romantismo romancistas

38
O romance romântico

Upload: centro-de-educacao-e-cultura-pre-vestibular-resgate-popular

Post on 06-Jul-2015

670 views

Category:

Education


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Romantismo romancistas

O romance romântico

Page 2: Romantismo romancistas

Romance ≠ Romantismo

Romance trata-se de um gênero literário, assim comooutros já vistos ao longo das nossas aulas (poesia lírica,epopeia, drama).

O romance é uma espécie de herdeiro da epopeia, poistambém narra acontecimentos (fictícios e reais,embora qualquer acontecimento da realidade, aoentrar no romance, vire ficção). As principais diferençassão: o romance é narrado em prosa, enquanto aepopeia é narrada em verso; alem disso, a epopeiatrata apenas de grandes acontecimentos, grandesfeitos, ao passo que o romance falará da vida cotidiana.

Page 3: Romantismo romancistas

Prosa

Bravo! exclamou Filipe, entrando e despindo a casaca, que pendurou em umcabide velho.

Bravo!... interessante cena! mas certo que desonrosa fora para casa de umestudante de Medicina e já no sexto ano, a não valer-lhe o adágio antigo: -o hábito não faz o monge.

- Temos discurso!... atenção!... ordem!... gritaram a um tempo três vozes.- Coisa célebre! acrescentou Leopoldo. Filipe sempre se torna orador depois

do jantar...- E dá-lhe para fazer epigramas, disse Fabrício.- Naturalmente, acudiu Leopoldo, que, por dono da casa, maior quinhão

houvera no cumprimento do recém-chegado; naturalmente. Bocage,quando tomava carraspana, descompunha os médicos.

- C’est trop fort! bocejou Augusto, espreguiçando-se no canapé em que seachava deitado.

(trecho inicial de “A Moreninha” de Joaquim Manuel de Macedo)

Page 4: Romantismo romancistas

Verso

As armas e os barões assinalados,Que da ocidental praia Lusitana,Por mares nunca de antes navegados,Passaram ainda além da Taprobana,Em perigos e guerras esforçados,Mais do que prometia a força humana,E entre gente remota edificaramNovo Reino, que tanto sublimaram;

(1ª estrofe de “Os Lusíadas”, de Luís de Camões)

Page 5: Romantismo romancistas

Romance romântico

Nessa aula estudaremos, portanto, os romances brasileiros escritos dentro do padrão estético que se convencionou chamar Romantismo.

O gênero romance, no entanto, como vimos, não se restringe ao Romantismo. Temos muitos romances no período Realista, no Modernismo, no Romance de 30 e até mesmo nos tempos de hoje.

Page 6: Romantismo romancistas

Joaquim Manuel de Macedo

Nascido em Itaboraí (RJ) em 1820. Formou-se em medicina, mas não exerceu a profissão. Foi escritor, político e jornalista. Escreveu 18 romances, sendo o principal “A Moreninha”. Morreu no Rio de Janeiro em 1882.

Page 7: Romantismo romancistas

A Moreninha

- Narrado em 3ª pessoa

- Publicado em folhetim

- Dividido em 24 capítulos (23 + epílogo)

- Personagens principais:

* Augusto; Filipe; D. Ana; Carolina (A Moreninha)

Page 8: Romantismo romancistas

Enredo

Augusto é um jovem estudante de medicina. Nunca namorava muito tempo a mesma menina, por isso seus amigos o consideravam inconstante no amor. Certo dia, Filipe, seu colega de medicina, convida ele e mais uns amigos para passarem um final de semana na casa da sua avó, que fica numa ilha próxima ao Rio de Janeiro. Filipe acredita que Augusto irá apaixonar-se por uma de suas primas. Os dois travam, então, uma aposta. Se Augusto se apaixonasse dentro de um mês, teria então que escrever um livro.

Na ilha, Augusto acaba revelando para D. Ana, avó de Filipe, o motivo de sua inconstância no amor. Quando criança, prometera se casar com uma menina que conhecera na praia. A Moreninha.

