trânsito de embarcações de porte pequeno; apenas nesse setor

foi observada a presença de vegetação na margem do rio. Essa área vegetada

ajuda no escoamento e na vazão do rio.

Foto 22. Foz do Igarapé Tucunduba; no fundo a ponte que interliga os campus da UFPA. Fonte: Arquivo próprio, 2009.

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Foto 23. Vista da UFPA a partir do rio Guamá e da Foz do Tucunduba no detalhe. Fonte:

Arquivo Próprio, 2009.

Foto 24. Vista aérea do rio Guamá e de uma parte da UFPA, local onde ocorre a

desembocadura do Ig. Tucunduba. Fonte: PDL, 2000.

5.1.2 - Síntese dos usos múltiplos associados à bacia do ig. Tucunduba

No município de Belém a bacia do igarapé Tucunduba, de acordo com sua

história em meados do Século XX, passou pelo surto desenvolvimentista, que

acarretou sua explosão demográfica e crescimento urbano num curto espaço de

tempo. Nas décadas de 1950, 1960 e 1970; Avenida Perimetral tornou-se uma

das áreas promissoras, em conseqüência houve um processo intensivo de

migração para área em função do aquecimento da economia, atualmente a área

se configurada por uma densidade de habitações variadas ao longo da avenida.

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Conforme Blay (1979), uma vez instalados, os posseiros passam a

mobilizar-se para obter da municipalidade os benefícios da extensão dos serviços

urbanos como água, luz, segurança e, sobretudo, transporte. Formam as

associações de moradores que objetivam lutar, atuando junto a políticos, no

intuito de verem atendidas suas reivindicações.

No mapa de usos múltiplos foram adotadas as classes que melhor

caracterizassem o uso das águas no contexto geral da bacia. Com base nestes e

nos dados da tabela 4, observa-se que os usos predominantes pertencem à

classe residencial, pois a topografia dessa área é suave, ou seja, pouco

acidentada; com isso facilita a instalação de imóveis. Já no entorno do canal

Tucunduba próximo a rua São Domingos tem-se o predomínio de área comercial,

em especial nas proximidades do canal. As figuras 10 a 14 ilustram a expansão

da área urbana considerando os diferentes estágios de desenvolvimento.

Devido à intensa ocupação urbana na bacia hidrográfica do igarapé

Tucunduba, existem poucas e restritas áreas com cobertura vegetal; em especial

foi observada apenas uma estreita faixa próxima a foz.

A tabela 5 resume o perfil por seção.

Tabela 5. Perfil por seção da bacia.

Setor Local Usos preponderantes Situação atual

1 Nascente do Tucunduba 1. Paisagístico 2. Lazer

Protegido

2 Angustura com João Paulo II 1. Escoamento pluvial 2. Lançamento de esgoto

Canalizado

3 Leal Martins com Mauriti 1. Escoamento pluvial 2. Lançamento de esgoto

Canalizado

4 Vileta com passagem União 1. Escoamento pluvial 2. Lançamento de esgoto 3. Depósito de resíduos (lixo)

Não canalizado com ocupação no leito do canal

5 São Domingos até a foz da UFPA

1. Escoamento pluvial 2. Navegação 3. Lançamento de esgoto 4. Depósito de resíduos (lixo)

Não canalizado com ocupação das margens do canal

6 Saída para a São Domingos 1. Escoamento pluvial 2. Lançamento de esgoto 3. Depósito de resíduos (lixo)

Parcialmente canalizado, com ocupação de margem

7 Institucional (COHAB, POLICIAL E UFPA)

1. Escoamento pluvial 2. Navegação 3. Lançamento de esgoto 4. Paisagístico

Canalizado

8 Foz do Tucunduba

1. Escoamento pluvial 2. Navegação 3. Lançamento de esgoto 4. Paisagístico

Parcialmente canalizado com área parcialmente com cobertura vegetal

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5.1.3 - Distribuição espacial dos usos da água ao longo do canal principal da

bacia do Tucunduba

Para Tundisi (2003) um mesmo curso d’água pode ser objeto de usos

variados usos ao longo de seu trajeto. A bacia do Tucunduba também apresenta

diversificação de usos múltiplos ao longo do seu eixo. Por exemplo, na parte

superior podemos perceber usos associados à dinâmica residencial, enquanto

nos trechos entre a Travessa Mauriti com o canal Leal Martins e a Avenida

Tucunduba com saída para a Rua São Domingos predominam os usos

relacionados a atividades comerciais.

As figuras 20 e 21 ilustram a distribuição dos espaços na bacia mostrando

que no período de 10 anos, não houve mudança significativa do perfil, apenas o

agravamento da situação existente. Foi realizado um cálculo na área de estudo

para os dois anos, cujo resultado encontra-se nas figuras 20 e 21 quanto à

porcentagem das mudanças, verifica-se uma expansão da área urbana, de 1998

para 2008, de 3,66 % na área residencial e 0,42 % na área comercial, esses

valores correspondem na maioria das vezes a loteamentos implantados em áreas

inadequadas, de forma não planejada e sem a infraestrutura necessária, trazendo

problemas ambientais e de outras ordens. Quanto à área de vegetação não

obteve porcentagem, visto que realmente a bacia é muito pouco vegetada e

bastante antropizada.

