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Rodrigo Carlos Soares ALOCAÇÃO DE ELETRODUTOS E CONDUTORES EM PROJETOS ELÉTRICOS RESIDENCIAIS DE BAIXA TENSÃO UTILIZANDO ALGORITMO GENÉTICO Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Engenharia de Produção Elétrica, Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas do Centro de Tecnologia da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito básico para conclusão do Curso de Engenharia de Produção Elétrica. Orientador: Sérgio Fernando Mayerle, Dr. Florianópolis 2018

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Rodrigo Carlos Soares

ALOCAÇÃO DE ELETRODUTOS E CONDUTORES EM

PROJETOS ELÉTRICOS RESIDENCIAIS DE BAIXA TENSÃO

UTILIZANDO ALGORITMO GENÉTICO

Trabalho de Conclusão do Curso de

Graduação em Engenharia de Produção

Elétrica, Departamento de Engenharia de

Produção e Sistemas do Centro de

Tecnologia da Universidade Federal de

Santa Catarina como requisito básico para

conclusão do Curso de Engenharia de

Produção Elétrica.

Orientador: Sérgio Fernando Mayerle, Dr.

Florianópolis

2018

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Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor

através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária

da UFSC.

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Rodrigo Carlos Soares

ALOCAÇÃO DE ELETRODUTOS E CONDUTORES EM

PROJETOS ELÉTRICOS RESIDENCIAIS DE BAIXA TENSÃO

UTILIZANDO ALGORITMO GENÉTICO

Este trabalho de conclusão de curso foi julgado adequado e aprovado em

sua forma final, pelo Curso de Graduação em Engenharia de Produção

Elétrica da Universidade Federal de Santa Catarina.

Florianópolis, 30 de novembro de 2018.

________________________

Prof.ª Marina Bouzon, Dr.ª

Coordenadora do Curso

Banca Examinadora:

________________________

Prof. Sérgio Fernando Mayerle, Dr.

Orientador

Universidade Federal de Santa Catarina

________________________

Prof. Guilherme Ernani Vieira, Dr.

Universidade Federal de Santa Catarina

________________________

Prof. Antônio Sérgio Coelho, Dr.

Universidade Federal de Santa Catarina

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Este trabalho é dedicado a Bianca,

uma grande mulher, amiga e esposa.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a minha esposa Bianca, que ao longo

desses anos me deu forças e apoio para que eu alcançasse esse objetivo.

Obrigado meu amor, por suportar todas minhas crises de humor, estresse

e ausência em diversos momentos.

Agradeço meus pais Jussara e Carlos, que apesar das dificuldades

enfrentadas no passado, contribuíram para que eu me tornasse

Engenheiro. Agradeço aos meu irmãos Denise e Felipe por toda torcida.

E agradeço aos familiares da minha esposa, que de alguma forma

estiveram presentes nessa jornada.

Meu eterno agradecimento a todos meus amigos, conquistados na

Universidade, que contribuíram de alguma maneira. Principalmente ao

Geovan, Hiago, Guilherme, Felipe, Karen e Diogo, que me ajudaram em

diversos momentos difíceis. Só tenho a agradecer a todos vocês. E em

especial a um grande amigo de longa data, que indiretamente me ajudou

nesse TCC, valeu Diego.

Sou grato principalmente ao professor Sérgio Fernando Mayerle,

meu orientador, pelo empenho, dedicação e contribuição para a

realização desse trabalho. O conhecimento repassado não será

esquecido, muito obrigado.

E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha

formação, muito obrigado.

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RESUMO

O projeto elétrico de uma edificação consiste em determinar os pontos

elétricos, alocar os eletrodutos, dimensionar os condutores, realizar a

divisão de circuitos, definir as proteções e quantificar os materiais. Junto

com a segurança, que é prioridade em qualquer projeto, o custo final de

execução do sistema elétrico é um fator relevante em seu

desenvolvimento. Nesse contexto, a etapa do projeto e instalação

elétrica representam em média 12% do custo final de uma nova

edificação. Partindo de pontos elétricos pré-estabelecidos pelo projetista

e utilizando conceitos apresentados pela teoria dos grafos, foi

implementado uma aplicação computacional que consiste em buscar

soluções economicamente viáveis na distribuição dos eletrodutos e

condutores elétricos, de forma a reduzir os custos associados a

instalação elétrica na edificação. Os resultados observados, pela

implementação de um algoritmo genético, mostraram-se atrativos com

redução de custo, referentes às implantações de eletrodutos e condutores

elétricos, da ordem de 20%.

Palavras-chave: Algoritmo Genético. Grafos. Projeto Elétrico.

Distribuição de Eletrodutos.

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ABSTRACT

The electrical design of a building consists of determining the electrical

points, allocating the conduits, dimensioning the conductors, dividing

the circuits, defining the protections and quantifying the materials.

Along with safety, which is a priority in any project, the final cost of

running the electrical system is a relevant factor in its development. In

this context, the design stage and electrical installation represent on

average 12% of the final cost of a new building. Starting from electrical

points pre-established by the designer and using concepts presented by

graph theory, a computational application was implemented that consists

in finding economically viable solutions in the distribution of electrical

conduits and conductors, in order to reduce the costs associated with the

electrical installation in the building. The results observed, by the

implementation of a genetic algorithm, were attractive, since the costs

related to the electrical conduits and wire, obtained a reduction in the

order of 20%.

Keywords: Genetic Algorithm. Graphs. Electrical project. Distribution

of conduits.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Características físicas dos condutores ........................ 37 Figura 2 - Nós e Vértices ............................................................ 38 Figura 3 - Grafo orientado e não orientado ................................ 39 Figura 4 - Grafo desconexo e conexo ......................................... 40 Figura 5 - Grafo com matriz adjacência ..................................... 41 Figura 6 - Grafo com matriz de incidência ................................. 41 Figura 7 - Árvores: geradora (a) geradora mínima (b) ............... 46 Figura 8 - Busca de uma árvore geradora mínima ...................... 47 Figura 9 - Representação do cromossomo em string .................. 57 Figura 10 - Funcionamento crossover uniforme ......................... 58 Figura 11 - Tela da aplicação computacional ............................. 67 Figura 12 - Gráfico de Análise ................................................... 71

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Pseudocódigo do Algoritmo de Floyd ...................... 44 Quadro 2 - Pseudocódigo do Algoritmo de Floyd & Hu ............ 45 Quadro 3 - Pseudocódigo do algoritmo de Prim ........................ 47 Quadro 4 - Terminologias AG .................................................... 49 Quadro 5 - Algoritmo genético implementado ........................... 61 Quadro 6 - Cálculo do fitness ..................................................... 62 Quadro 7 - Algoritmo de Prim modificado ................................. 64

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Documentação e Normas Técnicas exigidas ............. 35 Tabela 2 - Exemplos de decodificação ....................................... 51 Tabela 3 - Método de seleção ..................................................... 57 Tabela 4 - Quantitativo projeto original ..................................... 68 Tabela 5 - Dados de entrada ....................................................... 69 Tabela 6 - Resultados das populações para um processador

Intel I5 – 2.5 GHz .................................................... 70 Tabela 7 - Análise média dos dados ........................................... 71 Tabela 8 - Comparativo de projetos ........................................... 72 Tabela 9 - Dados de coordenadas dos pontos ............................. 80 Tabela 10 - Dados das possíveis ligações ................................... 80 Tabela 11 - Dados Tomadas ....................................................... 80 Tabela 12 - Dados dos Circuitos ................................................. 80 Tabela 13 - Dados dos Condutores ............................................. 80 Tabela 14 - Dados do Eletroduto ................................................ 81 Tabela 16 - Dados Luminárias .................................................... 81

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

AG – Algoritmo Genético

AMR – Algoritmo Matricial Revisado

ART – Anotação de Responsabilidade Técnica

CELESC – Centrais Elétricas de Santa Catarina

MST – Minimal Spanning Tree NBR – Norma Brasileira

NT – Normas Técnicas

PIB – Produto Interno Bruto

SINAPI – Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da

Construção Civil

SP – Shortest Path

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................... 29 1.1 ORIGEM DO PROBLEMA ................................................. 29

1.2 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA ............................. 29

1.3 JUSTIFICATIVA E IMPORTÂNCIA DO TRABALHO .... 30

1.4 OBJETIVOS ......................................................................... 31

1.4.1 Objetivo geral ...................................................................... 31

1.4.2 Objetivos específicos ........................................................... 31

1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ........................................... 31

1.6 METODOLOGIA ................................................................. 31

1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO .......................................... 32

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................... 34 2.1 PROJETOS ELÉTRICOS EM BAIXA TENSÃO ................ 34

2.1.1 Documentação e Normas técnica ....................................... 35

2.1.2 Linhas Elétricas ................................................................... 36

2.1.3 Divisões dos Circuitos ......................................................... 38

2.2 TEORIA DOS GRAFOS ...................................................... 38

2.2.1 Grafos Orientados e Não-Orientados ................................ 39

2.2.2 Grafos Conexos e Desconexos ............................................ 39

2.2.3 Árvore .................................................................................. 40

2.2.4 Representação de Grafos .................................................... 40

2.2.4.1 Matriz de Adjacência ............................................................ 40

2.2.4.2 Matriz de Incidência .............................................................. 41

2.2.5 Algoritmos para Grafos ...................................................... 42

2.2.5.1 Problema do caminho mínimo .............................................. 42

2.2.5.2 Árvore Geradora Mínima ...................................................... 45

2.3 ALGORITMO GENÉTICO .............................................. 48

2.3.1 Terminologia........................................................................ 48

2.3.2 População Inicial ................................................................. 50

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2.3.3 Avaliação ............................................................................. 52

2.3.4 Seleção dos Cromossomos .................................................. 52

2.3.5 Operadores Genéticos ......................................................... 53

2.3.5.1 Operador Crossover .............................................................. 53

2.3.5.2 Mutação ................................................................................ 54

2.3.6 Escolha dos Parâmetros do AG ......................................... 55

3 ABORDAGEM DO ALGORITMO GENÉTICO PARA O

PROBLEMA PROPOSTO ................................................ 56 3.1 CODIFICAÇÃO DO CROMOSSOMO ............................... 56

3.2 População Inicial................................................................... 57

3.3 Operadores Genéticos ........................................................... 57

3.3.1 Seleção .................................................................................. 57

3.3.2 Operador Crossover ............................................................ 58

3.3.3 Operador de Mutação ........................................................ 59

3.4 Avaliação do Fitness ............................................................. 59

3.5 Critério de Parada do AG ...................................................... 60

4 IMPLEMENTAÇÃO DO ALGORITMO GENÉTICO .. 61 5 SISTEMA COMPUTACIONAL E RESULTADOS ....... 66 5.1 INTERFACE DO SISTEMA IMPLEMENTADO ............... 66

5.2 DESCRIÇÃO DO PROBLEMA .......................................... 68

5.3 COLETA DE DADOS .......................................................... 68

5.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ......................................... 70

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ......................... 73 6.1 CONCLUSÕES .................................................................... 73

6.2 RECOMENDAÇÕES ........................................................... 74

REFERÊNCIAS .................................................................. 75

APÊNDICE A – Projeto Elétrico Utilizando AG ............. 78

APÊNDICE B – Dados de Entradas .................................. 80

ANEXO A – Legenda do Projeto Elétrico ........................ 82

ANEXO B – Projeto Elétrico Original .............................. 83

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1 INTRODUÇÃO

1.1 ORIGEM DO PROBLEMA

A construção civil é um setor que apresenta números

significativos na economia brasileira. Segundo Cerqueira (2017), o setor

representa 6,2% do PIB do Brasil, pois reúne uma série de atividades

que afetam diretamente a capacidade produtiva do país. Porém, o setor

apresenta índices de desperdícios bastante elevados. Lima (2016) afirma

que em média 30% dos materiais são desperdiçados. Uma das origens

do desperdício está ligado na sua concepção, ou seja, no planejamento e

projeto, Picchi (1993) estima que 6% do custo total da obra refere-se a

“projetos não otimizados”, enfatizando a importância da racionalização

e melhoria da qualidade do projeto.

