ROLAGEM AUTOMÁTICA

FAIXA 13 DO CDNÓS E OS NÓS

Tu, Tempo, que tudo transformas,fizeste do moleque da praça,fizeste do guri da peteca o jovem da ginga, do truque e da raça.

Tu, Tempo, que tudo transformas,fizeste do moleque da praça,fizeste do jovem da raça,o Sênior do Lago e das cataratas.

Aquele olho que perdia a mira;que dançava, intuindo a forma;

que desviava de letra miúda;hoje vê, da folha, até a nervura;

e a luz em cores ao bailar com a bolha;e a luz em cores ao bailar com a bolha.

Tu, Tempo, que tudo transformas,fizeste as mãos do douto que seta.Um novo cristalino brilhae o que era turvo se aclara.

Sumiram as cataratas do Sênior,invadem as lembranças do menino,ao tempo, uma lágrima em louvor,refletida por um novo cristalino.Ao tempo, uma lágrima em louvor,refletida por um novo cristalino,refletida por um novo cristalino.

A seguir o texto “Tempo Elemento de Transformação” complementa o tema da canção “Cataratas de um Sênior”.

Se for de interesse é só usar o “ratinho”.

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vozderondonia.com.br.

Manhã de luz e de flores. Era primavera no Rio, a Cidade Maravilhosa. Apesar disto, o Rio não amanhecera sorrindo, pois era tempo de corrida eleitoral, para as eleições municipais.

Sentei-me num banco de praça junto a um senhor, que parecia estar matando o tempo.

Estava procurando, também, fazer o mesmo. Abri o jornal e, quando mal começara a leitura, o senhor ao lado começou a falar num tom de voz alto, como se fosse político em comício: o Tempo não só transmuta os segundos em século, como está sempre presente a todas as transformações.

Seja o tempo relativo ou absoluto, a sabedoria popular já concluiu, que ele é o grande elemento das transformações. É ele quem demonstra que numa determinada sementinha está contida uma árvore.

É o grande mestre de todos nós e que, desconfiado de nossa capacidade de aprendizado, fez surgir os historiadores.

Mago de nosso planeta transforma botões em flores e, em tenros bebês, os sussurros, gemidos e a anarquia dos amantes.

Carrasco da atualidade e da modernidade é o regente dessa orquestra composta de predadores de todos os continentes.

Relacionado aos movimentos dos astros, permite o gozo do frescor dos campos envoltos pelas manhãs de primavera e nos desafia a decifrarmos o enigma das noites do deserto, banhado pela indiferença da luz das estrelas.

Além disso, permite o sentir da introspecção fecunda das noites frias, bem como a preparação em aparente morte na queda das copas, para um vicejar mais forte e belo na primavera.

Impassível, assiste e abandona a tudo e a todos.

Cumpre as leis da eternidade sem emoção e com muita eficiência. Limita a velocidade e delineia os espaços.

Acompanha as ações dos homens em detalhes e nos transporta pelos tubos das ondas dos espaços de outras vidas. Não me contive. Interrompi o homem que saudava o tempo, carregando no prateado dos cabelos e nos sulcos das rugas o testemunho de mais de meio século, e indaguei o porquê de suas palavras. 

Apesar, de expressar certa irritação por ter sido interrompido, respondeu-me:“foi a opacidade do meu cristalino que, apesar de me dificultar a visão do explícito, estimulou-me não só a perceber a grandeza do tempo, como, também, o implícito e o oculto.” “As Cataratas de um Sênior” são rimas para celebrar a apologia ao tempo, exaltado pelo ilustre companheiro de banco de praça.

São rimas que deram sentido a um pedacinho de vida, que teria sido morta se o meu “matar o tempo” não tivesse sido interrompido. São rimas que evitaram minha intoxicação com a mesmice dos matutinos.

Ave Senhor Tempo!