Esta dinâmica no uso da bacia hidrográfica está diretamente relacionada ao

processo de transporte e deposição de sedimentos e poluentes no mesmo corpo

d’água, pois irá determinar a intensidade dos processos, da permeabilidade, da

bacia, da redução da vegetação natural, da conservação do solo e das margens

dos rios e outros.

SANTOS (2006) acredita que deve-se reconhecer que o estado atual de um

meio natural não é o produto de impactos individuais, independentes e pontuais,

mas o resultado de um conjunto de interferências que se propagam ao longo do

tempo e de um espaço amplo, como as bacias hidrográficas que contém o

território de interesse.

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93

(a)

Figura 20. Distribuição: (a) do zoneamento por áreas; (b) por usos múltiplos na bacia no ano de 1998.

5,46

0,00

18,58

0,93

6,03

0,25

0,13

3,94

0,01

12,79

51,87

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55

2

3

4

5

6,7,8

9

10

11

12

13

1

%

Zoneamento da Bacia (CODEM,1998)

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94

Tabela 6: Inter-relação entre as figuras 11,12,13 e 14, com a figura 20 e 21.

Item

Coloração da

região do

mapa

Fig. 11 Fig. 12 Fig. 13 Fig. 14

01

Área urbana não

classificada

Área urbana não

classificada

Área fora da faixa

limite proposta para a

pesquisa em torno do

ig. Tucunduba

Área fora da faixa limite

proposta para a pesquisa

em torno do ig.

Tucunduba

02

Área desmatada Área desmatada Área de perda potencial

hídrico

Área de perda potencial

hídrico

03

Área de

embarcação e

navegação

Área

embarcação

navegação

Área de transporte via

navegação de pequeno

porte

Área de transporte via

navegação de pequeno

porte

04

Área vegetada Área vegetada Área de manutenção de

potencial hídrico

Área de manutenção de

potencial hídrico

05

Comercial Área Comercial Lançamentos de

efluentes e resíduos

Lançamentos de efluentes

e resíduos

06

----------------------------------------

--------------------

--------------------

--------------------

Instituição

POLICIAL

----------------------------------------------------------

-----------------------------

-----------------------------

-----------------------------

Transporte via navegação

de pequeno porte,

lazer/paisagístico,

lançamentos de efluentes

07

Instituição

UFPA

Instituição

UFPA

Transporte via

navegação de pequeno

porte, lazer/paisagístico,

lançamentos de

efluentes

Transporte via navegação

de pequeno porte,

lazer/paisagístico,

lançamentos de efluentes

08

--------------------

--------------------

--------------------

----------------------------------------

Instituição

COHAB

-----------------------------

-----------------------------

-----------------------------

----------------------------------------------------------

Transporte via navegação

de pequeno porte,

lazer/paisagístico,

lançamentos de efluentes

09

Lago Lago Área de manutenção de

potencial hídrico

Lançamentos de efluentes

e resíduos

10

Lazer e

Residencial

--------------------

--------------------

Lazer/paisagístico,

lançamentos de

efluentes e resíduos

------------------------------

11

Misto

(Residencial e

Comercial)

--------------------

--------------------

--------------------

----------------------------------------

Transporte via

navegação de pequeno

porte, lazer/paisagístico,

lançamentos de efluentes

12 Nascente

Residencial

Nascente

Residencial

Área de manutenção de

potencial hídrico

Lançamentos de efluentes

e resíduos

13

Residencial Área Residencial Lançamentos de

efluentes e resíduos -----------------------------

A tabela 6 faz uma inter-relação entre as figuras 11, 12, 13, 14 em função das

figuras gráficas 20 e 21.

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95

Figura 21. Distribuição: (a) do zoneamento por áreas; (b) por usos múltiplos na bacia no ano de 2008.

Para Ferreira (1995) a produção do espaço urbano na bacia do Tucunduba

deu-se mediante processos de apropriação gerados pelas ocupações. Os

próprios posseiros promovem a redistribuição ou a redivisão das terras, que

embora clandestinamente, acabam agravando o desmatamento, a poluição do

solo e das águas, interferem na morfologia e na drenagem da várzea através dos

aterros e das construções; estes organizam-se em movimentos de reivindicação

de títulos de propriedade e também de instalação de infraestrutura e de melhorias

sanitárias.

5,46

0,00

18,58

1,35

6,03

0,25

0,01

16,45

51,87

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55

2

3

4

5

6,7 e 8

9

12

13

1

%

Zoneamento da Bacia (CODEM, 2008)

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96

Vê-se aqui uma contradição entre a necessidade de saneamento básico e

infraestrutura urbana, manifestada pelos movimentos de reivindicação, e a prática

diária dos mesmos moradores que jogam lixo e esgoto no solo e nos igarapés.

Foto 25. Moradores lançando lixo à margem do Tucunduba. Fonte: Arquivo Próprio, 2009.

E do poder que aterra determinados setores da várzea, provocando, em

outros, estagnação de água e de dejetos, por alterar a drenagem; que não realiza

a coleta regular de lixo na baixada nem a instalação de uma rede coletora de

esgotos, alegando falta de verbas e outras dificuldades, mas apregoa a urgência

de trabalhos de saneamento e de atendimento à saúde daquela população.