O projeto na construção civil é um dos elementos fundamentais

do processo de produção, podendo ser definido como uma descrição

escrita e detalhada de um empreendimento. Da mesma forma que um

projeto estrutural é definido pelo detalhamento e dimensionamento de

seus elementos, um projeto elétrico é a previsão escrita da instalação

com todos seus detalhes e características (CREDER, 2007). Um projeto

elétrico bem elaborado permite uma boa execução da instalação elétrica

em uma edificação, evitando desperdício de materiais, tornando o

controle do custo final do empreendimento mais eficiente.

Na concepção do projeto elétrico residencial, a etapa de

distribuição dos eletrodutos é fundamental, pois contribui de forma

considerável no custo da instalação. Habitualmente a alocação é feita

com base na experiência do projetista, que procura distribuir os

eletrodutos de forma a facilitar a execução do projeto. Embora o

projetista procure a melhor distribuição de dutos, nem sempre isto

resulta na melhor solução, podendo gerar custos adicionais na instalação

elétrica.

1.2 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA

A computação evolutiva é uma área de pesquisa que apresenta

um crescimento muito acelerado nas últimas décadas. Isso ocorre devido

as suas facilidades de resolver problemas pela simples descrição

matemática, através de um conjunto de técnicas e procedimentos

genéricas e adaptáveis (VON ZUBEN, 2000). Entre estas técnicas

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destaca-se a aplicação dos Algoritmos Genéticos (AGs), que se mostra

como um método eficiente para problemas de busca, onde dado um

conjunto de indivíduos ou elementos, deseja-se encontrar aquele ou

aqueles que melhor atendam a certas condições especificadas

(CASTRO, 2001).

Portanto, este trabalho objetiva o desenvolvimento e

implementação de um método que minimize as distâncias percorridas

pelos eletrodutos e fios elétricos, utilizando-se da técnica de busca

baseada no processo biológico da evolução natural chamada de

Algoritmo Genético. Essa técnica apresenta uma solução subótima, por

se tratar de uma meta-heurística, para o problema proposto.

Para obtenção do custo de cada solução explorada, o problema é

modelado por um grafo, onde as arestas representam eletrodutos e

condutores elétricos, aos quais são associados um custo (ou distância).

Os nós do grafo representam os pontos elétricos. Cada par de pontos

pode estar interligado por um eletroduto, ou trajeto. Para o grafo assim

definido, foram resolvidos os problemas de caminho mínimo e árvore

geradora mínima, e a partir destas soluções é possível encontrar o custo

da instalação. Propõe-se então, com esse trabalho, desenvolver uma

aplicação computacional utilizando os conceitos de Algoritmos

Genéticos, com objetivo de buscar soluções para alocação de eletrodutos

e condutores, de forma a minimizar os respectivos custos.

1.3 JUSTIFICATIVA E IMPORTÂNCIA DO TRABALHO

Tendo em vista que o projeto elétrico na construção civil tem

impacto nos custos finais do empreendimento, a definição dos

componentes pelo projetista deve ser realizada de maneira mais efetiva,

de modo a reduzir custos totais na instalação. Nesse contexto, gastos

com eletrodutos e condutores elétricos são, em geral, relevantes nas

instalações elétricas de baixa tensão. Logo, o projetista deve procurar

alocá-los da melhor maneira possível, evitando trajetos desnecessários.

Portanto, este trabalho tem o propósito de implementar uma

aplicação computacional que apresente soluções eficazes na definição

dos trajetos dos eletrodutos e condutores elétricos, de forma a reduzir

custos associados a esses materiais.

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1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho é desenvolver uma aplicação

computacional utilizando a técnica do algoritmo genético (AG), com o

propósito de buscar boas soluções de distribuição de eletrodutos e

condutores no projeto elétrico.

1.4.2 Objetivos específicos

Para a obtenção do objetivo geral, os seguintes objetivos

intermediários serão desenvolvidos:

i. Levantar as informações relevantes do problema;

ii. Identificar métodos eficazes para coleta de dados;

iii. Transformar os requisitos do projeto elétrico em dados

de entrada do sistema computacional;

iv. Implementar e testar o algoritmo proposto;

v. Avaliar os resultados obtidos pelo aplicativo, tanto no

que diz respeito ao desempenho, como em relação à

qualidade das soluções obtidas.

1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

A aplicação computacional desenvolvida neste estudo, é limitada

a projetos elétricos residenciais, em específico ao ambiente interno.

Porém, nada impede que esse método possa ser adaptado para outros

tipos de projetos, ou situações, sendo necessário realizar adaptações para

cada caso específico.

É importante ressaltar que os passos de dimensionamento de

circuitos e alocação dos pontos elétricos, são decisões do projetista

embasadas nas normativas estabelecidas para elaboração do projeto

elétrico.

1.6 METODOLOGIA

Conforme a classificação apresentada por Miguel (2010 apud

NETO e PUREZA, p.170), o estudo em questão pode ser definido como

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sendo de natureza aplicada, objetivos experimentais e abordagem

quantitativa, tendo como método de pesquisa o uso de modelagem e

simulação.

É considerada de natureza aplicada, porque objetiva gerar

conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de problemas

específicos, envolvendo verdades e interesses locais (GERHARDT e

SILVEIRA, 2009), ou seja, trata da solução de um problema específico

e real. Os procedimentos adotados para esse estudo estão baseados no

modelo de Loureiro (2014) que apresenta cinco etapas: a revisão

bibliográfica, o referencial teórico, desenvolvimento de um modelo

computacional, análise dos resultados e as conclusões obtidas.

A revisão bibliográfica tem como objetivo inicial, o propósito de

identificar trabalhos e autores que abordem o tema de otimização de

redes através de algoritmos genéticos. Trabalhos referenciando

algoritmos de manipulação de grafos como árvore geradora mínima e

caminho mínimo, foram abordados devido a sua importância no

trabalho.

A estruturação do referencial teórico foi dividida em três áreas,

de modo a fundamentar o estudo em questão, como: o sistema de

projetos elétricos em baixa tensão, a teoria dos grafos e o algoritmo

genético. Definiu-se os principais conceitos de cada área de forma a

ressaltar os aspectos importantes que contribuem para o

desenvolvimento e formulação do modelo proposto.

1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho está dividido em seis capítulos. O primeiro capítulo

apresenta a parte introdutória, descrevendo a justificativa, seus objetivos

e a metodologia aplicada no estudo.

No capítulo dois é apresentado o referencial teórico com os

principais conceitos dos assuntos abordados, como: (a) projetos

elétricos, (b) teoria de grafos e (c) algoritmo genético.

No capítulo três, são apresentados os elementos utilizados na

implementação do algoritmo genético para resolução do problema de

alocação de eletrodutos e condutores elétricos.

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No capítulo quatro, apresenta-se o modelo computacional

desenvolvido.

Os capítulos cinco e seis mostram as avaliações dos resultados

obtidos, as conclusões e as recomendações do modelo proposto.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo serão apresentados, de forma sucinta e objetiva, os

principais conceitos utilizados no desenvolvimento deste trabalho,

envolvendo aspectos técnicos das instalações elétricas de baixa tensão, a

revisão de conceitos e algoritmos utilizados da teoria dos grafos, e da

otimização combinatorial realizada por meio de algoritmos genéticos.

2.1 PROJETOS ELÉTRICOS EM BAIXA TENSÃO

De acordo com a Norma Brasileira 5410:2004 (NBR 5410),

aplicada a instalações elétricas de baixa tensão, ocorrem em tensões

entre 50 V à 1000 V, com tensões mais usuais entre 110 V à 380 V. Os

projetistas responsáveis por elaborar projetos elétricos devem atender às

orientações propostas por essa normativa.

O projeto elétrico é responsável por fazer uma previsão escrita da

instalação, apresentando todos os detalhes da localização de pontos

elétricos, trajetos dos condutores, dimensionamentos dos materiais e

dispositivos, divisão dos circuitos e a discriminação das cargas.

Conforme definição do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia

de Santa Catariana (2007):

Projeto de instalação elétrica: atividade técnica

que envolve a determinação do arranjo elétrico,

desenhos esquemáticos de controle elétrico,

seleção e especificação de equipamentos e

materiais, cálculos de parâmetros elétricos,

executada em rigorosa obediência às normas

técnicas vigentes.

Um projeto de instalação elétrica, conforme Cotrim (2009),

consiste essencialmente em, de forma racional, selecionar, dimensionar

e localizar os equipamentos e outros componentes necessários para

proporcionar segurança e efetividade na transferência de energia elétrica

de uma fonte de energia até os pontos de utilização. Por esta razão, o

projetista deve preocupar-se com sua viabilidade, tanto do ponto de vista técnico, como do ponto de vista econômico (LIMA, 2004).

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2.1.1 Documentação e Normas técnica

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é

responsável pela elaboração das normativas técnicas brasileiras. Dentre

elas a NBR 5410 – Instalações elétricas de baixa tensão. É importante

salientar ainda que a NBR, em questão, não dispensa o atendimento das

demais normativas técnicas e as elaboradas pelas autoridades

reguladoras e empresas distribuidoras de eletricidade, neste caso a

CELESC.

Portanto, para garantir o funcionamento adequado da instalação,

conservação dos bens e a segurança de pessoas e animais, o projeto

elétrico está sujeito a documentações técnicas exigidas pelos órgãos

reguladores, e obediência de critérios definidos pelas normas técnicas

(NT). A Tabela 1, mostra as documentações e NTs exigidas para

elaboração de um projeto elétrico em Santa Catarina.

