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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE CURSO DE PEDAGOGIA ROSIANY DA CUNHA SANTOS A ESCOLA E O DESENVOLVIMENTO MOTOR DE CRIANÇAS DE 5 A 24 MESES DE IDADE FORTALEZA 2013

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ

FACULDADE CEARENSE

CURSO DE PEDAGOGIA

ROSIANY DA CUNHA SANTOS

A ESCOLA E O DESENVOLVIMENTO MOTOR DE CRIANÇAS DE 5 A 24 MESES

DE IDADE

FORTALEZA

2013

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ROSIANY DA CUNHA SANTOS

A ESCOLA E O DESENVOLVIMENTO MOTOR DE CRIANÇAS DE 5 A 24 MESES

DE IDADE

Monografia submetida à aprovação

Coordenação do Curso de Pedagogia da

Faculdade Cearense, como requisito

parcial para a obtenção do título de

licenciatura em Pedagogia.

FORTALEZA

2013

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ROSIANY DA CUNHA SANTOS

A ESCOLA E O DESENVOLVIMENTO MOTOR DE CRIANÇAS DE 5 A 24 MESES

DE IDADE

Monografia como pré-requisito para

obtenção do título de Licenciado em

Pedagogia, pela Faculdade Cearense –

FaC, tendo sido aprovada pela banca

examinadora composta pelos professores.

Data de aprovação: 3 /7 /2013

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________

Profª. Ms. Patricia Campêlo do Amaral

Presidente

___________________________________________

Profª. Ms. Luiza Lúlia Feitosa Simões

Membro

____________________________________________

Prof. Esp. Cícero Wilame Gonçalves André

Membro

Page 4: ROSIANY DA CUNHA SANTOS A ESCOLA E O … ESCOLA E O... · da fecundação do óvulo pelo espermatozoide. O que notadamente coloca o homem O que notadamente coloca o homem em constante

Ao meu pai Raimundo (in memoriam),

com amor, respeito e gratidão.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus pelo dom da vida e por iluminar o meu caminho.

A minha mãe Maria, que sempre esteve presente nos momentos difíceis e alegres

da minha vida. Obrigada pelo amor que me motiva a viver e a alcançar novos

horizontes.

À Franzé, namorado, companheiro e amigo que me incentivou incondicionalmente.

A minha orientadora Patrícia Campêlo, meus sinceros agradecimentos por conduzir-

me atenciosamente ao longo desse trabalho.

A Faculdade Cearense por me proporcionar momentos ricos de aprendizagem, que

me fizeram crescer como ser humano e profissional.

Aos amigos Cícero e Maria, pela generosidade e apoio. Obrigada por acreditarem

em mim e contribuírem para a realização desse sonho.

Por fim, um agradecimento especial a minha grande amiga Katerine que faz parte

dessa história e por estar sempre ao meu lado ajudando com paciência, carinho e

amizade.

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―Foi o tempo que dedicaste a tua

rosa, que fez tua rosa tão importante‖.

(Antoine Saint-Exupéry)

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RESUMO

Os dois primeiros anos de vida do ser humano são marcados por grandes alterações

bio-sócio-comportamentais, envolvendo a aquisição de habilidades motoras básicas.

Atualmente as crianças estão frequentando cada vez mais cedo a escola, desse

modo surge a necessidade de se analisar o desenvolvimento motor em cada uma

das fases de sua evolução considerando a idade de 5 a 24 meses. O objetivo geral

deste trabalho é abordar a relação entre a escola e o desenvolvimento motor

durante esse período de vida. Os objetivos específicos são: investigar como se dá a

rotina das crianças de 5 a 24 meses na escola; analisar como as atividades são

planejadas para essa faixa etária e verificar os resultados da metodologia adotada

no desenvolvimento motor dessas crianças. Esta pesquisa baseou-se nas

experiências de duas turmas de uma escola particular da cidade de Fortaleza,

compostas por crianças entre 5 e 24 meses de idade. Foi analisado como as

atividades psicomotoras são planejadas e desenvolvidas para esse público, por meio

de observação e entrevista semiestruturada com a coordenadora pedagógica e as

professoras das turmas do berçário e infantil I. A análise dos dados se deu por meio

da descrição das atividades psicomotoras realizadas nas respectivas turmas, assim

como dos depoimentos dados. Pode-se entender que as atividades psicomotoras

estão presentes diariamente na rotina da escola estudada e são elaboradas com

subsídios pedagógicos respeitando o desenvolvimento individual das crianças e

contribuindo positivamente para o seu desenvolvimento pleno.

Palavras chaves: Atividades psicomotoras. Escola. Desenvolvimento motor.

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ABSTRACT

The first and second years of life of the human being are marked by great biological

and social behaviour alterations, which involve the acquisition of basic motor

habilities. Nowadays children are going to school earlier than ever, so there is

the necessity to analyse the motor functions development in each fase of evolution of

age, between 5 years old and 24 months old. The general aim of this work is to

approach the relation between school and the psychomotor development of children

during that period of life.The specific objectives of this work are: investigate how the

school routine of children between 5 years old and 24 months old are; analyse how

the activities to these ages are planned and check the results of the chosen

methodology used for psychomotor development of these children. This research

was based on the experience of two classes of a private school in the city of

Fortaleza ( Brazil ), formed by children between 5 years old and 24 months old. It

was analysed how the psychomotor activities have been planned and developed for

this public, through the observation and structured interviews with pedagogical

coordinator and the teachers of the nursery and kinder one. The analysis of data was

made through the description of the psychomotor activities carried out in the classes

and also through the given report of the teachers. We can understand that the

psychomotor activities have been used daily during the school routine, which have

been observed, and these activities have been prepared with pedagogical teaching

care, respecting the individual development of the children and trying to contribute

positively to the complete development of them.

Key words: Psychomotor activities. School. Psychomotor development.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................09

2 DESENVOLVIMENTO INFANTIL...........................................................................11

2.1 Definições e características..............................................................................11

2.2 Desenvolvimento cognitivo...............................................................................16

2.3 Desenvolvimento psicossocial.........................................................................18

2.4 Desenvolvimento motor.....................................................................................20

2.4.1 Definição............................................................................................................20

2.4.2 As etapas do desenvolvimento motor de 0 a 24 meses....................................21

3 A INSTITUIÇÃO DE EDUCAÇÃO INFANTIL.........................................................30

3.1 Breve histórico...................................................................................................30

3.2 Estimulação e atividades psicomotoras..........................................................30

3.3 O papel da educação psicomotora na escola..................................................31

4 METODOLOGIA.....................................................................................................34

4.1 Campo de estudo...............................................................................................35

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................................................37

5.1 Observações.......................................................................................................37

5.2 Entrevistas..........................................................................................................39

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................43

REFERÊNCIAS..........................................................................................................45

APÊNDICE A ............................................................................................................51

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1 INTRODUÇÃO

O desenvolvimento motor pode ser definido como um processo contínuo,

sequencial e universal, sendo que a sequência é igual para todos os indivíduos e a

velocidade depende do fator maturacional, das experiências e diferenças individuais.

(TANI et al., 1998). A criança tem na infância aspectos importantes que irão

refinando seu desenvolvimento e suas habilidades locomotoras, que serão de

relevância na sua vida. Pode-se ousar em destacar como sendo a fase de

treinamento, de aplicação e de adição de novas habilidades que englobam a

evolução da própria raça.

Os dois primeiros anos de vida do ser humano são marcados por grandes

alterações bio-sócio-comportamentais, envolvendo a aquisição de habilidades

motoras básicas. (PAPALIA e OLDS, 2000). Atualmente os pequenos estão

frequentando cada vez mais cedo a escola, desse modo surge a necessidade de se

analisar o desenvolvimento motor em cada uma das fases de evolução da criança

de 0 a 2 anos. O estudo justifica-se por trazer subsídios que ampliam o corpo de

conhecimento na área, bem como por trazer informações sobre como a escola pode

contribuir para o desenvolvimento motor pleno da criança.

No Brasil, as creches foram por muitos anos, vinculadas ao atendimento a

população de baixa renda, e o trabalho desenvolvido era de caráter assistencial-

custodial, voltado apenas para a alimentação, higiene e segurança física das

crianças. (OLIVEIRA et al., 1992). Ao longo do tempo, ocorreram mudanças em

suas propostas de trabalho, adquirindo cada vez mais cunho educativo.

(RAPOPORTI e PICCININI, 2001).

A literatura ressalta a importância das experiências motoras para o

indivíduo em processo de desenvolvimento, principalmente no período da aquisição

e combinação das habilidades motoras básicas. (CAMPOS et al., 1997; FURTADO

et al., 1998; PIEKARZIEVCZ et al., 2000). A criança estimulada de forma ampla, por

meio da exploração do meio ambiente, tem mais chances de praticar as habilidades

motoras e, consequentemente, de dominá-las com maior facilidade. (TORRES et al.,

1999). A prática de atividades psicomotoras tem como objetivo desenvolver os

aspectos intelectuais, afetivos e motores evidenciando a relação que há entre

motricidade, mente e afetividade, facilitando o desenvolvimento global da criança

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que cresce vivenciando diversas técnicas que a auxiliarão no seu cotidiano durante

todo o seu percurso de crescimento e desenvolvimento. (FARINATTI, 1995).

Desse modo, percebe-se a importância das atividades motoras na escola,

por contribuírem diretamente no desenvolvimento global da criança. É fundamental

salientar que esta passa por diferentes fases ao longo de seu desenvolvimento, e

cada faixa etária exige atividades específicas.

Com base no tema escolhido surgiram alguns questionamentos: Como se

dá o desenvolvimento motor de crianças de 0 a 2 anos de idade? O que esse

desenvolvimento proporciona as mesmas? Será que a escola oferece um trabalho

pedagógico que estimule o desenvolvimento motor de crianças entre 5 e 24 meses?

Os profissionais que lidam com essas crianças são qualificados para desenvolverem

esse trabalho?

O que motivou a realização desta pesquisa foi o trabalho em uma escola

com crianças que se encontram nessa faixa etária, e também por perceber que são

poucos os estudos que abordam a prática pedagógica com esse público.

Portanto o objetivo geral deste trabalho é abordar a relação entre a escola

e o desenvolvimento motor no período de 5 a 24 meses de idade.