De maneira geral a gestão integrada de recursos hídricos engloba um

conjunto de ações coordenadas entre os diversos atores ligados a uma

determinada bacia hidrográfica, visando garantir a disponibilidade do recurso

hídrico em quantidade e com qualidade suficiente para atender às necessidades

de toda a população que vive sobre aquela bacia hidrográfica. O desenvolvimento

destas ações demanda investimentos financeiros são conduzidos

tradicionalmente por prefeituras ou pelo Estado de forma isolada (BAGANHA

JUNIOR, 2005).

Para ANA (2002), existem áreas urbanas, de maior concentração

populacional e também maior carência dos serviços de saneamento, em que as

condições sanitárias já são extremamente preocupantes, proporcionando

condições para o desenvolvimento de doenças de veiculação hídrica com impacto

direto sobre a saúde.

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97

Além da poluição das águas superficiais pelos esgotos domésticos, as

populações urbanas são também responsáveis, em grande parte, pela

contaminação das águas subterrâneas, que representam grande potencial de

recursos hídricos. As políticas públicas de saneamento quando desvinculadas de

políticas ambientais se mostram praticamente ineficazes para evitar problemas

que afetam diretamente a qualidade de vida humana e do ambiente.

O setor de resíduos sólidos é um dos pontos críticos que, na falta de uma

gestão adequada, contamina corpos d’água superficial e aqüíferos freáticos

devido a localização inadequada de aterros sanitários e à falta de rede de

esgotos, além de causar assoreamento e redução do escoamento em canais de

drenagem. Outra conseqüência é a proliferação de doenças e epidemias,

aumentando o índice de mortalidade devido a infecções e doenças de veiculação

hídrica (PAIVA et al, 2004).

5.2 - DISCUSSÕES

5.2.1 - Principais intervenções existentes na bacia

Destacam-se como fatores de maior intervenção na bacia:

A bacia está localizada em área de baixada, apresentando 575 ha (referente

aproximadamente a 1200 Km2) o que corresponde a 21,02% das áreas de

várzea de Belém. Sendo constituída por 13 canais, os quais são: igarapé do

Tucunduba, Lago Verde, Caraparu, 2 de junho, Mundurucus, Gentil

Bittencourt, Nina Ribeiro, Santa Cruz, Cipriano Santos, Vileta, União, Leal

Martins e Angustura, sendo o Tucunduba o principal igarapé da bacia com

3600 m de extensão (BELÉM, 2001);

Pode-se se observar que deste da década de 80, a bacia do Tucunduba já era

uma bacia urbana, tendo em vista as construções que havia no entorno;

No caso das várzeas do Tucunduba, a maior parte foi aterrada com lixo antes

do recobrimento final com laterita;

Apresenta característica de uma bacia urbana, com a presença de superfícies

impermeáveis, tais como telhados, ruas e pisos, que produzem a aceleração

do escoamento, através da canalização e da drenagem superficial;

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98

Na bacia, em toda a sua extensão, não há serviços de esgotos sanitários e o

serviço de coleta de lixo se faz de maneira insuficiente pela Prefeitura

Municipal de Belém;

A preservação de forma paisagística da única área de nascente depende da

iniciativa particular dos proprietários do imóvel onde a mesma se encontra;

A ocupação da várzea do Tucunduba por famílias de baixa renda e a

conseqüente luta pela posse legal dos terrenos ocupados;

Apesar dos níveis de degradação ambiental, a maior parte das famílias que

ocupam a área não têm outro lugar para morar na cidade e não tem motivação

para sair do local em função da proximidade do Tucunduba em relação ao

centro urbano de Belém;

Por causa dessa urbanização do percurso da bacia, foi realizado um desvio,

para a construção de casas, impossibilitando o escoamento natural da bacia.

No Tucunduba, a poluição do igarapé e o seu assoreamento, os aterros, o

desmatamento e a erosão das margens, a concentração cada vez maior de

famílias de baixa renda nas áreas alagáveis, a ausência de saneamento básico e

a produção do espaço-mercadoria e outros denunciam um processo contínuo de

transformação e constituem fenômenos que só adquirem veracidade e

concreticidade quando relacionados com o todo (a sociedade e a natureza, seus

movimentos e suas relações); são fenômenos produzidos e determinados pelo

todo e, ao mesmo tempo, produtores e reveladores do todo (FERREIRA,1995).

No processo de urbanização, os espaços permeáveis, principalmente áreas

de vegetação, são convertidos para usos que, geralmente, provocam o aumento

de áreas com a superfície impermeável, resultando no aumento do volume do

escoamento superficial e da carga de poluentes.

A ampliação de áreas urbanizadas, devido à construção de áreas

impermeabilizadas, repercute na capacidade de infiltração das águas no solo,

favorecendo o escoamento superficial e a concentração das enxurradas. A

urbanização afeta o funcionamento do ciclo hidrológico, pois interfere no rearranjo

do armazenamento e na trajetória das águas. O homem ao introduzir novas

maneiras para a transferência das águas, na área urbanizada e em torno das

cidades, provoca alterações na estocagem hídrica no tocante do uso do solo

(CHRISTOFOLLETI, 1998).

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99

Nas fotos de 25 a 30 pode-se observar o problema devido à falta de gestão

ocasionando alagamentos em diversos trechos da bacia do igarapé Tucunduba.

