romÃo teixeira de sÁ - conversÃo de licenÇa -prÊmio em pecunia

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR. JUIZ DO JUIZADO ESPECIAL DOS FEITOS DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE TERESINA – PI. ROMÃO TEIXEIRA DE SÁ, brasileiro, casado, policial militar inativo, portadora da IM 10/3520 e do CPF 192.941.903-15, residente e domiciliado na Rua Chafariz, 168, bairro Bacuri, Palmeiras/PI, vem, com a máxima deferência, através de seu procurador e advogado “in fine” firmado, constituído e qualificado em outorga anexa (doc. 01), com escritório no endereço constante em nota de rodapé local onde recebe as intimações e/ou notificações de estilo (artigo 39, inciso I, do CPC), à elevada presença de Vossa Meritíssima, para propor a presente: AÇÃO PARA CONVERSÃO DE LICENÇA-PRÊMIO NÃO-GOZADAS EM PECÚNIA 1

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Page 1: ROMÃO TEIXEIRA DE SÁ - CONVERSÃO DE LICENÇA -PRÊMIO EM PECUNIA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR. JUIZ DO JUIZADO ESPECIAL DOS FEITOS DA

FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE TERESINA – PI.

ROMÃO TEIXEIRA DE SÁ, brasileiro, casado, policial militar inativo, portadora da IM

10/3520 e do CPF 192.941.903-15, residente e domiciliado na Rua Chafariz, 168, bairro

Bacuri, Palmeiras/PI, vem, com a máxima deferência, através de seu procurador e

advogado “in fine” firmado, constituído e qualificado em outorga anexa (doc. 01), com

escritório no endereço constante em nota de rodapé local onde recebe as intimações e/ou

notificações de estilo (artigo 39, inciso I, do CPC), à elevada presença de Vossa

Meritíssima, para propor a presente:

AÇÃO PARA CONVERSÃO DE LICENÇA-PRÊMIO NÃO-GOZADAS EM PECÚNIA

em face do MUNICIPIO DE TERESINA, pessoa jurídica de direito público interno, inscrita no

CNPJ sob o nº 06.554.860/0003-64, com sede na Rua Álvaro Mendes, 884, Centro, CEP

64.000-060, Teresina/PI, com fulcro no arts. 5º, 37 e 40, da Constituição Federal, Lei

Municipal nº 2.138/92 e Lei Orgânica do Município de Teresina, bem como pelos fatos e

fundamentos que ora passa a colacionar:

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Page 2: ROMÃO TEIXEIRA DE SÁ - CONVERSÃO DE LICENÇA -PRÊMIO EM PECUNIA

DOS FATOS

O requerente trabalhou junto à Requerida e se aposentou em (dia) de (mês) de

(ano), conforme cópia da Portaria de Aposentadoria ou Título de Inatividade anexa.

O requerente adquiriu o direito de gozar licença-prêmio, conforme declaração da

própria requerida/órgão (anexa).

Entretanto, foi impossibilitado de frui-las, em razão do tipo de serviço que prestava.

O requerente entende fazer jus à conversão pecuniária das suas licenças-prêmio não

gozadas, sob pena de locuplemento da Administração Pública.

DO DIREITO

A legislação federal, de fato, não prevê expressamente o pagamento das licenças-

prêmio não gozadas pelo servidor que se aposenta, ainda que voluntariamente.

Entretanto, ao negar tal direito estaria a Administração se locupletando, já que quem

trabalha faz jus a todas as parcelas de natureza salarial, proporcionalmente ao tempo

trabalhado.

Nesse diapasão, a jurisprudência consolidou o entendimento de que o saldo das

licenças-prêmio não gozadas deve ser pago, a título de indenização, mesmo sem expressa

disposição legal. Fundamenta-se esse entendimento na analogia com o regime celetista,

assim como na vedação ao locupletamento, princípio geral de direito.