Os objetivos específicos são: investigar como se dá a rotina das crianças

de 5 a 24 meses na escola; analisar como as atividades são planejadas para essa

faixa etária e verificar os resultados da metodologia adotada no desenvolvimento

motor dessas crianças.

Para tanto, são requeridos os fundamentos teóricos para essas questões

mediante a abordagem que a literatura corrente faz sobre o desenvolvimento motor

relacionado com a escola. Os principais teóricos que embasaram esse trabalho

foram: Piaget (1973), Le Bouch (1987), Papalia e Olds (2000), Fleming (2002),

Gallahue e Ozmun (2005), Rosa Neto (2006), dentre outros.

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2 DESENVOLVIMENTO INFANTIL

2.1 Definição e características

A evolução humana de certa forma desde a sua concepção até os

momentos finais difere dos outros animais. Parece em alguns momentos com os

esses quando percebemos a evolução física e também em algumas relações

sociais. Porém quando se trata da cognição, percebe-se um distanciamento

contundente. Observando a vida humana percebe-se que a evolução ocorre desde a

mais simples formulação de vida, pois ao ser concebido o homem parte em sua

caminhada evolutiva, como se denota na seguinte citação: ―Cada um de nós inicia a

vida como uma única célula, não maior que a cabeça de um alfinete‖. (COLE e

COLE, 2003, p. 24).

Dessa forma, entende-se que o desenvolvimento humano começa a partir

da fecundação do óvulo pelo espermatozoide. O que notadamente coloca o homem

em constante evolução seja em relação a si, ou no que se refere ao meio. A

consumação evolutiva deste faz da raça humana peculiarmente diversificada no que

compete às habilidades físicas, cognitivas, social, culturais, etc. Pois a evolução de

cada homem ocorre mesmo antes da concepção, haja vista, serem parte de

evoluções passadas, ou seja, todos são partes do processo e não o início. A

evolução é continuamente repassada, adquirida e continuada, e quando se é

concebido de alguma forma já se faz parte do que está em processo.

Concomitante ao exposto Brandão (1984) define o desenvolvimento como

―todas as transformações experimentadas por um indivíduo desde que é concebido

até a morte‖. Isso nos faz entender que constantemente e de várias formas o

homem desenvolve, como também, retira e/ou apreende do meio através de

influências. Das mais variadas formas, motivadas por suas interações consigo

mesmo, com seus entes e objetos. Aqui se concorda com as palavras de Brandão

(1984), por compreender que ocorrem transformações pertinentes à formação do

indivíduo, que vão percorrer a vida, pois não se pode segmentar homem e evolução.

E tais evoluções compõem a vida do indivíduo, caracterizada por transformações

constantes.

Do mesmo modo, Thiessen e Beal (1995, p. 11) afirmam que o

desenvolvimento:

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Refere-se aos avanços que o ser humano compreende ao passar por determinadas experiências, reagindo a elas e consequentemente modificando-se. O processo de desenvolvimento envolve, através de uma participação ativa do indivíduo, seu crescimento, sua maturação e sua aprendizagem.

Percebe-se com isso que todo o processo evolutivo proporciona aos

homens, que são ativos nas transformações ocorridas no percurso de suas vidas,

uma série de aplicações que fazem permutar as perspectivas. E esse processo

corrobora com o amadurecimento do indivíduo como um todo, colocando a

aprendizagem e as relações como preponderantes, ou mais precisamente como

essenciais ao desenvolvimento de cada um e da sociedade em geral.

Ao longo da história foram adotadas diferentes concepções sobre o

desenvolvimento humano, com o objetivo de explicar como os seres humanos

evoluíam e construíam suas características. Não será defendida nenhuma como

sendo hegemônica, apenas serão descritas algumas de suas características

conceituais como forma de tornar os estudos melhor explicitados. Neste aspecto

serão colocadas as principais concepções:

a) Concepção inatista de acordo com Sell (2002, p. 7):

O inatismo, genericamente falando, tem suas raízes na mais remota antiguidade. Antes mesmo do surgimento da filosofia, as religiões reencarnacionistas já apresentavam versões mais ou menos elaboradas a respeito desse assunto. Ao que parece, a filosofia começou a tratar deste tema com Pitágoras (séc. VI a.C.); porém sabe-se muito pouco da filosofia pitagórica pelo fato de ela ter se organizado como uma seita iniciática e apenas uma parte dos ensinamentos de seu líder podia ser revelada ao público. Mas, até onde se sabe, a reencarnação e a metempsicose eram defendidas pelos pitagóricos.

Reitera-se que a concepção inatista predispõe aspectos de sobrevivência,

desde a noção do primeiro ser que viesse a consubstanciar como noção de homem.

Pois nesta concepção se observa as mais antigas relações do homem como o meio,

com a sua sociedade e consigo mesmo, denotando uma representação selvagem

das relações, mas essencial à manutenção da vida.

Desta feita se observa que Darwin com sua noção de evolução em

consonância a seleção natural dos organismos, dentro da própria espécie, explica o

desenvolvimento humano como resultado único de informações biológicas. Segundo

essa concepção, o ser humano já nasce com todas as suas características prontas e

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as desenvolve durante toda a vida. Aprimora-se de forma a viver no ambiente

aproveitando tudo que o meio pode prover para a sobrevivência de si e da espécie.

A sobrevivência do ser de alguma forma corrobora com a da espécie.

Enquadra-se desta forma que o meio compõe aspecto importante, influenciando a

maneira de agir dos seres em relação a manutenção da vida, o que proporciona uma

forma diversificada de evoluir seja cognitivamente, fisicamente, etc.

b) Concepção Ambientalista - o desenvolvimento acontece em função das

condições presentes no meio em que o indivíduo se encontra. Como observa Sell:

A concepção ambientalista atribui ao ambiente um grande poder no desenvolvimento humano. O homem desenvolve suas características em função das condições presentes no meio em que se encontra. [...] Assim sendo, os estímulos presentes numa determinada situação, levam ao aparecimento de certos comportamentos. (2002, p. 07).

De certa forma se percebe uma relação com a Concepção Inatista, haja

vista, estarem relacionadas ao homem na forma mais primitiva, ou seja, prover a

vida e afastar-se da morte, destacando que o Inatismo, predispõe as atitudes

preexistentes e que se relaciona ao aprimoramento do ser com o meio. De acordo

com Bandura:

A natureza humana é caracterizada por uma grande potencialidade que pode ser modelada, por experiências diretas e substitutivas, em uma variedade de formas, dentro dos limites biológicos. (1989, p. 51).

Na colocação de Bandura (1989), pode-se observar questões pertinentes

ao desenvolvimento motor. Quando se trata da potencialidade modelada,

experiências, variedades e limites biológicos, aspectos que predispõem o

desenvolvimento motor e qualquer outro. Assim pode-se limitar a relatar que se é

fruto de uma evolução, mas comportados no meio onde se retira o necessário para a

vida. Portanto pode-se relatar o desenvolvimento como a continuidade do

aprimoramento de todo organismo, pois a partir do momento em que se é

concebido, se parte para processos que definem os seres como vivos, propensos a

serem classificados como evolutivos ou mortos (aspecto este que não constitui

evolução).

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c) Concepção Interacionista - o desenvolvimento humano é resultado de

uma interação de fatores biológicos e ambientais. Desse modo, o conhecimento é

construído pelo indivíduo durante toda a vida, não estando pronto ao nascer, nem

sendo adquirido passivamente influenciado pelo ambiente. As interações são

provenientes dele como o meio, consigo e com outros seres, sendo da mesma

espécie ou de outras que fazem parte desse processo. Tudo isso condiz com a

teoria de Martin Buber (2012) que envolve as relações ―Eu-Tu e Eu-Isso‖, em que

ele coloca as relações como preponderantes quando declara não haver existência

se não houver comunicação (interação). É a essência do existir do homem.

A partir das interações, sejam em que nível elas ocorram, se sofre

influencias do meio. Fatores biológicos e ambientais se ligam direta ou

indiretamente, e suas influências se tornam necessárias à constituição do ser em

todos os âmbitos. Reitera-se então a força exercida pelo meio, em constatação

notória. Todos se influenciam e não se tem controle sobre estes fatores. Como

também não se pode determinar limitação nenhuma, pode-se com o apoio da escola

ou de outros meios educativos, proporcionar instrumentos e ideias para auxiliar

nesse entendimento. O desenvolvimento acontece em vários domínios, e é

agregado às influências que irão compor a personalidade do indivíduo. Sobre os

domínios destacamos o domínio físico, o cognitivo e o psicossocial. Concepções que

preenchem o desenvolto desse trabalho. Pois concomitante as colocações que

faramos sobre tais domínios, realiza-se também a explanação e o encaminhamento

da pesquisa aqui destacada.

O desenvolvimento físico compreende as mudanças que ocorrem no

corpo, no cérebro, na capacidade sensorial e nas habilidades motoras de cada ser,

sendo ele homem ou outro animal. O que vai diferenciar são interações, pois se

parte do pressuposto de que o homem age por utilizar o físico relacionado ao

cognitivo, ou seja, age pensando, o que implica destacar que o desenvolvimento

físico perpassa por evoluções necessárias ao convívio e as transformações

compreendidas pelo homem.

No que compete ao desenvolvimento cognitivo refere-se às mudanças

que ocorrem na capacidade mental, como a aprendizagem, a memória, o raciocínio,

o pensamento e a linguagem. Formulando todas as concepções de acordo com as

apreensões psicológicas que o indivíduo faz do meio. As interações com o meio

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trazem ao homem abstrações que lhe servem substancialmente de apoio para a

tomada de decisões pertinentes ao seu convívio social e cultural.

Cabe destacar que o homem não toma decisões que não são de acordo

com as suas ideias, mesmo que sejam equivocadas, ou seja, pode-se relatar que o

mesmo abstrai do meio, assimila e utiliza à sua maneira para aproveitar ao máximo

o que fora apreendido. É a partir de suas interações, sejam elas em que nível forem

desenvolvidas, que são capazes de prever situações, abstrair sobre

posicionamentos e ações futuras. Só ao homem é atribuída uma elaboração

cognitiva articulada que o faz ver e contemplar qualquer ação, dando a possibilidade

de agir e criar expectativas que podem ser realizadas ou não. O ato de observar,

apreender, analisar e utilizar predispõe o desenvolvimento cognitivo, aspecto esse

que diferencia os homens dos outros animais.