As fotos propostas conseguem demonstrar a dinâmica do crescimento

urbano e seus efeitos sobre o meio ambiente, abordando uma questão de grande

relevância na identificação de problemas gerados pela ocupação de áreas

impróprias aos assentamentos urbanos. Nas últimas décadas o processo de

urbanização em vários setores da bacia, ocorreu de forma acelerada e intensa,

formando aglomerados urbanos, contribuindo assim para uma ocupação

desordenada.

O alagamento tem sido um problema freqüente nos períodos de chuvas

tanto nas áreas mais antigas e consolidadas na bacia, como nas áreas que

receberam os benefícios do projeto do igarapé Tucunduba em 2001, agravando

pela impermeabilização do solo, ocupação de várzea e retirada das matas

ciliares, dificultando-se assim, a infiltração das águas das chuvas.

Foto 26. Canal completamente tomado por residências e pelo lançamento de resíduos sólidos, ocasionando a obstrução do percurso do rio. Fonte: Arquivo Próprio, 2009.

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100

Foto 27. Ruas alagadas devido à falta de planejamento da bacia. Fonte: Arquivo Próprio, 2009.

Foto 28. Moradores impossibilitados de deslocar devido à enchente. Fonte: Arquivo Próprio, 2009.

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101

Foto 29. Rua impermeabilizada sem planejamento, impedindo o escoamento da água da chuva. Fonte: Arquivo Próprio, 2009.

Foto 30. Avenida João Paulo II esquina com a Mauriti, alagamento devido ao retorno da água dos canais. Fonte: Arquivo Próprio, 2009.

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102

Pode-se perceber que bastam 30 minutos de chuva intensa na área da

referente bacia que o alagamento ocorre, tendo em vista a impermeabilização do

solo e a obstrução dos canais por causa do lixo, logo isso resulta na inundação de

áreas.

Para Schueler (1995) a impermeabilização influência diretamente os cursos

d’água urbanos através do aumento do escoamento superficial (runoff) durante os

eventos de tempestades. Dependendo do grau de impermeabilização da bacia

hidrográfica, o volume anual de escoamento superficial da água da chuva pode

aumentar duas a dezesseis vezes (em relação à taxa pré desenvolvimento), com

reduções proporcionais na recarga das águas subterrâneas.

Em relação à área de vegetação pode-se perceber que se encontra em uma

pequena parcela dentro da área da UFPA, e na área da EMBRAPA, UFRA e

MPEG. Esta é muito importante para uma bacia, pois a cobertura vegetal tem a

capacidade de armazenar parte do volume de água precipitado, pela

interceptação vegetal, aumentar a evapotranspiração e de reduzir a velocidade do

escoamento superficial pela bacia hidrográfica. No momento que é retirada a

cobertura vegetal, a tendência é aumentar a variabilidade das vazões, pelo

desequilíbrio do ciclo hidrológico.

Na bacia do igarapé Tucunduba ocorre o surgimento ou a criação de um

novo ambiente ou de uma nova produção espacial, juntamente com as alterações

dos processos interativos naturais, inclusive de sobrevivência do ecossistema

fluvial; basicamente entre: o escoamento superficial do solo face à pluviosidade

que cai na bacia, a cobertura vegetal, o grau de erodibilidade dos terrenos, a

capacidade de contenção do volume d'água transportado, a drenagem da bacia, a

vazão do igarapé e a sua cadeia trófica.

Porém, deve-se considerar que o caráter da mudança ou as suas condições

dependem do tipo de processo em que cada parte está submetida, variando no

tempo e no espaço. Assim, as modificações se realizam de maneira diversificada

dentro de uma totalidade e a transformação do todo se torna, então, mais

complexa que a transformação das partes.

De acordo com Mota (2003), as conseqüências deste processo inadequado

de crescimento são as já comuns em todas as cidades grandes: falta de

condições sanitárias mínimas em muitas áreas; ausência de serviços

indispensáveis à vida das pessoas nas cidades; ocupações de áreas

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103

inadequadas; destruição de recursos de valor ecológico; poluição do meio

ambiente; e habitações em condições precárias de vida.

Baganha Junior (2005) relata que, onde predominam as formas inadequadas

de uso e ocupação do meio físico, os fluxos superficiais formam, freqüentemente,

enxurradas que engendram a erosão do solo e transportam cargas de sólidos –

sedimentos, resíduos domésticos e indústriais que são dispostos de forma

inadequada na superfície do terreno. As cargas sólidas assim transportadas vão

entulhar a calha dos rios, agravando as enchentes que atingem as populações

que ocupam as suas várzeas e degradam a qualidade das suas águas.

Corrêa (1989) afirma ao adensamento populacional nas várzeas que, quanto

mais se aproxima da orla do rio e da baía, e mesmo da beira dos igarapés,

contribui ainda mais para a deterioração das condições de higiene e da qualidade

de vida, como o exemplo nas margens do igarapé do Tucunduba, onde a

ocupação se deu (e se dá) de forma provisória, clandestina e imediata, em

primeiro momento. Além disso, a dificuldade de acesso devido à precariedade das

vias, que ligam essas áreas aos pontos de tráfego, e ao percurso que se tem de

fazer a pé pelas estivas asseguram, somente às famílias de baixíssima renda,

que não têm recursos para morar em outros locais, o espaço de moradia.