Tabela 1 - Documentação e Normas Técnicas exigidas

Documentação Exigência

ART – Anotação de

Responsabilidade Técnica Documentação exigida pelo CREA

Plantas de: Situação e pavimentos Exigida pela fornecedora de energia

Memoriais: Descritivo e Cálculo Exigida pela fornecedora de energia

Prumadas e diagrames unifilares Exigida pela fornecedora de energia

Detalhamento: entrada de serviço,

centros de medições e aterramentos. Exigida pela fornecedora de energia

Manual do Usuário Exigida pela NBR 5410

Normas Técnicas Referência

NBR 5410:2004 Instalações elétricas de baixa tensão

NBR 5444:1989 Símbolos gráfico para instalações

NBR 5419:2005 Proteção de estruturas contra

descargas atmosféricas

NR-10 Segurança em instalações e serviços

em eletricidade

N-321.001 (CELESC) Fornecimento de energia elétrica em

tensão secundária de distribuição

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2.1.2 Linhas Elétricas

Condutores elétricos são os principais componentes das linhas

elétricas e são responsáveis pela condução da energia elétrica

(COTRIM, 2009). São materiais metálicos, geralmente de cobre ou

alumínio, na forma cilíndrica, utilizado para transportar energia elétrica.

Cotrim (2009), também afirma que, para instalações de baixa tensão é

recomendado a utilização do condutor de cobre devido a seu diâmetro

ser 28% menor, para a mesma quantidade de corrente elétrica

transportada, comparado a um condutor de alumínio. A NBR 5410,

apresenta as seções mínimas dos condutores que podem ser utilizados

nas instalações elétricas.

Para o projeto objeto deste trabalho, a linha elétrica adotada,

segundo a determinação da capacidade de condução de corrente elétrica,

se enquadra no tipo B1 – condutores isolados ou cabos unipolares em

eletroduto de seção circular embutido na alvenaria - conforme NBR

5410 (2004, p.90). E, para fins de cálculo, utilizou-se dados dos

condutores da marca SIL para tensões nominais até 750 V, os quais

atendem todos os requisitos normativos. A figura 1, retirado do catálogo

da SIL, mostra as características físicas dos condutores utilizados. Para a

determinação da seção dos condutores de fase a NBR 5410 estabelece

parâmetros mínimos a serem atendidos:

a. Seções mínimas;

b. Capacidade de condução de corrente igual ou superior à

corrente dos circuitos do projeto;

c. Proteção contra sobrecargas;

d. Proteção contra curtos-circuitos e solicitações térmicas;

e. Proteção contra choques elétricos; e

f. Limites de queda de tensão.

De forma geral, o condutor neutro em circuitos monofásicos

deverá possuir a mesma seção do condutor fase, além de não poder ser

comum a mais de um circuito distinto.

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37

Figura 1 - Características físicas dos condutores

Fonte: Catálogo SIL

O segundo tipo de linhas elétricas são os eletrodutos, o segundo

material mais utilizado em uma instalação elétrica, ficando atrás apenas

dos condutores elétricos. O eletroduto tem como função principal, ser o

caminho da fiação elétrica, e protegê-la contra influências externas

(choques mecânicos e agentes químicos).

A NBR 5410 permite a utilização de qualquer tipo de eletroduto,

desde que sejam atendidas as solicitações de suporte mecânicos,

químicas, elétricas e térmicas a que forem submetidas nas condições de

instalação. De acordo com a normativa, os eletrodutos deverão ser em

material que não propaguem chamas, como é o caso dos metálicos e

PVC auto extinguíveis. Em seu interior devem ser instalados apenas

condutores isolados, podendo ser unipolares ou multipolares.

As dimensões dos eletrodutos e suas conexões, geralmente são

comercializados em polegadas e devem permitir que os condutores

possam, quando necessário, serem instalados e retirados com facilidade.

Para isso a normativa determina valores de taxa de ocupação máxima

nos eletrodutos a serem preenchidas, de acordo com a quantidade de

condutores instalados. No projeto em questão utilizou-se os parâmetros

do eletroduto flexível corrugado de PVC, fabricado pela empresa Tigre

que utiliza as seguintes dimensões: diâmetro externo (DE) de 25mm,

diâmetro interno (DI) de 19,4mm, espessura corrugada (e) de 2,8mm e

comprimento (L) de 50 metros, com taxa de ocupação máxima de 40%,

devido a previsão de projeto, para três ou mais condutores em cada

eletroduto, de acordo com a orientação normativa.

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2.1.3 Divisões dos Circuitos

É de fundamental importância que toda instalação elétrica seja

dividida, de acordo com as necessidades, em vários circuitos, de modo

que cada circuito esteja isolado dos demais circuitos. Creder (2007)

salienta que os circuitos de iluminação devem ser separados dos

circuitos das tomadas. Devem ser previstos, também, circuitos

individualizados pela função a que se destinam, em particular circuitos

exclusivos para equipamentos com corrente nominal superior a 10A,

como por exemplo: tomadas para ar condicionados, tomadas especificas

da cozinha, chuveiros, secadoras e locais análogos.

2.2 TEORIA DOS GRAFOS

Um grafo G = (V, A) é uma estrutura matemática, composta por

um conjunto finito de vértices ou nós (objetos), denotados por V, e um

conjunto finito de arestas ou arcos (relacionamentos), denotados por A,

que conectam pares de vértices. Assim, em G, cada aresta ou arco 𝑎𝑘 é

representado por um par de nós ou vértices denotados por (𝑣𝑖, 𝑣𝑗).

Muitos problemas reais podem ser reduzidos a problemas em

grafos. Estruturas, como: linhas de metrôs, cidades, softwares, redes

elétricas, entre outras, são algumas situações típicas deste tipo de

representação. Na figura 2 observa-se um exemplo de grafo contendo

seis nós e sete arcos que conectam estes nós.

Figura 2 - Nós e Vértices

Onde o conjunto A também pode ser

representado como:

A = {(v1, v2), (v1, v3), (v2, v3), (v3, v4),

(v3, v5), (v4, v6), (v6, v5)}

Fonte: Elaborado pelo autor

Nós → V = {v1, v2, v3, v4, v5, v6}

Arestas → A = {a1, a2, a3, a4, a5, a6,

a7}

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Grafos podem ser direcionados ou não, dependendo do interesse

na orientação das ligações.

2.2.1 Grafos Orientados e Não-Orientados

Um grafo é dito orientado quando o sentido das ligações entre os

vértices é importante (CARVALHO, 2005). Nesse caso, as relações

representadas pelas arestas, têm sentido definido. No grafo não

orientado, as relações representadas pelas arestas não têm sentido

definido, ou seja, as arestas podem ser seguidas em qualquer direção,

como mostram os exemplos apresentados na figura 3.

Figura 3 - Grafo orientado e não orientado

Fonte: Elaborada pelo autor

2.2.2 Grafos Conexos e Desconexos

Quanto a conectividade, um grafo, chamado de conexo, permite

que todos os seus nós e arestas sejam acessados entre si. Quando há um,

ou mais nós sem acesso, o grafo é chamado de desconexo. A figura 4

exemplifica este conceito.

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Figura 4 - Grafo desconexo e conexo

Fonte: Elaborado pelo autor

2.2.3 Árvore

Conforme Szwarcfiter (1984), árvore é um grafo conexo sem

ciclos, podendo ser designado um nó para ser a raiz de uma árvore,

demonstrando uma relação lógica entre os nós. Como na maioria dos

casos práticos, para modelar uma árvore, utiliza-se dos conceitos de

grafos para representá-la. Esta estrutura, em particular tem interesse

neste trabalho, visto que a topologia dos condutores se caracteriza como

árvores construídas sobre o grafo de eletrodutos.

2.2.4 Representação de Grafos

Duas representações matriciais são usuais para caracterização da

estrutura de um arco: a matriz de adjacência e a matriz de incidência.

2.2.4.1 Matriz de Adjacência

A matriz de adjacência é uma das formas mais utilizadas para

representar grafos. Seja |V | = n, o número de nós de grafo G = (V, A).

Então, a matriz de adjacência é uma matriz quadrada n × n, denotada

por A = [aij] onde:

𝑎𝑖𝑗 = {1, 𝑠𝑒 𝑣𝑗 ∈ 𝑉 é 𝑠𝑢𝑐𝑒𝑠𝑠𝑜𝑟 𝑑𝑜 𝑣é𝑟𝑡𝑖𝑐𝑒 𝑣𝑖 ∈ 𝑉

0, 𝑒𝑚 𝑐𝑎𝑠𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟á𝑟𝑖𝑜

A figura 5 demonstra o conceito da matriz adjacência de um

grafo.

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41

Fonte: Elaborado pelo autor

2.2.4.2 Matriz de Incidência

Segundo Carvalho (2005), a matriz de incidência de um grafo G

= (V, A), com V = {v1, v2, v3, v4,..., vn} e A = {a1, a2, a3, a4,..., am}, é uma

matriz n × m, denotada por B = [bij], com elementos definidos por:

𝑏𝑖𝑗 = {

+1 𝑠𝑒 𝑣𝑖 ∈ 𝑉 é 𝑣é𝑟𝑡𝑖𝑐𝑒 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑎𝑟𝑐𝑜 𝑎𝑗

−1 𝑠𝑒 𝑣𝑖 ∈ 𝑉 é 𝑣é𝑟𝑡𝑖𝑐𝑒 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑎𝑟𝑐𝑜 𝑎𝑗

0 𝑒𝑚 𝑐𝑎𝑠𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟á𝑟𝑖𝑜

A figura 6 mostra um exemplo de grafo com sua respectiva matriz de

incidência.

Figura 5 - Grafo com matriz adjacência

Figura 6 - Grafo com matriz de incidência

Fonte: Elaborado pelo autor

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2.2.5 Algoritmos para Grafos

Conforme Rabuske (1992), a teoria dos grafos possibilita

ferramentas acessíveis e com capacidade de construir modelos

matemáticos para resolução de diversos problemas práticos, por meio de

algoritmos específicos. São exemplos deste tipo de problema:

Problema de caminhos mínimos

Problema de geração de árvores mínimas

Problema de fluxo em redes

Problemas de localização de instalações, etc

A seguir são apresentados alguns algoritmos mais conhecidos na

literatura para problemas clássicos de grafos, que apresentam interesse

neste trabalho.

2.2.5.1 Problema do caminho mínimo

Em teoria dos grafos o problema do caminho mínimo (SP, do

inglês Shortest Path), é o nome dado para encontrar uma ligação entre

dois nós de interesse de um grafo, querendo que seu custo seja o

mínimo. Basicamente, é obter o caminho de menor custo entre dois nós

v1 e v2. O SP se adapta a diversas situações práticas, e podem ser

aplicadas a quaisquer problemas envolvendo grafos em que possuam

grandezas associadas aos arcos, como distância, tempo, perdas e ganhos,

se acumulam linearmente durante o percurso do grafo.

Existem três tipos de problemas de caminho mínimo, segundo

(BARRICO, 1998):

a) Problema do caminho mínimo de origem única:

deve-se encontrar os caminhos mais curtos a partir de

um nó desejado para todos os outros nós-destinos;

b) Problema do caminho mínimo com destino único: no

qual deve-se encontrar o caminho mais curtos entre

todos os nós de grafo em relação a um único nó-

destino;

c) Problema de caminho mais curto de todos os pares:

deve-se encontrar os caminhos mais curtos entre cada

par de nós do grafo.