A infância é a fase primordial para o desenvolvimento cognitivo,

psicológico, biológico e motor do ser humano, pois é nesse período que ocorrem as

principais maturações cerebrais em seu organismo. Cole e Cole (2003) afirmam que

esse desenvolvimento de certa forma vai prevalecer no decorrer da própria

existência do ser e da comunidade que pertence.

―O crescimento do cérebro antes e após o nascimento e durante o

período da infância é fundamental para seu futuro desenvolvimento físico, cognitivo

e emocional‖. (PAPALIA, 2006, p.166). Aspectos evolutivos perpassam por todas as

variantes do organismo, ou seja, tudo contribui para o desenvolvimento do

organismo e da comunidade a que pertence.

O desenvolvimento do ser humano depende de alguns fatores: os fatores

de hereditariedade e adaptação biológica (maturação de certos tecidos nervosos,

aumento do tamanho e complexidade do sistema nervoso central, crescimento de

ossos e músculos), e os fatores ambientais (experiência e estimulação sensório-

motriz, nutrição, condições socioeconômicas e afetivas). (PIAGET, 1973 apud

CAVICCHIA, 2013).

Para Piaget (1987 apud CAVICCHIA, 2013) a base biológica é de

fundamental importância para o desenvolvimento cognitivo, pois abre as

possibilidades para o desenvolvimento infantil, porém, não o determina. Ainda

segundo o autor, não é possível que haja maturação, se não houver estimulação por

parte do ambiente. Como explicita Cavicchia:

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Para Piaget o conhecimento é fruto das trocas entre o organismo e o meio. Essas trocas são responsáveis pela construção da própria capacidade de conhecer. Produzem estruturas mentais que, sendo orgânicas não estão, entretanto, programadas no genoma, mas aparecem como resultado das solicitações do meio ao organismo. (2013, p. 2)

Para Gesell (1989), o desenvolvimento da criança avança fase após fase,

e em que cada uma representa um nível ou grau de maturidade no ciclo do

desenvolvimento:

Uma fase é um simples momento passageiro, ao passo que o desenvolvimento, com o tempo, prossegue sempre a sua marcha. Isso não nos impede, todavia, de escolher certos momentos significativos do ciclo de desenvolvimento para assinalar as progressões com rumo à maturidade. (GESELL, 1989, p.16).

É pertinente neste ponto a maturidade aqui destacada como parte do

processo. Nesse momento serão abordados os tipos de desenvolvimento e algumas

explanações sobre suas concepções.

2.2 Desenvolvimento cognitivo

De acordo com Piaget o desenvolvimento cognitivo acontece a partir das

interações entre o sujeito e o objeto de conhecimento. Segundo o autor:

A relação cognitiva sujeito/objeto é uma relação dialética porque se trata de processos de assimilação (por meio de esquemas de ação, conceitualizações ou teorizações, segundo os níveis) que procedem por aproximações sucessivas e através das quais o objeto apresenta novos aspectos, características, propriedades, etc., que um sujeito também em modificação vai reconhecendo. Tal relação dialética é um produto da interação, através da ação, dos processos antagônicos (mas indissociáveis) de assimilação e acomodação. (PIAGET, 1980).

Ainda Piaget de acordo com seus estudos define a assimilação como:

[...] uma integração a estruturas prévias, que podem permanecer invariáveis ou são mais ou menos modificadas por esta própria integração, mas sem descontinuidade com o estado precedente, isto é, sem serem destruídas, mas simplesmente acomodando-se a nova situação. (PIAGET, 1996, p.13).

Esse mesmo autor, no que tange ao desenvolvimento e concomitante as

acomodações biológicas, destaca:

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Chamaremos acomodação (por analogia com os ―acomodatos‖ biológicos1)

toda modificação dos esquemas de assimilação sob a influência de situações exteriores (meios) ao quais se aplicam. (PIAGET, 1996, p.18).

De acordo com Piaget (1996) o desenvolvimento cognitivo divide-se em

quatro estágios: sensório motor (0-2 anos), pré- operatório (2-7 anos), operatório-

concreto (7-12 anos), operatório-formal (12 anos em diante).

Piaget distinguiu quatro grandes períodos no desenvolvimento das estruturas cognitivas, intimamente relacionados ao desenvolvimento da afetividade e da socialização da criança: estágio da inteligência sensório-motora (até, aproximadamente, os 2 anos); estágio da inteligência simbólica ou pré-operatória (2 a 7-8 anos); estágio da inteligência operatória concreta (7-8 a 11-12 anos); e estágio da inteligência formal (a partir, aproximadamente, dos 12 anos). (PIAGET, 1987, p. 3 apud CAVICCHIA, 2013).

Destaca-se que o sensório-motor: tem como principal característica a

ausência da função semiótica, dessa forma, a criança nesse estágio não faz a

representação mental dos objetos.

O período sensório-motor é de fundamental importância para o desenvolvimento cognitivo. Suas realizações formam a base de todos os processos cognitivos do indivíduo. Os esquemas sensório-motores são as primeiras formas de pensamento e expressão; são padrões de comportamento que podem ser aplicados a diferentes objetos em diferentes contextos. (CAVICCHIA, 2013, p. 4)

Piaget dividiu esse estágio em 6 subestágios da forma explicitada a

seguir:

1º Subestágio (0-1 mês): o bebê apresenta esquemas de

reflexos exercitados, giro involuntário da cabeça, sucção,

movimentos de olhar e agarrar.

2º Subestágio (2-4 meses): caracterizado pelas reações

circulares primárias e repetições agradáveis de algumas ações.

3º Subestágio (4-8 meses): o bebê apresenta reações

circulares secundárias, consciência ampliada dos efeitos das

próprias ações sobre o ambiente.

1 Acomodatos biológicos: Segundo, Piaget, J, em Biologia e Conhecimento, Petrópolis: Editora

Vozes, 1996, p. 18, acomodação (por analogia com os "acomodatos" biológicos), é toda modificação dos esquemas de assimilação sob a influência de situações exteriores (meio) aos quais se aplicam.

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4º Subestágio (8-12 meses): o bebê coordena as ações

circulares secundárias e combina os esquemas para atingir o efeito

desejado, é a primeira forma de resolução de problemas.

5º Subestágio (12-18 meses): esse é o subestágio da

elaboração do objeto, caracterizando-se pela experimentação e pela

busca da novidade.

6º Subestágio (18-24 meses): ocorre a transição entre a

inteligência sensório-motora e a inteligência representativa, que

começa em torno dos dois anos, com o aparecimento da função

simbólica. (1996).

Quanto ao estágio pré-operatório, Piaget (1996) destaca que com o

surgimento da função semiótica, a criança já é capaz de substituir um objeto ou

acontecimento por uma representação mental. A criança distingue um significador

(imagem, palavra ou símbolo) daquilo que ele significa (o objeto ausente), o

significado.

No operatório-concreto a criança já possui uma organização mental

integrada, é capaz de ver a totalidade por diferentes ângulos. Piaget (1996) fala de

operações de pensamento ao invés de ações. Conclui e consolida as conservações

do número, da substância e do peso.

No operatório-formal ocorre o desenvolvimento das operações abstratas.

O sujeito torna-se capaz de raciocinar corretamente sobre proposições que ainda

não acredita que considera hipóteses, ou seja, prepondera a abstração mesmo que

da mais simples a mais complexas, porém de alguma forma o indivíduo abstrai sobre

o meio. Inicia-se então o processo hipotético-dedutivo. Através de observações o ser

humano coloca-se em disposição não apenas a observar, mas a contemplar

(deduzir), todo o entremeio cognitivo ocorre de maneira a formular-se de acordo com

as percepções de cada indivíduo, e através de hipóteses abstraídas do meio e

deduzidas constituímos pensamento.

2.3 Desenvolvimento psicossocial

No que se refere ao desenvolvimento psicossocial, o mesmo está

relacionado com a capacidade de interagir com o meio através das relações sociais,

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19

que proporciona a formação da personalidade e a aquisição de características

próprias. (PAPALIA e OLDS, 2000).

Segundo definição clássica apresentada por Jodelet (1985 apud SPINK,

1993), o desenvolvimento psicossocial se refere a modalidades de conhecimento

prático, orientadas para a comunicação e para a compreensão do contexto social,

material e ideativo em que se vive. São, consequentemente, formas de

conhecimento que se manifestam como elementos cognitivos — imagens, conceitos,

categorias, teorias, mas que não se reduzem jamais aos componentes cognitivos.

Sendo socialmente elaboradas e compartilhadas, contribuindo para a construção de

uma realidade comum, que possibilita a comunicação.

Em meados do século XX, Erikson começa a construir sua teoria

psicossocial do desenvolvimento humano, repensando vários conceitos de Freud,

sempre considerando o ser humano como um ser social, antes de tudo, um ser que

vive em grupo e sofre a pressão e a influência deste.

Baseando-se na teoria freudiana, Erikson coloca o foco no ego, mas com

disposição para as crises predisposta em um contexto social. Como afirma Rabello e

Passos:

Sem negar a teoria freudiana sobre desenvolvimento psicossexual, Erikson mudou o enfoque desta para o problema da identidade e das crises do ego, ancorado em um contexto sociocultural. O estudo da identidade tornou-se estratégico para o autor, que viveu em uma época onde a Psicanálise deslocava o foco do id e das motivações inconscientes para os conflitos do ego. (2013, p. 1).

Aqui se enfoca que a identidade do indivíduo predispõe as suas

relações, perpassando por processos evolutivos, decorridos paulatinamente e

continuamente da vivência do organismo. Como também todos os conflitos gerados

no decorrer dos processos evolutivos, sejam eles pessoais ou coletivos, dão ao

indivíduo motivação e predisposição para evoluir. Percebe-se em Rabello e Passos

(2013), que a formação de todo homem percorre fases ambientadas no contexto

sociocultural que de alguma forma influencia o psicossocial.

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20

2.4 Desenvolvimento motor

2.4.1 Definição

Pode-se definir o desenvolvimento motor como um processo contínuo,

sequencial e universal, sendo que a sequência é igual para todos os indivíduos e a

velocidade depende do fator maturacional, das experiências e diferenças individuais.

(TANI et al., 1998).