Para Paiva et al. (2004) a localização urbana, a elevada densidade

demográfica e, principalmente, a presença de palafitas às margens do igarapé

tem como conseqüência a descarga de esgotos domésticos e indústriais, o que

ocasiona um elevado grau de impacto no ambiente.

Nessa gama de delimitações espaciais e temporais estão contidos os

problemas, que podem ser solucionados por aplicações de geotecnologias em

termos de respostas imediatas ou de maneira indireta, como ferramenta auxiliar

no processo de tomada de decisão (SILVEIRA, 2004).

5.2.2 - O uso de geotecnologias, o cadastro das formas de ocupação e suas

interfaces com o uso das águas

Através da aplicação das geotecnologias foi possível realizar um

processamento das imagens referentes à área de estudo, objetivando identificar o

percurso do rio principal, sua respectiva nascente e o limite da bacia hidrográfica,

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104

sendo assim posteriormente, foram identificadas as diferentes formas de

ocupação, através de cadastros.

Na figura 22 observa-se a delimitação do limite da bacia do Tucunduba, com

o seu rio principal; e um buffer de 50 m de raio na sua área de nascente.

Figura 22. Mapa de localização do igarapé Tucunduba com a delimitação da bacia, empregando imagem Ikonos, 2008.

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105

Nas figuras 23 e 24 foi aplicado um buffer de 30 m ao longo do eixo do canal

Tucunduba, considerando um intervalo temporal de 10 anos.

Figura 23. Mapa de localização do igarapé Tucunduba com a delimitação da bacia e a localização da nascente com um buffer de 50 m e um de 30 m no entorno do igarapé segundo a faixa de domínio referente ao plano diretor e mais um trecho de prolongamento; empregando o levantamento aerofotogramétrico da CODEM (1998).

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106

Figura 24. Mapa de localização do igarapé Tucunduba com a delimitação da bacia e a localização da nascente com um buffer de 50 m e um de 30 m no entorno do igarapé segundo a faixa de domínio referente ao plano diretor e mais um trecho de prolongamento; empregando o levantamento imagem Ikonos, 2008.

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107

Esta avaliação (50m para a nascente e 30m para o curso principal) está de

acordo com a faixa de domínio regulamentada pelo município de Belém/PA, que

define a necessidade de ampliar a largura do canal para o aumento do

escoamento do rio, mas o que foi observado é a existência intensa de casa em

cima do canal, contrariando a legislação federal do código florestal brasileiro Lei

4.771 de 5 de setembro de 1965, juntamente com a resolução do CONAMA nº

303, de 20 de março de 2002 e a regulamentação do município de Belém/PA.

Este critério da faixa de domínio será utilizado para o alargamento no

processo da macrodrenagem, logo os moradores não podem ter legalmente o

documento do imóvel, pois as casas que se encontram dentro dessa faixa serão

retiradas para a execução da obra. No entanto, os avanços da legislação

ambiental não foram suficientes para que a apropriação dos recursos naturais,

nesta área ocorresse de forma adequada e menos predatória, pois o poder

determina diretrizes, os procedimentos cabíveis quanto ao uso dos recursos

naturais e penalidades em caso de desacordo com a legislação, sendo assim, ao

se tentar fazer cumprir essas determinações esbarra-se no sistema deficitário de

fiscalização.

No intervalo de 10 anos nas figuras 23 e 24 pode-se perceber que houve um

aumento na pavimentação de ruas, ocasionando a impermeabilização do solo,

isso ocorreu tanto no projeto de macrodrenagem da bacia, como no período

eleitoral, tendo em vista que a população reclamava da lama existente e para

conquistar mais voto o candidato pavimenta as ruas sem nenhum planejamento.

O uso de geotecnologia permitiu, desta forma, visualizar a real dimensão do

processo de uso e ocupação do solo na bacia e seus reflexos sobre os usos

múltiplos. Assim, busca-se de forma integrada determinar variáveis, avaliar,

diagnosticar, compreender e prever efeitos da ocupação humana sobre o meio

físico, assim como sua dinâmica temporal.

Câmara e Davis (1998) afirmam que o geoprocessamento vem influênciando

de maneira crescente as áreas de Cartografia, Análise de Recursos Naturais,

Transportes, Comunicações, Energia e Planejamento Urbano e Regional

principalmente através dos Sistemas de Informações Geográficas que permitem

realizar análises complexas, ao integrar dados de diversas fontes e ao criar

bancos de dados georreferenciados.

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108

Em termos de escala espacial, as aplicações de geotecnologias podem ser

classificadas como as que se prestam à gestão urbana propriamente dita e as que

se caracterizam pela gestão e manejo de recursos naturais, com área de

abrangência maior e escalas menores (SILVEIRA, 2004).

O uso das novas tecnologias na análise de dados geográficos tem

apresentado grande impacto na produção e disponibilização de mapas e outros

produtos cartográficos. Estes são caracterizados por meio de variáveis

topológicas que permitem mapear determinada informação espacial e processá-la

em função de um objetivo, que neste caso é a avaliação dos usos múltiplos das

águas da bacia do Tucunduba e de seus fatores associados.