Augusto, entretanto, começa a gostar de Carolina, irmã de Filipe. Essa paixão gera um conflito com seu pai, que acredita que eles está sendo relapso com os estudos e gera um conflito consigo mesmo, pois se casasse com Carolina estaria quebrando sua promessa com A Moreninha.

Ao Final, Augusto descobre que Carolina era a mesma menina da praia, para a qual ele prometeu o seu amor. Nada então pode impedir a felicidade deles.

Por fim, Filipe cobra sua aposta, e Augusto informa que o livro já foi escrito, tendo por título “A Moreninha”.

Page 9: Romantismo romancistas

O que observar:

• Falta verossimilhança à moral das personagens (seus conflitos não são trabalhados com profundidade)

• As paixões, diferentemente do romantismo europeu, não entram em conflito com os valores da sociedade conservadora.

Page 10: Romantismo romancistas

José de Alencar

Nasceu em Mecejana, no interior do Ceará. Formou-se em direito. No Rio de Janeiro, trabalhou como advogado e jornalista. Depois de consagrado como escritor, iniciou carreira política. Morreu no Rio de Janeiro, em 1877, vítima de tuberculose.

Page 11: Romantismo romancistas

Seus romances podem ser divididos da seguinte maneira:

• Romances urbanos

• Romances regionalistas (ou sertanistas)

• Romances históricos

• Romances indianistas

Page 12: Romantismo romancistas

Esse quadro fazia parte do projeto nacional de Alencar, uma tentativa de espelhar a Nação (recém independente) na sua obra e abranger a totalidade de todo o território nacional, reconhecendo-o como uma unidade tanto cultural como territorial.

Para tanto, Alencar tenta romper com o estilo consagrado da literatura portuguesa e imprimir uma linguagem brasileira (usa, para isso, vocábulos indígenas e elementos da paisagem brasileira).

Seu painel do Brasil é idealizado, dada a necessidade de criar uma imagem favorável do país. Por isso sua obra acaba escondendo a brutalidade da desigualdade social e da escravidão.

Page 13: Romantismo romancistas

Romances Indianistas

• Índios submetidos aos valores europeus (suas características são as dos heróis dos romances de cavalaria)

• Tentativa de encontrar raízes nobres para o povo brasileiro

• Trata da temática dos índios, mas ignora os negros (assim como a independência do Brasil ignorou a questão da escravidão)

• Principais: Iracema, O Guarani, Ubirajara

Page 14: Romantismo romancistas

Iracema

Iracema conta a história da virgem dos lábios de mel (Iracema) que se apaixona pelo português Martim. Iracema era filha do pajé, por isso não poderia se casar. Martim era amigo da tribo inimiga de Iracema. Os dois fogem juntos e Iracema engravida. Martim, no entanto, tem que ir pra guerra ajudar seus amigos da tribo dos pitiguaras. Quando ele retorna da guerra, Iracema só tem tempo de entregar-lhe o filho recém nascido (Moacir), e morre. Martim volta pra Portugal e depois retorna ao Brasil, onde funda o Ceará, terra de Iracema.

Page 15: Romantismo romancistas

O que observar?

• Narrado em 3ª pessoa

• Prosa poética (lirismo)

• Iracema é a encarnação do mito do bom selvagem

• Por um lado, o tratamento que ele dá à temática é totalmente europeu. Por outro, em alguns momentos o autor parece questionar-se sobre o verdadeiro papel do civilizador (que no fim das contas, massacrou os índios).