Entendendo que esse desenvolvimento está ligado tão profundamente à

concepção evolutiva do homem, foi relacionada a sua importância como

preponderante em todos os aspectos da formação do indivíduo. Consoante ao

exposto Almeida expõe que:

O desenvolvimento e a aprendizagem infantil estão intrinsecamente ligados à motricidade, revelando-se fundamentais para o desenvolvimento global da criança. Um bom controle motor promove adequada exploração dos ambientes, a partir de experiências concretas, as quais subsidiam o desenvolvimento intelectual infantil. (2007, p. 16).

Ainda se reitera que a consubstanciação do controle motor ambienta o

indivíduo ao meio e com suas habilidades motoras e psicológicas, permite a

tomadas de decisões pertinentes às suas interações e sobrevivência.

Almeida (2007) concorda com Bee (2003) quando afirma que o

desenvolvimento motor é a capacidade de usar o corpo para movimentar-se,

incluindo as habilidades motoras amplas (engatinhar2, andar, correr) e as

habilidades motoras finas (agarrar objetos). Ambas as habilidades estão presentes

em todas as fases do desenvolvimento, de modo geral. As amplas se desenvolvem

mais cedo e as finas, mais tarde. Nesse contexto se entende que algumas vezes no

desenvolvimento das habilidades psicológicas, as habilidades motoras podem sofrer

por desuso, o que não decorre do seu completo desaparecimento, apenas acontece

a sobreposição de uma em relação à outra.

Segundo Rosa Neto (2006), a motricidade é a interação de diversas

funções motoras, desempenhando um papel fundamental no desenvolvimento do

ser humano:

2 Engatinhar: v. intr.1. Andar de gatinhas. 2. [Figurado] Principiar, ser novato (em ofício, profissão,

arte, etc.).

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O movimento e o seu fim são uma unidade, desde a motricidade fetal até a maturidade plena, passando pelo movimento do parto e pelas sucessivas evoluções, o movimento se projeta sempre frente à satisfação de uma necessidade relacional. A relação entre o movimento e o seu fim se aperfeiçoa cada vez mais como resultado de uma diferenciação progressiva das estruturas integradas do ser humano. (ROSA NETO, 2006, p.11).

Gallahue (2005) afirma que o desenvolvimento motor está associado às

áreas cognitivas e afetivas do desenvolvimento humano:

O desenvolvimento motor está relacionado às áreas cognitiva e afetiva do comportamento humano, sendo influenciado por muitos fatores. Dentre eles se destacam os aspectos ambientais, biológicos, familiar, entre outros. Esse desenvolvimento é a contínua alteração da motricidade ao longo do ciclo da vida, proporcionada pela interação entre as necessidades da tarefa, a biologia do indivíduo e as condições do ambiente. (GALLAHUE, 2005, p.3).

De acordo com Tecklin (2002), durante a primeira infância a criança

adquire todos os padrões fundamentais de movimento e controle postural, e a partir

de então, complexifica suas habilidades motoras:

Na primeira infância, o padrão locomotor do caminhar é refinado e novas habilidades locomotoras são adicionadas, incluindo correr, pular, saltar e andar. Tais habilidades requerem crescentes graus de equilíbrio e controle e força para um desempenho bem sucedido. (TECKLIN, 2002, p.30).

Percebe-se que a criança tem na infância aspectos importantes que irão

refinando seu desenvolvimento e suas habilidades locomotoras, que serão de

relevância na sua vida. Pode-se ousar em destacar como sendo a fase de

treinamento, de aplicação e de adição de novas habilidades que englobam a

evolução da própria raça.

2.4.2 As etapas do desenvolvimento motor de 0 a 24 meses

Os dois primeiros anos de vida do ser humano são marcados por grandes

alterações bio-sócio-comportamentais, envolvendo a aquisição de habilidades

motoras básicas. (PAPALIA e OLDS, 2000). O corpo da criança desenvolve-se em

seu ritmo, no entanto a sequência de desenvolvimento é comum à maioria dos

indivíduos.

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O sistema nervoso apresenta uma intensa evolução dinâmica nos

primeiros anos de vida, devido aos processos de mielinização3 e diferenciação

neuronal de suas estruturas. Esse crescimento acelera-se progressivamente depois

do nascimento e nos primeiros 24-36 meses de vida, sendo denominado de ―período

crítico‖ do desenvolvimento. (PASCUAL, 1995).

A crescente maturação do córtex cerebral promove a melhora das

funções motoras, com a aquisição do controle motor e das habilidades motoras. A

prática motora também influencia o desenvolvimento da mielinização e da

organização estrutural do sistema nervoso central, sendo a experiência e a repetição

muito importantes nos mecanismos de maturação cerebral durante a vida

extrauterina4. (BARROS et al., 2003).

Segundo Papalia e Olds (2000), o desenvolvimento motor e o crescimento

físico ocorrem por dois princípios:

*Céfalo-caudal, o desenvolvimento acontece da cabeça para as partes

inferiores.

*Próximo-distal, o desenvolvimento acontece do centro do corpo para as

partes externas.

Dessa forma, o bebê adquire a capacidade de segurar a cabeça antes de

sentar ou de se virar, e sentar antes de engatinhar. (GESELL e AMATRUDA, 2000;

BEE, 2003).

Por isso surge a necessidade de se analisar o desenvolvimento motor em

cada uma das fases de evolução da criança de 0 a 2 anos.

a) O recém-nascido

Segundo Bobak (1999), o termo recém-nascido refere-se a toda criança

desde o nascimento até atingir os vinte e oito dias de vida, correspondendo ao

período neonatal.

O recém-nascido, logo no início da vida extrauterina, demonstra uma

extraordinária capacidade de interagir com o mundo. (KLAUS e KLAUS, 1989).

Segundo Medeiros (2007), o desenvolvimento dessas capacidades no recém-

3 Mielinização: substância ―gordurosa‖ que isola a membrana celular do neurônio. No sistema

nervoso periférico, essa bainha de mielina é formada por células especializadas denominadas células Schwann. 4 Extrauterina: referente ao contato com o meio, ou seja, após o parto.

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nascido e as primeiras experiências sensoriais aconteceram ainda na vida

intrauterina5.

Desse modo, o mundo do feto humano é vivo e extremamente rico de

estímulos, no qual a criança capta a maior parte da informação através dos sentidos:

tato, audição, visão, paladar e olfato. (FAURE et al., 2004).

―A formação das sensibilidades, prepara o recém-nascido para a

descoberta e depois para o conhecimento do mundo‖. (BLOCH, LEQUIEN e

PROVASI, 2006, p.41).

De acordo com Brazelton e Cramer (2002), o tato é o primeiro e mais

importante sentido que promove a comunicação e o vínculo entre pais e recém-

nascidos. Do mesmo modo, Guerra (apud SOUSA, 2008, p.10) afirma que ―o toque

é a primeira fonte de comunicação entre a mãe e o recém-nascido, é através deste

que a criança tem as primeiras experiências do amor e afeto humano‖.

A audição é o sentido mais desenvolvido mesmo antes do nascimento. De

acordo com Cordeiro (2008), a partir da vigésima sexta semana de gestação o feto é

capaz de reconhecer e diferenciar diferentes frequências sonoras.

Mazet e Stoleru (2003) destacam ainda, que a audição desempenha um

papel essencial no que se refere ao início da interação entre o feto e o meio

extrauterino, uma vez que é pela audição que se estabelece o maior número de

relações entre o feto e o exterior.

Segundo Faure et al. (2004) o sentido da visão é o menos desenvolvido

ao nascer, o que se deve a pouca estimulação in útero, onde a luz é quase

inexistente.

Cordeiro (2008) relata que, ainda in útero o feto aprecia o gosto do líquido

amniótico, que é composto de substâncias e sabores provindos dos alimentos

ingeridos pela mãe.

Para Brazelton e Cramer (2002) o olfato e o paladar estão interligados, o

bebê distingue os quatro sabores básicos: salgado, doce, amargo e azedo.

Bloch, Lequien e Provasi (2006), acrescentam que é por volta da vigésima

quinta semanas de gestação que os sistemas olfativos e gustativos se encontram

funcionais.

5 Intrauterina: 1. Relativo ao interior do útero. 2. Que ocorre, se localiza ou se aplica dentro do útero.

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Segundo Le Bouche (1987 apud ROSSI, 2012) e Wallon (1997) até os

dois meses de idade os centros diencefálicos6 e mensencefálicos7 predominam

sobre o córtex cerebral8, determinando padrões comportamentais dominados pelas

necessidades orgânicas e ritmados pela alteração de alimentação e sono.

Os primeiros movimentos que o feto faz são denominados de reflexos,

movimentos involuntários controlados subcorticalmente. Essa fase reflexa que se

inicia no período fetal permanece como a principal forma de movimento até

aproximadamente o sexto mês de vida (GABBARD, 2004 apud SCHOBERT, 2008).

Segundo Gallahue e Ozmun (2005) os reflexos são classificados em:

Primitivos (moro, Babinski9, busca, sucção, deglutição, palmar-mental10, palmar-

mandibular11, preensão plantar12, preensão palmar13 e firmeza do pescoço) e

Posturais (corretivo labiríntico, corretivo visual, levantamento dos braços,

amortecimento e apoio, corretivo do pescoço, corretivo do corpo, engatinhar, nadar e

caminhar).

Os Reflexos Primitivos estão associados à obtenção de alimento e a

proteção do bebê.

*Reflexo de moro: caracteriza-se pela extensão e flexão dos membros

diante a emissão de um som intenso, acima de 75db. (KLAUS e KLAUS, 2001).

*Reflexo de Babinski: quando se toca na planta dos pés do bebê, ele

primeiro abre e estica os dedos e depois os encolhe. (BEE, 1984 apud SCHOBERT,

2008).