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Na literatura existe muitos algoritmos eficientes para determinar

o problema de caminho mais curto, entre os quais destacam-se Dijkstra,

Bellmann-Ford, Johnson, A* e Floyd. O mais “famoso” entre eles é o

Dijkstra, algoritmo guloso para resolver o problema do caminho mais

curto de fonte única em um grafo com arestas não negativa.

O algoritmo de Dijkstra foi apresentado pelo cientista da

computação Edsger Dijkstra em 1956, mas com sua publicação em

1959. É um algoritmo que percorre todos os nós de um grafo, com o

objetivo de conhecer à distância do nó fonte a todos os outros nós do

grafo. Ao final da execução, ele uma árvore de caminhos mais curtos de

um nó origem u para todos os nós alcançáveis a partir de u (ZIVIANI,

2013).

O algoritmo de Dijkstra foi desenvolvido para determinar o

menor caminho entre um nó de origem e para outro de destino, ou de um

nó de origem para todos os demais. Para determinar o caminho mais

curto entre todos nós do grafo, tem-se o algoritmo de Floyd, no qual

basicamente, recebe como entrada uma matriz de adjacência,

representando um grafo conexo, com pesos em suas arestas, e tendo

como saída a matriz de custos mínimos entre todos os nós deste grafo. O

quadro 1 (CHRISTOFIDES, 1975) mostra o pseudocódigo do algoritmo

de Floyd.

Seja C = [𝑐𝑖𝑗] a matriz de custos associadas a um grafo G(X, A),

inicialmente formada por:

𝑐𝑖𝑗 = {

0, 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑡𝑜𝑑𝑜 𝑝𝑎𝑟 (𝑥𝑖 , 𝑥𝑖) ∈ 𝐴

∞, 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑡𝑜𝑑𝑜 𝑝𝑎𝑟 (𝑥𝑖 , 𝑥𝑗) 𝐴

𝐶(𝑥𝑖 , 𝑥𝑗), 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑡𝑜𝑑𝑜 𝑝𝑎𝑟 (𝑥𝑖 , 𝑥𝑗) ∈ 𝐴

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P1: Faça k = 0

P2: k = k+1

P3: Para todo i ≠ k, tal que, 𝑐𝑖𝑘 ≠ ∞ e todo j ≠ k, tal que,

𝑐𝑘𝑗 ≠ ∞ calcule: 𝑐𝑖𝑗 = min[𝑐𝑖𝑗 , (𝑐𝑖𝑘 + 𝑐𝑘𝑗)].

P4:

a) Se k = n pare. A solução ótima foi alcançada e [𝑐𝑖𝑗] fornece os custos mínimos para cada par de nós.

b) Se k < n, volte à P2.

O algoritmo de Floyd, de acordo com Usberti (2007), apresenta

uma matriz como resultado com o valor dos mínimos custos, ou as

mínimas distâncias entre dois vértices quaisquer. Mas para obter os

caminhos nos quais esses custos foram obtidos, é necessário a aplicação

do algoritmo matricial revisado (AMR). O AMR consiste em uma

técnica aperfeiçoada por T.C. Hu em 1969, onde é proposto o

armazenamento de uma segunda matriz .

Suponha um grafo G = (X, A) com custos 𝑐(𝑥𝑖 , 𝑥𝑗) quaisquer,

associados as arestas (𝑥𝑖 , 𝑥𝑗) ∈ 𝐴. Deseja-se encontrar caminhos de

mínimo custo em G, associados a todos os pares de nós. Assume-se,

como dado de entrada, uma matriz de custos 𝐶 = [𝑐𝑖𝑗], tal que:

𝑐𝑖𝑗 = {

0, 𝑠𝑒 𝑥𝑖 = 𝑥𝑗

+∞, 𝑠𝑒 (𝑥𝑖 , 𝑥𝑗) 𝐴

𝑐(𝑥𝑖 , 𝑥𝑗), 𝑠𝑒 (𝑥𝑖 , 𝑥𝑗) ∈ 𝐴

e uma matriz de roteiros, = [𝑖𝑗], onde 𝑖𝑗 é o predecessor imediato de

𝑥𝑗 no caminho mínimo de 𝑥𝑖 para 𝑥𝑗. Inicializa-se a matriz = [𝑖𝑗],

fazendo-se 𝑖𝑗 = 𝑥𝑖 ,𝑖, 𝑗. O quadro 2 apresenta o pseudocódigo do

algoritmo de Floyd com a melhoria proposta por Hu.

Fonte: Christofides, 1975

Quadro 1 - Pseudocódigo do Algoritmo de Floyd

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2.2.5.2 Árvore Geradora Mínima

O problema da árvore geradora mínima (MST- minimal spanning

tree) é um problema sobre grafos não dirigidos com custos nas arestas.

Segue um exemplo desenvolvido por Usberti (2007). Seja um

grafo não dirigido G = (V, E), com custo w(e) ∈ R relacionado a cada

aresta e ∈ E (w(e) = ∞, para e E). Com isso a árvore geradora mínima

𝑐𝑖𝑗 = 𝑚𝑖𝑛[𝑐𝑖𝑗 , β]

𝑥𝑖 = 𝑖𝑣

𝑥𝑣 ⋮

𝑥 = 𝑖

𝑥 = 𝑖

𝑥 = 𝑖𝑗

𝑥𝑗

P1. Faça k = 0.

P2. Faça k = k+1.

P3. Para todo i ≠ k tal que 𝑐𝑖𝑘 ≠ ∞, e todo j ≠ k tal que 𝑐𝑘𝑗 ≠ ∞

realize a operação:

β= 𝑐𝑖𝑘 + 𝑐𝑘𝑗

Se 𝑐𝑖𝑗 = β faça 𝑖𝑗 = 𝑘𝑗

P4. Verifique a condição de término:

i. Se existe 𝑐𝑖𝑖 < 0, então um circuito de custo negativo

contendo o nó 𝑥𝑖 existe em G, e nenhuma solução é possível.

Pare.

ii. Se todos os 𝑐𝑖𝑖 ≥ 0 e k = n, então a solução foi obtida, onde

𝐶 = [𝑐𝑖𝑗] e = [𝑖𝑗] são, respectivamente, a matriz de custos

mínimos e a matriz de roteiros entre todos os pares de nós.

Pare.

iii. Se todos os 𝑐𝑖𝑖 ≥ 0 e k < n, retorne a P2 e continue.

Obs.: Para recompor o caminho mínimo entre dois nós quaisquer, denotados por

𝑥𝑖 , 𝑥𝑗 𝑋, utiliza-se os ponteiros da matriz = [𝑖𝑗], como segue:

Quadro 2 - Pseudocódigo do Algoritmo de Floyd & Hu

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de G consiste em uma árvore T(V,𝐸𝑇) G, tal que a soma dos custos de

suas arestas seja mínima. Pode ser observado na figura 7, uma rede com

custos associados às arestas, onde se observa no grafo a esquerda, uma

árvore não mínima de custo 53, e a direita uma árvore geradora mínima,

com custo 38.

Existem diversos algoritmos para resolver o problema da árvore

geradora mínima. Neste trabalho será comentado, e posteriormente

utilizado, o Algoritmo de Prim.

O algoritmo de Prim foi publicado por Robert C. Prim em 1957 e

redescoberto por E. W. Dijkstra em 1959 (FEOFILOFF, 2017). É

aplicado para encontrar uma árvore geradora mínima num grafo conexo,

não direcionado e com custos associados a suas arestas. Ou seja, o

algoritmo de Prim encontra um grafo parcial do grafo original, onde

todos os nós, estão interligados e a soma total das arestas utilizadas

nesta árvore é minimizada.

Considere o grafo G = (V, A) conexo e não direcionado, com

custos c (𝑣𝑖 , 𝑣𝑗) associados as arestas (𝑣𝑖 , 𝑣𝑗) ∈ 𝐴. Considere, ainda,

associado a cada nó 𝑣 ∈ 𝑉 um rótulo [𝛼𝑗, 𝛽𝑗], tal que 𝛽𝑗 é o custo de

inclusão do nó 𝑣𝑗, e 𝛼𝑗 é o nó da árvore com o qual 𝑣𝑗 deve se conectar

ao ser incluído na árvore. O procedimento do algoritmo de Prim é

mostrado no quadro 3, em quatro passos adaptado de (PRIM, 1957):

Fonte: Uberti (2007)

Figura 7 - Árvores: geradora (a) geradora mínima (b)

(a) (b)

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Quadro 3 - Pseudocódigo do algoritmo de Prim

Fonte: Prim

Um exemplo da execução do algoritmo de Prim é observado na

figura 8, onde deseja-se encontrar a interligação entre todos os nós

presentes no grafo com o menor custo associado as arestas. O método do

Algoritmo de Prim retorna uma árvore geradora mínima representada

através de um grafo não-direcionado. Portanto, o valor retornado é uma

árvore (grafo).

P1. Faça 𝑇𝑠 = {𝑣𝑠}, onde 𝑣𝑠 é um nó arbitrário qualquer, e 𝐴𝑠 = ∅. 𝑇𝑠 𝑒 𝐴𝑠

são, respectivamente, o conjunto de nós e arestas da árvore em formação.

P2. Para todo 𝑣𝑗 𝑇𝑠 encontre o nó 𝛼𝑗 ∈ 𝑇𝑠, tal que: 𝛽𝑗 = c(𝛼𝑗 𝑣𝑗) =

𝑚𝑖𝑛𝑣𝑖 ∈ 𝑇𝑠[𝑐(𝑣𝑖 , 𝑣𝑗)], e defina o rótulo de 𝑣𝑗 como [𝛼𝑗, 𝛽𝑗]. Se não for

possível encontrar 𝛼𝑗, isto é, se (𝑣𝑗) ∩ 𝑇𝑠 = ∅, defina o rótulo de 𝑣𝑗 como

[𝑛𝑖𝑙, +∞].

P3. Escolha o nó 𝑣𝑗∗, tal que: 𝛽𝑗∗ = 𝑚𝑖𝑛𝑣𝑗 𝑇𝑠[𝛽𝑗]. Atualize 𝑇𝑠 = 𝑇𝑠 ∪

{𝑣𝑗∗} e faça 𝐴𝑠 = 𝐴𝑠 ∪ {(𝛼𝑗∗,𝑣𝑗∗)}. Se |𝑇𝑠| = 𝑛, pare (as ligações formadas

em𝐴𝑠, formam a árvore desejada). Se |𝑇𝑠| < 𝑛, vá ao P4.

P4. Para todo 𝑣𝑗 𝑇𝑠 e 𝑣𝑗 ∈ (𝑣𝑗∗), tal que 𝛽𝑗 > 𝑐(𝑣𝑗∗, 𝑣𝑗), atualize o

rótulo de 𝑣𝑗 fazendo: 𝛽𝑗 = 𝑐(𝑣𝑗∗, 𝑣𝑗) e 𝛼𝑗 = 𝑣𝑗∗. Volte ao P3.