Page 16: Romantismo romancistas

O Guarani

Em uma fazenda no interior do Rio de Janeiro, moram D. Antônio de Mariz e sua família, formada pela esposa D. Lauriana, o filho D. Diogo e a filha Cecília. A casa abriga ainda a mestiça Isabel (na verdade, filha bastarda de D. Antônio), apaixonada pelo moço Álvaro, que, no entanto, só tinha olhos para Cecília. O índio Peri, que salvou certa vez Cecília de ser atingida por uma pedra, permaneceu no lugar a pedido da moça, morando em uma cabana. Peri passa a se dedicar inteiramente à satisfação de todas as vontades de Cecília, a quem chama simplesmente de Ceci.

Acidentalmente, D. Diogo mata uma índia aimoré. Como vingança, a família da moça tenta matar Ceci, mas Peri intercepta a ação. A partir desse momento, a possibilidade de ataque da tribo é cada vez maior. E este não é o único perigo a rondar a casa de D. Antônio. Um dos empregados, Loredano, está ali com o objetivo de se apoderar de uma mina de prata que fica abaixo da casa. Pretendia incendiá-la e ainda raptar Ceci. Quando ele e seus capangas combinam seu plano de ataque, são ouvidos por Peri.

Contra si, o índio tem o ódio de D. Lauriana, que considera sua presença ali uma ameaça a todos. Consegue convencer o esposo a expulsá-lo, mas quando Peri relata a iminência do ataque aimoré, como vingança pela morte da índia, D. Lauriana permite que ele permaneça na casa.

Page 17: Romantismo romancistas

O incêndio planejado por Loredano é evitado por Peri e a traição é finalmente descoberta. D. Antônio ordena que os traidores se entreguem, mas Loredano organiza um levante. Os empregados fiéis a D. Antônio preparam-se para proteger a casa. Ao mesmo tempo, acontece o ataque indígena. Assim, a casa de Mariz sofre ameaças externas e internas.

Álvaro aceita o amor de Isabel e passa a corresponder a ele. Mas sua preocupação se volta principalmente para o confronto com os inimigos. Enquanto isso, Peri concebe um plano terrível para derrotar os aimorés: coloca veneno na água que será consumida pelos bandidos que tentam ocupar a casa; além disso, bebe do mesmo veneno. Em seguida, avança sobre os aimorés e luta bravamente, para mostrar que merece ser submetido ao ritual da antropofagia, reservado apenas aos valentes. Quando comessem sua carne tomada pelo veneno, morreriam.

Cecília descobre o plano e pede a Álvaro que o salve. O moço chega no exato momento do sacrifício e liberta Peri, afirmando que Cecília precisa dele vivo, para salvá-la. A moça pede ao índio que viva e Peri obedece, preparando para si um antídoto com ervas. Muitos dos traidores morrem envenenados. Loredano é preso e submetido à morte na fogueira.

Álvaro sai para apanhar mantimentos, mas acaba sendo morto na empreitada. Seu corpo é entregue a Isabel que, entrando com ele em um cômodo hermeticamente fechado, espalha ervas aromáticas no local e morre abraçada ao amado.

Como última tentativa para salvar a filha, D. Antônio determina a Peri que fuja com ela. Assim que o índio cumpre a tarefa, o proprietário explode a casa, matando os inimigos que o atacam. Cecília se desespera assistindo à cena.

Uma tempestade atinge Peri e Cecília na canoa que ocupam. Em um verdadeiro dilúvio, Peri e Ceci somem no horizonte.

Page 18: Romantismo romancistas

Romances Urbanos

• Sociedade provinciana X cultura europeia (tentativa de imprimir a cor local)

• Incorporação de fatores econômicos nos relacionamentos

• Principais romances: Lucíola; Senhora; Diva

Page 19: Romantismo romancistas

Lucíola

• Narrado em 1ª pessoa, o romance apresenta as cartas escritas por Paulo, destinadas a Senhora G.M., a quem Alencar atribui a autoria do romance.

• Dividida em 21 capítulos que corresponde a um outro tanto número de cartas enviadas por Paulo.