Essa metodologia apresentou limitações devido ao tipo de equipamento

utilizado para coletar os dados em campo, pois foi utilizado um GPS de

navegação com um erro de 8 m e o mesmo não possui uma precisão favorável a

escala de trabalho, sendo esta urbana, o equipamento adequado seria um GPS

diferencial, pois esse apresenta um erro em escala centimétrica.

Outra dificuldade encontrada foi em relação ao difícil acesso a todas as ruas

e canais, devido tanto pelas ruas serem becos e pontes, quanto pelo risco da

área, pois como a bacia esta localizada em uma área periférica apresenta um alto

grau de periculosidade, o que impossibilitou um levantamento mais detalhado

com melhores descrições.

Para que o cadastro seja melhorado é necessário um levantamento de mais

informações e atualizações dos órgãos responsáveis pelo setor de cadastramento

de imóveis em Belém. Sendo assim, se as secretarias estadual e municipal

tivessem os dados de drenagem, topografia, poderiam ser gerados mapas mais

detalhados da bacia do igarapé Tucunduba, logo seria realizado um planejamento

com mais suporte; sem contar que o cadastro da bacia não é geográfico,

ocasionando dificuldades para se espacializar o cadastro.

Avaliando-se a possibilidade de realizar estudos multitemporais a partir da

interpretação e análise de produtos de sensoriamento remoto, verificou-se a

importância dessa ferramenta para auxiliar o entendimento dos usos múltiplos da

águas através do processo da dinâmica na expansão da urbanização, cuja a

complexidade dos fatores determinantes, nem sempre são possíveis de serem

comparados espacialmente. Essas informações quando somadas a outras,

elucidam as inter-relações que acontecem no tempo e no espaço e se refletem no

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109

espaço. Através de mapas da sub-bacia do Tucunduba produzidos em um

intervalo de tempo distinto, o uso e a cobertura vegetal natural das terras

registram o modo como a área foi usada e por quais transformações passou ao

longo do tempo.

Pode-se perceber nas fotos 31 e 32 (a, b) que as ruas não possuem um

ordenamento, e por serem muito estreita (beco) isso dificulta a delimitação da

quadra, pois os telhados das casas se confundem.

Foto 31. Aglomerados de casas na Bacia. Fonte: PDL (2001).

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110

(a)

(b)

Foto 32. A) Aglomerados de casas na Bacia b) beco de acesso as casas. Fonte: Arquivo Próprio, 2010.

5.2.3 - Correlação topológica das variáveis de maior intervenção na bacia do

Tucunduba

Como ferramenta de análise dos usos múltiplos e conseqüentemente de

gestão e planejamento territorial, as técnicas cartográficas são de fundamental

importância, pois são aplicadas a qualquer estudo que envolva a necessidade de

compreensão do espaço e das interações existentes, desde o princípio os

estudos referentes à bacia hidrográfica costumam basear-se em coletâneas de

mapas que quando sobrepostos permitem visão integrada do sistema.

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111

Os mapas de usos múltiplos são uma forma de representação temática, pois

indicam a inclinação os tipos de usos de uma bacia, logo através destas variáveis

é possível analisar o uso que lhe é atribuído e até mesmo planejar sua ocupação.

Em função das características intrínsecas da bacia analisada, a carta obtida

foi caracterizada segundo a resposta de seus setores e seu reflexo sobre o uso

das águas; as variáveis analisadas referiram-se a dados geográficos ou espaciais

(dados que possuem um posicionamento expresso por coordenadas) e seus

atributos descritivos (que estão representados em um banco de dados

convencional). Estes dados espaciais não existem sozinhos no espaço, por isso é

possível não apenas localizá-los, mas ainda descobrir e representar as relações

entre eles. Para isto, inicialmente foram criadas consultas ao banco de dados

(queries), que permitiram verificar quais dados e quais polígonos correspondiam

às informações coletadas de campo.

A partir da classificação visual e edição das imagens referentes a 1998 e a

2008, respectivamente, foram obtido os mapas de usos múltiplos de água, para

ambos os anos na escala 1:2000. No que se refere a uma classificação de uma

área urbana, várias dificuldades são encontradas na interpretação da imagem

visto que, em determinadas condições as edificações pode se confundir com a

piçarra, pois as telhas de barro refletem na mesma cor do barro nesse caso a

piçarra da rua, também outro fator limitante é a sombra das edificações

confundindo com a pavimentação do asfalto, ou seja, isso ocasiona uma margem

de erro maior, devido a essas confusões no momento da classificação.

As figuras 25 e 26 sintetizam o grupo de variáveis topológicas adotadas

neste estudo; destaca-se que por tratar-se de uma bacia urbana, o sistema

hídrico fica restrito ao traçado dos canais afluentes e ao curso principal (induzindo

a uma bacia de 3ª Ordem); sendo todos os demais elementos associados à

componente urbanização: residências, infraestrutura comercial e portuária, áreas

institucionais e fragmentos de cobertura vegetal. Assim foi aplicada uma

transparência de 70% nas imagens visando à associação dos usos na bacia com

a área edificada, como se observa trata-se de uma bacia hidrográfica bastante

antropizado, abrigando um aglomerado no centro urbano, destacando os bairros

do Guamá e da Terra-Firme, pois estas áreas possuem grandes potenciais

poluidor da água, devido ao lançamento de esgoto doméstico.