Fonte: Ziviani (2013)

Figura 8 - Busca de uma árvore geradora mínima

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2.3 ALGORITMO GENÉTICO

Algoritmo Genético (AG) é um mecanismo de busca

probabilística oriunda da Computação Evolutiva, área de pesquisa da

Inteligência Artificial (IA), que utiliza processos evolutivos como

modelo para solução de problemas. Tem como inspiração os conceitos,

da teoria da seleção natural das espécies e na genética, estabelecidos por

Charles Darwin. Linden (2012) define Algoritmos Evolucionários

como:

Algoritmos evolucionários usam modelos

computacionais dos processos naturais de

evolução como uma ferramenta para resolver

problemas. Apesar de haver uma grande variedade

de modelos computacionais propostos, todos eles

têm em comum o conceito de simulação da

evolução das espécies através de seleção, mutação

e reprodução, processos estes que dependem do

“desempenho” dos indivíduos desta espécie

dentro do “ambiente”.

A computação evolutiva tem como base três algoritmos, que

foram desenvolvidos de forma independente. Segundo Von Zuben

(2000) são eles:

Algoritmos Genéticos: Holland (1962), Bremermann

(1962) e Fraser (1957);

Programação Evolutiva: Fogel (1962);

Estratégias Evolutivas: Rechenberg (1965) e Schwefel.

O AG foi desenvolvido por John Holland em 1962, mas teve seu

reconhecimento em 1975 com a publicação do livro Adaptation in Natural and Artificial Systems. O objetivo de Holland foi formalizar

matematicamente e explicar os processos da evolução por seleção

natural, através de sistemas computacionais. Os AGs utilizam uma

terminologia e conceitos com origem na teoria da evolução natural e da

genética.

2.3.1 Terminologia

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Como AGs tem sua inspiração na genética e na teoria da

evolução das espécies, há uma analogia muito forte entre os termos da

biologia e os termos utilizados em AG (LINDEN, 2012). No quadro 4, é

apresentado, de forma resumida, as terminologias análogas entre

biologia e AG.

Quadro 4 - Terminologias AG

Termos da Biologia Algoritmo Genético

Cromossomo

Estrutura de Dados; é uma cadeia de caracteres

representando alguma informação relativa às

variáveis do problema

Gene

Elemento ocupando uma dada posição da

estrutura de dados; é a unidade básica do

cromossomo. Cada cromossomo tem um certo

número de genes, cada um descrevendo uma

certa variável do problema

Locus Posição ocupada por um gene numa estrutura de

dados

Alelo Variações de um elemento que pode ocupar um

Locus

Crossover

Troca de partes entre estruturas de dados; O

operador crossover realiza a troca de informação

entre diferentes soluções candidatas

Mutação

Substituição de um ou mais genes; a mutação

promove a variabilidade do material genético, e

serve como um mecanismo para diversificar o

espaço de busca, evitando uma prematura

convergência do algoritmo

Fitness (Aptidão) Valor que indica a qualidade de um indivíduo

como solução do problema

Seleção

Processo que permite a sobrevivência e

reprodução de indivíduos; Tem como objetivo,

fazer com que o material genético de boa

qualidade aumente de geração a geração

Genótipo Codificação de uma Solução Candidata; é a

estrutura do cromossomo

Fenótipo

Valor decodificado do Cromossomo;

corresponde à iteração do conteúdo genético com

o ambiente

Indivíduo

Representa um cromossomo que contém a

codificação (genótipo) de uma possível solução

(fenótipo)

População É a representação do conjunto atual de

indivíduos encontrados em uma determinada

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50

interação do algoritmo

2.3.2 População Inicial

A população inicial é o ponto de partida de um AG. Na maioria

dos trabalhos feitos nessa área, é feita da forma mais simples possível,

fazendo-se uma escolha com geração aleatória para cada cromossomo

da população inicial, embora existam ocasiões onde é mais apropriada

uma seleção heurística da mesma, introduzindo logo de início, um ou

mais indivíduos “interessantes” (CASTRO, 2018).

Com isso, a forma de representação cromossomial é fundamental

para o algoritmo genético. Essencialmente é a tradução da informação

do problema em uma forma viável de ser tratada pelo computador.

Linden (2012), salienta que a representação cromossomial é

completamente aleatória, onde a definição é feita de acordo com o gosto

do programador, referente a adequação do problema a ser tratado. Mas

que algumas regras gerais devem ser seguidas:

a. A representação deve ser a mais simples possível;

b. Se houver soluções proibidas ao problema, então é

preferível que elas não tenham uma representação;

c. Se o problema impuser condições de algum tipo, estas

devem estar implícitas dentro da nossa representação.

A representação ou codificação das variáveis de projeto a serem

otimizadas proporciona um grande impacto no desempenho de busca,

devendo ser o mais simples possível sem perder, no entanto, as

características de representação do problema tratado. Michalewicz

(1996) menciona que existem inúmeras formas de representação das

variáveis. As mais usuais são: binária, números inteiros e ponto

flutuante.

i. Representação Binária: é a representação clássica,

oriunda da teoria dos esquemas de John Henry Holland,

publicado em 1992, utilizada com sucesso para explicar

por que os AGs funcionam;

ii. Representação por Ponto Flutuante: é a representação

que apresenta maior precisão e capacidade de

interpretação de domínios de um problema. É utilizada

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51

especialmente em problemas com parâmetros reais. A

utilização desta representação melhora a velocidade do

processamento, a consistência dos resultados entre

gerações e a precisão, se comparada à binária, conforme

(MICHALEWICZ, 1996);

iii. Representação por inteiros: essa representação é muito

adequada para os problemas que envolvam números

inteiros, tais como análise combinatória, arranjo e

permutação (SOARES, 1997).

A codificação binária é mais utilizada nos trabalhos

desenvolvidos atualmente, onde cada cromossomo representa um vetor

composto por zeros e uns. A definição da codificação deve ser realizada

de forma adequada ao problema em questão, pois uma definição

equivocada da codificação pode levar o AG a ter convergência de forma

prematura.

Com o propósito de representar de forma simples, genérica e

viável o tratamento de dados pelo computador, o cromossomo G é

representado por um vetor com n posições, tal que:

𝐺 = (𝑔1, 𝑔2, 𝑔3, … , 𝑔𝑛)

(3)

Cada elemento 𝑔𝑖 representa um gene. Desta maneira o

cromossomo se resume ao conjunto de genes que possui, ou seja, seu

genótipo. Mas, Lucas (2002) diz que a avaliação de um cromossomo se

baseia em seu fenótipo, que é o valor decodificado do cromossomo. A

tabela 2, apresenta o resultado do processo de decodificação de genes

que será submetido a avaliação, assim como a indicação de

representação para os tipos de problemas a serem otimizados.

Tabela 2 - Exemplos de decodificação

Genótipo Fenótipo Problema

0010101001110101 10869 otimização numérica

CABDEF comece pela cidade C,

depois passe pelas

cidades A, B, D, E e

termine na cidade F

caixeiro viajante

C1R2C3R4C5R1 se condição 1 (C1)

execute a regra 2 (R2),

se (C3) execute a regra

regras de aprendizagem

para agentes

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52

(R4), se (C5) execute a

regra (R1)

2.3.3 Avaliação

Para avaliar a qualidade de cada indivíduo na população, o AG

utiliza uma função de avaliação denominada de função de aptidão ou

fitness. A aptidão avalia o desempenho de um cromossomo, através de

uma classificação associada, do quão apto está o cromossomo para a

próxima geração. Conforme Castro (2018), a escolha da função de

aptidão é, para a maioria das aplicações, a etapa crítica do processo, já

que ela deverá ser avaliada para cada cromossomo de cada população

dentro do AG.

De forma análoga, Linden (2012) reforça que a função de

avaliação deve ser escolhida com grande cuidado. Pois ela tem que

carregar toda a informação que se possui sobre o problema a ser

resolvido, tanto quanto as restrições como os objetivos. Em conclusão,

dado um cromossomo, a função de aptidão consiste em associar um

valor numérico de “adaptação”, o qual supõe-se a “habilidade” do

“individuo” representado em solucionar o problema em questão.

2.3.4 Seleção dos Cromossomos

A seleção consiste em escolher os indivíduos (cromossomos) da

população que irão se reproduzir (cromossomos-pais) (RODRIGUES et

al., 2004). O mecanismo de seleção é o responsável por passar as boas

características dos cromossomos para as futuras gerações. Desta forma o

processo de seleção não é realizado de forma aleatória, para que os

indivíduos com melhor aptidão adquiriram maior chance de sobreviver e

reproduzir na população em que estão inseridos.

Michalewicz (1996) destaca os seguintes métodos, conhecidos,

para seleção de indivíduos:

i. Seleção por ranking: os indivíduos da população são

ordenados de acordo com seu grau de adaptação, então

recebem uma probabilidade de escolha conforme a

posição que ocupam. Uma variação deste mecanismo é

simplesmente passar os N melhores indivíduos para a

próxima geração;

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53

ii. Seleção por torneio: dois indivíduos são escolhidos

aleatoriamente. Então, um número aleatório i é gerado

entre 0 e 1. Se i < k (parâmetro), o melhor entre os dois

indivíduos é selecionado, caso contrário, o pior é

selecionado;

iii. Seleção bi-classista: são selecionados os melhores

indivíduos da população, dentro de um percentual

determinado, e também os (100 - percentual fixo) piores

indivíduos;

iv. Seleção Steady-State: apenas alguns dos piores

indivíduos da população são removidos, os demais são

mantidos para reproduzirem-se.

2.3.5 Operadores Genéticos

Castro (2018) descreve o princípio básico dos operadores

genéticos como a transformação da população através de sucessivas

gerações, para obter um resultado satisfatório no final do processo.

Portanto, os operadores genéticos podem ser definidos como, um

mecanismo que assegura a evolução dos indivíduos, criando, a partir de

uma população inicial 𝑃0, novas populações 𝑃𝑡 de indivíduos mais

aptos.

Conforme Linden (2012), os operadores genéticos mais usuais

em algoritmos genéticos são o operador crossover e o operador de

mutação, discutidos nas sucessões a seguir.

2.3.5.1 Operador Crossover

É um operador baseado na troca de partes dos cromossomos

(pais), formando-se duas novas soluções (filhos). A ideia intuitiva por

trás do operador crossover é a troca de informação entre diferentes

soluções apresentadas como candidata. Na literatura são encontradas

muitas formas de empregar os operadores de crossover. Castro (2018),

por exemplo, diz que os mais empregados são:

a. Um ponto: um ponto de cruzamento é escolhido e a

partir dele as informações genéticas dos pais são

trocadas;

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b. Multi-Pontos: é uma generalização da ideia de troca de

material genético, onde muitos pontos de cruzamento

podem ser utilizados;

c. Uniforme: não utiliza pontos de cruzamento, mas

determina através de um parâmetro global, probabilidade

de máscara, qual a probabilidade de cada variável ser

herdada de cada pai.