Page 20: Romantismo romancistas

Nas missivas (cartas), Paulo conta a história do seu relacionamento com Lúcia, uma cortesã (prostituta) de luxo da Corte. Paulo havia chegado de Olinda ao Rio de Janeiro. Conhece então Lúcia, uma prostituta de luxo e considerada um tanto excêntrica. Eles vivem um romance de cerca de um mês, depois brigam, pois Paulo não consegue suportar os comentários maldosos da sociedade. Após essa primeira briga eles se juntam novamente, mas então por ciúmes, Paulo acaba se afastando de novo. Quando Paulo descobre que seu ciúmes não passava de um mal entendido, procura Lúcia. Ela então lhe conta a história de sua infância e os motivos que obrigaram ela a se prostituir: a morte do seu pai e a necessidade de dar um futuro bom para a sua irmã. Lúcia conta também seu verdadeiro nome: Maria da Glória. Os dois vivem juntos mais algum tempo. Maria da Glória engravida de Paulo, mas perde o bebê e depois, em consequência dessa gestação, acaba também, morrendo. Antes de partir, contudo, Maria pede para que Paulo se case com a sua irmã. Este nega, mas promete que será como um pai para ela. Promessa a qual ele cumpre, até o dia em que a irmã de Maria se casa.

Page 21: Romantismo romancistas

O que observar:

• Há um conflito entre as vontades individuais e os valores da sociedade (o que torna a paixão socialmente inviável)

• Solução conservadora: heroína morre para se redimir de seus pecados. Ora, se o que a levou a se prostituir foram fatores sociais e econômicos, que culpa é essa? Alencar foge de enfrentar os valores da sociedade e cria esse final conservador.

Page 22: Romantismo romancistas

Senhora

• Narrado em 3ª pessoa

• Autoria também atribuída a senhora G.M., embora o autor admita ter feito algumas mudanças para dar caráter mais literário à obra.

• Dividido em 4 partes: O preço; Quitação; Posse e Resgate

Page 23: Romantismo romancistas

Enredo

Aurélia Camargo, filha de uma pobre costureira, apaixonou-se por Fernando Seixas, a quem namorou. Este, porém, desfez a relação, movido pela vontade se casar com uma moça rica, Adelaide Amaral.

Passado algum tempo, Aurélia, já órfã, recebe uma grande herança do avô e ascende na escala social. Ainda ressentida com o antigo namorado, resolve vingar-se dele. Sabendo que Fernando, ainda solteiro, andava em dificuldades financeiras, resolve comprá-lo para marido. Na época, o Segundo Reinado, vigora o regime de casamento dotal, em que o pai da noiva (ou, no caso, ela mesma) deveria dar um dote ao futuro marido.

Assim, através de um procurador, Fernando recebe uma proposta de casamento e a aceita sem saber exatamente com quem se casará - interessa-lhe apenas o dinheiro, cem contos de réis, que vai receber por isso. Ao descobrir que sua noiva é Aurélia, Fernando se sente um felizardo, pois, na verdade, nunca deixara de amá-la. E abre seu coração para ela.

A jovem, porém, na noite de núpcias, deixa claro: "comprou-o" para representar o papel de marido que uma mulher na sua posição social deve ter. Dormirão em quartos separados. Aurélia não só não pretende entregar-se a ele, como aproveita as oportunidades que o cotidiano lhe oferece para criticá-lo com ironia. Durante meses, uma relação conjugal marcada pelas ofensas e o sarcasmo se desenvolve entre os dois.

Fernando, todavia, trabalha e realiza um negócio que lhe permite levantar o dinheiro que devia a Aurélia. Desse modo, propõe-se a restituir-lhe a quantia em troca da separação. Considerando o gesto uma prova da regeneração de Fernando, Aurélia, que nunca deixara de amá-lo, é vencida pelo amor. Ao receber o dinheiro, entrega-lhe a chave de seu quarto e o casamento se consuma, afinal.