Corroborando a tese supra, cito os seguintes julgados:

1. A jurisprudência consolidada desta Corte já assentou que os servidores públicos

têm direito à conversão em pecúnia da licença-prêmio não gozada, desde que

cumpridos os requisitos necessários à sua concessão, mesmo que tal direito seja

suprimido por lei revogadora superveniente. 2. O recurso extraordinário possui como

pressuposto necessário à sua admissão o pronunciamento explícito sobre as questões

objeto do recurso, sob pena de supressão de instância inferior. 3. Agravo regimental

improvido. (STF, AI-AgR 460.152/SC, 2ª Turma, Rel: Min. Ellen Gracie, DJ de 10/02/2006)

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Page 3: ROMÃO TEIXEIRA DE SÁ - CONVERSÃO DE LICENÇA -PRÊMIO EM PECUNIA

AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL APOSENTADO. FÉRIAS E LICENÇAS-PRÊMIO NÃO-GOZADAS EM ATIVIDADE. INDENIZAÇÃO EM PECÚNIA. POSSIBILIDADE. INOVAÇÃO DE TESE EM SEDE DE AGRAVO REGIMENTAL. IMPOSSIBILIDADE. PRECLUSÃO. Este Superior Tribunal de Justiça possui orientação no sentido de ser possível, no momento da aposentação do agente público, a conversão em pecúnia de licença-prêmio não gozada, tendo em vista o princípio da vedação ao enriquecimento sem causa, no caso, por parte da Administração. (...)(STJ, AGRG no AG 834.159/SC, 6ª Turma, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DE 09/11/2009)

EMENTA: SERVIDOR PÚBLICO LICENÇA PRÊMIO – FÉRIAS. Policial militar reformado, que deduz ação com o objetivo de receber em pecúnia, a título de indenização, férias e licença-prêmio não gozada quando em atividade. Admissibilidade. Presunção de que o não gozo da licença deu-se no interesse da Administração, evitando-se ainda enriquecimento sem causa por parte desta. Juros de mora e correção monetária do débito que, a partir da vigência da Lei 11.960/09, devem obedecer à sistemática nela prevista. Recurso provido. APL 4311854520108260000 SP 0431185-45.2010.8.26.0000. Realtor: Aroldo Viotti. Julgamento: 15/08/2011. 11ª Câmara de Direito Público. Publicação: 23/08/2011.

A não conversão pecuniária das licenças-prêmio não gozadas consubstancia-se em

prejuízo, apto a ensejar reparação, nos termos do art. 37, § 6º, também da Carta da

República.

A esse respeito, colacionamos a seguinte lição do e. jusadministrativista, Prof. Celso

Antônio Bandeira de Mello, que em seu “Curso de Direito Administrativo” assevera:

“Se o Estado causar danos a terceiros e indenizá-los das lesões infligidas estará

revelando-se obsequioso ao interesse público, pois é isto o que determina o art. 37, § 6º, da

Constituição. Se tentar evadir-se a este dever de indenizar (mesmo consciente de haver

produzido os danos), estará contrariando o interesse público, no afã de buscar um interesse

secundário, concernente apenas ao aparelho estatal: interesse em subtrair-se a despesas

(conquanto devidas) para permanecer mais “rico”, menos onerado patrimonialmente,

lançando, destarte, sobre ombros alheios os ônus que o Direito pretende sejam suportados

por todos. Tal conduta não é de interesse público, pois interesses secundários só podem ser

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Page 4: ROMÃO TEIXEIRA DE SÁ - CONVERSÃO DE LICENÇA -PRÊMIO EM PECUNIA

satisfeitos quando coincidirem com interesses primários.” (Op. Cit. p. 57/58, Malheiros, 10ª

edição)

Portanto, o direito do(a) requerente de receber as licenças-prêmio não gozadas em

espécie decorre, inexoravelmente, da vedação ao enriquecimento ilícito, pela Administração,

bem como dos demais princípios anteriormente mencionados.

Finalmente, considerando que o tema está pacificado no âmbito dos egrégios STF e

STJ, no sentido de ter o servidor público direito à conversão em pecúnia das licenças-

prêmio não gozadas e não contadas em dobro, quando da aposentadoria, sob pena de

locupletamento ilícito da Administração, foi emitido PARECER/MP/CONJUR/SMM/Nº 1654 -

3.16 / 2009 (PROCESSO Nº: 00405.014175/2009-98) com o seguinte posicionamento:

ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO

CONSULTORIA JURÍDICA DO MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO

E GESTÃO

PARECER/MP/CONJUR/SMM/Nº 1654 -3.16 / 2009

PROCESSO Nº: 00405.014175/2009-98

EMENTA: CONSULTA FORMULADA PELA CONSULTORIA-GERAL DA UNIÃO –

CGU/AGU ACERCA DOS FUNDAMENTOS PELOS QUAIS A ADMINISTRAÇÃO RESISTE

AO RECONHECIMENTO DO DIREITO DO SERVIDOR DE CONVERTER LICENÇA-

PRÊMIO EM PECÚNIA, ENSEJANDO A PROPOSITURA DE INÚMERAS AÇÕES

JUDICIAIS, JULGADAS DESFAVORAVELMENTE AO PODER PÚBLICO. PELO

ACATAMENTO DA JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E

CONSEQUENTEMENTE PELO RECONHECIMENTO DO DIREITO DOS SERVIDORES A

ESTA CONVERSÃO DA LICENÇA-PRÊMIO NÃO USUFRUÍDA OU NÃO CONTADA EM

DOBRO PARA FINS DE APOSENTADORIA, EM PECÚNIA. PELO ENCAMINHAMENTO

DOS AUTOS À CONSULTORIA-GERAL DA UNIÃO PARA UNIFORMIZAÇÃO DE

ENTENDIMENTOS, E DE CÓPIA DESTE PARECER PARA A SRH, PARA CIÊNCIA E

ADOÇÃO DE PROVIDÊNCIAS PERTINENTES.

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Page 5: ROMÃO TEIXEIRA DE SÁ - CONVERSÃO DE LICENÇA -PRÊMIO EM PECUNIA

Diante de todo o exposto, aqui se pede o pagamento, a título de indenização, das

licenças-prêmio adquiridas pelo(a) requerente anteriormente à sua aposentadoria,

correspondente ao valor que seria por ela recebido caso tivesse se afastado.

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, o Autor requer:

a) Seja recebido e registrado este pedido, designando-se, desde logo, audiência de

conciliação, citando-se as Requeridas, na pessoa de seus representantes legais,

para comparecerem à audiência, alertando de que suas ausências ensejarão a

decretação de revelia;

b) O deferimento da tutela antecipada, com a urgência exigida, por se tratar de crédito

ou verba de natureza salarial de caráter alimentar, indispensável à subsistência,

determinando e compelindo, para tanto, a Primeira Requerida e, subsidiariamente, a

Segunda Requerida, que se proceda À INCORPORAÇÃO DAS GRATIFICAÇÕES

P/RISCO DE VIDA, COMPENSAÇÃO ORGANICA, AUXÍLIO MORADIA,

GRATIFICAÇÃO DE SAÚDE, DE FUNÇÃO E VPNI AO VENCIMENTO DO AUTOR,

bem como pagar retroativamente desde o ano de 2006, todos os valores a elas

referentes e os reflexos legais sobre todas as verbas de natureza salarial, em

observância aos institutos constitucionais da irredutibilidade salarial, direito adquirido

e da isonomia salarial, tudo conforme fundamentação acima delineada, até o limite

de 40 salários mínimos, renunciando desde já os valores que excederem o teto deste

juizado;

c) Em sendo deferido o pedido constante no item anterior, seja expedido o

competente Ofício Judicial à Ré, assinalando-se prazo para cumprimento da

ordem, com a fixação de multa por dia de atraso, com base no art. 644, cc. art.

461, ambos do CPC;

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Page 6: ROMÃO TEIXEIRA DE SÁ - CONVERSÃO DE LICENÇA -PRÊMIO EM PECUNIA

d) Requer a concessão ao Autor dos benefícios da Justiça Gratuita, no caso de

interposição de recurso, por ser o mesmo pobre no sentido legal, não podendo arcar

com quaisquer custas ou despesas processuais (lei 1060/50);

e) A condenação das Requeridas nas custas processuais e em honorários advocatícios

de sucumbências á base de 20% sobre o valor da condenação, em caso de

interposição de recurso;

Finalmente, sejam julgados procedentes os presentes pedidos, para condenar

e compelir a Primeira Requerida e, subsidiariamente, a Segunda Requerida, a satisfazer e

pagar integralmente, os direitos do requerente, correspondentes ao valor das gratificações

correspondentes aos Períodos não prescritos, sendo o principal, os juros, correção, cujo

quantum deverá ser atualizado até a data do efetivo pagamento.

Protesta pela produção de todo gênero de prova em Direito admitido,

notadamente pericial, documental e testemunhal, requerendo desde já o depoimento do

Reclamado.

Dá-se à presente causa o valor R$ 24.880,00 (vinte e quatro mil e oitocentos

e oitenta reais).

Nestes Termos,

Pede Deferimento

Teresina, 23 de fevereiro de 2012.

FRANCISCO ABIEZEL RABELO DANTAS

-ADVOGADO OAB/PI 3618-

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Page 7: ROMÃO TEIXEIRA DE SÁ - CONVERSÃO DE LICENÇA -PRÊMIO EM PECUNIA

JORGE LUIS SOUSA RODRIGUES

-ESTAGIARIO OAB/PI 2417-E

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