6 Diencefálicos: Referente a diencéfalo. 1. Anat. Parte do eixo nervoso situado entre o mesencéfalo

e o telencéfalo. 2. Região central do cérebro recoberta pelos dois hemisférios e cortada pelo terceiro ventrículo, que contém o tálamo e o hipotálamo. 7 Mensencefálicos: Referente a mesencéfalo. Formação reticular. 1. Marcador de ritmo (ruído de

fundo cerebral/ritmos). 2. Transmissão (elaboração elementar). 3. Integração (convergência cérebro, cerebelo e SNV). 8 Córtex: é a camada mais exterior ou periférica de um órgão. Mas é mais usado para designar a

camada mais externa do cérebro dos vertebrados, sendo rico em neurônios. 9 Babinski - reflexo plantar, reflexo de Babinski descoberto por Joseph Babinski, neurologista francês

de ascendência polonesa, que pode identificar doenças da medula espinhal e cérebro e que também existe como reflexo primitivo em bebês. O termo sinal de Babinski refere-se ao sinal do reflexo plantar patológico, quando há a extensão do hálux (1º dedo do pé). 10

Palmar-mental: provocado pelo ato de coçar a palma da mão, causando contração dos músculos do queixo. 11

Palmar-mandibular: causado pela aplicação de pressão nas palmas de ambas as mãos, inclui abertura de boca, fechar olhos, cabeça pra frente e pra trás. 12

Pressão plantar: causado por uma pressão na face plantar do pé, causando o fechar dos dedos do pé. 13

Pressão palmar: causado por uma ligeira pressão na face palmar da mão, causando o fechar da mão.

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*Reflexo de busca: ocorre quando a bochecha e ou os lábios são tocados,

então, o recém-nascido movimenta a cabeça em direção ao toque.

*Reflexo de sucção: quando o bebê consegue colocar sua boca em algo

sugável, ele suga. É considerado reflexo até os 3 meses de idade. (BEE, 1984 apud

SCHOBERT, 2008)

*Reflexo de deglutição: de acordo com Bee (1984 apud SCHOBERT,

2008), embora ainda não seja bem coordenada com a sucção, a deglutição está

presente ao nascimento.

*Reflexo de preensão: ao tocar a palma da mão do recém-nascido seus

dedos se fecham em torno do objeto que o tocou. (BEE e MICHELL, 1986 apud

SCHOBERT, 2008).

Os Reflexos Posturais associam-se aos movimentos voluntários

posteriores.

Para Malina (2002), os reflexos primitivos desenvolvem-se entre os três

primeiros meses de vida, e após esse período, vão diminuindo. No entanto, os

reflexos posturais surgem a partir do terceiro mês de idade, aumentando sua

intensidade ao longo da primeira infância.

Dessa forma, compreende-se que enquanto os reflexos primitivos vão

gradativamente desaparecendo, os posturais vão se evidenciando.

b) O primeiro ano de vida

Segundo Fleming (2004), ao final do primeiro ano de vida, o

desenvolvimento motor proporciona ao bebê a capacidade de transformar e manter

suas ações motoras.

Para Camargos (2005) ―o desenvolvimento motor apresenta

características que permitem a identificação de etapas previsíveis para os indivíduos

de uma espécie‖. Desta forma, acompanhar o processo que segue ao

aprimoramento físico permite entender relações pertinentes ao convívio e as

interações sejam elas em que nível for.

A identificação das características torna-se relevante para a escola, pois a

partir de estudos e aplicações práticas estimulará um aprimoramento da metodologia

escolar nas séries iniciais, pois é nesta época que se pode perceber mais

claramente o desenvolvimento motor. Destacando a escola como fonte geradora,

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que deve proporcionar ao bebê condições que possibilitem o desenvolvimento não

só do cognitivo. E ao ter sua metodologia baseada em estudos comprovados e

aprimorados pode melhorar a sua aplicação e consequentemente proporcionar ao

bebê um desenvolvimento mais prazeroso e eficiente.

Primeiro, o bebê deve instituir e conservar certa relação do corpo com a

gravidade, com o objetivo de atingir as posturas: sentada e em pé (estabilidade).

Segundo, deve desenvolver habilidades básicas para movimentar-se pelo ambiente

(locomoção). E em terceiro, deve desenvolver as habilidades rudimentares de

alcançar, segurar e soltar com a finalidade de fazer contatos significativos com os

objetos (manipulação). (PAPALIA e OLDS, 2000; GALLAHUE e OZMUN, 2003).

A estabilidade resulta do controle sobre a musculatura em oposição à

gravidade. Todo movimento voluntário envolve um elemento de estabilidade. A

sequência típica é composta pelo controle da cabeça e do pescoço, controle do

tronco, sentar-se e ficar em pé. A locomoção é o movimento do corpo através do

espaço. Possibilita ao bebê a capacidade de explorar rapidamente o mundo a sua

volta. A sequência típica compreende arrastar-se, engatinhar, manter a postura ereta

e andar com independência. A manipulação é o primeiro contato expressivo com os

objetos do ambiente. A sequência típica compreende alcançar, segurar e soltar

(PAPALIA e OLDS, 2000; GALLAHUE e OZMUN, 2003), no entanto pode existir

nem todos seguem a sequência típica disposta aqui, o que não modifica os estudos

sobre este assunto, haja vista no momento serem apenas alguns.

No terceiro mês de vida, a criança apresenta um tônus14 mais extensor, o

que a torna mais estável, primeiramente na posição dorsal, depois na ventral15 e

posteriormente na posição ereta. A partir daí a criança pode com os braços

estendidos, elevar o tronco da superfície. As reações de proteção ainda são

inexistentes, no entanto ela já busca se adaptar diante da perda de equilíbrio.

(FLEHMING, 2002).

Aos quatro meses, pode sustentar o tronco com os braços estendidos,

cabeça ereta e olhar para ambos os lados. Nesse período a criança apresenta

reações posturais da cabeça sobre o corpo e se iniciam as reações do corpo sobre a

cabeça. As reações de equilíbrio apresentam avanços significativos inclusive na

14

Tônus: é uma contração contínua, passiva e parcial dos músculos. Os músculos ficam em constante prontidão para serem ativados a qualquer hora. 15

Ventral: 1- diz-se do que se encontra na parte anterior, oposta ao dorso. (barriga). 2- parte situada na parte anterior do abdomen.

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posição dorsal e ventral, no entanto, ainda não existe estabilidade na posição

sentada. (FLEHMING, 2002).

No quinto mês, cabeça e tronco equilibram-se na posição média16 e

desaparecem todos os padrões tônicos posturais17. Entre os cinco e seis meses

ocorrem a rolagem voluntária, primeiro de pronação18 para a supinação19 e, depois

de supinação para a pronação. (ROSE e GLAMBE, 1998).

Com seis meses, o controle dos membros superiores é mais avançado do

que o dos membros inferiores. O equilíbrio torna-se mais estável nos decúbitos

dorsal e ventral20. (ALBANUS, 2004). De forma geral, a posição sentada

independente é atingida nessa idade. (ROSE e GLAMBE, 1998). Em supino21 o

bebê rola para ambos os lados, toca os pés e o corpo. Embora tenha a capacidade

de estender as pernas, as mantém em rotação externa, abduzidas e fletidas.

Quando estimulado a sentar, colabora e quer colocar-se em pé. (BURNS e

MACDONALD, 1999; LEVITT, 2001; TECKLIN, 2002; FLEMING, 2004).

As primeiras tentativas de locomoção dos bebês são realizadas pelos

movimentos de arrastar-se. A ação de arrastar-se evolui de acordo com a aquisição

do controle dos músculos da cabeça, pescoço e tronco. Na postura prona, o bebê

pode procurar e alcançar um objeto à sua frente, erguendo a cabeça e o peito acima

do solo. Ao voltar essas partes do corpo para o solo, os braços estendidos para fora

o impulsionam de volta, em direção aos pés. Como resultado desse esforço

combinado se tem um leve movimento escorregadio para frente. Nessa tentativa de

arrastar-se o bebê não usa as pernas. Esta ação aparece por volta do sexto mês, no

entanto pode ser observada já no quarto mês. (FLEHMING, 2002).

Aos sete meses, pode realizar movimentos alternados com os braços e,

em decúbito ventral utilizar os movimentos para virar. O bebê estende um braço com

o objetivo de pegar objetos, rola e rasteja. Quando inclinado passivamente para o

lado, busca o equilíbrio estendendo as mãos e os braços. Se levantado pelas axilas

16

Posição média: tronco e cabeça adquirem postura mais elevada do que o corpo. 18

Pronação: s.f. Movimento de rotação da mão em que o polegar vai colocar-se junto ao corpo. Rotação do pé de modo a baixar sua borda medial. 19

Supinação: s.f. Anatomia. Movimento dos músculos supinadores que fazem a palma da mão ficar voltada para cima ou para diante (por opos. a pronação). 20

Decúbito dorsal e ventral: é quando uma pessoa esta deitada com a barriga para cima ou para baixo. 21

Supino: Deitado de costas; com o ventre para cima.

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o bebê oscila nesta posição para cima e para baixo, pode equilibrar-se por um curto

período de tempo. (FLEHMIG, 2002).

O bebê aos nove meses senta-se com segurança e diante da perda do

equilíbrio reage com contra movimentos. Levanta se apoiando em objetos e fica em

pé com estabilidade. Oscila na posição em pé com leve flexão de joelhos, outras

vezes flexão do quadril. Inicia os primeiros passos com apoio. (FLEHMIG, 2002).

No que se refere ao controle do sentar e andar, estas ações só serão

possíveis a partir das reações posturais de equilíbrio e verticalização, bem como as

reações de proteção anterior, lateral e posterior dos membros superiores que podem

começar a surgir por volta dos 6 a 9 meses. Estes reflexos de defesa são essenciais

na aquisição do sentar com apoio aos 5 meses, sentado sem apoio aos 7, sentado

sozinho aos 9 meses e, posteriormente o andar. Dessa forma, os reflexos de defesa

são indispensáveis para a aquisição da marcha independente. (ROCHA et al., 1999).

Entre os nove e dez meses ocorrem o engatinhar com os movimentos

recíprocos dos braços e das pernas, entretanto alguns autores afirmam que o

engatinhar pode iniciar mais cedo por volta do 8º mês de vida. (ROSE E GAMBLE,

1998). O engatinhar proporciona o treino de equilíbrio precedente à posição bípede,

pois em comparação com a postura prona ou sentada o centro de gravidade está

mais afastado da posição de apoio. Esta forma de locomoção se diferencia do

arrastar-se, pois nela, pernas e braços são empregados em oposição entre si.

(GALLAHUE e OZMUN, 2001).

No décimo mês o bebê senta sozinho apoiando-se para frente e para trás,

passa da posição sentada para em pé e após para a posição de apoio em quatro

membros. Engatinha com rapidez e boa rotação apoiada em quatro membros. O

bebê ergue-se para ficar em pé apoiando-se em objetos e desloca-se lateralmente,

ainda não apresenta reações de equilíbrio na posição em pé. (FLEHMIG, 2002).

