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Érico Soriano Wanda A. M. Hoffmann Luciana de R. Londe Leonardo B. L. Santos Regla de La C. D. Somoza ROMPIMENTO DE BARRAGENS EM MARIANA (MG): O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO DE RISCO DE ACORDO COM DADOS DA MÍDIA AmbienteMobilidade (Cemaden)

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Érico Soriano

Wanda A. M. Hoffmann

Luciana de R. Londe

Leonardo B. L. Santos

Regla de La C. D. Somoza

ROMPIMENTO DE

BARRAGENS EM MARIANA

(MG): O PROCESSO DE

COMUNICAÇÃO DE RISCO

DE ACORDO COM DADOS DA

MÍDIA

AmbienteMobilidade (Cemaden)

Riscos

Os riscos são definidos como a probabilidade da ocorrência de

algum evento negativo, assim como uma situação considerada

perigosa em que um grupo social ou indivíduo se encontra ou

sente seus efeitos (VEYRET, 2007).

Em linhas gerais, a ocorrência do risco pode ser observada

através da associação de duas variáveis: a vulnerabilidade como

um processo socialmente construído e a susceptibilidade dos

lugares como parte de uma dinâmica planetária, na qual

interferem processos naturais

Riscos das barragens

Riscos das barragens

• Orós (Brasil- 1960)- 100 mortes indiretas;

• Mufulira (Zâmbia- 1970)- 89 mortes;

• Buffalo Creek (EUA- 1972)- 118 mortes;

• Ban Qiao (China- 1875)- 62 barragens a jusante e 230

mil mortes diretas e indiretas;

• Teton (EUA- 1976)- 11 mortos;

• Stava (Itália- 1985)- 268 mortos;

Potencial hidrelétrico Brasileiro

• Potencial hidrelétrico é estimado em cerca de 260 GW;

• 40,5% estão localizados na Bacia Hidrográfica do

Amazonas, a Bacia do Paraná responde por 23%, a do

Tocantins, por 10,6% e a do São Francisco, por 10%;

• Contudo, apenas 63% do potencial foi inventariado. A

Região Norte, em especial, tem um grande potencial ainda

por explorar.

Consequências das Hidrelétricas (Brasil)

• 200 mil famílias desterritorializadas;

• Inundação de 3,4 milhões de hectares de terras férteis e florestas;

• Injustiça Social: comunidades indígenas, quilombolas e populações ribeirinhas;

• Inundações e enchentes;

Lei de Segurança de Barragens

• Sancionada em 20 de setembro de 2010;

• Inspeções de segurança regulares de barragem;

• Plano de Segurança de Barragem (PSB);

• Revisão Periódica de Segurança de Barragem;

• Classificação das barragens por categorias de risco e

dano potencial;

Barragens de mineração

• Apesar de representarem apenas 5% das quase 15 mil

barragens cadastradas na ANA;

• São as mais potencialmente perigosas;

• Todas as 663 barragens para contenção de rejeitos de

mineração apresentam categoria de risco e dano

potencial associado. 128 têm risco médio ou alto.

(Relatório ANA)

Caso de Mariana/MG

• Rompimento de duas barragens da companhia Samarco

mineração S/A, despejando os rejeitos de mineração;

• 40 bilhões de litros de lama, 13 mortes, 8 desaparecidas e

contaminou quase a totalidade da extensão do Rio Doce,

atingindo o oceano no Espirito Santo (663km), tamanho

de Portugal, caracterizando-se como o maior desastre

ambiental da história do Brasil, devastando 15km²;

• O Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM)

indica 24 barragens no Brasil classificadas como de alto

risco de rompimento. A barragem do Fundão, que rompeu

em Mariana, era classificada como de baixo risco de

rompimento

Altimetria e hidrografia da região afetada

Caso de Mariana/MG (comunicação)

• O processo de comunicação de crise foi ineficaz;

• Os planos de emergência da mineradora não previam

estratégias para avisar a população na hipótese de um

rompimento, em desacordo com a legislação nacional

(nem plano de emergência, nem qualquer alerta);

• “Sorte” pelo baixo adensamento imediatamente a

jusante, que o rompimento não foi no período noturno, e

que não havia grandes barragens no caminho da lama.

Incertezas (comunicação)

• O que causou o rompimento? Terremoto?

• A outra barragem da empresa pode romper? Medidas

estruturais emergenciais?

• Quantas pessoas foram realmente afetadas?

Incertezas

• O rio está morto?

• A água está contaminada? Quanto? Do que? CPRM diz

que não há metais pesados. Depois reconsiderou.

• Confiança? Em quem? Transparência e Reflexividade

Institucional

Papel da Comunicação

• A comunicação de crise não funcionou (40 minutos);

• Destaque meios de comunicação;

• Aumento das incertezas- infundadas e/ou partidárias;

• Relator especial da Organização das Nações Unidas para

Direitos Humanos e Substâncias Tóxicas, Baskut Tuncak.

"A severidade do desastre e a ausência de informações

sobre as causas do incidente demandam um escrutínio

muito maior e um debate público mais forte",

Papel da Comunicação

• "O público tem o direito de saber por que isso aconteceu

e os impactos em potencial desse desastre“.

• "Recebemos a informação de que há áreas

contaminadas com níveis mil vezes superiores ao que

seria considerado seguro de acordo com o governo

brasileiro. Há diversas variáveis, mas basicamente isso

indica um grande risco à população local, sua saúde e

vida"

Conclusão • Ausência de uma ação incisiva do governo nas ações de

mitigação e na condução dos processos pós-desastre;

• Uma inércia nas ações que contribuíram para o aumento

das incertezas nas informações e nas notícias

veiculadas;

• Grande apelo nos diversos canais de comunicação, e foi

largamente divulgado e discutido nas redes sociais,

online e em tempo real;

• Muitas informações conflitantes, muitas das quais de

fundo político-partidário, fomentando opiniões

equivocadas, e desviando o foco do problema.

Obrigado!

[email protected]

Agradecimento a Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) processo nº 2014/06253-0