Page 24: Romantismo romancistas

O que observar:

• Temática central: casamento por interesse: personagens tem personalidade endurecida ao perceber que o dinheiro é que governa o mundo

• Seixas, apesar de se sentir culpado, sabe que foi uma vítima da sociedade, que o fez ambicioso

• Crítica à sociedade capitalista regida pelo dinheiro

Page 25: Romantismo romancistas

Romances Sertanistas ou Regionalistas

Page 26: Romantismo romancistas

Características

• Revelar o Brasil agrário, distanciado do litoral• Costumes específicos• Visão nacionalista• Busca de autenticidade poética ou documental na

fixação da vida interiorana• Vale lembrar que José de Alencar também

escreveu romances regionalistas, como O Gaúcho(1870), Til (1872) e O Sertanejo (1875); entretanto, aqui veremos outros romancistas de destaque que escreveram sobre a mesma temática.

Page 27: Romantismo romancistas

Bernardo Guimarães

Nasceu em Ouro Preto, MG, em 1825. Cursou Direito em São Paulo. Nomeado juiz no interior de Goiás. A publicação de A Escrava Isaura lhe rendeu prestígio nacional. Morreu em 1884, aos cinquenta e nove anos. Principais obras:

• A Escrava Isaura (1875)

• O Seminarista (1872)

Page 28: Romantismo romancistas

A Escrava Isaura (1875)

Isaura é uma moça branca, filha de uma escrava e de um feitor português de uma enorme fazenda, no interior do Rio de Janeiro. Após a morte da mãe a menina é adotada pela fazendeira, que a trata como se fosse sua filha e lhe dá uma excelente educação.

Porém, com a morte da fazendeira, seu filho Leôncio, assume a propriedade e começa a assediar Isaura.

A beleza da jovem escrava desperta paixões em vários dos personagens, além de Leôncio, o jardineiro Belchior, o feitor da fazenda e até o irmão de Malvina, esposa de Leôncio, fazem propostas à moça.

Page 29: Romantismo romancistas

O pai de Isaura, que passara a trabalhar em outra fazenda, rapta a filha e ambos vão morar em Recife.

Isaura adota o nome de Elvira, porém é “desmascarada” em um baile com um pretendente rico, chamado Álvaro.

Álvaro e Leôncio enfrentam-se pela posse de Isaura, mas ela volta para a fazenda como escrava.

Leôncio promete que libertaria Isaura caso ela case com o jardineiro Belchior, um ser “cabeludo como um urso e feio como um macaco”.

Page 30: Romantismo romancistas

Na hora do casamento, ocorre a surpresa final: Álvaro aparece na fazenda, dizendo que havia comprado todos os bens que Leôncio penhorara por estar endividado. Entres eles estavam todos os escravos, incluindo Isaura, que se casará com Álvaro.

Nesse momento, Leôncio sai da sala e se suicida, encerrando assim a narrativa.

Page 31: Romantismo romancistas

Visconde de Taunay

Alfredo d’Escragnolle-Taunay nasceu no Rio de Janeiro em 1843, filho de uma família aristocrática de origem francesa. Cursou engenharia na Escola Militar do Mato Grosso. Teve uma bem sucedida carreira de político no Segundo Império. Diabético, faleceu no Rio de Janeiro aos cinquenta e seis anos em 1899.Publicou apenas um romance nessa característica, que é Inocência, de 1872.

Page 32: Romantismo romancistas

Inocência (1872)

O jovem farmacêutico Cirino, em viagem de trabalho pelo sertão de Mato Grosso, hospeda-se na casa de um homem que conhecera no caminho, o Sr. Pereira. Ali, conhece Inocência, filha do dono da casa. A moça estava prometida em casamento a Manecão e Pereira se mostra bastante zeloso da palavra empenhada, exercendo forte vigilância sobre o farmacêutico. Para auxiliá-lo nesse trabalho, conta com a ajuda do negro Tico, anão mudo que se torna a sombra de Inocência.Chega ao lugar o cientista alemão Meyer, estudioso de borboletas, trazendo boas indicações do irmão de Pereira. A admiração do estrangeiro pela beleza de Inocência transforma a receptividade inicial do dono da casa em antipatia mal disfarçada. Em respeito ao irmão, Pereira trata o estrangeiro com educação. Cirino, de sua parte, nutre certo ciúme, desconfiado das intenções do cientista. Meyer nada percebe, mantendo-se concentrado em suas pesquisas e parte assim que termina o trabalho.