Aos doze meses, a locomoção se transforma e o bebê está apto às ações

da gravidade, explora o ambiente com vigor. (RATLIFFE, 2002). A conquista da

postura em pé e o tempo gasto nessa posição desenvolve o equilíbrio. O bebê

adquire estabilidade para ficar em pé, anda segurando por uma mão, podendo

abandonar o apoio e dar alguns passos livremente, porém com a base alargada22 e

22

Base alargada: ficar de pernas em posição larga, abertas.

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de maneira insegura. (BURNS e MACDONALD, 1999; LEVITT, 2001; TECKLIN,

2002; FLEMING, 2004).

O engatinhar está amadurecido e ainda é o meio de locomoção mais

eficaz. O bebê é capaz de se levantar e ficar em pé com o mínimo de apoio ou

mesmo livremente. Anda apoiando-se nos móveis. (MORAIS, 1998)

c) O segundo ano de vida

Logo após o primeiro ano de vida alguns bebês já dão alguns passos com

independência, no entanto, a aquisição da marcha23 ocorre com maior incidência

entre o décimo e o décimo quinto mês, com predomínio no décimo terceiro mês.

(MORAIS, 1998). A marcha inicial apresenta a base alargada, braços elevados,

escápulas aduzidas24 e membros superiores abduzidos para melhorar a

estabilização. Conforme aperfeiçoa a marcha, o bebê baixa os braços, diminui a

base de sustentação e iniciam os movimentos de rotação e dissociação de cintura25.

(BOBATH e BOBATH, 1989; LEVITT, 2001; TECKLIN, 2002; GALLAHUE e OZMUN,

2003; FLEMING, 2004).

No décimo oitavo mês o bebê adquiriu equilíbrio nas diferentes posições

tornando o desenvolvimento físico mais aprimorado e não para, segue seu rumo

evolutivo. Deita-se de costa, rola para a posição prona tanto pela direita quanto pela

esquerda, fica de gatas (engatinhar) e senta ativamente. O controle de cabeça, de

tronco, rotações, flexão de quadril sentado e extensão de quadril em pé são

apropriados. Na marcha, apresenta atitude fisiológica em pé plano e pernas em

discreta rotação interna. Anda a trote, caminha para trás, pode parar quando está

caminhando, senta de cócoras, agacha-se, ergue um objeto do chão. Sobe escadas

segurando um corrimão, dois pés por degraus e ao descer segura nos dois

corrimãos. Na postura em pé acerta e chuta bola e a arremessa com as mãos.

(BURNS e MACDONALD, 1999; MÉTAYER, 2001; FLEHMING, 2004). Percebe-se

claramente que as funções fisiológicas estão desenvolvidas a ponto de utilizar

movimentos minuciosos como segurar (movimento de pinça) com as mãos. Atitude

pertinente a uma evolução própria dos primatas, condicionada ao equilíbrio.

23

Marcha: andar, desenvolver passos. 24

Escápulas aduzidas: escápulas mais elevadas indicando movimentos dos membros. 25

Dissociação de cintura: movimentos começam a serem dissociados ao movimento de cintura.

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30

3 A INSTITUIÇÃO DE EDUCAÇÃO INFANTIL

3.1 Breve histórico

No Brasil, as creches foram por muitos anos, vinculadas ao atendimento

da população de baixa renda, e o trabalho desenvolvido era de caráter assistencial-

custodial, voltado apenas para a alimentação, higiene e segurança física das

crianças. (OLIVEIRA et al., 1992). Ao longo do tempo, essa realidade foi

modificando-se, aumentou o número de creches, e as escolas de educação infantil

atingiram todas as classes sociais. Ocorreram também mudanças nas propostas de

trabalho nas creches, adquirindo cada vez mais cunho educativo. (RAPOPORTI e

PICCININI, 2001).

A Constituição Brasileira de 1988 reconheceu a creche como instituição

educativa, sendo um direito da criança, uma opção da família e um dever do estado.

(BRASIL, 2003). Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) (1996), a

creche passou a ser incluída como parte da educação infantil, responsável pelas

crianças de 0 a 3 anos de idade.

No que se referem aos profissionais, as novas exigências da LDB

(BRASIL, 1998), uniformizaram a nomenclatura dos educadores, denominando-os

professores e estabeleceu que todos os profissionais de educação básica, incluindo

os da educação infantil, tendo de ser habilitados em nível superior, ou formados por

treinamento em serviço (art.61 e 87).

Observa-se que com esse processo de transformação a creche rompeu

seu caráter assistencial e passou a ser valorizada por sua função formadora da

criança como sujeito histórico e cultural.

3.2 Estimulação e atividades psicomotoras

O movimento é o que há de mais amplo e significativo no comportamento

do ser humano, pois não corresponde apenas a um ato mecânico e abrange outros

fatores intrínsecos a ele tais como os músculos e a emoção entre outros.

(MOLINARI e SENS, 2003).

A literatura ressalta a importância das experiências motoras para o

indivíduo em processo de desenvolvimento, principalmente no período da aquisição

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31

e combinação das habilidades motoras básicas. (CAMPOS et al., 1997; FURTADO

et al., 1998; PIEKARZIEVCZ et al., 2000).

A criança estimulada de forma ampla, por meio da exploração do meio

ambiente, tem mais chances de praticar as habilidades motoras e,

consequentemente, de dominá-las com maior facilidade. (TORRES et al., 1999).

Os estudos de Negrine (1980), Oliveira (1996), Furtado et al. (1998), Nina

(1999) e Tomazinho (2002) destacam a necessidade de, desde o ensino infantil

serem proporcionadas atividades motoras para a consolidação das funções

psicomotoras, consideradas fundamentais para que alguns dos pré-requisitos para a

escrita sejam alcançados.

Segundo Cunha (1990), Oliveira (1996) e Fávero (2004), a organização

motora é fundamental para o desenvolvimento dos aspectos físicos, afetivos,

cognitivos e sociais, pois é por meio da consciência dos movimentos corporais que a

criança poderá desenvolver estes aspectos.

A prática de atividades psicomotoras tem como objetivo desenvolver os

aspectos intelectuais, afetivos e motores evidenciando a relação que há entre

motricidade, mente e afetividade, facilitando o desenvolvimento global da criança

que cresce vivenciando diversas técnicas que a auxiliarão no seu cotidiano durante

todo o seu percurso de crescimento e desenvolvimento. (FARINATTI, 1995).

Desse modo, percebe-se a importância das atividades motoras na escola,

por contribuírem diretamente com o desenvolvimento global da criança. É

fundamental salientar que esta passa por diferentes fases ao longo de seu

desenvolvimento, e cada faixa etária exige atividades específicas.

Tendo em vista a importância de uma estimulação adequada nos

primeiros anos de vida da criança, procuramos por meio desse estudo verificar a

relação entre escola e o desenvolvimento motor de crianças nesse período de

desenvolvimento. O estudo justifica-se por trazer subsídios que ampliam o corpo de

conhecimento na área, bem como por trazer informações à sociedade em geral

sobre como a escola contribui para o desenvolvimento motor pleno da criança.

3.3 O papel da educação psicomotora na escola

Segundo Assunção e Coelho (1997, p.108) a psicomotricidade é a

―educação do movimento com atuação sobre o intelecto, numa relação entre

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pensamento e ação, englobando funções neurofisiológicas e psíquicas‖. E possui

uma dupla finalidade: ―assegurar o desenvolvimento funcional, tendo em conta as

possibilidades da criança, e ajudar sua afetividade a se expandir e equilibrar-se,

através do intercâmbio com o ambiente humano‖.

De acordo com Assunção e Coelho (1997, p 108):

A psicomotrocidade integra várias técnicas com as quais se pode trabalhar o corpo (todas as suas partes), relacionando-o com a afetividade, o pensamento e o nível de inteligência. Ela enfoca a unidade da educação dos movimentos ao mesmo tempo em que põem em jogo as funções intelectuais. As primeiras evidências de um desenvolvimento mental normal são manifestações puramente motoras.

Assim, Le Boulch destaca o objetivo central da educação psicomotora:

O objetivo central da educação pelo movimento é contribuir para o desenvolvimento psicomotor da criança, do qual depende, ao mesmo tempo, a evolução de sua personalidade e o sucesso escolar. (1984, p. 24 apud ROSSI, 2002).

Percebe-se que o principal objetivo da educação psicomotora não se

resume apenas ao conteúdo, mas contribui na descoberta estrutural da relação entre

as partes e a totalidade do corpo, formando uma unidade organizada. Dessa forma

Le Boulch expõe a importância da psicomotricidade ser trabalhada na escola nas

séries iniciais:

A educação psicomotora deve ser enfatizada e iniciada na escola primária. Ela condiciona todos os aprendizados pré-escolares e escolares; leva a criança a tomar consciência de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar o tempo, a adquirir habilmente a coordenação de seus gestos e movimentos, ao mesmo tempo em que desenvolve a inteligência. Deve ser praticada desde a mais tenra idade, conduzida com perseverança, pois permite prevenir inadaptações, difíceis de corrigir quando já estruturadas. (1984, p. 24 apud ROSSI, 2002).

Desse modo, cabe ao professor a tarefa de promover atividades e

situações que proporcionem ao aluno um desenvolvimento global, embasado no

conhecimento das etapas do desenvolvimento infantil e reconhecendo as

necessidades individuais de cada criança. De posse de uma pedagogia criativa e

espontânea, consequentemente a criança realizará novas descobertas com

segurança e avançará nos demais aspectos, tanto cognitivos quanto motores.

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Le Boulch menciona ainda que a educação psicomotora é uma

preparação para a vida das crianças:

A educação psicomotora na idade escolar deve ser antes de tudo, uma experiência ativa de confrontação com o meio. Dessa maneira, esse ensino segue uma perspectiva de uma verdadeira preparação para a vida que se deve inscrever no papel de escola, e os métodos pedagógicos renovados devem, por conseguinte, tender a ajudar a criança a desenvolver-se da melhor maneira possível, a tirar o melhor partido de todos os seus recursos, preparando para a vida social. (1984, p. 24 apud ROSSI, 2002).