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112

As variáveis topológicas de dimensão espacial que caracterizam a bacia e

que puderam ser aferidas a partir do uso das geotecnologias empregadas foram:

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113

Figura 25. Mapa da Bacia do Tucunduba com a classificação associada, realçando as variáveis analisadas – ano 1998. Fonte: Modificado de CODEM (1998).

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114

Figura 26. Mapa da Bacia do Tucunduba com a classificação associada, realçando as variáveis analisadas – ano 2008. Fonte: Modificado de CODEM (2008).

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115

a) Vetorial – ponto, linha e polígono não preenchido

Identificação de nascentes.

Curso d´água principal – canal do igarapé Tucunduba.

Canais afluentes – obras de canalização de cursos d´água.

Segmentação urbana – lotes incluindo residências e comércios.

Limite da bacia.

Limite de bairros.

Limite municipal.

b) Vetorial – linha e polígono preenchido

Áreas verdes – representadas por polígonos.

Área densamente ocupada pavimentada.

Área densamente ocupada não pavimentada.

Segmentação de setores por usos d’ água associados: área desmatada (sem

uso direto, representando área de perda de potencial hídrico), área de

navegação (uso – transporte via navegação de pequeno porte), área vegetada

(sem uso direto, representando área de manutenção de potencial hídrico), área

comercial (usos – lançamento de efluentes e resíduos), área institucional

UFPA/COHAB/POLÍCIA (usos – transporte via navegação de pequeno porte,

lazer/paisagístico e lançamento de efluentes), lago (uso – lazer/paisagístico;

área de manutenção de potencial hídrico), área de lazer e residencial (usos –

lazer/paisagístico, lançamento de efluentes e resíduos), área mista -

residencial e comercial (usos – transporte via navegação de pequeno porte,

lazer/paisagístico e lançamento de efluentes), área de nascente - residencial

(uso – lazer/paisagístico; área de manutenção de potencial hídrico) e área

residencial (usos – lançamento de efluentes e resíduos).

5.2.4 - Correlação temporal entre o uso do território da bacia, no intervalo de

10 anos, empregando as geotecnologias e tendências futuras

O presente trabalho abordou a questão da urbanização através dos usos

múltiplos estabelecendo relações com as políticas urbanas na bacia como, por

exemplo, a dinâmica do processo de seu crescimento em sub-bacias

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116

hidrográficas e a incorporação do uso de geotecnologias como ferramentas

imprescindíveis no monitoramento das suas transformações.

Corriqueiramente as bacias hidrográficas são adotadas como unidade

espacial, pois em uma bacia é possível realizar análise integrada de seus

diversos elementos, principalmente os do meio físico/natural e também tem sido

escolhidas para aplicação de gestão ambiental e planejamento territorial, dada a

atual importância que a sociedade está conferindo aos recursos hídricos.

As figuras 10 a 14 ilustram a classificação integrada das imagens

empregadas (o levantamento aerofotogramétrico da CODEM de 1998 e imagem

Ikonos de 2008) permitindo a identificação das variações ocorridas ao longo

desse período.

Na figura 27 é apresentado o resultado da sobreposição de imagens dos

anos de 1998 a 2008, sendo assim podemos observar que houve quadras que

passaram de comercial para residencial, assim como de residencial para

comercial isso é observado principalmente na rua São Domingos com a Av.

Tucunduba, e esse fato ocorreu provavelmente devido à proximidade da área de

navegação e embarcação de mercadorias, sendo assim por esse motivo viabilizou

o escoamento de mercadorias fazendo com que esse setor crescesse no setor

comercial.

Apesar dessa modificação na área de estudo, não houve grandes mudanças

na bacia em relação às edificações, tendo em vista que essa bacia desde de

1998, já apresentava um característica de uma área urbana, sendo assim essa

bacia sofreu modificação estruturais de modo corretivo, pois o projeto do

Tucunduba teve como objetivo a canalização dos canais, resultando na

concretização do afluentes e o rio principal da bacia, ocasionado a perda do

percurso natural e modificando a vazão, logo pode-se perceber que esse projeto

apenas transferiu o problema para outros setores. Para que essa bacia receba

soluções mitigadoras é necessária a participação de gestores de recursos

hídricos, e esse dê soluções de modo a resolver e não transferir esse problemas

para outras bacias.

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117

Figura 27. Mapa da Bacia do Tucunduba com a sobreposição dos anos 1998 e o ano 2008. Fonte: Modificado de CODEM (2008).

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118

As técnicas empregadas permitiram observar as variações espaciais

referentes:

ao alto adensamento populacional, nos bairros do Guamá e Terra Firme,

ocasionando um aumento do uso inadequado do igarapé Tucunduba;

a ocorrência de áreas propícias alterações que resultem em impactos

ambientais, principalmente associadas a várzea do curso d´água;

a ampliação da área desmatada e aterrada para a expansão urbana, em

todos os 5 bairros que compõem a bacia. Inicialmente foram abertos caminhos

na bacia adentro, com a posterior retirada de cobertura vegetal. Na seqüência,

a área é aterrada com areia e entulhos, para posterior construção das casas,

não existindo um ordenamento dos lotes, ficando as construções muito

próximas umas das outras; e

o não cumprimento em termos da Legislação Ambiental das faixas de APP.

