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Page 1: Robótica na Escola: Uma análise das percepções de alunos ... · (2012), em que os participantes devem desenhar um robô. Após os desenhos, foram feitas entrevistas semiestruturadas

67ª Reunião Anual da SBPC

G.7.10 - Ensino de Ciências.

Robótica na Escola: Uma análise das percepções de alunos do ensino fundamental a partir do Draw a Robot Task

Maísa M. Oliveira1 1. Mestre em Divulgação Científica e Cultural pelo Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); * [email protected]

Palavras-chave: Robótica pedagógica; Draw a Robot Task; Escola Elza Maria.

Introdução Escolas públicas brasileiras têm experimentado novas abordagens pedagógicas por meio de projetos realizados em parceria com universidades. Estas iniciativas incluem, por exemplo, a construção de ambientes de aprendizagem em que a robótica é usada para explicar conceitos e produzir conhecimentos em várias áreas da Ciência. Esta pesquisa avalia se aulas de robótica pedagógica influenciam a percepção de alunos sobre robô e robótica. Mais especificamente, se as aulas dão às crianças noções das reais aplicações dos robôs e se contribuem para mudar representações estereotipadas. Para tanto, o locus da pesquisa foi a Escola Municipal de Ensino Fundamental Professora Elza Maria Pellegrini de Aguiar, de Campinas (SP). A Escola participou, entre 2011 e 2013, de um projeto de robótica pedagógica coordenado pelo Núcleo de Informática Aplicada à Educação (NIED), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Para que pudessem ser feitas comparações, a amostra incluiu 53 estudantes – 28 do 4º ano A, turma que não teve aulas de robótica, e 25 do 5º ano B, que participou das aulas em 2013.

Resultados e Discussão A metodologia empregada na pesquisa foi o Draw a Robot Task (DART), teste desenvolvido por Devine e Zimmerman (2012), em que os participantes devem desenhar um robô. Após os desenhos, foram feitas entrevistas semiestruturadas sobre as ilustrações. As atividades foram realizadas entre outubro e novembro de 2013, na Escola Elza Maria. Para avaliar os resultados obtidos, recorreu-se à análise de conteúdo (BARDIN, 1977), sendo estabelecidas três categorias de análise: 1) Design dos robôs; 2) Funções; 3) Referências ao ensino de robótica. Análise 1) Design dos robôs No 4º ano A, que não teve aulas de robótica, todos os 28 alunos (100%) desenharam robôs humanoides. Já no 5º ano B, que participou, 18 estudantes (72%) fizeram humanoides e sete (28%) escolheram outros formatos, inclusive, semelhantes aos robôs que estavam montando nas aulas. Também vale destacar que, ao fazer os desenhos, grande parte dos alunos não se inspirou em robôs humanoides com aplicações reais, mas em personagens fictícios, de filmes, séries, novelas, revistas e desenhos animados. Dos 28 alunos do 4º ano, 11 (39%) afirmaram ter usado algum personagem como referência. No 5º ano, dos 25 alunos, 13 (52%) fizeram isso.

Figura 1. Desenho de aluna do 5º ano (à esquerda) e a imagem do personagem Wall-E (à direita).

Fonte: OLIVEIRA, 2014. Desenho e diálogo obtidos na pesquisa.

2) Funções No 5º ano B, de 25 alunos, 15 (60%) deram funções aos robôs. No 4º ano A, de 28, apenas sete (25%) fizeram isso. Figura 2. Robô garçom desenhado por aluno do 5º ano

Fonte: OLIVEIRA, 2014. Desenho e diálogo obtidos na pesquisa.

3) Referências ao ensino de robótica Quatro estudantes do 5º ano (16%) reproduziram em seus desenhos as imagens dos robôs que estavam montando nas aulas, mencionando o nome e a função social de seus robôs. No 4º ano, não foram feitos desenhos deste tipo.

Conclusões Ao analisar os desenhos, conclui-se que tanto os alunos que tiveram aulas de robótica quanto os que não tiveram apresentam uma ideia estereotipada dos robôs como humanoides. Porém, na turma que teve as aulas, a quantidade de humanoides foi significativamente menor. Além disso, foi possível notar que, especialmente os estudantes que participaram das aulas, apresentam ideias articuladas e criativas sobre as aplicações dos robôs. A pesquisa na Elza Maria mostra, portanto, que atividades de robótica em sala de aula, feiras e exposições têm grande potencial para despertar o interesse das crianças e favorecer a construção de conhecimentos sobre robótica.

Referências BARDIN, L. Análise de conteúdo. Tradução de Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro. Lisboa: Edições, v. 70, 1977.

DEVINE, K.L.; ZIMMERMAN, C. A low-cost manufacturing outreach

activity for elementary school students. American Society for Engineering Education, 2012.

Pesquisadora: Eu queria saber o que você pensou quando fez seu robô. Por que você desenhou ele assim? K.S.: É...tipo...eu criei ele do filme Wall-E, sabe? Aí, eu decidi fazer igual, só que não muito igual, entendeu?

Pesquisadora: Eu queria saber o que você pensou quando fez seu robô. Por que você desenhou ele assim? K.S.: É...tipo...eu criei ele do filme Wall-E, sabe? Aí, eu decidi fazer igual, só que não muito igual, entendeu?

H.: Eu tava pensando em fazer um robô garçom (...) ele tem um sensor de...como chama o sensor pra ele se mover? Pesquisadora: Sensor de movimento? H.: É, sensor de movimento. É como se tivesse uma linha preta e ele vai seguindo a linha, a cada mesa.