A escola de forma integrada com a sociedade deve predispor ao aluno,

métodos pedagógicos para a motivação e o desenvolvimento motor. Para que o

aluno possa tirar e apreender todos os aspectos motores do seu desenvolvimento.

Tornando-o com o tempo e a prática, apto a vida social de que já participa.

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4 METODOLOGIA

A perspectiva metodológica adotada teve como finalidade abordar a

relação entre a escola e o desenvolvimento motor no período de 5 a 24 meses de

idade, a partir de uma pesquisa de campo em uma escola particular da cidade de

Fortaleza-CE. Nas palavras de Gatti (2007, p. 53), ―a questão do método não é

apenas uma questão de rotina de passos e etapas, de receita, mas de vivência de

um problema, com pertinência e consistência em termos de perspectivas e metas‖.

Os princípios teórico-metodológicos desta pesquisa inspiraram-se, na

pesquisa qualitativa, que caracteriza o método mais adequado para entender o

objeto escolhido para o estudo proposto pela pesquisa. Optou-se por uma pesquisa

de campo por entender a validade do que se pretende pesquisar. Para Fonseca:

A pesquisa de campo caracteriza-se pelas investigações em que, além da pesquisa bibliográfica e/ou documental, se realiza coleta de dados junto a pessoas, com o recurso de diferentes tipos de pesquisa (pesquisa ex-post-facto, pesquisa-ação, pesquisa participante, etc.). (FONSECA, 2002 apud GERHARDT e SILVEIRA 2009, p. 37).

A escolha do método inteirou-se com o propósito da pesquisa, que tem

como foco o estudo de uma situação específica, que é o desenvolvimento motor de

crianças de 5 a 24 meses.

Com a pesquisa se deseja analisar atividades psicomotoras que são

desenvolvidas na escola estudada, a fim de verificar se, de fato, a instituição

desempenha um trabalho pedagógico com as crianças observadas.

Para tanto, foram buscados os fundamentos teóricos para essas questões

mediante a abordagem que a literatura corrente faz sobre o desenvolvimento motor

relacionado com a escola. A pesquisa de campo baseou-se nas experiências das

crianças de duas turmas de uma escola particular de Fortaleza, conforme explicado

anteriormente.

Além do objetivo principal, foram enfocados os seguintes objetivos

específicos:

a) Investigar como se da à rotina das crianças na escola;

b) Analisar como as atividades são planejadas para essa faixa etária;

c) Verificar os resultados da metodologia adotada no desenvolvimento

motor das crianças.

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Para responder as questões propostas por essa pesquisa, foram

utilizados alguns procedimentos metodológicos, como entrevistas semiestruturadas

aplicadas com a coordenadora pedagógica e as professoras das turmas do berçário

e infantil I. Segundo Robert Farr, a entrevista é ―essencialmente uma técnica, ou

método, para estabelecer ou descobrir que existem perspectivas, ou pontos de vista

sobre os fatos, além daqueles da pessoa que inicia a entrevista‖. (FARR, 2007 apud

GASKEL, 2007, p. 65). As professoras e a coordenadora pedagógica, responderam

aos questionamentos sobre a importância das atividades motoras para crianças de 5

a 24 meses, como são elaboradas e desenvolvidas essas atividades no âmbito de

desenvolvimento e aprimoramento do indivíduo, e em que consiste a motivação do

desenvolvimento do aluno em relação ao desenvolvimento motor.

4.1 Campo de estudo

A escola particular pesquisada localiza-se na cidade de Fortaleza-Ceará,

atende crianças do Berçário ao Ensino Fundamental I e oferece o serviço de Tempo

Integral (creche), atendendo a um público de classe média-alta. Seu espaço físico é

amplo, agradável e bem cuidado. Dispõe de vários pátios, quadra de esportes, sala

de informática, de leitura, salas de aula iluminadas com decorações alegres e

adaptadas de acordo com a faixa etária das crianças.

Participaram da pesquisa a turma do Berçário composta por 9 crianças

entre 5 e 16 meses, 1 professora e 2 auxiliares. E a turma do Infantil I composta por

10 crianças entre 16 e 24 meses, 1 professora e 1 auxiliar.

Foi utilizada, primordialmente, a pesquisa qualitativa. Para responder às

questões propostas por essa pesquisa, também foram adotados como

procedimentos metodológicos, observações e entrevistas. Os sujeitos da pesquisa,

particularmente as crianças foram observadas em seu contexto escolar cotidiano, no

período que compreendeu: observação das atividades do berçário e infantil I pela

manhã; em seguida no período da tarde foram realizadas as entrevistas com as

professoras e com a coordenadora pedagógica.

Sobre as observações das atividades do berçário e infantil I, estas foram

realizadas durante uma semana do mês de abril de 2013, enquanto que as

entrevista compreenderam o mesmo período, haja vista se adequarem ao horário de

disponibilidade das professoras.

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A análise dos dados se deu por meio da descrição das atividades

psicomotoras realizadas com as crianças, assim como dos depoimentos das

professoras e coordenadora pedagógica.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 Observações

a) Berçário

Inicialmente foi realizada a observação da rotina da turma do berçário

composta por 9 crianças com idade entre 5 e 16 meses, da escola acima citada.

Pode-se observar que as atividades são realizadas de acordo com a faixa etária das

mesmas, com duração entre 5 e 10 minutos e estão distribuídas ao longo do dia,

sendo respeitados os horários de sono e refeições.

No momento de psicomotricidade a professora montou um circuito com

colchões e rolos de espuma e propôs que as crianças caminhassem de um lado

para o outro sobre os colchões ultrapassando os rolos. As crianças que já haviam

desenvolvido a marcha participaram da atividade andando, as demais participaram

engatinhando. A criança de 5 meses participou de outra atividade com uma das

auxiliares, na postura prona manuseando um brinquedo a sua frente.

Em outro momento a professora trouxe um túnel para a sala e estimulou a

travessia das crianças por dentro do túnel com um brinquedo sonoro. Algumas

crianças passaram rapidamente por dentro do túnel, outras voltaram da metade do

percurso. É importante descrever, que esse túnel usado nas atividades na turma do

berçário não é completamente fechado, possui uma tela na sua parte superior.

Nesse momento a criança de 5 meses estava dormindo.

As crianças também foram levadas ao pátio, e diversificaram suas

brincadeiras em vários brinquedos. Pularam no trampolim, passearam em motocas

com ajuda das professoras, brincaram nos balanços e casinhas, além de subirem e

descerem dos escorregas, também com a ajuda das professoras. Pode-se observar

que as crianças exploraram todo o ambiente do pátio com satisfação e curiosidade.

As atividades observadas estão de acordo com a faixa etária das crianças

o que é de fundamental importância para o seu desenvolvimento global, e segundo

Monteiro:

O educador deve conhecer e considerar as singularidades das crianças de diferentes idades, assim como a diversidade de hábitos, costumes, valores, crenças, etnias das crianças com as quais trabalha respeitando suas

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diferenças e ampliando suas pautas de socialização. O educador é o mediador entre crianças e os objetos de conhecimento, organizando e propiciando espaços e situações de aprendizagens que articulem os recursos e capacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas de cada criança aos seus conhecimentos prévios e aos conteúdos referentes aos diferentes campos de conhecimento humano. (MONTEIRO, 2002, p. 5).

b) Infantil I

Posteriormente foi realizada a observação da rotina da turma do Infantil I,

composta por 10 crianças com idade entre 16 e 24 meses, da mesma escola.

Observou-se que as atividades são adequadas a faixa etária das mesmas e duram

até 15 minutos. Também são respeitados os horários das refeições e sono.

A professora levou para a sala uma caixa com várias fantasias, e vestiu

as crianças. Em seguida colocou músicas infantis e propôs algumas coreografias

como: bater palmas, os pés, pular, girar. As crianças participaram com animação,

imitando as coreografias das professoras.

O circuito psicomotor foi realizado com duas mesas, dispostas uma a

frente da outra, formando uma ―passarela‖. A professora propôs que as crianças

subissem e caminhassem por cima das mesas. Depois a professora mudou o

comando, e as crianças eram estimuladas a passar por baixo das mesas

engatinhando. Foi possível observar que as crianças participaram com entusiasmo

desse momento, inicialmente algumas destas precisaram de ajuda para subir na

mesa e outras não percorreram todo o percurso por baixo das mesmas.

O pátio utilizado pela turma do Infantil I é o mesmo usado pela turma do

Berçário. No entanto, pôde-se observar uma maior independência das crianças do

Infantil I no que se refere à exploração dos brinquedos. As crianças subiram e

desceram dos escorregas sem a ajuda das professoras, passearam nas motocas

impulsionando os pés no chão, outras pedalaram a motoca. No trampolim,

demonstraram maior segurança com saltos mais altos do que os das crianças do

berçário. Observou-se ainda que enquanto elas exploravam livremente os

brinquedos, as professoras ficaram sempre atentas e próximas das mesmas para

garantirem a sua segurança.

Pode-se observar que as atividades desenvolvidas pelas professoras

contemplam as necessidades das crianças, corroborando com as palavras de

Tristão ao dizer que:

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[...] Educar crianças tão pequenas em ambientes coletivos é uma profissão caracterizada pela sutileza. Isso fica evidente em ações que são imperceptíveis, [...] estabelecendo um diálogo corporal com elas, mas que denotam a capacidade da professora de perceber as crianças e agir de forma a contemplar as necessidades dos pequenos. Essa sutileza está presente em atos cotidianos, aparentemente pouco significativos, mas que revelam a importância do trabalho docente com bebês. Virar uma criança, colocá-la, mais perto do grupo, perceber seus sinais corporais, [...]. (TRISTÃO, 2006, p. 40).

5.2 Entrevista

Assim como a observação, a entrevista constituiu-se em um dos principais

instrumentos para a coleta de dados na perspectiva da pesquisa qualitativa. Ao optar

pela adoção de entrevistas, objetivou-se no depoimento de alguns membros

docentes sobre a sua interpretação das atividades desenvolvidas. Como

procedimento de pesquisa, considerou-se a entrevista individual. Para tal, elaborou-

se um esquema básico enfocando os objetivos desta pesquisa, vislumbrando

possíveis respostas para as questões da pesquisa (APÊNDICE A). Vale salientar

que não foi um esquema fechado para ser seguido rigidamente, mas com certa

flexibilidade, visando estimular o fluxo natural das informações, deixando o

entrevistado à vontade para conversar mais livremente.