2.3.5.2 Mutação

Após a ocorrência do crossover, alguns indivíduos da população

podem sofrer mutações de acordo com uma probabilidade, pré-

estabelecida e de valor muito baixo (menores que 1%), denominada de

taxa de mutação 𝜌𝑚, com o propósito de inserir novo material genético

na população que está sendo formada.

Considerando uma codificação binária, o operador de mutação,

apenas realiza a troca do valor de um gene em um cromossomo

(Goldberg, 1989), desta forma, se um alelo de um gene possuir valor 1,

o seu novo valor será 0, após o operador de mutação.

Franco (2015), expressa de forma clara o impacto dos operadores

de crossover e mutação e suas distinções:

Os operadores genéticos de cruzamento e mutação

são responsáveis por todas transformações

sofridas pela população, no entanto, eles têm

impactos muito distintos. Por exemplo, o operador

cruzamento tem como objetivo propagar os

esquemas mais adequados na população, assim a

determinação do número de pontos de corte afeta

diretamente quais esquemas irão sobreviver ao

processo de reprodução. Por outro lado, o

operador mutação garante a diversidade genética,

aumentado a probabilidade de que o espaço de

busca será explorado em uma parte significativa

de sua extensão.

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2.3.6 Escolha dos Parâmetros do AG

Conforme Rodrigues et al. (2008), possuem duas categorias de

parâmetros para AG:

A. Qualitativos: a. Parâmetros do tipo crossover:

i. Um ponto de corte;

ii. Dois pontos de corte;

iii. Uniforme.

b. Parâmetros do tipo de métodos de Seleção:

i. Proporcional;

ii. Escalonamento;

iii. Boltzmann;

iv. Ranqueamento;

v. Torneio.

B. Quantitativos: a. Tamanho da População (n);

b. Taxa de Crossover (𝜌𝑐);

c. Taxa de Mutação (𝜌𝑚).

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3 ABORDAGEM DO ALGORITMO GENÉTICO PARA O

PROBLEMA PROPOSTO

O algoritmo genético proposto, tem como objetivo buscar uma

solução para o projeto elétrico, que apresente as melhores alocações da

malha de linhas elétricas, uma vez que se pretende reduzir os custos

associados a instalação elétrica.

O primeiro passo para o desenvolvimento do AG é a codificação

do problema. Logo a estrutura de um cromossomo, será associada para

representar uma possível solução. Em decorrência, é produzido uma

população inicial, onde aplica-se o processo de seleção para escolher os

cromossomos mais aptos que através de operadores genéticos são

recombinados para gerar novos cromossomos. Esse processo de seleção

dos cromossomos mais aptos se dá por sorteio, até que seja atendido um

critério de parada definido.

3.1 CODIFICAÇÃO DO CROMOSSOMO

A representação cromossomial é fundamental para o

desenvolvimento do AG proposto, pois consiste em uma maneira de

traduzir as informações do problema em um modo viável de ser tratada

pelo computador (LINDEN, 2012). Portanto foi estabelecido um

cromossomo que descreve uma possível situação de eletrodutos

disponibilizado no projeto elétrico. Basicamente a informação a ser

registrada no cromossomo, são quais eletrodutos existem (e quais não)

numa dada solução.

Para representar cada topologia possível dos eletrodutos no

projeto elétrico, a estrutura de cromossomos adotada para o AG, foi

através de uma string1 de 1s e 0s que definem quais eletrodutos estão

habilitados ou não, respectivamente. A estrutura da definição da malha

de dutos utilizando uma string está representada na figura 9. Nesta

representação do problema em questão, o cromossomo é composto por

386 possibilidades de ligações entre pontos elétricos.

1 Salvetti (1998) define que string é uma cadeia de caracteres e que ela é uma sequência de letras,

algarismos ou símbolos. Cada caractere é uma informação e uma cadeia de caracteres é um conjunto de

informações. Portanto, uma cadeia de caracteres é um vetor em que cada elemento é um caractere.

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Figura 9 - Representação do cromossomo em string

D001 D002 D003 D004 D005 ... D382 D383 D384 D385 D386

0 1 1 0 0 ... 1 0 1 1 1

3.2 População Inicial

A População inicial, que define o espaço de busca do algoritmo,

consiste em indivíduos gerados aleatoriamente (cada gene recebe um

alelo “1” ou “0” resultante de um sorteio) e que passarão por uma

avaliação e seleção dos mais aptos. Os indivíduos são gerados

automaticamente pelo algoritmo genético até atingir o número

estabelecido para a população inicial.

3.3 Operadores Genéticos

3.3.1 Seleção

A seleção tem o objetivo de oferecer aos melhores indivíduos da

população, preferência para o processo de reprodução. O operador de

seleção é aplicado sobre a população corrente, N vezes com o objetivo

de escolher N pares de indivíduos.

Foi adotado o método de seleção por roleta, fazendo apenas uma

adaptação no modo de escolha dos indivíduos: em vez de utilizar o valor

do fitness para selecionar o indivíduo, utilizou-se um valor de

probabilidade baseado na posição que o indivíduo ocupa na população.

Com esse método de seleção, o indivíduo melhor classificado, tem

maior probabilidade de ser selecionado. A tabela 3, demonstra estas

probabilidades.

Tabela 3 - Método de seleção

Indivíduos Probabilidade

1 N/∑ Melhor

2 ((N-1)) /∑

3 ((N-2)) /∑

4 ((N-3)) /∑

... ...

N 1/∑ Pior

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∑ = (𝑁+1)𝑁

2 N → nº de indivíduos

3.3.2 Operador Crossover

O operador de crossover cria indivíduos através da recombinação

entre dois cromossomos selecionados, de maneira que exista uma

probabilidade razoável de os novos indivíduos serem melhores que seus

pais.

O operador crossover implementado no AG, foi do tipo

recombinação uniforme, onde se considera cada gene independente.

Para cada posição do gene será executada uma variável aleatória com

uma probabilidade = 0,5. Se o valor da variável aleatória for menor

que , o gene será obtido do cromossomo G1; caso contrário, será do

cromossomo G2.

O crossover uniforme, atua nos genes de forma individual nos

cromossomos G1 e G2, combinando características independentes da

sua posição relativa no cromossomo. A figura 10 mostra o

funcionamento do operador crossover uniforme, onde em (a) vê-se os

pais originais; em (b) tem-se o sorteio da string de combinação; e em

(c), o resultado. Note que o primeiro filho recebeu o gene do primeiro

pai em todas as posições em que foi sorteado “1” e o gene do segundo

pai em todas as posições em que foi sorteado um “0”. O segundo filho é

montado com o que sobrou da montagem do primeiro filho.

Figura 10 - Funcionamento crossover uniforme

Fonte: Linden (2012)

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3.3.3 Operador de Mutação

O operador de mutação gera eventos probabilísticos que alteram

o valor de alguns genes do cromossomo através de uma taxa de mutação

𝑇𝑚 pré-determinada, com objetivo de criar uma variabilidade maior na

população.

O operador de mutação implementado, foi do tipo padrão, que

simplesmente troca o valor de um gene em um cromossomo com uma

taxa 𝑇𝑚 = 1%, podendo ser variada na interface da aplicação.

3.4 Avaliação do Fitness

Nos AGs, o processo de seleção atua de forma a escolher os

cromossomos que apresentam os melhores valores de fitness ou aptidão.

A avaliação de aptidão no problema proposto, está relacionada com os

trajetos mínimos de condutores elétricos para atender todos os pontos

estabelecidos.

Para esta avaliação, é desejado encontrar uma malha de

eletrodutos que minimize os custos relacionados a implantação das

linhas elétricas, a partir da elaboração do projeto elétrico. Para o

problema proposto, foi abordado dois tipos de conexões, realizadas

dentro de um projeto elétrico: (a) conexões de comandos que interligam

dois, ou mais, pontos elétricos, e (b)conexões de alimentação a partir do

quadro de distribuição.

As conexões de comandos, que fazem a interligação entre

interruptores e luminárias, são calculadas através do algoritmo de Floyd

& Hu, onde é calculada as distâncias mínimas entre todos os pontos

elétricos do circuito, considerando apenas aqueles eletrodutos que estão

habilitados pela descrição do cromossomo.

Para os cálculos das conexões com o quadro de distribuição, referente a cada circuito, uma estrutura de árvore é gerada em cima da

estrutura de eletrodutos preestabelecidos. Essa árvore é calculada

através de uma adaptação do algoritmo de Prim, como será descrito no

capítulo 4.

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60

Portanto, dentro da função de avaliação de fitness, os algoritmos

de Floyd & Hu e Prim, são chamados para determinar a quantificação

dos comprimentos dos condutores elétricos, ou seja, apresentam através

da representação do cromossomo uma estimativa de custos que

correspondem a estrutura de eletrodutos que foi lançada.

3.5 Critério de Parada do AG

Determinar um critério de parada em um AG é uma tarefa

considerada complexa. Conforme Linden (2012), um dos problemas

enfrentados na implementação de um AG, é determinar um critério de

parada que seja eficaz. Esse problema se deve a dificuldade desse

algoritmo em avaliar a qualidade da solução em um dado momento da

busca, pois pode fazer com que ele finalize a execução antes de

apresentar uma solução com pouca melhoria.

O AG proposto utiliza como critério de parada o erro relativo

entre o melhor e o pior fitness. Quando essa relação é menor que o valor

determinado de precisão de parada, o AG para a busca e apresenta a

solução encontrada. Ou seja, o critério de parada é utilizado quando não

há mais diversidade entre os indivíduos da população, não apresentando

mais evolução nas iterações.

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4 IMPLEMENTAÇÃO DO ALGORITMO GENÉTICO

Com base na estrutura de eletrodutos definidas, existe um

conjunto de trajetos de eletrodutos que podem ser utilizados para

interligar os pontos elétricos existentes no projeto. Ou seja, pretende-se

alimentar os pontos elétricos de acordo com os circuitos

preestabelecidos pelo projetista, de modo a ter o menor custo possível

de fios e eletrodutos.

Para determinar os caminhos que os circuitos devem percorrer, é

necessário ter a informação de quais eletrodutos estão (ou não)

habilitados. Para isso foi construído um cromossomo, por meio de uma

string de 0s e 1s que descreve a situação dos eletrodutos existentes em

uma solução por onde os fios devem passar.

Com a rede de eletrodutos definida e as informações de

disponibilidade de trajetos, utiliza-se os algoritmos de Floyd & Hu e

Prim, para definir por onde os fios devem passar.

Para realizar a busca por uma boa solução, foi implementado o

algoritmo genético descrito no quadro 5.