Page 33: Romantismo romancistas

Cirino e Inocência declaram-se um ao outro. Prevendo a resistência do pai, a moça sugere que o amado visite seu padrinho, Antônio Cesário, que mora em uma cidade próxima. A jovem acredita que o padrinho pode ajudar a convencer o pai a romper o compromisso com Manecão. Cirino parte, alegando que a viagem é para comprar medicamentos. O moço conquista a simpatia de Cesário, que se compromete a ajudar o casal de apaixonados Na ausência de Cirino, Manecão aparece e reafirma os propósitos de matrimônio. Inocência recusa-se a cumprir o compromisso assumido pelo pai e provoca a fúria deste e do noivo. Pereira desconfia de imediato de alguma influência de Meyer na decisão da moça, mas Tico denuncia os amores de Inocência e Cirino.

Page 34: Romantismo romancistas

Cego de ódio, Manecão parte em busca do farmacêutico. Encontra-o no meio do caminho e, depois de rápido e ríspido diálogo, mata-o. Antônio Cesário chega ao local do crime ainda a tempo de encontrar Cirino com vida, ouvindo de seus lábios a última palavra: Inocência.

A menina morre e, dois anos depois, Meyer celebra, na Europa, o sucesso de sua descoberta: uma nova espécie de borboleta que ele batiza com o nome da moça

Page 35: Romantismo romancistas

Teatro Romântico

Page 36: Romantismo romancistas

Martins Pena (1815 – 1848)

• Destacou-se pelas suas comédias

• “Fundou o teatro nacional”

• Comédia de costumes em um ato apenas

• Comédias superficiais e ingênuas, personagens sem profundidade psicológica e tramas incoerentes e inverossímeis

• Sátira aos temas rurais

• Leitura irônica dos problemas da época

• Amor contrariado

Page 37: Romantismo romancistas

O Noviço (1853)

Nesta peça de três atos, Carlos, um rapaz endiabrado, é enviado a um convento por decisão de sua rica tia e tutora. Não tendo vocação para a vida religiosa e apaixonado pela prima Emília, Carlos foge do convento e se dedica a desmascarar o ambicioso Ambrósio Nunes, segundo marido de sua tia e que havia casado com ela apenas por ser rica.

Esse homem viera do Ceará, de posse da herança de sua jovem esposa, Rosa. Na corte aplica um segundo golpe: casa-se com a viúva rica Florência. Com a intenção de tomar para si o dinheiro da segunda esposa, cria um plano: convencer Florência a confinar em um convento o sobrinho tutelado, Carlos, e preparar os filhos, a jovem Emília, e o garoto de nove anos, Juca, para serem religiosos.

Page 38: Romantismo romancistas

Trapalhadas, enganos de identidade, disfarces, encontros inesperados, cartas comprometedoras que vão parar em mãos equivocadas desenvolvem a trama. O trapaceiro Ambrósio, com sua capacidade de seduzir e enganar a inocente Florência, só é desmascarado quando Rosa, a esposa abandonada em Maranguape, chega ao Rio de Janeiro e, de posse da certidão de casamento, consegue um mandado de prisão, ao provar a bigamia do farsante Ambrósio.Carlos consegue fazer valer a sua vontade de abandonar o noviciado, é perdoado pelas fugas e pelas confusões promovidas no convento e declara seu desejo de casar-se com a prima Emília. Ambrósio é levado à prisão, as duas mulheres enganadas sentem-se vingadas, e o Mestre de Noviços abençoa a futura união de Carlos e Emília.