Foram realizadas 3 entrevistas individuas com as professoras das duas

turmas observadas (Berçário e Infantil I), e com a coordenadora pedagógica. Cada

entrevista teve a duração de 40 minutos, aconteceram no interior da escola e foram

agendadas previamente.

Ao comparar as declarações das professoras a respeito da importância da

estimulação motora, nota-se que elas atribuem uma relevância a este aspecto para

a educação infantil, sobretudo nas séries iniciais. Observou-se no cotidiano da

prática pedagógica da escola pesquisada, que as atividades motoras estão

presentes diariamente.

Os estímulos nos primeiros anos do desenvolvimento infantil são decisivos e fundamentais para o desenvolvimento global da criança. Além de proporcionar aquisições motoras que lhe permitirão explorar o ambiente exterior. (Professora do Berçário).

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De acordo com Rosa Neto (2006), a estimulação é fundamental no

desenvolvimento infantil. É a partir das explorações motoras que a criança

desenvolve consciência de si mesma e do mundo a sua volta, sendo que as

habilidades motoras ajudam na conquista de sua independência e em sua

adaptação social.

Sobre as atividades psicomotoras foi relatado que:

As atividades psicomotoras são indispensáveis para esse público, pois as crianças constroem seus conhecimentos a partir da ação. Essas atividades proporcionam experiências físicas que possibilitam aprendizagens significativas tanto motoras quanto cognitivas. (Professora do Infantil I).

Dessa forma, compreende-se a importância da criança ser estimulada

desde os primeiros meses de vida, para que desenvolva e domine suas habilidades

motoras dentro de um padrão de normalidade. As experiências motoras devem fazer

parte do seu cotidiano, proporcionando uma experimentação ampla dos

movimentos.

Sendo assim, a escola busca oportunizar às mesmas, condições para

desenvolverem capacidades motoras básicas, utilizando o movimento para atingir

aquisições mais elaboradas, como as cognitivas. Na declaração seguinte, a

depoente descreve como as atividades realizadas na escola estudada são

planejadas.

O planejamento das atividades é realizado quinzenalmente, sob a supervisão da coordenação pedagógica. As atividades psicomotoras, tanto amplas quanto finas são realizadas diariamente trabalhando o equilíbrio, organização espacial, a coordenação global, expressão corporal, coordenação dinâmica das mãos, coordenação viso-motora, dentre outros. Essas atividades duram no máximo 15 minutos para os alunos do infantil I. (Professora do Infantil I).

Percebe-se nesse relato, que a depoente tem subsídios pedagógicos para

a elaboração dessas atividades e consciência da sua relevância para o

desenvolvimento da criança como um todo. A declaração a seguir, ressalta ainda a

importância de planejar atividades adequadas à faixa etária das crianças, e ter

conhecimentos sobre as necessidades e capacidades do aluno.

Como a turma é composta por crianças em idades diferentes, as atividades são planejadas de acordo com a faixa etária. Podendo ser a mesma atividade para todos, apenas com objetivos diferentes. É preciso estar

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sempre atento ao desenvolvimento individual de cada criança para gradativamente complexificar as atividades. (Professora do Berçário).

Assim, é importante ressaltar a necessidade do professor primeiramente

conhecer sobre o desenvolvimento infantil e as funções psicomotoras, e dessa forma

ter subsídios para organizar o planejamento das atividades. O professor precisa

saber que caminho seguir e quais as necessidades das crianças naquela etapa do

desenvolvimento em que se encontram, e qual o objetivo a ser alcançado com a

realização de cada atividade. Nas palavras de Negrine:

Seja qual for à experiência proposta e o método adotado, o educador deverá levar em consideração as funções psicomotoras (esquema corporal, lateralidade, equilíbrio, etc.) que pretende reforçar nas crianças com as quais está trabalhando. Mesmo levando em conta que, em qualquer exercício ou atividade proposta, uma função psicomotora sempre se encontra associada a outras, o professor deverá estar consciente do que exatamente está almejando e onde pretende chegar. (NEGRINE, 1995, p. 25).

Percebe-se claramente a importância da formação do educador, pois um

indivíduo sem a devida formação poderia gerar consequências prejudiciais tanto

para a criança em desenvolvimento, como na realização das atividades motoras,

ocasionando prejuízos potencialmente incapazes de serem corrigidos. A formação

em nível superior subsidia o profissional, proporciona parâmetros e conhecimento

eficientes e conscientes do papel que tal indivíduo irá exercer na e para a sociedade,

através da aplicação dos seus conhecimentos metodológicos na escola.

O direcionamento das atividades importantes para o desenvolvimento

motor da criança perpassa por aplicações práticas que se fundam na consciência de

sua importância, por parte do profissional educador, na vida de cada criança.

No caso da pesquisa realizada, todas as professoras estão cursando

faculdade, a coordenadora já possui licenciatura e pós-graduação em ensino. No

caso das professoras, sua formação até supera o que é definido pela LDB (Lei de

Diretrizes e Bases) que dispõe no título VI, art. 62:

A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal.

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Reforça-se a necessidade da formação superior para os profissionais que

trabalham na educação infantil, bem como o aprofundamento dos estudos sobre as

especificidades das faixas etárias atendidas pela educação infantil. O que será

indispensável para a elaboração de atividades adequadas às necessidades dessas

crianças.

As experiências vividas pelas crianças no contexto da creche partirão de uma proposta das professoras ou de uma permissão destas para que os pequenos experimentem, provem, saboreiem, sintam. É fundamental isso, que estas profissionais planejem diversas oportunidades de as crianças realizarem diversas experiências. (TRISTÃO, 2006, p.39).

Na declaração seguinte, pôde-se perceber a valorização das atividades

psicomotoras pela escola pesquisada, e o empenho das professoras em propiciar às

crianças novas descobertas a partir de atividades diversificadas.

As crianças estão constantemente em atividade, explorando o espaço a sua volta através de brincadeiras livres e dirigidas. As professoras são pesquisadoras ativas, e sempre buscam diversificar essas atividades. A rotina escolar é previamente planejada pelas professoras, e pode ser modificada, de acordo com as necessidades do grupo. (Coordenadora Pedagógica).

De acordo com a metodologia adotada na pesquisa, reitera-se que o

desenvolvimento motor observado nas crianças, em consequência das atividades

adotadas no decorrer das observações, demonstrou que sem a aplicação de

qualquer atividade, o indivíduo sucumbiria, pois o homem precisa agir, realizar-se

ativamente. E concomitantemente não se pode separar plenamente nem um dos

desenvolvimentos, pois consubstancialmente, todos contribuem como partes

formadoras do indivíduo. Colocando-se como uma parte do todo, e sem uma parte

não seria o todo, colocando o desenvolvimento em desequilíbrio.

A metodologia aplicada reitera a sua própria utilização, pois contempla o

que foi abordado na teoria e uma melhor compreensão do desenvolvimento motor

infantil.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A instituição de educação infantil é um dos contextos de desenvolvimento

da criança, e não assume apenas um caráter assistencial. Nesse sentido a nova

concepção de educação infantil integra o cuidar e o educar. Pois além de prestar

cuidados físicos, desenvolve atividades que contribuem para o pleno

desenvolvimento da criança.

Essa nova concepção vem mudando a visão limitada de que não há um

processo educativo com crianças entre 5 e 24 meses de idade e que nessa faixa

etária essa instituição desenvolve apenas a função de cuidar.

A realização dessa pesquisa trouxe muitos conhecimentos e resultados

importantes para a prática educacional, pois através dos estudos realizados tanto na

pesquisa bibliográfica quanto na pesquisa de campo pôde-se observar as

contribuições das atividades psicomotoras desenvolvidas pela escola para o

desenvolvimento global das crianças entre 5 e 24 meses.

As atividades psicomotoras estão presentes e são valorizadas na prática

pedagógica da escola pesquisada. O trabalho com as crianças, portanto, é

desenvolvido com seriedade e as atividades psicomotoras são planejadas com

subsídios pedagógicos, respeitando o desenvolvimento individual de cada um, assim

como o desenvolvimento no coletivo. Nesse contexto surge que essa postura esteja

presente nas instituições, de educação infantil, particulares e públicas.

A pesquisa de campo revelou que o modelo contemporâneo da educação

infantil, representado pelas metodologias da escola pesquisada visam o

desenvolvimento motor através de uma série de atividades psicomotoras, jogos e

brincadeiras. Essas atividades além de desenvolverem as estruturas físicas, também

auxiliam na maturação mental, afetiva e social. O estudo destacou ainda a

importância de o educador conhecer o desenvolvimento infantil, para que as

atividades desenvolvidas estejam de acordo com as necessidades psicomotoras

daquela faixa etária.

Embora a educação infantil tenha avançado significativamente no

desenvolvimento do seu trabalho pedagógico com o público citado, ainda são

poucos os estudos que tratam principalmente das práticas e propostas pedagógicas

para essa faixa etária. Observou-se que o desenvolvimento humano perpassa pelo

desenvolvimento motor como por outros tipos de desenvolvimento, que se

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relacionam e se influenciam constantemente, com o intuito de formar seres plenos e

completos em todos os quesitos.

E mesmo sem ter a noção de todas as fases do desenvolvimento motor

da criança, este é aplicado e substancialmente, valorizado. Percebeu-se que a

escola o utiliza seriamente em diversos momentos do dia e de acordo com cada fase

infantil.

Portanto, são necessários mais estudos sobre essa temática para que se

possa melhor conhecer o desenvolvimento motor e sua contribuição no

aprimoramento dos demais aspectos do desenvolvimento das crianças, assim como

no que tange ao surgimento de propostas pedagógicas que confirmem,

complementem e, quem sabe, inovem as já existentes.

Coloca-se mais precisamente que a sociedade em todos os âmbitos tome

o desenvolvimento motor na escola como um processo contínuo do homem. E que a

escola melhor integre seus profissionais proporcionando-lhes formação continuada

para melhor entenderem e trabalharem esse tipo de desenvolvimento.

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APÊNDICE

APÊNDICE A - Entrevista

1. Qual a sua formação?

2. Qual a importância das atividades psicomotoras para as crianças nessa

faixa etária?

3. Com que frequência essas atividades são desenvolvidas?

4. Como as atividades são planejadas?