Esses problemas não ocorrem apenas na bacia do igarapé Tucunduba como

também em diversas outras bacias hidrográficas. Onde se percebe o descaso por

parte dos órgãos responsáveis e a desconcientização da população.

A seguir são projetadas duas hipóteses considerando a implantação de um

processo de gestão na área e a ausência do mesmo.

a) Considerando um quadro de ausência de gestão, sobre os recursos

hídricos locais:

As principais conseqüências da ausência de gestão na bacia, decorrente dos

usos identificados foram:

Ampliação da degradação da qualidade das águas.

Perda significante de potencial hídrico: a bacia tornar-se-ia dependente do

regime pluviométrico.

Descaracterização total da bacia como sistema hídrico.

Perda do potencial para a navegação.

Transformação da bacia em um sistema 100% canalizado que passaria a

funcionar como escoadouro das águas pluviais e de esgotos.

Ampliação do potencial de inundações na bacia.

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119

b) Considerando um quadro de gestão, sobre os recursos hídricos locais:

Destaca-se como ações de gestão necessárias a bacia:

A aplicação de políticas públicas urbanas na área da bacia deve incluir

medidas de conservação de áreas de vegetação em função da necessidade

de prevenir a ocorrência de enchentes, ampliar o saneamento básico e

preservar extensas áreas verdes e fundo de vales.

A realização de planejamento ambiental com enfoque não apenas nas

características físicas do terreno, mas também e principalmente observando o

impacto que esta tem para a sociedade, ou seja, analisando quais as

conseqüências que o uso indevido desta área geraria na bacia, enquanto

conjunto integrado de elementos físicos, bióticos e humanos.

A elaboração de um Plano de Bacia Hidrográfica.

E regularização fundiária dos imóveis da bacia.

Enfatizando-se que a área de estudo pertence a uma classe paisagística

denominada de sub-bacia hidrográfica, seria importante que a gestão tivesse um

caráter preservacionista, a fim de manter a produção de água, em qualidade e

quantidade compatível com sua dimensão. Isto nos faz refletir, se submetidas a

um planejamento e gestão adequados, a bacia igarapé hidrográfica do rio

Tucunduba, contribuiria para a melhoria das condições ambientais gerais.

Desta forma, percebe-se a importância do planejamento da ocupação das

terras, bem como as políticas públicas que incentivem o gerenciamento dos

recursos hídricos em níveis de bacias hidrográficas de forma integrada e

participativa, como forma de reduzir as fontes pontuais e difusas de poluição,

assegurando melhor qualidade aos recursos hídricos.

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120

Capítulo 6 - CONCLUSÕES

De modo geral, conclui-se que as tendências de ocupação do espaço e os

impactos ambientais ocorridos na bacia do Tucunduba estão vinculados aos

seguintes fatores: ao crescimento desordenado da população e a falta de

saneamento básico.

A utilização do sensoriamento remoto, aliado ao sistema de informação

geográfica, no estudo de usos múltiplos da água permitiu avaliar com precisão a

dinâmica da ocupação antrópica, tanto em nível espacial como temporal,

consolidando-se como metodologias imprescindíveis ao planejamento.

possibilitando a compreensão das características físicas e humanas do espaço

estudado.

A partir de manipulações e cruzamentos realizados sobre os planos de

informação, foi possível elaborar análises espaciais e estabelecer correlações

com os aspectos demográficos, históricos e econômicos, possibilitando a

compreensão da dinâmica espacial da ocupação antrópica sobre o perímetro

urbano como um todo, bem como sobre áreas isoladas. Também é importante

ressaltar que os arquivos digitais possibilitam a atualização dos planos de

informação a qualquer momento.

O estudo realizado cumpriu o objetivo de elucidar o fenômeno intra-urbano

analisado baseado em análises de dados geocientíficos e estudos históricos que

permitiram uma caracterização mais aprofundada da bacia do Tucunduba das

problemáticas hidráulicas do igarapé do Tucunduba.

A integração de recursos hídricos com ferramentas de geoprocessamento e

sensoriamento remoto permite um ganho expressivo nestes estudos.

Apresentou-se um panorama dos usos múltiplos e à sua aplicação da

dinâmica urbana. Como mostram as s literárias, os recursos hídricos são muito

utilizados na geoinformação para modelar fenômenos de natureza variada.

Servem como instrumentos para apoiar a tomada de decisão em implicações

espaciais, sendo que esta mesma tecnologia pode ajudar a planejar com maior

precisão o espaço físico, bem como atender melhor futuros projetos de

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121

infraestrutura da bacia do Tucunduba, visando melhor aproveitamento e

planejamento mais adequado deste espaço físico.

Este trabalho representou uma aproximação em direção a uma pesquisa

acadêmica de estudos ambientais na bacia do Tucunduba com o objetivo de

identificar problemas, discutir e elaborar subsídios para uma proposta de

planejamento como um componente possível, no que tange a produção espacial,

bem como identificar e delimitar zonas homogêneas quanto aos usos da água ao

longo do curso principal do igarapé Tucunduba.

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ANEXOS

Mapa de Usos Múltiplos da bacia do igarapé Tucunduba