P0. Ler dados do projeto;

P1. Gerar aleatoriamente N indivíduos (soluções de eletrodutos);

P2. Calcular o fitness de cada indivíduo gerado, incluindo-os na população;

P3. Repetir D vezes:

a) Selecionar aleatoriamente dois indivíduos, G1 e G2, da população;

b) Gerar um novo indivíduo G3 mediante o crossover dos indivíduos G1

e G2;

c) Submeter o indivíduo G3 à operação de mutação;

d) Calcular o fitness do indivíduo G3;

e) Incluir o indivíduo G3 na população;

P4. Ordenar os indivíduos da população por ordem crescente de fitness;

P5. Remover os D piores indivíduos da população;

Quadro 5 - Algoritmo genético implementado

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P6. Se a população não satisfaz o critério de parada, voltar ao passo P2;

P7. Apresentar a melhor solução.

Um passo importante na implementação do AG, é o cálculo do

fitness dos indivíduos. Esta etapa está apresentada no quadro 6.

Quadro 6 - Cálculo do fitness

P0. Decodificar o cromossomo determinando a rede de eletrodutos a ser

utilizada (gene = 1 para eletroduto habilitado; gene = 0 para

eletroduto não habilitado).

P1. Aplicar o algoritmo de Floyd & Hu para calcular a matriz de

distâncias mínimas entre todos os pontos elétricos com os respectivos

roteiros;

P2. Aplicar o algoritmo de Prim modificado a fim de calcular a árvore

geradora mínima que cobre os pontos a serem protegidos por

TERRA. Incluir os arcos desta árvore na solução do projeto para fins

de cálculo do custo dos condutores.

P3. Para cada circuito faça:

a) Aplicar o algoritmo de Prim modificado para calcular a árvore

geradora mínima que cobre os pontos a serem alimentados com

a FASE do circuito. Incluir os arcos desta árvore na solução do

projeto para fins de cálculo do custo dos condutores.

b) Aplicar o algoritmo de Prim modificado para calcular a árvore

geradora mínima que cobre os pontos a serem alimentados com

o NEUTRO do circuito. Incluir os arcos desta árvore na solução

do projeto para fins de cálculo do custo dos condutores de

neutro.

c) Para cada ramal de retorno que conecta interruptores entre si

(comando paralelo) e interruptores com as luminárias,

determinar o caminho de mínima distância, incluindo os arcos

destes caminhos na solução do projeto para fins de cálculo do

custo dos condutores de retorno.

P4. Considerando os condutores alocados em cada duto, determinado em

P3 e P2, calcular o custo total dos condutores.

P5. Considerando os condutores calculados em P3 e P2 dimensionar os

eletrodutos e calcular o respectivo custo.

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P6. Retornar o custo total dado pela soma do custo dos eletrodutos,

obtido em P5, com o custo dos condutores, obtido em P4.

No algoritmo do quadro 6, onde se apresenta o cálculo do fitness,

a construção da árvore geradora mínima é feita através de um algoritmo

de Prim modificado, onde todos os pontos elétricos a serem atendidos

(com fase, neutro e/ou terra) são incluídos em um conjunto de nós, 𝑉𝐸 .

Considerando que apenas estes nós precisarão ser cobertos pela árvore

geradora mínima, o algoritmo de Prim sofre uma modificação de modo

a eliminar da árvore pontos desnecessários, conforme apresentado no

quadro 7.

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Quadro 7 - Algoritmo de Prim modificado

P1. Faça 𝑇𝑠 = { 𝑣𝑠 }, onde 𝑣𝑠 corresponde ao nó que representa o quadro de

distribuição, e 𝐴𝑠 = ∅. 𝑇𝑠 e 𝐴𝑠 são respectivamente, o conjunto de nós e o

conjunto de arestas da árvore em formação, que definem os condutores

implantados no circuito (fase, neutro ou terra). Seja, ainda, 𝑉𝐸 o conjunto

de nós a serem cobertos por estes condutores;

P2. Para todo 𝑣𝑗 𝑇𝑠 e 𝑣𝑗 ∈ 𝑉𝐸 associe um rótulo [𝛼𝑠 , 𝛽𝑠], onde 𝛼𝑗 = 𝑣𝑠

corresponde ao nó que representa o quadro de distribuição e 𝛽𝑗 =

𝑐(𝑣𝑠 , 𝑣𝑗) é o custo do caminho mínimo obtido pela aplicação do

Algoritmo de Floyd & Hu no grafo de eletrodutos habilitados para uma

dada solução;

P3. Escolha o nó 𝑣𝑗∗ tal que 𝛽𝑗∗ = 𝑚𝑖𝑛𝑣𝑗 ∈ 𝑇𝑠 ⋀ 𝑣𝑗 ∈ 𝑉𝐸[𝛽𝑗]. Sendo

(𝛼𝑗∗, 𝑣1, 𝑣2, … , 𝑣𝑘 , 𝑣𝑗∗) o caminho mínimo que conecta o nó 𝛼𝑗∗ ao nó

𝑣𝑗∗, atualize 𝑇𝑠 = 𝑇𝑠 ∪ {𝑣1, 𝑣2, … , 𝑣𝑘, 𝑣𝑗∗}, e faça

𝐴𝑠 = 𝐴𝑠 ∪ {(𝛼𝑗∗, 𝑣1), (𝑣1, 𝑣2), … , (𝑣𝑘, 𝑣𝑗∗)};

P4. Para todo 𝑣𝑗 𝑇𝑠 e 𝑣𝑗 ∈ 𝑉𝐸 , calcule

𝛽∗ = min{ 𝑐(𝑣1 , 𝑣𝑗), 𝑐(𝑣2 , 𝑣𝑗), … , 𝑐(𝑣𝑘 , 𝑣𝑗), 𝑐(𝑣𝑗∗ , 𝑣𝑗)}. Se 𝛽∗ < 𝛽𝑗,

atualize o rótulo [𝛼𝑗 , 𝛽𝑗] fazendo 𝛽𝑗 = 𝛽∗ e atribuindo ao 𝛼𝑗 o nó

predecessor correspondente, isto é, 𝑣1, 𝑣2, … , 𝑣𝑘 𝑜𝑢 𝑣𝑗∗ , conforme o

valor de 𝛽∗ obtido;

P5. Se 𝑉𝐸 𝑇𝑠 , pare (as ligações formadas em 𝐴𝑠 correspondem ao

cabeamento estritamente necessário para atendimento dos pontos do

circuito). Em caso contrário, volte ao P3.

Como apresentado no quadro 7, a cada iteração o algoritmo de

Prim modificado, atualiza os nós na árvore, mas também rotula os nós

intermediários. Deste modo, os nós intermediários servem como pontos

alimentados para as iterações futuras.

Note também, que no caso da rede de eletrodutos, dada por um

cromossomo, não constituir uma solução viável para o problema, por conta da não conectividade do grafo, o próprio algoritmo de Floyd & Hu

se encarrega de penalizar a solução, retornando como custo do caminho

mínimo o valor infinito. Assim, ao calcular o fitness desta solução o

valor torna-se muito elevado fazendo com que o cromossomo seja

descartado pelo processo evolutivo.

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5 SISTEMA COMPUTACIONAL E RESULTADOS

5.1 INTERFACE DO SISTEMA IMPLEMENTADO

Para implementar os algoritmos no ambiente computacional, foi

utilizado a linguagem de programação PASCAL, através do compilador

DELPHI 7.0. Os dados de entrada estão localizados no diretório

destinado ao sistema, onde o compilador identifica o caminho e realiza a

leitura dos dados.

A interface do sistema implementado, observada na figura 11,

mostra as principais funções da aplicação, como:

A. Setup da aplicação: Nessa área são definidos os

parâmetros de população inicial, o tamanho de iterações

a cada geração, a taxa de mutação aplicada, a precisão de

parada do AG e o botão que atualiza estes parâmetros

durante a busca;

B. Abas de resultados: (a) aba Evolução mostra o gráfico

contendo a evolução do processo de convergência, (b)

aba Projeto-Otimizado mostra os resultados otimizados

obtidos com a aplicação do GA, detalhando o projeto e

quantificando os materiais utilizados em cada trajeto e

(c) aba Projeto-Original, que apresenta o resultado do

projeto, a partir do conjunto de dutos selecionado pelo

projetista;

C. Resultados GA: nessa tela é apresentado, de forma

resumida, os custos totais dos projetos otimizados e

fornecidos, mostrando o valor da economia no estágio

atual da busca;

D. Gráfico de convergência do AG: esse gráfico apresenta

as curvas de melhores e piores resultados encontrados

em uma determinada geração, bem como o custo do

projeto de acordo com as escolhas do projetista.

Em resumo, essa tela mostra os resultados obtidos e o

acompanhamento da evolução do algoritmo, durante o processamento.

Os resultados são acompanhados em tempo real, por meio do gráfico de

convergência ou pela tela de resultados. A solução é apresentada de duas

formas diferentes: (a) a primeira é apresentada através das telas e abas

do aplicativo, logo após o processamento ser finalizado, e (b) a segunda

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forma é apresentada através de arquivos externos gerados pela própria

aplicação, nas extensões csv.

A

B

C

D

Figura 11 - Tela da aplicação computacional

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O aplicativo apresenta uma interface muito intuitiva de utilização,

como pode ser verificado na figura acima. Para realizar a busca pela

melhor solução, é necessário entrar apenas com o tamanho da

população, salientando que quanto maior for a tamanho da população

maior será o tempo de processamento dos resultados, e clicar no botão

Run. Finalizado o processo de busca, é apresentado os resultados do

projeto através da própria interface ou dos arquivos gerados

externamente.

5.2 DESCRIÇÃO DO PROBLEMA

Considera-se o Projeto Elétrico apresentado no Anexo B, de um

apartamento residencial com área útil de 54,41 m², que faz parte de um

edifício residencial composto por 60 apartamentos, localizado na região

continental de Florianópolis. A tabela 4 mostra o quantitativo dos

materiais referente as ligações dos eletrodutos e fios desse projeto,

obtidos para uma solução apontada pelo projetista.

Tabela 4 - Quantitativo projeto original

Quantitativo

Pontos elétricos 56 pontos

Ligações entre pontos 56 ligações

Comprimento total linear

Eletroduto 112 metros

Fios 515 metros

Custo Total: R$ 1408,80

O custo total de R$ 1408,80, foi obtido através da metodologia

apresentada pelo Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da

Construção Civil referente ao mês Set/2018 (SINAPI), disponibilizada

pela Caixa Econômica Federal. Portanto, estão inclusos no custo os

valores de materiais, instalações e mão de obra. Diante do apresentado,

deseja-se interligar esses mesmos 56 pontos, alocados pelo projetista, de

forma otimizada e com redução de custos totais.

5.3 COLETA DE DADOS

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A coleta de dados foi realizada a partir do projeto fornecido, em

arquivos editáveis em formato DWG2, por uma empresa localizada na

cidade de São José-SC, e que desenvolve projetos para algumas

construtoras da região da grande Florianópolis. Os dados necessários e a

forma de obtenção para alimentar o modelo computacional, estão

demonstrados na tabela 5.

Tabela 5 - Dados de entrada

Dados Forma de Obtenção de Dados

Coordenadas dos pontos elétricos Comando de extração de dados no

AutoCad

Distância entre pontos elétricos Comando de extração de dados no

AutoCad

Circuitos correspondentes para cada

ponto elétrico Disponível projeto elétrico

Características de dutos Disponível no Catálogo Tigre

Características dos condutores

elétricos Disponível no Catálogo SIL

Precificação de materiais e serviços

elétricos

Disponível na tabela SINAPI com

referência no ano 2018

a. Coordenadas dos pontos elétricos: localização

geométrica de cada ponto elétrico no projeto. Através do

comando dataextraction, no software AutoCad, é

extraído as coordenadas (x, y, z);

b. Distância entre pontos elétricos: definição dos

possíveis trajetos dos eletrodutos, essa etapa é realizada

em conjunto com os projetos arquitetônico,

hidrossanitário e estrutural. Assim identificando

possíveis caminhos inviáveis devido á alguma restrição,

como: pilares, vigas, aberturas de janelas/portas,

mobiliário e encanamentos. Os parâmetros: (a)Trajeto

informa se o trajeto foi realizado pelo teto, chão ou

parede, (b)Projeto, informa os caminhos utilizados no

projeto original, sendo 0 para trajeto não utilizado e 1

para trajeto utilizado;

c. Circuitos correspondentes para cada ponto elétrico:

Dados dos circuitos definidos pelo projetista. Nessa

2 DWG é uma extensão de arquivos para o ambiente do Autocad.

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entrada de dados foi colocado dados do condutor, como:

área, bitola e preço por metro;

d. Características dos eletrodutos: dados de bitola, área

de ocupação e custo por metro;

e. Características dos condutores: dados de bitola, área

total e preço por metro;

f. Precificação de materiais e serviços: os dados para

custo final da instalação elétrica, contendo mão de obra e

materiais, foram retirados da tabela SINAPI Set/2018.

Os dados de entrada do sistema podem ser verificados nas tabelas

apresentadas no Apêndice B.

5.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Para avaliar o método computacional proposto, utilizou-se três

tamanhos diferentes de população, com o intuito de analisar o tempo

gasto pelo processo e a economia proporcionada em relação ao projeto

original. Os resultados apresentados encontram-se na tabela 6 e

graficamente na figura 12. No Apêndice A, pode-se visualizar o projeto

definido pelo método do AG.

Tabela 6 - Resultados das populações para um processador Intel I5 – 2.5 GHz

Projeto desenvolvido pelo projetista

Custo Original: R$ 1408,81

Projeto otimizado pelo AG

População Iterações Custo Economia CPU Time

(segundos)

100 494 R$ 1208,97 14,18 % 51,057

500 2535 R$ 1147,76 18,53 % 290,770

1000 5038 R$ 1144,53 18,73 % 575,130

5000 30028 R$ 1134,98 19,44 % 4337,300

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Para o comparativo entre os projetos (original x otimizado), foi

definido uma população inicial de 1000 indivíduos. A consistência do

valor de economia apresentada pela aplicação é demonstrada na tabela

7, onde foram apresentadas 10 simulações, de forma a obter um valor

médio de economia.

Tabela 7 - Análise média dos dados

População Iterações Custo Economia CPU

Time(segundos)

1 1000 5038 R$1144,53 18,73% 575,40

2 1000 3969 R$1164,85 17,32% 501,00

3 1000 4951 R$1134,10 19,50% 558,60

4 1000 5172 R$1135,08 19,43% 615,00

5 1000 5895 R$1135,21 19,42% 726,00

6 1000 6272 R$1159,36 17,71% 678,60

7 1000 4930 R$1139,98 19,08% 504,00

8 1000 4707 R$1147,05 18,58% 501,60

9 1000 4547 R$1142,09 18,93% 495,00

10 1000 5124 R$1133,58 19,54% 512,40

Média 5061 R$1143,58 18,82% 566,76

Os resultados do AG, foram apresentados de forma consistentes

ao decorrer do processo. Fazendo uma comparação honesta entre os

projetos, ou seja, analisando o fato que provavelmente o projetista fez

uso dos melhores caminhos para lançamento dos condutores elétricos, e

Cu

sto

s

População

Projeto Original

Projeto Otimizado

Figura 12 - Gráfico de Análise

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a escolha proposta pelo algoritmo, pode-se concluir que utilizando o

método proposto, tem-se um ganho em torno de 19%, quando

comparados com o projeto original. A tabela 8 apresenta um

comparativo detalhado entre os custos do projeto desenvolvido pelo

projetista e o projeto otimizado pelo AG. O desenho do projeto pode ser

comparado no Apêndice A (Projeto utilizando AG) e no Anexo B

(projeto original).

Tabela 8 - Comparativo de projetos

Projeto Original Projeto Otimizado Economia

Nº de pontos

elétrico 56 56 -

Nº de ligações

entre pontos 56 52 7,14%

Medida linear

eletrodutos 112 metros 89 20,54%

Medida linear

fios elétricos 513 metros 465 9,36%

Custo Total R$ 1408,81 R$ 1143,58 18,83%

Outro aspecto a ser considerado no método do AG proposto, é a

velocidade em que a solução do problema é apresentada. Esse tempo de

resolução do problema, pode ser verificado pelo parâmetro CPU time

mostrado na tabela 7. Com esse tempo de processamento pode-se

concluir também, que o método apresenta uma velocidade de resolução

muito superior, comparado com o tempo que o projetista levaria para

alcançar um resultado aproximado.

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6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

6.1 CONCLUSÕES

Neste trabalho foi apresentado uma proposta de implementação

de um algoritmo genético com o objetivo de buscar soluções de

alocações de eletrodutos e condutores em um projeto, de forma a

minimizar os custos associados da instalação elétrica, dentro do projeto

elétrico.

A aplicação computacional demonstrou ser uma ferramenta

eficaz para a solução do problema apresentado, gerando resultados

promissores. Verificou-se que a utilização do AG consegue resolver a

distribuição dos eletrodutos e condutores do projeto elétrico de forma

eficaz e eficiente, satisfazendo o objetivo geral deste trabalho. Métodos

para identificação e coleta de dados foram definidos, utilizando

comandos do Autocad, dando maior agilidade para organizar os dados

de entrada do sistema. Os requisitos impostos pelas normas foram todos

atendidos, satisfazendo a área útil da seção transversal de eletrodutos

(utilizadas pelos condutores), atendendo os requisitos de

dimensionamento dos condutores de cada circuito, e atendendo de forma

correta as conexões elétricas necessárias, incluindo a alimentação de

pontos elétricos com fase, neutro e aterramento, bem como os comandos

que utilizam retornos.

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O Algoritmo Genético foi implementado apresentando resultados

consistentes, com reduções significativas na ordem de 20% se

comparado a projetos elaborados por projetistas profissionais, inclusive

com a redução de esforços, pois apresenta resultados rápidos, servindo

como uma poderosa ferramenta de auxílio ao projetista.

6.2 RECOMENDAÇÕES

A aplicação apresenta potencialidades para suprir outras

demandas, tais como: (a) determinação da proteção dos circuitos, (b)

dimensionamento do circuito, (c) memorial de cálculos, (d) atender a

áreas externas etc. Essas questões foram propositalmente omitidas em

virtude do objetivo do trabalho e o reduzido tempo disponível para a sua

implementação. Sugere-se, ainda, verificar a possibilidade de integrar o

software desenvolvido a outras ferramentas de CAD, responsável pela

criação de projetos.

Um outro aspecto a considerar em desenvolvimentos futuros é a

possibilidade destas abordagens serem implementados em outros

sistemas de projetos, como:

a. Sistema preventivos: otimizando trajetos de tubulações

de gás e tubulações do sistema hidráulico preventivo.

b. Sistema hidrossanitário: otimizando trajetos de

tubulações.

c. Sistema Telecom: para circuitos de CFTV, alarmes,

controles de acesso etc.

Mediante ao exposto, este trabalho apresenta potencialidades que

podem ser exploradas e implementadas, mediante a devida manipulação

dos algoritmos propostos.

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APÊNDICE A – Projeto Elétrico Utilizando AG

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APÊNDICE B – Dados de Entradas

Tabela 9 - Dados de coordenadas dos pontos idCaixa DescricaoCaixa X Y Z

C000 quadro distribuição 270 417,48 150

C001 AE 390,5 43,75 200

C002 AI 215,41 440 200

⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞

C055 tom seca roupa 650 850 130

Tabela 10 - Dados das possíveis ligações idDuto idOrigem idDestino Distancia(m) Trajeto Projeto

D001 C000 C003 5,83 T 0

D002 C000 C004 3,12 P 1

D003 C000 C005 4,44 T 0

D004 C000 C010 0,5 P 1

D005 C000 C012 0,6 P 0

D006 C000 C013 3,98 T 0

D007 C000 C015 4,04 T 0

⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞

D386 C022 C038 3,98 T 0

Tabela 11 - Dados Tomadas Id IdCaixa Circuito Corrente Aterramento

T001 C004 10 30 Sim

T002 C028 8 20 Sim

T003 C029 9 20 Sim

T004 C030 7 20 Sim

⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞

T028 C055 6 20 Sim

Tabela 12 - Dados dos Circuitos idCircuito Bitola Fio (mm) Área Fio (mm2) Disjuntor Preço (R$/m)

0 2,5 mm 10,7 *** 1,5

1 1,5 mm 7,1 15 0,8

2 2,5 mm 10,7 20 1,5

3 2,5 mm 10,7 20 1,5

4 2,5 mm 10,7 20 1,5

5 2,5 mm 10,7 20 1,5

6 4,0 mm 13,8 25 2,1

7 2,5 mm 10,7 20 1,5

8 2,5 mm 10,7 20 1,5

9 2,5 mm 10,7 20 1,5

10 6,0 mm 18,1 30 2,85

Tabela 13 - Dados dos Condutores

idFio Bitola (mm) Área (mm2) Preço (R$/m)

F001 1,5 7,1 1,86

F002 2,5 10,7 2,64

F003 4 13,8 4,11

F004 6 18,1 5,58

F005 10 27,3 8,89

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Tabela 14 - Dados do Eletroduto

idTipoDuto Descrição Bitola

(mm)

Área 40%

(mm2)

Custo

(R$/m)

D001 Duto Corrugado

flexível 3/4" 25 mm 118,2 6,62

Tabela 15 - Dados Luminárias Id IdCaixa Circuito Potencia IdCaixaInt1 IdCaixaInt2

P001 C001 1 60 C007

P002 C002 1 60 C010

P003 C017 1 100 C009

P004 C018 1 60 C005

P005 C019 1 100 C008

P006 C020 1 100 C016

P007 C021 1 100 C015 C009

P008 C022 1 100 C005

P009 C023 1 100 C011 C012

P010 C024 1 100 C006

P011 C025 1 100 C010

P012 C026 1 100 C013 C014

P013 C003 1 60 C027

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ANEXO A – Legenda do Projeto Elétrico

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ANEXO B – Projeto Elétrico Original